INFORMATIVO CPCD
Projeto Casa Saudável
ANO 3 . NÚM 07
2016
Onde mora uma vida melhor.
jul | out
Projeto realizado em Vila Pindaré, 1º Cocal, Tucumã e Roça Grande
Editorial Amigos leitores, Confiram, neste informativo, algumas histórias de nossos educadores, cisterneiros e famílias, além de ficar por dentro das atividades realizadas nas comunidades, oficinas, pinturas com tinta de terra, encontros comunitários, feiras entre outras. Atualmente, o Projeto Casa Saudável está presente em mais uma comunidade – Agro Planalto, no município de Açailândia. Desejamos que ações inovadoras transformem a realidade dos moradores locais.
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Maranhão
DESTAQUES Chico Lopes. pág 2 Grupos de produção . pág 3 Oficina de cisterneiro . pág 4 Um novo colorido . pág 4 Novos saberes . pág 4 Cisterneiras destacam-se em Tucumã . pág 5 Vozes da comunidade . pág 7 O que vem por aí?. pág 8
Boa leitura!
Feira Solidária mobiliza moradores em Vila Pindaré As feiras de trocas acontecem mensalmente, com a participação das famílias de Vila Pindaré. As mulheres, grande maioria, trazem diversos produtos de suas casas – mamão, macaxeira, fava, cana, abacate, coco, cebolinha, coentro, banana, vinagreira, limão, caju, maracujá, tempero caseiro, sabão, Q’boa, amaciante, abóbora, couve, quiabo, carambola, farinha, acerola, entre outros. É uma verdadeira riqueza de variedades! As feiras transformaram-se em momentos lúdicos, em que a solidariedade é praticada. Os produtos deixam de ter preço e passam a ter valor. “Desde a primeira vez que participei da feira, eu gostei muito! Faz a gente lembrar os tempos antigos, quando trocávamos um copo de açúcar por um
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Cisternas construídas em Vila Pindaré e Cocal
de café. Sabe, quando a gente vai fazer café e vê que não tem pó? Aí, a vizinha socorre a gente. É isso que eu vejo na feira de trocas: percebemos que é importante ajudar sem ganhar dinheiro; fazer o bem sem olhar a quem.” Zilma de Sena Bezerra Cavalcante Moradora da Vila Pindaré
“Não perco nenhuma feira... Gosto muito! É uma maneira de fazer boas trocas. Trouxe um pouco de sabão caseiro e estou levando alface. Sempre reclamamos que não temos muito coisa, que somos pobres... Mas, se parar-mos para pensar, nós somos ricos. Temos muitas coisas em nossas casas que podemos trazer para as feiras.” Zelina da Conceição Lima, de 67 anos Moradora da Vila Pindaré
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Cisternas construídas em Roça Grande
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Cisternas construídas em Tucumã
Vila Pindaré – BURITICUPU Novos ofícios, novas oportunidades Ao optar por capacitar os moradores da comunidade como forma de contribuir para a geração de renda nos locais onde o projeto acontece, sabíamos também da importância de um oficio na vida das pessoas – situação evidenciada a cada nova experiência de expansão do trabalho. Ao longo desses anos, cerca de 42 moradores foram capacitados. Como exemplo, podemos citar Carlos Júnior, Francivaldo Alves, José Horlando, Reinaldo Miranda e Samuel Silva, construtores de Vila Pindaré que contribuíram com as construções das cisternas em Tucumã e Roça Grande. As duas oficinas, realizadas este ano, foram coordenadas por José Horlando (Tucumã) e Reinaldo Miranda (Roça Grande). Ambos apóiam as ações na região e ensinam aos demais o conhecimento e experiência adquiridos durante o tempo que participaram do projeto.
DESTAQUE
Chico Lopes Em 2013, conhecemos o Sr. Francisco Lopes. Ele e seus dois filhos moram na Rua Bom Jesus. É um senhor de idade bem avançada. Sempre foi trabalhador, gosta de cuidar da terra e fazê-la produzir. Todos os dias, enche seu carrinho de mão com produtos de sua horta – tomate, alface, macaxeira, laranja, abóbora, abacate, limão, quiabo cuxá e rúcula – e vende pela comunidade. O Sr. Francisco sempre está na sede do projeto querendo saber das novidades. O seu quintal é muito bem cuidado, utiliza técnicas de permaculutura aprendidas com a equipe de educadores do projeto e preocupa-se com o bem-estar e saúde de sua família!
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Grupos de produção - um jeito novo de aprender “Olha, eu tinha umas toalhas brancas que estavam muito amarelas... Foi só eu colocar a Q’boa e elas ficaram branquinhas! Não existe Q’boa melhor do que essa! Parabéns!!! Foi uma honra ser convidada para o projeto. Adoro realizar as atividades! Reunir as famílias para fazer uma receita é uma ótima oportunidade para conversar sobre situações do dia a dia e como essas situações afetam o nosso relacionamento. Hoje, após três anos do início das atividades, percebemos que o projeto consegue atingir outras pessoas. Elas se sentem atraídas não pelo que, talvez, receberão, mas, pela convivência, pela troca de experiências e descobertas que são feitas. A cada encontro levam um pouco de aprendizagem e deixam o seu conhecimento para nós.
Eu aprendi a fazer Q’boa. Agradeço muito a vocês! Quando forem fazer o sabão em barra, não se esqueçam de me convidar! Também quero aprender! Fico feliz de estar aqui... Antes, eu pensava que só quem tinha cisterna poderia participar. Foram momentos muito agradáveis em minha vida!” Elizaura da Silva Paula, de 25 anos Moradora da Vila Pindaré|MA
As receitas de sabão caseiro são várias! Já escrevemos sobre algumas aqui. Nesses meses, experimentamos uma “nova” receita. A base é a mesma: soda, sobras de óleo e vinagre. Nessa, o que tem de diferente são as folhas de mamão, que ajudam a tirar o “grude” e a sujeira das roupas, fazendo com que o uso da soda seja menor.
Fácil e econômico reaproveita o oléo de cozinha usado
Sustentabilidade Aprenda como preparar sabão caseiro
Ingredientes 1 kg de soda cáustica 1 litro e meio de água (temperatura ambiente) 1 copo (200 ml) de vinagre 5 litros de óleo usado ou sebo 4 folhas de mamão Como fazer Primeiro, bata a folha de mamão em meio litro de água. Aqueça um pouco o restante da água (01 litro) e dissolva a soda; mexa bem até dissolver toda a mistura. Em uma bacia, coloque os 5 litros de óleo; depois, acrescente a soda que foi dissolvida na água. Mexa bem com uma colher de pau. Quando começar a engrossar, esquente um pouco o vinagre, juntamente com o sumo da folha de mamão, e adicione ao sabão. Continue mexendo a mistura até engrossar, por cerca de 30 a 60 minutos, sempre para o mesmo lado. Deixe descansar por duas ou três horas. Desinforme e use após uma semana. Depois desse processo de descanso, o sabão fica mais suave para as mãos.
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Tucumã – ALTO ALEGRE DO PINDARÉ Oficina de cisterneiro
Tanto as famílias que ajudam na construção quanto os cisterneiros demonstram muito empenho e força de vontade. O projeto tem o objetivo de construir, junto com a comunidade, ações de saúde a partir do cuidado com a água, com o solo e a produção de uma alimentação mais saudável e variada com as hotas mandalas.
O Projeto Casa Saudável – onde mora uma vida melhor, ocorre em Tucumã, em uma vila do interior do estado do Maranhão, município de Alto Alegre do Pindaré. A primeira ação realizada foi uma oficina de cisterneiros. A previsão era de construir 40 cisternas para captação de água de chuva este ano. Ao final da oficina 15 pessoas entre mulheres, homens e adolescentes foram convidados para formarem 9 equipes de construtores. As construções andaram em ritmo tão acelerado que no início de novembro serão finalizadas as 47 cisternas.
Oficina de Casa Saudável
Um novo colorido
Desenvolver capacidades locais tanto nas oficinas de cisterna como também na formação de Casa Saudável. Pessoas da comunidade que juntas são os estimuladores de práticas saudáveis, transformando o local onde moram, levando informação e incentivo para o melhor convívio das famílias, melhorando sua qualidade de vida. Daí a necessidade de educadores sociais envolvidos e comprometidos com o os objetivos do projeto atuando diariamente.
A construção das cisternas envolve todas as famílias, mas, certamente, o que mobiliza do “manando ao caducando”, como dizem popularmente, são as pinturas com tinta de terra.
Durante uma semana, 18 pessoas participaram de dinâmicas, brincadeiras e atividades práticas de cuidado com as pessoas, meio ambiente, suas casas e quintais.
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As pinturas trazem colorido para a vida das famílias. A partir delas, as casas ganham novos olhares; cada família se orgulha muito de sua cisterna pintada e até parece que há uma competição! É interessante perceber como os moradores ficam ainda mais entusiasmados quando descobrem que a pintura é feita com terra ou barro.
Cisterneiras destacam-se em Tucumã Eliete e Helena são cisterneiras na comunidade de Tucumã. Juntas, já construíram 12 cisternas. Eliete tem três filhos e Helena quatro filhos e um neto. Além de construírem cisternas, elas realizam seus afazeres domésticos. Durante a oficina de cisterneiros, Eliete e Helena estavam um pouco tímidas, porque havia muitas pessoas, a maioria homens, deixando-as inibidas. A primeira cisterna que fizeram foi a da casa de Eliete. Elas gastaram seis dias de trabalho. Daí por diante, não pararam mais.
Agro Planalto – AÇAILÂNDIA Comunidade adota propostas e almeja mudanças Iniciamos nossas atividades na Comunidade Agro Planalto, que fica às margens da estrada de ferro. A comunidade tem 60 famílias e a maioria dos quintais estão plantados com frutas, feijão, milho, gergelim, mandioca, cana, entre outras coisas. Percebe-se que a comunidade tem vocação para a produção; e isso deve ser muito bem trabalhado! Na apresentação do projeto, conversamos sobre as tecnologias sociais que serão implantadas – 40 cisternas de captação de água de chuva, 40 banheiros seco e 40 hortas. Descobrimos um pouco mais sobre a região, seus quereres e saberes. A comunidade está aberta... Todos estão muito animados com o projeto e ansiosos para iniciar os trabalhos. Desejam aprender com as ações e trocar experiências uns com os outros.
1º Cocal – SÃO PEDRO DA ÁGUA BRANCA Roda com as famílias pontua ações e esclarece dúvidas Roda com as famílias para fazer uma avaliação do uso das cisternas e banheiros, levantando as expectativas para a segunda fase do projeto na comunidade. Agora, as famílias serão acompanhadas por dois educadores locais. As atividades são: visitas para monitoramento das tecnologias, cuidados com as casas e ruas, sessões de cinema, e cuidados com os quintais.
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Roça Grande ALTO ALEGRE DO PINDARÉ Multiplicadores de saberes Após a oficina em Roça Grande, conseguimos uma boa equipe de construtores, responsável por entregar as cisternas às famílias. Dentre eles, destaca-se Luís Antônio, por seu cuidado e a busca pelo acabamento mais fino, deixando as cisternas ainda mais bonitas. A partir das avaliações e conversas, percebemos que Luis se tornará um ótimo multiplicador de conhecimentos na comunidade. Outro integrante que merece atenção especial é o Sr. Antônio Ribeiro, conhecido como Pai Tô. Ele é extremamente dedicado; gosta das coisas corretas e organiza os pedreiros, quando necessário. Além de ser um ótimo construtor de cisternas!
Oficina de cisterneiro A oficina de cisterneiros no povoado Roça Grande teve a participação de 14 pessoas e mais 10 curiosos só conferindo os trabalhos. O mestre da vez foi “Seu Reinaldinho”. Os participantes estavam muito empolgados em aprender as técnicas de construção, grande parte já trabalha como pedreiro na região, e isso facilitou o andamento da oficina. Foram construídas duas cisternas durante a oficina, uma na casa do Sr. Antônio Ribeiro e outra na casa da Sra. Luzia da Conceição. Ao final da oficina quatro cisterneiros foram convidados a fazer parte da equipe do projeto. O nosso desejo para essa turma era que todos fizessem parte do projeto mas, uma firma que estava prestando serviço para uma obra local contratou todos os nossos cisterneiros.
Em Roça Grande, aos poucos, descobrimos pessoas importantes, que contribuem com o projeto, transformando a comunidade e convencendo os moradores a participarem também!
Tinta de terra Na comunidade, as pessoas ficaram encantadas com as possibilidades que a tinta de terra trouxe até elas. Poucos imaginavam que, a partir da terra, seria possível deixar as cisternas e a frente das casas ainda mais bonitas. As educadoras aprenderam a fazer a tinta e andam de olhos abertos à procura de novos tons pela comunidade.
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Reunião com as famílias À medida que as cisternas ficam prontas, os educadores se reúnem com a comunidade para conversar sobre os cuidados com a construção e o seu entorno. Em roda, tiramos as dúvidas e aproveitamos para planejar, juntamente com as famílias, as primeiras limpezas. Dessa forma, os moradores se empoderam das ações, reconhecendo a importância do projeto para a comunidade como um todo.
VOZES DA COMUNIDADE
“Sinto-me feliz em poder contribuir com a comunidade vizinha. Aprendemos e, hoje, estamos tendo a chance de repassar o nosso conhecimento para outras pessoas.” Reinaldo Miranda, cisterneiro Vila Pindaré - Buriticupu|MA
“Quando a cisterna chega à casa das pessoas, a gente mostra pra elas os desenhos. Aí, fazemos do jeito que elas querem, usando as nossas cores. Todas as cisternas estão muito bonitas.” Silvaneide Silva Melo, educadora Roça Grande - Alto Alegre do Pindaré|MA
“Nunca imaginei que a terra dava uma tinta tão bonita! As pessoas, às vezes, não acreditam como fazemos as cores.” Jassiara Melo da Silva – Educadora Social Roça Grande - Alto Alegre do Pindaré|MA
“Aprendemos muito com esses encontros. Lembro que, na primeira feira, 1 kg de farinha custava 30 Pindarés (moeda criada pelo projeto). Foi na época que a farinha estava cara. Com as rodas, os participantes foram compreendendo que aqui não é para ter lucro ‘financeiro’; o lucro que temos é a alegria, o bem-estar... É sair com as amizades mais fortalecidas e praticando a solidariedade, mesmo sem perceber.” Ozenir Soares Vila Pindaré|MA
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O QUE VEM POR AI? Amigos da rua
Grupo de Produção
Data: 9, 16 e 23 de novembro Horário: 8 horas Local: Vila Pindaré - Buriticupu
Data: semanalmente Horário: 16 horas Local: Vila Pindaré - Buriticupu
Pinturas de cisternas Data: semanalmente Local: Roça Grande e Tucumã Alto Alegre do Pindaré
Monitoramento das famílias Data: Diariamente Horário: das 8 às 17 horas Local: Roça Grande e Tucumã Alto Alegre do Pindaré
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Cinema Itinerante Data: 4, 11 e 25 de novembro Horário: 18h30min Local: Vila Pindaré - Buriticupu
Oficina de horta permacultural Data: 21 e 25 de novembro Horário: das 8 às 10 horas | das 16 às 18 horas Local: Roça Grande - Alto Alegre do Pindaré
EXPEDIENTE Este informativo contou com a contribuição de Washington Alves Rodrigues, Diana Ribeiro Toledo, Jorge Luiz Pereira Pinto, Matheus Antúrio, Doralice Barbosa Mota e Simone Cecília Menezes da Mata.
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Os programas Nos Trilhos do Desenvolvimento, Casa Saudável e Centro de Permacultura da Estação Conhecimento de Arari são iniciativas da Fundação Vale em parceria com o CPCD.
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