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Escolha da melhor tecnologia depende do caso de uso

PARA ALéM DO 5G, o Wi-Fi 6 (incluindo o 6E, que é externo) está no radar dos interessados em prover redes privativas. A escolha da tecnologia vai depender do caso de uso. “Por exemplo, se uma indústria pretende monitorar o deslocamento de empilhadeiras dentro da planta, uma rede Wi-Fi tradicional pode resolver esse problema. Em teoria, nesse caso, as características do 5G não são necessárias”, detalha Audry Rojas, analista-sênior de telecomunicações da IDC Brasil. “Contudo, se uma empresa decidir implementar uma solução de videomonitoramento, com reconhecimento de imagem com o uso de analytics, a capacidade de tráfego e a densidade de conexões da rede 5G podem ser necessárias para essa implementação”, complementa.

Redes privativas móveis, habilitadas pelo 5G, permitirão aplicações aprimoradas de IoT, incluindo câmeras IP 4K, IA e machine learning para coletar e analisar dados na borda e acelerar a indústria 4.0 no Brasil. No entanto, Rojas faz questão de ressaltar que não se vira a chave da noite para o abranet.org.br dia. “Embora a adoção de algumas soluções integradas possa acontecer mais facilmente – como ampliação de dados de vídeo com uma camada de inteligência artificial para identificar e alertar sobre riscos aos sistemas de segurança – os casos de uso mais complexos, como comunicações V2V (vehicle to vehicle) que suportam veículos autônomos, levarão muito mais anos de desenvolvimento”, pondera.

É certo, contudo, que a combinação de tecnologias e também de infraestrutura de rede legada e banda larga fixa, com LTE, satélite, 5G e Wi-Fi 6, vai acontecer. Mas a escolha da melhor solução dependerá do ambiente (se é indoor ou outdoor), requisitos de throughput (ou taxa de transferência), dados processados e analisados em tempo real, entre outros critérios. “De fato, as redes privativas móveis são mais apropriadas para casos de uso que exigem o gerenciamento eficiente da rede, pois permitem o fatiamento do tráfego e dos workloads, atendendo requisitos de qualidade, segurança e aplicações de missão crítica

Ou seja, já têm a conectividade e todo o contexto de telecom para entregar a rede privativa”, aponta.

Spera salienta que as prestadoras de serviços, embora tenham a capacidade de operar a rede de telecomunicações, contem com estrutura de NOC (network operation center) e consigam fazer a manutenção, nem sempre têm a expertise para desenvolver modelos de negócios variados. “Não adianta apenas colocar a rede; existem a camada de middleware e as aplicações que serão consumidas. Os ISPs podem trabalhar na camada de middleware, aplicação e até desenvolver alguma para casos específicos, mas também podem atuar através de parcerias nessa camada de aplicações.”

Para isso, terão de desenvolver um ecossistema de parcom um tempo de resposta ultracurto”, aponta Rojas.

Para Luiz Spera, gerente de estratégia de marketing para a vertical de telecomunicações do CPQD, de imediato, as prestadoras de serviços podem entrar com provimento de acesso e de uma camada de infraestrutura, que, dependendo do caso de uso, pode ser 4G, 5G ou Wi-Fi 6 . “Ninguém vai pegar empilhadeira autônoma, que não tem ser humano conduzindo, no Wi-Fi 6, porque é restritivo, não está em licença regulamentada, pode ter interferência e ter acidente. Aplicações de missão crítica serão em LTE ou 5G, mas redes privativas começam com 4G. E, se eu for atender ao agronegócio, muito provavelmente, vou usar LTE por causa da cobertura e porque fica inviável ter antenas Wi-Fi”, exemplifica.

O ponto de atenção é que, no caso das redes privativas, é necessário pedir a frequência, que já foi regulamentada. “O ISP não precisa ter licença – ele vai fazer a operação e manutenção da rede, vai prover a infraestrutura de rede”, explica Spera. O próprio CPQD deve colocar uma rede privativa e, por isso, está em processo de solicitação da radiofrequência.

Quando fala de redes privativas, o cliente vai precisar contratar a frequência licenciada da Anatel e, quando solicitada, a faixa, naquele local, será somente dele. Tudo tem de ser levado em conta e avaliado. “Temos conversado bastante sobre 5G privado; rede privativa, hoje, é a maior buzzword no de telecomunicações da IDC Brasil ceiros. “O importante é a fidelização do cliente que eles vão ter. Vão entrar no negócio da empresa e ganhar importância dentro da indústria, virando parceiros de negócios e não apenas entregando a fibra ótica”, defende a gerente de estratégia de marketing para a vertical de telecomunicações do CPQD. Com relação a parcerias, Audry Rojas enfatiza que vai depender do conhecimento e da musculatura da prestadora mercado. Clientes, apesar de não precisarem, querem falar, mas em muitos casos conseguimos construir para eles uma rede mista, que usa mais de uma tecnologia”, pontua Felipe Locato, gerente de tecnologia para 5G da Logicalis Brasil.

A tecnologia vai depender, claro, da necessidade. Ao 5G e Wi-Fi, Locato adiciona redes LoRa [Long Range, ou longo alcance] e Bluetooth Low Energy (BLE), um tipo de bluetooth que consome muito menos energia. “LoRa e BLE são mais adequadas para sensores de manutenção preditiva em fábricas e ambientes mais restritos, como monitoramento de temperatura e vibração, porque usam pacotes pequenos de dados”, destaca o gerente da Logicalis Brasil. “Quando falamos de visão computacional, IA e casos de uso de gerenciamento de frota indoor ou de câmeras em um veículo para monitorar se ele está sendo usado de forma correta, se o operador não está com sono, teria de ser preferencialmente 5G.”

Para Locato, o Wi-Fi 6 tem enorme utilização em redes privadas, mas ainda há questões pendentes que talvez sejam resolvidas com o Wi-Fi 7, tais como o roaming entre as células e a quantidade de devices que se conectam a uma célula. “Eu, pessoalmente, posiciono o Wi-Fi 6 para câmeras que não estão se movendo e assim atende às demandas de throughput”, analisa Locato. • para o desenvolvimento de um projeto de rede privativa. “As parcerias poderão cobrir gaps de know-how técnico ou operacional que o ISP pode não ter naquele momento. Além disso, é possível que o cliente tenha interesse em serviços gerenciados, o que pode significar a necessidade de reforçar sua equipe de operações também”, justifica a analista da IDC Brasil.

A falta de um ecossistema e também a de um modelo de negócios são as principais barreiras apontadas por líderes de mercado de TICs para o desenvolvimento de redes privativas. A IDC entende que as prestadoras deverão buscar parceiros de soluções de TI, software e hardware para implantar suas redes privativas, para gerar o maior valor para cada caso de uso, da mesma forma que serão parceiros interessantes para outros players do ecossistema, na medida em que já conseguem atender regiões remotas, com maior dificuldade de acesso para os grandes atores de telecom, entre-

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Redes privativas são consideradas um Serviço de Telecomunicações de Interesse Restrito, aquele destinado ao uso do próprio executante ou prestado a determinados grupos de usuários, selecionados pela prestadora mediante critérios por ela estabelecidos, observados os requisitos da regulamentação. O Serviço Limitado Privado (SLP) é o principal tipo.

O SLP é um serviço de telecomunicações de interesse restrito, explorado em âmbito nacional e internacional, no regime privado, que abrange múltiplas aplicações, dentre elas comunicação de dados, de sinais de vídeo e áudio, de voz e de texto, bem como captação e transmissão de dados científicos relacionados à exploração da Terra por satélite, auxílio à meteorologia, meteorologia por satélite, operação espacial e pesquisa espacial. Foi regulamentado pela resolução nº 617, de 19 de junho de 2013.

É necessária uma outorga de serviços de interesse restrito que deve ser requerida por meio do sistema Mosaico da Anatel. As entidades já outorgadas dos Serviços de Interesse Restrito podem notificar à agência reguladora o gando qualidade de conexão e velocidade de go-to-market.

Sobre o modelo de negócio mais adequado, uma pesquisa global da IDC sobre redes privativas móveis, realizada no ano passado, mostrou que 57% dos clientes preferem a forma de pagamento híbrido: compram o hardware e assinam contrato como serviços; 49% preferem cogestão: uma gestão combinada entre fornecedor e contratante; 45% preferem a cobrança por uso: pagam pelo consumo, como uma operadora com o consumidor da rede móvel.

Trata-se de um mercado que está nascendo e aponta oportunidades em setores como os de manufatura ( o carrochefe), educação e utilities. No Brasil, há ainda muito espaço para agronegócio, mineração, portos, energia e saúde, mas com a indústria puxando este ciclo. Para Luiz Spera, do CPQD, 2023 é o ano da prova de conceito com os projetos e os casos de uso começam a tomar corpo em 2024. “É o tempo que os ISPs têm para se prepararem”, ressalta. • interesse em explorar o Serviço Limitado Privado.

Quando o SLP utilizar radiofrequência, dependerá de prévia outorga da Anatel, mediante autorização consignando as radiofrequências e a emissão de licença para funcionamento das estações. As autorizações de uso de radiofrequência para o Serviço Limitado Privado são em caráter secundário.

As frequências destinadas já disponíveis são:

• 225- 270 mhz (45 mhz)

• 703 708 mhz 758 – 763 mhz (5+5 mhz) (segmento infraestrutura)

• 1.487 – 1.517 mhz (30 mhz)

• 2.390 -2.400 mhz (10 mhz)

• 2.485-2.495 mhz (10 mhz)

• 3.700 mhz 3.800 mhz (100 mhz)

• 27,5 ghz – 27,9 ghz (400 mhz)

Além destas, as faixas de 410 – 415 mhz / e de 420 – 425 mhz (5+5 mhz) estão em fase final para disponibilização.

Veja as informações e a legislação do site da Anatel

Fonte: https://sistemas.anatel.gov.br/anexar-api/publico/anexos/ download/bea420272ee3745f8573d9d1cd220348 março

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