A menina do mar (4ºc)

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Escola Dr. Manuel Gomes De Almeida/Escola de Espinho nº2 Resumo baseado na história “A Menina do Mar” Sophia de Mello Breyner Andresen Alunos 4ºC 2015/16

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Era uma vez uma casa que ficava nas dunas, em frente de uma praia. Era uma casa branca onde vivia um Rapazinho que, todos os dias, brincava na praia. A praia era grande, deserta e tinha lindos rochedos que ficavam cobertos de água durante a maré-alta, mas que, na maré baixa, apareciam cobertos de limos, búzios, anémonas, lapas, algas e ouriços. Também apareciam poças de água, rios, caminhos, grutas, … Na água do mar, límpida e fria, passava por vezes, um peixe, tão rápido que mal se via, enquanto os caranguejos corriam de um lado para o outro com um ar furioso e apressado.

O Rapazinho gostaria de ser um peixe para ir ao fundo do mar sem se afogar e tinha inveja das algas porque balouçavam ao sabor das correntes. Em Setembro vieram as marés vivas devido ao equinócio. As marés tornaram-se maiores e chegaram até às dunas. Vieram também as ventanias, chuvas e temporais. Numa noite de temporal, o Rapazinho esteve até altas horas sem dormir por causa do barulho provocado pelo vento nas madeiras da casa.

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Por fim, adormeceu. De manhã, estava tudo calmo. O temporal tinha terminado. O dia estava bonito: o sol brilhava, o mar estava calmo e azul, assim como o céu. O Rapazinho olhou pela janela, vestiu o fato de banho e correu para a praia pensando que o temporal da véspera tinha sido um sonho. Mas não tinha sido um sonho! Mas não tinha sido um sonho, porque a praia estava coberta de espuma deixada pelas ondas da tempestade. Pareciam castelos fantásticos que se desfaziam quando se lhes tocava. Como a manhã estava linda, a água estava límpida e a maré estava baixa, o Rapazinho resolveu ir tomar banho e nadar nas poças que encontrou ao longo da praia. Quando chegou a hora de ir para casa, deitou-se numa rocha a apanhar sol. Foi nessa altura que ouviu uma gargalhada que parecia uma tosse seca; ouviu outra gargalhada: era como uma voz humana, pequenina, clara e fina.

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Procurando não fazer barulho, levantou-se, foi espreitar entre duas pedras e ficou espantado com o que viu: dentro de uma poça de água, um polvo, um caranguejo, um peixe e uma menina, nadavam e riam-se à gargalhada. A menina era muito pequenina e media cerca de um palmo, tinha cabelos verdes, olhos roxos e o seu vestido era feito de algas encarnadas. Quando pararam se rir, a menina disse que queria dançar. Então, rapidamente, os animais organizaram uma orquestra: o peixe batia palmas com as suas barbatanas, o caranguejo tocava castanholas com as suas tenazes, o polvo tocava guitarra com os seus oito braços e cantava. A menina subiu para uma rocha e começou a dançar. No fim da dança, o polvo pegou na menina e pôs-se a embalá-la. Como a maré ia subir, o caranguejo avisou que deveriam ir-se embora. Puseram-se os quatro a caminho, por entre as areias e as rochas, até chegaram a uma gruta por onde entraram. O Rapazinho quis segui-los mas a entrada era muito pequena. Assim, teve de se ir embora para não morrer afogado.

Muito espantado, foi para casa. No dia seguinte, quando acordou, correu para a praia à espera de encontrar a Menina do Mar e os seus amigos. Quando chegou, ouviu gargalhadas, só que desta vez não conseguiu ficar quieto. Saltou e agarrou a Menina que apanhou um grande susto. Esta gritou pelos amigos, mas eles fugiram. Acabaram por voltar e atacaram o Rapaz, mas como era mais forte, deu-lhes pontapés e fugiu com a Menina. O Rapaz tentou acalmá-la, mas ela continuava com medo que ele a fritasse, pois o peixe tinha-lhe dito que os homens fritavam tudo o que apanhavam. O Rapaz disse-lhe que só queria conversar com ela, porque nunca vira uma menina tão pequenina e tão bonita. Finalmente, ela acalmou-se e começou a contar a sua história. Começou por dizer que se chamava Menina do Mar e não sabia onde nascera. Só sabia que tinha vindo para aquela praia no bico de uma gaivota, onde encontrara os seus amigos que cuidavam dela. Desde esse dia, vivem numa gruta onde cada um tem as suas tarefas: o polvo

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arruma a casa, alisa a areia, vai buscar comida, faz-lhe a cama e põe a mesa; o caranguejo é o ourives e costureiro e também o cozinheiro que faz comida muito saborosa. O peixe só brinca com ela porque não tem braços. Ele é o seu melhor amigo. Em seguida, a Menina falou do fundo do mar onde tudo é bonito: há florestas de algas, jardins de anémonas, campos cobertos de conchas, cavalos-marinhos, animais estranhos e grutas misteriosas e coloridas. Ela continuou a sua história falando da Grande Raia que é a dona dos mares. É enorme, consegue engolir um barco e tem cara de má. Apesar de ser malvada, a Raia não lhe faz mal, porque é a sua bailarina. Por fim, a Menina pediu para o Rapaz a levar de volta para perto dos amigos. Combinaram encontrar-se no dia seguinte e a Menina pediu ao Rapaz que lhe trouxesse alguma coisa da terra para matar a sua curiosidade.

No outro dia, o Rapaz levou-lhe uma rosa encarnada muito perfumada. A Menina ficou muito alegre e achou que a rosa era linda. No entanto, depois de a cheirar, ficou tonta e um bocadinho triste. Ela achou que as coisas da Terra eram esquisitas porque apesar de serem bonitas cheiravam a tristeza. O Rapaz disse-lhe que a culpa era da saudade e explicou-lhe que a saudade é a tristeza que fica quando alguém de quem gostamos se vai embora. Para afastar a tristeza foram brincar. Quando a maré voltou a subir foram-se todos embora.

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Na manhã seguinte, o Rapaz e a Menina do Mar voltaram a encontrar-se, no sítio do costume. Desta vez, o Rapaz trouxe uma caixa de fósforos que para ele era maravilhosa, linda e alegre. A Menina do Mar primeiro achou que não era muito bonito, mas quando o Rapaz acendeu um fósforo, ela bateu palmas de alegria e até lhe quis tocar. Ele respondeu-lhe que era impossível tocar no fogo, porque queima. O Rapaz então explicou que, quando o fogo é pequeno, é amigo do homem pois aquece-o e dá para cozinhar mas, quando cresce, pode devorar florestas e cidade. Então, a Menina comparou o fogo com o sol pequeno e depois com a Raia. Em seguida, o Rapaz contou-lhe como era a terra e quis mostrar-lha. Apesar da sua curiosidade, ela não podia lá ir, porque ficava seca e enrugada fora da água. Ela também lhe queria mostrar o fundo do mar, mas se o Rapaz lá fosse, afogava-se. Até a maré subir, os dois contaram histórias do mar e da terra.

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No dia seguinte o Rapaz trouxe um copo de vinho dizendo que o vinho fazia as pessoas ficarem alegres. A Menina do Mar perguntou o que era o vinho e o Rapaz explicou: - Na terra há uma planta chamada videira que no Inverno parece morta, na Primavera fica cheia de folhas, no Verão crescem cachos de uvas, de bagos redondinhos e que os homens colhem no Outono, colocam em tanques grandes e pisam-nas. Do sumo faz-se o vinho. - A que sabe? - perguntou a Menina do Mar. - Não sei, mas podes provar, se quiseres. A Menina do Mar provou o vinho e disse que estava feliz, porque já conhecia o sabor das estações do ano. De seguida a Menina mostrou vontade de conhecer melhor a Terra. O Rapaz teve uma ideia: - Amanhã trago um balde, enchemos com água e algas para não secares e levo-te a conhecer a Terra. Ficaram na praia durante algum tempo a fazer planos para o dia seguinte. Na manhã seguinte, o Rapaz levou o balde para a praia e encontrou-se com os seus amigos que estavam muito tristes. A Menina do Mar disse que não podiam ir conhecer a Terra porque a Raia estava muito zangada. Explicou que os búzios tinham escutado a conversa e contaram à Raia. Para a castigar, a Raia ia levá-la para uma praia distante e desconhecida e pôs os polvos a vigiálos. O Rapaz não se conformou, encheu o balde de água do mar, colocou a Menina lá dentro e começou a correr. Nesse instante, os polvos saíram das rochas e rodearam-nos. O Rapaz tentou escapar, mas não conseguiu. Foi agarrado pelos polvos, até desmaiar. Acordou quando a maré começou a subir e lhe molhou a cara. Levantou-se e, dorido e molhado, foi para casa triste e desolado. Com frequência ele voltou à praia pensando se tudo não tinha sido um sonho.

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Passou muito tempo e chegou o Inverno, que trouxe a chuva e o frio. Numa manhã de nevoeiro, o menino estava na praia a pensar na Menina do Mar quando avistou uma gaivota com uma coisa luminosa no bico. Pensou que era um peixe mas, para seu espanto, a gaivota deixou cair ao pé dele um frasco com um líquido muito brilhante e claro. A gaivota disse-lhe: — Olá, olá! Venho da parte da Menina do Mar. Ela mandou dizer que já sabe o que é a saudade. Trago, dentro deste frasco, uma água mágica feita de anémonas e plantas. Se quiseres ir ter com ela ao fundo do mar, bebe-a e poderás viver dentro de água como os peixes e fora de água como os homens. — Sim, sim, quero! — disse o menino, todo contente. Bebeu o líquido todo e sentiu-se livre e feliz como um peixe. Tudo à sua volta ficou brilhante e luminoso. A gaivota então disse-lhe que no mar estava um golfinho à sua espera para o levar ao sítio onde a Menina do Mar se encontrava. O rapaz agradeceu e nadou até ao golfinho, que disse: — Agarra-te à minha cauda. E lá foram eles. Passaram por tempestades e calmarias, viram peixes voadores, navios naufragados com tesouros, baleias que atiravam repuxos para o céu, icebergues e grandes vapores. Os marinheiros ficavam espantados quando viam um rapaz agarrado à cauda de um golfinho, mas eles mergulhavam para não serem pescados.

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Ao fim se sessenta dias e sessenta noites, chegaram a uma ilha rodeada de corais. O golfinho parou ao pé de uma gruta e disse: — Entra nesta gruta. É aqui que está a tua amiga. A gruta era feita de coral e tinha um jardim de anémonas azuis. Lá dentro, estavam a Menina do Mar, o polvo, o caranguejo e o peixe, muito tristes, quietos e calados. A Menina, de vez em quando, dava um grande suspiro. Então, o rapaz gritou: — Olá! Sou eu! Cheguei! Quando o viram, a confusão foi enorme: todos se abraçavam e pulavam de alegria. A Menina do Mar batia palmas e ria, com as suas gargalhadas claras como o som do mar. O polvo fazia o pino, o caranguejo dava cambalhotas e o peixe dava saltos mortais. Quando se acalmaram, a Menina disse: — Estou tão feliz, tão feliz! Durante este tempo todo, pensei que nunca mais te via e só sentia saudade e tristeza. É muito triste ficar longe de um amigo! Contou, então, que o Rei do Mar a tinha chamado para ir dançar numa festa no seu palácio, mas ela dançou tão mal, tão mal que ele quis saber o que tinha acontecido.

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Os seus amigos explicaram-lhe tudo e disseram que ela sentia muita tristeza porque tinha saudades do menino. O Rei, que era muito bom, levou-a ao cimo do mar, chamou uma gaivota, deu-lhe o frasco com a poção mágica e mandou-a à procura do rapaz. — Agora, a tua terra é o Mar e vamos ficar juntos para sempre. — Viva! Viva! Viva! E os cinco amigos foram juntos, através das florestas do mar, das grutas e das areias. No outro dia, o Rei do Mar deu uma grande festa e todos os tubarões, tartarugas, baleias e peixes disseram que a Menina do Mar dançou tão bem como nunca tinham visto.

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Ficha técnica Coordenação geral: Margarete Gomes Alunos: 4ºC Afonso Morais Iglésias Alexandre Matias Montenegro Ana Miguel Pinto Ana Rita da Silva Rocha André Ribeiro Rocha Beatriz Rodrigues Lage Beatriz Silva Ribeiro Bernardo Cruz e Silva Carolina da Cruz Fernandes Daniel André Pinho Emanuel Alexandre Gomez Érica Carneiro Carmo Filipe da Rocha Soares Francisco António da Silveira Almeida Francisco de Oliveira Loureiro Isa Couto Iglésias Joana Costa Martins José Pedro Ferreira Neto Luísa Monteiro Canelas Amorim Nuno António Pinto Correia Nuno Rafael Dias Oliveira Raúl António Leon Oliveira Rita Pinheiro Melo Rodrigo Ferreira da Silva Rúben Li Yang Sofia Costa Martins

2015/2016

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