Receitas do Mundo

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A nossa Missão

A AIPA é uma plataforma representativa dos imigrantes residentes na Região Autónoma dos Açores e assumimos como missão contribuir para a integração das comunidades de imigrantes na sociedade açoriana.

O nosso Percurso

A AIPA foi formalmente criada em Março de 2003 na convicção de que os imigrantes podem e devem ser um agente activo na procura e implementação de políticas promotoras de integração. Actualmente, a AIPA é uma associação reconhecida pelo Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultu ral (ACIDI), membro do Conselho Consultivo Regio nal para os Assuntos da Imigração e do Conselho Municipal da Cidadania de Ponta Delgada.

Os nossos Objectivos

• Contribuir para a integração social dos cidadãos imigrantes na sociedade açoriana; • Promover a dignificação e igualdade de oportunidades, direitos e deveres junto da

população imigrante; • Contribuir para a formação de uma opinião pública positiva, face ao fenómeno da imigração; • Combater a xenofobia e todas as discriminações baseadas na nacionalidade, origem étnica, cor ou religião; • Contribuir para o reforço de laços de amizade e solidariedade entre os diversos povos.

As nossas Áreas de actuação

A AIPA tem, fundamentalmente, 4 áreas de actuação: 1- Disponibilização de Serviços de Apoio e Informação aos Imigrantes; - Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes - CLAIM – em Ponta Delgada e na Terceira; - Clube de Emprego, Bolsa de Habitação e Clube de Serviços; - Espaço TIC; 2- Promoção da interculturalidade, combate ao Racismoe sensibilização da população açoriana para o fenómeno da imigração; - Realização de actividades culturais – Festival “O Mundo Aqui”; - Programa de Rádio “O Mundo

Aqui”;- Suplemento no Jornal “Açoriano Oriental” – Rumos Cruzados; - Realização de Seminários, Conferências e Workshops; 3- Pressão, Denúncia e Diálogo com as Autoridades A terceira dimensão de actuação alicerça-se na vigilância permanente dos problemas e transmitilos às autoridades e, por consequência, incentivar à alteração do quadro legal. Esse objectivo tem sido concretizado a partir de um diálogo permanente com os diferentes actores a nível regio nal e nacional. 4- Contribuir para o fortalecimento de cooperação entre os Açores com os países de origem das comunidades de imigrantes. Ponta Delgada

Rua do Mercado, nº 53H | 9500 – 326 Ponta Delgada Tel: 296 288 001/ 296 286 365/ 962 417 240 Fax: 296 281 623 e-mail: claii.aipa@aipa-azores.com Horário de funcionamento: 2ª a 6 ªfeira, das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30

Terceira

Rua Dr. Sousa Júnior, s/n, (antigo edifício escolar da Freguesia Nª Srª Conceição) 9700-070 Angra do Heroísmo) Tel/Fax: 295 213 139/ 927 394 697 e-mail: aipa.terceira@aipa-azores.com Horário de funcionamento: 2ª a 6 ªfeira, das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30


ÍNDICE p1

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p3

leoter viegas

cristina borges

Maria paula santos

Nota de Abertura

Opinião

Gastronomia Angolana

p10

julieta tovela

Gastronomia Moçambicana

p18

Hawi buthi

Gastronomia Etíope

p12

Katy medeiros

Gastronomia Moçambicana

p14

khaleda rubi

Gastronomia Bengalesa

p21

zenaida basas Gastronomia Filipina

p24

filonema diouf correia

Gastronomia Guineense

p28

WongIeokLan Macedo

Gastronomia Macaense

p30

MIROSLAWA KRYCHOWSKA MORAIS

p32

leonardo sanchez

p6

Maria emília de jesus filipe

Gastronomia Angolana

p16

laura leitão

Gastronomia Brasileira

p26

daniela melanchini

Gastronomia Italiana

p34

olena horal

Gastronomia Ucraniana

Gastronomia Venezuelana

Gastronomia Polonesa

p35

oksana zagoruy Gastronomia Ucraniana

viver

receitas do mundo aqui Viver Aqui // receitas do mundo

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vive viver

nota de abertura

aqui

leoter viegas

receitas do mundo

Vice Presidente da Direcção Coordenador dos CLAIM de Ponta Delgada e Angra do Heroísmo

São raras as vezes quando falamos de imigrações e grupos étnicos e não pensamos na comida e o desejo de saborear pratos típicos de determinados países. Se formos analisar as diversas manifestações culturais expressas pelos imigrantes, em festas particulares ou em festivais, a gastronomia desempenha um papel de grande importância e a realidade nos Açores não foge à regra. Desde 2008, a AIPA tem desenvolvido, em Ponta Delgada, o Festival o Mundo Aqui, que já vai na sua 11ª edição e, desde 2013, em Angra do Heroísmo, o Dia do Imigrante e do Diálogo Intercultural. Além destas duas atividades de maior dimensão, outras têm sido realizadas, como o jantar de Natal e “Paladares do Mundo”. Em todas essas atividades, a gastronomia é o denominador comum, onde os imigrantes têm trazido ao público comida típica dos seus países. É com base nessas manifestações culturais, através da participação dos nossos imigrantes, que dedicamos a 4ª edição da revista Viver Aqui a receitas do mundo. Nesta publicação, o leitor tem a possibilidade de conhe2

Viver Aqui // receitas do mundo

cer e aprender a confecionar pratos típicos de Angola, Bangladesh, Brasil, Etiópia, Filipinas, Guiné Bissau, Itália, Macau, Moçambique, Polónia, Ucrânia e Venezuela. Na época difícil em que o mundo vive, devido à pandemia do COVID-19, e no cumprimento das medidas restritivas impostas pelas autoridades de saúde nacional e regional, infelizmente, não permite a AIPA a realizar este ano o festival “O Mundo Aqui”, nem o Dia do Imigrante em Angra do Heroísmo. Neste contexto, aproveitamos a publicação desta revista para deixar uma palavra de conforto a todas e a todos aquelas e aqueles que habitualmente aproveitam essas atividades para saborear comidas típicas de outros países. Uma palavra especial de saudação e de agradecimento à Josefina Cruz pelo empenho e contributo que tem dado às várias publicações da revista Viver Aqui. O agradecimento e saudação é extensível a todos os colaboradores e membros dos Órgãos Sociais da AIPA. Coloque em prática cada uma das receitas aqui selecionadas e saboreie os paladares de outras latitudes. Boa leitura


er aqui opinião

Maria Cristina Borges

presidente aipa

Os três pilares da AIPA Desde a sua criação, em março de 2003, em consequência do aumento da procura dos Açores por parte dos cidadãos estrangeiros, a AIPA estabeleceu três pilares de atuação: Em primeiro lugar, disponibilizar serviços de apoio, informação e encaminhamento aos cidadãos estrangeiros. Neste eixo de ação, foram criados, em parceria com o Alto Comissariado para as Migrações e o Governo dos Açores, os Centros Locais de Apoio à Integração de Migrantes (CLAIM), em Ponta Delgada e em Angra do Heroísmo, em 2003 e 2008, respetivamente. Nos dois centros, os cidadãos estrangeiros têm, de forma gratuita, todo o tipo de informações e apoios relacionados com o processo de regularização em Portugal, acesso aos cuidados de saúde e educação, procura de emprego e habitação, aquisição de nacionalidade portuguesa, entre outros. Em segundo, ao longo dos anos, a associação tem vindo a promover ações de sensibilização para as questões das

migrações, onde se pretende sensibilizar a sociedade para a importância da diversidade cultural, o contributo dos imigrantes para as contas públicas e a sustentabilidade demográfica, a não discriminação e racismo. Por outro lado, desenvolvemos iniciativas de promoção de interculturalidade. Este eixo de ação tem por objetivo a criação de espaços de interação positiva entre cidadãos migrantes e autóctones. Entre as ações, destacamos o projeto “Tu Existes, Tu contas”, dinamizado por mulheres imigrantes e autóctones, o Festival “O Mundo Aqui”, “Paladares do Mundo” e Dia do Imigrante, onde o denominador comum é a gastronomia. A revista “Viver Aqui – Receitas do Mundo”, ora publicada, visa, por um lado, materializar o segundo pilar da atuação da AIPA e, por outro lado, apresentar ao público receitas de vários países, onde o leitor poderá fazer viagens gastronómicas pela África, Europa, América e Ásia. Viver Aqui // receitas do mundo

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gastronomia

angolana

Em Angola, a culinária é muito influenciada pela cozinha Portuguesa, pelos métodos culinários de Moçambique e, recentemente, pelos brasileiros. A simplicidade é a principal característica, onde abundam os ingredientes frescos e de sabores contrastantes, que se fundem em pratos onde sobressai aquilo a que poderíamos chamar os “sabores da terra”. Falar da gastronomia angolana é associar a pratos como o calulu, a muamba ou o funge.

maria paula santos Naturalidade: angola prato favorito: Dos açores é o polvo assado

Maria Paula Santos nasceu em Angola no ano de 1959. Tal como muitos angolanos, a guerra separou-a da família e trouxe-a para os Açores em 1975.Ainda em Angola, depois de cedo perder os pais, foi adotada por um casal açoriano, natural de São Jorge, e desde então iniciou a sua relação com a cozinha. “Comecei a cozinhar muito cedo, deveria ter uns 11 anos. A senhora que me adotou teve que sair e como eu era a mais velha na altura é que tive de me agarrar às panelas”, lembra. Hoje, a cozinha é a sua terapia e o seu lugar favorito da casa. “Gosto muito de 4

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cozinhar. Não é só gostar. Tenho mesmo prazer em cozinhar”, destaca. Na ilha de São Miguel, Maria Paula já trabalhou em diversos restaurantes como ajudante de cozinha e como cozinheira. “Gosto de cozinhar todo o tipo de comida e, por isso, gostava de aprender a cozinhar pratos diferentes, com receitas estrangeiras”, remata. Da gastronomia açoriana, conta que o primeiro contato não foi fácil. “Não gostava das comidas, nem do cheiro. Nada me sabia bem”, diz. Com o tempo foi-se adaptando e hoje cozinha qualquer receita típica dos Açores.

Sobre os costumes culinários de Angola, explica que “o rico tem sempre a tendência de fazer receitas com mais condimentos. Já o pobre faz com aquilo que tem, com aquilo que a terra lhe dá. O rico vai mais para o efeito do prato, o pobre quer ter o que comer”. Para a publicação Receitas do Mundo, Paula ensina como se faz o peixe seco com muamba de amendoim à moda de Angola. “Escolho esta receita porque acho que aqui ainda não se falou nela. De vez em quando lembro-me deste prato da terra e, para matar as saudades, cozinhoo para algumas pessoas amigas”, termina.


Receitas

Peixe seco/fresco com muamba de amendoim Ingredientes: 1,5 kg de peixe seco ou fresco 500 g de amendoim torrado e descascado 1 cebola grande Alho a gosto 1 malagueta verde 1 ou 1,5 litros de água Quiabos ou espinafres a gosto Sal a gosto Preparação: Descasque a cebola e corte-a em quatro pedaços. Junte a cebola com o alho, a malagueta e o amendoim torrado e descascado. Em Angola, estes ingredientes eram moídos no pilão. Aqui, podemos triturá-los na picadora. Triture até que os mesmos fiquem com uma consistência de pasta. Numa panela, ponha a ferver a água e nesta desfaça a pasta de amendoim. Deixe-a ferver durante meia hora. Em seguida, acrescente o peixe às postas e deixe cozer. Junte ao caldo quiabos ou espinafres a seu gosto e tempere com sal (tendo a atenção para o caso do amendoim ser salgado). Depois de tudo cozido, está pronto a servir. Acompanhe com funge.

funge Ingredientes: 250 g de fuba de mandioca ou fuba de milho ¾ de l de água Preparação: Dilua 2 colheres de sopa da fuba em uma xícara da água fria e ponha ao lume a restante água. Quando esta ferver, acrescente a fuba diluída e mexa sempre para não encaroçar. Adicione também a restante fubá aos poucos, mexendo sempre e deixe cozer até engrossar. O resultado final do funge deve ser consistente, como uma espécie de puré. O funge é o acompanhamento ideal para vários pratos angolanos, principalmente aqueles que são confeccionados com óleo de palma.

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maria emília de jesus filipe Naturalidade: angola prato favorito: moamba de galinha

A cozinha é a parte da casa que mais aprecia e onde adora passar muitas horas do seu dia. Diz que cozinhar está no seu ADN. Aprendeu-o, em miúda, com a sua mãe e desde então dedica-se a esta arte. Maria Emília Filipe veio de Angola para os Açores no ano de 1975. A adaptação não foi fácil, mas conta que com o tempo foi conhecendo “pessoas extraordinárias” e que acabou por se tornar “numa filha dos Açores, em particular da Terceira”. “Vivi 15 anos consecutivos na ilha que adoro, embora nos últimos tempos, devido à minha profissão, tenho alguns períodos de ausência”, explica. Dedica muito do seu tempo à cozinha, através do projeto de catering “Sabores da Emília”, dos concursos e programaras televisivos de culinária, bem como da sua participação em feiras gastronómicas e de degustação. 6

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“Não sou cozinheira profissional. Faço-o por gostar tanto de cozinhar. Tudo começou em miúda quando aprendi o básico com a minha mãe”, conta. Maria Emília concorre, desde 2012, em programas televisivos de culinária e no concurso “A Mesa dos Portugueses”, onde já tem algumas receitas editadas. Também faz algumas apresentações com degustação em restaurantes de Lisboa e na ilha Terceira pelas Sanjoaninas ou nas comemorações do Dia do Imigrante, na Praça Velha, marca presença com uma barraquinha, onde confeciona pratos típicos de países, como Angola. “Como cozinhar para mim é um prazer, só faço quando me dá prazer, em locais que me dão prazer e para pessoas que me dão prazer em degustar o que faço com muito prazer. É só isso!”, destaca. Habituada em Angola a uma gastronomia rica e diversificada, Emília refere

que aprendeu a gostar da culinária açoriana. Tanto se afeiçoou que hoje já não passa sem ela e no concurso “A Mesa dos Portugueses” participa sempre com receitas dos Açores, como a alcatra, o polvo com vinho de cheiro, a sopa de caranguejo, a sopa de funcho, bolos de panela, arroz malandrinho de lapas e filhós de forno. Mas, para esta publicação, pedimoslhe que recordasse os cheiros e os sabores dos pratos angolanos e que nos ensinasse a confecioná-los. Moamba de galinha ou frango com funge e quiabos estufados são as receitas que selecionou. “Não podendo escolher todos, menciono apenas estes dois pratos por serem os que mais como e aprecio”, explica. Espalhe na sua cozinha os cheiros da culinária africana, junte a sua família e delicie-se.


Receitas

Moamba de Frango do Campo com Funge

Ingredientes para a Moamba: 1 frango do campo 1 beringela grande 1 cebola grande 2 dentes de alho 1 tomate maduro médio 2 malaguetas 200 ml de Polpa de Dendém 200 gr de quiabos Sal q.b. Água q.b.

Ingredientes para o Funge: 250 gr de farinha de mandioca 500 ml de água Sal q.b.

Modo de confeção - moamba: Num tacho colocar o frango em pedaços, a beringela em cubos, a cebola picada, os alhos e o tomate. Acrescentar um pouco de água. Quando levantar fervura, juntar a Moamba, as malaguetas e o sal. Quando o frango estiver quase cozido, acrescentar os quiabos inteiros ou cortados. Modo de confeção - funge: Ferver metade da água com sal. Misturar o resto da água com a farinha e acrescentar na água a ferver. Mexer bem para evitar grumos.

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Quiabos Estufados Ingredientes: 500 gr de quiabos 1 cebola grande 1 tomate grande 2 colheres de sopa de óleo de palma 1 chávena de água 1 folha de louro 1 malagueta Modo de confeção: Refogar o óleo com a cebola. Juntar o tomate e levantar fervura. crescentar os quiabos, a água e a malagueta. Deixar cozinhar durante 5/7 minutos. Apurar e servir com funge.

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Viver Aqui // receitas do mundo

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gastronomia

Moçambicana

A culinária de Moçambique resulta numa mistura de sabores africanos, orientais e europeus. O peixe e o marisco, como lagosta, camarão, mexilhão, ocupam um lugar de destaque na gastronomia. Também, os temperos tradicionais da comida indiana fazem as delícias de muitos paladares.

julieta tovela Naturalidade: moçambique prato favorito: mandioca e galinha cafrial

Julieta Tovela saiu de Moçambique em 1975, por causa da instabilidade política que se deu no país após a independência. Partiu com o marido e filhas para Portugal e depois de um ano a viver em Lisboa, decidiram tentar a vida nos Açores, do qual “nunca tinha ouvido falar”. Não sentiu dificuldades de adaptação. Conta que teve a ajuda de muitas pessoas, porque nunca escondeu os seus problemas. Lutou muito para ultrapassar os seus obstáculos, porém reconhece que “sem a ajuda não tinha chegado onde chegou”. Nos Açores, foi difícil manter os hábitos culturais de Moçambique e é da “comida da terra, como a mandioca e a farinha de milho” que sente mais saudades. Explica que na cozinha consegue amenizar esta nostalgia, confecionando alguma comida típica. Aliás, para Julieta,” esta é uma terapia”. “Depois de trabalhar, chego a casa e tenho de estar na cozinha durante uma hora ou duas”, acrescenta. 10

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Ainda se recorda de em criança espreitar a mãe a cozinhar e aos 12 anos de já pôr as mãos na massa. “Em África, uma rapariga já sendo mulher tem de saber cozinhar”, diz. Questionada sobre a gastronomia de Moçambique, afirma que “é feita à base de legumes. “Usamos mais leguminosas como a batata doce. Aproveitamos as folhas da batata e também o tubérculo da mandioca que servem para acompanhar tudo”, explica. A Carne só se via uma ou duas vezes por ano. Já o peixe e o marisco, esses, nunca faltaram lá. “Mas, no meu caso, como nasci numa zona onde não havia mar tínhamos pouco peixe. Só mais tarde é que fui viver para perto de mar e aí já tínhamos peixes, amêijoas, camarão, lagostim”, recorda. Julieta conta que os mariscos eram vendidos na praça. Preparavam-se de madrugada e de manhã, já confeciona-

dos, eram servidos na rua “como um pequeno almoço”. Nos Açores, teve que se habituar à gastronomia que estranhou pelo tempero salgado das receitas, originado pelo uso tradicional da “pimenta da terra”. Hoje já se adaptou, cozinha as receitas típicas e não tem receio de utilizar a pimenta micaelense. “Aqui, já faço matanças de porco e até mato galinhas como matam aqui”, refere. Desafiada a partilhar com os leitores pratos de Moçambique, Julieta deixa-nos as receitas de frango com leite de coco e caril e camarão frito. “Escolhi essas receitas porque são os pratos que toda agente gosta, sempre que os cozinho”, diz. Também porque são receitas fáceis de fazer e com produtos de fácil acesso. A nossa convidada deixa ainda uma dica: o camarão até pode ser acompanhado com mandioca cozida. Deliciem-se!


Receitas

As suas receitas foram adaptadas ao que há na ilha e à facilidade de confeção. Em moçambique as especiarias eram compradas avulso aos indianos.

frango de caril e leite de coco Ingredientes: 1 frango 1 lata de leite de coco 1 copo de vinho branco 2 tomates grandes 1 cebola grande 3 dentes de alho 1 colher de café de caril Pimenta moída de 5 bagas a gosto 1 folha de louro Azeite q.b Sal a gosto preparação: Limpe o frango e corte-o aos pedaços. Tempere-o com alho pilado (moído) em sal e piripiri, acrescente um copo vinho branco e deixe-o marinar por uma hora. Pique a cebola e refogue-a em azeite, acrescente o tomate picado, a pimenta, o frango escorrido da marinada, o caril e o louro. Deixe apurar e quando o frango estiver quase cozido, acrescente o leite de coco e deixe ferver por 5 ou 10 minutos. Pode acompanhar com arroz branco.

Camarão frito com mandioca

Ingredientes: 1 kg de camarão grande de Moçambique Pimentão doce em pó 1 copo de vinho tinto Azeite 1 cabeça de alho Piripiri Pimenta preta Pimenta branca Sal q.b preparação: Comece por limpar os camarões, corte as costas com uma tesoura e tire a tripa. Tempere os ingredientes: alho picado, piripiri, as pimentas, o pimentão doce, vinho e sal. Deixe temperar por uma hora. Frite o camarão no azeite em lume médio por uns 4 ou 5 minutos. Acompanhe com mandioca cozida.

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Katy medeiros Naturalidade: moçambique prato favorito: caril de galinha

Katy também partiu de Moçambique no período pós-independência, em 1977, à procura de um futuro melhor para os seus filhos. Veio para os Açores, ilha de São Miguel, terra onde nasceu o marido. Para ela, a integração foi difícil. “Viemos sem nada e tivemos de começar do zero. Na altura, as pessoas eram mais fechadas, a vida era mais difícil e não havia as possibilidades que há hoje”, recorda. A luta foi dura. Conta que o marido trabalhava dia e noite, mas o dinheiro não chegava para fazer face às despesas e “muitas vezes já não havia para se comer”. “Mas, tive vizinhas boas que me ajudaram. Uma trazia isso, outra trazia aquilo e iam-me ajudando”. “Foi muito difícil. Lutei muito mesmo, fiz coisas que na minha terra nunca fiz”, destaca. Com o tempo, a vida equilibrou-se. O marido, mecânico, montou o seu próprio

Receitas

matapa Ingredientes: 400 g de folhas de couve 250 g de amendoim Cebola q.b Alho q.b 1 lata pequena de tomate pelado Metade de uma lata de leite de coco Sal e piripiri a gosto 12

Viver Aqui // receitas do mundo

negócio e Katy conseguiu trabalho como cozinheira na Escola Básica de Lagoa. Já se passaram mais de 30 anos. Falar na sua profissão é viajar no tempo até Moçambique e recordar-se da sua avó. “Ela era a cozinheira principal da ilha. Quando havia festas na terra, era convidada para fazer as comidas”, conta. Graças à avó, Katy Medeiros aos 10 anos “já fazia uma vida de cozinha”. “Eu ia sempre com ela para ver como ela fazia as coisas e deixava-me fazer também. Eu gostava. Por isso, foi a profissão que escolhi”, relata. Cozinhar é o passatempo favorito e a cozinha o espaço predileto da casa. “Adoro o que faço. Mesmo quando estou em casa no fim de semana eu não saio da cozinha”, frisa. Nasceu e foi criada na ilha do Ibo, norte de Moçambique, uma terra rica em marisco. “O camarão e o peixe são ba-

ratos e as pessoas vivem daquilo. Tiram marisco e vendem”, explica. Por isso, refere que quase toda a gastronomia moçambicana tem por base estes produtos do mar. Na sua terra, a receita que mais se destaca é o “Tocossado” (caril de peixe ou de carne). Sobre a gastronomia açoriana, Katy diz que aprecia e já cozinha muitos pratos de cá. Apesar de não comer carne de porco, por ter sido criada com a religião muçulmana, é capaz de a confecionar com as receitas típicas dos Açores. Para a publicação que se apresenta, dá a conhecer três pratos moçambicanos de que gosta muito. Caldeirada de peixe ou frango com batata doce, caril de caranguejo e o tradicional Matapa.Katy adaptou estas receitas para produtos de fácil acesso nos Açores. A mandioca substituiu-a por batata doce e no Matapa, em alternativa, prescreveu as folhas de couve.


preparação: Corta-se as couves muito fininhas, põe a cozer em água e, depois de cozidas, escorre-se a água. Refogue uma cebola, dois dentes de alho e o tomate cortado “muito miudinho”. Quando estiver bem refogado, mistura-se o leite de coco e o leite de amendoim. Para a preparação do leite de amendoim, pica-se o amendoim até ficar desfeito, põe-se numa tigela com dois copos de água quente, mistura-se bem e côa-se na rede para que fique só o leite. Tudo é misturado na panela das couves e deixe apurar. Não se esqueça do camarão ou caranguejo, conforme o bolso de cada um.

Caldeirada de peixe ou frango com batata doce Ingredientes: 8 pedaços de peixe frito ou 1 frango partido aos bocados 1,5 de batata doce 1 cebola grande 6 piripiris picantes 10 tomates frescos pequenos 1 coco grande ou 1 lata de coco Açafrão q.b Sal a gosto

preparação: Descasque a batata doce e corte-a em tiras. Numa panela, arrume a batata, a cebola, o tomate cortado sem pele e sementes, manga seca (se não tiver pode pôr limão) e o piripiri. Acrescenta-se a lata de leite de coco, mais duas latas de água quente até cobrir a batata e tempere com sal a gosto e uma colher de sopa de açafrão. Por cima, disponha o frango ou o peixe frito e deixe ferver até a batata ficar cozida.

quiabos com camarão Ingredientes: ½ kg de quiabos ½ de camarão 2 cebolas ½ chávena de tomate 1 coco Gengibre, alho e sal a gosto

preparação: Limpam-se os quiabos, cortam-se as pontas, deita-se sal e uma pitada de vinagre. De seguida, frite-os com óleo quente, muito ligeiramente. Faça um refogado de cebola e tomate, depois de apurado, misture o gengibre, o alho esmagado e o sal. Por fim, acrescenta-se o leite de coco e depois de bem fervido junte o camarão bem limpo e os quiabos. Deixe apurar. Pode acompanhar com arroz branco.

caril de caranqueijo Ingredientes: 2 kg caranguejo 4 tomates médios pelados sem sementes 2 cebolas médias picadas 4 dentes de alho 2 folhas de louro 6 cravinhos

3 colheres de sopa de óleo 1 coco ralado (para fazer leite de coco) ou 1 lata de leite de coco 1 colher de sopa de tamarindo esmagado com água quente e coado na rede 2 colheres de sopa de caril Sal a gosto

preparação: Lava-se, limpa-se e parte-se o caranguejo numa panela, junta-se o tomate, a cebola, o alho, louro, cravinho e óleo. Põe-se tudo a refogar, juntando aos poucos água quente. Depois de cozido, junta-se o caril, o leite de coco aos poucos e de seguida deite o caranguejo. Deixe cozer em lume brando, juntando sempre o leite de coco até o molho ficar grosso e bem apurado. Pode acompanhar com puré de farinha de milho ou arroz de coco. Viver Aqui // receitas do mundo

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gastronomia

bengalesa

A culinária de Bangladesh é influenciada pelas gastronomias indiana e chinesa, tendo como ingredientes básicos o arroz, caril e legumes, dal (leguminosas sem pele), leite de coco refinado e o peixe de rio. As carnes mais usadas são as de carne de carneiro e frango. Os pratos são geralmente muito condimentados e acompanhados por um molho picante de mostarda e óleo. Por exemplo, ovos e legumes cozidos com um molho picante, servido com lentilhas amarelas ou dals e muito arroz branco.

Khaleda Rubi Naturalidade: Bangladesh prato favorito: Biryani Cozinhar faz parte do seu quotidiano, como doméstica. Fá-lo diariamente e com muito prazer, porque adora cozinhar e testar novas receitas. Khaleda Rubi, de 43 anos, veio de Bangladesh. Desde 2009, vive com os dois filhos na ilha de São Miguel. As diferenças culturais são muitas, mas já se adaptou e até há pratos açorianos que entram na ementa familiar da sua casa. Sobre o processo de integração, conta que a língua foi o principal obstáculo. “Mas, todos os dias tento aprender novas palavras, lendo livros e escrevendo em

Receitas

Biryani Ingredientes: 500 gramas de arroz grão longo (basmati); 5 colheres (sopa) de óleo vegetal ou ghee (manteiga clarificada); 1 kg de frango; 3 cebola médias picadas; 1 pedaço de 3,5 cm de gengibre 14

Viver Aqui // receitas do mundo

português, para melhorar a língua e assim facilitar a comunicação”, acrescenta. Ainda assim, adaptou-se bem à ilha e explica que a simpatia e a tolerância das pessoas foram fatores fundamentais nesse processo. Hoje, adora viver nos Açores, pela tranquilidade que transmite e pelas amizades que construiu ao longo do tempo. Falar sobre cozinha com a Khaleda é falar da sua rotina diária. Dedica os seus dias a “cozinhar para os filhos,a ir às compras, tratar das tarefas da casa e a cumprir as suas orações”. “Adoro cozinhar! Adoro aprender receitas novas e melhorar os pratos que já fiz. Para mim cozinhar é como um hobby, apesar de ser uma obrigação”, esclarece. Pedimos-lhe que nos falasse sobre a gastronomia bengalesa e explicou-nos que no Bangladesh a agricultura e a pes-

ca são favorecidas pelo clima tropical húmido, causado pelos imensos rios que atravessam o país. “Portanto, no dia-a-dia as pessoas consomem peixe, legumes e arroz. É também consumido carnes, mas com menos frequência”, refere. Da culinária açoriana, conhece e adora algumas receitas. Não pode experimentar todas, sobretudo as que contêm carne de porco, por questões religiosas. Um dos pratos típicos dos Açores que cozinha para a família são os chicharros fritos com molho vilão. Para esta publicação, Khaleda partilha duas receitas típicas do Bangladesh, biryani e kebab. O primeiro escolheu-o porque é um dos seus pratos favoritos. Já o kebab porque é de fácil confeção e é versátil. “São ótimos para entrada como para prato principal, acompanhado com arroz”.

É um prato típico do Bangladesh, Índia e Paquistão, constituído por arroz basmati, carne e especiarias.

fresco descascado e ralado; 4 dentes de alho ralados; 1 colheres (sopa) de caril em pó; 1 colheres (sopa) de cominho; 1 colher (chá) piri-piri em pó; (a gosto) 1 colher (chá) pimenta preta em pó.

sal a gosto; 1 pau de canela; 2 folhas de louro; 150 g de iogurte natural e mais um pouco para servir 600 ml de água quente.


preparação: Numa panela, refogar a cebola picada, e depois o gengibre e o alho. Quando mudar de cor, adicionar o caril em pó, cominho, piri-piri em pó, pimenta preta em pó, as folhas de louro, o pau de canela e sal a gosto, e mexer. Depois adicionar a carne, mexer e tapar, deixando cozer 30 minutos, em lume alto. E de tempo em tempo ir mexer, quando a água que libertou da carne secar, adicionar iogurte e misturar. Deixar cozer por mais 5 minutos. Juntar o arroz, e mexer por 3 minutos. Adicionar 600 ml de água e deixar cozer em lume alto por 10 minutos. Quando o arroz estiver “meio cozido”, mexer bem e deixar em lume brando por mais 10 minutos. Depois servir com salada ou iogurte natural.

Kebab indiano Ingredientes: 500 gr de carne de vaca moída; 2 cebolas média picadas; 4 dentes de alho ralado; 3 cm de gengibre fresco ralado; meia colher (sopa) de cominho em pó; 1 colher (chá) piri-piri em pó; 1 colher(chá) pimenta preta em pó; 1 ramo coentros picado; 1 ovo; 3 colheres (sopa) pão ralado; 1 colher (sopa) sal Óleo para fritar.

preparação: Num alguidar, juntar a carne moída com todos os ingredientes presentes na lista. Depois, tirar pequenas quantidades da carne e por em formato de almondegas ou como desejar. De seguida fritar em óleo quente. No fim servir com salada e arroz.

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QUE SERVIÇOS: Internet gratuita Formação em Tecnologias de Comunicação e Informação Utilização de Chats Estamos na Rua do Mercado, 53H 9500-043 Ponta Delgada Tel.: 296 286 365 Fax: 296 281 623

De Seg. a Sexta feira das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30

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gastronomia

brasileira

A culinária do Brasil é fruto de uma mistura de ingredientes europeus, indígenas e africanos. Os pratos tradicionais variam de Estado para Estado, sendo a culinária adaptada à geografia e ao clima de cada região. Devido a esta variedade enorme de ingredientes e sabores, é muito difícil estabelecer um prato típico brasileiro. Ainda assim, a unanimidade nacional vai para o arroz e o feijão. A mistura destes dois ingredientes é muito comum na mesa brasileira, mas não é suficiente para resumir a complexidade e a riqueza da gastronomia do Brasil.

laura leitão Naturalidade: são paulo, brasil

Laura partiu do Brasil por amor. Em 2016, chegou à ilha de São Miguel com o seu esposo, português. A intenção era regressar, mas já se passaram 4 anos. “O meu esposo já tinha estado no Brasil por duas vezes, mas não se adaptou. Quando cheguei, vim com a intenção de ficar por 3 meses para convencê-lo a regressar comigo”, conta. Quando aterrou no Aeroporto João Paulo II e desceu do avião, sentiu-se “muito bem recebida e abraçada pelo cheiro a maresia”. Porém a adaptação não foi fácil. “No começo, foi muito difícil porque a minha realidade no Brasil é muito diferente da que eu vivo hoje. En16

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tão tive aquele choque cultural. Ainda estou me adaptando e aprendendo a viver, porque a vida é uma aprendizagem”, diz. Nos momentos tristes, quando a saudade aperta, a cozinha é a sua “válvula de escape”. “Se eu for para o fogão passa tudo e fico o dia todo a cozinhar”, explica. Ainda em criança aprendeu a cozinhar com a sua mãe. Conta-nos que cozinhou o seu primeiro feijão aos 7 anos, sem autorização da progenitora. A partir daí, “apaixonou-se” pela cozinha e a experiência nesta área “já vai para 30 anos”. Questionada sobre a gastronomia brasileira, responde que é a culinária portuguesa que foi adaptada. “O brasileiro

gosta de mais tempero e variedade. Sem contar que o Brasil é um mundo, tem todas as etnias num só país”, acrescenta. Sobre a cozinha açoriana, diz que ainda não se sente apta para cozinhar as receitas dos Açores. “Ainda não conquistei essa habilidade. Sempre que alguém me pede para cozinhar em alguma ocasião, é sempre comida brasileira que eu faço”, refere. Laura Leitão partilha connosco três receitas do seu Brasil, o gostoso Pé de Moleque, a Cocada e a rica Feijoada Brasileira. “Escolhi essas receitas de forma aleatória. Para cozinheira, não há prato favorito”, termina.


Receitas

Pé de moleque

Ingredientes: 500 grs de amendoim torrados 250 ml de açúcar 1 lata de leite condensado 1 colher de manteiga 3 colheres de achocolatado

preparação: Coloque o amendoim e o açúcar numa panela. De seguida, leve ao lume baixo. Assim que o açúcar começar a caramelizar, junte o leite condensado, a manteiga e o achocolatado. Mexa sempre até solta o fundo da panela. Numa forma untada com manteiga, despeje o pé de moleque e espalhe ainda quente. Deixe amornar e corte aos bocados.

cocada fácil Ingredientes: 1 lata de leite condensado 2 Cocos ralados (+/ - 300gr)

preparação: Numa panela, junte os 2 ingredientes. Misture até ficar uniforme. Com a forma untada com manteiga, faz-se as cocadas com 2 colheres. No fim, vai ao forno pré aquecido a 200graus e deixe assar por 20 minutos.

Feijoada brasileira Ingredientes: 2 pés de porco 2 orelhas de porco 500 grs de entremeadas 500 grs de entrecosto 3 chouriço de moro 3 chouriço de carne

300 grs de bacon 1 quilo de feijão preto 2 cebolas grandes 1 cabeça de alho Louro a gosto Sumo de 2 laranjas Piri piri a gosto

preparação: “Desalgar” as carnes de um dia para outro e demolhar o feijão por 4 horas Já com as carnes tiradas do sal, deve-se ferventar as carnes numa panela de pressão e pôr o bacon até dourar, logo a seguir junta-se as cebolas picadas e os alhos picados deixa-se dourar. Juntar primeiro os pés, depois as orelhas com água quente até cobrir na panela e fica no lume por 10 minutos. Cozinhe os chouriços e o feijão, reserve. Com a água do feijão juntar à panela o restante das carnes. Depois das carnes estarem no ponto coloca-se o feijão, o chouriço e o sumo da laranja e, finalmente, deixa-se apurar. Viver Aqui // receitas do mundo

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gastronomia

etíope

A culinária etíope é bem diferente da que estamos habituados. Marcada pelos seus sabores únicos, baseia-se em alimentos típicos da região e receitas que foram aperfeiçoadas com o passar dos séculos. É uma gastronomia feita a partir de uma grande variedade de pratos e entradas com legumes e carne, muitas vezes preparados como um guisado picante chamado wat, que é acompanhado com a injera (uma espécie de panqueca tradicional). A comida típica da Etiópia, geralmente, não contém carne de porco ou frutos do mar, já que a maioria dos etíopes, ao longo da história, aderiu às crenças do Islã. As refeições vegetarianas, como lentilhas, ervilhas de chão, grãos ou frutas, são comidas somente durante os dias de jejum. Já as receitas de carne e derivados de animas são comidas só em dias festivos como o Natal, epifania, Páscoa. A experiência gastronómica na Etiópia não se limita aos seus sabores. Para os etíopes, comer é um ato que sempre deve ser realizado coletivamente. Alimentar as pessoas que se ama é um costume tão enraizado na cultura do país, que os etíopes até criaram uma palavra para descrever o ato: Gursha.

Hawi Buthi Naturalidade: adis abeba, etiópia Veio de um dos países mais populosos do continente africano, aquele que anunciou o café ao mundo e onde comer à mesa é sinónimo de amizade e afeição. Hawi Buthi chegou aos Açores em fevereiro de 2015. Adora cozinhar e um dos seus desejos é partilhar com os açorianos a sua gastronomia.Nesta publicação, ensina-nos três receitas típicas da 18

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etiópia. A convite de um amigo visitou a ilha Terceira, lá ficou a viver durante um ano e de seguida mudou-se para São Miguel. Independentemente da ilha, Hawi apaixonou-se pelos Açores. “Gosto muito de viver aqui, é muito calmo, as pessoas são muito simpáticas… é diferente”, diz. Porém, a língua foi a principal di-

ficuldade para a sua plena integração. Mas, conta que aprendeu o essencial e com o inglês as coisas tornaram-se mais fáceis, sobretudo para a procura de trabalho. Cozinhar é um dos seus hobbies favoritos. Aprendeu muito cedo com a melhor “mestra” que poderia ter, a mãe. “Ela é cozinheira e sabe cozinhar muito


bem. Quando eu era pequena, gostava de lhe ajudar e assim aprendi”, lembra. Na ilha de São Miguel, já teve a oportunidade de demonstrar a cerimónia do café etíope, durante o Festival “O Mundo Aqui”, promovido pela AIPA. Este é um ritual feito na Etiópia em ocasiões especiais ou para receber amigos. Tal como partilhou o café típico do seu país, Hawi deseja também um dia poder dar a conhecer aos açorianos os seus pratos favoritos.

Na gastronomia etíope destaca-se o feijão em farinha que designam de shiro. “Isto é muito típico do país. Quando saímos da etiópia ficamos com muitas saudades deste ingrediente nas nossas comidas. Como também do Kifto ou do Doro”, afirma. Segundo Hawi, é o sabor forte que diferencia esta culinária. “O modo de cozinhar os vegetais ou a carne é igual. Mas, a diferença está no sabor, porque temperamos com muitas pimentas e es-

Receitas

peciarias variadas”, explica. Nos Açores, não encontra os temperos que tem na Etiópia. Mas, não é razão para não confecionar as sua receitas, até porque diz que é possível adaptar-se. O Shiro, Kitfo e o Frango etíope são as receitas que partilha nesta publicação. “Escolhi-as porque adoro estas receitas. Também acho que as pessoas vão gostar e vão conseguir fazê-las, apesar de se ter que adaptar algumas especiarias”, termina.

preparação: Refogar um pouco a cebola, o alho e o tomate em azeite e acrescentase água. Quando estiver a ferver adiciona-se o Shero (Fava em farinha), coze-se entre uns 10 ou 15 minutos e junta-se a manteiga. Na etiópia, acompanha-se com “injera”. Caso não tenha, pode acompanhar com pão.

Shiro

Ingredientes: Cebola Tomate Alho Azeite Shiro (Fava ou grão de bico moídos) e 1 colher de sopa de manteiga da Etiópia

“Shiro” – é um guisado homogéneo cujo ingrediente primário é o grão de bico em pó ou a fava. É frequentemente preparado com cebolas e alho cortados e, dependendo da variação regional, gengibre moído ou tomates e piri-piri cortados. Normalmente, é servido por cima do Injera ou do Kitcha (um tipo de pão parecido com panqueca). O Shiro é uma parte essencial da comida Etíope. É um prato muito utilizado em ocasiões especiais, como o Lent, o Ramadão e outras épocas de jejum.

“Doro Wat” ou Frango Etíope Ingredientes: 4 ou 5 cebolas picadas 1 ou 2 colheres de sopa de alho moído 1 ou 2 colheres de sopa de gendibre Azeite 3 ou 4 colheres de sopa de especiarias, como o “Bérbere” Mekelesha e Korerima

(cardamomo) para temperar 1 Frango cortado em pedaços 2 ou 3 colheres de sopa de manteiga da etiópia 1 unidade de ovo cozido por pessoa Água q.b Sal q.b

preparação: Junte a cebola, o alho e o gengibre em azeite e refogue muito bem. Acrescente a mistura de especiarias, o “Berbere”, cuja quantidade vai de acordo com o seu gosto e tolerância ao picante. Cozinhe bem estes ingredientes e de seguida acrescente o frango. Junte água e deixe ferver até a galinha ficar cozida. Tempere com sal e com especiarias como a “Mekelesha” e a “Korerima”. Deixe apurar durante uns 5 minutos e adicione a manteiga. Junte, por fim, os ovos cozidos ao refogado. Acompanhe com “injera”. Viver Aqui // receitas do mundo

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“Bérbere” – é uma mistura de temperos típica da culinária etíope que dá um sabor exótico ao prato. É composta por malagueta, pimenta-de-bengala, pimenta preta, canela, cravinho, cardamomo, fenogrego, gengibre, coentro, ajowan e pode ainda conter pimenta-da-jamaica e arruda. Para preparar a mistura, os ingredientes são torrados a seco, até o seu aroma se tornar ativo. Os temperos podem ser guardados para uso futuro, ou misturar com água, vinho ou alho esmagado para fazer uma pasta para utilização imediata.

Kitfo

Ingredientes: Carne moída Manteiga da Etiópia Korerima (cardamomo) Piripiri Sal preparação: Misture a manteiga com as especiarias ao lume e deixe aquecer. Quando estiver quente, acrescenta-se a carne moída. Misture e deixe apenas aquecer. Se não gosta de carne crua, saltei-a por 5 minutos, mexendo sempre. Pegue num pedaço de injera ou pão e queijo etíope, envolva o kitfo e delicie-se.

“Injera” - O pão é um alimento essencial na Etiópia, onde é servido em quase todas as refeições. A “injera”, um tipo de pão achatado feito em várias nações da África Oriental, é um tipo de pão muito utilizado neste país. O original é feito com farinha de Teff, mas hoje já se encontram receitas em que o pão é confecionado com outras farinhas. A farinha é fermentada em água durante 2 a 3 dias e depois o pão é assado numa chapa de ferro ou numa placa de barro que se coloca sobre um fogão. Devido à fermentação, as injeras são húmidas e fofas. Nas refeições, são colocadas sobre um prato onde se serve o wot (ensopado ou refogado) ou outra comida da cozinha etíope. PUB.

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gastronomia

filipina

A variedade gastronómica das Filipinas reflete a história e a diversidade do país. A cozinha filipina enriqueceu-se através dos primeiros contatos com os comerciantes malaios, chineses e árabes, bem como com os séculos de ocupação espanhola. Desde o início do século XX, o surgimento de outras culturas trouxe outros estilos e introduziu novos processos culinários. É por isso que a influência da cozinha americana, francesa, italiana e japonesa é agora evidente. Hoje, ganhou um perfil particular: salgado e azedo acima de tudo, com uma menor proporção do doce que poderia mitigá-los e o fogo da pimenta da cozinha dos seus vizinhos do Sudeste Asiático.

Zenaida Basas Naturalidade: filipinas Zenaida Basas é uma das duas Filipinas que reside na ilha de Santa Maria. Chegou em 2002 e, desde então, fortaleceu a sua “relação” com a cozinha. Adora cozinhar e nesta publicação ensina-nos duas receitas típicas da sua terra natal. Conheceu o marido, português, na América, casou nas Filipinas e juntos partiram para os Açores, onde confessa que adora viver. “Eu gosto muito de viver aqui, porque é mais calmo e mais seguro”,

diz. Conta que no processo de adaptação o mais difícil foi a língua. Tendo o inglês como idioma, foi à procura de trabalho e teve a oportunidade de trabalhar como cozinheira no restaurante mais antigo e emblemático da ilha, o Central Pub. Aprendeu a cozinhar nas Filipinas, mas afirma que foi no Central que aperfeiçoou os seus dotes culinários e aprendeu a confecionar receitas açorianas.

“Eu adoro cozinhar. O meu telemóvel está cheio de receitas. Sempre que tenho tempo e estou em casa gosto de experimentar pratos novos”, destaca. “A gastronomia filipina é muito diferente da açoriana”. Segundo Zenaida, lá as comidas têm quase sempre arroz, soja, leite de coco ou massa. “É uma gastronomia que se assemelha à chinesa”, acrescenta. No restaurante, já confecionou pratos típicos das Filipina. “Não temos nada na ementa, mas os clientes às vezes pediam comidas, como o agridoce ou o tártaro de atum”, refere. A cozinheira relembra o tempo em que quase não existiam nos Açores produtos para receitas asiáticas. “Hoje já se encontra com mais facilidade alguns ingredientes, como o gengibre por exemplo”, diz. Foi a pensar em produtos de fácil acesso que esta filipina selecionou duas receitas tradicionais do seu país, o Adobo e a Lúmpia. “Eu sei que aqui adobo não é comida”, diz entre risos. Esta é, segundo Zenaida, uma receita muito simples que se pode fazer com frango ou porco temperado com louro, soja, vinagre, azeite e alho. “Fácil de se fazer e é muito bom”, acrescenta. Já aLúmpia é uma espécie de Wrap chinês que pode ser frito e feito com legumes. Viver Aqui // receitas do mundo

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Receitas

Adobo de Frango Ingredientes: 1 Kg de frango cortado em pedaços 2 colheres de sopa de vinagre 4 colheres de sopa de molho de soja 1 a 2 xícaras de água 1/4 xícara de óleo de cozinha 3 dentes de alho esmagados 2 batatas médias em cubos 3 folhas de louro secas ½ colher de sopa de açúcar branco Sal e pimenta inteira preparação: 1) Em uma tigela, marinar o frango com molho de soja e alho por 1 a 3 horas. 2) Aqueça uma panela e coloque óleo de cozinha. 3) Quando o óleo estiver quente o suficiente, frite o frango marinado. Cozinhe até que todas as porções estejam douradas. Uma vez frito, separe. 4) Na mesma panela, despeje a água,misture a restante marinada e deixe ferver. 5) Adicione o frango, as folhas de louro secas e os grãos de pimenta. Cozinhe por 30 minutos ou até que o frango esteja macio. 6) Adicione a batata, o sal e o açúcar e cozinhe por mais 5 minutos. 7) Acrescente o vinagre, mexa e retire do fogo. 8) Sirva quente e desfrute do seu adobo de frango.

LumpingSariwa Ingredientes para recheio: 2 Xícaras de batata doce em cubos 2 Colheres de sopa de molho de peixe (patis) 1 1/2 Xícara de cenouras cortadas à juliana 1/2 Xícara de água 1/2 Xícara de amendoim moído 6 folhas de alface 1KG de carne de porco fatiada 1 pacote de tofu extra firme, cortado em tiras 1 xícara de camarão descascado 2 xícaras de feijão (baguio) picado 1 cebola média picada 3 colheres de sopa alho picado 1 cubo de porco

Para o wrapper de Lumpia: 1 xícara de farinha de trigo 2 ovos 2 colheres de sopa de óleo 1/2 colher de chá de sal 1 1/2 xícaras de leite Para o molho: 2 3/4 xícaras de água 1/4 xícara de molho de soja 3/4 xícara de açúcar mascavo 1/2 colher de chá sal 1 xícara de amendoim sem sal moído 1 cabeça de alho (cerca de 3 colheres de sopa) descascada e picada 3 colheres de sopa de amido de milho 2 colheres de sopa de manteiga de amendoim

preparação Para o recheio deLumpia: 1) Em uma panela coloque o óleo de cozinha e refogue o alho e as cebolas. 2) Adicione a carne de porco e cozinhe até ficar com a cor de marrom claro. Coloque o cubo de carne de porco e adicione 1/2 xícara de água. Em seguida, deixe ferver até que a carne esteja macia. 3) Adicione os camarões e a batata doce e cozinhe por 5 minutos ou até que a batata esteja macia. 4) Adicione o tofu e cozinhe por alguns minutos. Depois, adicione cenouras e feijões. 5) Adicione o molho de peixe e misture. Reserve. 22

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preparação Para o wrapper: 1) Bata 2 ovos em uma tigela. 2) Adicione o leite e continue batendo. 3. Acrescente sal e farinha de trigo. 4) De seguida, junte o óleo vegetal e misture bem. 5) Coloque uma panela no fogo médio e pulverize-a com óleo ou manteiga. 6) Despeje a mistura (cerca de meio copo) e incline a panela para distribuir o líquido uniformemente. 7) Cozinhe até que a parte superior da mistura esteja seca (cerca de 2 minutos). Usando uma espátula, remova a mistura cozida (não é necessário virar) e coloque em uma placa plana. Reserve. preparação Para o recheio: 1) Coloque a cobertura em um prato e disponha uma folha de alface na parte uperior. Acrescente o recheio no meio do wrapper (sobre a folha de alface). 2) Feche a cobertura, dobrando a massa como um envelope e role-a ao lado, selando-a com um toque de água. 3) Despeje o molho sobre o Lumpia e decore com amendoim moído e alho picado. preparação Para o molho: 1) Numa panela em fogo médio, misture 2 1/2 xícaras de água, molho de soja, açúcar mascavo e sal. Deixe ferver, mexendo regularmente, até o açúcar estar dissolvido. Adicione o alho e o amendoim. Continue a cozinhar por cerca de 2 a 3 minutos. 2) Em uma tigela, misture o amido de milho eo restante 1/4 xícara de água. Mexa até a mistura ficar homogênea. 3) Mexendo vigorosamente, adicione a mistura de amido de milho na mistura de molho de soja. Continue a cozinhar, mexendo sempre, até engrossar. Adicione a manteiga de amendoim, mexa até dissolver e misture bem. PUB.

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gastronomia

Guineense

A gastronomia da Guiné-Bissau é muito rica e diversificada, uma mistura de comida portuguesa com africana. Os seus pratos são caracterizados por serem bem apimentados e condimentados, por isso o limão e a malagueta são indispensáveis em muitas receitas tradicionais. O arroz é a base principal da alimentação na Guiné. Mas, os frutos do mar também marcam presença nas culinárias guineenses. Das receitas típicas, destaca-se o Caldo de Mancarra (caldo de amendoim), Tchebudjeni (guisado de peixe, com arroz e legumes) ou Futi.

filomena diouf correia Naturalidade: guiné bissau prato favorito: caldo de peixe

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Filomena Diouf Correia partiu da Guiné Bissau em 1988, com a intenção de estudar para o Brasil. Mas, as voltas da vida levaram-lhe para Portugal, onde acabou por ficar, casou-se e criou dois filhos. “Depois de uma vida feita no Continente”, com os filhos já adultos, Filomena e o marido mudam-se para os Açores em 2013. “Vim para o arquipélago porque o meu marido estava doente e também surgiu a oportunidade de ser transferido para uma escola de cá”, conta. “Mena”, como já é carinhosamente conhecida pelos seus amigos em São Miguel, recorda que nunca teve problemas de integração em Portugal. Mas, foi pelos Açores que se encantou. “Estou a gostar

imenso de viver aqui. Fomos muito bem recebidos. Se eu tivesse conhecido Açores antes, eu não teria passado por mais nenhum lugar. Quando saí da Guiné, tinha vindo direto para aqui”, diz. A intenção do casal é no futuro comprar uma casa em São Miguel e envelhecer nas ilhas. Mudamos de assunto e regressamos à Guiné. Quisemos saber como é a gastronomia guineense. “Na minha terra, as gastronomias variam muito de região para região pois temos diversas etnias e cada etnia tem a sua culinária. Por exemplo, os Fulas e os Mandingas usam muito o milho nos seus pratos. Com ele, fazem o cuscus, juntam com o óleo de palma ou com leite azedo,

que nós aqui chamamos de iogurte. Este é muito usado em casamentos tradicionais”, responde. No geral, segundo Mena, os pratos “chefe” da Guiné são o Caldo de Mancarra e o Caldo de Chabéu. Estas receitas são utilizadas em cerimónias especiais ou para a receção de alguém especial. O Chabéu é a fruta de um tipo de palmeira, que cresce em todas as regiões da Guiné. O caldo pode ser preparado à base de peixe, carne ou galinha local. Filomena escolheu um dos pratos “chefe” para partilhar na “Receitas do Mundo”, o Caldo de Mancarra. Esqueça a dieta e as calorias, meta as mãos a cozinha e delicie-se.

Receitas

Caldo de Mancarra Ingredientes p/4 pessoas: 8 pernas de frango (ou carne de vaca) 8 quiabos 1 frasco de manteiga de amendoim 2 limões sumarentos 2 tomates bem maduros 1 cubo de caldo de galinha Sal qb 1 cebola grande O arroz branco deve ser de preferência com o arroz corolino.

preparação: Começamos pela carne (vaca ou frango). Cortados em pedaços e lavados. Colocam-se numa panela. Entretanto, descasque 3 cebolas grandes e corte-as às rodelas. Junte os 2 cubos de caldo Knorr, sal qb , o sumo do limão e o tomate pelado. Leva -se a panela ao lume, deixando cozer o frango. Numa panela larga e alta vamos pôr água com sal e colocar ao lume . Quando a água começar a ferver, pegamos na manteiga de amendoim, retiramos o conteúdo para diluir na panela, mexendo com uma colher de pau. Quando tiver bem diluído, deixa - se cozer no lume brando mexendo para não queimar e para não se verter. Quando o caldo ficar com o óleo a boiar é porque já está cozido o amendoim. Então despeja se o caldo do amendoim para a panela da carne. Depois de misturada deixa-se cozer por mais 5 a 10 minutos. Os quiabos são também cozidos a parte para não se desfazer. Estes serão os últimos a complementar-se. Acompanha-se com arroz branco, dando preferência ao Carolino. Quem gosta, pode colocar o piri piri no seu prato. Viver Aqui // receitas do mundo

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gastronomia

italiana

Itália é um país repleto de tesouros e tradições culinárias. A gastronomia italiana varia de região para região, pois cada uma tem produtos ou ingredientes emblemáticos que originam uma grande variedade de receitas. Um país rico em especialidades regionais, que juntas formam um padrão de sabores. Esta culinária é hoje popular em todo o mundo, graças ao seu sabor mediterrâneo acentuado pelo uso do azeite de oliva, queijos típicos, tomates, legumes e com as suas pizzas e massas.

Daniela Melanchini Naturalidade: Bergamo, Itália

Daniela Malanchini, de 58 anos, nasceu e foi criada no Norte da Itália, em Bergamo, no seio de uma família “culturalmente aberta”. O pai era engenheiro e a mãe professora e médica. Ela própria seguiu os passos dos pais, tendo tirado o doutoramento em Línguas e Literaturas Estrangeiras, bem como duas licenciaturas em psicologia e medicina. Fruto da sua educação, é também o gosto pelas viagens e, por isso, considerase uma viajante, não uma turista. “Eu fui criada com a mentalidade de que ir ver outro lugar, não significa ir de férias, significa aprender e partilhar outras culturas”, explica. Em 2002, descobriu “a sua ilha” e encantou-se por Santa Maria e suas gen26

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tes. “Santa Maria é a minha casa. Quando falo sobre ela, digo sempre a minha ilha”, diz. As viagens ainda fazem parte da sua rotina, porque lhe fazem “sentir viva”. Vive nos Açores de julho a dezembro, passa pela Itália, visita outros países duas vez por ano, e de janeiro a abril fica no Quénia. Para além das viagens, adora cozinhar e comer. “Cozinhar não é serviço. Cozinhar é um modo de amar os outros”. Citando Mia Couto, recorda que não tem memória da sua infância que não esteja relacionada com a comida. “A minha mãe antes de ir trabalhar, de manhã cedo, cozinhava o almoço para a família. Lembro-me sempre do meu pequeno al-

moço com o cheiro de peixe, alho, minestrone e isso dá-me alegria, segurança, senso de família e de casa”, refere. Conta que as suas brincadeiras de criança incluíam a cozinha. Começou a cozinhar flores para as fadas no seu jardim. Desde então, nunca mais parou e “as fadas do passado são as amigas reais no presente”. “Em cada receita minha, há eu, o meu tempo, o meu prazer em compartilhar alimentos e o sonho de estar com aqueles que vão refazer os meus pratos com os seus amigos”, acrescenta. Para a publicação “Receitas do Mundo”, quis partilhar um pouco do seu quotidiano culinário. Em todas as suas receitas, há uma história para contar. Simples são de confecionar, difícil será resistir.


Receitas

Stracciatella alla romana É uma sopa típica do centro da Itália, feita com ovos batidos com queijo ralado que se deitam lentamente sobre um caldo quente, mexendo para obter farrapos ou pequenas tiras (“straccetti”) de ovo.

preparação: Ferve-se o caldo que pode ser à base de carne de vaca, de galinha ou vegetais e juntam-se ovos. Numa tigela pequena, bata os ovos com o garfo e junte o queijo parmigiano ralado. Tempere com sal e pimenta a gosto. Quando o caldo estiver a ferver, juntar lentamente os ovos em fio, mexendo com um garfo lentamente de 2 a 3 minutos. Vão-se formando fios. Sirva imediatamente, polvilhando com mais queijo parmigiano ralado.

Esta é uma delícia caseira da região de Nápoles, uma espécie de sanduíche frito com queijo mozzarella no meio e surgiu como uma maneira de aproveitar o pão amanhecido e a mozzarella que não estava fresca. Faz parte do grande legado da cozinha povera italiana. É o tipo de comida simples e reconfortante, que enche o dia com muito sabor. É fácil de preparar e o único segredo é fritar no azeite.

Mozzarella in Carrozza Ingredientes: Fatias de pão de forma Ovos Mozzarella Sal Pimenta a gosto Azeite

preparação: Quebre os ovos num prato fundo e bata ligeiramente. Tempere com sal e pimenta. Corte o pão em quatro partes iguais. Corte a mozzarella em fatias da mesma medida do pão e deixe escorrendo numa peneira por alguns minutos. Passe nos ovos a parte exterior da cada fatia do pão. Monte um sanduíche com os pães e o queijo, com cuidado para que o queijo fique todo dentro das fatias de pão, sem sobrar bordas e com o lado do pão com o ovo pelo exterior. Aqueça uma frigideira e coloque o azeite. Leve à frigideira e deixe por 3 minutos de cada lado, até que dourem e fiquem crocantes. Escorra em papel vegetal e sirva!

Tiramisù Ingredientes: 500 g de queijo mascarpone 4 ovos muito frescos 4 colheres de sopa de açúcar 40 palitos de La Reine, 2 chávenas de café sem açúcar Cacau em pó sem açúcar preparação: Separe as gemas das claras. Bata as gemas com o açúcar até a mistura ficar esbranquiçada. Adicione o mascarpone e misture bem até obter uma mistura homogénea. Bata as claras em castelo e junte-as lentamente ao preparado anterior. Embeba os palitos de La Reine no cafè mas mergulhe-os apenas 1 ou 2 segundos no líquido. Coloque metade dos palitos no fundo de uma taça (do tipo que se usa para gratinar), cubra-os com metade do preparado feito com os ovos, coloque o resto dos palitos sempre embebidos do cafè e cubra tudo com o que sobra do preparado. Polvilhe com o cacau em pó usando uma peneira. Deixe repousar no frigorífico durante pelo menos 3 horas (o ideal é deixar repousar 12 horas). Viver Aqui // receitas do mundo

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gastronomia

macaense

Macau beneficia da sua longa tradição entre o oriente e o ocidente. A gastronomia macaense é, assim, uma verdadeira fusão entre a gastronomia portuguesa e a chinesa, utilizando ingredientes e temperos europeus, africanos, indianos e do sudeste asiático, onde brilham pratos apurados com especiarias, como o açafrão-da-Índia, a canela, o cravo e o leite de coco que dão aromas e sabores que ficam na memória. Pratos como a Capela, a Galinha à Africana, os Camarões Picantes à Macaense, o Minchi, o Tacho, o Bacalhau Dourado ou Macaísta ou a Sopa Lacassá contribuem para a fama e originalidade da cozinha macaense – desde 2012 inscrita na Lista de Património Cultural Imaterial de Macau e que projetou o território para integrar o exclusivo grupo das Cidades Criativas da Unesco, na área da Gastronomia.

WongIeokLan Macedo Naturalidade: MACAU PRATO FAVORITO: CARIL DE CAMARÃO

Em Macau era professora de matemática e, hoje, é proprietária e cozinheira em um restaurante no centro de Ponta Delgada. O Lan´s Pizzaria, inspirado em seu nome, tem um menu rico e variado, onde junta pizzas com pratos exóticos de receitas originárias da Tailândia, India, Malásia, Macau, Japão entre outras. WongIeokLan Macedo, mais conhecida por Lan, tem 40 anos e chegou aos Açores em 1999. Veio para acompanhar o marido, natural da ilha de São Miguel, e por cá já construiu a sua família. Aprendeu a gostar de cozinhar ainda 28

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em Macau quando teve de cozinhar para a família. Mas, este gosto desenvolveu-o nos Açores. Quis aprender mais e, por isso, fez um curso de cozinha. “Hoje é o que faço como chefe do meu restaurante e com muito prazer”, destaca. Pedimos-lhe que definisse a culinária macaense, ao que responde: “é uma gastronomia de fusão entre a portuguesa, chinesa e também de outras origens asiáticas”. Lan integrou-se, plenamente, à vida nas ilhas, às suas gentes, costumes e tra-

dições. Adaptou-se também à gastronomia açoriana. De tal forma, que hoje cozinha qualquer receita local. “Gosto e faço-o com alguma frequência”, diz. Desafiada a partilhar uma receita com o Receitas do Mundo, Lan Macedo seleciona o Caril de Camarão, um prato típico da culinária indo-portuguesa de Goa, Damão e Diu, outrora pertencentes ao Estado Português da Índia. Esta é uma receita muito apreciada pela Lan. Esperemos que se deliciem com o cheiro e o sabor do caril.


Receitas

CARIL DE CAMARÃO Ingredientes p/4 PESSOAS: 1 kg de camarão congelado sem casca 1 cebola picada 1 dente de alho picado 4 colheres de sopa de pasta de caril 1 lata de quiabo 1 lata de leite de côco 2 colheres de sopa de azeite salsa picada q.b. preparação: Colocar o azeite numa frigideira, juntar o alho e a cebola e deixar fritar durante 1 minuto. Juntar depois a pasta de caril e o camarão. Deixar cozer durante 20 minutos. Juntar então o s quiabos e o leite de côco. Tapar e deixar cozer durante mais 10 minutos em lume brando. Polvilhar com a salsa picada e servir com pão indiano ou arroz branco ou ambos. PUB.

ADQUIRA A

NACIONALIDADE MAIS E MELHOR

INTEGRAÇÃO

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gastronomia

POLONESA

O polonês dedica uma parte generosa do seu tempo para desfrutar as suas refeições. A gastronomia polonesa é baseada em pratos de preparação simples, mas de sabores muito agradáveis. O clima frio do país favorece uma cozinha contundente na qual as carnes e as batatas são ingredientes essenciais. As comidas desfrutam-se como acontecimentos sociais ou familiares, são abundantes, de mais de três pratos, e se aproveitam para conversar pelo que a sobremesa com os cafés e licores costumam alargar-se, sobretudo, nos dias festivos e nas grandes celebrações. MIROSLAWA KRYCHOWSKA MORAIS Naturalidade: POLÓNIA prato favorito: PIEROGI RUSKIE Miroslawa Krychowska Morais tem 35 anos e nasceu em Olesnica, cidade da Polónia. Em 2008, veio para os Açores com o marido que é natural da ilha Terceira. Tendo o apoio da família açoriana, conta que o processo de integração foi “suave e sem perturbações”.

Passados pouco mais de 10 anos, Miroslawa já se sente em casa e no meio familiar as culturas interligam-se, sobretudo no que toca à gastronomia. Falou-nos da sua relação com a comida e admite que gosta mais de comer do que cozinhar. “Mas, quando tenho inspiração cozinho bem e de preferência os pratos internacionais simples que não levam muito tempo a serem preparados”, conta. Desafiamo-la a descrever a gastronomia polaca e define-a como “simples, saborosa e com muita variedade”. “O prato principal tem de ter sempre

acompanhamento, como salada, peça de legume ou picles. As sopas são fortes porque contém farinha e nata e só por si podem ser o prato principal”, acrescenta. Sobre a gastronomia açoriana, diz que gosta muito dos pratos típicos e que até já sabe cozinhar algumas receitas, como o feijão e a sopa de funcho à moda da Terceira. Miroslawa Morais partilha connosco uma receita típica da Polónia, o Pierogi Ruskie. Por que as escolheu? “Porque é o meu prato preferido e da minha filha também”, conclui.

Receitas

PREROGI RUSKIE Ingredientes pARA RECHEIO: 600 gramas de queijo frescal* ou se não conseguir comprar pode usar 800 gramas de ricota (mas se usar recota tem de adicionar ao recheio 1 yogurte grego natural e 1 ovo para o recheio ficar mais consistente) 1 kg de batata cozida, ainda quente sal a gosto pimenta (bastante) 2 cebolas 100 gramas de manteiga 30

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Ingredientes pARA MASSA: 1 kg de farrinha de trigo 1 copo de àgua (ou mais) 1 colher pequena de azeite pitada de sal


preparação RECHEIO: Cozer as batatas com sal até que fiquem macias. Faça refugado com manteiga e cebola picada. Coloque batatas cozidas ainda quentes em um moedor e moa juntamente com cebola refugada. Em um blender ou no liquificador, pique o queijo frescal (ou a ricota) e reserve. Depois de fria, misture o purê das batatas, o queijo, o sal e bastante pimenta numa tigela até que se forme uma mistura homogênea. *Queijo Frescal está disponível para a venda na Ilha Terceira - produzido pela queijaria Dubola – é uma receita antiga recuperada ultimamente – tem o sabor mais próximo do queijo usado na receita original polaca

preparação MASSA: Numa tigela grande , misture a farinha de trigo e o azeite. Aos poucos acrescente a água amassando bem até que fique homogênea e desgrude com facilidade de sua mão. Se precisar, adicione um pouco mais farinha ou àgua para ficar no ponto. Em uma superfície limpa, abra a massa até adquirir uma espessura fina (mais ou menos 0,2 cm). Corte a massa em discos de cerca de 6 cm de diâmetro; utilize um aro redondo próprio para culinária ou a boca de um copo. Coloque o recheio no centro do disco e dobre a massa sobre o recheio, formando uma meia lua, como um ravioli. Para fechar bem, aperte com os dedos na lateral arredondada ou use um garfo. Depois de pronto é só ferver água com sal e cozer os Pierogi até que fiquem al dente (aproximadamente 5 minutos após momento de frevura). Se quiser frite pequenos quadradinhos de bacon e sirva em cima da massa. PUB.

Ponta Delgada

CLAIM

Rua do Mercado, nº 53H | 9500 – 326 Ponta Delgada Tel: 296 288 001/ 296 286 365/ 962 417 240 Fax: 296 281 623 e-mail: claii.aipa@aipa-azores.com Horário de funcionamento: 2ª a 6 ªfeira, das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30

Terceira

Rua Dr. Sousa Júnior, s/n, (antigo edifício escolar da Freguesia Nª Srª Conceição) 9700-070 Angra do Heroísmo) | Tel/Fax: 295 213 139/ 927 394 697 e-mail: aipa.terceira@aipa-azores.com Horário de funcionamento: 2ª a 6 ªfeira, das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30

Criar pontes culturais e linguísticas com os clientes é a missão central da Rede CLAIM - Centros Locais de Apoio à Integração de Migrantes (anterior Rede CLAII), criada em 2003 para facilitar os processos de integração dos migrantes. O que são os CLAIM? Os Centros Locais de Apoio à Integração de Migrantes (CLAIM), visam, no âmbito das políticas locais de integração de migrantes, assegurar espaços de acolhimento, informação e apoio descentralizado, ajudando a responder às necessidades que se colocam aos migrantes no seu processo de acolhimento e integração. Os CLAIM`s prestam apoio e informação geral em diversas áreas, tais como, regularização, nacionalidade, reagrupamento familiar, habitação, retorno voluntário, trabalho, saúde, educação, entre outras questões do quotidiano. Rede CLAIM - Uma Rede Local para um Atendimento de proximidade Os CLAIM`s de Ponta Delgada e de Angra de Heroísmo fazem parte dos mais de 100 CLAIM`S, atualmente existentes, que compõem a Rede Nacional de Apoio à Integração de Migrantes (RNAIM).

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gastronomia

VENEZUELANA Conhecer a gastronomia da Venezuela é mergulhar num mundo de aromas e sabores que descrevem uma cozinha de sabores fortes e de cores alegres. A cozinha venezuelana é uma expressão da ligação entre as raízes indígenas, europeias e africanas que resultou numa cultura culinária autóctone e rica, com caraterísticas próprias. Esta gastronomia caracteriza-se pelo uso do milho, mandioca, banana, malagueta, grãos, tubérculos, cana de açúcar, carnes e aves variadas. Os pratos mais representativos são o Pabellón Criollo, a Arepa, a broa Hallaca, a Cachapa, Pisillo Guariqueño.

Leonardo Sanchez Naturalidade: VENEZUELA

Sempre teve uma paixão pela cozinha e aos 13 anos, com a ajuda da avó, aprendeu a cozinhar as tradicionais receitas da “sua” Venezuela que hoje partilha em terras açorianas. Leonardo Sanchez, de 31 anos, chegou à ilha Terceira em agosto de 2015. Partiu em busca da estabilidade e segurança que não tinha na Venezuela, em virtude da crise socioeconómica e política que se instalou no país desde 2013. Após 3 anos a residir nos Açores e apesar de ter sentido algumas dificuldades durante o processo de adaptação, já 32

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se sente “um filho da terra”. “É necessário ter consciência para perceber a história e cultura de uma sociedade de forma a conseguir uma integração plena sem sentir o choque cultural que nos separa”, diz. Trouxe consigo a vontade de cozinhar e de partilhar com os açorianos os sabores e a cultura da Venezuela. Na ilha Terceira, já participou em feiras gastronómicas e deu a conhecer receitas da terra natal. Ainda jovem, iniciou a sua relação com a cozinha. A avó foi a mestre e a sua

cozinheira de referência. “Lembro-me da minha avó dizer que cozinhar é um processo que nos transforma. É transformar coisas simples em um prato cheio de alegria e amor”, conta. Para Leonardo, quando se cozinha, deixa-se uma marca pessoal de alegria, tristeza, rancor ou paixão. “A tua disposição fica sempre no prato que se cozinha”, acrescenta. Sobre a gastronomia venezuelana, explica que é muito diversa, “uma mistura de outras culturas” que resultou na identidade de um povo alegre, cheio de amor,


de sabores e contrastes que fazem uma pessoa transportar para o seu paladar o melhor que existe de um país”. “Barriga cheia, coração contente”, diz. “É inacreditável que um país possa ter formas diferentes de fazer a mesma coisa. Uma arepa em Merida vai ao forno e sabe tão bem como a de Caracas que vai à chapa”, esclarece.

Agrada-lhe a cozinha açoriana e, Segundo Leonardo, existem traços que lhe lembram a Venezuela. O sabor da Alcatra faz-lhe lembrar a tradicionalCarne Mechada. “Através do convívio social, fui aprendendo como é a cozinha terceirense, mas reconheço que preciso de aperfeiçoar esta arte culinária”, frisa.

Para a revista, decidiu partilhar a receita de Lasanha de Carne à Bolonhesa. A escolha prende-se pelo facto de ser um prato que não é muito diferente dos cá confecionados. “É dar a oportunidade de fazê-lo de um jeito próprio, obtendo o mesmo resultado através de temperos distintos”, termina.

Receitas

LASANHA Ingredientes PARA MOLHO BECHAMEL: 500ml de leite 50gr de manteiga 40gr de maizena 1 colher de chá de sal 1/2 colher de chá de nós moscada 1/4 de colher de chá de pimenta 100 gramas de manteiga Ingredientes PARA MOLHO À BOLONHESA: 500gr de carne molida 1 kilo de tomates maduros 1 cebola cortada fininho 6 dentes de alhos pisados 2 folhas de louro 2 colheres de sopa de polpa de tomate 2 colheres de sopa de aceite vegetal 1 pitada de sal 2 pitadas de pimentão doce ou paprica

Ingredientes PARA MOLHO LASANHA: 500gr de massa de lasanha pronta para ir ao forno; 200 g de queijo mozarela em fatias; 50 g de queijo parmesão ralado

preparação MOLHO BECHAMEL: Dissolve-se a maisena com o leite frio e junta-se o sal, a pimenta e a nós moscada. Leva-se ao lume e acrescenta-se a manteiga, mexendo-se para que fique espessa. reparação MOLHO À BOLONHESA: Numa caçarola se aquece o azeite e junta-se a cebola e o alho para refogar. Junta-se a carne, os tomates, as folhas de louro e o pimentão doce, a polpa de tomate, mexe-se e coze-se por 20 minutos. reparação LASANHA: Ligar o forna a 250º c. Numa forma retangular de 30 x 22 cm cobre-se o fundo com o molho bechamel, coloca-se a massa de lasanha e cobre-se esta com o molho à Bolonhesa. Depois coloca-se o queijo em fatias e o parmesão e por último um toque de bechamel. Repete-se até que termine o molho à bolonhesa, terminando com uma camada de massa coberta de bechamel e queijo. Tapa-se com papel de alumínio e leva-se ao forno por 30 minutos. De seguida retira-se o papel de alumínio e deixamos no forno por mais 10 minutos. Viver Aqui // receitas do mundo

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gastronomia

ucraniana

A gastronomia da Ucrânia é maravilhosa, com uma grande variedade de ingredientes e sabores e uma preparação muito cuidada. Podem desfrutar de uma boa comida em um ambiente acolhedor. A culinária ucraniana sabe misturar o melhor da cozinha oriental e ocidental. Não costumam oferecer pratos de digestão pesada, nem de sabor picante, mas a mistura de sabores agridoces é realmente magistral. OLENA HORAL Naturalidade: UCRÂNIA prato favorito: kotlety Olena Horal, de 51 anos, natural da Ucrânia e a residir na ilha Terceira desde 2006, partilha na edição Receitas do Mundo um prato típico que tão bem sabe cozinhar. Iniciámos a conversa com o tema da

integração e conta que o processo não foi fácil. Aliás, “ainda continua”. “Acho que sempre ficamos estranhos em Portugal”, desabafa. Porém, são já 12 anos a viver nos Açores e admite que gosta da vida no arquipélago. “Mas sempre penso sobre Ucrânia”, acrescenta. Mudemos de assunto e vamos tornar saborosa esta conversa, falando da sua relação com a cozinha e da gastronomia ucraniana. Olena admite que não tem uma rela-

Receitas

KOTLETAS Ingredientes: 0,5 kg carne moída de vaca 0,5 kg carne moíida de porco Duas batatas raladas Duas cebolas raladas 2-3 dentes de alho 200 gr de pão por numa tigela com leite 3 a 4 ovos Sal, pimenta moída preta preparação:

Misturar todos ingredientes muito bem até obter uma massa homogénea. Depois, fazer as kotletas, com a dimensão de um ovo e fritá-las na frigedeira. Coloque todas as kotletas numa panela com uma cebola cortada e cozinhe por 15 minutos em lume brando. As kotletas podem ser acompanhadas com puré, arroz, massa ou salada.

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ção especial com a cozinha. “Faço comida porque preciso”, diz. Apesar disso, afirma que gosta da gastronomia açoriana e que sabe cozinhar diversas sopas. “Se tem carne e peixe, os pratos em todos países são parecidos”, explica. Para esta publicação, irá partilhar a receita de Kotletas, parecido com o popular hambúrguer. E por que a escolheu? “Porque todos gostam das minhas kotletas”, responde. Deliciem-se com esta receita ucraniana da Olena Horal.

As kotletas pode comer com puré, arroz, massa ou salada.


Oksana Zagoruy Naturalidade: UCRÂNIA

Oksana Zagoruy tem 26 anos, é natural da Ucrânia e vive nos Açores desde os 12. Hoje, reside no Porto. Partiu para prosseguir os estudos e formou-se em Psicologia Clínica. A cozinha também é a sua paixão, em particular, a culinária vegetariana. Conta-nos que o gosto por cozinhar começou muito cedo, mas foi no Porto que deu asas a esta aptidão e se tornou numa food blogger, com criação de “Dicas da Oksi” em 2016. “Comecei a criar muitas receitas novas e criei o blogue para servir de registo e inspiração para outras pessoas. O feedback positivo que fui recebendo dos meus seguidores incentivou-me a

continuar com o projeto e estou muito feliz com a evolução até agora”, diz. Depois do sucesso do blogue, Oksi lança em março de 2020 o seu primeiro livro. “Vegetal a 100%” é a “realização de um sonho”. Segundo a autora, “é uma espécie de enciclopédia do mundo da culinária vegetariana” que se refere a uma alimentação feita exclusivamente com base em plantas e tudo aquilo que é vegetal. Para além de receitas de pratos principais, snacks e sobremesas, o livro também ensina a produzir leites, iogurtes e molhos. Há ainda um capítulo que desvenda os segredos dos fermen-

tos naturais, como a kombucha, o kefir ou o chucrute que, para Oksi, são “um complemento excelente à alimentação”. Para a nossa “Receitas do Mundo”, quisemos saber se no seu livro existem receitas da Ucrânia adaptadas à culinária vegetariana. “Tenho várias receitas no livro que são adaptações vegetarianas dos pratos típicos de leste! Há as Papas de trigo sarraceno, a Sopa de trigo sarraceno e as receitas dos fermentados que são, na sua maioria, de origem de leste”, responde. Borsht ou Sopa de Beterraba é outro exemplo. É esta receita tradicional ucraniana que Oksana partilha connosco. Deliciem-se!

Receitas

Sopa de beterraba de leste (Borsht) Ingredientes: 4 batatas médias cortadas em palitos grossos 100 g de feijão branco, previamente demolhado 1 beterraba descascada e cortada a meio 1/3 de couve lombarda picada grosseiramente 1 alho-francês em meias luas 1 cebola média picada 4 dentes de alho picados 3 colheres de polpa de tomate com cebola e alho

2 colheres de vinagre branco ou de maçã 1 ½ colheres de sopa de geleia de arroz ou outro adoçante de cor clara 1 folha de louro (opcional) 1 colher de sopa de azeite 2,5 l de água 1 colher de sopa de sal grosso

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preparação PARA 5 A 6 DOSES: Numa panela grande, coloque a água, o feijão, a cebola picada, o louro, a beterraba cortada a meio e o sal. Leve ao lume e deixe cozer durante 30 minutos, até o feijão e a beterraba ficarem al dente. Passado esse tempo, acrescente a batata e o repolho à sopa. Uma vez cozida a beterraba, retire-a e deixe-a arrefecer. Uma vez arrefecida, rale a beterraba (deixa-se o resto da sopa a cozer). De seguida, aqueça 1 colher de sopa de azeite numa frigideira e refogue o alho francês durante 1 a 2 minutos. Adicione a beterraba cozida, o alho picado, a polpa de tomate, o vinagre e a geleia de arroz. Refogue durante cerca de 2 a 3 minutos e adicione este preparado à sopa. Deixe a sopa cozer por mais 5 a 10 minutos, até estar tudo cozido. Receita do livro “Vegetal a 100%”, de Oksana Zagoruy.

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