{sumário}
10
capa
Consumo e crédito: o desafio de equacionar a expansão sustentável
A Credit Performance é a primeira e única revista especializada na indústria brasileira de crédito e cobrança. A publicação é idealizada pela CMS - Credit Management Solutions, a organização líder em interação e conteúdos da indústria latina de crédito com atuação em 14 países da América e Europa, e conta com o apoio do Instituto Geoc e Serasa Experian. Com periodicidade trimestral e tiragem de cinco mil exemplares, a revista oferece conteúdo especialmente desenvolvido para executivos líderes de grandes corporações e empresas da área. Distribuição exclusiva e gratuita. Conselho Editorial: Anna Zappa, Carlos Zanchi, Cláudio Kawasaki, Elane Cortez, Eldi Willms, Jair Lantaller, José Augusto de Rezende Júnior, Luciana Dinis, Luciana Felletti, Luis Barbuda, Manuel Magno Alves, Maristela Moraes, Pablo Salamone, Paulo Busch, Silvina Virga, Tariana Machado, Victoria Iturrieta. Redação e produção: Burson-Marsteller Brasil Diretor de redação: Pedro Corrêa Editora e jornalista responsável: Luciana Morassi (MTB 34.765) Colaboraram nesta edição: Christiane Marcondes Alves de Brito, Deborah Moreira Gabriela Arruda, Kalinka Araneda, Hilda César (reportagem e edição), Rubens Chaves (fotografia). E-mail da redação: creditperformance@cmspeople.com Diagramação: Multi Propaganda Responsável Comercial: Madleine Rose M. Sprocatti madi@cmspeople.com / Tel. (11) 3868-2883/ 3865-7013. Credit Performance, a revista da indústria de crédito e cobrança. Endereço na internet: www.creditperformance.com.br Credit Performance® é uma publicação da CMS – Credit Management Solutions. Todos os direitos reservados, proibida a reprodução total ou parcial sem prévia autorização.
5 Editorial 6 Entrevista
Ricardo Annes Guimarães, presidente do BMG, conta como aumentou a capilaridade com a aquisição de outros bancos e quais os planos de diversificação de negócios em 2012
16 destaques
Tecnologia e fusões levam velocidade ao varejo
18 segmento e globalização
Ferramenta de inovação analítica facilita a busca e conquista do cliente ideal
20 indicadores
A redução dos juros cria blindagem anticrise e mantém o mercado aquecido
22 análise setorial Contágio bancário: especialistas garantem que Brasil está protegido
26 ideias e tendências Artigo Serasa
28 novidades e agenda
TransUnion adquire participação majoritária na Crivo; Com apoio da OIT, Serasa Experian quer criar rede nacional de empregos para pessoas com deficiência; Instituto Geoc promove evento e faz doação ao Graacc; Acesso Digital lança serviço de formalização online
31 pelo mundo
Punta Del Este: tradicional destino turístico vira point de networking e eventos corporativos
32 TENDências
Redes regionais e novos produtos, como o pré-pago, expandem operações com cartões de crédito
34 aconteceu no mercado
Portugal: Congresso aponta desafios, superação e oportunidades inéditas de negócios
36 progresso e desenvolvimento
Seguros se beneficiam com bancarização das classes C e D e nova política de juros
39 sofisticação & luxo
A era dos ultraportáteis agiliza a vida dos executivos
40 opinião
A estabilidade da inadimplência
42 ponto de vista
Processos, Serviços Financeiros e Sustentabilidade C r e d i t P e r f o r m a n c e { 3 }
Quero minimizar os prejuízos causados por fraudes.
Pergunte o que a gente pode fazer por você. Rodrigo Ayres Serasa Experian - RJ
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Credit Performance
{editorial} Brasil tem força própria para enfrentar crise e crescer Este foi o anúncio oficial que a presidenta Dilma Roussef fez à nação em 12 de junho. E esta edição da Credit Performance não deixa dúvidas a respeito. A política federal é favorável ao consumo e, para o segundo semestre, Dilma garante que haverá um processo mais contínuo de investimentos no Brasil. Sem dúvida, o país fez o dever de casa. Prova disso é o avanço do setor varejista a partir de tecnologia e fusões, além da blindagem anticrise, temas das seções Destaques e Indicadores. Nesse quesito, o Brasil está em posição particularmente privilegiada: com apenas 19% dos ativos bancários detidos por instituições estrangeiras, é considerado pelo Ins‑ tituto Internacional de Finanças (IFF) como um mercado bem protegido de potenciais choques no sistema financeiro global, como menciona a reportagem da seção Análise Setorial. A política de redução dos juros, que obrigou o mercado financeiro a reade‑ quações operacionais, na verdade é uma ferramenta que impedirá a alta de inflação e o superendividamento, ameaça que a matéria de capa aponta. Ela atinge as classes sociais emergentes, por isso a educação financeira é uma exigência para a qual não só a população, mas também os bancos estão atentos. Trata‑se de uma verdadeira vacina que pode imunizar o país contra as “epidemias de dívidas”, semelhantes às que vemos nos Estados Unidos e na Europa. Apesar do contexto mundial de crise, a criatividade é um talento hu‑ mano altamente desafiado pelas adversidades. Prova disso é Portugal, país que, apesar das dificuldades econômicas, apresenta uma geração de analistas e executivos disposta a se unir em prol de soluções e a investir mesmo em tempos incertos. A seção Aconteceu no Mercado aprofunda esse tema e aborda o 3º congresso da CMS, realizado em maio último, em Lisboa. Com a mesma fibra dos desbravadores de terras virgens, que chegaram ao Brasil há pouco mais de 500 anos, o povo lusitano se atira a mares insondáveis em busca de descobertas alentadoras para o cenário econômico.
Juan Pablo Buceta
Por falar em criatividade, o setor de cartões de créditos está em alta, graças ao desenvolvimento de produtos alinhados às necessidades modernas, como os pré-pagos, abordados na seção Tendências. As empresas também estão criando ferramentas inovadoras na busca do cliente ideal, como você verá na seção Segmento e Globalização. Por fim, em meio a tantas transforma‑ ções no cenário econômico, a área de seguros se mostra estável e próspera, beneficiada pela bancarização das classes C e D. Os ultrabooks em todas as versões e os encantos de Punta Del Este completam o menu da edição 12 da Credit Performance, que propõe exemplificar que os tempos são de mudanças e que as escolhas assertivas dependem de conhecimento: essa é a mensagem que buscamos levar a todos os nossos leitores. Pablo Salamone Presidente CMS
Boa leitura!
C r e d i t P e r f o r m a n c e { 5 }
{entrevista}
Capilaridade e diversificação são caminho para expandir crédito As medidas do governo [como a baixa de juros] são positivas para regular o mercado e incentivam uma competição mais equânime
RICARDO ANNES GUIMARÃES Presidente executivo do Banco BMG
Por Christiane Marcondes Alves de Brito / Fotos: Rubens Chaves
Com sede em Belo Horizonte, o Banco de Minas Gerais, BMG, completou 80 anos em 2010, ocupando a 12ª posição no ranking de maiores bancos do País. Presente em todos os Estados, lidera o mercado de consignados, concentrando cerca de 18% de todas as operações. Ricardo Annes Guimarães, presidente executivo da instituição, conta em entrevista exclusiva à Credit Performance como aumentou a capilaridade com a aquisição de dois outros bancos e quais os planos de expansão e diversificação de negócios para 2012. Cartões de crédito ligados ao esporte estão entre os novos produtos: afinal, futebol é uma paixão pessoal de Ricardo, que comandou o time Atlético Mineiro de 2001 a 2006.
Credit Performance – O Banco BMG é conhecido pela atuação na área de consignados. Como está este segmento hoje, quais as perspectivas de crescimento e qual o investimento que o banco faz na área? Ricardo Annes Guimarães – As operações de crédito con‑ signado representam hoje 90% dos negócios do BMG e as expectativas são as melhores possíveis, pois, com as aquisições dos Bancos Schahin (hoje BCV – Banco de Crédito e Varejo) e GE (hoje Banco Cifra), realizadas no ano passado, o Banco BMG ganhou em capilaridade. O mercado de crédito consignado é um dos que mais cresce no país. O número de servidores municipais, estaduais e federais tem aumentado, juntamente com a quantidade de aposentados, os dois focos do crédito consignado. Com taxas de juros acessíveis, esta é a melhor opção para a obtenção de crédito. Devido a esse cenário, o BMG estima um crescimento de 15 a 20% somente em 2012. CP – Em termos de diversificação de negócios, quais as outras áreas de atuação do BMG e qual a porcentagem de investimento que cada uma delas recebe? RAG – O banco também vem trabalhando para diversificar o portifólio de produtos, passando a oferecer novas linhas de cré‑ dito para os clientes. Dentre os produtos que a instituição vem oferecendo, com o intuito de realizar potenciais cross-selling com os clientes ativos, estão: financiamento de automóveis, crédito pessoal, seguros e cartões de crédito. Esses novos itens estão sendo potencializados com as duas aquisições realizadas em 2011 e oferecidos pela rede de lojas, correspondentes e
agentes bancários, além de serem apresentados por meio de ações de marketing direto para os clientes. CP –A baixa de juros, exigência do governo, já interferiu ou pode interferir nos negócios do banco? De que forma? RAG – As medidas do governo são positivas para regular o mercado e incentivam uma competição mais equânime entre as empresas do setor. Mas, por atuar com crédito consignado há mais de 20 anos, o Banco BMG já pratica taxas de juros bem competitivas, o que vem garantindo sua liderança nacional. Dessa forma, as medidas não têm afetado diretamente as operações de consignado da empresa. CP – Como é a oferta e a atual política de crédito do BMG? Houve restrições este ano, como nos demais bancos, que reduziram volume disponível e ampliaram exigências para captação? RAG – Não houve restrições. Atualmente o BMG possui uma base de seis milhões de clientes ativos, com um tíquete médio de R$ 2 mil a R$ 3 mil no crédito consignado, conquistando um market share de 19% nesse segmento. Além disso, sem ser um banco de varejo, o BMG detém 10% do crédito pessoal de todo o país. Esses números demonstram a consolidação da marca BMG e o potencial de crescimento da instituição. Para 2012, estamos trabalhando para ampliar a oferta de crédito, por meio de novos produtos. O Grupo Financeiro BMG está apostando em cartões de crédito e seguro de acidentes pessoais, entre outras novidades. Recentemente, lançou produtos ligados à C r e d i t P e r f o r m a n c e { 7 }
{entrevista} parceria que vem mantendo com o futebol. Para os torcedores do Santos, foi lançado o cartão de crédito Sócio Rei, com diferenciais de utilização e premiação. Já para a torcida do Cruzeiro, foi criado um seguro de acidentes pessoais com vantagens exclusivas. Também estamos trabalhando nossa base de atendimento, investindo na ampliação do número de lojas próprias. Atualmente, contamos com cerca de 400 lojas, além de 2 mil correspondentes e 50 mil agentes de crédito atuando em todo o país. CP – Quais os índices de inadimplência do banco e o que o BMG faz, preventivamente, para garantir a recuperação do crédito? RAG – Como a operação principal do Banco BMG é o crédito consignado para servidores públicos e para aposentados e pensionistas, o risco de inadimplência é muito pequeno. Em 2011, a instituição financeira manteve esse índice em patamares inferiores ao re‑ gistrado pelo mercado, encerrando o exercício com uma relação entre a carteira em E-H sobre a carteira total de 2,41%. CP – Como a atual gestão vê o momento que o país atravessa em relação à crise global? A economia do país continua oferecendo oportunidades de investimento e crescimento? RAG – O Governo Federal e o Banco Central vêm ado‑ tando medidas acertadas de proteção da economia nacional e do sistema financeiro. Isso fica claro quando analisamos como o país vem enfrentando a crise inter‑ nacional. Mesmo em 2009, no auge da crise nos EUA, o país registrou crescimento da economia e do emprego. Nos últimos meses, a equipe econômica do governo voltou a adotar medidas que contribuem para proteger as empresas brasileiras e evitar o capital especulativo. Essas ações certamente contribuem para garantir um cenário de estabilidade econômica, o que é extrema‑ mente saudável para todos os setores da economia.
A instabilidade internacional não afeta nossas projeções de crescimento e de investimento neste ano { 8 } C r e d i t P e r f o r m a n c e
CP – Os bancos brasileiros estão preparados para uma possível reviravolta do panorama, até agora relativamente seguro e favorável, no que se refere à crise global? RAG – O governo brasileiro tem feito o dever de casa e garantido condições para o crescimento da economia. O sistema financeiro brasileiro é bem regulado e pro‑ tegido por diversas medidas adotadas no passado, o que tem sido decisivo para que a crise econômica que acomete a Europa não atinja as instituições financeiras brasileiras. Logicamente, o setor financeiro está aten‑ to a este cenário externo. Mas, para o BMG, a instabili‑ dade internacional não afeta nossas projeções de crescimento e de investimento neste ano.
{capa}
Consumo e crédito: equacionar a expansão Por Christiane Marcondes Alves de Brito
Ir às compras representa não só status social, mas um comprovado prazer, segundo pesquisa britânica divulgada recentemente. Os estudiosos explicam que o ato estimula o sistema límbico, causando satisfação. A combinação de fatores é o motor de propulsão do consumidor, mas não basta para garantir uma boa compra. É preciso ter recursos – ou seja, crédito para efetivá-la e, preferencialmente, de uma maneira benéfica para quem compra, quem vende e a sociedade.
O
crédito viabiliza as aspirações de consumo da maioria da popu‑ lação em todo o mundo. Mas é uma faca de dois gumes, que tanto pode ser usada a favor como contra o consumidor. O melhor exemplo é a face da complexa crise que abalou o mundo em 2008: a inadimplência dos beneficiários de hi‑ potecas imobiliárias nos Estados Unidos. No Brasil, os últimos dez anos levaram à consolidação da chamada nova classe C e, com ela, cerca de 20 milhões de pessoas ascenderam socialmente. Não foi uma conquista casual: mais renda e mais empregos pavimentaram a in‑ clusão bancária. “O Brasil se tornou um país movido pela população de baixa renda, responsável, hoje, pelo aporte de cerca de um trilhão de reais ao ano no mercado de consumo”, diz Renato Meirelles, sócio‑diretor do Data Popular, instituto dedicado a pesquisas e infor‑ mações sobre as classes C,D e E. A democratização do crédito foi esti‑ mulada pelo governo federal a partir de 2005, com reformas microeconômicas { 10 } C r e d i t P e r f o r m a n c e
o bolso enxuto é um fator limitante da classe c O quanto este consumidor tem para gastar?
R$ 1.324
2006
R$ 1.880
2010
uma classe endividada
-2%
em relação à renda
Fonte: Kantar Worldpanel
que reforçaram a garantia dos contratos, e novas medidas foram implementadas nesse sentido quando a crise dos Estados Unidos se globalizou. Nessa época, o então presidente Lula ofereceu suporte e pediu que as pessoas continuassem a consumir, pois a economia do país era forte e sobre‑ viveria à “marolinha”. Não se tratava de “café pequeno”, mas Lula acertou quando disse que a economia aguentaria o tranco. Aguentou e cresceu até que, em 2011, com a crise cada vez mais grave no mundo, veio a fatura e no primeiro trimestre de 2012, depois de três quedas consecutivas, a inadimplência voltou a crescer em fun‑ ção de dívidas não bancárias e cheques sem fundos, segundo os indicadores da Serasa Experian. Leandro Martins, analista chefe da Walpires Corretora, acredita que o chamado consumo consciente pode ajudar a reverter o quadro negativo: “As pessoas que trabalham 200 horas por mês não dedicam nenhuma dessas horas ao planejamento do orçamento doméstico.” Vera Lúcia Remedi Pereira, assessora da diretoria executiva e coordenadora do
o desafio de sustentável Divulgação
“Se olharmos o crédito no cenário econômico mundial, no Brasil vemos um quadro positivo.” Rubens Sardenberg Economista chefe da Febraban
Programa de Tratamento ao Superendivi‑ damento, no Procon, vai além na análise: “A pessoa tem que pensar na dívida a longo prazo, quanto ela traz de juros embutidos. O Procon recebe pessoas desesperadas, que perdem bens e até mesmo a família porque ficam com o nome negativado e não sabem lidar com isso. O consumidor precisa de educação financeira.” Para Vera, a pessoa que fica três meses usando crédito do cheque especial e pa‑ gando o mínimo do cartão de crédito corre o risco de se tornar um superendividado. Renato Meirelles diz que o fenômeno do superendividamento ainda não chegou ao Brasil, embora reconheça que o con‑ sumidor, em 2012, está mais exigente e mais seletivo. Dados da Serasa Experian comprovam maior rigor antes da decisão de compra: no acumulado do primeiro tri‑ mestre de 2012, a demanda do consumidor por crédito foi 6,8% menor que a verificada durante os três primeiros meses de 2011. A fase de “euforia das compras”, como definiu Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições
de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), já passou, mas o mercado de crédito e cobrança não voltará à estabi‑ lidade apenas com a redução de juros que o governo Dilma impôs aos bancos: “O país viveu um processo profundo de bancarização, com aumento de endivida‑ mento, e as medidas macroprudenciais do final de 2011 chegaram tardiamente. Não basta baixar os juros para que os clientes voltem às compras; esse é um equívoco comum. Renda e emprego pleno também contam”, afirma. Tingas explica que havia, sim, demanda de consumo reprimida, mas ela foi aten‑ dida além da medida e agora é preciso fortalecer novamente a economia, cor‑ tando preços e aumentando, de novo, a geração de empregos. Por outro lado, o economista afirma que a inadimplência cresceu, mas tende “a se acomodar já a partir do segundo trimestre”.
Brasil, mostra a sua cara Vários institutos renomados de pesquisa mapeiam esse mercado de consumido‑
Menos juros, mais negócios A pesquisa Febraban de Projeções Macroeconômicas e Expectativas de Mercado divulgada no come‑ ço de abril mostra que os bancos pretendem manter acelerada a ex‑ pansão de suas carteiras de crédito, a uma taxa de 16% – quase cinco vezes maior do que a expectativa das próprias instituições para o crescimento da economia neste ano. “Se olharmos o crédito no ce‑ nário econômico mundial, no Brasil vemos um quadro positivo”, afirma o economista-chefe da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Rubens Sardenberg. Essa é a terceira pesquisa conse‑ cutiva que mostra que a taxa de expansão do crédito permanece em torno de 16%, enquanto que as projeções de crescimento do Pro‑ duto Interno Bruto (PIB) brasileiro variam entre 3,2% para este ano e 4,2% para 2013. “Os números do PIB refletem que a economia ainda está em uma trajetória de lenta recupe‑ ração, mas seguimos em uma ten‑ dência de recuperação econômica”, afirma Sardenberg. A Caixa, em alinhamento com a pes‑ quisa Febraban, aumentou a con‑ cessão de crédito em 17% depois da redução dos juros, em relação à semana imediatamente anterior à exigência do governo. Os bancos privados também se‑ guem no mesmo caminho, para não perder competitividade ou cliente. O Bradesco foi um dos primeiros do setor a anunciar redução nas taxas de juros de diferentes modalidades de crédito e financiamentos para pessoas físicas e jurídicas. E ampliou o limite de crédito em mais R$ 14 bi‑ lhões, sendo R$ 9 bilhões para pes‑ soas físicas e R$ 5 bilhões para pes‑ soas jurídicas, conforme divulgou ao mercado.
C r e d i t P e r f o r m a n c e { 11 }
{capa} sabão líquido dobra seus volumes comercializados em 2 anos, ampliando a base de lojas
sabão líquido sabão em pó
220 200 180 160
As lojas negociantes ND'09 vs JF'06 Sabão em pó: 3.030 lojas Sabão líquido: 11.490 lojas
140 120 100 80 jan/fev mar/abr mai/jun jul/ago set/out nov/dez jan/fev mar/abr mai/jun jul/ago set/out nov/dez jan/fev mar/abr mai/jun jul/ago set/out nov/dez 2007 2007 2007 2007 2007 2007 2008 2008 2008 2008 2008 2008 2009 2009 2009 2009 2009 2009 Fonte: Nielsen Fotos: divulgação
Leandro Martins Analista chefe da Walpires Corretora
Vera Lúcia Remedi Pereira Coordenadora do Programa de Tratamento ao Superendividamento do Procon
Renato Meirelles Sócio‑diretor Data Popular
res da nova classe C em busca de uma definição apurada de perfil. A Kantar Worldpanel, consultoria britânica espe‑ cializada em pesquisas sobre consumo, admite que o “bolso enxuto é um fator limitador”, já que, apesar de um aumento de renda de cerca de 42% entre 2006 e 2010, esse trabalhador tem apenas 2% do que recebe disponíveis para gastos. Ou para poupar. O Data Popular foi a campo perguntar o que as pessoas fariam se sua renda dobrasse e descobriu que, entre a nova classe C, 83% poupariam como opção número um. Investir em mó‑ veis e eletrodomésticos, seguradamente uma necessidade que ainda precisa ser suprida, ficaria com o segundo lugar (80%) no ranking de escolhas, mas a terceira
opção elegeu o “consumo intelectual”: 40,5% investiriam em cursos. Esse novo consumidor é jovem, compra preferencialmente em farmácias e super‑ mercados de médio porte, localiza‑se maciçamente no nordeste e leste do país e gosta de novidades com sofisticação, como mostram dados da Nielsen, que revelam que o mercado de “sabão líqui‑ do”, por exemplo, dobrou seu volume de vendas em dois anos. Adeus, sabão em pó? Tudo é possível, afinal esse novo público está começando a experimentar o gostinho de escolher, pagar e levar para casa. Além disso, os novos consumidores con‑ tam com o apoio amplo, geral e irrestrito da presidenta Dilma Roussef, que tem
planos para o crescimento sustentável. Baixar juros e a redução de impostos estão em sua mira, além de geração de empregos com aumento da renda das famílias. Segundo ela, “esse é o segredo do sucesso da economia brasileira”. O mercado de trabalho, garante Dilma, teve um “excelente desempenho” em 2011, com a criação de quase dois milhões de empregos com carteira assinada. Com isso, o desemprego “atingiu o nível mais baixo dos últimos dez anos e chegou, em dezembro, a 4,7%, um recorde histórico,” comemorou. “É o que sempre dizemos: a roda da eco‑ nomia está e vai continuar girando, porque a maior força do Brasil é seu povo”, declarou à imprensa.
{ 12 } C r e d i t P e r f o r m a n c e
desejo de compra de eletrodomésticos Se sua renda dobrasse, de que forma usaria o dinheiro extra (em %)
brasileiros nova classe média
80,0 83,2
80,0
42,9
Pouparia
39,5
Viajaria mais
40,0 40,5 32,0 32,0
Faria algum curso
Compraria mais roupas e calçados
26,3
26,2
Investiria em móveis e eletrodomésticos
29,5 18,9 21,5
Compraria mais livros
Iria mais ao cinema
Fonte: Data Popular
Blindados contra choques O mercado do segmento mais rico da po‑ pulação do Brasil, que movimentou US$ 10 bilhões em 2011, pode crescer até 30% em 2012. No ano passado, a expansão foi de 33% em relação ao mesmo período de 2010, conforme revela a Trevisan Escola de Negócios. Segundo a consultoria Kni‑ ght Frank e Citi Private Bank, espera‑se que o número de milionários no Brasil cresça 59% nos próximos quatro anos. A disputa por esse mercado, dado o volu‑ me financeiro envolvido, ainda não está muito grande e demonstra alta dispo‑ nibilidade e espaço para novos empre‑ endimentos. É um nicho muito grande, porém, com poucos players ainda. A gama de produtos e grifes internacio‑ nais que devem aportar no Brasil será o alvo principal dos negócios no segmen‑ to AA e beneficiará os clientes em seus desejos por essas marcas e produtos. Esta é a opinião do coordenador de gra‑ duação da Trevisan Escola de Negócios, Dalton Viesti, que esclarece: “O merca‑ do de luxo analisado em nossos estudos são os grupos de poder aquisitivo acima de R$ 1.000.000,00 por ano. Este público representa apenas 1,5% da população
Divulgação
“O sucesso das empresas com o desenvolvimento econômico no Brasil trouxe muita prosperidade. A vinda de novas empresas e profissionais do mercado internacional também foi muito forte” Dalton Viesti Coordenador de graduação da Trevisan Escola de Negócios
brasileira, 35% da população de classe A apontada pelo IBGE”. Exclusividade é a principal aspiração des‑ se público, que tem, entre as marcas mais visadas e compradas: BMW, Jaguar, Ferra‑ ri, Van Cleef & Arpels, Boucheron, Bvlga‑ ri, Montblanc, Tiffany&Co, Louis Vuitton, Gucci, Versace, Dolce&Gabanna, Armani, Guess, entre outras. Ainda segundo Viesti, “o sucesso das empre‑ sas com o desenvolvimento econômico no Brasil trouxe muita prosperidade para seus
colaboradores. A vinda de novas empre‑ sas e profissionais do mercado internacio‑ nal também foi muito forte, além da inje‑ ção de capitais externos no Brasil. Com isso, a renda média aumentou e enrique‑ ceu vários grupos de empreendedores que arriscaram neste segmento. O setor de serviços também impulsionou demais este mercado. O setor de crédito está mui‑ to atento a essa movimentação, porém, nesta faixa de renda, a maioria das com‑ pras são feitas à vista”, conclui.
C r e d i t P e r f o r m a n c e { 13 }
{destaques}
Tecnologia e fusões agilizam o varejo A
mudança do papel do varejo sempre se deu por um fenô‑ meno cuja raiz é a inovação tecnológica. Um bom exemplo é o leitor de código de barras, que mudou dras‑ ticamente as relações econômicas de toda a sociedade. Em 2011, o setor consolidou outra trans‑ formação que começou há alguns anos, com o comércio eletrônico, embrião de funcionalidades, tais como interação e mobilidade, que hoje caracterizam as transações de compra e venda. Uma ferramenta que promete é a tecno‑ logia mobile. O Walmart, em parcerias com as empresas Vtex e Fingerstips, do grupo Mobi, inaugurou no final de feve‑ reiro sua plataforma mobile que permite compras via celular. No mundo, um em cada quatro consumidores já usa o ce‑ lular como ferramenta de compras. No Brasil, está só começando. O social commerce é outra novidade tecnológica que desponta como opor‑ tunidade para microempreendedores. O Magazine Luiza lançou, no início deste ano, o Magazine Você, iniciativa pioneira de social commerce em todo mundo. Já foi, inclusive, citada pela National Retail Federation (NRF) como uma das inova‑ ções tecnológicas mais promissoras. Na prática, o usuário de Facebook e Orkut pode abrir uma loja virtual do Magazine Luiza e utilizar sua rede de amigos para as vendas, ganhando co‑ missões entre 2,5% e 4,5%. A aceitação foi tamanha que, um mês depois de anunciado ao público, o Magazine Você { 16 } C r e d i t P e r f o r m a n c e
Fotos: divulgação
“Atualmente, existem 113 shoppings em construção, 802 em atividade e 90 em fase de projeto” Nabil Sahyoun Presidente da Alshop
contabilizava 20 mil lojas no Brasil. O analista de rede Josyano Pinheiro, 34 anos, é um dos mais bem-sucedidos nes‑ sa empreitada. Abriu sua loja virtual no final de fevereiro e, dois meses depois, já era um dos melhores vendedores nas redes sociais.
Megaoperações em alta Outras mudanças no cenário varejista surgem a partir de parcerias, fusões e aquisições – operações cada vez mais frequentes no Brasil e no mundo nos últimos dois anos, como a que ocorreu em empresas como o Pão de Açúcar e Casas Bahia, Renner e Camicado. “Em maio, a rede de supermercados fran‑ cesa Casino anunciou a compra do gru‑ po brasileiro Pão de Açúcar. A aquisição
concretizada ainda no primeiro semestre, quando a companhia francesa exercer a sua opção de compra de ações da hol‑ ding Wilkes, que controla o grupo brasi‑ leiro”, anuncia Flávio A. Corrêa, empresá‑ rio e presidente do Conselho Consultivo da ADVB (Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil). Na área de confecções, a fusão deu origem ao conceito de fast fashion, proposta de uma nova arquitetura de negócios que explora a cadeia têxtil como um todo, produzindo novidades de forma rápida e contínua. Esse modelo integrado tem consolidado empresas gigantescas em pouco tempo. Alguns exemplos são Mando e Zara (que ultra‑ passou a Gap em vendas no ano pas‑ sado), na Espanha, e Uniqlo, no Japão.
Por Christiane Marcondes Alves de Brito e Deborah Moreira
Não há barreiras para o varejo global, que se aliou à tecnologia há muito tempo em uma parceria definitiva. Hoje, mais do que nunca, ela viabiliza diferentes abordagens e estratégias de vendas. Outra pedra fundamental do crescimento são as fusões e aquisições. A globalização das marcas e bandeiras é um fenômeno irreversível, em todos os setores.
Balanço
Shopping Granja Viana é um dos empreendimentos que passaram por expansões
A arrancada dos shoppings Um dos termômetros que ajudam a medir o aquecimento do mercado varejista no país é a expansão dos shoppings centers nos últi‑ mos anos. O presidente da Associação Brasi‑ leira de Lojistas de Shopping (Alshop), Nabil Sahyoun, lembra que, desde 2007, quando os grupos entraram no mercado aberto de capitais, o setor cresce ano a ano. “Os maiores grupos empreendedores le‑ vantarão mais de R$ 5 bilhões. Atualmente, existem 113 shoppings em construção, 802 em atividade e 90 em projeto. Isso dá uma estimativa para os próximos cinco anos de 38 a 40 novos empreendimentos ao ano. É um recorde da indústria de shopping”, esti‑ ma Sahyoun, lembrando que ainda há muita demanda em diversas regiões no interior do país. “O que esperamos é que essa interio‑ rização se prolongue por um bom tempo.” Luiz Fernando Veiga, presidente da Associa‑
ção Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), dá a previsão para 2012: “A Abrasce projeta alta de 12% nas vendas e inauguração de mais 42 shoppings, sendo 29 no interior. Os novos empreendimentos devem somar cerca de 1,5 milhão de metros quadrados de ABL e, aproxi‑ madamente, 115 mil novos empregos.” A consolidação de grandes grupos varejistas brasileiros tem sido possível graças a parce‑ rias entre grupos nacionais e internacionais e bancos. Um exemplo é o Shopping JK Igua‑ temi, em São Paulo, do Grupo Jereissati, que recebeu investimentos estrangeiros e so‑ mou quase R$ 1 bilhão. “É um movimento que ainda vai crescer. Temos um mercado desejado pela Europa, e Estados Unidos. Hoje, você pode crescer com capital próprio ou buscar um parceiro. Assim, aumenta a margem de faturamento e pode ir para o mercado de capitais”, explica Nabil.
Analistas avaliam com bons olhos o crescimento do varejo, principal‑ mente em setores como os de sho‑ pping centers: a inauguração do Shopping Granja Vianna, afirmam, marca um momento histórico, porque a população local passou a ter acesso às melhores lojas da metrópole paulistana sem precisar pegar a estrada. Nem a recente desaceleração ame‑ aça as novas investidas. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas no comércio varejista caíram 0,5% em fevereiro, após terem crescido 3,3% no mês anterior, quebrando uma sequência de três meses em alta. Até fevereiro, o indicador apresentava alta de 8,7% e, em 12 meses, de 6,7%. Na comparação com fevereiro de 2011, o varejo cresceu 9,6%. “É um resultado razoável porque houve alta de venda expressiva, principalmente no varejo restrito (3,3% em janeiro), bem acima das expectativas de mercado, impul‑ sionado principalmente pelo for‑ te crescimento dos supermerca‑ dos”, analisa o economista Thiago Carlos, da Link Investimentos. Outro ponto favorável é que a expectativa de queda para os me‑ ses iniciais do ano era de 2%, mas acabou sendo menor que o esti‑ mado, assinala Thiago. C r e d i t P e r f o r m a n c e { 17 }
{segmento e globalização}
Inovação analítica nos negócios: à procura do cliente ideal Por Hilda César
Analisar assertiva e eficientemente o perfil dos clientes garante os melhores resultados em ações de prospecção, relacionamento e vendas. Por isso o setor de crédito e cobrança está investindo em ferramentas cada vez mais sofisticadas de avaliação. Turbinadas com tecnologia de ponta, elas garantem inteligência operacional e minimizam risco de perdas, como é o caso da Probe, que já está sendo utilizada em toda a América.
E
specialmente em períodos com alta de inadimplência, como o que a crise global está fomen‑ tando até mesmo no Brasil, a empresa que vende precisa entender o perfil de sua carteira de clientes e, com isso, adotar ações de gestão de acordo com cada segmento, fortalecendo o rela‑ cionamento e aumentando o sucesso de suas estratégias. A rede de lojas Falabella – com presença no Chile, Colômbia, Peru e Argentina – é uma das maiores operadoras de cartões marca própria da América do Sul e acaba de adquirir a solução Probe como ferramenta para administração de sua carteira. Desenvolvida pela Serasa Experian, a Probe é uma solução de gestão estra‑ tégica de todos os aspectos do relacio‑ namento com um cliente. Permite o { 18 } C r e d i t P e r f o r m a n c e
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planejamento mais eficiente de ações como cross-sell e up-sell, alteração de li‑ mites, retenção de clientes, autorização e cobrança e opera no nível de conta ou no nível do cliente. “A ferramenta garante que determina‑ da oferta encontre o cliente com o perfil adequado, afastando tanto o risco de atin‑ gir quem não pode comprar, como para aquele que não tem o perfil para deter‑ minada aquisição, evitando abordagens desnecessárias”, explica Marcelo Kekligian, presidente da unidade de negócios Deci‑ sion Analytics da Serasa Experian.
Produto tipo exportação Segundo German Menendez Pagliotti, gerente de risco do CMR Falabella, a fer‑ ramenta foi escolhida graças às referên‑ cias positivas de outras companhias que trabalham com Probe. “A flexibilidade
Marcelo Kekligian Presidente da unidade de negócios Decision Analytics da Serasa Experian
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Mais sobre o Probe SM da Experian para adaptar-se a diferentes mercados, a proximidade com o cliente, além dos custos do projeto, influencia‑ ram na nossa decisão”, diz o gerente. No Chile, outras grandes empresas do varejo também já aderiram ao Probe. No Brasil, o Probe é usado por grandes bancos e está em fase de implantação no segmento Telecom. A solução propõe a análise de cada perfil e sugere ações de ordem prática para abordagem, estabelecendo, inclusive, qual grupo deve ser contatado em pri‑ meiro lugar. Ela condensa as informa‑ ções históricas, adiciona informações de mercado e automatiza a estratégia no sentido de otimizar os resultados de acordo com os desafios do cliente, que poderão ser estabelecidos para todo o ciclo de negócio da organização: gestão de clientes, gerenciamento de risco e
estratégias de cobrança. Com mais tecnologia que as soluções tradicionais, o Probe combina informa‑ ções e modelos comportamentais a uma sofisticada segmentação. Inclui, ainda, instrumentos analíticos que permitem à companhia não apenas entender, como antecipar as necessidades do cliente. Essas características possibilitam a oferta customizada de produtos e serviços. No CMR Falabella, a tecnologia está em fase de implantação e as expecta‑ tivas são as melhores. “Esperamos melhorar a exatidão de nossas decisões de crédito para que se ajustem o melhor possível à realidade de cada cliente”, afirma Pagliotti. Segundo ele, a inten‑ ção também é agilizar a aplicação das políticas de crédito da empresa para conquistar melhores resultados e cres‑ cimento da carteira.
A ferramenta possui uma base de dados analítica, que possibilita o armazenamento do histórico comportamental do cliente, per‑ mitindo simulação, otimização e análises ad hoc. Com o Probe, a em‑ presa adquire uma visão comple‑ ta do cliente, combinando dados de cada conta, que são extraídos de um ou mais sistema de gestão com informações históricas e en‑ riquecidos com cálculos e dados derivados. Este conjunto fornece o insight necessário para a aplicação de estratégias. O Probe SM também apoia as exi‑ gências regulatórias, como Basiléia II, para as entidades bancárias, combinando os cálculos dos prin‑ cipais índices e medidas e inte‑ grando-os aos processos de deci‑ são de crédito.
C r e d i t P e r f o r m a n c e { 19 }
{indicadores}
Blindagem anticrise Por Christiane Marcondes Alves de Brito
Apesar do alarmismo da imprensa, que mostrou um conflito muito mais sensacionalista do que realista entre a presidenta Dilma Roussef e os bancos, o fato é que o Brasil está empenhado em buscar o ponto de equilíbrio entre a necessidade de preservar o consumo interno e amenizar a inadimplência. A recente redução dos juros mira, entre outros objetivos, a preocupação de blindar o país da crise externa por meio da manutenção do mercado aquecido. Mas o risco de inadimplência continua no radar do governo e empresas financeiras. Especialistas avaliam que de tempos em tempos é preciso que autoridades e bancos implementem mudanças que ajudem a levar o país a novos estágios de crescimento.
O
movimento de queda de juros, iniciado pelos bancos públicos, não significou um confronto com os bancos privados, na avaliação do analista econômico da Agência Dinhei‑ ro Vivo, Luiz Nassif. Pelo contrário, antes do movimento houve um conjunto de reuniões do Ministro da Fazenda Guido Mantega com grandes bancos, avisando da intenção do governo. Nassif vai aos bastidores: “Há tempos os grandes bancos já tinham definido estra‑ tégias, aguardando o momento em que os juros internos começassem a despencar. Em pleno tiroteio de manchetes bombás‑ ticas, mencionando supostos conflitos entre Dilma Rousseff e os bancos, o que dizia Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Bradesco?”, pergunta Nassif, tentando demonstrar a predisposição dos bancos em trabalhar junto com o governo. Segundo registro do analista, Trabuco afirmou: “Taxas de juros menores, num país como o Brasil – de responsabilidade fiscal, setor privado dinâmico e economia diversificada, são ingredientes para um forte ciclo de desenvolvimento econô‑ mico e social.” O professor e doutor da Fundação Getúlio Vargas, Samy Dana, que atua na área de { 20 } C r e d i t P e r f o r m a n c e
Fotos: divulgação
Samy Dana Professor e doutor da Fundação Getúlio Vargas
Luiz Rabi Economista-chefe da Serasa Experian Brasil
Administração e Finanças, com ênfase em Derivativos e Risco, afirma que os bancos precisavam mesmo rever seus processos: “Reverter a inadimplência é responsabili‑ dade da instituição financeira, que precisa mexer nas taxas de juros e reavaliar critérios para concessão de crédito.” A preocupação dos bancos em aperfeiçoar seus mecanismos de concessão de crédito, no sentido de promover o crescimento sustentável do país, porém, não é a úni‑ ca face da moeda. Componentes sociais (como a ascensão da classe C), medidas do governo (como o estímulo ao consu‑
mo por meio da redução de impostos e facilidades em áreas estratégicas, como a automobilística e habitacional) e fatores estruturais (como a alta da inflação) tam‑ bém completam o cenário, na avaliação de Luiz Rabi, economista-chefe da Serasa Experian Brasil.
O fator Classe C Para Rabi, o cidadão que se endividou pertence à chamada classe C, o que não é de modo algum o problema, “mas parte da solução”, pois continua a ser um dos principais motores da economia brasileira.
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De olho no PIB Com relação ao Produto Interno Bruto (PIB) – indicador fundamental na demonstração de que as estra‑ tégias econômicas estão no rumo certo, segundo os entrevistados –, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou em maio a Carta de Conjuntura, que prevê que o PIB brasileiro vai crescer entre 2,8% e 3,8% neste ano. Para a inflação, o Ipea projeta taxas entre 4,3% e 5,3%. A projeção, segun‑ do o Instituto, leva em consideração um quadro de não deterioração forte da economia internacional. Esta é a expectativa de todo mundo, gover‑ no, bancos e consumidores.
TAXA SELIC: Os juros nos anos Lula e DilMA Em % a.a. Início Governo Lula
Início Governo Dilma
25,36 19,05
16,30
18,25
17,26 12,93
jan/2002
jan/2003
jan/2004
jan/2005
O economista acredita que a agressivida‑ de dos bancos e do próprio governo no estímulo ao consumo dessa população, que ascendeu socialmente nos últimos dez anos, é que desequilibrou o sistema. Ou seja, a ida com muita sede ao pote, em 2009 e 2010, gerou a inadimplência, que cresceu fortemente em 2011, e também a alta da inflação. Em consonância com Rabi, Dana levanta a bandeira da educação financeira, lição de casa obrigatória para a sociedade brasilei‑ ra: “Oferecer crédito sem educar é como dar corda para a pessoa se enforcar. Não
jan/2006
jan/2007
11,18
jan/2008
12,66 8,65 jan/2009
acho que estamos em crise de desemprego ou de baixa renda, o que acontece é que uma família que tinha, há quatro anos, um só carro, hoje tem quatro, além de financiamentos a longo prazo para pagar.”
Colaboração e racionalidade Luiz Nassif critica o sensacionalismo da mídia, que sugere um confronto entre ban‑ cos e governo por causa da baixa de juros. Cita exemplos do passado para ilustrar seu argumento: “Há um histórico de colabo‑ ração do setor bancário com sucessivos governos. Até pela sensibilidade do setor
jan/2010
11,17
jan/2011
9,65 mar/2012
– afetado por qualquer decisão do Banco Central e da política monetária – há sempre uma tendência de acatar as providências, desde que tenham racionalidade”, garante. Luiz Rabi aprofunda e amplia a questão: “O governo está tentando adotar uma estratégia que utilizou com bastante su‑ cesso em 2009, que é colocar os bancos governamentais para liderar essa regu‑ larização. Com isso, os estatais acabaram ganhando espaço no mercado. Só que desta vez o efeito não será mais tão forte como naquele tempo, porque o consu‑ midor hoje está mais endividado”. C r e d i t P e r f o r m a n c e { 21 }
{análise setorial}
Crise global e contágio bancário: Brasil protegido O
risco de uma instituição fi‑ nanceira quebrar por conta do colapso de outra é conhe‑ cido como contágio bancário. Não se trata de nenhuma novidade, mas de um fenômeno secular: a quebra da bolsa de Nova York, em 1929, para dar um exemplo, provocou um efeito dominó em vários outros mercados, levando a uma recessão generalizada na economia mundial. O fenômeno pode se alastrar em maior ou menor velocidade conforme a dinâmica do mercado financeiro, explicam Juan M. Licari, diretor da Moody's Analytics, em Londres, e Ángel Enrique Neder, ca‑ tedrático da Universidade Nacional de Córdoba, na Argentina. Acrescentam que os bancos menores sempre estão mais vulneráveis ao contágio. Licari e Neder concordam sobre a gênese da crise como elemento determinante para o maior ou menor contágio, e afirmam que é fundamental identificar se o choque origi‑ nal teve início em uma instituição periférica ou em uma grande organização financeira. “A crise que atinge um pequeno banco é como um estopim, coloca rapidamente em ameaça de contágio outros bancos de mesmo porte no mercado local, mas não necessariamente o risco sistêmico en‑ volvido é alto. Já as grandes corporações geralmente estão capacitadas a absorver o choque original e interromper o efeito { 22 } C r e d i t P e r f o r m a n c e
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Juan M. Licari Diretor da Moody’s Analytics
dominó na raiz”, garantem. No combate ao contágio, os especialistas avaliam como positivo o fato de os grandes bancos tornarem-se mais globais, porque ajuda a diversificar seus riscos e cria me‑ canismos que amortecem os choques ex‑ ternos e intrabancários. Mas, nas palavras da dupla de analistas, “só o tempo dirá se a nova configuração bancária (com alguns players internacionais muito grandes) irá lidar melhor com as crises que, sem dúvida, vão atingir os mercados globais em algum momento no futuro. Reduzir os riscos de contágio continuará a ser um desafio para
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Ángel Enrique Neder Catedrático da Universidade Nacional de Córdoba
os banqueiros, órgãos reguladores e ges‑ tores políticos”. Seguindo a lógica, sistemas bancários for‑ tes tendem a atenuar efeitos desastrosos na economia e é assim que a América Latina resiste bem até agora ao contágio bancário causado pela crise na Europa, segundo o IFF. O continente apresenta sistemas financeiros sólidos na maioria dos países e fortes reservas internacionais.
Caminhos para o crédito Esse cenário mostra que, ao contrário do que foi apregoado pelo Fundo Mo‑
Por Christiane Marcondes Alves de Brito e Deborah Moreira
A crise que avassala os bancos europeus tem poucas chances, por enquanto, de impactar o sistema financeiro na América Latina. O Brasil está em posição particularmente privilegiada: com apenas 19% dos ativos bancários detidos por instituições estrangeiras, o País é considerado pelo Instituto Internacional de Finanças (IFF) como um mercado bem protegido de potenciais choques no sistema bancário global.
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Douglas Lucena
renato oliva Presidente da ABBC
Roberto Luís Troster
netário Internacional (FMI), em janeiro, o agravamento da crise financeira na zona do euro não está contaminando bancos com filiais na América Latina. Renato Oliva, Presidente da ABBC - Associação Brasileira de Bancos, garante: “Do ponto de vista da inflação, pelo menos para os próximos 12 meses, a crise parece ter nos ajudado e as projeções refletem índices bem mais comportados, dando possi‑ bilidade para as reduções da taxa Selic já observadas”. Oliva destaca também as estratégias preventivas: “Internamente, há muitas
conversas no sentido de melhorar as estruturas de securitização de rece‑ bíveis para oferecer maior segurança jurídica, operacional e financeira. Com essas melhorias implementadas, haverá produtos de investimento e captação que poderão se tornar grandes estrelas no mercado nacional e mundial para o mercado aplicador”. O IFF também vê com bons olhos o futuro do país e adiciona que a regulação dos bancos brasileiros, que impedia práticas como as que geraram a crise do siste‑ ma financeiro internacional, também
economista e consultor
foi uma barreira importante para evitar o contágio que se espalhou no mundo. Além disso, o crédito foi preservado, já que, segundo especialistas, a redução das linhas de crédito externas foi compensa‑ da pela expansão do crédito doméstico. Os desdobramentos de uma crise ten‑ dem a estender-se no longo prazo, por isso não dá para relaxar em um cenário crítico global, que influencia, inclusive, o comportamento da população. “Não há soluções completas e imediatas”, diz o economista e consultor Roberto Luís Troster, que complementa: “Para que volte tudo à normalidade é necessário tempo, ajustes nos preços e no forneci‑ mento dos produtos". Ao contrário do que acontece lá fora com economias de países desenvolvidos, onde a população perdeu a confiança não ape‑ nas nos bancos como em seus governos, no Brasil as regras financeiras são mais rigorosas e o fortalecimento da economia interna contribui para a credibilidade do governo federal. O principal fator para o funcionamento do sistema financeiro, bem como de um banco isoladamente, é a confiança do público, política que a presidenta Dilma Roussef privilegia, ga‑ rantindo em seus discursos que o Brasil “enfrentará com segurança os vagalhões da crise mundial, ampliando investimen‑ tos e incentivando consumo”. C r e d i t P e r f o r m a n c e { 23 }
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{ideias e tendências} MARCELO KEKLIGIAN P residente da unidade de negócios D ecision A nalytics da Serasa E xperian
Otimização bem estruturada eleva lucro O
timizar resultados é obter mais com os recursos já existentes. Mas o processo de otimização, quando fala‑ mos de empresas que desejam diminuir a distância entre objetivos estratégicos e decisões a serem tomadas, requer pro‑ cedimentos mais elaborados, com mais respaldo técnico, que lancem mão de recursos tecnológicos para alcançar o melhor resultado. Mesmo que as organi‑ zações já mantenham excelentes bancos de dados, com modelos de predição ad‑ vindos de modernos softwares de tomada de decisões, ainda assim nem sempre conseguem afirmar que são capazes de eleger a decisão mais acertada. Esta impossibilidade de certeza sobre aquela estratégia ser a mais eficaz pode levar a perdas financeiras significativas. Isso porque sempre há custos envolvi‑ dos no processo de tomada de decisão. E quando ele não leva à resposta ideal, perde-se tanto durante o percurso como no fim da trilha, sem o lucro e as oportuni‑ dades de negócios potenciais que seriam conquistados com o uso da estratégia correta. Pode ser frustrante estar em uma margem do rio, e notar, depois de várias braçadas, que a borda válida era a outra. Para fechar essa questão, as organiza‑ ções devem optar por metodologias de otimização que maximizem o impacto das estratégias, conciliando as decisões com as metas e práticas dos negócios, permitindo a configuração de decisões que atinjam os seus objetivos. Dessa for‑ ma, um bom caminho para as empresas é contar com soluções que trabalhem com árvores de decisão. Elas configuram uma representação gráfica das alternativas disponíveis geradas a partir de uma deci‑ { 26 } C r e d i t P e r f o r m a n c e
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são inicial e podem se tornar importantes aliadas nesse processo. Os gestores devem ter em mente que ao utilizar um instrumento de apoio à tomada de decisões devem avaliar se ele trará pré-requisitos necessários para alcançar a excelência. Outra manobra que se faz necessária na busca da otimização é a necessidade de tomar decisões indi‑ vidualizadas, adaptadas a cada cliente para maximizar o objetivo. Porém, quan‑ do falamos de uma carteira ampla, com grande quantidade de dados, opções de decisão, critérios de elegibilidade – para definir quem pode ou não receber qual oferta – e limitações do negócio – como, por exemplo, orçamento de perdas de crédito, exposição total da carteira ou capacidade de atendimento – essa tarefa torna-se ainda mais difícil. Por isso, ao procurar no mercado tecnologia que ampare o processo de otimização, esse cenário deve ser levado em consideração. A rapidez com que uma ferramenta de otimização pode ser implantada tam‑
bém conta pontos a seu favor. Processos demasiadamente burocráticos e falta de agilidade ou de interface compatível com a estrutura já existente na organização inviabilizam o procedimento. O know-how desenvolvido pela or‑ ganização durante sua trajetória não deve ser desprezado ao se adotar uma solução tecnológica de otimização. Ao contrário: o conhecimento e a experi‑ ência já existentes são fundamentais para o sucesso da empreitada. Por isso, a tecnologia deve conseguir extrair o melhor dos recursos disponíveis, por meio da integração direta com a ferra‑ menta de decisão que a empresa utiliza. Assim, os usuários podem desenvolver um conjunto de cenários, limitações e premissas para realizar a comparação e, assim, selecionar a melhor árvore de decisão para suas condições de negócio. Um processo de otimização bem es‑ truturado é composto por etapas bem definidas. Na primeira, os elementos principais do problema são identifica‑ dos e equacionados; na segunda fase acontece a otimização propriamente dita; a terceira etapa consiste na implementa‑ ção da melhor árvore; e o quarto passo é a manutenção, para monitoramento regular das estratégias de decisão. Nunca é tarde para lembrar que a otimi‑ zação visa a um objetivo simples: lucro. E esse lucro chega por canais distintos: seja pelo aumento do valor da carteira de clientes, seja pela maximização do valor deste cliente para os negócios ou pelo aumento da rentabilidade ao apro‑ var o melhor conjunto de clientes em relação às limitações operacionais e às metas de negócios.
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{novidades}
Crivo anuncia união com TransUnion A Crivo, empresa brasileira de solu‑ ções para análise de crédito, risco e fraude, anunciou recentemente que a TransUnion, líder mundial em ser‑ viços de crédito e gestão da informa‑ ção, adquiriu participação majoritária da companhia. Esta união marca a entrada da Tran‑ sUnion no Brasil e trará ao mercado um leque de soluções inovadoras para a análise de crédito e informa‑ ção. A combinação de soluções mun‑ dialmente renomadas com a experti‑ se do mercado brasileiro trará ao País a melhor alternativa para as necessi‑ dades de decisão dos clientes. Com as soluções da Crivo TransUnion será possível conhecer de forma mais completa o comportamento do con‑ sumidor, indo além da informação ‘bom ou mal pagador’. Assim, a em‑ presa passa a oferecer uma estratégia de negócios inteligente que permite conhecer em profundidade o cliente e fornece respostas adequadas às ne‑ cessidades de decisão.
{ 28 } C r e d i t P e r f o r m a n c e
Uma rede nacional de empregos para pessoas com deficiência No último dia 2 de maio, a Serasa Experian propôs a criação de uma rede nacional de empresas interessadas em empregar portadores de deficiência, como parte da programação de seu 26º Fórum de Empre‑ gabilidade de Pessoas com Deficiência. A discussão contou com a participação de Debra Perry, especialista da Organização Mundial do Trabalho (OIT) em inclusão de pessoas com deficiência e conhecedora de exemplos de redes de empregadores ao redor do mundo. O Fórum teve tam‑ bém a presença da secretária estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, Linamara Rizzo Battistella. A gerente de Cidadania Corporativa da Serasa Experian, Andrea dos Santos Regi‑ na, explica que a criação da rede nacional tem o objetivo de fomentar uma nova cultura entre empresas para que haja o respeito ao portador de deficiência e para que ele seja inserido no mercado de tra‑ balho com dignidade e reconhecimento.
Assim, evita‑se que ele seja empregado simplesmente para cumprimento de de‑ terminação legal, com prejuízo de seu desenvolvimento profissional e da própria empresa em termos de produtividade. Há uma década os desafios da inclusão de pessoas com deficiência vêm sendo constantemente discutidos nesses en‑ contros. Desde a primeira edição, em 2002, renomados especialistas do Brasil e de outros países já participaram dos debates, compartilhando informações, opiniões, conhecimento e experiências. “Temos certeza de que, por meio desses fóruns, promovemos relevante contri‑ buição para o avanço da inclusão no trabalho – e, por tabela, inclusão social – dessa população, discutindo legislação, acessibilidade, empregabilidade, pro‑ gramas e projetos relacionados à ques‑ tão”, afirma João Ribas, coordenador do Programa Serasa Experian de Emprega‑ bilidade de Pessoas com Deficiência.
Instituto Geoc promove evento em São Paulo e faz doação ao Graacc O Instituto GEOC, que reúne as prin‑ cipais empresas de cobrança do país, promoveu, no dia 26 de junho, em São Paulo, o II Fórum de Inovação IGE‑ OC. Durante o evento, renomados executivos do mercado de cobran‑ ça do Brasil trocaram experiências e discutiram temas relevantes ao segmento, através de workshops e da apresentação de cases de sucesso nas mais diversas áreas. O economis‑ ta‑chefe da FEBRABAN, professor Ru‑ bens Sardenberg, que fez a palestra de abertura.
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O encontro teve também cunho so‑ cial. “No coquetel de encerramento, o Instituto GEOC entregou ao GRA‑ ACC (Grupo de Apoio ao Adolescen‑ te e à Criança com Câncer) um cheque simbólico corespondente à doação do Instituto, das suas associadas e de empresas patrocinadoras do Fórum, que também contribuíram”, explica a superintendente do IGEOC, Anna Zappa. No local do evento, o GRAACC disponibilizou urnas para doações espontâneas dos mais de 300 parti‑ cipantes convidados.
Formalização de crédito online pela Acesso Digital A Acesso Digital apresenta o serviço de formalização de crédito online, solução que possibilita a análise e formalização de documentos em tempo real, ambiente seguro e 100% virtual. Dentre os benefícios estão a maior agilidade e a segurança no processo de concessão de crédito em qualquer tipo de produto financeiro como cartão, veículo, consignado e crédito pessoal. “Este tipo de serviço só é possível em operações que já utilizam a solução de digitalização e na captação de do‑ cumentos. Com os arquivos já digita‑ lizados, é possível verificar os dados em ambiente web. O processo que levava cerca de 20 dias, dependendo da localização, e que ainda acarretava alto custo ao varejista por conta da logística com malotes e/ou correio, agora é realizado em 12 minutos e em qualquer lugar do País”, afirma Alex Yamamoto, consultor da Acesso Digital. “Toda a formalização de crédito online
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Junho
Dia 19 4º Congresso Nacional de Microfinançasa Lima l Peru
1º Congresso Latino‑Americano de Inovação em Outsourcing Buenos Aires | Argentina
agosto
Dia 29 7º Congresso Nacional de Crédito e Cobrança Santiago | Chile
Setembro
Dia 12 10º Congresso Nacional de Crédito e Cobrança e 6ª Congresso Nacional de Finanças de Consumo e Meios de Pagamento Buenos Aires | Argentina
Dia 18 7º Congresso Nacional de Crédito e Cobrança Lima | Peru
Dias 19 e 20 9º Congresso Andino de Crédito e Cobrança Bogotá | Colômbia
Dia 27 1º Congresso Internacional de Crédito e Cobrança Asunción| Paraguai
outubro
Dias 09 e 10 8º Congresso Nacional de Crédito e Cobrança São Paulo | Brasil
Dias 16 e 17 CMS World Forum | 4° Congresso Nacional de Crédito e Cobrança Madrid | Espanha Novembro Dia 6 4º Congresso Internacional de Crédito e Cobrança Caracas | Venezuela
Alex yamamoto Consultor da Acesso Digital é realizada enquanto o cliente ainda está na loja. Se faltar algum documen‑ to ou se os dados não conferem, o atendente identifica a ocorrência e faz considerações a mais sobre determi‑ nado cadastro”, ressalta Yamamoto.
Dia 22 5º Congresso Nacional de Financiamento de Consumo, Pagamentos e Recuperações Punta del Este | Uruguai ! e p ci Parti 9724 74 0 3 ) 1 (1 Informações:
www.cmseventos.com
C r e d i t P e r f o r m a n c e { 29 }
ISO 9001:2008 REFERENTE A EMPRESA ML SERVIÇOS DE COBRANÇA
EM 20 1 2 A M L C O M EM O R A 2 5 ANO S D E PR ESTA ÇÃO DE S ER V I Ç O S PA R A O CICLO D E R EC U PER A ÇÃO DE C R ÉD I TO S. EX CELÊ N C I A E I N OVA ÇÃO É O QUE MARCAM NOSSA H I ST Ó R I A .
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{pelo mundo} Por Gabriela Toledo
Requinte e negócios na medida certa Conhecida como a mais badalada cidade uruguaia e um dos mais luxuosos balneários da América Latina, Punta Del Este é frequentada por artistas e milionários de vários países, atraindo mais de 400 mil turistas na alta temporada de verão. Entre eles, cresce cada vez mais a presença de executivos que buscam a cidade para fazer network e negócios.
E
duardo Galeano, um dos princi‑ pais escritores uruguaios ressalta que os grandes meios de comunicação deveriam mencionar mais esta peque‑ nina e charmosa nação localizada ao sul do mapa, mesmo sendo ela um dos roteiros mais conhecidos e divulgados nos circuitos turísticos. “A população é similar a alguns bairros das grandes cidades do mundo, mas o Uruguai cau‑ saria algumas surpresas para quem se arriscasse a chegar por ali”, garante ele. Não só o País tem mais encantos do que se pode pensar, mas Punta Del Este – balneário localizado no departamento Maldonado - tem um cenário paradisíaco, que há décadas, atrai apaixonados de todo o mundo em busca de um cantinho inesquecível para cerimônias discretas de casamento e lua de mel. Com praias oceânicas e de rio, além de
diversas opções de lazer, como cassinos, o lugar também é cada vez mais referência de encontro para negócios. Em novem‑ bro, será pela quinta vez consecutiva, a sede do 10º Congresso Latino-americano de Créditos e Cobranças, juntamente com o 5º Congresso Nacional de Financiamen‑ to de Consumo, Pagamentos e Recupe‑ rações, ambos realizados pela CMS. Como palco do evento que acontecerá no dia 22, está o Hotel Conrad Resort & Casino, que integra a cadeia internacional Hilton e está localizado à beira da Praia Mansa. O complexo hoteleiro é um dos destaques da cidade, ajudando a forta‑ lecer o turismo executivo. A gastronomia também é um dos pontos fortes do balneário, que abriga restau‑ rantes de ponta da culinária espanho‑ la, francesa, japonesa, árabe, além da comida típica uruguaia, com destaque
Shut terstoc
para o bode clássico. Há também res‑ taurantes conhecidos como grelhas, os quais oferecem cortes requintados de carne vermelha, dentre outros pratos deliciosos. Se o verão é a estação mais concorrida, por outro lado a cidade reserva boas atra‑ ções para o inverno, quando a média da temperatura é de 13º graus. Apesar do frio, as noites nos cassinos são sempre quentes e animadas. Os brasileiros são a presença mais fre‑ quente em todas as estações, principal‑ mente pelas facilidades cambiais, eco‑ nômicas e da proximidade da língua e geográfica: apenas 200 quilômetros separam a cidade da fronteira com o Brasil. No inverno ou no verão, a trabalho ou a lazer, é destino certo para quem procura entretenimento e conforto em um paraíso natural. C r e d i t P e r f o r m a n c e { 31 }
k
{tendências}
Desapertem os cintos, os cartões vão decolar Por Deborah Moreira
Regionalização e novos produtos, como o cartão pré-pago, são grandes apostas para a expansão e consolidação do mercado Shutterstock
D 72,4%
da população utilizou meios eletrônicos de pagamento em 2011 Fonte: Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs)
{ 32 } C r e d i t P e r f o r m a n c e
esde a abertura do mercado, há dois anos, com a quebra dos contratos entre cre‑ denciadoras e bandeiras dos cartões, as empresas de cartões de crédito e meios eletrônicos de pagamento estão em plena expansão. Em 2011, o valor transacionado no cartão de cré‑ dito foi de R$ 386 bilhões, enquanto o de débito foi de R$ 199,8 bilhões. Em 2012, esse mercado estima manter o mesmo crescimento dos últimos anos, em torno de 20%, e continuar avançando na cultura do pagamento das faturas por meio do dinheiro “de plástico”. A análise é da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). “É preciso entender que, além da influência do ce‑ nário econômico, o crescimento do mercado de cartões no Brasil possui outros pilares: o incremento da base de clientes, graças à inclusão financeira e à ascensão social; a substituição natural dos meios de pagamento de papel por cartões; e a expansão da aceitação do plástico para novos segmentos e regiões, graças ao trabalho das credenciadoras”, ex‑ plica Fernando Barbosa, superintendente da Abecs. Barbosa também lembra que a conjuntura econô‑ mica favorável do país contribuirá para manter o ritmo. “O Brasil ainda não é um mercado maduro e tem muito para evoluir”, completa.
A expansão desse segmento se inten‑ sificou em meados de 2010, quando as credenciadoras passaram a habilitar ou‑ tras bandeiras e a oferecer o poder de escolha para os lojistas, que desde então podem optar por uma única máquina em seu estabelecimento. Esse foi o incentivo para que outras empresas surgissem no mercado de credenciamento, como o Santander (junto com a GetNet) e a Ela‑ von. Para Fernando Barbosa, “essa maior competitividade no setor gera estímulos à inovação e à maior qualidade de pro‑ dutos e serviços”. Um dos focos de crescimento são as redes de varejo regionais. A maior processadora independente (sem vínculo com ban‑ cos) de cartões, a CSU CardSystem, por exemplo, está aproveitando o momento para ampliar sua base. Em 2011, foram processados nove milhões de novos car‑ tões, encerrando o ano com uma base de 24,5 milhões de unidades no mercado.
A resistência da nova classe C A posse dos meios eletrônicos de paga‑ mento entre a população, de uma maneira geral, vem crescendo nos últimos três anos e, no ano passado, ficou em 72,4%, segundo a pesquisa Mercado de Meios Eletrônicos de Pagamento, da Abecs em parceria com o Datafolha, divulgada no início deste ano. De 2010 para 2011, a aqui‑ sição do cartão de crédito expandiu de 50% para 53%, e o débito de 56% para 60%. Entre a nova classe C, no entanto, cerca de
R$ 386 bi foi o valor transacionado, em 2011, pelos cartões de crédito
70%
da nova classe C ainda realiza pagamentos com outros meios que não os eletrônicos
90%
da classe A e B realiza transações com cartão Fonte: Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs)
70% dos pagamentos no país ainda são feitos com outros meios de pagamento que não os eletrônicos. A expectativa é de que se fortaleça a migração dos meios de pagamento convencionais – dinheiro, ainda preferido entre os consumidores – para o plástico. Já na classe A e B, o cartão predomina em 90% das transações, segundo lojistas desse grupo: “Nossos clientes não trabalham com dinheiro nem com cheque, aliás, cheques se tornaram uma forma de pagamento indesejada no meio, pois facilita fraudes”, afirma Adriana Curan, dona de boutique
voltada ao público de classe média alta no bairro da Vila Madalena, em São Paulo: “Aqui vendemos 80% dos produtos com cartão de crédito e 10% com débito. Os outros 10% geralmente são pagos com dinheiro, raramente com cheque.” As mais novas apostas da indústria para este ano são os cartões pré-pago e online. O pré-pago recebe antecipadamente o valor desejado pelo cliente, que faz uma “recarga” e vai utilizando até que o limite armazenado seja totalmente descontado. Essa facilidade abre inúmeras possibili‑ dades de utilização, como para a mesada dos filhos ou o pagamento de benefícios a funcionários. “É um excelente produto e um importante instrumento de inclusão financeira, pois pode ser a porta de en‑ trada para o consumidor das classes D e E ter acesso a serviços bancários”, afirma o superintendente da Abecs. As empresas também estão de olho no mercado de vendas online. Uma delas é a Credicard, que abriu o portal Shop‑ ping Credicard, cuja receita já era com‑ posta por 10% das venda pela internet, em sites de outras redes. Agora, em parceria com o grupo Hermes, passará a disponibilizar os sites do grupo dentro do próprio portal da Credicard, entre eles o Comprafacil.com. As lojas insta‑ ladas no portal não pagarão comissio‑ namento mensal à companhia, como acontece em outros formatos de varejo virtual no mundo, por um sistema sim‑ plificado de hospedagem.
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“O mercado de cartões no Brasil cresce com a base de clientes, graças à inclusão financeira e à ascensão social” Fernando Barbosa Superintendente da Abecs
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{aconteceu no mercado}
Talento para enfrentar os desafios da crise A
crise e os desafios que a eco‑ nomia europeia está enfren‑ tando estimularam o público do 3º Congresso Nacional de Crédito e Recuperações a levar para o evento grandes questões. Como está o merca‑ do português de crédito e recuperações de carteiras na opinião de especialistas? Existem oportunidades que o país pode explorar e estão sendo esquecidas? É um momento oportuno para recuperar cré‑ ditos? Como equacionar o apetite do in‑ vestidor com a voracidade do mercado? Pablo Salamone, presidente da CMS, abriu o encontro em tom otimista: “O simples fato de termos o mesmo nú‑ mero de participantes da edição an‑ terior demonstra que as pessoas estão acreditando e buscando saídas para a crise global”. O conhecimento que gera participação, enfatizou Pablo, é o caminho para as so‑ luções, daí a importância de iniciativas como o congresso. O anfitrião aproveitou para parabenizar as empresas apoia‑ doras, que mostram crença no futuro e apostam em crescimento num contexto de adversidades. “É desta força e proa‑ tividade que o mundo precisa. Estamos vivendo uma época de muitas mudanças, por isso as escolhas precisam ser asser‑ tivas e embasadas em conhecimento avançado”, garantiu.
Palestrantes de renome A comissão organizadora do evento de‑ bateu esses e outros temas, norteados pela vivência dos executivos do setor { 34 } C r e d i t P e r f o r m a n c e
Paulo Alexandre Coelho
“O mercado está crescendo e vai desenvolver muito mais. Será um ano muito bom para as empresas que atuam no segmento, não somente as portuguesas, mas, sobretudo, os fundos internacionais que estão de olho na Espanha e em Portugal” Antônio Gaspar diretor executivo da Aperc
Prejuízos da crise Outra temática que movimentou as dis‑ cussões no congresso português foi a inadimplência. Há dois anos, antes do cenário de crise, Portugal já apresentava esse problema em números altos. Com o novo contexto econômico mundial, as taxas só aumentaram. Ou seja, Portugal está vulnerável aos efeitos da crise por estar bastante atrelado à economia da União Europeia. Quem atesta isso é o analista José Suárez-Lledo, diretor da Credit Analytics team for Europe, the Mi‑
ddle East, and Africa, Moody’s Analytics, que também participou do evento com a palestra “Soluções para uma década perdida. Como evitar que a Europa seja o próximo Japão”. “Portugal é muito dependente do restan‑ te da União Europeia, principalmente dos mercados espanhol e italiano. Por isso, um agravamento da crise na Europa teria um impacto significativo para o País”, avaliou Suárez-Lledo. Ele lembrou que a grande expectativa neste momento
Por Christiane Marcondes e Deborah Moreira
Promovido pela CMS People, o 3º Congresso Nacional de Crédito e Recuperações, que aconteceu em Lisboa, Portugal, no dia 16 de maio, mostrou que é possível pensar em inovações e oportunidades de crescimento em meio a uma crise econômica.
e reuniu a colaboração de renomados representantes da própria indústria. O professor Dr. António Gaspar, diretor executivo da Aperc (Associação Portu‑ guesa de Empresas de Gestão e Recupe‑ ração de Crédito) – principal parceiro local para a realização do evento – destaca dois temas tratados no Congresso pela importância e inovação: “O Mercado de Distressed e NPL’S em Portugal”, que teve a mediação do Dr. Pedro Cassiano Santos, e apresentou o mercado português de compra e venda de carteiras; e “Soluções para os novos setores do mercado de crédito”, coordenado por ele. “Em Portugal, mais de 90% da compra a crédito é feita por bancos e outras insti‑ tuições financeiras de tomada de crédito. Nosso painel, ao contrário, foi voltado
é de que a Grécia abandone o euro até 2013. “O impacto desse evento sobre o país dependerá do contágio através do sistema bancário europeu. O escopo desta infecção é incerto hoje. Mas, no melhor dos casos, em que a infecção seja limitada devido ao provisionamento de capitais dos bancos europeus por meio de uma regulamentação mais restrita, Portugal também pode sofrer pagando ainda mais caro para emprestar." O especialista da Credit Analytics reforça que por ter acesso limitado até 2013 aos mercados internacionais (por conta do programa de ajuda financeira do FMI,
para o setor não financeiro, ou seja, o da economia real, que reúne empresas de todos os outros segmentos. É importante ressaltar que tanto um ramo quanto o ou‑ tro tem dúvidas sobre o modus operandi dessas contratações”, contextualizou o professor Gaspar. Segundo o catedrá‑ tico, o tema teve grande receptividade por parte dos presentes.
Exploradores de um novo mundo O país de navegantes, que venceu obs‑ táculos para conquistar terras virgens, vem experimentando em pequenas por‑ ções, há alguns anos, a compra e venda de carteiras como um novo campo a ser explorado e vislumbrando cada vez mais o potencial dessas operações financeiras
EU, BCE), isso poderá blindar em certa medida o mercado português em curto prazo e, assim, permitir a concentração em políticas e reformas internas, incluin‑ do as relativas ao crédito. "O fluxo de cré‑ dito atualmente está limitado e assim se manterá até 2014." Nesse intervalo, o país deve continuar a fazer as reformas necessárias para re‑ vitalizar o fluxo de crédito a uma taxa sustentável para promover o crescimento na zona do euro. As ações do BCE têm ajudado a resolver o problema de liquidez interbancária, mas ainda assim há o pro‑ blema de liquidez para os consumidores
para a recuperação de crédito. Nos últimos dois anos, o volume aumentou de maneira substancial, preparando os investidores para algo maior em 2012. “O mercado está crescendo e vai se desenvolver mui‑ to mais. Será um ano muito bom para as empresas que atuam no segmento, não somente as portuguesas, mas, sobretudo, os fundos internacionais que estão de olho na Espanha e em Portugal”, analisa o especialista da Aperc. O professor lembrou, ainda, que o in‑ vestidor que está de olho na compra de carteiras tem que ter, além de um grande apetite, capital para investir. ”Não é qualquer empresa que entra nesse negócio. Movimentam-se valores muito altos nessas compras. É um mer‑ cado apetitoso”, ponderou.
finais e empresas. “O crédito para estes permanece restrito e com taxas de juros mais elevadas”, estima Suárez Lledo. O analista também aposta no crescimento da compra e venda de carteiras, apesar das incertezas sobre as questões monetá‑ ria e fiscal, que afetam diretamente polí‑ ticas como a da Espanha, Itália e Portugal. “Estamos adotando políticas que apresen‑ tam efeitos semelhantes aos de uma des‑ valorização da taxa de câmbio através de um ajustamento no sistema tributário. Elas vão resultar em maior competitividade e crescimento e ajudar a reduzir a incerteza nos mercados de crédito”, conclui.
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{progresso e desenvolvimento}
Seguros se beneficiam com bancarização e política de juros Por Elvira Parise
Dois fatores, não necessariamente convergentes, se combinam para aumentar a rentabilidade do mercado de seguros em 2012: por um lado, a crise econômica europeia e a nova política financeira do governo levaram bancos a declararem que vão focar a venda de produtos que não dependem da taxa de juros, como cartões e seguros; por outro, a nova classe C, com a estrondosa bancarização, ampliou essa carteira nos últimos anos, aderindo a apólices de saúde e de vida.
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Solange Beatriz P. Mendes Diretora executiva da CNseg { 36 } C r e d i t P e r f o r m a n c e
O
presidente do Itaú, Rober‑ to Setubal, foi o primeiro banqueiro a defender pu‑ blicamente a necessidade de focar segmentos menos dependentes dos juros como forma de compensar a queda da margem financeira. Desta‑ cou que a área de seguros do grupo deve crescer este ano entre 10% e 12%. O Itaú espera alcançar margem simi‑ lar no crescimento da oferta de crédito este ano: algo mais perto de 14% que dos 17% alardeados por concorrentes. A estimativa é menor que a dos outros três grandes bancos que participaram, na segunda quinzena de maio do Rio Investors Day: Bradesco, Banco do Bra‑ sil e Santander. O evento foi praticamente o primeiro
em que as maiores instituições do país se reuniram após o freio que o gover‑ no Dilma impôs aos lucros dos bancos, com medidas saneadoras da inadim‑ plência e inflação.
Investimento certo O segmento de seguros é um filão prós‑ pero, que cresce a uma média de dois dígitos há, pelo menos, cinco anos, e já representa boa parte do lucro das instituições financeiras. E deve ganhar peso ainda maior nos balanços a partir de agora. Uma das vantagens desses produtos é não depender de captação de recursos no mercado, como aconte‑ ce nos empréstimos e financiamentos. Solange Beatriz Palheiro Mendes, dire‑ tora executiva da CNseg (Confederação
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Expansão crescente
Nacional das Seguradoras), considera muito positiva a aposta no setor de seguros: “A integração de parcela sig‑ nificativa do setor segurador brasileiro com o bancário é mais do que uma ten‑ dência, é uma realidade que contribui para o desenvolvimento dos seguros no Brasil. A adoção de padrões regula‑ tórios internacionais e o crescimento da economia brasileira impulsionaram os grupos seguradores estrangeiros a ampliarem a oferta de seus produtos e serviços.” Para ela, “essa aliança com o setor fi‑ nanceiro e a diversificação de produtos é importante para o mercado de segu‑ ros, por alguns fatores: ampliação da carteira de clientes, inserção da classe C em operações financeiras e de prote‑
ção da vida, saúde e patrimônio, incen‑ tivo à formatação de novos produtos com coberturas específicas, além do incentivo à concorrência”, pontua. Tudo isso, em última instância, “benefi‑ cia o consumidor, já que a maior escala de atuação pode trazer eficiência para a operação e reduzir o preço da apóli‑ ce”, acrescenta. A especialista avalia que a crescente inserção de brasileiros na economia formal e o aumento da massa salarial e do rendimento médio das famílias têm levado as seguradoras a investirem na formatação de novos seguros e ser‑ viços agregados como estratégia de integração ao mercado e de novos consumidores, sejam eles idosos, mu‑ lheres ou empresários.
Em 2011, apesar da crise econômica europeia, o mercado brasileiro de seguros manteve a sua trajetória de expansão. A participação do Grupo Bradesco de Seguros e Previdência no lucro do banco aumentou em quatro pontos porcentuais no quarto trimestre de 2011, atingindo 31% do resultado. A previsão para seguros neste ano é expandir essa margem de 13% a 16%. No Itaú, o lucro da seguradora cresceu 68% no quarto trimestre ante o mes‑ mo período do ano anterior. A unida‑ de passou a responder por 14,8% do ganho líquido do banco, acima dos 9,7% do quarto trimestre de 2010. No Banco do Brasil, a área de segu‑ ros aumentou seu peso nos últi‑ mos 12 meses, passando de 12,7% a 13,7%. A meta é chegar a 25% nos próximos anos. “A taxa de crescimento do setor em 12,41%, registrada em 2011, superou a previsão inicial de 12% para o ano. No total, foram arrecadados R$ 213, 58 bi‑ lhões no ano passado, o que represen‑ ta 5,17% do PIB brasileiro. Para 2012, a estimativa de crescimento da CNSeg é de 12,8%, com arrecadação de R$ 246,86 bilhões”, conclui Solange.
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{sofisticação & luxo}
Por Deborah Moreira e Gabriela Toledo
A era dos ultraportáteis A nova geração de ultrabooks que chega ao Brasil agrega funcionalidades do notebook e tablet em um só produto
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ais finos e ainda mais leves. As‑ sim é a nova geração de note‑ books ou ultrabooks, como já foram batizados. Os ultraportáteis, pequenos no tamanho e grandes na performance, atraem o consumidor por sua autono‑ mia de bateria e praticidade, tendo em vista que medem até dois centímetros de espessura. O produto da Intel, por exemplo, combina o desempenho já conhecido dos notebooks de última geração com recursos dos tablets, além de velocidade e segurança. Traz, ain‑ da, soluções inovadoras para videoconfe‑ rências, e-mails, mensagens de celular e uma inédita maneira de interação com o usuário, como a criação de avatares em 3D. Com isso, a empresa aposta nada menos que, até o final de 2012, 40% de todos os notebooks vendidos sejam ultrabooks.
Concorrência A HP aposta no ultrabook Folio 13, de alta performance e a maior duração de bateria do mercado – até nove horas inin‑ terruptas. Com ele, a fabricante amplia seu portfólio para o mercado de tecnologia em modelos de laptops. Equipado com o novo processador Intel ULV Core i5, que permite rápidas respostas nas atividades, oferece até quatro vezes mais velocidade que um HD comum e 4GB de memória RAM. O Ultrabook da HP é o único do mercado nacional com entrada RJ-45 (Ethernet), que dispensa adaptador, para não deixar o usuário na mão naqueles momentos em que a conexão wi-fi não está disponível. “O Folio 13 é o nosso primeiro ultrabook, e foi projetado pensando na lacuna exis‑ tente entre a vida profissional e a pessoal.
Tem um design fino e leve com fortes opções de segurança e um solid-state hard drive, com ótima velocidade de resposta”, conta Erick Cano, gerente de produtos da área de PSG da HP Brasil. Mais de vinte modelos estarão no merca‑ do nacional até o final de 2012. CCE Info, Dell, HP, LG, Megaware, Positivo, Samsung e STi – Semp Toshiba Informática serão as primeiras empresas a fabricarem lo‑ calmente seus ultrabooks. “Não há dúvidas de que o ultrabook está totalmente alinhado com as expectativas dos consumidores brasileiros. Ele é leve, poderoso e eficiente para reunir, em um único dispositivo, todas as ferramentas que você precisa para ter uma experiên‑ cia completa de computação e mobili‑ dade”, garante Fernando Martins, presi‑ dente e gerente geral da Intel Brasil. C r e d i t P e r f o r m a n c e { 39 }
{opinião} JAIR LANTALLER P residente do I nstituto GEOC
A estabilidade da inadimplência O
cenário de inadimplência é está‑ vel, apesar de estarmos em pa‑ tamares um pouco mais elevados dos que os registrados no período pós-crise deflagrada pelo setor imobiliário nos Es‑ tados Unidos, em 2010. As empresas de recuperação de crédito permaneceram preparadas, desde o ano passado, para a leve tendência de alta no primeiro se‑ mestre do ano. A mão de obra adicional, que tradicionalmente é contratada nos meses de novembro e dezembro, foi ab‑ sorvida e os “times” reforçados. O setor tem trabalhado arduamente e, para o segundo semestre, acredito que haverá uma queda na inadimplência. Muitas pessoas já estão renegociando dívidas, com novos patamares de ju‑ ros e alongando prazos. Os devedores têm honrado o pagamento das parcelas desse novo acordo. O cenário deve pro‑ piciar uma oferta maior de crédito e isso virá em uma crescente até chegarmos a 60% do PIB em 2015, se os horizontes permanecerem os mesmos de hoje. Em entrevista ao IGEOC News, a econo‑ mista Mariana Oliveira, da Tendências Consultoria Integrada, fez uma análise semelhante. Ela disse que o cenário contempla a elevação real de 10,9% no crédito total bancário, considerando recursos livres e direcionados. A car‑ teira de pessoas físicas, com recursos livres, deve crescer 10,2%, ao passo que o crédito às empresas deve mostrar elevação de 7,5% este ano. O crédito deve ser impulsionado pela demanda aquecida ao longo do ano, favorecida também pelo mercado de trabalho em condições favoráveis. Para Mariana Oliveira, a taxa de inadim‑ { 40 } C r e d i t P e r f o r m a n c e
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"O setor tem trabalhado arduamente e, para o segundo semestre, acredito que haverá uma queda na inadimplência" plência tende a acompanhar, com algu‑ ma defasagem, os ciclos da economia. A queda na Selic favorece diretamente a queda nas taxas de juros dos financia‑ mentos, e tende a gerar uma redução no serviço da dívida a ser pago, diminuin‑ do os riscos de atrasos nos pagamen‑ tos. Mas a economista aponta ainda a questão da inflação. Segunda ela, em geral, períodos de alta dos juros básicos estão associados à inflação em alta, o que corrói a renda real, aumentando a probabilidade de default. A percep‑
ção da Tendências Consultoria é que o afrouxamento monetário atual tende a pressionar sobremaneira a inflação, ao acentuar um descasamento, já ob‑ servado atualmente, entre demanda aquecida e oferta fraca. Neste sentido, embora a política mo‑ netária atual seja expansionista, com redução dos juros básicos, a taxa de inadimplência tende a ceder apenas de forma contida, sem perspectiva de retorno para o patamar em que se en‑ contrava ao final de 2010, abaixo de 6%. A redução dos juros de forma compul‑ sória reforça este quadro, ao servir de estímulo adicional à demanda. Na entrevista, Mariana Oliveira pratica‑ mente descarta a possibilidade de uma bolha, assim como haviam previsto os executivos de quatro instituições ban‑ cárias no debate sobre o tema realizado no 7º Congresso de Crédito e Cobrança do ano passado, que foi mediado por mim. Mariana Oliveira diz que a proba‑ bilidade de bolha é relativamente baixa. “Acreditamos que o nível de compro‑ metimento de renda das famílias ainda não tenha chegado ao seu limite. Ao longo do ano, espera-se uma melhora nas condições de financiamento, como reflexo do afrouxamento monetário promovido pelo Banco Central, o que deve propiciar um recuo da inadimplên‑ cia. Nossa expectativa para a inadim‑ plência da carteira total de pessoas físicas é de retração para 6,9%”, prevê a economista. Temos uma visão semelhante para os próximos meses. Se o governo conseguir manter as taxas baixas e a inflação con‑ tida, teremos o melhor dos mundos.
{ponto de vista} CLOVIS ALVARENGA NETTO P rofessor Doutor da Escola Politécnica da USP e P rofessor Fundação Vanzolini
Processos, serviços financeiros e sustentabilidade Q
uanto mais nos aproximamos do evento Rio +20, maiores as expecta‑ tivas quanto aos temas que têm recebido atenção dos profissionais que contribuem decisivamente com a competitividade das empresas: 1) o desenvolvimento sus‑ tentável, 2) a gestão por processos e 3) os serviços financeiros. O desenvolvimento com sustentabilida‑ de traz o desafio de viabilizar desenvolvi‑ mento econômico sem prejudicar o meio ambiente e com responsabilidade social. É uma experiência ímpar a enfrentar, quando todo o mundo também está à procura de caminhos viáveis. A experiência passada (e praticada nos países mais desenvolvidos economicamente) não se mostrou adequa‑ da nem suficiente e as soluções tradicionais de levar indústrias poluidoras para países emergentes também passam a ser questio‑ nadas. A questão da sustentabilidade não foi solucionada, mas transferida de local. Vale destacar que iniciativas têm sido to‑ madas e os dados indicam que as empresas privadas detêm importante papel, muitas vezes mais relevante, economicamente, do que o de países inteiros . Sob o ponto de vista do desenvolvimen‑ to sustentável, considera-se o tripé eco‑ nômico, ambiental e social. Este é novo desafio, pois, se por um lado as empresas precisam sobreviver economicamente, também a sociedade tem imputado maior responsabilidade social e posturas ecolo‑ gicamente mais adequadas para que as empresas reduzam o impacto ambiental dos seus produtos. Uma saída para esse { 42 } C r e d i t P e r f o r m a n c e
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"A mudança se dá em função de uma economia de serviços mais do que na economia da posse dos bens" quebra‑cabeça, no qual a área financei‑ ra tem grande contribuição a oferecer, consiste em incentivar o crédito mais fa‑ cilitado a organizações que apresentem controle financeiro mais justo e transpa‑ rente, e apresentem políticas e práticas de redução do impacto ambiental em seus processos. A tendência tem sido a de uma crescente participação de empresas preparando seus relatórios GRI – Global Report Initiative e participando do ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial da BM&F/BOVESPA e Índice Dow Jones
de Sustentabilidade. Entre os modelos de gestão mais relevan‑ tes, tanto na área financeira como na de operações, o elemento comum é a gestão por processos. Porém, inovar a gestão tem levado muito tempo e ainda sofre resistên‑ cia quanto à mudança. A área financeira é uma das que têm resistido, em parte por causa de fortes padrões históricos de com‑ portamento como “um faz e o outro contro‑ la” e práticas de duplo controle para prover mais segurança. O BPM – business process management – e o sistema de custeio ABC são exemplo de aplicação da moderna gestão na área financeira. Uma opção para diminuir o consumismo desenfreado que assola as sociedades modernas são os chamados sistemas produto‑serviço, em que as empresas vão se tornar viáveis economicamente muito mais pela entrega de serviços do que com a venda de produtos manufa‑ turados. A mudança se dá em função de uma economia de serviços mais do que na economia da posse dos bens. Nesses casos o intermediário financeiro está presente, com um potencial invejável de contribuir decisivamente, incentivando investidores a procurar empresas socialmente respon‑ sáveis, sustentáveis e rentáveis para aplicar os seus recursos. Sistemas de gestão como ISO 14000 – Gestão ambiental e ISO 26000 – Respon‑ sabilidade Social demonstram a adoção de tais práticas nas empresas que acredi‑ tam fazer mais parte da solução do que do problema.
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