Moto Adventure 151

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ISSN 1518-627X

ANO 19 | R$ 22,00 | # 251

ON THE ROAD

PERCORRENDO OS ALPES

Avaliação Ducati Scrambler 2021 DESCOLADA!

DAFRA CRUISYM 150 2022

CARA NOVA NO SEGMENTO

HONDA NXR BROS 160 2022 O QUE MUDOU? CUSTOMIZAÇÃO H-D V-ROD FLAT TRACK VEIO PARA FICAR MOTO VIAJEIROS EXPEDIÇÃO 4 CANTOS DA AMÉRICA



SUMÁRIO

EDITORIAL Texto: André Ramos

De volta À ESTRADA

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epois de mais de um ano e meio de muitas incertezas, reclusão, restrições e muitas perdas econômicas e humanas – estas, sem dúvida, as mais doloridas e geradoras de sofrimento – poucos são aqueles que se referem ao “novo normal”, o conjunto de rotinas e comportamentos que a pandemia suscitou adotarmos em virtude da necessidade de isolamento social. Ainda que alguns destes comportamentos tenham se consolidado, como as compras pela internet e o teletrabalho para boa da mão-de-obra mundial, o fato é que com o declínio das curvas que monitoram o avanço da doença em virtude do aumento nos índices de vacinação em diversos países do mundo – inclusive no Brasil, a despeito de todos os problemas e disputas que tivemos e que ainda permeiam a questão – estamos começando a respirar novamente os ares da liberdade. Com 44% da população tendo tomado as duas doses da vacina (dado de 5/10/2021), as barreiras sanitárias e psíquicas começam a cair e gradativamente, vamos nos sentindo mais confiantes para sairmos em busca de diversão e entretenimento. Internamente, o movimento de motociclistas nas estradas já é grande, o que pode ser constatado pelo grande número de motos nas estradas, movimentando a economia de um mercado que não se restringe somente à cadeia da motocicleta, como bem sabemos. Além disso, depois do restabelecimento das competições (sem a presença da torcida), começamos a ver o retorno dos eventos com público, como foi o caso do 1o. Bate-e-Fica Paulista – Rock & Training Motorcycle, realizado no início de setembro, na área do hotel Hollyday Inn, na Zona Norte da capital paulista. E para reforçar nosso otimismo, o anúncio da reabertura das fronteiras argentinas trouxe-nos uma nova lufada de bons ares à sinalização de que os tão esperados dias melhores estão chegando. Mesmo que haja uma série de exigências a serem cumpridas – as quais variam de região para região – este fato foi bastante comemorado pela comunidade dos mototuristas brasileiros, afinal, trata-se de um importante passo para o restabelecimento de rotas bastante celebradas – e aguardadas – por muitos. Enfim, estamos evoluindo, estamos vencendo esta doença, estamos deixando para trás este pesadelo e estas são notícias que nós comemoramos muito, afinal, viajar está em nosso DNA e compartilhar a estrada com vocês é o que nos motiva a todos os dias fazer uma Moto Adventure em constante evolução.

YouTube : www.youtube.com/revistamotoadventureoficial Instagram : www.instagram.com/revistamotoadventure Facebook : www.facebook.com/revistamotoadventure WhatsApp : +55 11 2068-7485

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AVALIAÇÃO DUCATI SCRAMBLER ICON 2021 CRAZY TURKEY EDITORA Diretores Vera Miranda Miguel Ricardo Puerta Editor-Chefe André Ramos Edição de textos Eduardo Torelli Direção de criação/ Projeto Gráfico Vinícius Andrade vinicius@cteditora.com.br Scaner,Tratamento de Imagem e Produção Vinícius Andrade Colaboradores Laertes Torrens Filho, Celso Renato Foto/Capa Edgar Klein e Renato Durães/Honda Diretor Administrativo Miguel Ricardo Puerta Publicidade Diretor Comercial Vera Miranda vera@cteditora.com.br Executivos de Conta Laertes Torrens Filho laertes@cteditora.com.br Geovania Alves geovania@cteditora.com.br Mídias sociais Andre Ramos andreramos@cteditora.com.br Departamento de Assinaturas, números atrasados e atendimento ao Leitor Vinícius Andrade

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Nossas impressões sobre esta divertida italiana

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COMPARATIVO YAMAHA YZF-R3

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Whatsapp: +55 (11)2068-7485 assinatura@cteditora.com.br De segunda a sexta das 9:00 às 18:00 horas Contabilidade RC Controladoria e Finanças 55 11 3853-1662 Responsável: Ricardo Calheiros RAC Mídia Distribuição em todo o Brasil: (11) 98145-7822 contato@racmidia.com.br Impressão Grafica Grafilar www.grafilar.com.br Moto Adventure

A Moto Adventure é uma publicação mensal da Crazy Turkey Editora e Comércio Ltda. • Redação, Administração e Publicidade: Rua Crisólita, 238, Jardim da Glória CEP 01547-090 São Paulo SP Fones/fax: 55 11 2068-7485/ 9287.• A Moto Adventure não admite publicidade redacional • É proibida a reprodução das reportagens publicadas nesta edição sem prévia autorizacão • As opiniões emitidas em artigos assinados são de responsabilidade de seus autores, não são necessariamente as da revista e podem ser contrárias à mesma • Moto Adventure e Moto Aventura são marcas registradas pela Crazy Turkey Editora Ltda • Ninguém está autorizado a receber qualquer valor em nome da Crazy Turkey Editora ou da Moto Adventure. Registro no INPI: NP 822390752

Internet www.motoadventure.com.br Jornalista Responsável André Ramos - Mtb.: 25.526

Uma viagem pelos Alpes cortando a Suíça, Itália e França

VIAGEM DO LEITOR

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5.000 km de estradas entre o Sudeste e o Nordeste

CUSTOMIZAÇÃO H-D V-ROD PORSCHE 917K

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Uma homenagem a três ícones da cultura motor

LANÇAMENTO HONDA NXR BROS 160 2022

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Trazemos as novidades que a moto recebeu

Pilotamos na pista três diferentes versões desta pequena esportiva

LANÇAMENTO DAFRA CRUISYM 150 2022

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A nova aposta da marca para brigar no segmento de entrada

BIG TRIP – VISCONDE DE MAUÁ

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Viaje por um dos lugares mais charmosos do Brasil

4 CANTOS DA AMÉRICA

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Um ano viajando de moto


ON THE ROAD Texto: Evelyn Lima Fotos: Divulgação ROXMOTO

Conheça as maravilhas da região

dos Alpes com a ROXMOTO! Viajar de moto é sempre uma experiência especial, mas quando o roteiro inclui os Alpes, não tem como não ser inesquecível.

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s Alpes começam na cidade italiana de Gênova e terminam próximo à Viena (Áustria). Sâo a cordilheira mais importante da Europa, cujo ponto mais alto é o Mont Blanc, com 4800 metros de altura. A extensão da cordilheira é de aproximadamente 1.200 quilômetros. Mais de 50 milhões de turistas, muitos deles motociclistas, visitam a região todos os anos. No inverno pratica-se esqui e snowboard e, no verão, os Alpes são populares para a prática de parapente, alpinismo e tours de bike ou moto. A ROXMOTO e a Triumph Riding Experience, empresas do grupo TRX, realizam tours para essa região desde 2016. Em 2020 e 2021 não foi possível por conta da pandemia, porém para 2022 o roteiro está garantido no calendário das empresas.

DIA 1

SOBRE O ROTEIRO

DIA 2

O Tour dos Alpes é um dos roteiros mais desejados por motociclistas de todo o mundo. Na programação estão os principais passos de montanhas da Europa, além de regiões com paisagens belíssimas como o Lago de Garda e a Strada della Forra. É definitivamente um roteiro que agrada a todos, pilotos e garupas, desde os mais aventureiros, que adoram as curvas dos Alpes, àqueles que querem desfrutar de conforto, bons hotéis, boa comida e paisagens bucólicas.

O roteiro começa em Zurique (Suíça), onde os clientes são recebidos pelo time ROXMOTO no aeroporto. Após o grupo se acomodar no hotel, é realizado um briefing sobre o tour, quando também são entregues kits-viagem preparados especialmente para cada cliente. Um primeiro jantar de boas-vindas é realizado em restaurante pré-selecionado. Para quem puder, a dica é chegar um dia antes para curtir a agitada cidade de Zurique. A subida até o topo da Grossmünster, uma linda catedral do século XVI, vale muito a pena. Há ainda a Lindenhofplatz, praça símbolo da cidade e a praça Sechseläutenplatz, onde está a Ópera de Zurique. Sem falar no Lago de Zurique, um dos lugares mais bonitos da cidade.

Na manhã seguinte o grupo pega a estrada rumo a Brissago, à beira do lago Maggiore, que está dividido entre Itália e Suíça. No caminho, os passos Furka e Nufenen. O Furka Pass, na Suíça, é um dos passos alpinos mais desafiadores, com inúmeras curvas e 2.431 metros acima do nível do mar. A estrada foi escolhida como cenário para uma instigante cena de perseguição em um dos filmes do James Bond: “007 contra Goldfinger” (1964).

As pequenas cidades cercadas por montanhas nevadas o ano todo deliciam a visão, tanto de longe, como de perto

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ON THE ROAD DIA 7 O Nufenen Pass, situado a 2.478m de altitude, é a segunda mais alta estrada da Suíça. Mesmo no verão, a neve lá no alto é garantida, porém as estradas estão sempre limpas, proporcionando uma pilotagem tranquila.

homenagem. Suas 60 curvas fechadas encantam e desafiam motoristas e motociclistas. Na programação do dia está também o Passo Gavea e o Lago di Garda.

DIA 3

DIA 5

No dia seguinte é hora de subir o San Bernardino Pass, entre a Suíça e a Itália, curtindo muitas curvas, apreciando vilarejos e a paz suíça. São 63 km de estrada, com uma sequência de enormes túneis. Entre eles estão as montanhas onde nasce o Rio Reno, considerado o mais importante e simbólico da Europa. Depois de um caminho de tirar o fôlego, o grupo chega à St Moritz para fechar o dia com chave de ouro. Milhares de turistas, incluindo membros de famílias reais e celebridades, visitam St. Moritz durante todo o ano.

Neste dia o almoço é na cidade medieval de Sirmione e a principal atração é a Strada della Forra, uma das mais bonitas do mundo. Inaugurada em 1913, é uma estrada famosa entre os motociclistas por seu percurso sinuoso e às vezes estreito. É uma espécie de desfiladeiro, com cavernas e cavidades esculpidas pela ação da água. Há pontos na estrada em que só passa um veículo por vez. No passado, o então primeiro-ministro britânico Winston Churchill a chamou de oitava maravilha do mundo.

No quarto dia do tour estão algumas das principais atrações do roteiro. É dia de visitar o Parque Nacional Suíço e o Parque Nacional de Stelvio, já na Itália, além da cadeia de montanhas Dolomitas. Fundado em 1935, o Parque Nacional Stelvio abrange o passo de mesmo nome. A estrada é tão especial para os italianos que teve um Alfa Romeo nomeado em sua

DIA 6

DIA 4

Dia de deixar a Itália e seguir em direção à França, passando pelo Vale da Aosta até chegar ao túnel de 11 km que liga a Itália às terras francesas. O pernoite é na cidade de Chamonix Mont-Blanc, que parece ter saído de um conto de fadas. Ali está o Mont Blanc, a mais alta montanha da Europa.

Dia livre para curtir Chamonix. De um lado da cidade está o Mont Blanc e do outro o Maciço de Aiguilles Rouges. Onde quer que você esteja, basta olhar para cima e lá estarão exuberantes montanhas cobertas de neve o ano todo. O principal rio da região, o Arve, atravessa a cidade com suas águas claras, resultantes do degelo do Mont-Blanc, completando a belíssima paisagem. Entre as atrações, um passeio de teleférico para uma vista panorâmica da região e um jantar com a tradicional raclette.

ROXMOTO www.roxmoto.com.br Instagram: @oficialroxmoto Tel.: 99365-8180

TRX www.triumphexperience.com.br Instagram: @triumphtrx Tel.: (19) 99255-4787 Castelos também são presença marcante ao longo da viagem

DIA 8 No oitavo dia do tour o grupo retorna à Suíça. O almoço é no Lago Leman, a bordo de um barco histórico, enquanto navegase pela orla, avistando Montreaux e Vevey, duas encantadoras cidades suíças. Após o barco, hora de pegar as motos novamente e seguir em direção a Interlaken, com uma parada em uma fábrica de queijo Gruyère.

DIA 9 Último dia do tour com aquele gostinho de quero mais. Para a despedida, a travessia do Susten Pass, um dos passos mais bonitos dos Alpes Suíços. São 45 km de estrada que conecta Innertkirchen a Wassen. A estrada de Sustenpass é muito popular entre os turistas, especialmente pela vista do Glaciar Stein. Um túnel de 300 metros de comprimento cruza o passo. Um jantar de despedida encerra a experiência maravilhosa desse tour pelos Alpes suíços, franceses e italianos.

DIA 10 Hora de pegar o transfer para o aeroporto e partir para casa com belíssimas lembranças.

CALENDÁRIO DE VIAGENS Em 2022, a ROXMOTO operará duas turmas do Alpes Experience, de 11 a 20 de junho e de 18 a 27 de junho. A segunda turma já está esgotada. Restam apenas algumas vagas para o primeiro grupo. Mas a ROXMOTO e a TRX têm diversas outras opções de roteiros na Europa, América do Norte e América do Sul. Basta escolher o destino e a equipe se encarregará de te proporcionar uma experiência incrível! Restam ainda vagar para seis tours europeus, seis pela América do Norte e um pela América do Sul. Entre em contato para mais informações e fazer sua reserva.

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AVALIAÇÃO Texto: André Ramos Fotos: Edgar Klein

Ducati Scrambler Icon PÓS-VINTAGE Mesclando estilo clássico mas pontuada por elementos tecnológicos, a descolada moto da Ducati é um convite ao mais puro free ride.

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m 2015 a Ducati apresentava durante o Salão Duas Rodas daquele ano a sua linha Scrambler composta por quatro modelos: Icon, Classic, Urban e Full Throttle, mas destes, o único que permanece na linha é a Icon, modelo considerado na ocasião como a porta de entrada para a família e que desde então, recebeu pequenas mudanças. A história desta família, entretanto, começou em 1962 quando a marca criou as primeiras Scramblers equipadas com motores monocilíndricos de 250 cm3 e 350 cm3, voltadas para o mercado norte-americano. Esta primeira geração durou até 1967

e eram derivadas da Ducati Diana, preparadas por Michael Berliner para as provas de dirt track. A segunda geração veio em 1970, com modelos que iam da 125 até a 450. Mas a partir do início dos anos 2010, a força da onda revival fortaleceu-se e com ela, trouxe de volta no mundo das duas rodas o estilo scrambler, fazendo as marcas se mobilizarem e a produzirem seus próprios modelos. A atual Ducati Scrambler é uma motocicleta moderna mas que, através de elementos de seu design, faz a conexão com seu passado, preservando o estilo consagrado. Seu visual é

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AVALIAÇÃO

O novo painel ganhou os tão esperados marcador de combustível e indicador de marcha...

clean, minimalista e despojado, aproximando-a do purismo estético e ciclístico daquela época. Para 2021 a moto ganhou itens de tecnologia contemporânea, como freios com sistema Cornering ABS, que amplia a segurança em frenagens com a moto inclinada, iluminação full LED, onde o farol conta com DRL (Daytime Running Light), painel full digital, com marcador de combustível e indicador de marcha engatada – além de relógio, tacômetro, dois trips e odômetro total, indicação do DRL e velocímetro (vale ressaltar que suas funções são acionadas através de um botão no punho esquerdo, dispensando a necessidade de tirar uma das mãos do guidão). Outros pontos que ganharam atenção para 2021 foi o assento, que recebeu mais espuma em sua porção central para melhorar o conforto e as rodas, que agora têm um novo visual. No mais, a Scrambler Icon manteve seu estilo característico que tanto desperta a atenção quando nossos olhos a encontram, com o amarelo forte em oposição ao preto do motor e rodas, criando um saudável contraste e um convite à customização.

... enquanto que o assento recebeu mais espuma para privilegiar o conforto

TÉCNICA

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O motor que equipa a Scrambler Icon é o bicilíndrico batizado pela Ducati de “Desmodue”, arrefecido a ar e óleo, duas válvulas por cilindro, 803 cm3, com o consagrado sistema de comando de válvulas desmodrômico, que alimentado por injeção eletrônica (roda somente com gasolina) entrega 73 cv a 8.250 rpm e torque máximo de 6,7 kgf.m a 5.750 rpm, acoplado a um câmbio de 6 velocidades, que trabalha com embreagem de acionamento hidráulico. O quadro traz uma outra marca registrada da marca de Borgo Panigale, a estrutura em treliça de aço, que usa o motor como ponto de reforço estrutural, com ângulo de cáster de 24o e 111 mm de trail, apresentando 1.440 mm no entreeixos e tanque com capacidade para 13,5 litros. O assento traz altura de 790 mm em relação ao solo. As suspensões são fornecidas pela KYB (antiga Kayaba): na dianteira há um garfo invertido de 41 mm de diâmetro, atrás,

o monoamortecedor oferece regulagens de pré-carga e retorno, sendo que ambas contam com 150 mm de curso. As citadas novas rodas de alumínio são nos tamanhos 18 e 17 polegadas, calçadas com pneus Pirelli MT 60 RS, que à época foram fabricados com exclusividade para ela, nas medidas 110/80-18 na dianteira e 170/60-17 na traseira. Os freios trazem a assinatura da grife Brembo: na frente o disco mede 330 mm e é acionado por uma pinça de fixação radial de quatro pistões; atrás, mede245 mm e é mordido por pinça flutuante de pistão simples – e nunca é demais lembrar que contam com sistema Cornering ABS.

IMPRESSÕES A primeira coisa que chama a atenção na Scrambler Icon, sem dúvida, é seu estilo, que agrada tanto os mais maduros e saudosistas, quanto os jovens que buscam destaque e visibilidade, afinal, este é o conceito scrambler, que em inglês que dizer algo como “misturado”.

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AVALIAÇÃO gosta de fazer algumas estiupulias (leia-se, tirar a roda da frente do chão), mas este apetite todo cobra o preço na forma de dissipação de calor, que judia do piloto em dias quentes rodando na cidade. Por fim, a Scrambler Icon encara uma estrada? Encara uma viagem com garupa? Claro, mas não é sua proposta: Sua pegada são os rolês mais curtos, um bate-e-volta e te levar para aquele encontro com os amigos para curtirem um dia de moto juntos – e misturados!

ESPECIFICAÇÕES Motor: Desmodue bicilíndrico, arrefecimento ar/óleo, 8V, comando desmodrômico Cilindrada: 803 cm3 Alimentação: injeção eletrônica Diâmetro x Curso: 88 x 66 mm Potência: 73 cv a 8.250 rpm Torque: 6,7 kgf.m a 5.750 rpm Câmbio: 6 velocidades Chassi: treliça em aço Susp. Diant.: KYB invertida, 41 mm, 150mm curso Susp. Tras.: KYB

monoamortecedor, reg pré-carga e retorno, 150mm curso Freio Diant.: Brembo disco simples 330 mm, pinças fix. radial 4 pistões, com Corenering ABS Freio Tras.: Brembo disco 245 mm, pinça flut 1 pistão, com Cornering ABS Pneu diant.: Pirelli MT 60 RS 110/80-18 Pneu Tras.: Pirelli MT 60 RS 170/60-17 Peso: 173 kg (seco) Tanque: 13,5 l Preço: R$ 64.990

Descolada e com um motor muito torcudo, a Scrambler Icon é pura diversão

A moto é muito descolada: olhando para ela, a sensação que se tem é de dejà vu, como se já a tivéssemos visto sob o comando do lendário Steve McQueen em algum On Any Sunday da vida – sem contar que é perfeita para encarar um processo de customização. Extremamente fácil de ser conduzida, a Scrambler Icon é daquelas motos que você pega a mão rapidinho, dada a facilidade de ser conduzida, apesar de estarmos sobre uma moto de quase mil cilindradas. Suas pequenas dimensões, associadas ao baixo peso e a um assento relativamente estreito e baixo, tornam a pilotagem algo intuitivo e fácil, enquanto que o ângulo de cáster fechadinho e o entre-eixos curto a deixa ágil no trânsito e divertida em trechos sinuosos.

Claro que para que a equação feche, entram em jogo o resistente quadro em treliça, as equilibradas suspensões e os clássicos pneus MT 60 RS, que são muito mais vocacionados para o asfalto que para a terra – e, diga-se de passagem, com um desenho muito bonito e alinhados à proposta da moto. Os freios sã um absurdo de potentes e além de darem conta do recado com folga, trazem o valioso Cornering ABS que te confere um plus na confiança. Embora os números e as características construtivas de seu motor apontem para uma moto que está sempre te convidando a acelerar, é possível rodar na boa com a Scrambler Icon. E este comportamento vigoroso associado a um entre-eixos curto, torna a moto muito divertida para quem

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VIAGEM DO LEITOR Texto e Fotos: Augusto Andrade

Chapada Diamantina Ao longo de 16 dias e 4.700 km, dois grupos de amigos viajam por caminhos diferentes para se reunirem e aproveitarem as belezas deste paraíso nordestino.

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u ando iniciamos o planejamento desta viagem decidimos, por uma questão de agendas de trabalho e famílias, que seriam formados dois grupos de viagem até nos encontrarmos em Lençóis (BA), cinco dias depois do início da jornada. Um grupo seguiria pelo litoral, enquanto o outro, pelo interior. O grupo que eu estava iniciou a trip saindo de São Paulo com destino a Cristalina (GO), via BR-050, que em seu trecho que passa por São Paulo é denominada como SP-330, ou Rodovia Anhanguera. Os 870 km deste primeiro trecho foram percorridos por oito motos, sendo sete Harley-Davidson e apenas uma BMW R 1200GS. É claro que nem tudo poderia dar certo e, no meio do caminho, um dos integrantes não se sentiu bem, mas mesmo assim seguiu até Cristalina para depois retornar a São Paulo. Enquanto isso, o grupo que seguiu pelo litoral já estava na estrada há alguns dias, fazendo um roteiro fantástico onde o foco foi conhecer as belezas do litoral brasileiro, passando por Abrolhos, Arraial D’Ajuda e Península de Maraú (BA). Voltando ao grupo em que eu estava, após o pernoite em Cristalina (GO), seguimos em direção a Barreiras (BA). E lá se foram mais 740 km passando por Luiz Eduardo Magalhães (BA) via BR-020. Especificamente o trecho entre Posse (GO) e Luiz Eduardo Magalhães (BA), a BR-020 torna-se uma atração à parte; retas quase que infinitas, margeadas por campos de algodão em planícies intermináveis compunham

a paisagem. É bom dizer que os postos de combustível são quase tão escassos quanto a vegetação e você precisa ficar atento para não acabar ficando sem combustível.

O PARAÍSO COBRA SEU PREÇO Enquanto isso, o grupo que seguia pelo litoral, já estava chegando na Península de Maraú (BA). Quando começaram a pegar a BR-030 para Taipu de Fora, perceberam que a aventura seria um pouco mais radical. Este grupo do litoral era composto de cinco motos, sendo uma HD Fat Boy, três BMW R 1200GS e uma Triumph Tiger 800. Devido a 40 km sem asfalto, o grupo levou 1h20 para completá-lo e por conta da quantidade e tamanho dos buracos, houve alguns tombos e infelizmente a HD, que obviamente não é feita para este tipo de terreno, sofreu mais. Apesar do perrengue enfrentado ninguém se machucou e todos chegaram bem ao paraíso que é a Península do Maraú, especialmente a praia de Taipu de Fora, com recifes em partes muito rasas da praia, e a Ponta do Mutá, onde puderam apreciar um pôr do sol no mar. Enquanto isso, nós do grupo do interior, neste terceiro dia saímos de Barreiras (BA) e seguimos para Lençóis (BA), com mais 470 km pela frente, uma moleza para quem já tinha rodado mais de 1.600 km em dois dias. Neste trecho, a paisagem já começa a mudar, com belas montanhas ao fundo e a oportunidade de cruzar o belo rio São Francisco, o Velho Chico, na cidade de Ibotirama (BA). O São Francisco é um dos mais importantes rios brasileiros e contribui

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para o desenvolvimento econômico das regiões que percorre, principalmente nas áreas de clima semiárido, e tem o seu potencial hidrelétrico muito aproveitado. Finalmente, após três dias de estrada e mais de 2.000 km chegamos a Lençóis (BA) e nos encontramos com o pessoal do outro grupo.

de uma van durante dois dias. No primeiro dia fomos conhecer o Morro do Pai Inácio, principal cartão postal da Chapada Diamantina. São 300 metros íngremes a partir do estacionamento, que se cumprem em 20 minutos de caminhada. Lá do alto é possível ver a Chapada até cansar a vista. Uma dica é deixar esta subida para o fim da tarde para aproveitar o pôr do sol. Outro ponto igualmente impressionante, mas debaixo da terra é a Gruta da Fumaça, uma das mais ricas do Brasil. A circulação pelos três percursos da gruta só pode ser feita com auxílio de um monitor do local. Quem a visita precisa ter algum preparo físico para se espremer entre os blocos de rocha e andar agachado até lindos salões com heliclites, flores de aragonita e uma sequência de 60 metros de estalactites. Para nos refrescar, passamos um dia na Fazenda da Pratinha, um verdadeiro

DESCANSO A cidade de Lençóis surgiu em meados do século XIX com a descoberta de muitas jazidas de diamantes na região da cidade de Mucugê e é ali que fica localizada a Chapada Diamantina, famosa por ser o principal destino turístico da região. Os amantes da natureza têm Lençóis como um destino obrigatório, onde podem encontrar bons hotéis, pousadas, restaurantes, bares e toda infraestrutura de uma cidade turística. Passamos três dias na cidade, onde contratamos um guia local autorizado e fomos explorar a região a bordo

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Acima, a turma celebra a viagem com o Morro do Pai Inácio ao fundo.


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paraíso aquático com piscinas naturais. Eleita a terceira água mais cristalina do mundo, não por acaso recebeu o título de "Oásis do Sertão". O local é bastante completo e conta com cafeteria, bares, restaurantes e até mesmo uma pousada para quem quiser ficar por lá e aproveitar com mais calma tudo que o complexo oferece. Desde uma flutuação na gruta da pratinha com águas cristalinas com tonalidade azulada, passando por tirolesa, caiaque, stand up, pedalinhos, foto subaquática e para finalizar, uma massagem relaxante.

O RETORNO Depois de aproveitar todas estas belezas naturais, chegava a hora de voltar para casa e para isso, nos dividimos em três grupos desta vez.

O primeiro grupo saiu logo cedo – por volta das 6h30 já estavam na estrada sentido São Paulo, via Minas Gerais. O objetivo era passar por Salinas que é conhecida pela qualidade do queijo, da carne de sol, pelas tradições, pelo folclore e pela produção agropecuária, mas nada lhe dá mais notoriedade do que suas famosas cachaças. Depois de Salinas, o grupo seguiu viagem até Belo Horizonte e uma pane no motor de uma das motos – óbvio que tinha que ser na moto do mecânico – obrigou este viajante a voltar de avião até São Paulo. Os outros dois grupos, que saíram em horários diferentes, decidiram voltar pela mesma rota da ida, ou seja, saindo de Lençóis (BA), passando por Barreiras (BA), Brasília (DF), Uberlândia (MG) e finalmente, São Paulo.

Ao lado: a vista compensa todo esforço

Um dos integrantes teve um mal-estar e precisou de atendimento médico na estrada. Por sorte, paramos em um posto de gasolina no povoado de Javi (BA) e o frentista nos indicou um posto de saúde, onde fomos prontamente atendidos com excelência pelos funcionários da UBS local, retornando para a estrada cerca de 45 minutos depois. Enquanto isso, o outro grupo decidiu rodar o quanto fosse possível e seus integrantes acabaram pilotando até o anoitecer, o que não é muito indicado em função das condições precárias da estrada. E foi num trecho sem sinalização alguma, que um dos integrantes não conseguiu visualizar uma lombada e acabou caindo. Sem prejuízos graves para o piloto, mas com a moto bastante danificada, ele acabou voltando com o carro da seguradora para casa. Depois de tantas aventuras e com muitas histórias para contar chegamos todos bem em casa. Ao todo, foram 4.700 km rodados ao longo de 16 dias, recheados de perrengues, transpiração, gasolina, muitos sorrisos e histórias para contar. Agora é começar o planejamento para a próxima trip, quem sabe, para outra Chapada.

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EXPERIÊNCIA Texto: André Ramos Fotos: LZ Photos

YAMAHA YZF-R3 DAS RUAS PARA A PISTA A gente pegou uma moto original, uma original calçada somente com pneus especiais de competição e uma moto da Yamalube R3 bLU cRU Cup para ver as diferenças práticas entre elas.

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EXPERIÊNCIA Texto: André Ramos Fotos: LZ Photos

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o início de setembro, a Revista Moto Adventure foi convidada pelo assessor de imprensa da Yamaha, Laner Azevedo, para participar de uma incrível experiência no Circuito Haras Tuiuti, no interior do estado de São Paulo. O objetivo era ver como se comportava naquela travada pista três diferentes versões da Yamaha ZFR-R3: uma completamente original (inclusive com piscas, espelhos, etc.), outra equipada somente com pneus Pirelli Supercorsa SC1 (os mesmos utilizados nas motos de competição) e por fim, a moto que disputa a Yamalube R3 bLU cRU Cup. Na ocasião, tive a companhia de nosso companheiro de redação, Laertes Torrens Filho, do diretor da unidade moto para a América Latina da Pirelli, Rutembergue Fonseca e de Laner Azevedo, assessor de imprensa da Yamaha e meu amigo de longa data. Foi um dia intenso, de muita pilotagem, camaradagem e que rendeu a possibilidade de colher valiosas impressões sobre a experiência. A primeira motocicleta que tive a oportunidade de conduzir foi a original. A YZF-R3 é uma moto que traz em sua construção todo o DNA racing lapidado pela Yamaha em suas superesportivas YZF-R6 e YZF-R1: logo no primeiro olhar já é possível estabelecer esta conexão, pois é evidente a herança que as duas maiores exerceram no desenvolvimento da irmã menor. Quem vê a moto no dia a dia, talvez não imagine do que ela é capaz dentro da pista, mesmo completamente original. É incrível como ela já proporciona diversão na pista. Sem tirar nem por nada, é uma tremenda porta de entrada para o mundo da velocidade e consegue entregar muita performance, performance esta que é limitada justamente pelo perfil dos pneus originais, que não são voltados para esta proposta. Explico. Os pneus originais precisam oferecer uma combinação equilibrada entre durabilidade e performance. Assim, trazem um desenho com ombros (laterais) mais elevados e um composto mais duro e e com desenho voltado para a moto rodar por ruas e estradas, tanto no seco como no molhado. Quando vamos para uma pista, onde o nível de exigência em frenagens e principalmente em curvas, é maior, eles vão dando progressivos sinais de que estão em seu limite de aderência.

DIABLO SUPERCORSA E é exatamente neste ponto que entram em cena os pneus Pirelli Diablo Supercorsa SC1 (Special Compound 1) que

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EXPERIÊNCIA

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Calçada com os pneus Pirelli Diablo Supercorsa, a YZF-R3 mostra toda sua capacidade racing

equipavam a segunda moto e que permitem explorar justamente aquele nível de performance superior que estava guardado, limitado pelos pneus originais. Eu cheguei a comentar com o Laner: “eu me senti endiabrado” (desculpem o trocadilho com o nome do pneu, foi sem querer), pois passei a atacar as frenagens e a contornar as curvas com muito, muito mais segurança e velocidade, raspando com frequência as pedaleiras no solo e gastando as saboneteiras de meu macacão. Desenvolvido junto ao Mundial de Superbike, o Diablo Supercorsa SC1 é um pneu de alta performance, não homologado para rodar na rua, por ser um pneu fabricado com composto monoaquecimento e com carcaça menos resistente a impactos. E por fim, pude experimentar durante 20 minutos a R3 de competição. Apesar dela ter o mesmo motor que

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uma moto original e estar equipada com os Pirelli Diablo Supercorsa SC1, é uma moto que exige adaptação, pois suas reações comparadas à uma moto original são bem diferentes. A carenagem de competição que já traz o assento sem espuma (há apenas uma fina camada de neoprene), e as pedaleiras mais elevadas e mais recuadas resultam em outra posição de pilotagem. O pedal de câmbio também é mais sensível e os freios mais agressivos, graças às linhas em malha de aço. Tudo isso somado exige mais tempo de adaptação para que você sinta-se à vontade. Enfim, foi uma experiência incrível que mostrou não só o quanto a YZF-R3 é divertida, mas também, o quanto pode ainda oferecer de performance quando calçada com um pneu puro-sangue esportivo – além de ser surpreendentemente capacitada para o mundo racing.


CUSTOMIZAÇÃO Texto: André Ramos Fotos: Edgar Klein

Harley-Davidson V-Rod Porsche 917 Steve McQueen TRIBUTO A TRÊS LENDAS Qual seria o resultado se uma Harley-Davidson V-Rod fosse customizada para homenagear um carro e um ator que entraram para a história?

dentro das dependências do Porsche Talk Brasil, clube de aficionados da marca alemã localizado em São Paulo, entre Zeew Maghidman, da Custom by Zeew, Youssef XXXX, da Legendary Motors e Maurício “Billy” XXXX, presidente do clube. A ideia culminou com o projeto de criação de uma V-Rod (moto com o legado mecânico da marca alemã) que prestasse um tributo à Porsche 917K (cauda curta) e à Steve McQueen, o ator e símbolo de uma era que pilotou (não, ele não tinha dublê) o carro no citado filme. Com a ideia aprovada, Zeew e Youssef lançaram-se ao estudo de tudo que dissesse respeito ao carro e ao ator, enquanto procuravam por uma moto para ser customizada. A primeira que foi adquirida foi vendida, já que uma modelo 2014, – uma das últimas produzidas – foi localizada. “Estudávamos todos os detalhes, pedíamos conselhos ao Billy, a outros fãs da marca e até à pessoas de fora do Brasil para que nos fornecessem todas as informações que o projeto foi pedindo”, explicou Zeew Maghidman durante a sessão de fotos que gerou esta reportagem. “Inclusive, todos os emblemas da Porsche usados nesta moto são todos originais e muitos vieram de fora do país”, acrescenta.

POMO DA DISCÓRDIA

O

legado da Porsche nas provas de endurance fazem dela uma das marcas mais icônicas do mundo. Símbolo de status, prestígio, força e esportividade, a Porsche é uma das maiores vencedoras do mundo em provas de resistência, com destaque para as 24 Horas de Le Mans, mítica corrida francesa que foi eternizada com o filme “As 24 Horas de Le Mans”, estrelado por ninguém menos que o “Rei do Cool”, Steve McQueen.

Em 2001, a Harley-Davidson pegou carona em todo este lastro e apresentou ao mundo a V-Rod, modelo que foi centro de debates acalorados entre os fãs da marca, dada a ruptura que seu estilo e, principalmente, seu motor desenvolvido em parceria com a Porsche, provocavam. Mas e se fosse possível construir uma moto que homenageasse estas três lendas (Porsche, Steve McQueen e Harley-Davidson V-Rod)? Um dia esta possibilidade surgiu durante um bate-papo

Um dos pontos que gerou muito debate entre seus criadores foi a definição das cores e dos tons que seriam adotados. “A gente demorou a chegar a um consenso”, recorda-se Zeew. “Todos diziam que deveríamos aplicar as cores da Gulf da época, mas eu acreditava que deveríamos fazer um detalhe da pintura da desse jeito e o resto, achava que deveríamos fazer uma releitura para os nossos tempos. A gente começou a ver carros de F1 e F Indy dos Anos

70 e as pinturas eram uma coisa; hoje, as pinturas das mesmas equipes têm o DNA daquela época, mas com toques hi tech. Aí o Youssef comprou a ideia e decidimos seguir nossa intuição e só mostrarmos o resultado quando estivesse pronta”. Assim, o tom de azul original da Gulf foi utilizado, porém, sem brilho, enquanto que o preto, bastante usado à época, foi utilizado de maneira mesclada entre o brilhante e o fosco. “O laranja seria o ponto hi tech”, explica Zeew. “Decidimos fazer um laranja cromo, puxado para o cobre e quando a gente mostrou a moto pronta, a aceitação foi geral”, comemora. Um dos pontos que reforça a homenagem ao ator, morto em 7 de novembro de 1980, é sua foto e assinatura presentes na parte superior do tanque. “Quando decidimos fazer a homenagem

a ele, de cara a gente pensou na sua assinatura, mas sugeri inserir também o rosto dele estilizado, como se fosse uma marca d’água. Com o tanque azul, casou perfeitamente. Foi um tributo a ele mesmo”, reforça Zeew. “No total, foram nada menos que 1.086 itens modificados”, quantifica o customizador, explicando como sendo itens, de um parafuso pintado à troca de uma carenagem. E você pode ser o futuro proprietário dessa moto, afinal, está rolando uma rifa que vai contemplar um entre 200 números, parte destes reservados aos membros do Porsche Talk Brasil e parte para venda aberta. Para concorrer, envie uma DM (Direct Message) à Legendary Motors (@legendarymotors) ou para o Porsche Talk Brasil (@XXXXXX).

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Para 2022, a Honda NXR 160 Bros recebeu mudanças estéticas com o objetivo de deixá-la mais esportiva e contemporânea, visando mantê-la como a preferida de seu consumidor.

Texto: André Ramos/Laertes Torrens Filho Fotos: Caio Mattos/Renato Durães-Honda

E

m 2019 a Honda NXR Bros 160 conquistava pela quarta vez consecutiva o título de moto com o maior valor de revenda do Brasil, prêmio conferido pela agência Autoinforme em parceria com a TextoFinal Comunicação. Isso demonstra a força que este modelo tem junto a uma significativa parcela do motociclista brasileiro que reconhece nela um conjunto de qualidades marcado pelo desempenho, economia de combustível, confiabilidade e agilidade, resultando em uma moto que além de fácil de vender, preserva bom valor de mercado. De acordo com dados da citada agência, a Bros 160 perdia naquele ano somente 5,6% em média de seu preço após um ano, em relação a um modelo zero quilômetro, revelando a melhor performance entre 101 modelos, de 17 diferentes categorias e 12 marcas. Terceira moto mais vendida do país, até agosto 79.749 unidades da NXR Bros 160 já tinham sido emplacadas (dados Fenabrave), sendo que desde que foi lançada, em 2003, mais

de 2,5 milhões de Bros já foram compradas pelos brasileiros. Tais números fazem da NXR 160 Bros, obviamente, a líder em sua categoria e para manter esta hegemonia, a Honda acaba de apresentar a versão 2022 da pequena trail, que continua a ser oferecida somente em uma única versão. Diante do estado avançado do desenvolvimento deste projeto, pouca coisa foi alterada para esta nova versão, com a motocicleta recebendo um face lift com o objetivo de atualizar o seu design, tornando-o mais agressivo e esportivo. Para isso, o time de designers da marca desenvolveu um novo tanque (que manteve os 12 litros de capacidade) para receber as novas aletas, enquanto que a carenagem do farol e as laterais também foram redesenhadas. Além disso, a moto passa a contar agora com novas sanfonas de proteção às bengalas da suspensão dianteira, mudança que tem o objetivo de ampliar a vida útil dos retentores, principalmente das motos que rodam com frequência na terra. “Tais mudanças visaram deixar a Bros com uma aparência mais esportiva e moderna”, explicou Alfredo Guedes,

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IMPRESSÕES – POR LAERTES TORRENS FILHO

engenheiro do departamento de Relações Institucionais da Honda durante a apresentação do modelo, realizada em meados de setembro na região de Ilha Comprida, litoral Sul do estado de São Paulo. Nos aspectos mecânico e ciclístico foram mantidos os conjuntos que consagraram a motocicleta. Seu motor é o consagrado monocilíndrico arrefecido a ar, com comando de válvulas único no cabeçote (OHC), que trabalha com balancins roletados, de 162,7 cm3. Alimentado por injeção eletrônica PGM-FI, oferece a tecnologia FlexOne, que permite com que seja abastecido

ESPECIFICAÇÕES Motor: monocilíndrico, OHC, arrefec. líquido Cilindrada: 162,7 cm3 Alimentação: injeção eletrônica PGM-FI Diâmetro x Curso: 57,3 x 63 mm Potência: 14,5 cv (gasolina) / 14,7 cv (etanol) a 8.500 rpm Torque: 1,46 kgf.m (gasolina) / 1,60 kgf.m (etanol) a 5.500 rpm Câmbio: 5 velocidades

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Sabe quando você monta na moto e tem impressão que ela já te veste há muito tempo? Foi o que eu senti com a NXR 160 Bros 2022. Para começar, ela parece alta, mas não é; foi num passe de mágica a nossa compatibilidade. Banco confortável e aprovado, afinal, mesmo com capa de chuva (que você sabe como nos faz escorregar sobre alguns assentos), manteve-me fixo em minha posição de pilotagem. Os freios à disco e combinados, são muito bem dimensionados para qualquer situação. As suspensões trabalharam em perfeita harmonia com a proposta da motocicleta. Ao longo dos 160 km percorridos pelos mais diversos tipos de terrenos e sob chuva (areia, barro, grama molhada, além de asfalto molhado), comprovaram sua eficiência e capacidade de engolir a buraqueira e os trechos fora de estrada. A NXR 160 Bros é de fácil condução, com respostas apropriadas para a envergadura do propulsor e conjuga excelente autonomia. O painel em LCD, além de moderno, possibilita fácil leitura sob qualquer condição de luz. Enfim, a Bros 2022 é, ao mesmo tempo, pau pra toda obra e diversão garantida!

tanto com etanol como com gasolina. Na gasolina entrega 14,5 cv e no etanol, 14,7 cv, ambos a 8.500 rpm, enquanto que o torque máximo é de 1,60 kgf.m no etanol e de 1,46 kgf.m na gasolina, alcançado a 5.500 rpm. Seu câmbio é de 5 marchas, escalonadas para trabalhar com a proposta on/off-road da motocicleta e sua embreagem é de acionamento mecânico (via cabo), contando com sistema

Chassi: aço, diamond Susp. Diant.: garfo telescópico, 180 mm curso Susp. Tras.: monoamortecedor, 150 mm Freio diant.: disco 240 mm, pinça triplo pistão, com CBS Freio Tras.: disco 220 mm, com CBS Pneu Diant.: 90/90-19 M/C 52P Pneu Tras.: 110/90-17 M/C 60P Peso: 122 kg (a seco) Tanque: 12 l Preço: R$ 14.600 (sem frete)


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de multidiscos banhados em óleo. A transmissão secundária usa corrente 428, com coroa de 48 dentes e pinhão de 16 dentes. O chassi é do tipo berço semi-duplo fabricado em tubos de aço o qual manteve inalteradas suas medidas entre guidão, banco e pedaleiras, as quais são um dos pontos altos na avaliação de seus usuários em virtude do conforto e da facilidade de condução da moto, tanto no asfalto, como na terra, seja em pilotagem solo, seja com garupa. Um ponto a mais a se ressaltar na moto é seu bagageiro, que permite fácil instalação de suporte para baú, sem que seja necessário realizar adaptações que descaracterizem a sua estrutura. Outro é seu painel: em LCD Blackout digital traz conta-giros, velocímetro, hodômetros total e parcial, indicador do nível de combustível e luzes-alerta, que oferece facilidade de leitura das informações mesmo em condição de sol à pino.

OBJETO DE DESEJO Desde o seu lançamento há 18 anos, as suspensões de longo curso da Bros despertam elogios de seus proprietários, graças à sua capacidade de fazer a moto encarar condições adversas de piso – inclusive, a moto é um objeto de desejo de moradores e trabalhadores de zonas rurais pelo interior do país. Na frente há um garfo telescópico hidráulico com curso de 180 mm; atrás, a suspensão é monoamortecida, com curso de 150 mm. As rodas são raiadas fabricadas em aço nas medidas 19 e 17 polegadas, as quais são calçadas com pneus 90/9019 M/C 52P na frente e 110/90-17 M/C 60P atrás. Tais características fazem com que a NXR 160 Bros apresente 247 mm de altura em relação ao solo, facilitando sua condução por trechos off-road e em travessias de riachos (o escapamento elevado também ajuda) e deixe o assento a uma altura de 836 mm também em relação ao solo. A NXR 160 Bros conta com freios a disco nas duas rodas, auxiliados por sistema de frenagem combinada (CBS-Combined Brake System), que contribui para frenagens mais seguras para os iniciantes, principalmente em situações de baixa aderência, comuns em pilotagens na terra. Na frente o disco mede 240 mm, acionado por pinça de triplo pistão, enquanto que atrás mede 220 mm, mordido por pinça flutuante de pistão único. A Honda NXR 160 Bros 2022 começou a ser vendida a partir de setembro, nas cores vermelho, branco e preto, com preço público sugerido de R$ 14.600,00 (valor-base para o Distrito Federal e que não inclui despesas com frete ou seguro). Vale ressaltar que ela conta com garantia de três anos, sem limite de quilometragem, além de sete trocas de óleo gratuitas.

Se a Bros continua equipada com o mesmo confiável motor de 160cm3, o visual ganhou um upgrade (abaixo)

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AVALIAÇÃO Texto: André Ramos Fotos: Edgar Klein

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Dafra Cru isym 150 2022

Cara nova no m ercado Mais um fruto da parceria entre a brasileira Dafra e a taiwanesa SYM, nova scooter chega com visual contemporâneo e itens de comodidade, para brigar dentro do mais concorrido segmento de mercado.

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pesar da Dafra ter sido a responsável por fazer com que o mercado de scooters no Brasil experimentasse um processo de amadurecimento a partir do lançamento da Citycom 300i em 2010, a marca estava sem uma scooter para concorrer no segmento entre 150 e 160 cm3, que é o mais disputado e que responde por cerca de 60% das vendas de scooters no Brasil. Com a descontinuidade da Cityclass 200i no final de 2020, em julho deste ano a marca apresentou sua nova aposta para brigar por seu espaço neste segmento. Batizada de Cruisym 150, a nova scooter é mais um produto fruto da parceria com a taiwanesa SYM, que além da citada Citycom 300 CBS, já foi responsável pelo desenvolvimento da Maxsym 400i, Next 300, Citycom HD 300 e NH 190. Esta nova scooter chega às concessionárias apresentando design moderno e um generoso pacote de comodidades, conciliando isso ao menor preço da categoria (R$ 14.490 em seu lançamento).

A Cruisym 150 tem visual que agrada, fruto de linhas contemporâneas que se associam a dois amplos faróis; há luzes de posição e lanterna traseira em LED, além de um moderno e completo painel em LCD full digital, trazendo além do velocímetro, conta-giros, marcador de combustível, relógio, odômetro total e um parcial e até tensão da bateria. Mas não para por aí: a Cruisym 150 é a única do segmento que apresenta tomada USB que dispensa o uso de adaptadores, uma grande comodidade, já que com o adaptador, o celular acaba não cabendo dentro do portaluvas, além de ser necessário adquirir o dispositivo e ser um elemento que pode dar problema devido ao manuseio constante e à trepidação. O assento em dois níveis fica a 771 mm em relação ao solo; é amplo tanto para o piloto como para o garupa, com as pedaleiras deste discretamente alocadas junto à carenagem. O piso é plano e facilita a entrada e a saída da scooter, enquanto que o gancho localizado atrás do

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escudo frontal amplia a capacidade de carga, possibilitando o transporte de bolsas, mochilas e sacolas. Sob o banco há um habitáculo com capacidade para 18 litros, que acomoda adequadamente um capacete fechado, além do bocal do tanque de combustível, que recebe até 6 litros de gasolina. Neste espaço encontra-se também a chave geral, que é um recurso a mais de proteção contra furto.

MECÂNICA E CICLÍSTICA A Cruisym 150 é equipada com motor monocilíndrico de 149,6 cm3, arrefecido a líquido e alimentado por injeção eletrônica que desenvolve 12,5 cv a 8.000 rpm e torque máximo de 1,22 kgf.m a 6.000 rpm. O chassi é fabricado em tubos de aço; em termos de suspensões, a Cruisym 150 traz garfo convencional

telescópico na dianteira, com curso de 100 na frente e duplo amortecedor na traseira, com três possibilidades de regulagem da pré-carga da mola e 75 mm de curso. Os freios apresentam discos nas duas rodas, acionados por sistema hidráulico e contam com sistema combinado que distribui a força aplicada ao freio traseiro à roda dianteira. E falando em rodas, estas são fabricadas em liga de alumínio e são aro 14 tanto na dianteira como na traseira. A Cruisym 150 está à venda nas concessionárias da marca desde o início de agosto, disponível nas cores preto fosco, vermelho metálico e branco.

IMPRESSÕES A Cruisym 150 chama a atenção por sua beleza: é uma scooter com design moderno e atraente, reforçado por suas luzes de posição e lanterna em LED. Os faróis emolduram sua frente e conferem eficiência noturna e boa visibilidade aos demais veículos e pedestres durante o dia. O assento em dois níveis conta com boa forração de espuma é bem confortável e seus 771 mm em relação ao solo permitem a um amplo leque de usuários colocar os dois pés no solo com facilidade. A posição de pilotagem combina conforto e imponência e o piso em estilo plataforma, se não confere posição mais esticada para os pés e pernas, facilita a entrada e saída da scooter. O painel é moderno e bonito e permite boa visibilidade em qualquer condição de luz, agregando valor à scooter, enquanto que a tomada USB que dispensa adaptadores é um baita item de conveniência em um mundo onde não vivemos sem nossos smartphones. O espaço sob o assento é honesto e sua capacidade de

ESPECIFICAÇÕES Motor: monocilíndrico, arrefecimento líquido Cilindrada: 149,6 cm3 Alimentação: injeção eletrônica Diâmetro x Curso: n/d Potência: 12,5 cv a 8.000 rpm Torque: 1,22 kgf.m a 6.000 rpm Câmbio: CVT Chassi: backbone em aço Susp. Diant.: garfo telescópico, 100 mm curso

carga é ampliada pelo gancho; a chave geral é uma boa sacada para dificultar a vida da malandragem: ao parar e guardar o capacete, basta deslocá-la para impedir que a scooter pegue. Suas características mecânicas e ciclísticas acompanham as boas impressões deixadas pelo visual: as suspensões são muito bem equacionadas à proposta, os freios são extremamente eficientes (surpreendem mesmo!), enquanto que o motor é responsivo na cidade e encara de boa viagens curtas, mesmo com garupa. Sem dúvida, com a Cruisym 150, a Dafra tem um excelente produto para encarar suas concorrentes e nós, um produto moderno, confiável, capaz de encarar os desafios cotidianos com desenvoltura e com um visual muito bacana.

Susp. Tras.: duplo amortecedor, 3 pos. reg pré-carga, 75 mm curso Freio Diant.: disco simples com acionamento hiráulico, com CBS Freio Tras.: disco simples com acionamento hiráulico, com CBS Pneu diant.: Pirelli Diablo Scooter 90/90-14 Pneu Tras.: Pirelli Diablo Scooter 100/90-14 Peso: 130,3 kg (ordem de marcha) Tanque: 6 l Preço: R$ 14.490

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BIG TRIP Texto e Fotos: Celso Renato A. da Silva Fotos: Ronaldo Gomes Paes

Visconde de Mauá

Acima das Nuvens

Encravada no alto da Serra da Mantiqueira, este roteiro contempla um dos destinos mais bacanas da região Sudeste, com opções para os mais variados gostos e bolsos.

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nosso destino desta vez foi o topo das montanhas, na Serra da Mantiqueira entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais, precisamente na região de Visconde de Mauá, com uma paisagem e natureza deslumbrantes, e muito charme de seus vilarejos. Convite para uma aventura em qualquer época do ano, mas como sempre montamos um roteiro surpreendente, pois juntamos duas serras para você percorrer, iniciando pela Bocaina e finalizando na Mantiqueira.

VISCONDE DE MAUÁ Localizada no topo da Serra da Mantiqueira, a aproximadamente 1.200 metros de altitude, esta região, na verdade, ocupa parte de três municípios (Resende e Itatiaia do Rio Janeiro, e Bocaina de Minas, em Minas Gerias). De forma mais ampla, o nome Visconde de Mauá é atribuído ao conjunto das vilas de Mauá,

Maringá e Maromba e seus diversos vales, como o Vale das Cruzes, Alcantilado, Pavão e Grama. Cercada por montanhas, bosques de araucárias, cachoeiras e rios cristalinos, em Visconde de Mauá o canto dos pássaros, o clima ameno e a natureza viva são um convite ao descanso, mas também é um palco esplêndido para a prática de esportes outdoor como o voo livre, a canoagem, trilhas, mountain board e mountain bike. O turismo na região se desenvolveu em três vertentes, com atrativos e serviços para cada um: o “turismo de contemplação e esotérico”, o “turismo esportivo e radical” e o “turismo charmoso e romântico”. Na região você encontrará pousadas, agências e operadores, e uma berm servida rede de comércio e restaurantes focados nestes temas. Vale a pena também conhecer o artesanato da região, assim como sua Festa do Pinhão e o Festival Gastronômico que reúne renomados chefs de cozinha.

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Principais Atrações

CACHOEIRAS

Existem dezenas de cachoeiras na região, com todo o tipo de acesso, tanto para os mais atléticos, como para os mais sedentários. Várias agências operam roteiros com transporte e guias. Faça uma pesquisa: com certeza, você vai encontrar aquele que mais te agrade. As principais são Véu de Noiva, Poção da Maromba, Santa Clara, Escorrega, Alcantilado, Saudade e Fumaça.

TRILHAS Com a natureza muito preservada, fruto da consciência dos moradores e empresários, existem diversas trilhas mapeadas e cuidadas, como: Alto da Serra, Pedra da Gávea e Cruzeiro.

CENTRINHOS COMERCIAIS Como a região é dividida em vilarejos, você tem que conhecer os três principais: Mauá, o mais esotérico, Maringá (RJ), o mais eclético e Maringá (MG), o mais charmoso.

MUSEU DUAS RODAS Isso mesmo, no meio de um cenário bucólico você encontrará uma bela coleção de bicicletas e motos.

A paixão pelos esportes praticados em duas rodas levou o colecionador Robson Pauli a garimpar motos e bicicletas nos últimos 30 anos e levá-las para este exótico espaço no alto da Mantiqueira – entre tantos itens há verdadeiros tesouros. O acervo é formado por mais de 90 peças restauradas; entre motos e bicicletas, há modelos infantis, esportivos, agrícolas, militares, de competição e de carga. Você, motociclista, não vai resistir.

O ROTEIRO Tem tudo para agradar o piloto e o garupa, pois montamos um trajeto com belas estradas vicinais, com paisagens deslumbrantes, atravessando algumas pequenas cidades e vilarejos, passando pelas Serras da Bocaina e Mantiqueira. Esta verdadeira alquimia rodoviária vai garantir o prazer de pilotagem e a satisfação do garupa, finalizando numa região muito charmosa depois de 360 km percorridos. Ele tem início na Rodovia Carvalho Pinto, em Guararema (SP); ao final siga pela Rodovia Dutra, sentido Rio de Janeiro; em Cachoeira Paulista pegue a Rodovia dos Tropeiros, passando pelas cidades de Silveiras, Areias, São Jose do Barreiro, Arapeí e Bananal. Na sequência, siga pela SP-064 sentido Rodovia Dutra e Barra Mansa (RJ). Na Dutra, siga sentido São Paulo e

No QrCode você poderá navegar o roteiro pelo Google Maps

pegue a saída 311 para a Rodovia Dr. Rubéns Tramujas Mader (RJ-163) em direção a Penedo/Visconde de Mauá.

DETALHES O Mirante da Revolução Constitucionalista e a Cachoeira do Escorrega (ao lado) são apenas duas de várias atrações deste roteiro

Utilizei nesta aventura a Honda CRF 1100L Africa Twin DCT, emprestada pela fábrica. Esta big trail recebeu um grande salto evolutivo nesta nova versão. Confortável e segura, seu câmbio automático permite uma pilotagem extremamente confortável e divertida, combinada à esportividade quando as trocas são feitas pelas alavancas do punho. Seu painel de TFT é completo, com muitos ajustes e permite deixar o comportamento da moto adequado ao seu estilo de pilotagem, e através de cabo é possível espelhar o celular no painel. A única patinada é que este modelo básico não possui nenhuma forma de fixação de bagagem originalmente, nem mesmo bagageiro ou alças traseiras. Utilizei conjunto ASW Adventure, capacete Bell e botas Alpinestar. Sempre ande de moto equipado. Este roteiro passa por uma região com muitos atrativos; caso você tenha disponibilidade, aproveite para explorar: não vai se arrepender. Devido à pandemia, pesquise com antecedência a programação e protocolos das atrações.

ONDE COMER E SE HOSPEDAR O roteiro possui muitas opções de restaurantes e hotéis, para todos os gostos e bolsos. Faça a sua pesquisa.

SERVIÇOS Aventur (11) 99296 4677 – Fale com Celsinho, que organiza trips on e off-road Brasil afora (www.aventur.tur.br)

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AVENTURA Texto e Fotos: Thiago e Michelle Damo (@moto_viajeiros)

DO USHUAIA AO ALASKA Thiago e Michelle Damo, do perfil @moto_viajeiros, no final deste ano darão início à uma aventura de 70mil km, passando por 16 países, em uma viagem com duração de 365 dias, cruzando as principais estradas e destinos turísticos da nossa incrível América.

Q

uando iniciamos neste mundo sobre duas rodas, em 2005, jamais imaginaríamos onde isso iria nos levar. Nossas primeiras viagens foram em uma Honda Twister 250cc em percursos de 150 km de distância. Na época os equipamentos que usávamos eram improvisados e às vezes, emprestados por amigos. De lá pra cá conhecemos destinos incríveis e inesquecíveis no Brasil e na América do Sul, como Ushuaia, Torres del Paine, Ruta dos Siete Lagos, San Pedro de Atacama, Lima, Machu Picchu, Salar de Uyuni, entre diversos outros.

O SONHO Foi assistindo a uma série de vídeos no Youtube de um motociclista brasileiro que foi com sua moto até o Alaska, que nosso coração se apaixonou pela aventura e naquele momento fora plantada uma semente em nossas cabeças. Isso foi por volta de 2017, e a partir daí não teria mais volta: seria questão de tempo para a semente germinar e a viagem acontecer... Continuamos viajando pela América do Sul, assistimos diversos vídeos e lemos diversos livros de quem já fez algo parecido, o que fazia o sonho ficar cada vez maior. No entanto uma questão não nos agradava nestas viagens

relatadas nos livros e vídeos: o fato de se ter um tempo muito curto para percorrer o caminho. Não era assim que gostaríamos de fazer, afinal, como cruzar os Estados Unidos e não conhecer os inúmeros parques nacionais, como Yosemite, Yellowstone, Grand Canyon, Monument Valley, entre outros tantos. Afinal, quando teríamos outra oportunidade destas?

O PLANEJAMENTO Em meados de 2019, antes da pandemia portanto, após muitas conversas e análises, decidimos que a data de partida da nossa viagem seria no final de 2021. E para percorrer todo o trajeto, com o tempo que queríamos para conhecer as atrações de cada país, seria necessário no mínimo 1 ano. Aos poucos começamos a entrar de cabeça no planejamento. Teríamos questões fundamentais para o sucesso da jornada. Em especial as questões financeira e profissional. Como não temos filhos e a esposa vai na garupa, a questão familiar foi mais tranquila. Eu, Thiago, confesso que a questão profissional foi a mais difícil para mim, já que eu sou arquiteto e trabalho com grandes projetos. E levou muito tempo para conquistar a confiança destes clientes. Será que eu perderia tudo que foi construído e teria que

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AVENTURA

A partir de dezembro deste ano, Thiago e Michelle Damo iniciam a maior aventura de suas vidas: um ano ligando os extremos das Américas

começar do zero no meu retorno? Mas mostrei aos clientes que seria possível conciliar a viagem com o trabalho, pois meu escritório continuará funcionando e para minha alegria, tive um retorno muito positivo, e continuarei produzindo e atendendo meus clientes à distância. Já a Michelle, que também é arquiteta, durante a viagem vai se dedicar exclusivamente à produção de conteúdo para as nossas redes sociais e é claro, matérias para a revista Moto Adventure. Na parte financeira, reduzimos nossos custos mensais e fomos fazendo uma poupança de longo prazo para viabilizar a viagem. Estávamos dispostos a abrir mão de algum patrimônio, se fosse necessário, mas conseguimos viabilizar o recurso necessário apenas com nosso trabalho.

AS INCERTEZAS Para realizar uma viagem deste porte será necessário abrir mão de muita coisa: do conforto da casa, do carinho da família e dos amigos, da segurança financeira e profissional, etc. Como se não fosse o suficiente, ainda teremos que lidar com as incertezas da pandemia. Até o momento que escrevo esta matéria, as fronteiras da Argentina e Chile continuam fechadas, e apesar de haver uma tendência de abertura, não há nada oficial neste sentido. Além disso, uma nova variante do coronavírus pode gerar novos fechamentos e restrições. Sabemos de tudo isso, e por este motivo já traçamos planos

alternativos para caso seja necessário. Adiar a saída em um ou dois meses e deixar Argentina e Chile para o trecho da volta, são apenas duas das diversas possibilidades que temos. De qualquer forma o planejamento continua sendo para sairmos ao final deste ano, mais especificamente no dia 18/12.

A REALIZAÇÃO Ainda não caiu a ficha que em menos de três meses estaremos saindo para uma aventura de um ano de duração. Ficamos sonhando com os momentos marcantes que teremos pela frente. Chegar ao Alasca, cruzar a ponte Golden Gate de moto, entrar na Time Square com a moto que saiu da nossa garagem, são apenas três de um número incontável de momentos que visualizamos em nossas cabeças e corações. Sabemos que não serão somente alegrias. Certamente momentos de incertezas, medo, e angústia farão parte da jornada, mas estamos com o espírito preparado para superar todas as dificuldades e entrar de cabeça nesta aventura que certamente nos fará pessoas melhores. Queremos compartilhar esta aventura com nossos seguidores e com os leitores da Moto Adventure. Esperamos motivar mais pessoas a saírem da sua zona de conforto e correrem atrás dos seu sonhos. Pois com planejamento e foco é sim possível realizar grandes feitos.

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LIFEST YLE Texto e fotos: Flavio Terra

semana pois todos queriam conhecer a tal “igrejinha”. Em menos de um ano o canal Los Condes Kustom já era um sucesso de vídeos e seguidores, fato este que incentivou ainda mais seus idealizadores a continuarem com aquela brincadeira que estava cada dia mais séria. Com o advento do primeiro Lucky Friends Rodeo em Sorocaba, Flavinho e Junão armaram uma barraca dos “Los Condes” e foi outro sucesso, agora saindo do mundo virtual e ingressando no real. Daí para uma explosão de adeptos foi rápido pois o objetivo dos Los Condes, ou simplesmente Lo.Co., é a raiz de quem gosta de motos – rodar! O Lo.Co. não é um clube, não é uma associação ou nenhuma organização; não tem regras, mensalidade muito menos obrigações. Somos um grupo de mais de 20.000 amigos que só querem saber de rodar de moto, simples assim. Todos os motociclistas são bem vindos, independente da marca, modelo ou cilindrada das motos, integrantes de diversos Clubes também curtiram a filosofia e é normal vê-los na “igrejinha” e nos passeios. Mas foi neste auge que o Junão começou a enfrentar seu

Um bando de LO.CO.

maior desafio. diagnosticado com ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica), a doença foi se intensificando e dominando cada dia mais partes do seu corpo. E, ao invés de desanimar e se entregar à doença, o Lo.Co. serviu como ânimo para ele e exemplo para todo o restante da galera que se inspira em seu sorriso cativante para aproveitarem tudo o que a vida tem de bom a nos dar. O Junão pilotou sua Dyna Super Glide o quanto pôde, inclusive já diagnosticado, foi até Natal (RN). Quando já não mais conseguia apertar a embreagem, os amigos se reuniram e conseguiram instalar uma embreagem automática que foi utilizada até quando ele definitivamente não pôde mais pilotar. E você pensa que ele esta desanimado? Ledo engano! O cara continua sendo uma inspiração de vida e representa com louvor a hashtag que lhes deram: #naoserenda. Se você quer conhecer um grupo para rodar livremente e cercado de amigos basta acessar https://www.loscondes.com. br/, ou o canal https://www.youtube.com/loscondesmotorcycle que tem vídeo novo toda a semana.

De uma brincadeira surgida no início de 2018 entre alguns amigos, hoje este movimento reúne 20 mil amigos em torno da paixão pela moto e pela liberdade.

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nquanto muitos burocratizam coisas simples da vida relacionadas ao mundo das duas rodas, os LOS CONDES Kustom vão, de braçadas, no caminho oposto. Você ainda se lembra daquela simplicidade que era juntar amigos e rodar de moto? Então, eles praticam sem moderação. Janeiro de 2018, Flavio Terra (Flavinho), Dirceu Manzatto Junior (Junão) e uns amigos, todos motociclistas, frequentavam uma barbearia em Jundiaí – Jundyork, como costumamos chamá-la – no interior de São Paulo. Era um ponto de encontro de amigos que se reuniam para falar de moto, cortar cabelo, barba e tomar umas geladas, e foi neste clima que surgiu a brincadeira de filmarem, com a perspectiva de usuário, motocicletas para postarem no You Tube O local escolhido para as filmagens foi uma igrejinha localizada nos arredores de Jundyork pois, além de isolada, possui uma deliciosa estrada até lá (uma das vantagens era a estrada não ter muito movimento, o que facilitava as filmagens) Passaram então a se reunir na “igrejinha” para passeios, conversas, vídeos e novas amizades tendo ela se tornando um ponto de encontro semanal da galera que crescia a cada final de

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REPORTAGEM

Uma das primeiras modalidades a reunir motos para competição na história da moto, o flat track ficou no limbo durante décadas, mas agora volta abrindo o gás – inclusive aqui no Brasil

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egundo a história, as primeiras provas de flat track foram realizadas nos Estados Unidos em pistas de madeira cobertas por óleo! Isso começou a não dar muito certo, pois muita gente passou a se machucar nessa parada, então, a AMA (American Motorcyclist Association), que já existia na época, decidiu que as provas deveriam acontecer em circuitos na terra – daí o nome dirt track ou flat track, que servem para representar o mesmo esporte. Depois de uma parada em 1942 devido à entrada dos Estados Unidos na II Guerra Mundial, o esporte ressurgiu e alcançou seu auge nos Anos 60, quando marcas inglesas como BSA e Triumph passaram a disputar provas em território norteamericano contra Harley-Davidson e Indian, mas devido aos custos elevados à época, acabaram abandonando o barco, ops, as pistas, deixando novamente a disputa só entre as rivais domésticas.

QUEDA E RENASCIMENTO O declínio da modalidade começou a ser desenhado com a ascenção da motovelocidade nos Anos 70, sendo que a martelada aconteceu nos 80’s, com o crescimento do motocross. Somente na década de 2010, com o renascimento da onda retrô e o culto aos símbolos dos Anos Dourados, que a rapaziada começou a colocar modelos custom e cafe racer para alinharem novamente em circuitos ovais de terra. Depois de quase 50 anos de hiato, o flat track ressurge enrolando o cabo.

LEVANTANDO POEIRA

Texto: André Ramos Fotos: André Eduardo/ Daniel Farias Zielonka/ Guilherme Veloso-Outra Perspectiva

O PRIMEIRO Aqui no Brasil a primeira corrida de flat track foi realizada em outubro de 2016, como uma das atrações da primeira edição do Lucky Friends Rodeo. A ideia de fazer a prova foi de Flavio Luz, um dos organizadores da parada. “Eu sempre gostei da cultura norte-americana – eu costumo dizer que a gente gosta de ‘brincar de ser gringo’ (risos) – sempre gostei de antigomobilismo e conversando com a turma, propus fazermos um evento diferente, um festival, com uma corrida na terra e foi assim que nasceu. Fizemos na raça, sem saber muito o que estávamos fazendo,

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LANÇAMENTO

Celebrando 5 anos da primeira corrida no Brasil, o flat track vem atraindo praticantes de outras modalidades

mas aconteceu e foi incrível”, recorda-se. Diante do sucesso experimentado, Flávio passou a ir aos Estados Unidos para entender mais sobre a modalidade e pouco depois, foi procurado por Cezinha Mocelin, organizador do BMS Motorcycle, para fazer uma prova em seu evento. Na sequência foi a vez de o flat track aportar no Rio Motorcycle Show, mostrando que a modalidade não era somente uma promessa, mas um espetáculo cheio de adrenalina e com grande poder de atração de público. Dos oito pilotos que participaram da primeira prova, divididos em duas categorias, hoje a modalidade já conta com cerca de 60 aficionados divididos nas categorias Harley-Davidson Sportster e Antigas, Royal Enfield Himalayan FT 411 e Twins, composta por motos da Royal Enfield de 650 cilindradas, marca, que, aliás, está dando uma baita força também à mulherada através do

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programa Build. Train. Race., que apoia quatro selecionadas. Ano passado, Bruna Wladyka, uma das escolhidas, chegou a ir aos Estados Unidos para participar do Flat Out Friday, mas o evento foi cancelado em cima da hora devido à pandemia. Além das categorias citadas, estão surgindo também as categorias Single, destinada a motos nacionais de 230 e 250 cm3, e a infantil, fruto de um trabalho com uma molecada boa de guidão desenvolvido por Rafael Gouvêa – e logo mais virá também uma dedicada às motos importadas de cross e enduro. Diante deste crescimento, foi organizada a Liga Brasileira de Flat Track, que irá realizar duas etapas em 2021 (2/10 e 14/11) e para ano que vem, com o afrouxamento das medidas restritivas, já pensa em um calendário bem mais robusto. Enfim, é o flat track levantando poeira e mostrando que veio para ficar!


MUNDO DE MOTO Texto e fotos: Marcio Silveira

Casamento feliz Como saber o que esperar de nossas motos?

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o mundo das motos, a compra é como o casamento e a volta de teste (test ride) é como o namoro. Sim, o casamento pode ser desfeito com a venda, mas é certo que o período de namoro está curto demais. Percebo que consultar amigos motociclistas é um dos fatores que mais influenciam na escolha do modelo de motocicleta a ser comprada. Escutar os que já tem experiência com algum modelo de moto é sim um fator a ser levado em consideração, mas reforço que é um dos fatores, já que existem diversos outros para avaliarmos, tanto técnicos como emocionais. Carrego certo temor no peso dado a opinião amiga, pois geralmente a pergunta é sobre o modelo de propriedade do consultado, questionando o que o amigo acha da motocicleta que possui. O primeiro problema advém de algo que vivemos diariamente, mas pouco percebemos: a sobrevalorização do que possuímos. A posse é algo muito presente em nossa vida. Podemos descrever nossas posses individuais desde épocas próximas a nosso nascimento. Alguns fatores influenciam a sobrevalorização, como as recordações do que vivemos com elas e também o quanto de empenho tivemos para conquistá-las. Temos sentimento de posse também por algo que não é material, como todo convencimento que formamos para chegarmos naquela escolha. Somos apegados a nossas ideias e temos dificuldades de nos livrarmos delas. Nossa percepção vai mudando conforme vamos substituindo nossas posses e conectamos com isso o sentimento de “subir na vida”. Este sentimento nos dificulta dar passos para trás, pois isso seria como aceitar uma perda. Além de todos estes fatores que podem influenciar a sugestão amiga, devemos observar se ela vem dotada de parâmetros. Para saber se uma motocicleta desempenha bem ou não, devemos ter experimentado outras motocicletas e assim formar uma base comparativa. As motocicletas são veículos sensíveis, onde breves diferenças técnicas tornam seu comportamento diferente. Muito comum que motocicletas usadas, mas do mesmo modelo, se comportem de forma divergente. Conscientes destes aspectos subjetivos, podemos saber o

que esperar de uma motocicleta se entendermos conceitos técnicos. Certamente de início se observa o aspecto visual, mas o nome dela também tem seu efeito. Algumas marcas adotam números inteiros que se aproximam de informar a cilindrada. Isso mesmo, se aproximam, mas não traduzem com precisão. Exemplos de nomes sem conexão com a cilindrada: Mv Agusta F3, F4 e Rivale. Exemplos de nomes de conexão precisa com a cilindrada: Ducati 916, Ducati 888 e Royal Enfield Himalayan 411 EFI. Exemplos de nomes diferentes da cilindrada: BMW F 750GS (853 cm³), BMW G 310GS (313 cm³) e Suzuki GSX-1300R (1.340 cm³). No passado a cilindrada traduzia a força que um motor era capaz de gerar, mas com avanços tecnológicos, diversos itens passaram a influenciar o desempenho do motor. Sabendo onde vamos usar a motocicleta e como pilotamos, podemos analisar, por exemplo, o diâmetro e o curso do pistão, pois este dado vai nos informar se aquele motor foi construído priorizando o torque ou a potência. O motor super quadrado (maior diâmetro e menor curso) prioriza geração de potência em alto giro, o motor quadrado (diâmetro e curso com diferença máxima de 10mm) oferece equilíbrio entre potência e torque e o de motor sub quadrado (menor diâmetro e maior curso) prioriza a entrega de maior torque em giro mais baixo e menor geração de potência. Outros dados visíveis nas fichas técnicas permitem prever comportamentos. O tamanho das rodas: as de maior diâmetro perdem em agilidade em relação às menores, mas ganham em capacidade de absorção de impactos. A transmissão final por eixo cardã, em comparação a feita por corrente, perde em desempenho e tem maior peso, mas exige menor manutenção e tem maior durabilidade. A altura da moto em relação ao solo, se grande, revela facilidade de transpor obstáculos, se for curta teremos uma moto com centro de gravidade mais baixo. Peso, curso de suspensões, capacidade de carga, ângulo de cáster, quantidade de cilindros, também revelam a personalidade da donzela que pretendemos levar para casa. Compreender as consequências destas características, nos dá a chance de um casamento feliz.

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M.O.T.O TRAINING Texto: Ângelo Viana Foto: Divulgação Ducati

FIXAÇÃO DE ALVO COMO USAR E SAIR DOS APUROS DE PILOTAGEM? Quando estamos pilotando e nos deparamos com uma situação inesperada, geralmente, tendemos a nos concentrar nela e não na saída deste problema. Que tal aprender o conceito para livrar-se desses apuros?

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á teve aquela sensação quando você está na estrada à noite e encontra-se distraído por faróis em sentido contrário, ficando à deriva e indo em direção à outra pista? Ou perdeu a noção de espaço de uma curva porque você está se concentrando em alguma outra coisa fora da pista (carro estacionado, pedestre etc.)? Isso se chama Fixação de Alvo, e é a causa de muitos acidentes entre pilotos inexperientes. O termo provém de pilotos de caça da Segunda Guerra Mundial que ficavam tão concentrados e focados em um alvo, que cometiam erros de pilotagem chegando, por vezes, a atingir com o avião o próprio alvo que eles objetivavam destruir. Fixação de Alvo é assunto sério e pode ser fatal para os motociclistas. A Fixação de Alvo significa não ser capaz de tirar sua atenção (seus olhos, por exemplo) para o local focado. No caso de motocicletas, por exemplo, isso leva a irmos na direção daquilo que estamos olhando. Esse conceito é geralmente descrito com um exemplo familiar para todos: quando você vê um buraco na rua à sua frente e não tira os olhos dele, provavelmente você irá acertá-lo, ou se conseguir transpor o obstáculo com a roda dianteira, a traseira certamente acertará a deformidade da via. O tratamento para o hábito de fixar o alvo demanda o emprego de algumas técnicas e treino, e leva um tempo considerável para começar a ser esquecido, logo, é insuficiente postar simplesmente o conselho de que você “deve evitar a fixação de alvo. Dizer “não fixar” funciona até certo ponto, mas quando a fixação começa, você precisará de uma técnica positiva para livrar-se do hábito. Então, considerando esse artigo como meio teórico, mas tentando dar utilidade ao conhecimento, achamos que você pode sim, usar a Fixação de Alvo a seu favor, e sair-se bem numa situação de apuros. Então vamos lá. Podemos evitar a Fixação de Alvo usando alguns steps:

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1) Ao conduzir a moto, não olhe para o que se aproxima (caminhão, árvore, buraco); 2) Mentalize e escolha o local onde você preferiria estar (Reorientação Espacial), e fixe seu olhar naquele ponto; 3) Leve em consideração que essa “fixação” deve ser dinâmica, então ao chegar próximo do ponto onde você gostaria de estar, procure um novo local e fixe o olhar mais uma vez e vá ajustando sua reorientação constantemente; 4) A Fixação de Alvo, se usada corretamente, é uma excelente técnica para corrigir erros de postura, tomada de curva, e frenagem de emergência com eventos de derrapagem; se você fixar o olhar num ponto distante do horizonte, as chances de correção automática do erro de pilotagem são grandes. Simplificando, quando você está tentando evitar um perigo, não olhe para ele! Lembre-se disso: olhe para o ponto além do perigo, deixe sua visão periférica cuidar do perigo; seu foco principal deve estar além da situação de risco. Sabemos que não é fácil mudar um hábito de pilotagem, mas se você aprender a relaxar quando isso acontece, e procurar uma saída olhando mais à frente, seu corpo – e a moto – irá reagir positivamente.


POR ELAS Fotos: Guilherme Veloso/Daniel Farias Zielonka/Arquivo Pessoal

STHEPHANIE Ela é uma artista que tem se destacado no mundo das motos pela qualidade e personalidade dos trabalhos que realiza em motos, quadros e capacetes.

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lá, meu nome é Sthephanie Pelais, mas as pessoas me conhecem por Sthephanie Corvett. Tenho 29 anos, sou nascida no interior de São Paulo e como muitos brasileiros, tenho uma história de vida triste e sofrida, mas vamos falar das coisas boas, dos carros e motos que amo. Desde criança, participava de clubes

de carros antigos; quando adolescente, meu primeiro carro foi um Fusca , e meu apelido veio de uma brincadeira no clube: cada um apelidava o outro com nome de carro e não sei porquˆ, o meu ficou “Corvett” até hoje (risos). Comecei a trabalhar bem cedo, aos 9 anos, então sei fazer muita coisa, mas meu último trabalho antes da arte foi em restaurante:

eu amava cozinhar e aos meus 19 anos resolvi abrir um sozinha, onde fiquei 4 anos. Me adapto fácil a qualquer situação ou trabalho – eu amo trabalhar! Eu nunca consegui fazer faculdade alguma; ou estudava ou trabalhava e eu tinha que trabalhar! Eu sempre tive um desejo de trabalhar com antigos ou motocicletas, mas quando pensava sobre isso, imaginava algo na parte da mecânica, então estava sempre tentando aprender alguma coisa com os caras de oficinas e amigos. Eu gostava de fazer alguns desenhos na escola. Um dos meus favoritos era criar roupas e cheguei até a ganhar alguns pequenos concursos quando criança, fazendo brinquedos feitos a partir de itens de reciclagem. Com 10 anos customizei minha primeira bicicleta sozinha: eu não

tinha dinheiro para ter uma nova e decidi pegar uma usada e passei a dar um toque pessoal nela. Ela era azul e naquela época eu ainda não entendia sobre pátinas e como é bonito e estiloso. Então lixei a minha bicicletinha toda , pintei com spray preto , colei adesivos e manoplas vermelhas e ficou tão linda que alguém pulou o muro onde eu trabalhava para ajudar minha mãe e a roubou. Eu gostava de customizar roupas e não demorou para começar a vendê-las na empresa onde eu comecei a trabalhar com 16 anos – e eu tirava um trocado com isso! Mas minha vida mudou mesmo quando conheci meu amigo Léo Dalla no final do ano de 2017, um grande artista e uma pessoa maravilhosa. Me apaixonei pela sua arte e quis aprender algo. Ele me passou algumas dicas, técnicas, como usar produtos, e eu peguei tudo super rápido. Em 2018 fizemos nossa primeira exposição no Salão Moto Brasil com, uma coleção de capacetes e uma Pan Head customizada onde também participei. Ganhamos o prêmio de melhor customização do evento. Foi fantástico! Desde então nunca mais parei com a arte. Eu amo muito o que faço; amo muito o estilo sacro, velho, pátínas, mas estou sempre fazendo coisas diferentes, pintando peças diferentes, usando técnicas novas em minhas artes e tudo que faço é com muito amor e espiritualidade. Eu tenho sangue indígena como a maioria dos brasileiros; eu tenho muita fé, e acredito sempre em coisas boas, acredito que somos nossos próprios líderes e podemos ser quem quisermos,podendo mudar de opinião, gostos, estilos... Basta querer e acreditar, não usando o sofrimento do passado como barreira, mas sim, como degrau. Estou sempre aberta a aprender coisas novas, então eu posso estar aqui hoje e ali amanhã; hoje eu pinto tanques, capacetes, quadros, e acessórios, esse é meu mundo , é o que tem me feito feliz; sou independente, vivo da arte, e amo todos vocês que estão comigo nessa caminhada.

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REPORTAGEM Texto: André Ramos Fotos: Arquivo pessoal Denis Peres/Internet

Faixas no Asfalto PASSANDO SOBRE O PERIGO Amigas dos ciclistas e vilã para os motociclistas, será que é possível encontrar um consenso para harmonizar esta proposta tão bacana para a mobilidade urbana?

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m julho deste ano, um vídeo que mostrava motociclistas caindo em um cruzamento da Zona Norte da capital paulista viralizou nas redes sociais. Quem o gravou foi o instrutor de pilotagem João José dos Santos que, indignado com a falta de resposta da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), foi para o local em um dia de chuva para mostrar a situação, uma vez que vários acidentes estavam ocorrendo ali e nada era feito para revertê-los. Segundo Santos, durante as duas horas e meia em que permaneceu no local, flagrou nove quedas.

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Esta é, entretanto, apenas uma amostra de um problema que tem crescido nas grandes cidades, uma vez que com o aumento no número de ciclovias e ciclofaixas, aumentou também o número de trechos de asfalto que são recobertos por tinta de baixa abrasividade. Apenas na cidade de São Paulo, são 651,9 km deste tipo de vias, segundo o Mapa de Infraestrutura Cicloviária da CET, que geram inúmeros pontos de contato potencialmente perigosos aos motociclistas. Em setembro deste ano, um outro vídeo voltou a trazer o

problema à tona. Desta vez quem o gravou foi o empresário e técnico em edificações Denis Peres. Nele, o proprietário da RFT Revestimentos, empresa especializada em pisos e revestimentos comerciais e industriais, mostrava em uma avenida de Salvador (BA), como a diferença na rugosidade entre o asfalto e área pintada afetava a aderência. Também motociclista, ele explicou que decidiu fazer o vídeo porque, um mês antes, um amigo caiu naquele trecho num dia de chuva. “Ainda que a tinta atenda à norma da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), o problema está no tamanho da área pintada, que é muito grande. Com isso, o espaço percorrido pelo pneu da moto é muito extenso, favorecendo a perda de aderência, o que piora quando está chovendo”, explica. “O que deveria acontecer seria a intermitência da pintura, deixando o asfalto como área predominante”, acrescenta. Opinião ainda mais incisiva tem o perito em acidentes de trânsito, Osvaldo Negrini Neto. Em uma reportagem exibida pelo programa “Balanço Geral”, da TV Bandeirantes na época em que o primeiro vídeo viralizou, ele sugeriu que “a ciclofaixa deveria ser interrompida nos cruzamentos”. Através de nota, a CET informou que realizou, a partir de 2019, a requalificação de 321 km da malha cicloviária e implantou 181 km de novas ciclovias e ciclofaixas, o que, demonstra que ainda há quase 150 km de faixas que precisam de algum tipo de adequação. “Além das obras de renovação do pavimento, os locais receberam o novo padrão de sinalização, que segue as diretrizes do Manual de Sinalização Urbana – Espaço Cicloviário da CET. É importante ressaltar que a sinalização das ciclofaixas, bem como em toda a sinalização de solo da cidade, atendem às normas vigentes e possuem características anti-derrapantes”, acrescenta o órgão.


SCOOTERS & CUBS Texto: André Ramos Fotos: Divulgação

MARCIO SILVEIRA – JORNALISTA ESPECIALIZADO EM MOTOS E INFLUENCIADOR DIGITAL

Por que andamos de scooter?

“Sou convicto de que as scooters são o melhor veículo para usarmos em nossa locomoção. São o passo mais tranquilo para a troca das quatro para as duas rodas. Podem ser usadas para viagens, não são menos capazes do que nenhum outro veículo, mas é no perímetro urbano onde melhor entregam alguns de seus benefícios como: 1 – Grande capacidade de carga em ganchos, bagageiros e vão central; 2 – Baixo consumo de combustível; 3 – Ocupa pouco espaço no trânsito e estacionamentos; 4 – Baixa emissão de ruídos e poluentes; 5 – Boa aerodinâmica que protege piloto de água e sujeira; 6 – Praticidade e agilidade do câmbio CVT.”

Para buscar entender as razões de quem optou pela scooter, a gente foi ouvir cinco personagens, cujos depoimentos trazemos agora. Quem sabe um destes te incentive a também a colocar uma em sua garagem?

ALDO TIZZANI – EMPREENDEDOR E JORNALISTA ESPECIALIZADO EM MOTOS “Eu optei pela scooter pela versatilidade que esse produto oferece e pela facilidade de condução. Tenho uma Honda SH 300 que além de me permitir rodar no trânsito, também me dá liberdade para pegar estrada, onde desenvolve e mantém os 120 km/h com folga. Além disso, minha scooter é equipada com ABS e quando preciso ir a alguma reunião, posso levar sob o assento um outro sapato, um blazer ou uma camisa, que não vão amassar. Assim, além de toda a versatildiade, conforto e segurança, ainda há a economia, pois a minha scooter faz mais de 30 km/l.”

ROBERTA PIERRO – MICROEMPRESÁRIA “Em 2006 tirei carta e comecei a andar de moto grande, mas em 1998 comprei minha primeira scooter, com a qual fiquei andando por cerca de dois anos, um periodo em que estive sem carro. Em 2015, habilitada e também pilotando motos grandes, comprei novamente outra scooter e desde então, já tive 3 modelos: a Honda PCX 150, a Dafra Citycom 300i e agora, a Yamaha NMax 160 ABS. Eu gosto de moto desde criança mas a praticidade e a agilidade que a scooter proporciona no trânsito caótico de São Paulo são as principais razões que me fizeram optar por elas.”

ELIANA MALIZIA – JORNALISTA ESPECIALIZADA EM MOTOS E INFLUENCIADORA DIGITAL “Ando de scooter por adoro praticidade. Uma forma simples e econômica de resolver as tarefas do dia dia. São mais de 20 anos pilotando motos e nunca fiquei sem scooter. A minha primeira foi uma Brand Jaguar 2 tempos – nem existe mais ( faz tempo). Já tive quase todos os modelos do mercado. Sem contar os compartimentos para guardar capacete, acessórios, recarregar celular. O melhor de tudo que hoje, você anda de scooter com mais segurança , algumas contam com freios ABS, que é muito útil ainda mais para quem roda no trânsito o dia inteiro com eu. Tenho diversos amigos que têm o motão na garagem e para o dia-a-dia não dispensam uma scooter! Scooter é vida!”

LUIZ CLAUDIO LEME CARVALHO, O XAPARRAL – COMERCIANTE “Eu ando tanto de scooter como de moto, mas andar de scooter é maravilhoso por todas as facilidades e comodidades que ela entrega para o dia-a-dia. O câmbio automático, os espaços para carregar pequenos objetos, sua leveza, deixam-na muito mais prática que a moto; é uma outra curtição a sua pilotagem. Não que seja melhor que a moto: cada uma tem as suas aplicações específicas de uso, mas para os deslocamentos na cidade, a scooter é imbatível”.

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VIAJANDO COM ERIK CARNEVALLI

Texto e Foto: Erik Carnevalli

SAUDADES Viajar é estar aberto ao novo mas também àquilo que fica, que deixamos e que faz brotar este sentimento que não precisa, necessariamente, ser doloroso.

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ma das milhares de frases que eu li nos para-choques de caminhão mundo afora dizia: “Quem inventou a distância não conhecia a saudade”. Aquilo me rendeu uma mini autoanálise grátis que durou vários quilômetros, intercalados em diferentes sessões espalhadas pelos quilômetros da vida. Saudades? Que sentimento é esse? Me soa como algo dolorido, inconsolável como o choro de uma criança que só encontra abrigo seguro nos braços da mãe, o elo de segurança e apego, o calor humano mais tenro e sincero. Mas que sentimento sórdido este de saudades, punitivo, nocivo quando em grandes quantidades, algo que machuca, algo que dói por faltar, algo que não existe, mas precisa ser preenchido. Mas falta o que? Viajar não é bom? Conhecer novas culturas não é bom? Então por que a saudades? Porque nada é completo sem aquilo que falta. Óbvio. Mas falta o que? Voltar? Meu pai, viajante de longa data, praticamente um nômade corporativo e turístico, me confessou uma vez que não sentia saudades. Ele me disse que tinha um

Texto e foto: Teiga Júnior (@teigadventure)

“botão” que ele desligava. Ele simplesmente não sofre desse mal e ponto. Ele não deixou margens para dúvidas, ele é assim. Eu tentei uma abordagem mais racional, eu sempre me pergunto. Do que eu deveria ter saudades? Da comidinha lá de casa? Não me faz falta. Dos amigos? Hummm, desculpem -me, mas prefiro viajar. Da família? Sim, claro, às vezes, mas sinceramente eles me fazem falta aqui, na estrada aonde estou exatamente agora, e não vejo que sou eu lá com eles a melhor solução deste problema de saudades. Desculpem meu egoísmo e sinceridade... Sendo assim, a definição de saudades, no meu entender, é algo menos punitivo e menos doloroso. Não tenho saudades de voltar, tenho saudades de compartilhar, de reviver experiências boas, e porque não, de uma certa saudade nostálgica de algo que eu não vivi e poderia ser mágico? Acabei talvez criando uma explicação dos sentimentos de meu pai e replicando... Eu não tenho saudades de voltar, mas saudades de estar. E estar especialmente com quem eu amo, nos lugares que eu amo. De repente, a saudade se tornou para mim um sentimento muito bom, não uma falta, mas uma esperança, uma expectativa, praticamente um plano para o futuro – sim, eu desenvolvi a saudade de algo que irá acontecer. Me sinto um fugitivo de um sentimento que não era muito a minha cara e com isso a estrada se tornou um lugar de contemplação e desfrute, pois eu sei que eu um dia eu vou voltar aqui para compartilhar com outros, e naquele momento eu terei saudades de ter sonhado em estar ali novamente. Exatamente como estarei em breve. Este plano tem um objetivo claro, viver e reviver o máximo possível com a minha pequena filha de um ano as coisas do mundo, o melhor combustível e inspiração para continuar sonhando e planejando novas viagens. Desde o dia que eu li a fatídica frase no para-choque do velho caminhão, eu gostaria de conversar com aquele caminhoneiro, dar um abraço nele e agradecer pela boa e velha filosofia de para-choque de caminhão. E isso só fortalece a certeza de que a estrada é o melhor divã.

www.alivemototours.com.br www.facebook.com/alivemototours @alivemototours https://www.youtube.com/ALIVEMotoTours

O TURISMO SUSTENTÁVEL EM DUAS RODAS Preservar para explorar é a base para o desenvolvimento de um turismo capaz de atrair cada vez mais motociclistas interessados em descobrir o que há de belo em cada região.

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om a divulgação pela mídia brasileira que algumas estradas, parques e reservas estão prevendo melhoramentos, as notícias paralelas começam a surgir, pois há muito em infraestrutura e outros fatores importantes que nesse momento precisam ser debatidos para que haja um melhor planejamento – e com o incremento do mototurismo dentro do Brasil, muita coisa precisa ser pensada. As estradas que nos levam são importantes para o desenvolvimento, mas sinceramente, a falta de regras, de planejamento e os mercados especulativos fazem com que algumas regiões que deveriam progredir nesse momento, sejam prejudicadas. Só ter acesso para chegar aos locais não basta. É preciso dar o suporte necessário, treinar, mostrar para toda a cadeia de infraestrutura que o controle, a qualificação e a qualidade dos serviços e produtos dependem conjuntamente da parceria público-privada. Rodar, conhecer, apreciar e principalmente preservar é lindo e desafiador por sinal. Sempre é a meta do motociclista poder usufruir da maneira mais primitiva, todas as belezas que esse mundo afora nos proporciona. Aos que viajam pelo mundo, sabem muito bem o quanto o turismo de aventura gera de renda e desenvolvimento, preservando o nosso planeta e dando maior qualidade às comunidades locais e à população em geral. Muitos interesses são avaliados nessa hora e colocados em uma balança com todo o respeito e consideração, mas o que deve ser valorizado nesse momento, é que sejam pautados pelo

princípio preservação e lucro e não lucro e preservação. O turismo é uma alta cadeia de geração de lucro e renda local e isso que deve ser focado, pois está nessa via de interiorização, a solução de muitos problemas que hoje ocorrem no todo e na superpopulação das grandes cidades brasileiras e mundiais. Fica a dica: cuidem bem desse patrimônio e façam do mototurismo ecológico no Brasil a grande via de preservar e evoluir. O motociclista é uma ferramenta que pode ajudar nesse processo, mostrando o que se vê e o que se pode melhorar no turismo e em grande parte da natureza brasileira. Não podemos mais deixar de preservar. Para isso, há mesmo que reverter muitas coisas, começando pela educação. Ponto fundamental para qualquer mudança e a coragem de cessar essa sangria de gestão onde não há um planejamento efetivo e real para que possa ser desenvolvido um projeto global para o Brasil. Fica a reflexão cobrando a sua atitude em sua vida, pois a evolução ambiental e pessoal está em você. Na próxima continuamos sobre a qualificação do Mototurismo e a suas regras.

Teiga Júnior foi o primeiro motociclista brasileiro a pilotar pelo Tibete (2013) e é autor do livro “Motociclismo: planejamento e execução em viagens de aventura”.

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SEGURANÇA Texto: Ricardo Peixoto Foto: Comunicação PRF

Semana Nacional do Trânsito Nosso colunista traz um balanço das atividades desempenhadas pela Polícia Rodoviária Federal nas rodovias sob a sua administração, visando contribuir com a segurança do motociclista.

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Semana Nacional de Trânsito, comemorada anualmente entre os dias 18 e 25 de setembro, está prevista no artigo 326 do Código de Trânsito Brasileiro, e nesse período, são realizadas ações em todo o país com o objetivo de conscientizar todos os envolvidos no dia a dia do trânsito, sejam eles motoristas, passageiros, motociclistas, ciclistas ou pedestres. E em 2021 o tema é “No trânsito, sua responsabilidade, salva vidas”, seguindo as recomendações contidas no Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito. Com o objetivo de realizar eventos e ações que marquem a Semana Nacional de Trânsito 2021, conforme o tema proposto, o Contran (Conselho Nacional de Trânsito), decidiu propor debates e reflexões sobre a responsabilidade de cada um no trânsito e democratizar o acesso aos avanços da era digital no âmbito dos órgãos parceiros ao Denatran (departamento Nacional de Trânsito). Neste sentido, a Policia Rodoviária Federal saiu na frente com foco principal nos motociclistas. E é por isso que eu, como integrante do Grupo de Motociclistas de Motopoliciamento e batedor da PRF, trouxe um pouco das fontes cedidas pelo órgão sobre os trabalhos realizados e direcionados à redução de

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acidentes com motociclistas nas rodovias federais em São Paulo. Desde 2017, pelo que podemos ver pelos números fornecidos pela PRF, o trabalho que vem sendo feito, tem alcançado seu objetivo principal que é reduzir o número de acidentes, feridos leves/ graves e também de mortos. Considerando as estatísticas na região metropolitana onde a PRF atua na capital Paulista, compreendida entre as rodovias Dutra, Fernão Dias e Régis Bittencourt, a primeira ação foi realizada na BR-381 (Rodovia Fernão Dias) na região de Mairiporã no sábado dia 18/09/2021. Entre as ações executadas estavam o Cinema Rodoviário e exames básicos de saúde; também foram instaladas antenas "Corta-Pipa" para os que não tinham e trocadas as que estavam ineficientes. Com toda certeza esses números dependem de VOCÊ que é motociclista responsável e conduz sua motocicleta com prudência e responsabilidade, sem negligenciar as regras de segurança e respeitando o trânsito frenético dos centros urbanos. É isso galera acompanhem nossa coluna aqui na revista e inscreva-se no canal do Youtube @dicafederalpeixoto onde, além de postar orientações de segurança, ainda tem algumas dicas de locais bacanas pra ir de moto e curtir a vida.



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