Bancárias em Foco

Page 1


ÍNDICE F 3 Editorial F 5 Tarefas compartilhadas

F4 Congresso Conservador ameaça direitos das mulheres no Brasil

entre homens e mulheres

F6

F 10

4ª conferência nacional de políticas para as mulheres

Basta de violência contra a mulher

F 7 Governo Federal lança o programa da Mulher Trabalhadora

F 8 Uma mulher à frente da UNI Finanças

F 9 Comitê Mundial de Mulheres

F 11 Março de luta!

da UNI debateu prioridades estratégicas

F 14 Censo da Diversidade –

FOTOS: ROBERTO PARIZOTTI

F 12

Igualdade, um grande desafio!

Manifestações contra o golpe seguem a todo vapor pelo país

F 16 Margaridas marcham em

Brasília pela democracia e contra o retrocesso

F 17 Contraf-CUT se solidariza por

mais uma margarida vítima de violência

2

BANCÁRIAS EM FOCO maio/2016

F 18 Marcha das Mulheres Negras

F 15 Invisibilidade das mulheres negras


EDITORIAL

LUGAR DE MULHER É

em todo lugar

P

ara falar sobre nós mulheres, há muitas óticas. A da publicidade, da propaganda, a gente já sabe bem, mulher objeto de beleza, do desejo, imagem de venda, do uso, para o lucro. Já parou para pensar, qual foi o último comercial de televisão que você viu sem a exploração do corpo ou do lado maternal da mulher? Difícil. Recentemente, as bancárias e os bancários travaram uma luta na justiça contra o Santander, por propagandas com gerentes em poses sensuais. Numa delas, a funcionária aparecia numa rede, com as pernas à mostra, vestido decotado, em trajes inapropriados e incondizentes com a atividade profissional. Nada fácil tem sido a batalha para romper com tantos estereótipos de gênero dentro da própria família, do trabalho, das ruas, dentro do Congresso Nacional, o mais conservador desde o golpe de 1964. Apesar de termos eleito a primeira mulher para a Presidência da República, temos apenas 9% de representação feminina na Câmara e 13% no Senado. Pasmem, o Brasil tem menos mulheres no Legislativo que o Oriente Médio, território amplamente sexista. É neste cenário, que surgem projetos como o PL 5069, que propõe alterar o Código Penal Brasileiro, ampliando a previsão

de crimes ligados ao aborto e agravando as penas já existentes, e dificultando, assim, o atendimento médico à mulher vítima de estupro, de aborto espontâneo e mesmo de complicações em caso de aborto clandestino. Mas ninguém nos cala. Passeatas pelo Brasil todo chamaram a atenção da sociedade contra a proposta liderada, por ninguém mais, ninguém menos, que o deputado Eduardo Cunha. O combate à violência contra a mulher tem sido uma das principais bandeiras das bancárias. A Contraf-CUT, acaba de lançar a terceira edição da cartilha da “Campanha de Prevenção e Combate ao Assédio Sexual do Trabalho”, praticado majoritariamente contra as mulheres. Não aceitamos retrocesso. Agora mais do que nunca, neste momento em que forças conservadoras e a grande mídia agem sobre a população brasileira, nós voltamos às ruas com grandes manifestações por todo o país, em defesa da democracia, dos direitos da classe trabalhadora e contra o golpe. É assim, mobilizando, que as bancárias seguem conquistando e ampliando direitos. Em 2000, fomos as primeiras trabalhadoras a garantir uma cláusula de igualdade de oportunidades na convenção Coletiva de Trabalho.

Elaine Cutis, Secretária da Mulher da Contraf-CUT

Conquistamos o auxílio creche/ babá para que a bancária tenha mais tranquilidade para cuidar do filho, enquanto trabalha. Ampliamos a licença maternidade para 180 dias na nossa campanha unificada de 2009 e continuamos lutando por igual período da licença paternidade. Uma história de conquistas. Mas apesar de maior escolaridade, nós mulheres ainda temos salários menores e estamos em poucos A cargos de chefia no luta não setor financeiro. O II Censo da Diversipode parar, dade, divulgado em porque lugar 2014, revelou que as de mulher bancárias ganham é em todo 22,1% a menos que os homens. De acordo lugar! com a Rais (Relação Anual de Informações Sociais), referente ao ano de 2013, as mulheres representam, apenas, 8,4% da diretoria dos bancos. A criação de coletivos de mulheres nos sindicatos e a ampliação do debate na CUT têm tido um papel fundamental para avançar contra o preconceito. Estas frentes vêm sendo fortemente engrossadas pelas mulheres bancárias. O fato de 3 ser mulher não pode representar BANCÁRIAS tratamento desigual no mercado EM FOCO maio/2016 de trabalho, nem em qualquer outro segmento.


PL 5069, NÃO

Congresso conservador ameaça os direitos das mulheres no Brasil Desde o golpe de 1964 não se via tantas violações e tentativas de criminalizar a mulher

“O

s direitos humanos no Brasil nunca correram um risco tão grande, desde a redemocratização”, destacou o relatório divulgado pela ONG Anistia Internacional, em fevereiro deste ano, o qual relata as ameaças aos direitos humanos identificadas em todo o mundo. O documento internacional coloca luz sobre cerca de 10 projetos que tramitam atualmente no Congresso Nacional e que atacam os direitos e a democracia no Brasil. É o caso do Projeto de Lei (PL) 5069, que propõe alterar o Código Penal Brasileiro, ampliando a previsão de crimes ligados ao aborto e agravando as penas já existentes, e dificultando, assim, o atendimento médico à mulher vítima de estupro, de aborto espontâneo e mesmo de complicações em caso de aborto clandestino. Caso essa lei seja aprovada, as mulheres vítimas de violência sexual não terão mais os direitos de procurar diretamente a rede de saúde para evitar uma gravidez ou mesmo se prevenir de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST). De acordo como o PL 5069, de autoria do líder do conservadorismo

4

BANCÁRIAS EM FOCO maio/2016

no Brasil, o deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), antes de receber o atendimento médico, a mulher precisará ser atendida pela polícia e fazer um exame de corpo de delito para provar que realmente foi estuprada. Outro projeto que apresenta uma grande ameaça é o PLC 30/15, Projeto de Lei da terceirização, que tramita no Senado após ter sido aprovado no Congresso sob o título de PL 4330. Segundo a secretária de Estudos Sócios Econômicos da Contraf-CUT, Rosalina Amorim, trata-se de um projeto que permite a terceirização da atividade-fim. “E quem mais sofre com a precarização

dos direitos trabalhistas são as mulheres. É um projeto nefasto e nós trabalhadoras cutistas somos contra”. Outro projeto de retrocesso é o PL 6583/2013, o chamado ‘Estatuto da Família’, onde determina que a família é formada exclusivamente por homens e mulheres e exclui, portanto, casais LGBTs desse conceito. “Este projeto não reflete a realidade que vivemos na sociedade brasileira. De mães solteiras, de casais homossexuais. Além de marginalizar a questão da diversidade, não dialoga com a realidade da família brasileira”, lamenta Rosalina.

ELAS NÃO SE CALAM

Com faixas e cartazes milhares de mulheres, mães, crianças, homens e integrantes de movimentos sociais e diversos coletivos saíram às ruas por todo o Brasil contra os projetos que representam retrocesso. Para Rosalina, os projetos retrógrados estão “na contramão dos direitos humanos e invadindo a liberdade de escolha. As novas leis conservadoras do Congresso Nacional representam uma ameaça aos direitos plenos da mulher.”

Não só o PL 5069, mas vários outros, em tramitação no Congresso Nacional, colocam em risco os diretos das mulheres, dos trabalhadores, das trabalhadoras e da sociedade de forma geral. Confira alguns: Estatuto da Família (PL 6583/ 2013)

Maioridade Penal (PEC 171/ 1993)

Lei Antiterrorismo (PL 2016/ 2015)

Terceirização (PLC 30/2015)

Alteração da participação da Petrobrás na exploração do pré-sal

(PLS 131/2015)

Alteração do Estatuto do desarmamento (PL 3722/ 2012)

Privatização das Estatais (PLS 555/ 2015)

Flexibilização do Conceito do Trabalho Escravo (PLS 432/13)

Redução da idade de trabalho (PEC 18/2011)


APROVADO!

Tarefas compartilhadas entre homens e mulheres Licença-paternidade de 20 dias é aprovada pela presidenta Dilma Rousseff

A

gora é lei! A presidenta Dilma Rousseff sancionou, no último dia 8 de março, a lei que amplia a licença-paternidade de cinco para 20 dias. A medida cria a Política Nacional Integrada para a Primeira Infância e estabelece marco regulatório com uma série de direitos voltados para crianças de até 6 anos de idade. “Esta medida vai ao encontro com a nossa bandeira de luta, a de relações compartilhadas entre homens e mulheres. Além disso, ampliar a convivência com os pais aumenta o vínculo afetivo familiar e melhora o desenvolvimento das nossas crianças”, destacou Elaine Cutis, secretária

da Mulher da Contraf-CUT. O novo prazo para os pais valerá apenas para empregadores que aderirem ao Programa Empresa Cidadã. A nova regra também valerá para adoção. A lei está em vigor, mas seus efeitos só valem a partir de janeiro de 2017, por envolver questões relativas à renúncia fiscal. “Este tema é discutido permanentemente na categoria e com o sancionamento da lei será retomado para entendimento na mesa de negociação com a Fenaban. Esperamos já garantir estes avanços em cláusula na próxima Convenção Coletiva dos Trabalhadores”, destacou o presidente da Contraf-CUT, Roberto von der Osten.

AVANÇAR AINDA MAIS

Mesmo com a forte resistência dos bancos, a categoria quer avançar ainda mais. As discussões junto com a sociedade e nas mesas de negociação com os bancos é a de que a licença parental seja de seis meses para cada um dos pais em períodos alternados, ou seja, a mãe fica seis meses e depois o pai sai de licença por seis meses, até que a criança complete 1 ano.

PROJETO O Marco Legal da Primeira Infância estabelece como questões prioritárias a saúde, alimentação, educação, convivência familiar e comunitária, assistência social, cultura, lazer, espaço e meioambiente. O texto determina que gestantes e famílias com crianças na primeira infância deverão receber orientação e formação sobre maternidade e paternidade responsáveis, aleitamento materno, alimentação complementar saudável, crescimento e desenvolvimento infantil integral, prevenção de acidentes e educação sem uso

de castigos físicos. A ideia é a formação e a consolidação dos vínculos afetivos e o estímulo ao desenvolvimento integral da criança de 0 a 6 anos. Também prevê identificação e prevenção dos casos de violência contra gestantes ou crianças, em mecanismo semelhante aos já adotados em outros países, por meio do sistema de saúde. A proposta aprovada desonera e facilita o registro de crianças, além de prever o acompanhamento contínuo das políticas públicas, como sugere a Organização das Nações Unidas (ONU).

5

BANCÁRIAS EM FOCO maio/2016


4ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES

Mais direitos, participação e poder para as mulheres A 4ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, que será realizada entre 10 e 13 de maio, debaterá quatro eixos de ação na luta por mais direitos e participação feminina

C

om o mote “Mais direitos, participação e poder para as mulheres”, a 4ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres (CNPM), que acontecerá entre os dias 10 e 13 de maio de 2016, em Brasília, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, tem como objetivo o fortalecimento da Política Nacional para as Mulheres. Com o desafio de traçar

estratégias para que as políticas públicas de igualdade para as mulheres sejam efetivas nas 27 Unidades da Federação e nos 5.570 municípios do país, foram realizadas conferências de políticas para as mulheres em diversas cidades brasileiras para avaliar o que já está em desenvolvimento e definirem estratégias para avançar, apontando os caminhos e os mecanismos que contribuam para o fortalecimento das políticas públicas para as mulheres. As etapas preparatórias para a Conferência, que tiveram início em junho de 2015, mobilizaram milhares de mulheres que participaram das etapas municipais, estaduais, livres e governamentais. As reuniões envolveram mulheres de diferentes segmentos, como das mulheres negras, com deficiência, indígenas, lésbicas, quilombolas, urbanas, do campo, das águas e das florestas.

A Conferência estabelece quatro eixos centrais de debates: n Contribuição dos conselhos dos direitos da mulher e dos movimentos feministas e de mulheres para a efetivação da igualdade de direitos e oportunidades para as mulheres em sua diversidade e especificidades: avanços e desafios; n Estruturas institucionais e políticas públicas desenvolvidas para as mulheres no âmbito municipal, estadual e federal: avanços e desafios; n Sistema político com participação das mulheres e igualdade: recomendações; n Sistema Nacional de Políticas para as Mulheres: subsídios e recomendações.

SAIBA MAIS O governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva, a partir de 2003, legitimou a realização de conferências nacionais tornando-as amplas, abrangentes e inclusivas, como parte do exercício político da democracia participativa. Estas passaram a contemplar diversos segmentos sociais e temas, áreas e questões postas por diferentes demandas da população.

Pela participação das Mulheres com Deficiência e das Ciganas

6

BANCÁRIAS EM FOCO maio/2016

Com o objetivo de assegurar a participação de segmentos específicos e de povos e comunidades tradicionais de todo o país, em especial das regiões mais isoladas, a Secretaria de Políticas para as Mulheres do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos

Humanos (SPM/MMIRDH) promoveu Consultas Nacionais das Mulheres com Deficiência e das Ciganas para a realização da 4ª edição do evento, entre os dias 1º, 2 e 3 de março. A consulta das Mulheres com Deficiência tem parceria da Secretaria de Direitos Humanos

e do Congresso Nacional. Para a das Ciganas, os parceiros são a Secretaria de Igualdade Racial, o Ministério da Saúde e o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Para mais informações sobre a organização do evento visite o site www.spm.gov.br/4CNPM.


MULHER TRABALHADORA

Governo Federal lança o programa da Mulher Trabalhadora Contraf-CUT participou do lançamento do Programa, em Brasília

O

Ministério do Trabalho e Previdência Social lançou, no dia 11 de março, em Brasília, o “Programa Mulher Trabalhadora”, que tem a finalidade de alcançar a igualdade entre mulheres e homens no mundo do trabalho. Na ocasião, houve a apresentação do diagnóstico da mulher trabalhadora brasileira e adesão, por parte da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC) e da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (DATAPREV) ao Programa Pró Equidade de Gênero e Raça. Segundo o ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, dar continuidade ao objetivo permanente de construirmos e disputarmos uma sociedade de iguais é o desafio e o trabalho do governo. “A sociedade brasileira que queremos viver não é machista nem racista. É impressionante como o passado preserva estas práticas nocivas. O lançamento deste

programa representa, mais que nunca, nosso compromisso de incorporar ações que modifiquem para melhor resultados como estes, nos próximos anos”, afirmou Rossetto. A assessora Especial de Políticas para Mulheres do Ministério do Trabalho e Previdência Social, Rosane Silva, ressaltou que políticas públicas do governo federal têm sido fundamentais para superar desigualdades de gênero. “O estudo mostra o quanto a política de valorização do salário mínimo e a continuidade desta política, que é um compromisso do ministério, foi fundamental para elevar a renda das mulheres e o quanto que a PEC 72 foi fundamental, não somente para garantir o direito das trabalhadoras domésticas, mas também para visibilizar o

trabalho doméstico no país”, destacou Rosane. Segundo a secretária da Mulher da Contraf-CUT, Elaine Cutis, os dados mostram que a desigualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho ainda é alarmante. “A nossa luta é incansável. Não podemos aceitar que a questão de gênero continue sendo um diferencial na carreira e nos salários”. PRÓ-EQUIDADE DE GÊNERO E RAÇA Consiste em disseminar novas concepções na gestão de pessoas e na cultura organizacional para alcançar a igualdade entre mulheres e homens no mundo do trabalho. É dirigido a empresas de médio e grande porte, públicas e privadas, com personalidade jurídica própria. A adesão ao programa é voluntária.

DADOS De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), 39,08% das mulheres negras ocupadas no país, hoje, estão submetidas a relações precárias de trabalho – o maior percentual da presença feminina. O percentual alto de mulheres negras no trabalho precário revela que esse grupo de profissionais continua sendo a “base do sistema remuneratório e é sujeito preferencial das piores ocupações, convergência da tríplice opressão de gênero, raça e classe”. A pesquisa fez uma análise detalhada sobre a participação das mulheres no mercado de trabalho do período entre 2004 e 2014 e revelou que houve pouco crescimento da presença de mulheres — média entre brancas e negras. Segundo o estudo, em 2005, 59% delas tinham um emprego; em 2011, o percentual ficou em 56%; e em 2014, 57%. Os homens têm percentual de 80%.

7

BANCÁRIAS EM FOCO maio/2016


INTERNACIONAL

Uma mulher à frente da UNI Finanças Pela primeira vez na história a UNI Finanças é presidida por uma mulher, Rita Berlofa, que também representa a Contraf-CUT na entidade

F

ato inédito na história, a UNI Finanças é presidida por uma mulher e alguém de fora da Europa, Rita Berlofa (foto). Também diretora do

S 8

BANCÁRIAS EM FOCO maio/2016

egundo a representante do Comitê Mundial de Mulheres da UNI Global Union e do Comitê de Mulheres da UNI Américas, Neiva Ribeiro, as representantes da Contraf-CUT estiveram presentes na 4ª Conferencia Mundial de Mulheres da UNI na Cidade do Cabo, onde foram aprovadas 15 resoluções. “Dentre elas podemos destacar a necessidade de fortalecimento da economia global, com trabalho decente para trabalhadoras e trabalhadores, maior distribuição

Sindicato dos Bancários de São Paulo, Rita foi eleita durante a 4ª Conferência Mundial da UNI Finanças em Antalya, na Turquia, que reuniu, entre os dias 22 e 23 de outubro de 2015, 136 delegados e delegadas, representantes de 86 sindicatos afiliados de 65 países. A UNI Global Union é o sindicato global do setor de serviços e a UNI Mundial Finanças reúne os sindicatos do setor financeiro e de seguros. Seu mandato à frente da UNI Finanças, que representa mais de 3 milhões de trabalhadores de 237 sindicatos do setor financeiro no mundo, vai até 2019. IGUALDADE DE OPORTUNIDADES Para a presidenta da UNI Finanças, as mulheres são mais

de 50% dos trabalhadores do sistema financeiro mundial, mas em pleno século XXI ainda sofremos discriminações de séculos passados, e isso se verifica na dificuldade de ascensão na carreira e nos salários mais baixos. Razões estas que sua gestão também é pautada pela busca da igualdade de tratamento entre homens e mulheres. Para a vice-presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, o mandato de Rita Berlofa destaca o reconhecimento do papel da mulher e do sindicalismo brasileiro. “É muito importante termos uma mulher e uma brasileira nesse cargo. A Contraf e a CUT sempre atuaram na organização internacional dos trabalhadores e essa mobilização para além das fronteiras dos países é fundamental no mundo de hoje, em que o capital está globalizado”.

LUTA GLOBAL de renda e melhora do poder aquisitivo dos trabalhadores, sem desigualdade de gênero e trabalho precário, que afetam principalmente as mulheres. Também destacamos o fortalecimento de políticas públicas que beneficiem homens e mulheres, um sistema financeiro que atue em favor do desenvolvimento da sociedade e não só para a especulação financeira, além de maior participação política das mulheres e o combate à violência de gênero, que é um problema

global”, ressaltou Neiva. Para implementar essas estratégias globais, as sindicalistas organizam-se em comitês regionais e mundiais, representando todas as regiões do mundo, como ocorreu entre os dias 29 e 30 de março, na 19ª reunião em Buenos Aires, na Argentina, onde foram debatidos igualdade salarial, transversalidade de gênero nas entidades sindicais, empoderamento das mulheres e combate à violência contra a mulher.


Comitê Mundial de Mulheres da UNI debateu prioridades estratégicas Os principais temas foram igualdade salarial, transversalidade de gênero nas entidades sindicais, empoderamento das mulheres e combate à violência

I

gualdade salarial, transversalidade de gênero nas entidades sindicais, empoderamento das mulheres e combate à violência contra a mulher foram os principais temas debatidos durante o Comitê Mundial de Mulheres da UNI Global Union, realizado entre os dias 29 e 30 de março, em Buenos Aires, na Argentina. O evento começou com um balanço desde a 4ª Conferência Mundial das Mulheres, ocorrida da Cidade do Cabo, em 2014. Todas as entidades presentes mostraram um pouco do trabalho que tem sido feito em suas bases. “O combate à desigualdade de gênero continua sendo o principal desafio. A principal campanha da UNI por igualdades de oportunidades é para corrigir a diferença salarial de 23%, média mundial, entre salários dos homens e das mulheres”, lembrou Elaine Cutis, secretária de Mulher na Contraf-CUT. “No Brasil, enfrentamos esse tema nas campanhas salariais, inclusive somos uma das primeiras categorias a conquistar uma mesa temática bipartite para discutir o tema com os banqueiros e temos também em projeto de Lei em tramitação por Igualdade de Oportunidades, mas é uma luta permanente”, completou Neiva dos Santos, diretora executiva do Sindicato dos Bancários de São Paulo e membro do Comitê Mundial de Mulheres da Uni. VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER O encontro em Buenos Aires também discutiu o enfrentamento à violência contra a mulher. Uma pesquisa será feita em conjunto

com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), para aferir quantas mulheres no mundo foram atingidas pelo problema ao longo da vida e como isso impactou no trabalho. ASSÉDIO SEXUAL A secretária da Mulher, Elaine Cutis, apresentou ao Comitê a Cartilha de Combate ao Assédio Sexual no Trabalho, desenvolvida pela Contraf-CUT. Ao todo, 100 mil exemplares foram distribuídos para mais de 100 sindicatos em todo o Brasil, para dialogar com as bancárias e também com os bancários sobre o problema. Desde 2001, assédio sexual é crime no Brasil, com pena prevista de 1 a 2 anos de detenção. NOVAS TECNOLOGIAS O impacto das novas tecnologias no mundo do trabalho foi outro tema abordado pelas sindicalistas. A redução dos postos de trabalho pode ser sentida principalmente no ramo financeiro e os trabalhadores brasileiros são diretamente atingidos. Uma nova

resolução será construída para ser aprovada no próximo congresso. Números do Dieese apontam que a quantidade de agências no Brasil cresce abaixo da demanda por serviços bancários. Até por isso, a representatividade das agências nas operações caiu pela metade entre 2010 e 2014. Hoje, apenas 7% das transações são realizadas em agências.

Participantes de diversos países se solidarizaram com a atual situação no Brasil, diante da tentativa de golpe

9

BANCÁRIAS EM FOCO maio/2016


VIOLÊNCIA NÃO!

BASTA DE VIOLÊNCIA contra a mulher A violência contra a mulher ainda é uma triste realidade que segue vitimando milhares de brasileiras por todo território nacional cotidianamente

O

ra, tomamos ciência nesta publicação que o assassinato de Francisca das Chagas, é mais um de tantos outros crimes que evidenciam o quão assustador é a violência contra as mulheres no Brasil, sobretudo as mulheres negras, as maiores vítimas da omissão. O Mapa da Violência 2015: Homicídio de mulheres no Brasil, elaborado pela Faculdade LatinoAmericana de Ciências Sociais

(FLACSO), com o apoio da ONU Mulheres Brasil, da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do governo brasileiro, apontou que o número de homicídios de mulheres negras cresceu 54% em dez anos, passando de 1.864, em 2003, para 2.875, em 2013. No mesmo período, a quantidade de homicídios de mulheres brancas caiu 9,8%, passando de 1.747 em 2003 para 1.576 em 2013. No total, o número de vítimas do sexo feminino passou de 3.937 para 4.762 em 10 (dez) anos, representando um aumento de 21%. De acordo com o Mapa da Violência, 55,3% desses crimes foram cometidos no ambiente doméstico, e 33,2% dos homicidas eram parceiros ou ex-parceiros das vítimas.

DADOS ALARMANTES A cada 15 segundos uma mulher sofre violência no Brasil. Em 70% dos casos os filhos são testemunhas e em 50% também são vítimas dos agressores. O governo federal, por meio da Secretária de Enfrentamento à Violência contra às Mulheres tem atuado firmemente no combate à violência e podemos destacar importantes avanços, como as leis Maria da Penha e do Feminicídio, que transforma em crime hediondo o assassinato de mulheres decorrente de violência doméstica. Segundo dados da OMS, que avaliou um grupo de 83 países, o Brasil detém a quinta posição mundial quanto ao assassinato de mulheres, com uma taxa de 4,8 homicídios por cada 100 mil mulheres.

“É LEI, É PRA VALER!”

10

BANCÁRIAS EM FOCO maio/2016

MARIA DA PENHA Passados nove anos da data de sua promulgação, a Lei Maria da Penha se transformou no principal instrumento legal de enfrentamento à violência doméstica contra a mulher no Brasil. A lei 11.340 de 2006 estabelece como crime qualquer tipo de agressão no ambiente doméstico ou familiar. Os benefícios alcançados pelas mulheres com a Lei Maria da Penha são inúmeros. Um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado em março de 2015, mostrou que os índices de violência contra a mulher estariam

mais altos se não houvesse sido criada a Lei Maria da Penha. Um dos números apresentados mostra que houve redução de 10% em relação aos casos de mulheres mortas dentro de casa no Brasil.

Violência não é apenas agressão física. Aprenda a identificar

Assédio sexual: como denunciar e se defender legalmente

Agressão física não é a única forma de violência que existe. Muitas vezes, ela se dá por meio de ofensas, pressão psicológica, intimidação, injúria e ameaças verbais, dentre outros tipos de abusos morais ou sexuais.

O assédio sexual no trabalho é sempre um ato de poder, sendo o assediador um superior hierárquico da pessoa assediada. A pena prevista é de detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.

LEI DO FEMINICÍDIO Sancionada em 9 de março de 2015 pela presidenta Dilma Rousseff, a lei do feminicídio é mais uma arma no combate à violência contra a mulher. A iniciativa transforma em crime hediondo o assassinato de mulheres decorrente de violência doméstica ou de discriminação de gênero.

O que é feminicídio É caracterizado quando a mulher é assassinada justamente pelo fato de ser mulher. Na prática, isso quer dizer que casos de violência doméstica e familiar ou menosprezo e discriminação contra a condição de mulher passam a ser vistos como qualificadores do crime. O que muda A primeira delas é responder à necessidade de que sejam tomadas providências mais rigorosas em resposta aos altíssimos índices de violência contra as mulheres no Brasil.

Convocamos a sociedade em geral para denunciar qualquer forma de violência contra a mulher, através do disque denúncia 180 ou indo a uma delegacia mais próxima para registrar a ocorrência.


MARÇO – O MÊS DELAS!

Março de luta! O dia 8 de março de 2016, no Brasil, foi marcado por uma das maiores manifestações de luta do dia da mulher trabalhadora dos últimos anos

D

iante de um cenário político marcado pela tentativa de retrocesso e pelo golpe contra o estado democrático de direito, o Dia Internacional da Mulher de 2016 foi marcado por intensas manifestações por quase todo o país. Além das tradicionais bandeiras de luta das mulheres, como a igualdade de direitos, o fim da violência contra a mulher e isonomia salarial, este ano também abordou a luta contra o golpe de setores conservadores e de direita em curso no Brasil, desde a reeleição do governo popular democrático de Dilma Rousseff, em 2014. O 8 de março deste ano, reuniu mais de 10 mil mulheres de diversos partidos políticos de esquerda, de grupos e movimentos de mulheres,

SEM MEDO DE SER MULHER!

sindicatos e movimentos sociais em geral. “Marchamos contra a política reacionária que está sendo colocada em pauta no Congresso Nacional e que tem como objetivo aumentar a opressão da mulher, através da retirada de direitos e do endurecimento das leis repressivas. Marchamos também contra o golpe e o impeachment da presidenta Dilma”, ressaltou Elaine Cutis, secretária da Mulher da Contraf-CUT. Os movimentos sociais e sindicais, a CUT e a ContrafCUT têm trazido debates que vão além das reivindicações tradicionais das mulheres. Principalmente se observarmos,

que no atual congresso, o mais conservador dos últimos tempos, projetos que lá tramitam, se aprovados, significarão um abismo na história das mulheres e da humanidade. Mulheres trabalhadoras da cidade e do campo, de diversas regiões do país, realizaram uma série de debates que envolveram questões como o empoderamento das mulheres na política, a luta pela democracia, a ampliação de direitos, o combate à violência e discriminação de gênero. Enfim, todas as questões que têm como objetivo a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, sem violência e livre de preconceitos.

Representantes da Contraf-CUT marcam presença no ato da Av. Paulista

A presidenta Dilma sancionou a Lei Nº 13.086, instituindo, no calendário Oficial do Governo Federal, o dia 24 de fevereiro como o Dia da Conquista do Voto Feminino no Brasil. Passaram-se 84 anos, do decreto de Getúlio Vargas, de 1932, que foi assegurado às mulheres o direito ao voto, não ainda totalmente assegurado, pois restringiu-se, apenas,

JAILTON GARCIA

Dia da Conquista do Voto Feminino no Brasil

às mulheres casadas, com autorização do marido, e as viúvas e solteiras que tivessem renda própria, mas faz-se importante a nossa reflexão do que essa data representa. Representa um caminho de muitos obstáculos e de

intensas lutas travadas para que as mulheres pudessem conquistar o direito ao voto. Mas, há muito caminho a percorrer, tendo em vista a tímida participação feminina no cenário político brasileiro, nas diversas esferas de poder.

11

BANCÁRIAS EM FOCO maio/2016


MARÇO – O MÊS DELAS!

Manifestações contra o golpe tomam Nos dias 18 e 31 de março milhões foram às ruas em defesa da democracia

A

luta contra o golpe, em defesa da democracia e da legalidade organizada pela Frente Brasil Popular e Frente Povo sem Medo tomou as ruas de todo o Brasil e de vários países no mundo. As manifestações reuniram, no dia 18 de março, pelo menos 1,35 milhão de pessoas em 24 estados e no Distrito Federal, segundo o levantamento da Central Única dos Trabalhadores. Só

Adriana Nalesso, presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro

É preciso unir todos os trabalhadores e trabalhadoras para vencermos o golpe e barrar a disseminação do ódio. Está em jogo não apenas a democracia, mas também nossos direitos trabalhistas e previdenciários, as estatais e os recursos naturais do país, como o pré-sal. Por trás do rancor e da retaliação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, contra Dilma, há ainda um ranço autoritário e machista que precisa ser dissipado.

12

BANCÁRIAS EM FOCO maio/2016

Graça Gomes, dirigente Sindicato dos Bancários da Bahia

Nós mulheres estamos nas ruas em todos os espaços, na luta contra esta crise política criada pela direita golpista, que quer atrasar o país, retirando os direitos dos trabalhadores conquistados ao longo destes anos, principalmente durante os governos de Lula e Dilma, que trouxeram muitos benefícios para as classes menos favorecidas.

em São Paulo foram 500 mil pessoas, além de 200 mil em Recife, 100 mil em Salvador e 100 mil em Fortaleza. Em 31 de março, 52 anos depois do início do Golpe Militar, as bancárias e bancários saíram às ruas por todo o país para se juntar a milhões de pessoas no Dia Nacional de Mobilização em Defesa da Democracia. Além de várias cidades brasileiras, manifestantes na Alemanha, na Espanha, na França e na Inglaterra também foram às ruas contra a tentativa de golpe em curso no Brasil. As mulheres combativas sentiram na pele os efeitos de um regime autoritário e antidemocrático. Por isso, engrossam a luta contra as forças conservadoras para barrar a tentativa

Aline Molina, presidenta da FETEC-CUT/ SP

A participação das mulheres é fundamental na construção e no fortalecimento da democracia. É preciso valorizar e defender o que conquistamos no campo da igualdade de oportunidades e avançar para inclusão de toda sociedade. Defender as liberdades democráticas é garantir a participação popular em todos os setores, é defender a cidadania de todos os brasileiros e brasileiras.

Rosalina Amorim, secretária de Estudos Sócios-Econômicos da Contraf-CUT, presidenta do Seeb Pará

A luta contra o golpe e a defesa dos povos ao governo Dilma não representam a proteção de um partido, mas a defesa de um governo eleito democraticamente que garantiu avanços históricos na implantação de políticas afirmativas que buscam reparar desigualdades sociais que prejudicam, principalmente, a vida das mulheres. Além do mais, o golpe em curso representaria o fortalecimento deste Congresso conservador que vem sistematicamente atacando os direitos das trabalhadoras e trabalhadores.

de golpe, que coloca em risco a democracia e o voto de 54 milhões de brasileiros. Para a secretária da Mulher da Contraf-CUT, Elaine Cutis, o Brasil avançou muito nestes últimos anos e não aceitaremos retrocessos. “Entendemos que tomar as ruas, com as nossas bandeiras de luta tem uma importância ainda maior neste momento de turbulências. Defendemos este governo, por ser o que mais dialogou com as pautas feministas, ao propor a Secretaria Especial para as Mulheres, ao propor a ampliação dos espaços de diálogos que contemplam a diversidade, a inclusão social e o combate a qualquer tipo de violência e discriminação”.

Conceição Bezerra, dirigente da ContrafCUT; representante do Coletivo de Mulheres pela Fetrafi/NE

Estamos indo às ruas para defender o governo Dilma, pela democracia, contra o golpe, em respeito aos 54 milhões de votos dados a ela. É um governo que tem avançado na inclusão social, no diálogo com a juventude, mulheres, pessoas com deficiência, enfim, diversos setores da nossa sociedade que sempre foram excluídos pelos governos anteriores. Com certeza, vamos avançar ainda mais com a nossa pauta feminista.

Juvandia Moreira, vice-presidenta da Contraf-CUT e presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região

Existe uma articulação de grupos para tirar a presidenta Dilma Rousseff do governo, utilizando o argumento das “pedaladas”, mas isso não caracteriza crime de responsabilidade fiscal. Se não está embasado por lei, trata-se de um golpe, que está sendo organizado por interesses de empresários, grupos privados e a própria imprensa, objetivando flexibilizar os direitos trabalhistas. A saída deve ser construída dentro da democracia e com uma mudança nos rumos da política econômica, com geração de emprego e renda.


m as ruas do Brasil e do mundo FENASEPE

FOTOS: ROBERTO PARIZOTTI

Crislaine Bertazzi, diretora de Políticas Sociais da FETECCUT/SP.

As mulheres são parte fundamental da história. Desta vez não é diferente, estamos nas ruas pela manutenção e por mais conquistas e, principalmente em favor da democracia. Não podemos permitir o retrocesso com a perda de direitos conquistados com anos de luta.

Iracini da Veiga, secretária para Questões da Mulher da Feeb-RJ/ES

Não podemos permitir que a nossa democracia, construída a duras penas, seja esmagada por golpistas que sempre mantiveram nossas bandeiras de luta à distância. Vale lembrar que as conferências da mulher, da questão racial e outras mais, só foram possíveis a partir dos nossos governos democráticos, que nos deu voz. A diversidade e a inclusão social são pautas da nossa luta e fazem parte do cenário nacional atual. Por essas e outras razões, nós mulheres de todas as etnias fomos às ruas para dizer: Não ao Golpe!

Suzineide Rodrigues de Medeiros, presidenta do Sindicato dos Bancários de Pernambuco

Sou contra o golpe, porque ele rasga a nossa Constituição e desrespeita os 54 milhões de brasileiras brasileiros que escolheram a presidenta Dilma, para governar no país. O golpe é produto de uma mídia classista, racista e homofóbica que destila o ódio e a intolerância. Isso é tirania. O golpe não tem base jurídica, ele é imoral e ilegal. Mas enquanto houver sonho, há luta e esperança. E a democracia será vencedora!

Neste momento de incertezas e em que se cultiva tanto ódio, as mulheres brasileiras têm que se unir. A eleição da primeira mulher presidenta do Brasil nos trouxe mais empoderamento e, nos últimos anos, pudemos avançar em diversas áreas. Da mesma forma, as mulheres bancárias têm mostrado sua força à frente de importantes sindicatos. Não aceitamos retrocesso ou um impeachment sem crime, que nada mais é que um golpe. Seguimos na luta em defesa da democracia e dos direitos das trabalhadoras e dos trabalhadores brasileiros.

Lara Peres, secretária da Mulher da Fetrafi-CUT/ MG

Nós mulheres, não podemos nos esquivar e nos alienar neste momento. Devemos defender nossos ideais e nossas conquistas. Não podemos deixar que haja retrocessos, porque não foi fácil conquistar o que hoje temos. Nada nos foi entregue de mãos beijadas.

” ”

Eliana Brasil, presidenta do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte

Magaly Lucas Fagundes, presidenta da Fetrafi-CUT/ MG

Defender Dilma é defender o Brasil e a democracia. Não ao golpe é uma luta de todos os brasileiros comprometidos com as conquistas que tivemos nos últimos 12 anos. Viva a democracia!

Fabiana Uehara, secretária da Juventude da Contraf-CUT

Após a derrubada da ditadura militar a democracia no Brasil sofreu ao longo dos tempos vários ataques. O país avançou muito nos últimos anos. Além da conquista do voto, conquistamos nas últimas décadas avanços sociais e econômicos importantíssimos, que tiraram o Brasil do ciclo da fome e da miséria absoluta. Queremos avançar mais. A juventude clama por um país melhor e retroceder não é uma opção.

Isabel Cristina Gregorio, Representante do Coletivo de Mulheres pela Fetec - Paraná

O Brasil vive hoje um momento decisivo em que a democracia está em risco e os direitos fundamentais estão sendo violados. Estamos vivendo um ataque político de direita, acreditamos que, diante de um possível golpe, os mais prejudicados serão os trabalhadores que podem perder vários direitos garantidos por lei.


CENSO DA DIVERSIDADE

IGUALDADE

Um grande desafio! Bancárias apresentam melhor qualificação e ainda recebem os menores salários no sistema financeiro

A 14

BANCÁRIAS EM FOCO maio/2016

luta das mulheres bancárias por mais direitos e mais espaços rompeu várias barreiras ao longo da história, mas ainda há muito o que avançar. A categoria tem uma característica forte e combativa pelas reivindicações históricas do movimento, como igualdade de oportunidades, mais espaços nas políticas públicas, no parlamento e no trabalho e pelo fim da

violência contra a mulher. Apesar de muitas barreiras rompidas e da conquista de importantes avanços, ainda há uma longa estrada a ser percorrida em busca da igualdade entre homens e mulheres. Os dados do II Censo da Diversidade, um importante instrumento de luta no combate às desigualdades, conquistado pela categoria e divulgado em 2014 pela própria Fenaban, preocupam as trabalhadoras do sistema financeiro. Na ocasião foi revelado que as mulheres ganham 22,1% a menos que os homens. O mais agravante é que as mulheres apresentam melhor qualificação educacional que os homens nos bancos,

82,5% têm curso superior completo, contra 76,9% dos homens. Mas além da diferença salarial, as bancárias também estão em menor número nos cargos de direção. De acordo com a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), no ano de 2013, elas representavam apenas 8,4% da diretoria dos bancos. Um cálculo feito pelos técnicos do Dieese mostra que, nesse ritmo de correção das distorções, demoraria cerca de 88 anos para que as mulheres passem a receber salários iguais aos homens nos bancos. E na região Sudeste, onde a diferença salarial de gênero é ainda maior, demoraria em torno de 234 anos para as mulheres atingirem a mesma remuneração dos homens.


INVISIBILIDADE DAS MULHERES NEGRAS Nos bancos, 76,09% dos funcionários são brancos, apenas 18,07% são pardos e 2,77% são negros

E

m relação às mulheres negras, a discriminação é ainda mais grave. Depois de muita insistência do movimento sindical, os bancos apresentaram dados que representam a mulher negra no sistema financeiro. O que evidencia ainda mais que a discriminação por raça continua sendo uma dura realidade nas agências bancárias. No censo de 2008, havia somente 8% de mulheres negras na

categoria em todo o país. Em relação à remuneração, em 2014, as mulheres ganham 22,1% a menos que os homens. A remuneração dos trabalhadores negros também permanece desigual, 12,7% mais baixa na comparação com brancos, apesar de 74,5% terem curso superior.

BANCÁRIOS DEBATEM NEGROS NO MERCADO DE TRABALHO NO III FÓRUM PELA VISIBILIDADE NEGRA, EM CURITIBA No III Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro, promovido pela Contraf-CUT, bancários de todo o país trocaram experiências sobre o combate à discriminação racial nos bancos e construíram, conjuntamente, novas propostas a serem encaminhadas ao Comando Nacional dos Bancários. O evento foi realizado nos dias 11 e 12 de abril, em Curitiba. “Os bancos continuam com suas políticas discriminatórias, tanto na ascensão profissional quanto na remuneração, em que os negros ganham 87% dos salários dos brancos. Isso mostra que temos uma luta árdua pela frente. Por isso, aprovamos no

Fórum a contratação de 20% de negros e negras na categoria”, pontuou Almir Aguiar, secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT. MERCADO DE TRABALHO A economista da Subseção do Dieese na Contraf-CUT Regina Camargos acrescentou ao debate os dados da Rais e do Senso da Diversidade, sobre os negros no Sistema Financeiro Nacional. Segundo ela, 76,09% dos bancários são brancos; 18,07% são pardos; 2,77% são pretos; 2,58% são amarelos; e 0,17% são indígenas. “Os 400 anos de escravidão tiveram um impacto negativo que persiste até os dias de hoje, suas marcas tornaram-

se distintivas do mercado de trabalho brasileiro. Foram precisos mais de cem anos de luta da classe trabalhadora para que se completasse a transição do trabalho escravo para o trabalho livre”, justificou Regina. CARTA DE COMPROMISSOS Ao final dos debates, os participantes aprovaram uma Carta de Compromissos do III Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro, contendo várias diretrizes a serem seguidas para o combate ao racismo e à discriminação. Confira a Carta de Compromisso no site www.contrafcut.org.br


MARCHA

Margaridas marcham em Brasília pela democracia e contra o retrocesso Mais de 70 mil mulheres participaram da 5ª edição da Marcha das Margaridas pela manutenção da democracia brasileira, pelo empoderamento feminino e pelo fim da violência contra a mulher ARQUIVO ABR

“S

16

BANCÁRIAS EM FOCO maio/2016

omos todas margaridas por um país melhor!”. Com este grito e muitos outros, mais de 70 mil mulheres participaram da 5ª edição da Marcha das Margaridas em Brasília, no mês de agosto de 2015, pela manutenção da democracia brasileira e contra o retrocesso. Não faltaram críticas ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, além de pedidos de saída do deputado. Durante a manifestação, o presidente da Contraf-CUT, Roberto von der Osten, destacou a importância da Marcha das Margaridas, principalmente neste momento político. “Pelo alcance que possui, esta grande mobilização reafirma o papel que a mulher deve ter na política, lembrando que temos uma presidenta”. E acrescentou: “Ainda temos muitas mulheres sofrendo em vários setores. A marcha dá muita visibilidade para as questões de gênero e para a importância do debate da sociedade sobre a igualdade de oportunidades”. DEFESA DA DEMOCRACIA “Não vai ter golpe hoje, nem amanhã, nem nunca mais”, foi outro

aviso das mulheres que participaram da Marcha. Lideranças do ato defenderam a permanência de Dilma Rousseff na condução do país. “Não aceitamos retrocesso. Não aceitamos golpe. Estamos nas ruas para combater o conservadorismo político atual, que age para derrubar direitos históricos dos trabalhadores e das trabalhadoras e precarizar as relações de trabalho”, alertou, durante a manifestação, a secretária da Mulher da ContrafCUT, Elaine Cutis. MILHARES DE MULHERES SE UNEM A ESTA LUTA A Marcha das Margaridas é uma ação estratégica das mulheres do campo por um país mais justo e igualitário, e nos últimos anos, milhares de mulheres se somaram a esta luta. Segundo a secretária da Juventude, Fabiana Uehara, neste ano, as mulheres marcharam nas ruas, fortalecendo a pauta das mulheres do campo e principalmente em defesa da democracia. “Nós mulheres, tanto dos campos como das cidades, marchamos contra o retrocesso e a redução de direitos da classe trabalhadora”.

É falando do que precisa mudar, que a delegação de dirigentes da Contraf-CUT participou durante a Marcha do “Seminário Nacional: Conquistas e Desafios no Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres do Campo, da Floresta e das Águas”. De acordo com Fabiana a Marcha das Margaridas sempre deu voz a milhares de mulheres que não conseguiriam compartilhar seus problemas e lutas diárias em outros espaços. “Cada sala, cada canto do encontro, houve grupos, oficinas, seminários, discussões sobre a defesa dos direitos das mulheres no trabalho, na sociedade, em todas as esferas, para levar em frente a nossa bandeira pela igualdade de gêneros, tão desrespeitada também no setor financeiro”. REIVINDICAÇÕES E PROPOSTAS A organização da Marcha das Margaridas apresentou ao governo federal uma extensa pauta de reivindicações. Segundo a presidenta Dilma Rousseff, as demandas coincidem com a agenda do governo, na ampliação de direitos e oportunidades para as mulheres. Dilma anunciou a implementação das Patrulhas Rurais Maria da Penha, com o objetivo de combater a violência contra as mulheres, a capacitação de 10 mil promotoras legais, por meio do Pronatec, que acompanharão as ações contra a violência e no setor de saúde, o governo se comprometeu a criar 109 unidades móveis odontológicas para atendimento de trabalhadores rurais, além de um programa de redução ao uso de agrotóxicos, uma das principais reivindicações da Marcha das Margaridas.


Contraf-CUT se solidariza por mais uma margarida vítima de violência

A

Contraf-CUT se uniu à Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG, FETAGs e Sindicatos, para manifestar seu repúdio pela forma brutal e covarde do assassinato de Francisca das Chagas Silva, de 34 anos, que foi cometido com requinte de crueldade e violência sexual, no município de Miranda do Norte, Maranhão, na madrugada do dia 1º de fevereiro de 2016. “Somos contra todo e qualquer ato de violência contra as mulheres. A Contraf-CUT manifesta sua irrestrita solidariedade aos familiares e amigos de Francisca e repudia veementemente a violência contra as mulheres. Seja ela física, psicológica, moral ou sexual, precisamos unir forças sempre no combate à toda forma de violência”, disse a secretária da Mulher da Contraf-CUT, Elaine Cutis.

NOTA DE REPÚDIO

Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais poderão deter a primavera.

Che Guevara

MAIS UMA MARGARIDA ASSASSINADA

F

rancisca das Chagas Silva (foto) é mais uma das muitas Margaridas que estiveram em agosto de 2015 em Brasília, reivindicando por um Brasil e um mundo, com ‘Desenvolvimento Sustentável com Democracia, Justiça, Autonomia, Igualdade e Liberdade’. Uma mulher guerreira, quilombola do povoado Joaquim Maria, da zona rural do município maranhense. Francisca deixa um filho, familiares, amigas (os), companheiras (os) do MSTTR profundamente abatidos com

sua brutal e lamentável partida. Trabalhadora rural, ela era sócia no Sindicato de Miranda do Norte desde 2009 e era filha de um dos membros do Conselho Fiscal da atual gestão do STTR, o companheiro, Francisco da Silva. Francisca se uniu à pauta da Marcha das Margaridas contra violência. Se uniu às companheiras e companheiros que fazem o Movimento Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR), que pressionam o poder público e o judiciário brasileiro, por uma solução mais rápida desse

e de outros crimes que vêm ceifando covardemente a vida das mulheres, e que permanecem impunes. Ela participou ativamente do Grupo de Estudo Sindical (GES Mulher), e de outras ações organizadas pelo Movimento Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR).

17

BANCÁRIAS EM FOCO maio/2016


MARCHA DAS MULHERES NEGRAS

MAIS DE 50 MIL mulheres negras mostraram para o mundo e para o Brasil força e resistência

Em novembro de 2015, a 1ª edição da Marcha das Mulheres Negras levantou a bandeira de luta contra o racismo e contra a violência

C

om o tema contra o ‘Racismo e a Violência e pelo Bem Viver’, mais de 50 mil mulheres negras, quilombolas, indígenas e yalorixás abriram a primeira edição da Marcha das Mulheres Negras, em 18 de novembro, em Brasília, contra o racismo, a violência e as más condições de vida enfrentadas por essa população. Para as mulheres que participaram da marcha, nos últimos anos, apesar de importantes mudanças, de ampliação de direitos, de acesso a políticas e a bens e serviços alcançadas nos governos de Lula e Dilma, ainda é possível identificar, quando se faz uma reflexão

ARQUIVO ABR

18

REVISTA BANCÁRIAS DA EM FOCO MULHER Março de 2016 maio/2016

racial e de gênero, que as mulheres negras, um quarto da população, estão em condição de vulnerabilidade, de fragilidade e sem garantias. Entre as mulheres, as negras são as maiores vítimas de crimes violentos. De 2003 para 2013, o assassinato de mulheres negras cresceu 54,2%, segundo o Mapa da Violência 2015: Homicídios de Mulheres no Brasil. No mesmo período, o índice de assassinatos de mulheres brancas recuou 9,8%, segundo o estudo feito pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), a pedido da ONU Mulheres.

FIQUE POR DENTRO A primeira manifestação que reivindicou os direitos da população negra no Brasil ocorreu no dia 20 de novembro de 1995. A luta já apresentou resultados, com políticas mais inclusivas e maior igualdade. Agora, a Marcha das Mulheres Negras apresenta as novas pautas em busca de mais direitos. A marcha também protestou pelo fim do genocídio da juventude negra, o fim das revistas vexatórias em presídios e as agressões contra as mulheres negras. No Brasil, a juventude negra permanece sendo assassinada, principalmente nas periferias. Dados divulgados no relatório Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência Racial 2014 mostram que a população negra entre 12 e 29 anos é a principal vítima de violência.


é uma publicação da Contraf-CUT, Rua Líbero Badaró, 158, 1º andar, Centro, São Paulo, SP. CEP: 01008-000 Fone: (011) 3107-2767

Presidente:

Roberto Antonio von der Osten Vice-presidenta:

Juvandia Moreira Leite Secretaria de Imprensa:

Gerson Carlos Pereira Secretaria da Mulher:

Elaine Cutis

Texto e revisão:

Soraya Paladini, Nilma Padilha e Rodrigo Zevzikovas Capa e contracapa:

Alexandre Rolim Ilustração:

Vicente Mendonça Fotos:

Nando Neves/Seeb-Rio, Roberto Parizotti, Fenasepe, Jailton Garcia e Arquivo ABR Designer gráfico e diagramação:

Claudio Nunes de Oliveira Impressão:

Bangraf (011) 2940-6400 Tiragem:

6.000 exemplares

19

BANCÁRIAS EM FOCO maio/2016



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.