Credit Performance - Março 2010

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SUMÁRIO

13 A Credit Performance é a primeira e única revista especializada na indústria brasileira de crédito e cobrança. A publicação é idealizada pela CMS People do Brasil, promotora dos mais importantes eventos deste mercado em 12 países, e conta com o apoio do Instituto GEOC e da Serasa Experian. Com periodicidade trimestral e tiragem de quatro mil exemplares, a revista oferece conteúdo especialmente desenvolvido para os executivos líderes de grandes corporações e empresas da área. Distribuição exclusiva e gratuita.

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CAPA A classe C no paraíso das compras EDITORIAL

ENTREVISTA O sucesso da gestão da presidente da Caixa Econômica Federal

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ANÁLISE SETORIAL Os principais motores da economia

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CASO DE SUCESSO GRAACC é fórmula de sucesso no tratamento do câncer no Brasil

EDITORA E JORNALISTA RESPONSÁVEL Luciana Morassi (MTB 34.765)

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INDICADORES Um balanço de 2009 e as perspectivas para 2010

COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Christiane Marcondes, Daniela Saragiotto, Fabio Barros, Luiz Gustavo Pacete, Luiz Vita, Regina Ielpo, William Messias

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IDÉIAS E TENDÊNCIAS Crédito e cobrança em 2010, sem tempo para reflexões

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NOVIDADES E AGENDA SISCOM abre filial; Serasa Experian tem nova logomarca

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TENDÊNCIA Cobrança como a primeira etapa da nova venda

RESPONSÁVEL COMERCIAL Madleine Rose M. Sprocatti madi@cmspeople.com Tel. (11) 3868-2883/ 3865-7013

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OPINIÃO A qualificação dos gestores em um mercado cada vez mais exigente

Credit Performance, a revista da indústria de crédito e cobrança. Endereço na internet www.creditperformance.com.br

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PELO MUNDO Lisboa: história, cultura e modernidade

Credit Performance® é uma publicação da CMS People. Todos os direitos reservados, proibida a reprodução total ou parcial sem prévia autorização.

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SOFISTICAÇÃO & LUXO Prazer nacional, fama global

CONSELHO EDITORIAL Adilson Melhado, Cícero de Toledo Piza Filho, Cláudio Kawasaki, Fernanda Bortolussi, João Leme, João Paulo de Mattos, Juliana Azuma, Leila Martins, Luciana Felletti, Luis Barbuda, Pablo Salamone, Renata Joseph, Silvina Virga, Victoria Iturrieta. REDAÇÃO E PRODUÇÃO Burson-Marsteller Brasil Diretor de redação: Pedro Corrêa

E-MAIL DA REDAÇÃO creditperformance@cmspeople.com PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Multi Propaganda e CastillaSozzani&Assoc. CAPA Fernanda Bortolussi Marketing CMS

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PONTO DE VISTA O mercado de crédito no Brasil: o que esperar de 2010


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EDITORIAL

CREDIT Juan Pablo Buceta

PERFORMANCE Pablo Salamone Presidente CMS

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rezado Leitor,

Ao fazermos um balanço de 2009, lembramos de situaçþes difĂ­ceis e grandes desaďŹ os enfrentados pelo mercado, quando muitas variĂĄveis prejudicaram os principais setores da economia mundial. PorĂŠm, felizmente, notamos que a AmĂŠrica Latina foi uma das regiĂľes menos atingidas por estes acontecimentos e que muitos paĂ­ses jĂĄ estĂŁo prĂłximos da recuperação. O Brasil ĂŠ um deles! Iniciamos o ano dentro de um cenĂĄrio com perspectivas econĂ´micas mais positivas, complementadas pelo crescimento sustentĂĄvel extremamente promissor, graças Ă preparação feita previamente Ă crise, Ă posição macroeconĂ´mica forte do PaĂ­s e Ă sua diversidade de negĂłcios com outras economias mundiais. Os fortes incentivos do governo para a redução de impostos nos segmentos de construção civil, mobiliĂĄrio, automobilĂ­stico e o aumento de crĂŠdito imobiliĂĄrio para as classes menos favorecidas foram medidas que ajudaram a aquecer o consumo e geraram oportunidades de emprego para a população. A matĂŠria de capa estĂĄ relacionada, justamente, Ă importância das classes emergentes brasileiras na retomada da evolução econĂ´mica: retrata o constante crescimento da classe C no contexto social, seus hĂĄbitos, perďŹ s, rendimento, entre outros aspectos que a tornam especialmente relevante para o desenvolvimento equilibrado do Brasil. A matĂŠria ainda explora a contribuição das empresas de crĂŠdito para alavancar as potencialidades desta classe e o que empresas de recuperação de crĂŠdito ďŹ zeram para ajudar na mudança do perďŹ l deste novo consumidor. Como parte do exercĂ­cio para entender o atual momento da vida nacional, opiniĂľes otimistas e estudos de especialistas podem ser conferidos na seção AnĂĄlise Setorial, que relata, nesta edição, os principais setores que alavancam a economia para a expansĂŁo do crĂŠdito e do consumo.

A Credit Performance tambĂŠm traz uma interessante entrevista com Maria Fernanda Ramos Coelho, principal executiva da Caixa EconĂ´mica Federal, que relata os principais desaďŹ os na revolução no sistema de crĂŠdito, inclusĂŁo de pessoas de classes populares no sistema bancĂĄrio e objetivos pretendidos com a parceria com o Banco Panamericano. A encantadora Lisboa e o universo do cafĂŠ sĂŁo os temas retratados nas seçþes Pelo Mundo e SoďŹ sticação, respectivamente. No texto sobre a capital portuguesa, ĂŠ possĂ­vel desvendar os locais mais interessantes para visitar nessa cidade cosmopolita, que mistura tradição e modernidade. JĂĄ a reportagem “Prazer nacional, fama globalâ€? aborda o sucesso e crescimento de uma das bebidas mais consumidas no PaĂ­s, mostrando a relação histĂłrica do brasileiro com o cafĂŠ e a febre das cafeterias. Assim, vocĂŞ estĂĄ convidado a apreciar os artigos desenvolvidos por nossa equipe de redação para se manter sempre informado das novidades sobre o mercado ďŹ nanceiro e o segmento de crĂŠdito e cobrança. Começamos 2010 com a perspectiva de que serĂĄ um perĂ­odo repleto de oportunidades, como sinalizam as pĂĄginas da primeira edição do ano da Credit Performance – uma publicação que procura levar aos leitores informação de qualidade e especializada, dentro da certeza de que o conhecimento ĂŠ o Ăşnico bem que se multiplica quando se compartilha. Boa leitura. Cordialmente,

Credit Performance, a revista do mercado de crĂŠdito e cobrança no Brasil. Para visualizar apresentaçþes e notĂ­cias acesse www.creditperformance.om.br. CREDIT PERFORMANCE | MARÇO 2010 | 5

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ENTREVISTA

CAIXA CONSOLIDA Divulgação

REVOLUĂ‡ĂƒO NO SISTEMA DE CRÉDITO Christiane Marcondes Alves de Brito Especial para Credit Performance

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ĂĄ quatro anos, a proďŹ ssional de carreira Maria Fernanda Ramos Coelho “furou a ďŹ laâ€? e nĂŁo sĂł afastou os sucessores naturais ao cargo como se tornou a primeira presidente mulher da Caixa EconĂ´mica Federal. Assumiu com a missĂŁo de revolucionar o sistema de crĂŠdito, segundo anunciou o Ministro da Fazenda, Guido Mantega. Jovem, pernambucana, ex-sindicalista, a executiva capitaneou com garra e simpatia a reestruturação operacional e o processo atinge, agora em 2010, a maturidade, embasando a plataforma de lançamento de novos negĂłcios da tradicional instituição, que completa 150 anos em 2011. Credit Performance – Ex-sindicalista, correndo por fora na sucessĂŁo Ă presidĂŞncia da CEF, primeira mulher a assumir o cargo, quais os maiores desaďŹ os e conquistas nessa arrojada empreitada? Maria Fernanda – O que mais me instiga na minha administração, considerando-se que completo 26 anos de Caixa no dia 1.Âş de maio e quatro anos de presidĂŞncia em março, foi a oportunidade de construir, a partir de 2007, um novo modelo de gestĂŁo, que incluiu revisĂŁo de valores e açþes de mobilização nas quais a instituição reforçou a sua identidade de agente de transformação social, que pode e deve proporcionar grandes avanços na comunidade em geral. Credit Performance – Como aconteceu e estĂĄ acontecendo esta revolução no sistema de crĂŠdito da CEF? Maria Fernanda – A revolução de crĂŠdito ĂŠ resultado de uma estratĂŠgia polĂ­tica do governo, que elevou o PIB de 22% a 45%, desde 2003, com a democratização de acesso ao crĂŠdito, principalmente por parte das famĂ­lias, uma das alavancas do consumo e desenvolvimento. Com a medida, ampliamos 4,9 vezes o volume de crĂŠdito no mercado e obtivemos a inclusĂŁo de mais de 20 milhĂľes de pessoas no sistema ďŹ nanceiro, seja por meio de abertura de conta bancĂĄria ou da criação de micro e pequenas empresas. Nossa estratĂŠgia fundamental ĂŠ consolidar a posição relevante da Caixa no mercado como instituição ďŹ nanceira promotora do desenvolvimento econĂ´mico relevante para a democratização do crĂŠdito. Esta, que ĂŠ a essĂŞncia da CAIXA, havia sido esquecida durante o perĂ­odo das privatizaçþes. Acredito que o fato de avançarmos signiďŹ cativamente na concessĂŁo de emprĂŠstimos em 2009, com qualidade e responsabilidade, demonstra que temos capacidade tĂŠcnica

Acredito que a melhora na qualidade de nossa carteira de crĂŠdito, com mais de 77% com rating AA-B, aliada Ă redução da inadimplĂŞncia – que em 2009 atingiu os nĂ­veis mais baixos de nossa histĂłria –, sĂŁo provas inequĂ­vocas do bom trabalho que vem sendo realizado com reconhecimento dos ĂłrgĂŁos de controle.â€? Maria Fernanda Ramos Coelho, presidente da Caixa EconĂ´mica Federal

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ENTREVISTA

e operacional. A “revoluçãoâ€? que empreendemos internamente garantiu o resultado, principalmente, na busca de novas estruturas de gestĂŁo e governança, tecnologia e mudança cultural. Particularmente, a atuação junto Ă pessoa jurĂ­dica (PJ) demonstra todo esse processo, pois, historicamente, nĂŁo tĂ­nhamos uma atuação relevante no setor e, nos Ăşltimos anos, essa linha de negĂłcio ganhou grande destaque. Credit Performance – A crise econĂ´mica global, de 2008, atrasou o processo de reestruturação? Maria Fernanda – De modo algum, porque o governo bancou o crĂŠdito. Enquanto os bancos privados restringiram sua liquidez, os estatais nĂŁo puxaram o freio de mĂŁo, continuaram atuando no mercado. Agora, em 2010, estamos consolidando esse novo modelo. Temos como missĂŁo nos tornarmos uma instituição estratĂŠgica do Estado brasileiro na sustentação deste novo ciclo de desenvolvimento econĂ´mico. Neste sentido, a perspectiva ĂŠ ampliar nossa carteira total de crĂŠdito na ordem de 25% a 30% para este ano. TambĂŠm estĂĄ previsto concurso pĂşblico para contratação de 5.000 novos empregados, o que permitirĂĄ ampliação de nossa rede de agĂŞncias. Ao mesmo tempo, estudamos oportunidades de aquisiçþes no mercado que venham a ampliar nossa carteira de produtos e garantir complementaridade operacional de nossas atividades. Ou seja, o fato de nossa grande rede, distribuĂ­da em todo o paĂ­s, ser extremamente Ăştil para realização de negĂłcios e relacionamento com os clientes, ĂŠ um fator competitivo que sĂł se fortalece com essa ampliação da rede bancĂĄria. Credit Performance – Ao que parece, sĂł hĂĄ motivos, entĂŁo, para comemoração, jĂĄ que a CEF completa 150 anos em 2011. Alguma surpresa para a data? Maria Fernanda – O sesquicentenĂĄrio nĂŁo pode ser comemorado em um sĂł ano, por isso jĂĄ entramos em clima de aniversĂĄrio. A grande novidade ĂŠ que estamos abrindo uma superintendĂŞncia cujo objetivo ĂŠ dar atendimento Ă Petrobras e ao BNDES. A proposta ĂŠ focar os setores que trabalham em toda a cadeia energĂŠtica. Vamos investir mais de um milhĂŁo de reais em tecnologias alternativas, como a da energia eĂłlica, entre outras. Credit Performance – A aposta alta em energia vem se somar aos jĂĄ consagrados investimentos em cultura e esporte? Maria Fernanda – Sem dĂşvida. Na polĂ­tica em relação aos esportes priorizamos o atletismo, que tem forte identidade com a instituição, porque beneďŹ cia populaçþes de baixa renda. AlĂŠm disso, temos ginĂĄstica artĂ­stica, rĂ­tmica e somos patrocinadores oďŹ ciais do paradesporto. SĂł para este ano, estimamos um investimento de quase 40 milhĂľes de reais no esporte. Credit Performance – Falando em nĂşmeros, como estĂĄ o posicionamento da CEF hoje no segmento de crĂŠdito e no ranking das maiores? Maria Fernanda – Em 2009, nĂłs tivemos um crescimento de 56% na carteira de crĂŠdito, com participação de 8,9% no mercado total. AlĂŠm disso, historicamente, estamos com os meno-

res nĂ­veis de inadimplĂŞncia. Em 2010, pretendemos ampliar esse crĂŠdito – que chegou a 125 bilhĂľes – para uma soma entre 180 a 200 bilhĂľes. O destaque maior ĂŠ em habitação, segmento em que nossa participação de mercado chegou a atingir a marca de 83,6% no Ăşltimo trimestre de 2009, sendo que, em mĂŠdia, essa participação ĂŠ de aproximadamente 75%. Particularmente no crĂŠdito Ă pessoa fĂ­sica (PF), nossa participação de mercado encontra-se em cerca de 4,5%. Mas ĂŠ no crĂŠdito Ă PJ, como eu jĂĄ disse, que temos obtido uma maior satisfação, pois saĂ­mos de praticamente zero de participação em 2002 para fecharmos 2009 com aproximadamente 4,6%. Credit Performance – Na habitação popular, ainda ĂŠ a instituição que mais ďŹ nancia crĂŠdito? Maria Fernanda - A Caixa ĂŠ reconhecida pela excelĂŞncia na gestĂŁo de fundos pĂşblicos e privados e pela grande experiĂŞncia no ďŹ nanciamento a projetos de infraestrutura e saneamento. Mais recentemente, no perĂ­odo da crise, ampliou seu relacionamento com grandes empresas de diversos setores. Mas, sem sombra de dĂşvida, habitação continua sendo um dos carros chefes de nossos negĂłcios. Atingimos em 2009 R$ 47 bi de aplicação, sendo que acreditamos superar em 2010 a marca histĂłrica de 1 milhĂŁo de unidades habitacionais ďŹ nanciadas, com mais de R$ 55 bi aplicados, mantendo com isso, a liderança absoluta no segmento com mais de 75% de participação do mercado Credit Performance – A CEF fala tambĂŠm na inclusĂŁo de 4 milhĂľes de pessoas que ainda nĂŁo possuem conta corrente no sistema bancĂĄrio. SĂŁo pessoas da classe C, D e E? Elas serĂŁo contempladas com quais tipos de polĂ­tica ou planos de concessĂŁo de crĂŠdito? Maria Fernanda – Esta meta serĂĄ alcançada com a parceria do MinistĂŠrio do Desenvolvimento Social. Vamos fechar 2010 com 4 milhĂľes de beneďŹ ciĂĄrios do Bolsa FamĂ­lia contando com conta bancĂĄria. Hoje jĂĄ temos algo prĂłximo a dois milhĂľes de beneďŹ ciĂĄrios bancarizados. No total, atualmente sĂŁo 7,1 milhĂŁo de clientes com contas simpliďŹ cadas, correntistas que, em muitos casos, nunca haviam anteriormente entrado num banco. Essas contas permitem movimentação, execução de pagamentos com cartĂŁo de dĂŠbito e acesso a crĂŠdito, que jĂĄ conta com um saldo de utilização, no caso do crĂŠdito rotativo, de R$ 65 milhĂľes. Nossa meta ĂŠ fechar 2010 com um total de aproximadamente 10 milhĂľes de contas simpliďŹ cadas, consolidando a Caixa como referĂŞncia na inclusĂŁo bancĂĄria. Credit Performance – Quais os novos produtos que a CEF pretende ampliar ou criar para os consumidores das classes C, D e E em pleno crescimento? Vai privilegiar carros, eletrodomĂŠsticos, mĂłveis ou investir mais numa carteira habitacional? Maria Fernanda – Buscar adequar produtos Ă s necessidades dos clientes ĂŠ uma regra de qualquer instituição ďŹ nanceira e, na Caixa, isso nĂŁo ĂŠ diferente, tendo como foco todos os pĂşblicos, mas dedicando especial atenção ao pĂşblico de baixa renda, pequenas e mĂŠdias empresas. A recente parceria que ďŹ rmamos com o Paname-

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ENTREVISTA

A grande novidade Ê que estamos abrindo uma superintendência cujo objetivo Ê dar atendimento à Petrobras e ao BNDES. A proposta Ê focar os setores que trabalham em toda a cadeia energÊtica.�

ricano, a partir da compra de parte de seu controle acionĂĄrio, permitirĂĄ, por exemplo, obtermos maior ĂŞnfase em linhas de negĂłcios antes pouco desenvolvidas, como ďŹ nanciamento a automĂłveis. No caso de eletrodomĂŠsticos e mĂłveis, o nosso CrediĂĄrio Caixa FĂĄcil tem sido um sucesso junto Ă s pequenas, mĂŠdias e grandes redes lojistas. Com menos de um ano, jĂĄ conta com um saldo contratado de R$ 100 milhĂľes no ďŹ nanciamento das compras de clientes do varejo, sem que estes necessariamente sejam nossos correntistas. Credit Performance – Quais as garantias de bom retorno desse investimento? Como minimizar a inadimplĂŞncia? Maria Fernanda – Com gestĂŁo e controle do risco. Este talvez tenha sido, nos Ăşltimos seis anos, um de nossos maiores objetivos. Ou seja, garantir estruturas de governança, boas prĂĄticas de gestĂŁo e sistemas tecnolĂłgicos que permitam aos nossos gerentes a concessĂŁo do crĂŠdito com qualidade e respeito Ă s condiçþes do cliente. Para tanto, realizamos pesados investimentos em tecnologia, algo em torno de R$ 200 milhĂľes/ano, e em treinamento, aproximadamente R$ 65 milhĂľes somente no Ăşltimo ano, para aperfeiçoar nossas prĂĄticas. A ampliação de nossa carteira de crĂŠdito obviamente gera um efeito denominador em nossa inadimplĂŞncia, contudo, nĂŁo explica completamente a permanente redução da inadimplĂŞncia em nossas linhas de negĂłcio desde 2005. Acredito que a melhora na qualidade de nossa carteira, com mais de 77% com rating AA-B, aliada Ă redução da inadimplĂŞncia – que em 2009 atingiu os nĂ­veis mais baixos de nossa histĂłria –, sĂŁo provas inequĂ­vocas do bom trabalho que vem sendo realizado com reconhecimento dos ĂłrgĂŁos de controle. Credit Performance – Quais os planos da CEF para as micro e pequenas empresas, que ainda tĂŞm diďŹ culdade de acesso ao crĂŠdito? Maria Fernanda – A Caixa tem como meta crescer neste segmento algo em torno de 30%. Temos buscado acompanhar as inovaçþes do mercado no que tange Ă constituição de mecanismos para inclusĂŁo de micro e pequenas empresas com diďŹ culdades de acesso ao crĂŠdito, um deles as Sociedades Garantidoras de CrĂŠdito. Atualmente participamos do programa do governo federal “Microempreendedor Individualâ€?, que busca criar condiçþes favorĂĄveis para

a formalização do pequeno empreendedor informal e, neste sentido, constituĂ­mos pacotes de produtos especĂ­ďŹ cos, tendo como um importante canal de distribuição os contadores e correspondentes bancĂĄrios. Ainda no âmbito do governo federal, a Caixa aderiu ao Fundo Garantidor de Operaçþes, que permite a redução das taxas de juros para as pequenas empresas. AlĂŠm disso, temos buscado ďŹ rmar parcerias com associaçþes comerciais e entidades setoriais para estabelecer formas adequadas para superar as restriçþes de acesso ao crĂŠdito. Credit Performance – Como a CEF tem lidado com a falta de garantias desse setor para obtenção de crĂŠdito? Algum instrumento especial? Maria Fernanda - De modo geral, nossos sistemas de avaliação de risco (credit e behavior score) e a busca de estreito relacionamento com o cliente (principalmente micro e pequenas empresas), apoiada por uma estrutura de governança em permanente aperfeiçoamento, tĂŞm sido as formas de manter os bons nĂ­veis de qualidade de nossa carteira de crĂŠdito. Credit Performance – HĂĄ bancos que liberam crĂŠditos para empreendedores sem a necessidade de um ďŹ ador ou comprovação de bens, apenas a partir da avaliação do perďŹ l do correntista. Como a Caixa avalia essa situação e qual ĂŠ a polĂ­tica da instituição para promover o desenvolvimento dos empreendedores que tĂŞm bons planos de negĂłcios, mas nĂŁo dispĂľem de capital ou bens? Maria Fernanda – A utilização de sistemas de anĂĄlise de crĂŠdito baseada no comportamento do cliente (behavior score) e em seus parâmetros (credit score) tem sido uma regra no sistema bancĂĄrio brasileiro e a Caixa adota as melhores prĂĄticas do mercado para garantir uma polĂ­tica de crĂŠdito responsĂĄvel. Temos linhas de crĂŠdito que nĂŁo exigem a comprovação dos bens, nem garantias formais, como o microcrĂŠdito da Caixa, operado por meio da parceria com instituiçþes de microďŹ nanças e Prefeituras. A operação se realiza com base na avaliação do plano de negĂłcio do empreendedor e em seu histĂłrico. Formas alternativas de garantias sĂŁo estruturadas como aval solidĂĄrio ou alienação do bem a ser adquirido. Credit Performance – HĂĄ programas para ajudar os pequenos negĂłcios que queiram ingressar no comĂŠrcio exterior? Maria Fernanda – Sim. O PROGER Exportação ĂŠ uma linha de crĂŠdito cujo objetivo ĂŠ ďŹ nanciar capital de giro a micro e pequenas empresas exportadoras. Os recursos utilizados no PROGER provĂŞm do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e destinam-se a empresas legalmente estabelecidas e com faturamento anual de atĂŠ R$ 5.000.000,00, cooperativas e associaçþes de produção. Credit Performance – E as classes A e B, como ďŹ cam nesse contexto de sistema de crĂŠdito? Maria Fernanda – A Caixa tem uma polĂ­tica de praticar as menores taxas e os melhores serviços para todas e todos os brasileiros. CREDIT PERFORMANCE | MARÇO 2010 | 9

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ANĂ LISE SETORIAL

OS PRINCIPAIS MOTORES DA

ECONO

Especialistas preveem que oferta de crÊdito deve continuar em evolução em 2010, graças à Fabio Barros

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rise? Que crise? Do ponto de vista da oferta de crĂŠdito, o mercado brasileiro passou ao largo da crise, principalmente se considerado o Ăşltimo trimestre do ano passado. Um exemplo: de acordo com o Banco Central (BC), as operaçþes de crĂŠdito do sistema ďŹ nanceiro cresceram, em dezembro de 2009, 14,9% em relação ao mesmo perĂ­odo de 2008, puxadas fundamentalmente pelas operaçþes de pessoas jurĂ­dicas. Com este desempenho, estas operaçþes passaram a representar 45% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, contra 39,7% do ano anterior.

O bom desempenho nĂŁo ocorreu sem razĂŁo. De acordo com Tereza Maria Fernandez Dias da Silva, diretora da MB Associados, a oferta de crĂŠdito depende basicamente de duas coisas: emprego e renda. “O Brasil vem conseguindo manter as duas coisas. O crescimento na oferta de emprego e o aumento do salĂĄrio mĂ­nimo acima da inação deram tranquilidade para que as instituiçþes dessem crĂŠdito para as pessoasâ€?, explica. A este crescimento devem se somados os incentivos dados pelo governo aos setores automotivo, de materiais de construção e eletrodomĂŠsticos (linha branca), que estimularam o crĂŠdito e ainda reverteram tendĂŞncias de queda em alguns setores, como o automotivo. A eďŹ cĂĄcia da medida tambĂŠm se traduz em nĂşmeros. Segundo o BC, a inadimplĂŞncia de pessoas fĂ­sicas caiu de 8,1% em novembro de 2009 para 7,8% em dezembro. Por setor, a menor taxa foi registrada justamente na modalidade de emprĂŠstimo para aquisição de veĂ­culos: 4,4%.

Efeitos da expansĂŁo

O setor imobiliårio tambÊm sentiu, positivamente, os impactos das medidas do governo. Dados divulgados pelo BC e pelos agentes do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e EmprÊstimo), responsåveis pelas operaçþes com recursos das cadernetas de poupança, o saldo dos emprÊstimos habitacionais a pessoas físicas e cooperativas, incluindo o FGTS, chegou a R$ 88,9 bilhþes, ou 40,6% mais que as demais linhas de crÊdito pessoal. O balanço do SBPE mostra que o volume de contrataçþes cresceu 13,3% sobre 2008, chegando a R$ 34 bilhþes.

• O que o crescimento de crÊdito trouxe ao setor automobilístico

O crescimento trouxe impactos indiretos. No våcuo do boom imobiliårio, as redes do segmento de móveis e decoração, que somente em São Paulo movimentam cerca de R$ 7 bilhþes ao ano, preveem para este ano um crescimento em vendas que pode bater na casa de 40%. A estratÊgia estå pronta, e deve focar a abertura de lojas em regiþes onde hå previsão de entrega dos imóveis vendidos nos últimos dois anos.

• O que o crescimento de crÊdito trouxe ao setor imobiliårio

3,22 milhĂľes de carros produzidos em 2009, com previsĂŁo de 3,39 milhĂľes em 2010. Com faturamento de R$ 146 bilhĂľes em 2009, o setor fecha o ano representando quase 6% do PIB nacional e 23,3% do PIB da indĂşstria Fonte: Anfavea

310 mil imĂłveis foram ďŹ nanciados em 2009 com recursos da poupança Fonte: Abecip (Associação Brasileira das Entidades de CrĂŠdito ImobiliĂĄrio e Poupança)

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ANĂ LISE SETORIAL

NOMIA ças à expectativa de crescimento da economia

A ação do governo incluiu tambÊm os bancos públicos que, durante a crise, foram engajados na estratÊgia de estímulo ao crescimento. Como resultado, em novembro de 2009, o volume de crÊdito dos bancos públicos representava 18,4% do PIB, contra 13,8% em 2008. A Caixa Econômica Federal, por exemplo, bateu em 2009 seu recorde na oferta de crÊdito, chegando a R$ 125 bilhþes para empresas e pessoas físicas. Deste total, R$ 46,9 bilhþes foram operaçþes de crÊdito para habitação, o que representou um crescimento de 100% em relação a 2008.

Divulgação

2010 Se o balanço do setor de crĂŠdito em 2009 ĂŠ positivo, as perspectivas para 2010 sĂŁo ainda melhores. “Tudo leva a crer que devemos manter a expansĂŁo porque estamos em um momento de crescimento da economia, principalmente na indĂşstriaâ€?, diz Tereza Maria. Mas nĂŁo sĂł. A executiva destaca a previsĂŁo de crescimento de renda em 4,5% acima da inação, nĂşmero que ela avalia como bastante forte. “A inação nĂŁo deve ter um aumento dramĂĄtico, o que faz prever que o crĂŠdito deve continuar crescendo.â€? Entre os segmentos que devem continuar alavancando o crescimento do crĂŠdito, Tereza Maria aponta a construção civil, que deve avançar com um ritmo de expansĂŁo acima da mĂŠdia, e tambĂŠm o setor de alimentos. O otimismo ĂŠ compartilhado pelo mercado, que apresenta um cenĂĄrio favorĂĄvel para que se repitam os recordes de ďŹ nanciamento de 2009, quando foram contratadas 686 mil operaçþes, contra 627 mil do recorde anterior, de 1980. Por conta disso, o SBPE projeta um crescimento de 50% nos emprĂŠstimos, bem mais que a previsĂŁo de aumento de 10% na captação da poupança.

A força da pessoa fĂ­sica • Quanto cresceu a oferta de crĂŠdito para pessoa fĂ­sica, por setor Setor Financiamento imobiliĂĄrio Financiamento de veĂ­culos EmprĂŠstimo consignado

Crescimento 40,6% 12,9% 34,6%

Saldo R$ 88,9 bilhĂľes R$ 157,1 bilhĂľes R$ 106,1 bilhĂľes

Processo semelhante vive o setor petroquĂ­mico. A especialista garante que estas mudanças nĂŁo ocorrem por acaso. Ao contrĂĄrio, mostram que o mercado estĂĄ passando por mudanças e se adequando a novas condiçþes criadas pelo foco maior no mercado interno. “Isso ocorre justamente porque o poder aquisitivo da população estĂĄ crescendo, as pessoas podem demandar mais. Tudo isso, de alguma maneira, ĂŠ consequĂŞncia da expansĂŁo do crĂŠditoâ€?, diz.

Saldo 1,1% 17,4%

Toda esta movimentação deve trazer um novo cenårio para o mercado, que deve ver um crescimento ainda maior do crÊdito às pessoas jurídicas. Algumas previsþes dão conta de que o crÊdito para as empresas poderå crescer 25% em 2010, contra 20% no crÊdito às pessoas físicas.

Fonte: Banco Central

• Operaçþes de crĂŠdito envolvendo pessoa fĂ­sica x pessoa jurĂ­dica Setor Pessoa jurĂ­dica Pessoa fĂ­sica Fonte: Banco Central

Crescimento R$ 396 bilhĂľes R$ 319,8 bilhĂľes

Tereza Maria aďŹ rma que o mercado vive um momento de continuidade de um processo positivo iniciado em 2009, e para o qual muitos setores jĂĄ estĂŁo minimamente preparados. Um exemplo ĂŠ o processo de consolidação do setor de varejo, que estĂĄ provocando novas entradas. “Temos novos investidores chegando e o movimento do PĂŁo de Açúcar como exemplos de que o setor vive um momento muito interessante. De outro lado, o varejo online vem crescendo em volume e em novos modelos, como a criação de clubes de vendas na internetâ€?, reforça.

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CAPA

A CLASSE C VAI AO

PARAĂ?SO... ...das compras! Cerca de 20 milhĂľes de pessoas passam a integrar o ranking de clientes preferenciais nĂŁo sĂł das grandes redes de varejo como dos agentes ďŹ nanceiros. Elas formam a grande classe mĂŠdia, que vem conquistando poder aquisitivo desde o inĂ­cio do Plano Real, hĂĄ quinze anos. Christiane Marcondes Alves de Brito Especial para Credit Performance

F

ernando Henrique Cardoso deu o pontapĂŠ inicial no jogo. Luiz InĂĄcio Lula da Silva fez os gols da virada. Quem mais vibrou com a vitĂłria da classe mĂŠdia foram, em princĂ­pio, as grandes redes varejistas. Que faturaram muito com um pĂşblico assalariado – portanto, menos sujeito Ă s intempĂŠries dos pacotes econĂ´micos – e ďŹ el nĂŁo sĂł ao estabelecimento de compras como ao prĂłprio sobrenome de famĂ­lia. Picado pelo bichinho da febre consumista, esse sujeito prefere deixar faltar pĂŁo em casa a nĂŁo pagar o cartĂŁo de crĂŠdito. É um zelador eterno do nome limpo. “Quando o Plano Real conseguiu reter o processo de inação, que chegava a 80% ao mĂŞs, as pessoas passaram a fazer planos de longo prazo para suas vidas. E as redes de varejo enxergaram aĂ­ a oportunidade de criar planos de pagamento igualmente a longo prazo, que coubessem no bolso do consumidor de baixa rendaâ€?, explica Renato Meirelles, sĂłcio-diretor do Data Popular. A empresa divulgou estudo recente em que ilustra a inversĂŁo da “pirâmideâ€? econĂ´mica: a classe mĂŠdia, se o assunto ĂŠ compras, estĂĄ por cima, jĂĄ que as classes A e B refrearam o consumo. (ver quadros na pĂĄgina 14) Esta revolução comportamental começou com os “private labelsâ€?, cartĂľes customizados e comercializados por redes como Casas Bahia e C&A. Essas lojas acabaram fornecendo “muniçãoâ€? para o sistema ďŹ nanceiro que, de posse do cadastro desse pĂşblico, passou a distribuir cartĂľes de crĂŠdito com baixo limite. “O setor varejista foi corresponsĂĄvel pelo inĂ­cio do relacionamento desse consumidor com o sistema ďŹ nanceiro. Anteriormente, as classes C, D e E odiavam trabalhar com bancosâ€?, conta Meirelles. CREDIT PERFORMANCE | MARÇO 2010 | 13

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E odiavam porque odeiam – por deďŹ nição – tudo o que nĂŁo compreendem. O consumidor de baixa renda ĂŠ mais criterioso, nĂŁo pode errar na compra, mas, muitas vezes, nĂŁo entende o que e como estĂĄ comprando e, se nĂŁo entende, se sente enganado. Ele nĂŁo consegue entender, por exemplo, uma forma de poupança que nĂŁo seja a caderneta, uma forma de investimento que envolva juros e cĂĄlculos complicados, porque quer conservar o relacionamento de longo prazo, que tanto preza e, para isso, precisa compreender o que estĂĄ sendo acordado. “Dentre os itens que permitiram o ingresso das classes C e D no mercado de consumo, alĂŠm da estabilidade econĂ´mica, estĂŁo o aumento real de renda dos trabalhadores e o ďŹ m dos juros estratosfĂŠricos, apesar do Brasil ainda ter uma das taxas mais altas do mundoâ€?, esclarece FlĂĄvio CorrĂŞa, presidente da Brand Motion Consultoria de EstratĂŠgias de Marketing Corporativo e presidente do conselho da Associação dos Dirigentes de Vendas de SĂŁo Paulo (ADVB-SP). Outro fator que impulsionou o crescimento da classe C foram os bancos populares, que passaram a ďŹ nanciar a produção de pequenos empreendedores. Eles ofereciam um emprĂŠstimo Ăşnico que beneďŹ ciava o grupo e esse grupo se cotizava para pagar a dĂ­vida, como ĂŠ o caso do Banco do Nordeste, que representa um case de sucesso nesse campo de atuação. Todas estas mudanças tiveram inĂ­cio hĂĄ cerca de quatro anos e, hoje, o cenĂĄrio do comĂŠrcio ĂŠ bem diferente, e estĂĄ posicionado cada vez mais distante da inadimplĂŞncia, porque nĂŁo ĂŠ o dono do cartĂŁo de crĂŠdito que deďŹ ne valores e formas de pagamento e, sim, a administradora. Explicando em detalhes: a empresa que fornece o cartĂŁo administra as compras do usuĂĄrio, jĂĄ que esse nĂŁo poderĂĄ ultrapassar um valor prĂŠďŹ xado de prestação mensal. Quer adquirir uma televisĂŁo de plasma? Tudo bem, desde que seja em prestaçþes a perder de vista com valores que estejam dentro do teto de comprometimento de renda jĂĄ estipulado pelo varejista ou agente ďŹ nanceiro.

As instituiçþes de varejo que apostaram no consumidor de baixa renda ganharam e vĂŁo continuar ganhando nos prĂłximos 15 anos.â€? Renato Meirelles, sĂłcio-diretor do Data Popular

O Brasil sofreu mudanças profundas em sua estrutura de consumo

DE

A inversão da pirâmide de renda colocou milhþes de brasileiros dentro do universo das compras

Hoje o consumidor pode escolher

C

86,9 milhĂľes de cartĂľes de crĂŠdito estĂŁo na mĂŁo de pessoas com renda atĂŠ R$ 1.700,00

111,8 bilhþes Foi o volume de transaçþes das classes C, D e E em 2008 (52%)

AB

134,9 milhĂľes de private label estĂŁo na mĂŁo de pessoas com renda de atĂŠ R$ 1.700,00

69% dos cartþes de crÊdito estão na base da pirâmide

78% dos cartþes de loja estão na base da pirâmide Fonte: Projeção Data Popular / AvBr com base nos dados da abecs, 2008

14 | MARÇO 2010 | CREDIT PERFORMANCE

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CAPA

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Dentre os itens que permitiram o ingresso das classes C e D no mercado de consumo, alĂŠm da estabilidade econĂ´mica, estĂŁo o aumento real de renda dos trabalhadores e o ďŹ m dos juros estratosfĂŠricos, apesar do Brasil ainda ter uma das taxas mais altas do mundo.â€? FlĂĄvio CorrĂŞa, presidente da Brand Motion Consultoria de EstratĂŠgias de Marketing Corporativo e presidente do conselho da Associação dos Dirigentes de Vendas de SĂŁo Paulo (ADVB-SP)

FamĂ­lias e capital produtivo impulsionam economia Em novembro de 2009, segundo indicador da Serasa Experian, o consumo das famĂ­lias e investimentos das empresas lideraram crescimento econĂ´mico, que chegou a 4,5% A entrada do consumidor de baixa renda no mercado de cartĂľes de crĂŠdito levou a uma revisĂŁo de modelo de negĂłcios. Esse pĂşblico, que nĂŁo compreende a dinâmica da renda rotativa, prefere reďŹ nanciar uma dĂ­vida, trabalhando sempre com juros e prestaçþes ďŹ xas. E se uma coisa leva a outra, chegamos ao mercado atual, onde a regra nĂŁo ĂŠ ganhar muito de poucos – e ter de lidar com o perďŹ l A/B, que negocia, se arrisca –, mas, sim, ganhar pouco de muitos. O bolĂŁo, no ďŹ nal, ĂŠ o mesmo. FlĂĄvio CorrĂŞa comemora o atual momento, que nĂŁo o surpreende: “HĂĄ muitos anos, defendo que o Brasil precisa ampliar a massa de consumidores para se transformar numa grande economia. Finalmente estamos chegando lĂĄ! Os avanços da classe C sĂŁo uma notĂ­cia importante para a consolidação do mercado interno, colchĂŁo que permitiu ao Brasil sair da crise ďŹ nanceira internacional mais rĂĄpido do que a maioria dos paĂ­ses.â€? Agora a classe D, antes rotulada de “desprezĂ­velâ€?, passou a ser “desejadaâ€?, explica o executivo da Brand Motion.

A economia brasileira registrou avanço de 4,5% no mĂŞs de novembro do ano passado em comparação ao mesmo mĂŞs do ano anterior. Foi a primeira vez, em 2009, que os investimentos registraram uma taxa anual positiva de crescimento. A retomada injetou conďŹ ança nos empresĂĄrios quanto ao futuro da economia. Esta expansĂŁo anual, de 4,5%, pode ser atribuĂ­da Ă reação dos investimentos produtivos (Formação Bruta de Capital Fixo), que passaram de uma variação negativa de 7,3% em outubro para uma alta de 8,1% em novembro. O consumo das famĂ­lias atingiu 7,5% e tambĂŠm foi responsĂĄvel pela consolidação do crescimento econĂ´mico no penĂşltimo mĂŞs do ano passado. Com relação ao governo federal, o consumo atingiu alta de 2,9%. Se esta taxa ĂŠ modesta, por outro lado as exportaçþes de bens e serviços, que recuaram 5,4% frente a novembro de 2008, e as importaçþes de bens e serviços, com alta de 4,2% neste mesmo critĂŠrio

de comparação, pesaram negativamente sobre a taxa ďŹ nal de crescimento da economia brasileira em novembro Ăşltimo. Os destaques do mĂŞs de novembro, no que se refere Ă oferta agregada, foram os setores de serviços e a indĂşstria, cujas taxas anuais de crescimento foram de 4,9% e 4,8%, respectivamente. O resultado de 4,8%, da indĂşstria, foi a primeira taxa de variação anual positiva de 2009. JĂĄ a agropecuĂĄria registrou queda de 9,3% em relação a novembro do ano passado. No acumulado do ano – de janeiro a novembro de 2009 –, o Indicador Serasa Experian de Atividade EconĂ´mica (PIB Mensal) mostrou queda de 0,8%. NĂŁo hĂĄ motivo de preocupação, jĂĄ que as variaçþes acumuladas negativas vĂŞm se reduzindo ao longo dos Ăşltimos meses. Pelo lado da oferta, a queda acumulada ĂŠ explicada pela variação negativa de 6,8% da indĂşstria e, em segundo plano, pelo recuo de 6,0% da agropecuĂĄria. JĂĄ sob o prisma da demanda, o recuo de 11,6% da Formação Bruta de Capital Fixo e de 11,3% das exportaçþes de bens e serviços sĂŁo os elementos responsĂĄveis pela queda acumulada anual do Indicador Serasa Experian de Atividade EconĂ´mica (PIB Mensal)

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E nĂŁo sĂŁo sĂł os executivos, institutos de pesquisas, redes varejistas e entidades ďŹ nanceiras que visualizam o potencial de consumo da classe C: no mercado editorial, o tradicional Grupo Lance, que criou fama com o jornalismo esportivo, estreou dia 20 de janeiro um jornal de atualidades feito sob medida para a classe C. Com a intenção de ocupar o posto deixado por publicaçþes como “NotĂ­cias Popularesâ€?, o “Maisâ€? – nas bancas ao custo de R$ 0,50 – chega para atender uma demanda jĂĄ consolidada, segundo Walter de Mattos Jr., que hĂĄ trĂŞs anos vem desenvolvendo o projeto de um periĂłdico popular para SĂŁo Paulo, a exemplo do que jĂĄ existe em outros estados, como Rio de Janeiro, com os jornais Extra (das Organizaçþes Globo) e O Dia.

NĂŁo erre o alvo Ă€ primeira descrição, uma pessoa que possui dois automĂłveis, trĂŞs televisores e mora num bairro nobre, como Perdizes, na zona oeste da capital paulista, ĂŠ um cliente potencial para produtos destinados Ă s classes B e C, correto? Errado! Este tipo de quadro, enganador, a Serasa Experian consegue delatar a partir de uma ferramenta soďŹ sticada que, como o prĂłprio nome diz, forma um “mosaicoâ€? verossĂ­mil somando as diversas informaçþes de um perďŹ l. A pessoa pode ter dois automĂłveis velhos e morar num verdadeiro cortiço, ainda que em bairro nobre, e as tevĂŞs podem ser todas de segunda mĂŁo. Para se comunicar corretamente com o

pĂşblico-alvo, uma empresa precisa dispor nĂŁo sĂł de dados estatĂ­sticos, mas tambĂŠm criteriosos e que forneçam uma anĂĄlise ďŹ el da situação sĂłcio-econĂ´mica do indivĂ­duo. Com base nessa premissa, a Serasa Experian criou o maior e mais completo estudo da ĂĄrea, o Mosaic. Ele cruza dados cadastrais da prĂłpria Serasa Experian, do Censo do IBGE e da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar (PNAD). O produto, inĂŠdito no mercado nacional, proporciona um retrato acurado dos grupos sociais do PaĂ­s. Com ele, estudiosos, empresĂĄrios e gestores de polĂ­ticas pĂşblicas contam com uma ferramenta tecnicamente exemplar para traçar estratĂŠgias, desenvolver produtos e falar a mesma lĂ­ngua do pĂşblico-alvo.

O pĂşblico leitor das faixas C e D, vale avisar, ĂŠ mais formal e rejeita as propostas grĂĄďŹ cas mais ousadas. Simplicidade e preço baixo, portanto, deďŹ nem os novos parâmetros de vendas em qualquer ĂĄrea, inclusive editorial. Nos Ăşltimos cinco anos, o Instituto VeriďŹ cador de Circulação (IVC) comprovou que o mercado de jornais no Brasil cresceu turbinado por lançamentos para camadas populares, com custos que nĂŁo ultrapassam R$ 1,00. Com toda a certeza, os varejistas estĂŁo entre os grandes anunciantes dessas mĂ­dias e tendem a ser recompensados pelo esforço: “As instituiçþes de varejo que apostaram no consumidor de baixa renda ganharam e vĂŁo continuar ganhando nos prĂłximos 15 anosâ€?, conclui Meirelles.

Perfil do consumidor O consumidor emergente aspira um sonho que estĂĄ ao alcance das mĂŁos

Tradicional

Emergente

Sempre consumiu / busca:

Passou a consumir / busca:

• Exclusividade • Diferenciação • Consumo do intangĂ­vel

• Inclusão • Pertencimento • Vantagens e razþes concretas

• Menos fiel • Mais solitårio

• Mais fiel • Mais solidårio

• Vergonha do desconto • Prazer em ostentar

• Orgulho do desconto • Prazer em oferecer

Fonte: Data Popular

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CASO DE SUCESSO

GRAACC É FĂ“RMULA DE SUCESSO NO TRATAMENTO DO CĂ‚NCER NO BRASIL Hospital atende milhares de crianças por mĂŞs e tambĂŠm atua no desenvolvimento de pesquisas no combate ao câncer infantil

AntĂ´nio Carreiro

Regina Ielpo

O

s números impressionam: mais de 19 mil consultas mÊdicas e 1.300 cirurgias. Esse Ê o balanço mÊdio de um ano de trabalho nos corredores e salas administrados pelo Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (GRAACC).

O GRAACC foi criado em 1991, fruto de uma parceria entre a Universidade Federal de SĂŁo Paulo (Unifesp), empresas privadas e entidades do terceiro setor para garantir aos jovens com câncer o direito de alcançar todas as chances de cura com qualidade de vida, dentro do mais avançado padrĂŁo cientĂ­ďŹ co. O projeto, que nasceu de um ideal acadĂŞmico, atualmente ANTĂ”NIO SÉRGIO PETRILLI: funciona como uma instituição sem ďŹ ns lucrativos, que conta superintendente mĂŠdico com um hospital de 11 andares exclusivamente dedicados ao do GRAACC tratamento de crianças e adolescentes portadores de câncer, alĂŠm de mais de 60 leitos para internaçþes e assistĂŞncia Ă s famĂ­lias dos pacientes. De acordo com o superintendente mĂŠdico Antonio Sergio Petrilli, o segredo do GRAACC estĂĄ na disponibilização de recursos e de pessoas para dar andamento Ă s açþes sociais. “NĂłs nascemos com a responsabilidade de levar apoio complementar Ă sociedade e nosso resultado nĂŁo estĂĄ em nĂşmeros para uma balança, mas em vidas salvasâ€?, aďŹ rma Petrilli.

Dados que traduzem o GRAACC Os números de 10 anos de atividades do GRAACC evidenciam a importância da instituição. Entre 1998 e 2008 foram realizados:

183.875 consultas mĂŠdicas

189.768 exames

162.601 consultas multidisciplinares

88.474 sessĂľes de quimioterapia

9.119 internaçþes

A fĂłrmula de sucesso sempre leva em consideração o tripĂŠ de sustentação: universidade, parcerias pĂşblico-privadas e sociedade. E nĂŁo faltam boas oportunidades de investimento para as empresas interessadas em alocar recursos em um projeto social amplamente reconhecido. De acordo com Petrilli, o GRAACC despertou em grandes companhias, empresas e instituiçþes a conďŹ ança para investir em um projeto que alia competĂŞncia proďŹ ssional e visĂŁo social.

8.743 cirurgias

215 transplantes de medula Ăłssea

Atualmente, o GRAACC possui trĂŞs projetos aprovados pelo Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (FUMCAD), que beneďŹ cia entidades de apoio a crianças e adolescentes por meio de doaçþes de parte do Imposto de Renda de pessoas fĂ­sicas e empresas. Entre os projetos do GRAACC que podem receber donativos via FUMCAD estĂŁo: a ampliação do Hospital do GRAACC, a implementação de ResidĂŞncia 1 para formação de professores residentes em atendimento escolar hospitalar e a criação do serviço de atendimento psicolĂłgico prĂŠ-operatĂłrio Ă criança com câncer. No entanto, Antonio SĂŠrgio Petrilli explica que, apesar de toda estrutura adquirida ao longo da existĂŞncia da instituição, nem sempre os recursos se mostram suďŹ cientes para dar andamento rĂĄpido ao desenvolvimento de algumas açþes. Um exemplo ĂŠ a expansĂŁo do Instituto de Oncologia PediĂĄtrica. É nessa hora que o time de ponta do GRAACC coloca em prĂĄtica sua arma mais poderosa: o sonho de oferecer melhores condiçþes de tratamento aos portadores de câncer brasileiros.

SERVIÇO GRAACC– Grupo de Apoio ao Adolescente e Ă Criança com Câncer

www.graacc.org.br Telefone: (55 11) 5080-8400 FUMCAD

http://fumcad.prefeitura.sp.gov.br/ forms/principal.aspx (*) Para doar ao GRAACC basta selecionar a entidade CREDIT PERFORMANCE | MARÇO 2010 | 19

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INDICADORES

UM BALANÇO DE 2009 E PERSPECTIVAS PARA 2010 Tendência de queda da inadimplência dos consumidores e das empresas no primeiro semestre deste ano, alÊm da expansão do crÊdito, geram otimismo entre analistas e economistas William Messias

A

expectativa para o cenĂĄrio econĂ´mico em 2010 começa de forma otimista na visĂŁo de analistas e economistas, e o referencial para tanto otimismo vem da queda da inadimplĂŞncia do consumidor registrado no 4Âş trimestre de 2009 e da sinalização de redução das dĂ­vidas do consumo pelas empresas no inĂ­cio deste ano. Para o gerente de economia da Federação das IndĂşstrias do Estado de SĂŁo Paulo (FIESP), AndrĂŠ Rebelo, o Brasil vive um momento de expansĂŁo de crĂŠdito para pessoas fĂ­sicas e jurĂ­dicas. “Os perigos econĂ´micos foram afastados. Essa crise ďŹ nanceira que surprendeu diversos paĂ­ses ĂŠ o resultado de uma ‘ressaca econĂ´mica’, devido ao forte crescimento no primeiro semestre de 2008.â€? Rebelo aponta que a redução da taxa tributĂĄria imposta pelo governo e a postura dos bancos pĂşblicos em oferecer crĂŠdito para o consumidor foram determinantes para o equĂ­librio econĂ´mico no ano passado. De acordo com o Indicador Serasa Experian da Qualidade de CrĂŠdito do Consumidor, que avalia numa escala de 0 a 100 a qualidade do crĂŠdito, o 4Âş trimestre de 2009 registrou alta de 0,5%, chegando ao patamar de 78,6. Com este resultado, quanto mais prĂłximo do patamar 100, menor a probabilidade de inadimplĂŞncia, tendĂŞncia que seguirĂĄ no primeiro semestre deste ano.

Indicador Serasa Experian da Qualidade de CrĂŠdito do Consumidor 80,5

80,2 79,7

79,8

79,7 79,4

79,1

79,5

79,3 78,8 78,8

79,0

78,8

78,6 78,2

78,4

77,7

77,0

1T07 2T07 3T07 4T07 1T08 2T08 3T08 4T08 1T09 2T09 3T09 4T09 Fonte: Serasa Experian

A explicação para esse resultado, aponta o indicador, ĂŠ que a qualidade de crĂŠdito tende a ser positivamente correlacionada com a renda mensal do trabalhador, que ĂŠ reforçada pela recente pesquisa divulgada pela Federação do ComĂŠrcio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de SĂŁo Paulo (Fecomercio-SP), sobre a percepção de aumento de crĂŠdito: 82% dos 2.200 entrevistados com renda mensal acima de 10 salĂĄrios mĂ­nimos acreditam que conquistar um emprĂŠstimo para comprar a prazo neste ano estarĂĄ mais fĂĄcil do que em 2009. Segundo o professor de economia da Fundação Escola de ComĂŠrcio Ă lvares Penteado (FECAP) e doutorando em economia pela Universidade de Campinas (Unicamp), Erivaldo Costa Vieira, o mercado de crĂŠdito para pessoas fĂ­sicas em 2010 continuarĂĄ em expansĂŁo devido aos riscos de inadimplĂŞncias serem menores do que em anos anteriores, que marcaram a crise ďŹ nanceira mundial. â€?Hoje o cenĂĄrio econĂ´mico ĂŠ mais favorĂĄvel e os riscos sĂŁo menores. É mais vantajoso para os bancos emprestarem mil reais para 100 pessoas, do que 100 mil reais para uma Ăşnica empresaâ€?, justiďŹ ca.

InadimplĂŞncia das empresas deve cair Outro indicador que sinaliza um cenĂĄrio econĂ´mico positivo para este primeiro semestre ĂŠ o Indicador Serasa Experian de Perspectiva da InadimplĂŞncia das Empresas, que recuou 7,6% em novembro do ano passado, chegando ao patamar de 102,1. Essa perspectiva tambĂŠm ĂŠ defendida pelo economista Ricardo Jacomasi, da consultoria de crĂŠdito LaďŹ s e colunista do site Infomoney. De acordo com Jacomasi, o Brasil deverĂĄ ultrapassar a especulação dos analistas e economistas que prevĂŞem crescimento econĂ´mico de 5% ao ano e um dos motivos para tanto otimismo vem do desbloqueio de linhas de crĂŠdito para empresas, o que facilita a exportação. “Temos a linha do Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC), na qual, com o desloqueio dessa linha de crĂŠdito, empresas como a Sadia e Aracruz, por exemplo, encontrarĂŁo facilidade para exportação e, consequentemente, impulsionarĂŁo a economia nacional. Hoje existe uma percepção de que, com a volta do consumo, as empresas precisarĂŁo aumentar seus estoques e os bancos pĂşblicos jĂĄ começaram a deďŹ nir suas linhas de crĂŠditos para as empresasâ€?, aponta.

20 | MARÇO 2010 | CREDIT PERFORMANCE

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IDÉIAS & TENDÊNCIAS

CRÉDITO E COBRANÇA EM 2010, SEM TEMPO PARA REFLEXÕES Ricardo Loureiro

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Presidente da Serasa Experian

C

om o crescimento econĂ´mico ao redor dos 5%, o crĂŠdito em 2010 deve evoluir 20%, mais uma vez sustentando o mercado interno. O ďŹ nanciamento para as empresas representarĂĄ a maior parte dessa evolução, recuperando parte do impacto causado pela crise ďŹ nanceira internacional, que escasseou o crĂŠdito corporativo no ano passado.

O avanço dos recursos deve levar Ă retomada dos investimentos, por parte das empresas nacionais, que estavam suspensos desde o Ăşltimo trimestre de 2008, por conta do evento global. O Brasil tambĂŠm estĂĄ na mira dos investidores internacionais, pela rĂĄpida recuperação econĂ´mica e por ser um porto seguro. Na anĂĄlise setorial, o comĂŠrcio ĂŠ destacado e deve ter um ano ainda melhor, lembrando-se que, alĂŠm da economia aquecida, hĂĄ a Copa do Mundo. As vendas de TVs de alta deďŹ nição devem disparar e, como se sabe, produtos de maior valor agregado exigem crĂŠdito. A indĂşstria seguirĂĄ o comĂŠrcio no atendimento Ă demanda interna. Nesse contexto, o crĂŠdito para pessoa fĂ­sica tambĂŠm crescerĂĄ, tendo como destaque o crĂŠdito imobiliĂĄrio. Representando 3% do PIB, os recursos para aquisição de moradias no paĂ­s estĂŁo entre os mais baixos das economias emergentes. Nas mais desenvolvidas, essa carteira ďŹ ca prĂłxima dos 100%. Este serĂĄ o ano do crĂŠdito imobiliĂĄrio no Brasil e outras modalidades de crĂŠdito ao consumidor que continuarĂŁo crescendo sĂŁo a de veĂ­culos e o consignado.

Vale lembrar tambĂŠm que a relação crĂŠdito/PIB ainda ĂŠ baixa, de 45%. Estima-se para 2010 um patamar prĂłximo a 55%. De qualquer modo, as liçþes da crise cabem no cotidiano. Por isso, ĂŠ bom notar que o endividamento da população cresce mais rĂĄpido que a renda. Como 2010 promete ser um ano de forte crescimento econĂ´mico, espera-se que a geração de empregos e a massa salarial atenuem este fato. Enquanto isso, melhorar a decisĂŁo de crĂŠdito ĂŠ determinante para qualquer cenĂĄrio. A inadimplĂŞncia mostra tendĂŞncia de crescimentos menores no 1Âş semestre, mas ainda ĂŠ alta nas referĂŞncias internacionais. A recuperação de crĂŠdito tem um grande trabalho a fazer neste ano. Como o emprego estĂĄ crescendo, mais consumidores estĂŁo buscando a regularização de sua situação ďŹ nanceira. Mais do que nunca, a recuperação de crĂŠdito serĂĄ relacionamento. Enquanto o cadastro positivo nĂŁo entra em operação, ampliar a qualidade do crĂŠdito deve ser um compromisso de todos. Isso nĂŁo signiďŹ ca ser mais conservador nas decisĂľes de crĂŠdito. SigniďŹ ca tomĂĄ-las com cientiďŹ cidade e inteligĂŞncia especialmente desenvolvida para tal. Para concluir, este ĂŠ um ano eleitoral e, portanto, as atençþes estĂŁo voltadas para as realizaçþes econĂ´micas. A implantação do cadastro positivo complementarĂĄ o sucesso econĂ´mico do paĂ­s. Com ele, novas relaçþes de crĂŠdito e de sua recuperação serĂŁo estabelecidas e maiores graus de conďŹ ança serĂŁo conquistados pelo paĂ­s. CREDIT PERFORMANCE | MARÇO 2010 | 21

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NOVIDADES

CALENDĂ RIO Acompanhe os principais eventos da CMS em 2010: 2 E 3 DE JUNHO 2Âş Congresso Nacional de MicroďŹ nanças Lima | Peru 10 DE JUNHO 8Âş Congresso Nacional de CrĂŠdito e Cobrança Buenos Aires | Argentina 12 DE AGOSTO 5Âş Congresso Nacional de CrĂŠdito e Cobrança Santiago l Chile 7 E 8 DE SETEMBRO 7Âş Congresso Andino de CrĂŠdito e Cobrança BogotĂĄ l ColĂ´mbia

Grupo Siscom inaugura ďŹ lial Com o objetivo de consolidar sua histĂłria de sucesso e soďŹ sticar ainda mais seus serviços, o Grupo Siscom inaugura, em abril, uma nova ďŹ lial de operaçþes. Localizada em Limeira, interior do Estado de SĂŁo Paulo, a unidade terĂĄ capacidade inicial de 300 pontos de atendimento (PA) e nos prĂłximos anos incluirĂĄ mais 700, contabilizando um total de 1.400 colaboradores. O investimento do grupo na nova ďŹ lial foi de R$ 10 milhĂľes distribuĂ­dos em estrutura fĂ­sica, equipamentos de infraestrutura de dados, voz e elĂŠtrica.

Nova logomarca Serasa Experian consolida uniĂŁo das duas empresas • • • A Serasa Experian lançou em dezembro nova logomarca. “Potencializamos a integração dos atributos mais fortes que as duas marcas oferecem: credibilidade e conďŹ ança com agilidadeâ€?, declara o presidente da Serasa Experian e CEO da Experian na AmĂŠrica Latina, Ricardo Loureiro. A nova logomarca representa uma evolução da anterior, uniformizando a logotipia e unindo o nome da empresa com o sĂ­mbolo global da Experian. Em junho de 2007, a Experian, lĂ­der global no mercado de informaçþes, atuante em mais de 65 paĂ­ses, adquiriu o controle acionĂĄrio da Serasa e, a partir da consumação do negĂłcio, as duas empresas integraram pessoas e expertises. Hoje, oferece soluçþes inovado-

21 DE SETEMBRO 1Âş Congresso Nacional de CrĂŠdito e Recuperação Lisboa l Portugal 22 E 23 DE SETEMBRO 5Âş Congresso Nacional de CrĂŠdito e Cobrança Lima l Peru 23 DE SETEMBRO 4Âş Congresso Nacional de Financiamento de consumo e Meios de Pagamento Buenos Aires l Argentina 08 DE OUTUBRO 3Âş Congresso Nacional de CrĂŠdito e Cobrança Quito l Equador 14 DE OUTUBRO 3Âş Congresso Nacional de Financiamento de consumo, Pagamento e Recuperação MontevidĂŠu l Uruguai 14 E 15 DE OUTUBRO 1Âş Congresso Nacional de MicroďŹ nanças BogotĂĄ l ColĂ´mbia NOVEMBRO 2Âş Congresso Nacional de CrĂŠdito e Recuperação Madri l Espanha

ras de informação que atendem todo o ciclo de negĂłcios, abrangendo empresas de todos os segmentos e portes, e reaďŹ rmando seu compromisso de gestĂŁo comprometida com a mĂĄxima qualidade para seus 2.500 proďŹ ssionais, clientes, acionistas, fornecedores e a sociedade. “A marca Serasa Experian nasceu sintetizando uniĂŁo, tradição, evolução e qualidade para a empresa, a comunidade, seus clientes e os negĂłciosâ€?, resume Francisco Valim, CEO da Experian para Europa, Oriente MĂŠdio, Ă frica e AmĂŠrica Latina.

1 E 2 DE NOVEMBRO 2Âş Congresso Internacional de CrĂŠdito e Cobrança e 1Âş Congresso Venezuelano de MicroďŹ nanças Caracas l Venezuela 9 E 10 DE NOVEMBRO 6Âş Congresso Nacional e 8Âş Congresso Latinoamericano de CrĂŠdito e Cobrança SĂŁo Paulo l Brasil

Informaçþes: www.cmseventos.com

Serasa Experian traz ao Brasil o guru do pensamento analítico empresarial • • • A Serasa Experian traz ao Brasil o economista americano Thomas Davenport, responsåvel pela palestra inicial do Credit and Marketing Vision 2010, evento sobre crÊdito e marketing, realizado nos dias 18 e 19 de maio, no Hotel Hyatt, em

SĂŁo Paulo. O tema da palestra ĂŠ “Capacidade AnalĂ­tica em Ação: DecisĂľes mais Inteligentes, Resultados Melhoresâ€?. Davenport ĂŠ um dos criadores da competição analĂ­tica, conceito que envolve processar informaçþes com base em fatos e evi-

dĂŞncias, para descobrir o que ĂŠ realmente relevante. Entre outros palestrantes conďŹ rmados estĂŁo o economista JosĂŠ Alexandre Scheinkman, o CEO Experian Europa, Oriente MĂŠdio, Ă frica e AmĂŠrica Latina, Francisco Valim, entre outros.

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TENDĂŠNCIAS

A COBRANÇA COMO ETAPA DA NOVA VENDA Mudança da imagem das empresas de cobrança tem melhorado a relação com os consumidores e aumentado o nĂşmero de adimplentes no mercado Luiz Vita

A

reabilitação do crĂŠdito de um cliente inadimplente ĂŠ a primeira etapa para reinseri-lo no mercado. Por esse motivo, as empresas de cobrança tĂŞm investido em treinamento e tecnologia para realizar essa tarefa de maneira cada vez mais eďŹ ciente, tanto para a instituição que representam, como para o consumidor. AlĂŠm de atenderem seu cliente, resgatando o valor devido, prestam um importante trabalho econĂ´mico, social e atĂŠ humanitĂĄrio a quem estĂĄ na outra ponta, em diďŹ culdades para honrar seus compromissos. “As instituiçþes descobriram que a cobrança ĂŠ uma forma de ďŹ delizar o cliente devedor, tornando-o adimplente e concedendolhe crĂŠdito novamenteâ€?, aďŹ rma CĂ­cero de Toledo Piza, diretor do Grupo Aval e diretor administrativo e ďŹ nanceiro do Instituto GEOC. Com isso, ele volta a consumir e a instituição que contratou os serviços

da empresa de cobrança agradece. E se o devedor ďŹ car satisfeito com o tratamento recebido, continuarĂĄ cliente da mesma instituição com a qual estava inadimplente no passado. A imagem das empresas de cobrança mudou e o consumidor jĂĄ percebeu isso. LuĂ­s Carlos Bento, sĂłcio-diretor da Intervalor, conta um episĂłdio que presenciou casualmente na ColĂ´mbia e que foge completamente do padrĂŁo brasileiro. Ao entrar em um edifĂ­cio comercial, Bento viu aďŹ xado no elevador a relação dos condĂ´minos em dĂŠbito, com os valores devidos relacionados mĂŞs a mĂŞs. “Se alguĂŠm tiver que fazer negĂłcio com essa empresa, com certeza vai pensar duas vezes antes de se decidirâ€?, aďŹ rma.

As instituiçþes descobriram que a cobrança ĂŠ uma forma de ďŹ delizar o cliente devedor, tornando-o adimplente e concedendo-lhe crĂŠdito novamenteâ€?

Esse exemplo negativo de cobrança, segundo o empresårio, Ê impensåvel no

CĂ­cero de Toledo Piza, diretor do Grupo Aval e diretor administrativo e ďŹ nanceiro do Instituto GEOC

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O inadimplente tem que ser tratado de forma sÊria, com dignidade. Defendemos formas de pagamento que possam ser cumpridas pelo devedor para que o pagamento não seja inviabilizado� Jefferson Frauches Viana, diretor executivo da Way Back

Brasil, atĂŠ porque nosso CĂłdigo do Consumidor impede que o credor exponha o inadimplente Ă situação vexatĂłria. “Nosso CĂłdigo ĂŠ extremamente evoluĂ­do, nos coloca em situação de destaque perante outros paĂ­sesâ€?. Como exemplos positivos, o diretor da Intervalor cita o exemplo da Associação de Cobrança dos Estados Unidos, que criou um serviço intitulado Doutor DĂ­vida, que valoriza a ďŹ gura do cobrador, que se tornou importante aliado do inadimplente ao explicar os direitos e vantagens que ele obterĂĄ na reabilitação de seu crĂŠdito. Na França, por sua vez, uma empresa colocou o serviço de psicĂłlogos Ă disposição de devedores, que recebem ajuda para solucionar os problemas pessoais que os levaram Ă inadimplĂŞncia. “Hoje, no Brasil, toda cobrança ĂŠ orientada para a reabilitação do cliente, para que ele seja disputado pelo mercadoâ€?, explica Bento. Para chegar a esse ponto, as empresas de cobrança tĂŞm investido pesado na formação de pessoal e em tecnologia. A empresa Way Back, por exemplo, dĂĄ ĂŞnfase ao treinamento com uma carga de 1.800 a 2.000 horas/ano, envolvendo estratĂŠgias que vĂŁo da argumentação atĂŠ o fechamento seguro de um acordo. “O inadimplente tem que ser tratado de forma sĂŠria, com dignidade. Defendemos formas de pagamento que possam ser cumpridas pelo devedor para que o pagamento nĂŁo seja inviabilizadoâ€?, defende Jefferson Frauches Viana, diretor executivo da Way Back. “O fundamental ĂŠ que esse cliente volte ao mercadoâ€?.

C

Para Piza, do Grupo Aval, a cobrança passou a ser vista como uma atividade nobre da empresa. “Ela nĂŁo estĂĄ mais no andar de baixoâ€?, aďŹ rma. “Mas temos ainda muito mercado a ser explorado. O nosso mercado de crĂŠdito imobiliĂĄrio, por exemplo, ĂŠ menor que o do Chileâ€?.

Os desaďŹ os da cobrança em um mercado aquecido NĂŁo por acaso, proďŹ ssionalização, gestĂŁo de pessoas, investimentos em TI e, principalmente, o compartilhamento de procedimentos, processos e informaçþes foram os temas mais destacados durante o 5Âş Congresso Nacional de CrĂŠdito e Cobrança, realizado em outubro do ano passado no Teatro Alfa e no Hotel TransamĂŠrica, em SĂŁo Paulo, com representantes do setor de cobrança e recuperação de crĂŠdito.

diferentes formas, porÊm em conteúdos iguais, compartilhados�, acredita.

A valorização do setor, com o crescimento econĂ´mico do PaĂ­s e a ascensĂŁo de uma nova classe mĂŠdia, permite antever um cenĂĄrio positivo para o futuro. Os nĂşmeros comprovam essa euforia: mais de 100 milhĂľes de brasileiros estĂŁo aptos a abrir crediĂĄrio e cerca de 330 mil cartĂľes de crĂŠdito movem os negĂłcios no comĂŠrcio. Mas hĂĄ ainda um aspecto preocupante – a falta de consciĂŞncia no uso do crĂŠdito causa inadimplĂŞncia. Os participantes do Congresso defenderam a importância de se conscientizar o consumidor para evitar o endividamento sem critĂŠrio, que acaba repercutindo na economia.

De acordo com Adilson Sil Melhado, diretor presidente do Instituto GEOC, o ritmo forte de crescimento do PaĂ­s vai criar muitas oportunidades de trabalho. “O Brasil possui um diferencial muito grande e uma capacidade de concessĂŁo de crĂŠdito potencializada, que gera muita oportunidade de trabalho para a indĂşstriaâ€?, comenta. “Essa fase que o PaĂ­s atravessa ĂŠ extremamente favorĂĄvel ao nosso segmento, pois gera uma baixa demanda de inadimplĂŞnciaâ€?, emenda.

No passado, a regulamentação do setor ainda era incipiente e nĂŁo havia ferramentas de gestĂŁo e otimização da recuperação de crĂŠdito. Atualmente, de acordo com JosĂŠ Roberto Roque, presidente da Associação Nacional das Empresas de Recuperação de CrĂŠdito (ASERC), a questĂŁo que envolve o futuro das empresas de cobrança no PaĂ­s abrange a questĂŁo de capacitação pessoal e o desenvolvimento de novas plataformas na ĂĄrea da informĂĄtica. “Temos que pensar em processos mais ĂĄgeis. Nossas atuaçþes podem se manifestar em

Por isso, no cenĂĄrio atual, ĂŠ imprescindĂ­vel conhecer o cliente. Pesquisas sobre produtos consumidos e a melhor maneira de abordagem sĂŁo diferenciais importantes para atrair novamente este consumidor, desta vez com capital saudĂĄvel dentro do ciclo de crĂŠdito.

AlĂŠm das frentes acadĂŞmicas, o Instituto GEOC detĂŠm programas como o Selo de Qualidade, implementado pela Fundação Getulio Vargas, que certiďŹ ca as empresas de cobrança, o nĂşcleo de recrutamento e formação para recuperadores de crĂŠdito e projetos de desenvolvimento proďŹ ssional como o Comprar, o Tribunal, o Performance e o BasilĂŠia, entre outros. No inĂ­cio de 2010, o Instituto GEOC criou, em parceria com a Universidade Anhembi Morumbi, o primeiro curso de graduação em crĂŠdito e cobrança, com uma turma de 50 alunos. No segundo semestre, o Instituto lançarĂĄ o MBA Executivo de CrĂŠdito e Cobrança.

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OPINIĂƒO

A QUALIFICAĂ‡ĂƒO EM UM MERCADO CADA VEZ MAIS EXIGENTE Claudio Kawasaki

Carol Carquejeiro

Vice-Presidente do Instituto GEOC

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ivemos um momento de retomada do mercado, destacando-se o fato de que o Brasil foi um dos últimos países a entrar e um dos primeiros a sair da crise. O ano começa com perspectivas muito favoråveis para a economia como um todo e o mercado de crÊdito terå um papel de destaque neste cenårio.

As expectativas de crescimento da carteira de crĂŠdito passam por todos os produtos: veĂ­culos leves, veĂ­culos pesados, motos, crĂŠdito imobiliĂĄrio, cartĂŁo de crĂŠdito, crĂŠdito consignado e crĂŠdito para pessoa jurĂ­dica. Todos os setores da economia serĂŁo beneďŹ ciados e as previsĂľes indicam que o total de crĂŠdito representarĂĄ mais de 50% do PIB atĂŠ dezembro. O cenĂĄrio para a inadimplĂŞncia ĂŠ positivo, pois com a retomada do crescimento econĂ´mico tudo indica que o comportamento serĂĄ melhor em 2010. O aumento da renda e do emprego ajudarĂŁo na manutenção de bons Ă­ndices de inadimplĂŞncia, apagando da memĂłria os maus resultados de 2009.

as contrataçþes aumentaram e parte da mĂŁo de obra migrou temporariamente, diďŹ cultando a contratação no segmento de cobrança. Outro ponto ĂŠ o perďŹ l dos candidatos, pois boa parte ĂŠ composta pelos que buscam o primeiro emprego ou que nĂŁo tĂŞm experiĂŞncia em cobrança, exigindo investimentos em preparação. Para reverter este cenĂĄrio e atender as demandas dos clientes, as empresas de cobrança investirĂŁo em dois segmentos: tecnologia e treinamento. Atualmente, existem muitos produtos disponĂ­veis no mercado para a indĂşstria de cobrança, desde modelos de cobrança a softwares de localização, permitindo maior automação dos processos. A grande barreira a ser vencida ĂŠ o elevado custo para aquisição destes produtos, o que, diante da redução das margens operacionais, inviabiliza sua utilização nas operaçþes. JĂĄ observamos alguns avanços e entendemos que neste ano as condiçþes de negociação possam ser mais atraentes, considerando-se maior volume da carteira em cobrança.

Para as empresas de cobrança as previsþes tambÊm são boas. O aumento da base de crÊdito provoca o crescimento natural do volume da carteira em cobrança, independentemente do aumento da inadimplência, fato que vem acontecendo nos últimos anos. Para atender este volume, as empresas investem não somente em infraestrutura e tecnologia, mas, principalmente, em treinamento de mão de obra.

Na questĂŁo da mĂŁo de obra, os investimentos estĂŁo crescendo a cada ano. O movimento ĂŠ muito interessante: hoje ĂŠ comum as empresas contratarem consultorias renomadas para treinar equipes em todos os nĂ­veis – diretores, gerentes, coordenadores, supervisores e operadores. A equipe operacional ĂŠ a que recebe a maior atenção, com a realização de treinamentos especĂ­ďŹ cos e desenhados para cada tipo de produto e cliente. Estas açþes tĂŞm apresentado bons resultados, e certamente contribuirĂŁo para a redução da rotatividade e retenção da mĂŁo de obra.

Hoje, um dos nossos principais desaďŹ os estĂĄ no treinamento e retenção de talentos, jĂĄ que a rotatividade ĂŠ algo que preocupa o setor. A demanda por proďŹ ssionais em ĂĄreas ligadas Ă prestação de serviços tem provocado um movimento maior nas empresas. O comĂŠrcio varejista serve como exemplo: com as festas de ďŹ nal de ano,

A busca por tecnologia e pela qualiďŹ cação dos especialistas estĂĄ provocando uma revolução no setor, fato inevitĂĄvel diante dos desaďŹ os que teremos nos prĂłximos anos. Gestores e empresas terĂŁo que se qualiďŹ car para conseguir bons resultados num mercado que vai exigir cada vez mais excelĂŞncia em desempenho.

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Centro Educacional IGEOC capacita proďŹ ssionais da ĂĄrea de crĂŠdito e cobrança O Instituto GEOC oferece cursos de especialização indispensĂĄveis Ă formação e ao enriquecimento intelectual dos colaboradores de suas associadas. Ministrados em mĂłdulos, por meio do Centro Educacional IGEOC, esses cursos proporcionam a evolução continuada dos profissionais de cobrança que atuam no ciclo e nas operaçþes de recuperação de crĂŠdito. SĂŁo tambĂŠm importantes para a preparação de quem estĂĄ iniciando sua carreira. Como complemento, o IGEOC estĂĄ finalizando a criação do NĂşcleo de Formação de Operadores de Cobrança, responsĂĄvel pelo recrutamento, seleção e

principalmente capacitação (por meio de treinamentos intensivos) desses novos profissionais. Ao passarem pelo NĂşcleo, os profissionais saem preparados com o primeiro nĂ­vel de especialização na ĂĄrea e complementam seus conhecimentos a partir da contratação, ao receber, da empresa associada, as especificaçþes de cada operação. Esse programa de primeiro nĂ­vel foi desenvolvido pela equipe de recursos humanos do IGEOC, que conta com os principais especialistas de cada associada. “Nosso objetivo ĂŠ aprimorar o processo de trabalho, oferecendo a formação bĂĄsica e

deixando a cargo das empresas associadas os treinamentos especĂ­ficos de cada operação. Hoje, cerca de 300 vagas estĂŁo disponĂ­veis mensalmente para quem deseja integrar este mercado“, afirma JoĂŁo Paulo Mattos, do IGEOC. O Instituto tambĂŠm estĂĄ em busca de acordos operacionais com ONGs, universidades, escolas, fundaçþes, prefeituras e subprefeituras (no Estado de SĂŁo Paulo) para recrutamento de profissionais. A partir do segundo semestre, o site www.igeoc.org.br vai dispor de um espaço exclusivo para oferta de vagas em todos os nĂ­veis, alĂŠm dos programas de capacitação e especialização.

Convênio com INATEL aperfeiçoarå soluçþes em telecom O Instituto Geoc estå desenvolvendo convênio com o Instituto Nacional de Telecomunicaçþes (INATEL) para aprimorar a infraestrutura de telefonia de seus associados. Hoje, o IGEOC conta com 18 empresas associadas e um dos principais pilares de sustentação das operaçþes Ê sua estrutura de telefonia. Diante desta preocupação, que impacta diretamente o resultado do negócio, o IGEOC, juntamente com os

especialistas das associadas, busca novas tecnologias e processos para ter a melhor solução em telecom. Como grande destaque no Brasil e elevada competência no segmento, o INATEL serå responsåvel pela avaliação da infraestrutura atual de telecomunicação das associadas, otimizando contatos e o relacionamento entre as empresas. Em conjunto com as frentes de TI e telecom do

Instituto e tambÊm com o Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento, serå possível desenvolver modelos mais inteligentes e capazes de introduzir novas tecnologias direcionadas, o que farå toda a diferença para a criação de alternativas ainda mais competitivas ao segmento de crÊdito e cobrança.

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Divulgação

PELO MUNDO

A cidade esbanja vitalidade Ă s margens do rio Tejo

LISBOA HISTĂ“RIA, CULTURA E MODERNIDADE Luiz Gustavo Pacete

“N

ĂŁo importa se a estação do ano muda. Se o sĂŠculo vira, se o milĂŞnio ĂŠ curto. Se a idade aumenta. Conserve a vontade de viver. NĂŁo se chega a parte alguma sem elaâ€?. A frase do poeta portuguĂŞs Fernando Pessoa, nascido em Lisboa, lembra a vitalidade de uma cidade que, em 1755, foi quase totalmente destruĂ­da por um terremoto e se reconstruiu tornando-se a mais rica de Portugal e uma das mais cosmopolitas da Europa. Favorecida pelo acesso proporcionado pelo rio Tejo, a capital lusitana teve contato com inĂşmeras culturas, desde o Oriente passando pela Ă?ndia, Ă frica e AmĂŠrica. Basta passear pelas ruas do centro histĂłrico ou locomover-se pelo metrĂ´ para ter contato com a variedade de idiomas falada ali. A Torre de BelĂŠm, construção militar que vigiava as margens do rio Tejo, desde 1520, ĂŠ o ponto inicial para quem quer conhecer a cidade. Aos derredores ĂŠ possĂ­vel ver o PalĂĄcio de BelĂŠm, residĂŞncia do Presidente da RepĂşblica, o Museu Nacional dos Coches e o Centro Cultural de BelĂŠm. Lisboa leva em sua essĂŞncia forte inuĂŞncia religiosa e resquĂ­cios do estilo romano. É possĂ­vel ter contato com esse ambiente visitando bairros como BelĂŠm, onde estĂŁo os famosos pastĂŠis; Chiado, onde ĂŠ possĂ­vel visitar galerias de arte; e Bairro Alto, onde estĂĄ o Mosteiro dos JerĂ´nimos, construĂ­do pelo monarca Manuel I em 1501, uma mescla de estilo gĂłtico e inuencias renascentistas.

Para quem busca um roteiro ao ar livre, a cidade oferece boas opçþes de parques e åreas arborizadas, como o Parque Florestal de Monsanto e seus espaços verdes. O local Ê conhecido como o pulmão da cidade, jå que ali surgiu o primeiro jardim botânico do país. Hå tambÊm o Parque Eduardo VII, o aquårio Vasco da Gama, alÊm do Campo de Santana. No circuito cultural destacam-se a sala de espetåculos Coliseu dos Recreios e a Praça de Touros do Campo Pequeno. Para os que não abrem mão de boas compras, os centros comerciais portugueses são referências na Europa. Ali estão o Dolce Vita Tejo e o moderno Centro Comercial Vasco da Gama. E, Ê claro, não Ê possível falar de Lisboa sem citar sua referência em gastronomia, com um bom vinho do Porto desfrutado em restaurantes como A Travessa, localizado na Travessa do Convento das Bernardas.

Mercado de crĂŠdito em Portugal Em Portugal, o setor de crĂŠdito segue em ascensĂŁo, resultando em oportunidades para empresas portuguesas e tambĂŠm brasileiras. De acordo com AntĂ´nio Gaspar, professor universitĂĄrio (PhD) e diretor executivo da Associação Portuguesa das Empresas de Recuperação e GestĂŁo de CrĂŠdito (APERC), “o idioma favorece a oportunidade de negĂłcios tambĂŠm para empresas brasileirasâ€?. Atualmente a APERC ĂŠ responsĂĄvel por apoiar cerca de 70 empresas relacionadas ao setor de leasing e sociedades ďŹ nanceiras de aquisição a crĂŠdito. • • • O crĂŠdito com maior proporção no mercado portuguĂŞs ĂŠ o de habitação, com participação de 80%. • • • Os 20% restantes estĂŁo divididos entre crĂŠdito pessoal, crĂŠdito automotivo, cartĂľes de crĂŠdito e leasing. • • • Ainda nĂŁo existe um enquadramento legal no mercado portuguĂŞs. O objetivo da APERC ĂŠ incrementar o nĂşmero de iniciativas em 2010 para ajudar os clientes na recuperação dos montantes de crĂŠditos.

A CMS realizarå o 1º Congresso Nacional de CrÊdito e Recuperação, em setembro, em Lisboa. Para maiores informaçþes, acesse o site www.cmspeople.com

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SOFISTICAĂ‡ĂƒO & LUXO

PRAZER NACIONAL IStockpphto

FAMA GLOBAL A qualidade do cafĂŠ nacional, reconhecida mundialmente, aumenta a paixĂŁo dos brasileiros pela bebida e faz o paĂ­s viver a febre das cafeterias Daniela Saragiotto

P

uro, carioca, de coador, expresso, com leite ou apenas com “uma espuminhaâ€?... SĂŁo muitas as formas de se pedir um cafezinho e muito particulares as preferĂŞncias, mas todos concordam com uma coisa: o brasileiro ĂŠ apaixonado por cafĂŠ. Maior produtor mundial do grĂŁo, maior exportador e segundo maior mercado consumidor – perdendo apenas para os Estados Unidos –, o Brasil tem sido cada vez mais reconhecido pela qualidade do seu cafĂŠ, resultado de um relacionamento antigo da sociedade brasileira com a bebida.

A inuĂŞncia do cafĂŠ permeia a histĂłria do paĂ­s. “Costumo dizer que ela nĂŁo ĂŠ sĂł econĂ´mica, social ou cultural, mas tudo isso junto e mais alguma coisaâ€?, diz Clara Versiani, historiadora, cientista polĂ­tica e diretora tĂŠcnica do Museu do CafĂŠ. “Dos produtos agrĂ­colas o cafĂŠ ĂŠ, certamente, o que mais nos identiďŹ ca como brasileirosâ€?. Localizado em Santos, litoral do Estado de SĂŁo Paulo, o museu recebe mensalmente cerca de 50 mil pessoas interessadas em embarcar numa viagem no tempo recheada com detalhes da nossa histĂłria com o cafĂŠ. “A atividade cafeeira tem uma ligação profunda com a modernização das cidades, construção de ferrovias e rodovias, proďŹ ssionalização da mĂŁo de obra e o surgimento de uma cultura verdadeiramente urbanaâ€?, explica Clara. O cafĂŠ tambĂŠm inseriu o Brasil nas relaçþes mundiais de comĂŠrcio, alĂŠm de trazer muitos outros benefĂ­cios diretos e indiretos. Marco mundial para a popularização do consumo da bebida, o surgimento das cafeterias ocorreu no sĂŠculo XVIII, na Europa. “Elas eram locais de encontro para o debate cultural, intelectual; por aqui esse modelo ďŹ cou mais comum no ďŹ nal do sĂŠculo XXâ€?, conta a historiadora. Consideradas verdadeiros santuĂĄrios pelos amantes do cafĂŠ, as cafeterias ainda sĂŁo ambientes que inspiram a conversa e a troca de idĂŠias e vĂŞm se multiplicando. Em 2007, somavam 2,5 mil no PaĂ­s, segundo a Associação Brasileira da IndĂşstria do CafĂŠ (ABIC), entidade que, na ĂŠpoca, projetava crescimento de 20% ao ano para esse formato de negĂłcio.

Cada vez mais soďŹ sticadas, as cafeterias hoje investem em blends diferenciados, receitas variadas de drinks com a bebida e na apresentação perfeita do produto. Tudo isso – e a formação de um pĂşblico consumidor muito exigente – resultou no aparecimento de uma nova proďŹ ssĂŁo: a de barista. Entre suas funçþes estĂĄ a de transformar grĂŁos de qualidade em um cafĂŠ perfeito. “Cada expresso ĂŠ um ďŹ lho, pois nenhum sai exatamente igual ao outro. Mesmo assim, sabemos pela cremosidade e cor da espuma que ele foi bem tiradoâ€?, explica CecĂ­lia Sanada, barista premiada que começou a carreira na OctĂĄvio CafĂŠ, luxuosa cafeteria na capital do Estado de SĂŁo Paulo (SP). Com dois anos e meio de experiĂŞncia na ĂĄrea e atualmente ministrando cursos para formação de baristas, CecĂ­lia diz que o cafĂŠ brasileiro estĂĄ muito prĂłximo dos importados em qualidade. “Temos excelentes cafĂŠs nas regiĂľes montanhosas da Bahia, por exemplo. Eles possuem aroma mais frutado e agradam ao pĂşblico brasileiro, que tem preferĂŞncia pelos cafĂŠs mais encorpadosâ€?, conta a barista.

SERVIÇO Museu do CafĂŠ Rua XV de Novembro, nÂş 95 – Centro – Santos (SP) Contato: (13) 3213-1750 Visitas: de segunda a sĂĄbado, das 9h Ă s 17h Ingresso: R$ 5,00 Unioctavio – Universidade do CafĂŠ Curso: Treinamento e Formação de baristas (curso bĂĄsico) Contato: 11 3741-5782 CREDIT PERFORMANCE | MARÇO 2010 | 29

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PONTO DE VISTA

O MERCADO DE CRÉDITO NO BRASIL: O QUE ESPERAR DE 2010 Rubens Sardenberg

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saldo total das operaçþes de crÊdito fechou 2009 em R$ 1,4 trilhão, o equivalente a 45% do PIB nacional, crescimento de 14,9% na comparação com o ano anterior. Tratase de um desempenho bastante positivo, principalmente se considerarmos o pessimismo que dominava o cenårio no início do ano.

Algumas caracterĂ­sticas dessa evolução merecem destaque: (a) em primeiro lugar, o crĂŠdito foi “puxadoâ€? pelas operaçþes direcionadas, com destaque para as do BNDES; (b) no segmento livre, destaque para o crĂŠdito para pessoas fĂ­sicas (PF), que cresceu 19,4%, ante 1,2% das pessoas jurĂ­dicas; (c) houve um aumento na participação (market share) dos bancos pĂşblicos, que acabaram desempenhando um importante papel contracĂ­clico num momento em que os bancos privados tiveram uma postura mais cautelosa; (d) a inadimplĂŞncia registrou piora e os spreads subiram especialmente no primeiro semestre de 2009, por conta do agravamento da crise. Lembre-se, contudo, que jĂĄ no ďŹ nal do ano a inadimplĂŞncia registrava queda e os spreads haviam praticamente retornado ao patamar prĂŠ-crise. Mas e agora, o que podemos esperar para 2010? Quais as perspectivas para a evolução do mercado de crĂŠdito? A partir do que vimos no ďŹ nal do ano passado e no inĂ­cio deste, jĂĄ ĂŠ possĂ­vel considerar que: • • • Deveremos ter um crescimento mais expressivo das operaçþes. Nossa estimativa ĂŠ de que o saldo global apresente um crescimento de 25%, fechando o ano em R$ 1,75 tri ou o equivalente a 51% do PIB; • • • TambĂŠm ĂŠ provĂĄvel que esse crescimento seja mais equilibrado, com taxas prĂłximas entre os segmentos de crĂŠdito livre e direcionado. No segmento livre ĂŠ provĂĄvel que o setor de pequenas e mĂŠdias empresas (PME) seja beneďŹ ciado, nĂŁo sĂł porque a expansĂŁo da economia geralmente aumenta o apetite na concessĂŁo de

Divulgação

Economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN)

crĂŠdito por parte dos bancos, mas tambĂŠm porque a reabertura dos mercados externos e de capitais deve atrair parte da demanda de crĂŠdito das grandes empresas, o que deve liberar mais recursos para as PME; • • • TambĂŠm deveremos ter um desempenho mais equilibrado entre bancos pĂşblicos e privados. Se por um lado os bancos pĂşblicos deverĂŁo manter a postura agressiva de 2009 – e devem reforçar sua base de capital para manter a capacidade de emprestar –, os privados devem ter uma presença mais ativa em função da melhora nas condiçþes da economia, aqui e no exterior; • • • A inadimplĂŞncia deverĂĄ seguir em queda. Nossa expectativa ĂŠ que o Ă­ndice geral recue para a faixa de 4,5% em dezembro, uma redução importante em relação ao fechamento de 2009 (5,6%);

• • • Os setores que devem crescer mais sĂŁo o imobiliĂĄrio e o de infraestrutura. No caso do setor imobiliĂĄrio, a estabilização da economia, a expansĂŁo da renda e o potencial do setor tornam essas operaçþes atraentes para os bancos. Do mesmo modo, a necessidade que o paĂ­s tem de ampliar os investimentos para sustentar o crescimento deve gerar grandes oportunidades para as instituiçþes ďŹ nanceiras no segmento de infraestrutura. Como se vĂŞ, as perspectivas para o crĂŠdito em 2010 sĂŁo positivas, com ampliação das operaçþes, alongamento de prazos e queda na inadimplĂŞncia. Mesmo uma provĂĄvel elevação da taxa Selic nĂŁo deve alterar este cenĂĄrio, pois esse movimento jĂĄ estĂĄ incorporado nas premissas com que as instituiçþes ďŹ nanceiras trabalham. O risco maior estĂĄ mesmo numa eventual recaĂ­da da economia nos paĂ­ses centrais, o que poderia arrastar o Brasil para um novo ciclo recessivo. Se isso acontecer, a economia brasileira e por extensĂŁo o mercado de crĂŠdito devem ser afetados, com redução importante nos seus ritmos de crescimento. Felizmente, contudo, esta possibilidade parece remota e o mais provĂĄvel ĂŠ que 2010 seja mesmo um ano especialmente positivo para o mercado de crĂŠdito no Brasil.

30 | MARÇO 2010 | CREDIT PERFORMANCE

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