Paratleta da Hípica Santa Terezinha conquista medalhas de equitação

Page 1

Paratleta da Hípica Santa Terezinha conquista medalhas de equitação 21 de janeiro de 2020

Murilo dos Santos Carleto, de 14 anos, é autista e encontrou no esporte formas de melhorar sua coordenação motora, equilíbrio e socialização Por Thiago Correia O paratleta da Hípica Santa Terezinha, Murilo dos Santos Carleto, de 14 anos, conquistou as medalhas de prata do Paraequestre categoria C da 3ª Etapa do 7º Circuito Barrel Race da NBHA Brazil e bronze no Paratleta Handicap 4 da Associação Brasileira do Cavalo Quarto de Milha (ABQM), realizadas nos dias 17 e 18/1. Esses títulos são mais alguns conquistados pelo jovem, que é autista e treina na Hípica Santa Terezinha há seis anos. “O Murilo participa das provas dos Três Tambores desde 2016 pela NBHA Brazil. Tem várias medalhas e troféus, Murilo deve disputar o 4º Circuito Barrel Race da NBHA Brazil, em

inclusive, em 2018 nos torneios dos Três Tambores

maio, e a 7ª Super Semana do

Paraequestre da América Latina pela NBHA Brazil”, relata

Tambor, em junho/Foto: Marcos

Eliane Cristina Baatsch, Instrutora de Equitação e

Leite

Coordenadora da Hípica Santa Terezinha, ao CnR.

Eliane conta que Murilo iniciou na equoterapia, chegou a participar de provas de hipismo, mas que acabou direcionando-o à prova dos Três Tambores Paraequestre, depois de um convite de participação da Super Semana do Tambor em 2016. “A equitação fez a diferença na vida do Murilo. Ele obteve melhoras na interação, socialização, organização, equilíbrio, coordenação motora… mas a maior mudança foi o sentido que deu na vida do Murilo”, relembra a instrutora. Ela revela que a avó do paratleta procurou a Hípica Santa Terezinha para ele fazer equoterapia, que é um método terapêutico que utiliza cavalos numa abordagem transdisciplinar, multidisciplinar e interdisciplinar nas áreas da equitação, saúde e equitação, buscando melhorias biopsicossociais.


Eliane se diz orgulhosa em poder treinar e ver a evolução de Murilo por meio do esporte/Foto: Marcos Leite

“O Murilo tem autismo e deficiência intelectual. Nesse período de equoterapia, percebemos que ele tinha habilidade com o esporte equestre. Sendo assim fomos adaptando materiais e cavalos para inserirmos o mesmo nos Três Tambores”, explica. “No cavalo, a deficiência dele é invisível”, diz Eliane. “Me emociono sempre. Sou realizada e feliz de ter a oportunidade de trabalhar com as pessoas com deficiência. Aprendo todos os dias, em cada prova”, conclui. O Carapicuíba na Rede também conversou com avó de Murilo, a técnica de enfermagem, Maria Dulce da Silva Carleto. Ela conta que cuida do adolescente desde sempre e que ele mora com ela desde os sete anos em Osasco, quando os pais dele se separaram. “Trabalho na área da saúde e desde que ele tinha quatro anos eu já tinha percebido [que ele tinha dificuldades de falar e etc], mas aos seis anos que comecei a trilhar os caminhos para chegar a um laudo”, afirma a avó.


Murilo mora com avó, Maria Dulce, em Osasco. Técnica de enfermagem, foi ela que percebeu que o neto era especial/Foto: Arquivo pessoal

“Quando descobri o autismo, levava ele para a fonoaudióloga toda semana no Parque Chico Mendes. Lá, ele viu uma aula de equoterapia e quis fazer. O Murilo sempre, desde pequenino gosta muito de cavalos”, lembra Maria Dulce. Ela conta que pelo neto estudar em escola particular, não conseguiu fazer aulas no local. Por isso, em conversa com a fisioterapeuta dele, o levou para fazer equoterapia em Cotia. “Fomos fazer equoterapia lá e aí descobri a Hípica Santa Terezinha. Ele fez tratamento por um ano, mas ficou para praticar o esporte. Tudo o que ele precisava para o tratamento, ele superou com o esporte”, revela a avó. “A equoterapia é tudo para o Murilo. Deu sentido à vida dele, autoconfiança, o acalmou… Não esperávamos que o Murilo iria fazer da equoterapia um esporte, sabe? Então ele compete porque ama”, diz orgulhosa. Maria Dulce conta que já houve preconceito com Murilo e que as pessoas achavam que ele era muito nervoso e


malcriado. “Quem tem um familiar autista sabe como é

Apaixonado por cavalos desde

duro [enfrentar o preconceito e estigmas]”, lamenta. O

com desenhos e massa de

paratleta ainda não é alfabetizado, mas é bastante

pequeno, Murilo ainda é habilidoso modelar/Foto: Arquivo pessoal

inteligente, habilidoso com massas de modelar e desenha como ninguém, como fala orgulhosa a avó: “Fico impressionada com os desenhos e esculturas que ele faz”. “Ele é meu neto, filho do meu filho e pra mim, que crio ele, é só orgulho. Só gratidão, gratidão”, diz contente Maria Dulce. Segundo a instrutora de Murilo, as próximas provas do paratleta devem ser 4º Circuito Barrel Race da NBHA Brazil, em maio, e a 7ª Super Semana do Tambor, em junho.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.