És piño!

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És Piño! Uma Viagem Emocionante



ÍNDICE Prefácios 5 Introdução 11 Os autores

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Conto – Uma Viagem Emocionante

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Uma viagem por Espinho – Curiosidades

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Origem do nome da cidade

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Os «tesouros» da nossa cidade

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Arte Xávega

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Feira de Espinho

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Feira dos Peludos

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Lendas de Espinho

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Câmara Municipal de Espinho

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Junta de Freguesia

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Centro Multimeios

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FACE 37 Biblioteca Marmelo e Silva

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Academia de Música

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Associação Académica de Espinho

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Padaria Aipal

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Fábrica de papel Ponte Redonda

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Solverde

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Espinho, na palavra poética das crianças...

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PREFÁCIOS A gente só conhece bem as coisas que cativou. Antoine de Saint-Exupéry

Depois de ler atentamente este trabalho dedicado a conhecer Espinho, e muitíssimo bem concebido pelos nossos criativos alunos do 3.º ano (sob a excelente orientação das professoras Margarete Gomes e Ana Carapinheiro), ficamos completamente maravilhados com a quantidade e a qualidade dos textos e desenhos por eles produzidos. De facto, este trabalho permite aos leitores (na qualidade de locais ou de forasteiros) passear encantados pelas ruas de Espinho, dando-lhes a singela oportunidade de conhecerem todas as maravilhas (desde monumentos, eventos, tradições, …) que podem ser encontradas na cidade e no concelho de Espinho. A este propósito, merece igualmente realce o extenso trabalho de pesquisa efetuado (resultado de um trabalho aturado, com visitas a instituições locais, entrevistas e consultas bibliográficas), que permitiu, deste modo, aos alunos, aplicarem neste seu trabalho os conhecimentos adquiridos e, por conseguinte, desenvolverem diversas competências, designadamente ao nível da língua materna e da investigação mais factual. Por fim, devemos salientar o espírito de equipa que se encontra soberbamente implícito neste livro. Este trabalho de Projeto de Turma contribuiu certamente para consolidar e fortalecer o espírito de grupo de todos os elementos da turma. Parabéns aos alunos e às professoras Margarete Gomes e Ana Carapinheiro!... Que esta viagem possa ter continuidade num futuro próximo! José Ilídio Alves de Sá Diretor do Agrupamento de Escolas Dr. Manuel Gomes de Almeida


6 Foi com muito orgulho e satisfação que recebi o amável convite para participar neste projeto que visa tratar sobre a minha terra natal – Espinho. A obra agora concluída mostra, de facto, todo o empenho e trabalho realizado pela turma e pela minha colega e amiga Margarete. Pude viver, passo a passo, a alegria que envolveu este trabalho. O interesse demonstrado por todos; a recetividade que todos os elementos da nossa Comunidade Educativa demonstraram perante esta obra. Tenho a certeza que este trabalho é já um elemento estruturante e que, num futuro próximo, será um recurso de consulta e de partida para novas aprendizagens. O mais importante foi o amor com que foi pensado e construído, o que o transformou numa experiência única. Como incentivo, para este e novos projetos, não consigo deixar de transcrever uma frase de que gosto particularmente, do grande escritor português Fernando Pessoa: «Deus quer, o homem sonha, a obra nasce». Um bem haja a todos os que contribuíram para a elaboração deste trabalho, que em nada me surpreendeu pela sua qualidade. Parabéns! Belucha Coordenadora da Escola EB1/JI Espinho n.º 2


7 De um pequeno lugar de pescadores, Espinho transformou-se numa das mais importantes estâncias balneares portuguesas, que, nos anos 50 do século xx, ganhou o título de Rainha da Costa Verde. A pesca de arrasto, a praia e a piscina Solário Atlântico, a planta em quadrícula, o caminho de ferro, a feira semanal, a tradição do jogo de fortuna ou azar e o cosmopolitismo são elementos marcantes e distintivos de uma cidade singular que aprendemos a amar e a que sempre regressamos com saudades! Dr. Armando Bouçon Diretor do Museu de Espinho (FACE) Responsável pelos Serviços de Cultura e Museologia da Câmara Municipal de Espinho

À querida colega e amiga Margarete, A riqueza de um povo está no seu nível cultural; este alicerça-se no gosto pela leitura e pela escrita. Parabéns pela forma como os seus alunos desfrutam tais práticas. Clementina Vilarinho Professora


8 Quando a professora Margarete Gomes me contactou no sentido de me solicitar que recebesse a sua turma para lhe contar um pouco da história da Academia de Música de Espinho, tendo como propósito a recolha de informação para a elaboração deste notável trabalho, dei comigo a pensar na importância do processo escolhido enquanto factor diferenciador no contexto das tradicionais metodologias de ensino-aprendizagem. A sala de aula pode tornar-se o lugar mais criativo do mundo, se assim o quisermos, mas quando o mundo está ao nosso lado – como está, todos os dias –, é preciso entrar nele, conhecê-lo por dentro, tocá-lo, senti-lo e partir dele para o melhor conhecimento da realidade ou para a construção de um imaginário vivido e enriquecido pelas experiências visuais, sensoriais e de partilha que ele nos proporciona. Quando recebi os alunos, num dos locais que tinham escolhido para fazer parte do itinerário da viagem que estavam a projetar, senti a sua curiosidade, o seu empenho, a sua vontade conjunta de saber e de descobrir coisas novas. Não há melhor forma de aprender. Realizaram um excelente trabalho, que seguramente muitos enriqueceu, não só porque tiveram de pensar, criar, escrever e imaginar, mas também porque quiseram ver, conhecer, falar, estar e saber. E tudo isto nos enriquece também. Parabéns. Dr. Alexandre Santos Diretor da Academia de Música de Espinho (AME)


9 Uma viagem do passado ao futuro Uma bela lenda envolve a origem do nome da cidade de Espinho. O projeto És piño, coordenado pela professora Margarete Gomes, é uma não menos fascinante viagem dos pequenos alunos do 3.º ano da Escola Básica n.º 2 de Espinho ao passado, pelo presente e ao futuro da nossa cidade e das suas próprias vidas. És piño mostra-nos como é possível a professores e alunos, focados na sua missão, transformarem o ensino e a aprendizagem numa magnífica realidade. Fizeram-no com evidente entusiasmo, criatividade e beleza, e também com igual empenho, rigor e qualidade. Nem professoras nem alunos cederam à facilidade, ao conformismo ou ao laxismo. O resultado é uma obra preciosa cujo valor ultrapassa largamente as fronteiras da Escola. És piño é uma viagem ao passado, às origens da cidade, às suas lendas ligadas ao mar, a este mar bravio que abraça e às vezes açoita a cidade. É uma viagem pelo presente: o livro retrata bem as ruas, os lugares, os monumentos. Revela-nos os seus traços de modernidade enraizados num passado de que nos orgulhamos. É uma viagem ao futuro porque uma tão enriquecedora formação destas crianças – a experiência vivida, a sensibilidade de textos e dos poemas, a qualidade dos seus trabalhos – dizem-nos que, como eles, certamente, podemos confiar no amanhã. É um privilégio para mim e para a Solverde podermos associar-nos a És piño, obra que honra os professores, a Escola e a cidade onde temos as nossas raízes. Bem hajam! Celeste Violas Grupo Violas


10 Identidade e Memória Em És piño – Uma Viagem Emocionante fazemos um percurso por Espinho, que se inicia de comboio e depois se desenrola a pé. Só por si, o comboio e o circular a pé já envolvem, no primeiro caso, um dos fatores que contribuiu para o crescimento e afirmação de Espinho, e que sempre estará ligado à nossa memória, enquanto a circulação pedonal é uma das características da nossa cidade de que muito nos orgulhamos. Numa linguagem simples, mas que nos emociona e faz percorrer tanto a nossa memória coletiva como aquilo que presentemente é a nossa identidade, os jovens que escreveram estes textos souberam identificar o que torna especial Espinho e as suas referências. Com uma riqueza de desenhos que evidencia a criatividade e a qualidade, são estes jovens que conceberam És piño um importante garante do futuro desta cidade e da preservação da sua memória. Para a AIPAL foi uma honra dar o seu testemunho e associar-se a este projeto. Nunes da Silva Direção da AIPAL


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INTRODUÇÃO Este livro é o produto de um trabalho realizado em sala de aula, no âmbito da área de Estudo do Meio, na Escola EB1/JI de Espinho n.º 2, com alunos do 3.º ano de escolaridade, sob a minha supervisão e da professora Ana Carapinheiro, no que se refere à ilustração dos poemas. Ao longo do ano, obedecendo aos requisitos do trabalho de Projeto de Turma «Conhecer Espinho», desenvolvemos uma investigação que compreendeu visitas a instituições locais, entrevistas e consultas bibliográficas cujo produto resultou neste modesto trabalho, que deixamos à Comunidade Espinhense como um contributo dedicado especialmente aos mais novos, para o incentivo à leitura, à escrita e ao conhecimento das suas origens.

À minha filha Joana e aos meus alunos, que me ensinaram a amar Espinho. Margarete Gomes


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OS AUTORES

Afonso Iglésias Alexandre Matias Ana Pinto Ana Rita André Rocha Beatriz Lage

Beatriz Ribeiro Bernardo Silva Carolina Brioso Carolina Fernandes Daniel Pinho Érica Carmo


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Filipe Soares Francisco Almeida Francisco Loureiro Isa Iglésias Joana Martins Luísa Amorim Miguel Vitó

Nuno Correia Nuno Oliveira Raul Oliveira Rita Melo Rodrigo Silva Rúben Li Sofia Martins

Colaboração de: Maria João Carvalho



Uma Viagem Emocionante


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O Raul tinha nove anos. Era um rapaz moreno, com uns grandes olhos castanhos e os cabelos encaracolados sempre muito desalinhados. O nariz arrebitado deixava adivinhar as suas muitas tropelias e o gosto por aventuras e brincadeiras endiabradas.


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O Raul vivia em Lisboa e este ano ia passar as férias de verão com os primos de Espinho, a Rita e o Bernardo. Que grande aventura que ia ser! Os primos já tinham contado ao Raul como eram divertidas as férias de verão em Espinho: a praia, «as estátuas vivas», a exploração das estreitas ruelas cheias de mistérios por descobrir, as gentes do mar com histórias de violentas batalhas travadas com o oceano enfurecido, muitas vezes heroicamente vencidas, mas outras tantas com finais trágicos que deixavam vestidas de negro as famílias dos pescadores que não voltavam. E o Raul tudo queria saber, tudo queria aprender! Que grande excitação! Era enorme a emoção! Por isso, o Raul, impaciente, mal conseguia esperar que chegasse o dia da partida para Espinho. Para fazer o tempo correr, aproveitou para investigar e ficar a saber muitas coisas sobre aquela cidade, para ele desconhecida. Procurou na Internet, fez mil e uma perguntas à sua professora e leu muitos livros na biblioteca. Finalmente, sentia-se preparado para aquela grande viagem… Era já amanhã que as férias começavam. O Raul preparou cuidadosamente a sua mochila, não se esquecendo do mapa da região, da bússola de que nunca se separava, do seu cantil de estimação, do creme para se proteger do sol e, claro, do seu boné preferido, amarelo, com uma grande pala cor de laranja, todos objetos fundamentais para qualquer grande aventureiro. Nessa noite, o Raul demorou muito tempo a adormecer e o seu sono agitado transportou-o para a beira-mar, transfor-


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mando-o num destemido pescador pronto a partir para a sua perigosa mas muito gloriosa faina. Que grande que foi aquela pescaria! De manhã cedo, o Raul acordou e, depois de muitos avisos e recomendações dos seus já muito saudosos e até um pouco chorosos pais, lá partiu de comboio, em direção ao seu destino. Era a primeira vez que o Raul partia para férias sozinho e por isso estava um pouco nervoso e o seu coração alvoroçado batia forte, parecendo querer saltar do peito: Pum-pum! Pum-pum! No entanto, o Raul, corajoso, acenou um carinhoso adeus aos pais e, sentindo-se muito crescido, lá partiu…

A viagem de comboio, que os primos Rita e Bernardo tinham garantido ser o melhor meio de transporte para viajar até Espinho, passou muito depressa e, quase sem dar por isso, o Raul chegou àquela ainda desconhecida cidade.


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– Olha! Ali estão o tio Manuel e a tia Zulmira! E os primos Rita e Bernardo! Cresceram tanto!… – exclamou o Raul. E foi muito forte, o abraço que deu as boas-vindas ao Raul.


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Os tios e os primos do Raul viviam numa casinha mesmo junto à baía, virada para o mar, e, do quarto onde o Raul iria dormir, ouvia-se o bater das ondas e o piar das gaivotas. Cheirava a mar, a sal e, quando o vento soprava lá das bandas do bairro dos pescadores, a sardinha assada e a pimentos a estalar no carvão. Tão bom! – Queres ir comer um gelado e conhecer a nossa cidade? – convidaram a Rita e o Bernardo. – Eu quero conhecer tudo. – respondeu o Raul, saltitando animado e até um pouco impaciente.

E lá foram os três: lambendo, gulosos, os seus grandes gelados. Já um pouco lambuzados, de boné na cabeça, que o sol escaldava, caminharam pela avenida que se alonga à beira-mar, conhecida pelos mais antigos por Rua do Cruzeiro, como explicaram os primos ao Raul.


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De vez em quando corriam um pouco para sentirem na cara o ar fresco da manhã que, ajudado pelo vento que vinha do mar, os refrescava com salpicos de espuma das ondas que batiam com força na rebentação para depois se estenderem e descansarem aliviadas no enorme areal, que sempre tão bem as acolhia. Hum! Que bom era o cheirinho da maresia!

Na crista das ondas navegavam os surfistas, desembaraçados e cheios de energia, a quem a água fria e a bravura do mar


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não impediam de apanhar as boas ondas e sobre elas deslizarem até à praia. Havia ainda quem preferisse o body-board. Todas aquelas habilidades e acrobacias deixavam o Raul com os olhos enormes, muito abertos de espanto. Também queria experimentar! E os primos riam-se, trocistas e divertidos. – Mas o que é isto? Também há música?! Ginástica!? Pois era mesmo verdade. Para os menos aventureiros, para as crianças e para os idosos, a animação também não faltava. No areal, todos pulavam e gesticulavam, com mais ou menos genica, conforme a idade, ao som da música, respirando saúde e espalhando alegria. Que vigor! Mas havia mais para conhecer, antes de um mergulho que a todos já muito apetecia. O Raul consultou o seu mapa, que tinha uma planta da cidade, com muitos pormenores, e chegou, espantado, a uma curiosa conclusão: – Então, as ruas paralelas ao mar têm números pares e as que as cruzam têm números ímpares? E as ruas não têm nomes mas sim números? Nunca vi tal coisa! A Rita e o Bernardo, filhos da cidade, soltaram uma enorme gargalhada, divertidos com tanta admiração. E lá ia o Raul, turista entusiasmado, tirando fotografias a tudo o que via; pois com tudo se encantava: o mar, os barcos na praia, os pescadores que estendiam na areia os aparelhos da pesca e remendavam as redes maltratadas pela faina, as peixeiras que vendiam e apregoavam chamando os fregueses… E havia ainda os edifícios e monumentos: a imponente Câmara


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Municipal, a bonita biblioteca Marmelo e Silva, a escola onde os primos estudavam, o moderno Centro Multimeios, a Junta de Freguesia que outrora tinha sido a escola Conde Ferreira, onde as crianças de Espinho aprendiam a ler e a escrever, ‌


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Depois passaram pelo bairro novo, rico e sofisticado, e pelo pitoresco bairro dos pescadores, um museu vivo onde o tempo parecia ter parado e que contava a história da cidade, ao mesmo tempo que o cheirinho a peixe grelhado à moda da terra abria o apetite para o almoço.

Vendo o Raul tão curioso e interessado, a Rita e o Bernardo tiveram uma ideia: – E se fossemos visitar o Fórum de Arte e Cultura? Vais ficar a saber muitas coisas sobre os usos e os costumes da nossa cidade. E lá foram. O Raul, lisboeta de gema, deixou-se encantar com as histórias que ouviu sobre a muito, muito antiga arte xávega ainda hoje praticada pelos valentes pescadores da cidade na pesca da sardinha. Sabem como é? Os pescadores saem para o mar nas suas pequenas embarcações e, ainda perto da


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costa, lançam as redes ao mar. No regresso à praia, os pescadores puxam as redes carregadas de sardinhas fazendo-as arrastar pelo fundo do mar. Este «arrastar a sardinha» faz com que o peixe perca escamas, fique espalmado e com areia, o que lhe dá um sabor especial, depois de cozinhado.

– Então, aquelas sardinhas assadas que eu como sempre nas festas de Santo António, em Alfama, lá em Lisboa, se calhar são pescadas aqui em Espinho! – exclamou o Raul. Quando terminou a visita, já o sol vermelho vivo começava a desaparecer no horizonte, caindo sobre o mar. Era hora de voltar para casa onde os esperava, sentada no alpendre, a avó Ermelinda, entretida a fazer a sua renda, enquanto uma bela caldeirada de peixe apurava ao lume, anunciando o jantar. O Raul contou-lhe as aventuras do dia. Mas algo o intrigava:


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– Avó Ermelinda, «Espinho» é um nome muito estranho para uma cidade. Eu nem sequer vi nenhum cato! A avó riu e perguntou: – Queres ouvir uma história muito antiga? É a Lenda de Espinho. O Raul e os primos sentaram-se no chão, junto à velha senhora e, cheios de curiosidade, prepararam-se para ouvir. – Era uma vez um grupo de galegos que pescava perto da nossa praia… – Galegos?! – interrompeu o Raul.

A avó Ermelinda sorriu e continuou: – De repente, rebentou uma tempestade e a embarcação dos galegos naufragou. A tragédia foi grande, mas dois dos homens conseguiram trepar para cima de um tronco que


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boiava à deriva. Com muito esforço lá foram nadando até que conseguiram chegar a salvo a terra.


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Um deles afirmava que aquele tronco de castanheiro tinha sido um milagre. O outro náufrago, discordando, jurava que o tronco não era de castanheiro mas sim de pinho ou pinheiro: – No, ÉS PIÑO, ÉS PIÑO. E teimoso, de tanto repetir esta frase, acabou por fazer surgir o nome da cidade: ESPINHO. Estavam os galegos naquela discussão quando o Raul, sobressaltado, acorda gritando: ESPINHO, ESPINHO! Afinal, tudo não passara de um sonho. Raul estava no seu quarto, em Lisboa, e ainda faltava um mês inteirinho para as férias. – Que sonho bom! Ainda bem que vou passar as férias de verão a Espinho, com os meus primos Rita e Bernardo!

FIM


Uma Viagem por Espinho Curiosidades


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Origem do nome da cidade Há quem diga que o nome da cidade de Espinho surgiu por volta dos finais do século xviii, ou princípios do século xix, quando uma pequena embarcação que navegava junto à costa foi apanhada numa tempestade e naufragou.

Dois espanhóis sobreviveram à tragédia e, já em terra firme, um afirmava que a prancha de madeira que os tinha salvo era de um castanheiro, enquanto o outro, perentório no seu falar galego, garantia: «No! És piño!». Em Forais de Terras Portuguesas pode ler-se (citado da monografia de Álvaro Pereira): «Espinho deve-se a uma penedia espiniforme, a qualquer espinhaço da praia […]».


31 Também existe a versão de que o nome adveio do facto de, a norte da cidade, entre a foz do rio Largo e do rio Brito, durante séculos, se terem desenvolvido espécies de plantas arbustivas de porte rasteiro e espinhosas. Entre estas proliferam os cardos e outras plantas agrestes, e uma planta leguminosa, conhecida popularmente como o cardo das areias. Há quem pense que foram estas plantas que deram o nome latino Villa Spino à freguesia de São Félix da Marinha, cuja referência remonta ao ano 985 da era cristã. Os pescadores do Furadouro (Ovar) teriam vindo para pescar, pois a sardinha era abundante, e alguns acabaram por se fixar. Outros houve que viviam da agricultura e apenas se deslocavam a Espinho no verão, para pescar. Construíram palheiros e foi criada a Paróquia de N.ª Sr.ª da Ajuda.


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Os «tesouros» da nossa cidade Arte Xávega


33 Pesca artesanal, a arte de arrastar, «xávega», significa «rede» que se utiliza na pesca da sardinha. Inicialmente, o termo «xávega» era usado apenas pelos pescadores do sul, nomeadamente os da costa algarvia, e definia tanto a rede como o próprio barco. No litoral centro e norte, as expressões que denominavam este tipo de pesca eram simplesmente «as artes» ou «as companhas das artes». Por uma questão jurídica, começou a chamar-se «xávega» a todo o tipo de pesca que envolve o arrasto, quando as redes são puxadas para terra. Feira de Espinho É a maior feira semanal a nível nacional. Inaugurada a 1 de julho de 1894, dedica-se à venda dos mais diversos artigos, entre os quais, legumes, fruta, bijuteria, joalharia, tecidos, tapetes, vestuário, …

Feira dos Peludos Acontece no primeiro domingo de cada mês, entre as ruas 23 e 27. Nela se vendem antiguidades, artesanato inédito e variado.


34 Lendas de Espinho Lenda da «Fonte do Mocho», em torno deste monumento da cidade, querido pelos residentes e admirado pelos visitantes; a «Bicha das Sete Cabeças», peripécia que se passa junto à ribeira de Silvalde; a «Chamada dos Desaparecidos» e a lenda de «És Piño» tendo como personagens os dois galegos que naufragaram nestas águas. Câmara Municipal de Espinho O primeiro presidente da Câmara Municipal de Espinho foi o Dr. Castro Soares, em 1899. Atualmente é presidente o Dr. Pinto Moreira. O vereador da Educação e vice-presidente da Câmara Municipal é o Dr. Vicente Pinho. Pelo pelouro da Cultura é responsável a Dr.ª Leonor Lêdo Fonseca.

Junta de Freguesia O primeiro presidente da Junta de Freguesia foi António de Pinho Branco Miguel Júnior. O atual presidente é o Dr. Rui Torres. O primeiro edifício foi mandado construir entre 1870 e 1883, pelo benemérito conde de Ferreira, integrado no projeto da construção de


35 120 escolas primárias em todo o país. Em 1912, o edifício foi reconstruído e remodelado sob a direção do arquiteto Avelino Vaz. Ali funcionou durante vários anos a escola primária feminina (a masculina localizava-se na Rua 19, frente ao Parque João de Deus). Foi aqui que muitas gerações de espinhenses aprenderam as primeiras letras, até à quarta classe. O projeto de ampliação e reconstrução da «nova» escola do «Conde de Ferreira» foi uma obra notável. Em 1997, devido ao avançado estado de degradação do edifício, a Câmara de Espinho decidiu recuperá-lo e atribuir-lhe novas funções.A reabilitação do interior foi concebida de forma a permitir o funcionamento das atuais valências: Junta de Freguesia de Espinho, Posto de Turismo, Sala de Exposições e também um Auditório. O projeto de recuperação é da autoria do arquiteto Nuno Lacerda Lopes. Em 2002, na sua inauguração era Presidente da Junta António Catarino.


36 Centro Multimeios Centro cultural e científico, foi inaugurado em 2000. O projeto, do arquiteto local Nuno Lacerda Lopes, é um edifício inovador e multifacetado com uma forma exterior semelhante a uma nave espacial pousada no relvado, a poente da avenida principal. O Centro integra um planetário, uma galeria de exposições, uma cosmoteca, ou seja, uma biblioteca cujo espólio é dedicado à Astronomia, um observatório astronómico e salas de cinema. Atualmente, está sob a direção da Associação de Desenvolvimento de Espinho (ADE).


37 FACE Em resultado do projeto de reabilitação da antiga Fábrica Brandão, uma das maiores fábricas de conservas do País, surgiu o Fórum de Arte e Cultura de Espinho (FACE), onde se integra o Museu Municipal de Espinho. O espaço está sob a direção técnica do Dr. Armando Bouçon. Nele se realizam várias atividades de cultura, educação, lazer e empresariais. Este é um espaço dedicado à investigação, ao desenvolvimento cultural e à prestação de serviços à comunidade.


38 Biblioteca Marmelo e Silva Em 1919, António Joaquim Matos doou à Câmara Municipal de Espinho a sua biblioteca particular, para criação de uma Biblioteca Municipal. O seu espólio foi valorizado com a oferta de mais livros pelo industrial Augusto Gomes e pelo seu filho Augusto Gomes Júnior, em 1945. A biblioteca começou a funcionar em 1935, mas apenas em 1970 a Fundação Calouste Gulbenkian equipou o antigo edifício no 2.º andar do «Nosso Café» com 4000 livros, edifício este que veio a ser integrado, em 1994, na Biblioteca Municipal.


39 Atualmente, a biblioteca tem a designação de José Marmelo e Silva, homenagem a este escritor, nascido na Beira Baixa, com residência em Espinho, onde se dedica ao ensino. Agraciado com a medalha de ouro desta cidade (1987) e com o grau de Comendador da Ordem de Mérito, pela Presidência da República (1988). A biblioteca foi inaugurada a 7 de maio de 2011.

Academia de Música A Academia de Música de Espinho (AME) foi fundada em 1960 pelo professor Mário Neves e sempre desempenhou, ao longo dos seus 50 anos de existência, um papel de grande relevância cultural, no Concelho de Espinho. Tendo como finalidade principal o ensino da música e a realização de concertos, que justificam a sua constituição como associação sem fins lucrativos, a AME alargou a sua atividade, ainda nos anos 1960, ao ensino das línguas e da dança e à fundação e manutenção de um jardim de infância (o primeiro no concelho).


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No final da década de 1980, a Academia centrou a sua atividade no ensino da música e na produção de concertos. Em 1989, a AME constituiu a Escola Profissional de Música de Espinho, uma das duas únicas escolas com tal estatuto e designação autorizadas no País.


41 Tendo construído novas instalações, que inaugurou em 2006, a AME passou a dispor de uma sala de espetáculos, o Auditório de Espinho/ /Academia, que se impôs já como um espaço de referência cultural para a cidade de Espinho e para a região. Sob a atual direção do Dr. Alexandre Santos, foi agraciada com a Medalha de Ouro da Cidade de Espinho e, pela Presidência da República, com a Ordem de Mérito da Instrução Pública, em razão da relevância do seu papel educativo e cultural. Associação Académica de Espinho É uma coletividade desportiva e cultural fundada em 22 de janeiro de 1938, por um grupo de 25 estudantes. Associação de utilidade pública, a Académica de Espinho aposta numa política de formação que tem por objetivo mobilizar os jovens de Espinho para a promoção, desenvolvimento e prática da atividade física, do desporto, da cultura e do recreio. O seu primeiro recinto desportivo foi o ringue de patinagem, que se situava junto à praia, entre as ruas 2 e 4.


42 Em setembro de 1969, inaugurou a sua «casa de trabalho», o Pavilhão Gimnodesportivo Arquiteto Jerónimo Ferreira Reis. Das suas escolas saíram inúmeros atletas que atingiram a internacionalização, nomeadamente, Víctor Hugo e Vladimiro Brandão, em Hóquei em Patins, Miguel Maia e João Brenha, em Voleibol, Óscar Ribeiro, José Catarino e Hugo Gonçalves, em Hóquei em Campo e de Sala, Sílvia Saiote e Ana Simões, em Trampolins (campeãs do mundo). A atual direção, sob a presidência de José Lacerda, iniciou uma restruturação das várias classes de formação e desenvolveu novos métodos de funcionamento administrativo e financeiro. Padaria Aipal No ano de 1964, um grupo de 14 industriais de panificação do concelho de Espinho associou-se e fundou a empresa Aipal – Agrupamento Industrial de Panificação de Espinho, Lda. Ao longo dos anos, a empresa teve a sua gestão assegurada pelos próprios sócios fundadores e seus descendentes, sendo atualmente gerida por Álvaro Matos Mendes e José Manuel Nunes da Silva. O processo de fabrico de alta qualidade que a empresa apresenta deve-se ao facto de ter chamado a si os melhores profissionais de panificação e pastelaria, e de ter apostado numa ampla modernização tecnológica, aliada a uma equipa jovem e ambiciosa. Fábrica de papel Ponte Redonda Tendo iniciado a sua atividade na primeira metade do século xix, conseguiu, com trabalho árduo, perseverança e profissionalismo uma evolução sustentada que lhe granjeou consideração e respeito no setor papeleiro, tanto ao nível de fornecedores como de clientes. Atualmente, a empresa familiar, sob a gestão de Américo Loureiro e filhos, tem vindo a ser um exemplo de prosperidade e dinamismo, investindo no fabrico de papéis de embalagem até à sua transformação em sacos multi-folhas e em cartão canelado.


43 Solverde A Sociedade de Investimentos Turísticos da Costa Verde SA foi fundada, em 1972, por Manuel de Oliveira Violas.Vocacionada para o turismo, a Solverde detém a concessão do jogo do Casino de Espinho, dos três casinos do Algarve (Vilamoura, Monte Gordo e Praia da Rocha) e do Hotel Casino Chaves, que abriu portas em 2008.

Na indústria hoteleira, o grupo liderado pelos irmãos Manuel e Celeste Violas detém o Hotel Solverde, Spa & Wellness Center, o único cinco estrelas do Grande Porto, junto à orla marítima, na praia da Granja, o Hotel Apartamentos Solverde, em Espinho, e o Hotel Casino de Chaves, unidade de quatro estrelas localizada no interior transmontano. No Algarve, a empresa marca presença na Praia da Rocha com o empreendimento de cinco estrelas Hotel Algarve Casino, o primeiro casino-hotel do País. Ao longo do seu percurso, a Solverde tem contribuído de forma dinâmica para o desenvolvimento da atividade turística, desportiva, social, cultural e artística das regiões onde está implantada. A aposta na cultura tem sido, de resto, uma das grandes bandeiras do grupo e, mais


44 do que espaços quase exclusivamente vocacionados para o jogo, os casinos da Solverde têm desenvolvido essencialmente os setores da animação, do espetáculo, da música e do entretenimento, resultantes da sua forte estratégia de divulgação e de promoção de artistas portugueses e estrangeiros.


Espinho, na palavra poética das crianças…


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Espinho é... … RUAS COM NÚMEROS As ruas têm números, é divertido! Há carros inúmeros que podem ser um perigo. Filipe Soares

Nas ruas 16 e 18 no mercado vou entrar. Nas ruas 19 e 23 sapatos e roupas posso comprar. Sofia Martins


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… MAR Espinho é uma cidade que tem um lindo mar. Aí, em liberdade, todos podemos brincar! Beatriz Lage

A praia de Espinho tem uma bela paisagem. Quando caminho sinto a sua aragem. Rodrigo Silva


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… ARTE XÁVEGA Um barquinho passou na praia de Espinho. Na areia muitos a jogar E no mar outros a mergulhar. Bernardo Silva

Peixe fresquinho do nosso mar que os pescadores foram pescar. O barco traz o peixinho há sempre carapauzinho. André Rocha

O barco entra no mar Para a rede ir lançar. À terra há de trazer sardinha p’ra gente comer. Joana Martins


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… DESPORTO A Nave e a Académica servem para treinar e também para socializar. Nuno António

Jogo futebol na minha cidade, para mim a maior felicidade. Nuno Rafael


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… GASTRONOMIA Numa cidade à beira-mar carapau vou encontrar. Assado na brasa, para saborear. Ana Pinto

O povo come o peixe que o mar generoso lhe dá. É esperar que o tempo deixe, partir e voltar lá. Francisco Loureiro

Numa cidade à beira-mar sardinha fresca vou encontrar. Vou comê-la com batata e broa e azeite a temperar. Beatriz Ribeiro

Temos peixe, caldeirada, tanta coisa para comer. Adoram os adultos e a criançada à mesa conviver. Alexandre Matias

A vareira de Espinho na rua a apregoar A sardinha fresquinha «É do nosso mar!!!» Ana Rita Rocha


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… CINEMA No Multimeios de Espinho é onde me divirto mais. Ir lá ver um filmezinho com os avós ou com os pais. Érica Carmo

É um centro de emoções onde há muita diversão. Seja para ver constelações ou um filme de animação. Francisco Almeida


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… MÚSICA A música é maravilhosa Como eu gosto de ouvir! Ela é tão harmoniosa Que até nos faz sorrir. Em Espinho Posso viver, Na Academia Vou aprender. Afonso Iglésias


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… FEIRA SEMANAL A nossa feira semanal é muito especial. Podemos de tudo comprar e ainda dinheiro poupar. Muitas verduras e frutas à venda, cada feirante na sua tenda. Também há muitos animais que posso ver com os meus pais. Raúl Oliveira

Na Feira dos Peludos vendem-se antiguidades que se podem comprar em grandes quantidades. Rita Melo


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… TURISMO Espinho, cidade costeira, um ponto pequeno no litoral. Espinho tem alma vareira é rainha da Costa Verde de Portugal. A minha pequena cidade é banhada pelo mar. Lá posso saltar, nadar ou mergulhar… Adoro o pregão da peixeira! Em Espinho, vivia a vida inteira!!!... Luísa Amorim

É uma cidade bonita, não vive sem a sua feira. A esplanada é catita, ouve-se o pregão da peixeira. Espinho eu vou visitar, à praia eu vou nadar. O parque da cidade vou conhecer, é onde posso lanchar e correr… Isa Iglésias


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… CULTURA Temos pintura que é uma doçura. Teatro, música, cinema, O que para muitos é um dilema. Tanta coisa boa para escolher, E nos fins de semana tenho com que me entreter… Carolina Fernandes

Espetáculos, animação de ruas são minhas e tuas. Exposições e animações são o que temos para os vossos corações. Daniel Pinho


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… EDUCAÇÃO Na escola de Espinho aprendemos e também brincamos. Estudamos com livros que são muito divertidos. Rúben Li

Matemática, Português na escola n.º 2 vou aprender. Na cidade de Espinho vou conseguir crescer! Miguel Vitó


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… FESTA Nossa Sr.ª da Ajuda, Padroeira de Espinho! Quando o rumo da vida muda… ajudai a encontrar o caminho!!! Carolina Brioso


FICHA TÉCNICA Coordenação geral: Margarete Gomes Coordenação da ilustração: Anita Carapinheiro Trabalho coletivo dos alunos do 1.º Ciclo: Afonso Iglésias Francisco Almeida Alexandre Matias Francisco Loureiro Ana Pinto Isa Iglésias Ana Rita Joana Martins André Rocha Luísa Amorim Beatriz Lage Miguel Vitó Beatriz Ribeiro Nuno Correia Bernardo Silva Nuno Oliveira Carolina Brioso Raul Oliveira Carolina Fernandes Rita Melo Daniel Pinho Rodrigo Silva Érica Carmo Rúben Li Filipe Soares Sofia Martins Edição e revisão: Maria João Carvalho Projeto gráfico e paginação: Ana Reis Colaboração nas curiosidades acerca de Espinho: Azevedo Brandão Artur Faustino Agradecimentos: A todas as instituições que nos receberam e apoiaram.


BIBLIOGRAFIA MIGUEL, Fernanda, O primeiro autarca de Espinho e memórias antigas, Edição da autora, 1889. Roteiro Turístico, Espinho, 1994. GAIO, Carlos, A génese de Espinho, Editora Campos das Letras, 1999. BRANDÃO, Francisco Azevedo, Anais da História de Espinho (2.º volume), Edição da Junta de Freguesia, 1991. Vir a banhos, Câmara Municipal de Espinho, 2007. Webgrafia http://pt.wikipedia.org


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