Flores de todas as cores

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Sala dos Verdes JI Espinho 2

“Flores de todas as cores”

João Maria 13 de Maio de 2014


Flores de todas as cores A Maria adorava a primavera. Assim que terminavam os dias mais frios do inverno e o sol mais quentinho começava a espreitar … sim… naqueles dias em que o sol brilha até à hora de jantar, a Maria saia com os seus pais e o seu irmão para passear no parque. Por vezes até faziam um picnic. Com a ajuda do seu irmão mais novo, colocava o seu lanche favorito na cestinha de palha que lhe fora oferecida pela avó Alice. Pão com queijo e mel, ovo cozido, iogurte e fruta. Adorava todas as frutas porque eram coloridas, perfumadas e saborosas e porque sabia que com suas vitaminas iria crescer saudável e forte.


Flores de todas as cores Quando terminou o seu delicioso lanche, a Maria Juntou, com cuidado, na palma da sua pequena mão, algumas migalhas que foi guardando para oferecer aos passarinhos que se aproximavam envergonhados. Entre “piu pius” e pequenos saltinhos, lá se iam chegando, cada vez mais perto…cada vez mais perto… Pelo seu canto, a Maria adivinhava que sentiam felizes e imaginava que, também eles adorariam a primavera, os dias mais quentes, as crianças do parque e o seu lanche partilhado


Flores de todas as cores

Nestas ocasiões, a mãe da Maria aproveitava para lhe ensinar tudo que sabia sobre as flores. Mostrava-lhe, com admiração, as suas belas cores. -Existem flores de todas as cores, Maria! Também lhas colocava perto do nariz para lhe fazer cócegas e para que Maria pudesse sentir o seu perfume. -Sente o cheirinho desta rosa! Que delícia! Sabias que os perfumes que estão nos frasquinhos e que usamos todos os dias são feitos com o perfume de flores?


Flores de todas as cores A Mãe da Maria dizia-lhe como se chamava cada uma. -Esta é a rosa… aquelas são margaridas. Adorava as margaridas porque também ela tinha o seu nome. Chamava-se Ana Margarida. Aproveitou para explicar à Maria que, por serem tão belas, delicadas, perfumadas e por serem uma criação da natureza, as pessoas gostavam de ter nomes de flores. Continuou apontando para todos os lados, entusiasmada, enquanto Maria observava com toda a sua curiosidade. -Aquelas são dálias, estas são violetas, vês que linda a sua cor!


Flores de todas as cores

Sabias que é na parte amarelinha que existe no meio das flores que as abelhas vão buscar o néctar para fazerem o delicioso mel que acabaste de comer? - Olha Maria, ali estão os amoresperfeitos! São delicadas flores de três cores… Tantos… tantos, tantos nomes…tantas cores, tantas flores, e tantas mais existiam para além das que estavam naquele parque. Nasciam com a luz da primavera, como lhe explicava a sua mãe.


Flores de todas as cores No caminho de volta para casa a Maria estava pensativa. Sabia que ia voltar para a sua casa. Morava no 2º andar de um prédio com muitas casas. Só conseguia ver o sol pela janela, mas não sentia o seu calor na pele, que nesta altura era suave como uma carícia. Também não sentia o vento a fazer-lhe divertidos penteados e a transformar o casaco do seu pequenino irmão em capa de super-herói. Não podia partilhar o lanche com os passarinhos e não tinha outros meninos da sua idade para brincar. Para ter tudo isso de novo, teria que esperar por outro dia em que os seus pais pudessem levá-la novamente ao parque. E quando seria esse dia?


Flores de todas as cores Maria pensou como seria bom ter uma casa com jardim para que tivesse tudo isto, todos os dias. Gostaria que que o seu pai lhe pudesse plantar relva verdinha e todas a flores que vira no parque. Pensava e dizia baixinho…. -Se ao menos eu tivesse flores…. Não importaria o seu nome ou cores… Se ao menos eu tivesse flores…


Flores de todas as cores A mãe explicou-lhe que algumas pessoas têm casa com jardim, mas quase todas vivem em apartamentos, tal como a Maria. Para enfeitarem as suas casas as pessoas podem ter flores colhidas e colocadas em jarras, mas elas acabam por ficar tristes por serem arrancadas da terra, sentem falta dos raios de sol, de brincar com vento, de beber a água da chuva, de ouvir o canto dos pássaros e dos beijos das abelhinhas. Aos poucos começam a ficar secas, estragadas e murchas e acabam por ir parar ao lixo. Ao ouvir as explicações da mãe, a Maria teve uma excelente ideia: -E se fizéssemos flores, se as construíssemos, mamã? Seriam a fingir, inventadas por nós, mas poderiam ser bonitas, de todas as cores! Podemos decorar a casa com elas, para lembrar sempre a primavera e também poderei brincar sem que se estraguem!


Flores de todas as cores Que bela ideia, Maria! Ajuda-me a arrumar o cesto do picnic e já pensamos numa forma de fazer isso! A Maria abriu o seu cesto de picnic para separar o lixo que restava do lanche. As cascas das frutas para um lado, as caixas de plástico dos iogurtes para outro, a caixa de cartão dos ovos para outro… até que, nesse preciso instante pensou: -Mãe, como fizemos tanto lixo só com um pequeno picnic? A Maria tinha aprendido que o lixo destrói a natureza. Por isso fazia a sua separação e ajudava a mãe a coloca-lo no ecoponto. O amarelo era para o plástico, o azul servia para o papel e cartão e o verde para as garrafas. Sabia bem que isso ajudava a cuidar do que ela tanto gostava: A natureza. A Maria nunca se atrevia a deitar lixo no chão, nem a deixar nada sujo no parque. Sabia que era um espaço de todos. Das pessoas, das plantas e dos animais.


Flores de todas as cores

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Enquanto separava o lixo, mais uma vez, a Maria teve uma brilhante ideia e apressou-se revelá-la à sua mãe. De forma muito animada disse: -Vou aproveitar esta caixa de ovos que tenho na mão para fazer as nossas flores. Já não preciso de ir à loja comprar materiais, faço menos lixo e dou uma nova vida a estas caixas… O que achas mamã? Assim, em vez de transformar as flores em lixo, transformo o lixo em flores!!

Fim


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