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ESTATÍSTICAS E TENDÊNCIAS DA BORRACHA NATURAL
Depois de forte retomada em 2021, o consumo global por borracha enfraqueceu em 2022 por conta do impacto sofrido pelo setor automotivo global, gerado pelos gargalos no fornecimento de semicondutores. Segundo o Rubber Statistical Bulletin, publicado pelo International Rubber Study Group em Fevereiro de 2023, esta situação seguiu exercendo pressões na produção e vendas de pneus, o que gerou impacto adverso no consumo mundial de borracha.
Contudo, segundo o Grupo, o consumo mundial de Borracha Natural teve um leve aumento de 1,7% em 2022, atingindo 14,31 milhões de toneladas. O IRSG atribuiu este crescimento mais fraco especialmente à desaceleração nas vendas de pneus para veículos médios e pesados na China e à demanda por pneus de reposição em mercados maduros. Já no Brasil, o consumo de borracha natural seguiu estável para 2022, apesar de que, no final do ano, já haviam sinais de uma desaceleração que viria a se confirmar fortemente em 2023. O impacto sofrido pela indústria pneumática no contexto mundial foi sentido no país especialmente porque, por aqui, a competitividade com o produto importado vinha sendo penalizada pela isenção da taxa de importação para pneus de carga. Esta medida impactou seriamente as vendas da indústria local que, já no final de 2022, começou a se reposicionar reduzindo suas previsões de produção e, consequentemente, de consumo. Essa redução no consumo impactou fortemente as Usinas de Beneficiamento, cujo estoque projetado para o mês de junho de 2023 ficou em totais 70 mil toneladas, o que representa 34% de toda a safra e justifica o atual colapso no escoamento da Safra. Registrado esse Colapso no Escoamento, se faz urgente a intervenção estatal para que não se desmobilize a cadeia produtiva. Sinais da desmobilização identificados até o momento são: Migração da mão de obra para as cidades dos municípios produtores e cidades natal; Desalento de produtores em iniciar a próxima safra (out.2023) devido a incerteza de comercialização; Substituição da cultura devido a desincentivo e competição com outras atividades que, no momento, apresentam rentabilidade mais atrativa e estável (exemplo: cana-de-açúcar).
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No cenário internacional, em 2023 observa-se que a demanda mundial continua retraída, mantendo deprimidos os preços tanto da borracha natural, como os preços de pneus e artefatos de borracha. Estes preços deprimidos, somados a uma política de estado dos governos asiáticos que mantém de forma subsidiada a exploração de seus seringais e a industrialização de seus artefatos proporcionam um excedente, tanto de borracha em natural, como suas obras finais, gerando uma superoferta e per- mitindo compra e importação de ocasião que vêm inviabilizando a cadeia produtiva nacional, tanto de borracha como de pneus e artefatos.
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Com isso, concluimos que, frente ao cenário global, a indústria da borracha nacional está sob risco de séria crise de demanda e é necessário que se apliquem medidas anticíclicas urgentes, como a revisão das alíquotas de importação da cadeia (em especial a retomada da alíquota dos pneus de carga) e a execução do Programa de Garantia de Preços Mínimos da CONAB, para transferir renda para o setor produtivo no campo enquanto atravessamos os impactos desta crise mundial.
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