Leão em Foco - n. 1 - junho/2009

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Leão em foco James Tavares

Publicação dos alunos de jornalismo da Faculdade Estácio de Sá de Santa Catarina Junho de 2009 • Ano 1 • Número 1

Com a Ressacada lotada, Avaí enfrenta o São Paulo e convence a torcida, mas o placar não sai do zero a zero

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nesta edição

editorial

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Técnico de futebol e editor de revista têm desafios semelhantes. Ambos precisam liderar equipes para que elas realizem o trabalho com maestria e eficiência. Ambos enfrentam imprevistos e obstáculos diversos. O resultado, muitas vezes, depende da sorte. Mas tudo fica mais fácil para quem coordena se a equipe tem talento e garra. Os repórteres e fotógrafos do Leão em Foco, estudantes da sexta fase de jornalismo da Faculdade Estácio de Sá, têm essas duas qualidades. Se lhes falta experiência, sobra paixão; se lhes falta segurança para cumprir algumas pautas, sobra vontade. Isso não significa que não cometam erros, mas sabem que é treinando (e tropeçando) que se descobre o caminho correto. Como bons jogadores, eles têm os olhos bem abertos e os ouvidos bem atentos para mudar de tática quando é preciso, repensar a estratégia e seguir em frente. Esta primeira edição do Leão em Foco, com 16 páginas coloridas, é a cobertura completa do jogo Avaí x São Paulo, realizada na Ressacada no último domingo, 7 de junho. Um jornalismo bem-feito, como um futebol bem jogado, é resultado de uma soma de esforços. Além dos jovens repórteres, nossa revista contou com a colaboração de outros profissionais. A jornalista Juliana Kroeger fez o projeto gráfico e a diagramação. O repórter-fotográfico James Tavares fez as fotos da partida e Paulo Scarduelli, coordenador do curso de jornalismo, produziu um texto sobre o comércio fora do estádio. O gerente administrativo do Avaí, Luciano Corrêa, os assessores de imprensa, Gastão Dubois e Alceu Atherino, deram um apoio imprescindível para a realização desta cobertura. Colaboradores e repórteres – todos comprometidos com a informação séria e independente – estão de parabéns. Que muitas outras edições sejam produzidas.

Jorge Jr., Reginaldo Jaques, Renata Vasques, Samantha Duarte e Vanessa Silva

Partida sem gols

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Geovana Santos

Avaí tem 27% de aproveitamento

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Janaína Laurindo e Bárbara Nunes

Revista e loja do Avaí

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Raphaela D’Ávila

Estrelas do jogo

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Celina Sales e Gabriela Wolff O 12º jogador

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Paulo Scarduelli

De rádio à pizza de frigideira

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Mária Cláudia Menezes

Comerciantes otimistas

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Bárbara Nunes

Trânsito: o pior adversário

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Fernando Evangelista Juliana Kroeger

Laís Novo e Mário César Gomes

Justiça Presente na Ressacada

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Amanda Santos

Torcida de boteco

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Lyana de Miranda

A cobertura da mídia 2

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Da esquerda para a direita: Gabriela Wolff, Vanessa Silva, Paulo Scarduelli, Renata Vasques, Gastão Dubois, Fernando Evangelista, Celina Sales, Janaína Laurindo, Samantha Duarte e Reginaldo Jaques


James Tavares

O Avaí pressiona, mas o gol não sai

Avaí e São Paulo sem

gols

Jorge Jr., Reginaldo Jaques, Renata Vasques, Samantha Duarte e Vanessa Silva Avaí recebeu o São Paulo, hexacampeão brasileiro e tricampeão mundial, na Ressacada nesse domingo. O time da casa jogou bem, mostrou entrosamento e personalidade, criou boas oportunidades, mas não conseguiu abrir o placar e conquistar a primeira vitória na Série A. O jogo ficou no 0 a 0. O Avaí entrou em campo com algumas novidades. O técnico Silas havia feito mistério durante a semana quanto à escalação da equipe. Com a ausência de Emerson na zaga, acreditava-se que o substituto seria Rafael. Mas Silas preferiu o zagueiro Anderson Luís, que fez uma excelente atuação. O volante Léo Gago, recuperado de uma lesão, voltou à equipe. Marquinhos comandou o meio de campo ao lado de Muriqui. O Maestro criou jogadas, deu excelentes assistências, fez dribles desconcertantes, deu passes de calcanhar e chutou ao gol com perigo. Aparentemente cansado, Marquinhos foi substituído por Caio na segunda etapa. Depois de todas as especulações sobre a sua saída para a Ponte Preta, Evando, um dos maiores ídolos da torcida azurra, formou a dupla de ataque com Luís Ricardo. O atacante não quis falar sobre a possibilidade de deixar o time de Florianópolis, mas garantiu que “a verdade está somente com ele”. Luís Ricardo foi outra boa surpresa. O atacante

teve algumas chances de matar a partida e mostrou um bom entrosamento com Muriqui. O São Paulo contou com a estreia do recémcontratado Jean Rolt, que substituiu Miranda no setor defensivo. Com o empate, a equipe do Morumbi chega aos seis pontos, com apenas uma vitória em cinco jogos. Primeiro tempo Com o maior público registrado na Ressacada até agora no campeonato, totalizando 13.688 torcedores, o Avaí começou o jogo pressionando o São Paulo. Logo nos primeiros minutos, Evando tentou uma bicicleta na área, após cruzamento de Luís Ricardo, mas o “Iluminado” errou e a bola não foi para o gol. Aos seis minutos, o são-paulino Marlos cruzou na área e Eduardo Martini se antecipou para evitar o gol de Washington, que estava pronto para o arremate. Aos 11 minutos, Léo Gago arriscou o primeiro de seus chutes de fora da área, mas foi para fora. Aos 16, Muriqui fez uma boa jogada pelo meio e deixou Luis Ricardo livre para chutar, mas o atacante balançou as redes pelo lado de fora. Três minutos depois foi a vez de Marquinhos entrar driblando na área e também colocar na rede pelo lado de fora. O São Paulo assustou Eduardo Martini aos 33

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Juliana Kroeger

No dia dos goleiros, atacantes não têm vez

minutos, quando Zé Luís chutou de dentro da área a bola no travessão. Na sobra, o meia Hernanes isolou a bola. O primeiro tempo terminou em 0 a 0, com o Avaí mostrando por que está na Série A e por que é o atual campeão catarinense. Segundo tempo O time da casa voltou para a segunda etapa sem alterações. Luís Ricardo, um dos destaques do primeiro tempo, comentou que queria marcar o seu primeiro gol com a camisa azurra. O São Paulo equilibrou o jogo, que na primeira etapa foi de domínio avaiano. A entrada de Dagoberto, no lugar de Washington, melhorou o poder ofensivo da equipe paulista. Aos 13 minutos, Luís Ricardo chutou da entrada da área, porém o goleiro Denis, seguro no jogo, defendeu. Na jogada seguinte o goleiro Eduardo Martini executou grande defesa. Dagoberto chutou de canhota de dentro da área e o goleiro avaiano voou com estilo para defender. Aos 15 minutos, Marquinhos arriscou um chute forte de fora da área e Denis colocou para escanteio. Muriqui, minutos depois, recebeu de Luís Ricardo na área, sozinho, mas chutou por cima do gol. Eduardo Martini, o nome do jogo, fez duas importantes defesas em sequência. Na primeira Borges, à queima roupa, fuzilou para o gol e o goleiro tirou com o peito. No rebote, o lateral Zé Luís emendou de primeira e o camisa um do Avaí colocou para escanteio. Aos 46, o Avaí teve a última chance da partida,

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após cobrança de falta de Odair. A bola passou pela barreira, mas Lima não aproveitou e o goleiro Denis segurou. “Estamos aqui para ficar” “Jogamos com sangue nos olhos e com o coração no bico da chuteira”, afirmou o capitão do Avaí, Marquinhos Santos, na coletiva de imprensa após o jogo. O técnico Silas disse que o Avaí jogou de igual para igual e “que agora é hora de treinar as finalizações”. Ícone de uma geração conhecida como “Menudos do São Paulo”, que marcou época no time do Morumbi na década de 80, Silas enfrentou o seu ex-clube pela primeira vez. “Série A é muito diferente. São times muito bons, que parecem que estão praticamente mortos e ressuscitam. Tem que aproveitar as chances quando elas aparecem”, concluiu. Para Marquinhos, “não é de um em um ponto que vamos fazer história na Série A, não somos galinhas, estamos aqui e é pra ficar!”. Muricy Ramalho, técnico do São Paulo, ressaltou que o jogo só terminou sem gols por causa da excelente fase de ambos os goleiros. “O Martini é realmente um bom goleiro. Uma pena que não saiu o gol. As duas equipes jogaram com velocidade, se expondo muito”, afirmou Muricy. Com o empate, o Avaí entra na zona do rebaixamento, ocupando o 17º lugar na tabela do Brasileirão, com quatro pontos. O Leão volta a campo no próximo domingo (14), às 18h30, no estádio da Arena Barueri, contra o Barueri. O São Paulo recebe a visita do Santo André, em jogo marcado para o próximo sábado às 18h30.


ficha técnica

Avaí

Local: Estádio da Ressacada, Florianpólis Data: 07/06/09 • Horário: 16h Árbitro: Leonardo Gaciba (RS) Auxiliares: Marcelo Bertanha Barison (RS) e José Antônio Chaves Franco Filho (RS) Cartões amarelos: Marlos, Dagoberto, Zé Luís e André Dias (São Paulo) e Ferdinando (Avaí). Público total: 13.688 Renda: R$129.650,00

Avaí tem 27% de aproveitamento Geovana Santos O Avaí, único representante catarinense na Série A, obteve o quarto empate do campeonato, no jogo contra o São Paulo na Ressacada. O placar ficou no zero a zero. O Leão vai enfrentar o Barueri no próximo domingo, fora de casa. Nenhum dos dois times venceu neste campeonato. O Leão está na zona de rebaixamento, com quatro pontos na 17ª colocação. O time tem apenas 27% de aproveitamento. A quinta rodada terminou no último domingo com a realização de sete jogos. E tem como líder o Internacional que empatou com o cruzeiro em 1x1 no Mineirão. Até o momento, o clube gaúcho tem o melhor desempenho, com 13 pontos e com aproveitamento de 87%. Em seguida vem o Atlético-MG com 11 pontos e 73% de aproveitamento. O jornalista Juca Kfouri, no seu blog, disse que “enquanto isso, na Ressacada, Avaí e São Paulo disputavam uma partida tão equilibrada, e sem graça, que se terminasse 1 a 0 para qualquer lado não seria nada demais...Mas terminou mesmo num 0 a 0 que não deixou o torcedor Guga, presente ao estádio, feliz”, escreveu. Juca Kfouri não deve ter assistido a partida, se assistiu não prestou atenção. O jogo foi eletrizante, bonito, com jogadas e defesas memoráveis. Dos quatro clubes que subiram para a Série A, o Corinthians é o que está mais bem colocado na tabela com a nona posição. O Santo André ficou com a décima quarta e o Barueri na décima sexta posição, depois do empate com o Goiás em 2x2. O Campeonato Brasileiro teve início em maio com a disputa entre 20 clubes que lutam por vaga para a Taça Libertadores da América em 2010. Mais conhecido como Brasileirão, a disputa existe há 38 anos. A novidade deste ano é a inclusão da Série D que contará com 40 equipes.

São Paulo

Denis; Zé Luís, André Dias, Jean Rolt, Júnior César (Jorge Wagner), Jean, Hernanes, Richarlyson, Marlos (Wellington), Washington (Dagoberto) e Borges. Técnico: Muricy Ramalho

Fotos: James Tavares

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Eduardo Martini, Ferdinando, André Turatto, Anderson, Uendel Pereira, Marcos Vinícius, Léo Gago, Marquinhos (Caio), Muriqui, Evando (Lima) e Luís Ricardo (Odair). Técnico: Silas

Silas

Muricy

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Revista do Avaí está na quarta edição Janaína Laurindo Vieira

“Você pode trocar de mulher, pode trocar de religião, mas nunca troca de time”, diz Alexandrino Barreto, radialista e historiador, torcedor há mais de 40 anos do Avaí. Ele é autor do livro Avaí Esporte Clube e colunista da Revista do Avaí F.C. Amor pra toda vida. A revista, que está na sua quarta edição, foi lançada em setembro de 2008, com a intenção de reunir os apaixonados pelo time. “Mais do que uma revista, ela é uma relíquia para os torcedores”, afirma Rogério Cavallazzi, colunista e blogueiro. Segundo o editor-chefe e jornalista responsável, Nikolas Stefanovich, a revista relata as notícias do momento e conta as histórias do passado. Com grande participação dos torcedores, as pautas são pensadas de maneira coletiva. Com uma tiragem bimestral de dois mil exemplares, a publicação – segundo informações do Avaí - é a mais vendida entre as revistas de esporte nas

bancas do centro de Florianópolis. Até mesmo a parte comercial é feita por torcedores que, além de mostrar suas marcas e seus estabelecimentos, relatam seu amor ao time e parabenizam pela boa fase. Nas bancas, nas lojas de esporte e no estádio desde 28 de maio, a mais recente edição da revista traz a conquista do título estadual de 2009, um perfil do autor da melodia do Hino Oficial do Avaí, Luiz Henrique Rosa, uma entrevista com o arquiteto David Ferreira Lima que elaborou o projeto da Ressacada, a torcida feminina nos estádios, além da Musa do time Alana Campos. Com espaço para publicação de fotos de torcedores, a revista conta também com as colunas fixas dos escritores Almicar Neves e Sergio da Costa Ramos. Para participar, o torcedor pode enviar fotos e suas histórias para a redação no email revistadoavai@avai.com.br.

Vendas chegam a R$ 10 mil Bárbara Nunes A Avaí Store, loja oficial do Leão, localizada na Ressacada, estava lotada neste domingo. Muitos torcedores comprando camisetas, bonés, kits infantis e até o famoso cachecol que virou moda nesse inverno. As vendas no jogo contra o São Paulo chegaram a R$10 mil. Robson Andrade, gerente da loja, diz que a Avaí Store chegou a vender o dobro na final do Campeonato Catarinense. Nos dias comuns, segundo Robson, as vendas ficam entre R$ 1 mil e R$ 2 mil. “A loja ganha por estar em um ponto estratégico, as pessoas chegam aqui com muito entusiasmo, e isso é ótimo para nós”, comemora a vendedora Gabriela Montovani, que havia

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acabado de vender três camisetas oficiais, um cachecol, uma meia, e um boné para apenas uma cliente, a torcedora Renata Freitas, de 42 anos. “Tenho muito orgulho de ser avaiana, faço questão de gastar com o meu Leão”, diz Renata após pagar à vista as compras que passaram de R$400. A Avaí Store foi inaugurada na Ressacada em agosto de 2008. Além dessa, há uma filial na Avenida Osmar Cunha, no centro da capital. Os torcedores podem fazer pedidos ou solicitar informações por meio do telefone 3206-1215, ou até mesmo mandar email: vendas@avaistore. com.br. Acesse o site e saiba mais: www.avaistore. com.br


Raphaela D’Ávila

Os goleiros foram os donos do jogo na partida entre Avaí e São Paulo. De um lado, o avaiano Eduardo Martini. Do outro, o são-paulino Denis. Denis, 22 anos, é natural de Jaú, cidade do interior de São Paulo, “capital nacional do calçado feminino”, segundo o site da Prefeitura. É ex-goleiro da Ponte Preta e, em 2007, teve seu melhor ano pela Macaca, como titular no Brasileiro e no Paulistão. Denis fez sua estréia como titular no São Paulo por causa das contusões de Rogério Ceni e Bosco, na partida contra a Portuguesa neste ano. O estreante saiu do campo invicto na vitória por 2 a 0, mostrando personalidade e, acima de tudo, reflexo. Ceni só retornará no segundo semestre. Eduardo Martini, 30 anos, nasceu em Feliz, no Rio Grande do Sul, terra dos morangos e, como Jaú do Denis, terra dos calçados. Ele atuou no Grêmio de 1994 a 2004, ficou dois anos no Juventus e veio para Florianópolis em 2006. Fez sua estréia na vitória por 1 a 0 contra o Internacional. No ano passado, Martini fez história, completou cem jogos pelo time da Ressacada, atuando com uma camisa de número 100. Recebeu uma placa em homenagem das mãos presidente do clube João Nílson Zunino. No jogo seguinte, marcou um gol da área contra o Paraná Club, aos 12 minutos do primeiro tempo. Martini foi o titular absoluto do Avaí na campanha do ano passado, quando o Avai conquistou o acesso à Série A. Foi considerado o melhor goleiro do Campeonato Catarinense em 2009.

jogo

James Tavares

As estrelas do

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esforço do time avaiano não foi suficiente para furar a barreira são-paulina, e os mais de 13 mil torcedores que estiveram na Ressacada assistiram a mais um empate do Leão, o quarto em cinco jogos no Brasileirão. A torcida, 12º jogador, tentou empurrar o time com cantos de “vai pra cima deles, Leão” e “vamos, vamos, Avaí”, mas, apesar das boas oportunidades, o gol não saiu. No jogo do último domingo, era possível ver de tudo no meio da torcida azurra. Desde o senhor idoso com o bom e velho radinho de pilha ao pé do ouvido até o recém-nascido tendo a sua “iniciação futebolística” no meio da Mancha Azul. Nas cadeiras sociais, estava o avaiano Arnaldo Lima, que acompanha o Avaí desde criança. Vizinho do antigo estádio Adolfo Konder, ele pulava o muro para assistir aos jogos. Atualmente é conselheiro do time e vem acompanhado de toda a família para a Ressacada. Além dos adereços e do radinho de pilha, traz para o Estádio um papel com os jogos da rodada e anota o placar de cada partida. Arnaldo também viaja para assistir às partidas fora de casa, e não interessa se o jogo é no Sul ou no Norte do país, o importante é estar presente e dar força para o time. Em meio aos torcedores veteranos, estava um grupo formado por 51 garotos com idade entre 7 e 12 anos. Os meninos são de uma escolinha de futebol da cidade de Camboriú, e vieram assistir a uma partida da Série A pela primeira vez. Os amigos Paulinho, Mateus e Dieguinho estavam animados e na expectativa pela vitória do Avaí, apesar de reconhecerem que o São Paulo seria um adversário difícil. A estudante Beatriz Bessa Santos também teve sua estréia no estádio, trazida pela amiga Juliana Rosa da Luz, que freqüenta a Ressacada com a família desde criança. Beatriz não viu uma vitória do Leão, mas disse que a experiência valeu a pena. “Foi tudo novidade, não imaginava que era assim. Só faltou o gol!”. Paixão hereditária Faltou o gol mas sobrou alegria. Com apenas um ano e oito meses, a pequena Lara Silveira dançava ao som da torcida. Os trigêmeos de oito anos, Luis Fernando, Luis Artur e Ricardo Nildo Jr. vibraram a cada lance, e os quatro filhos do Eduardo Henrique com menos de nove anos já ostentavam orgulhosos a bandeira e o brasão azurra. Na família Kuerten, a tática da “paixão hereditária” deu certo. O amor pelo time foi passado de pai para filho, como explicou Rafael Kuerten. “Desde pequenos nós já vínhamos ao estádio, foi algo que nosso pai passou pra gente”, relembra. Tanto para Guga quanto para Rafael, depois de uma semana de trabalho, assistir a um jogo do Leão na Série A é uma maneira de descontrair. A previsão

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Arnaldo Lima Gabriela Wolff

Gabriela Wolff e Celina Sales

Gabriela Wolff

A força do 12º joga

Torcedores de Camboriú


ador Gabriela Wolff

dos irmãos era de que o jogo terminasse em um a zero para o Avaí. Quem sabe na próxima.

Celina Sales

Família Machado

Celina Sales

Luis Fernando, Luis Artur e Ricardo Nildo Jr.

Rafael e Gustavo Kuerten

Memória Todo bom torcedor coleciona objetos do clube. É o caso do professor Alexandrino Barreto, escritor, radialista aposentado e, claro, avaiano de carteirinha. Ele coleciona, entre outras coisas, memórias do clube e as transformou em um livro. Avaí Esporte Clube é o registro da história do futebol em Florianópolis. “E como falar de futebol na ilha sem falar do Avaí?”, questiona. É o professor quem conta a história de Dona Cecília, ou Dona Cocota como era mais conhecida. Torcedora número um do Leão, ela acompanhou por muitos anos o treino do time no extinto estádio Adolpho Konder. Dona Cocota ficava a beira do campo dando com o guarda-chuva na cabeça dos jogadores que não se esforçavam o suficiente. Quando, durante uma reunião da diretoria, foi cogitada a possibilidade de se extinguir o time, ela protestou e declarou que se não houvesse homens capazes de dirigir o Avaí, ela mesmo o faria. Quem disse que futebol é coisa para homem? Outro torcedor ilustre que acompanhou atentamente o jogo entre Avaí e São Paulo foi Rogério Cavallazzi, filho de Tullo Cavallazzi. Poucos meses antes de morrer, Tullo ajudou a lançar a revista do Avaí. Hoje, o filho assina a coluna Elite Azul e Branca. A família é sócia do Avai há 11 anos, mas desde criança o pai já os levavam ao estádio. Rogério revela que a paixão aumentou quando o tio, Milton Cavallazzi, passou a jogar na equipe azul e branca. Todos iguais Fora do campo a movimentação começou cedo, por volta das 11 horas na “Concentração com o Leão”. A Concentração é uma iniciativa do clube para “estimular os torcedores a virem mais cedo para o estádio, promovendo a interação entre eles e também para evitar as longas filas”, explica a coordenadora de produtos do Avaí, Otília Pagani. No evento do último domingo, foi servido um carreteiro a R$10 e as bandas Iluminnat e Atrevidos foram responsáveis pela animação da torcida. A família Machado é sócia do Avaí e participa sempre da Concentração. Desta vez não foi diferente e eles chegaram cedo para saborear o almoço e a companhia dos outros torcedores. O filho do casal, João Vitor, é mascote do time e gosta de chegar com antecedência para entrar em campo com os jogadores. Todos os avaianos que estavam na Ressacada tinham uma história para contar, uma relação que os torna amantes e amados pelo clube. Porque o time não tem um torcedor preferido e não se importa se ele é famoso ou anônimo, rico ou pobre, branco ou negro. Ali na torcida, gritando pelo time, roendo as unhas, balançando nervosamente as pernas, ali, e talvez só ali, são todos iguais, todos ligados pela mesma paixão.

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Juliana Kroeger

Bandeiras à venda nas proximidades do estádio

Aqui se vende de tudo: de rádio de pilha à pizza de frigideira Paulo Scarduelli A partida só inicia às quatro da tarde, mas os preparativos de Adão Mendes começaram bem cedo no domingo. Com a ajuda da esposa Margarete, ele amanheceu fatiando e temperando os cinco quilos de filé mignon que serviram para preparar mais de setenta espetinhos que ele planejava vender na tarde do jogo Avaí e São Paulo. O casal chegou na Ressacada às 13h com todos os apetrechos: carvão, churrasqueira, isopor com refrigerante, água, cerveja, farinha de mandioca. E um banquinho. Em meia hora, já tinha espetinho pronto. Eram 15h20 quando encontrei o casal no ponto de venda bem próximo à Toca do Leão. “O negócio está fraco”, reclamava Adão, 47 anos e que há 15 vende os churrasquinhos em dia de jogo na Ressacada. “Dia bom é quando terminamos tudo cedo e podemos ir embora antes da partida acabar.” Margarete está sempre sorrindo. “Prefiro acompanhar o Adão a ficar em casa vendo TV”, diz. O casal do churrasquinho é apenas um dos inúmeros comerciantes informais que se estabelecem nas imediações da Ressacada em dia de jogo. Difícil dizer ao certo quantos são. O garoto Jaison Luiz Borges, 15 anos, é um deles

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e comercializa rádio de pilha. Ele mora com os pais a cerca de 30 quilômetros do estádio, em São José, no bairro Bom Viver. “Há um ano vendo esses radinhos para o meu tio”, conta o estudante que está no primeiro ano do Ensino Médio e nunca entrou no estádio para ver seu time jogar. O melhor dia de negócios de Jaison foi quando o Avaí foi campeão contra a Chapecoense, no início de maio. “Vendi 24 aparelhos”, revela com orgulho. Neste domingo, ele chegou às 11 e até às 14h30 havia negociado onze. Não foi só o zagueiro Anderson Luiz que estreou contra o São Paulo. Fora das quatro linhas e longe do campo, ocorria outro lançamento. Marilucia Luiz estreou seu novo prato para os torcedores: a pizza de frigideira. Ela veio testar a novidade, num meio onde impera cachorro quente, churrasquinho de gato e sanduíche. “Trouxe ingrediente para 100 pizzas, mas não tenho a menor idéia de quanto vou vender”, revelou ela, uma hora antes do jogo começar. O ponto de venda de Marilucia era estratégico: o lado do estádio onde estava a torcida visitante. “Sei que os paulistas adoram pizza e tem muito são-paulino hoje aqui. Quem sabe, eu tenha sucesso”.


Bom resultado no campo garante lucro de comerciantes Mária Cláudia Menezes Não são só lanches e artefatos do time que circundam o estádio. Isopores com refrigerantes e bebidas alcoólicas ainda dominam o espaço. O que acaba refletindo nas ruas ao final do jogo, quando se juntam latinhas e copos no chão. Segundo o vendedor de bebidas Carlos Goiano, a proibição na venda de bebidas dentro do estádio aumentou a venda do lado de fora. “Desde a proibição de bebida alcoólica, quem lucra somos nós que estamos aqui fora, porque as pessoas bebem antes de entrar”, informa o vendedor. Para a comerciante de pastéis Carla Demerlini, os dias de jogo significam trabalho e lucro para ajudar no sustento de casa. “Agora, quando sei que o jogo vai ser em Floripa, fico ansiosa porque sei que é um dinheirinho extra que vai entrar”. Além dos torcedores que se juntam ao time para vibrar com as jogadas em dias de partida, esses comerciantes também entram em campo para obter uma renda extra para suas famílias. “Se o nosso Avaí continuar assim, pelo menos não perdendo, pode ter certeza de que todos nós estaremos ganhando. Tanto os que trabalham lá dentro do estádio, quanto nós que estamos aqui do lado de fora”, completa Carlos Goiano.

Diego Wendhausen Passos

O jogo do Avaí contra o São Paulo nesse domingo não registrou apenas sucesso de público nas arquibancadas do estádio. O jogo também foi um sucesso para os comerciantes que atuavam do lado de fora do campo. Os ambulantes estavam contentes com o aumento na venda de produtos, alimentos e bebidas em dias de jogo. Segundo o vendedor Aloísio Pereira, “o retorno à Série A e também a presença de grandes equipes no estádio tem aumentado o número de pessoas que visitam o local”. Aloísio participa sempre dos jogos do Avaí, porém do lado de fora, comercializando faixas e bandeiras do Leão da Ilha.“Quando tem jogo, eu até me preparo, sei que vai valer a pena trabalhar. Além disso, eu levo meu radinho e escuto aqui mesmo, do ladinho do jogo”. Para Fátima da Silva, dona de uma barraquinha de cachorro-quente, o movimento aumentou desde a entrada do Avaí na Série A. Há dois anos ela vende cachorro-quente naquele local, mas nunca vendeu tanto como agora. “Neste ano, vendi 500 cachorrosquentes numa única noite. Acho que as pessoas ficam animadas em ver o time jogando com grandes equipes do país, além de saírem famintas de uma partida”, comenta sorrindo.

Torcedores antes de entrarem na Ressacada

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Trânsito: o pior adversário A PMR, que é responsável pelo trânsito nas rodovias, disponibilizou 20 policiais para o dia do jogo, onde ficavam dispostos em três pontos da Avenida Deputado Diomício Freitas. Após a partida, o fechamento da via para iniciação da “mão-única”, agora em sentido Carvoeira-Centro, começou às 17h40, aliviando um pouco a saída dos carros, que já haviam formado um aglomerado nas saídas dos estacionamentos.

Muitos torcedores perderam o início do jogo Avaí e São Paulo por causa da fila de carros que se iniciou às 14h30 antes do trevo que dá acesso a Avenida Deputado Diomício Freitas. A “mão-única”, conhecida pelos torcedores freqüentadores do Estádio da Ressacada em dias de jogo, é ainda a única opção para que a fila não se estenda por muitas horas. Cabo Goes, da Polícia Militar Rodoviária de Florianópolis (PMR), conta que os horários de fechamento de pista para iniciação da “mão-única” ficam disponíveis em vários sites, inclusive no da própria PMR. Esses horários, além de facilitar o acesso à Ressacada, servem para que o torcedor se planeje. “Mas não acontece bem assim”, reconhece o militar, olhando a fila que ainda existia após o início do jogo.

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Obra de R$ 15 milhões O grande problema do trânsito surge no Trevo da Seta, localizado entre a Avenida Gov. Aderbal Ramos da Silva e a Avenida Deputado Dionísio Freitas. É neste trecho que os motoristas têm acesso ao Sul da Ilha, ao Estádio da Ressacada e ao aeroporto. A Avenida Gov. Aderbal Ramos da Silva possui três vias. Porém, mais a frente, ela passa a ter apenas duas e, após o Trevo da Seta, vira apenas uma, o que acaba parando todo o trânsito, não só em dias de jogo. O Estádio Adolfo Konder tem capacidade para 15.533 pessoas, imagine pelo menos um terço indo de carro no mesmo horário. Luiz Henrique Pellegrini, assessor da Presidência do Conselho Regional de Santa Catarina (CREASC), diz que o projeto inicial era que a Avenida Gov. Aderbal Ramos da Silva seguisse até o aeroporto, mas isso não pode ser realizado por falta de licenças ambientais que proíbem o aterramento do local por ser um mangue. O que fez com que a avenida desembocasse no Trevo da Seta. No dia 28 de maio desse ano, foi assinado pelo Prefeito Dário Berger o Edital de Licitação do Elevado do Trevo da Seta, no Sul da Ilha, além de um pacote de projetos visando solucionar os problemas da mobilidade urbana da capital. A intenção do prefeito é construir o elevado sobre o Trevo da Seta até o ano que vem, e reconheceu o transtorno no acesso para o Sul da Ilha, em horários de pico, principalmente nos dias de jogos. De acordo com o Edital, o viaduto terá quatro pistas: duas com acesso ao sul e outras duas fluindo no sentindo contrário. A obra está orçada em mais de R$ 12 milhões, além de mais R$ 3 milhões, que serão destinados para desapropriações. E a construção da terceira pista da SC-405, logo após o Trevo da Seta, que estava sendo executada pelo Estado, passou para a competência do município.


Clima de confraternização fora do estádio

Juliana Kroeger

Justiça Presente na Ressacada Laís Novo e Mário César Gomes Radinho no ouvido. Olhos atentos no campo. A delegada Ester Fernanda Coelho não é torcedora, mas assiste ao jogo do Leão do mesmo jeito que milhares de avaianos. Ester integra a equipe do programa Justiça Presente, iniciativa do Tribunal de Justiça de Santa Catarina em parceria com a Federação Catarinense de Futebol, Ministério Público e Polícias Civil e Militar. A Justiça Presente tem como objetivo garantir a paz e a tranquilidade nas praças esportivas, com pronto atendimento para as ocorrências consideradas de pequeno potencial ofensivo, como discussões, agressões físicas e morais. Os delitos são avaliados em uma minidelegacia improvisada na biblioteca do Clube. Como todos que acompanham futebol, a delegada sabe que a melhor maneira de assistir a uma partida é escutar a narração do rádio e conferir, no calor do público, os acontecimentos do estádio. Para melhor executar a sua função, ela deixa a sala reservada para a equipe do Justiça Presente, com vista panorâmica do estádio, para se posicionar próxima ao gramado, logo atrás das grades que separam as arquibancadas do campo. Lá, parte da equipe – paciente e atenta monitora a partida e os torcedores. Esse é um local estratégico para agir em casos de problema porque, em primeiro lugar, está mais próximo das zonas de conflito. Em segundo lugar, porque está perto da sala onde funciona a delegacia, montada nos dias de jogo para prestar serviços judiciários e atender as ocorrências de pequenos delitos dentro do estádio. É para lá que são levados os torcedores envolvidos em casos de discussões, brigas e lesões leves. Nenhuma dessas ocorrências foi registrada na partida do último domingo contra o São Paulo. De acordo com a delegada, nas últimas partidas do time catarinense, não têm ocorrido problemas graves entre as torcidas adversárias. Torcedor Enfurecido As grades são abertas e, em meio aos gritos

eufóricos das torcidas e a força dos jogadores em campo, um homem aparenta estar nervoso. Ele discute, quase aos berros, com a delegada Ester e com o escrivão José Tiago de Albuquerque. Seu nome é Douglas do Prado, é advogado, torcedor do São Paulo e exige falar com a juíza. Alega que há superlotação na arquibancada reservada para até 1500 torcedores do time adversário. “Há mais pessoas do que a arquibancada suporta. Estamos todos apertados ali, minha filha está grávida e foi agredida”, afirma, limpa o suor da testa e emenda: “quero registrar ocorrência. Para que servem vocês se não querem trabalhar?”. A delegada tenta explicar ao torcedor que não pode atendê-lo porque o problema não se enquadra nas categorias de delitos sobre as quais a Justiça Presente está autorizada a agir, mas Douglas não quer ouvir. “Precisamos acalmar este homem”, suspira a delegada. Paciente, a equipe conversa com o torcedor e se disponibiliza a efetuar o boletim de ocorrência que não faz parte das suas atribuições. “Assim, ele não precisará ir a uma delegacia fornecer as informações do B.O., mas só poderemos efetuar o registro amanhã”, explica. De acordo com a delegada, o programa Justiça Presente não tem o hábito de realizar boletins de ocorrência no local, já que ali são solucionadas só as pequenas ocorrências, mas neste caso ela abriu uma exceção. Após fazer o boletim de ocorrência, Prado afirmou que irá mover um processo contra o clube catarinense. Outro lado Segundo Gastão Dubois, assessor de imprensa do Avaí, havia lugar na arquibancada, “mas os torcedores não queriam subir porque achavam a localização ruim. Então preferiram ficar lá embaixo e nas escadas. O problema não evoluiu porque a denúncia era vazia”, conclui.

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Torcedor de boteco Amanda Santos Três tevês de plasma, chope e amendoim de montão, muitos palpiteiros, alguns secadores alvinegros e, claro, centenas de torcedores avaianos. Eles estavam no continente, num shopping de São José, longe da Ressacada, mas ligados no jogo desse domingo. Eram aproximadamente 350 pessoas reunidas para assistir a quinta partida do Avaí na Série A. Fazia um friozinho de nove graus, mas ninguém parecia preocupado com o tempo. “Nós vamos ganhar de cinco a zero”, disse confiante Jaime Costa, 45 anos, engenheiro agrônomo, que deixou esposa e filhos em casa para confraternizar com os amigos a esperada vitória do Avaí. Em outro local, também no continente, um bar tornou-se ponto de encontro durante as partidas do Avaí, com direito a torcida organizada, batuques e cerveja, muita cerveja. Nelson Ferreira, dono do estabelecimento, diz que o clima é de rivalidade no campo, mas de harmonia entre os clientes. Já faz três anos que os jogos são transmitidos no bar e não houve conflito entre torcidas adversárias. “A torcida do Avaí é organizadíssima, ela não é povão e nem de bagunça”, afirma Ferreira. O tempo passa e o gol não sai. Mais um empate em casa. “É contra o São Paulo, contra o São Paulo”, alguém lembra, como que dizendo “um empate não é lá algo tão ruim”. Será? Os olhos continuam fixos na tela, as mãos se entrelaçam e o coração dos torcedores dispara. “O time está se acertando ao ritmo da competição”, justifica Mário César Teixeira, 37 anos, pescador, avaiano fanático que não abandona o time nem na Série A, nem na B, nem C. Vixe, vira essa boca para lá. “O Avaí vai vencer, é questão de tempo”, argumenta Teixeira. Mas tempo o Avaí não tem de sobra. Quem tem? Na próxima rodada, o time azurra, que está em décimo sétimo na colocação, encara o Barueri, seu adversário direto para escapar da zona de rebaixamento. O time adversário empatou com o Goiás , no Serra Dourada e promoveu um trocatroca na zona de rebaixamento da tabela. Muitos outros bares do continente, que ainda não tem TV de plasma, nem TV a cabo, estão providenciando esses equipamentos. Nada como um bom (ou um mau) jogo de futebol para vender cerveja e petiscos. Futebol é sempre um ótimo pretexto para se reunir com os amigos e falar mal de juízes, técnicos e afins. E dar palpite, muito palpite. E, claro, torcer pelo time que se ama.

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Marquinhos dá entrevista no final do primeiro tempo

De dentro do campo, radialista narra os preparativos para a partida

Luiz Ceará (Band), Lorival Guimarães (Rádio Mais Alegria) e Aldori Silva (Rádio Vale)


Por trás da cortina: a cobertura da mídia Lyana de Miranda

Na Era da convergência das mídias, em que tudo acontece simultaneamente, as informações estão cada vez mais universalizadas e diversificadas. Nesse cenário multimidiático repleto de inovações, diversas áreas, entre elas a esportiva, se favorecem com a eficiência dos meios digitais. E como não poderia deixar de ser, o futebol é uma das atividades que se beneficia das ferramentas de mídia, tornando as transmissões igualmente eficientes. Prova disso são as coberturas nacionais dos jogos do Campeonato Brasileiro da Série A. Considerada a competição mais importante do futebol no país, o campeonato, que reúne vinte clubes de diversas regiões, é, durante quase oito meses, agenda de discussão para os amantes da arte com a bola que “rasga o chão e costura a linha”, como definiu Chico Buarque. E é em tal competição que a alta tecnologia empregada na “comunicação futebolística” se evidencia. A arena do último espetáculo foi a Ressacada, que nessa rodada enfrentou o tradicional e temido São Paulo. Mas não houve nada a temer. No zero a zero da partida não faltaram detalhes, comentários e, sobretudo, emoção por parte dos profissionais responsáveis pela cobertura do jogo. Diferentes narrações de diferentes veículos que se confluem e se completam em um só destino: o torcedor. Seriedade e Descontração Hoje o ouvinte, o telespectador, o leitor ou ainda, o navegador de internet, além da paixão pelo futebol, têm em comum a exigência de uma narração limpa, detalhada e, até mesmo, personalizada. Para tanto, os meios não deixam a desejar, se adequando às necessidades de cada público. Para quem quer ouvir uma narração dinâmica e sem muitas informações técnicas, as rádios FM’s, que outrora não se interessavam em cobrir atividades esportivas, hoje são uma das diversas opções para se acompanhar uma boa partida. “É o futebol tratado com a seriedade que merece e com a descontração que precisa”, afirma Claudiomir Miranda, comentarista da rádio Band FM de Florianópolis. As FM’s possuem o foco no público jovem, detentores e amantes dos aparelhos de MP3, celulares e afins. Para Cleverson Tanaka, narrador da rádio Cidade FM de Itapema, “as FM’s precisam se adequar e estar sempre em busca de renovação”.

Em contrapartida, as rádios AM continuam com força total em suas longas e detalhadas transmissões, que chegam a ficar três, quatro horas no ar. Para Paulo Branchi, narrador da rádio Guarujá AM há 28 anos, por meio do rádio “os ouvintes podem imaginar, criar a partida em sua mente”. Muitos deles, ouvindo ao jogo ali mesmo, das arquibancadas ou da geral, com seus radinhos de pilha e fones de ouvido trazidos de casa ou adquiridos na porta do estádio por R$10. “Eles querem confirmar o que estão vendo e, até mesmo, dividir a percepção, além de se informar com a narração da AM”, pondera o locutor. Mas nem sempre a presença no estádio é obrigatória para a narração e transmissão do jogo. E assim foi com a Rede Globo e a TV Bandeirantes, emissoras que detêm os direitos de transmissão dos jogos da competição para todo o país. Mesmo não sendo regra, durante a partida os locutores e comentaristas não estavam presentes. As imagens, geradas do estádio em Florianópolis, abasteceram os profissionais que, assistindo pela TV, deram conta do recado. Para Giovani Martinello, locutor do PFC, única emissora de TV a transmitir a partida direto do estádio e ao vivo, “acompanhar os torcedores é muito mais bacana”. Mas não é só de rádio e TV que se faz uma boa cobertura de jogos. Assim como um meio não vive sem o outro, em uma partida de futebol eles se completam. Se a intenção é registrar, confirmar e, sobretudo, afirmar a jogada, nada como uma conferida na transmissão de outra mídia. No rádio, a rapidez e a limpeza na locução é a vantagem que auxilia na coleta da informação; se há dúvida, nada como acompanhar, de dentro da cabine de transmissão, a repetição do lance por meio da TV por assinatura; para registrar, note books conectados à rede mundial que abastecerão blogs e veículos impressos com textos e fotos enviados dali mesmo. Além de arena do melhor futebol catarinense atualmente, a Ressacada foi palco do que de melhor a comunicação esportiva oferece aos torcedores. Ao se confluírem, as mídias evoluem, mas não se substituem. E agradando de ouvintes a blogueiros, de telespectadores a leitores, as linguagens e narrativas se perpetuam e, principalmente, tentam eternizar a arte do futebol, mesmo numa partida em que o grito do gol tenha ficado engasgado na garganta.

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James Tavares

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