Informativo Casa Saudável - Ano 1- nº 5

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INFORMATIVO CPCD

Projeto Casa Saudável

ANO 1 . NÚM 05

2015

Onde mora uma vida melhor.

jun | dez

Projeto realizado em Vila Pindaré, Buriticupu - Maranhão, desde agosto de 2013

Editorial Amigos leitores, Compartilhamos as notícias da Vila Pindaré, local onde trabalhamos para proporcionar às famílias melhor qualidade de vida, em casas cada vez mais saudáveis. Ao longo de nossa atuação, aprendemos muitas coisas, inclusive a importância de se ter água de qualidade. Por isso mesmo, concentramos todos os nossos esforços no monitoramento das cisternas. Agora, juntamente com os agentes de saúde, desejamos abranger toda a comunidade e pensamos as melhores maneiras de cuidar dos poços e igarapés.

DESTAQUES Monitoramento das cisternas . pág 2 Compostagem dos tambores . pág 3 Feira de trocas . pág 4 Encontro com as crianças . pág 4 Estiveram conosco . pág 5 Mobilização em 1º Cocal . pág 6 Construção das cisternas . pág 7 Fazedo arte . pág 8 Vozes da comunidade . pág 8

Moradores de 1º Cocal são beneficiados com projeto O final de 2015 fica marcado pela ampliação do Projeto Casa Saudável para a cidade de São Pedro da Água Branca. Mais que expandir as construções e o Projeto Casa Saudável, queremos disseminar o conceito de saúde, água tratada e comunidade solidária. Essa primeira etapa ocorre na comunidade 1º Cocal! Localizada às margens do Rio Tocantins e na divisa de três estados – Tocantins, Pará e Maranhão, a comunidade tem cerca de 126 famílias.

1º Cocal é uma comunidade bem antiga; segundo os moradores, tem 130 anos. É mais velha que Imperatriz, segunda cidade do estado.

Veja mais sobre o projeto Casa Saudável – um projeto de iniciativa da Fundação Vale em parceria com o CPCD – e as ações desenvolvidas em 1º Cocal, na pag. 6

O lançamento do projeto aconteceu em abril, mas somente em setembro iniciamos a mobilização das famílias. Foi prevista a construção de 30 cisternas dependendo da pesquisa sanitária e adaptação das famílias aos critérios e à adesão a moeda ambiental – contrapartida para participar do projeto.

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Pessoas beneficiadas em 1º Cocal

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Cisternas construídas em 1º Cocal

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Pessoas participaram da oficina de cisterneiro em 1º Cocal


NA VILA PINDARÉ

Trabalho em equipe

Monitoramento das cisternas

As visitas ocorrem semanalmente. Durante esses encontros, conversamos e aproveitamos para verificar importantes detalhes de manutenção e cuidado: as telas de proteção e “suspiro” são verificadas e as tampas estragadas são trocadas. Fazemos, juntamente com a comunidade, a manutenção das bombas e dos jardins.

Sabemos que a água potável é fundamental para a vida das comunidades, livrando-as de sérias doenças. Aqui em Vila Pindaré, temos 110 cisternas com capacidade para 16 mil litros. Cada uma delas é monitorada diariamente pelos educadores e as famílias executam os cuidados repassados.

Sempre que o educador visita uma casa, a água do filtro é clorada e a dosagem relembrada com os moradores: duas gotas de hipoclorito de sódio (água sanitária) para cada litro de água. Todo o cuidado é para que a água se mantenha saudável, tornando essa prática uma rotina entre os familiares.

NA COMUNIDADE Monitoramento dos banheiros Reuniões comunitárias Durante esse período, foram realizadas seis reuniões com os representantes das famílias participantes do projeto. Essas reuniões são momentos propícios para uma conversa sobre a importância dos cuidados com as cisternas e com a água consumida; independente de sua origem, a cloração e a fervura foram as principais recomendações feitas às famílias.

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Os cuidados com o banheiro seco compostável são constantes. A pintura com tinta de terra deixa-o mais bonito; em seu interior, foram produzidos porta serragem com caixas de papelão e pazinhas com garrafas de água sanitária. Em cada banheiro, foi colocado um vaso com uma planta ou flores. Todo esse cuidado é para mudar a visão das famílias sobre os resíduos sólidos. Estamos em processo de transição; a mudança acontece. Há banheiros cativantes, mas também há famílias que ainda necessitam de um acompanhamento mais próximo.


Compostagem dos tambores A compostagem da matéria orgânica dos tambores é combinada a partir do monitoramento dos banheiros. Até o momento, foram feitas 15 pilhas de compostagem usando a matéria orgânica dos banheiros. Esses tambores estavam com uma média de oito meses de descanso ao sol. Processo:

Oficina de quintal produtivo As duas oficinas de quintal produtivo foram realizadas nas casas de Maria Luiciene, Antônia Rosa e Cida e 40 pessoas participaram dessas atividades. Foram produzidos composto orgânico, três mandalas, manejo e cultivo de hortaliças e dois espirais de ervas, além de repelente de neem.

• ­É cavado um buraco com o fundo oval, com cerca de 0,60cm de profundidade e 1 metro de diâmetro; • Esse buraco é coberto com matéria orgânica seca e, em seguida, a matéria orgânica do tambor é despejada; • Acrescentamos podas de árvores e frutas podres e, por fim, cobrimos com bastante matéria orgânica seca. Essa pilha fica em descanso por mais três meses. O resultado final é um substrato rico em nutrientes, usado na recuperação de áreas degradadas e produção de mudas. Nunca o composto é usado em hortaliças.

Oficina de faz tudo A segunda oficina ocorreu na casa de Marileide e Luis; 26 pessoas participaram. Essa atividade sempre é realizada na casa de um morador. São discutidas técnicas simples de cuidado com a casa, como reboco com terra crua, pintura com tinta de terra, construção de porta objetos, instalação de janela para ventilação e entrada de luz natural nos cômodos, além de noções sobre instalação elétrica. A oficina Faz Tudo desperta nos moradores o zelo pela casa, tornando-a um lugar agradável para se viver.

Sessão de cinema 132 pessoas participaram das sessões de cinema realizadas nas ruas. A organização do cinema envolve o cuidado com a rua e a mobilização dos moradores para a atividade.

Oficinas comunitárias As oficinas ocorrem semanalmente, com a participação de educadores e comunidade. As oficinas são realizadas para a mobilização local e, a partir delas, podemos discutir com os participantes novas formas de cuidar das casas e dos quintais. Produtos de limpeza e alimentação alternativa são o destaque dos encontros.

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Feira de trocas

Cuidados com as hortas

A partir da feira de trocas, a solidariedade entre os moradores está aumentando. Há situações em que o Pindaré (moeda criada para facilitar a negociação) é dispensado e as pessoas trocam os produtos entre si.

Neste período de verão, a produção dos quintais está abaixo da média, mas, mesmo assim, eles estão produtivos. O que é produzido é consumido pelas famílias; a sobra é dividida entre os vizinhos ou vai para as feiras de trocas.

Foram realizadas duas feiras com a participação de 26 pessoas.

RECEITA - TORTA DE TALOS Ingredientes

Encontro com as crianças As atividades são promovidas com as crianças e as famílias participantes do projeto. São realizadas rodas de histórias e leitura, produção de mudas, visitas monitoradas aos quintais para apresentação das tecnologias e mutirões de cuidado com as ruas.

- 4 ovos - 1 molho generoso de talos e folhas (cenoura, beterraba, couve) - Tomate, cebolinha, coentro a gosto - 1 pitada de pimenta do reino - 1 copo de farinha de trigo - 1 pitada de sal - 1 fio de óleo Modo de fazer Lave os talos em água corrente; pique em pedaços pequenos; corte o tomate, cebolinha e coentro e deixe tudo reservado. Em uma bacia, quebre os ovos e bata por 2 minutos. Em seguida, misture com a farinha de trigo; depois acrescente os talos picados, o tomate, a cebolinha, o coentro e a pitada de sal. Em uma frigideira, coloque o óleo, deixe esquentar. Depois, vire a massa e deixe assar por 5 minutos. Passado este tempo, com auxilio de duas colheres grandes, vire a massa para assar a parte de cima. Espere mais 5 minutos e está pronto! Esta receita rende 8 porções.

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Estiveram conosco Igor Goulart – Fundação Vale – e Fernando Fernandes – RC Vale. Eles visitaram as casas das famílias atendidas e participaram de uma roda de avaliação com os educadores. 26 educadores de Arari participaram das atividades do projeto. Foi uma oportunidade de muito aprendizado e motivação. Houve visitas às casas, oficinas de produtos de limpeza, alimentação alternativa e tratamento de resíduos sólidos.

A professora Cristina Loyolla e 18 alunos do curso de Pós-Gradução da Ceuma visitaram algumas casas na comunidade. Dividida em três grupos, a equipe conheceu os quintais e conversou com moradores e educadores sobre o trabalho. Assim como nas outras visitas, encerramos com uma roda de avaliação do encontro.

Henrique Sánchez Elvira, da organização não governamental social Zink – ESP. Ele conheceu o quintal referência, visitou algumas casas e participou de uma oficina comunitária na Rua Deolindo de Abreu. “É sempre bom conhecer iniciativas como essa, que transformam não só as casas, mas também as pessoas”, comentou Sánchez. Sileide Bonfim, coordenadora da Associação de Mães Educadoras (AME), de Porto Seguro (BA) esteve conosco. Ela participou da roda de educadores e contou um pouco da trajetória de sua instituição.

28 alunos de duas turmas do 5º ano da E. M. Frei Caneca visitaram o Quintal Referência para uma aula sobre as práticas de permacultura, reaproveitamento de águas cinza, cisterna de captação de água e banheiro seco compostável.

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1º COCAL – SÃO PEDRO DA ÁGUA BRANCA Mobilização em 1º Cocal Em Abril ocorreu o lançamento do projeto, mas somente em setembro foi realizada a mobilização das famílias. Na comunidade, há um poço artesiano que distribui água em todas as casas, mas, essa água é muito salobra e não é bem aceita para consumo entre os moradores. Em grande parte das casas, há poços rasos. No verão, alguns deles secam.

Oficina de cisterneiro Entre os dias 05 e 17/10 foi realizada a oficina de cisterneiro, que tem como objetivo capacitar os moradores para a construção das cisternas. Participaram desta oficina 23 pessoas e foram construídas duas cisternas neste período. Ao final da oficina, quatro participantes foram convidados para formar a equipe de cisterneiros. A oficina foi uma boa oportunidade de aprendizado, convivência e discussão sobre saúde e sustentabilidade. A mudança de comportamento dos participantes da oficina foi acontecendo com o passar dos dias.

Próximo aos poços há privadas e fossas. Outra fonte de água dos moradores é o Rio Tocantins; muitos buscam água para beber e o único meio de tratamento que realizam é coar a água com um pano. Agora, com a construção das cisternas para captação de água de chuva, os moradores terão água de qualidade próxima a suas casas, o que facilitará os cuidados e garantirá a saúde de suas famílias.

Termo de compromisso O termo de compromisso é um tratado feito entre o Projeto Casa Saudável e as famílias participantes. Ele serve para oficializar a participação das famílias na construção de uma casa saudável. Mais do que isso, o Termo de Compromisso traz para a roda as Moedas Sociais e Ambientais, que são a forma com que as famílias “pagam” pelas cisternas. Os cuidados com os quintais, cisternas e com as crianças estimulam a solidariedade entre as famílias. Colocando essas ações em prática, todos estarão fazendo circular outros valores na comunidade.

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Construção das cisternas Para a construção das cisternas é fundamental a participação das famílias. Elas devem cavar um buraco no quintal com 0,40cm de profundidade e 4,60 de diâmetro; neste espaço o cisterneiro construirá a cisterna. A família também é responsável por fazer a massa de cimento, que é utilizada na construção das placas, caibros, reboco e acabamentos da cisterna. Por último, a família deve zelar pela higiene da cisterna e quintal, garantindo assim uma água de qualidade. O que é mais relevante são as discussões, as rodas de planejamento e as divisões das atividades. O envolvimento de cada família é diferente, mas todos contribuem da melhor forma que conseguem. No final, é possível notar a satisfação da família em fazer parte do projeto.

Reuniões com famílias As reuniões são feitas para fortalecer a parceria entre o Projeto Casa Saudável e as famílias. São essas parcerias que esclarecem as dúvidas e firmam os compromissos assumidos. “Nesta reunião de hoje estava tudo mudado, aprendemos muita coisa, temos cisternas e a certeza que nossa saúde vai ser melhor daqui para frente. Muita coisa mudou para melhor.” Anivaldo Zeferins Rodrigues, de 57 anos

Montagem das bombas Para que a água se mantenha limpa, é necessário que a cisterna sempre fique tampada. Para fazer a retirada da água de dentro das cisternas é feita uma bomba manual com canos de PVC. Esta bomba foi construída pelas famílias, que aprenderam toda a técnica de funcionamento e, agora, se surgir algum defeito, sabem como consertá-la.

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Fazendo Arte Depois de concluídas, as cisternas são pintadas com tinta de terra. Essa tinta é preparada através de uma mistura de terra, água e um pouco de cola. O que define a cor é a terra; a intensidade da cor é feita pela água - quanto mais água, mais clara a cor. O que fixa a tinta na parede é a cola. A proporção de cola depende da qualidade da terra – terra mais argilosa precisa de pouca cola; já a terra mais arenosa necessita de mais cola. Com as pinturas, foi possível descobrir o gosto de cada morador; a partir da pintura das cisternas, surgiu o interesse em pintar as casas e, consequentemente, cuidar melhor dos quintais e do interior de cada moradia.

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VOZES DA COMUNIDADE

“Gostei muito do que vi nas casas de Vila Pindaré. Deu para perceber que as pessoas fazem o trabalho com amor... Tudo é muito bem organizado. Me senti muito bem acolhido aqui. Quero voltar mais vezes.” Alexandre de Jesus, de 18 anos, Povoado Muquila

“Estou muito feliz por ter tido a oportunidade de visitar a Vila Pindaré. Foi uma experiência muito enriquecedora para mim. Saio daqui com um sentimento de que transformações são possíveis. Me sinto mais motivado para fazer meu trabalho.” Hamilton Sanches, educador

“O que mais aprecio no projeto é que ele incentiva as pessoas a cuidarem da terra, a ter uma alimentação mais saudável, a cuidar da água e a estarem sempre juntas. São coisas simples que nós mesmos podemos fazer em nossas casas.” Maria Aparecida Gomes, de 29 anos, Vila Pindaré

“O projeto ajudou muitas famílias aqui na Vila; não só com as construções, mas com a maneira de cuidar das casas. Os moradores passaram a ser mais cuidadosos com as cozinhas, têm mais plantas nos quintais e os banheiros agora são muito melhores.” Francisca Maria Viana, educadora

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EXPEDIENTE Este informativo contou com a contribuição de Ednalda Aparecida dos Santos, Washington Alves Rodrigues, Gilmar Geraldo Rodrigues dos Santos Rodrigues, Cláudio José do Nascimento, Vânia Lúcia Coutinho, Diana Ribeiro Toledo, Gleidiane Oliveira Santos, Cristiana Andrade, Doralice Barbosa Mota e Simone Cecília Mene-

Leia também Conheça os informativos de outros projetos desenvolvidos pelo CPCD. Acesse o link: http://www.scribd.com/cpcdbh/documents

Os programas Nos Trilhos do Desenvolvimento, Casa Saudável e Núcleo Produtivo da Estação Conhecimento de Arari são iniciativas da Fundação Vale em parceria com o CPCD.

Realização

Coordenação

Parceria

Iniciativa

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