MARÇO 2014 , ANO 5 Nº 19 . WWW . CREDITPERFORMANCE . COM . BR
2014 PREVISÕES PARA
UM ANO DE GRANDES ACONTECIMENTOS Não é preciso ter bola de cristal para saber que 2014 é um ano diferente. Líderes de vários segmentos da Indústria de C&C ajudam a prever o que esperar dele.
GASTADOR, POUPADOR OU INVESTIDOR Afinal, qual é o perfil atual do brasileiro?
DÉBITO OU CRÉDITO? Máquinas de cartão invadem as feiras, comércio informal e até o semáforo.
ENTREVISTA
DÉCIO CARBONARI DE ALMEIDA Diretor-Presidente da Volkswagen Financeira e da ANEF
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Nº19
Sumário
março 2014
A Credit Performance é a primeira e única revista especializada na indústria brasileira de crédito e cobrança. A publicação é idealizada pela CMS - Credit Management Solutions, a organização líder em interação e conteúdos da indústria latina de crédito com atuação em 14 países da América e Europa, e conta com o apoio do Instituto GEOC e Serasa Experian. Com periodicidade trimestral e tiragem de 5 mil exemplares, a revista oferece conteúdo especialmente desenvolvido para executivos líderes de grandes corporações e empresas da área. Distribuição exclusiva e gratuita. CONSELHO EDITORIAL: Carlos Zanchi, Egberto Blanco, Elane Cortez, Jair Lantaller, Jefferson Frauches, Luis Barbuda, Luis Carlos Bento, Luiz Hidalgo, Pablo Salamone, Paulo Busch, Victoria Iturrieta. REDAÇãO: Cristiane Moraes Camila Balthazar Olívia Mussato Editora e jornalista responsável: Elane Cortez MTB 0000687|MA REVISÃO E COLABORAÇÃO: Olivia Mussato E-mail da redação: elane.cortez@cmspeople.com Diagramação: Leandro Hoffmann www.hoffmannestudio.com FOTOS: Paulo Bau Comercial: Madleine Rose M. Sprocatti madi@cmspeople.com Tel. (11) 3868-2883/ 3865-7013 Credit Performance, a revista da indústria de crédito e cobrança. www.creditperformance.com.br Credit Performance é uma publicação da CMS – Credit Management Solutions. Todos os direitos reservados, proibida a reprodução total ou parcial sem prévia autorização.
P05
P22
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2014: PREVISÕES PARA UM GRANDE ANO
Editorial
CAPA
INDICADORES
Líderes e especialistas traçam as expectativas e os rumos da economia para o Brasil no ano em que todos os olhos estão voltados para o país.
CRIANDO A CULTURA DO BOM PAGADOR:
Desde 2013, muito se falou em Cadastro Positivo. De lá para cá, começa a dar os primeiros passos esbarrando muitas vezes em bloqueios culturais. Entenda o que mudou nos últimos meses e o que ainda tem por vir.
P13
PONTO DE VISTA
PARADIGMAS NA INTERAÇÃO MULTICANAL COM CLIENTES DEVEDORES Artigo da consultora estadunidense Astrid Rial.
P06
ENTREVISTA
DÉCIO CARBONARI DE ALMEIDA Diretor-Presidente da Volkswagen Serviços Financeiros e da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (ANEF) nos ajuda a entender as expectativas do setor.
P17
P14
IDEIAS E TENDÊNCIAS
SEGMENTO E GLOBALIZAÇÃO
FACES DA CLASSE MÉDIA
COBRANÇA QUE ULTRAPASSA FRONTEIRAS: Segmento de recuperação de crédito internacional trabalha para expandir sua participação entre diferentes setores e conquistar mais clientes potenciais.
Artigo de Juliana Azuma.
P28
NOVIDADES E AGENDA Confira as principais notícias rápidas da indústria de Crédito e Cobrança, além de se programar para os próximos eventos da CMS em todo o mundo.
P34
MERCADO NA MIRA
CASE EM DESTAQUE:
A Credit Performance abre um espaço especial voltado às melhores práticas da indústria de C&C. O case da edição é da empresa Intervalor, que mostra o feirão virtual que movimentou a rede e liquidou dívidas.
P18
PROGRESSO E DESENVOLVIMENTO
“É DÉBITO OU CRÉDITO, SENHOR?”: As máquinas de cartão invadiram o comércio de rua e de praias em grandes cidades do Brasil.
P30
DESTAQUES
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GASTADOR, POUPADOR OU INVESTIDOR? Queda nos índices de inadimplência e recordes de captação na poupança. Serão sinais de que o brasileiro está mais cauteloso ou ainda explora pouco o leque de opções de investimento?
TENDÊNCIAS
CRÉDITO VERDE:
Sustentabilidade tornou-se peça-chave para o crescimento dos negócios e marcas. Agora, a ecorresponsabilidade também se volta à oferta de linhas de financiamento a projetos de proteção e desenvolvimento ambiental.
P38
SOFISTICAÇÃO & LUXO CHARUTO: Apesar de o fumo não ser tão bem visto atualmente, o hábito de consumir charutos ainda é vinculado aos círculos de poder e requinte.
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OPINIÃO
O ANO COMEÇOU BEM ANTES DO CARNAVAL, por Carlos Zanchi.
P42
PELO MUNDO CURITIBA: a capital paranaense mostra seus encantos e sedia o 1º Congresso Regional de Crédito e Cobrança Curitiba, reunindo os grandes líderes do sul do país. Credit Performance
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Editorial
AVANTE, BRASIL! Desde que 2014 iniciou, já se esperava que esse fosse um ano atípico. Há mais feriados, o Carnaval aconteceu em março, temos o tão esperado campeonato mundial de futebol e até mesmo a decisão sobre quem encabeçará as decisões do país pelos próximos quatro anos. A sensação geral é de que haverá pouco tempo útil para viabilizar mudanças significativas. É verdade que essa tríade que paira sobre o Brasil – Carnaval tardio, Copa do Mundo e eleições – influi diretamente sobre o rumo da economia. O que nos espera em dezembro ainda é uma incógnita, mas nada impede que façamos uma análise do que há no horizonte. Mesmo sem bola de cristal, começamos o ano pedindo a especialistas e executivos de diversos setores que dessem sua opinião sobre o que será do Brasil em 2014. O mundo está de olho em nossos passos, não apenas pelo futebol, mas também pelas expectativas políticas e econômicas. O ano que passou mostrou preocupação com a contenção da inflação, aumento da taxa de juros, concessão de crédito mais assertiva e queda da inadimplência. Mas e agora? Quais são os próximos capítulos? A grande aposta do mercado é de que o crescimento do PIB fique entre 2% e 2,5%, ainda sem muito ânimo para melhoras, mas a expectativa é de que o Brasil encontre uma situação melhor em relação a 2013.
Nós, da CMS, em compensação, apostamos forte no país. 2013 representou um grande passo para nossos planos no Brasil, com o projeto piloto de Congressos Regionais em Fortaleza. O resultado nos motivou a seguir adiante e expandir o modelo dos Regionais a outras capitais, também ansiosas por discutir seus temas da indústria e intercambiar experiências que resultem em geração de negócios. Por isso, vêm aí: Curitiba (maio), Belo Horizonte (agosto) e Salvador (setembro). Além disso, celebraremos dez anos do Congresso Nacional de Crédito e Cobrança, em outubro, em São Paulo, um evento que já entrou no calendário de todo grande líder de nosso segmento. Esse é o sucesso que nos credenciou a atingir uma década de muitas trocas, aprendizados e networking. A verdade é que 2014 está acelerado. A despeito de todas as suposições para o país, cada um tem um plano e o rumo traçado do seu negócio nas mãos. Nosso desafio é fazer com que todas as adversidades não bloqueiem nosso caminho nem que a bonança nos cegue. Esperamos que todos possamos crescer juntos, comemorar muitos gols e continuar compartilhando nossas conquistas. Um lindo 2014 a todos! Boa leitura!
Pablo Salamone
Presidente CMS
Credit Performance
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Entrevista
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Credit Performance
Décio Carbonari de Almeida
Diretor-Presidente da Volkswagen Serviços Financeiros e da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (ANEF)
equilíbrio nos financiamentos de veículos para 2014 Por Camila Balthazar
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m entrevista exclusiva à Credit Performance, Décio Carbonari de Almeida, Diretor-Presidente da Volkswagen Serviços Financeiros, companhia formada pelo Banco Volkswagen, Volkswagen Corretora de Seguros e Consórcio Nacional Volkswagen, discute as expectativas para 2014 – ano que gera dúvidas em relação ao desempenho para a indústria devido ao calendário intenso que contará com Copa do Mundo e eleição presidencial. De acordo com o executivo, além desses eventos, é importante considerar o baixo crescimento econômico que o Brasil tem acompanhado nos últimos anos. “Suas consequências ainda não foram totalmente percebidas”, analisa.
Com mais de 30 anos de carreira e formado em Administração de Empresas, com ênfase em Finanças, e mestre em Gestão pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Almeida também está à frente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (ANEF). Após ocupar cargos importantes em empresas e instituições renomadas, como Banco Central, São Paulo Alpargatas S/A e Ford do Brasil, atualmente seus olhos estão voltados para a indústria automotiva, com atenção especial aos financiamentos. Independente do cenário econômico, a missão do Diretor-Presidente para este ano é clara: perseguir a oferta de crédito para promover a comercialização de veículos.
Credit Performance
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Entrevista
“A venda de veículos em 2014 será mais impactada pela condição da economia brasileira do que por ações de estímulo que os bancos e suas respectivas montadoras poderão adotar”.
Credit Performance – O ano de 2014 começou com a notícia da queda de 8,5% do crédito para veículos na comparação entre os meses de novembro e outubro de 2013. O que esse cenário significa para a indústria e qual é a expectativa para os próximos meses? Décio Carbonari de Almeida – Há uma sazonalidade normal para o início do ano em função de férias, matrículas escolares, impostos etc., que acaba diminuindo o volume de vendas de veículos para pessoa física, a
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Credit Performance
principal tomadora de financiamento. Para 2014, entretanto, paira uma dúvida maior sobre o que ocorrerá com a economia durante um ano em que teremos eventos como Copa do Mundo e eleição presidencial, adicionando a isso as consequências ainda não totalmente percebidas do baixo crescimento econômico verificado nos últimos anos. Pode-se dizer que a confiança de hoje em relação ao ano que se inicia é inferior à mesma época de 2013. A venda de veículos em 2014 será mais impactada pela condição da
economia brasileira do que por ações de estímulo que os bancos e suas respectivas montadoras poderão adotar. CP – O ano passado encerrou com queda de 0,9% nas vendas de veículos em relação ao ano anterior – primeiro resultado negativo em uma década. Como essa redução impacta na operação das financeiras e qual é a estratégia para minimizar um possível impacto negativo? DA – O desempenho das financeiras se mede por meio dos financiamentos realizados, que, no caso de automóveis e comerciais leves, corresponderam a 55% das vendas de veículos novos realizadas em 2013, acima dos 53% alcançados em 2012. Para esse
mesmo segmento, no ano de 2014 estimamos novos financiamentos (liberação de recursos) ao redor de R$ 117 bilhões, semelhante ao patamar de 2013. CP – Em contrapartida, a inadimplência apresentou uma leve redução. Essa é uma tendência a se esperar em 2014? Como é o comportamento da inadimplência no caso de financiamento de veículos em relação aos demais setores? DA – Segue positiva a expectativa em relação às novas reduções na inadimplência, tanto de pessoa física quanto de jurídica, reflexo das alterações nas políticas de crédito implementadas pelas instituições financeiras a partir do início de 2012. Como os clientes dos bancos de montadora são principalmente compradores de veículos novos, há uma tendência natural em que seu risco de crédito seja mais baixo, o que permite o estabelecimento de políticas de crédito mais conservadoras e taxas de juros mais baixas. Também a alienação fiduciária do veículo permite sua retomada em caso de não pagamento, reduzindo o risco da operação que se reflete na taxa de inadimplência. CP – Diante de casos inadimplentes, qual é o posicionamento das financeiras e também em específico do Banco Volkswagen para a negociação da dívida e retomada de veículos? DA - As instituições financeiras, inclusive o Banco VW, procuram em primeiro lugar uma alternativa amigável de recuperação do valor em atraso. Dos casos com mais de 90 dias de atraso, apenas 1% terminará com a retomada do bem. É muito importante que o cliente, na impossibilidade de honrar com os pagamentos em seus vencimentos, procure a instituição financeira para verificar a possibilidade de negociar a dívida. Um processo judicial para a retomada do veículo é
“É muito importante que o cliente, na impossibilidade de honrar com os pagamentos em seus vencimentos, procure a instituição financeira para verificar a possibilidade de negociar a dívida.” a última alternativa para essas empresas. Esta demanda prejudica todas as partes devido ao tempo e aos custos envolvidos. Portanto, resta o ingresso de medidas judiciais somente após esgotar todas as alternativas de recuperação amigável. CP – Atualmente, as informações de crédito dos consumidores ainda são dispersas. Como as montadoras trabalham para otimizar as operações de baixo risco? DA – O que existe em termos de referência de crédito são birôs externos que apontam principalmente informações sobre atrasos de pagamento, além de confirmação de dados cadastrais (endereço, número de CPF etc.) obtidas de outras fontes. As operações de baixo risco fluem naturalmente para os bancos de montadora, pois eles costumam ofertar taxas de juros atrativas devido ao subsídio que é pago por suas respectivas fábricas. CP – O Cadastro Positivo é uma realidade que começa a engatinhar
no Brasil. A partir do momento em que os birôs de crédito tenham uma base significativa, pode-se esperar que a indústria automobilística adote práticas diferenciadas para cada perfil de pagador? Por quê? DA – Essa será uma tendência natural, assim como já ocorre em países onde o birô de crédito positivo está consolidado. No Brasil, taxas de juros ajustadas ao risco do tomador já são realidade para PJ’s compradoras de lotes de veículos. CP – O Sr. está a frente da Volkswagen Serviços Financeiros, mas também das financeiras por meio da Anef. Qual é o desafio das empresas financeiras de montadoras para 2014? DA – Prosseguir ofertando crédito para promover a comercialização de veículos, tanto para o cliente final quanto para os próprios concessionários distribuidores de veículos, independentemente do cenário econômico existente.•
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Indicadores
criando a cultura do bom pagador
Nos últimos anos, muito se falou em Cadastro Positivo. A medida entrou no dia a dia do brasileiro em agosto de 2013 e, de lá para cá, começa a dar os primeiros passos esbarrando muitas vezes em bloqueios culturais. Entenda o que mudou nos últimos meses e qual é a expectativa para 2014. Por Camila Balthazar
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reduzindo as taxas de juros e os índices de inadimplência. Tais resultados foram vistos na prática em outros países que já têm esse método incorporado às operações financeiras.
A medida foi comemorada pela indústria de crédito e cobrança, que aguarda pelo dia em que haverá uma base de dados representativa de pessoas físicas e jurídicas adimplentes – e não apenas dos inadimplentes, como ocorre atualmente - o que melhorará a avaliação do risco de crédito,
De acordo com dados do Banco Mundial, 40% dos consumidores estadunidenses possuíam acesso a financiamentos antes da implementação do Cadastro Positivo. O percentual dobrou após a constituição de uma base de dados, atingindo 80% dos consumidores. Resultados assertivos foram igualmente conquistados em outros países, como Chile, México, Alemanha e China. Dois exemplos internacionais podem mostrar como a aposta no Cadastro Positivo para solucionar problemas de superendividamento da população foi exitosa: Coreia
linha cronológica já é conhecida. O Cadastro Positivo foi aprovado pelo Senado Federal em dezembro de 2010, sancionado com vetos pela Presidente Dilma Rousseff em junho de 2011, regulamentado pelo Banco Central em dezembro de 2012 e finalmente posto em prática a partir de 1o de agosto de 2013 – data limite para as instituições financeiras cumprirem as regras da resolução.
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do Sul e Hong Kong.No primeiro caso, os sul-coreanos viram boa parte do sistema financeiro quebrar com a Crise da Ásia, em 1997. Sem crédito bancário, as famílias passaram a usar os cartões de crédito para pagamentos. Alguns anos depois, o saldo utilizado no cheque especial e no cartão atingiu 114% do PIB e o endividamento das famílias ficou equivalente a 96% da renda disponível. O Cadastro Positivo entrou em operação em 2004 e, naquele mesmo ano, a inadimplência caiu de 10,5% para 5,5%. Atualmente, a Coreia do Sul tem um ambiente sólido de crédito. Uma situação parecida aconteceu em Hong Kong, em 2002, quando a relação endividamento familiar e renda disponível bateu 140%. O Cadastro Positivo foi
superintendente do SPC Brasil, a partir do momento em que houver 20 milhões de cadastrados já será possível começar a colher os benefícios da medida. “Esse momento será muito importante para a expansão do cadastro, pois haverá uma parcela importante da população aderida ao sistema. Estará mais perto de ser uma realidade no Brasil”, pontua. A estimativa do executivo para alcançar esse número é de três anos.
Laércio de Oliveira Pinto Diretor de Cadastro Positivo da Serasa Experian
implementado em 2003 e, já em 2004, a insolvência pessoal tinha caído de 25.328 registros para 12.510. O período de transição para o novo sistema de crédito foi de dois anos.
Horizonte ainda cinza Obviamente, o cenário internacional comprova a efetividade do sistema, mas é preciso cautela para entender o porquê de o Cadastro Positivo ainda enfrentar barreiras de implementação e adesão no Brasil. Para o diretor de Cadastro Positivo da Serasa Experian, Laércio de Oliveira Pinto, o motivo para a falta de avanços significativos no curto período foi o estabelecimento da lei brasileira no regime opt-in, que consiste na obrigatoriedade de autorização prévia do usuário para que seus dados apareçam no birô. Em outros países, a adoção do modelo opt-out agilizou a consolidação do sistema, uma vez que todos os consumidores passaram a automaticamente a integrar o cadastro e somente aqueles que não quisessem estar na lista pediam para sair. No Brasil aconteceu o inverso: é preciso pedir para entrar. Até o mês de janeiro de 2014, a Serasa havia registrado cerca de 620 mil autorizações. Já o SPC Brasil contabilizava 530 mil adesões. Considerando que o objetivo dos birôs de crédito é atingir o universo da população economicamente ativa no Brasil, que atualmente representa aproximadamente 100 milhões de pessoas, a conquista dos seis primeiros meses ainda representa muito pouco da meta final. Segundo Nival Martins,
Para 2014, a expectativa do SPC Brasil é conquistar quatro milhões de autorizações.“É um número ousado, se considerarmos o quadro atual, mas à medida que as pessoas vão usando, elas disseminam os benefícios”, expõe Martins. A Serasa Experian espera um crescimento mais moderado: um milhão de adesões até o fim do ano. “Levar a mensagem dos benefícios do Cadastro Positivo para os consumidores demanda tempo e é um processo de aculturação. Temos feito comunicações na mídia, nas feiras de recuperação de crédito, nas nossas agências. Quanto mais tempo levamos para formar a base, mais tempo vai demorar para colhermos os benefícios”, avalia Laércio Pinto.
realizasse uma pesquisa sobre seu histórico para conceder crédito o que ele veria é que ‘nada consta. Ninguém ganha com isso.”, afirma. Para o diretor da Serasa Experian, à proporção que a assimetria de informações se reduz, as perdas com créditos também diminuem. “Hoje, cerca de 38% dos custos que compõem o spread são decorrentes da perda na concessão de crédito. Se isso mudar, refletirá em melhoria da taxa de juros. Sem contar que também há o aspecto da competição com a melhor classificação do risco”, esclarece.
Todos no azul Por mais que o terreno esteja pedregoso, as possibilidades são vislumbradas por todos os setores. Martins destaca que o bom pagador era um anônimo antes da implementação do Cadastro Positivo. “Por mais que o consumidor se esforce para pagar as contas em dia, se alguém
Nival Martins, Superintendente do SPC Brasil
Mauricio Stainoff Presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (CDL) do Estado de São Paulo
Os lojistas também estão na expectativa para ver as mudanças no sistema financeiro. “Para o varejo, se o Cadastro Positivo funcionar, será muito bom, pois ajudará o consumidor”, ressalta o Presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (CDL) do Estado de São Paulo, Mauricio Stainoff, que também tem trabalhado pela disseminação do sistema por meio de cerca de 2 mil CDL’s. Stainoff enfatiza que o próprio lojista vai querer vender mais para as pessoas que pagam corretamente. “Prefiro oferecer crédito, mercadoria e vantagens para quem paga em dia”, afirma. Bem como toda a indústria de crédito e cobrança, o executivo também acredita que, assim que a base de dados esteja sólida, as instituições financeiras utilizarão essa informação para oferecer crédito mais barato e trazer mais benefícios para os consumidores. Mas, nos próximos dois anos, o que poderá ser visto é o árduo trabalho de formiguinha dessas empresas em trazer os brasileiros – um a um – para o lado positivo do sistema financeiro.• Credit Performance
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Ponto de Vista
paradigmas na interação multicanal com clientes devedores
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cada dia nossos clientes devedores são mais difíceis de contatar por meio de um telefone fixo. O baixo custo e acessibilidade do celular criaram um ambiente onde o número fixo já não é o meio de comunicação primário para o indivíduo. Apesar disso, no negócio de cobranças, especialmente na América Latina, seguimos voltando grandes esforços na gestão de dívidas aos canais tradicionais de contato: telefone, visita domiciliária e carta. É verdade que muitas empresas de cobranças já implementam estratégias massivas de comunicação multicanal. Sem embargo, a indústria, de um modo geral, ainda não aproveita tais meios de maneira eficiente e, embora estejamos fazendo mais tentativas de contato por cliente do que nunca, nem sempre alcançamos os resultados esperados de recuperação. Considerando as preferências de comunicação e os perfis dos clientes, existem muitas oportunidades para aperfeiçoar a estratégia multicanal de interação com devedores. Os recursos de SMS, correio eletrônico, chat e redes sociais são, a cada dia, mais importantes para aumentar os contatos efetivos, aproveitando os meios de baixo custo. Nesse contexto, é necessário romper alguns paradigmas da comunicação multicanal que nos impedem de lograr metas de recuperação de carteiras. O primeiro paradigma a ser quebrado é “uma chamada telefônica é o processo mais eficiente para chegar a um acordo mútuo com o meu cliente”. A nova realidade no nosso negócio é a que o cliente devedor não quer resolver o problema de sua dívida 12
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modos de ativação do cliente, estabelecendo standards mínimos e máximos do uso de cada canal.
Por Astrid Rial Presidente da Arial International, que presta serviços de consultoria e capacitação nas cobranças ao consumidor em mais de 30 países em seis continentes, com ênfase especial na América Latina.
por telefone. Prefere utilizar meios menos invasivos em que se sinta menos acuado. Cuidar de privacidade é uma prioridade e, por essa razão, a mensagem de texto e o correio eletrônico são os meios de comunicação preferidos por evitar o medo de ter uma interação negativa com o cobrador. O segundo paradigma é “bombardear meu cliente com muitas tentativas estimula o pagamento”. A combinação excessiva de chamadas telefônicas, mensagens de texto e correios eletrônicos pode causar um impacto negativo com os clientes e, muitos deles, especialmente os que possuem dívidas mais baixas, podem se sentir incomodados. É importante definir métricas na sua estratégia de cobrança em relação ao volume e aos diferentes
Por fim, o terceiro paradigma é “o mais eficiente para minha empresa é enviar mensagens eletrônicas de uma só via”. A chave do sucesso no uso dos meios eletrônicos nas cobranças reside no conceito de interação, ou seja, no intercâmbio de informação entre o credor e o devedor, em uma via de mão dupla. É impensável que empresas enviem alertas, notificações e outros tipos de mensagem de texto ou correio eletrônico, sem a possibilidade de que o cliente responda pelo mesmo canal e em tempo real. Obviamente, essa estratégia não é a mais eficiente, já que o custo de atender uma chamada telefônica é muito mais alto que estabelecer uma comunicação por canal eletrônico de baixo custo. Sob esta ótica, habilitar a comunicação bidirecional e interativa é um fator crítico para o êxito nas cobranças.•
Seminário Internacional A multicanalidade como fator decisivo para o sucesso da recuperação Data: 29 de maio Horário: 9h às 18h Cidade: São Paulo Local: São Paulo Center Informações e Inscrições: www.cmspeople.com/trainings/2014/brasil/multicanalidade
º CONGRESSO NACIONAL
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DE CRÉDITO E COBRANÇA
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COBRANÇA QUE ULTRAPASSA FRONTEIRAS Por Camila Balthazar
Segmento de recuperação de crédito internacional trabalha para expandir sua participação entre diferentes setores e conquistar mais clientes potenciais.
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o mercado de cobrança, existem diversas adaptações a serem feitas quando cobrador e devedor se encontram em estados ou cidades diferentes. Mas quando as distâncias extrapolam as fronteiras nacionais, é necessário pensar globalmente e, apesar da facilidade que ferramentas, como a Internet, trouxeram em termos de aproximação, as barreiras de comunicação, diferenças culturais, legais e de fuso horário tornam-se grandes desafios para o desenvolvimento desse nicho. A cobrança internacional ou transfronteiriça pode acontecer em diversas situações, desde seguradoras ou entidades governamentais que contratam companhias de cobrança brasileiras para cobrar seus inadimplentes que estejam fixados no Brasil, passando por bancos de fora que ofertam crédito para empresas brasileiras e necessitam recuperar essas dívidas até os casos que as os compatriotas brasileiros contratam os serviços para cobrar os caloteiros de fora do país.
de recursos ou pessoas. Com isso, um executivo da mesma nacionalidade aciona a dívida, garantindo o conhecimento dos costumes e da cultura daquele país, além do domínio do idioma e da legislação. Outras vantagens que impactam no dia a dia do trabalho é o fuso horário, que permanece o mesmo, e o modo de remuneração. O negócio funciona no modelo success fee (“no result – no charge”, a comissão só será paga no caso do titular do crédito internacional recuperar o dinheiro. A comissão é dividida entre as duas partes, sendo que normalmente quem gera o caso recebe 1/3 e quem executa 2/3.
Uma das empresas especializadas nesse segmento é a Way Back, que desde 2002 é acionista da TCM, aliança estrangeira de empresas de crédito e cobrança internacional com membros em 155 países. “Qualquer empresa brasileira que fez um processo de exportação e não conseguiu trazer o dinheiro de volta é cliente potencial. Nós geramos o processo e o parceiro local executa. A recíproca é verdadeira. Cobro dentro do Brasil aquilo que empresas brasileiras não pagaram fora do país. Nesse caso somos acionados pelos membros estrangeiros da TCM”, esclarece Jefferson Frauches Viana, CEO da Way Back e da TCM Brazil. Os principais benefícios em trabalhar in loco são o fato de contatar os devedores sem deslocamentos
Jefferson Frauches Viana CEO da Way Back e da TCM Brazil. Credit Performance
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Segmento & Globalização
Principais mercados De acordo com Viana, a maior demanda interna em relação à recuperação de crédito internacional vem dos Estados Unidos. O motivo seria comportamental e deriva da própria postura do brasileiro em relação ao comércio externo. “Existe, em geral, uma falta de compromisso do brasileiro com seus compradores. Se o câmbio está favorável ele exporta, mas se não está vende para o mercado interno. Isso gera infidelidade dos parceiros lá fora”, comenta. Sobre as linhas de negócios das exportações, um grande mercado é o ceramista, pois as companhias de seguro não
Julio Vieira Coordenador de Operações Financeiras do Hospital Sírio-Libanês
fazem a cobertura desse produto. “Nesse caso, trabalhamos direto com a indústria. Outros episódios são as exportações para a Grécia, por exemplo, que está em crise. O seguro recusa, o exportador assume o risco e, se depois de três meses não recebe, nos procura para fazer a cobrança”, aponta Viana, acrescentando que quase 100% dos casos abertos direto com a indústria são decorrência da negativa do seguro em cobrir a transação. 16
Credit Performance
Como todo o setor de crédito e cobrança, a taxa de sucesso das recuperações internacionais também oscila conforme determinados indicadores. Para os processos executados fora do país, há quatro critérios principais: segmentos, valores e países diferentes e, sobretudo, idade das contas. Ao considerar esses fatores, o índice de recuperação da TCM Brazil gira em torno de 55%. A probabilidade de receber uma conta vencida há 15 dias é de 90%. Em contrapartida, nos casos de conta parada há mais tempo, o índice cai para 2%. Julio Vieira, coordenador de Operações Financeiras do Hospital Sírio-Libanês, aderiu a esse serviço no final de 2013. De lá para cá, cerca de 10 processos de clientes estrangeiros estão em processo de negociação, sendo que alguns datam de cinco anos. “Recebemos muitos pacientes da América Latina. Os casos de procedimentos com custos fechados são mais simples, porém alguns têm valores imprevisíveis, como os tratamentos oncológicos. São esses que geram mais risco de inadimplência”, explica, exemplificando com o caso recente de um cliente uruguaio que trouxe a filha com câncer para um transplante. Entre um procedimento e outro, ele voltou para o Uruguai, não retornou mais para o Brasil e não terminou de pagar. Mesmo contando com uma equipe interna de cobrança, reaver determinadas dívidas vencidas há mais tempo mostrou-se uma tarefa difícil. De acordo com o executivo, o resultado da parceria é satisfatório. “A somatória dos casos repassados representa aproximadamente R$ 3 milhões e metade desse valor já está em processo de recuperação. A princípio imaginei que não se teria muito retorno porque nós já estávamos tentando há um tempo”, comenta. Com base nessa experiência, a estratégia do hospital mudou. A partir de agora, as dívidas de estrangeiros serão cobradas internamente durante os primeiros 120 dias. “Depois desse prazo, passarão formalmente ao segmento de cobrança internacional para que os débitos não fiquem muito antigos”, enfatiza Vieira, acrescentando que o contato telefônico
isolado realmente de a ser ineficiente. ten“Acionar o devedor diretamente do país dele parece surtir muito mais efeito”, conclui.
Cobranças domésticas Atualmente, os processos internacionais da Way Back estão igualmente divididos entre cobrança de crédito em outros países e os casos opostos – brasileiros que devem no exterior. Viana enfatiza que a diversidade de valores pulveriza a operação e garante uma estrutura preparada para atender desde a cobrança de uma multa de 150 euros até outra de dois milhões de dólares. “Temos dois clientes que ilustram exemplos bastante extremos: o governo italiano e uma companhia de seguros do governo da Coreia do Sul”, destaca o CEO. Os tickets italianos são pequenos e correspondem a multas de trânsito recebidas por residentes brasileiros durante uma viagem à Itália. Já os valores sul coreanos referem-se ao seguro da companhia local para imigrantes que querem abrir um negócio no Brasil. Ainda no mercado doméstico, os próximos passos da Way Back devem focar na maior penetração nos bancos brasileiros com atuação internacional. “Entendemos que o mercado financeiro tem essa necessidade. Hoje, os bancos fazem o trabalho de recuperação por meio da própria agência local, mas caso a agência feche, como aconteceu com algumas do Banco do Brasil na Bolívia, como se cobra?”, questiona o executivo, acrescentando que o objetivo da empresa é alcançar a meta de crescimento de 35% até 2015.•
IDEIAS E TENDÊNCIAS
Faces da Classe Média
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os últimos anos, o Brasil tem passado por profundas transformações. A pirâmide de classes econômicas se transformou em losango com o crescimento da classe média. Hoje, a classe C, como também é conhecida, é composta por cerca de 108 milhões de pessoas que gastaram mais de R$ 1,17 trilhão em 2013 e que movimentaram 58% do crédito no Brasil. Uma parceria entre Serasa Experian e Data Popular possibilitou a realização do mais completo estudo já realizado no país sobre a classe C, o “Faces da Classe Média”, um retrato dos perfis Batalhadores, Promissores, Experientes e Empreendedores, que a compõem. Os promissores totalizam 19% da classe média e formam um grupo composto por jovens, com média de idade de 22,2 anos. Os solteiros são maioria (95%), 59% têm ensino médio completo e 57% têm emprego com carteira assinada. Ainda, 72% acessam a Internet. O grupo consome R$ 230,8 bilhões e seus membros são mais propensos em gastar em beleza, veículos, educação, entretenimento, itens para casa e tecnologia. Já os Batalhadores representam 39% da classe média, idade média de 40,4 anos e 48% possuem ensino fundamental completo. Os solteiros somam 72%, 49% possuem registro profissional com car-
Juliana Azuma Superintendente de Marketing Services da Serasa Experian
teira assinada e 41% acessam a Internet. Esse grupo é o que anualmente destina a maior verba para consumo: R$ 388,9 bilhões. Membros desse grupo gastam seu dinheiro em turismo nacional, veículos, eletroeletrônicos, imóveis, móveis, eletrodomésticos e seguros. Experientes é o perfil composto por 26% da classe média, com consumidores com idade média de 65,8 anos. Entre eles, 41% são viúvos, 36% de autônomos e apenas 7% com acesso regular à Internet. Do total, 59% têm ensino fundamental. Seu consumo anual é de R$ 274,0 bilhões e está relacionado a turismo nacional, eletroeletrônicos, serviços de saúde, móveis e eletrodomésticos.
O grupo dos Empreendedores abrange 16% da classe média, com 42% cursando ou já tendo concluído o ensino médio. Além disso, também, 60% acessam a Internet, a idade média é de 43 anos e 43% deles têm carteira assinada. Seu consumo anual é de R$ 276 bilhões, com investimentos em educação, eletroeletrônicos, turismo internacional, tecnologia, veículos e entretenimento. Para se ter uma ideia, se a classe C formasse um país, seria o 12º do mundo em população e o 18º em consumo. Ao se conhecer melhor essa classe é possível empreender novas frentes de consumo e abordar com precisão esses mercados, gerando ofertas adequadas para cada perfil. •
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é débito ou crédito, senhor?
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As máquinas de cartão invadiram o comércio de rua e até das praias. Se, há alguns anos a imagem de um comerciante oferecendo o aparelho para pagamento no meio do deserto era motivo de brincadeira, atualmente a cena está bem próxima da realidade.
Por Camila Balthazar
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movimentado bairro empresarial Vila Olímpia, em São Paulo, reúne milhares de executivos durante a semana, que transitam principalmente no horário do almoço e fim de expediente. Nas ruas mais acessadas, vendedores ambulantes montam e desmontam suas barraquinhas diariamente. Seja oferecendo óculos escuros, CDs, DVDs ou artigos para celular, diferentemente da realidade encontrada há alguns anos, quando o uso do dinheiro vivo era a única opção de pagamento, atualmente o verdadeiro desafio reside em encontrar um vendedor que não tenha sua máquina de cartão sem fio operando nas funções débito e crédito. Denilson Vieira Batista é um deles. Aproveitando a tendência dos food trucks que já são febre nos Estados Unidos e começam a ganhar espaço no Brasil, ele montou sua van personalizada de fast food itinerante, vendendo temakis e sanduíches naturais em parceria com mais três colegas. Batizada de Oba! Temakeria, o negócio já nasceu com a opção de pagamento com cartão. “Se não tiver a maquininha, perde a venda. De cada 10 clientes, cerca de sete passam o cartão, especialmente no débito”, afirma Batista. Alguns passos mais adiante está Paulo Santana, vendedor de óculos há um ano. No momento da entrevista, ele comemorava o oitavo dia de posse da máquina de pagamento eletrônico e os resultados já eram percebidos. “Antes eu vendia uns 12 óculos por dia, agora vendo 20. Vale a pena pagar os R$126,00 mensais pelo aluguel e pelas taxas das transações”, comenta Paulo. Os casos de Denilson e Paulo comprovam que o brasileiro, hoje em dia, realmente pode comprar um pastel na feira com cartão. O meio de pagamento eletrônico se incorporou ao modelo de negócio de microempresas, empreendedores individuais e até no comércio informal de maneira
Van personalizada de fast food itinerante da Oba! Temakeria.
irreversível e a aceitação do dinheiro de plástico tornou-se decisiva para o faturamento desses comerciantes. O crescimento pode ser explicado pela estabilização econômica, aumento do poder de compra e popularização do crédito entre classes D e E, além da facilidade de obtenção das “maquininhas”. Hoje, basta comprovar a categoria de autônomo que as instituições financeiras liberam os equipamentos. Os números ratificam esse crescimento. De acordo com a pesquisa da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e Serviços) em parceria com o Datafolha, realizada em 2013, 64% dos estabelecimentos comerciais aceitam cartão. O estudo considerou empresas de pequeno a grande porte. Outra pesquisa do SPC Brasil e CDL sobre comércio informal revelou que um em cada 10 empreendedores dessa categoria adotam o meio de pagamento eletrônico. O volume transacionado também é expressivo. Segundo o diretor-executivo da Abecs, Ricardo Vieira, antecipa que a estimativa da instituição sobre o valor transacionado durante todo o ano de 2013 tenha sido em torno de R$ 850 bilhões. Segundo o indicador mensal por ramo de atividade da Abecs, entre os meses de janeiro e junho de 2013, a categoria
“outros serviços e profissionais liberais” movimentou R$ 213 milhões em todo o Brasil. “Hoje, os cartões já representam 26,2% do consumo das famílias no Brasil. É uma fatia considerável, mas basta uma comparação com mercados mais maduros, em que esse índice chega a ser o dobro, para notar que os cartões ainda têm muito espaço para crescer no país”, comenta Vieira, destacando que a aceitação dos cartões – que já é ampla – está crescendo ainda mais. “Nichos e ramos de atividade que antes não trabalhavam com esse meio de pagamento já estão aderindo, como profissionais autônomos, microempreendedores individuais, empresas de entretenimento e bancas de jornal”, exemplifica.
Vantagens para os dois lados A penetração nesses segmentos comerciais impacta positivamente os diferentes envolvidos no processo de pagamento eletrônico. O diretor do segmento de Cartões de Crédito e Varejo da Serasa Experian, Danilo Nascimento, ressalta as decorrências da maior inserção de profissionais autônomos no universo dos cartões. “Da ótica do consumidor, as máquinas de cartão oferecem mais praticidade, conveniência, acessibilidade, flexibilidade para comprar, Credit Performance
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Outras opções
Danilo Nascimento Diretor do segmento de Cartões de Crédito e Varejo da Serasa Experian
além da segurança de não precisar andar com dinheiro. Para os profissionais, gera conquista e fidelização de clientes, mais vendas, segurança de recebimento, inserção social e econômica devido ao acesso à crédito e linhas destinadas aos pequenos PJ e autônomos”, pontua. O taxista Arnaldo Felipe trabalha nas ruas de São Paulo desde 1995, porém há seis meses utiliza o aparelho. O volume de cheque sem fundo acumulado em casa pesou na decisão. “As pessoas pegavam a corrida e pagavam com cheque. Eu já tinha uns 15 sem fundo, somando aproximadamente R$ 600,00”, conta. Outra razão para entrar no mundo do cartão são os aplicativos de celular usados para chamar táxi. De acordo com ele, de todas as corridas feitas pelo aplicativo, 80% delas são pagas com cartão. “Nunca imaginei que ia passar maquininha dentro do táxi. Muitos colegas estão aderindo também pela chegada da Copa do Mundo”, revela Felipe. A economia também sai ganhando. Segundo o diretor da Serasa Experian, a inclusão das máquinas de cartão nas ruas formaliza a atividade, gera inserção tributária e social, uma vez que regulariza a situação profissional do autônomo, garante mais crédito com menos inadimplência devido ao fato de viabilizar a comprovação de renda e o consequente acesso às linhas de crédito competitivas, revertendo todo esse ciclo virtuoso em expansão do negócio. • 20
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Além das tradicionais máquinas de cartão, algumas novidades do mercado de pagamento eletrônico surgem como alternativas a esses comerciantes. É o caso do pagamento eletrônico pelo celular, telefone fixo ou internet. “Uma tecnologia nova assusta, mas com o passar do tempo as pessoas se acostumam”, analisa o professor de Economia da IBE-FGV, João Mantoan, expondo que a tendência de pagamento via celular já é realidade. “Num futuro muito próximo, teremos o próprio celular lendo o cartão e automaticamente fazendo o débito em conta ou compra a crédito. Isso vai entrar no dia a dia de maneira intensa”, expõe. A PagPop é uma das empresas que oferecem tecnologia para o pequeno comerciante passar o cartão em um chip inserido no próprio celular ou via central telefônica, reduzindo os gastos com mensalidade. Atualmente há mais de 70 mil clientes em todo o Brasil, sendo que a meta para o fim de 2014 é atingir 140 mil. “Enquanto as gran-
Márcio Campos Fundador e CEO da PagPop.
des redes de máquinas de cartões têm 1 milhão e 800 mil pontos de venda, nosso mercado tem um target de 20 milhões de pessoas que vendem e precisam aceitar cartão. A solução ligada ao celular é mais barata e com maior usabilidade. Como é um negócio novo, o meu próprio cliente faz pequenos testes para ver se realmente vai receber. No momento em que gera conforto, nosso volume transacional aumenta significativamente”, explica Márcio Campos, fundador e CEO da PagPop.
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PREVISÕES PARA UM ANO DE GRANDES ACONTECIMENTOS Líderes e especialistas traçam as expectativas e os rumos da economia para o Brasil em 2014, ano que todos os olhos estão voltados para o país com a chegada da Copa do Mundo e das Eleições presidenciais.
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uitos já estão dizendo que 2014 no Brasil será o ano dos três carnavais, por conta da Copa do Mundo e das Eleições presidenciais. Os brasileiros terão um ano bastante atípico, com menos dias úteis e com uma economia que mostra sinais de recuperação. As expectativas são de melhora e a torcida é grande para que a crendice popular de que, depois da tempestade vem a bonança, seja a mais pura verdade. O país passou por ajustes em 2013, o governo teve que conter a inflação controlando a demanda, subindo a taxa de juros. O resultado foi uma concessão de crédito mais assertiva e uma consequente queda nos índices de inadimplência desde o último ano. E o que esperar de 2014? De acordo com a ata do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central no último mês de março, há uma visão otimista para economia brasileira. Mesmo com a inflação resistente, elevação da taxa básica de juros (Selic) para 10,75% ao ano e a possível desaceleração na concessão de crédito, o BC enxerga um cenário em que o consumo continua em crescimento, porém em ritmo mais moderado do que o observado em anos recentes. O Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, tem afirmado em seus discursos que a meta de inflação do Brasil, de 4,5%, pode ser reduzida e que essa é a grande ambição da instituição. “De fato, a economia desacelerou, mas estamos conseguindo gerar empregos. O desemprego é um fantasma que ronda muitas economias, mesmo as que estão crescendo, e não padecemos disso aqui”, ressaltou Tombini em entrevista recente à Revista Exame. O Presidente acrescentou que mudanças são necessárias. “Também precisamos destravar o investimento e resolver os gargalos de infraestrutura para ampliar nossa capacidade de crescer sem pressionar a inflação. Podemos enxergar este momento como oportunidade de nos ajustar e aumentar a produtividade da economia”.
Por Cris Moraes
Para o economista e doutor da FGV, Samy Dana, ainda teremos um período difícil, muito parecido com 2013, mas que se movimenta para uma melhora que será percebida a partir de 2015. “O índice de confiança do empresário continua baixo e todos estão esperando para ver para onde o país vai para poder investir e expandir. Além disso, teremos menos dias úteis, o que prejudica a produção”, defende Dana. O professor de Economia da ESPM Rio, Roberto Simonard, espera que a Copa e as eleições tragam um aumento da demanda agregada de consumo. “Vamos receber turistas. É importante lembrar que a Fifa divulgou que houve recordes de venda de ticket”, acentua. Por outro lado, as eleições federais vão gerar um aumento do gasto público, forçando um aumento da inflação. “Vejo que 2014 será melhor que 2013, com expectativas mais positivas de crescimento. Temos que lembrar que o país ainda está em desenvolvimento”, acentua o professor. Conversamos com líderes, economistas e empresários para ouvir suas opiniões e cenários para esse ano de grandes expectativas. Alguns estão cautelosos, outros bastante otimistas e ainda há aqueles que não enxergam com bons olhos os movimentos lentos da economia, que, segundo eles, precisa de ajustes. Em uma coisa todos concordam: mesmo que o crescimento do PIB fique entre 2% e 2,5%, a aposta da maioria, o Brasil deve estar em melhores lençóis em 2014 do que no último ano. A verdade é que praticamente todos querem deixar o ano 13 - para muitos associado a um número de azar - no passado e decolar para um novo plano de voo, com maior tranquilidade, sem grandes turbulências, rumo a um céu de brigadeiro que está sendo previsto para 2015 ou 2016.
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O QUE OS LÍDERES ESPERAM PARA OS SEUS SETORES EM 2014
CRéDITO A Serasa Experian enxerga que 2014 será tão difícil quanto o último. “Será um ano de ajustamento e correção de alguns desiquilíbrios que se acumularam nos últimos tempos”, comenta Luiz Rabi, economista da Serasa Experian. Para ele, a expectativa é que o Brasil tenha um crescimento de 2% do PIB, mas que 2015 seja provavelmente um ano melhor. “Se o novo governo sinalizar com uma política econômica mais controlada, pode animar o Banco Central de baixar as taxas de juros e começamos a ter um crescimento melhor”, acrescenta. Luiz Rabi Economista da Serasa Experian.
Na visão da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (ACREFI), o cenário in-
ternacional e local desenha um período de transição e não existem expectativas de grandes mudanças na política econômica por conta das eleições. “Os bancos passaram por uma aversão ao risco desde 2012, apertaram os modelos de crédito e o consumidor percebeu que com a alta da inflação não tinha mais dinheiro, precisando de uma reestruturação para voltar ao equilíbrio financeiro. Tivemos um ajuste na demanda e oferta. A boa notícia é que temos um consumidor melhor preparado para tomar crédito”, explica Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi. Mesmo que esse aprendizado tenha sido a duras penas, ele defende que foi importante para quando a economia retomar melhor crescimento (2015/2016). “Teremos um mercado de crédito de melhor qualidade, com bases mais competitivas e um consumidor mais fiel e pagador”, adiciona.
COBRANÇA O Presidente do Instituto GEOC, Egberto Blanco, afirma ser um otimista nato e não acredita que acontecerão grandes percalços na economia com todos esses eventos (Carnaval, Copa e Eleições). “O ano começou de uma forma diferente e com muitas atividades. Tivemos divulgação de balanços de 2013 em alta, inadimplência sem grandes oscilações e crédito se comportando bem. Por conta disso, estamos com uma visão positiva tanto para o crédito
como para a cobrança”, aponta Blanco, confiante de que o varejo continuará muito aquecido e que o pequeno empresário também poderá tirar boas oportunidades do torneio mundial. “O plano econômico deve se manter ao longo do ano e possivelmente só teremos alguma mudança ou aresta para ser aparada após eleições, ou seja, em 2015 ou 2016”, prevê.
Egberto Blanco Presidente do Instituto GEOC
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BANCOS A Associação Brasileira de Bancos (ABBC) vê com bons olhos a redução do comprometimento da renda das famílias ao longo dos últimos meses, com a queda nos índices de inadimplência. “Além desses fatores, há também o aprimoramento na gestão de riscos das instituições financeiras que contribui para a sinalização positiva da inadimplência”, sinaliza Everton Costa, superintendente da Assessoria Econômica da ABBC. Para Carlos Lofrano, diretor da ABBC, o cenário internacional tem um reflexo direto na economia brasileira. “Apesar de o processo de normalização monetária nos Estados Unidos tender a beneficiar a economia global, o ajuste vem trazendo alguns solavancos às econômicas emergentes. O principal desafio para as autoridades econômicas é de que a transição seja a mais suave possível”, acrescenta Lofrano.
Para a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o PIB avançará 2,1%. Segundo 64% dos economistas, das 26 instituições financeiras consultadas, existe possibilidade de novas revisões para baixo das perspectivas de crescimento em 2014. Também refletindo os dados recentes, as previsões para inflação oficial (IPCA) recuaram ligeiramente no curto prazo, passando a 5,7% em 2013 – ante 5,9% na pesquisa anterior, de outubro, mas permaneceram em 5,9% para 2014. De acordo com 60% dos economistas, a Selic encerrará 2014 em nível igual ou superior a 10,50% ao ano (a.a.), enquanto 40% preveem apenas mais uma nova elevação de 0,25 p.p. na próxima reunião do Copom, encerrando 2014 em 10,25% a.a..
Carlos Lofrano Diretor da ABBC Everton Costa Superintendente da Assessoria Econômica da ABBC
INDÚSTRIA De acordo com o Presidente da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, a rotina das indústrias não será alterada pelos três grandes eventos e, mesmo que eles não contribuam para um crescimento efetivo do país, serão importantes para mostrar o potencial do Brasil ao mundo.
Paulo Skaf Presidente da FIESP
“O Carnaval já faz parte do nosso cotidiano e podemos dizer que é uma parada saudável para repor as energias para levar o nosso trabalho e o país em frente no resto do ano”, diz Skaf. Já a Copa será um evento grandioso, que vai colocar o Brasil no centro do mundo. “Vai mostrar a grandeza do nosso país, a qualidade da nossa indústria, do nosso comércio e dos nossos serviços. O mundo vai conhecer a qualidade da nossa gente e da nossa cultura. Será também uma oportunidade para as empresas se globalizarem”, assinala.
O Sindicato da Micro e Pequena Indústria de São Paulo (Simpi) também projeta um crescimento do PIB de 2% para esse ano e diz que o empresário está otimista, mas cauteloso. “Se a Copa for pacífica será uma oportunidade de ouro para colocar o Brasil como potencial. Por outro lado, se for violenta, será um fechamento de portas para o país. Por isso esperamos que seja apenas uma festa do futebol e do esporte”, aponta Joseph Couri, Presidente do Simpi. Para ele, a eleição é outro grande evento. “A democracia deve ser valorizada e preservada em um país”, argumenta. O Presidente também prevê que 2014 será um ano de crescimento para os setores de alimentação, bebidas e serviços. “Quem fizer coisas diferentes terá grandes oportunidades para ganhar dinheiro. O micro empresário que é otimista por natureza vai encontrar nichos para maximizar resultados na Copa”, complementa.
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COMÉRCIO
O Assessor Econômico da Fecomércio São Paulo, Fábio Pina, acredita que 2014 será uma réplica de 2013, com o diferencial da Copa do Mundo no meio. “De forma geral, a economia brasileira não foi bem. O setor industrial continua patinando, o consumo deixou de crescer e o crédito também desacelerou”, avalia. Em sua opinião, é preciso uma reforma fiscal, redução de gastos públicos e de tributos, aumento de eficiência dos serviços públicos, redução da burocracia, mudanças que aumentam as garantias dos investidores, maior segurança jurídica e um modelo de concessões que estimule a iniciativa privada a investir nos projetos de infraestrutura do Brasil. “Infelizmente, nada disso será feito em 2014. Por outro lado, não há porque imaginar que a situação se deteriore muito”, declara o assessor. Para a CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), o modelo de incentivos ao consumo está perdendo efeito no país e, por isso, as vendas a prazo em
2014 devem crescer 4%, pouco menos que em 2013, já descontada a inflação. “Até 2012, o cenário macroeconômico foi muito favorável para o comércio. As medidas adotadas pelo governo para estimular o mercado interno frente à crise econômica global foram bem sucedidas, mas o ciclo de crescimento do varejo em patamares chineses ficou para trás e agora estamos com um crescimento mais modesto, ainda que superior ao PIB nacional”, afirma o Presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior. “Para 2014, projetamos uma taxa de inadimplência semelhante a do ano passado, mas com viés de alta, uma vez que pela primeira vez em vários anos a perspectiva é de uma inversão no panorama positivo do mercado de trabalho”, afirma Roque Pellizzaro Junior. Quanto à realização da Copa do Mundo, o Presidente acredita que nem todos os setores sairão lucrando de igual maneira. O comércio de alimentos, bebidas, supermercado e produtos eletrônicos devem ser mais po-
Fábio Pina Assessor Econômico da Fecomércio São Paulo
sitivamente impactados do que outros, como os de vestuários e calçados, que vendem a prazo.
AUTOMÓVEIS Para Luiz MoanYabiku Junior, Presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), os resultados de 2013 foram positivos, mas a indústria tem muitos desafios para superar. “Hoje, o Brasil é o quarto maior mercado no mundo, mas apenas o sétimo maior produtor. E para subirmos nesse ranking,
teremos que melhorar nossas condições de competitividade. As 3,74 milhões de unidades produzidas em 2013 superaram em 9,9% as 3,40 milhões de 2012. A associação projeta para 2014 o aumento de 0,7% na produção, 1,1% no licenciamento, 2,1% nas exportações em unidades e 2,6% nas exportações em valores.
Luiz Moan Yabiku Junior Presidente da Anfavea
IMÓVEIS O Secovi (Sindicato da Habitação) de São Paulo também prevê um crescimento interessante para esse ano, já que em 2013 foram surpreendidos com um crescimento acima do previsto. Claudio Bernardes, Presiden26
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te do Secovi-SP, diz que 2014 é um ano complicado para avaliações por conta da Copa do Mundo e eleições, que criam um ambiente diferente dos anos anteriores. “Se por um lado a Copa poderá causar certa diminuição nos negócios, durante sua realização, o fato de termos eleições provavelmente fará com que o governo se empenhe para que a economia seja dinamizada. Diante disso, poderíamos apostar em mais um ano de crescimento para a
indústria imobiliária, talvez entre 5% a 10%, o que será positivo não só para o nosso mercado, mas para a economia brasileira”, aponta Bernardes. Já os financiamentos para compra e aquisição de imóveis deverão ter um crescimento mais moderado em 2014 do que no último ano. A Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança) estima alta de 15% nos empréstimos, totalizando R$ 126 bilhões.
SHOPPINGS Com mais de 38 novos empreendimento em operação e uma média 415 milhões de visitantes mensais, o mercado de shopping centers brasileiro registrou, em 2013,alta de 8,6% nas vendas em relação ao ano anterior, atingindo total de R$ 129,2 bilhões. Segundo a Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers), a expectativa para o setor nesse ano é de 8,3% no aumento das vendas. “Os shopping brasileiros atravessaram mais um ano de crescimento acima do comércio varejista e da inflação. Um
dos segmentos que mais sustentaram seu desempenho foi o de alimentação, o que pode ser atribuído ao aumento do poder aquisitivo da população e a conveniência oferecida pelos centros de compras”, comenta Luiz Fernando Veiga, Presidente da Abrasce, que acredita na continuidade do cenário favorável para o setor e prevê a inauguração de mais 40 shoppings até o final do ano, 30 deles em cidades que não são capitais.
VAREJO E SUPERMERCADOS trar contínua recuperação no segundo semestre de 2013, o varejo desacelerou em dezembro, mas apresentou números positivos de crescimento no ano.
Flávio Rocha Presidente do IDV
As expectativas dos associados da IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo) indicam aumento no ritmo de crescimento, com alta de 6,4% em relação a janeiro de 2013, 9,7% em fevereiro e 6,9% em março. No último ano, depois de mos-
De acordo com um estudo do IDV, as vendas em dezembro registraram aumento de 4,2%, em comparação com o mesmo mês do ano anterior, fechando 2013 com crescimento anual de 4%. Um dos fatores que contribuiu para a queda de ritmo de crescimento em dezembro foi a postergação de compras para o primeiro mês de 2014, devido às grandes promoções e liquidações do varejo, que já se tornaram tradição. A preocupação com o aumento das taxas de inflação também é um elemento que impactou as vendas de dezembro. “Sempre que há uma mudança no ritmo da inflação, o consumidor tende a ter uma postura mais conservadora em suas compras”, analisa Flávio Rocha, Presidente do IDV. O setor supermercadista também se
mantém otimista para 2014. No último ano, o segmentoconseguiu resultado acima das expectativas iniciais lançadas pela Abras (Associação Brasileira de Supermercados), que, em sua primeira projeção, no início do ano passado, esperava um resultado de 3,5% no ano e que foi revisada para 4,5% em agosto.“As vendas do setor conseguiram atingir um resultado acima de nossas expectativas iniciais no ano passado. É um resultado para se comemorar, pois é, sem dúvida, um dos melhores desempenhos entre os diversos setores da economia brasileira em 2013”, afirma o Presidente do Conselho Consultivo da Abras, Sussumu Honda. “Em 2014, esperamos um ano muito parecido com o de 2013, com o PIB crescendo pouco, mas com a manutenção dos baixos níveis de desemprego. Diante deste cenário, calculamos mais um ano de crescimento para o setor, próximo a 3%”, afirma Honda.
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Serasa Experian apresenta nova solução para combater a indústria da fraude online Fraudes foram da ordem de R$ 2,3 bilhões no país em 2013; prejuízos com transações fraudulentas são potencializados durante a Copa do Mundo.
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o Brasil, as fraudes totalizaram R$ 2,3 bilhões em 2013, dos quais R$ 1,2 bilhão foi em tentativas de fraude offline mais conhecidas como roubo de identidade, e aproximadamente R$ 500 milhões em e-commerce e R$ 600 milhões em Internet banking, estima a Serasa Experian. De acordo com dados de mercado, no país, 30% dos usuários de cartões de crédito já sofreram fraude, o que torna o Brasil o quinto no ranking mundial desse tipo de golpe, atrás de Estados Unidos (37%), México (37%), Emirados Árabes (33%) e Reino Unido (31%). Já na web, os golpes são aplicados principalmente nas compras de produtos eletrônicos, passagens aéreas, Internet banking e serviços. E de golpes o norte-americano e ex-fraudador Frank Abagnale Jr. entende bem. Depois de cinco anos preso, foi solto sob a condição de que ajudaria o governo federal de seu país, ensinando a combater a fraude e dando apoio a agências federais. Abagnale é colaborador do FBI há 35 anos. O personagem de Leonardo DiCaprio no filme “Prenda-me Se For Capaz” foi inspirado em sua história de vida. O ex-gênio do crime hoje é conselheiro da 41st Parameter, empresa do Grupo Experian líder de mercado no mundo em tecnologia de identificação de dispositivos e detecção de fraude na web. Por isso, a Serasa Experian convidou Abagnale e lançou no Safety, sua nova solução para garantir a segurança nas 28
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interações pela Internet. O evento também contou com a presença de Ori Eisen, referência mundial em ferramentas antifraude na Internet e fundador da 41st Parameter. O Safety é uma solução que traz segurança a interações não presenciais. Trata-se de uma ferramenta de decisão para detecção de fraudes transacionais como no e-commerce, solicitações de cartão de crédito e abertura de conta via web ou no Internet banking, entre outros. Por ser uma plataforma de decisão, ela avalia, em tempo real, fatores de risco como a reputação do dispositivo que acessou a conta, as informações cadastradas da proposta, o comportamento do usuário que está fazendo a proposta e diversos outros sinais de atividades que não são usuais. A ferramenta aponta o risco da transação e quais inconsistências foram detectadas pelas mais de 450 regras que podem ser configuradas. Este processo, que possui tecnologia patenteada, permite, de forma assertiva, identificar e diferenciar os diversos dispositivos que estão acessando uma conta, inclusive detectar possíveis malwares. A solução é totalmente transparente para o consumidor. O Safety é de rápido acesso e fácil de ser operado, e o retorno sobre investimento (ROI) já pode ser obtido a partir de 45 dias. Só no ano passado, o Safety economizou US$ 500 milhões para seus 10 principais clientes globais. A solução é a mais completa do mercado mundial e já é usada pelos maio-
res bancos, varejistas e pelas principais companhias aéreas para a compra de passagens e uso de pontos em programas de milhagem. Já no Internet banking, a solução identifica, por exemplo, se há um fraudador que aproveita a conexão do usuário e entra juntamente com o correntista na conta. Fraudes durante a Copa do Mundo Em 2010, a Copa do Mundo da FIFA na África do Sul atraiu grande quantidade de turistas, o que gerou um aumento significativo no volume de transações comerciais. Alguns desses turistas, ao aproveitar despreocupadamente a viagem e buscar produtos e serviços ligados ao evento, tiveram seus dados de cartão de crédito roubados e usados de forma fraudulenta. A perda bruta em cartões de crédito devido à fraude aumentou 53% em 2010 na África do Sul. No Brasil, sede da próxima edição do torneio, empresas que operam online como varejistas e companhias aéreas precisam estar preparadas para a rápida e consistente detecção de fraude, a fim de proteger suas operações, mitigar riscos e garantir o sucesso e os lucros no melhor período de vendas de 2014. Indústria internacional comanda fraude e brasileiros capturam informações Segundo os especialistas na indústria internacional de fraude convidados pela Serasa
Experian, os golpistas brasileiros capturam as informações cadastrais, números de CPFs e números dos cartões de crédito dos consumidores e vendem em leilões na Internet por valores que, de acordo com a quantidade de informações disponíveis, da bandeira do cartão e também do status (ouro, platinum, internacional), disponibilidade de senha, entre outros, podem variar de R$ 5,00 a R$ 300,00. Rússia, Vietnã, Gana, Nigéria, Romênia, Estados Unidos e Brasil estão entre os principais países da indústria da fraude na web. O Brasil, por sinal, é um dos países onde mais ocorrem fraudes. Os dados são comprados por criminosos e utilizados em transações não presenciais fraudulentas. “Com o Safety, a Serasa Experian apoia as empresas dos diversos segmentos que atuam no Brasil e no mundo no combate à fraude na web, principalmente no cenário com que nos deparamos do uso cada vez maior do mobile como plataforma principal de interação entre empresas e consumidores”, disse Ricardo Loureiro, Presidente da Serasa Experian. “Dessa forma, as empresas estarão aptas a realizar melhores negócios e maximizar o lucro de suas operações, proporcionando uma excelente experiência também ao consumidor, que poderá executar ações pela Internet com mais tranquilidade e segurança.”•
O Brasil é o único país do mundo que possui um selo que atesta os padrões de qualidade das empresas de recuperação de crédito Melhoras contínuas, seguimento aos códigos de conduta, gestão de qualidade, segurança da informação são alguns dos critérios utilizados pela Fundação Vanzolini da Universidade de São Paulo na avaliação. As principais empresas de cobrança do país têm investido pesado para melhorar os processos internos e a qualidade da abordagem dos clientes, através do treinamento dos funcionários e da realização de auditorias regulares. Atualmente, o Selo de Qualidade do Instituto GEOC – Gestão de Excelência Operacional em Cobrança – é a consolidação desse padrão de qualidade e serve de modelo para países do mundo todo. “Nossa certificação, que surgiu para aprimorar as atividades do setor, demonstra para o mercado que as empresas inseridas no Instituto compartilham das melhores práticas de gestão”, explica o diretor do IGEOC, Jefferson Frauches Viana. O Selo foi criado em 2006, em parceria com a Fundação Getúlio Vagas (FGV), que desenvolveu um Caderno Específico para o segmento, com 52 itens a serem analisados dentro das
empresas de cobrança. A avaliação é feita pela Fundação Vanzolini, da USP, referência internacional em excelência de processos de produção. Entre os itens avaliados estão: cultura de melhorias contínuas, obediência aos códigos de conduta e legislações pertinentes, estratégia de investimento, política de confidencialidade, gestão da qualidade, política de treinamento, programa de retenção de talentos, segurança da informação, gestão dos indicadores de recuperação, entre outros. “As auditorias são realizadas a cada dois anos, com uma análise documental e outra presencial”, explica o auditor da Fundação Vanzolini, José Pinto Ramalho. Ele esclarece ainda que, além do resultado, a empresa recebe um relatório com a indicação das possíveis melhorias dentro de cada um dos 52 itens avaliados, para que o processo ganhe
a nota possível de excelência. Mensalmente, as empresas certificadas recebem também um relatório de Benchmarking, que é uma espécie de termômetro. “O documento avalia o desempenho das empresas comparando-a as demais associadas. Uma queda nos resultados pode significar falha em algum processo. É possível identificar e corrigir o problema imediatamente”, revela Ramalho. Visando manter a adequação as modernas práticas do mercado o Selo de Qualidade do IGEOC é revisado a cada dois anos e está atualmente na terceira geração. Atualmente, o IGEOC tem 16 empresas certificadas. “É um investimento constante na busca de soluções inovadoras, fundamentais para o fortalecimento da indústria de crédito e cobrança”, conclui Jefferson Frauches Viana. •
CALENDÁRIO DE EVENTOS CMS 2014:
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2º Congresso Regional de Crédito e Cobrança Norte e Nordeste Fortaleza 10 de Abril 2014 Brasil | Fortaleza
15 maio
1º Congresso Regional de Crédito e Cobrança Curitiba 15 de Maio 2014 Brasil | Curitiba
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Seminário Internacional com Astrid Rial (EUA) 29 de Maio 2014 Brasil | São Paulo
abril
maio
21
agosto
1º Congresso Regional de Crédito e Cobrança Belo Horizonte 21 de Agosto 2014 Brasil | Belo Horizonte
outubro
10 º Congresso Nacional de Crédito e Cobrança 21 e 22 de Outubro de 2014 Brasil | São Paulo
nov
1º Congresso Regional de Crédito e Cobrança Salvador Novembro 2014 Brasil | Salvador
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Mais informações: www.cmspeople.com
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Destaques
gastador,
poupador ou
investidor?
Queda nos índices de inadimplência e recordes de captação na poupança: serão sinais de que o brasileiro está mais cauteloso ou ainda explora pouco o leque de opções de investimento? Por Cris Moraes
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N
esse ano, o Brasil completa duas décadas do Plano Real. Só quem viveu na pele os anos de hiperinflação sabe o quanto era frustrante chegar ao supermercado e ouvir o barulho das máquinas remarcando preços várias vezes ao dia. Era impossível planejar ou guardar, senão o salário do mês se via reduzido a pó. Com a estabilidade da moeda e a inflação controlada, desde 1994, os brasileiros passaram a viver em um novo patamar de tranquilidade e puderam pensar em poupar, gastar de forma planejada e também investir no futuro. Ao mesmo tempo, com o aumento do poder de consumo e do estímulo ao crédito, efeitos adversos da segurança econômica surgiram, como é o caso do nível de endividamento da população, que ainda preocupa o mercado e requer vigilância constantes. Entretanto, a notícia do balanço recorde de poupança em 2013, divulgada pelo Banco Central no início do ano, leva a pensar se realmente o perfil financeiro da população está mudando. Afinal, o brasileiro é mais gastador, poupador ou investidor? Segundo o fechamento do ano passado, a poupança rendeu um total de R$ 71 bilhões, resultado 42,9% superior ao registrado em 2012, quando ingressaram na caderneta R$ 48,71 bilhões – valor que era até então o maior já captado desde o início da série histórica do Banco Central. Em fevereiro de 2014, a poupança já comemorava seu 24º mês seguido de captação líquida de recursos. Os depósitos superaram os saques nesse mês em R$ 1,859 bilhão. Segundo Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da ANEFAC (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), dois fatores estão contribuindo para um incremento da poupança. “Um dos motivos é a mudança no perfil do poupador. Se olhar para trás,
o brasileiro era mais imediatista. Desde 2008 (ápice da crise econômica mundial), uma grande parcela da população mostrou que tem uma preocupação com o futuro. Colocou o pé no freio dos gastos, passou a ponderar”, explica Oliveira.
Poupar é o primeiro passo Um aspecto importante que influi diretamente no nível de investimento do brasileiro é o endividamento das famílias. A ANEFAC realizou um estudo que mostra que, em anos anteriores, as pessoas não economizavam e entravam no vermelho. “De uns anos para cá, passaram a guardar uma parte de seus rendimentos e, como 2013 foi um ano difícil, gastaram menos e pouparam mais”, aponta Oliveira, para quem o Brasil vivenciará em breve o que já acontece nos Estados Unidos: a migração da renda fixa para a renda variável em busca de maior rentabilidade. Para Raymundo Magliano Neto, economista e Presidente da Magliano Corretora, o primeiro passo é começar a poupar. “Quando conseguir acumular mais de R$ 10 mil, pode-se pensar em produtos de renda fixa e, a partir de R$ 50 mil, em renda variável. O importante é ter uma reserva mínima de oito salários para emergência, como perda de emprego ou problema de saúde, e não existe destino melhor para essa fatia do que a poupança”, defende o economista. Na análise de Vera Rita de Mello Ferreira, consultora em Psicologia Econômica e professora da FIPECAFI (USP), os números crescentes da poupança também mostram que o avanço do crédito através do consumo não estava sustentável e que as pessoas começaram a ficar sem dinheiro. “O gastador é como o hipertenso. Não adianta dizer que ele deve consumir menos sal. Tem que tirar o saleiro da mesa”, enfatiza. “Muita gente não aprendeu a poupar, mas deixou de gastar pela falta de dinheiro”, acrescenta. Na opinião da professora, com a estabilização da moeda, surgiu uma geração que já entendeu a importância de economizar e consegue se programar para consumir. Nessa questão, a caderneta de poupança
Miguel José Ribeiro de Oliveira Diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da ANEFAC (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade)
acaba sendo uma alternativa mais fácil para guardar dinheiro, independentemente do retorno. “O ser humano busca o que é conhecido e familiar. A tendência psicológica é não explorar novas alternativas e, por isso, a poupança sai ganhando. Não precisa ir ao banco, ler ou entender riscos de outros investimentos”, explica.
Um pote para cada objetivo E não é só a poupança que tem crescido como modelo de investimento. Especialistas afirmam que os planos de previdência, tanto PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) e VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) têm sido cada vez mais procurados como alternativa a longo prazo, tanto para a aposentadoria como para a educação dos filhos. Atualmente, são 13 milhões de contratos de previdência privada oferecidos por bancos e seguradoras. Já no ramo da previdência complementar ou fechada, conhecidos como fundos de pensão, são cerca de 324 entidades no Brasil, mais de mil planos e 670 mil ativos/contribuintes, segundo dados da Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar). Antes de optar por uma previdência, por exemplo, é importante pesquisar taxas, seguradoras, regras, etc. Ao contrário dos norte-americanos, os brasileiros não podem gerenciar diretamente sua aposentadoria, optando por fundos e produtos, mas podem Credit Performance
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Destaques
Vera Rita de Mello Ferreira Consultora em Psicologia Econômica e professora da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI/USP)
fazer melhores escolhas quando se trata de longo prazo. “Se você fizer uma previdência com 30 anos pensando na aposentadoria, ou seja, para daqui 35 anos, pode escolher que uma parte da previdência seja em renda variável, garantindo assim maiores ganhos lá na frente”, ressalta Magliano. A recomendação do economista é separar os investimentos em potes por objetivo, como aposentadoria, educação dos filhos, troca de carro e viagens. “Se for a educação, deve ser renda fixa, senão seu filho não poderá ir para a escola. Agora, se for para uma pós-graduação, já pode correr mais risco e procurar um produto de renda variável, que em longo prazo tem maior rentabilidade”, explica Magliano Neto.
Uma pesquisa realizada pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeira e de Capitais) mostra uma radiografia dos investidores de fundos. Segundo o estudo, a grande maioria, 34% dos investidores, tem renda familiar de R$ 9.600,00 a R$ 19.200,00 e 64% são homens. A dominância masculina também é presente na renda variável.
muito significativa do mercado de capitais. Investir em ações é parte tão arraigada da cultura americana que o mercado acionário. A meta da BM&FBovespa é atingir, até 2018, cinco milhões de investidores pessoas físicas. O prazo inicial para chegar a esse número era 2015, mas foi adiado em razão do mau desempenho do mercado acionário brasileiro nos últimos anos.
Segundo dados da Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa), hoje, 582 mil brasileiros (pessoas físicas) investem em ações – menos de 1% da população que declara renda. A participação dos investidores pessoas físicas na Bolsa de Valores de São Paulo vem caindo desde 2010 e já retornou a patamares de 1998. Até outubro de 2013, este grupo respondia por 15,4% do volume negociado no mercado acionário paulista. É muito pouco comparado a países como os Estados Unidos, onde investidores individuais representam uma parcela
Cultura de investir
A professora Vera Rita avalia que já tivemos uma mudança, mas ainda estamos longe do mundo ideal. “Essa nova geração não tem aquela memória antiga de gastar tudo que recebeu por conta da inflação, mas ainda não construiu uma cultura de investimento de longo prazo”, comenta Vera Rita. Para ela, essa mentalidade vinha crescendo no Brasil, mas, com a crise de 2008 na Bolsa, muitas pessoas se assustaram e acabaram desistindo.
Produtos não faltam O céu é praticamente o limite quando se fala em produtos de investimentos no Brasil. A renda fixa oferece uma gama imensa de produtos, que vão desde fundos, CDI (Certificado de Depósito Interbancário), CDB (Certificado de Depósito Bancário), tesouro direto (títulos públicos) até letras de crédito imobiliário e agropecuário (LCI/ LCA), que recentemente também estão sendo procurados pelos investidores pessoa física por conta do incentivo do governo com a isenção de imposto de renda. 32
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A verdade é que tanto a Bolsa de Valores como outras opções de investimentos, exige prática, habilidade e dedicação, questões que o brasileiro ainda não está habituado. “Sempre fomos muito incentivados a gastar e não a poupar ou investir para o futuro. O percentual de brasileiros que poupa ainda é muito baixo se comparado com países asiáticos ou europeus”, aponta Magliano. Para ele, o brasileiro também ainda lê pouco e não se interessa em estudar ou conhecer os produtos disponíveis.
Raymundo Magliano Neto Economista e Presidente da Magliano Consultoria
Magliano Neto defende que só teremos uma mudança de patamar no Brasil com educação financeira. “Iniciativas, eventos e programas nas escolas devem continuar e evoluir para alcançar um número cada vez maior da população. Se o investidor tiver educação e conhecimento, poderá fazer melhores escolhas de investimento”, finaliza.•
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Mercado na Mira
Feirão virtual liquida dívidas Ação relâmpago com foco on-line da Intervalor mirou nas datas de recebimento das parcelas do décimo terceiro e renegociou dívidas de 30 mil pessoas. Por Cristiane Moraes
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evo, não nego. Pago quando puder”. Essa é a frase mais conhecida quando o assunto envolve dívidas do brasileiro. Várias pesquisas já mostraram que o nome limpo é considerado o maior patrimônio das pessoas. Então o que falta para liquidar as dívidas além de dinheiro? Facilidade e praticidade. Foi pensando nisso que a Intervalor, empresa com mais de 14 anos no mercado de recuperação, desenvolveu o projeto Virada do Crédito, um evento virtual com o objetivo de incentivar a quitação de dívidas, com duas edições em 2013, ambas focadas na data de recebimento da parcela do décimo terceiro salário.
O diretor Comercial e de Marketing da Intervalor, Phelipe Alvarez, diz que a ação relâmpago - que envolveu a participação de 10 empresas dos segmentos de construção civil, TV por assinatura, planos de saúde, bancos e financeiras - foi pioneira no mercado envolvendo atendimento 24 horas, tanto pela internet quanto pelo telefone. “Foi nossa primeira experiência e desenvolvemos todo o sistema, site e campanha internamente. Percebemos que precisaríamos sair da caixa e inventar algo diferente e o resultado foi um verdadeiro sucesso”, conta Alvarez. Segundo o executivo, diferentemente de outros feirões, em que o cliente deve ir ao
Mensagem subliminar A campanha estava focada em capturar a primeira parcela do décimo terceiro dos devedores. Inicialmente o timing era de 24 horas, mas, pela procura, acabou sendo prorrogado por 48 horas. Com o sucesso, a Intervalor optou então por uma segunda edição, mirando na segunda parcela do décimo terceiro. A divulgação foi feita a um mailing de 150 mil pessoas, por SMS e email marketing com conteúdo original e criativo.
Os resultados surpreenderam: nas duas edições da Virada, 96 mil se mostraram interessadas na renegociação de suas dívidas, sendo que 29.563 finalizaram o processo. “Já na primeira ação tivemos um incremento de 45% na quantidade de clientes que pagaram as dívidas naquele mês e 35% em valor de recuperação. Constatamos que o êxito da campanha não resultou somente do rendimento extra do décimo terceiro, mas da forma facilitada de negociar e pagar”, defende o diretor, que não descarta a realização de novas edições do Feirão Virtual.
Foco em inovação A iniciativa reforça a estratégia da Intervalor de inovar para garantir um crescimento constante, que, nos últimos três anos, gira em torno de 25% a 30%, e a ampliação de segmentos atendidos, como saúde e construção civil. Para 2014, a expectativa é mais conservadora (20%), pois será voltada à consolidação dos negócios iniciados em 2013 e de maior penetração nos setores de financiamento educacional e imobiliário. Alvarez também adianta que, entre as novidades previstas, está o lançamento de um local para realizar a negociação, a Virada do Crédito ofereceu descontos especiais (isenção de 100% dos encargos e até 12% do desconto principal), funcionando como um Black Friday para o business de cobrança, sem que o devedor precisasse sair de casa. “Muitos clientes não querem falar sobre dívidas pessoalmente ou no horário de trabalho. Também querem autonomia na negociação, o que é possível no mundo virtual”, esclarece. Para ele, o autoatendimento é fundamental, mas igualmente foi preciso o apoio telefônico, com plantão 24 horas, para orientar e tirar dúvidas. A negociação e impressão do boleto foram feitas na web e por aplicativo para Android MobCred.
simulador de quitação de dívidas no site da empresa, para que o cliente tenha mais liberdade e flexibilidade de negociação. Já em negócios, a empresa fará o spin-off da Novigo, a marca de tecnologia da Intervalor. “Ela será uma empresa independente que poderá atender todo o mercado, inclusive concorrentes. Acreditamos no seu grande potencial de crescimento”, finaliza.•
Case Virada do Crédito Realizador: Intervalor Objetivo: descontos especiais para negociação em ambiente virtual Meta: capturar primeira e segunda parcela do décimo terceiro para recuperação de dívidas Quando aconteceu: 29 e 30 de novembro e 20 e 21 de dezembro de 2013 Site: www.viradadocredito.com.br Base: 150 mil clientes Resultados do Evento Virtual: 96.323 pessoas acessaram o site 53.408 pessoas consultaram as dívidas e descontos 29.563 pessoas negociaram as dívidas
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tendências
O Crédito
Verde Sustentabilidade tornou-se peça-chave para o crescimento dos negócios e marcas. Agora, a ecorresponsabilidade também se volta à oferta de linhas de financiamento a projetos de proteção e desenvolvimento ambiental.
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frente ao mercado, percebendo que, ao adotar comportamentos sustentáveis, os negócios atingem o equilíbrio social, econômico e ambiental, além de gerar rentabilidade.
“Sustentabilidade não é apenas uma tendência. Atualmente, ela é cenário”, enfatiza o professor da Fundação Getúlio Vargas (IBE-FG/Campinas) e diretor do Departamento de Sustentabilidade do CIESP/Campinas, Luiz Fernando de Araújo Bueno. Para o professor, as empresas estão começando a mudar sua atitude
Como ferramenta para medir o nível de participação ambiental das empresas no mundo corporativo e na sociedade, por exemplo, está o Índice de Sustentabilidade Empresarial Bovespa (ISE), uma iniciativa pioneira na América Latina e busca estimular a responsabilidade ética das corporações por meio de boas práticas empresariais. A premissa é que o desenvolvimento econômico do país está intimamente relacionado ao bem-estar da sociedade brasileira e da tendência mundial dos investidores buscarem empresas socialmente responsáveis, sustentáveis e rentáveis para investir seus recursos. Desta forma, algumas empresas se destacaram em 2013, como: Banco do Brasil, Cremer,
er verde está na moda. Estamos familiarizados com as propagandas para reciclar o lixo que utilizamos em nossas casas, a economizar água enquanto nos banhamos e também a utilizar as ecobags quando vamos às compras. Hoje, porém, não pensamos ecologicamente apenas no âmbito individual: o círculo sustentável foi ampliado para a esfera corporativa e o motor desta economia está aquecido para oferecer ao consumidor produtos e oportunidades de negócios que gerem grandes benefícios com o menor impacto ambiental possível.
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Por Olívia Mussato
CTEEP, Ecorodovias, Natura, Sabesp, Souza Cruz, Telefônica, Vale e WEB. Juntos, os bancos superam a metade da carteira do ISE. Crédito pró-ambiental A ecorresponsabilidade está presente não somente como fomentadora de novos negócios ambientalmente sustentáveis, mas surge como um nicho de negócios em si, incentivado e viabilizado por meio da concessão linhas de crédito ambiental. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por exemplo, oferece financiamentos específicos para empresas e projetos que enfatizem o caráter de proteção do meio ambiente, como plantio de florestas nativas e de espécies exóticas. Ao longo dos últimos quatro anos, o BNDES registrou
Banco do Nordeste e Itaú-Unibanco também possuem linhas com foco na preservação. O programa Cresce Nordeste, do BNB, estimula pequenos, médios e grandes empresários com crédito voltado a projetos de geração de energia alternativa, manejo florestal, agropecuária orgânica, estudos e auditorias ambientais, produção mais e limpa, controle de poluição, recuperação de áreas degradadas, tratamento de resíduos, entre outros.
Luiz Fernando de Araújo Bueno Diretor do Departamento de Sustentabilidade do CIESP/Campinas
Em 2013, o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e o Banco Alemão Commerzbank repassaram US$ 200 milhões ao Itaú-Unibanco para ser totalmente revertido ao financiamento de projetos verdes e sustentáveis na América Latina. Com a iniciativa, o Banco viabilizará projetos de fontes de energia limpa nos países que opera na região, em linha com o seu objetivo de expansão internacional.
um aumento de 60% nos empréstimos ligados à economia verde. Em 2013, os financiamentos concedidos pelo Banco a esse segmento giraram em torno dos R$ 25 bilhões - valor recorde desde o início da série histórica, em 2007. O BNDES também é gestor do Fundo Amazônia, que tem como objetivo financiar, em valores não reembolsáveis, iniciativas de conservação e uso sustentável dos recursos naturais no bioma amazônico, bem como ações de monitoramento e controle do desmatamento na região. Atualmente, apoia 39 projetos, num total de R$ 524 milhões investidos. Outras instituições financeiras também seguem o rastro do verde. É o caso do Banco do Brasil. O BB Florestal-Pronaf Florestal, por exemplo, é destinado a projetos de sistemas agroflorestais, exploração extrativista ecologicamente sustentável, plano de manejo florestal e enriquecimento de áreas que já apresentam cobertura florestal diversificada, com o plantio de uma ou mais espécies nativas do bioma. O BB Florestal-Rural Pronatureza propicia condições para expansão de atividade orgânica, disponibiliza recursos para investimentos necessários à implantação de sistemas de integração e convivência equilibrada de florestas com lavouras e atividade pecuária. Já o Banco Santander, por meio do Santander Financiamentos, viabiliza projetos socioambientais em empresas de todos os portes. Em 2012, foram registrados R$ 2,2 bilhões em financiamentos socioambientais para empresas do segmento Corporate (aquelas com faturamento acima de R$ 80 milhões por ano), Varejo (pequenas e médias empresas) e Agronegócio.
A sustentabilidade é vital para a economia das companhias e de todo o país e as empresas com uma visão mais sofisticada e completa sabem que é necessário inovar e buscar a eco eficiência”, ressalta o Gerente de Conteúdo e Metodologias do Instituto Akatu, Dalberto Adulis.
Dalberto Adulis Gerente de Conteúdo e Metodologias do Instituto Akatu
Heliomar Quaresma Presidente da IBE-FGV
SER ECO É POP Acompanhando a tendência, consumidores e empresas cada vez mais atribuem mais importância e investimentos no mercado sustentável. E o retorno não vem somente em uma boa imagem. A mais recente pesquisa do Instituto Akatu – Rumo à Sociedade do Bem-Estar –, de 2013, indica que o consumidor brasileiro está mais bem informado sobre sustentabilidade e valoriza as práticas de RSE das empresas. Entre 2010 e 2012, o Akatu apurou que o grupo de pessoas que “ouviu falar” de sustentabilidade subiu de 44% para 60%. Aqueles que buscam informações subiram de 14% para 24%. “O consumidor está mais exigente em relação à reputação das empresas – opinando nas redes sociais, tecendo críticas e se mobilizando - e, por isso, os investidores também estão de olho.
Do mesmo modo, a “Pesquisa sobre Responsabilidade Social Corporativa”, produzida pela Nielsen em 2012 apontou que 74% dos brasileiros estão dispostos a comprar produtos de empresas com programas sustentáveis. Apesar de um número expressivo, o Brasil ainda está abaixo da média da região – 77% da população da América Latina prefere comprar produtos e serviços de empresas com programas de responsabilidade social. Para o Presidente da IBE-FGV, Heliomar Quaresma, é de suma importância que os líderes estejam ambientalmente e socialmente engajados, para construir modelos de negócios que produzam empregos e ganhos econômicos e consigam, ao mesmo tempo, gerar qualidade de vida, justiça social e cuidado com o planeta. “Essa percepção de mundo que está em nossa cultura organizacional foi o que motivou a criação do curso de Gestão do Ambiente e Sustentabilidade, em 2011, e a crença de que as pessoas que fazem com que os negócios surjam, aconteçam e se concretizem, devam pensá-los de forma sistêmica e integrada ao paradigma de desenvolvimento humano e sustentabilidade. A sustentabilidade deve ditar o desenvolvimento dos negócios, das cidades e do planeta nos próximos anos. Não há economia sem meio ambiente”, enfatiza Heliomar.•
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Sofisticação e Luxo
Charuto: degustação, exclusividade e requinte
Tabacarias, clubes e confrarias atraem cada vez mais executivos e apreciadores da iguaria que exige ambiente, temperatura e humidade ideais para celebrar e até selar negócios. Por Cris Moraes
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egustar um bom charuto pode ser comparado a provar um vinho ou whisky, já que possui diferentes blends, influenciado pelos tipos de folhas, região de origem e umidade. Nesse campo, os cubanos – mais tradicionais – e os dominicanos lideram a lista de qualidade e desejos dos aficionados. Mesmo quem não gosta de cigarros pode ser um apreciador de charutos, talvez a forma mais antiga de utilização do tabaco. Muitas personalidades e famosos, como a presidenta Dilma Rousseff, os atores Jack Nicholson, Arnold Schwarzenegger, Antônio Fagundes e o apresentador Jô Soares são adeptos ao charuto, aumentando ainda mais a aura de poder e sofisticação que gira em torno desse hábito. Com a lei que proíbe o fumo em locais públicos e fechados, as tabacarias ganharam ainda mais clientes. Existem centenas delas espalhadas pelo país, oferecendo ambiente e temperatura ideais, além de uma gama de produtos de diferentes regiões e faixa de preços, entre R$ 5,00 e R$ 300,00 por unidade. Não há uma associação de tabacarias que revele o número de unidades vendidas e faturamento, mas os estabelecimentos têm crescido e expandido os negócios por meio de franquias, confrarias, clubes e promoção eventos corporativos, com chefs renomados que preparam um cardápio especial para adequar a comida ao sabor e textura de cada tabaco. 38
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charuto é feito à mão com folhas inteiras de fumo fermentado, sem nenhum aditivo”, ensina. Executivos e apreciadores
Mauro Melo CEO do Grupo Credilink
O empresário André Caruso faz parte da quarta geração da Tabacaria Caruso, uma das mais tradicionais, que começou em 1885. Segundo o proprietário, diferentemente do que muitos imaginam, os charutos não foram feitos para satisfazer o vício do tabaco. Ele explica que degusta-los é um ritual que inclui a apreciação dos sabores e aromas, o relaxamento, a observação da queima e desenhos da fumaça no ar e o prazer de sentir a capa sedosa entre os dedos, ou seja, um deleite para os órgãos do sentido. “Eu particularmente não gosto de cigarros, mas fumo charuto há sete anos. O cigarro é composto por 4.700 substâncias químicas. Um bom
O CEO do Grupo Credilink, Mauro Melo, fuma charuto há 15 anos e é membro da Confraria da Tabacaria Ouvidor, no Rio de Janeiro. “Não se pode fumar sozinho e muito menos acender um na porta da garagem ou na rua. Tem que ter um ambiente, uma excelente companhia e boa bebida”, explica Melo, que recentemente viajou a Cuba com oito executivos para aprender mais sobre técnicas de acender, enrolar e puxar um charuto. Caruso diz que são nesses momentos de relaxamento que podem surgir grandes ideias e bons negócios. “Em média, o charuto é degustado por 30 minutos. É exatamente nesse período de lazer que você acaba conhecendo pessoas em alguma tabacaria ou Cigar Bar que poderão virar amigos e até mesmo futuros parceiros ou clientes”, finaliza o executivo. •
OPINIÃO
Ano começou bem antes do carnaval
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efinitivamente, 2014 ficará para a história, não só pela realização da Copa do Mundo, 64 anos depois, mas pela total mudança de rotina que a competição impôs ao país. Os setores público e de turismo foram os mais afetados e tiveram que agilizar obras e tarefas para estarem preparados para receber as seleções, os jornalistas que farão a cobertura do evento e os milhares de visitantes. Mas a economia como um todo tem sentido que é um ano diferente. Nunca um janeiro foi tão movimentado para o segmento de finanças e serviços, assim como os demais meses do 1º trimestre. A Copa do Mundo movimenta e movimentará cada vez mais a nossa economia em uma crescente nos próximos meses. Haverá uma melhor oferta de crédito, o que trará mais dinheiro ao mercado e em contrapartida uma disposição maior também de bancos e financeiras para renegociar dívidas. Neste cenário são grandes as possibilidades de uma queda na inadimplência. O desemprego no Brasil tem registrado uma variação na casa dos 6% e, certamente, com a competição ocorrendo em doze sedes pelo país, a contratação de ainda mais pessoas vai significar uma redução dos números. O varejo será o maior beneficiado com as aberturas de postos de trabalho, principalmente nos grandes centros onde haverá jogos ou onde haverá grande interesse turístico. Os créditos imobiliário e consignado também seguirão em alta. A desaceleração ficará por conta do setor de veículos, como já vem ocorrendo. Mas nem tudo serão flores e é preciso ficar atento às manifestações anti-Copa, além da possibilidade de greves setoriais e gerais.
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Carlos Zanchi Vice-Presidente do IGEOC
Muitos movimentos sociais, sindicatos e políticos podem se aproveitar do momento onde todas as atenções estarão voltadas ao Brasil, para intensificar as reivindicações e pressionar governos e patrões. Se a seleção não ganhar a Copa, teremos uma ressaca negativa, com eleições dois meses adiante. Se ganhar, a ressaca será positiva. A previsão seria que o 1º semestre de 2014 gerasse muitos negócios e, pelos
sinais, estamos indo neste sentido. Já o 2º semestre, utilizando uma metáfora futebolística, será um rebote, as tentativas que não vingarem nos primeiros seis meses do ano terão uma segunda chance e com uma vantagem: será um semestre praticamente sem feriados. Um ano realmente diferente para aproveitarmos as oportunidades que aparecerem. Um ano que o Brasil nunca teve. •
REGIONALIZE
SEU SUCESSO!
Há vários brasis dentro
do mesmo Brasil
Congressos Regionais 2014
Agosto
1º Congresso Regional de Crédito e Cobrança Belo Horizonte
15 de Maio
1º Congresso Regional de Crédito e Cobrança Curitiba
Novembro
1º Congresso Regional de Crédito e Cobrança Salvador
Junte-se a essa jornada pelo sucesso! Patrocínios: contate Madleine Rose Sprocatti madi@cmspeople.com +55 11 3868-2883 | +55 11 3865-7013
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Pelo Mundo
Curitiba: os encantos do verde urbano A capital paranaense, que sediará o 1º Congresso Regional de Crédito e Cobrança Curitiba, oferece aos visitantes mais que oportunidades de gerar bons negócios. Por Olívia Mussato
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ustentabilidade, dinamismo econômico, qualidade de vida e na educação. Critérios como esses podem ser utilizados como parâmetros na avaliação de uma cidade como um bom local para se viver, investir ou se profissionalizar. Ocupando o posto de capital mais desenvolvida no Brasil, segundo ranking da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro de 2013, Curitiba possui uma das maiores economias do estado, em razão do dinamismo da indústria e dos serviços, além de apresentar inovações urbanísticas e o cuidado com o meio ambiente. Esse será o cenário do primeiro evento da indústria de C&C voltado aos líderes do Sul do país: o 1º Congresso Regional de Crédito e Cobrança Curitiba, no dia 15 de maio. Localizada a 408 quilômetros de São Paulo, Curitiba reúne diferentes opções de turismo e entretenimento entre parques, praças, bosques, memoriais, bares e restaurantes. Um dos pontos turísticos mais visitados é o Jardim Botânico, criado em 1991 à imagem dos jardins franceses cujo principal símbolo é a estufa em metal e vidro. Além disso, o local conta com mata nativa, trilhas
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e o espaço cultural Frans Krajcberg. A Ópera de Arame é outro atrativo da cidade, um teatro construído com estrutura tubular e, ao seu lado, encontra-se a Pedreira Paulo Leminski, o palco dos grandes acontecimentos culturais e artísticos da cidade. Conhecido localmente como o Museu do Olho, devido ao design do seu edifício, o Museu Oscar Niemeyer - com mais de três mil peças em seu acervo e 17 mil metros quadrados de área expositiva (a maior da América Latina) - é um espaço imperdível de visitação para os amantes das Artes Visuais, Arquitetura, Urbanismo e Design. Em Curitiba também se come bem. Ali é encontrada uma gastronomia diversificada, com especialidades étnicas e regionais, remanescentes da cultura dos imigrantes que povoaram a região, como alemães, poloneses, ucranianos e italianos. O Bairro da Santa Felicidade, por exemplo, é ponto culinário obrigatório da boa pasta e onde se encontra o Espaço Madalosso, um local que mescla centro de eventos corporativos e o maior restaurante da América Latina que será a sede do Congresso da CMS.
Eleita três vezes pela Revista Exame como a melhor cidade do país para se fazer negócios, o turismo local também é focado nesse segmento, oferecendo aos executivos visitantes uma ampla rede hoteleira. Mais de 50% de seus visitantes vêm à cidade para o chamado turismo de eventos, segundo dados da Prefeitura de Curitiba. O cenário está armado e propício para a realização do maior encontro de líderes da região Sul, em um ambiente propício para o networking e para a geração de bons negócios entre seus 300 líderes participantes. Curitiba espera por você em seu 1º Congresso Regional de Crédito e Cobrança com os principais líderes e decisores do mercado.•
1º Congresso Regional de Crédito e Cobrança Curitiba Data: 15 de maio Local: Espaço Madalosso Inscrições e informações: www.cmspeople.com/eventos/2014/ brasil/curitiba
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