VANGUARDA BRASILEIRA: O QUE É?
A expressão começou a ser usada na década de 1860, por ocasião do Salon des Refusés (O Salão dos Recusados), onde os artistas excluídos do Salão de Paris estavam expondo. Muitos destes artistas estavam ligados ao movimento realista, a vanguarda estava identificada como um progresso social; o indivíduo ou grupo a ela ligado seria responsável por um movimento de reformas sociais. Com o passar do tempo, o termo passou a ser usado também para referir-se a artistas mais preocupados com a experimentação estética. Sempre se manteve a ideia de um movimento artístico como um movimento político composto por manifestos e militância. O Modernismo brasileiro iniciou-se oficialmente em 1922, com a realização da Semana de Arte Moderna, mas na década de 1910 já vinham ocorrendo manifestações artísticas de um grupo formado entre escritores, eles foram: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Ronald de Carvalho, Manuel Bandeira, Juó Bananére e os pintores Anita Malfatti e Di Cavalcanti.
Mário de Andrade 1904 - Mário de Andrade escreve o primeiro poema intitulado “Por que escrevo?” cantado com palavras inventadas que foi publicado no livro "República das Letras". 1920 - ele começa a fazer parte do grupo modernista de São Paulo. 1922 - Participa da Semana de Arte Moderna em São Paulo, de 13 a 18 de fevereiro, no Teatro Municipal de São Paulo. Faz parte do grupo da revista Klaxon, publicando poemas e críticas de literatura, artes plásticas, música e cinema. Escreve Losango Cáqui, poesia experimental. Inicia a correspondência com Manuel Bandeira, que dura até o final de sua vida. Publica a poesia Paulicéia desvairada. 1923 - Escreve A escrava que não é Isaura, poética modernista. Continua a colaborar na Revista do Brasil (Rio de Janeiro). 1925 - Publica A Escrava que não é Isaura: discurso sobre algumas tendências da poesia modernista. 1926 - escreve Macunaíma. Publica Primeiro andar, contos, e Losango Cáqui poesia. Escreve poemas de Clã do Jaboti. Colabora na Revista de
Antropofagia, na Revista do Brasil e em Terra Roxa e Outras Terras. 1930 - Apoia a Revolução de 30. Defende o Nacionalismo Musical. Publica Modinhas Imperiais, crítica e antologia, e Remate de Males, poesia. 1935 - É nomeado chefe da Divisão de Expansão Cultural e Diretor do Departamento de Cultura. Publica O Aleijadinho e Álvares de Azevedo 1942 - Sócio-fundador da Sociedade dos Escritores Brasileiros. Colabora no Diário de S. Paulo e na Folha de S. Paulo. Publica Pequena História da Música. 1943 - Publica Aspectos da Literatura Brasileira, O Baile das Quatro Artes, crítica, e Os Filhos de Candinha, crônicas. 1945 -Mário de Andrade morreu em São Paulo - SP em 25 de fevereiro de 1945, vitimado por um enfarte do miocárdio.
Oswald de Andrade 1909 - inicia sua vida no jornalismo como redator e crítico teatral do “Diário Popular” 1916 - publica em “A Cigarra” o primeiro capítulo — e, depois,
lança, com Guilherme de Almeida, as peças teatrais “Theatre Brésilien — Mon Coeur Balance” e “Leur Âme”, pela Typographie Asbahr 1917 - conhece Mário de Andrade. Defende a pintora Anita Malfatti das críticas violentas feitas por Monteiro Lobato. Participa do primeiro grupo modernista com Mário de Andrade, Guilherme de Almeida, Ribeiro Couto e Di Cavalcanti. De 1917 a 1922 escreve regularmente no “Jornal do Comércio”. 1921 - publica artigo sobre o poeta Alphonsus de Guimarães, ressaltando a forma de expressão, no seu entender, precursora da linguagem modernista. 1922 - participa da Semana de Arte Moderna no Teatro Municipal de São Paulo. Faz conferência, em 18 de setembro, comemorativa ao centenário da Bandeira Nacional. É um dos participantes do grupo da revista “Klaxon”, onde colabora. 1924 - no dia 18 de março, publica no “Correio da Manhã” o “Manifesto da Poesia Pau Brasil” 1931 - escreve “O mundo político”.Tem um encontro com Luis Carlos Prestes em Montevidéu, que muda o rumo político do escritor Oswald. 1933 - pronuncia conferência “O Vosso Sindicato” no sindicato dos padeiros de São Paulo. Publica “Serafim Ponte Grande”. Patrocina a publicação de “Parque Industrial”, romance de Pagú. 1937 - Escreve “O país da sobremesa”, em é feita uma tentativa de encenação
da peça “O Rei da Vela” pela Companhia de Álvaro Moreyra. 1940 - Escreve “O lar do operário”. Candidata-se à Academia Brasileira de Letras pela segunda vez. 1946 - publica “O Escaravelho de Ouro” (poesia). Em 1954, escreve o ensaio “Do órfico e mais cogitações" e "O primitivo e a antropofagia”. Falece em São Paulo, em 22 de outubro de 1954. Ronald de Carvalho Diplomata e literato brasileiro nascido no Rio de Janeiro, RJ, um dos mais significativos expoentes do modernismo brasileiro. 1912 formou-se em Direito. 1913 -Conciliando a literatura com a diplomacia, seus primeiros poemas denotavam forte cunho simbolista. A estréia em livro ocorreu com Luz gloriosa. 1914 - ingressou diplomática.
na
carreira
1919 - Em sua obra também foram destaques Poemas e sonetos.
1919 - Lançou livro Pequena história da literatura brasileira. 1922 - Participou na Semana de Arte Moderna iniciando sua criação no âmbito do modernismo. 1922 - Lançou livro Epigramas irônicos e sentimentais. 1926 - lançou livro Toda a América. 1923 - Lançou sua obra mais representativa da fase poética, Espelho de Ariel. 1924 - Lançou o livro Estudos brasileiros em três series três séries: 1924-1931
Manuel Bandeira
Escolhidas e Poemas Traduzidos.
Inicia então, em 1922, a se corresponder com Mário de Andrade. Bandeira não participa da Semana de Arte Moderna, realizada em fevereiro em são Paulo, no Teatro Municipal. Na ocasião, porém, Ronald de Carvalho lê o poema "Os Sapos", de "Carnaval". Meses depois Bandeira vai a São Paulo e conhece Paulo Prado, Couto de Barros, Tácito de Almeida, Menotti del Picchia, Luís Aranha, Rubens Borba de Morais, Yan de Almeida Prado.
Ao longo da sua careira traduziu várias peças como:
1924 - publica, às suas expensas, Poesias, que reúne A Cinza das Horas, Carnaval e um novo livro, O Ritmo Dissoluto. Colabora no "Mês Modernista", série de trabalhos de modernistas.
O Advogado do Diabo, de Morris West, Juno and the Paycock, de Sean O'Casey, Macbeth, de Shakespeare, e La Machine Infernale, de Jean Cocteau
Di Cavalcanti 1914 - Seu primeiro trabalho como caricaturista foi para a revista Fon-Fon; 1916 participou do Primeiro Salão de Humoristas;
1936 - comemorações marcam os cinqüenta anos do poeta entre as quais a publicação de Homenagem a Manuel Bandeira, livro com poemas, estudos críticos e comentários, de autoria dos principais escritores brasileiros. Manuel publica o livro Estrela da Manhã. 1948 - são reeditados três de seus livros: Poesias Completas, com acréscimo de Belo Belo; Poesias 1917 - fez a primeira exposição individual para a revista "A Cigarra"; 1919 - fez a ilustração do livro Carnaval de Manuel Bandeira; 1922 - Participou da Semana de Arte Moderna , expondo 11 obras de arte e elaborando a capa do catálogo.
1926 - fez a ilustração da capa do livro O Losango de Cáqui de Mário de Andrade. Neste mesmo ano participa como ilustrador e jornalista do jornal Diário da Noite, 1953 - foi premiado, junto com o pintor Alfredo Volpi, como melhor pintor nacional na segunda Bienal de São Paulo. 1955 - publicou um livro de memórias com o título de Viagem de minha vida; 1958 - pintou a Via-Sacra para a catedral de Brasília, 1971 - ocorreu a retrospectiva da obra de Di Cavalcanti no Museu de Arte Moderna de São Paulo;
1917 - Anita resolveu promover sua segunda exposição, logo após recebeu a crítica de Lobato, causando devolução de algumas obras. 1922 - Participou da semana de arte moderna com 22 trabalhos 1923 - Anita embarcava mais uma vez, em viagem de estudos para a Europa para atualizar seu estilo modernista 1929 - Abria em São Paulo, sua quarta exposição individual que veio a fechar somente em 1932 1932 - Passa a dedicar-se ao ensino escolar
Anita Catarina Malfatti Foi uma pintora, desenhista, gravadora e professora brasileira. Iniciou seus estudos em 1897 no Externato São José de freiras católicas Em 1903 - passa a estudar em escolas protestantes: na Escola Americana e pouco depois no Mackenzie College onde, em 1906, recebe o diploma de normalista. 1914 - teve sua primeira exposição individual 1916 - Anita se encontrava de novo em casa e trazia uma nova forma de pintar que pouco se assemelhava com o que foi apresentado anteriormente por ela Juó Bananère
Era o pseudônimo usado pelo escritor, poeta e engenheiro brasileiro Alexandre Ribeiro Marcondes Machado. 1910 - Como jornalista, passa a escrever artigos para o jornal O Estado de São Paulo 1911 - começa a assinar uma coluna na revista semanal O Pirralho, um periódico literário, político e de humor recém lançado por Oswald de Andrade, passando a usar o pseudônimo Juó Bananère, que era o nome de um personagem criado pelo escritor. 1915 - Produz sua principal obra: o livro La Divina Increnca, paródia da Divina Comédia, de Dante, que foi editado várias vezes. Paródia de Juó Bananère ao poema "Canção do exílio" de Gonçalves Dias. Migna terra tê parmeras, Che ganta inzima o sabiá. As aves che stó aqui, Tambê tuttos sabi gorgeá. A abobora celestia tambê, Che tê lá na mia terra, Tê moltos millió di strella Che non tê na Ingraterra. Os rios lá sô maise grandi Dus rios di tuttas naçó; I os matto si perde di vista, Nu meio da imensidó. Na migna terra tê parmeras Dove ganta a galigna dangola; Na migna terra tê o Vap'relli, Chi só anda di gartolla.
Curiosidades sobre a Semana de Arte Moderna de 1922:
Monteiro Lobato foi opositor dos modernistas:
Era para ser uma semana, mas só durou três dias:
As raízes do Modernismo brasileiro, e da própria Semana, vêm de um acontecimento de cinco anos antes. Em 1917, Anita Malfatti, recémchegada da Europa, montou uma exposição com suas obras em São Paulo, considerada a primeira exposição modernista do Brasil. No dia 20 de dezembro, o escritor Monteiro Lobato publica um artigo no jornal O Estado de S. Paulo que sacudiu a sociedade e a crítica.
Talvez porque a intenção fosse, de fato, experimentar e provocar mudanças, a Semana de Arte Moderna, na verdade, durou apenas três dias, alternados. O evento esteve anunciado e programado para ocorrer entre os dias 11 e 18 de fevereiro, mas o Theatro foi aberto para as exposições nos dias 13, 15 e 17.
O público não gostou: Toda aquela modernidade não agradou o público. As pinturas e esculturas, de formas estranhas, fizeram os visitantes se perguntarem se os quadros estavam pendurados da maneira certa. Os poemas modernistas eram declamados entre vaias e gritos da platéia. Contase, inclusive, que no último dia o músico Heitor Villa-Lobos entrou para sua apresentação calçando sapato em um pé e chinelos no outro, o que foi considerado um desrespeito pelo público presente. Não deu outra: ele foi vaiado furiosamente. Depois, o maestro explicou que fora calçado assim porque estava com um calo no pé.
ferrenho
A Semana foi financiada oligarquia paulista:
pela
Com o artigo de Monteiro Lobato, os autores e artistas modernistas começaram a planejar os próximos passos para a difusão do movimento no cenário brasileiro. Mário de Andrade e Oswald de Andrade, que também eram jornalistas, usavam de seu espaço nos jornais para expor o Modernismo e defendê-lo das críticas. Surgiu, então, a ideia de fazer a Semana de Arte Moderna, no suntuoso Theatro Municipal de São Paulo e no mesmo ano em que a declaração de Independência completaria 100 anos. A data escolhida foi simbólica e representaria a “segunda” independência do Brasil – mas, desta vez, no sentido artístico.
Por algum motivo desconhecido, Anita perdeu seu pincel e não tem mais como pintar. Ela deve ter outros pincéis, mas ESSE é o seu pincel preferido... (por que será?) Olhe a cara dela de preocupada, o que está esperando? Ajude a mulher!