FUTEBOL PROFISSIONAL METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO MOTOR

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FUTEBOL PROFISSIONAL: METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO MOTOR

AUTORES

THIAGO SANTI MARIA MIGUEL DE ARRUDA


FUTEBOL PROFISSIONAL: METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO MOTOR


Conselho Regional de Educação Física da 4a Região – CREF4/SP

Conselheiros Ailton Mendes da Silva Antonio Lourival Lourenço Bruno Alessandro Alves Galati Claudio Roberto de Castilho Erica Beatriz Lemes Pimentel Verderi Humberto Aparecido Panzetti João Francisco Rodrigues de Godoy Jose Medalha Luiz Carlos Carnevali Junior Luiz Carlos Delphino de Azevedo Junior Marcelo Vasques Casati Marcio Rogerio da Silva Marco Antonio Olivatto Margareth Anderáos Maria Conceição Aparecida Conti Mário Augusto Charro Miguel de Arruda Nelson Leme da Silva Junior Paulo Rogerio de Oliveira Sabioni Pedro Roberto Pereira de Souza Rialdo Tavares Rodrigo Nuno Peiró Correia Saturno Aprigio de Souza Tadeu Corrêa Valquíria Aparecida de Lima Vlademir Fernandes Wagner Oliveira do Espirito Santo Waldecir Paula Lima


Thiago Santi Maria Miguel de Arruda

FUTEBOL PROFISSIONAL: METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO MOTOR

2019


Comissão Especial da Coleção Literária 20 anos da Instalação do CREF4/SP Responsáveis, junto a diretoria do CREF4/SP, pela avaliação, aprovação e revisão técnica dos livros Prof. Dr. Alexandre Janotta Drigo (Presidente) Profa. Ms. Érica Beatriz Lemes Pimentel Verderi Prof. Dr. Miguel de Arruda

Editora

Revisão

Malorgio Studio

Viviane Rodrigues

Coordenação editorial

Imagens de capa

Paolo Malorgio

Freepik.com

Capa

Projeto gráfico e diagramação

Felipe Malorgio

Rodrigo Frazão

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Agência Brasileira do ISBN - Bibliotecária Priscila Pena Machado CRB-7/6971

Copyright © 2019 CREF4/SP Todos os direitos reservados. Conselho Regional de Educação Física da 4a Região - São Paulo Rua Líbero Badaró, 377 - 3o Andar - Edifício Mercantil Finasa Centro - São Paulo/SP - CEP 01009-000 Telefone: (11) 3292-1700 crefsp@crefsp.gov.br www.crefsp.gov.br


Dedico esta obra à minha esposa Thalissa, aos meus filhos Bruno e Liz, aos meus pais Luiz Carlos e Penha, à minha irmã Marcela e aos meus familiares, pelo amor e dedicação de todos comigo. Thiago Santi Maria

Ao longo de minha carreira profissional em Educação Física pude dedicar várias de minhas conquistas a diversas pessoas, desde as de meu interior familiar, até as de meu círculo de amigos e profissionais. Entretanto, apresento esta Dedicatória, como uma é uma forma de agradecimento especial. Entendendo que, quando dedicamos algo, neste colocamos o nosso carinho, amor e gratidão, que são direcionadas as pessoas que nos ajudaram a conquistar um sonho. Pessoas que batalharam com você em uma caminhada longa e difícil, e nunca deixaram de te apoiar em nenhum momento. Esta pessoa chama se: LETÍCIA SALLES ROCHA TELLES – minha filha. Que batalhou ao longo de seus 44 anos de vida, uma batalha justa, produtiva, profícua e profunda. E que nos deixou precocemente, no dia 24 de novembro de 2018, entretanto deixou um fruto – minha neta Beatriz Muzetti, esta têm participado de minha vida já há 21 anos, e continuará a participar. E que, juntos com minha esposa Divanira Sales Rocha de Arruda e de meu filho Domenico Sales Rocha de Arruda, que também nos deu outro lindo fruto, meu neto Gustavo Aguiar de Arruda, enfim minha família, com a qual lutamos diariamente para alcançarmos nossos sonhos, e eu, em particular poder conduzir minha carreira profissional. Este livro dedico a estas pessoas de meu seio familiar que tem podido me acompanhar ao longo de tantos anos de luta. LETÍCIA.... saudade eterna, fique com Deus! Miguel de Arruda



Agradecimentos

À Deus por nos abençoar e guiar a cada passo. Aos meus mestres e amigos: Miguel de Arruda, Jefferson Eduardo Hespanhol, Omar Feitosa, José Mário Campeiz, Marco Antonio Cossio Bolaños e Altamiro Bottino pelos ensinamentos e amizade. Aos amigos, comissão técnica e atletas da Sociedade Esportiva Palmeiras pelo respeito e dedicação. À presidência e diretoria da Sociedade Esportiva Palmeiras pela confiança. E ao CREF4/SP pelo convite e oportunidade. Thiago Santi Maria

Na minha carreira profissional como docente, na área da Educação Física, desde o início, ainda como monitor na Faculdade de Educação Física da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, nos idos de 1973, e até o presente momento, como professor na Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas, exerço a docência, assim, tenho podido auxiliar muitos discentes a estruturar suas carreiras profissionais na Educação Física. Entretanto, muito mais do que ensinar – aprendi – com estes alunos que comigo conviveram ao longo desta jornada. Desta forma, sou grato a todos, entendendo que a gratidão, que é um elemento da comunicação humana. E que em certas ocasiões é manifestada através de palavras - dar obrigado é o exemplo mais comum-, mas pode ser expressa de muitas maneiras através de um discurso de agradecimento ou por uma nota de satisfação pessoal após ter recebido algo.

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Aqui quero agradecer em forma textual aos meus alunos de Pós-Graduação, junto ao Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação Física da UNICAMP, com os quais pude elaborar e publicar esta e outras obras. Assim, esta obra é fruto do trabalho acadêmico de diversos alunos, que realizaram seus estudos, suas pesquisas, participaram de congressos, publicaram seus artigos científicos, e foi possível agrupar os resultados destes estudos e torna-los públicos através deste instrumento – livro -. Um documento que divido com meu orientando de mestrado e doutorado – Thiago Santi Maria -, muito obrigado Thiago, pela convivência, aprendizado e a honra de colocarmos para outros alunos mais uma de nossas publicações. Também, agradeço a todos os demais meus alunos que direta ou indiretamente contribuíram com seus trabalhos acadêmicos e possibilitaram a elaboração deste livro, e de outros, na temática do futebol. Miguel de Arruda


Sumário Apresentação ............................................................................................................ 11 Introdução ................................................................................................................. 13 Capítulo 1 - Seleção de testes

Conceitos gerais de medida, avaliação e teste ..................................................... 15 Fatores que influenciam o desempenho ............................................................... 20 Indicadores de avaliação ......................................................................................... 39 Capítulo 2 - Cineantropometria

Perfil antropométrico ............................................................................................... 49 Avaliação antropométrica ....................................................................................... 58 Composição corporal ............................................................................................... 64 Somatotipo ................................................................................................................ 74 Estrutura óssea ......................................................................................................... 79 Capítulo 3 - Variáveis Aeróbias

Avaliação da capacidade aeróbia ........................................................................... 95 Avaliação da potência aeróbia .............................................................................. 100 Desempenho aeróbio dos futebolistas ................................................................ 112 Capítulo 4 - Variáveis Anaeróbias

Força muscular ....................................................................................................... 118 Velocidade ............................................................................................................... 130 Agilidade ................................................................................................................. 135 Resistência específica ............................................................................................. 147 Capítulo 5 - Análise do desempenho físico de jogo

Time motion analysis ................................................................................................ 175 Desempenho físico no jogo ................................................................................... 178 Referências .............................................................................................................. 193

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Apresentação

Esta é a segunda coleção literária que o Conselho Regional de Educação Física da 4ª Região - CREF4/SP lança, dessa vez para comemorar os 20 anos da sua instalação. O fato histórico de referência é a Resolução 011 de 28 de outubro de 1999, publicada pelo CONFEF, que fixou em seis, o número dos primeiros CREFs e, entre eles, o CREF4/SP, com sede na cidade de São Paulo e jurisdição em nosso Estado. Nesse momento, remeto-me à luta que antecedeu essa conquista, e que se iniciou com a “batalha” pela regulamentação de nossa profissão, marcada pela apresentação do Projeto de Lei nº 4.559/84, mas que somente foi efetivada pela Lei 9.696/98, passados 14 anos do movimento inicial no Congresso Nacional. Logo após essa vitória histórica, a próxima contenda foi a de atender aos requisitos estabelecidos pelas normas do CONFEF para a abertura de nosso Conselho, que à época exigia o registro de 2 mil profissionais. Com muito orgulho me lembro da participação de minha cidade natal - Rio Claro - neste contexto, por meio do trabalho iniciado pelo Prof. José Maria de Camargo Barros, do Departamento de Educação Física da UNESP. Vários professores e egressos dos Cursos se mobilizaram para inscreverem-se e buscarem novas inscrições em nossa cidade, tarefa na qual me incluí, tendo número de registro 000200-G/SP. Atualmente o CREF4/SP é o maior Conselho Regional em número de registrados, com uma sede que, além de bem estruturada, está bastante acessível aos Profissionais que se direcionam para a capital, estando próximo às estações de metrô São Bento e Anhangabaú. Também conta com a Seccional de Campinas bem aparelhada e atuante em prol da defesa da sociedade e atendimento aos Profissionais de Educação Física. Tudo isso demonstra que esses 20 anos foram de muito trabalho e empenho para a consolidação de nossa profissão, e assim destaco a força de todos os Conselheiros do passado e do presente e dos valorosos empregados que ajudaram a construir esta realidade.

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

Por isso insistimos em comemorar, agora os 20 anos do CREF4-SP, oferecendo aos Profissionais de Educação Física, aos estudantes, às instituições de formação superior, bibliotecas e à sociedade uma nova Coleção Literária composta de 20 obras, uma para cada ano do aniversário. Buscamos permanecer “orientando o exercício profissional, agindo com excelência, justiça e ética”, uma das missões de nosso Conselho. Enquanto Presidente do Conselho Regional de Educação Física da 4ª Região (CREF4/SP) apresento a Coleção Literária em Comemoração aos 20 Anos da Instalação do CREF/SP, composta por livros que procuraram acolher as necessidades do campo profissional, atendendo o quesito de diversificação de contextos e de autores, priorizando temas inéditos em relação ao que vem sendo produzido por este Conselho. O faço na esperança de que os Profissionais de Educação Física leitores dessas obras demostrem o mesmo empenho e amor pela profissão que seus próprios autores dedicaram, oferecendo seu tempo e cedendo os direitos autorais dessa edição, tanto em relação ao livro físico quanto à versão digital de forma voluntária. Com esse gesto entram em conformidade com os pioneiros do CREF4/SP que assim o fizeram, e de certa forma ainda fazem, afinal não é por acaso que nosso lema atual é: “Somos nós, fortalecendo a profissão!” Parabéns para nós Profissionais de Educação Física do Estado de São Paulo.

Nelson Leme da Silva Junior Presidente do CREF4/SP

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Introdução

O futebol é um esporte complexo, onde se necessita uma ótima relação entre os fatores determinantes para um melhor rendimento, ou seja, uma perfeita interligação entre os aspectos físicos, técnicos, táticos e psicológicos. Para conseguir desempenhar da melhor forma possível o gesto esportivo específico durante o jogo, exige-se do jogador, demandas fisiológicas múltiplas em ótimas condições, como força, velocidade, agilidade e resistência. Toda essa exigência dificulta e muito no processo de elaboração da programação do treinamento, porém, quando se tem conhecimento da especificidade das exigências físicas da modalidade correlacionada a um estudo do condicionamento físico de cada jogador, torna-se mais simples e fácil esse processo. No atual calendário esportivo são realizadas inúmeras competições simultaneamente, ocasionando uma quantidade elevada de jogos durante a temporada competitiva no futebol, resultando em uma diminuição no período de preparação e na recuperação entre as partidas, obrigando o responsável pela programação de treinamento a trabalhar com a maior especificidade possível. E para a identificação dos principais aspectos relevantes para a preparação física do futebol, tornando assim, mais específico o treinamento e consequentemente otimizando o curto período de preparação, é necessária a identificação das principais características fisiológicas de cada jogador. E a avaliação física, através de testes físicos específicos para o gesto esportivo do jogador de futebol, é extremamente importante e necessária para ajudar os preparadores físicos, fisiologistas e técnicos a prescreverem, mudarem ou intervirem em determinados treinamentos, sendo ferramentas que possibilitam medir o desempenho de uma característica física específica ou até mesmo formar um perfil fisiológico de um grupo de atletas ou um jogador isoladamente. E cabe ao profissional responsável, total aplicação de todos os dados apresentados na avaliação física. Os testes para jogadores de futebol podem

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abranger componentes técnicos, táticos, psicológicos e, sobretudo, físicos. No que concerne à avaliação dos componentes físicos, Bangsbo (2008) indica razões para se realizar os testes: a) estudar o efeito de um programa de treinamento; b) motivar os jogadores a treinar com maior empenho; c) dar aos jogadores resultados objetivos do seu estado de treinamento; d) conscientizar os jogadores dos objetivos do treinamento; e) avaliar se um jogador está preparado para jogar uma partida de competição, e; f) planificar programas de treinamento de curto, médio e longo prazo.

É necessário ser bem criterioso ao escolher os testes físicos a serem aplicados nos jogadores de futebol, onde os resultados encontrados deverão ter uma relação direta com as ações do jogo, sendo as mais próximas do gesto desportivo específico da modalidade. Deve-se observar as exigências físicas utilizadas durante a partida e as características para cada função tática desempenhada. E os jogadores devem ser esclarecidos com relação à execução de cada teste físico proposto e para que o seu rendimento seja o máximo, o atleta deve ser constantemente motivado, seja pelo avaliador ou por seus companheiros de equipe. Este livro tem por objetivo mostrar a importância dos testes físicos e do desempenho de jogo, bem como apresentar os diversos protocolos de análises e avaliações físicas existentes e de possível aplicação aos jogadores de futebol profissionais e em formação. Trazemos análises e testes sofisticados, com a utilização de equipamentos caros, de acesso a clubes bem estruturados e, também, testes simples e de fácil aplicação, onde a realização destes se dá apenas com a utilização de materiais como trena, cones e cronômetro. Além disso, esta obra traz dados de referências de perfil e desempenho dos futebolistas brasileiros e internacionais de diversos níveis técnicos.

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Capítulo 1

Seleção de testes

Conceitos gerais de medida, avaliação e teste Sob um olhar geral da área da Educação Física, a avaliação é um processo de fundamental importância, seja no âmbito escolar, esportivo, de rendimento, entre outros.

Medida A medida é uma determinação de grandeza e se constitui no primeiro instrumento para se obter informação sobre algum dado pesquisado, sendo uma técnica que fornece, através de processos precisos e objetivos, dados quantitativos que exprimem, em base numéricas, as quantidades que se deseja medir. Ela proporciona dados crus, como por exemplo, o tempo (em segundos) de um atleta no Teste de Velocidade de 20m, ou a medida, em centímetros, da circunfência de coxa do atleta. Deve ser ressaltado que para a perfeita aplicação da medida deve-se conhecer a resposta para 3 questões básicas: 1. O que medir? 2. Por que medir? 3. Como medir?

Avaliação A avaliação determina a importância ou o valor da informação coletada. Classificando os testados, sendo um processo pelo qual, utilizando as medidas, se pode subjetiva e objetivamente, exprimir e comparar critérios. Como

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exemplo simples, podemos avaliar e classificar a distância percorrida pelo atleta no Teste de Yoyo, como ruim, moderado ou bom, ou o atleta, é classificado como sendo de estatura alta, média ou baixa. Avaliação-análise: São técnicas que permitem visualizar a realidade do trabalho que se desenvolve, criando condições para que se entenda o grupo e situe-se um indivíduo dentro deste grupo. Indica se os objetivos estão ou não sendo atingidos, indica se a metodologia de trabalho está sendo satisfatória. Como exemplo: o atleta obteve melhora na velocidade e agilidade ou o percentual de gordura do jogador está na média esperada do grupo. Principal diferença entre medida e avaliação: Medida: Abrange um aspecto quantitativo. Avaliação: Abrange um aspecto qualitativo.

Teste é um instrumento, procedimento ou técnica usada para se obter uma informação. O teste pode ser várias formas: escrita, observação e performance. Alguns exemplos simples podem ser o Teste de Cooper, a balança e o estadiômetro.

Tipos de avaliação AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA: Nada mais é do que uma análise dos pontos fortes e fracos do indivíduo ou da turma, em relação a uma determinada característica. Esse tipo de avaliação, comumente efetuado no início do programa, ajuda o profissional a calcular as necessidades dos indivíduos e, elaborar o seu planejamento de atividades, tendo como base essas características ou, então, a dividir a turma em grupos (homogêneos ou heterogêneos) visando facilitar o processo de assimilação da tarefa proposta. AVALIAÇÃO FORMATIVA: Esse tipo de avaliação informa sobre o progresso dos indivíduos, no decorrer do processo ensino-aprendizagem, dando informações tanto para os indivíduos quanto para os profissionais, indica ao profissional se ele está ensinando o conteúdo certo, da maneira certa, para as pessoas certas e no tempo certo.

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Seleção de testes

A avaliação é realizada quase que diariamente. Quando a performance do indivíduo é obtida e avaliada, em seguida é feita uma retroalimentação, apontando e corrigindo os pontos fracos até ser atingido o objetivo proposto. AVALIAÇÃO SOMATIVA: É a soma de todas as avaliações realizadas no fim de cada unidade do planejamento, com o objetivo de obter um quadro geral da evolução do indivíduo.

Princípios das medidas e avaliações a) Para se avaliar, efetivamente, todas as medidas devem ser conduzidas com os objetivos do programa em mente: antes de se administrar testes, é preciso determinar os objetivos do programa para se poder avaliar os resultados advindos de acordo com os objetivos propostos; b) Deve-se lembrar sempre a relação existente entre teste, medida e avaliação: a avaliação inclui testes e medidas. Entretanto, avaliar é muito mais amplo do que simplesmente testar e medir. A avaliação é uma tomada de decisão; c) Devem ser conduzidos e supervisionados por pessoas treinadas: não é qualquer pessoa que pode administrar efetivamente um programa de medida e avaliação, que é um assunto sério para ser desenvolvido por alguém não treinado na área. Além do mais, as decisões poderão afetar importantes aspectos da vida profissional de um atleta; d) Os resultados devem ser interpretados em termos do indivíduo como um todo: social, mental, física e psicologicamente: se um atleta vai mal num teste, o profissional consciente irá verificar quais as razões que levaram a tal resultado e, na medida do possível e se necessário, prover assistência ao atleta; e) Tudo que existe pode ser medido: em outras palavras, qualquer assunto incluído em um programa de treinamento deve ser medido. Existem, naturalmente, variáveis que ainda não são bem definidas e por esta razão ainda não foram desenvolvidos testes para medi-las. Mesmo algumas capacidades físicas ainda necessitam o desenvolvimento de testes mais eficazes ou reformulação de alguns testes já existentes, que talvez possam ser mais específicos para a modalidade; f) Nenhum teste ou medida é perfeito: os profissionais, às vezes, depositam tanta confiança nos testes e medidas que acabam, acreditando que eles são infalíveis. Deve-se usar sempre o melhor, mais atual e adequado ao esporte, teste possível, mas ter sempre em mente que podem existir erros;

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g) Não há teste que substitua o julgamento profissional: se não houvesse lugar para o julgamento em medidas e avaliação, então o profissional poderia ser substituído por uma máquina ou um técnico. Por outro lado, julgamentos feitos sem dados substanciais são sempre inaceitáveis. As medidas fornecem os dados que levam o profissional a fazer um melhor julgamento ou tomar uma melhor decisão; h) Deve sempre existir o re-teste para se observar o desempenho: se a habilidade inicial do atleta não for medida, então não se terá conhecimento sobre o seu desempenho no Programa de Treino. Não é possível reconhecer as necessidades individuais sem saber por onde começar, como também, não se pode determinar o que os atletas melhoraram se não soubermos sua evolução, por isso é necessário o re-teste; i) Usar os testes que mais se aproximam da situação da atividade: os testes devem refletir as situações do esporte e das atividades específicas realizadas pelos jogadores.

Critérios para seleção de testes BATERIA DE TESTES: Conjunto de testes destinados a quantificar variáveis de performance. O futebol exige força, agilidade, velocidade e uma ótima capacidade de executar ações de alta intensidade sem queda de rendimento e com pouco tempo de recuperação entre uma ação de elevada intensidade e outra. Logo, um equilíbrio entre as capacidades físicas citadas e uma Composição Corporal que auxiliem na otimização do rendimento do jogador, deverá compor a bateria de avaliação do jogador de futebol. Quando se caracteriza o futebol como um esporte de esforço intermitente, com exigência de uma rápida recuperação durante os períodos de paralisação ou nas corridas de baixa intensidade, para que não tenha queda de rendimento nas ações de alta intensidade, logo verificamos a necessidade de avaliar a capacidade de executar ações intensas com períodos de recuperação (Desempenho Intermitente/ Resistência Específica) e pela distância total percorrida numa partida exige-se que os atletas possuam uma Potência Aeróbia bem desenvolvida, promovendo uma eficácia maior de ressíntese de creatina fosfato e melhor eficiência na remoção do lactato sanguíneo durante o repouso ou exercício de baixa intensidade durante a partida. A velocidade se faz necessária, uma vez que, essa pode ser entendida como um conjunto de propriedades funcionais que permitem a execução de ações motoras em um tempo mínimo, convertendo rapidamente

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Seleção de testes

a energia química presente no músculo em energia mecânica produzindo o movimento, superando o adversário e realizado as ações de alta intensidade. Os testes de velocidade aplicados aos jogadores de futebol, não devem conter distâncias não utilizadas durante os jogos. Portanto, os testes de velocidade mais utilizados devem ser os de 5 a 30 m. Para avaliar a agilidade, que contempla também a velocidade com mudança rápida de direção, podem ser utilizados os seguintes testes: Illinois Agility Test, Teste T40 ou Teste de Agilidade de 20m. Os testes de Saltos Verticais também se fazem necessários e são de extrema importância numa bateria de testes, uma vez que a força explosiva se apresenta como uma capacidade condicionante que permite ao atleta realizar movimentos rápidos e com mudança rápida de direção. Onde sabemos que, o treinamento da força explosiva melhora os fatores limitantes do desempenho da agilidade e velocidade (Kraemer ; Hakkinen, 2004). E para completar uma bateria de testes e avaliações para os jogadores, tem-se analisado também, a questão da flexibilidade dos atletas, uma vez que, essa variável é muito importante para atividades de alta intensidade como é o futebol, pois uma musculatura com um bom grau de flexibilidade aumenta a amplitude e eficiência do movimento, diminuindo a probabilidade de lesões. As melhores baterias de testes são as que melhor representam a movimentação, os gestos, a intensidade e os metabolismos predominantes na modalidade, possibilitando uma análise profunda do perfil exigido em um determinado esporte. Os testes menos fatigantes devem iniciar a bateria de testes, uma vez que a recuperação total do atleta é mais rápida, possibilitando dar continuidade na seqüência dos testes selecionados, e os testes mais fatigantes devem ser aplicados no final.

Critérios de autenticidade científica VALIDADE: O teste mede o que é destinado a medir. Se estabelecermos uma correlação entre o resultado de um teste válido realizado por um atleta e, o resultado obtido em um teste que queremos validar com o mesmo atleta, o coeficiente de correlação deve ser elevado. CONFIABILIDADE OU FIDEDIGNIDADE: Está ligada a consistência da medição. A medida repetida duas ou mais vezes dentro de um curto intervalo de tempo, sem que tenha havido, entre os testes, atividade que possa alterar a resposta, deve apresentar os mesmos resultados ou serem altamente correlacionados.

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OBJETIVIDADE: O teste deve produzir resultados consistentes quando usado por diversos testadores; não pode depender de uma única pessoa. PRECISÃO DAS MEDIDAS: A precisão das medidas depende, em primeiro lugar, da exatidão dos instrumentos. Quanto mais refinado ele for melhor será o resultado da medida. Podemos destacar que existem dois erros mais comuns: Erro de Medida e Erro Sistemático. Erro de Medida: nos erros de medida encontram-se inserido: a) Erro de Equipamento: quando o equipamento não é aferido previamente; b) Erro de Medidor: quando o medidor erra ao fazer uma leitura do cronômetro, na leitura da trena, na contagem do número de repetições de execução, etc. c) Erro Administrativo: quando existe algo errado na administração do teste; por exemplo, aquecimento prévio para a execução do teste, quando não estava contido nas normas do teste, ou imperfeição nas técnicas de saltos verticais, etc. Erro Sistemático: como erro sistemático pode-se citar as diferenças biológicas; por exemplo, se a medida da estatura de um indivíduo for realizada nas primeiras horas da manhã ter-se-à uma medida diferente de outra feita à tarde.

Fatores que influenciam o desempenho Diversos são os fatores que influenciam o desempenho físico dos jogadores de futebol. Esses fatores resultarão em efeitos positivos ou negativos dos futebolistas, fazendo com que esses atletas obtenham um melhor ou um pior rendimento durante os treinamentos e jogos. Logo, o conhecimento e intervenção sobre alguns destes fatores pode levar ao sucesso da equipe ou minimizar os efeitos negativos dessas influências. Na figura 1 observa-se os principais fatores que influenciam o desempenho atlético dos futebolistas profissionais.

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Seleção de testes

Figura 1 Principais fatores que influenciam o desempenho do futebolista.

Nutricionais O futebol é uma modalidade de esporte com exercícios intermitentes de intensidade variável. Aproximadamente, 88% de uma partida de futebol envolvem atividades aeróbias e, os 12% restantes, atividades anaeróbias de alta intensidade (Stolen et al., 2005). Devido à sua duração, pode ser considerado um esporte de endurance, promovendo assim um gasto calórico alto de seus praticantes, tanto em dias de jogos, quanto em treinamentos. Uma vez que a função específica de cada atleta interfere nas necessidades energéticas diárias (Prado et al., 2006), a ingestão alimentar adequada, visando fornecer aos jogadores as quantidades corretas de carboidratos, gorduras, proteínas, favorece o balanço energético ideal, bem como proporciona ao atleta começar os jogos com níveis ótimos de glicogênio muscular, o que é fundamental para melhorar o desempenho atlético e retardar a fadiga, comumente apresentada pelos atletas profissionais, principalmente nos últimos 45 minutos do jogo (Reilly, Drust e Clarke, 2008).

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

Os jogadores de futebol são atletas que treinam em intensidade moderada a alta, tendo necessidades energéticas diárias em torno de 3.150 a 4.300kcal. O gasto energético de um jogador de futebol é estimado em 1.360kcal/jogo (Clark, 1994). A nutrição e o treinamento são alguns aspectos fundamentais para que o jogador de futebol tenha bom desempenho. A demanda energética dos treinamentos e competições requer que os jogadores consumam uma dieta balanceada, particularmente rica em carboidratos (Rico-Sanz et al., 1998). A educação nutricional é de fundamental importância, principalmente para jogadores de futebol, especialmente quando em períodos de treinamento intenso, que consomem quantidades elevadas de gordura e pequenas de carboidrato. Portanto, a dieta de um jogador de futebol deve atender aos gastos energéticos, fornecer um balanço adequado de proteínas, lipídios e carboidratos e atingir as recomendações de micronutrientes.

Suplementação esportiva Uma alimentação adequada visa atender as necessidades de energia e aporte de nutrientes que auxiliem o atleta a suportar as demandas de treino e jogos assim como promover sua saúde. Além disto, cabe à alimentação propiciar o estado metabólico adequado para que ocorram as adaptações desencadeadas pelo processo de treinamento culminando no aumento do desempenho (Hawley; Tipton ; Millard-Stafford, 2006). Devido à falta de informação a respeito de escolhas alimentares adequadas e a quantidade excessiva de treinos e competições a maioria dos jogadores de futebol apresenta uma dieta inadequada para as necessidades nutricionais desta modalidade. Stancanelli (2006) analisou a ingestão alimentar de jogadores profissionais brasileiros e verificou que a maioria dos atletas apresentava uma ingestão calórica inferior ao que deveria ser consumido diariamente, 1.500-3.000 Kcal/dia vs 3.000-4.000 Kcal/dia, respectivamente. Com relação aos macronutrientes a autora mostrou que a maior deficiência se encontrava no consumo de carboidratos que variava entre 40-55% do total de calorias da dieta enquanto o preconizado para atletas futebol é entre 60 e 70%. Já para lipídeos e proteínas o consumo apresentou-se acima do recomendado para esta modalidade, entre 20-40% e 15-25% respectivamente. Infelizmente esta não é uma realidade isolada, mas sim a de muitas equipes. Corroborando com estes dados diversos autores já demonstraram que jogadores de futebol apresentam uma dieta inadequada tanto no valor energético quanto na distribuição de macro e micronutrientes (Prado et al., 2006). Assim, antes de pensar em outras estratégias nutricionais, é de extrema importância que o nutricionista faça uma educação nutricional com os jogadores

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Seleção de testes

afim de que as escolhas alimentares dos mesmos levem a ingestão adequada de energia e nutrientes atendendo às necessidades específicas deste desporto. Uma dieta adequada é a base para criar o ambiente metabólico necessário para que o atleta se adapte ao treino e com isto aumente sua performance. Contudo, desde que o esporte competitivo existe, os atletas, bem como os profissionais envolvidos com o esporte, têm buscado estratégias diversas para melhorar o rendimento. Neste contexto, a utilização de recursos ergogênicos ou os chamados suplementos esportivos tem crescido a cada ano. No caso do futebol, Tscholl et al. (2008) relataram o aumento do uso de medicamentos e suplementos esportivos ocorridos nas copas do mundo de 2002 e 2006. Foram levantados através de questionários as substâncias ingeridas 72 horas antes dos jogos por jogadores de 56 seleções. Um total de 10.384 substâncias foram reportadas sendo 42,9% medicamentos e 57,1% de suplementos esportivos. Dentre os suplementos, os mais ingeridos foram as vitaminas que representaram 41,1%, seguido por minerais (21,2%) e aminoácidos (11,1%). No percentual restante encontravam-se cafeína, carnitina, antioxidantes, ácidos graxos essenciais, ginseng, entre outros. Os autores relataram que alguns atletas ingeriram cerca de 10 suplementos antes de uma única partida e a média de ingestão dos times era de 0,73 suplementos/jogo/jogador em 2002 e passou para 1,28 suplementos/jogo/jogador em 2006. Em geral muitos dos suplementos esportivos não são necessários uma vez que o atleta tenha uma boa educação alimentar e apresente uma dieta adequada às necessidades da modalidade que pratica. E pode-se dizer que a suplementação de vitaminas e minerais, em altas doses, em indivíduos com valores bioquímicos normais desses nutrientes e que consomem dieta adequada e balanceada, não melhora o desempenho físico. Contudo, os suplementos podem servir como uma estratégia nutricional dentro de um plano alimentar muito bem elaborado para o jogador. Por exemplo, podem ser utilizados para suprir deficiências agudas de vitaminas e minerais e auxiliar no aporte energético e proteico. Também representam uma medida prática para atletas com falta de apetite e para lanches em viagens e pós-treino. Além disto, há estudos apontando resultados positivos de alguns suplementos como, creatina, cafeína, proteína e carboidrato, em capacidades físicas importante para o futebol, podendo assim, atuar efetivamente como um recurso ergogênico potencializando o aumento da performance (Mujika et al., 2000; Mielgo-Ayuso et al., 2019). Vale lembrar que a resposta fisiológica da utilização do suplemento pode variar de indivíduo para indivíduo, sendo assim, de extrema importância que a utilização dos suplementos seja “testada” em períodos de treino antes da competição.

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Todavia, é importante ressaltar que no caso de suplementos, os cuidados com a sua utilização devem ser redobrados uma vez que muitos deles podem estar contaminados com outras substâncias (na maioria das vezes ilícitas) podendo trazer algum prejuízo à saúde ou mesmo o atleta ser pego em testes de doping.

Hidratação No que concerne à hidratação, vale lembrar que devido à vasta extensão territorial do Brasil os jogadores são constantemente expostos a situações de jogos sob alta temperatura e umidade. Esses fatores podem acelerar o desencadeamento de problemas de termorregulação e desidratação, que resultam em fadiga mais rapidamente do que a causada pela depleção dos estoques de energia, consequentemente causando queda de desempenho. Neste caso, a oferta de líquidos é mais importante que a disponibilidade de carboidrato no desempenho físico em exercícios de resistência no calor. Já em condições ambientais frias, a ingestão de uma solução de carboidrato a 7% é mais eficiente em melhorar o desempenho, porque mantém a concentração de glicose sanguínea constante, conservando também o volume plasmático adequado (Febraio et al., 1996). Além do incentivo constante para que os jogadores adquiram o hábito de se hidratar a todo o momento, é conveniente adotar estratégias individuais, como por exemplo, aquela em que cada jogador é pesado antes e após o término dos treinamentos ou jogos. Essa estratégia, realizada sobre diferentes condições ambientais, pode fornecer informações que permitam traçar um perfil de desidratação de cada atleta e planejar o melhor protocolo de hidratação que seja específico para cada jogador. Jogadores apresentam perdas hídricas diferenciadas em função de variáveis ambientais e individuais como o estado de aclimatação, condicionamento físico e taxa de transpiração, portanto devem ser avaliados individualmente. De toda forma, vale lembrar que um jogador de futebol chega a perder 5% do peso corporal durante uma partida, uma desidratação moderada, e que pode reduzir em até 30% seu desempenho físico. Uma hidratação adequada só será alcançada se o consumo de líquidos for suficiente durante todo o dia, e não somente imediatamente antes, durante e após os exercícios. Estratégias como a hiperhidratação têm sido descritas na literatura, mostrando resultados positivos (Rico-Sanz et al., 1996). Esse protocolo consiste em promover uma ingestão de 300-600 mL de líquidos na refeição pré-jogo, com um adicional de 150-300 mL de líquidos a cada 15-20 minutos até 45 minutos antes do jogo, tempo este para o atleta eliminar o excesso de líquidos através da urina. Além disso, durante a partida os jogadores devem consumir líquidos constantemente, em pequenas quantidades e em intervalos regulares, para não interferir no esvaziamento gástrico e, também, repor toda a água perdida através

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do suor. Os líquidos a serem oferecidos devem estar entre uma temperatura de 15 e 22o e ter sabor agradável, para assim promover sua ingestão voluntária (American College of Sports Medicine, 1996). A bebida hidroeletrolítica adequada deve ter as seguintes características: permitir que os fluidos cheguem rapidamente aos tecidos, fornecer carboidratos durante o exercício, fornecer baixos níveis de eletrólitos, ser palatável e refrescante e não causar distúrbios gastrointestinais. Essas bebidas após o término do jogo ou treinamento ajudam não só na hidratação, mas também na recuperação do glicogênio muscular. O jogador de futebol apresenta uma grande dificuldade em ingerir líquidos durante uma partida. Isso ocorre em função da alta intensidade característica do esporte, como também da própria dinâmica do jogo, comprometendo assim uma adequada hidratação. A ingestão de líquidos deve ser, portanto, constantemente encorajada, disponibilizando garrafas individuais em todas as interrupções casuais de uma partida. A adição de carboidratos e eletrólitos nas bebidas de hidratação é fundamental, pois favorece não só a hidratação como também o prolongamento do esforço e manutenção de um bom desempenho atlético.

Meio-ambientais Por causa das localizações geográficas, as equipes visitantes são confrontadas com o jogo, não só em altitude diferente, mas também sob diferentes condições ambientais, como calor, frio e umidade relativa diferente em comparação com seu país ou região de origem. O desafio é garantir o princípio básico do fair play, oferecendo chances iguais para o mandante e o time visitante nestas circunstâncias variadas (Bartsch ; Saltin ; Dvorak, 2008). O número de desportistas que estão submetidos às exigências fisiológicas em condições de variações ambientais está aumentando cada ano, porém, o efeito dessas alterações ambientais tem influenciado o desempenho físico, dificultando os mecanismos de adaptação às quais o corpo está exposto. As elevadas cargas de treinamento e de competição do desporto atual que é realizada pelos atletas, em condições de variação de temperaturas do meio tornam-se um problema adicional de adaptação do organismo ao trabalho. Essa circunstância apresenta-se nos desportos como no futebol, onde são necessários conhecimentos detalhados sobre a influência que exerce o calor e ou frio no organismo do atleta, sobretudo durante a execução de cargas de treinamento e de competição de elevada magnitude, assim como conhecer os mecanismos e vias de treinamentos utilizáveis para atingir uma boa adaptação individual a temperaturas altas e baixas. Por outro lado, a atividade física intensiva está relacionada com a diminuição da temperatura ótima do ar. Em consequência o trabalho com uma

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frequência cardíaca de 140-150 batimentos por minuto se eleva com maior rapidez se a temperatura do ar é de 16-17ºC, mas o incremento da frequência cardíaca até os 170-180 batimentos por minuto se vincula com um deslocamento da zona de confortabilidade até os 13-14ºC. Nesse sentido, as mudanças na temperatura exterior, considerados como ótimas, geram um desequilíbrio entre a temperatura exterior e a interior do corpo, obrigando ao organismo a reagir com o objetivo de manter o equilíbrio térmico. Em consequência, a aclimatação do organismo do desportista às mudanças de temperatura do meio ambiente reduz-se a dissipação do calor, quando as temperaturas são altas e mantém o calor se as temperaturas são baixas. Destaca-se, que a energia gerada pelo organismo de uma pessoa, entre 60 e 80% se transforma em calor que vai para o meio ambiente, e apenas de 20 a 40% se transforma em energia útil para o trabalho. Em condições atmosféricas habituais, a conservação do equilíbrio térmico não representa nenhum problema para o organismo da pessoa, mas no caso do calor que sobra que aparece como consequência do metabolismo, se elimina através da condução e da convecção (20-30%), da radiação (50-60%) e da evaporação (20-30%), como se observa na figura 2.

Figura 2 Dissipação do calor.

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Durante a condução, o calor transmite-se mediante o contato molecular dos tecidos mais quentes aos menos quentes, e durante a convecção como resultado do contato da pele com os elementos circundantes ao corpo, com ar ou com água, e na radiação mediante transmissão do calor que sobra em forma de raios infravermelhos, e quando há evaporização o calor se elimina mediante a sudoração. No caso de realizar-se um exercício intenso, sobretudo no caso que o dia é muito quente, a evaporação se converte no mecanismo principal de eliminação do calor. Dessa forma, o calor é eliminado pela evaporação do suor desde a pele, irradiando o calor do corpo para zonas mais frescas como as extremidades, notando-se nelas aumentos intensos de irrigação sanguínea cutânea e uma maior atividade das glândulas sudoríparas. Por outro lado, é amplamente conhecido que a temperatura ótima do ar para uma vitalidade completa da pessoa em condições normais sem realizar exercícios oscila entre 18 e 22ºC. De fato, a maiores temperaturas o organismo necessita de aclimatação para poder suportar os efeitos do calor e a umidade. Por exemplo, durante o exercício submáximo prolongado em ambientes quentes ou úmidos, a taxa de transpiração de uma pessoa pode aumentar para valores entre 2 a 3L/h (Robergs ; Roberts, 2002). Dessa forma, à medida que o corpo se desidrata, as taxas de transpiração diminuem e a temperatura interna do corpo aumenta. Portanto, a transpiração excessiva acarreta uma perda líquida mais pronunciada e uma subsequente redução no volume plasmático. As complicações pelo calor associadas ao esforço podem afetar aos atletas durante o exercício de alta intensidade e longa duração, e ocasionar que se retirem da atividade e colapsem durante esse intervalo ou pouco depois (American College of Sports Medicine, 2007). É por isso que a manutenção de exercício físico intenso em ambientes quentes pode sobrecarregar a capacidade do corpo para responder adequadamente à pressão imposta, dando lugar à hipertermia, desidratação, deterioro físico, rendimento mental e potencialmente grave doença pelo esforço no calor (Casa, 1999). De fato, vários estudos abordaram os efeitos da desidratação sobre a resistência muscular, revelando que 3 a 4% da desidratação provocam a diminuição do rendimento. Nesse sentido Sawka; Montain ; Latzka (1996) consideram em relação à potência aeróbia máxima que uma redução de 2 a 3% do peso corporal em condições de calor, as quedas podem ser grandes. Portanto, a ingestão de líquidos mantém a hidratação e ajuda à termorregulação, evitando a desidratação e mantendo o volume plasmático adequado, sobretudo, em futebolistas que realizam treinamentos duas vezes por dia durante a pré-temporada (Maughan et al., 2004). A informação sobre as mudanças na diminuição da temperatura exterior chega ao organismo através dos termoreceptores da pele, que estão situados a

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0,17mm de profundidade, porém, quando se produz mudanças consideráveis na temperatura exterior, os receptores transmitem informação ao centro de termorregulação que ativa os mecanismos de regulação da temperatura. Assim, à medida que tem lugar uma diminuição da temperatura do meio exterior, começa a atuar os mecanismos de ação que favorecem a produção de calor metabólico e manutenção do calor formado no organismo. Os mecanismos gerados são efetivos e permitem garantir a manutenção da temperatura interna apesar das mudanças na temperatura do meio ambiente. A temperatura corporal se mantém dentro de certos limites com flutuações diárias de ±1ºC, onde uma redução na temperatura da pele ou do sangue estimula o hipotálamo a ativar os mecanismos conservadores da temperatura corporal, aumentando a produção e diminuindo a dissipação do calor. Porém, os mecanismos que habitualmente se encarregam de eliminar calor, como a condução, radiação, convecção e evaporação, funcionam de forma ineficaz num ambiente frio, dissipando o calor mais rápido do que o corpo pode gera-lo. Portanto, a hipotermia aparece quando a temperatura interna descende abaixo dos 35ºC (Mills, 1987), temperatura em que os músculos perdem a tensão, ficando paralisados porque a taxa de produção química de calor por cada célula se reduz quase a metade por cada descenso de 5ºC. Embora, quando expostos a ambientes frios sugere-se agasalhar com o propósito de isolar o frio durante o exercício físico e diminuir a perda de calor através de esfriamentos por evaporação, irradiação e convecção (Robergs ; Roberts, 2002), sendo que para manter o equilíbrio térmico será necessária certa quantidade de roupas. Nesse sentido, Pate (1988) destaca que uma vez aquecidos deve-se retirar algumas roupas, causando uma diminuição da barreira isolante formada pelos agasalhos, para ser compatível com as necessidades isolantes exigidas pelo exercício físico. A exposição ao frio de desportistas e especificamente de futebolistas é pouco estudada por parte dos pesquisadores. Dado que a maioria dos estudos que investigam os efeitos do treinamento sobre a tolerância ao frio foi desenvolvida em ratos (Shefer e Talan, 1997) e sua capacidade de extrapolação ao modelo humano é muito discutida. No entanto, alguns estudos sugerem que as taxas de sudorese tendem a ser menores em ambientes frios e o efeito da hipoidratação no rendimento do exercício é menos marcada. A partir dessa perspectiva, Bulatova e Platonov (1998) consideram que uma diminuição significativa da temperatura muscular provoca uma alteração na incorporação racional ao trabalho de fibras musculares de diverso tipo e na coordenação intramuscular e intermuscular; assim como a diminuição na velocidade de contração muscular, no nível de força muscular, no

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rendimento econômico do trabalho e na capacidade para conseguir uma eficaz coordenação de movimentos. Em consequência, o esportista que exercitar-se na mesma velocidade e com a mesma produção de força em ambientes de baixas temperaturas se fadiga antes, apesar de que o exercício físico intenso serve como um meio eficaz para diminuir o influxo das baixas temperaturas. Portanto, no caso dos futebolistas será necessário manter um equilíbrio térmico durante os treinamentos e competições a baixas temperaturas, sobretudo quando se controla a carga física para não se esgotar rapidamente e, usar roupa adequada para garantir a manutenção da temperatura interna. Uma diminuição da temperatura interna e dos músculos, inferior ao nível ótimo conduz a uma diminuição substancial do consumo máximo de oxigênio, do gasto cardíaco, da frequência cardíaca, do rendimento eficiente do trabalho e, naturalmente da capacidade para o exercício físico (Bulatova e Platonov, 1998). Por exemplo, destaca-se que quando a temperatura retal cai para 23,5ºC se produz hipotermia, afetando o coração, provocando desta forma parada cardíaca, e consequentemente a morte. Nesse sentido, os sintomas de desenvolvimento da hipotermia são fraqueza, fadiga, diminuição dos tremores, incoerência e perda das faculdades para se comunicar (Robergs ; Roberts, 2002). Isto provoca esfriamento muscular, alterando os modelos de mobilização das fibras musculares. Portanto, se produz uma diminuição na velocidade de contração muscular, na força muscular e na capacidade para executar com eficácia a coordenação motora, assim também o resfriado comum é provavelmente a doença mais frequente dos esportistas que permanecem em ambientes de frio, porém, é recomendável manter o sistema imunológico em boas condições e vestir roupas adequadas para proteger as zonas mais propensas. Em suma, o processo de treinamento e competição dos times de futebol depende muito das condições atmosféricas e das regiões geográficas, em que o planejamento e a organização das atividades com antecipação convertem-se num fator primordial para obter um maior rendimento e evitar riscos de saúde nos atletas. Quando o assunto é Altitude, nota-se que aproximadamente 140 milhões de pessoas vivem acima de 2500msnm., sobretudo no norte, centro e sul da América, Ásia e o norte de África, considerando os biólogos humanos que estas populações experimentam mudanças respiratórias, cardiovasculares e hematológicas, produto das condições de hipóxia, ou seja, da redução progressiva na pressão parcial de oxigênio devido ao aumento da altitude (West, 2004). Em consequência, muitos médicos encontram-se surpresos por conhecer o meio em que as pessoas vivem, trabalham e jogam em grandes altitudes (West, 2004) e os fatores físicos que influenciam sobre o organismo do homem como

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a diminuição da pressão barométrica, densidade do ar atmosférico, força da gravidade, temperatura e elevada radiação solar (Bulatova e Platonov, 1998). No caso dos jogos internacionais de futebol que se desenvolvem na América do Sul, geralmente são realizados em cidades de moderada altitude, como Bogotá (2600msnm), Quito (2800msnm), La Paz (3600msnm) e Cusco (3300msnm), entre outros estádios. Essas regiões geográficas se caracterizam principalmente pela presença do fenômeno da hipóxia, obstaculizando muitas vezes o desempenho coletivo e individual das equipes que competem, levando na maioria das oportunidades aos clubes a treinar em condições similares com o intuito de diminuir os efeitos da altitude. Embora, esses processos de aclimatação e adaptação sejam considerados como desafios para os atletas, que pelo geral, não todos os jogadores conseguem desenvolver e manter níveis aceitáveis de rendimento. Por sua vez, nem todos os clubes apresentam as mesmas condições de trabalho, recursos e infraestrutura para programar dentro de seus planejamentos. De fato, as equipes deveriam treinar em localidades de altitude e/ou no nível do mar em condições de hipobaria, objetivando a execução de um melhor desempenho à moderadas e elevadas altitudes. No entanto, o tempo de intervalo entre cada competição oscilam entre 3 e 6 dias, impossibilitando aclimatações e pior ainda, adaptações. Portanto, as regiões geográficas que apresentam elevadas altitudes se caracterizam pela baixa pressão de oxigênio, onde os atletas que logo ao descer do avião e permanecem mais de seis horas podem sofrer alguns sintomas como dor de cabeça, náuseas, vômitos, entre outros, produto dos efeitos da altitude, chegando inclusive a elevadas altitudes a sofrer muitas vezes edema pulmonar e cerebral (Bartsch; Saltin ; Dvorak, 2008). Em consequência, a Comissão de Medicina do Esporte da FIFA, recomenda que as competições de futebol acima dos 3000msnm., deveriam ser jogados só após um período de aclimatação de 10 dias, em razão de que as regiões de altitude podem gerar alterações perceptivas e cognitivas potenciais e presença de fadiga a expensas da exposição aguda em moderadas e elevadas altitudes. A exposição a elevadas altitudes implica para o ser humano um stress fisiológico marcante, que requer de uma série de respostas agudas e crônicas que permitem uma adaptação a este meio tão adverso. Tais adaptações a nível do sistema respiratório e circulatório, regulação hormonal e hídrica, nos componentes hematológicos e na morfologia e metabolismo muscular, parece contrariar os efeitos fisiológicos da rarefação de moléculas de oxigênio para os tecidos (Bartsch; Saltin ; Dvorak, 2008). Dado que os mecanismos de adaptação são importantes para permanecer e sustentar o trabalho em regiões de elevada altitude, sendo um exemplo da capacidade adaptativa do organismo humano as alterações homeostáticas, orgânicas, e teciduais em ambientes extremadamente hostis.

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Seleção de testes

Com o objetivo de avaliar a influência da altitude sobre o rendimento de 1400 jogos internacionais desenvolvidos na América do Sul durante os anos de 1900 a 2004, Sharry (2007) verificou que as equipes que são de elevada altitude tem menor probabilidade de fazer gols quando jogam em baixas altitudes, e por cada 1000m, adicionais essa probabilidade aumenta a média de gol. Tal é o exemplo da seleção de Bolívia, quando joga com um oponente do nível do mar como no caso da seleção do Brasil, a probabilidade de ganhar em casa aumenta de 54% para 83% devido aos efeitos da altitude. A figura 3 mostra a porcentagem de jogos vencidos na condição de mandante e de visitante em 17 Copas América de futebol por cada país.

Figura 3 Porcentagem de jogos vencidos dentro e fora de casa das seleções de América do Sul.

Psicológicos O entendimento do treino e do jogo de futebol, enquanto processos decorrentes da confluência de múltiplos componentes (físico, técnico, tático e psíquico), implica a configuração de um enquadramento complexo que pondere a interação

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de diversas variáveis (Barreiros et al., 2011). Todavia, ao analisar-se a evolução do processo de treino desportivo, constata-se uma clara assimetria quanto ao valor atribuído aos distintos componentes do rendimento. Por exemplo, no que concerne mais especificamente ao componente psicológico, a Psicologia do Desporto ainda não é suficientemente valorizada, fato que assume óbvias implicações ao nível do treino das equipas profissionais (Fonseca, 2004). Em toda ação, presente em um jogo de futebol, existe um envolvimento psíquico, sendo esse consciente ou não, mas a qualidade desse envolvimento terá fundamental importância no resultado da ação. Dividir uma bola com um adversário desperta no atleta sentimentos de posse, de levar vantagem, de triunfo, de competição. A partir da conscientização desses aspectos, a preparação atlética passou a envolver também objetivos afetivos. Nos esportes de alto rendimento os atletas são confrontados às situações de grande pressão e instabilidade. Esta sobrecarga frequentemente afeta o estado psicológico dos atletas. Na literatura já é sabido que atletas possuem comportamentos diferentes frente a determinadas situações que influenciam no desempenho. Esta capacidade foi denominada de “mental toughness”, que em português significa capacidade de sustentar consistentemente um estado ideal de desempenho diante das adversidades. Vários fatores afetam esta capacidade psicológica, como, autoconfiança, foco de atenção e concentração, motivação, negativismo, estresse, ansiedade, atitude competitiva, determinação e persistência entre outros. Alguns desses fatores interferem de maneira negativa ou positiva no desempenho dos atletas de alto nível. Um bom exemplo é a ansiedade, que pode ser entendida como um fenômeno psicológico relacionado à adaptação e regulação do ser humano na vida cotidiana. Trata-se de uma reação subjetiva de apreensão e incerteza acompanhada por uma ativação do sistema nervoso autônomo e um aumento da atividade endócrina. Essa reação de apreensão e incerteza, que gera reações fisiológicas como taquicardia, dor de estômago, medo, entre outras, é denominada Ansiedade-Estado. Weinberg ; Gould (2001) complementam essa definição, afirmando que esse estado ansioso está relacionado ao componente de humor em constante variação, caracterizado por sentimentos de apreensão e tensão, associados à estimulação do Sistema Nervoso Autônomo. Weinberg ; Gould (2001) apontam que para a interpretação de um indivíduo de seus sintomas de ansiedade é importante a compreensão da relação ansiedade-desempenho. As pessoas podem considerar os sintomas de ansiedade como facilitadores, positivos e úteis para o desempenho ou, por outro lado como negativos e prejudiciais. Assim sendo o autor demonstra que para

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Seleção de testes

entender a relação ansiedade-desempenho é preciso examinar tanto a intensidade quanto a direção (da interpretação da ansiedade como facilitadora ou debilitante) da ansiedade apresentada. Pesquisas demonstram que ativação e ansiedade aumentada causam aumento da tensão muscular e podem interferir na coordenação, além disso, estreitam o campo de visão, tornando o foco diminuído, o que pode ser favorável para exercícios que exijam concentração num foco estreito e a eliminação de distrações ambientais (Weinberg ; Gould, 2001). Outro fator, que pode levar o jogador de futebol a ter uma queda de desempenho, é o estresse, que acontece quando há um desequilíbrio substancial entre as demandas físicas e psicológicas impostas a um ser humano, sob condições em que a falha em as satisfazer tem consequências importantes, e sua capacidade em responder satisfatoriamente. Muitos são os fatores oriundos do meio externo que levam ao estresse no esporte como, por exemplo, estímulos de dor, perturbações sensoriais (muitos estímulos como barulho, luz ou vibração), ou situações de perigo (acidentes, lesões). Há também o estresse gerado por situações de privação das necessidades básicas, como sono e alimentação. Os estressores de performance, como demanda excessiva ou diminuída de jogos, insatisfação no clube e o fracasso em situações de performance, e os estressores sociais como conflitos com o técnico ou membros da equipe, viagens muito longas, distância dos parentes e isolamento social são outros fatores que prejudicam a performance esportiva. Outros fatores como a pressão da torcida, a imprensa e a relação com patrocinadores também podem prejudicar o desempenho dos atletas. Por outro lado, é de conhecimento que times que têm maior capacidade de manter um alto nível de concentração, motivação e empenho tendem a ter uma boa performance. Os jogadores dessas equipes são autoconfiantes, direcionam sua energia à conquista de seu objetivo na competição e se esforçam ao máximo para conseguir o melhor desempenho possível. Por fim, observa-se a existência de vários fatores psicológicos influenciando a performance dos atletas, os quais tanto podem prejudicar ou contribuir para sua satisfação e seu desempenho profissional, nos resultados de suas carreiras e até mesmo em sua saúde mental. Por essa razão, torna-se de fundamental importância que as pessoas envolvidas no trabalho com o jogador de futebol estejam atentas a essas questões, provendo as condições necessárias para que o mesmo desempenhe adequadamente o seu exercício profissional. Além disso, é fundamental construirmos conhecimentos relacionados à performance no esporte condizentes com as especificidades culturais e regionais do contexto no qual os atletas estão inseridos.

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Genéticos Como observamos nos tópicos anteriores, o desempenho esportivo pode ser influenciado por diversos fatores, como: o programa de treinamento, a dieta, os fatores psicológicos e o uso de substâncias ergogênicas. Porém, mesmo quando os atletas adotam condutas semelhantes durante a preparação para a competição, somente alguns se destacam em suas modalidades esportivas, colecionando títulos e estabelecendo uma hegemonia sólida. Mas, como explicar o fato de que atletas que têm o mesmo regime de treinamento, o mesmo tipo de dieta, e que muitas vezes moram nos mesmos clubes, apresentam desempenhos tão diversificados? Neste contexto, o avanço científico e tecnológico está permitindo a realização de análises mais aprofundadas, como a composição genética dos seres humanos (Genotipagem) (Macarthur ; North, 2005; Puthucheary et al., 2011). Esse tipo de análise poderá auxiliar na detecção de indivíduos mais responsivos ao treinamento esportivo. Além disso, o perfil genético facilitará o entendimento da variabilidade de respostas aos estímulos específicos relacionados ao treinamento. Até o ano de 2005, o mapa genético para a performance física e fenótipos relacionados à saúde já incluía 165 genes candidatos (Macarthur ; North, 2005). Os primeiros estudos ignoraram o conceito de interação, que no desporto indica “treinabilidade”. Bouchard ; Lortie (1984) afirmaram que esta interação é importante para determinar o potencial de esportes, enquanto Klissouras (1997) sustentou que ele pode ser ignorado e que funções como potência aeróbia (VO2máx) são determinadas principalmente pela hereditariedade, mas as respostas biológicas ao treinamento não são. Bouchard; Malina ; Perusse (1997) relataram grandes diferenças individuais nas respostas ao programa de mesmo exercício, concluindo que a capacidade de treinamento foi, em parte devido a fatores genéticos. As estimativas de herdabilidade foram obtidas nas últimas décadas para um número de variáveis antropométricas, musculares, fisiológicas e variáveis de desempenho relevantes para desportos como o futebol (Reilly; Bangsbo ; Franks, 2000). Eles incluem os valores elevados para altura e comprimento dos segmentos, alto a moderado valores para VO2máx e altos valores para o tipo de fibra muscular e flexibilidade. Mais recentemente, Seeman et al. (1996) relataram que 80% da variação individual na densidade mineral óssea e da massa muscular magra é determinada geneticamente, de acordo com Thomis et al. (1998), o valor correspondente para área transversal do braço foi de 85%. Os avanços científicos e tecnológicos têm possibilitado o desenvolvimento de novas estratégias para a detecção e preparação de atletas de elite, o que leva o esporte competitivo a um patamar jamais alcançado. Com o uso de técnicas

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Seleção de testes

de biologia molecular (ex. genotipagem) é possível detectar, por exemplo, genes que exercem algum tipo de influência sobre o desempenho, favorecendo atletas em determinadas modalidades esportivas. Dessa forma, o conhecimento do genótipo poderá auxiliar na detecção de talentos e no direcionamento dos indivíduos com maior potencial de resposta para determinadas atividades, maximizando os efeitos dos programas de treinamento esportivo. Os avanços nas tecnologias de estudo do DNA e proteína tem sido marcados por um desenvolvimento sem precedentes na última década. Após o término do Projeto Genoma Humano em 2001, que foi um marco representativo de uma nova era em genômica, o interesse de pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento tem se deslocado para a análise das pequenas variações em nosso genoma, conhecidos como SNPs (single nucleotide polymorphisms). Da mesma forma os avanços nas ciências ômicas em geral (proteômica, metabolômica, etc.) tem revolucionado o modo de se entender os processos biológicos/fisiológicos/clínicos. Esses novos campos estão ampliando consideravelmente nossa maneira de investigar e entender esses processos. A identificação dessas regiões em nosso genoma bem como a expressão de moléculas marcadoras poderá ter uma grande capacidade de nos informar sobre os mecanismos que regulam diferentes fenótipos, dentre os quais os ligados a aptidão esportiva. O avanço da tecnologia nessas áreas pode levar ao desenvolvimento de biomarcadores para aptidão esportiva, extremamente importantes para o processo de orientação de jovens atletas em início de carreira esportiva. Além disso, esses marcadores podem ser utilizados em vários campos da biomedicina, na farmacologia e na medicina esportiva. Desta forma, o Projeto Atletas do Futuro: A “ômica” a serviço do esporte, liderado pelo Prof. Dr. João Bosco Pesquero da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) vem coletando informações e dados com a finalidade de se obter uma ferramenta para auxiliar na orientação esportiva de jovens atletas, utilizando marcadores ÔMICOS presentes em atletas de elite de hoje e do passado, de diferentes modalidades. Com as informações do Projeto Atletas do Futuro é possível conhecer mais sobre as habilidades esportivas baseadas nas características genéticas de cada jogador. O relatório fornece informações em relação à predisposição em atividades de força comparada a predisposição em atividades de resistência em resposta ao treinamento esportivo. Com a análise genética, é possível verificar o perfil genético para genes relacionados à performance física. Este relatório contém informações baseadas na literatura esportiva internacional, de acordo com os resultados obtidos da análise genética de cada ateta. Sendo essa análise apenas um dos vários fatores que caracterizam a performance física.

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

Os pesquisadores da Atletas do Futuro tiveram a preocupação e o cuidado de formar um painel com quatro genes baseados nas últimas evidências científicas sobre genes relacionados à performance física: vantagens em atividades de força ou de resistência. Para cada um desses fatores são analisados os dois alelos gênicos, um herdado do pai e o outro herdado da mãe. O Quadro 1, a seguir, descreve os resultados da caracterização genética para os genes ECA, BDKRB2, ACTN3 e AGT da equipe profissional do Palmeiras no primeiro semestre de 2015, os gráficos 1 e 2 comparam a equipe profissional do Palmeiras com um grupo controle de população brasileira e com um grupo geral de futebolistas, respectivamente. E o Quadro 2, mostra a análise dos 4 genes analisados pelo Projeto Atletas do Futuro: A “ômica” a serviço do esporte.

Quadro 1 Exemplo de caracterização genética para os genes ECA, BDKRB2, ACTN3 e AGT da equipe profissional do Palmeiras.

Jogador

Posição

ACTN3

ECA

AGT

BDKRB2

Score Força (%)

Score Resistência (%)

Jogador 1

Goleiro

RX

ID

MT

+9/-9

50

50

Jogador 2

Goleiro

RR

ID

MT

-9/-9

50

50

Jogador 3 Zagueiro

RX

ID

MT

+9/-9

50

50

Jogador 4 Zagueiro

RR

ID

TT

+9/+9

87,5

12,5

Jogador 5

Lateral

RX

II

MT

-9/-9

25

75

Jogador 6

Lateral

RR

II

MT

+9/+9

62,5

37,5

Jogador 7

Volante

RX

ID

MM

+9/+9

50

50

Jogador 8

Volante

RX

ID

MT

-9/-9

37,5

62,5

Jogador 9

Meia

RX

II

TT

+9/-9

50

50

Jogador 10

Meia

XX

ID

MM

-9/-9

12,5

87,5

Jogador 11 Atacante

RX

DD

TT

+9/+9

87,5

12,5

Jogador 12 Atacante

RR

II

TT

+9/-9

62,5

37,5

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Seleção de testes

Gráfico 1 Comparativo entre os dados do Palmeiras 2015 e um grupo controle (população brasileira).

Gráfico 2 Comparativo entre os dados do Palmeiras 2015 e um grupo de Futebolistas (geral).

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Quadro 2 Análise para ECA, BDKRB2, ACTN3 e AGT. Gene

Análise

ECA

A ECA, primariamente, influencia a eficiência da entrega de sangue à musculatura através do controle da pressão sanguínea. Essa enzima pode influenciar, ainda, a eficiência da queima de oxigênio nos músculos e a taxa de crescimento de alguns músculos. A ECA é uma enzima relacionada à produção de angiotensina II, um importante agente vasoconstritor. A quantidade de ECA em nosso corpo está associada ao genótipo, sendo que o alelo I está associado à uma redução da atividade da enzima comparada ao alelo D. Indivíduos que apresentam pelo menos um alelo D apresentam maior ganho de força e de volume muscular depois de um treinamento de força. Por outro lado, indivíduos que apresentam o alelo I apresentam maior desempenho em atividades de resistência.

BDKRB2

O receptor B2 das cininas é uma molécula associada ao aumento do consumo de glicose pelo músculo e aumento de produção de óxido nítrico (importante substância vasodilatadora). O alelo -9, associado a um aumento na quantidade de receptor em nosso corpo, é mais freqüente em atletas de elite que praticam esportes de resistência.

ACTN3

AGT

A α-actinina 3 é uma proteína do aparato muscular relacionada à maior absorção/ transmissão da força através da fibra. Indivíduos que expressam a proteína ACTN3 (genótipos RR ou RX) podem apresentar vantagem em modalidades que exigem explosão e força muscular quando comparados a indivíduos que não expressam a proteína (genótipo XX). Quatro genes para a α-actinina foram descritos em humanos (ACTN 1, 2, 3 e 4), sendo as isoformas 2 (expressa em todas as fibras) e 3 constituintes do citoesqueleto muscular. Sabe-se ainda que a isoforma ACTN3 é específica das fibras de contração rápida (tipo II) responsáveis pela geração de força contrátil em alta velocidade. A α-actinina 3 confere a fibra do tipo II maior absorção/transmissão da força na fibra durante uma contração rápida. A troca do nucleotídeo C > T no gene ocasiona uma mutação. Indivíduos com o alelo do pai e da mãe mutados não expressam α-actinina 3 (indivíduos XX) enquanto os indivíduos que sintetizam a proteína apresentam no mínimo um alelo R vindo do pai ou da mãe. O angiotensinogenio é uma proteína precursora da angiotensina II, um potente agente vasoconstritor. Observa-se um polimorfismo T/C no gene do angiotensinogênio, que resulta na síntese do aminoácido treonina (Alelo T) ao invés de metionina (Alelo M) na proteína. Pessoas portadoras do genótipo TT apresentam maior produção desta proteína e maior massa ventricular esquerda em resposta a um treinamento de Força quando comparados a indivíduos portadoras do genótipo MM. O alelo T é mais frequente em atletas de força e explosão.

Os genes sozinhos não são responsáveis pela performance atlética. Condição física, treinamento, nutrição, sono de qualidade, idade, motivação, desejo e competitividade são outros fatores importantes para se atingir o sucesso nos esportes.

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Seleção de testes

Indicadores de avaliação O futebol exige força, agilidade, velocidade e uma ótima capacidade de executar ações de alta intensidade sem queda de rendimento e com pouco tempo de recuperação entre uma ação de elevada intensidade e outra. Logo, um equilíbrio entre as capacidades físicas citadas e uma composição corporal que auxiliem na otimização do rendimento do jogador, deverá compor a bateria de avaliação do jogador de futebol, bem como, uma análise das variáveis sanguíneas e psicológicas, que poderão auxiliar na prevenção de possíveis lesões e no processo de adaptação ao treino, além disso, de posse dessas informações, é possível realizar o planejamento de intervenções recuperativas específicas para serem aplicadas após os treinos e jogos, com o objetivo de atuar de maneira eficaz na recuperação e no melhor rendimento físico dos atletas. Na figura 4 observa-se os diferentes indicadores de avaliação do desempenho dos futebolistas.

Figura 4 Indicadores de avaliação dos futebolistas.

Cineantropométricos Cineantropometria é definida como o uso da medida no estudo do tamanho, forma, proporcionalidade, composição e maturação do corpo humano, com o objetivo de ampliar a compreensão do comportamento humano em

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

relação ao crescimento, à atividade física e ao estado nutricional (Heyward ; Stolarczyk, 2000). A cineantropometria provém das palavras gregas KINEIN, que significa movimento, ANTHROPO, significa homem e METRY, medida. Deste modo, considera-se que a cineantropometria serve para a determinação objetiva dos aspectos referentes ao desenvolvimento do corpo humano, assim como para determinar as relações existentes entre o físico e o desempenho. Além disso, por outro lado, podemos destacar que para avaliar o tamanho e as proporções dos segmentos corporais (Heyward ; Stolarczyk, 2000), se utilizam circunferências, dobras cutâneas, comprimentos e diâmetros dos ossos. Para Martins ; Waltortt (1999) a cineantropometria apresenta fundamental importância nos estudos dos seres humanos, desde as formas mais arcaicas de atribuir medidas aos segmentos corporais. Além disso, há a necessidade de caracterizar as populações nos seus respectivos âmbitos socioculturais. Nesse sentido, as variáveis cineantropométricas mais significativas para estudar nos esportes, são a altura, massa corporal e percentual de gordura corporal. No âmbito esportivo a cineantropometria vem ganhando destaque, pois é uma importante área do conhecimento que tem o objetivo de analisar o perfil morfofuncional de atletas de alto rendimento, tanto profissional como também nas categorias de base, descrevendo toda sua composição corporal, através de cálculos de percentual de gordura, estatura, massa gorda, massa magra, massa óssea, massa residual, medição de diâmetros ósseos e circunferências de membros (Matkovic et al., 2003), proporções e formas do corpo.

Físicos O futebol, do ponto de vista físico, é considerado uma modalidade esportiva intermitente que intercala períodos de alta e baixa intensidade (Svensson ; Drust, 2005), estruturado por movimentos cíclicos e acíclicos, com predominância do metabolismo aeróbio e, em suas ações decisivas, pelo anaeróbio (Stolen et al., 2005). O contexto da modalidade deve ser considerado em relação aos diversos componentes do jogo, como os aspectos físico, técnico, tático e psicológico. Particularmente quanto ao físico, um futebolista percorre, aproximadamente de 10 a 12 km em diferentes intensidades (Stolen et al., 2005; Di Salvo et al., 2007), realiza aproximadamente 727 giros durante o jogo (Bloomfield et al., 2007) e desempenha 1.000 a 1.400 ações de curta distância com mudanças a cada quatro a seis segundos, com frequência cardíaca média de 170 bpm variando entre 80 a 90% da máxima (Bangsbo ; laia ; Krustrup, 2007). Esta variabilidade de movimentos exigida durante o momento competitivo da modalidade exige do futebolista o desenvolvimento ótimo de capacidades

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Seleção de testes

motoras como capacidade e potência aeróbia, resistência específica, velocidade, agilidade e força explosiva. A aptidão aeróbia tem sido referida como fator importante na recuperação dos futebolistas durante as ações competitivas dos jogos, sendo o sistema energético predominante na modalidade (Bloomfield et al., 2007; Di Salvo et al., 2007). A força explosiva, a velocidade e a agilidade são caracterizadas por movimentos dos futebolistas como sprints, mudanças rápidas de direção, saltos, chutes, giros e gestos técnicos executados nas partidas, por isto são consideradas determinantes, já que representam ações decisivas dos jogos (Cometti et al., 2001; Hoff, 2005; Stolen et al., 2005).

Sanguíneos O treinamento desportivo é um processo orientado para a melhoria do desempenho do atleta que tem por objetivo romper o equilíbrio interno do organismo humano por meio de um aumento progressivo das cargas de treinamento. Este processo constitui-se em uma fonte causadora de estresse em consequência de fatores psicofisiológicos que são fundamentais para o rendimento esportivo. Uma das condições primordiais para um treinamento de qualidade é o contínuo e adequado desequilíbrio da homeostase, caracterizado como estresse positivo. Em sequência, é fundamental que haja um período suficiente de recuperação para a ocorrência da supercompensação. No entanto, o estresse provocado pelos treinamentos pode acarretar reações negativas quando as cargas impostas são incompatíveis com a capacidade de resposta do atleta, que resultará em uma inadaptação psicofísica com possíveis repercussões negativas no rendimento atlético. Essa inadaptação está associada às alterações fisiológicas, hematológicas, bioquímicas, hormonais e psicológicas, que por sua vez provocará prejuízos para a saúde do atleta, tal como a síndrome do overtraining. O overreaching e o overtraining são processos nos quais o atleta apresenta uma queda no rendimento esportivo, sendo que no primeiro o indivíduo se recupera totalmente em no máximo duas semanas, mas no segundo o período de recuperação pode levar de algumas semanas a meses. A ciência do treinamento desportivo moderno utiliza-se de diversos meios para avaliação, prescrição e controle do treinamento e do desempenho. Os testes não invasivos mensuram as variáveis antropométricas e as capacidades físicas, tais como força, resistência e flexibilidade, entre outras. Entretanto, a investigação invasiva fornece importantes dados acerca das respostas orgânicas, subsidiando a tomada de decisão (Schumacher et al., 2002 apud Silva et al., 2011). Sendo assim, para se alcançar resultados mais fidedignos a respeito dos efeitos do treinamento, é necessário utilizar-se de técnicas invasivas, como exames de sangue, buscando mensurar, interpretar e associar dados hematológicos, bioquímicos e hormonais.

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A mensuração de dados hematológicos, bioquímicos e hormonais fornece muitas respostas a respeito de como o treinamento ou os jogos estão sendo interpretados pelos diversos sistemas, além de identificar possíveis quedas de desempenho ou lesões nos atletas. Parâmetros Hematológicos Sobre os parâmetros hematológicos, há um consenso na literatura sobre a diminuição do hematócrito, concentração de hemoglobina e glóbulos vermelhos (eritrócitos) induzidos pelo treinamento de resistência (Schumacher et al., 2002). Esta condição especial é denominado esporte anemia e pode ser explicado pela expansão do volume do plasma que ocorre durante e após o exercício físico. De qualquer forma, é importante saber que a concentração de hemoglobina absoluta é aumentada principalmente devido à estimulação eritrocitose induzida por exercício, no entanto, este mecanismo é suprimido pelo aumento muito maior no volume do plasma (Schumacher et al., 2002). A maioria dos estudos relacionados com a estimulação dos parâmetros hematológicos por atividades desportivas baseiam-se nas características de modalidades específicas, tais como a resistência ou o treinamento de força (Schumacher et al., 2002). No entanto, existe uma gama de esportes (futebol, voleibol, basquetebol, handebol, hockey e rugby) evolvendo diferentes categorias de treinamento que não podem ser classificados apenas como resistência ou treinamento de força. Embora as principais características fisiológicas de um jogo de futebol sejam sustentadas pelo metabolismo aeróbio, as habilidades mais decisivas, como saltar, chutar, marcar, girar, correr e mudar o ritmo são anaeróbias (Stolen et al., 2005). Alguns estudos (Schumacher et al., 2002; Filaire, Lac e Pequignot, 2003; Silva et al., 2008b) foram conduzidos para determinar os índices hematológicos de jogadores de futebol, no entanto, apenas Filaire; Lac ; Pequignot (2003) e Silva et al. (2008b) verificaram o comportamento dos parâmetros hematológicos de um programa específico de treinamento de futebol. Cossio-Bolaños et al. (2015), compararam a concentração de hemoglobina (Hb) e resistência dos jogadores de futebol profissionais do Peru que residem ao nível do mar e nas regiões de altitude moderada. Os resultados não mostraram diferenças entre os dois grupos de jogadores profissionais de futebol em relação à idade, tempo de experiência no futebol, peso corporal, estatura, % de gordura, massa gorda e massa livre de gordura. Porém, as diferenças (p <0,001) se apresentaram na concentração de Hb (g/dl-1) e VO2máx (ml/kg-1/min-1). Sendo assim, o grupo de jogadores de futebol profissionais que vivem, treinam e jogam em Arequipa a uma altitude moderada

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(2.320 m acima do nível do mar) apresentaram níveis mais elevados de Hb (16,2 ± 0,7 g/dl-1) e VO2máx (54,1 ± 5,9 ml/kg-1/min-1) em comparação com os jogadores que residem em regiões ao nível do mar (14,4 ± 0,7 g/dl-1) e (49,0 ± 5,9 ml/kg-1/min-1). E Santi Maria et al. (2013), descreveram e compararam hematologicamente jogadores de futebol da elite nacional durante o período competitivo de acordo com suas posições táticas para determina a prevalência de anemia. Neste estudo foi possível verificar que não houve diferença estatisticamente significativa entre as posições de jogo em todos os três parâmetros hematológicos (hemograma de células vermelhas, hematócrito e hemoglobina). E que todos os jogadores mantinham a estrita observância das dietas equilibradas, sem observação de anemia entre esses atletas. Já Silva et al. (2008b), verificaram com futebolistas profissionais brasileiros que após 6 semanas de treinamentos ocorreram aumentos significantes nos eritrócitos, concentração de hemoglobina e hematócritos, pressupostamente devido a redução no volume de plasma e segundo os pesquisadores essas alterações podem ser explicadas pelas características do programa de treinamento de futebol. Porém, no mesmo estudo não observou-se correlação entre o limiar anaeróbio e esses parâmetros hematológicos, isso porque, diferentemente do consumo máximo de oxigênio (VO2máx) que está relacionado à concentração de hemoglobina, o limiar anaeróbio é dependente principalmente das adaptações musculares (Billat et al., 2003). Marcadores Bioquímicos A demanda de 2 a 3 jogos por semana eleva os riscos de lesões com declínio do desempenho dos jogadores, devido à fadiga e prejuízo muscular devido ao enrijecimento e inflamação. Os jogadores devem se recuperar totalmente durante o período que vai de 3 a 6 dias até o jogo seguinte, para poder competir com qualidade os próximos 90 minutos do jogo. O futebol tem sofrido muitas mudanças nos últimos anos, principalmente, em função das exigências físicas cada vez maiores, o que obriga os atletas a trabalharem perto de seus limites máximos de exaustão, com maior predisposição às lesões musculares. O futebol consiste de corridas intermitentes de alta intensidade e saltos, bem como aceleração e desaceleração rápida dos movimentos. Durante a fase de aterrissagem das corridas, os músculos isquiotibiais são ativados excentricamente produzindo elevada tensão na área da seção cruzada muscular, podendo resultar num significativo prejuízo à estrutura muscular, proteínas estruturais, linha Z, troponina e tropomiosina. Consequentemente,

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danos musculares registrados no jogo de futebol provavelmente são atribuídos às repetições intermitentes de intensa ativação excêntrica. Repetidas sobrecargas musculares podem causar tensão ou fissuras acompanhadas por uma redução de desempenho muscular durante o treinamento e no jogo, aumentando o risco de lesões do ligamento de joelho pela sobrecarga articular. Uma combinação de cargas repetidas e recuperação limitada devido ao aumento das sessões de treinamento e jogos podem conduzir à inflamação crônica e overtraining. Devido ao esforço físico atenuante ocorrem distúrbio da homeostase do cálcio e o estresse mecânico, proporcionando aos jogadores uma sensação de desconforto e lesões musculares. A intensidade de desconforto no músculo aumenta nas primeiras 24 horas após o exercício, com pico entre 24 e 72 horas, minimizando-se até 5 a 7 dias após a execução. A lesão muscular provocada pelo exercício está associada a uma fase aguda inflamatória caracterizada pela infiltração de fagócitos junto ao músculo, produção de radicais livres e elevação de citocinas e outras moléculas inflamatórias (Ispirlidis et al., 2008 apud Coelho et al., 2011b). Os marcadores bioquímicos podem ser considerados importantes parâmetros na avaliação da ocorrência do overtraining, lesões musculares e quedas de desempenho. Estes problemas são acompanhados por uma resposta significativa de biomarcadores do estresse oxidativo, os quais são alterados durante períodos de treinamento intenso e competições, e retornam aos níveis normais quando a carga diminui, indicando uma relação dose-resposta (Ispirlidis et al., 2008 apud Coelho et al., 2011b). Muitos métodos diretos e indiretos têm sido utilizados na análise do dano muscular decorrente do exercício físico (Foschini; Prestes ; Charro, 2007 apud Freitas; Miranda ; Bara Filho, 2009). Os métodos indiretos como mioglobina, lactato desidrogenase (LDH), fragmentos da cadeia pesada da miosina, ureia e creatina kinase (CK), são mais frequentemente usados (Silva et al., 2008a; Ispirlidis et al., 2008; Coelho et al., 2011b). Estas moléculas podem ser utilizadas como marcadores do dano no tecido muscular esquelético devido ao fato de serem citoplasmáticas e assim, impermeáveis na membrana plasmática (Foschini; Prestes ; Charro, 2007). Dessa forma, o aumento nos níveis dessas moléculas no líquido extracelular pode indicar uma alteração da permeabilidade da membrana ou o rompimento da mesma. Ispirlidis et al. (2008), mensuraram as alterações fisiológicas e respostas de desempenho, após uma partida de futebol, que podem auxiliar na compreensão e determinação das formas de recuperação dos jogadores para o jogo seguinte e para as prescrições de treinamentos do microciclo.

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O estudo mostrou que após um jogo ocorrem alterações significativas, interferindo no desempenho dos jogadores. Foram analisados alguns marcadores fisiológicos indiretos de traumas musculares, indicando informações importantes para a preparação e recuperação desses jogadores no microciclo de treinamento existente entre os jogos. Assim, o salto vertical diminuiu, retornando a condições de pré-jogo 72 horas após a partida; a condição de 1 RM (repetição máxima) decaiu após o jogo, atingindo seu menor valor em 48 horas pós-jogo, retornando para valores pré-jogo somente 96 horas após a partida; a habilidade de sprint (20 m) declinou após o jogo, atingindo seu valor mais baixo 48 horas depois e retornou a níveis pré-jogo após 120 horas. Os resultados deste mesmo estudo, em relação a alguns marcadores bioquímicos e hormonais, como a concentração de leucócitos que aumentou imediatamente após o jogo, persistindo por apenas 24 horas, normalizando-se posteriormente; a CK (creatina kinase) e o LDH (lactato desidrogenase) aumentaram imediatamente após a partida (600 U/L e 350 U/L, respectivamente), atingindo o pico 48 horas depois (próximos a 1000 U/L e 400 U/L, respectivamente), retornando a valores fisiológicos 96 horas pós-jogo (500 U/L e 175 U/L, respectivamente); a concentração de ácido úrico aumentou 24 horas após o jogo, com pico 72 horas pós-partida (56 mg/L), normalizando-se 120 horas após o jogo (42 mg/L); a concentração de cortisol aumentou imediatamente após a partida (aproximadamente 420 mmol/L) e normalizou-se daí em diante (240 mmol/L); os níveis de testosterona livre que estavam próximos a 7,0 mmol/L no momento pré-jogo declinaram imediatamente após o jogo (valor próximo a 5,75 mmol/L), retornando a níveis de 6,50 mmol/L somente 144 horas após o jogo; a interleucina 6 (IL-6) aumentou imediatamente após o jogo (próximo a 4,5 pg/ml) e normalizou 24 horas depois (1,0 pg/ml), provavelmente pela reposição imediata de carboidratos. Foi observado ainda neste estudo, que os jogadores atingiram uma média e um pico cardíaco correspondentes a 80% e 94%, respectivamente, da freqüência cardíaca máxima, indicando um ambiente intenso de competição. Desta forma, um jogo de futebol induz a resposta inflamatória transitória, bem como declínio do desempenho anaeróbio nas 72 horas pós-jogo, podendo chegar até 96 horas ou mais para alguns casos. Estes resultados indicam claramente a necessidade de uma recuperação completa dos jogadores após um jogo e entre as sessões de treinamento. Os dados apresentados por Ispirlidis et al. (2008), indicam que os jogadores de futebol não são capazes de realizar nível máximo intenso de exercícios, como os verificados numa partida, pelo menos, 3 dias após sua competição mais recente.

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Hormonais Estresses físicos e psicológicos estão presentes em sessões diárias de treinamento, bem como durante as competições (Filaire et al., 2001apud Kraemer et al., 2004). As medições dos principais hormônios secretados pelos eixos simpático-adrenal medular (SAM), hipotálamo-pituitário-adrenal (HPA) e hipotálamo-pituitário-gonadal (HPG) têm sido utilizados para avaliar os níveis de estresse agudo e crônico de diferentes modalidades esportivas (Kraemer et al., 2004; Filaire et al., 2004). Algumas investigações têm relatado as respostas hormonais de jogadores de futebol durante um jogo único (Ispirlidis et al., 2008; Fornaziero, 2009), treinamento de longo prazo (Filaire et al., 2001; Kraemer et al., 2004; Silva et al., 2011) e intensificação do treinamento, no entanto, os hormônios medidos nesses estudos com futebolistas estão relacionados com os eixos HPA e HPG. A testosterona e o cortisol são os principais hormônios relacionados com esses eixos e a sua relação é utilizada para indicar o equilíbrio entre as atividades anabólicas e catabólicas. A testosterona é um esteroide anabólico por excelência, que participa de vários processos metabólicos, aumentando a síntese de proteínas (e da massa muscular) e a deposição de glicogênio nos músculos, e possuindo ainda um efeito antagônico à ação proteolítica dos glicocorticoides. O cortisol, ao contrário, tem atividade predominantemente catabólica, induzindo proteólise e lipólise, com aumento da gliconeogênese hepática e elevação da glicemia. Por ser tipicamente um “hormônio do stress”, os níveis de cortisol costumam estar elevados durante exercícios de qualquer intensidade (Silva et al., 2011). O equilíbrio entre a atividade anabólica e catabólica é representado pela razão entre a testosterona e o cortisol, que é conhecida como testosterona/cortisol ou testosterona-livre/cortisol. Baseado na premissa de que a testosterona tem efeitos anabólicos e o cortisol catabólicos, a razão testosterona/cortisol tem sido proposta como um grande marcador de overtraining ou de quedas de desempenho do atleta. Na lógica desse argumento, Adlercreutz et al. (1986) sugeriram que se uma diminuição dessa razão fosse maior que 30%, o atleta estaria em overtraining. Entretanto, deve ser levado em conta o desempenho do atleta, pois não necessariamente quando a razão for superior a 30% o atleta terá uma diminuição em seu desempenho físico e ainda deve ser levado em conta o princípio da individualidade do atleta, que poderá reagir de forma diferente a um estado anabólico ou catabólico. Baseadas nessas evidências, muitas pesquisas foram realizadas com a razão testosterona/cortisol para verificar o estado anabólico/catabólico do treinamento desportivo, mas os resultados são contraditórios e variam muito entre estes estudos.

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Filaire et al. (2001) examinaram a razão testosterona/cortisol salivar em 17 jogadores de futebol antes da temporada (T1), antes (T2) e depois (T3) de programa de treinamento de alta intensidade e 16 semanas após durante o período competitivo (T4). Foi verificada uma redução superior a 30% na razão testosterona/cortisol no período T3 comparado com o período T2; entretanto o desempenho da equipe não diminuiu (71,4% de vitórias no campeonato) nesse período. Gorostiaga et al. (2004) verificaram essa mesma razão no treinamento de jogadores de futebol simultaneamente com um treinamento de força explosiva durante 11 semanas. Foi verificada uma correlação inversa entre a razão testosterona/cortisol com o desempenho do grupo experimental, porém os autores sugerem que uma diminuição transitória de 45% dessa razão nem sempre pode ser interpretada como um sinal de overtraining.

Psicológicos O desporto de alto rendimento exige do atleta uma dedicação intensa, para obter os melhores níveis de desempenho, que o possibilitará alcançar os resultados esperados: as vitórias pessoais ou coletivas. Para poder planejar programas de treino psicológico é necessário saber se existe um estado psicológico característico que permita aos atletas alcançarem o seu melhor rendimento. Para averiguar isso, realizaram-se distintas investigações nas quais se tem procurado informações sobre os pensamentos e sentimentos que os atletas possuem nos momentos de execução máxima (Johnson ; Ivarsson, 2011). Ademais, diversos autores têm enumerado uma série de atribuições e variáveis que caracterizam o estado psicológico ótimo de um atleta. Os marcadores psicológicos têm sido largamente utilizados na tentativa de avaliar os efeitos das cargas de treino, a fim de manter elevados níveis de desempenho dos jogadores de futebol. Métodos como a Escala de Percepção do esforço de Borg (RPE), Perfil de Estado de Humor (POMS) e Questionário de Estresse-Recuperação (REST-Q) tem sido utilizados para o acompanhamento e controle dos treinamentos, com os objetivos de prevenção de lesão e manutenção do desempenho. As relações entre as dimensões do humor, o desempenho esportivo e a monitorização do treinamento tem sido motivo de preocupações e, consequentemente, de investigações na área da psicologia do esporte e das atividades físicas (Silva et al., 2007 apud Brink et al., 2010 apud Cortis et al., 2010). Muitos estudos têm avaliado o estado de humor através do POMS que mede o estresse psicológico através de suas seis escalas – tensão/ansiedade,

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

depressão, raiva, vigor, fadiga e confusão mental. Desta maneira, este método constitui-se em uma das medidas mais completas para avaliar os efeitos do estresse da carga de treinamentos em variáveis psicológicas (Freitas; Miranda; Bara Filho, 2009). O estresse provocado pelo treinamento influencia positiva ou negativamente o estado mental do atleta. Algumas variáveis psicológicas são mais responsivas a esse estresse e podem ser avaliadas através de questionários. Esse procedimento, apesar de algumas limitações como a subjetividade das respostas, pode ajudar no controle dos efeitos da carga de treino, otimizando o aprimoramento da condição física e auxiliando na prevenção de efeitos negativos como a síndrome do overtraining, possibilitando a manutenção de ótimos níveis de desempenho atlético.

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Capítulo 2

Cineantropometria

Perfil antropométrico Por muitos anos os treinadores e investigadores estão tentando perceber a hierarquia e interação dos diversos fatores que contribuem para o sucesso competitivo, considerando-se alguns fatores que contribuem para o sucesso competitivo como os aspectos técnico, tático, psicológico e físico, além dos parâmetros bioquímicos, fisiológicos, biomecânicos e antropométricos. A partir desta perspectiva, é interessante notar que as características antropométricas são fatores importantes para o desempenho de alguns esportes, como basquete, vôlei e futebol. Na verdade, a antropometria se constitui como o método de maior aplicabilidade, englobando cada vez mais um maior número de profissionais para o uso de seus procedimentos (Norton, 2000), especialmente no caso do futebol (Fonseca et al., 2008; Fonseca et al., 2006; Herrero, Cabañas e Maestre, 2004; Casajús, 2001; Reilly, Bangsbo e Franks, 2000), e que, por se tratar de medidas externas implica em procedimentos simples e de relativa facilidade de interpretação, assim como o baixo custo e facilidade de avaliação a grandes populações em pouco tempo.

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

Figura 5 Fatores que contribuem para o sucesso esportivo.

Nesse sentido, podemos destacar que os atletas futebolistas executam funções físicas, técnicas e táticas variadas dentro do campo e consequentemente se diferenciam pelas funções de jogo enquanto a sua morfologia e desempenho físico, por isso é importante abordar as avaliações antropométricas de maneira específica, diferenciando-os de outros esportes.

Aspectos conceituais Entende-se por antropometria a técnica para expressar quantitativamente a forma do corpo e permite avaliar as dimensões e proporções corporais externas. A antropometria provém das palavras gregas ANTHROPO, significa homem e METRY, medida. Deste modo, os mesmos autores consideram que a antropometria serve para a determinação objetiva dos aspectos referentes ao desenvolvimento do corpo humano, assim como para determinar as relações existentes entre o físico e o desempenho. Além disso, por outro lado, podemos destacar que para avaliar o tamanho e as proporções dos segmentos corporais (Heyward ; Stolarczyk, 2000), se utilizam circunferências, dobras cutâneas, comprimentos e diâmetros dos ossos.

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Cineantropometria

Massa corporal e estatura As variavéis mais clássicas da antropometria são a massa corporal e a estatura. A primeira delas pode ser utilizada como medida de seguimento do processo de crecimento físico e indicador do estado nutricional de sujeitos atletas e não atletas. Por isso, é preciso relacionar esta variável com outros indicadores como a idade, sexo e estatura (Alvarez ; Pavan, 2003). Contudo, a massa corporal mede de maneira geral todo o corpo sem discriminar os compartimentos corporais como o peso muscular, peso gordo, peso ósseo e peso residual. Para isso é necessário usar técnicas de fracionamento da composição corporal. Em relação à estatura podemos destacar que tem como finalidade medir a distância máxima entre a região plantar e o vértex, que está composta por componentes como a cabeça, pescoço, tronco e extremidades. Esta variável é utilizada em estudos de crescimento e desenvolvimento, assim como, para a caracterização de população como é o caso do futebol, onde determinadas posições de jogo requerem altos valores de estatura, o que poderia permitir caracterizar, por exemplo, os goleiros. Segundo alguns estudos, notamos que as medidas clássicas (estatura e massa corporal) mostram que os goleiros e defensores, são aqueles com maior massa corporal e estatura em relação a outras posições de jogo e os laterais e volantes são os mais leves e mais baixos (Reilly, Bangbo ; Franks, 2000; Santos, 1999; Pyne et al., 2006). Entretanto, nota-se que é amplamente conhecido que a maior massa corporal e estatura em futebolistas possibilitam vantagens nas posições defensivas (Reilly, 1996), especialmente quando se tem que se defender do jogo aéreo e em situações de disputa com a bola. No entanto, os laterais e volantes são menores e mais leves, mas apresentam maior capacidade e aptidão aeróbia e demonstram um maior desempenho físico dentro do campo de jogo e inclusive habilidades técnicas em espaços menores. Podemos dizer que não ter estatura suficiente em si não é uma barreira para o sucesso no futebol, apesar de selecionar a posição de jogo (Reilly, 1996) e desempenhar um papel importante em algumas equipes. Por isso, alguns fatores, tais como influências étnicas e raciais também afetam o tamanho corporal médio de uma equipe, refletindo esta variável na equipe japonesa que participou dos Jogos Olímpicos de 1964, sendo uma equipe pequena e leve (Hirata, 1966) e no Mundial do México em 1986 a seleção dinamarquesa era a equipe mais alta e mais pesada da competição (Bangsbo ; Mizuno, 1988).

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

As medidas antropométricas de massa corporal e estatura diferem entre jogadores com base em localizações de jogo e de uma região para outra, como pode ser distinguido na Tabela 1, através de vários estudos em diversos países: Fonseca, Marins ; Silva (2007) investigaram atletas de futebol brasileiros entre 18-32 anos de idade, Pyne et al. (2006) em jogadores de futebol da Austrália com uma idade média de 18 anos, Ostojic (2006) em jogadores sérvios de 18 a 34 anos, Cossio-Bolaños; Arruda; Flores (2003) com jogadores peruanos de 18 a 30 anos e Santos Silva et al. (1997) com jogadores brasileiros 18 a 31 anos, respectivamente.

Tabela 1 Valores médios de massa corporal (kg) e estatura (m) de futebolistas profissionais, segundo alguns estudos. Estatura (cm)

Massa Corporal (kg)

Estudos Média

DP

Média

DP

Cossio-Bolaños et al. (2003)

177

±0,06

75,54

±7,58

Fonseca, Marins e Silva (2007)

177,80

±5,50

73,90

±6,60

Pyne et al. (2006)

187,00

±6,60

81,00

±7,60

Ostojic (2006)

182,2

±6,10

80,50

±5,90

Santos Silva et al. (1997)

176,5

±7,00

72,50

±5,90

Em resumo, podemos constatar que a estatura é uma vantagem para algumas posições de jogo, tais como goleiros, zagueiros e atacantes centrais que precisam desse recurso para cumprir algumas funções técnicas e táticas dentro de algumas ações defensivas e ofensivas durante jogos de futebol, como pode ser visto na Tabela 2, onde estão descritas as características antropométricas de futebolistas dinamarqueses.

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Cineantropometria

Tabela 2 Valores médios de massa corporal (kg) e estatura (cm) de futebolistas dinamarqueses de elite por posições de jogo, segundo Reilly; Bangsbo; Franks (2000).

Posição

Estatura (cm)

Massa Corporal (kg)

Média

DP

Média

DP

Goleiros

190,0

±0,06

87,70

±8,00

Zagueiros

189,0

±0,04

87,50

±2,50

Laterais

179,0

±0,06

72,10

±10,00

Volantes

177,0

±0,06

74,00

±8,00

Atacantes

178,0

±0,07

73,90

±3,10

Dobras cutâneas A medição das dobras cutâneas permite determinar a quantidade de gordura subcutânea em atletas e não atletas. Essa dupla camada de pele está fortemente correlacionada com o peso corporal, por isso que é interessante sua avaliação com a intenção de predizer o % de gordura corporal e, conseqüentemente, o fracionamento em dois, três, quatro e cinco componentes corporais. Cabe ressaltar que a gordura subcutânea está distribuida de forma irregular por todo o corpo, e pode estimar segundo Tristschler (2003) a gordura externa mediante a avaliação do tecido adiposo e da gordura interna dos órgãos, mediante o perfil lipídico, onde a estimativa da gordura corporal externa pode ser realizada por múltiplas técnicas (Ellis et al., 2000), como a Densitometria, Absortometria de Raios-X de Dupla Energia – DEXA, ressonância magnética nuclear (RMN), Impedância Bioelétrica, entre outras técnicas. No entanto, as dobras cutáneas, são acessíveis a todos os profissionais que trabalham nas equipes multidisciplinares do futebol e podem utilizar seus procedimentos indiretos para avaliarem grandes grupos populacionais em pouco tempo e baixo custo.

Resumo do prefil antropométrico dos futebolistas Com relação aos indicadores antropométricos, podem ser indicados pela heterogeneidade expressada dentro da equipe, entre diferentes níveis e categorias competitivas e diferentes nacionalidades e continentes, onde sugere-se que o jogador de futebol possui tamanho comum, porém tende a ser alto, forte e magro. O percentual de gordura corporal normalmente varia entre 7,3 e 14,8

53


Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

% (Chin et al., 1992 apud Metaxas et al., 2005 apud Silva et al., 2011). Em um levantamento da literatura nacional e internacional observa-se (Quadro 3) que os valores médios de estatura, massa corporal e percentual de gordura de jogadores de futebol variam bastante. Dados de estatura e massa corporal de futebolistas de diversas nacionalidades registrados em vários estudos e apresentados no quadro 3 reforçam tese evidenciada pela literatura especializada que existe uma grande variabilidade no tamanho corporal e que esse não é necessariamente um determinante para o sucesso. Apesar disso, atualmente tem sido reportado por vários técnicos e preparadores físicos que atuam na modalidade futebol, uma tendência para o recrutamento de jogadores mais altos e mais pesados. Evidencia-se também que, os jogadores asiáticos tendem a serem menores que os jogadores dos outros continentes. As diferenciações percebidas no tamanho corporal, massa corporal e percentual de gordura nas posições específicas em campo merecem destaque também. Em relação a isso, recentemente Sutton et al. (2009), baseados em coleta realizada em 64 jogadores internacionais do futebol inglês de elite, comentou que os goleiros e defensores foram mais altos e mais pesados que o restante das posições e que os meio-campistas e atacantes apresentaram os valores médios semelhantes de estatura e massa corporal. Porém, quando ele dividiu os jogadores em relação às nacionalidades e etnia, ficou evidente que os jogadores ingleses apresentaram estatura e massa corporal parecidos com os jogadores internacionais do futebol inglês, o mesmo aconteceu na comparação dos jogadores de etnia branca e das etnias dos não brancos. Observações similares ocorreram em outros estudos. Em relação ao percentual de gordura, os goleiros deste mesmo estudo, apresentaram valores superiores (12,9%) e comparação com os defensores (10,6%), meio-campistas (10,2%) e atacantes (9,9%). Arnason et al. (2004), também relataram diferenças significativas na composição corporal de jogadores de futebol de diferentes posições de jogo, com a maioria das diferenças sendo observadas entre os goleiros e os jogadores de campo. Os goleiros apresentaram maior estatura e maior massa corporal, da qual uma proporção mais elevada foi composta de massa de gordura, do que os jogadores de linha. Esses autores relataram apenas menores e não significativas diferenças nas variáveis antropométricas entre os jogadores de campo. Raven et al. (1976), em estudo com futebolistas americanos, verificaram que os goleiros foram 10kg mais pesados que os meio-campistas, enquanto que entre os futebolistas profissionais dinamarqueses pesquisados por Bangsbo (1994) essa

54


Cineantropometria

diferença foi de 13kg a mais para os goleiros em relação aos meio-campistas, já com jogadores brasileiros Prado et al. (2006), encontraram diferenças de 14,2kg entre os goleiros e laterais, 13,1kg entre goleiros e meio-campistas e 11,85kg entre goleiros e atacantes, e recentemente Sporis et al. (2009), confirmaram essa tendência, já que em seus estudos com os futebolistas croatas, a diferença entre os goleiros e os meio-campistas foi de 16,6kg. Presume-se que essa maior massa corporal pode estar relacionada a maior estatura dos goleiros em relação aos outros jogadores. Ocasionalmente, um treinador hábil pode fazer uma mudança tática para acomodar um atleta com tamanho corporal incomum e particular. Por exemplo, um atacante muito alto na equipe pode levar ao treinador a utilizar jogada com bolas altas na grande área, e um jogador mais baixo, velocista e ágil, pode levar o treinador a explorar mais as jogadas pelas beiradas do campo, ou pelas infiltrações, buscando mais jogadas pelo centro do campo. O mesmo acontece quando se tem o conhecimento sobre as características antropométricas dos jogadores adversários, onde o treinador pode explorar as jogadas de seus jogadores mais leves e ágeis, em cima de um jogador adversário maior e mais pesado. Shephard (1999) afirmou que o percentual de gordura corporal de futebolista de elite é aproximadamente de 10% durante a temporada competitiva, mas pode elevar para 19-20% no período de transição (férias do jogador). Recentemente, em seus estudos Silva et al. (2011), mostrou que os jogadores pouco variam em relação ao percentual de gordura, durante 12 semanas de treinamento, uma vez que iniciaram com uma média de 8,59% e terminaram o período de treinos com uma média de 8,18%. Dados de vários estudos sobre percentual de gordura corporal, anotados no quadro 3, evidenciaram que, apesar de algumas variações possivelmente explicadas pelos diferentes métodos de avaliação e equações preditivas na estimativa dessa variável, valores médios de 10%, independente do continente a que os futebolistas pertencem.

55


Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

Quadro 3 Composição corporal de futebolistas segundo origem e nível competitivo. Massa Percentual Corporal Gordura (kg) (%)

País

Nível

n

Idade (anos)

Estatura (cm)

Silva et al. (1997)

Brasil

P 1D

18

24,0 ±4,0

176,5 ± 7,0

72,5 ± 5,9

11,0

Osiecki et al. (2002)

Brasil

P 1D

17

23,6 ± 3,5

-

76,2 ± 7,9

12,9 ± 2,7

Costa, Liparotti (2003)

Brasil

P

21

25,3 ± 5,3

176,0 ± 0,1

74,5 ± 8,4

13,6 ± 3,4

Nunes (2004)

Brasil

P

23,9

176,8 ± 4,8

72,8 ± 6,2

11,5 ± 1,8

Campeiz e Oliveira (2006)

Brasil

S17

15,9 ± 0,8

175,5 ± 4,7

67,9 ± 6,6

10,1

Campeiz e Oliveira (2006)

Brasil

S20

17,8 ± 0,8

177,5 ± 5,8

70,8 ± 5,9

10,3

Campeiz e Oliveira (2006)

Brasil

P

23,8 ± 3,2

178,7 ± 6,3

76,6 ± 6,5

10,7

Silva et al. (2008a)

Brasil

P

15

23,43 ± 2,5

179,2 ± 7,4

70,4 ± 7,9

7,5 ± 2,5

Silva et al. (2008b)

Brasil

P

20

22,75(1928)

181,0 ± 0,1

74,7 ± 8,6

8,3 ± 2,5

Coelho et al. (2011a)

Brasil

P

17

22,2 ± 3,1

179,0 ± 6,0

-

9,5 ± 1,1

Silva et al. (2011)

Brasil

P

18

22,75

181,0 ± 0,1

72,3 ± 7,5

8,3 ± 2,9

Raven et al. (1976)

EUA

P

18

25,6 ± 1,0

176,3 ± 1,2

75,7 ± 1,9

9,6 ± 0,7

Rhodes et al. (1986)

Canadá

SO

16

20,1 ± 1,1

177,3 ± 6,5

72,6 ± 6,2

9,8 ± 2,1

Chin et al. (1992)

Hong Kong

P

24

26,3 ± 4,2

173,4 ± 4,6

67,7 ± 5,0

7,3 ± 3,0

Green (1992)

Austrália

P

10

24,4 ± 4,9

179,1 ± 5,3

73,0 ± 7,1

10,1 ± 1,2

Silva et al. (1999)

Jamaica

SN

24

23,9 ± 3,7

178,0 ± 4,2

76,4 ± 7,2

-

Rienzi et al. (2000)

Sulamericanos

P

70

29,0 ± 4,0

177,0 ± 0,4

74,5 ± 4,4

10,6 ± 2,6

Al-Hazzaa et al. (2001)

Arábia S.

SN

23

25,2 ± 3,3

177,2 ± 5,9

73,1 ± 6,8

12,3 ± 2,7

Estudo Origem: Nacional

Origem: Internacional

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Cineantropometria

Massa Percentual Corporal Gordura (kg) (%)

Estudo

País

Nível

n

Idade (anos)

Estatura (cm)

Casajús (2001)

Espanha

P

15

25,8 ± 3,2

180,0 ± 0,1

78,6 ± 6,6

8,6 ± 0,9

Bunc, Psotta (2001)

Rep. Techa

P

15

24,9 ± 3,4

182,7 ± 5,5

78,7 ± 5,5

10,6 ± 2,1

Strudwick et al. (2002)

Irlanda

P

19

22,0 ± 2,0

177,0 ± 0,1

77,9 ± 8,9

11,2 ± 1,8

Dowaon et al. (2002)

N. Zelândia

P

21

-

178,8 ± 6,8

78,9 ± 6,0

-

Arnason et al. (2004)

Islândia

P 1D

297

24,0 ± 4,2

180,6 ± 5,4

76,5 ± 6,6

10,5 ± 4,3

Chamari et al. (2004)

Tunísia

S20

34

17,5 ± 1,1

177,8 ± 6,7

70,5 ± 6,4

11,8 ± 2,0

Chamari et al. (2005)

Tunísia

P

24

24,0 ± 2,0

178,0 ± 7,1

75,7 ± 7,2

11,6 ± 1,8

Metaxas et al. (2005)

Grécia

SNS20

35

18,1 ± 1,0

177,0 ± 0,1

70,3 ± 5,6

14,8 ± 2,6

Ferrari Bravo et al. (2008)

Itália

S20

22

17,3 ± 0,6

179,3 ± 4,8

71,0 ± 5.6

9.3 ± 2.7

Ferrari Bravo et al. (2008)

Itália

A

20

24,3 ± 5,4

179,4 ± 4,8

76,5 ± 5,4

11,0 ± 3,8

Sporis et al. (2009)

Croácia

P

270

28,3 ± 5,9

181,4 ± 2,5

78,4 ± 3,1

11,9 ± 3,1

Reilly et al. (2009)

Inglaterra

P

45

24,2 ± 5,0

182,0 ± 0,1

82,0 ± 8,5

11,2 ± 1,8

Sutton et al. (2009)

Inglaterra

P

64

26,2 ± 4,0

182,0 ± 0,1

83,2 ± 7,5

10,6 ± 2,1

Mujika et al. (2009)

Espanha

P

17

23,8 ± 3,4

182,0 ± 0,1

77,0 ± 5,7

-

Abt e Lovell (2009)

Inglaterra

P

10

27,0 ± 5,0

180,0 ± 0,1

79,1 ± 4,7

-

Dupont et al. (2010)

Escócia

P

32

25,6 ± 3,8

182,4 ± 6,9

81,3 ± 8,5

-

Wong et al. (2010)

Hong Kong

P

20

24,6 ± 1,5

176,0 ± 0,1

71,4 ± 1,9

-

Mendez-Villanueva et al. (2011)

Qatar

S18

25

17,0 ± 0,6

173,0 ± 0,1

61,9 ± 6,6

10,0 ± 2,4

Nédélec et al. (2012)

França

A

11

30,3 ± 6,0

178,0 ± 6,5

78,6 ± 10,5

-

P – Profissional; A – Amador; SN – Seleção Nacional; SO – Seleção Olímpica; S17 – Sub-17; S18 – Sub-18; S20 – Sub-20; 1D – 1ª Divisão Nacional.

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

Avaliação antropométrica A avaliação é uma atividade sistemática que utiliza múltiplos e variados meios de coleta de informação, e, consequentemente, para o desenvolvimento das respectivas sentenças e tomadas de decisões. Para isso, é necessário levar em conta as diferenças individuais entre os indivíduos, assim como os fatores genéticos, fisiológicos, biomecânicos, psicológicos e estruturais, além da idade, gênero, origem geográfica, nível de treinamento, entre outros fatores. A avaliação antropométrica pode fornecer informações importantes sobre as dimensões do corpo de jogadores de futebol de elite (Reilly et al., 2000), tornando-se a primeira escolha para a análise da composição corporal (Heyward ; Stolarczyk, 2000; Ellis et al., 2000) e, conseqüentemente, o método mais aplicável, abrangendo um número cada vez maior de profissionais na utilização de procedimentos (Norton, 2000) a nível amador, semi-profissional e profissional, respectivamente. Na continuação se descreve os procedimentos de avaliação da massa corporal, estatura, dobras cutâneas, circunferências e diametros mais utilizados no futebol. Na figura 6 observam-se as variáveis antropométricas que devem ser utilizadas no futebol.

Figura 6 Variáveis utilizadas na avaliação antropométrica.

58


Cineantropometria

Massa corporal A massa corporal é uma medida antropométrica que expressa a dimensão da massa ou volume corporal. Esta variável é, por conseguinte, a soma do material inorgânico e orgânico existente nas células, tecidos de sustenção, órgãos, músculos, ossos, água e vísceras (Alvarez ; Pavan, 2003). Para medir esta variável é necessária para uma balança previamente calibrada que proporciona uma precisão de até 100 gramas, com uma escala de 0kg a 150kg, onde, na realidade, o instrumento mede a força com a qual somos atraídos pela terra e não a massa corporal propriamente dita. Sua avaliação deve ser realizada com o mínimo de roupa possível. Procedimentos técnicos da medida: A medida de massa corporal deve ser realizada com o sujeito em pé e descalço, parado no centro da plataforma da balança com um afastamento lateral dos pés na largura do quadril – dividindo a massa corporal em ambos os pés – de costa para a escala da balança, vestindo apenas sunga, o olhar fixo num ponto à sua frente e a cabeça no plano de Frankfurt sendo realizada uma medida anotada em quilograma (kg). O sujeito deve ser orientado para subir na plataforma colocando um pé de cada vez e que permaneça parado durante a realização da medida, no sentido de evitar oscilações na leitura do resultado. A técnica de mensuração da variável massa corporal que está descrita acima, é baseada na padronização detalhada por Alvarez ; Pavan (2003).

Estatura A estatura é definida como a distância desde o chão até ao vértice da cabeça (Ross ; Marfell-Jones, 2000). É uma medida linear numa direção vertical, para o qual, é necessário um estadiômetro que apresente uma precisão de 1mm e tenha uma escala de 0,0cm a 2,00m. A estatura varia durante o decorrer do dia, apresentando valores mais elevados de manhã e diminuição em alguns períodos do dia. A estatura também varia durante a sua avaliação, ou seja, entre a inspiração e a expiração. Sua avaliação deve ser realizada em conformidade com o plano de Frankfurt e a menor quantidade de roupa. Procedimentos técnicos da medida: Com o sujeito estando em posição ortostática e apnéia inspiratória, pés descalços e unidos, com as superfícies posteriores do calcanhar, cintura pélvica, cintura escapular e região occipital encostadas na parede, olhar fixo num ponto à frente (plano de Frankfurt) e vestindo apenas o calção devem ser realizadas duas medidas consecutivas anotadas em centímetros (cm), sendo considerada a média das mesmas como o escore da medida. A medida deve ser realizada após a constatação

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

do posicionamento correto do sujeito no instrumento e imediatamente ao final da inspiração máxima feita pelo mesmo. As medidas devem ser efetuadas num mesmo período do dia. A cada mensuração, o sujeito deve sair e retornar a posição de medida. A técnica de mensuração da variável estatura, que está descrita acima, é baseada na padronização detalhada por Alvarez; Pavan (2003).

Dobras cutâneas Dobra cutânea é uma dupla camada de pele e de tecido adiposo subjacente (Ross ; Marfell-Jones, 2000; Heyward ; Stolarczyk, 2000) que pode ser medida em várias regiões do corpo, utilizando um compasso de dobras cutâneas que exerce uma precisão de até 1mm e uma pressão constante 10g/mm2, em qualquer abertura. A dobra deve ser tomada com firmeza e mantida ao longo da medição (Ross ; Marfell-Jones, 2000) também, as medições das dobras cutânea devem ser feitas no lado direito do corpo, avaliando as dobras de forma ordenada (em circuito), considerando, no mínimo, duas medições para cada região anatômica. Para a técnica de medição das dobras cutâneas pode considerar a descrição dada por vários autores, no entanto, sugerem as recomendações feitas por e Petroski (2003): • Identificar, medir e marcar cuidadosamente o ponto da dobra cutânea; • Segurar firmemente a dobra com o polegar e o dedo indicador da mão esquerda; • Mantenha elevada a dobra enquanto se coloca os ramos do compasso ou adipômetro (perpendicular à dobra) a 1cm abaixo dos dedos polegar e indicador, em seguida, soltar a pressão lentamente; • Esperar que exerça a pressão sobre a dobra por cerca de 3-4 segundos e, em seguida, fazer a leitura da medida. A Figura 7 mostra as regiões anatómicas mais utilizadas.

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Cineantropometria

Figura 7 Avaliação das dobras tricipital (A), subescapular (B), abdominal (C), Suprailiaca (D).

Porém, são nove as dobras cutâneas que podem ser mensuradas, as quais são as seguintes: a) subescapular (DCSE), b) tricipital (DCTR), c) bicipital (DCBI), d) peitoral (DCPT), e) axilar (DCAX), f) supra-ilíaca oblíqua (DCSIO), g) abdominal (DCAB), h) coxa (DCCX) e i) panturrilha medial (DCPM). Abaixo (Quadro 4) estão descritos detalhadamente as dobras cutâneas, seus locais de medida e seus respectivos procedimentos.

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

Quadro 4 Dobra cutânea, sentido da dobra, ponto de reparo da dobra e procedimento para pinçamento da dobra. Dobra Cutãnea

Sentido da Dobra

Diagonal Subescapular ou Obliquo

Referência Anatômica

Procedimento

1- Dobra no sentido diagonal - 45 graus de 1- Ângulo inferior da inclinação em relação ao plano horizontal natural, escápula o pinçamento será exatamente abaixo do ângulo inferior da escápula. 2- Dobra localizada abaixo e após 1 a 2 cm do 2- Borda medial da ângulo inferior da escápula. Projeta-se uma escápula linha oblíqua do ângulo inferior da escápula e ângulo inferior da acompanhando o prolongamento oblíquo da escápula borda medial da escápula

Tríceps

Vertical (linha média)

Ponto Meso-umeral

Dobra na região posterior do braço

Bíceps

Vertical (linha média)

Ponto Meso-umeral

Dobra na região anterior do braço

Peitoral

Diagonal

Linha axilar anterior e mamilo

1- Horizontal Axilar média

2- Vertical

Junção xifoesternal e linha axilar média

1- Dobra localizada no ponto médio entre a linha axilar anterior e o mamilo para ambos os sexos 2- Dobra localizada no ponto médio entre a linha axilar anterior e o mamilo para sexo masculino, e ⅓ para o sexo feminino 1- Dobra localizada na linha axilar média e ao nível da junção xifoesternal 2- Dobra localizada em cima da linha axilar média ao nível do processo xifóide

3- Obliqua

3- Dobra localizada no ponto de intersecção da linha axilar média com uma linha imaginária que passa pelo apêndice xifóide

1- Obliqua

1- Dobra localizada em cima da linha axilar média e logo acima da crista ilíaca

Supra-ilíaca

Crista ilíaca 2- Diagonal

2- Dobra localizada logo acima da crista ilíaca em um ponto coincidente com a linha axilar anterior

1- Horizontal

1- Dobra lateralmente a 3 cm de distância da cicatriz umbilical e 1 cm abaixo do centro da cicatriz umbilical

Abdome

2- Dobra localizada lateralmente a 2 cm da cicatriz umbilical

Cicatriz umbilical 2- Vertical

3- Dobra localizada lateralmente de 3 a 5 cm da cicatriz umbilical

Coxa

Vertical (linha 1- Dobra inguinal média 2- Borda superior da femoral) patela

Panturrilha medial

Vertical (região Máxima média da circunferência perna) da perna

1- Dobra localizada na região anterior da coxa no ponto médio femoral 2- Dobra localizada na região anterior da coxa a ⅓ da prega inguinal e borda superior da patela Dobra localizada no ponto de maior circunferência da perna na parte medial da mesma. O avaliado deverá estar sentado

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Cineantropometria

Circunferências Para avaliar a circunferência de braço relaxado e contraído, da panturrilha medial e da coxa é necessário ter uma fita métrica com precisão milimétrica (0,1 centímetros) de nylon, seguindo os procedimentos: onde a fita é colocada em ângulo reto com o eixo longitudinal do membro ou parte do corpo a ser medido, de modo que ele se encontre em contato com a pele do indivíduo, mas sem pressionar o segmento. • Braço relaxado: O sujeito deve estar em pé com os braços relaxados e o avaliador posiciona a fita no terço médio do braço, ou seja, no ponto médio entre o acrômio e o rádio; • Braço contraído: Na posição em pé, o sujeito deve executar uma contração máxima (90º) e o avaliador passar a fita pelo ponto médio entre o acrômio e rádio; • Panturrilha Média: O sujeito deve estar sentado em um banco e o avaliador colocar a fita na circunferência máxima da panturrilha; • Coxa: O sujeito deve estar em pé, com as pernas relaxadas e o avaliador colocar a fita na circunferência máxima da coxa.

Diâmetros ósseos Para determinar os diâmetros ósseos, é preciso um paquímetro devidamente calibrado em (mm), e o avaliador precisa seguir as sugestões de Gagliardi (1996) e Ross ; Marfell-Jones (2000): • Diâmetro do cotovelo (bi-epicôndilo-umeral): a medida é realizada com o avaliador em pé ou sentado, com as articulações do ombro e cotovelo em flexão de 90 graus, no plano sagital. As hastes do paquímetro devem ser introduzidas obliquamente, num ângulo de 45 graus em relação à articulação do cotovelo, tocando as bordas externas dos epicôndilos medial e lateral do úmero direito; • Diâmetro do punho (bi-estilóide): com o avaliado em pé ou sentado, a articulação do cotovelo a 90 graus e a mão relaxada, o paquímetro é introduzido no plano horizontal, tocando os pontos de maior distância entre as apófises estiloides do rádio e da ulna direita; • Diâmetro do fêmur (bi-côndilo): a medida é realizada com o avaliado sentado ou em pé, com a articulação do joelho flexionada a 90 graus. As hastes do paquímetro devem ser introduzidas a 45 graus em relação à articulação do joelho, tocando as bordas externas dos côndilos medial e lateral do fêmur direito;

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

• Diâmetro do tornozelo (bi-maleolar): com o avaliado em pé sobre uma superfície ou com o pé elevado a um caixote para facilitar a realização da medida, a medida é realizada com as hastes do paquímetro tocando os pontos que compreendem a maior distância entre o maléolo medial e o maléolo lateral da tíbia direita, em um plano horizontal.

Figura 8 Avaliação do diâmetro do úmero (Esquerda) e do fêmur (Direita). Crédito da Foto: César Greco/Palmeiras.

Composição corporal As variáveis antropométricas mais significativas e consideradas importantes para avaliar o futebolista são: estatura, massa corporal e o % de gordura corporal (Silva et al., 1997; Reilly et al., 2000), assim como o fracionamento da composição corporal em dois componentes como a massa muscular e massa adiposa (Reilly; Bangsbo; Franks, 2000), e inclusive o fracionamento em três, quatro e cinco compartimentos corporais, os quais permitem analisar de maneira minuciosa os desportistas através de técnicas duplamente indiretas. De fato este processo de avaliação na atualidade é amplamente utilizado pelas comissões técnicas que trabalham no futebol realizando avaliações físicas com a intenção de diagnosticar, prescrever e controlar as cargas de treinamento, onde muitas investigações (Herrero, Cabañas, Maestre, 2004; Casajús, 2001; Cossio-Bolanos, Arruda, Lancho, 2011) utilizam equações de regressão para predizer o percentual de gordura corporal de atletas e não atletas, tendo

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Cineantropometria

como variáveis preditoras as dobras cutâneas, circunferências corporais, massa corporal, estatura e idade. Estas equações em sua maioria consideram entre 2 a 6 dobras cutâneas para predizer, tanto a densidade corporal, como o percentual de gordura corporal, tornando-se uma ferramenta fundamental durante o processo de avaliação fisiológica do futebolista. Como o futebol é um esporte com temporadas de competições, é importante que os jogadores iniciem a temporada com um nível ótimo de condicionamento. A composição corporal é um aspecto extremamente importante relacionado ao desempenho físico para o futebol, uma vez que a gordura corporal atua como “peso morto” em atividades de alta intensidade. Vários estudos demonstram elevados índices de correlação entre a porcentagem de gordura e o rendimento desportivo (Santos, 1999; Silva Neto, 2006), onde evidencia a incompatibilidade entre a melhoria da performance competitiva e os altos índices de adiposidade subcutânea. Valores ótimos de adiposidade são impossíveis de definir, apresentando em cada modalidade desportiva características próprias. O estudo de antropometria tenta obter o nível ideal de massa magra e gordura, que poderia melhorar a performance nas várias modalidades, uma vez que o peso em excesso, prejudica a maior parte das atividades físicas.

Aspectos Conceituais A composição corporal é um componente chave da saúde e do perfil de aptidão de um indivíduo, referindo-se o estudo da quantidade e da proporção dos principais componentes estruturais do corpo através do fracionamento do peso corporal (Petroski, 2003), considerando-se como os seus componentes: massa de gordura, massa muscular, massa óssea e massa residual. Esta quantificação da composição corporal tem grande interesse do ponto de vista desportivo, nutricional, prevenção e reabilitação de enfermidades hipocinéticas, respectivamente. Nesse sentido segundo vários estudos o corpo humano pode ser dividido técnicamente em alguns compartimentos, como tecidos dando origem as seguintes propostas mais utilizadas no dia-a-dia: • Modelo bi-compartimental: este modelo divide o corpo em massa de gordura e massa livre de gordura. Este modelo foi proposto há muitos anos atrás por Albert Behnke em 1942, baseado em futebolistas Profissionais Americanos.

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

Figura 9 Modelo bi-compartimental.

• Modelo Tetra-compartimental: Este modelo divide o corpo em massa de gordura, massa muscular, massa óssea e massa residual. Esta proposta foi criada por Matiegka em 1921. Este estudo está baseado em que a somatória das quatro massas deve ser equivalente à massa corporal total do indivíduo. Figura 10 Modelo tetra-compartimental.

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Cineantropometria

Métodos de determinação da composição corporal Os métodos de determinação da composição corporal, como observa-se na figura 11, são classificados de acordo com Brodie (1988) em métodos diretos e indiretos, onde o primeiro deles requer que sejam analisados diferentes tecidos do corpo a partir de cortes no mesmo, sendo possível apenas em cadáveres e dentro dos métodos indiretos destacam-se os métodos químicos e físicos que podem ser aplicados “in vivo”. Nesse sentido, podemos dizer que existem muitas técnicas indiretas para medir a composição corporal, considerando desde as mais simples ao mais complexo, onde os pesquisadores estão desenvolvendo novas equações para Somatória de dobras cutâneas, Bioimpedância, DEXA e Densidade óptica, usando modelos de multicomponentes para obter medidas referenciais de composição corporal (Heyward ; Stolarczyk, 2000), observando-se, portanto, na literatura maior número de investigações em adultos, que em crianças e adolescentes, porque os protocolos podem ser melhores assimilados por adultos em relação às crianças que necessitam de maior dedicação e paciência.

Figura 11 Métodos de determinação da composição corporal (adaptado de Brodie, 1988). MÉTODOS

DIRETOS

INDIRETOS

QUÍMICOS

Dissecação de Cadáveres (animais e humanos)

- K40; - D2O; - Excreção de Creatinina; - Solubilidade de Gases; - Água Corporal Total; - Nitrogênio; - Carbono; - Diluição Isotópica; - Ativação Neutrica.

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FÍSICOS

- Pesagem Hidrostática; - Absormetría fotónica; - Ressonância Magnética; - Condutibilidade Elétrica; - Bioimpedância; - Ultra-som; - Tomografia; - Antropometria.


Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

Dentro dos procedimentos antropométricos geralmente se utilizam equações de regressão, considerado assim, como método duplamente indireto, permitindo obter de maneira rápida o percentual de gordura, onde a maioria das vezes estas equações levam em consideração o sexo e a idade, porém, normalmente não consideram fatores importantes como a raça, descendência e o nível de atividade física, fazendo com que a validade das equações de predição da composição corporal diminua quando são utilizadas em populações diferentes daquelas onde foram determinadas.

Percentual de gordura Dentro de uma diversidade de esportes, os atletas parecem ter diferentes objetivos no que se refere ao controle de peso e a adequada composição corporal, para algumas pessoas a meta é ganhar músculo, para outros é ser magro. Neste sentido, Reilly (1996) considera que a composição corporal é um fator importante da aptidão para o futebol, e que a gordura corporal elevada atua como peso morto em atividades onde a massa corporal é elevada em forma reiterada contra a gravidade, correndo ou saltando durante o jogo; por isso, as posições táticas de jogo no caso do futebol, tem um papel importante, observando-se nos goleiros valores mais elevados que no resto dos jogadores (Reilly, 1996) e os meio-campistas valores mais baixos. Em consequência, Heyward ; Stolarczyk (2000), consideram que o mínimo de gordura corporal não deve ser inferior a 5%, e que é necessário para as funções metabólicas e fisiológicas normais do ser humano. Por sua vez, segundo os valores opcionais de gordura corporal para futebolistas profissionais são difíceis de definir (Santos, 1999), e que os estudos variam entre as metodologias, procedimentos, técnicas e instrumental utilizado, como já foi observado no quadro 3.

Clasificação do percentual de gordura corporal O perfil fisiológico e antropométrico de futebolistas de alto rendimiento tem sido investigados por vários autores (Reilly, Bangsbo, Franks, 2000, Noel et al., 2003; Gil et al., 2007), onde a composição corporal é considerada como um aspecto importante da aptidão para o futebolista, e que o excesso de tecido adiposo atua como peso desnecessário nas atividades de alta intensidade (Reilly, 1996) impedindo uma boa performance deportiva. Isto implica que a composição corporal em futebolistas é um fator importante na determinação do sucesso neste esporte (Matkovic et al., 2003). Neste respeito, CossioBolanos et al. (2010) propusseram uma tentativa de clasificação do % de gordura em atletas futebolistas Peruanos participantes da Liga da Primeira

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Cineantropometria

Divisão (n=132), destacando que os valores ideais de % de gordura corporal no período competitivo é de 9,0 a 12,6%, com uma média de (11,17±2,85%), sendo esses valores similares a outros estudos diagnosticados através de medições antropométricas em futbolistas profissionais (Noel et al., 2003 - 10,4%; Reilly, Bangsbo, Franks, 2000 - 10,6%; Reilly et al., 2000 - 11,3%), e mediante bioimpedância elétrica (Melchiorri et al., 2007 - 12,7%). A tabela 3 mostra os valores de massa corporal, % de gordura e somatória de dobras cutâneas ideais, segundo Cossio-Bolanos et al. (2010).

Tabela 3 Clasificação das variáveis antropométricas de futebolistas profissionais de Primeira Divisão do Peru (n=132). Estatística

Indicadores

Variáveis

X

DP

Risco

Magreza

Ideal

Sobrepeso

Massa corporal (kg)

75,5

7,38

<64,80

64,80-70,90

71,00-81,10

>81,10

% Gordura (%G)

11,17

2,85

<7,80

7,80-8,90

9,00-12,60

>12,60

∑ 4 Dobras

42,93

12,68

<27,60

27,60-33,90

34,00-49,90

>49,90

∑ 6 Dobras

56,14

14,57

<39,20

39,20-45,70

45,80-65,30

>65,30

Legenda: ∑ = Somatória; ∑4Dobras = (Tr+Se+Si+Ab); ∑6Dobras = (Tr+Se+Si+Ab+Mu+Pa).

Equações utilizadas para predizer o percentual de gordura A medição da composição corporal é comum em várias disciplinas, tais como nutrição, medicina, antropologia e ciência do esporte (Ostojic, 2006), sendo importante no esporte em geral e no futebol em particular (Herrero; Cabanas; Maestre, 2004). A este respeito, há muitos estudos utilizando equações de predição para determinar o % de gordura dos jogadores. Essas avaliações envolvem o uso indiscriminado de vários modelos matemáticos para prever % de gordura corporal em todo o mundo, gerando discrepâncias na análise dos resultados e até mesmo na escolha de tais modelos, assim causando avaliações, diagnósticos, prescrições e controles de treinamentos de forma errada. Consequentemente, é necessária investigação, a fim de verificar o grau de concordância entre os métodos de previsão específica para jogadores de futebol. Na tabela 4, as equações mais utilizadas nas equipes de futebol.

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

Tabela 4 Modelos matemáticos usados (equações) para predizer o % Gordura de futebolistas profissionais e jovens futebolistas. Modelo

Equação

Idade

Boileau (1985)

1,35(∑TR+SE)-0,012(∑TR+SE)2-4,4

Todas

Lohman (1986)

1,35(∑TR+SE)-0,012(∑TR+SE) -6,7

<18

Santi Maria et al. (2015)

22,46-0,866(ID)+0,642(SI)-0,055(AB)+0,464(CX)

<18

Faulkner (1968)

(∑TR+SE+SI+AB)*0,153+5,723

18-25

Novack (2014)

(0,83196071*AX)+(0,16367624*AB)+(0,75492553*CX)-2,33295828

>18

Reilly et al. (2009)

5,174+(0,124*CX)+(0,147*AB)+(0,196*TR)+(0,130*PM)

>18

2

Por outro lado, em uma amostra de jogadores brasileiros com a intenção de realizar uma análise da composição corporal de jogadores Guedes ; De Souza (1987) calculou o % de gordura pelo método de hidrostática e por meio das equações de regressão de Guedes (1985) e Faulkner (1968), verificando-se altos coeficientes de correlação entre os valores previstos, mostrando que a equação de Fualkner subestima relativamente o % gordura corporal de futebolistas. Portanto, é necessário ajustar o termo constante de Faulkner, considerados como valores ideais entre 9 a 12% de gordura corporal. Já Fonseca et al. (2008) com a intenção de verificar diferenças do % gordura de atletas futebolistas brasileiros, comparou quatro procedimentos, determinando a não existência de diferenças entre os 4 procedimentos e a fórmula que apresenta menor variação é a equação proposta por Brozek et al. (1963). Ver tabela 5.

Tabela 5 % de gordura de uma amostra de futebolistas, segundo Fonseca et al. (2008). Equação

X

DP

CV

Rathburn e Pace, 1945

7,73

2,80

36,70

Keys e Brozek, 1953

6,49

2,12

3,05

Siri, 1961

6,93

2,50

36,53

Brozek et al., 1963

9,45

2,31

24,58

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Cineantropometria

As equações classicamente usadas para determinar o % de gordura de sujeitos desportistas e não desportistas são as que se mostram nas tabelas 6 e 7, para o qual, é necessário inicialmente calcular a densidade corporal de cada indivíduo podendo utilizar as equacões da tabela 7, onde mostram aceitáveis valores de erro de estimativa. Sugerindo o uso destas equações para amostras de atletas.

Tabela 6 Equações propostas para calcular o % gordura de adultos, segundo vários estudos, a partir da densidade corporal. Equação

Referência

% Gordura = (554,8/DC) – 504,4

Rathburn e Pace, 1945

% Gordura = (420,1 / DC) – 381,3

Keys e Brozek, 1953

% Gordura = (495 / DC) – 450

Siri, 1961

% Gordura = (457 / DC) – 412,4

Brozek et al., 1963

Tabela 7 Equações de predição da densidade corporal, a partir de vários estudos para adultos. Idade (anos)

Fórmula

Referência

18-66

DC=1,10491700-0,0009906(Tr+Sb+Si)2-0,00034527(E)

Petroski, 1995

17-27

DC=1,21546-0,08119Log(Ab+Tr+Si+Ax+Sb+Ma)

Guedes, 1985

20-29

DC= 1,1631-0,0630 Log(Tr+Sb+Si+Bi)

Durnin e Womersley, 1974

Técnicas de avaliação da composição corporal Existem técnicas simples para avaliar a composição corporal, como é o caso do Índice de Massa Corporal (IMC), onde as proporções de peso/estatura na população geral têm uma relação positiva com o percentual de gordura corporal, assim como também, a relação da cintura/quadril para verificar a gordura intra-abdominal (Heyward; Stolarczyk, 2000). Contudo, estas técnicas não distinguém os compartimentos corporais de massa de gordura, massa muscular, massa óssea e massa residual, avaliando de maneira geral os desportistas. Isto

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

implica que as equipes multidisciplinares devem considerar a avaliação dos atletas mediante o fracionamento do corpo, também poderia monitorar melhor as mudanças morfológicas dos atletas durante o processo de treinamento e inclusive durante as fases de crecimento, desenvolvimento e maturação biológica dos jovens atletas. Para o caso dos Índices, é necessário apenas um estadiómetro para medir a estatura, uma balança para medir o peso corporal, uma fita métrica para medir a circunferência da cintura e quadril. Contudo, para avaliar o percentual de gordura (dobras cutâneas), é preciso contar com um adipômetro, através do qual se poderá medir em milímetros (mm) a quantidade de tecido adiposo em cada ponto anatômico, como as equações requerem. a) PESO IDEAL Para calcular o peso ideal (PI) são necessários os seguintes dados: Peso magro corporal ou massa corporal magra (MCM) (kg). Por sua vez, é preciso destacar que o percentual gordura ideal que considera De Rose (1981) para futebolistas é de 11%. Sendo a fórmula básica a seguinte:

PI (kg) = 1,11 * MCM (Kg) Por outro lado, cabe destacar que é possível realizar um ajuste na constante da fórmula de De Rose (1981), onde se deseja trabalhar por posições de jogo, podemos realizar a seguinte correção: Exemplo, se deseja calcular o peso ideal (PI) de um meio campista, cujo % de gordura ideal deve ser de 10%, se substitui na fórmula em (0,10), e em seguida a constante da fórmula será de 1,11. Este valor de 1,11 se substitui na fórmula anteriormente descrita, segundo se deseje trabalhar, isto é, por posição de jogo e/ou idade.

PI (Kg) = 1/(1-0,10) PI(Kg) = 1/0,9 PI (Kg) = 1,11 b) FRACIONAMENTO DO CORPO Ao fracionar o corpo humano em compartimentos se considera o modelo bicompartimental proposto por Behnke em 1942, três componentes principais, como distingue Gagliardi (1996) em músculo, gordura e osso,

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Cineantropometria

respectivamente. Assim também, podemos destacar o fracionamiento em quatro componentes realizado por Matiegka, em massa de gordura, óssea, muscular e residual, o qual, o peso total implica na somatória do peso gordo, ósseo, muscular e residual. Na continuação se descrevem as fórmulas básicas para cada componente. Modelo bi-compartimental (ver tabela 8) e modelo tetra-compartimental (tabela 9).

Tabela 8 Equações para determinar o fracionamento dos componentes corporais (2 componentes). Componente

Equação

Peso Total

PT = PM + PG

Peso Muscular

PM(Kg) = PC - PG

Peso de Gordura

PG = PC(kg) - %G

PT = Peso Total; PM = Peso Muscular; PG = Peso de Gordura; PC = Peso Corporal; % G = Percentual de gordura.

Tabela 9 Equações para determinar o fracionamento dos componentes corporais (4 componentes). Componente

Equação

Referência

Peso Total

PT (Kg) = PG + PO + PM + PR

Matiegka (1921)

Peso Ósseo

PO (kg) = 3,02 (E2 x R x F x 400)0,712

Von Döbeln (1964)

Peso Residual

PR (kg) = PC*(24,1/100)

Würch (1974)

Peso Muscular

PM (kg) = PT – (PG + PO + PR)

De Rose e Guimaraes (1980)

Peso de Gordura

PG (Kg) = PC*(%G/100)

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

• Peso ósseo – O peso ósseo ou massa óssea implica na avalição da estatura (cm), do diâmetro bi-estilóide do radio (cm) (punho) (DR) e no diâmetro bi-epicondilar do fêmur (cm) (joelho) (DF). • Peso residual – Para a avaliação do peso residual é necessário medir o peso corporal (PC) (kg), por sua vez é necessário conhecer as constantes para homens e mulheres, respectivamente, onde (24,1 para homens) e (20,9 para mulheres). • Peso muscular – Aqui é preciso avaliar o peso corporal (PC) (kg) e em seguida somar o peso de gordura (PG) (kg), o peso ósseo (PO) (kg) e finalmente, o peso residual (PR) (kg).

Somatotipo Somático diz respeito ao corpo e somatotipo ao tipo corporal ou classificação física de cada pessoa. O somatotipo, proposto por Sheldon (1940), divide as características corporais das pessoas, de acordo com os componentes endomorfia, onde o percentual de gordura é elevado, com um considerável desenvolvimento do sistema digestório, caracterizando uma cintura mais larga, mesomorfia onde há predominância dos músculos esqueléticos e ossos fortes, caracterizando um corpo com contornos musculares definidos, e ectomorfia que representa a predominância do conteúdo magro do corpo com sistema muscular e esquelético pouco desenvolvido. A linearidade e fragilidade são características neste biótipo (Fox et al., 1988). A classificação do somatotipo ocorre de acordo com a predominância dos tecidos embrionários, sendo respectivamente endoderma, mesoderma e ectoderma. Sendo assim, o somatotipo é determinado geneticamente, podendo ser modificado pelo fenótipo, ou seja, pela interação do genótipo com o meio no qual a pessoa se desenvolve (Fox et al., 1988). O somatotipo é capaz de permitir um estudo apurado sobre o tipo físico ideal em relação a cada modalidade esportiva e analisa as formas do corpo humano. E através da aplicação de processos estatísticos podem ser estudadas, somatotipo de atletas em comparação com o ideal ou somatotipo de referência para o esporte. Por exemplo: • Para os atletas que desejam atingir um nível elevado em uma especialidade num esporte em particular: ele tem a descrição morfológica de atletas de elite para o seu esporte, isso serve como um modelo no qual se avalia a semelhança morfológica ou de aptidão para o esporte, aceitan-

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Cineantropometria

do que um jogador mostra um melhor desempenho a mais semelhante é a sua configuração física do modelo de seu esporte; • Estudo do somatotipo de atletas e comparação com uma população: isso vai nos ajudar a entender as diferenças morfológicas que existem e que são devidos a considerar se a prática de um esporte específico ou essas diferenças é devida a outros fatores. Comparando com o somatotipo ideal nos permitem refinar a detecção de talentos de um esporte baseado nas características do somatótipo; - Comparação de somatotipo de populações diferentes: podemos saber se há diferenças morfológicas e se eles aparecem, seja para analisar movimentos específicos para cada esporte, o tipo de treinamento, o ambiental, nutricional, ou etnia de cada população; • Comparação de somatotipo do atleta mesmo em tempos diferentes: o estudo do somatotipo do atleta nos informa sobre a constituição momentânea e estudos posteriores, pode controlar as mudanças que ocorrem, querem devido ao seu treinamento desportivo, as mudanças do tipo de alimentação, porque encontram-se em uma fase de crescimento, ou por qualquer outra razão, o que pode ser analisado. Dado que um somatótipo apropriado não é garantia de resultados esportivos, suas deficiências devem ser identificadas e corrigidas. Por exemplo, um maior componente mesomorfo está associado com melhor desempenho atlético, enquanto que o componente endomórfico mostra uma correlação negativa (Reilly, 2001 apud Castanhede; Dantas ; Fernandes Filho, 2003 apud Gil et al., 2010). Atividades esportivas estabelecem uma relação estreita entre a estrutura física do atleta e requisitos mecânicos da especialidade, na obtenção de sucesso competitivo. Os membros de um esporte têm menos variabilidade em somatotipo no maior nível competitivo. Com estas análises da ciência do esporte, os fisiologistas, treinadores e preparadores físicos podem verificar periodicamente a variação morfológica e o efeito do crescimento, desenvolvimento, mudanças na dieta ou treinamento físico. De acordo com Castanhede; Dantas ; Fernandes Filho (2003), a avaliação do somatotipo no futebol, tem alcançado resultados comprovados no desenvolvimento da performance no esporte. E finalmente, a metodologia do somatotipo possibilita uma determinação do tipo físico que é significantemente associada com parâmetros cineantropométricos, desse modo, ajuda na interpretação e explicação do crescimento humano, exercício, performance e nutrição. Os jogadores internacionais sul-americanos de futebol tenderam a se reunir dentro de uma pequena área da somatocarta (Rienzi et al., 2000). Embora a

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

massa muscular proporcional determinada usando a equação de Martin et al. (1990) pode representar uma superestimativa de acordo com Cattrysse et al. (1999), o somatotipo enfatiza o padrão físico muscular de jogadores de elite, com destaque para a mesomorfia superior a média normal. Segundo Reilly (2001), os valores típicos do somatótipo para os futebolistas eram 3 – 5 – 3, refletindo uma tendência para o mesomorfismo. Num outro estudo, realizado por Rienzi et al. (2000) foram registados os somatótipos dos jogadores de elite participantes na Copa América: 2,2 – 5,4 – 2,2 (± 0,7; ± 1,0; ± 0,73). Casajús (2001) observou também atletas de elite da Liga Espanhola que revelaram uma tendência para o mesomorfismo, 2,4 – 4,8 – 2,3 (± 0,52; ± 0,88; ± 0,73). Logo, existe uma tendência, no futebol, aos somatótipos, em serem homogêneos. Sendo assim, pela média geral do somatotipo dos jogadores de futebol, observado na tabela 10, independente da posição de jogo, pode-se dizer que esses atletas pertencem à categoria mesomórfica-balanceada/ equilibrada.

Tabela 10 Somatotipo de jogadores de futebol segundo origem e nível competitivo. Estudo

País

Nível

n

Endomorfia

Mesomorfia

Ectomorfia

Castanhede et al. (2003)

Brasil

P

48

2,7

4,8

2,3

Ribeiro et al. (2007)

Brasil

S20

12

2,4

4,4

3,0

White et al. (1988)

Inglaterra

P

17

2,6

4,2

2,7

Rienzi et al. (1998)

Sul-americanos

P

70

2,0

5,3

2,2

Rienzi et al. (2000)

Sul-americanos

P

17

2,2

5,4

2,2

Origem: Nacional

Origem: Internacional

Reilly (2001)

Inglaterra

P

-

3

5

3

Casajús (2001)

Espanha

P

15

2,6

4,9

2,3

Matkovic et al. (2003)

Croácia

P

-

2,1

5,1

2,6

Leal (2005)

Portugal

S20

17

2,3

4,2

3,0

Silva (2005)

Portugal

S20

16

2,3

4,4

2,5

Bandyopadhyay (2007)

Índia

P

-

2,0

5,5

2,0

Salgado et al. (2009)

Portugal

S20

187

3

4,8

2,5

Gil et al. (2010)

Espanha

S20

15

2,4

4,3

2,4

Polat et al. (2011)

Turquia

S17

68

2,1

4,3

2,6

Nikolaidis e Karydis (2011)

Grécia

P

28

3,0

4,9

2,3

P – Profissional; S20 – Sub-20; S17 – Sub-17.

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Cineantropometria

Porém, ao analisar os jogadores de futebol de acordo com suas posições de jogo, Ramadan ; Byrd (1987) verificaram que os goleiros apresentaram valores significativamente mais elevados para endomorfia (3,0) e mesomorfia (5,5) em relação aos jogadores de linha (endomorfia: zagueiro = 2; meia = 1,63; atacante = 2,1; mesomorfia: zagueiro = 4,19; médio = 4,63; atacante = 4,45). Isso pode ser explicado pela especificidade da função do goleiro no jogo e pela diferença da metodologia de treinamento, onde a quantidade de corrida em treinamentos e jogos pode contribuir para o valor mais alto para endomorfia. Já o componente de maior mesomórfico é consistente com o movimento explosivo por parte dos goleiros. O estudo de Rogan et al. (2011) revelou heterogeneidade na mesomorfia entre goleiros (6,1) e os jogadores de campo (defensores = 5,0; meio-campistas = 4,7; atacantes = 5,3). E Salgado et al. (2009) com futebolistas portugueses da categoria sub-20, relataram que os Goleiros, zagueiros e meio-campistas foram classificados como mesomorfo balanceado. Os laterais e atacantes foram classificados com um perfil de endo-mesomorfo. Com exceção do componente endomorfo, não foram encontradas diferenças significativas entre as posições de jogo. Porém, os goleiros apresentaram valores maiores de endomorfia em comparação com os meio-campistas (p = 0,038) e atacantes (p = 0,031). Além disso, os zagueiros tenderam a apresentar valores elevados de ectomorfia. O estudo do perfil somatótipo em jogadores de futeol também pode ser importante no sentido de prevenção de lesões, uma vez que, Salokun (1994) investigou a influência do somatotipo sobre a taxa de lesões entre 180 jogadores de futebol de seis equipes da elite da Nigéria, e observou que a incidência de lesões variou consideravelmente de um tipo de corpo para outro, com os ectomorfos registrando o mais elevado em 85%. Entre os meso-ectomorfos, 50% foram lesionados, enquanto 45% e 44%, respectivamente, dos ecto-mesomorfos e mesomorfos sofreram lesões.

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

Figura 12 Somatocarta da equipe profissional do Palmeiras 2019.

Medidas necessárias para calcular o somatotipo: - Estatura em centímetros (cm); - Peso em Kilos (Kg); - Dobra cutânea do tríceps em milímitros (mm); - Dobra cutânea subescapular em milímitros (mm); - Dobra cutânea supra-espinhal em milímitros (mm); - Dobra cutânea da panturrilha em milímitros (mm); - Diâmetro do úmero em centímetros (cm); - Diâmetro do fêmur em centímetros (cm); - Perímetro do braço flexionado em centímetros (cm); - Perímetro da perna em centímetros (cm). Cálculo do somatotipo: Endomorfia = - 0,7182 + 0,1451(x) - 0,00068(x2) + 0,0000014(x3) Onde: x é o somatório das pregas cutâneas do tríceps, subescapular e supra-espinhal. Correção da endomorfia: x

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Cineantropometria

Mesomorfia = 0,858 U + 0,601 F + 0,188 B +0,161 P - 0,131 H + 4,5 Onde: U diâmetro do úmero em cm. F diâmetro do fêmur em cm. B perímetro corrigido do braço em cm. P perímetro corrigido da perna em cm. H estatura em cm. Correções: B = Perímetro do braço - prega do tríceps em cm. P = Perímetro da perna - prega da panturrilha. Ectomorfia = IP = Se IP > 40,75 Ecto = (IP x 0,732) - 28,58 Se IP < 40,75 e > 38,28 Ecto = (IP x 0,463) - 17,63 Se IP ≤ 38,28 Ecto = Estipula-se o valor mínimo que será 0,1 Plotagem no gráfico: X = III - I Y = 2II - (III - I) Onde: I = componente Endomorfo II = componente Mesomorfo III = componente Ectomorfo Distância de Dispersão do Somatotipo: DDS = √ 3(x1 – x2)2 + (y1 – y2)2 Onde: X1 e Y1 são as coordenadas do somatotipo estudado. X2 e Y2 são as coordenadas do somatotipo de referência. O DDS permite verificar a distância entre um somatotipo estudado e o considerado padrão. Foi estabelecido que a distância é estatisticamente significativa quando a DDS é ≥ 2.

Estrutura óssea O osso é um tecido calcificado, sensível a vários estímulos mecânicos, principalmente resultantes da gravidade e contrações musculares. Este tecido tem 4 funções básicas, tais como o fornecimento de suporte mecânico, permitir o movimento, oferecer proteção e agir como um reservatório metabólico de sais e minerais.

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Todo indivíduo apresenta um nível de massa óssea estabelecido desde o nascimento, que ocorre durante o desenvolvimento intra-uterino, resultante da carga genética dos pais e pelas condições metabólicas de desenvolvimento da gestação. Grande parte do conteúdo mineral ósseo, presente na vida adulta, é incorporado desde a vida fetal, estendendo-se pela infância e apresentando maior aceleração de incremento durante a adolescência, junto com o estirão de crescimento, sendo que a partir deste momento, o aumento deste conteúdo torna-se gradativo (Campos et al., 2003; Vargas et al., 2003). A quantidade máxima de massa óssea, que é compreendida como sendo o pico de massa óssea, que é extremamente importante para o equilíbrio do esqueleto ao longo da vida é atingida pelo adulto jovem. Sendo o produto final da interação de fatores endógenos (genéticos e endócrinos) e de fatores exógenos (nutricionais e a atividade física), e grande parte do risco de se desenvolver osteoporose na idade avançada pode ser explicado pela quantidade de massa óssea quando o pico é atingido. Muitos estudiosos consideram que as alterações na densidade mineral óssea podem ser consideradas um problema de adultos em fase de envelhecimento, porém, há um conhecimento recente da importância da aquisição adequada de massa óssea durante a infância e adolescência para prevenir doenças crônicas como a osteoporose. A osteoporose é uma doença osteometabólica caracterizada pelo comprometimento da força óssea, predispondo ao risco aumentado de fraturas (Nih, 2001). Na fase da infância e da adolescência é que o organismo acumula a maior quantidade de massa óssea, o que lhe garantirá na fase da velhice uma constituição mais resistente ou mais frágil, sendo assim, deve-se enfatizar a importância do estudo do estado mineral ósseo nos jovens adultos e adultos, pois chegam a esse momento da vida com 80% da massa óssea já adquirida. Em geral, a integridade mecânica do osso, convencionalmente descrita em termos de quantidade (massa ou densidade) e qualidade (geometria da micro-arquitetura e as propriedades do osso). A quantidade e qualidade da massa óssea é determinada pelo exercício, fatores genéticos, hormonais e alimentícios e raciais. A sua avaliação é geralmente realizada a partir de raios-X (DXA) chamado de padrão ouro, através do qual é alcançada valor da massa óssea de uma perspectiva quantitativa. No entanto, há alguns anos, o ultra-som QUS permite a avaliação quantitativa e qualitativa do tecido ósseo. Esta técnica demonstra um grande potencial para avaliar a estrutura óssea (Santi Maria et al., 2014) de populações atletas e não atletas, independentemente de raça e etnia. No caso do futebol, as forças de reação que se produzem entre o peso do jogador e o solo são muito marcadas, uma vez que a combinação de saltos, rebotes,

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Cineantropometria

deslocamentos, chutes, entre outras ações poderiam estimular a formação do osso nos membros inferiores e o esqueleto axial. De fato, classicamente tem sido demonstrado que os ossos submetidos a diferentes cargas modificam sua arquitetura e a qualidade do seu tecido. Por tanto, os exercícios de alto impacto são os que repercutem em um maior benefício para a massa óssea e a geometria do osso (Petterson et al., 2000), pois de fato, o futebol reflete tais atividades de alto impacto, na qual segundo alguns estudos permitem evidenciar maior densidade mineral óssea em relação aos grupos de controle (Karlsson et al., 2001). Por sua vez, é amplamente conhecido que os indivíduos negros têm uma maior densidade mineral óssea e conteúdo de proteína no corpo que os brancos, contudo, nos últimos anos, grande parte das investigações em futbolistas de elite estão centralizado em estudo de variáveis antropométricas, físicas e fisiológicas (Rienzi et al., 2000 apud Silvestre et al., 2006 apud Carling ; Orhant, 2010) de forma geral, sendo poucos os estudos que valorizam a estrutura óssea de futebolistas, provavelmente pela falta de acessibilidade a instrumental que se requer, embora o seu controle e monitorização constante, independentemente do equipamento a utilizar no geral oferece informação relevante. Isto poderia contribuir em melhorar a alimentação do desportista e prevenir lesões desportivas relacionadas principalmente com as fisuras e fraturas ósseas. A seguir, o Quadro 5 mostra alguns valores encontrados em futebolistas profissionais segundo Calbet et al., (2001).

Quadro 5 Conteúdo mineral ósseo (CMO) e densidade mineral óssea (DMO) de várias regiões anatômicas de futebolistas e grupo controle. Regiões anatômicas

CMO

DMO

Futebolistas

G. Control

Futebolistas

G. Control

Lombar

20,7±2,9

18,4±3,7

1,19±0,13

1,08±0,11

Colo Femoral

6,8±0,8

5,5±0,8

1,16±0,13

0,96±0,10

Intertrocantérica

35,6±4,9

30,1±5,3

1,41±0,15

1,19±0,13

Trocânter maior

12,4±1,7

10,1±4,3

0,98±0,1

0,81±0,08

Triângulo de Word´s

1,14±0,19

0,92±0,13

1,03±0,15

0,81±0,10

Espinha

222,9±33,1

198,9±38,2

1,1±0,13

1,00±0,11

Pélvis

429,9±66,7

392,2±70,5

1,45±0,16

1,24±0,12

Braço Esquerdo

187,1±28,1

185,9±32,7

0,82±0,08

0,8±0,08

Braço Direito

191,1±28,2

185,2±33,2

0,84±0,09

0,81±0,09

Perna Esquerda

665,4±81,4

574,2±97,8

1,55±0,13

1,41±0,10

Perna Direita

662,7±79,7

567,8±90,2

1,52±0,13

1,39±0,08

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Avaliação da estrutura óssea Avaliar as estruturas ósseas com acurácia, de forma não invasiva, de modo acessível, tem sido um grande desafio de vários pesquisadores. As avaliações da massa óssea têm sido muito utilizadas tanto no adulto, como nas crianças para mapear doenças ósseas primárias ou secundárias, a osteoporose e osteopenia e o risco de fraturas. Pesquisadores têm mostrado as dificuldades técnicas para a realização das medidas na infância e adolescência, bem como os mais comuns erros de interpretação (Crabtree et al., 2004; Daci et al., 2004; Schoenau et al, 2004). Schoenau et al (2004) afirmam que a avaliação do conteúdo mineral ósseo é um parâmetro dependente do tamanho ósseo, ou seja, ossos pequenos têm menor conteúdo mineral que os grandes. Portanto, crianças com distúrbios de crescimento têm menor conteúdo mineral ósseo que os controles sadios pareados por idade, mesmo que os ossos sejam completamente normais, apesar de pequenos. Cuidados na avaliação da massa óssea devem existir na infância e na adolescência, já que o pico de massa óssea ocorre tardiamente na adolescência e, freqüentemente, entre adultos jovens. É preciso ter especial atenção na interpretação da análise da massa óssea em crianças com baixa estatura (acompanhada ou não de atraso nas maturações ósseas e puberal), tendo em vista a estreita relação entre conteúdo mineral ósseo e a densidade mineral óssea com a puberdade, a maturação óssea, o tamanho ósseo e a composição corporal (Crabtree et al., 2004; Daci et al., 2004). Nas últimas décadas os recursos estratégicos para mensuração da massa óssea foram bastante aprimorados e diversificados, desde as pioneiras análises de raios-x, até as técnicas quantitativas de foto absortometria como o DEXA, amplamente utilizado, sobretudo em pesquisas, e ainda a tomografia computadorizada. Todavia, esses dois últimos métodos apresentam o indesejável contratempo, principalmente para crianças, adolescentes e mulheres pós-menopausadas, de emitir radiação cumulativa. O DEXA revela também o revés de embutir um significativo coeficiente de variabilidade (2 a 10 %) nas medidas, por vezes, mais alto do que o próprio ganho ou perda do conteúdo mineral ósseo (Iannetta, 2001). A técnica de DEXA mede a atenuação dos raios X de duas fontes de energia de fótons. Os efeitos diferentes do osso e dos tecidos moles nestes dois pólos permitem um cálculo matemático a respeito do conteúdo de material ósseo, corrigido pela presença de tecido mole. A principal substância atenuadora de raios X no osso é a hidroxiapatita, substância com alto valor atômico (cálcio e fósforo) e uma densidade em torno dos 3g/cm3. Na realidade, as medidas de densidade mineral óssea do DEXA não representam

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Cineantropometria

a densidade óssea real em g/cm3 (somente a tomografia computadorizada o faz), mas a expressa em g/cm2, resultando em uma medida de área e não de volume, o que se considera uma limitação do método por utilizar uma medida estimada e não real. Mesmo assim, as medidas centrais e periféricas da DEXA têm sido amplamente aceitas e utilizadas. É importante ressaltar que o sentido de saúde óssea precisa estar fundamentado não apenas na investigação dos índices quantitativos, mas também, na análise qualitativa complementar, relativa ao grau de organização das micro-estruturas trabeculares e a matriz de colágeno disponível na camada endostal (Iannetta, 2001). Para Gonçalves (2000) e Baptista (2000), em tese, a combinação das propriedades força (capacidade de resistir à tensão) e elasticidade (capacidade de se submeter à deformação), é que conferiria a conotação mais adequada ao conceito de integridade óssea.

Figura 13 Avaliação da estrutura óssea e da composição corporal através do DEXA. Crédito da Foto: César Greco/Palmeiras.

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Figura 14 Resultados da Densidade Mineral Óssea (BMD – g/cm2) e do Conteúdo Mineral Ósseo (BMC – g), nas diferentes regiões do corpo e do corpo inteiro (Total).

Nas últimas décadas, novos métodos de estudos para avaliação da quantidade e principalmente da qualidade óssea têm contribuído para a uma melhor compreensão do desenvolvimento do esqueleto humano. Tais métodos têm proporcionado importantes avanços para o conhecimento da fisiologia normal do tecido ósseo, abrindo novas possibilidades de detectar e intervir precocemente nas doenças ósseas. A comunidade científica que realiza trabalhos de pesquisa na área da osteoporose tem procurado investigar, de forma obsessiva, novos parâmetros que permitam efetuar uma real avaliação da arquitetura trabecular com a finalidade de utilizá-los para predizer o risco de fratura, já que o mesmo não é depende apenas da quantidade de massa óssea. Nesse sentido, tem se solidificado no campo investigativo, o emprego do ultra-som quantitativo (Quantitative Ultrasound - QUS), com o equipamento DBM Sonic BP (Wüster ; Hadji, 2001). O diferencial do método é que além de mensurar a massa, avalia fatores da microarquitetura óssea como a conectividade e espaçamento

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Cineantropometria

das trabéculas. A utilização do ultra-som tem crescido continuamente devido ao seu baixo custo, à possibilidade de se conseguir imagens em tempo real e prover informações das propriedades elásticas dos tecidos, além de ser um método não-invasivo, e principalmente devido à sua característica não ionizante. Essa técnica foi validada após o crivo rigoroso de estudos longitudinais bastante extensos e com grandes casuísticas (Iannetta, 2001). Além disso, a QUS tem mostrado nas pesquisas um índice de erro interno de medidas bem mais confiável do que outros equipamentos, o qual varia entre 0,23 e 0,57 % (Ferreira, 2001). O método QUS utiliza uma onda sonora com freqüência acima da audível ao ouvido humano. O som é uma onda mecânica que se propaga em um determinado meio, onde a velocidade e a atenuação da onda estão relacionadas às propriedades físicas do meio. Na ultra-sonometria, uma onda ultra-sônica longitudinal atravessa uma parte do esqueleto apendicular e as mudanças resultantes na onda sonora estão relacionadas às mudanças estruturais e mecânicas do osso e ao seu conteúdo mineral. A QUS Usa como pontos de referências para mensuração, as metáfises distais das falanges proximais (2° ao 5° dedo) da mão não dominante. Dois parâmetros fundamentais resultam das medidas: a velocidade do som, chamada de AD-SOS e (Amplitude Dependent Speed Sound) expressa em metros por segundo (m/s), representando a velocidade de som após percorrer os três tipos de ossos das falanges, sendo denominado osteossonometria. Este valor é obtido de forma automática e representa a média de 96 aquisições de medida de velocidade do ultra-som, que por transmissão rastreiam as trabéculas do tecido ósseo nas quatro falanges proximais, em sua metáfise distal, dos dedos II-IV da mão não dominante. Na avaliação do registro elétrico, a amplitude do sinal somente é considerada quando um mínimo de valor é atingido, denominado nível limiar ou nível de gatilho (Iannetta, 2006). O outro parâmetro é o UBPI (Ultrasound Bone Profile Index) desenvolvido a partir da análise do comportamento dos três tipos de ossos (endostal, trabecular e cortical) representado no Perfil Biofísico Ósseo, que também é denominado osteossonografia, obtido após aquisição de 96 registros por automação, mediante análise matemática multifatorial, cujo cálculo independe do operador que manuseia a tecnologia. A aplicação desse índice é de vital importância porque realiza as correlações entre seus parâmetros (FWA - Fast Wave Amplitude; SDy - Signal Dynamic e BTT - Bone Transmission Time), que refletem as propriedades mecânicas do osso. Este índice tem a capacidade de refletir a elasticidade e a homogeneidade óssea da região, acusando a sua deterioração com decênios de antecedência através da atenuação progressiva do osso, que é o primeiro a refletir as inadequadas interferências dos fatores endógenos e exógenos (Iannetta, 2006).

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O parâmetro FWA representa a amplitude do primeiro pico do Perfil Biofísico Ósseo, é expresso em mV e avalia a elasticidade óssea. O SDy representa a análise comparativa entre os dois picos do Perfil Biofísico Ósseo, expresso em mV/μsec2 e avalia a homogeneidade estrutural do tecido ósseo na região da metáfise falangeal. O parâmetro BTT representa o arco temporal, percorrido pelo ultra-som na unidade de μ seg, entre o ápice do primeiro pico e a cauda do último com o cruzamento com a linha basal do registro (Iannetta, 2006). O estudo dos três parâmetros do perfil ósseo permite analisar a elasticidade, homogeneidade óssea e efetuar reconstrução digital em cortes transversais, em tempo real, na região da metáfise distal das falanges proximais das mãos. O método é apropriado para a avaliação da qualidade óssea da infância a senilidade, em decorrência de possuir tanto curva de formação como de reabsorção óssea, obtidas de forma inócua, ao longo das faixas etárias (Iannetta, 2006). O método QUS tem capacidade de refletir as características estruturais do osso promovendo informações adicionais e independentes daquelas obtidas pelo DEXA. Assim, a metodologia desde a infância pode servir como um indicador da integridade óssea, como também para acompanhamento de várias enfermidades que apresentam repercussão óssea (Iannetta, 2006).

Figura 15 Avaliação da estrutura óssea pelo método QUS, ultra-som de falanges oni one rofiler (IGEA® CARPI, Itália).

Este sistema de medida está provido de um compasso que acopla dois transdutores (emissor e receptor) de 12 mm de diâmetro cada. Sendo estes de alta precisão (±0,02mm). O compasso é posicionado na superfície

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Cineantropometria

lateral de cada dedo, onde o transdutor emissor emite uma onda sonora de 1,25Mhz, e o receptor recebe o sinal e avalia a velocidade da propagação do som através da falange. As principais medidas realizadas são: Quantidade e qualidade óssea. As medidas são realizadas segundo protocolo padrão do fabricante, na metáfise distal das falanges proximais da mão não dominante, nos dedos II a V. • Quantidade óssea (AD-SoS- amplitude dependent speed sound): Este procedimento denomina-se também de ósteo-sonometria, onde o aparelho mostra valores entre 1650 a 2250m/s. Portanto, quanto mais alto o valor, maior é a quantidade óssea. • Qualidade óssea (UBPI- ultrasound boné profile índex): O software do aparelho gera valores que compreendem entre 0 a 1, ou seja, quanto mais próximos de 1, maior é a qualidade óssea. Em estudo recente com futebolistas profissionais brasileiros da primeira divisão e com o objetivo de comparar a estrutura óssea de jogadores brancos e negros durante o período competitivo, a fim de identificar grupos de riscos em relação às fraturas durante o campeonato brasileiro, Santi Maria et al. (2014) avaliaram 35 jogadores pelo método QUS e os resultados encontram-se na tabela 11.

Tabela 11 Estrutura óssea de jogadores profissionais de raça negra e branca (Santi Maria et al., 2014). Variáveis

Negros

Brancos

Todos

p

Média

2211,0*

2151,0

2184,7

0,0166

DP

51,3

99,4

90,02

Mínimo

2134,5

1902,0

1902,0

Máximo

2250,0

2250,0

2250,0

Média

0,84*

0,74

0,79

DP

0,12

0,17

0,15

Mínimo

0,57

0,26

0,26

Máximo

1,00

0,87

1,00

ADSoS (m/s)

UBPI (ultrasound bone profile index)

Legenda: * Diferenças com relação aos jogadores de raça branca.

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0,0189


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Os resultados evidenciam que os jogadores de raça negra mostram superioridade em relação a quantidade e qualidade óssea medida através da tecnologia QUS nas falanges da mão não-dominante. Neste sentido, alguns estudos efetuados em homens de raça negra utilizando o ultrassom QUS no calcáneo (Laabes et al., 2008) e utilizando DEXA em diferentes regiões anatómicas (Ruffing et al., 2006) mostram valores significativos mais altos que os de raça branca, ainda que no estudo de Sutton et al. (2009) realizado em jogadores de futebol não se observou diferenças significativas a respeito da densidade mineral óssea, apesar de que os jogadores de raça negra deste estudo mostraram valores relativamente mais altos em relação aos brancos. Em geral, alguns estudos tem informado que os futebolistas profissionais, independentemente da raça ou etnia, mostram maior massa óssea e massa muscular que seus contra-pares de não futebolistas (Calbet et al., 2001; Wittich et al., 2001), como que outras modalidades desportivas (Sabo et al., 1996; Andreoli et al., 2001); contudo, destacamos que mesmo não estando claras as diferenças raciais a respeito da estrutura óssea em futebolistas profissionais, uma vez que o fato de jogar em uma posição de jogo poderia repercutir em uma maior e/ou menor qualidade e quantidade óssea. Isto em razão de que vários estudos fundamentam que a carga de peso e o exercício vigoroso está associado com maiores níves de densidade óssea, assim a intensidade e o tipo de exercício têm importantes repercussões sobre a massa óssea, e estas são específicas da região anatômica principalmente implicada no trabalho (Bagur-Calafat, 2007). Por sua vez, durante o treinamento de futebol e as competições, os jogadores realizam muitas corridas, giros, chutes e mudanças de ações motoras que provavelmente pelo impacto ajudam a melhorar a estrutura óssea. Neste sentido, a classificação dos jogadores por posições de jogo permitiu uma melhor explicação dos resultados, uma vez que os estudos demonstram diferenças físicas e antropométricas entre posições de jogo (Silvestre et al., 2006 apud Carling e Orhant, 2010). Em geral, alguns estudos mostram que a participação regular no futebol aumenta a massa óssea e a densidade óssea em homens (Laabes et al., 2008) em várias regiões corporais como o quadril, a perna e o corpo total (Fredericson et al., 2007) e em mulheres (Helge et al., 2010), provocando uma melhora significativa no equilíbrio postural e na força muscular (Helge et al., 2010). Em conjunto, estes efeitos reduzem o risco de quedas e fraturas ósseas, sendo assim, segundo os resultados do estudo de Santi Maria et al. (2014), mostrados na tabela 20, os jogadores de raça branca poderiam ter maiores probabilidades de risco de fraturas em relação aos de raça negra. Neste sentido, estudos prévios informaram que as taxas mais altas de fratura se produziram em homens brancos, e

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Cineantropometria

em menor proporção entre os negros, hispânicos e asiáticos (Lauderdale et al., 1998 apud Henry ; Eastell, 2000); ainda que seja necessário considerar alguns fatores relacionados que podem interferir como a genética, estilo de vida e a nutrição. Por tanto, destacamos que a avaliação da estrutura óssea em futebolistas profissionais é de suma relevância, já que permite diagnosticar o estado da estrutura óssea, assim como prevenir prováveis fraturas antes e durante o período preparatório e o período competitivo.

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Capítulo 3

Variáveis Aeróbias

A importância de ótimo nível de desempenho aeróbio em jogadores de futebol e de outros esportes coletivos está na sua contribuição no desempenho de atividade intermitente de alta intensidade e na possibilidade de assegurar um maior desempenho durante o segundo tempo do jogo, não apresentando grande queda no que diz respeito a volume e a intensidade. A melhora no sistema aeróbio proporciona: um retardo da fadiga física e mental, uma respiração mais profunda e ampla, a eficiência na recuperação a curto e longo prazo, um coração mais forte e elástico, e permite queimar mais gordura e a eliminar toxinas. A capacidade aeróbia é a taxa máxima de energia do sistema (Kiss, 2000) e identificada pelo limiar anaeróbio, que é um indicador fisiológico que representa uma intensidade de esforço em que ocorre o estado estável do exercício, possibilitando a manutenção do esforço por um maior período de tempo e tem os ácidos graxos como um dos principais substratos energéticos. Trata-se não apenas de índice de desempenho aeróbio, mas também um importante indicador da intensidade do treinamento aeróbio, sendo o percentual do VO2máx utilizável durante um período prolongado, sendo superado quando se trabalha a uma intensidade superior que resulta em rápido acúmulo de lactato sanguíneo, podendo ser superado também quando o tempo de trabalho é muito longo, esgotando as reservas energéticas, enquanto que a potência aeróbia é taxa máxima de oxigênio consumível na unidade de tempo durante exercício (Kiss, 2000) e medida diretamente pelo consumo máximo de oxigênio (VO2máx). Durante um jogo de futebol, os atletas de elite costumam percorrer uma distância de cerca de 10.000 a 12.000 metros (Stolen et al., 2005), em intensidade média e próximo ao limiar anaeróbio (McMillan et al., 2005). A capacidade para sustentar exercícios prolongados é dependente de uma alta potência aeróbia máxima (VO2máx), mas o limite superior no qual o exercício contínuo pode ser mantido é influenciado pelo limiar anaeróbio e uma alta fração de

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

utilização do VO2máx (Silva Neto, 2006). A frequência cardíaca máxima (FCmáx) fica em torno de 80 a 90% e o consumo máximo de oxigênio (VO2máx) em torno de 70 a 80% durante o jogo (Helgerud et al., 2001; Stroyer et al., 2004; Bangsbo, Iaia e Krustrup, 2007). Estima-se que o metabolismo aeróbio represente 90% do gasto energético de uma partida. Dessa forma é consenso que futebolistas de elite necessitem de alta capacidade e potência aeróbia. Segundo Wisloff et al. (2004), um aumento no VO2máx em até 5 ml/kg/min corresponde a um ganho bastante significativo no aumento da distância percorrida, intensidade do jogo, número de sprints realizados, e a participação com bola. Para Chamari et al. (2004), um dos mais importantes fatores que influenciam a intensidade dos gestos exercidos pelos jogadores é o consumo máximo de oxigênio (VO2máx), mostrando que uma melhora de 11% no VO2máx significa um aumento de 5% na intensidade do jogo e uma distância percorrida aumentada em até 1800 metros. O padrão ouro para medidas da capacidade e potência aeróbia são os testes laboratoriais de análise dos gases expirados pelos desportistas em ergômetros, comumente tratados por indicadores de controle como a ventilação pulmonar, o consumo de oxigênio, a produção de dióxido de carbono, o equivalente ventilatório, o quociente respiratório, a razão de trocas gasosas, a economia de corrida, entre outros (Hoff, 2005). A partir disto, tem-se discutido sobre a perspectiva de protocolos com características contínuas e intermitentes para análise direta destas capacidades. De acordo com Svensson e Drust (2005), os protocolos intermitentes são considerados pela sua objetividade, já que se assemelham às ações competitivas do futebol, considerando-se a especificidade da própria modalidade; porém é preciso considerar particularidades quanto à viabilidade de execução destes meios de controle com medidas diretas da performance aeróbia em futebolistas. O teste proposto por Drust, Reilly e Cable (2000) considerou o modelo competitivo físico do jogo para medida da performance aeróbia, mostrando similaridade entre variáveis do jogo com o controle realizado. Apesar dos resultados do teste terem apresentado alta validade, objetividade, fidedignidade e sensibilidade para identificar a performance aeróbia de futebolistas, foram mencionadas dificuldades quanto ao tempo de execução (46 minutos e 11 segundos). Estas peculiaridades implicam diretamente na viabilidade de execução destes meios de controle, dificultando sua utilização no âmbito do futebol e aumentando a consideração acerca de testes capazes de minimizar tais dificuldades. Uma opção seria os testes de campo serem validados a partir de medidas diretas do desempenho aeróbio (Leger e Lambert, 1982 apud Bangsbo, 1996).

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Variáveis Aeróbias

Acerca destes testes, amplo destaque na literatura tem sido dado aos testes de corrida “ida e volta” para o controle do desempenho aeróbio de maneira indireta, partindo de equações preditivas (Stolen et al., 2005 apud Bangsbo; Iaia ; Krustrup, 2008). Leger ; Lambert (1982) foram os precursores deste tipo de controle, propondo um protocolo contínuo de intensidade progressiva com corridas de ida e volta em 20 metros determinados por sinais de áudio. Utilizando o mesmo conceito e levando em consideração as peculiaridades competitivas do futebol, principalmente a intermitência das ações, Bangsbo (1996) propôs o Yo-Yo intermitente endurance test e o Yo-Yo intermittent recovery test, este último, largamente utilizado para o controle da performance aeróbia dos futebolistas (Hoff, 2005; Svensson ; Drust, 2005). Recentemente, Castagna et al. (2006) encontraram maior associação do Yo-Yo intermittent recovery test com testes de controle anaeróbio do que Yo-Yo endurance test executado de maneira contínua. Tal premissa remete à maior sensibilidade do Yo-Yo intermittent recovery test em controlar a resistência específica dos futebolistas, considerada pelos autores como resistência aeróbio-anaeróbia. Acerca disto, se for comparada a velocidade imposta pelo protocolo do Yo-Yo intermittent recovery test nível 2 (YIRT2), 11 a 26 Km/h, com as zonas de velocidade de deslocamentos realizados pelos futebolistas durante os jogos que propõem Di Salvo et al. (2007), como corridas de alta intensidade (19,1-23 km/h) e sprints (> 23 km/h), fica clara a participação do metabolismo anaeróbio, reforçando a ideia de controle de resistência aeróbio-anaeróbia no teste. Desta maneira, o Yo-Yo intermitente recovery test parece ser uma opção válida, objetiva, fidedigna e viável para o controle da capacidade e potência aeróbio-anaeróbia dos futebolistas (Hoff, 2005; Svensson ; Drust, 2005). Nos estudos sobre a capacidade aeróbia, listados na tabela 14, observou-se que o limiar anaeróbio em futebolistas pode variar entre 11,1km/h a 15,3km/h, correspondendo de 76% a 89% do VO2máx. Bangsbo (1994), mensurando o limiar anaeróbio de 60 futebolistas dinamarqueses de elite, utilizando uma concentração fixa de lactato de 4,0mmol/l (intensidade ótima de transição entre os metabolismos aeróbio e anaeróbio), verificou que o limiar anaeróbio destes futebolistas se encontrava a 80,7% do VO2máx, com variação entre 66,4 e 92,4%. Esse autor ainda constatou que os laterais e os meio-campistas apresentaram valores semelhantes de resistência de velocidade no limiar anaeróbio (15,9 e 15,0 km/h), porém significantemente mais elevado do que os atletas de outras posições, onde os goleiros apresentaram valores médios de 13,8km/h, os zagueiros 13,4 km/h e os atacantes 13,6 km/h.

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Também verificando as diferenças de velocidade de corrida correspondente ao limiar anaeróbio fixo de 4mmol/l entre as diferente posições de campo, Balikian et al. (2002), com futebolistas profissionais brasileiros apresentaram que os goleiros possuem valores médios (12,66 km/h) inferiores aos jogadores das demais posições (zagueiros – 13,15km/h; laterais – 14,33 km/h; meio-campistas – 14,11 km/h; e atacantes – 13,23 km/h) e no mesmo estudo ficou evidente que os meio-campistas e os laterais possuem limiares anaeróbios estatisticamente superiores aos dos zagueiros e atacantes. Em outro estudo com futebolistas brasileiros, Silva et al. (2009), em teste laboratorial não encontraram diferenças significativas entre as diferentes posições táticas de linha, onde os zagueiros apresentaram valores médios do limiar anaeróbio de 13,5±1,30 km/h, os laterais 13,7±1,4 km/h, os volantes 13,7±0,6 km/h, os meias 13,6±1,0 km/h e os atacantes 13,4±1,9 km/h. Já para a potência aeróbia dos futebolistas, Tumilty (1993) sugeriu que o VO2máx de 60 ml/kg/min é adequado em alto nível de jogo, porém, como observa-se na tabela 14, o VO2máx em jogadores de futebol apresenta muita variação, devido aos diferentes métodos e meios de avaliação, aos diferentes tipos de treinamentos em que os atletas são submetidos nos diferentes continentes do planeta e até mesmo no mesmo dentro de um mesmo país ou região, apresentando médias entre 49,6 e 67,8 ml/kg/min. Ainda em relação aos estudos apresentados na tabela 14, evidencia-se que não existe diferenças entre os valores médios de VO2máx entre futebolistas de diferentes localidades (Brasil – 50,2 a 66,0; Resto do Mundo – 49,6 a 67,8ml/kg/min) e ainda, a potência aeróbia parece não sofrer influência do nível competitivo, como demonstrado pelo estudo de Santos (1999), em estudos com futebolistas profissionais de várias divisões de Portugal, que verifica que não existe diferença no VO2máx entre os atletas da 1ª e 4ª divisão. Porém, quando a análise é feita com jogadores de diferentes idades, Coelho et al. (2009), encontraram diferenças significantes, sendo que os atletas profissionais apresentaram valores superiores em relação aos atletas das categorias de formação sub-20 e sub-17. Quando a análise da potência aeróbia procurou verificar diferença entre as diferentes posições táticas de jogo, Arnason et al. (2004), afirmaram que entre os jogadores da Islândia da elite e da primeira divisão que os goleiros (57,3 ml/ kg/min) possuíram significantemente (p<0,05) um menor VO2máx estimado que os defensores (62,8 ml/kg/min), meio-campistas (63,0 ml/kg/min) e atacantes (62,9 ml/kg/min). O mesmo resultado apresentaram Balikian et al. (2002), com futebolistas brasileiros, que também verificaram que os goleiros (52,68 ml/kg/ min) apresentam valores médios estatisticamente inferiores aos dos zagueiros (60,28 ml/kg/min), dos laterais (61,12 ml/kg/min), dos meio-campistas (61,01

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Variáveis Aeróbias

ml/kg/min) e dos atacantes (59,94 ml/kg/min). Sporis et al. (2009), recentemente com futebolistas profissionais da Croácia, também apontou que os goleiros apresentam valores médios inferiores de VO2máx, em comparação com os jogadores de linha. Porém, essas informações não corroboram com os dados apresentados em outros estudos que tentaram verificar a influência da posição em campo na potência aeróbia de futebolistas. Barros; Lotufo ; Mine (1996) com futebolistas brasileiros, Ramadan e Byrd (1987) com futebolistas da Seleção Nacional do Kuwait, Al-Hazzaa et al. (2001) com jogadores Seleção Nacional da Arábia Saudita e Bangsbo; Norregaard ;Thorso (1991) com futebolistas dinamarqueses da 1ª e 2ª divisão, concluíram que não há diferença no VO2máx dos jogadores de diferentes funções táticas.

Avaliação da capacidade aeróbia Diferentes variáveis podem ser utilizadas para a identificação e monitoramento da capacidade aeróbia em esportes coletivos, sendo o limiar anaeróbio (LAN) muito utilizado em atividades como futebol, basquete, handebol entre outros (Coelho et al., 2009). Uma grande capacidade aeróbia, representada através de um elevado consumo máximo de oxigênio (VO2máx), indica que os jogadores poderiam manter um alto nível de esforço ao longo de um jogo de futebol (Casajús, 2001). Entretanto, desde a década de 80, o desempenho em esportes com predominância aeróbia não tem sido considerado dependente apenas do VO2máx. Segundo estes autores, o VO2máx, o limiar anaeróbio e a economia de corrida, em conjunto, é que vão determinar o desempenho do indivíduo. Desta forma, no futebol, o desempenho aeróbio do jogador parece também depender destes três parâmetros citados. O limiar anaeróbio (LAN) é o ponto de intensidade em que o lactato começa a se acumular, sendo sua concentração de aproximadamente 3 a 4 mmol/l. Esse limiar define duas zonas, a inferior e a superior. O limite inferior desse limiar é o limiar aeróbio, com valores aproximados entre 1,5 e 2,9 mmol/l. O LAN de um indivíduo em boas condições físicas encontram-se entre 75 e 85% do VO2máx e em atletas de alto rendimento e bem treinados pode chegar a 90% do VO2máx. Trata-se de um indicador importante de eficiência no esporte de alto nível, pois tendo essa informação em mãos, o preparador físico ao trabalhar em uma intensidade elevada no limiar anaeróbio do percentual do VO2máx garante uma velocidade maior, sem acúmulo de lactato e assim poderá controlar o surgimento da fadiga.

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

Ainda segundo Coelho et al. (2009), vários critérios são usados para diagnosticar o limiar anaeróbio, como ponto fixo de 2 e 4 mmol/l e incrementos de 1 mmol a partir da linha de base ou até a inflexão da curva de lactato, sendo o limiar anaeróbio normalmente expresso em consumo de oxigênio ou em percentual do VO2máx, podendo também ser indicado em carga absoluta como: velocidade de corrida (km/h) e potência em cicloergômetro (watt). Comumente, o LAN está associado a diferentes variáveis, como velocidade de corrida, potência, frequência ventilatória, FC, %VO2máx ou Lactato. Destas variáveis, a velocidade de corrida correspondente ao Lactato de 4mM tem sido considerada como um bom parâmetro para o LAN. Sjodin e Jacobs (1981) denominaram a intensidade referente à Lactato de 4mM como OBLA (onset of blood lactate accumulation). Heck et al. (1985) verificaram que a média da lactacidemia na máxima fase estável do lactato (MFEL) dos atletas foi 4mM, o que corresponde ao máximo balanço entre a produção e a remoção de lactato. É comum no futebol que a determinação do OBLA seja relacionada a uma dada velocidade ou FC nesta intensidade. A determinação destes fatores desempenha uma importante função no acompanhamento do desenvolvimento da capacidade aeróbia de jogadores (Santos, 1999). Quanto maior o condicionamento aeróbio do atleta, maiores intensidades de exercício podem ser toleradas antes que o LAN seja alcançado ou ultrapassado. Desta forma, o LAN pode ser visto como um parâmetro de condicionamento aeróbio e, sua determinação deve levar em consideração a especificidade do exercicio realizado (Coelho et al, 2009). O limiar anaeróbio pode ser medido de forma direta, através da análise da concentração de lactato sanguíneo, ou indireta, por meio do comportamento da ventilação pulmonar no teste ergoespirométrico. O método direto pode ser utilizado nos testes de campo, possibilitando realizar testes mais específicos ao jogador de futebol, no seu ambiente competitivo. O limiar anaeróbio é testado em laboratório ou no campo através de protocolos contínuos ou intermitentes, onde nos laboratoriais escalonados, há incrementos de 1km/h na corrida, e de 25 a 50 watts em cicloergômetros, com estágios de 3 a 5 min, com pausas para coletas sanguíneas de 30s (Lotufo, 2008).

Testes laboratoriais A avaliação da capacidade e da potência aeróbia realizados em laboratório envolve equipamento caro e sofisticado, com protocolos precisos, e em muitas vezes esses testes assumem, em perspectivas de medida, critério de referência. Os testes laboratoriais tendem a ser reproduzíveis e válidos, porém, as fontes de erros de medida estão presentes nesses testes como em qualquer outro método de avaliação. O protocolo, o teste, o avaliador, equipamento e a

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Variáveis Aeróbias

administração do teste podem ser fonte de erro de medida. E alguns fatores importantes devem ser verificados antes de realizar os testes laboratoriais: equipamento, esteira/ bicicleta e analisador de gás devem ser calibrados e verificados regularmente; os avaliadores devem ser treinados e qualificados; e, pode haver necessidade de adaptação ao avaliado, para conhecimento do protocolo (Morrow Jr et al., 2003). Teste de esforço máximo em ergoespirometria • Ergoespirometria - Metodologia que acrescenta à ergometria convencional a ventilação pulmonar e variáveis de trocas respiratórias, permitindo avaliação mais objetiva da capacidade funcional, bem como a análise do limiar anaeróbio. • Considerações sobre o método - São empregados sistemas que compreendem analisadores de gases e dispositivos de medida de fluxo ventilatório, acoplados ou não ao computador. Uma válvula de baixa resistência com duas vias é utilizada, uma das quais o avaliado inspira o ar atmosférico e outra para coleta (análise) dos gases expirados. Ainda, são empregados fatores de correção como o STPD (Stardard Temperature Pressure Dry) e o BTPS (Body Temperature Pressure Saturated), permitindo que os valores obtidos possam ser sempre comparados em qualquer situação de temperatura e pressão atmosférica. As seguintes variáveis podem ser obtidas: VO2 - volume de oxigênio consumido por minuto; VCO2 - volume de dióxido de carbono produzido por minuto; VE - volume de ar expirado por minuto = freqüência respiratória x volume corrente ou FR x VC; VE/VO2 - equivalente respiratório de oxigênio; VE/VCO2 - equivalente respiratório de dióxido de carbono; R=VCO2/VO2 - razão de trocas respiratórias (RER); PETO2 - pressão de oxigênio no final da expiração; PETCO2 - pressão de dióxido de carbono no final da expiração; FEO2 - fração expirada de O2; FECO2 - fração expirada de CO2; VD/VT - razão entre espaço morto funcional e volume corrente; VO2/FC - pulso de oxigênio; VVM - ventilação voluntária máxima (obtida na espirometria convencional).

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

Avaliação da capacidade funcional em indivíduos normais - A ergoespirometria propicia a localização de dois pontos referenciais que identificam padrões ventilatórios e metabólicos: primeiro limiar ventilatório ou, de acordo com Wasserman, limiar anaeróbio, caracterizado por: perda da linearidade entre VE e VO2 (VE/VO2); perda da linearidade entre VCO2 e VO2 (VCO2/ VO2); aumento de PETCO2 ou FECO2. Segundo limiar ventilatório ou de acordo com Wasserman, ponto de compensação ventilatória para acidose metabólica: perda da linearidade da relação entre VE e VCO2; maior valor de PETCO2 ou FECO2, precedendo sua queda abrupta.

Testes de campo Os testes de campo incluem meios de avaliar a capacidade aeróbia e são viáveis para testes em grupo de jogadores. Normalmente, os métodos de campo necessitam pouco equipamento e são menos dispendiosos em tempo e custos do que os métodos laboratoriais. As corridas em distâncias estabelecidas para se obter o menor tempo possível ou a maior distância percorrida em um período de tempo predeterminado são alguns dos testes de campo mais populares para estimar a capacidade aeróbia (Morrow Jr et al., 2003). Contínuos TESTE DE COOPER O Teste de Cooper foi elaborado pelo Doutor Kenneth H. Cooper em 1968 para ser usado pelas forças armadas norte-americanas para verificar o nível de condicionamento físico. Em sua forma original, o objetivo do teste é correr o mais longe possível em 12 minutos. O teste de Cooper visa medir o condicionamento da pessoa e dessa forma deve ser corrido em um ritmo constante ao invés de sprints. O teste é de uma forma geral, fácil e barato de fazer, especialmente para grupos grandes. Por outro lado, os resultados dependem da motivação da pessoa fazendo o teste. A população alvo é muito ampla, podendo ser aplicado em pessoas com baixo condicionamento físico e na maioria dos atletas e em relação à faixa etária é possível sua aplicação entre 10 e 70 anos para ambos os sexos. Na sua metodologia o avaliado deverá percorrer (correndo ou andando) continuamente durante 12 minutos, sendo registrado a distância total.

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Variáveis Aeróbias

Figura 16 Esquema do Teste de Cooper, de 3km, de 3200m e de 4000m.

Silva et al. (2005) postulam que é possível estimar a velocidade do limiar de lactato (OBLA - Onset of Blood Lactate Accumulation) através do teste de Cooper utilizando a equação OBLA = 0,83 x Cooper + 1,8 (Sendo Cooper a velocidade média obtida no teste e OBLA a velocidade estimada do LL). O limiar anaeróbio em jogadores de futebol através do Teste de Cooper pode ser verificado através da equação: LAN predito (km/h) = 2,73825 + 0,69451 x VM Cooper (VM = Velocidade média no teste) (Mahseredjian; Barros Neto ; Tebexreni, 1999). Os resultados do teste de Cooper podem ser bem correlacionados com o consumo máximo de oxigênio. A equação para estimar o VO2máx é: VO2máx (ml/kg/min) = (distância em metros – 504,9)/44,73. TESTE DE 3.000m, 3.200m E 4.000m Os testes de 3km, de 3200m e de 4000m são realizados em pista de atletismo ou no campo de futebol demarcado (figura 23) e tem por objetivo avaliar o tempo gasto para percorrer o determinado percurso (3km, 3200 m ou 4000m), sendo possível a determinação da velocidade média para a distância percorrida. A partir do tempo de realização do teste, que deve ser o menor possível, podemos calcular o limiar anaeróbio e o consumo máximo de oxigênio através das seguintes equações:

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3000m O limiar anaeróbio pode ser calculado utilizando a equação proposta por Simões et al. (1996): LAN = (Vm 3km x 0,97) – 15,81. Após o teste, deve-se calcular a velocidade média em m/min - Vm 3km), sendo aplicada à fórmula para a determinação indireta do LAN. 3200m O limiar anaeróbio pode ser calculado utilizando a equação proposta por Weltman et al. (1987): LAN = (509,5-(24,9 x T))/16,67. Estimativa do VO2máx: VO2máx (ml/kg/min) = 118,4 - 4,774 ( T ) T = Tempo em min com fração decimal (Ex: 12 min e 42 seg = 12,42) 4000m O limiar anaeróbio em jogadores de futebol através do Teste de 4000m pode ser verificado através da equação: LAN predito (km/h) = 2,12644 + 0,73328 * VM 4.000 (VM = Velocidade média no teste de 4000m) (Mahseredjian, Barros Neto e Tebexreni, 1999).

Avaliação da potência aeróbia Testes laboratoriais (ergoesperiometria) O mais importante parâmetro de avaliação da capacidade funcional pela ergoespirometria é o consumo máximo de oxigênio (VO2máx), que se correlaciona com o Débito Cardíaco máximo (DC máximo). A identificação do VO2máx em um teste com aumento progressivo de trabalho é obtida quando a um aumento da carga, não mais corresponde uma elevação do VO2. Quando este critério não é obtido, o termo VO2 pico é utilizado para identificar o maior VO2 atingido. A medida direta do VO2máx é feita submetendo o indivíduo a um teste ergométrico com cargas crescentes e analisando as frações expiradas de oxigênio e dióxido de carbono durante o esforço e a ventilação pulmonar, até atingir: plateau da curva do consumo máximo de oxigênio em relação ao incremento da carga; obtenção da freqüência cardíaca máxima predita pela idade (220 - Idade); razão das trocas gasosas igual ou superior a 1,1; ou exaustão física. Essa medida nos fornece um resultado fidedigno, porém, seu custo é alto em relação à medida de campo; são necessários equipamentos sofisticados, mão-de-obra especializada para a administração dos testes, maior quantidade de tempo com cada jogador e exige ainda maior motivação do indivíduo, pois geralmente é realizada em ambiente de laboratório.

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Variáveis Aeróbias

Testes de campo (específicos) No que diz respeito à medida indireta do VO2máx, podem ser utilizados os chamados testes de campo, nos quais o cálculo dessa variável é feito através de equações baseadas em tempo ou distância preestabelecidos. Nesse caso, podem ser avaliados vários jogadores ao mesmo tempo e o custo é baixo e as condições do teste, em alguns casos, são mais próximas das situações de prática e da especificidade do esporte. O tipo de teste e o instrumento empregado podem ocasionar variabilidade no resultado do VO2máx. Metaxas et al.(2005), em estudo que futebolistas executaram quatro testes aeróbios, dois de campo (um intermitente e outro contínuo) e dois de laboratório (um intermitente e outro contínuo), notaram que no teste de campo continuo (Yo-Yo endurance) os valores médios de VO2máx foram significantemente inferiores que nos outros testes. Mas, especificamente, o VO2máx no teste de campo contínuo foi menor 10,5%, 11,4% e 13,3% quando comparado ao teste de campo intermitente (Yo-Yo endurance intermitente), teste de esteira contínuo e teste de esteira intermitente, respectivamente. Esses autores também observaram que existiu diferença nos valores de VO2máx entre todas as combinações de comparação entre os testes. Os testes de campo são projetados de modo que possam ser implementadas no ambiente de treinamento típico. Esta conveniência é que eles não requerem necessariamente uma visita a um laboratório institucional para as avaliações a serem realizadas. Além disso, os testes podem ser realizados sem recurso a equipamento de monitorização complexos. O pressuposto subjacente é que qualquer alteração no desempenho do teste de campo tem relevância para a capacidade de desempenho em um contexto competitivo (Reilly, 2001).

SHUTTLE RUN TEST DE MULTIESTÁGIO / YO-YO ENDURANCE TEST Os testes físicos recomendados para mensurar o VO2máx, levando em consideração a especificidade do Futebol e o dinamismo para a aplicação, são os testes Shuttle Run Test de multiestágio (Leger ; Lambert, 1982), que está incluído na bateria de testes da Comissão Européia de Especialistas (EUROFIT) e/ou o Yo-yo Endurance Test (Bangsbo, 1996), onde os dois testes seguem os mesmos princípios: sendo testes do tipo contínuo, progressivo, máximo, indireto e coletivo, no qual consiste em correr, o máximo de tempo possível, em regime de vai-e-vem, num corredor de vinte metros de comprimento (Figura 17). A velocidade é imposta por sinais sonoros, provenientes de um sistema de audio contendo os respectivos programas. A chegada do atleta, a um ou outro lado do corredor em linhas demarcadas no solo tem que coincidir com o sinal sonoro. O

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

intervalo entre sinais sonoros diminui a cada minuto e o atleta deve aumentar, ligeiramente, a velocidade (0,5 km/h a cada minuto) para continuar a chegar a tempo aos extremos do corredor. O teste deve ser finalizado com a desistência do atleta ou com a sua incapacidade de acompanhar o ritmo imposto pelo teste. O objetivo desses testes é a execução do maior número possível de repetições desse ciclo de ida e volta. Alguns detalhes técnicos devem ser observados, tais como: os atletas nas viradas devem ultrapassar com ambos os pés a linha demarcada no chão. A velocidade da corrida será ajustada para estágio e nível do programa específico, de forma progressiva.

Figura 17 Testes Shuttle Run Test de multiestágios e Yo-yo Endurance Test.

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Fonte : (Bangsbo, 1996).

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880

900

920

940

960

980

1

2

3

4

5

6

9

10

11 12

12 1000 1020 1040 1060 1080 1100 7

8

9

10

11

12

13 1120 1140 1160 1180 1200 1220 1240 1260 1280 1300 1320 1340 1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14 1360 1380 1400 1420 1440 1460 1480 1500 1520 1540 1560 1580 1600 1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

15 1620 1640 1660 1680 1700 1720 1740 1760 1780 1800 1820 1840 1860 1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

16 1880 1900 1920 1940 1960 1980 2000 2020 2040 2060 2080 2100 2120 1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

17 2140 2160 2180 2200 2220 2240 2260 2280 2300 2320 2340 2360 2380 2400 1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

18 2420 2440 2460 2480 2500 2520 2540 2560 2580 2600 2620 2640 2660 2680 1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

19 2700 2720 2740 2760 2780 2800 2820 2840 2860 2880 2900 2920 2940 2960 2980 1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

20 3000 3020 3040 3060 3080 3100 3120 3140 3160 3180 3200 3220 3240 3260 3280 1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

21 3300 3320 3340 3360 3380 3400 3420 3440 3460 3480 3500 3520 3540 3560 3580 3600

Fonte :(Bangsbo, 1996).

104


Variáveis Aeróbias

Figura 20 Conversão da performance no Yoyo Endurance Test para o consumo máximo de oxigênio (Bangsbo, 1996). Resultados Resultados Resultados Resultados no Teste no Teste no Teste no Teste VO2Máx VO2Máx VO2Máx VO2Máx (Veloc. (Veloc. (Veloc. (Veloc. (ml/kg/min) (ml/kg/min) (ml/kg/min) (ml/kg/min) Do nível: Do nível: Do nível: Do nível: repetições) repetições) repetições) repetições) 5:2

27.1

10:6

45.7

14:13

61.2

18:12

75.3

5:4

28.0

10:8

46.3

15:2

61.7

18:14

75.9

5:6

28.6

10:11

47.4

15:4

62.2

19:2

76.4

5:9

29.9

11:2

47.9

15:6

62.8

19:4

77.0

6:2

30.5

11:4

48.5

15:8

63.3

19:6

77.5

6:4

31.4

11:6

49.2

15:10

63.9

19:8

78.1

6:6

32.2

11:8

49.9

15:13

64.7

19:10

78.6

6:9

33.2

11:11

50.9

16:2

65.2

19:12

79.2

7:2

34.0

12:2

51.4

16:4

65.8

19:15

80.0

7:4

34.6

12:4

52.0

16:6

66.3

20:2

80.5

7:6

35.5

12:6

52.6

16:8

66.9

20:4

81.1

7:8

36.1

12:8

53.1

16:10

67.4

20:6

81.6

7:10

36.7

12:10

53.7

16:13

68.2

20:8

82.1

8:2

37.5

12:12

54.2

17:2

68.7

20:10

82.7

8:4

38.3

13:2

54.9

17:4

69.2

20:12

83.2

8:6

39.1

13:4

55.5

17:6

69.8

20:15

83.8

8:8

39.7

13:6

56.0

17:8

70.3

21:2

84.5

8:10

40.6

13:8

56.6

17:10

70.9

21:4

85.1

9:2

41.1

13:10

57.1

17:12

71.4

21:6

85.6

9:4

41.6

13:12

57.7

17:14

72.0

21:8

86.1

9:6

42.4

14:2

58.1

18:2

72.6

21:10

86.7

9:8

43.0

14:4

58.7

18:4

73.1

21:12

87.2

9:11

43.9

14:6

59.2

18:6

73.6

21:14

87.8

10:2

44.4

14:8

59.8

18:8

74.2

21:16

88.3

10:4

45.0

14:10

60.4

18:10

74.8

105


Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

YO-YO INTERMITTENT RECOVERY TEST O VO2máx, dos jogadores também pode ser verificado através do Yo-yo Intermittent Recovery Test (Bangsbo, 1996), observado na Figura 21, onde sua especificidade é ainda maior que os demais testes físicos, pois trata-se de uma atividade intermitente, que exige do atleta uma rápida recuperação entre os exercícios de alta intensidade. O cálculo do VO2máx, através deste teste é possível através das equações (Bangsbo, Iaia e Krustrup, 2008): Yo-Yo IR Nível 1: VO2max (ml/min/kg) = IR1 distância (m) x 0,0084 + 36,4 Yo-Yo IR Nível 2: VO2max (ml/min/kg) = IR2 distância (m) x 0,0136 + 45,3 Essas equações foram baseadas através da análise de um estudo com 141 jogadores, com correlação significativa (p<0,05), obtendo correlação entre o YoYo IR1 e o VO2máx de r = 0,70; e o Yo-Yo IR2 também teve uma correlação significativa (p<0,05) com o VO2máx, onde r = 0,58. Este teste tem por objetivo avaliar a capacidade do jogador em se recuperar entre exercícios intensos, onde podemos verificar que essa capacidade é muito importante para o Futebol, pois influência o potencial do atleta para executar exercícios de alta intensidade durante o jogo (Silva Neto, 2006). Em recentes estudos (Krustrup et al., 2003; Impellizzeri, Rampinini, Marcora, 2005), verificaram a validade e a confiabilidade do teste Yo-yo Intermittent Recovery Test com futebolistas profissionais de elite e análises de sangue e biópsia muscular, obtidos antes e depois da execução de teste, demonstraram envolvimento da potência aeróbia máxima e do sistema de energia anaeróbio, confirmando que a demanda fisiológica desse teste de resistência específica do futebol são similares aquelas taxas ocorridas durante uma partida. O YO-YOIR é um teste do tipo intermitente, progressivo, máximo e coletivo. Consiste em correr, o máximo de tempo possível, em regime de vai-e-vem, num corredor de 20 metros de comprimento, o avaliado também realiza uma pausa com trote de dez segundos em um espaço de 5 metros, a cada 40 metros percorridos (Figura 21). A velocidade é imposta por sinais sonoros, provenientes de um toca-fitas, contendo a fita com o programa Yo-yo Intermittent Recovery Test. A chegada do sujeito, a um ou outro lado do corredor em linhas demarcadas no solo tem que coincidir com o sinal sonoro. O teste deve ser

106


Variáveis Aeróbias

finalizado quando o avaliado não conseguir atingir as marcações de distâncias pré-estabelecidas, dentro do sinal sonoro de controle de velocidade, por duas vezes consecutivas. O desempenho no teste é expresso pela distância total percorrida em metros (m).

Figura 21 Yo-yo Intermittent Recovery Test.

5 metros

20 metros

Os equipamentos utilizados são: um aparelho de som e o programa do YOYOIR, ficha de registro dos números de repetições e níveis de velocidade e cones para a demarcação das linhas. O Teste deve ser realizado no campo e o atleta deve utilizar suas chuteiras e ser incentivado a todo o momento, para que atinja seu desempenho máximo.

107


Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

Figura 22 Ficha de anotação do Yoyo Intermittent Recovery nível 1 Nível de Velocidade

Intervalos 1

5 40 1 9 80 1

2

120

160

1

2

3

200

240

280

1

2

3

4

320

360

400

440

1

2

3

4

5

6

7

8

480

520

560

600

640

680

720

760

11

12

13

14 1

2

3

4

5

6

7

8

800

840

880

920

960

1000

1040

1080

1

2

3

4

5

6

7

8

1120

1160

1200

1240

1280

1320

1360

1400

15

16 1

2

3

4

5

6

7

8

1440

1480

1520

1560

1600

1640

1680

1720

1

2

3

4

5

6

7

8

1760

1800

1840

1880

1920

1960

2000

2040

1

2

3

4

5

6

7

8

2080

2120

2160

2200

2240

2280

2320

2360

1

2

3

4

5

6

7

8

2400

2440

2480

2520

2560

2600

2640

2680

1

2

3

4

5

6

7

8

2720

2760

2800

2840

2880

2920

2960

3000

1

2

3

4

5

6

7

8

3040

3080

3120

3160

3200

3240

3280

3320

1

2

3

4

5

6

7

8

3360

3400

3440

3480

3520

3560

3600

3640

17

18

19

20

21

22

23

Fonte : (Bangsbo, 1996)

108


Variáveis Aeróbias

Figura 23 Ficha de anotação do Yoyo Intermittent Recovery nível 2 Nível de Velocidade

Intervalos 1

11 40 1 15 80 1

2

120

160

1

2

3

200

240

280

1

2

3

4

320

360

400

440

1

2

3

4

5

6

7

8

480

520

560

600

640

680

720

760

1

2

3

4

5

6

7

8

800

840

880

920

960

1000

1040

1080

1

2

3

4

5

6

7

8

1120

1160

1200

1240

1280

1320

1360

1400

1

2

3

4

5

6

7

8

1440

1480

1520

1560

1600

1640

1680

1720

1

2

3

4

5

6

7

8

1760

1800

1840

1880

1920

1960

2000

2040

1

2

3

4

5

6

7

8

2080

2120

2160

2200

2240

2280

2320

2360

1

2

3

4

5

6

7

8

2400

2440

2480

2520

2560

2600

2640

2680

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

Fonte : (Bangsbo, 1996).

109


Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

TESTE TCAR O TCAR é caracterizado por ser um teste do tipo intermitente escalonado, com multiestágios de 90 segundos de duração, em sistema “ida-e-volta”, constituído de 5 repetições de 12 segundos de corrida (distância variável), intercaladas por 6 segundos de caminhada (± 5 metros). O ritmo é ditado por um sinal sonoro (bip), em intervalos regulares de 6 segundos, que determinam a velocidade de corrida a ser desenvolvida nos deslocamentos entre as linhas paralelas demarcadas no solo e também sinalizadas por cones. O teste inicia com velocidade de 9,0 km·h-1 (distância inicial de 15m) com incrementos de 0,6 km·h-1 a cada estágio até a exaustão voluntária, mediante aumentos sucessivos de 1m a partir da distância inicial, conforme esquema ilustrativo apresentado na figura 24 (Carminatti et al., 2004). Para realizar o TCAR, além de fichas para controle do teste, é necessário utilizar um aparelho de som, uma caixa de som amplificada capaz de gerar o áudio do protocolo do TCAR (Carminatti et al., 2004), fita métrica de 50 metros, seis cones e duas cordas brancas com 10 metros de comprimento (demarcar linhas de referência das distâncias de cada estágio). Neste teste, pode ser determinado o ponto de deflexão da freqüência cardíaca (PDFC), que apresenta evidências de validade para determinação da capacidade aeróbia, sendo altamente associado à máxima fase estável de lactato (MLSS) (Carminatti, 2006). Além disso, no TCar também é possível se determinar o pico de velocidade (PV), sendo que esta variável é apresentada como um indicador de potência aeróbia. O PV determinado no TCAR apresentou elevada reprodutibilidade em um estudo com 24 atletas de futebol (coeficiente de correlação intraclasse = 0,93); além disso, está associado (r=0,74, p<0,01) com a velocidade referente ao consumo máximo de oxigênio (vVO2máx), mensurada em esteira rolante, em jogadores de futebol (n = 28).

Figura 24 Visualização do esquema do teste intermitente TCAR. 1m 1m 1m 1m 1m 1m 1m 2,5 M (pausa)

0,6 km.h-1 a cada 90s

-1

15m (9 km.h ) corrida

110


Variáveis Aeróbias

Tabela 12 Valores médios de PV e VPDFC dos atletas das diferentes posições (Dittrich, Floriano e Grossl, 2009). Zagueiro

Laterais

Volantes

Meias

Atacantes

Grupo total

16,8±0,9

17,2±1,0

16,8±1,0

16,8±0,5

16,3±1,0

16,8±0,9

VPDFC (Km.h )

14,0±1,1

14,1±1,3

13,7±0,7

13,5±0,4

13,5±1,4

13,8±1,0

PDFC (bpm)

178±5,0

177±8,0

181±6,0

181±7,0

179±8,0

179±6,0

FCmáx (bpm)

190±8,0

196±4,0

197±7,0

197±6,0

196±7,0

195±7,0

PDFC%FCmáx

94±1,0*

90±3,0

92±2,0

91±2,0

92±2,0

92±2,0

VPDFC%PV

84±4,6

82±3,8

81±1,4

80±2,3

82±5,1

82±3,8

PV (Km.h-1) -1

PV = Pico de velocidade; VPDFC = Velocidade correspondente ao ponto de deflexão da freqüência cardíaca; PDFC = Ponto de deflexão da freqüência cardíaca; FCmáx = Freqüência cardíaca máxima; PDFC%FCmáx = Percentual do PDFC em relação à FCmáx; VPDFC%PV = Percentual da VPDFC em relação ao PV. * p<0,05 em relação aos laterais.

Tabela 13 Variáveis aeróbias avaliadas no teste de campo TCAR (PV, PDFC, VPDFC) nos jogadores de futebol de diferentes posições (Silva et al., 2009). Zagueiro

Lateral

Volante

Meia

Atacante

PV (Km.h )

16,5±1,0

16,8±1,3

16,8±0,9

16,7±0,8

16,0±0,8

PDFC (bpm)

174,0±7,0

173,0±8,0

177,0±9,0

181,0±6,0

174,0±10

VPDFC (Km.h-1)

13,50±1,7

13,1±1,3

13,1±0,9

12,9±0,7

12,1±0,7

PDFC%FCmáx

89,3±7,0

90,2±2,7

89,0±2,7

90,0±4,3

88,1±3,4

%PV

81,4±7,2

78,9±4,5

75,5±4,3

77,0±8,3

77,8±8,3

-1

PV = Pico de velocidade; PDFC = Ponto de deflexão da freqüência cardíaca; VPDFC = Velocidade correspondente ao ponto de deflexão da freqüência cardíaca; PDFC%FCmáx = Percentual do PDFC em relação à FCmáx; %PV = Percentual da velocidade correspondente ao ponto de deflexão da freqüência cardíaca em relação ao pico de velocidade.

111


Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

Desempenho aeróbio dos futebolistas Nos estudos sobre a capacidade aeróbia, listados na tabela 24, observou-se que o limiar anaeróbio em futebolistas pode variar entre 11,1km/h a 15,3km/h, correspondendo de 76% a 89% do VO2máx. Bangsbo (1994), mensurando o limiar anaeróbio de 60 futebolistas dinamarqueses de elite, utilizando uma concentração fixa de lactato de 4,0mmol/l (intensidade ótima de transição entre os metabolismos aeróbio e anaeróbio), verificou que o limiar anaeróbio destes futebolistas se encontrava a 80,7% do VO2máx, com variação entre 66,4 e 92,4%. Esse autor ainda constatou que os laterais e os meio-campistas apresentaram valores semelhantes de resistência de velocidade no limiar anaeróbio (15,9 e 15,0 km/h), porém significantemente mais elevado do que os atletas de outras posições, onde os goleiros apresentaram valores médios de 13,8km/h, os zagueiros 13,4 km/h e os atacantes 13,6 km/h. Também verificando as diferenças de velocidade de corrida correspondente ao limiar anaeróbio fixo de 4mmol/l entre as diferente posições de campo, Balikian et al. (2002), com futebolistas profissionais brasileiros apresentaram que os goleiros possuem valores médios (12,66 km/h) inferiores aos jogadores das demais posições (zagueiros – 13,15km/h; laterais – 14,33 km/h; meio-campistas – 14,11 km/h; e atacantes – 13,23 km/h) e no mesmo estudo ficou evidente que os meio-campistas e os laterais possuem limiares anaeróbios estatisticamente superiores aos dos zagueiros e atacantes. Em outro estudo com futebolistas brasileiros, Silva et al. (2009), em teste laboratorial não encontraram diferenças significativas entre as diferentes posições táticas de linha, onde os zagueiros apresentaram valores médios do limiar anaeróbio de 13,5±1,30 km/h, os laterais 13,7±1,4 km/h, os volantes 13,7±0,6 km/h, os meias 13,6±1,0 km/h e os atacantes 13,4±1,9 km/h. Já para a potência aeróbia dos futebolistas, Tumilty (1993) sugeriu que o VO2máx de 60 ml/kg/min é adequado em alto nível de jogo, porém, como observa-se na tabela 24, o VO2máx em jogadores de futebol apresenta muita variação, devido aos diferentes métodos e meios de avaliação, aos diferentes tipos de treinamentos em que os atletas são submetidos nos diferentes continentes do planeta e até mesmo no mesmo dentro de um mesmo país ou região, apresentando médias entre 49,6 e 67,8 ml/kg/min. Ainda em relação aos estudos apresentados na tabela abaixo, evidencia-se que não existe diferenças entre os valores médios de VO2máx entre futebolistas de diferentes localidades (Brasil – 50,2 a 66,0; Resto do Mundo – 49,6 a 67,8ml/kg/min) e ainda, a potência aeróbia parece não sofrer influência do nível competitivo, como demonstrado pelo

112


Variáveis Aeróbias

estudo de Santos (1999), em estudos com futebolistas profissionais de várias divisões de Portugal, que verifica que não existe diferença no VO2máx entre os atletas da 1ª e 4ª divisão. Porém, quando a análise é feita com jogadores de diferentes idades, Coelho et al. (2009), encontraram diferenças significantes, sendo que os atletas profissionais apresentaram valores superiores em relação aos atletas das categorias de formação sub-20 e sub-17. Quando a análise da potência aeróbia procurou verificar diferença entre as diferentes posições táticas de jogo, Arnason et al. (2004), afirmaram que entre os jogadores da Islândia da elite e da primeira divisão que os goleiros (57,3 ml/kg/min) possuíram significantemente (p<0,05) um menor VO2máx estimado que os defensores (62,8 ml/kg/min), meio-campistas (63,0 ml/kg/min) e atacantes (62,9 ml/kg/min). O mesmo resultado apresentaram Balikian et al. (2002), com futebolistas brasileiros, que também verificaram que os goleiros (52,68 ml/kg/min) apresentam valores médios estatisticamente inferiores aos dos zagueiros (60,28 ml/kg/min), dos laterais (61,12 ml/kg/min), dos meio-campistas (61,01 ml/kg/min) e dos atacantes (59,94 ml/kg/min). Sporis et al. (2009), recentemente com futebolistas profissionais da Croácia, também apontou que os goleiros apresentam valores médios inferiores de VO2máx, em comparação com os jogadores de linha. Porém, essas informações não corroboram com os dados apresentados em outros estudos que tentaram verificar a influência da posição em campo na potência aeróbia de futebolistas. Barros; Lotufo ; Mine (1996) com futebolistas brasileiros, Ramadan ; Byrd (1987) com futebolistas da Seleção Nacional do Kuwait, Al-Hazzaa et al. (2001) com jogadores Seleção Nacional da Arábia Saudita e Bangsbo; Norregaard ; Thorso (1991) com futebolistas dinamarqueses da 1ª e 2ª divisão, concluíram que não há diferença no VO2máx dos jogadores de diferentes funções táticas. Em outro estudo com futebolistas brasileiros, Silva et al. (2009), em teste laboratorial não encontraram diferenças significativas entre as diferentes posições táticas de linha, onde os zagueiros apresentaram valores médios do limiar anaeróbio de 13,5±1,30 km/h, os laterais 13,7±1,4 km/h, os volantes 13,7±0,6 km/h, os meias 13,6±1,0 km/h e os atacantes 13,4±1,9 km/h..

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

Tabela 14 Indicadores fisiológicos de capacidade aeróbia (limiar anaeróbio) e potência aeróbia (VO2máx) de futebolistas segundo origem e nível competitivo Estudo Origem: Nacional Barros et al. (1996) Silva et al. (1999) Silva et al. (2000) Osiecki et al. (2002) Osiecki et al. (2002) Balikian et al. (2002) Coelho et al. (2009) Coelho et al. (2009) Coelho et al. (2009) Silva et al. (2010) Origem: Internacional Rhodes et al. (1986) White et al. (1988) Chin et al. (1992) Green (1992) Santos (1999) Santos (1999) Santos (1999) Santos (1999) Al-Hazzaa et al. (2001) Casajús (2001) Al-Hazzaa et al.(2001) Helgerud et al. (2001) Bunc e Psotta (2001) Hoff et al. (2002) Chamari et al. (2004) Arnason et al. (2004) Arnason et al. (2004) Chamari et al. (2005) Ferrari Bravo et al. (2008) Urzua et al. (2009) Urzua et al. (2009) Sporis et al. (2009) Abt e Lovell (2009) Ziogas et al. (2010)

CAPACIDADE AERÓBIA FC LAN VLAN (km/h) (bpm)

País

Nível

n

Brasil Brasil Brasil Brasil Brasil Brasil Brasil Brasil Brasil Brasil

P P P P S20 P S17 S20 P 1D S20

77 18 26 17 12 25 19 12 14 29

13,5 ± 0,9 12,1 ± 1,3 12,1 ± 1,1 12,9 ± 1,2 13,5 ± 1,2

176,0 ± 12,0 171,0 ± 11,0 176,0 ± 8,0 174,0 ± 7,0

Canadá Inglaterra Hong Kong Austrália Portugal Portugal Portugal Portugal Arábia S. Espanha Arábia S. Noruega Rep. Techa Noruega Tunísia Islândia Islândia Tunísia Itália Chile Chile Croácia Inglaterra Grécia

SO P P P P 1D P 2D P 3D P 4D SN P SN S20 P P S20 E P 1D SN S20 P U P P P

16 17 24 10 44 18 12 15 29 15 29 19 15 6 34 8 7 24 13 40 19 270 10 53

13,8 ± 0,5 14,5 ± 0,7 14,2 ± 1,4 13,6 ± 1,3 13,1 ± 1,8 14,8 ± 1,0 12,4 ± 1,5 11,1 ± 0,7 13,3 ± 0,8 15,3 ± 1,1 13,2 ± 0,7

155,5 ± 3,3 159,0 ± 5,0 164,0 ± 6,0 160,0 ± 8,0 173,0 ± 9,0 174,0 ± 20,7 170,0 ± 10,0

E – Elite; P – Profissional; SO – Seleção Olímpica; SN – Seleção Nacional; U – Universitário; S17 – Sub-17; S20 – Sub-20; 1-2-3-4D – 1ª, 2ª, 3ª e 4ª Divisão Nacional; VLAN – Velocidade no Limiar anaeróbio; FC LAN – Frequência cardíaca no Limiar anaeróbio; vVO2máx – velocidade no VO2máx; FC VO2máx – Frequência cardíaca no VO2máx.

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Variáveis Aeróbias

CAPACIDADE AERÓBIA VO2 do LAN % VO2máx (ml/kg/min) (%)

POTÊNCIA AERÓBIA FC VO2máx VO2máx (bpm) (ml/kg/min)

v VO2máx (km/h)

VO2máx (l/min)

-

-

16,8 ± 1,0

190,8 ± 6,6 189,0 ± 6,4 202,0 ± 7,0 197,0 ± 9,0 193,0 ± 10,0 -

56,2 ± 6,2 63,7 ± 4,9 60,5 ± 4,7 59,0 ± 4,5 59,9 ± 2,2 59,0 ± 5,6 56,1 ± 2,0 50,2 ± 2,9 66,0 ± 4,5 63,2 ± 4,9

-

37,5 ± 1,2 47,2 ± 5,4 45,5 ± 3,1 50,2 ± 8,0 43,6 ± 4,4 47,8 ± 5,3 49,2 ± 2,2 50,9 ± 4,0 63,2 ± 0,4 61,9 ± 0,7 -

80,5 ± 3,9 77,1 ± 3,3 80,0 ± 7,2 80,3 ± 6,1 81,1 ± 5,6 78,9 ± 4,7 85,3 ± 4,9 76,1 ± 4,1 82,4 ± 3,1 80,5 ± 2,5 89,3 ± 4,7 -

18,8 ± 1,2 18,3 ± 1,3 18,2 ± 1,0 18,9 ± 1,3 16,1 ± 1,4 16,7 ± 1,1 18,4 ± 1,0 16,5 ± 1,0 16,9 ± 3,2 18,8 ± 0,9 -

191,5 ± 6,7 179,2 ± 2,4 179,0 ± 7,0 185,5 ± 8,4 187,9 ± 7,7 180,5 ± 9,6 184,3 ± 9,8 185,0 ± 5,0 185,0 ± 4,0 186,0 ± 9,0 198,0 ± 7,9 191,0 ± 7,0 190,0 ± 10,0 189,1 ± 1,9 185,0 ± 8,0 -

58,7 ± 4,1 49,6 ± 1,2 59,1 ± 4,9 57,6 ± 3,5 58,0 ± 6,2 53,8 ± 3,0 56,2 ± 5,7 58,1 ± 4,7 56,8 ± 4,8 65,5 ± 8,0 61,0 ± 5,2 67,8 ± 7,6 61,1 ± 4,6 66,6 ± 5,2 58,5 ± 4,1 56,2 ± 5,7 50,4 ± 4,1 60,1 ± 2,3 59,0 ± 4,0 58,8 ± 3,3

4,2 ± 0,4 3,9 ± 0,3 4,2 ± 0,3 5,1 ± 0,4 4,8 ± 0,4 5,2 ± 0,7 4,3 ± 0,4 4,45 ± 0,5 4,2 ± 0,6 -

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Capítulo 4

Variáveis Anaeróbias

Ao analisar um jogo de futebol ou até mesmo o treinamento, podemos destacar em primeiro lugar que este esporte tem características complexas. Essas características devem ser levadas em consideração pelos responsáveis pelo desenvolvimento de programas de treinamento, uma vez que um jogo de futebol demanda aproximadamente 90min e o tamanho do campo acabam sendo indicadores da carga de trabalho, que podem indicar uma predominância aeróbia. No entanto, durante esse período de tempo os jogadores fazem sprints, arranques, saltos, considerados de alta intensidade em seus treinamentos (Bangsbo, 2014), como durante os jogos. Estas características permitem afirmar que o jogador de futebol utiliza o metabolismo aeróbio e anaeróbio durante suas atividades. Mecanismos que estão em constante mudança, apresentando ritmos de intensidades diferentes. Estes aspectos merecem ser atendidos como tal na hora de planificar o treinamento e distribuir a carga de trabalho aos atletas, ressaltando que os jogadores de futebol necessitam de uma elevada capacidade anaeróbia para sustentarem o esforço físico, em sua maioria descontínuos por um período maior a 90 minutos. O desempenho anaeróbio é evidenciado pela necessidade metabólica celular em resposta aos exercícios de alta intensidade e de curta duração, onde este sistema energético necessita de ATP para a contração muscular requerido através da via alática e lática ou da glicólise anaeróbia e é determinado pela potência e capacidade, respectivamente. O futebol é um dos esportes em que predomina a resistência e a velocidade, sendo aproximadamente 10% coberto em alta velocidade e com sprints. Para o qual, a energia necessária provém tanto da via aeróbia (mais de 90%) e anaeróbia, aproximadamente em 5-10% (Stolen et al., 2005). Estas vias estão em relação direta com as características do rendimento muscular dos jogadores de futebol, já que em muitos aspectos estão determinados pela distribuição dos

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

diferentes tipos de fibras musculares: de contração rápida (FT) e de contração lenta (ST). Que limita a capacidade física para sustentar esforços físicos intensos e prolongados, já que ações como a corrida contínua e esforços do tipo explosivos que se apresentam nas partidas (Cometti et al., 2001) vão depender exclusivamente do tipo de fibra. Portanto, são fatores importantes para o bom desempenho do futebolista e consequentemente devem ser avaliados. Os esforços explosivos como saltos, enfrentamentos, choques, realizados pelos futebolistas (Bangsbo, 1994), basicamente dependem da força máxima e da potência anaeróbia do sistema neuromuscular, em particular da parte inferior das extremidades (Cometti, et al., 2001), os quais podem ser medidos através dos testes de salto vertical (Cometti et al., 2001, Tessitore et al., 2007), testes de velocidade (Tessitore et al., 2007; Cometti et al., 2001), agilidade (Young ; James ; Montgomery, 2002; Little ; Williams, 2005) e resistência específica (Bangsbo, 1996; Buchheit et al., 2009), sendo considerados por muitos estudos como necessários e importantes para o rendimento bem sucedido dos futebolistas. Sua avaliação é atualmente determinada pelo uso de plataformas de força, tapetes de saltos (força explosiva) e células fotoelétricas (ou cronômetros) para velocidade, agilidade e resistência específica.

Força muscular No futebol, o treinamento de força é necessário para a elevação da performance específica da modalidade, especialmente para saltar, chutar, na capacidade de aceleração e nas rápidas mudanças de direção/ ou sentido da corrida. Além disso, esse tipo de treinamento é muito importante para prevenir lesões, pois uma musculatura bem-desenvolvida é mais eficiente na proteção do aparelho motor. Em seus escritos sobre avaliação do desempenho físico no futebol Balsom (1994) relata que existe relação significante entre o teste de salto vertical com contramovimento e auxílio dos braços e os tempos registrados na corrida de 15m. Desta forma, Balsom (1994) afirma que a força explosiva é um importante fator na aceleração. Vários estudos apontam que as atividades intermitentes de alta intensidade incluem acelerações, breques e re-acelerações freqüentes, como, por exemplo, na disputa de bola, saltos, disputas corpo a corpo, marcações, dribles e outras atividades de alta intensidade (Stolen et al., 2005). Para Silva (2001) e Rebelo ; Oliveira (2006), o desempenho funcional de rápida mudança de direção parece ser uma característica necessária para se jogar futebol. Qualquer mudança de direção durante a corrida é causada por um impulso

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Variáveis Anaeróbias

externo a partir do solo e quanto mais rápida a mudança de direção em uma atividade de alta velocidade, maior será a força aplicada em menor tempo de contato com o solo (Nunes, 2004). A técnica e a tática no futebol são altamente dependentes das capacidades físicas do jogador (Chamari et al., 2004). A força explosiva no futebol apresenta-se como uma capacidade condicionante que permite ao atleta realizar movimentos rápidos e com mudança de direção (Silva, 2001). Com isso, podemos notar a importância da força explosiva dos jogadores de futebol, já que uma partida é definida nas ações de alta velocidade e/ou alta intensidade. Informações de caráter científico fundamental sobre as bases biológicas para a força e potência como: o controle neural funcional do movimento; excitabilidade da unidade motora durante movimentos explosivos; bases musculares da força; desempenho contrátil dos músculos; ciclo de alongamento e encurtamento, em conjunto com as observações da investigação mais aplicada como: o mecanismo de adaptações do treinamento de força, e por conseqüências, as ciências do treinamento de força (Komi, 2006; Badillo ; Ayestarán, 2001; Bosco, 2007) permitem um agrupamento das formas de trabalho mais utilizadas na avaliação e no treino da força em redor das suas características principais e, sobretudo face ao tipo de adaptações a que conduzem.

Considerações gerais sobre a força No âmbito do esporte, a força tem sido entendida pelo contexto da complexidade, uma vez que possui vários elementos procedimentais para sua conceituação. É nesse sentido que a força é compreendida como a capacidade do sistema neuromuscular em gerar tensão com certa intensidade em uma determinada velocidade específica, para vencer ou sustentar certa resistência, a qual é aplicada por um tempo para sua realização de uma ação com um padrão de movimento específico conduzindo a influência dos componentes e fatores que a influenciam em várias formas de sua manifestação nos esportes (Badillo e Ayestarán, 2001 apud Komi, 2006).

Manifestações da força para o futebol Todavia, no esporte, parte-se então do pressuposto de que, a força é a capacidade motora que se manifesta de forma diferente em função das necessidades das ações, apresentando-se como expressões de que se mostra, de forma cifrada, a leitura de sua relação com a revelação de uma estruturação das formas, partindo da tese de que a força quase nunca se manifesta de forma pura, distingui as seguintes manifestações: ativa e reativa.

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

A manifestação ativa é entendida pelo efeito de força produzida por um ciclo simples de trabalho muscular aquele de encurtamento da parte contrátil. É, pois, a tensão gerada por ação de uma contração muscular voluntária, tornando-se possível interpretar diferentes manifestações ativas de força em função de sua magnitude, velocidade de execução e tempo de duração. Nesse sentido, são conhecidas duas expressões a força máxima e a força explosiva. FORÇA MÁXIMA: Entende-se que é a mais elevada tensão que o sistema neuromuscular é capaz de produzir, independentemente do fator tempo. A força máxima, por sua vez, deve ser entendida como uma forma de manifestação que influencia todos aos outros componentes de produção de força, e por essa razão se encontra a um nível hierárquico superior, permitindo seu engajamento numa estrutura, pela via de um significante, a partir do qual os outros componentes podem sofrer efeitos estruturantes (Bosco, 2007). FORÇA EXPLOSIVA: É compreendida como a capacidade do sistema neuromuscular em gerar tensão com natureza explosiva (Badillo ; Ayestarán, 2001), como um produto da relação entre força e velocidade (Kraemer ; Hakkinen, 2004) aplicada por um tempo para sua realização (Badillo ; Ayestarán, 2001), proveniente de um efeito de força produzido por um ciclo simples de trabalho muscular, aquele do encurtamento muscular da parte contrátil, sendo expressa por uma ação de velocidade de contração a mais rápida possível. A manifestação reativa é entendida pelo efeito de força produzida por um ciclo duplo de trabalho muscular: aquele do alongamento e encurtamento. Nessa são conhecidas duas expressões a força explosiva elástica e a força explosiva elástica reflexa. FORÇA EXPLOSIVA ELÁSTICA: Além do que foi expresso na força explosiva, tem-se o efeito do Ciclo Alongamento-Encurtamento (CAE), o qual se observa uma ação somática de velocidade do alongamento, ocorrendo quando é realizado na musculatura um alongamento antes do encurtamento, neste caso, além das capacidades contrateis e de sincronização têm-se o efeito do componente elástico (Badillo ; Ayestarán, 2001; Komi, 2006; Bosco, 2007). FORÇA EXPLOSIVA ELÁSTICA REFLEXA: Neste tipo de força, além da capacidade contrátil, sincronização, recrutamento e elástica, têm-se o efeito do componente reflexo. Como expressam observa um alongamento rápido em um tamanho de movimento pequeno, a mais rápida produção de força, considerada a mais abrangente na manifestação da força como conseqüência de um contramovimento (ação excêntrica) do membro impulsivo; nesse caso, o ciclo duplo é realizado o mais rápido possível e com um tamanho de movimento pequeno ou com amplitude bem reduzida (Badillo ; Ayestarán, 2001 apud Komi apud 2006; Bosco, 2007).

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Variáveis Anaeróbias

Avaliação da força muscular No estudo das manifestações da força alguns autores (Badillo ; Ayestarán, 2001), consideram que a manifestação da força motora é expressa por dois grupos: força ativa e a força reativa. A força ativa é o efeito de força produzida por um ciclo simples de trabalho muscular, e a força reativa é o efeito da força produzida por um ciclo duplo de trabalho muscular (ciclo alongamento e encurtamento - CAE). Força ativa Como vimos, a força ativa é constituída pela força máxima dinâmica e pela força explosiva (Bosco, 2007). Onde entende-se por força máxima dinâmica aquela força que se expressa com apenas um movimento sobrepondo sem limite de tempo a uma sobrecarga mais elevada possível. O fator que caracteriza esse tipo de força é a capacidade contrátil da musculatura, retratando o sistema tendão/músculo. Já a força explosiva, ao fator contrátil acrescenta-se um segundo fator relativo à capacidade de sincronização da contração das fibras musculares, para que possa preceder um maior recrutamento a inervação padrão do sistema neuromuscular. Do ponto de vista de Barbanti (2002) a força explosiva é aquela força que vem expressa por uma ação de contração a mais rápida possível, para transferir a sobrecarga a ser vencida numa maior velocidade possível, ou seja, é a natureza explosiva da força. Em termos gerais para Badillo e Ayestarán (2001), a manifestação explosiva da força é uma relação entre a força expressa e o tempo necessário para tal execução, para os quais, força explosiva máxima seria definida como a melhor relação entre a força aplicada e o tempo empregado. O teste de 1RM (1 Repetição Máxima) deve ser empregada para verificar a força máxima do atleta, onde o rendimento é expresso pela carga máxima (kg) alcançada em cada exercício. Para verificar a força máxima, tem-se realizado também o teste de carga por repetições máximas. Para medir a expressão da força explosiva, deve-se utilizar a técnica de salto vertical com meio agachamento partindo de uma posição estática sem contramovimento (SJ), técnica descrita por Bosco (1994). O resultado expresso pelo rendimento do impulso na vertical indicará a altura saltada em centímetros (cm).

TESTES DE CARGA MÁXIMA Teste de 1 Repetição Máxima ou 1RM - É a quantidade máxima de peso levantada uma vez durante a realização de um exercício padronizado de levantamento de peso. Para testar 1 RM de um grupo muscular, como flexores

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

de cotovelo ou extensores de joelho, é escolhido um peso, ao dispositivo do exercício, porém abaixo da capacidade máxima de levantamento do indivíduo. Se uma repetição é completada, acrescenta-se peso ao dispositivo do exercício, até alcançar a capacidade máxima de levantamento. Os acréscimos de peso costumam ser de 1 a 5 kg durante o período de avaliação. Essa técnica é habitualmente utilizada com halteres, anilhas e aparelhos convencionais em salas de musculação. Teste de Carga por Repetições Máximas - O teste de carga por repetições máximas possibilita a identificação da força máxima sem a necessidade do teste específico de carga máxima, fazendo uso de equações matemáticas. É importante ressaltar que a não utilização de testes de carga máxima possibilita a redução ou exclusão do risco de lesões por esforço máximo, assim como, torna possível a realização de testes em exercícios variados em uma única sessão de treinamento sem estimular a fadiga central. O teste de carga por repetições máximas propriamente dito, consiste na inversão do teste de carga máxima, ou seja, realiza-se um número máximo de movimentos com a carga não variável. Algumas equações são usadas para o cálculo da Carga Máxima através do Teste de Carga por Repetições Máximas: Epley (1995) - 1RM(kg)= (1+ 0,333 x reps.máx.) x carga do teste Mayhew et al. (1993) - 1RM(kg)= 100 x carga do teste / (52,2 + 41,9 x exp(-0,055 x reps.máx.)) Brzycki (1993) - 1RM(kg)= carga do teste / (1,0278 - reps.máx. x 0,0278) Procedimentos para realização do Teste de Carga Máxima: Aquecimento, alongamento geral, alongamento específico, ajuste das posições no aparelho (assento, encosto, etc.), aquecimento específico realizando 5 repetições no aparelho com carga leve, ajustar uma carga relativamente alta para execução do teste, execuções ao comando do avaliador, execuções em velocidade normal, execuções na amplitude total do movimento, execuções sem trancos, arrancos ou roubos, o atleta deverá executar o número máximo de repetições possível, devendo dar o máximo de si, atingir realmente o seu limite. O atleta deve ser incentivado verbalmente para conseguir mais repetições. O Avaliador deve atentar em validar somente o número de repetições corretas realizadas e intercalar agonistas com antagonistas ou MMII / MMSS. Se, o número de repetições extrapolar a 35, deve-se parar o teste e realizá-lo outro dia com carga maior, e atenção para registrar corretamente os dados obtidos no teste.

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Variáveis Anaeróbias

TESTE DE SALTO VERTICAL SEM CONTRAMOVIMENTO – SQUAT JUMP (SJ) Esta técnica consiste na realização de um salto vertical com meio agachamento que parte de uma posição estática de 5 segundos com uma flexão do joelho de aproximadamente 110º sem contramovimento prévio de qualquer segmento; as mãos devem ficar fixas próximas ao quadril, na região supra-ilíaca. O tronco deverá estar na vertical sem um adiantamento excessivo. Um detalhe técnico deve ser observado, é importante que os joelhos permaneçam em extensão durante o vôo. O intervalo entre uma tentativa e outra deve ser de 10 segundos. Estes procedimentos técnicos são descritos por Bosco (1994).

Figura 25 Teste de salto vertical sem contramovimento partindo de uma posição estática (5 s na posição) de meio agachamento (SJ).

Força reativa Quanto à força reativa duas manifestações se fazem presente, a força explosiva elástica e a força explosiva elástica reflexa. A força explosiva elástica ocorre quando é realizado na musculatura um alongamento antes do encurtamento, neste caso, além das capacidades contrateis e de sincronização têm-se o efeito do componente elástico (Badillo ; Ayestarán, 2001 apud Barbanti, 2002 apud Komi, 2006). Para medir a expressão da força explosiva elástica, deve fazer uso da técnica de salto vertical com contramovimento sem a utilização

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

dos membros superiores (CMJ), técnica descrita por Bosco (1994) e da técnica de salto vertical drop jump (DJ), descrita por Kollias, Panoutsakopoulos e Papaiakovou (2004). Os resultados expressos pelo rendimento do impulso na vertical indicarão a altura saltada em centímetros (cm).

TESTE DE SALTO VERTICAL COM CONTRAMOVIMENTO SEM AUXÍLIO DOS MEMBROS SUPERIORES – COUTERMOVEMENT JUMP (CMJ) O atleta ficará em pé a partir de uma posição com o tronco ereto, com os joelhos em extensão a 180°. Os saltos verticais máximos serão realizados com a técnica de contramovimento sem a contribuição dos membros superiores (as mãos devem ficar fixas próximas ao quadril), nessa situação específica, o atleta executará o ciclo de alongamento e encurtamento (flexão e extensão do joelho) procedimento descrito por Bosco (1994). A flexão do joelho acontecerá aproximadamente com o ângulo de 120°, em seguida o executante fará a extensão do joelho, procurando impulsionar o corpo para o alto e na vertical, durante essa ação o tronco deverá permanecer sem movimento para evitar influência nos resultados. Alguns detalhes técnicos devem ser observados, tais como: os joelhos permaneçam em extensão durante o vôo e os membros superiores não deverão contribuir com a impulsão. O intervalo entre uma tentativa e outra deve ser de 10 segundos.

Figura 26 Teste de salto vertical com contramovimento e sem contribuição dos membros superiores (CMJ).

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Variáveis Anaeróbias

DROP JUMP (DJ) O método do teste Drop Jump consiste em o sujeito se encontrar sobre um banco de 40 cm de altura, se deixar cair sobre o tapete de teste, ao contato do qual deve reagir com um ciclo estiramento-encurtamento para procurar realizar um salto vertical máximo. A altura da queda é de 40 cm. Para iniciar, o sujeito deve se encontrar em cima do banco em posição ereta, pernas estendidas (ângulo de 180° com o joelho), mãos na cintura, em seguida levar à frente um pé e deixando-se cair sob o efeito da gravidade. Ao contato com o solo reagir o mais rápido possível, saltando o mais alto, durante esse movimento evitar a flexão do joelho (Kollias; Panoutsakopoulos ; Papaiakovou, 2004).

Figura 27 Teste de salto vertical na técnica Drop Jump (DJ)

Já a expressão de força explosiva elástica reflexa é mais abrangente na manifestação da força como conseqüência de um contramovimento (ação excêntrica) do membro impulsivo; nesse caso, o ciclo duplo é realizado o mais rápido possível e com um tamanho de movimento pequeno ou com amplitude bem reduzida (Badillo ; Ayestarán, 2001apud Barbanti, 2002 apud Komi, 2006). Para mensurar o desempenho da força explosiva elástica reflexa deve ser utilizado o teste de saltos verticais contínuos com duração de 5 segundos sem a contribuição dos joelhos e membros superiores (CJ5s). As medidas devem seguir o

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

procedimento descrito por Bosco et al. (2001). O resultado expresso pelo rendimento do impulso na vertical indicará a altura saltada em centímetros (cm).

TESTE DE SALTOS VERTICAIS CONTÍNUOS DE 5s – CONTINUOUS JUMP WITH 5s (CJ5s) O atleta ficará em pé a partir de uma posição com o tronco ereto, com os joelhos em extensão a 180°, tendo as mãos permanecendo fixas próximas ao quadril (cintura). Os saltos verticais contínuos serão realizados com a técnica de contramovimento com duração de 5 segundos, nessa situação específica, o atleta executará o ciclo de alongamento e encurtamento limitando a flexão dos joelhos e tornozelos com movimentos rápidos e breves de molejos do tipo ricochete, devendo saltar o mais alto possível. Alguns detalhes técnicos devem ser observados, tais como: o contato com o solo após o vôo deverá ser feito com os metatarsos e não sobre toda a superfície do pé; os joelhos permaneçam em extensão durante o vôo e os membros superiores não deverão contribuir com a impulsão. O intervalo entre uma tentativa e outra deve ser de 60 segundos. Este procedimento técnico é descrito por Bosco et al. (2001). O avaliado terá um auxílio de um avaliador que será responsável para o sujeito não deslocar para frente ou para trás durante os saltos verticais contínuos.

Figura 28 Teste de saltos verticais contínuos com duração de 5 segundos sem contribuição dos joelhos e membros superiores (CJ5s).

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Variáveis Anaeróbias

A importância das expressões da força explosiva dentro dos movimentos do ciclo de alongamento e encurtamento demonstra um crescimento de seu desempenho devido aos componentes que contribuem para sua manifestação, tais como o contrátil, recrutamento, elástico e o elástico reflexo (Komi, 2006). A eficiência do atleta no desempenho do salto vertical em alcançar a maior altura na verticalização do corpo é essencialmente dependente dos fatores determinantes para as diversas expressões da força, tais fatores são as contribuições do componente contrátil, do sistema de recrutamento e sincronização, do componente elástico e do componente elástico reflexo (Komi, 2006). Índice de Elasticidade (IE): é a diferença entre o SJ e o CMJ, expressa em Percentual (%). Essa diferença é referida como eficiência na utilização do componente elástico para aumentar a produção de força (Arruda e Hespanhol, 2009) e calculado através da fórmula: IE(%) = [(CMJ-SJ)/SJ]x100. Índice de Reatividade (IR): é a ótima relação de duas variáveis analisadas no teste CJ5s, o Tempo de Contato com o Solo (TC) e o Tempo Total de Vôo (TTV), do melhor salto, expressos em miléssimos de segundo (ms). O valor do IR é calculado pela fórmula: IR(%) = TTV/TC, e anotado em Percentual (%).

Tabela 15 Valores médios de desempenho da Força Explosiva em Futebolistas. Estudo

País

Nível

SJ (cm)

CMJ (cm)

IE (%)

CJ5s (cm)

Casajus (2001)

Espanha

P 1D

39,0

41,4

6,15

-

Nunes (2004)

Brasil

P 1D

36,22

41,05

13,34

-

Hespanhol et al. (2006)

Brasil

S20

35,81

39,35

9,89

41,03

Santi Maria et al. (2008)

Brasil

S20

37,52

41,19

9,78

42,82

Sporis et al. (2009)

Croácia

P

44,1

45.1

-

-

Silva Neto (2006)

Brasil

P 1D

36,94

41,88

13,48

-

McMillan et al. (2005)

Escócia

S17

40,3

53,4

32,51

-

Ferrari Bravo et al. (2008)

Itália

S20

41,9

48,5

15,75

-

Faina et al. (1988)

Itália

P

40,4

43,5

7,6

-

Santos (1999)

Portugal

P

35,3

36,6

3,0

-

Loturco et al. (2015)

Brasil

P

39,68

41,58

-

-

P – Profissional; 1-2D – 1ª, 2ª Divisão Nacional; S17 – Sub-17; S20 – Sub-20.

127


Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

Como mencionado anteriormente, a força muscular, além de elevar a performance atlética do jogador de futebol, ela desempenha importante papel na prevenção de lesões. O equilíbrio muscular é fundamental para os atletas se manterem saudáveis fisicamente e manterem seus níveis de excelência. Hardy et al. (2017) destacam dois fatores principais que podem causar lesões em jogadores de futebol: o primeiro é o desequilíbrio muscular unilateral entre a musculatura do quadríceps e isquiosural, enquanto o segundo está relacionado ao desequilíbrio bilateral de força entre os membros dominante e não-dominante, pois esses desequilíbrios podem potencializar o risco de lesões. As avaliações desses equilíbrios/desequilíbrios nas diferentes fases da contração isotônica (fase concêntrica e fase excêntrica) e o treinamento em equipamentos com biofeedback se tornaram indispensáveis nas rotinas de treino das grandes equipes, facilitando as intervenções em tempo real e os ajustes necessário, deixando assim, os atletas melhores preparados para as sequências de treinamentos e jogos.

Figura 29 Avaliação/Treinamento da força/potência muscular para verificar desequilíbrios em equipamentos com biofeedback (superior: Kineo System; inferior: Nordbord; pag. ao lado: Desmotec).

128


Variรกveis Anaerรณbias

Figura 30 Exemplo de Relatรณrios quantitativo no Kineo System.

129


Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

Velocidade A velocidade representa a capacidade de um sujeito para realizar ações motoras no menor tempo e com um máximo de eficácia. Tais ações são desenvolvidas com um máximo de intensidade e dentro das circunstâncias em um tempo mínimo, assumindo que a tarefa é de curta duração e sem apresentar cansanço. E no futebol a velocidade se faz necessária nas ações de alta intensidade, tanto nas movimentações ofensivas quanto nas defensivas, uma vez que o atleta de determinada equipe, sendo mais veloz que seu adversário, terá uma probabilidade maior de sucesso, tanto para fazer um gol como também, nas ações defensivas, chegar antes do adversário e assim evitar o gol. As exigências que se desenvolvem durante uma partida de futebol variam em função do estilo de jogo da equipe, a função tática, a zona de jogo e o nível competitivo. Por sua vez, a velocidade depende de fatores como: hereditários, sensoriais, cognitivos, psicológicos, neurais e musculares e o melhoramento do mesmo depende da capacidade dos músculos de contrair-se intensamente, de forma que o corpo ou extremidade se mova rápidamente. Estas características motivaram a desenvolverem investigações com especial atenção nos indicadores fisiológicos e físicos do futebolista. Onde Bangsbo (1994) considera que a velocidade não só é um problema físico, mas que também se relaciona com a capacidade de percepção das situações durante um jogo. Sendo assim, a capacidade de percepção, de avaliação e de decisão são componentes muito importantes do desempenho específico do sprint no futebol (Balsom, 1994).

Figura 31 Componentes específicos do sprint.

130


Variáveis Anaeróbias

Figura 32 Manifestações da velocidade nos esportes.

Na atualidade as Ciências do Esporte vêm contribuindo de maneira significativa e decisiva na evolução e no controle do treinamento dos atletas de futebol. Uma ampla gama de investigações é uma amostra do grande avanço científico e tecnológico do futebol, permitindo desta forma um rápido avanço e evolução do rendimento do futebolista. Prova disso é que a mais de 25 anos atrás se conhece que um futbolista durante um jogo de futebol realiza cerca de 19 sprints, tendo um intervalo aproximado em média de dois minutos e uma duração total de 7 minutos (Reilly, 1990). Estas evidências trazem consigo que os treinamentos de velocidade envolvem tais características específicas. Mas, no entanto, a maioria de textos ou guias utilizados para o rendimento desportivo profissional apenas proporcionam critérios normativos para determinadas distâncias de velocidade. De fato, atualmente sofremos de investigações que permitam melhorar as manifestações como a aceleração e a velocidade de deslocamento e sobre todo esclarecer as muitas dúvidas e lacunas que ainda existem em referência nas correlações estatísticas com outras ações motoras, em especial entre o tempo de reação e da velocidade.

131


Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

A esse respeito Bangsbo et al. (2006) consideram que o treinamento da velocidade dos atletas de futebol deve realizar-se ao máximo durante um curto período de tempo (10s). Destacando que os períodos de recuperação entre os estímulos de exercícios deve ser o suficientemente longo para que os músculos se recuperem totalmente. Desta forma, permitir a um atleta realizar um esforço ao máximo em uma série de exercícios posteriores. O futebol requer 1-3 segundos de sprints explosivos, esse tempo de reação pode ser melhorado em certa medida como parte do aquecimento e de exercícios específicos, dado que as investigações têm demostrado que a velocidade pode melhorar-se mediante ao fortalecimento dos músculos (Loturco et al., 2015). Mas, no entanto, cabe ressaltar que algumas investigações revelam que o tempo de reação é independente da velocidade e ambas manifestações sofreram efeitos positivos pelo treinamento físico, tanto no tempo de reação e na velocidade (Little ; Williams, 2005). Finalmente, podemos destacar que a velocidade do futebolista está relacionada com a força explosiva dos músculos dos membros inferiores, assim como também com a capacidade de coordinação dos movimentos e com a capacidade de percepção de uma determinada situação (Bangsbo, 1994). Estas relações têm mostrado nos últimos anos a proliferação de métodos de treinamento, dirigidos a melhorar o desempenho da velocidade e da agilidade. Porém, a característica que mais interessa ao futebolista em relação à velocidade de deslocamento é a fase de aceleração, com e sem mudanças de direção, junto com a agilidade, obviamente no momento de um jogo de futebol existem aspectos que influenciam no desempenho, como a habilidade técnica, sentido táctico, a capacidade técnica, o estilo de jogo, a motivação do jogador e o raciocínio. Por tanto, o objetivo do treinamento da velocidade é melhorar as manifestações da velocidade através da realização de programas neuro-musculares (Loturco et al., 2015), assim como os componentes psico-cognitivos e táticos que compreendem a anticipação, decisão, percepção e reaçã e o componente físico como a resistência da velocidade, velocidade de aceleração e velocidade com mudança de direção.

132


Variáveis Anaeróbias

Figura 33 O futebol necessita de velocidade. Crédito da Foto: César Greco/Palmeiras.

Os esforços característicos do futebol são aqueles que demandam altas intensidades e que se realizam em distâncias entre 5 e 15m, com durações aproximadas de 2 a 4 segundos (Bangsbo, 1994). Estudo com jogadores de futebol, contendo respostas sobre trabalho de grande intensidade executado durante uma partida, mostraram que 96% das corridas de alta intensidade ocorreram em distâncias de até 30 metros (Wisloff; Castagna ; Helgerud, 2004), sendo que o percentual maior de percurso é de 10 metros correspondendo a 49% do total (Valquer; Barros ; Sant’anna, 1998). É importante destacar ainda que a distância média dos tiros durante uma partida é de 15 a 17 metros (Mohr; Krustrup ; Bangsbo, 2003) e os estudos de Wisloff et al. (2004) e Chamari et al. (2004) demonstraram uma correlação significativa entre o salto vertical e as velocidades atingidas nos 10, 20 e 30 metros. Muitos estudos recentes descrevam distâncias de 5m, 10m, 20m, e 40m, (Little ; Williams, 2005; Loturco et al., 2015) e aparentemente as distâncias entre 5 e 40m, seriam as mais adequadas para a avaliação da capacidade dos futebolistas, segundo alguns autores como Balsom (1994) e Rebelo e Soares (2002). Porém, Kollath e Quade (1993) destacam que o sprint de 30m, é geralmente utilizado para avaliar a velocidade máxima de deslocamento. Todos esses protocolos na atualidade são avaliados com partida alta (em pé) utilizando células foto-elétrica. Inclusive, autores como Brown, Vescovi e

133


Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

VanHeest (2004) consideram um problema comum na avaliação do sprint através de cronômetros manuais. Porém cabe recordar que enquanto os testes são aplicados cumprindo os requisitos de validade e confiabilidade, os resultados também serão confiáveis. A tabela 16 mostra as distâncias e os valores médios de futebolistas de elite obtidos em diferentes estudos. Os testes devem ser realizados no campo e os jogadores devem calçar suas respectivas chuteiras de jogo. Antes do início do teste, é importante realizar um bom aquecimento, e após esse aquecimento, se faz necessário 2 minutos de intervalo para a realização do teste, objetivando assim a reposição de energia. Vale observar que o ponto de partida deve ser com o atleta parado 50 cm atrás da linha de partida, ao sinal de “vai”, o atleta deverá realizar o percurso no menor tempo possível, só diminuindo sua velocidade ao ultrapassar a linha de chegada. Devem ser realizadas três tentativas máximas, com o intervalo de dois minutos entre as tentativas, onde será considerado como escore da medida, o menor tempo realizado pelo atleta, em segundos e os atletas devem ser incentivados durante toda a realização do teste.

Tabela 16 Valores médios de velocidade de futebolistas profissionais, segundo vários estudos. Estudo

País

Nível

V5m (s)

V10m (s)

V15m (s)

V20m (s)

V30m (s)

V35m (s)

V40m (s)

Brewer e Davis (1992)

Inglaterra

P 1D

-

-

Nunes (2004)

Brasil

P 1D

-

-

2,35

-

-

-

5,51

-

2,925

-

-

-

Chamari et al. (2004)

Tunísia e Senegal

S20

-

1,87

-

-

4,38

-

-

Cometti et al. (2001)

França

P 1D

Silva Neto (2006)

Brasil

P 1D

-

1,80

-

-

4,22

-

-

0,985

-

-

2,939

-

-

-

Kollath e Quade (1991)

Alemanha

P

Wisloff et al. (2004)

Noruega

P 1D

1,03

1,79

-

3,03

4,19

-

-

-

1,82

-

3,00

4,00

-

-

Hoff e Helgerud (2002)

Noruega

P 2D

-

1,81

-

-

-

-

5,55

Rebelo e Oliveira (2006)

Portugal

P

-

-

2,41

-

-

4,90

-

Clark (2007)

África Sul

P

-

1,86

-

-

-

-

5,49

Zerguini et al. (2006)

Argélia

P

1,02

1,76

-

3,09

-

-

-

P

-

1,79

-

-

-

-

-

P

-

1,83

-

-

-

-

-

P

-

-

-

3,02

-

-

-

Matos et al. (2008) Little e Williams (2005) Hüseyin e Eroglu (2006)

Inglaterra

P – Profissional; 1-2D – 1ª, 2ª Divisão Nacional; S20 – Sub-20.

134


Variáveis Anaeróbias

Agilidade A agilidade pode ser definida como uma variável neuromotora caracterizada pela capacidade de realizar mudanças rápidas de direção, sentido e deslocamento da altura do centro de gravidade de todo o corpo ou parte dele, sendo mais efetiva quando está associada a altos níveis de força, resistência e velocidade (Barbanti, 2002). A partir desta perspectiva, outros autores definem a agilidade como a maneira eficaz e rápida de realizar a frenada, a mudança de direção e a aceleração, mantendo o controle do corpo em forma horizontal e vertical em uma direção durante uma série de movimientos e inclusive arrancar novamente despois de uma parada brusca em resposta a um estímulo. Em relação ao rendimento da agilidade Ellis et al. (2000) destaca que os atletas com boa performance ao realizar a agilidade, provavelmente possuam outras qualidades, tais como o equilíbrio dinâmico, percepção espacial, ritmo e processamento visual. Como a agilidade depende de algumas manifestações como a capacidade dos músculos, nível de força, velocidade, equilíbrio e habilidade, podemos concluir, por tanto, que o nível de desempenho irá depende de todos esses fatores atuando juntos de forma equilibrada.

Figura 34 Fatores que condicionam a agilidade.

135


Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

Com efeito, num determinado momento do jogo, ser mais rápido permitirá chegar primeiro, ser mais ágil evitará o iminente impacto com um adversário e ser mais potente contribui para o sucesso do jogador em ambas as ações. Ou seja, como já observamos anteriormente, as ações de alta velocidade e/ou alta intensidade define a equipe vitoriosa e a perdedora. Porém, quando um atleta acelera ou desacelera de forma muito brusca são-lhe exigidos elevados níveis de força e potência para modificar a inércia da sua massa corporal, exigindo contrações vigorosas para a manutenção do equilíbrio e controle da bola, também resulta em alterações morfológicas, bioquímicas e funcionais. O futebol é um desporto de velocidade, com constantes sprints em contra-ataques e jogadas de velocidade, saltos para cabeceios e movimentações rápidas para se livrar ou realizar marcação. Os atletas realizam uma sucessão de esforços intensos e curtos em ritmos diferentes, com um nível de exigência funcional muscular muito alto, como nas ações de corridas, nos saltos, nas movimentações táticas e na técnica de condução de bola, solicitando desses atletas mobilização máxima de suas capacidades funcionais, velocidade e força. Devido ao tamanho reduzido do espaço de jogo, várias são as ações que exigem dos jogadores mudanças rápidas de direção, ou seja, a agilidade também é extremamente importante na prática do futebol de alto nível. As constantes mudanças de direção durante os jogos e treinamentos são observadas frequentemente em esportes como o futebol, futsal, basquete, handebol, entre outros. Esta característica é habitualmente considerada como uma habilidade para mudar de direção rápidamente, já que os padrões de movimento destas modalidades requerem que sejam assim, e muito raramente se deslocam em linha reta. A agilidade foi um fator importante para a evolução do futebol e esta particularidade de jogadores de elite foi melhorada através do treinamento, a prova é que o futebol nos últimos tempos se tornou mais dinâmico, e isso pode ser atribuído, em especial, pela melhora da velocidade e agilidade dos jogadores.

136


Variáveis Anaeróbias

Figura 35 Agilidade para mudar rápidamente a direção e driblar o adversário. Crédito da Foto: César Greco/Palmeiras.

A agilidade é utilizada para descrever qualquer ação desportiva dinâmica que englobe uma mudança na posição de jogo. Esta habilidade vai melhorando com o transcorrer da idade, a qual vai evoluindo à medida que se vai sincronizando e coordenando os movimentos. As estratégias para ensinar as habilidades motoras adequadas podem iniciar-se aos 5 anos de idade, com períodos críticos de desenvolvimento que ocorrem entre os 9 e 12 anos de idade. Estas atividades proporcionarão a estrutura do movimento em função do tempo e a coordenação, e consequentemente para o encadenamento das manifestações da agilidade. Alguns estudos consideram que o treinamento da agilidade pode ser incorporado como mecanismo de prevenção de lesões, já que os músculos são preparados para terem contato com o solo, de modo tal que realização de tais programas estão orientados a instruir aos atletas a correta execução dos saltos (ex: flexionando os joelhos e quadril), aprender a realizar desacelerações de frente, lateralmente ou em quedas, entre outras ações, de tal forma que conduzam a superação de dificuldades que se apresentem no cotidiano.

137


Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

O treinamento da agilidade é considerado como uma re-execução da programação motora através do condicionamento muscular e a adaptação neural dos fusos musculares, órgãos tendinosos de golgi e proprioceptores (Craig, 2004). Este processo em conjunto e teoria deveria melhorar o equilíbrio e o controle do corpo durante o movimento. Esta teoria é apoiada por alguns estudos que consideram que o treinamento da pliometria pode aumentar os objetivos do treinamento da agilidade (Hirayama et al., 2017; Kobal et al., 2017). Por tanto, a agilidade está integrada a tarefas específicas de exercícios físicos com e sem bola, produzidas durante situações de velocidade, os quais devem ser aprendidos mediante a estimulação da coordinação neuro-muscular, propiciando o desenvolvimento da agilidade. Em consequência, consideramos que o treinamento da agilidade é fundamental pelos seguintes aspectos: • Proporciona uma base sólida para o control muscular e função das habilidades motoras; • Educa os atletas para a adquisição do domínio da habilidade, evitando o risco de acidentes e lesões durante os jogos e/ou treinamentos; • Contribui para a aquisição de novas experiências durante a competição e treinamento; • Permite adquirir uma rápida capacidade de mudança de direção diante as circunstâncias.

Figura 36 Velocidade de Reação e Agilidade para defender a bola numa cobrança de penalti. Crédito da Foto: César Greco/Palmeiras.

138


Variáveis Anaeróbias

A seleção de testes especificos deve estar relacionada com as características específicas do esporte e/ou a posição específica dos padrões de movimento, que devem refletir o tipo de atividades que ocorrem durante a competição. Mas, no entanto, uma grande maioria de testes avaliam habilidades para mudar de direção e posição rapidamente em um plano horizontal. Uma vez que é necessário ter em conta aspectos como a percepção e tomada de decisão. Os testes mais utilizados pela literatura e focados a avaliar a agilidade de futebolistas são: Teste T e o Teste de Zig-Zag, Teste 505, Illinois Agility Test. Os resultados obtidos através destes testes são difíceis de analisarem, requerem de muito critério, já que não existe um consenso específico no momento. Mas é necessário recordar que a agilidade é um componente do desempenho que descreve a capacidade do corpo para mudar de direção rapidamente, fruto de uma combinação de uma variedade de componentes físicos (Svensson e Drust, 2005). A tabela 17 mostra os resultados de três testes (dois de agilidade e plataforma de força), pré e pós 6 semanas de treinamento pliométrico, segundo Miller et al. (2006). Finalmente na tabela 18 se descrevem os resultados obtidos através do Illinois Agility Test em futebolistas profissionais e em amadores (Clark, 2007).

Tabela 17 Valores médios de três testes (pré e pós-treinamentos) de jogadores de futebol. Testes

Grupos

Pré Treinos

Pós Treinos

G.E

12,8±1,0

12,1±1,1

G.C

12,6±1,1

12,6±1,1

G.E

17,1±1,7

16,6±1,6

G.C

16,5±,0,9

16,5±0,9

G.E

256,9±28,2

230,5±37,2

G.C

233,1±20,6

232,1±20,7

Teste T (s)

Illinois (s)

Plataforma de Força (m/s)

GE = Grupo experimental; GC = Grupo controle.

139


Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

Tabela 18 Valores médios de agilidade e velocidade de futebolistas de alto rendimiento e amadores. Testes

Profissionais

Amadores

Illinois (s)

16,29 ± 0,45

16,35 ± 0,48

10 (m)

1,86 ± 0,07

1,88 ± 0,07

40 (m)

5,49 ± 0,18

5,57 ± 0,23

Para avaliação da variável fisica agilidade pode ser realizada vários testes e ambos podem ser executados com e sem bola para verificação do “Déficit Técnico”, que é a diferença (em %) entre o tempo de realização com bola (AGCB) e o tempo de execução do teste sem a bola de jogo (AGSB):

Déficit Técnico (%) = [(AGCB – AGSB)/AGSB] × 100 Os testes selecionado de agilidade devem ser realizados no campo de treinamento, com o jogador calçando suas chuteiras próprias de jogo, podendo ser realizada 2 medidas com saída para cada lado do teste escolhido e se o atleta escorregar, encostar a mão no chão ou derrubar alguma marcação durante a avaliação, o teste deve ser interrompido e reiniciado após a total recuperação do jogador. O intervalo mínimo de 2 minutos deve ser respeitado entre uma execução e outra.

ILLINOIS AGILITY TEST Procedimentos: O comprimento do percurso do Illinois Agility Test (AmiriKhorasani et al., 2010) é de 10 metros e a largura (distância entre os pontos de partida e chegada) é de 5 metros. Quatro cones são usados para marcar o início, fim e os dois pontos da virada. Outros quatro cones são colocados abaixo do centro a uma distância igual à parte. Cada cone no centro está afastado 3,3 metros de distância. O atleta deve posicionar-se 50cm atrás da linha de largada. No comando ‘Vai’ o cronômetro é iniciado, e o atleta inicia o mais rapidamente possível e corre ao redor do campo na direção indicada, sem bater os cones de novo, para a linha de chegada, em que o tempo será parado e o registro (escore) do teste se dá em segundos (s). O mesmo procedimento é feito para analisar o Défict Técnico, onde o atleta realiza o teste conduzinho e controlando uma bola.

140


Variáveis Anaeróbias

Figura 37 Esquema do teste llinois gilit

est.

5 metros

5 metros

Star

Finish

TESTE T40m Procedimentos: o Teste T40m (Pauole, 2000) consiste em uma corrida de 10m, seguido de uma mudança rápida de direção para a esquerda, percorrendo mais 5m; após isso, o jogador muda o sentido de sua corrida e percorre mais 10m, mudando novamente o sentido da corrida, percorrendo 5m, e fazendo uma nova mudanca rapida de direcao, e assim percorre os 10m finais, totalizando 40m. O atleta deve correr com maxima velocidade até a última linha. Após 2 min o atleta refaz o procedimento. Já com a bola, o atleta deve passá-la da linha demarcada, e o escore de medida também é o tempo (em segundos).

141


Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

Figura 38 Teste T40m. C

B

D

5 metros

10 metros

5 metros

A

Início e Final

TESTE DE AGILIDADE DE 20m Procedimentos: o Teste de Agilidade de 20m consiste em uma corrida de 20m, com 3 mudanças sucessivas de direção ao fim de cada fração de 5m (Little ; Williams, 2005) ou 4 mudanças de direção a cada 4m (Rebelo ; Oliveira, 2006). Este tipo de teste exige acelerações, desacelerações e equilíbrio, que são fatores importantes da agilidade. Deve-se realizar duas tentativas iniciando a primeira curva para a esquerda e duas tentativas iniciando a curva para a direita. Considera-se o menor tempo de cada par de tentativas. O teste deve ser realizado em campo de jogo, com os jogadores calçando chuteiras.

142


Variáveis Anaeróbias

Figura 39 Teste Agilidade de 20m com 3 mudanças de direção a cada 5m.

5m 3,80m

5m 3,80m 15,20m 5m 3,80m 3,20m

3,80m 5m

Figura 40 Teste Agilidade de 20m com 4 mudanças de direção a cada 4m.

s

ro et

4m

143


Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

SHUTTLE RUN AGILITY TEST Procedimentos: Este teste exige que o jogador corra de frente entre duas linhas paralelas tão rápido quanto possível. A distância entre as duas linhas de cones é de 9,14m. O atleta deve iniciar a 50cm da linha de largada e no sinal “Vai” o participante corre para o outro lado da linha, passa um pé da linha e retorna para a linha de partida, realizando um total de 2 corridas de vai-e-vem de 9,14m, totalizando 36,56m em intensidade máxima.

Figura 41 Teste hu le un gilit est sem bola e com bola.

9,14 m

30 cm

10 cm

9,14 m 30 cm

10 cm

144


Variáveis Anaeróbias

505 AGILITY TEST Procedimentos: o teste de agilidade 505 é um teste da capacidade de virada de 180 graus. O teste também pode ser adaptado para testes específicos do esporte por possibilitar ao sujeito utilizar uma bola de futebol, futsal, basquetebol ou bola de hóquei. Devem-se utilizar marcadores que ficam a uma distância de 15 metros a partir de uma linha marcada no chão. As fotocélulas são colocadas a 10m da linha de partida. O atleta corre em direção ao marcador de 15 metros, onde seu tempo começa a ser registrado a partir dos 10m e ao atingir a linha dos 15m, o atleta realiza um giro de 180 graus e corre de volta por 5 m. O melhor de duas medições para cada perna é registrado. A capacidade de girar para cada lado também pode ser testada. O atleta deve ser orientado a não ultrapassar a linha por muito, pois isso vai aumentar seu tempo.

Teste

Figura 42 gilit

est.

10 meters

5 meters

turn start timing gates

BALSOM AGILITY TEST Procedimentos: o Balsom Agility Test (Balsom, 1994) é um teste de agilidade projetado para o jogador de futebol, em que os sujeitos são obrigados a fazerem várias mudanças de direções e dois giros. Posicione os cones como ilustrado no diagrama para marcar o início, fim e os três pontos de giros. O comprimento do percurso é de 15m. O jogador começa em A e corre para o cone B antes de virar e voltar para A. O jogador então atravessa cones na C, avança para D, e retorna ao C. O jogador vira para a direita e passa pelo ponto B até finalizar o teste nas fotocélulas que ficam no ponto de chegada. Duas repetições são permitidas e tempo mais rápido registrado.

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Figura 43 Esquema do teste alsom gilit

est.

D

C

◄ ◄

B

Start

A

15 m

ARROWHEAD AGILITY DRILL Procedimentos: este teste mede a agilidade do atleta, especialmente o controle do corpo e mudança de direção, comumente usado para testes de jogadores de futebol. Os cones são definidos de acordo com o diagrama, com três cones marcadores colocados em forma de ponta de flecha, e um conjunto de cones ou marcador de linha para indicar a linha de partida e de chegada. O jogador começa com o pé atrás da linha de partida em uma posição de sprint. Quando estiver pronto, ele corre o mais rápido possível para o cone central (A), vira para correr ao redor do cone lateral (C) ou (D), e contorna o cone longe (B) e volta em linha reta até o ponto de largada / chegada. O indivíduo completa quatro corridas, duas para a esquerda, em seguida, duas para a direita.

146


Variáveis Anaeróbias

Figura 44 Esquema do teste rro head gilit

est.

Resistência específica A resistência pode ser compreendida como sendo a capacidade psicofísica do esportista em suportar a fadiga, já Platonov e Bulatova (2003), dizem que a resistência é a capacidade de realizar exercícios de maneira eficiente, superando a possível fadiga que mesmo possa produzir, sendo que o nível de desenvolvimento desta capacidade tem uma estreita relação com o potencial energético do organismo dos atletas. Os mesmos autores ainda afirmam que o grau de ajustamento da resistência deve estar condicionado as exigências e as demandas da modalidade esportiva relativo aos parâmetros técnicos, táticos e psicológicos, o que certamente irão proporcionar um alto desempenho de atividade muscular durante os treinos e competições. Corroborando com os conceitos supracitados Sánchez et al. (2005) e Toledo (2013), dizem que em geral o entendimento do tipo de resistência a ser trabalhado para um dado desporto deve ser ajustada no seu protagonismo metabólico, que efetivamente depende em grande parte da medida da duração da carga

147


Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

de trabalho assim como sua intensidade, o que para isso já existem numerosos estudos que realizam uma radiografia de que se sucede durante uma partida. É necessário que atentemos para o significado da capacidade especial de trabalho que segundo Toledo (2013) são as possibilidades funcionais reais do organismo humano para o desenvolvimento efetivo de uma atividade muscular concreta, o que significa que o estado de funcionamento estável do organismo permitirá resolver tarefas de treino e de competições de maneira eficaz. Sobre a capacidade especial de trabalho, Verkhoshansky (2002), afirma que o mecanismo de adaptação do organismo do desportista as condições da atividade de treinamento e competição se fundamenta no ganho e na melhora da capacidade especial de trabalho, ou seja, na especialização morfofuncional, isso considerando a adaptação a longo prazo. Nos esportes coletivos com bola, como o futebol, a maioria das ações durante a partida são de alta intensidade e curta duração, evidenciando que o metabolismo anaeróbio tem um papel determinante para o bom desempenho dos atletas dessas modalidades. Quando as ações de alta ou média intensidade são sucessivas e com pouco tempo de pausa, o sistema anaeróbio lático (glicolítico) predomina sobre o sistema anaeróbio alático para ressintetizar a adenosina trifosfato (ATP), já que os estoques de creatina-fosfato (CP) se esgotam rapidamente. O desempenho do atleta de futebol, por exemplo, está relacionado não só com a técnica e tática da sua modalidade esportiva, mas também com a sua capacidade de tolerar elevadas taxas de reposição de ATP num determinado período de tempo, por isso é importante uma quantificação objetiva do desempenho anaeróbio (Bangsbo et al., 2006). A capacidade anaeróbia de curta duração pode ser entendida como fator determinante do futebol, e como observado, o jogo é caracterizado por ser um esporte intermitente, com alternância de ações de alta, média e baixa intensidade, onde há um grande número de sprints durante toda a partida e o tempo entre uma corrida em alta velocidade e outra é muito curto, sendo assim, um jogador de futebol que apresenta uma ótima capacidade anaeróbia, apresentará menor queda de rendimento no decorrer da partida (Santi Maria; Campeiz, 2013). Esta capacidade física pode ser definida como a resistência específica do futebol, onde é representa pela quantidade de trabalhor realizado durante uma partida (Hoff, 2005). As atividades de alta intensidade (sprints e corrida de alta velocidade) durante uma partida são características fundamentais para diferenciar o nível de jogo de futebol, devido a evidência de que os futebolistas de elite executam maiores quantidades de trabalho em esforços de alta intensidade (foi de 8,7%±0,5% as corridas de alta intensidade e 1,4%±0,1% os sprints), do que os jogadores de níveis moderados, foram 6,6%±0,4% as corridas de alta intensidade e 0,9%±0,1% os sprints (Mohr et al., 2003).

148


Variáveis Anaeróbias

Em uma partida os futebolistas realizam entre 1.000-1.400 pequenas ações, ou seja, a cada 4-6 segundos ocorre uma ação (Mohr et al., 2003). Essas ações incluem: de 10-20 corridas em velocidade máxima (sprints), corridas em alta intensidade a cada 70 segundos, aproximadamente 15 roubadas de bola (sem cometer falta), 10 cabeceios, 50 participações com a posse de bola e aproximadamente 30 ações envolvendo mudanças de direção (Ekblom, 1994). Quando comparado as ações de sprints (velocidade de corrida em torno de 18 a 30 km/h), observa que jogadores de elite percorrem 650±0,60 metros, ou seja, 58 % a mais do que jogadores de níveis moderados com valores de 410±0,60 metros percorridos durante uma partida (Bangsbo et al., 2006). Quanto à corrida de moderada/alta intensidade (velocidades de corrida em torno de 15 a 18 km/h) durante uma partida foi de 1.800 a 2.600 metros. Novamente, essa diferença é devido ao nível dos jogadores de futebol, pois futebolistas de elite percorrem cerca de 2.430 metros, sendo 28% maior quando comprados com jogadores moderados com valores de 1.900 metros (Mohr et al., 2003). A resistência específica do futebol pode ser responsável por uma diminuição na queda de desempenho que ocorre nas ações de alta intensidade observadas entre o 1º e o 2º. Em estudos de Van Gool, Van Gerven e Boutmans (1988), demonstraram que os jogadores de futebol percorrem em média uma distância de 407±103 m em alta intensidade no primeiro tempo da partida e 364±143 m no segundo tempo. O futebol se caracteriza como uma atividade física intermitente com solicitações de variadas fontes energéticas, por alternar corridas de altas e médias intensidades, com períodos de recuperação onde há corridas contínuas de baixa intensidade (Ferrari Bravo et al., 2008). O grande diferencial entre as equipes de elite é o percentual da distância total percorrida em alta intensidade (Ekblom, 1994), ou seja, um resultado positivo durante uma partida está diretamente ligado à intensidade do jogo, e não ao volume total percorrido durante a partida. Balsom (1994) comentou que existem três tipos de testes de campo para resistência específica do futebol que podem ser utilizados. Cada teste tem um princípio básico diferente. Os três princípios são: 1º) desempenho durante sprint repetido; 2º) tempo de fadiga durante um protocolo de exercício com aumento progressivo da velocidade de corrida; 3º) tempo gasto para percorrer um conjunto de distâncias. Testes de velocidade repetida Os padrões de movimentos nos esportes coletivos são em sua grande maioria de natureza intermitente, alternando breves períodos de esforços máximos ou próximos do máximo, seguidos de diferentes períodos e formas de

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

recuperação (ex.: futebol, handebol, rugby, basquete, etc) (Glaister et al., 2005; Spencer et al., 2005; Bortolotti et al., 2010). Por exemplo, a incapacidade de se recuperar após um sprint quando atacando pode levar a um atraso no momento de reassumir uma posição tática defensiva, assim, deixando o time vulnerável defensivamente (Bangsbo, 2014). A capacidade de realizar sprints repetidos (RSA) tem sido definida como a capacidade de realizar repetidamente sprints de curta duração (Oliver, 2009). Este padrão de atividade tem sido observado em diversas modalidades esportivas intermitentes, particularmente as coletivas como o futebol. Na tentativa de avaliar correlatos fisiológicos envolvidos na capacidade de realizar sprints repetidos, alguns testes têm sido propostos. Os pesquisadores sugerem que as informações provenientes destes testes possam melhorar o entendimento acerca da influência de algumas capacidades físicas sobre o desempenho em modalidades esportivas com características intermitentes (Spencer et al., 2005). Alguns destes protocolos foram baseados em dados gerados por meio da análise dos padrões de movimento durante partidas através de imagem de vídeos (time-motion analysis), na tentativa de melhor representar as ações de jogo. Porém, diferentes protocolos têm sido usados para investigar a RSA em esportes coletivos, com diferenças no padrão de corrida, podendo variar em corridas lineares e corridas com mudanças de direção, com diferente duração do esforço, número de repetições e tipo de recuperação (ativa ou passiva). No futebol, as ações predominantes são aeróbias. Em um estudo recente Bradley et al. (2009) mostraram uma razão de 1:3 entre a distância percorrida em alta intensidade (> 14,4 km/h) em relação às corridas em baixa e moderada intensidade. Entretanto, as ações determinantes em uma partida têm maior contribuição do sistema anaeróbio e acontecem repetidamente durante uma partida. Dessa forma, a RSA tem sido associada de forma decisiva ao desempenho em diversas modalidades esportivas. Nesse sentido, demonstrou-se uma associação positiva entre o desempenho em testes de sprints repetidos (RSA) e as distâncias percorridas em alta intensidade (>19,8 km.h-1) e em sprint (>25,2 km.h-1) durante uma partida (Rampinini et al., 2007). Da mesma forma, as variáveis de desempenho obtidas no RSA também foram sensíveis em discriminar jogadores de diferentes níveis competitivos e diferentes posições (Aziz et al., 2008; Impellizzeri et al., 2008). Dessa forma, a tarefa realizada nos testes de velocidade repetida influencia diretamente no desempenho em esforços desta natureza. A duração ou razão entre esforço e pausa e o tipo de recuperação (ativa ou passiva) que, dessa forma, modulam o volume e a intensidade, podem gerar diferentes respostas de desempenho. Estes fatores, por sua vez, exercem sua influência principalmente

150


Variáveis Anaeróbias

sobre a capacidade de ressíntese de ATP e creatina fosfato (CP) (Spencer et al., 2005; Glaister et al., 2005). Além disso, a produção de metabólitos associados à acidose metabólica e nível de aptidão aeróbia também parecem influenciar o desempenho neste padrão de esforço (Glaister et al., 2005). Sendo assim, é necessário que os testes atendam as demandas da modalidade e que suas condições se reproduzam durante o jogo (Bortolotti et al., 2010). Na tentativa de avaliar os correlatos fisiológicos envolvidos na capacidade de realizar sprints repetidos, alguns testes têm sido propostos. A Tabela 19 descreve diferentes protocolos encontrados na literatura para avaliação desta capacidade em jogadores de futebol. De forma geral, tais protocolos diferem desde a distância dos sprints, número de repetições, duração do intervalo entre os sprints, caráter da recuperação (ativa e passiva) e tipo de corrida (linear e com mudanças de direção).

Tabela 19 Protocolos de testes de RSA para jogadores de futebol (adaptado de Bortolotti et al., 2010). Protocolos

Distância dos sprints (m)

Nº de repetições

Duração da recuperação (s)

Natureza da recuperação

Aziz et al. (2000)

40

8

30

Ativa

Aziz et al. (2008)

20

6

20

Ativa

Aziz et al. (2008)

20

8

20

Ativa

Balsom et al. (1992)

15

40

30

Passiva

Balsom et al. (1992)

30

20

30

Passiva

Balsom et al. (1992)

40

15

30

Passiva

Bangsbo (1994)

34,2

7

25

Ativa

Buchheit et al. (2009)

30 (15+15)

6

20

Passiva

Buchheit et al. (2010)

25

6

25

Passiva

Buchheit et al. (2010)

25 (12,5+12,5)

6

25

Passiva

Dawson et al. (1998)

40

6

24

Andando

Glaister (2008)

30

12

35

-

Glaister (2008)

30

12

65

-

Meckel et al. (2009)

40

6

30

Ativa

Mendez-Villanueva et al. (2011)

30

10

30

Ativa

Mujika et al. (2000)

15

6

24

-

Psotta e Bunc (2003)

20

10

20

-

Rampinini et al. (2007)

40 (20+20)

6

20

Passiva

Reilly (2001)

10 e 30

7

25

Ativa

Zacharogiannis et al. (2004)

35

6

10

Passiva

151


Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

A avaliação de vários parâmetros fisiológicos e de desempenho durante os testes da RSA tem aumentado nos últimos anos. Os pesquisadores sugerem que essa informação vai reforçar o entendimento deste componente da aptidão em muitos esportes coletivos (Bortolotti et al., 2010). Como observamos na tabela 19 diferentes protocolos de exercício foram utilizadas para investigar a RSA e esses protocolos se diferem em relação ao modo de exercício, duração do sprint, número de repetições/sprints, tipo de recuperação, e estado de treinamento dos indivíduos que tornam difícil de avaliar e comparar os estudos. Além disso, as grandes diferenças entre alguns protocolos de exercício e os padrões de repetidos sprints em atividade de desportos de equipe podem questionar a validade e a importância do esporte específico de muitos destes protocolos. Spencer et al. (2005) fizeram um levantamento dos testes de RSA e verificaram que a duração dos sprints nos testes de RSA na literatura varia de aproximadamente 2,5 a 10 segundos e a maioria dos estudos, no entanto, ter usado protocolos de sprints de 5 ou 6 segundos. Estes estudos têm justificado o uso de sprints de 6 segundos, sugerindo que esta pode representar a duração dos sprints repetidos em esportes de equipe em campo. Embora tenha havido pouca pesquisa investigando a natureza da atividade de sprint repetido durante a competição nos desportos coletivos os dados de análise de movimento em tempo dos esportes como o hóquei em campo, o futebol, e o rugby, sugere-se que a duração média dos sprints são geralmente inferiores a 6 segundos. Agora, tão importante quanto o rigor na aplicação de um teste é a interpretação de seus resultados. Algumas informações têm sido utilizadas como indicativo de desempenho em testes de sprints repetidos, tais como: o tempo médio dos sprints, tempo total de todos os sprints, tempo do melhor sprint e os índices de fadiga/queda de desempenho (Bortolotti et al., 2010). Fortes correlações são encontradas entre o tempo médio e tempo total (Rabelo et al., 2009). No entanto, alguns estudos têm reportado que essas medidas podem ser limitadas quando influenciadas pela tentativa dos indivíduos se pouparem durante o teste (pacing) e, nesse sentido, a validade dessa informação ficaria prejudicada (Oliver et al., 2006). Outra medida importante seria o tempo do melhor sprint da série. Visto que um jogador pode ter um excelente resultado quando analisado pelo tempo médio e/ou tempo total, por ser pouco suscetível à fadiga, ao mesmo tempo sua capacidade de realizar esforços máximos pode ser insuficiente em relação ao grupo. Dessa forma, o melhor sprint representa uma alternativa para avaliação da velocidade “pura” do jogador (Bortolotti et al., 2010). Comumente, os melhores tempos são obtidos no 1º e 2º sprints, e os piores nos dois últimos. A relação entre o melhor e o pior tempo fornece um

152


Variáveis Anaeróbias

indicativo de queda de desempenho. Muitos estudos têm utilizado índices de fadiga como indicativo de queda de desempenho no teste. Dois estudos de Glaister et al. (2004; 2008) mostraram que, embora haja diferenças na magnitude do índice de fadiga quando comparados diferentes modelos, o mesmo constitui uma medida válida para analisar o desempenho em testes de sprints repetidos. Entretanto, posterior aos estudos citados anteriormente, Oliver (2009) mostraram que a utilidade dos índices de fadiga é duvidosa e que outras medidas como: tempo médio, tempo total, melhor tempo e tempos individuais de cada sprint; são suficientes para avaliar a capacidade de realizar sprints repetidos. Em linhas gerais, os testes para avaliação da capacidade de realizar sprints repetidos podem fornecer importantes parâmetros de desempenho, o que permite a elaboração de programas de treinamento para melhora da capacidade de realizar esforços máximos repetidamente e melhora da capacidade de recuperação entre os esforços, podendo assim, refletir diretamente no desempenho durante uma partida. Testes de rsa com mudança de direção

TESTE DE VELOCIDADE REPETIDA DE BANGSBO O Teste de Velocidade Repetida de Bangsbo (Bangsbo, 1994) tem como objetivo verificar o desempenho de futebolistas durante sprint repetido. Basicamente existem três parâmetros neste teste: a) melhor tempo, considerado o mais rápido tempo dos sete sprints; b) média do tempo (a média do tempo expressa à capacidade do jogador para executar muitos sprints dentro de um período curto de tempo durante uma partida) é a média dos tempos de sete sprints; c) índice de fadiga (o maior tempo de fadiga sugere uma pior capacidade para recuperar para um sprint) consiste na diferença entre o mais rápido e lento tempo. A confiabilidade desse teste foi estabelecida por Wragg, Maxwell e Doust (2000). Bangsbo (1994) reportaram que o melhor tempo (RVS), a média do tempo (RVMS) e o índice de fadiga (RVIF) em futebolistas dinamarqueses foram de 6,73s, 7,10s e 0,64s, respectivamente. Silva Neto (2006), com futebolistas profissionais brasileiros encontrou para RVS uma média de 6,76s, valor similar ao encontrado por Bangsbo (1994), os valores médios de RVSM (6,97s) e RVIF (0,21s) foram menores que os encontrados em futebolistas profissionais dinamarqueses. Isso leva a crer que os futebolistas brasileiros apresentaram maior capacidade para recuperar rapidamente entre exercícios de alta intensidade que os futebolistas dinamarqueses.

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

O protocolo constitui em sete sprints máximos de 34,2 m (Bangsbo, 1994). Cada sprint deve ser executado com uma mudança de direção como mostrado na figura 51. Para aumentar a confiabilidade do teste deve-se utilizar fotocélulas elétricas para medir o desempenho dos jogadores. Depois de cada sprint tem um período de recuperação ativa (25 s para cobrir uma distância de 40 m). A recuperação deve ser cronometrada a fim de assegurar que os jogadores retornem ao ponto inicial naturalmente entre o 23 e 24 segundos. O jogador deve ser informado verbalmente em relação ao tempo da pausa, aos 5, 10, 15, e 20 s da sua recuperação. O índice de fadiga pode ser interpretado através do tempo (em segundos) ou calculado (em percentual) através da seguinte formula: IF= Σ 7tempos x - 1 x 100/MT*7.

Figura 45 Teste de Velocidade Repetida de Bangsbo.

▲ ▲ A

10m __

▲ ▲ ▲ 5m

20m __

▲ ▲

30m __

▲ ▲ B

40m __

▲ ▲

154

5m

Cones Sprint Trote

Foto-céluas A e B


Variáveis Anaeróbias

Tabela 20 Alguns estudos que utilizaram o teste de Velocidade Repetida de Bangsbo. Estudos

País

Nível

Posição

RVS (seg)

RVMS (seg)

RVIF

Bangsbo (1994)

Dinamarca

P

-

6,73

7,10

0,64s

Wragg et al. (2000)

Inglaterra

Abrantes et al. (2004)

Portugal

P 1D

-

Silva Neto (2006)

Brasil

P 2D

-

6,76

6,97

0,21s

Silva et al. (2009)

Brasil

S20

Zag.

6,175

6,440

4,3%

Lat.

6,325

6,563

3,8%

Vol.

6,302

6,536

3,4%

Meia

6,283

6,523

3,9%

-

TESTE DE VELOCIDADE REPETIDA DE BUCHHEIT O protocolo descrito por Buchheit et al. (2009) que consiste em executar seis sprints consecutivos de 30 m em forma de vai-e-volta (15 m na ida e 15 m na volta) a cada 20s (original), onde cada sprint tem duração aproximada de 6 s. No tempo de pausa entre os sprints, o sujeito permanece em recuperação passiva. Três segundos anteriormente ao início/reinício do sprint, o sujeito é abordado a assumir sua marca e aguardar o sinal para o novo sprint. É utilizado de encorajamento verbal vigoroso durante todas as séries, sendo orientados a percorrer a distância no menor tempo possível. Cada sprint será iniciado com o participante estando com um pé em cima da linha demarcatória (5 cm de largura) de uma das extremidades do percurso de 15 m e o outro pé atrás dessa linha. A finalização do sprint deve ser considerada quando o participante ultrapassar a linha da extremidade com um dos pés. As linhas delimitando o percurso de 15 m devem ser feitas com fita adesiva e com os participantes realizando a tarefa com calçado esportivo específico (chuteira). O início de cada sprint deve ser determinado através de sinal sonoro emitido por um equipamento de som localizado no meio do percurso. O tempo para percorrer os 30m deve ser registrado através de conjunto de fotocélulas com acionamento automático.

155


Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

Figura 46 Representação esquemática da realização do teste de RSA de Buchheit et al. (2009).

A partir deste teste é possível realizar o cálculo do Índice de Fadiga de cada uma das sessões através da formula proposta por Fitzsimons et al. (1993): IF = (tTOTAL / tIDEAL x 100) - 100 Onde, tTOTAL = somatória dos tempos de todos os sprints executados; tMELHOR = melhor tempo dentre os seis sprints; tIDEAL = 6 x tMELHOR.

TESTE DE VELOCIDADE REPETIDA DE RAMPININI Esse teste consiste em seis sprints de 40m (vai-e-vem de 20 + 20m) separados por 20s de recuperação passiva (Rampinini et al., 2007). Este teste foi concebido para medir ambos os sprints repetidos e habilidades nas mudanças de direção. A confiabilidade (erro típico expressa por um coeficiente de variação) para o melhor tempo de sprint, o tempo médio e o decremento por cento tem sido relatada a 1,3, 0,8 e 25,0%, respectivamente. Apesar da baixa confiabilidade do decremento por cento, foi incluído na análise estatística porque a variabilidade inter-individual foi superior à as demais variáveis. A confiabilidade foi determinada em 22 jogadores profissionais de um time russo que completaram o teste de RSA duas vezes em uma semana. A confiabilidade foi determinada através do erro típico da medida (TE) (Ferrari Bravo et al., 2005). Os atletas começam a partir de uma linha, correndo para os 20m, tocam uma linha com um pé, e voltam para a linha de partida o mais rápido possível. Após 20s de recuperação passiva, o jogador de futebol repete o sprint. Antes do teste de RSA, os jogadores devem realizar um aquecimento composto por 15min de baixa intensidade correndo e caminhando e três sprints sub-máximos para se adaptarem a execução do teste.

156


Variáveis Anaeróbias

Imediatamente após o aquecimento, cada jogador completa uma tentativa máxima do teste onde os valores de tempo devem ser registrados preferencialmente através de um sistema de fotocélulas, porém, não havendo essa possibilidade de equipamento, os registros podem ser feitos por cronômetro. Através dos registros dos seis sprints realizados nesse teste, é possível verificar as seguintes variáveis: RSAbest = Melhor tempo (expresso em segundos); RSAmean = Tempo médio (média dos seis sprints, expresso em segundos); e o RSAdec = Índice de fadiga/Índice de queda de desempenho (expresso em %), calculado através da seguinte fórmula: Índice de fadiga ou queda de desempenho (RSAdec, %) = ([RSAmean]/[ RSAbest] × 100) – 100.

Figura 47 Teste de Velocidade Repetida de Rampinini. 10 m

B

20 m

Sprint

Caminhando Fotocélula

Tabela 21 Valores para o teste de RSA de Rampinini. Estudos

País

Nível

Posição

RSAbest (seg)

RSAmean (seg)

RSAdec (%)

Ferrari Bravo et al. (2008)

Itália

S20

-

-

7,37

4,3

Impellizzeri et al. (2008)

Itália

TP

-

6,88

7,12

3,3

P

-

6,83

7,20

5,1

AM

-

7,08

7,55

6,1

-

D

7,01

7,40

5,2

-

L

6,83

7,18

4,8

-

M

6,90

7,25

4,8

-

A

6,91

7,26

4,8

Rampinini et al. (2007)

Itália

P

-

7,00

7,25

3,3

Ferrari Bravo et al. (2005)

Rússia

P

-

6,90

7,20

4,3

S20 – Sub-20; P – Profissional; TP – Nível TOP-Profissional; AM – Amadores; D – Defensores; L – Laterais; M – Meio-campistas; A – Atacantes.

157


Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

4.1.2 – Testes de rsa lineares

RUNNING-BASED ANAEROBIC SPRINT TEST – RAST TEST O teste anaeróbio de corrida de velocidade repetida de distância curta (RAST TEST) foi desenvolvido na Universidade de Wolverhampton, no Reino Unido para testar o desempenho anaeróbio de atletas. O RAST foi criado para substituir o teste Wingate (teste anaeróbio de 30s no ciclo ergômetro). O teste proporciona aos treinadores medidas de potência e índice de fadiga. O teste de Wingate é mais específico para ciclistas enquanto que o RAST é um teste que pode ser usado com atletas de várias modalidades de corridas e principalmente nos esportes coletivos que necessitam de uma rápida recuperação entre uma ação de alta intensidade e outra. Sendo hoje em dia um dos testes de velocidade repetida (RSA) mais utilizados e conhecidos nos clubes de futebol do Brasil. Com o objetivo de investigar a confiabilidade e a validade do teste de sprint repetido (RAST) na avaliação anaeróbia e predição de desempenho de curta distância, Zagatto et al. (2009), avaliaram 40 membros das forças armadas com o teste de RAST, onde o estudo foi dividido em duas etapas, sendo a primeira etapa voltada para a investigação da confiabilidade do RAST usando um método de teste e reteste, e a segunda etapa teve como objetivo avaliar a validade do RAST comparando os resultados com o teste de Wingate e performance na corrida de 35, 50, 100, 200 e 400 m. Sendo assim, como resultado, não foram observadas diferenças significativas entre os escores de teste-reteste na primeira fase do estudo (p> 0,05) e foram encontradas correlações significativas entre essas variáveis (coeficiente de correlação intraclasse aproximadamente = 0,88). O RAST teve correlação significativa com o teste de Wingate (r = 0,46 potência de pico, potência média r = 0,53; índice de fadiga r = 0,63) e na performance nas corridas de 35, 50, 100, 200 e 400 m (p <0,05). A vantagem de usar o RAST para medir a potência anaeróbia é que ele permite a execução de movimentos mais específico para eventos esportivos que usam as ações de corrida como o estilo principal de locomoção, e é de fácil aplicação e baixo custo, e devido à sua simplicidade pode ser facilmente incorporado nas avaliações de rotina. Zagatto et al. (2009) concluiram que este procedimento é confiável e válido, e pode ser usado para medir e prever performances de sprints repetidos. O teste consiste na realização de seis corridas de 35m em velocidade máxima com uma pausa passiva de 10s (Zacharogiannis et al., 2004). O jogador deve posicionar em uma extremidade da pista de 35m, e iniciar um sprint máximo no comando ‘vai’ ou no sinal sonoro do equipamento de fotocélula.

158


Variáveis Anaeróbias

Deve-se orientar o atleta a executar cada um dos sprints em máxima intensidade e que ele ultrapasse a linha de chegada sem reduzir a velocidade. Após 10 segundos, o próximo sprint começa a partir da extremidade oposta na pista de 35 metros. Repita este procedimento até seis sprints para concluir o teste. É necessário pesar o atleta antes do início do teste, pois o peso corporal é utilizado para verificação da potência gerada pelo atleta no teste. É um teste simples e de aplicação fácil. Pode-se utilizar fotocélulas para uma verificação mais precisa dos tempos gastos em cada sprint. Porém, não havendo a possibilidade de utilizar fotocélulas, o avaliador pode fazer uso de cronômetros digitais.

Figura 48

35 metros

RAST TEST. A partir da velocidade de corrida em cada sprint são calculadas as potências de cada corrida e em seguida a potência máxima (POTMAX), média (POTMED), mínima (POTMIN) e o índice percentual de fadiga (IF%). Os valores de potência podem ser expressos em watts ou de forma relativa ao peso corporal (w/kg). A potência máxima é determinada através do melhor tempo nos sprints, a potência média é o somatório dos valores dos seis sprints divididos por seis e o índice de fadiga é a diminuição da potência máxima em watts (w) pela potência mínima em watts (w) divididos pela somatória de tempo (s) das seis corridas. Para calcular a potência relativa ao peso corporal deve-se utilizar a seguinte equação: Potência = (Massa Corporal x Distância2) / Tempo3 Na qual são utilizados: massa corporal em quilogramas (kg), distância em metros (m), tempo em segundos (s) e a potência calculada em watts (w).

159


Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

Recentemente Rabelo et al. (2009) propuseram que a partir dos dados encontrados no RAST, é possível verificar as seguintes informações: Tempo Médio (TMED RSA) = soma dos seis valores de tempo ÷ 6 (s); Tempo Mínimo (TMIN RSA) = menor valor entre os seis sprints (s); Tempo Total (∑T RSA) = soma dos seis valores de tempo (s); Índice de Fadiga (IF) = Potência Máxima - Potência Mínima ÷ Tempo Total (%); Queda no RSA (QUEDA RSA %) = (Tempo médio ÷ tempo mínimo x 100) – 100. Nesse mesmo estudo foi verificado que os jogadores juniores apresentaram TMED RSA= 4,89s; TMED RSA= 5,31s; ∑T RSA= 31,84s; IF (%)= 8,78%; e QUEDA RSA (%)= 8,52%.

Tabela 22 Valores encontrados para o RAST TEST. Estudos

País

Nível

Posição

POTmín

POTméd

POTmáx

IF (%)

Alves et al. (2010)

Brasil

S20

-

6,8w/kg

8,8w/kg

11,6w/kg

40,4

P

-

6,9w/kg

8,5w/kg

10,5w/kg

33,3

P

Z

-

701,2w

-

13,92

L

-

597,9w

-

8,5

M

-

602,1w

-

7,96

A

-

810,2w

-

11,86

Cancian et al. (2010)

Brasil

Santos et al. (2009)

Brasil

P

-

7,03w/kg

7,95w/kg

8,94w/kg

21,25

Ribeiro et al. (2007)

Brasil

S20

-

-

9,63w/kg

12,34w/kg

41,80

Spigolon et al. (2007)

Brasil

S15

-

5,67w/kg

6,97w/kg

8,58w/kg

33,47w/kg

S17

-

6,14w/kg

7,82w/kg

9,79w/kg

37,19

S20

-

7,03w/kg

8,74w/kg

10,82w/kg

34,90

P

-

7,55w/kg

9,29w/kg

11,32w/kg

32,45

S17

-

-

7,64w/kg

9,54w/kg

34,44

S20

-

-

9,32w/kg

11,06w/kg

31,46

P

-

-

10,39w/kg 12,15w/kg

27,05

Pellegrinotti et al. (2008)

Brasil

S15 – Sub-15; S17 – Sub17; S20 – Sub-20; P – Profissional; D – Defensores; L – Laterais; M – Meio-campistas; A – Atacantes.

160


Variáveis Anaeróbias

TESTE DE VELOCIDADE REPETIDA DE REILLY Reilly (2001), para criar esse Teste de RSA levou em consideração que os jogos de campo incorporam padrões acíclico de circulação e a intensidade do exercício variam de maneira relativamente imprevisível. No futebol, por exemplo, há ocorrência para uma corrida a toda velocidade a cada 90s, em média, e uma corrida em esforço, pelo menos, a cada 30s. O período entre esses episódios também são variados e podem ser em alguns casos, demasiado curto para permitir uma recuperação total antes de ter de realizar sprint novamente. O tempo de corridas também são importantes tendo em conta o contexto em que a atividade tem lugar. Os requisitos de adequação, portanto, são para movimentos rápidos, velocidade, recuperação rápida, e uma capacidade para sustentar a atividade. O Teste de Velocidade Repetida de Reilly avalia a capacidade de se reproduzir corridas de alta intensidade que pode ser analisada por meio de obrigar o atleta a reproduzir uma corrida a toda velocidade depois de um curto período de recuperação. Como observa-se na figura 47, uma distância de 30m é demarcada. São pocisionadas 3 pares de fotocélulas (um no início, outro depois de 10m, e na linha dos 30m). Há então uma zona de desaceleração de 10 m para o atleta não desacelerar antes passar os 30m e assim, trotando (recuperação ativa), voltar à linha de partida. O período de recuperação de 25 segundos é o protocolado. Quando o intervalo é reduzido para 15s, a realização do teste está significativamente relacionada com o sistema de transporte de oxigênio. Uma ilustração de desempenho por dois jogadores é dada na Tabela 23.

Tabela 23 Desempenho de dois jogadores no Teste de Velocidade Repetida de Reilly com 15 s de recuperação entre os sprints (adaptado de Reilly, 2001). Sprints

10m (s)

30m (s)

Jogador 1

Jogador 2

Jogador 1

Jogador 2

1

1,49

1,70

4,05

4,24

2

1,51

1,72

4,07

4,31

3

1,60

1,80

4,10

4,40

4

1,61

1,84

4,18

4,46

5

1,68

1,90

4,28

4,60

6

1,89

1,96

4,46

4,66

7

1,83

2,02

4,55

4,83

161


Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

Neste teste são realizados sete sprints para a determinação da aceleração máxima (melhor tempo de 10m) e velocidade (melhor tempo de 30m). Um índice de fadiga pode ser calculado tanto para a aceleração de 10m e velocidade de 30m, com base na queda do desempenho ao longo dos sete sprints. O tempo médio de sete tiros é um indicativo da capacidade de executar vários sprints curtos dentro de um curto período de tempo durante um jogo. Geralmente, os melhores desempenhos nos testes são o primeiro ou o segundo sprint realizado, os mais lentos durante o sexto ou sétimo sprint.

Figura 49 Teste de RSA de Reilly. Início

Final

Sprint

B

Recuperação Fotocélulas Cones 10 m

20 m

10 m

TESTE DE VELOCIDADE REPETIDA DE AZIZ Este teste foi criado adequando a distância típica dos sprints que os jogadores de futebol são geralmente submetidos durante os jogos. O jogador deve se posicionar em pé, numa distância de 0,4m atrás da linha de partida, e este deve realizar 6 ou 8 sprints de 20m, com 20s de recuperação ativa entre os sprints (Aziz et al., 2008). A recuperação ativa se dá pelo fato de que, em estudo de análise de movimento-tempo, Spencer et al. (2004) constataram que 95% da recuperação entre os sprints repetidos dentro de um jogo era realizado de forma ativa, consistindo principalmente de jogging (trotes). Para a realização deste teste, os jogadores devem ser instruídos a realizar todos os sprints através das fotocélulas que marcam o tempo da corrida e só devem desacelerar depois de ter sido ultrapassada a linha de chegada. Os jogadores devem realizar a recuperação ativa, iniciando um trote por 10m, após a linha de chegada e retornar por trás das fotocélulas, até chegar ao cone de ponto de chegada. Durante o período de recuperação, o avaliador deve dar um feedback verbal contínuo em relação ao tempo que foi concedido para assegurar que o jogador ajuste o seu ritmo de recuperação e não ultrapasse os 20s.

162


Variáveis Anaeróbias

Os seguintes índices de desempenho devem ser observados: i) o mais rápido tempo de sprint (FS), é o menor tempo do atleta em sprint de 20 metros, e ii) tempo total de sprint (TS), é a soma do tempo necessário para todos os seis ou oito sprints. O tempo FS mede apenas um esforço único de sprint máximo. Considerando que o desafio para os atletas de esportes de equipe é que ele seja capaz de reproduzir esse esforço máximo repetidamente ao longo da partida. O tempo de TS é uma medida direta da habilidade de um jogador para manter a velocidade durante todo o teste e é uma medida estável de desempenho. No estudo de Aziz et al. (2008), o tempo de TS foi tomado como a principal medida de desempenho de RSA do jogador. A confiabilidade do tempo de TS foram: coeficiente de correlação intraclasse 0,98 (95% CI 0,960,99) e erro típico é de 0,42s (95% CI 0,32-0,62 s).

Figura 50 Início

Final

Sprint

A

Recuperação Fotocélulas Cones 20 m

10 m

Teste de RSA de Aziz. Aziz et al. (2008), encontraram valores médios de FS, no protocolo de 8 sprints, em goleiros profissionais de Singapura de 3,12 ± 0,09s e TS de 26,00 ± 0,91s, já em jogadores de linha do mesmo país, os valores médios foram de 3,07 ± 0,11s e 25,39 ± 0,90s para FS e TS, respectivamente. Nesses dados foi possível verificar que os valores médios de TS dos goleiros são significativamente diferentes (p<0,05) dos jogadores de linha. No mesmo estudo verificaram o desempenho dos jogadores de linha divididos em suas posições táticas e foi possível verificar que o desempenho dos atacantes, tanto no FS (3,01 ± 0,10s) quanto no TS (24,89 ± 0,87s) foi significativamente melhor (p<0,05) do que dos defensores (FS = 3,08 ± 0,11s e TS = 25,47 ± 0,91s) e dos meio-campistas (FS = 3,09 ± 0,11s e TS = 25,55 ± 0,83s). Aziz et al. (2008), ainda aplicaram o teste com protocolo de 6 sprints em jovens (sub-16 e sub-18), em jovens profissionais (sub-23) e em universitários, e encontraram valores médios de FS = 3,03 ± 0,09s e TS = 18,48 ± 0,53s para os jovens das categorias

163


Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

sub-16 e sub-18, em jovens profissionais sub-23 de FS = 3,03 ± 0,06s e TS = 18,45 ± 0,50s e em universitários os valores médios foram de 3,04 ± 0,08s e 18,88 ± 0,56s para FS e TS, respectivamente.

Testes de aumento progressivo de velocidade O futebol é uma modalidade esportiva com características intermitentes, estruturado por movimentos cíclicos e acíclicos, com predominância do metabolismo aeróbio e, em suas ações decisivas, pelo anaeróbio. A Resistência Específica do Futebol pode ser responsável por uma diminuição na queda de desempenho que ocorre nas ações de alta intensidade observadas entre o 1º e o 2º. Como já citado anteriormente, estudos de Van Gool, Van Gerven e Boutmans (1988), demonstraram que os jogadores de futebol percorrem em média uma distância de 407±103 m em alta intensidade no primeiro tempo da partida e 364±143 m no segundo tempo. Com futebolistas profissionais brasileiros da 1ª divisão, Barros et al. (2007) verificaram que a distância percorrida acima de 23km/h (sprint) no primeiro tempo foi de 231m, sendo superior à do segundo tempo (206m). O mesmo aconteceu nas corridas e alta intensidade (19 a 23km/h), onde a distância média do primeiro tempo foi de 375m e do segundo tempo foi de 316m. Vigne et al. (2010), com futebolistas italianos profissionais da elite nacional, verificaram que no primeiro tempo, eles percorreram em alta intensidade uma média de 582m e no segundo tempo 463m. E os Testes de Aumento Progressivo de Velocidade objetivam avaliar a resistência específica do futebol, pois analisam justamente a capacidade dos jogadores em se recuperarem rapidamente entre as ações de alta intensidade e executarem o máximo de corridas intensas. Já apresentamos no capítulo 3 (Variáveis Aeróbias), na parte de testes de campo da potência aeróbia alguns protocolos que avaliam a resistência específica dos jogadores de futebol. Naquele capítulo, o objetivo era apresentar os testes físicos que verificam o VO2máx dos futebolistas e aqui, neste capítulo, o desempenho é verificado através da distância (em metros) percorrida nos testes de vai-e-vem, como os já citados protocolos de Yo-yo Intermittent Recovery Test e Teste TCAR (ver protocolos destes testes no Capítulo 3), e nos protocolos do Yo-yo Intermittent Endurance Test, e do High-intensity Intermittent Sprint, que apresentaremos agora.

164


Variáveis Anaeróbias

YO-YO INTERMITTENT ENDURANCE TEST O Yo-Yo Intermittent Endurance Test avalia a capacidade de trabalhar várias vezes, por um período de tempo. O teste consiste em correr intercalados com períodos de fases regulares e curtos de recuperação. Para testar deve ter dois demarcadores numa distância de 20 metros um do outro, enquanto um terceiro marcador é colocado a 2,5 metros para trás da linha de partida e ligeiramente para o lado. No beep (sinal sonôro) inicial o jogador começa a correr em direção a linha demarcada de 20 metros que deve coincidir com a chegado do jogador no exato momento em que ocorrer o segundo beep, neste momento, o atleta faz uma mudança de sentido de corrida para voltar ao ponto de partida que também deve coincidir com o terceiro sinal sonôro. Quando atinge o ponto de partida, o jogador continua o teste com um ritmo mais lento e tem 5 segundos para percorrer os 2,5m da área de recuperação e se posicionar novamente entre os cones do ponto de partida onde vai aguardar o sinal sonôro e retomar as corridas de vai-e-vem, que é o que marca o início da próxima fase. A seqüência é repetida até que o atleta não seja capaz de manter a velocidade (que é cada vez maior), por duas vezes, não necessariamente consecutivas. A primeira vez que o atleta não atingir o delimitador em coincidência com o sinal sonôro, é dado um aviso e na segunda vez, o teste deve ser finalizado. O objetivo do teste é executar o máximo de vezes possíveis as corridas de vai-e-vem. A duração total do teste varia de 5 a 30 minutos. Ao terminar o teste deve-se registrar como desempenho do jogador a última etapa válida (concluida), o número de frações de 2 x 20 metros corrida na última etapa, os metros percorridos e a velocidade final. Aconselha-se iniciar com o teste de nível 1 e se um atleta for capaz de correr mais rápido que o estágio 11 do nível 1, ele deve realizar o teste de nível 2 na próxima ocasião. Porém, os jogadores de alto rendimento devem iniciar já com o nível 2. Vários atletas podem ser testados ao mesmo tempo, onde os cursos (raias) de teste são colocadas paralelas entre si, a cerca de 2 metros de distância uma da outra. Deve haver uma raia demarcada para cada jogador testado.

165


Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

Figura 51 Ficha de anotação do Yoyo Intermittent Endurance Test nível 1 Nível de Velocidade

1 3 5 6 6.5 7 7.5 8 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 12.5 13 13.5 14

Intervalos

1 40 1 120 1 200 1 280 1 600 1 920 1 1240 1 1360 1 1480 1 1720 1 1960 1 2200 1 2440 1 2680 1 2920 1 3160 1 3400 1 3640 1 3880 1 4120

2 80 2 160 2 240 2 320 2 640 2 960 2 1280 2 1400 2 1520 2 1760 2 2000 2 2240 2 2480 2 2720 2 2960 2 3200 2 3440 2 3680 2 3920 2 4160

3 360 3 680 3 1000 3 1320 3 1440 3 1560 3 1800 3 2040 3 2280 3 2520 3 2760 3 3000 3 3240 3 3480 3 3720 3 3960 3 4200

4 400 4 720 4 1040

5 440 5 760 5 1080

6 480 6 800 6 1120

4 1600 4 1840 4 2080 4 2320 4 2560 4 2800 4 3040 4 3280 4 3520 4 3760 4 4000 4 4240

5 1640 5 1880 5 2120 5 2360 5 2600 5 2840 5 3080 5 3320 5 3560 5 3800 5 4040 5 4280

6 1680 6 1920 6 2160 6 2400 6 2640 6 2880 6 3120 6 3360 6 3600 6 3840 6 4080 6 4320

Fonte : (Bangsbo, 1996).

166

7 520 7 840 7 1160

8 560 8 880 8 1200


Variáveis Anaeróbias

Figura 52 Ficha de anotação do Yoyo Intermittent Endurance Test nível 2 Nível de Velocidade

8 10 12 13 13.5 14 14.5 15 15.5

16 16.5 17 17.5

18 18.5 19 19.5

20 20.5 21

Intervalos

1 40 1 120 1 200 1 280 1 600 1 920 1 1240 1 1360 1 1480

2 80 2 160 2 240 2 320 2 640 2 960 2 1280 2 1400 2 1520

3 360 3 680 3 1000 3 1320 3 1440 3 1560

4 400 4 720 4 1040

5 440 5 760 5 1080

6 480 6 800 6 1120

4 1600

5 1640 5 1880 5 2120 5 2360 5 2600 5 2840 5 3080 5 3320 5 3560 5 3800 5 4040 5 4280

6 1680 6 1920 6 2160 6 2400 6 2640 6 2880 6 3120 6 3360 6 3600 6 3840 6 4080 6 4320

1

2

3

4

1720 1

1760 2

1960

2000

1 2200 1 2440

2 2240 2 2480

1800 3 2040 3 2280 3 2520

1840 4 2080 4 2320 4 2560

1

2

3

4

2680 1

2720 2

2920

2960

1 3160 1 3400

2 3200 2 3440

2760 3 3000 3 3240 3 3480

2800 4 3040 4 3280 4 3520

1

2

3

4

3640 1

3680 2

3880

3920

1 4120

2 4160

3720 3 3960 3 4200

3760 4 4000 4 4240

Fonte: (Bangsbo, 1996).

167

7 520 7 840 7 1160

8 560 8 880 8 1200


Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

Figura 53 Desenho explicativo da realização do teste. 2,5 metri

20 metri

3o Beep 2 metri

5 secondi

2o Beep o

1 Beep

HIGH-INTENSITY INTERMITTENT SPRINT Como já foi discutido em outra parte deste livro, a capacidade de recuperar e produzir exercício de alta intensidade durante um período prolongado de tempo é importante para o desempenho físico bem-sucedido em uma partida de futebol (Bangsbo, 1994; Bangsbo; laia ; Krustrup, 2007; Santi Maria ; Campeiz, 2013). O projeto de protocolos de avaliação adequada para examinar essa capacidade em jogadores devem ser uma prioridade para os técnicos e cientistas esportivos. Recentemente, uma pesquisa foi realizada em um protocolo que analisa a capacidade de recuperação e de se reproduzir séries de exercícios de alta intensidade (Svensson; Drust, 2005). Segundo esses autores, pretende-se que o protocolo intermitente de corridas de alta intensidade pode ser usado por preparadores físicos e cientistas do esporte na avaliação da capacidade de sprint repetido. Este teste é distinto do teste de velocidade repetida (Bangsbo, 1994 apud Mujika et al., 2000 apud Rampinini et al., 2007), pois o tempo para cada tiro é controlado, e a distância de cada sprint do teste é variado e o total é maior. Essas alterações no protocolo são importantes, como a distância de sprint e a duração do período de recuperação entre os sprints (Balsom et al., 1992) são fatores importantes na determinação das respostas fisiológicas ao exercício intermitente. Balsom et al. (1992) observaram maiores concentrações de lactato quando a distância de sprint foi mais longo combinada com o menor tempo de recuperação, onde os protocolos consistiram de 40 x 15 m, 20 x 30 m ou 15 x 40 m de sprints com um período de recuperação de 30 segundos entre os sprints, ou 15 x 40 m de sprints com 30, 60

168


Variáveis Anaeróbias

ou 120s de período de recuperação. O consumo de oxigênio também foi elevado quando os períodos de recuperação de 30 s foram comparados com os períodos de recuperação de 60 e 120 s em um protocolo de 15 x 40 m. Ambas as distâncias de sprint e períodos de recuperação são muito variáveis nos jogos de futebol. As alterações nas respostas fisiológicas às mudanças nestes parâmetros podem exigir testes específicos a serem desenvolvidos que alternam o comprimento dos sprints e os períodos de recuperação. Tais testes podem proporcionar maior validade e, portanto, dar uma indicação mais precisa da capacidade de realizar esforços repetidos de alta intensidade do que os testes que usam o conjunto de distâncias e períodos de recuperação idênticas (Svensson ; Drust, 2005). Pesquisas sobre o protocolo intermitente de corridas de alta intensidade tem se concentrado sobre as respostas fisiológicas e metabólicas para a realização de curta duração (2 x 13 m) e longa (30 m) corrida, com períodos de recuperação diferentes. As distâncias mais curtas para os sprints (ver figura 54) foram escolhidas porque os participantes eram jogadores amadores. Distâncias maiores podem ser mais apropriadas para os jogadores mais experientes ou de elite. Um conjunto de exercícios consiste em quatro curtos e quatro sprints longos. A corrida em sprint é ditada por uma série de sinais de áudio pré-gravados onde os ‘’beeps’’ são necessários para o jogador manter o ritmo. Entre os conjuntos de exercícios, um período de descanso de 90 s é realizado. Durante estes tempos de recuperção, pode-se optar pela coleta de uma amostra de sangue para a avaliação da concentração de lactato sanguíneo (Svensson ; Drust, 2005).

Figura 54 Desenho do Teste igh ntensit ntermi ent print. 15 m B1

A1

15 m A2

start long

start short

turn

A3

B2

35 m

O desempenho neste teste é indicado pela distância total percorrida em todas as corridas concluídas. Svensson e Drust (2005) apresentaram valores médios de distância percorrida neste teste de 1111+426m, 1596+674m e 1860+677m,

169


Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

em diferentes momentos de treinameto. Neste estudo ainda é possível verificar a alta média do lactato sanguíneo (15,0±3,9, 14,9±3,3 e 15,9±3,7 mmol/l, respectivamente) para os três momentos da realização do teste, o que indica que o sistema energético anaeróbio teve elevada carga de exigência durante o teste. As respostas cardíacas durante os testes também observadas demonstraram altos níveis de estresse sobre o sistema energético aeróbio (179 bpm ou 93±4% da freqüência cardíaca máxima; 181 bpm ou 94±3% da freqüência cardíaca máxima, 180 bpm ou 94±4% da freqüência cardíaca máxima, respectivamente). Os resultados iniciais deste protocolo intermitente de sprint indicam que o teste produz respostas fisiológicas que estão associadas com o exercício de alta intensidade. A consistência dos dados fisiológicos durante os três ensaios sugere que a alta intensidade do protocolo intermitente de sprint pode ser utilizada para controlar alterações importantes no condicionamento físico ao longo do tempo. O protocolo deve, no entanto, ser validado em termos de exercício de alta intensidade realizado durante o jogo de futebol e outras formas de avaliação. Este teste pode ser útil na determinação da capacidade de realizar e se recuperar de exercícios de alta intensidade em atletas de futebol. Resultados das respostas da freqüência cardíaca e medidas de lactato sanguíneo neste teste indicaram que o teste produz respostas fisiológicas associadas com exercícios de alta intensidade intermitente. Assim, parece que tanto o sistema aeróbio quanto o anaeróbio são altamente utilizados durante o teste.

Tabela 24 Desempenho (em metros) de futebolistas em Testes de Aumento Progressivo da Velocidade Estudo

País

Nível

Bangsbo (1996) Bangsbo (1996) Silva Neto (2006) Lollo et al. (2007) Jensen et al. (2007) Iaia et al. (2007) Grantham et al. (2007) Krustrup et al. (2003) Krustrup et al. (2006) McHughes et al. (2003) Svensson et al. (2007) Castagna e Belardinelli (2002)

Dinamarca Dinamarca Brasil Brasil Dinamarca Itália Japão Dinamarca Dinamarca

P P P 1D S17 P P P P P P P S17

Inglaterra

Idade (anos) 18-35 16,4 21-29 -

Teste YoyoIR2 YoyoIE2 YoyoIR2 YoyoIR2 YoyoIR2 YoyoIR2 YoyoIR2 YoyoIR1 YoyoIR2 YoyoIR2 YoyoIR1 YoyoIE1

P – Profissional; 1D – 1ª Divisão Nacional; S17 – Sub-17.

170

Distância Percorrida (m) 1240 2228 630 467 980 1060 1068 1760 873 911 2292 2914


Variáveis Anaeróbias

Testes de tempo para determinadas distâncias Nos esportes coletivos com bola, como futebol, rúgbi, basquetebol e handebol, a maioria das ações durante a partida são de alta intensidade e curta duração, evidenciando que o metabolismo anaeróbio tem um papel determinante para o bom desempenho dos atletas dessas modalidades. Quando as ações de alta ou média intensidade são sucessivas e com pouco tempo de pausa, o sistema anaeróbio lático (glicolítico) predomina sobre o sistema anaeróbio alático para ressintetizar a adenosina trifosfato (ATP), já que os estoques de creatina-fosfato (CP) se esgotam rapidamente. O desempenho do atleta de futebol, por exemplo, está relacionado não só com a técnica e tática da sua modalidade esportiva, mas também com a sua capacidade de tolerar elevadas taxas de reposição de ATP num determinado período de tempo, por isso é importante uma quantificação objetiva do desempenho anaeróbio (Bangsbo; Mohr ; Krustrup, 2006). O teste de Wingate com 30 s é um método bastante utilizado para avaliar o desempenho anaeróbio (Bar-Or, 1987). A validade do Wingate está baseada na correlação do pico de potência (potência anaeróbia) e da potência média (capacidade anaeróbia) com diversos índices de desempenho anaeróbio. A natureza anaeróbia do Wingate foi demonstrada com a diminuição das concentrações de substratos energéticos (ATP, CP e glicogênio) concomitante ao aumento do lactato muscular após a realização do teste. A diminuição dos estoques de CP e o aumento do lactato associado à diminuição do glicogênio indicam a participação dos sistemas anaeróbios alático e glicolítico de produção de energia, respectivamente. Além disso, e observado que o déficit de oxigênio acumulado máximo (DO2ACUM) (Medbo et al., 1988), no qual há certo consenso que esse teste é uma medida fisiológica apropriada para determinar a capacidade de trabalho anaeróbio de forma não invasiva, correlaciona-se significativamente com o Wingate. Entretanto, ambos os testes, Wingate e DO2ACUM, têm suas aplicabilidades práticas reduzidas por causa da necessidade de equipamentos especificos, de examinadores qualificados e muitas vezes, as formas de execução dos testes estão longe das condições específicas na qual a modalidade esportiva é praticada, por exemplo, corrida na grama. Com isso, há necessidade de testes de campo que estimem objetivamente o desempenho anaeróbio. E como vimos no início deste capítulo, Balsom (1994) comentou que existem três tipos de testes de campo para resistência específica do futebol que podem ser utilizados para analisar a resistência específica do futebol. Já verificamos anteriormente os princípios de desempenho durante sprint repetido; de tempo de fadiga durante um protocolo de exercício com aumento progressivo da velocidade de corrida; e agora iremos apresentar os testes que analisam a resitência específica do futebol através do tempo gasto para percorrer um conjunto de distâncias.

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

TESTE DE VAI-E-VEM DE 300m Nesse sentido, Moore e Murphy (2003) propuseram que o teste máximo de corrida de vai-e-vem de 300m (Vai-e-Vem300m), realizado em quadra esportiva, poderia ser utilizado para avaliaçãoo da capacidade anaeróbia em jogadores de rúgbi. Os resultados mostraram que os atletas com maior DO2ACUM foram aqueles que tiveram melhor desempenho no Vai-e-Vem300m indicando a validade desse teste como um estimador da capacidade anaeróbia. Porém, as estimativas do DO2ACUM dependem do estado de treinamento dos participantes e do método utilizado para sua determinação. Por isso, ao buscar a validação de um teste de campo é necessário correlacioná-lo com outro teste laboratorial que estime capacidade anaeróbia além do DO2ACUM. Considerando que o Wingate apresenta correlação com o DO2ACUM, Almeida et al. (2009) realizaram um estudo com o objetivo de verificar se o teste Vai-e-Vem300m poderia ser utilizado para predizer a capacidade anaeróbia e resitência específica, correlacionando-o com a potência média do teste de Wingate em jogadores de futebol profissional. Neste estudo foi possível verificar que o Teste de Vai-e-Vem de 300m também se correlacione com a potência média obtida através do Wingate. Sendo assim, pôde-se confirmar o Vai-e-Vem300m como um teste de campo que viabiliza a determinação da capacidade anaeróbia e da reistência específica do futebol, e esse teste de campo pode ter aplicabilidade também para jogadores de futebol, pois até então havia sido realizado apenas com jogadores de rúgbi. Almeida et al. (2009) verificaram que no Wingate, o pico de potência relativo foi 12,3 ± 2,73 W.kg-1, a potência média relativa foi 9,1 ± 0,61 W.kg-1 e o índice de fadiga foi 50,5 ± 10,3 %. No Vai-e-Vem300m, a média da duração do teste foi de 68,9 ± 1,9 s, já a velocidade média de 20m (V20m) foi de 7,2 ± 0,3 m/s, onde constataram que houve apenas correlação significativa da potência média relativa com a duração do Vai-e-Vem300m (r = - 0,75; p < 0,05) e com a V20m (r = 0,72; p < 0,05). Além disso, verificaram também, que a concentração de lactato sanguíneo (LAC) aumentou significativamente (p<0,05) quando comparados com os valores de antes (2,1 ± 1,0 mM) e após (14,3 ± 2,4 mM) o Vai-e-Vem300m. Logo, pode-se afirmar que o teste de Vai-e-Vem300m pode ser utilizado para predizer a capacidade anaeróbia em jogadores de Futebol, tendo maior aplicabilidade que o teste de Wingate devido à necessidade de desempenhar ações motoras específicas da modalidade, não requerer utilização de equipamentos sofisticados e pode ser realizado no próprio campo de jogo. Logo, o teste corresponde a um dos princípios (tempo gasto para percorrer um conjunto de distâncias) sobre a avaliação da resistência específica do futebol, comentada por Balsom (1994).

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Variáveis Anaeróbias

Na preparação para o teste, cada jogador deve ser submetido a aquecimento constituído de cinco minutos de corrida contínua em intensidade baixa, cinco minutos de exercícios de alongamento e flexibilidade geral, 80 m de corrida de vai-e-vem (4 x 20 m) entre 60 e 80% da velocidade máxima percebida pelo atleta, seguido de cinco minutos de pausa passiva imediatamente antes do início do teste de Vai-e-Vem de 300m, proposto por Moore e Murphy (2003). Em seguida, os participantes realizam corridas de 20m, em forma de vai-e-vem até totalizar a distância de 300m (15 x 20 m). Os participantes devem receber a orientação para percorrer os 300m, no menor tempo possível, e transpor as linhas demarcatórias dos 20 m, com pelo menos um dos pés, a cada ida e volta (ver figura 55).

Figura 55 Desenho descritivo do teste de vai-e-vem de 300m. B

▲ ▲ 1

A: Corrida de ida (20m) 20 metros

A

B: Corrida de volta (20m) 20 metros

▲ ▲

A duração total do teste deve ser registrada através de cronômetro digital com acionamento manual ou fotocélulas, e com esses dados também pode ser determinada a velocidade média (V20m). O percurso de 20m deve ser alocado em um campo de futebol, utilizado pelos treinamentos da equipe, sendo que todos os jogadores devem estar calçando chuteiras. A vantagem de determinar a capacidade anaeróbia e resistência específica no Vai-e-Vem300m está na viabilidade de sua utilização no cotidiano do treinamento, já que é um método relativamente simples e barato quando comparado

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

ao Wingate. Além disso, a tarefa motora ao qual o avaliado é submetido se assemelha aos esforços realizados durante uma partida de futebol e outros esportes coletivos, pois envolve aceleração, desaceleração e mudança rápida de direção. Ainda, a possibilidade de realizar o teste no próprio terreno de competição (gramado), com calçado próprio para tal (chuteira), aproxima o teste da realidade do jogador.

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Capítulo 5

Análise do desempenho físico de jogo

Time motion analysis Segundo Reilly (2005), as exigências do jogo e o desempenho dos jogadores podem ser avaliados através da monitorização do ritmo de trabalho dos jogadores durante as partidas e as respostas fisiológicas concomitantes. Esses índices sugerem, cada vez mais, um tempo maior no futebol profissional contemporâneo comparado com décadas anteriores e a simulação da intensidade de exercício, correspondente ao jogo de futebol, também permite aos cientistas estudarem os aspectos distintos do mesmo sob condições de laboratório ou treinamento. Svensson e Drust (2005) definem que, para lidar com as exigências fisiológicas do futebol, os jogadores devem ser competentes em diversos componentes da aptidão. O uso de testes de aptidão em laboratório e no campo auxiliam na análise de recursos para o desempenho em todos os níveis. Os testes de campo fornecem resultados que são específicos para a modalidade e, portanto, mais válidos do que os testes de laboratório. Embora os dados de laboratório e de campo sirvam como uma boa indicação, os resultados dos testes individuais não podem ser usados para prever o desempenho durante um jogo devido à natureza complexa do desempenho na competição. Os recursos tecnológicos atualmente disponíveis no mercado para a análise do jogo de futebol, permitem a visualização e a quantificação do movimento de todos os jogadores e contribuem para melhor objetivar o seu rendimento. Os sistemas de análise do jogo incluem, também, ferramentas que permitem avaliar o comportamento global das equipes em confronto. Todas as interações entre os jogadores podem ser visualizadas e quantificadas. A organização tática coletiva, defensiva e ofensiva, a evolução de uma jogada, as ações de bolas paradas, são alguns exemplos.

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

Em relação aos sistemas atuais de análise do jogo, eles permitem a obtenção de um grande número de dados do desempenho dos jogadores de futebol, incluindo as suas posições e trajetórias, velocidades e acelerações. Os sistemas de análise do movimento e da competição, alguns desenvolvidos exclusivamente para o futebol, foram concebidos para analisar não só o desempenho individual do jogador, como também, as interações entre jogadores durante a competição (o comportamento dinâmico do modelo de competição) e representam um dos mais importantes contributos da tecnologia recente na busca de uma melhor compreensão da competição desportiva, porém constituem-se apenas como meios auxiliares de análise. A Time Motion Analysis, consiste no posicionamento de um conjunto de câmeras em torno da quadra/campo e por vídeo vem sendo utilizada em um grande número de estudos em diversas modalidades como o Rúgbi, Futebol Australiano, Polo Aquático, Futebol e Futsal, para verificar as ações dos diferentes esportes Segundo Braz (2009), um fator influenciador no processo está relacionado aos métodos de análise das ações competitivas dos futebolistas. Esses métodos evoluíram dos meios manuais de anotação para os meios informáticos, culminando recentemente na digitalização automática por meio da captura de imagem sob diferentes perspectivas do jogo. Alguns estudos reportam a utilização de 8 a 12 câmeras por partida, em outras metodologias utilizam-se 2 a 4 câmeras e hoje em dia existem sistemas que utilizam apenas 1 câmera e pode facilmente ser transportada para os estádios quando os jogos forem “fora de casa”. Da mesma forma, tem sido relatado na literatura diversos programas para análise competitiva, entre eles, o InStat, o Amysco®, o Prozone®, o Dvideo® e o Tacto®. Tais desígnios podem refletir nos resultados encontrados para diversas variáveis. Existem outros sistemas, como o Catapult Sports, GPSports, StatSports, Polar Team Pro e outros mais acessíveis e igualmente interessantes, nomeadamente, para o treino. Recentes inovações tecnológicas tornaram o Global Positioning System (GPS) um método prático e popular para quantificar padrões de movimento e exigência física nos desportos. O GPS fornece uma descrição detalhada dos movimentos de um jogador e pode ajudar as equipes a partir de um ponto de vista tático e físico. Essa ferramenta que vem sendo utilizada com grande frequência nas modalidades cíclicas e acíclicas é também uma forma de Time Motion Analysis, porém, através de Sistema de Posicionamento Global (GPS). Com equipamentos cada vez mais compactos e precisos essa forma de monitoramento consiste na confiabilidade dos sistemas de GPS e GNSS para monitoramento

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Análise do desempenho físico de jogo

do movimento, onde essa confiabilidade é influenciada por fatores como taxa de aquisição de dados, velocidade, duração e tipo da tarefa (Aughey, 2011). Os sistemas de GPS isolados não são capazes de identificar e quantificar padrões de movimentos como saltos, chutes, impactos, por isso tem-se utilizados equipamentos que possuem também acelerômetros e giroscópio. Outro aspecto importante é a necessidade de ser utilizado ao ar livre em espaços abertos. Os resultados do estudo de Coutts e Duffield (2010) mostram que os aparelhos de GPS possuem um nível aceitável de precisão e confiabilidade para a distância total e para as velocidades de pico durante uma alta intensidade e um exercício intermitente, mas podem apresentar problemas para as atividades de maior intensidade. Dentro da realidade do futebol brasileiro de elite, as novas arenas (com coberturas ou mais fechadas) podem gerar erros ou problemas de funcionamento. Algumas empresas (Catapult Sports e StatSports) de tecnologia desenvolveram formas de rastreamento e localização que permitem a análise de deslocamento em ambientes fechados. Esses sistemas são chamados de Local Positioning System (LPS) e funciona como um sistema de geolocalização, mas a conexão não se dá com satélites, e sim com antenas localizadas ao redor da quadra/campo/arena que identificam o posicionamento dos atletas. Para cada tipo de tecnologia utilizada para a avaliação do desempenho dos jogadores em jogo, existem seus prós e contras. A tecnologia GPS tem como vantagens um investimento financeiro moderado e esse acaba sendo diluido com passar do tempo, além de ter as informações em tempo real, porém, como desvantagens podemos dizer que a tecnologia é dependente do fator climático para um correto funcionamento e tem um menor índice de precisão (margem erro relativamente alta para ações de altíssima intensidade). Já as análises feitas por Vídeos/Imagens, agrega as informações junto com as imagens reais do jogo e possuem uma margem de erro menor do que o sistema de GPS, porém, tem um custo muito elevado, necessitando de infra-estrutura de câmeras instaladas muito complexa, o processamento de imagem é lento, não consegue disponibilizar todas as informações em tempo real e sua utilização se limita ao uso quando mandante da partida, pois não se trata de uma tecnologia móvel (na maioria dos sistemas disponíveis no mercado). E por fim, a tecnologia que faz uso de Sensores, possuem como principais vantagens uma pequena margem de erro, longa vida dos sensores,

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

processamento rápido (disponibilização ampla de dados em tempo real), sensores pequenos e leves. E suas desvantagens são o custo moderado (um pouco mais elevado do que o sistema GPS) e a necessidade de instalação de antenas pequenas em torno do campo (que muitas vezes podem ser impedida pelo mandante do jogo).

Figura 56 Funcionamento do sistema de GPS e de LPS.

Desempenho físico no jogo Os perfis físicos dos futebolistas numa partida têm sido caracterizados pelos propósitos de quantificar e qualificar as distâncias cobertas pelos futebolistas durante as partidas, bem como as ações/atividades realizadas e as pausas entre uma ação/atividade e outra, classificando-as conforme o volume (média da distância total percorrida pelos futebolistas da equipe e quantidade de ações), a intensidade (o percentual da distância total percorrida em alta intensidade) e a densidade (espaço de tempo entre uma ação e outra).

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Análise do desempenho físico de jogo

Figura 57 Exemplo de informações por períodos (a cada 15min) em gráfico fornecidas pelo sistema CATAPULT SPORTS.

Muitos fatores influenciam a distância percorrida e a intensidade das ações dos futebolistas durante os jogos e dependem da posição de jogo, do estilo da equipe, do nível competitivo, do tipo de competição, da condição física dos futebolistas, do espaço da competição, da evolução da modalidade, dos diferentes momentos da temporada, dos métodos de análise, das condições ambientais e da própria dinâmica do jogo (Mohr, Krustrup ; Bangsbo, 2003; Barros et al., 2007; Dupont et al., 2010; Bush et al., 2015). As atividades de alta intensidade (sprints e corrida de alta velocidade) durante uma partida são características fundamentais para diferenciar o nível de jogo de futebol, devido a evidência de que os futebolistas de elite executam maiores quantidades de trabalho em esforços de alta intensidade (foi de 8,7%±0,5% as corridas de alta intensidade e 1,4%±0,1% os sprints), do que os jogadores de níveis moderados, foram 6,6%±0,4% as corridas de alta intensidade e 0,9%±0,1% os sprints (Mohr; Krustrup ; Bangsbo, 2003). Em estudo com jogadores de futebol, contendo respostas sobre o trabalho de grande intensidade executado durante uma partida, Wisloff et al. (2004), mostraram que 96% das altas intensidades foram realizadas em até uma distância percorrida inferior a 30 metros, já no estudo de Valquer et al. (1998), observaram que o percentual

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

maior de percurso é de 10 metros correspondendo a 49% do total. Nesse contexto, é importante destacar que a distância média dos sprints durante uma partida é de 15 a 17 metros (Mohr; Krustrup ; Bangsbo, 2003).

Figura 58 Resumo do desempenho físico gerado pelo sistema Prozone®. Resultado do jogo: Adversário 0 x 2 Palmeiras.

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Análise do desempenho físico de jogo

Durante uma partida de futebol, os períodos em que os jogadores realizam sprints ocorrem aproximadamente a cada 90 segundos e cada ação em intensidade máxima dura em torno de 2 a 4 segundos, tendo uma distância média de 15 metros. De 1 a 11% da distância total percorrida pelos jogadores é percorrida em intensidade máxima - sprints (Stolen et al., 2005). Uma vez que estas ações são extremamente relevantes para o desempenho dos futebolistas, podemos destacar a relação existente entre a qualidade do jogador e a realização de exercício de alta intensidade durante o jogo (Santos, 1999; Dupont et al., 2010), isto é, jogadores de primeira divisão se exercitam em uma intensidade alta por um período maior que os jogadores pertencentes às divisões inferiores (Ekblom, 1994). Isso sugere, segundo Mujika et al. (2000), que existe uma relação entre a quantidade de exercícios realizados em alta intensidade e a qualidade do jogo.

Figura 59 Relatório físico individual de um jogador durante 90min de uma partida oficial pelo sistema de vídeo InStat.

Em estudo mais recente que analisou a intensidade e a densidade do jogo, Bradley et al. (2009) verificaram que os jogadores de diferentes funções táticas têm comportamentos distintos nas corridas de alta intensidade (zagueiros = 1834m, laterais = 2605m, volantes = 2825m, meias = 3138m e atacantes = 2341m), nas corridas de altíssima intensidade (zagueiros = 603m, laterais =

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

984m, volantes = 927m, meias = 1214m e atacantes = 955m), nos sprints (zagueiros = 152m, laterais = 287m, volantes = 204m, meias = 346m e atacantes = 264m), velocidade máxima atingida (zagueiros = 7,31m/s, laterais = 7,74m/s, volantes = 7,52m/s, meias = 7,93m/s e atacantes = 7,76m/s) e no tempo de recuperação entre as ações de altíssima intensidade e sprints (zagueiros = 101s, laterais = 74s, volantes = 62s, meias = 51s e atacantes = 73s). Barnes et al. (2014), apesar de não encontrarem diferenças significativas na distância percorrida total (volume do jogo) quando comparou as alterações de 7 anos da English Premier League entre as temporadas de 2006/07 à 2012/13, eles verificaram que as alterações se deram nas ações de alta intensidade onde nas corridas de alta intensidade houve um aumento de 30% (890 ± 299 vs 1.151 ± 337 m, p < 0,001), no número de sprints o aumento foi de 85% (31 ± 14 vs 57 ± 20, p < 0,001), sendo que as distâncias percorridas em sprints passou de 232 ± 114 para 350 ± 139 m, p < 0,001 (aumento de 35%), confirmando que as alterações no jogo de futebol não se deu em relação ao volume e sim a intensidade e a densidade do jogo. Bush et al. (2015) verificaram que os jogadores que atuam mais abertos (laterais, meias e atacantes) aumentaram a distância percorrida em alta intensidade em maior proporção do que zagueiros e meio-campistas centrais entre as temporadas 2006-07 e 2012-13. Em contraste, os jogadores centrais aumentaram o número de passes e a taxa de passes certos em relação ao mesmo período. Estas tendências evolutivas poderiam ser atribuídas a modificações táticas. Estes resultados fornecem requisitos de referência de jogadores modernos de elite em cada posição e pode, portanto, ajudar no recrutamento de jogadores e no desenvolvimento e planejamento do treinamento nas específicas posições. A distância total percorrida durante as partidas mostraram pequenas variações entre as temporadas 2006-07 e 2012-13, aumentando apenas para meio-campistas centrais e defensores (200 e 300 m, p < 0,05, respectivamente). Os laterais mostraram grandes mudanças nas distâncias percorridas em alta intensidade (aumento de 35%, p < 0,001), no entanto, todas as posições demonstrado aumentos moderados na distância de alta intensidade ao longo das sete temporadas (zagueiros: 33 %; os meias: 27%; volantes: 30%; atacantes: 24%, p < 0,05). Os zagueiros, laterais e meias demonstraram aumentos moderados em corridas de alta intensidade com a posse da bola (zagueiros: 114 ± 61 vs 193 ± 86 m, p < 0,001; laterais: 355 ± 159 vs 503 ± 181 m, p < 0,001; meias: 591 ± 178 vs 710 ± 171 m, p < 0,01). Em contraste, meio-campistas centrais e atacantes mostraram um pequeno aumento (p < 0,05). Todas as posições mostraram

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Análise do desempenho físico de jogo

aumentos moderados na distância percorrida em alta intensidade coberta sem a posse da bola entre as temporadas 2006-07 e 2012-13, sendo que os zagueiros aumentaram de 438 ± 120 para 533 ± 138 m (p < 0,001), laterais aumentaram de 498 ± 133 para 657 ± 150 m (p < 0,001), meio-campistas centrais aumentaram de 519 ± 166 para 697 ± 213 m (p < 0,001), meio-campistas abertos aumentaram de 480 ± 168 para 624 ± 200 m (p < 0,001) e os atacantes aumentaram de 278 ± 124 para 386 ± 148 m (p < 0,05). As distâncias percorridas em sprint pelos laterais mostrou um maior aumento (62%) em comparação com os meias aberto (53%), posições centrais (53%) e os atacantes (36%). O número de corridas de alta intensidade e sprints realizados aumentou para cada posição entre as temporadas de 2006-07 a 201213. Para ambos os parâmetros, os atacantes tiveram os menores incrementos, enquanto os laterais e meias abertos exibiram o maior. O número de sprints aumentou em grandes magnitudes (p < 0,001) para todas as posições (zagueiro: 7 ± 5 vs 19 ± 8; laterais: 11 ± 6 vs 28 ± 10; meio campistas centrais: 11 ± 7 vs 29 ± 10; os meias abertos: 14 ± 7 vs 33 ± 11; e, atacantes: 12 ± 6 vs 27 ± 9). Os sprints principais mostraram moderados / grandes aumentos para todas as posições (zagueiros: 13 ± 5 vs 20 ± 7; laterais: 22 ± 8 vs 35 ± 10; meio-campistas centrais: 20 ± 9 vs 30 ± 10; meio-campistas abertos: 27 ± 9 vs 41 ± 11, p < 0,001), enquanto os atacantes apresentaram o menor aumento (p < 0,01) de 23 ± 9 a 32 ± 11. Bradley et al. (2016) investigaram a evolução das performances físicas e técnicas na English Premier League (EPL), com especial referência à classificação na liga inglesa. Os cientistas fizeram observações (n = 14.700) de desempenho de jogo utilizando o sistema Prozone Sports para fazer o rastreamento em sete temporadas consecutivas (2006-07 a 2012-13). A classificação final do campeonato dividiu as equipes em níveis: (A) ranking do primeiro-quarto (n = 2.519), (B) ranking do quinto-oitavo (n = 2.965), (C) ranking nono-décimo quarto (n = 4.448) e (D) ranking décimo quinto ao vigéssimo (n = 4.768). Os clubes no Nível B demonstraram aumentos moderados nas distâncias percorridas em alta intensidade com posse de bola entre as temporadas (p < 0,001), com as equipes dos Níveis A, C e D produzindo menos aumentos no mesmo período (p < 0,005). Os grandes aumentos na distância em sprint foram observados também nas equipes Nível B (p < 0,001), enquanto que apenas aumentos moderados foram evidentes para os outros nívies. As equipes Nível B demonstraram grandes aumentos no número de passes efetuados e recebidos na temporada 2012-13 em comparação com a temporada 2006-07 (p < 0,001), com aumentos pequenos/moderados nas equipes de Nível A, C e D. A pontuação entre o 4º (time pior classificado do Nível A) e o

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

5º colocado (time melhor colocado do Nível B) na temporada de 2006-07 foi de 8 pontos, mas esta diminuiu para apenas um ponto na temporada 201213. Os dados demonstram, segundo esses autores, que performances físicas e técnicas evoluíram mais no Nível B do que qualquer outro nível na EPL e isso pode indicar uma diminuição da diferença de desempenho entre os dois níveis superiores das equipes inglesas. Podemos afirmar que o futebol é um esporte intermitente com mudanças frequentes de atividade, onde os jogadores percorrem de 9-12 km com 2-3 km em corridas de altas intensidades e aproximadamente 0,5 km em sprints. Além disso, as exigências de jogo incluem um elevado número de movimentos explosivos tais como acelerações, desacelerações, mudanças de direção, bem como saltos, impactos, sprints e enfrentamentos que têm um componente excêntrico poderoso com concomitante potencial de lesão muscular (Nedelec et al., 2012). Os jogadores demonstram uma diminuição drástica nas ações de alta intensidade durante o decorrer da partida, causando prejuízo acentuado na capacidade de sprints repetidos (RSA) (Mohr et al., 2005), exercício intermitente intenso, salto com contramovimento e desempenho de força (Mohr et al., 2010; Mohr ; Krustrup, 2013).

Fadiga no jogo Um dos sintomas mais importantes, a fadiga, que é definida como a inabilidade de manter determinada intensidade de treinamento, pode ser considerada como um sinal de alarme do organismo em resposta ao estresse excessivo. Por outro lado, a fadiga tem um papel importante no treinamento esportivo, pois é o primeiro passo para o processo de adaptação do treinamento, que estimula um incremento das funções orgânicas do atleta, sendo que o balanço entre o estresse e a recuperação define a qualidade do programa de treinamento (Cunha; Ribeiro ; Reischak, 2006; Reilly; Drust ; Clarke, 2008). Muitos outros sintomas têm sido reportados na literatura, dos quais estão divididos em fisiológicos (diminuição do desempenho físico, da força muscular, da coordenação, aumento da percepção de esforço e do período de recuperação, alterações na curva de lactato, sono, anorexia), bioquímicos (diminuição do glicogênio muscular, do conteúdo mineral ósseo, da testosterona livre e razão testosterona/cortisol maior que 30%, bem como aumento do cortisol e da uréia), psicológicos (depressão, estresse emocional, medo da competição, apatia geral), imunológicos (aumento de infecções e enfermidades, diminuição da atividade de neutrófilos e macrófagos) (Cunha; Ribeiro ; Reischak, 2006).

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Análise do desempenho físico de jogo

A fadiga muscular é um problema complexo que depende de muitos fatores e da importância relativa de cada um desses fatores depende do tipo e composição da fibra muscular, o modo de contração muscular, a intensidade, tipo e duração da atividade contrátil e do nível individual de adtidão. Nessa medida, a fadiga se manifesta pelo declínio dos índices relativos à atividade muscular, com redução de valores máxinos de força e / ou velocidade de movimento e pode ocorrer em qualquer das fases de contração dos músculos, desde o cérebro até as pontes transversas, as células musculares e por sua vez, pode estar associada a mecanismos periféricos e centrais, respectivamente. Bigand-Ritchie (1985) identificou as causas de maiores potenciais para a fadiga, como são, a excitação na entrada do centro motor alto, excitação do mecanismo do neurônio motor inferior, excitabilidade do neurônio motor, transmissão neuromuscular, excitabilidade do sarcolema, acoplamento excitação-contração, os mecanismos contráteis e o acúmulo de metabólitos. No futebol Mohr Krustrup e Bangsbo (2003) observaram que os jogadores em todas as posições táticas apresentam um declínio significativo na alta intensidade correndo em direção ao final da partida. Isso indica que quase todos os jogadores de futebol de elite utilizam sua capacidade física durante o jogo. As diferenças individuais não são apenas relacionadas com a posição na equipe. Assim, neste mesmo estudo, dentro de cada posição de jogo houve uma variação significativa nas demandas físicas dependendo da função tática e capacidade física dos jogadores. Por exemplo, no mesmo jogo, um jogador de meio-campo percorreu uma distância total de 12,3 quilômetros, com 3,5 km sendo coberto com uma intensidade alta, enquanto um outro meia cobriu uma distância total de 10,8 quilômetros, dos quais 2,0 km foi em intensidade alta. As diferenças individuais no estilo de jogar e do desempenho físico deve ser levado em consideração ao planejar o treinamento e estratégia nutricional. Além disso, Mohr, Krustrup e Bangsbo (2003) mostraram que os atacantes tiveram um declínio mais acentuado na distância percorrida em sprints que os defensores e meio-campistas. Além disso, o desempenho dos atacantes no teste Yo-Yo Intermittent Recovery não foi tão bom quanto a dos zagueiros e jogadores de meio-campo. Assim, parece que o atacante moderno de alto nível deve ser capaz de executar ações de alta intensidade repetidamente durante o jogo. Diversos autores tem se reportado ao assunto da fadiga ou prejuízo de desempenho no futebol, podendo surgir em várias fases do jogo. Assim, diferentes mecanismos fisiológicos se manifestam nos períodos da partida. A fadiga

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

durante o jogo pode ocorrer em três estágios diferentes: 1. em períodos de intensidade em ambos os tempos do jogo (1º tempo e 2º tempo); 2. na fase inicial do 2º tempo; 3. no final do jogo. A fadiga temporária após períodos intensos das ações do jogo não parece estar relacionada diretamente à concentração do glicogênio muscular, acúmulo de lactato, acidose ou depleção da fosfocreatina e sim, aos distúrbios na homeostase de íons no músculo e no comprometimento da excitabilidade do sarcolema. A diminuição do pH muscular no exercício físico intenso provoca o efluxo dos íons potássio do músculo, através da abertura dos canais de potássio existentes no sarcolema, podendo provocar a fadiga dos futebolistas pela acumulação de potássio extracelular e, concomitantemente, distúrbios elétricos na célula muscular, o que pode comprometer o processo contrátil do músculo, notadamente na despolarização (abertura de canais de sódio), pela baixa excitabilidade da membrana sarcolema. A habilidade dos jogadores de futebol para o desempenho máximo pode estar inibida na fase inicial do 2º tempo, pela diminuição da temperatura muscular comparada com o final do 1º tempo. Quando os jogadores executam atividades de baixa intensidade no intervalo entre os dois tempos, tanto a temperatura muscular quanto o desempenho são preservados. Vários estudos tem mostrado que a fadiga acontece no final de um jogo, podendo ser causado pela baixa concentração de glicogênio muscular. A quantidade de sprints, corridas de alta intensidade e distâncias percorridas são diminuídas no 2º tempo, comparadas com o 1º tempo, podendo indicar queda de desempenho nos últimos 45 minutos de jogo, sugerindo que a fadiga tende a ocorrer no final da partida. Amostras sanguíneas durante jogos de futebol tem mostrado que a concentração do lactato sanguíneo declina no estágio próximo ao final do jogo, enquanto ácidos graxos livres plasmáticos são aumentados. Fatores como calor e umidade, desidratação e uma redução da função cerebral podem contribuir para a deterioração do desempenho do jogador no jogo (Mohr; Krustrup ; Bangsbo, 2005). Mohr, Krustrup e Bangsbo (2005) mostraram registros de distâncias percorridas por sprints durante jogos competitivos de futebol, indicando diminuição de ocorrências nos períodos intermediários dos dois tempos (15’-30’) e diminuição acentuada no último período do 2º tempo (30’-45’) (Figura 60).

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Análise do desempenho físico de jogo

Figura 60 Distâncias percorridas por sprints durante períodos de 15 minutos dos jogos competitivos internacionais (n=18)

Distâncias Percorridas por Sprints

160 140 120 100 80 60 40 20 0 0 - 15

15 - 30

30 - 45

0 - 15

o

15 - 30

30 - 45

Tempo (min)

o

1 Tempo

2 Tempo

Fonte : (modelo adaptado de Mohr, Krustrup e Bangsbo, 2005).

A fadiga muscular deve ser interpretada como a incapacidade do músculo e do organismo em conjunto, manter a mesma intensidade de esforço durante uma atividade específica. Além disso, pode-se encontrar algumas denominações gerais, tais como excesso de esforço, cansaço, esgotamento, exaustão, entre outros e em termos de funções fisiológicas, a fadiga é definida como a redução reversível da capacidade funcional como resultado de uma atividade muscular e, mais recentemente, é considerada a fadiga, a incapacidade de manter uma dada intensidade de exercício (Reilly; Drust ; Clarke, 2008). Em suma, de forma bem simples, define-se a fadiga como a perda do rendimento da força principal, reduzindo o desempenho de uma tarefa, em reação à demanda imposta e, conseqüentemente, há uma incapacidade de manter a produção de força. No futebol a fadiga fica evidente nos estudos sobre a movimentação e as ações realizadas durante uma partida, a intensidade das ações e no desempenho dos gestos e indicadores técnicos. A queda verificada no volume da atividade, através da verificação da distância média percorrida pelos jogadores num jogo pode variar de 1 a 9%, como podemos observar na tabela 25.

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

Verifica-se também, na mesma tabela, que os resultados são bem semelhantes entre os jogadores profissionais europeus e os brasileiros.

Tabela 25 Deslocamentos médios dos jogadores de futebol no 1º e no 2º tempo do jogo. Estudos

Jogadores

1º Tempo 2º Tempo

Total

Dif (%)

Bangsbo et al. (1991)

14 Profissionais Dinamarqueses

5520

5250

10800

5%

Rienzi et al. (2000)

17 Profissionais Sulamericanos 6 Ingleses da Premier League

4605

4415

8638 10104

4%

Mohr et al. (2003)

18 Alto Nível 24 Nível Moderado

5510 5200

5350 5130

10860 10330

3% 1%

Rampinini et al. (2007)

18 Profissionais

-

-

10864

8%

Di Salvo et al. (2007)

300 Europeus de Elite

5709

5684

11393

9%

Barros et al. (2007)

55 Profissionais Brasileiros

5173

4808

10012

7%

Lago-Peñas, Rey e Lago-Ballesteros (2012)

432 Europeus de Elite

5136

5063

10199

1%

Mohr et al. (2016)

19 Semi-profissionais do Qatar

-

-

10100

2%

Rampinini et al. (2009) analisaram, por meio de um sistema de análise de vídeo, as mudanças no desempenho técnico e físico entre a primeira e a segunda metade de jogos oficiais da Liga Italiana - Série A, e um declínio significativo foi encontrado para o desempenho físico e algumas notas técnicas (envolvimentos com a bola, passes curtos e passes curtos certos). A distância percorrida entre as duas partes do jogo sofre uma redução muito acentuada e a literatura apresenta para o contexto um decréscimo de 5 a 9%. Essa diminuição da distância total percorrida pode ter a sua origem em fatores como a depleção do glicogênio muscular, a intensidade da corrida, as condições ambientais e o estilo de jogo. Barros et al. (2007) revelam que, em jogadores brasileiros da 1ª Divisão e considerando as posições de jogo, as distâncias percorridas pelos laterais (10642 m), meias-defensivos (10476 m) e meias-alas (10598 m) foram

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Análise do desempenho físico de jogo

maiores do que os atacantes (9612 m), que percorriam distâncias superiores aos zagueiros (9029 m). A distância média percorrida no primeiro tempo foi de 5173m, sendo significativamente maior do que o valor médio de 4808m para o segundo tempo. A análise minuto a minuto revelou que, após oito minutos da segunda parte, o desempenho do jogador diminui e essa redução é mantida ao longo do jogo. Verifica-se a queda nas ações moderadas, de alta intensidade e de sprint realizados pelos jogadores de futebol durante o segundo tempo do jogo. Nessas movimentações que caracterizam a intensidade do esforço durante o jogo, Barros et al. (2007), em estudos com futebolistas profissionais brasileiros da Primeira Divisão, verificaram que é percorrido em sprint 231m no primeiro tempo e 206m no segundo tempo, onde os zagueiros percorriam 191m no 1º tempo do jogo e 161m no 2º tempo, os laterais 290m e 272m, no 1º e 2º tempo, respectivamente. Já os meio-campistas 245m e 212m e os atacantes 269m e 212m, em corrida de velocidade máxima, no 1º e no 2º tempo de uma partida.

Jogos consecutivos Em geral no futebol, os jogadores realizam de 50 a 80 jogos (sendo que o Palmeiras, campeão brasileiro em 2018, disputou 74 jogos oficiais e 3 jogos amistosos em um torneio durante o período de parada do Campeonato Brasileiro para a realização da Copa do Mundo da Rússia) durante uma temporada e na maioria das ligas principais, é um procedimento normal às equipes realizarem jogos consecutivos (três jogos por semana) durante vários períodos dentro de uma temporada. Assim, apenas 3-4 dias de recuperação são permitidos entre os jogos sucessivos que podem ser insuficientes para restaurar a homeostase normal (Andersson et al., 2008; Ispirlidis et al., 2008; Fatouros et al., 2010). Jogos consecutivos com curto tempo de recuperação podem, portanto, provocar fadiga aguda e crônica, potencialmente causando comprometimento no desempenho e / ou lesões, como indicado por estudos de jogadores de elite (Ekstand et al., 2004; Dupont et al., 2010). Dupont et al. (2010) verificaram que o desempenho físico (distância total percorrida, distância percorrida em alta intensidade, distância em sprint, e o número de sprints) não foi afetada significativamente pelo número de partidas por semana (1 versus 2), enquanto que a incidência de lesões foi significativamente maior quando os jogadores realizaram 2 jogos por semana versus 1 jogo por semana (25,6 contra 4,1 lesões por 1000 horas de exposição; p <0,001). Logo, o tempo de recuperação entre 2 partidas, 72 a 96 horas, parece ser suficiente

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Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor

para manter o nível de desempenho físico, mas não é suficiente para manter uma incidência baixa de lesões. Essas informações reforçam a necessidade de realizar rodízio entre os jogadores e selecionar as melhores estratégias de recuperação para manter uma baixa taxa de lesões entre os atletas durante os períodos de jogos sucessivos em curto espaço de tempo. O desenvolvimento da fadiga após um jogo de futebol tem sido associado à depleção dos estoques de glicogênio musculares (Mohr et al., 2005), onde, por exemplo, têm demonstrado um elevado número de fibras musculares esgotadas de glicogênio (Bendiksen et al., 2012). A recuperação do desempenho e do glicogênio muscular depois de um jogo foi estudada e apresentam fase de recuperação lenta com duração entre 48 e 72 h (Gunnarsson et al., 2013; Bendiksen et al., 2012; Nybo, 2012) e pode ser associada com o dano muscular e / ou uma severa resposta inflamatória (Nedelec et al., 2012). Esta opinião é corroborada pela elevação observada de atividade da creatina quinase plasmática (CK), mioglobina (Nybo, 2012; Thorpe ; Sunderland, 2012), e vários marcadores inflamatórios (Thorpe ; Sunderland, 2012; Heisterberg et al., 2013; Fatouros et al., 2010) durante o mesmo espaço de tempo. Por exemplo, Heisterberg et al. (2013) mostraram que certas subpopulações de leucócitos aumentaram durante a temporada em comparação com uma pré-temporada exigente, uma descoberta que destaca o estresse fisiológico de múltiplos jogos no futebol. Recentemente, Mohr et al. (2016) verificaram que a recuperação do desempenho pós-jogo e adaptações inflamatórias em resposta a um microciclo semanal com três jogos demonstraram um padrão de resposta diferente, com fortes indícios de um maior estresse fisiológico e um grau de fadiga pós-jogo depois do jogo meio (segundo jogo) foi precedida onde a recuperação foi de apenas 3 dias. As corridas de alta intensidade durante o segundo jogo da série de 3 partidas consecutivas foi 7-14% menor em comparação com o jogo 1 e jogo 3. O desempenho em teste de RSA diminuiu no grupo experimental cerca de 2-9% 3 dias pós-jogo, sendo que após o jogo 2 foi observado o maior comprometimento do desempenho. Para o grupo experimental, o jogo aumentou a sensação de dor muscular (~ sete vezes) em relação ao grupo controle, sendo que o jogo 2 induzindo a maior subida, enquanto a amplitude de movimento do joelho foi atenuada pós-jogo no grupo experimental comparado com o grupo controle (5-7%) e recuperou mais lento pós o jogo 2 e 3 do que pós o jogo 1. Os marcadores CK, PCR, sVCAM-1, P-selectina e Cortisol atingiram o pico 48 h pós jogos com o jogo 2 provocando o maior aumento. As respostas na contagem de leucócitos, testosterona, IL-1β e IL6, embora alterados 24 h após cada jogo, foram comparáveis entre os jogos. O

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Análise do desempenho físico de jogo

Plasma TBARS e a oxidação de proteínas aumentaram ~ 50% pós-jogos com o jogo 2 provocando o maior aumento com 48 h de recuperação. A razão de glutationa oxidada (GSSG) diminuiu 24 h após todos os jogos com o jogo 2 mostrando a recuperação mais lenta. A capacidade antioxidante total e a atividade da glutationa peroxidase aumentaram (9-56%) durante 48 h, em resposta ao jogo. Tudo isso tem implicações importantes para a escolha dos treinamentos e na formação de jovens jogadores. Em primeiro lugar, em termos de condicionamento físico, a ênfase deve ser colocada no desenvolvimento da capacidade de realizar sprints repetidos com intervalos curtos de recuperação. Embora estudos recentes mostrem que o futebol tem um componente grande de resistência, a capacidade de executar sprints e recuperar-se rapidamente é cada vez mais importante. Em segundo lugar, o desenvolvimento de velocidade de sprint é uma necessidade cada vez maior. Em terceiro lugar, desenvolvimento da técnica e de tomada de decisão deve ser enfatizado. A capacidade de jogar dentro e fora de espaços apertados é fundamental como é a capacidade para as equipes de organizar-se rapidamente em situações de defender e atacar. Finalmente, a capacidade de criar chances de gol e a capacidade de se defender contra bolas paradas pode afetar o resultado do jogo.

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Livros da Coleção Literária 1.

Fragmentos Históricos da Regulamentação da Profissão de Educação Física e da Criação e Desenvolvimento do CREF4/SP

2.

O Desporto Paralímpico Brasileiro, a Educação Física e profissão

3.

Treinamento de força: saúde e performance humana

4. Faculdade Aberta para a Terceira Idade: educação para o envelhecimento e seus efeitos nos participantes 5.

Gestão, Compliance e Marketing no esporte

6.

Ginástica laboral e saúde do trabalhador Saúde, capacitação e orientação ao Profissional de Educação Física

7.

Projeto Desporto de Base (PDB): 30 Anos de História e Realizações (1989/2019)

Um breve relato de experiência da cidade de Piracicaba/SP e uma proposta metodológica para programas de formação e lazer físico-esportivo

8. Estratégias de Recuperação e Controle de Carga de Treinamento 9. Atividade Circense Ações pedagógicas na licenciatura e no bacharelado

10. Os primeiros passos em Fisiologia do Exercício: Bioenergética, Cardiorrespiratório e gasto energético 11. Eu não estudei para isso: temas emergentes no estágio em Educação Física 12. Métodos contemporâneos para elaboração de programas de treinamento de esportes de alto rendimento 13. Dinâmicas lúdicas no ambiente corporativo: da teoria à prática 14. Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor 15. Leis de incentivo ao asporte: novas perspectivas para o desporto brasileiro 16. Memórias de Boas Práticas no Esporte: Profissionais de Educação Fisica no contexto do olimpismo 17. Paralelos entre a iniciação competitiva precoce e a formação de técnicos de Judô 18. Hiit Body Work: a nova calistenia 19. Recomendações para prática de atividade fisica e redução do comportamento sedentário 20. Orientações para avaliação e prescrição de exercícios físicos direcionados à saúde


Este livro, composto com tipografia Palatino Linotype e diagramado pela Malorgio Studio, foi impresso em papel Offset 90g pela Teixeira Impressão Digital e Soluções Gráficas Ltda para o CREF4/SP, em Novembro de 2019.


COLEÇÃO LITERÁRIA EM HOMENAGEM AOS 20 ANOS DA INSTALAÇÃO DO CREF4/SP O Conselho Regional de Educação Física da 4ª Região – CREF4/SP foi instituído pela Resolução CONFEF nº 011/1999 e a designação e posse de seus primeiros conselheiros, membros efetivos e suplentes, pela Resolução CONFEF nº 017, de 29/10/1999, com jurisdição no Estado do São Paulo e sede na sua capital. No dia 06 de dezembro de 1999, em ato solene de sua instalação nas dependências do prédio de administração do Ginásio do Ibirapuera, o CREF4/SP iniciou sua história. Passados 20 anos, com sede em local privilegiado e de fácil acesso aos Profissionais de Educação Física do Estado, mudaram Conselheiros e Diretorias, mas os objetivos deste Conselho permanecem os mesmos: garantir à sociedade o direito de ser atendida com excelência por Profissionais de Educação Física, habilitados pelo registro; normatizar, fiscalizar e orientar o exercício da profissão, de acordo com o que preconiza o Código de Ética Profissional. Organizamos uma Coleção de 20 livros com o objetivo de proporcionar atualização de conhecimentos do Profissional com leituras variadas e de qualidade, tendo como proposta a orientação e o aumento do acervo de obras destinadas à Educação Física. Os livros que compõem esta coleção possuem temas diversificados, abrangendo as áreas de: história, desporto paralímpico, treinamento, gestão, atividades para terceira idade, ginástica laboral, desenvolvimento de projetos, controle de carga, atividades circenses, fisiologia do exercício, escola, esportes, ludicidade, legislação, relatos de experiências, exercício e saúde, e combate ao sedentarismo. Esperamos que a Coleção Literária, em Homenagem aos 20 anos da Instalação do CREF4/SP, colabore com o fortalecimento de nossa Profissão.

Conselheiros do CREF4/SP “Somos nós, fortalecendo a Profissão”

ISBN 978-85-94418-34-0

9 788594 418340 >


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