Santo Antônio da Platina - PR – ano VII – nº 14 – Agosto de 2015
entrevista
Cel. Antônio Carlos de Morais Tenente-Coronel QOPM, Comandante do 2º BPM 2º CRPM/PMPR
Espaço 3 poderes
A pena que se ajusta ao crime MEIO AMBIENTE
Crise Hídrica ou Crise de Gestão
Missão: Profissão
Recicle. Separe o papel corretamente.
Fazer o que se gosta ou aprender a gostar do que se faz? Veja o que pega na hora de escolher o futuro profissional
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ESPAÇO DO CIDADÃO
Contribuinte Inconsequente T udo tem Limite. Se há assunto polêmico em discussões entre crentes e aqueles que duvidam, é o dízimo. Observando os impostos, e mais recentemente, os governantes pretendendo aumentos de impostos, concluí: o dízimo é uma das maiores bênçãos da humanidade, é um delimitador. Quando um governo quer cobrar 10% de impostos, ele está querendo ser igual a Deus, mas sem nos dar outros planetas habitáveis, com sóis apropriadamente distantes. Se um governo quer cobrar o dobro de 10%, isto chega a gerar revoltas, como foi o caso por exemplo, do quinto (1/5) que o Coroa Portuguesa impôs aos mineradores de ouro no Brasil. Considerando que 1/5 é igual a 20%, como é que o povo brasileiro não vai às ruas para protestar? Nossos governos: Federal, Estaduais e Municipais estão cobrando 04 x 01 dízimo ou 02 x 1/5 (um quinto). Isto forma reservas incomensuráveis de dinheiro, o que fatalmente atrai interessados em delas desfrutar, seja lá qual for a sigla partidária a qual eles tenham que aderir, a fim de ter um cargo que lhes deixe ao alcance das mãos esta dinheirama sem dono. Digo sem dono porque, quem tem dinheiro, sabe quanto tem, onde ele está e tem o poder de decidir o que será feito com ele. A maior parte dos contribuintes brasileiros não sabe quanto é arrecadado, nem onde está tal dinheiro, ou seja, os que
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sabem isso, podem repartir este dinheiro entre eles sem que a população dê falta. E com tantos impostos e até impostos em cascata, como saber? Creio que quando a maioria da população brasileira parar de roubar Deus nos dízimos e ofertas, então Deus nos dará governantes capazes de governar bem e dar ao contribuinte o justo retorno de sua contribuição. Desde os dias de vossos pais vos desviastes dos meus estatutos, e não os guardastes; tornai-vos para mim, e eu me tornarei para vós, diz o Senhor dos Exércitos; mas vós dizeis: Em que havemos de nos tornar? Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda esta nação. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes. E por causa de vós repreenderei o devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa terra; e a vossa vide no campo não será estéril, diz o Senhor dos Exércitos. Malaquias 3:7-11 Creio que se o governo cobrar imposto de renda de todos, inclusive dos bancos e grandes instituições empresariais, sem que haja teto para a tributação, mas
que seja cobrado proporcionalmente de todos que tiverem renda, então alíquotas menores e de poucos impostos ou mesmo de imposto único serão viáveis. Se há piso para pagamento de impostos, é sinal que há miséria institucionalizada neste país tão rico, e se há teto, os mais beneficiados pelo sistema econômico escapam de pagar o proporcional à sua renda. Este seria o melhor meio de combater a corrupção, não deixar os espoliadores nos esbulhar sem oferecermos resistência aos seus excessos. Quando digo resistência, não quero dizer quebra-quebra e muito menos revolução, mas luta democrática, pela participação nos processos legais já existentes. Vamos consultar os portais da transparência e ver quanto nossos estados e municípios estão recebendo e onde estão aplicando. Vamos nos filiar aos partidos políticos e frequentar as convenções e prévias destes partidos; vamos frequentar as reuniões das Câmaras de Vereadores; vamos nos manifestar de forma racional e eficiente nos meios de comunicação. Civilizações que se encontram em melhores condições que a nossa, não conquistaram estas condições sem esforço de um grande número de cidadãos. Ilmar da Silveira Brum Contribuinte
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ENTREVISTA
Ações contra Violência Doméstica Entrevista sobre o tema com o Tenente-Coronel QOPM Antônio Carlos de Morais, Comandante do 2º BPM/2º CRPM/PMPR
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ficial da Polícia Militar do Paraná desde o ano de 1986, o Tenente Coronel Antônio Carlos de Morais já exerceu as funções de Comandante da Quarta Companhia e de Subcomandante do 2º BPM. Atualmente é o Comandante do 2º Batalhão de Polícia Militar, com sede na cidade de Jacarezinho-PR e Comandante Interino do 2º Comando Regional de Polícia Militar, com sede na cidade de Londrina-PR.
Revista O que o Sr. entende como Violência Doméstica? Cel. Antônio Morais A violência doméstica é um tipo de
violência praticada no contexto familiar. Dentro deste convívio, qualquer dos integrantes pode ser autor ou vítima. Vários são os meios com que pode ser praticada, sendo mais comum a violência física, psicológica e a sexual, contudo, a que causa maior impacto é a praticada contra crianças e idosos, por se tratarem de pessoas mais vulneráveis, sem nenhum meio de defesa.
Revista Violência doméstica é um sinônimo de violência conjugal? Cel. Antônio Morais A violência doméstica compreende a
violência conjugal, mas seu conceito é muito mais amplo. Devido à maior incidência de violência doméstica se dar entre casais, é comum que esta seja popularmente tratada como sinônimo de violência conjugal, mas trata-se de uma construção empírica desprovida de qualquer abordagem científica. Os órgãos públicos envolvidos na prevenção e repressão da violência doméstica devem sempre abordá-la em seu conceito mais amplo, posicionado suas espécies frente à sua completa definição. Revista A violência doméstica só acontece dentro de casa? Cel. Antônio Morais Como o substantivo “doméstica” re-
mete a lar, à família, é natural a dedução de que a violência doméstica se limite ao ambiente de moradia, porém é mais um conceito a ser adotado apenas pelo povo. O legislador já completa o conceito tratando de violência doméstica e familiar. A relação doméstica deve ser entendida como uma relação familiar e como tal pode se desenvolver em qualquer local, até mesmo em público. O que caracteriza uma violência como doméstica são os laços existentes entre os envolvidos. Revista O que a lei, especificamente a Lei Maria da Penha, ajuda nos casos de Violência Doméstica? Cel. Antônio Morais Vivemos em um Estado Democráti4
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Tenente-Coronel QOPM Antônio Carlos de Morais
co de Direito, o primeiro passo para coibir uma atitude desviante é a previsão legal. A violência doméstica causa maior repulsa que uma violência aleatória, assim a existência de um instrumento legal que trata especificamente deste caso é de extrema importância, o que não quer dizer que isoladamente a lei resolva todo o problema. Há a necessidade de adaptação social ao que a norma dispõe, o indivíduo tem de entender que violentar aqueles que escolheu para o seu convívio é de uma gravidade elevada, o que só é possível com o trabalho efetivo e em conjunto dos diversos órgãos públicos envolvidos, principalmente no que diz respeito à prevenção. Revista Se pedir ajuda num serviço, serei obrigada a apresentar queixa? Quais as consequências da queixa? Cel. Antônio Morais É tênue a linha entre ajudar e preju-
dicar quando se trata de uma relação familiar. O agente público deve se limitar a orientar os envolvidos na violência doméstica, nunca avocar destes a faculdade de decisão, é de interesse exclusivo da vítima resolver sobre as informações que serão passadas para as autoridades públicas. Neste aspecto deve ser feita uma ressalva, que são as situações de vítimas coagidas por qualquer meio, quanto a estas cabe ao agente público identificar o caso e agir em seu socorro. A queixa é o instrumento www.copadesc.com.br
pelo qual a vítima dá ao Estado o aval para iniciar a persecução penal e, se for o caso, aplicar a devida reprimenda ao autor da violência. Revista Quem mais maltrata os filhos, o homem ou a mulher? Cel. Antônio Morais Até por uma questão
de instinto a mulher é mais protetora que o homem. Na grande maioria dos casos o pai é o autor dos maus-tratos contra os filhos. Seja por querer se impor perante a família, seja por desapego, seja por lhe faltar maturidade para assumir o papel do pai na relação familiar ou por tantos outros motivos, o homem acaba sendo o que mais maltrata os filhos. Isso não quer dizer que não existam exceções, muitas mulheres também maltratam seus filhos, mas com uma incidência bem menor que os homens.
Revista Quais os mais frequentes casos de maus-tratos contra crianças? Cel. Antônio Morais Até por envolver
diretamente a atividade policial, os casos de maus-tratos contra crianças mais recorrentes são os que envolvem a agressão física e a sexual, além da exposição às drogas. A agressão física é mais perceptível, até por isso é a mais reclamada, já a violência sexual, por mais que ocorra em número elevado, nem sempre é relatada, existindo mais suspeitas dos agentes do que comprovações. A exposição às drogas, na maioria dos casos acontece dentro do ambiente residencial, sendo uma conduta oclusa de difícil repressão, mas que não podemos negar a existência. Revista Em que classes sociais esses casos de maus-tratos mais ocorrem no Brasil? Cel. Antônio Morais Fazer uso de um
critério econômico desvencilhado de um critério social para mesurar qualquer tipo de violência, seria uma conduta no mínimo descuidada. Fica claro que os casos de maus-tratos são mais frequentes na classe baixa e é nessa classe que todos os problemas são mais patentes. Nossa sociedade é composta em sua maioria por pessoas de classe baixa, sendo natural que maus-tratos ocorram em maior número dentro dessa classe. Além do mais, nas classes média e alta, estes casos são pouco expostos. www.copadesc.com.br
Revista A negligência está vinculada à situação econômica e social do país? Pais pobres são mais negligentes? Cel. Antônio Morais Uma situação
econômica mais favorável leva a um maior desenvolvimento social, o que proporciona o crescimento de famílias melhor estruturadas. Por este aspecto, o cidadão pobre, que já vem influenciado por uma formação deficiente, tende a ter menos a repassar para os filhos, deixando a desejar na tarefa de pais. Deve ser ressaltado também que a sociedade é um todo e qualquer indivíduo que a compõe vai ser por ela influenciado. Em maior ou menor grau todos somos atingidos pelos problemas sociais e o nível de desenvolvimento individual é que vai determinar a conduta de cada um na direção familiar.
Revista Os pais são punidos? Cel. Antônio Morais Se considerarmos os
casos noticiados, com a devida comprovação, sim, temos instrumentos legais para atuar na repressão dos pais violentos e condescendentes da violência praticada contra seus filhos. A questão aqui também é de política social, esbarrando nas dificuldades de identificar todos os casos de violência doméstica contra crianças. As punições a esses pais poderiam e deveriam acontecer em maior número, mas isso ainda é um objetivo distante. Revista Quem deve denunciar os maus-tratos, e a quem? Cel. Antônio Morais Denunciar os maus-
-tratos é dever de qualquer um que tenha conhecimento de sua ocorrência, da mesma forma que não é aceitável que o poder público, tendo ciência de violência praticada contra qualquer pessoa, nada faça, também não o é que o vizinho saiba de um ato assim e não denuncie. Para cessar os maus-tratos, no momento em que estiverem acontecendo, o órgão a ser informado é a polícia, em outros casos a este se juntam o Ministério Público, a Assistência Social, o Conselho Tutelar e qualquer outra autoridade pública acessível. Revista Isso significa que há também uma negligência por parte do Estado? Cel. Antônio Morais Para o Estado não
basta fazer tudo aquilo que está ao seu
alcance, o Estado deve buscar ampliar esse alcance, abarcar todas as ocasiões em que a vida ou a integridade de um indivíduo estejam em perigo. Ao passo que o Estado não consegue proporcionar a devida proteção irrestrita para todos os cidadãos, é óbvio que há uma negligência, não uma negligência direta de conhecer um determinado problema e se abster de buscar uma solução, mas uma negligência decorrente de sua própria incapacidade de se fazer presente na vida de cada cidadão. Mais que um problema de administração é um problema de desenvolvimento sociocultural que só se resolve a longo prazo. Revista Como evitar que uma criança ou adolescente sofra violência sexual? Cel. Antônio Morais Quanto a isso dois
aspectos têm de ser trabalhados, a exposição das crianças e adolescentes a esse tipo de violência e também os indivíduos dispostos a cometer tais atos. Pouco é produzido com o objetivo de proteger crianças e adolescentes da pedofilia, a sociedade cada vez mais liberal provoca uma condição onde não se ensina a identificar os riscos, mas trata-se todas as atitudes como normais e isso afeta pais e filhos. Por outro lado, os autores desse tipo de violência também merecem uma atenção especial, mais que uma violência crua é uma patologia que deve ser tratada como tal, com mecanismos para identificação e tratamento.
Revista Como adultos abusam sexualmente de crianças? Cel. Antônio Morais Na maioria dos
casos, os pedófilos se utilizam da relação de proximidade com suas vítimas, principalmente das relações familiares. Uma das dificuldades na repressão destes atos é justamente o ambiente ocluso em que acontecem, onde as vítimas se veem ameaçadas e desprotegidas de qualquer intervenção externa. Não são raros os casos de pedofilia que quando descobertos, já vinham acontecendo por meses ou até anos. Outro caso é o dos pedófilos que ganham a confiança de suas vítimas se aproveitando da vulnerabilidade destas. Em todos os casos o principal remédio é a vigilância aliada à prevenção. Agosto de 2015 Espaço Cidadão
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ÍNDICE
Ag o s t o / 2015
03 Espaço do Cidadão
Contribuinte Inconsequente
04 Entrevista
Entrevista com o Tenente-Coronel QOPM Antônio Carlos de Morais, Comandante do 2º BPM/2º CRPM/PMPR
07 Espaço dos 3 Poderes
A pena que se ajusta ao crime
10 Meio Ambiente
Crise Hídrica ou Crise de Gestão: algumas reflexões
14 Responsabilidade Social
A crise é a escola das descobertas - O lixo de uns é o luxo de outros
14 Meio Ambiente
Água: a escassez na fartura
16 Saúde I
O que é Alzheimer
18 Saúde II
A longevidade que vem do movimento
21 Saúde III
22 Trabalho
Missão: Escolha profissional
24 Família
Abandono afetivo e o dever de cuidar
26 Cidadania
Idosos: como anda a saúde dos cuidadores?
28 Educação Financeira
Despesas pessoais e profissionais: Quando o dinheiro sai da mesma fonte
30 Reflexão
Os Sentidos da Vida
32 Educação no Trânsito
Dicas de economia para seu automóvel
34 Opinião
Criminalidade X Resgate Social: A redução ou não da maioridade penal
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Espaço Cidadão Agosto de 2015
Expediente
A Fisioterapia e os Cuidados com o Paciente em Domicílio
revista
espaço
cidadão PRODUÇÃO:
COPADESC - Consórcio Para Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável e Sociocultural da Bacia Hidrográfica do Rio das Cinzas CNPJ 05.947.410/0001-68 CREDINORTE - Sociedade de Microcrédito, Pesquisa, Empreendedorismo e Desenvolvimento Sustentável do Norte Pioneiro CNPJ 06.145.187/0001-06 PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Alessandro Mendes Dutra, João Geraldo Frose ImpressãO: Hellograf Artes Gráficas Ltda CNPJ 85.057.529/0001-02 CONSELHOS: COPADESC - Alessandro M. Dutra, João Geraldo Frose CREDINORTE - João Geraldo Frose Contato: (43) 3558-1937 joaogfrose@gmail.com copadesc@copadesc.com.br www.copadesc.com.br www.copadesc.com.br
A pena que se ajusta ao crime
ESPAÇO DOS 3 PODERES
A descaracterização da prisão como forma de ressocializar o indivíduo
É
evidente que na sociedade em que vivemos e no país em que vivemos, é impossível dizer que o Estado tem conseguido manter aquilo que está disposto em nossa legislação com relação à ressocialização do indivíduo que é preso, sendo que depois este poderá ser novamente inserido no convívio social, ou seja, há uma evidente disparidade e um contrassenso entre aquilo que está presente em nosso ordenamento jurídico e aquilo que realmente é realizado. Muitos dos problemas encontrados no
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Brasil também se fazem presentes em outros países, inclusive os considerados países de primeiro mundo. Este assunto é de extrema importância e de extrema complexidade, uma vez que se trata de um problema que envolve toda a sociedade, pois um sistema penitenciário que não apresenta bons resultados gera um aumento no índice de crimes, que por sua vez gera o descontentamento da população. Além disso, não se pode esquecer que a base de tudo isso é a educação. A partir do momento em que os
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ESPAÇO DOS 3 PODERES seres humanos se unem para viver em sociedade, criam-se as leis, ou seja, as regras que vão reger essa convivência entre as pessoas. Se, caso alguém vier a descumprir uma das leis impostas pelo Estado, este deve ser devidamente punido. Desde suas origens históricas, a pena foi uma reação social contra o membro da comunidade que transgrediu as regras de convivência e com isso colocou em perigo os interesses da comunidade. No primeiro período da história, a pena era exclusivamente vingativa, ou seja, o mais forte se sobressaía ao mais fraco e a justiça, portanto, pendia para o lado daquele. Não havia qualquer relação entre o crime cometido e a pena aplicada, tratava-se simplesmente de autotutela, em que aquele que sofria algum prejuízo causado por outrem, consertaria tal prejuízo com as próprias mãos. Como afirmava Aristóteles, o homem é um ser social. A partir daí, surge a ideia de que se deve abrir mão de parte de nossa liberdade a fim de que se possa viver em sociedade, pois seria impossível vivermos isolados. Ocorre que, ao agrupar pessoas, passam a surgir também inúmeros conflitos; conflitos estes próprios de uma sociedade em que as pessoas são diferentes, possuem ideias diferentes, modos de vida diferentes, mas que procuram sempre o melhor para si mesmas. Mesmo com o entendimento de que o homem é um ser social, o cumprimento das penas ainda se resumia na
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A crise da pena de morte deu origem a uma nova modalidade de sanção penal: a pena privativa de liberdade, desta vez como forma concreta de fazer cumprir a pena imposta pelo Estado e também atender a vontade da sociedade pena de morte, seja por enforcamento, seja por apedrejamento, seja por qualquer outra forma de fazer com que o indivíduo pagasse pelo mal cometido, com o passar dos tempos surgiram os primeiros confinamentos, que eram as chamadas masmorras. Mesmo assim, ainda não se conhecia a pena privativa de liberdade, pois não era essa a finalidade da masmorra, uma vez que esta abrigava indivíduos apenas provisoriamente. Não que nessa época não se falava mais em pena de morte, mas agora surge uma nova forma de punir; o encarceramento. Porém, a privação da liberdade, como pena, surgiu somente no século XVI com a construção do Rasphuis em Amsterdã, no ano de 1595. Tratava-se de um estabelecimento carcerário destinado à execução das condenações. Em tal instituição procurava-se alcançar o fim educativo por meio do trabalho
ininterrupto e constante, do castigo corporal e da instrução religiosa. Na época, acreditava-se que a partir de tais medidas haveria uma reeducação do detento a fim de que este pudesse ser reinserido na sociedade. Esse modelo de instituição influenciou diversos países da Europa, o que fez com que surgissem diversas casas deste tipo neste continente. A pena de morte se tornava cada vez mais desgastada e menos eficaz. A crise da pena de morte deu origem a uma nova modalidade de sanção penal: a pena privativa de liberdade, desta vez como forma concreta de fazer cumprir a pena imposta pelo Estado e também atender a vontade da sociedade, uma grande invenção que demonstrava ser meio mais eficaz de controle social. Os primeiros sistemas penitenciários surgiram nos Estados Unidos. Esse sistema penitenciário criado pelos estadunidenses passa a ser desenvolvido e aperfeiçoado, ganhando novas características principalmente na Europa. Primeiramente temos o sistema pensilvânico que era baseado no isolamento total do preso, negando a ele o direito, inclusive, de se comunicar e a oração era vista como uma forma de ressocializá-lo. Em seguida, o sistema auburiano previa apenas o isolamento noturno dos presos, sendo que durante o dia eles trabalhavam em conjunto e no período da noite eram isolados. Tal sistema adotava a filosofia de que o trabalho era, por si só, um instrumento
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reabilitador do preso. Ambos os sistemas vieram à falência, sendo o primeiro, devido ao próprio isolamento, uma vez que, ao se tratar de seres humanos há uma necessidade em se viver em comunidade, sendo que o contrário leva qualquer um à loucura, ou seja, não foi uma forma adequada para a ressocialização. Já o segundo sistema, não deu certo pois o que ocorria era uma exploração do trabalho do preso, remetendo novamente à tortura. Seja em qual época da história, passado ou no presente, ocorre que a pena de prisão encontra-se em crise e um dos fatores que nos mostra claramente essa crise da prisão é o alto índice de reincidência. A maioria das pessoas, uma vez presas, voltam a cometer crimes. Isso se dá através de um sentimento de revolta provocado pelo destrato que recebem nas penitenciárias. Diante do elevado índice de reincidência, fica claro que a função ressocializadora da prisão não tem produzido os efeitos desejados. A certeza de ser punido é que deve desviar o homem do crime e não mais o abominável teatro. O primeiro Código Penal brasileiro foi criado em 1830 e tinha fortes influências das ordenações portuguesas, prevendo, inclusive, a aplicação da pena de morte. Somente anos mais tarde, em 1940 é que conseguimos elaborar um Código Penal mais humanitário e que busca uma punição mais justa. Tal código é o que utilizamos
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até os dias de hoje. Há uma enorme discrepância entre a teoria e a prática, entre o que é apresentado pela lei e o que realmente ocorre nos presídios. É uma questão de lógica, basta usar os meios certos para se atingir o fim pretendido e determinado, mas o que vemos é que não só no Brasil, mas também e em outros países como na Itália, a quantidade de vagas é muito inferior à quantidade de presos e isso gera uma superlotação que, por consequência, gera a revolta dos presos e tudo isso vai em oposição a essa ressocialização pregada pelo legislador. Por fim, com relação ao tipo da pena que deve ser aplicada, devemos pensar: qual a melhor maneira de se atingir o objetivo desejado? Qual a pena que devemos aplicar? Pena de morte, perpétua, restritiva de direitos, restritiva de liberdade, pena corporal? Não dá para dizer que o legislador deva adotar um único tipo de pena em seu ordenamento, pois é necessário adequar e relacionar o criminoso e o crime praticado à pena aplicada. Escrito por Roberta Mucare Pazzian Copilado por João Geraldo Frose Estudante de Direito da UNIESP-Fanorpi
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MEIO AMBIENTE
Crise Hídrica
ou Crise de Gestão: algumas reflexões
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Numa análise até os problemas recentes, nota-se que a preocupação com as fontes de água não é de hoje
ano de 2014 ficou marcado na memória dos brasileiros por alguns eventos bastante interessantes, a Copa do Mundo, as eleições presidenciais disputadíssimas e, permeando os dois acontecimentos, a crise hídrica que assolou principalmente a região sudeste fazendo com que a população se visse diante de uma falta de água sem precedentes. Mas, afinal, o que teria motivado esta crise hídrica? Fatores climáticos, diziam os políticos, ou pura falta de planejamento, para os especialistas. O certo é que uma somatória de fatores desencadeados ao longo do tempo contribuiu para esta crise e é, justamente com base no tempo, que buscaremos subsídios para tratar desse assunto; não o tempo cronológico, rígido, baseado no calendário, mas, sim, o tempo histórico, aquele que considera os eventos, as transformações sociais, as mudanças de mentalidades. É justamente neste “tempo” que vamos buscar compreender como chegamos a esta situação caótica.
À margem dos rios, a civilização se estabelece
Ao longo da história humana percebemos que a água foi essencial para o surgimento de grandes civilizações, por volta de 3.000 a.C. se desenvolveram as civilizações da Mesopotâmia, às margens dos Rios Tigre e Eufrates e a civilização Egípcia, as margens do Rio Nilo. Ambas as civilizações formaram impérios extraordinários graças a agricultura de irrigação proporcionada pelo aproveitamento dos rios citados através de intrincados sistemas de irrigação. Por outro lado, impérios mais recentes
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Espaço Cidadão Agosto de 2015
foram além dos Egípcios e Mesopotâmicos no tocante à utilização da água dos rios e fontes disponíveis, assim, muitas vezes captando a água a centenas de quilômetros de distância e transportando-a até as cidades. Este foi o caso da civilização romana, famosa por construir cidades após conquistar territórios, muitas vezes em locais inóspitos sem qualquer fonte de água. Para resolver este problema, os romanos recorreram aos aquedutos, verdadeiros triunfos da engenharia da época, construídos para levar a água pura das fontes das montanhas até os grandes centros urbanos. Após ser transportada pelos aquedutos a água era distribuída nas casas dos moradores mais ricos e disponibilizada para os mais pobres através de fontes públicas. As tecnologias desenvolvidas pelos romanos para a distribuição de água, no entanto, acabaram sendo destruídas na maior parte da Europa após as invasões do império romano pelas tribos bárbaras entre os séculos III a V D.C.. A partir de então, por conta de maus hábitos de higiene nas vilas e nos castelos medievais acabaram se disseminando uma série de doenças por conta da contaminação da água. Os surtos de cólera eram frequentes, provocando inúmeras mortes em habitantes de todas as idades e classes sociais. Quase sempre essas doenças eram atribuídas ao sobrenatural, infelizmente tal situação não se restringiu apenas a Europa Medieval, perdurando durante toda a Idade Moderna e espalhando-se pelas colônias europeias pelo mundo afora até o século XIX quando, graças ao progresso da ciência e da medicina, verificou-se a importância do correto tratamento da água www.copadesc.com.br
Fontes: www.tribarte.blogspot.com; www.pontdugard.fr
Pont du Gard, Remoulins, França A Pont du Gard cruza o rio Gardon, no sul da França, e é parte do aqueduto de Nîmes, uma estrutura de mais de 50 km de comprimento erguida no século 1º d.C. O trecho sobre a água tem um caimento de apenas 2,5 cm, o que indica a precisão dos engenheiros da Roma Antiga. A estrutura, que em seu ponto mais alto tem 48,8 m, forneceu água para a cidade até o século 6º e se mantém de pé – quase intacta – por também ser uma ponte e, portanto, ter merecido cuidado desde sempre. No ano 2000, porém, o transporte foi proibido no local, e o aqueduto passou a funcionar apenas como um ponto turístico.
e de sua distribuição para a população, surgindo, assim, os sistemas de captação, tratamento e distribuição de água muito semelhantes aos que temos até hoje.
O Desafio da Preservação
Resolvida a questão do tratamento da água, o longo do século XX, impuseram-se outros desafios, dentre eles a preservação da qualidade dos mananciais hídricos e o armazenamento de água para eventuais períodos de seca, junte-se a estes dois pontos principais a questão do uso racional da água, evitando-se assim, os desperdícios. Mas afinal, se a fórmula para se conseguir manter um abastecimento regular de água é conhecida a tanto tempo, por que enfrentamos escassez de água nos últimos tempos? Num primeiro momento, alguns podem ser levados a buscar nas causas naturais a origem do problema: A falta de chuvas se tornou, assim, a grande vilã da falta de água pela qual passa a região centro-sul do Brasil. De fato, os índices pluviométricos demonstram uma estagnação que não se repete desde a década de 1950, porém, se houve em outras épocas uma seca semelhante, não deveríamos estar preparados para outro www.copadesc.com.br
evento como esse, sobretudo por conta do elevado crescimento das cidades após 1960? Pois, apesar de todas estas informações não foram tomadas medidas efetivas para se evitar o desabastecimento. Pesaram, sem dúvida, a ganância das empresas concessionárias do serviço de abastecimento que priorizaram seus lucros, deixando de lado os investimentos, mas não é só, a falta de vontade política para assumir e enfrentar o problema num ano eleitoral também foi perceptível, penalizou-se os moradores das cidades como os grandes vilões do desperdício mas não se tomavam medidas mais duras e eficazes contra o desperdício na zona rural, a água continuava sendo utilizada sem muito critério na irrigação com o uso de equipamentos obsoletos e ineficazes e o mais grave, retiravam água dos rios e reservatórios sem critério ou autorização dos órgãos competentes. O despejo clandestino de esgoto doméstico e industrial é outro problema gravíssimo que se mantém ao longo do tempo, contaminando a água potável e causando danos ambientais terríveis; o trecho do Rio Tietê que corta a cidade de Pirapora do Bom Jesus é um exemplo claro disso. Notícias recentes chamam a Agosto de 2015 Espaço Cidadão
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atenção para este problema como se fosse algo atual, porém, a mais de quarenta anos os moradores da cidade convivem com esta situação que se agrava de tempos em tempos.
A Falta de Planejamento
O Brasil é um país riquíssimo em recursos hídricos mas enfrenta vários problemas na gestão desses recursos; por exemplo, a região Amazônia concentra boa parte da água doce disponível no planeta, porém, em muitas cidades as pessoas sofrem por falta de água tratada, pois a água dos rios quase sempre recebe grande quantidade de esgoto doméstico, seja das cidades, seja nas comunidades ribeirinhas. Outro problema diz respeito à concentração da água em regiões específicas do país, assim, é comum que uma temporada de chuvas mais prolongada cause grandes enchentes em determinadas regiões enquanto outras padecem com a seca, nas regiões mais áridas como o agreste nordestino, onde a luta pela água é constante desde os tempos coloniais, assim como os abusos cometidos por pessoas inescrupulosas contra a população, que depende das poucas fontes e reservatórios disponíveis para sobreviver. De qualquer modo, tais problemas não atingem apenas o Brasil e, como vimos, desde a antiguidade, existem soluções para o transporte e a distribuição de água, desde que haja determinação e vontade política.
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Espaço Cidadão Agosto de 2015
Espuma de poluição do Rio Tietê invade ruas em Pirapora do Bom Jesus - SP
Atrelada a crise hídrica, ainda em 2014, tivemos o risco de apagões no sistema de fornecimento de energia elétrica acompanhando a crise de desabastecimento de água, novamente a falta de planejamento e investimentos no setor contribuíram para esta situação. Para as agências de notícias governamentais a “culpa” pelo que estava acontecendo era pura e simplesmente da estiagem prolongada. Assim, varreram para “debaixo do tapete” o atraso na construção de novas redes de transmissão, o atraso na construção de novas usinas hidrelétricas, a falta de investimentos em fontes alternativas de energia e, ainda, a diminuição irresponsável da tarifa de energia elétrica que estimulou o consumo e impactou negativamente o setor de distribuição de energia que passou a operar com prejuízos. O “estrago” por esta série de decisões
equivocadas por parte do governo só não foi maior por conta do baixíssimo crescimento da economia que forçosamente provocou um decréscimo na demanda por energia.
Economizando
Apesar do cenário preocupante, algumas medidas simples podem evitar que no médio e longo prazo cheguemos novamente a esta situação pré-racionamento, vejamos algumas: • Incentivo para a compra de lâmpadas e eletrodomésticos mais eficientes, tal medida foi adotada pelo governo federal na crise energética de 1999-2000 e mostrou-se eficaz. Naquela época, incentivava-se a troca das lâmpadas incandescentes pelas lâmpadas fluorescentes; hoje, temos a opção ainda pouco utilizada, das lâmpadas de LED, ainda mais eficientes e econômicas. Quanto à
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Imagem SHIAVONI, Eduardo. UOL Notícias Cotidiano 23/06/2015
MEIO AMBIENTE
LAMPADAS -COMPARATIVO DE TECNOLOGIA/ECONOMIA EQUIVALÊNCIA
LED
ELETRÔNICA
FILAMENTO
VIDA ÚTIL
5000 hs
8000 hs
1200 hs
CONSUMO
5W
10W
50W
CUSTO EM 6 MESES (KWH PR*)
R$ 10,80
R$ 21,60
R$ 108,00
DURABILIDADE (CICLO 12 HS)
10 anos
18 meses
3 meses
EMISSÃO DE CALOR
Muito Baixa
Média
Muito Alta
MEIO AMBIENTE
não contém mercúrio
contém mercúrio
não contém mercúrio
* valores em junho de 2015
substituição de eletrodomésticos antigos por outros mais econômicos, temos o exemplo do programa adotado pela COPEL (Companhia Paranaense de Energia Elétrica) financiando a troca de geladeiras para os consumidores residenciais. • Linhas de financiamento para a utilização de energia solar através da implantação de células fotovoltaicas e painéis para aquecimento solar nas unidades consumidoras, a tecnologia já existe e é empregada cada vez mais na Europa e Estados Unidos, caso haja incentivo para seu emprego em larga escala o preço de sua instalação se tornaria bastante acessível. Em alguns casos, como por exemplo nas propriedades rurais, é possível a obtenção de energia de sobra que poderia ser vendida para as distribuidoras.
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• Modernização das hidrelétricas com a utilização de turbinas mais eficientes para a geração de energia com menor consumo de água. Na impossibilidade de se aumentar os reservatórios das hidrelétricas devido ao impacto ambiental, em alguns países efetua-se a troca das turbinas geradoras por outros de maior eficiência, gerando 30% a mais de energia e consumindo 50% menos água a maioria de nossas hidrelétricas utilizam turbinas bastante antigas e completamente obsoletas. Um exemplo dessa troca de turbinas com ótimos resultados ocorreu na hidrelétrica da Represa Hoover no rio Colorado, EUA. Diante dessas reflexões concluímos, não apontando soluções, mas sim, pontos de partida. Vários são os caminhos
capazes de nos trazer uma segurança hídrica e energética, porém, o esforço para alcançarmos esta meta passa pelo coletivo, pois somente com a consciência dos cidadãos na preservação do meio ambiente e da qualidade da água, com o esforço do governo na implementação de políticas de incentivo às novas tecnologias e sobretudo, aprendendo com os erros e acertos do passado, venceremos este desafio. Para saber mais sobre o tema:
•A história do uso da água no Brasil, do descobrimento ao século XX. ANA-Agência Nacional de águas, 2007. •Agência Europeia de Ambiente – www.eea.europa.eu Agência Nacional de Águas – www.ana.gov.br •Agência Nacional de Energia – www.aneel.gov.br •Bureau of Reclamation- www.usbr.gov •Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – www.unesco.org Alfredo Moreira da Silva Júnior Gestor Universitário, Coordenador do Pacto Nacional Pelo Fortalecimento do Ensino Médio, Mestre em História pela Universidade Estadual Paulista – UNESP; Doutor em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP e Prof. Adjunto de História do Brasil no Centro de Ciências Humanas e Educação – Campus Jacarezinho da Universidade Estadual do Norte do Paraná.
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Responsabilidade social
A crise é a escola das descobertas
O lixo de uns é o luxo de outros: quantas vezes jogamos fora objetos que poderiam ser reutilizados e transformadas em algo novo?
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multiplicação dos pães e peixes: Então Jesus tomou os pães, deu graças e os repartiu entre os que estavam assentados, tanto quanto queriam; e fez o mesmo com os peixes. Depois que todos receberem o suficiente para comer, disse aos seus discípulos: “Ajuntem os pedaços que sobraram. Que nada seja desperdiçado”. Então eles os ajuntaram e encheram doze cestos com os pedaços dos cinco pães de cevada deixados por aqueles que tinham comido. Depois de ver o sinal miraculoso que Jesus tinha realizado, o povo começou a dizer: “Sem dúvida este é o Profeta que devia vir ao mundo”. João 6:11-15
Elimine o desperdício e crie riquezas
Desperdício é algo que o consumidor e nós não queremos pagar. O que é desperdício? Desperdício é qualquer tipo de atividade que consome recursos (incluindo tempo) sem agregar valor para nós e nossos clientes. Em japonês, MUDA significa desperdício. Os japoneses desenvolveram este conceito na base de muita dor, sofrimento e necessidade.Localizado em uma ilha densamente habitada com recursos materiais limitados, poucas terras produtivas para o cultivo e por ter passado por guerras, pobreza extrema, fome e desastres naturais. Os japo-
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neses aprenderam a valorizar as pequenas coisas inclusive um grão de arroz. Quantas vezes jogamos fora objetos que poderiam ser reutilizados e transformadas em algo novo. Também é chamado de desperdício na visão do povo japonês e no mundo mais sustentável. Para manter a nossa família e a sua empresa com altos rendimentos agregados aos seus produtos/serviços, além de gerenciar é preciso eliminar os desperdícios! Quais os grandes desperdícios no nosso dia a dia? O que não enxergamos...
Tipos de desperdícios
1) Espera: É um desperdício muito frequente no nosso dia a dia. As filas de banco, consulta médica, passageiros reclamando de atrasos e na falta de qualidade no atendimento nas rodoviárias/aeroportos, na espera no atendimento nas lojas, farmácias e supermercados entre outros exemplos que você deve lembrar. Perdemos o nosso tempo esperando, sempre com muito bom humor. Será? 2) Estoque: Materiais não utilizados, na falta ou excesso gera desperdício e o aumento do estoque. Que impacta no espaço nobre da sua empresa/casa, tempo e dinheiro parado. Quantas vezes jogamos fora alimentos e remédios com o prazo de validade vencido. Perdemos dinheiro, mas também perdemos a
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DESPERDÍCIOS QUE NÃO ENXERGAMOS NO NOSSO DIA A DIA: Qualquer tipo de atividade que consome recursos (incluindo tempo) sem agregar valor para nós e nossos clientes. Tempo certo para tomar decisão
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Tempo errado para tomar decisão
oportunidade de contribuir para as pessoas necessitadas. Vamos observar os nossos estoques de materiais em nossas empresas e em nossas casas? O que podemos fazer? Quem podemos ajudar? 3) Produtividade: O tempo desperdiçado na produtividade não significa produzir mais e nem trabalhar melhor. Produtividade significa produzir produtos em menos tempo, com menor custo e com Qualidade. No nosso dia a dia quanto tempo perdemos nas redes sociais, distrações e esquecemos de fazer algo importante. Reservar um tempo de qualidade com sua família e até uma coisa simples como abastecer o carro para irmos viajar. 4) Comunicação: A comunicação inadequada pode gerar muitos desperdícios. Imagine em uma linha de produção que ocorreu um erro durante o 1º Turno e não foi comunicado para o 2º Turno de trabalho isso pode resultar na perda de um lote inteiro de produção ou seja perda de tempo e aumento de custos desnecessários (hora extra) na sua empresa. Isso acontece também na nossa casa. - Xiii, hoje esqueci de avisar a minha esposa que vou sair tarde do trabalho! 5) Logística: A falta de previsão e de planejamento de uma rota adequada para entregas podem levar ao desperdício de
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mão de obra, combustível e tempo. Quando planejamos e definimos a frequência de entregas podemos aproveitar os nossos funcionários para serem treinados para novas atividades assim contribuímos na capacitação das pessoas. Pense nisso! 6) Criatividade: Um desperdício que muitas empresas não valorizam e nem avaliam as ideias de seus funcionários que poderiam impactar na redução de custos e aumento dos lucros. Lembre-se de uma ideia da sua esposa, marido, irmão, pai, mãe, líder e amigo que você não avaliou no momento. Hoje com certeza o seu resultado seria bem diferente. Dê valor a todos que têm contato com você, mesmo quando você não estiver de acordo com eles. A importância de começar a enxergar os desperdícios e as atividades que não agregam valor no seu dia a dia, seja no trabalho ou em casa. E começar a eliminar ou reduzir os desperdícios de forma planejada e organizada. No decorrer da sua jornada, você vai gerar resultados surpreendentes. Como ter mais tempo para a sua família, não vai precisar investir em novos equipamentos/máquinas, construir novas instalações entre outros benefícios. Em japonês, HANSEI significa reflita: Avalie como você está? Aonde quer
chegar? E decida MUDAR ou continuar na mesma rotina que você ainda não consiga enxergar os desperdícios na sua vida. Está matéria foi escrito para o cidadão. Adaptado e baseado nos conceitos do Sistema Toyota de Produção/Lean Manufacturing e a palavra de Deus que já ensinava os discípulos a não desperdiçar nem os pedaços que sobraram. Na minha jornada auxiliando muitas empresas nacionais e multinacionais aplicamos a metodologia Lean de forma prática conforme a necessidade da empresa e com seus próprios recursos, ou seja, com que você tem de recursos no momento. E infelizmente muitas empresas pequenas e grandes, se encontram na mesma situação. - Não enxergando os desperdícios! Lembre-se que o nosso cliente sempre espera que seja entregue a solução/ produto/serviço que ele precisa, quanto ele precisa e no momento exato (no prazo). Sergio Onizuka Trabalhou durante 12 anos na Toyota do Brasil no departamento de Controle da Qualidade. Possui experiência nos projetos mundiais da Toyota dos veículos Hilux e Corolla implementando novos processos produtivos internos e nos fornecedores da Toyota no Brasil, Argentina e Japão. Especialista nos requisitos de validação da Qualidade dos processos produtivos, processos especiais, auditorias, gerenciamento e no Sistema Toyota de Produção. Atualmente auxilia as empresas no Brasil, como Sensei(Consultor) de TPS/Lean Manufacturing & Qualidade no Honsha.org. Palestrante no 9º Forum Lean na PUC/PR: Visão Toyota da Qualidade nos processos. Escritório em Joaquim Távora/PR.
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SAÚDE
O que é Alzheimer Estima-se que cerca de 10% das pessoas com mais de 65 anos e 25% com mais de 85 anos podem apresentar algum sintoma dessa enfermidade e são inúmeros os casos que evoluem para demência
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Doença de Alzheimer - DA - é caracterizada como uma enfermidade que não tem cura e que se agrava ao longo do tempo, e uma vez diagnosticada pode e deve ser tratada. Também tem como principal característica que todas as suas vítimas são pessoas idosas. Talvez, por isso, a doença tenha ficado erroneamente conhecida como “esclerose” ou “caduquice”. A doença se apresenta como demência, ou perda de funções cognitivas (memória, orientação, atenção e linguagem), causada pela morte de células cerebrais. Estima-se que existam no mundo cerca de 35,6 milhões de pessoas com a Doença de Alzheimer. No Brasil, há cerca de 1,2 milhão de casos, a maior parte deles ainda sem diagnóstico. Cerca de 10% das pessoas com mais de 65 anos e 25% com mais de 85 anos podem apresentar algum sintoma dessa enfermidade e são inúmeros os casos que evoluem para demência. Feito o diagnóstico, o tempo médio de sobrevida varia de 8 a 10 anos.
Sintomas
Na forma inicial observa-se alterações na memória, personalidade e habilidades espaciais e visuais. Em seguida, como forma moderada inicia-se a dificuldade para falar, de se expressar, realizar tarefas simples e coordenar movimentos; agitação e insônia. Como forma grave da doença o paciente resiste à execução de tarefas diárias, incontinência urinária e fecal, apresenta dificuldade para se alimentar e deficiência motora progressiva. Por último a forma terminal onde o indivíduo se restringirá ao leito, mutismo, dor à deglutição, infecções intercorrentes. O tratamento é necessário para diminuir os sintomas. O cuidado do paciente torna-se desgastante e procurar ajuda com familiares e/ou profissionais pode ser uma medida absolutamente necessária.
Cuidados
Alguns cuidados e medidas podem facilitar
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a vida dos doentes e principalmente de quem cuida deles: - Fazer o portador de Alzheimer usar uma pulseira, colar ou outro adereço qualquer com dados que o identifique, como: nome, endereço, telefone, etc, e também as palavras “Memória Prejudicada”, porque um dos primeiros sintomas é o paciente perder a noção do lugar onde se encontra; - Estabelecer uma rotina diária e ajudar o doente a cumpri-la. Espalhar lembretes pela casa como tarefas simples e diretas, como: apague a luz, feche a torneira, desligue a TV, etc., pode ajudá-lo bastante; - Se possível deve-se simplificar a rotina do dia-a-dia de tal maneira que o paciente possa continuar envolvido com ela; - Encorajar a pessoa a vestir-se, comer, ir ao banheiro, tomar banho por sua própria conta. Quando não consegue mais tomar banho sozinha, por exemplo, pode ainda atender a orientações simples como: “Tire os sapatos. Tire a camisa, as calças. Agora entre no chuveiro”; - Limitar suas opções de escolha. Em vez de oferecer vários sabores de sorvete, ofereça apenas dois tipos; - Certificar-se de que o doente está recebendo uma dieta balanceada e praticando atividades físicas de acordo com suas possibilidades; - Eliminar o álcool e o cigarro, pois agravam o desgaste mental; - Estimular o convívio familiar e social do doente; - Reorganizar a casa afastando objetos e situações que possam representar perigo. Ter o mesmo cuidado com o paciente de Alzheimer que teria com crianças; - Conscientizar-se da evolução progressiva da doença. Habilidades perdidas jamais serão recuperadas; - Providenciar ajuda profissional e/ou familiar e/ou de amigos, quando o trabalho com o paciente estiver sobrecarregando quem cuida dele. www.copadesc.com.br
Alimentação
Não é segredo que a comida pode ser reconfortante. Comer é uma atividade importante porque além de questões essenciais necessárias para nossa sobrevivência, envolve questões sociais e culturais. Para pessoas normais, a alimentação não oferece riscos e também não apresenta dificuldades em realiza-la. No entanto, esta atividade nem sempre é fácil e segura, principalmente para indivíduos que cursam com algum tipo de doença que afeta de forma importante a dinâmica da deglutição. Algumas vezes o próprio indivíduo ou seus familiares percebem que há algo de errado neste processo, mas consideram essas alterações parte do envelhecimento. A disfagia, definida como dificuldade de deglutição, também pode levar à aspiração (entrada de alimentos/saliva/ líquidos na via respiratória), e que gera risco de pneumonias aspirativas, desnutrição e/ou desidratação. Em alguns casos, a dificuldade de deglutição pode levar a graves consequências. Portanto, é importante sua identificação de forma precoce e para isso, compreender a dinâmica da deglutição normal é essencial. As alterações na deglutição dos pacientes com a DA iniciam-se com queixa de engasgos durante a ingestão de alimentos, principalmente líquidos. Com a progressão da doença o paciente
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pode ter dificuldades com outras consistências, o que leva ao comprometimento da condição nutricional. Algumas orientações e condutas podem permitir ao paciente disfágico uma alimentação via oral mais segura. Estas orientações estão relacionadas à: 1- Consistência dos alimentos: A consistência dos alimentos é modificada, ao longo do curso da doença, se necessário. A umidificação dos alimentos é indicada para a maioria dos pacientes. Em geral, a dieta de menor risco é a consistência pastosa homogênea (consistência de creme). O importante é a garantia de um desempenho seguro (sem a entrada de saliva/ alimentos/líquidos no pulmão) durante todas as refeições. 2- Posicionamento na alimentação Uma posição correta durante a alimentação dificulta a entrada dos alimentos nos pulmões, deixando a alimentação mais segura. Durante as refeições é importante que o paciente permaneça sentado, com o tronco reto e a cabeça erguida. Caso não seja possível, tente manter o tronco o mais reto que puder ou pelo menos a 45º. Use como apoio, travesseiros, almofadas, rolos de toalhas ou lençóis
3- Ambiente O ambiente onde o paciente será alimentado deverá ser calmo, oferecer o mínimo de elementos de distração assim como televisores e rádios deverão ser desligados. Conversas paralelas deverão ser evitadas. 4- Higiene oral Pacientes com precário estado de conservação dentária estão mais propensos a broncopneumonias. Para manutenção adequada da higiene oral e para retirada da placa bacteriana é necessária a ação mecânica de escovação dos dentes. O uso de uma pasta que tenha boa ação bactericida é indicada quando ainda o paciente tem condições de fazer “bochecho”. Caso esteja em uma fase que já não consegue bochechar, sugere-se a utilização da própria escova e de um antisséptico a base de clorexidina a 0,12% sem álcool, não sendo necessário o enxágue. 5- Via alternativa de alimentação A nutrição enteral é indicada a pacientes que possuem risco para aspiração ou para aqueles com ingestão alimentar insuficiente por via oral. Ana Cláudia Mendes Dutra Frose Fonoaudióloga - CRFª 6482-PR
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SAÚDE
A longevidade que vem do movimento Prevenir os males da inatividade e conseguir mais e melhores anos de vida é permanecer-se ativo fisicamente, não durante um mês, mas durante toda a vida
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Ilustração: Alessandro Dutra
e acordo com estudos recentes, o tempo de vida do ser humano tem aumentado significativamente. E ter uma vida longeva, hoje em dia, já não é uma grande vitória, quando a média atual de expectativa de vida nos países desenvolvidos está em torno de oitenta anos e também quando as pesquisas biomédicas encontram dados que as permitem inferir sobre o potencial genético do homem para viver até mais de cem anos. Que pode ser um sonho para uns e pesadelo para outros. Porém, para ter uma vida longa, com que satisfaça níveis dignos de sobrevivência e bem como os direitos e limites humanos devem ser respeitados, e para isso o cidadão deve ter acesso e participar aos avanços científicos e tecnológicos das diferentes áreas relacionadas à saúde. Inovações em técnicas, procedimentos,
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medicamentos, vacinas e novos conhecimentos sobre alimentação e sobre os efeitos agudos e crônicos do exercício físico colaboraram para esse fenômeno. Número cada vez maior de estudos e documentos corroboram e comprovam que os benefícios da aptidão física geram para a saúde. Pesquisadores nas áreas de Exercício Físico, Educação Física e de Medicina do Exercício e do Esporte, pelos métodos de pesquisa epidemiológica, já demonstraram que tanto a inatividade física como a baixa aptidão física são prejudiciais à saúde. O corpo do homem foi projetado para se mexer. Como consequencia desta ideia, muitas pessoas já incorporaram com esta prática de que o “movimentar-se” faz parte de nossas vidas e que a sociedade moderna, por conta de trabalhos extra jornada tende a ser privada veladamente do
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seu direito de ir e vir, de seu tempo ativo e livre de lazer, etc., seja por falta de segurança pública, de informação adequada, e de educação, ou ainda por responsabilidade da família e/ou da escola, contribuindo para que se acabe com o hábito natural das pessoas de “exercitar-se”. Hoje, em pleno século XXI, se perguntarmos às pessoas que têm acesso à informação se exercício físico regular faz bem à saúde, talvez encontremos um grande percentual que responda afirmativamente. As pessoas sabem que exercitar o corpo faz bem também à alma e a mente, todavia, se perguntarmos a essas mesmas pessoas se elas gostam de fazer exercícios regulares, esse percentual certamente diminuirá. Se formos adiante e perguntarmos se elas são ativas fisicamente, não podemos ter a certeza sobre quais respostas obteremos, mas um percentual muito baixo deverá responder positivamente. Dentre esses, alguns ainda responderão dessa maneira porque fazem diariamente o serviço de limpeza de suas casas ou do seu quintal. Outros nos dirão que são atletas porque praticam esportes no final de semana e assim cada um responderá deforma que acredita ser uma maneira de se exercitar. Essa questão é ainda mais relevante quando se analisa o profissional de saúde que tem por função profissional orientar a população para um estilo de vida saudável. Outro estudo, de epidemiológicos e documentos institucionais propõem que a prática regular de atividade física e uma maior aptidão física estão diretamente associadas a uma menor mortalidade e melhor qualidade de
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vida em população adulta. Vive-se mais se se mexer mais. Acrescenta-se aos trabalhos científicos que destacam o sedentarismo e o estresse como responsáveis por doenças hipocinéticas e que conduzem às reduções na qualidade de vida. Existem cada vez mais dados demonstrando que o exercício, a aptidão e a atividade física estão relacionados com a prevenção, com a reabilitação de doenças e com a qualidade de vida, sendo esta, talvez o que todos procuram, independente da classe econômica, financeira ou social, e se conquista com muito pouco em investimento monetário. Basta ter vontade e se mexer. Para se alcançar um bom condicionamento físico, existem vários tipos de atividades físicas que auxiliam na manutenção da saúde, seja ele aeróbico como anaeróbico, ambos reconhecidamente indicados para tal fim. Os exercícios aeróbios, caracterizam-se pela utilização de lipídios como fonte de produção de energia durante o exercício, mas também utilizam os carboidratos. A intensidade do exercício determina o substrato a ser utilizado, gorduras ou carboidratos. Quanto menor for a intensidade do exercício, maior a porcentagem de utilização de gordura, e quanto maior a intensidade, maior a utilização de carboidratos. Mediante o exercício de atividades aeróbias, o sistema nervoso central também é estimulado, liberando maiores quantidades de endorfina que, quando mergulhadas na corrente sangüínea agem na musculatura provocando a sensação de relaxamento e bem-estar. Em virtude destes
Quanto menor for a intensidade do exercício, maior a porcentagem de utilização de gordura, e quanto maior a intensidade, maior a utilização de
carboidratos
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SAÚDE benefícios a atividade física aeróbia, vem sendo muito citada no tratamento de doenças psico-depressivas, como também no tratamento da obesidade. A importância predominantemente dada às atividades aeróbias, segundo Cooper (1972), está fundamentada nos seguintes benefícios: Aumento da eficiência dos pulmões e coração. Aumento das cavidades do coração, aumento do volume total de sangue e volume máximo de oxigênio (aumento da absorção, captação e transporte de oxigênio). Aumento do número e tamanho dos vasos sangüíneos. Melhora da tonicidade muscular e dos vasos sangüíneos. Aumento da capacidade oxidativa dos carboidratos e ácidos graxos livres (AGL), aumento do número e do tamanho das mitocôndrias. Aumento do colesterol bom (HDL), diminuição do colesterol mal (LDL). Diminuição da freqüência cardíaca basal. Em relação aos exercícios anaeróbios também têm sua importância na promoção de saúde. As atividades que visam o treinamento de força, como por exemplo a musculação, mobilizam os carboidratos como fonte de energia durante o exercício, mantêm o metabolismo de repouso elevado por um tempo mais longo, aumentando também a massa corporal magra, mantendo o metabolismo de repouso elevado vinte e quatro horas por dia, representando um gasto energético que contribui para o equilíbrio calórico
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Muitos não gostam de prática de atividades físicas em academias e muito menos musculação e usam isso como desculpa para não manter um nível de aptidão física satisfatório para o bem estar negativo. Segundo Pollock (1986), dentre os exercícios anaeróbios, destaca-se o trabalho de força, proporcionado pela musculação e ginástica localizada, traduzindo-se nos seguintes benefícios: Aumento de massa muscular corporal magra (Hipertrofia) para ajudar a manter o gasto energético em repouso e evitar a obesidade (prevenção de sarcolema). Aumento da força para evitar quedas e lesões à medida que se envelhece. Aumento da secreção de hormônios anabólicos. A diminuição da porcentagem de gordura corporal. Redução da dor em pacientes que sofrem de dores lombares e melhora da mobilidade. Aumento da densidade mineral óssea para evitar osteoporose, sobretudo em mulheres. Melhora do metabolismo da glicose e da sensibilidade da insulina para evitar diabetes. Melhora os perfis de lipídios
séricos, como aumento do colesterol HDL e redução do colesterol LDL, para evitar aterosclerose e cardiopatia coronariana. A melhoria da força e resistência muscular. Aumento do metabolismo celular nas horas seguintes ao exercício, e aumento do gasto calórico, favorecendo o equilíbrio calórico negativo. Mesmo com todas essas informações, ainda assim, temos indivíduos, que associam atividade física apenas com academia e musculação, muitos não gostam de prática de atividades físicas em academias e muito menos musculação e usam isso como desculpa para não manter um nível de aptidão física satisfatório para o bem estar e com isso promover a melhora ou regular sua saúde tanto física e mental, isso mesmo, atividades físicas também são cientificamente comprovado que melhora nível de estresse e a saúde mental. Então se você não tem objetivo de ir para academia para virar um fisiculturista, pode ir para academia apenas para melhorar sua qualidade de vida e buscar longevidade com qualidade, lembre-se atividade física seja ela qualquer que seja seu objetivo só lhe fará bem e associado com uma boa noite de sono e alimentação e suplementação adequadas, você pode viver mais e viver melhor. João Francisco Jacinto Educador Físico, professor especialista em Fisiologia do Exercicio
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A Fisioterapia e os Cuidados com o Paciente em Domicílio É nas horas mais difíceis, de dor, incapacidade ou inabilidade de executar alguma atividade da vida diária, que se percebe a importância desse profissional
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inguém escolhe escorregar em um piso de cozinha, não escolhe se machucar, literalmente ninguém escolhe ficar em uma cama. Mas acontece, e é nessas horas que o ser humano dá valor a pequenas coisas, como a correria do dia a dia, ou se não houver mais correria, a falta de paciência, pois, em cima de uma cama, tudo deve ser na hora que tem que ser, sem correrias sem pressa. É assim que a pessoa que se acidenta em casa ou fora de casa, ou sofre até mesmo o já conhecido “derrame”, se sente quando se vê impossibilitada de levantar sozinha pela manhã, antes, um ato tão comum no dia a dia, tomar seu banho, escovar os dentes e até mesmo comer. É uma triste realidade que está diante dos seus olhos, seja ela por alguma doença acometida, seja por velhice propriamente dita. Muitas dessas situações e claro, muitas outras, a fisioterapia ganha um valor imenso. Sabe-se que neste momento este profissional é imprescindível já no ato são chamados para ajudar na recuperação de um doente ou mesmo acidentado. Pessoas que por algum motivo não podem ir até a clínica para realizar atendimento. O atendimento é personalizado, atende-se o paciente com toda exclusividade, no horário marcado e está à espera do fisioterapeuta, independentemente se está chovendo, com sol ou o tempo está frio. Aguarda ansioso para tirá-lo da cama, realizar exercícios simples que antes eram impraticáveis, ou até mesmo como em um sonho, ficar de pé ou dar uns passinhos. O tempo é inimigo do paciente, pois a ansiedade toma conta. Mostra-se a forma www.copadesc.com.br
correta de sentar, levantar, andar e muito mais. A superação deve vir acompanhada com ajuda do profissional capacitado e qualificado, visto que são exercícios que merecem atenção do fisioterapeuta, aliado com o ânimo de trabalhar, mostrar o porquê daquelas atividades e mostrar a importância de participar com o paciente em sua recuperação. Importante dizer que a paciência é fator primordial para se obter um resultado esperado mostrar à eles que sempre existirá uma melhora, na maioria dos casos. O fisioterapeuta além de mostrar a realidade, também faz o papel de amigos, psicólogos, “médicos”, ajudantes, incentivadores. Tudo um pouco, e muitas vezes ê a esperança que ele precisa. O Paciente, na maioria das vezes, retribui com valores imensurável o tratamento procurando, da sua maneira agradar com muito zelo e atenção. Tortas, bolos, sucos, laranjas, abobrinhas, presentes etc são parte dos mimos que o paciente/amigo oferece o qual faz parte do valor que eles dão. Aceita-se como se fosse uma festa. Vê-se nos olhos do paciente a satisfação de chegar à próxima sessão e mostrar um movimento novo que conseguiu, gestos simples como se alimentar, tomar banho e sentar-se sozinho, passam a serem tarefas conquistadas como se fosse um troféu, que é claro, compartilha-se juntos, sendo esse um dos motores que impulsiona para que o trabalho siga com mais determinação. Normalmente o fisioterapeuta é lembrado apenas nas horas mais difíceis, de dor, incapacidade ou inabilidade de executar alguma atividade de vida diária. Tem-se hoje em dia parceiros que não
medem esforços para ajudar, como os médicos, que encaminham e indicam a fisioterapia para uma gama de patologias a serem recuperadas pelo esforço e dedicação seja ela na casa ou em ambulatório. Em muitos casos claro o atendimento nem sempre é um mar de rosas, onde existem muitas dificuldades a serem conquistadas, como por exemplo, a parte psicológica do paciente, que se vê em uma cama, não podendo realizar suas tarefas, sendo que o fisioterapeuta as realiza como se fosse ele quem estaria fazendo. Quando as sessões de fisioterapia acabam, ou não seja mais necessário a presença do profissional junto ao paciente, deve-se saber que executou um papel muito importante na vida do atendido, em muitos casos fica-se com a conquista pela melhora, ou também com a derrota de uma “não –melhora”. Deve-se entender o quão importante estes profissionais são na vida daquela pessoa que naquele momento crucial de sua vida e de seus familiares e amigos foi, e mesmo agora podendo ser descartáveis, mas que daqui a 10, 20 anos o paciente se lembrará dizendo “...eu fiz fisioterapia com ele e foi muito bom...” Parabéns a todos meus companheiros de profissão, que zelam e cuidam de paciente em casa, hospitais e clínicas, com o amor que a profissão nos oferece, dignificando ainda mais o trabalho escolhido por Deus a cada um de nós. Bruno da Silveira Leite CREFITO – 8 166846 Fisioterapeuta na Clinica Fisio&Saúde e Hospital Nossa Senhora da Saúde.
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TRABALHO E CARREIRA
Missão: Escolha profissional
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Fazer o que se gosta ou aprender a gostar do que se faz? Essa é uma das muitas indagações sobre o futuro profissional para os que estão iniciando essa jornada de tantos caminhos
eflita sobre as perguntas abaixo, tendo por referência seu trabalho, profissão ou ocupação: Eu sou eu? Ou sou o que os outros querem que eu seja? Eu fiz e faço minhas próprias escolhas? Ou sou refém do que escolheram para mim? É preciso ter esse tato e consciência no momento de lidar com jovens que estão no momento de escolher sua carreira profissional. Três entre cada quatro brasileiros mudariam de ocupação de pudessem, sonham com isso. Apenas oito em cada cem pessoas se sentem realmente felizes em seu trabalho. Ou seja, na maioria dos casos as pessoas não são o que são porque gostam de ser. Escolher a profissão representa uma escolha para a vida, não que uma escolha inadequada seja irremediável, mas a mudança é sempre difícil, um bom trabalho de orientação profissional minimiza em muito as chances de erro e consequentemente a necessidade de
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mudança. Essa escolha, não deve significar o que vou fazer para viver no sentido de “o que vou fazer para ganhar dinheiro” e sim, significar “o que eu vou ser na minha vida”, pois na prática é isso o que acontece, as pessoas são associadas a sua atividade profissional, quer estejam trabalhando ou não. Alguns dirão que é preciso pensar no dinheiro, nesse caso é preciso unir o útil ao agradável, os indivíduos têm mais de um dom, talento ou capacidade, e existem diversas formas possíveis de se ganhar dinheiro, inclusive fazendo o que se gosta. Obviamente que em termos de média salarial existe grande disparidade entre as profissões, porém média não significa regra, e em todas as áreas, os mais bem-sucedidos são os mais dedicados e os mais dedicados são os que mais gostam do que fazem, e, portanto, mais felizes, além de terem os melhores rendimentos. Pessoas bem-sucedidas em termos de felicidade e finanças vão além de cumprir uma obrigação, vão
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além de trabalhar para obter uma remuneração, são pessoas que descobriram sua vocação e fazem disso uma missão, algo que ao mesmo tempo dá sentido à vida gera renda. Mark Albion, renomado escritor, detentor de três diplomas pela universidade de Harvard nos Estados Unidos, publicou no início dos anos 2000 um estudo que conclui que as pessoas que escolhem fazer o que gostam tem cinquenta vezes mais chances de se tornar milionárias, seria a união do útil ao agradável já citada, Albion fala da união entre paixão e competência. Fazer o que se gosta é fundamental para a saúde emocional, afinal trabalha-se mais do que se faz qualquer outra coisa, o trabalho ocupa a maior parte dos dias e consequentemente da vida do sujeito. Quem quer passar a maior parte da vida num lugar que não se gosta, com pessoas com as quais não se tem afinidade, fazendo algo que não dá prazer? Daí o problema, uma enorme parcela da população adulta faz exatamente isso, a orientação profissional existe para tornar esse grupo cada vez menor. O erro no momento de escolher a profissão pode ter várias origens, e sempre reflete alguma potencialidade não desenvolvida pelo indivíduo, potencialidades estas indispensáveis no momento da escolha. A escolha assertiva necessita de: •Autoconhecimento: se não me conheço, não sei o que gosto e nem a
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O erro no momento de escolher a profissão pode ter várias origens, e sempre reflete alguma potencialidade não desenvolvida pelo indivíduo vida que gostaria de ter, o que me torna inapto à escolha, é preciso desenvolver esta qualidade. •Autoestima: se não me amo do jeito que eu sou, posso até ter sonhos, mas sempre vou achar que não tenho capacidade para realizá-los, posso acabar me subestimando e fazendo uma escolha que não é minha e sim de um terceiro. Como posso planejar meu futuro sem autoestima? Nesse caso só conseguiria projetar um futuro ruim. •Proatividade: diz respeito a capacidade de movimentar-se em busca de solução aos problemas e dilemas do cotidiano, ao invés de ficar parado lamentando o ocorrido. No caso da orientação profissional, significa buscar o conhecimento necessário, capacitando-se a escolher a profissão. O sujeito proativo age e assume a responsabilidade, é maduro. Na medida em que se está atento ao desenvolvimento das potencialidades
acima, é hora de conhecer as atividades profissionais existentes, no Brasil são mais de 150 formações superiores diferentes e mais de 2000 ocupações catalogadas. E também é hora de conhecer seus interesses relacionados ao trabalho. Se faz necessário traçar um perfil de personalidade do indivíduo que trará valiosas informações, que serão cruzadas com as atividades profissionais existentes, nesse processo será verificado, por exemplo se a profissão em questão agrada em termos de ambiente de trabalho (interno, externo, sozinho, em grupo), rotina de trabalho (carga horária, horário), objetos do trabalho (palavras, ideias, plantas, instrumentos), e muitos outros fatores além dos citados. Da escolha profissional assertiva, surgirá um indivíduo feliz com seu trabalho, competente em sua execução e com maiores chances de tornar-se bem sucedido, mas para isso é preciso que todos aqueles que cercam o jovem que vive o momento da escolha entendam que estes precisam escolher por si, de acordo com seus desejos, sonhos e potencialidades, necessitam de orientação e não de imposições, pois ninguém deve existir para realizar o sonho dos outros, e ninguém sabe o que é melhor para si do que o próprio indivíduo. Lucas Renato R. Chagas Psicólogo CRP 08-12003
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FAMÍLIA
Abandono afetivo
e o dever de cuidar
Sabe-se que o dever do genitor que não ficou com a guarda não é só aquele em relação aos alimentos, mas o de auxiliar na construção da personalidade e desenvolvimento do filho
A Ilustração: Alessandro Dutra
bandono afetivo é termo frequente hoje no Judiciário e nos manuais de Direito de Família. Consiste na indiferença afetiva do genitor à sua prole, um problema familiar que sempre existiu na sociedade e certamente continuará desafiando soluções. Nos tribunais, o abandono afetivo é tema de debates em processos e entre doutrinadores. Há uma uma corrente que entende ser cabível indenização por abandono afetivo, ou seja, transformar esta falta de afeto em valor monetário. Outra corrente entende não ser possível transformar a falta de afeto em valor a ser indenizado. O principal argumento dos defensores do pedido de indenização por danos morais em razão de abandono afetivo é o dever da família estabelecido no artigo 229 da Constituição: é dever dos pais assistir, criar e educar seus filhos menores, princípio que sustenta a responsabilidade parental. Corroborado pelo artigo 226 § 7º da Constituição que prevê o direito ao planejamento familiar, baseado nos princípios da dignidade humana e paternidade responsável, ou seja, a pessoa não é obrigada a ter filhos, mas se os tem, surge a obrigação de zelar pela formação deste indivíduo de forma completa. Se a convivência, o afeto, as trocas de experiências são essenciais para a formação do ser humano e a construção da personalidade e do caráter, então esta falta gera o dever de indenizar. Esta corrente argumenta ainda que não se trata de quantificar o amor ou o afeto dispensado pelos pais aos filhos, mas de punir a violação ao dever
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de educar, de cuidar (inerente à paternidade/maternidade), reconhecido em nosso ordenamento jurídico. De acordo com esta argumentação, esta violação é conduta ilícita e gera direito de indenização ao filho que sofreu dano. O dano tem que ficar provado, bem como tem que existir nexo causal entre o dano sofrido pelo filho e a conduta do pai ou mãe. Além da indenização monetária, outra forma de condenação em debate é o pagamento de tratamento psicológico. Os defensores desta corrente entendem que a condenação é uma forma de tentar compensar o dano injusto sofrido, bem como inibir a prática de ações semelhantes na sociedade. Vários são os fundamentos defendidos por aqueles que entendem não ser possível condenar pais por não terem cumprido com seu dever familiar de afeto. O argumento que se sobressai é a impossibilidade de “monetarizar” as relações afetivas, não tendo como obrigar alguém a amar, ou dar afeto. O que é possível é exigir respeito e cuidado, inclusive com pagamento de pensão. Mesmo discordando da atitude do pai ou mãe que desrespeita os deveres familiares e verificando o dano sofrido pelo filho por esta conduta, os defensores desta corrente entendem que não há como transformar esta falta, este vazio em dinheiro. Esta corrente entende que amor é amor e valor é valor. Existe sim o dever de fornecer meios de desenvolvimento físico, moral e intelectual, deveres parentais previstos em lei com punição para o caso de não cumprimento. Mas no abandono afetivo,
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entendem que não cabe responsabilização civil. Dinheiro e amor tem funções diferentes e um não pode ser usado para compensar o outro. O vazio emocional causado pela falta de amor continuaria e a condenação não alcançaria o seu fim. Os argumentos das duas correntes são fortes e merecem uma reflexão por parte da sociedade. A família é o primeiro grupo social do qual o ser humano faz parte. Os pais são as primeiras pessoas com quem se constrói um relacionamento e esta relação deixa marcas para vida toda. Como não existe previsão legal expressa que a falta de afeto é ato ilícito, esta omissão deve ser considerada crime ou somente conduta moralmente reprovável? É possível estabelecer laços afetivos após uma ação judicial desta natureza? É fato que não podemos obrigar ninguém a amar mas é, sim, uma obrigação prevista em lei o dever de pai e mãe de cuidar dos seus filhos. Elizângela Abigail Sócio Ribeiro é advogada especializada em Direito de Família é membro do Instituto Brasileiro de Direito de Família e mantém escritórios em Santo Antônio da Platina e em Londrina
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A Readequação das famílias no Brasil A efetiva proteção legal ao casamento homoafetivo
A
família acabou por sofrer mudanças decorrentes da própria evolução social, as quais exigiram readequações, ou mesmo readaptações. A sociedade também sofreu mudanças, sejam elas culturais, econômicas, socioculturais entre outras. Embora hoje seja consagrada a visão do que o que une a família são laços afetivos e também a própria situação econômica que cada uma vive. Até onde o afeto é de fato pilar para a formação de uma sociedade conjugal ou para a constituição de uma família. Em boa hora nossa Carta Magna, A Constituição do Brasil, tenha incluído no seu texto mudanças significativas à entidade familiar, priorizando, inclusive, a pluralidade de formas de constituição da família. O embate surge quando se está diante da relação e por consequente da criação de família homoafetiva.
Enquanto houver segmentos que sejam alvo da exclusão social, tratamento designatário entre homens e mulheres, enquanto a homossexualidade for visto como crime, castigo ou mesmo entrando na esfera espiritual como sendo pecado, não estará vivendo num Estado Democrático de Direito. Conclui-se que o que identifica a família é a presença do afeto entre seus membros, os quais traçam projetos visando ao bem estar, a felicidade de se dividir momentos com aqueles que são unidos pelo mesmo laço de amor. A regulamentação das uniões homoafetivas como um dos modos concretos a dar efetividade a pluralidade familiar e a dignidade da pessoa humana, bem como promover a segurança às minorias que há tempos tem sido deixadas à margem da Sociedade. Eliane Maria de Paula (Pesquisado na Revista Jurídica)
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CIDADANIA
Idosos: como anda a saúde dos cuidadores? Ao cuidador são atribuídas tarefas que, na maioria das vezes, não são acompanhadas de orientação adequada, com consequências por vezes danosas
O Ilustração: Alessandro Dutra
perfil de cuidadores apresentados é maioria mulheres, com baixa instrução e que acumulam outras atividades além de cuidar de idosos, e estão sujeitas a sofrer sobrecarga e algumas patologias. Relata-se que o cuidado domiciliar proporciona à família ficar mais próxima do idoso, além de evitar infecção hospitalar. Porém, várias mudanças ocorrem na vida dos familiares e cuidadores. É importante capacitá-los, e que tenham suporte dos serviços de saúde para assistência ao idoso a fim de oferecer-lhes melhor qualidade de vida. Os cuidadores estão sujeitos a sofrerem doenças em função desta atividade. O envelhecimento no Brasil vem aumentando rapidamente. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) entre 1950 a 2025, a população de idosos no país crescerá dezesseis vezes contra cinco vezes o crescimento populacional total, colocando o nosso país como a sexta maior população idosa do mundo. De 1960 a 1980, observou-se no Brasil que a expectativa de vida aumentou em oito anos. Essa realidade é considerada como uma resposta às mudanças dos indicadores de saúde, como acesso aos serviços de saúde e avanços tecnológicos.
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Embora as políticas públicas desenvolvidas em prol desta nova população enfatizem estratégias para que gozem de mais saúde, observa-se que, em estudos nacionais, até 40% dos adultos com 65 anos de idade ou mais reportam incapacidade citam que o processo de envelhecer coloca a tona uma quantidade relevante de problemas na visão, audição, cognição e comportamento, atividade do sistema nervoso, função pulmonar, renal e na densidade óssea. Entender esses efeitos como parte do processo do envelhecimento é importante, porém devem-se colocar tais fatores como adventos de complicações futuras. A ascensão da expectativa de vida e a consequente presença e doenças crônicas e degenerativas acarretam o aumento do número de idosos que se tornam dependentes e requerem cuidados, que implicam no auxílio em vestir-se, alimentar-se, usar medicamentos, enfim, nas atividades de vida diária. A habilidade para realização de atividades da vida diária surge como um novo paradigma de saúde, muito importante para o idoso. Em uma família, seus membros assumem responsabilidades para que haja o funcionamento da mesma, já na família de um idoso existe o cuidar, que está ligado ao
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desenvolvimento da afeição, alimentação, da atenção e à vigilância constante. O cuidador domiciliar tem como objetivo incentivar a independência da pessoa, diminuindo possíveis agravamentos devido à incapacidade ou doença. O cuidador é aquele que assume a responsabilidade de dar suporte ou incentivar a realização das atividades da vida diária, tendo em vista a ascensão da qualidade de vida do idoso cuidado. Ao cuidador são atribuídas tarefas que, na maioria das vezes, não são acompanhadas de orientação adequadas. Carente destas, a qualidade de vida do cuidador sofre um impacto. Porém, qualidade de vida e sobrecarga são ocorrências distintas e devem ser abordadas com diferentes meios de medidas. Cuidar de um idoso é uma tarefa intensa, visto que esta condição é imposta a uma pessoa que não possui apenas essa atividade e acaba conciliando-a com outros afazeres, como o cuidado com filhos, casa, trabalho e outras. Cuidar de um idoso por um longo tempo exige dedicação constante do cuidador, fazendo com que
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sua saúde corra riscos, principalmente para aquele que o cuidado é prestado somente por ele, fazendo-o se sentir sobrecarregado. Tal fato compromete o autocuidado. Existem interferências relevantes no processo de cuidar do idoso, principalmente naqueles com baixo nível de cognição, que dependem de cuidados especiais, expondo assim o cuidador a um estresse maior. Dificuldades acarretam o desgaste físico evidenciado por dores no corpo, advindas do esforço para realização de ações que variam de acordo com o peso e dependência da pessoa cuidada. O cuidador descreve que sua rotina faz com que se prive de necessidades básicas humanas, fato que se dá devido à falta de outra pessoa para auxiliá-lo nas ações de cuidado. Existe um predomínio das mulheres cuidadoras que são casadas, donas de casa e com média de 50,5 anos. A inserção da mulher no mercado de trabalho, mesmo que em passos lentos e a diminuição das taxas de natalidade contribuem para que o número de pessoas disponíveis para o cuidado de idosos
seja reduzido, sendo que a mulher é o principal sujeito cuidador. É necessário compreender que cuidar é tarefa nobre, porém complexa, o que em determinadas situações torna essa missão ameaçadora à saúde de quem cuida. Portanto, os cuidadores tornam-se carentes de orientação e necessitam de suporte dos profissionais. Nesta concatenação de motivos é relevante que haja uma reflexão dos profissionais para que tenham uma visão mais ampla sobre o processo de envelhecimento e quanto à qualidade de vida do cuidador de idosos, que expõe sua saúde em risco e em prol do cuidado. A saúde do cuidador de idosos tem sido um tema muito abordado ultimamente, devido ao aumento da população com mais de 65 anos; portanto torna-se importante correlacionar este fato à responsabilidade das equipes de saúde e seus profissionais. Dr. Marcelo de Oliveira
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Educação finandeira
Despesas pessoais e profissionais: Quando o dinheiro sai da mesma fonte Enquanto o foco da pessoa jurídica está no negócio, para a pessoa física as necessidades são mais subjetivas: família, sonhos e qualidade de vida
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idar com dinheiro não é um jogo fácil para a maioria dos brasileiros. Fugir das dívidas, planejar os gastos, investir e poupar muitas vezes são metas que ficam no campo das ideias. A situação complica ainda mais quando se tem que administrar, ao mesmo tempo, as finanças pessoais e as da empresa. É que, para boa parte dos micro e pequenos empresários, a fonte de recursos é a mesma - o que mudam são as expectativas. Enquanto o foco da pessoa jurídica está no negócio, nos fluxos de caixa, na rentabilidade e nas vendas, para a pessoa física as necessidades são mais subjetivas – englobam família, sonhos e qualidade de vida. Aproximadamente 500 mil novas micro e pequenas empresas solicitaram adesão ao Simples Nacional para o exercício de 2015. O número representa um aumento de 125% em relação às adesões para o exercício de 2014. Em meio a tantos novos empreendedores, uma preocupação é fundamental para a perpetuação destas organizações: estabelecer a divisão entre pessoa física e jurídica. Nada mais é do que colocar em prática a base da educação financeira que tanto o consumidor comum ouve em épocas de 13º salário: a mudança comportamental, de hábitos e de consumo. A linha que separa os gastos pessoais e os
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da empresa é tênue, mas pode significar a diferença entre o sucesso e o fracasso de um empreendimento. O primeiro passo é o empreendedor listar seus gastos com a empresa e as despesas pessoais. Colocar tudo na “ponta do lápis”, separando as contas e diagnosticando excessos. É fundamental citar todos os gastos da empresa: do contador às contas de telefone. O objetivo é que, assim, se tenha domínio sobre quanto, de fato, custa o seu negócio por mês. É válido também mudar planos de celular, internet e saúde, geralmente com custos menores quando feitos para a pessoa jurídica, e fazer uma estimativa, em percentual, de quanto combustível e estacionamento se gasta com a empresa e com próprio uso. Outro ponto é estipular um pró-labore, ou seja, o ganho mensal que a empresa paga para os sócios. O valor deve ser definido respeitando os custos mensais do empreendimento. Não adianta o empresário determinar para si um valor ínfimo mensal, pois dificilmente ele conseguirá manter o seu padrão de vida com essa quantia e acabará incorrendo no erro de misturar as contas de pessoa física com as de pessoa jurídica. Também não cabe estipular um valor muito alto, que pode comprometer a rentabilidade da empresa. É importante ainda que seja
estabelecido qual será o percentual de ganhos que será reinvestido na empresa. Não são raros os casos de empresas que “quebram” justamente quando tentavam expandir suas atividades. Normalmente, em um momento de investimento, a saída é comprometer o capital de giro, o que é um grande erro. Por fim, é inevitável pensar no futuro pessoal e nas incertezas econômicas. A pessoa física tem que estabelecer uma reserva mensal pessoal, enquanto a pessoa jurídica tem que definir reserva mensal para a empresa. Pelo menos 10% do ganho mensal devem ser poupados com o objetivo de utilizar este valor como capital de giro ou para reinvestimento na empresa. E no campo particular, lembrar-se das férias, aposentadoria ou doenças e outros imprevistos. A partir desses pontos ficará mais fácil perceber o quanto esta mistura de dinheiro pode ser onerosa às economias particulares e ao seu negócio. Criando-se uma rotina financeira, vai ser possível desenvolver o hábito saudável de ordenar o dinheiro de forma coerente e ter controle total de suas economias, com rendimento real em ambas as contas. Ana Carolina Borges Souza Especialista Segmento PJ
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Palavra Branda
O
ser humano não nasce falando, não consegue formar frases logo ao nascer. O choro é o primeiro sinal de comunicação e uma maneira de falar e de se expressar. Já os adultos, formam frases, falam, mas algumas vezes não conseguem se comunicar. Como é fácil se comunicar e como é difícil ao mesmo tempo. Vivemos uma epidemia de stress, mas será que estamos realmente estressados, ou tem sido uma desculpa pela nossa facilidade de ofender as pessoas com um falar duro? O grande Salomão, autor de Provérbios diz: “ A palavra branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira.” PV. 15:1. Como é fácil dizermos palavras duras, como é fácil ferir pessoas com palavras. Quantas ofensas temos visto através das redes sociais, palavras que levam pessoas a depressão, aos vícios e até ao suicídio. Uma vez lançado (a palavra) não há como fazê-la retornar, então é necessário pensarmos muito antes de falar. Quantos relacionamentos quebrados por palavras ofensivas, quantas amizades acabaram por palavras duras. Quantos casamentos foram abalados e muitos chegaram ao divórcio por palavras duras. Crianças que foram feridas por palavras ofensivas, o conhecido bullying, que acontece na escola por colegas e até por educadores, essas palavras ecoam ao longo da vida adulta – os traumas.
REFLEXÃO
Deve-se buscar um falar mais cordial, a começar em casa, o esposo e a esposa, os filhos, o que você tem dito em casa gera vida ou morte. Pode-se estender ao trabalho, aos momentos de lazer e demais relacionamentos. Como falar sem ferir, sem magoar, como se expressar? Quero dar um exemplo sobre o dom da palavra. Certa vez um Sultão sonhou que havia perdido todos os dentes. Ele acordou assustado e mandou chamar um sábio para que interpretasse o sonho. - Que desgraça, Senhor!, exclamou o sábio. - Cada dente caído representa a perda de um parente de Vossa Majestade! - Mas que insolente, gritou o Sultão. Como se atreve a dizer tal coisa?! Então, ele chamou os guardas e mandou que lhe dessem cem chicotadas. Mandou também que chamassem outro sábio para interpretar o mesmo sonho. O outro sábio chegou e disse: - Senhor, uma grande felicidade vos está reservada! O sonho indica que ireis viver mais que todos os vossos parentes! A fisionomia do Sultão se iluminou e ele mandou dar cem moedas de ouro ao sábio. Quando este saía do palácio um cortesão perguntou ao sábio: - Como é possível? A interpretação que você fez foi a mesma do seu colega. No entanto, ele levou chicotadas e você, moedas de ouro! - Lembre-se sempre... respondeu o sábio, TUDO DEPENDE DA MANEIRA DE DIZER AS COISAS... Tudo depende do modo de dizer as coisas, vamos prestar atenção no falar, e buscar sempre um falar brando. Esse deve ser nosso desafio. Rev. José Fabrício Bahls Pastor titular da Igreja Metodista Central de Santo Antônio da Platina.
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REFLEXÃO
VIDA
Os sentidos da
A Ilustra ção: A lessan dro D utra
o olhamos para uma pessoa simplesmente caminhando, podemos afirmar apenas que é um corpo em movimento. A análise de cada individuo vem bem mais tarde, principalmente quando não atinge o interesse daquele que a observa. Nada se revela, somente após o início da comunicação. O ser humano na verdade é uma caixa de surpresas. Assim é a vida cheia de surpresas. Muitas pessoas podem não concordar na sua totalidade, com esta afirmação, pois enxergam a vida sempre com olhos de reprovação. O corpo humano é fragmentado na sua estrutura de criação, ou seja, cabeça, tronco e membros, o que facilita o estudo de sua complexidade. Deseja-se enxergar o indivíduo, analisando-o em outro ângulo, a forma integral, corpo, alma e espírito, com alvo específico de buscar saúde e bem-estar em todos os setores de sua vida. A saúde integral está em alta, e luta por construir uma vida mais adequada, equilibrada e com chances de buscar a valorização da vida que foi criada com tanto cuidado, tantos detalhes, tantos mecanismos que funcionam, num total relacionamento, trazendo uma harmonia que mesmo com um muito trabalho não se conquista perfeitamente.
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Pode-se ainda observar outro fator que se aplica aos órgãos que cada ser criado possui. Alguns com funcionamento próprio, outros dependem de elementos adicionais. A pessoa no geral possui cinco sentidos, que forma o Sistema Sensorial que se define basicamente na Visão, Audição, Tato, Olfato e Paladar. Este sistema é responsável por captar e traduzir informações externas à mente do ser humano. A ausência de um deles traz limitações. Quem possui todos os sentidos não faz ideia da lacuna que produz na vida do ser humano limitado. Somente a partir da informação teremos conhecimento da falta de algum sentido, em uma pessoa, pois não são percebidos a olho nu. Somente os movimentos, o contato pessoal que pode analisar de forma particular esta deficiência. A percepção das pessoas que sofrem com esta particularidade necessitam adaptação para cobrir a deficiência limitada ou ausente, ampliando assim um outro sentido para compensar aquele que falta ou está com baixa operação de funcionamento. O esforço de se colocar no lugar e buscar formas para sentir pelo menos um pouco o que o outro sente, nos aproxima de uma realidade que não queremos enxergar e que pode ser diferente, a medida que
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nos dedicamos para alcançá-la. O Sistema Sensorial, se une a outros sistemas e se completam dando ao ser humano a capacidade de reagir a diversas situações, sejam elas físicas, emocionais ou espirituais. Os conjuntos que se formam para auxiliar a capacidade humana são infinitos, pois assim é sua criação é multidisciplinar e é multiforme, tem várias formas, não se esgota. Aqueles que vivem olhando somente para si mesmo, não possuem tempo para se dedicar aquele que está bem próximo sofrendo. Falta-lhe a empatia, que é sentir o que o outro sente, e na maioria das vezes quando este outro passa por dificuldades. Há possibilidades de mudanças, visando uma melhora externa e interna nas pessoas e em nós mesmos. Este tipo de deficiência, nos sentidos sensoriais, nem sempre se encerra. Faz parte da vida da pessoa e de sua convivência. Quando se para para analisar a quantidade de pessoas que sofrem com esta situação nos faz paralisar e o impacto é muito grande. Os males que afetam a existência física humana é impressionante. A natureza possui seu sentido e tudo se revela na sua criação, chamados de Reinos: Reino Animal, Vegetal, Mineral, que rege com majestade transformando o mundo. O ser humano é um ser dinâmico e o mundo em que vive também o é. Estando em sua vontade ou não, existem constantes mudanças ao longo do tempo, podendo ser de curto ou de longo prazo. Assim a vida tem contado com mudanças de diversas formas e o ser humano tem que se esforçar para se adaptar a todas as mudanças, tendo ou não condições, físicas,
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emocionais ou espirituais. As mudanças chegam e invade os sistemas e se alojam de forma inesperadas em seu organismo, muitas vezes de forma violenta. Muitas pessoas não conhecem seu potencial, mas a capacidade de gerenciar estas mudanças não esconde a grandeza da sua criação, por isso tudo faz sentido, para a dificuldade ou para a normalidade. Todos são iguais, porém cada um reage de forma diferente numa determinada situação. A vida que foi depositada neste grande organismo se engrandece a cada instante. Pelo simples fato de ter vida, a vida vai ter sentido, pois foi planejada para gerar vida. A promoção da vida não se fecha em si mesma, mas se multiplica sem suas variadas formas. A diversidade de quem o criou é incomparável. O ser humano por si só não é capaz de criar, não está no ser humano a criação da vida, mas está em viver de forma criativa valorizando cada item recebido. Os sentidos deficientes vão se readaptando, buscando sentidos para se desenvolverem cada vez mais, ou mesmo substituindo aqueles que definitivamente não irão mais se reabilitar, aumentando a sensibilidade da sua criação. A multiforme Graça, do Criador se revela a todo o momento. O Criador distribui, de forma gratuita o seu maior componente, que é o amor, sendo este invisível e sendo ele não somente parte do seu Ser, mas é todo seu Ser, que se derrama, tranborda em todos os sistemas que compilou numa harmonia que trabalham extraordinariamente. E assim, como os sistemas precisam viver unidos para usufruir do benefício de cada um, ganhando uma comunhão completa, o Criador deseja caminhar
unido à sua criação, ao ser humano, objeto de seu amor, para que ligados, num relacionamento perfeito possam reinar sem a interferência, da destruição, da controvérsia, do distanciamento, da falta de empatia. O que realmente dá sentido à vida? A raiz da palavra, vai se declarando no sentimento mais nobre, que é o amor, algo tão gostoso que brota no viver diário. Que mesmo sem reconhecer sua origem não muda sua essência, pois não depende do que o ser humano creia, na aceitação ou convicção de sua existência. Se o ser humano pudesse escolher este sentimento ou não, certamente não o descartaria, pois sem o qual seria um corpo inerte, sem vontade, sem desejos, sem companheirismo. Seu Criador tem características que traz e faz sentido à vida, pois é gerador de toda sorte de recursos, criador de todos os Reinos, que são transferidas à criatura. É gerador do amor em cada coração e que jamais se acaba, pois é inesgotável, que foge da nossa compreensão, do nosso domínio, é o tesouro mais precioso depositado em cada ser humano, de graça, por amor. A vida tem sentido quando colocados em prática, o dom supremo, afim de que aqueles que pensam que estão desguarnecidos deste presente inigualável possam ser despertados, e assim sanar suas deficiências. Ficar sem este tesouro é a maior deficiência, e cabe aos que desfrutam deste bem fazer uso sem restrição, de forma ilimitada, pois não faltará, tem em abundância é fonte renovável. Sandra Regina Del Colle Silveira Formada em letras pela Faculdade Ibero Americana de Ciências e Letras
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EDUCAÇÃO NO TRÂNSITO
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Dicas de economia para seu automóvel
er e Manter adequadamente um bom carro no Brasil não é fácil. Desde a compra na loja sente-se uma mordida grande do Governo através do pagamento dos tributos (por exemplo, no caso do carro 1.0, as taxas representam 26,25%, já para o 2.0, chegam a 32,25!), paga-se caro para ter veículo e também para mantê-lo em condições dignas de uso. Quanto exatamente custa? Ouve-se muito sobre o preço dos combustíveis, quantos quilometro que cada litro rende, é sabido que quanto mais é melhor, o que também ajuda no orçamento da família. Mas o resto, o resto é muito mais. Muitos acreditam que manter um veículo em funcionamento é somente passar num posto de combustível e encher o tanque. Existem despesas que devem ser colocadas como necessárias para manter o veículo em boas condições de uso e também, principalmente, manter a segurança do usuário e bem como dos outros que utilizam vias públicas. Estas manutenções podem-se configurar como
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extras, tais como: palhetas de limpador de para-brisa, escapamento, parte elétrica, iluminação entre outros. Por vezes, sai mais barato manter um veículo velho bem cuidado e conservado do que financiar um novo e não o cuidar conforme exigido. E mesmo que você tenha um veículo novo, ele necessitará de revisões periódicas, que se não forem feitas nos prazos indicados pelo fabricante farão seu carro ¨novo¨ render problemas. Um veículo novo poderá, de acordo com seu uso, trazer tantos problemas quanto de um veículo usado ou velho, tudo depende da forma de conduzir e dos cuidados necessários. Portanto, a manutenção preventiva é necessária para todo tipo de veículo, seja novo ou mais velho. A manutenção preventiva tem por objetivo manter seu veiculo sempre em condições de uso para evitar acidente que coloquem em risco a sua vida, a de sua família e a de terceiros (afinal, uma vida não tem preço e, desta forma, vale muito mais do que qualquer valor gasto com
a manutenção do veiculo). Imprevistos nas estradas e na própria cidade podem ocorrer. Muitas pessoas têm o hábito de levar o veículo para uma revisão somente às vésperas de uma viagem muito longa, o que ocorre, na maioria dos casos, uma vez ao ano. Essa periodicidade de revisão não pode ser considerada como preventiva, uma vez que a finalidade de uso dos veículos varia de pessoa para pessoa e de família para família. Existem outros fatores, como por exemplo a quilometragem, que determinam a periodicidade da manutenção preventiva e mesmo o tempo gasto em engarrafamento, onde o carro, mesmo não se locomovendo, ainda assim gasta os seus componentes. O correto é seguir as orientações do fabricante, contidas no manual de cada veículo. Deve-se confiar no que está escrito, visto que foi elaborado por engenheiros e técnicos especializados em suas respectivas áreas, pois, a calibragem dos pneus, a troca de óleo, o prazo para uma revisão completa e outros procedimentos variam conforme o modelo do veículo e que com certeza se não levados à risca causará transtorno ou mesmo perda do valor do bem. Na manutenção preventiva é feita a troca das peças que apresentam desgaste naturais, embora isso ainda não esteja interferindo em outras peças. Outro fator importante, cuja negligência pode causar problemas tanto ao meio am-
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biente quanto às finanças é a falta de boa regulagem do motor o que proporcionará economia de combustível. Não se deve confiar o seu veículo a qualquer pessoa, pois atualmente existe uma grande diversidade de veículos, de marcas, de características técnicas, que lhe são muito especificas. Assim, até mesmo uma simples calibragem de pneus pode prejudicar a conservação do seu veículo se ela não for feita corretamente, podendo elevar o consumo de combustível, gastar mais pneus e trazer riscos de acidentes, conforme a situação. Ou então, a troca de óleo pode comprometer seu veículo se for usado o óleo errado. Comparando à produtos de supermercado, existe uma grande variedade de tipos, modelos e usos diferentes, cada qual é específico para cada uso. Por isso, não basta apenas fazer a manutenção periódica, ela tem que ser feita corretamente por um profissional ou oficina especializada, de sua confiança. Apesar das características individuais de cada veiculo, alguns procedimentos e cuidados são básicos e se referem a maioria deles, não tem como fugir, assim, seguem algumas recomendações: - dirigir sempre com muito cuidado, respeitando as leis de trânsito; - fazer a revisão periódica preventiva conforme a periodicidade indicada no manual do seu veículo, e caso ocorra algum imprevisto no decorrer deste inter-
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valo é necessário antecipar esta revisão para manter boa segurança de condução; - antes de viajar, verifique as condições dos freios, suspensão, alinhamento, pneus (inclusive o estepe), bateria, faróis, lanternas e outros itens importantes; - extintor de incêndio, macaco, triângulo e cintos de segurança devem estar sempre em condições de uso, pois são itens de emergência e segurança, indispensáveis por lei. - use sempre combustível de procedência confiável, troque o filtro de combustível a casa 10.000 km rodados; - evite molhar o motor, verifique o nível do óleo e faça a troca conforme recomendado pelo fabricante, a troca periódica do filtro de ar também e importante; - a maioria dos veículos utilizam correia dentada, sendo assim deve-se dar atenção especial para ela, se ela quebrar com o motor funcionando causará uma grande dano ao motor, cujo reparo poderá custar até dez vezes mais o valor se tivesse sido trocada preventivamente, e sem contar que existe uma possibilidade do veículo parar num local perigoso, ou afastado da cidade, ou num momento de emergência; - se o veículo começar a apresentar problemas tais como, engasgar, aumentar o consumo de combustível, vazamentos de óleo, fumaça no escapamento e outros, é sinal de problemas, leve-o ao mecânico de sua confiança.
- evite dirigir com o pé apoiado sobre o pedal da embreagem; - se perceber qualquer barulho ou ruído estranho em qualquer parte do carro, leve-o ao mecânico, não se esqueça que prevenir e mais barato que consertar. - atenção especial deve ser dada aos pneus: faça o rodízio, balanceamentos e alinhamentos nos prazos indicados pelo fabricante do veículo; - também importante são os freios, verifique periodicamente as pastilhas, discos, mangueiras e fluído de freio; – sistema elétrico devem estar em perfeito funcionamento, verifique todas as lâmpadas (faróis, lanternas e outros). – mantenha as palhetas limpadoras dos para-brisas sempre em bom estado de conservação. Há dois excelentes motivos para manter um carro em perfeitas condições de uso, seja ele novo ou mais antigo: primeiro, ninguém quer perder a vida em um acidente de trânsito porque alguma coisa no carro deixou de funcionar adequadamente, justamente no momento em que era necessário; segundo, por questão de economia, pois uma manutenção corretiva, dependendo das circunstâncias, sairá muito mais cara do que se a causa do problema tivesse sido detectada antes dele acontecer, através da manutenção preventiva. Ivonei Clauer Bozi - Gestor de Trânsito
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Opinião
Criminalidade X Resgate Social A redução ou não da maioridade penal
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assunto é debatido em larga escala nos meios sociais de comunicação, sendo muitos a favor e muitos contra. Este fato acabou se tornando um debate longo pelos parlamentares e ações políticas. A proposta inicial data de 19/08/1993 pela PEC 171/1993. Discussão que se leva a pensar: a atitude de redução de maioridade penal é suficiente para resolver problemas de criminalidade no país? Ao que parece isso não seria o suficiente, ou, melhor refletindo, a direção para solucionar os problemas de segurança da sociedade está mais distante do que se possa imaginar. Historicamente a sociedade tem como pressuposto a condenação do criminoso como forma de vingança, rejeição e repreensão. A solução que se encontra é excluir o apenado e condená-lo à reclusão e seu afastamento do meio social, como forma de penalizar e, teoricamente, recuperar o indivíduo. Não se deve ser néscio neste aspecto, existe a periculosidade e a psicologia da personalidade do indivíduo que deva ser medida e analisada, em que justifica sua reclusão. No entanto, a sociedade tem de arcar com um custo alto em termos monetários para manutenção do encarcerado pelo sistema de segurança a fim de se proteger, e ao mesmo tempo a sociedade vítima paga todo preço e não adquire nenhum direito social ou reposição de suas perdas emocionais, físicas e patrimoniais. Apesar de existirem Projetos de Lei a fim de fazer algumas alterações, a exemplo da PEC 304/2013 que pretende trazer uma mudança no sistema de benefício destinado à família do ofendido, que parece serem alguns passos para uma sociedade mais justa. Ainda, do ponto de vista econômico, o custo de segurança penal não deveria recair totalmente sobre a sociedade e sim poderia ser ônus dos próprios condena-
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Espaço Cidadão Agosto de 2015
Historicamente a sociedade tem como pressuposto a condenação do criminoso como forma de vingança, rejeição e repreensão. dos. Isso significa dizer que o indivíduo julgado e condenado por qualquer crime, sua pena não deveria ser somente a reclusão por tempo determinado, mas sim um período de socialização ou ressocialização. A reinserção social com benefícios desde educação com instruções de princípios morais e éticos, saúde, trabalho e lazer. Ao cometer um crime o indivíduo perderia os direitos na sociedade a qual está inserida e deverá resgatar esse direito através de seu próprio esforço, dedicação e trabalho, ou seja, passa ter a obrigação de pagar seu débito para com a sociedade, sejam eles: psicológicos, físicos e, principalmente, econômico. Desta forma, o ônus de repor o prejuízo social e patrimonial com a sociedade recairia sob a responsabilidade do condenado que teria de trabalhar para custear sua estadia penal e os seus benefícios da reinserção social, além do custeio das despesas das vítimas, em caso de homicídio, da qual foi objeto a condenação, pelo tempo de sua pena ou permanentemente, de acordo com a gravidade do crime. Projeto de reestruturação social possível que venha a restringir o direito social do criminoso, devidamente condenado, de forma que o indivíduo tenha de devolver em programas sociais e laborais, para pagar e indenizar o prejuízo causado na sociedade e à vítima, e, também, para se manter, eliminando, desta forma, parte do ônus que está a cargo do Estado, é necessário. Qualquer outra forma de penalização é simplesmente
perda de tempo, vez que o indivíduo, condenado, tem de suportar circunstâncias humilhantes dentro de uma sela pequena e superlotada no presídio, vivendo como o mais vil e inferior animal; não sentirá a necessidade de estar inserido na sociedade. Entretanto a partir de uma oportunidade experimental de se sentir útil na sociedade, poderá, o detento, ter o desejo de lá se ingressar novamente e o mais breve possível. Diante de uma análise do atual sistema carcerário brasileiro, a diminuição da maioridade penal em nada influirá na degradação da violência, e na melhora da qualidade de vida da sociedade. Sem reestruturação do sistema, nunca haverá reinserção social do apenado. O que se deva pensar é justamente o resgate social do indivíduo enquanto condenado. Pois o sistema penal existente, enfatizando, já é ultrapassado e antiquado, e somente gera mais violência, num ambiente hostil e rejeitado. Isto porque a privação de liberdade, sistema de modificação dos indivíduos, se perdeu de sua objetividade. Os indivíduos ali encarcerados não se transformam como ocorria. A transformação somente acontece em e sobre os indivíduos que tiverem, de certa forma, uma estruturação de base, ou seja, desde sua tenra educação infantil. A sociedade vacilante em sua liberdade atualmente não condiz com os modelos arcaicos de ressocialização. Isso tudo traduz nos primeiros passos de uma sociedade mais justa e que a olha como um corpo só e queira, ao mesmo tempo, despertar o valor genuíno de todos seus membros sociais. Talvez não podemos alcançar toda ela, mas uma grande transformação possível. Antônio Carlos Prestes Pós Graduado em História e Humanidades pela UEM
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