“PROJETO DESPORTO DE BASE” (PDB): 30 ANOS DE HISTÓRIA E REALIZAÇÕES (1989/2019)
AUTOR
JOÃO FRANCISCO RODRIGUES DE GODOY
Projeto Desporto de Base (PDB): 30 anos de história e realizações (1989/2019)
Conselho Regional de Educação Física da 4a Região – CREF4/SP
Conselheiros Ailton Mendes da Silva Antonio Lourival Lourenço Bruno Alessandro Alves Galati Claudio Roberto de Castilho Erica Beatriz Lemes Pimentel Verderi Humberto Aparecido Panzetti João Francisco Rodrigues de Godoy Jose Medalha Luiz Carlos Carnevali Junior Luiz Carlos Delphino de Azevedo Junior Marcelo Vasques Casati Marcio Rogerio da Silva Marco Antonio Olivatto Margareth Anderáos Maria Conceição Aparecida Conti Mário Augusto Charro Miguel de Arruda Nelson Leme da Silva Junior Paulo Rogerio de Oliveira Sabioni Pedro Roberto Pereira de Souza Rialdo Tavares Rodrigo Nuno Peiró Correia Saturno Aprigio de Souza Tadeu Corrêa Valquíria Aparecida de Lima Vlademir Fernandes Wagner Oliveira do Espirito Santo Waldecir Paula Lima
Prof. Ms. João Francisco Rodrigues de Godoy (Prof. Johnny)
Projeto Desporto de Base (PDB): 30 anos de história e realizações (1989/2019) Um breve relato de experiência da cidade de Piracicaba/SP e uma proposta metodológica para programas de formação e lazer físico-esportivo
2019
Comissão Especial da Coleção Literária 20 anos da Instalação do CREF4/SP Responsáveis, junto a diretoria do CREF4/SP, pela avaliação, aprovação e revisão técnica dos livros Prof. Dr. Alexandre Janotta Drigo (Presidente) Profa. Ms. Érica Beatriz Lemes Pimentel Verderi Prof. Dr. Miguel de Arruda
Editora
Revisão
Malorgio Studio
Viviane Rodrigues
Coordenação editorial
Imagens de capa
Paolo Malorgio
Projeto Desporto de Base (PDB)
Capa
Projeto gráfico e diagramação
Felipe Malorgio
Rodrigo Frazão
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Agência Brasileira do ISBN - Bibliotecária Priscila Pena Machado CRB-7/6971
Copyright © 2019 CREF4/SP Todos os direitos reservados. Conselho Regional de Educação Física da 4a Região - São Paulo Rua Líbero Badaró, 377 - 3o Andar - Edifício Mercantil Finasa Centro - São Paulo/SP - CEP 01009-000 Telefone: (11) 3292-1700 crefsp@crefsp.gov.br www.crefsp.gov.br
Agradecimentos
Antes de tudo, a Deus: De quem recebemos a dádiva da vida e as bençãos na jornada, e a quem confiamos nossos passos !!! À nossa Família: Nesse período do Projeto Desporto de Base, de 30 anos, perdemos e ganhamos preciosidades da vida: Aos meus pais João e Ruth, que já nos deixaram; meu amor e minha gratidão pelo exemplo e por tudo que sempre fizeram por mim. Às minhas filhas Bárbara e Bianca, que cresceram nos ouvindo falar desse trabalho, participaram, e que muitas vezes nos acompanharam nas atividades; meu amor e admiração pela dedicação que vocês tem às suas vidas, e pela esperança que nos trazem na nova geração que vocês fazem parte. Em nosso Trabalho: Dedicamos este livro a todos Profissionais de Educação Física, aos meus Professores e Orientadores, aos Secretários e Gestores, Dirigentes, Técnicos Esportivos, Estagiários, Bolsistas e os Servidores da Secretaria de Esportes, Lazer e Atividades Motoras e da Secretaria de Saúde, com quem, todos juntos, pudemos superar as dificuldades encontradas na difícil busca de um novo Desporto. E, em especial, dedicamos este e todo nosso trabalho ao longo dos anos, àqueles que nos motivaram a transpor as “barreiras” do esporte, e com os quais comemoramos muitos “gols”, “pontos” e “vitórias”, vestindo a “camisa” do “Projeto Desporto de Base”: Nossos alunos e atletas, razão maior de toda nossa dedicação e trabalho. Com afeto, carinho, respeito e amizade.
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Em especial: Ao meu professor, colega de trabalho, orientador na vida acadêmica e profissional, e querido e estimado amigo (quimbolista também rs): o Prof. Dr. Wagner Wey Moreira; Ao saudoso professor, diretor, secretário, colega de trabalho e querido e estimado amigo: o Prof. José Carlos Callado Hebling (“in memorian”); Ao professor, secretário, colega de trabalho, companheiro de Panathlon e querido e estimado amigo: o Prof. Ms. Rubens Leite do Canto Braga; Ao secretário, colega de trabalho, companheiro de tantas lutas, jornadas e desafios no esporte e pelo esporte, e querido e estimado amigo (boleiro também rs): o Dr. Pedro Antonio de Mello; E a todos meus queridos amigos, colegas de profissão e entusiastas conselheiros do CREF4/SP, aos quais aqui reitero meu apreço e profundo respeito e consideração.
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“ Prá gente que é criança, é tudo muito legal, prá gente aprender mais, prá gente viver melhor ! “ Adão, 14 anos, aluno de futebol do PDB – Núcleo do Bairro São Dimas (26 de Julho de 1991)
Alunos de Futebol do PDB – Núcleo do Bairro São Dimas, ladeados pelos Professores do Núcleo, Mário Luiz de Almeida Leme e João Francisco Rodrigues de Godoy (o Johnny): durante um Festival Esportivo no Estádio Barão da Serra Negra
Sumário Apresentação ............................................................................................................ 11 Resumo ...................................................................................................................... 13 Capítulo 1
Introdução ................................................................................................................. 17 Capítulo 2
Um pouco de nossa relação com o esporte .......................................................... 21 Capítulo 3
O programa esportivo e de lazer denominado “Projeto Desporto de Base (PDB)” .................................................................. 27 Capítulo 4
Esporte de Representação, Esporte de Competição e/ou de Rendimento: uma breve e oportuna conceituação e reflexão ..................... 31 O Esporte de Rendimento e/ou de Representação, e seus aspectos socio-esportivos.. 35 Um breve histórico ............................................................................................... 39 O Desporto: conceitos, lazer, legislação e reflexão................................................ 42 O Esporte e o Poder Público ................................................................................. 66 O cenário da época e o caso do município de Piracicaba ...................................... 69 Capítulo 5
O PDB – “O Projeto Desporto de Base” enquanto uma Política de Esportes e Lazer. Uma proposta metodológica ....................................... 81 Capítulo 6
O PDB e seu reconhecimento social: o CMDCA de Piracicaba e outras instâncias ........................................................................................... 107 Capítulo 7
PDB: oportunização para novos talentos, para atletas em formação ou já em carreira esportiva ............................................................................. 109 Capítulo 8
Um legado para o esporte: atletas e técnicos de destaque que atuam ou que atuaram em nossos Núcleos de Formação Esportiva e/ou em nossas Equipes de Competição ............................................................. 119
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Capítulo 9
Um legado para a vida: um relato de caso para além do esporte ................... 139 Conclusão ................................................................................................................ 143 Depoimentos ........................................................................................................... 145 Referências .............................................................................................................. 157 Anexos ..................................................................................................................... 163
Apresentação
Esta é a segunda coleção literária que o Conselho Regional de Educação Física da 4ª Região - CREF4/SP lança, dessa vez para comemorar os 20 anos da sua instalação. O fato histórico de referência é a Resolução 011 de 28 de outubro de 1999, publicada pelo CONFEF, que fixou em seis, o número dos primeiros CREFs e, entre eles, o CREF4/SP, com sede na cidade de São Paulo e jurisdição em nosso Estado. Nesse momento, remeto-me à luta que antecedeu essa conquista, e que se iniciou com a “batalha” pela regulamentação de nossa profissão, marcada pela apresentação do Projeto de Lei nº 4.559/84, mas que somente foi efetivada pela Lei 9.696/98, passados 14 anos do movimento inicial no Congresso Nacional. Logo após essa vitória histórica, a próxima contenda foi a de atender aos requisitos estabelecidos pelas normas do CONFEF para a abertura de nosso Conselho, que à época exigia o registro de 2 mil profissionais. Com muito orgulho me lembro da participação de minha cidade natal - Rio Claro - neste contexto, por meio do trabalho iniciado pelo Prof. José Maria de Camargo Barros, do Departamento de Educação Física da UNESP. Vários professores e egressos dos Cursos se mobilizaram para inscreverem-se e buscarem novas inscrições em nossa cidade, tarefa na qual me incluí, tendo número de registro 000200-G/SP. Atualmente o CREF4/SP é o maior Conselho Regional em número de registrados, com uma sede que, além de bem estruturada, está bastante acessível aos Profissionais que se direcionam para a capital, estando próximo às estações de metrô São Bento e Anhangabaú. Também conta com a Seccional de Campinas bem aparelhada e atuante em prol da defesa da sociedade e atendimento aos Profissionais de Educação Física. Tudo isso demonstra que esses 20 anos foram de muito trabalho e empenho para a consolidação de nossa profissão, e assim destaco a força de todos os Conselheiros do passado e do presente e dos valorosos empregados que ajudaram a construir esta realidade.
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Por isso insistimos em comemorar, agora os 20 anos do CREF4-SP, oferecendo aos Profissionais de Educação Física, aos estudantes, às instituições de formação superior, bibliotecas e à sociedade uma nova Coleção Literária composta de 20 obras, uma para cada ano do aniversário. Buscamos permanecer “orientando o exercício profissional, agindo com excelência, justiça e ética”, uma das missões de nosso Conselho. Enquanto Presidente do Conselho Regional de Educação Física da 4ª Região (CREF4/SP) apresento a Coleção Literária em Comemoração aos 20 Anos da Instalação do CREF/SP, composta por livros que procuraram acolher as necessidades do campo profissional, atendendo o quesito de diversificação de contextos e de autores, priorizando temas inéditos em relação ao que vem sendo produzido por este Conselho. O faço na esperança de que os Profissionais de Educação Física leitores dessas obras demostrem o mesmo empenho e amor pela profissão que seus próprios autores dedicaram, oferecendo seu tempo e cedendo os direitos autorais dessa edição, tanto em relação ao livro físico quanto à versão digital de forma voluntária. Com esse gesto entram em conformidade com os pioneiros do CREF4/SP que assim o fizeram, e de certa forma ainda fazem, afinal não é por acaso que nosso lema atual é: “Somos nós, fortalecendo a profissão!” Parabéns para nós Profissionais de Educação Física do Estado de São Paulo.
Nelson Leme da Silva Junior Presidente do CREF4/SP
Resumo
Este breve Relato de Experiência e Proposta Metodológica para Programas de Formação Esportiva e de Lazer Físico-Esportivo, sistematiza uma experiência concreta de implantação e desenvolvimento de um Projeto na área dos esportes e do lazer, contextualizado na realidade do município de Piracicaba, atualmente com 400.949 habitantes (300.000 habitantes na época da implantação do Projeto), interior do estado de São Paulo. Este Projeto, implantado no ano de 1989, através da então, Coordenadoria de Esportes, Lazer e Turismo da Prefeitura do Município (Cetel), o PROJETO DESPORTO DE BASE (PDB) marcou o início de uma nova diretriz para o esporte piracicabano; mais que um Projeto, tal trabalho simbolizou a possibilidade de viabilização de uma Política Municipal para o Esporte e o Lazer que buscava, prioritariamente, oportunizar a prática fisico-esportiva aos munícipes (crianças, adolescentes, jovens, adultos, pessoas com deficiência, pessoas da 3ª idade e idosos), pois entendemos que todas as pessoas tem o direito constituído, não apenas à assistir espetáculos esportivos, mas também a praticar, conhecer e vivenciar esses esportes; já que a manifestação esportiva é hoje, um dos maiores, senão o maior fenômeno cultural contemporâneo, envolvendo todas camadas e segmentos sociais, bem como as mais diversas faixas etárias. Estruturado numa ampla, diversificada e necessária rede de inter-relações na sociedade: apoio imprescindível da iniciativa privada em seu início por meio do Grupo Empresarial Dedini; apoio técnico-científico das universidades Unicamp e Unimep; diálogo constante com a comunidade e seus representantes; e principalmente “vontade política” das administrações que se sucederam na continuidade e na coordenação do Projeto. Nesse contexto o PDB encontrou condições propícias para sua implantação e desenvolvimento, e hoje, após 30 anos de constantes adaptações, alterações e reestruturações devido a sua concepção dialética, dinâmica e contextualizada na sociedade, o Projeto constitui-se como um Programa Permanente
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“Projeto Desporto de Base” (PDB) 30 anos de história e realizações (1989/2019)
de Esportes e Lazer no município. A sua forma de atuação, com relação a formação esportiva, adota uma metodologia composta por 3 fases distintas, interligadas, mas não necessariamente progressivas: Fase I - Lúdica, recreativa e de iniciação esportiva específica; Fase II - Aperfeiçoamento técnico-esportivo; Fase III - Treinamento esportivo, especialização e performance de alto rendimento. Todo o trabalho é desenvolvido por profissionais de educação e técnicos esportivos, além da participação de estagiários e atletas-bolsistas, atendendo diariamente e diretamente a cada ano cerca de 4.200 alunos em 400 turmas e em 26 modalidades esportivas distribuídas em mais de 47 comunidades / bairros do município, além de cerca de 1500 atletas; sendo que as atividades são desenvolvidas nos próprios esportivos municipais (ginásios, piscinas, quadras, salas, campos de futebol, entre outros espaços), escolas, centros comunitários e outros locais específicos. As aulas e os treinamentos ocorrem de 2 à 5 vezes por semana dependendo da modalidade, da época e do nível de treinamento dos alunos / atletas, abrangendo várias categorias. Enquanto um Programa que trabalha com concepções teóricas e metodológicas também do Lazer (atividades de interesse cultural físico-esportivo vivenciadas no tempo disponível) propõe e desenvolve 3 tipos de ações: Ação Frequente - Atividades desenvolvidas 2 ou mais vezes por semana, como aulas e treinamentos; Eventos de Apoio - Festivais e Encontros Esportivos das modalidades, competições comunitárias e internas, intercâmbios esportivos, entre outras; Eventos de Impacto – Jogos Comunitários, Desfiles, Dia do Desafio, Jogos e Competições Oficiais Estaduais, Jogos Estudantis, Jogos Escolares, Jogos Universitários, Eventos Específicos de cada Modalidade, entre outros; concretizando-o assim também como um Programa Permanente de Lazer, e atendendo inclusive outros interesses culturais do Lazer eventualmente. Entretanto, uma Política de Esportes e Lazer não deve limitar-se a um Programa de Atividades e Eventos, portanto estabelecemos, também, uma proposta vinculada ao projeto de Utilização de Espaços e Equipamentos - dessacralização dos espaços, redefinição de critérios de utilização e animação dos espaços já existentes, acesso aos equipamentos e utilização de materiais esportivos de boa qualidade e em quantidade ideal; e de Recursos Humanos - contratação, adequação, capacitação, especialização e formação de quadros. Quebrando a ordem social vigente, de investimento de recursos e bens públicos apenas no esporte de alto rendimento e na elite esportiva. Concretizamos essa nova proposta para o Esporte e o Lazer em Piracicaba, através de uma política de ação e, especialmente através de um projeto - O PROJETO DESPORTO DE BASE (PDB), que propiciou a possibilidade de opção e acesso, a esse conteúdo cultural - o esporte, a uma significativa parcela da comunidade piracicabana e já por várias gerações (30 anos de atividades
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Resumo
ininterruptas). Somássemos rapidamente nosso atendimento médio anual direto (pois indiretamente acabamos por atender um público ainda muito maior nos eventos de apoio e de impacto), pelo período de 30 anos, teríamos um atendimento de 171.000 alunos e atletas que receberam atendimento direto nas diversas modalidades do PDB nesses anos. Dados os primeiros, e muitos passos a seguir, em direção a um novo Desporto (Programa de médio e longo prazo), resta-nos sempre continuar a caminhada nesse difícil e dinâmico trabalho, partindo a cada ano, apesar de não termos apoio permanente do Estado e da União (carecemos de um Sistema Único de Esportes e Lazer – SUEL, no País), para sua ampliação e qualificação constante. Efetivou-se nesse período o processo de integração nessa área com outras secretárias e órgãos públicos do município, e mesmo fora, por meio de Federações e Confederações como exemplo, o que ampliou ainda mais as oportunidades de acesso as atividades físico-esportivas de qualidade por parte da comunidade e dos alunos, e através da capacitação dos recursos humanos, intensificam-se as possibilidades da educação para e pelo lazer (duplo aspecto educativo do lazer), bem como da superação do simples divertimento para a busca do desenvolvimento pessoal e social através da vivência esportiva e, também, da possibilidade de passagem de um nível de prática elementar e conformista, para uma prática crítica e criativa, dessa envolvente e hegemônica manifestação cultural da humanidade – O Desporto; talvez assim, e desta forma, contribuiremos ainda mais, e a cada dia, para que o Desporto seja um espaço de transcendência para o homem, onde o Homem aprenda a ser mais …. HUMANO !!!
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Capítulo 1
Introdução
Este breve Relato de Experiência e Proposta Metodológica para Programas de Formação Esportiva e de Lazer (Interesses Fisico-Esportivos), em especial na área das Políticas Públicas Temáticas, teve sua gênese no município de Piracicaba/SP-BRA no ano de 1989. Município de porte médio do interior do estado, atualmente com 404.142 habitantes (na época 300.000 habitantes), segundo estimativa de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e com excelentes indicadores e índices de qualidade de vida da população, e que tem se destacado na última década por meio de várias avaliações nesse sentido em nível nacional, por vários órgãos públicos e instituições independentes. Como exemplos, Piracicaba atualmente lidera o ranking nacional que avalia o saneamento básico em municípios com mais de 100 mil habitantes no país. O resultado foi divulgado em 2019 pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental - Abes, que avaliou 231 municípios em todo o país. Piracicaba está em primeiro lugar entre 14 municípios que conseguiram pontuação acima de 489, índice que classifica os municípios como “rumo à universalização” do saneamento básico. O ranking avalia abastecimento de água, coleta de esgoto, tratamento de esgoto, coleta de lixo e destinação de resíduos, além de números de internações por falta de saneamento. Piracicaba é também o segundo melhor município do Brasil, revelou recentemente ranking da Macroplan. O desenvolvimento dos municípios tem sido observado bem de perto ao longo dos anos, isso porque o avanço tecnológico tende a auxiliar na aplicação das políticas públicas, contribuindo para o desenvolvimento dos municípios. Por isso, a Macroplan desenvolveu o relatório Desafios da Gestão Municipal (DGM), que mapeou o desenvolvimento dos municípios ao longo dos anos. De acordo com a consultoria, o levantamento tem como objetivo auxiliar os prefeitos e suas equipes a
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“Projeto Desporto de Base” (PDB) 30 anos de história e realizações (1989/2019)
superar os desafios críticos ao desenvolvimento, sobretudo no atual cenário de crise econômica e restrições fiscais. O estudo englobou as 100 cidades mais populosas do Brasil, que representam 1,8% do total de municípios do país, mas que são responsáveis por 50% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. A pontuação estabelecida para cada município é baseada em sete categorias: educação, saúde, segurança, saneamento, população e economia, gestão pública e transparência e situação fiscal; em que quanto mais próximo do número 1, melhor são os serviços oferecidos. O município de Piracicaba, no interior de São Paulo, ficou em segundo lugar no ranking. Com 0,721 pontos, ela ficou atrás apenas de Maringá, no Paraná, que pontuou 0,731 pontos. A cidade do interior paulista registrou um grande salto no ranking, de 2002 a 2015, o município subiu 12 posições. Já no quesito Educação, o município de Piracicaba ficou na 1ª posição, alcançando a pontuação de 0,645 pontos. Os critérios avaliados nessa categoria são: Matrículas em creche sobre o total de crianças de 0 a 3 anos de idade; Matrículas na pré-escola sobre o total de crianças de 4 e 5 anos de idade; Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) Ensino Fundamental I – Público; IDEB Ensino Fundamental II – Público e o número de Museus por 100 mil habitantes. Esta rápida contextualização inicial do município, torna-se importante para o leitor se referenciar na localização e no contexto onde se desenvolveu e está em atividade o programa esportivo que vamos relatar a seguir, neste livro. Este breve relato de experiência na história do esporte em nosso país, não intencionalmente parodiando já nesta chamada, mas um título que nos remete à lembrança de importantes obras literárias, como a do brilhante físico britânico Stephen W. Hawking autor de “Uma breve história do tempo”, e do professor de história israelense Yuval Noah Harari autor de “Uma breve história da humanidade”, cujas obras recomendo pois nos levam a uma profunda reflexão de nossa própria existência no contexto do universo e de nossa condição humana, e sem a condição de coexistência humana coletiva não se concebe o esporte, nem tampouco seu surgimento, já que o mesmo é um fenômeno que surge no seio de nossa evolução e do processo civilizatório ao longo da nossa História. É no processo evolutivo do “homo sapiens’, a única espécie de humano que restou, que surge o que o Prof. Jorge Bento chama de “homo sportivus” (MOREIRA W.W. Formação profissional em ciência do esporte: homo sportivus e humanismo. In: BENTO J.O., Moreira WW. Homo sportivus: o humano no homem, Belo Horizonte: (Instituto Casa da Educação Física; 2012, p.113-180).
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Introdução
Na condição de “homo sportivus”, na qual me incluo, como esportista e apaixonado pelo tema e pela prática, e na convivência com outros tantos colegas da mesma “espécie” (rs) ao longo da vida, foi que alguns sonhos acabaram por se tornar realidade no âmbito do esporte. É o caso deste programa esportivo o qual relataremos nas próximas páginas ao amigo leitor, o qual surge pelo sonho de algumas pessoas de nossa área de profissão, qual seja, a Educação Física, e como algo que permeou sempre a vida de cada um de nós, envolvidos em sua gênese, criação, implantação, e posteriormente sua consolidação ao longo de toda sua trajetória de 30 anos de história.
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Capítulo 2
Um pouco de nossa relação com o esporte
Certamente, assim como para a maioria dos brasileiros (pelo menos de minha geração, rs), o esporte fez parte de toda minha infância, adolescência e juventude, desde os primeiros passos em casa e no seio da família, até a vivência no ambiente escolar e/ou em “escolinhas esportivas” (assim chamadas na época). Passando posteriormente para as competições escolares e assim por diante, até as competições universitárias e regionais. Após toda uma vivência de aulas e treinamentos ao longo desses anos, acabei por ingressar na ESALQ – USP em 1981, onde cursei Agronomia até 1982, época de muitas experiências com inúmeras modalidades e atletas oriundos de diversos lugares do país e até do exterior. Apesar de gostar muito da área acadêmica escolhida para minha formação superior e futura profissão, não podia deixar de perceber meu encantamento cada vez maior com o esporte, seu universo, e suas diversas manifestações. Isso muito devo também aos profissionais de educação física (na época ainda não havia essa denominação) que atuavam naquela universidade e que faziam (uns fazem até hoje) um ótimo trabalho na educação física e no esporte universitário. Depois de muita vivência no esporte universitário, e em várias modalidades (nunca me interessei pela dedicação única e exclusiva em apenas uma modalidade), comecei a colaborar com a centenária Associação Atlética e Acadêmica Luiz de Queiroz – AAALQ, “A Gloriosa” (já com 116 anos de tradição), da qual fiz parte como atleta de várias modalidades, e inclusive como auxiliar técnico e treinador de algumas equipes universitárias, as quais competiam em Jogos Universitários por todo estado e país. Inevitavelmente, e convivendo mais nos ambientes esportivos do que nos próprios laboratórios do Curso de Engenharia Agronômica (rs), percebi que deveria buscar outros sonhos e horizontes. Tranquei minha matrícula na
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“Projeto Desporto de Base” (PDB) 30 anos de história e realizações (1989/2019)
ESALQ-USP por um período, prestei vestibular e passei a cursar o Curso de Educação Física na Unimep em Piracicaba. Para resumir uma longa história, acabei por me encantar com os estudos e com a futura profissão que acabaria por escolher, e nunca mais retornei para o Curso de Agronomia da ESALQ USP, onde deixei grandes amigos e professores. Apenas, retornando às suas quadras e campos para competições universitárias, defendendo já então as cores da Unimep; e posteriormente, muitos anos depois, já na condição de Coordenador do Projeto Desporto de Base (objeto deste livro) para estabelecer e desenvolver parcerias com aquela instituição em seu Centro Esportivo. Mas, além desses momentos, não poderíamos deixar de registrar uma outra ocasião, pois foi um dos momentos mais emocionantes neste contexto esportivo e de grande significado em minha vida, ocorrido em 2015, quando fui homenageado pela instituição, já na época então na condição de Secretário Municipal de Esportes do Município recebendo um belíssimo troféu estilizado, pela minha dedicação junto ao esporte da instituição no período que lá estudei e defendi as cores da “gloriosa” AAALQ, vestindo a tradicional camiseta com o famoso “A Encarnado” estampado, o qual nos remete a própria história da instituição. A homenagem também estava relacionada ao apoio que dávamos, como Secretário na época, ao esporte universitário do município. Ao ingressar no Curso de Educação Física na Unimep, e já com um sonho intrínseco dentro de mim, mas que para o qual ainda não tinha a percepção, tive a felicidade e a honra de conhecer alguns renomados professores (hoje grandes amigos) os quais acabariam por fazer parte de minha vida acadêmica, e posteriormente (por obra do “destino”) de minha vida profissional, e com os quais, juntos, pudemos concretizar um sonho que veremos relatado ao longo deste livro. Na convivência acadêmica com os queridos mestres e conceituados professores e esportistas Prof Dr Wagner Wey Moreira, Prof Dr Idico Luiz Pellegrinotti, Prof José Carlos Callado Hebling (já falecido), entre outros queridos mestres, sem perceber, começava ali um sonho que se tornaria realidade alguns anos depois. Cada um de nós, e por vários caminhos, sempre tivemos em mente criar um programa de formação esportiva diferenciado, dentro de princípios teórico-acadêmicos, mas que não se distanciasse da prática possível de nossa difícil realidade enquanto país. Na convivência diária (algo extremamente rico e que nos cursos de Ensino a Distância ‒ EAD não ocorre) e nas aulas, sempre conversávamos sobre esses assuntos, nunca imaginando que um dia estaríamos juntos construindo a história desse importante Programa de Formação Esportiva denominado posteriormente de Projeto Desporto de Base (PDB).
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Um pouco de nossa relação com o esporte
Lembro-me bem que, oriundo de nossos estudos e conversas, e tendo a rara oportunidade, especialmente naquele momento sendo apenas um recém formado, de escrever um artigo para o mais importante veículo de comunicação do município na época, o Jornal de Piracicaba (onde passamos a ter uma coluna mensal sobre atividade física), publicamos um artigo sobre o esporte, e de certa forma sobre este nosso sonho coletivo, denominado: “Por uma pedagogia no esporte” (Jornal de Piracicaba, 10 de março de 1988 – Em anexo). Por caminhos distintos, e cada um seguindo sua história na Educação Física e no Esporte, viemos todos nos encontrar novamente trabalhando na Coordenadoria de Esportes de Piracicaba (Codespor), órgão que na época coordenava as ações do esporte no município de Piracicaba nos idos de 1989; Prof. José Carlos Callado Hebling, como Coordenador de Esportes do Município, Profs. Drs. Wagner Wey Moreira e Ídico Luiz Pellegrinotti como Assessores, e eu como Professor convidado trabalhando no processo de implantação dos Núcleos de Formação Esportiva do Projeto Desporto de Base (PDB). Nesse período, foi criado e implantado em nosso município esse Programa o qual chamamos carinhosamente de PDB, por iniciativa desses renomados e, porque não dizer, sonhadores Profissionais de Educação Física; mas não podemos deixar de citar, tudo isso com a confiança e imprescindível apoio do então Prefeito Municipal o Prof. e Economista José Machado, que acreditou no “sonho” de seu Secretário e Assessores, e com os quais tive a oportunidade, o prazer e a honra de fazer parte dessa difícil missão: a implantação como professor de vários Núcleos do PDB; e posteriormente assumindo as honrosas funções como Coordenador de Eventos do Programa, Coordenador Geral, e mais a frente ocupando o cargo de Chefe do Setor de Esporte de Formação, o qual ocupei por vários anos. Nunca imaginaríamos que tal concepção, ao longo da história se consolidaria de tal forma que perpassaria inúmeras administrações públicas e governos municipais, e continua ainda, cada vez mais forte, com seu firme desígnio de contribuir com a democratização do acesso ao esporte, com a formação esportiva e com o lazer de milhares de crianças, adolescentes e jovens que anualmente passam pelo excelente trabalho dos Profissionais de Educação Física da administração pública municipal de Piracicaba, e das Associações Parceiras. Após esse período de implantação, continuei minha carreira no setor público como professor concursado da já então Secretaria de Esportes, Lazer e Turismo (em cujo concurso fui o 1º Colocado na Classificação Geral, o que muito nos honra), posteriormente denominada por minha sugestão em 1997 de Secretaria de Esportes, Lazer e Atividades Motoras (SELAM), onde então continuei com minha contribuição ao PDB como Professor, depois de forma
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“Projeto Desporto de Base” (PDB) 30 anos de história e realizações (1989/2019)
indireta então na condição de Coordenador do PDB, Chefe do Setor de Esportes de Formação e posteriormente como Diretor do Departamento de Esportes, Lazer e Atividades Motoras, encerrando esse ciclo como Secretário Municipal de Esportes, Lazer e Atividades Motoras (foram 27 anos de contribuição e trabalhos junto ao PDB, de 1989 à 2016). Nesse momento, não poderia deixar de agradecer aqui de público e deixar registrado, a confiança em mim depositada, para que ocupássemos o cargo de Secretário Municipal de 2013 a 2016; ao Dr Pedro Mello (na época deixando a Secretaria de Esportes e assumindo a Secretaria de Saúde) pela honrosa indicação, e ao Prefeito Municipal na época, o Prof. Dr. Gabriel Ferrato dos Santos, pela confiança e pela parceria nos 4 anos que trabalhamos juntos pela nossa população e pela nosso município; meu muito obrigado pela oportunidade e confiança, ao que esperamos ter atendido em todas as expectativas e responsabilidades do honroso cargo. Ao longo desses 30 anos de uma bonita história e de um profícuo trabalho, muitos Profissionais de Educação Física deixaram sua imensurável contribuição junto à milhares de crianças, adolescentes e jovens que passaram por esse programa socioeducativo nesse período, que envolve o Esporte e o Lazer, como veremos a seguir quando abordaremos os seus aspectos metodológicos. Não poderíamos ter maior satisfação e alegria neste ano, de poder escrever este livro, como parte do Selo Literário Comemorativo aos 20 anos da criação do Conselho Regional de Educação Física da 4ª Região – São Paulo (CREF4/SP), e também pelos 30 anos de existência do Projeto Desporto de Base (PDB) em Piracicaba. Uma coincidência ímpar, e um momento muito especial, não apenas para minha vida profissional, como co-participante de todo esse processo da história do PDB e também como Conselheiro Regional do CREF4/SP, mas certamente para todos que contribuíram ou continuam contribuindo com o nosso PDB. Cabe-nos neste momento, e não poderíamos deixar de fazê-lo, em agradecer e elogiar o nosso Conselho de Classe pela iniciativa ímpar, a qual já foi coroada de êxito quando do Lançamento do Selo Literário dos 20 Anos da Regulamentação da Educação Física em 2018. Parabéns a toda Diretoria e Conselheiros, por acreditar no registro da história da Educação Física e de seus Profissionais, e na disseminação do conhecimento produzido pelos mesmos, e por apoiar os colegas que ousam escrever e registrar sua modesta contribuição para com a nossa Sociedade.
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Um pouco de nossa relação com o esporte
Em 1989, como Professor do Projeto Desporto de Base com meus alunos / atletas do Voleibol do Núcleo do Mini Ginásio II
Em 2014, como Secretário de Esportes, na histórica conquista do Vice-Campeonato dos Jogos Abertos do Interior em Bauru
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Capítulo 3
O programa esportivo e de lazer denominado “Projeto Desporto de Base (PDB)”
O Projeto Desporto de Base (PDB) é um Programa Sócio-Esportivo que tem como principais objetivos o acesso de crianças e adolescentes a prática esportiva e a oportunização para a revelação e evolução de talentos nas diversas modalidades esportivas. Criado em 1989, desde então vem oferecendo Núcleos de Formação Esportiva por todas regiões do município atendendo todo ano cerca de 4.200 alunos semanalmente em atividades diárias, em 26 modalidades esportivas, os quais passam pela Iniciação - Fase I, pelo Aperfeiçoamento - Fase II, até o Treinamento Esportivo - Fase III, de acordo com seu talento e evolução, por meio das Parcerias e Convênios estabelecidos em cada modalidade. Além da prática regular os alunos participam de Encontros, Festivais, Intercâmbios Esportivos e Campeonatos Esportivos. De 2011 à 2013 recebeu fundamental apoio da empresa Caterpillar do Brasil por meio do Fumdeca / Cmdca, para a aquisição de materiais esportivos para diversos núcleos e modalidades. Possui inúmeras outras entidades parceiras como Clubes e Associações Esportivas do Município, Centros Comunitários, Escolas, Universidades entre outras instituições, como o Sistema “S” (SESC, SESI e SEST), e empresas. Também desenvolve trabalhos conjuntos com as Secretarias de Desenvolvimento Social, Educação, Saúde e Ação Cultural, bem como junto aos Conselhos Tutelares, CMDCA e a Vara da Infância e da Juventude. Teve seu início em 1989, mas foi a partir de 2005 que recebeu fundamentais e significativos investimentos em duas áreas nas quais estava carente: A Fase I, a qual foi extremamente intensificada com a contratação de dezenas de professores de Educação Física pela Secretaria Municipal de Educação, proporcionando o contato com o esporte a milhares de crianças por meio das aulas de Educação Física Escolar e por meio dos Jogos Infantis, que mobilizam
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anualmente todas Escolas Municipais, num universo de aproximadamente 20 mil crianças e adolescentes. E também nas Fases II e III por meio da Lei Municipal Nº 4.372, promulgada em 18 de dezembro de 1997 (mas que nunca havia recebido um aporte significativo de recursos), a qual possibilitou a formalização de Convênios de Parcerias com as principais associações esportivas do município, que já tinham um trabalho na área ou que detinham a expertise para tal. Esses Convênios possibilitaram alavancar o esporte do município em quase todas as modalidades, bastando ver a evolução nos gráficos que postaremos nos próximos capítulos, quando então Piracicaba sai do ostracismo nas principais competições esportivas do Estado e passa a ser uma das protagonistas, estimulando os jovens do município que possuem talento esportivo e resgatando até mesmo a auto-estima da população, em especial dos esportistas e de seus familiares. Trabalho que foi tão significativo que dezenas de atletas até mesmo de outros municípios do estado e do país passaram a querer representar nosso município nas competições, pois as associações podiam então oferecer bolsas de estudos, bolsas auxílio e ajuda de custos, boas condições para as competições, técnicos de alta competência e renomados, além da excelente infra-estrutura que foi criada a partir de 2005 que já vimos acima (vide o depoimento do atleta Samoel no Capítulo X). Para confirmar esse fato, basta verificar que em 2017, quando não pudemos formalizar os convênios com as associações devido às novas exigências do Marco Regulatório, como as modalidades careceram desse apoio ocorrendo um grande êxodo de nossos atletas, e total desestímulo ao esporte de rendimento quando então nosso município e as modalidades nem sequer tiveram as condições necessárias para competir de maneira adequada, devido ao advento do Marco Regulatório. Consequência disso pode ser verificada com a queda em todos os critérios de classificação de nossas equipes nas principais competições, pois sem o apoio do Poder Público, previsto e determinado em lei para o esporte de alto nível, os mesmos não sobrevivem. Basta ver a grande comoção nacional em prol do esporte que ocorreu no mês de junho de 2018, com a edição da Medida Provisória Nº 841/2018, que iria transferir praticamente todos recursos do Esporte para a Segurança Pública, afetando milhares de atletas e equipes diretamente. Entretanto, graças a uma grande mobilização do esporte nacional, da mídia esportiva, e dos políticos que apoiam o esporte, essa Medida foi revogada e mantidos todos os repasses às Confederações e Federações por meio da Lei Agnelo/Piva do Esporte.
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O programa esportivo e de lazer denominado Projeto Desporto de Base (PDB)
Cabe destacar que além da rotina de aulas e treinamentos do PDB, são realizados inúmeros Festivais Esportivos do Projeto Desporto de Base durante o ano todo. Inclusive, criamos em 2013 o Programa “Encontros Esportivos: o esporte Une” que sistematizou e congrega este tipo de atividades, o qual teve tal sucesso e reconhecimento que passou a receber apoio do CMDCA por meio do Fumdeca, e posteriormente do Governo Federal e do Governo Estadual para sua execução por meio da Lei Federal de Incentivo ao Esporte. Reúne cerca de 4.200 mil crianças e adolescentes anualmente, em Festivais, Encontros e Intercâmbios Esportivos entre os Núcleos Esportivos dos bairros do município e Associações Parceiras, em todas modalidades desenvolvidas no Projeto Desporto de Base. Além das atividades de Formação Esportiva, estão inseridas também no escopo do Programa PDB, o apoio aos Esportes de Rendimento (Equipes Representativas do Município), a chamada Fase III. Não temos como não falar deste importante contexto, qual seja o do Esporte de Competição, de Rendimento, ou de Representação (como prefiram), sem estabelecer de maneira bem clara sua relação com a Fase III do PDB, a qual esta relacionada a esse universo do Esporte. Mas antes, do que exatamente estamos falando ??!! Vejamos a seguir.
Programa “Encontros Esportivos: o esporte une”
Modalidade de Ginástica Rítmica (GR). Alunas ladeados pelo então Secretário de Esportes, Lazer e Atividades Motoras Prof. Ms. João Francisco Rodrigues de Godoy (o Johnny), e pela Profa. Esp. Maria Rosana da Silva Reis, Coordenadora dos Núcleos de Formação em GR da Selam
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Capítulo 4
Esporte de Representação, Esporte de Competição e/ou de Rendimento: uma breve e oportuna conceituação e reflexão
Esses termos usados no meio esportivo como Esportes de Representação, Esportes de Competição, Esportes de Alto Nível, Esportes de Alto Rendimento e/ou apenas Esporte de Rendimento, são terminologias que usamos, ou foram usadas ao longo dos anos, no meio esportivo para associar um determinado segmento do esporte, uma área do esporte a qual está relacionada ao universo das competições esportivas onde se exige um determinado nível de performance e de excelência técnica, de acordo é claro com o nível dos atletas que estamos abordando. Desde o segmento Escolar até o segmento de atletas Olímpicos e Paralímpicos. Portanto, quando falamos no decorrer dessas considerações, destes processos, pode-se entender Esportes de Representação como Esporte de Rendimento. E isso pressupõe-se vários níveis de representatividade, que poder ir desde um Mundial ou Olimpíada (onde os atletas e as equipes de rendimento representam um país), até competições Escolares e Universitárias (onde representam escolas e faculdades), passando pelos Jogos Regionais e Jogos Abertos do Interior (onde as equipes e atletas representam os municípios), que estão mais afetos e próximos da nossa realidade enquanto municípios. Feitas estas considerações e uma breve, mas considero, importante e oportuna reflexão, podemos continuar nossa breve história e “caminhada” rumo ao Desporto. Para tanto, e considerando as limitações em todos aspectos do Poder Púbico Municipal, e também as características inerentes ao processo competitivo e do esporte de rendimento, criamos em 1997 um importante mecanismo legal que buscasse dar conta dessa importante etapa no desenvolvimento dos atletas, e que atendesse às exigências da legislação e a realidade das associações que tinham a expertise esportiva e o interesse em apoiar e ajudar o Poder Público no desenvolvimento do esporte.
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Esse mecanismo legal criado em nosso município por minha solicitação e formulação, e que teve total apoio do então Secretário, o Prof Rubens Leite do Canto Braga, foi uma Lei Específica, a de Nº 4.372 de 18 de Dezembro de 1997, e que foi posteriormente consolidada em 2011 pela Lei Municipal Ordinária Nº 7.045 de 24 de Junho de 2011, a qual deu o amparo legal e as possibilidades de estabelecermos Convênios de Parcerias com as Associações e Clubes, para que as mesmas, com o suporte do Administração Municipal, pudessem desenvolver as várias modalidades mais tradicionais e, em especial, àquelas que fazem parte do rol das competições oficiais da Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude do Estado (SELJ), atualmente apenas denominada de Secretaria Estadual de Esporte, órgão do Governo Estadual responsável pela área do Esporte em São Paulo. Essas principais competições a que nos referimos, são os Jogos Regionais, os Jogos Abertos do Interior “Horácio Baby Barioni” e os Jogos Abertos da Juventude. Além, é claro, das competições de Ligas, Federações e Confederações, das quais algumas equipes e atletas também participam. Para se ter uma ideia desse coletivo de modalidades, nos Jogos Regionais são 45 modalidades/categorias e nos Jogos Abertos do Interior são 52 modalidades/categorias (até a presente data, pois constantes alterações são feitas nos regulamentos dessas competições). Essa lei possibilitou então que começássemos um processo de evolução mais ampla de todas essas modalidades, em especial na parte de rendimento, e que nosso município tivesse representação em todas elas nessas competições. Esse mecanismo legal, que posteriormente foi consolidado na lei maior de Nº 7.045 de 24 de Junho de 2011, possibilita repasse de recursos para ajuda de custo ou bolsa de estudos aos atletas, compra de material esportivo, alimentação, transporte, taxas federativas, entre outras necessidades inerentes a cada modalidade esportiva e suas necessidades mais prementes. Buscava-se assim então fechar-se um ciclo virtuoso desde a Iniciação Esportiva até o Esporte de Alto Rendimento. Cabe destacar que essa Lei tem amparo maior na própria Constituição Brasileira em seu Artigo 217, mais especificamente em seu Inciso II. Entendemos que preceito constitucional, não apenas sustenta e da o amparo legal para essas ações, mas, mais que isso, determina que o Poder Público apoie o Esporte de Rendimento, assim denominado na Constituição. Se não, vejamos: Na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, Seção III - Do Desporto, em seu Artigo 217, Incisos I, II e III: “É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de cada um, observados:
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1. a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento; 2. a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento; 3. o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não-profissional; Na Constituição Estadual de São Paulo - Seção III, Dos Esportes e Lazer, em seus Artigos: 264 - “O Estado apoiará e incentivará as práticas esportivas formais e não formais, como direito de todos”; 266 - “As ações do Poder Público e a destinação e recursos orçamentários para o setor darão prioridade: I - ao esporte educacional, ao esporte comunitário e, na forma da lei, ao esporte de alto rendimento”; Parágrafo único - “O Poder Público estimulará e apoiará as entidades e associações da comunidade dedicadas às práticas esportivas”. E agora em 2017, foi estabelecido o início dos procedimentos de convênios com as associações via Lei Nº 13.019, de 31 de julho de 2014 (Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil - MROSC), cujos novos procedimentos passaram a ser seguidos a partir do ano de 2017, conforme determina essa nova lei. Um item passa a ser a necessidade do denominado Chamamento Público para a realização dos convênios e parcerias. Para essa chamada Fase III da Metodologia do PDB, foi criado no Organograma da Administração Pública Municipal de Piracicaba um setor específico denominado, em nosso caso, de Setor de Esportes de Alto Nível, o qual Coordena o Esporte de Rendimento no município. São cerca de 55 modalidades/categorias oficiais (conveniadas com as entidades esportivas e não conveniadas) que representam nosso município nas principais competições oficiais regionais, estaduais, nacionais e até mesmo internacionais. Entre estas se destacam os Jogos Abertos da Juventude, os Jogos Regionais e os Jogos Abertos do Interior como já frisamos anteriormente, além das competições de federações, confederações, ligas e associações. Desenvolvemos anualmente nesse período convênios e parcerias com quase todas entidades e instituições esportivas do município. Apoiamos mais de 55 modalidades esportivas (em várias categorias), e cerca de 1.500 atletas são cadastrados anualmente em ligas, federações e na Secretaria Estadual de Esportes, nas mais diversas modalidades que recebem algum tipo de apoio para o seu desenvolvimento, que vai desde as condições de espaços e equipamentos para seus treinamentos até a ajuda de custo e bolsas de estudos para os que mais se destacam em cada modalidade.
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Em nosso entender, esse mecanismo de convênios possibilita a continuidade desse processo da Fase III, o que é fundamental para a consecução do trabalho e todos seus aspectos inerentes, não apenas os esportivos em si, mas os sociais também, os quais são advindos do esporte de rendimento, o que cabe mais algumas considerações a seguir ao nosso ver. Há que se destacar e lembrar aqui a dedicação ímpar de alguns dos Professores da Selam, que ao longo de décadas vêm atuando (ou atuaram) nessa Fase III do PDB, qual seja a do Esporte de Alto Nível ou de Alto Rendimento, e se dedicando ao suporte e ao apoio às nossas equipes e atletas, nas diversas competições, em especial nos Jogos Regionais, Jogos Abertos do Interior e nos Jogos Abertos da Juventude. Os Professores da Selam, Carlos Alberto Felipe Soares (o Baiano), Ana Sílvia da Silva Dias e Joice Mara Crivellani, e o Assessor Técnico Prof. Luiz Antonio Chorilli (já falecido), que também prestou relevantes serviços a nossa comunidade nessa área esportiva.
Com atletas e amigos gestores, coordenadores e profissionais da área técnica da Selam
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O Esporte de Rendimento e/ou de Representação, e seus aspectos socio-esportivos A boa representatividade de um município nas competições esportivas depende da participação das equipes e também de seus resultados nas respectivas competições, e aqui não falamos apenas de resultados quantitativos, pois isso demanda uma série de fatores. Inclusive fatores imponderáveis e imprevisíveis, que por vezes acabam por determinar um resultado positivo ou mesmo negativo devido a inúmeras variáveis subjetivas as quais o esporte, as modalidades, equipes, atletas e competições estão sujeitas. Como variáveis subjetivas podemos citar como exemplo questões de interpretação de arbitragens que por vezes determinam o resultados de jogos e competições. Muito importante fazermos estas considerações e conjecturações de início, pois a representatividade de um município, estado, país, clube, etc, em uma determinada competição é apenas consequência de todo um trabalho que é feito no esporte (é apenas a ponta aparente de um “iceberg esportivo”), pelo esporte, e por todos aqueles que estão inseridos nesse universo, a representatividade é uma consequência de todo um trabalho que se faz no esporte, senão vejamos. Não se faz representatividade nas competições, se não tivermos as equipes representativas formadas, as quais são compostas por atletas, os quais se revestem
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desse estigma, muitas vezes como se fossem super-heróis ou super-humanos, o que não é em sua essência verdade. Ou seja, por trás de cada aluno, atleta, existe um indivíduo, um cidadão que vive e convive na sociedade, com todas as dificuldades e necessidades como qualquer outro cidadão, ou mais dificuldades ainda, basta imaginarmos as questões de aposentadoria de um atleta. Os mesmos, além de todo trabalho no esporte, tem que estudar e ter uma profissão futura ou paralela a carreira de atleta, para tentar garantir um futuro melhor, e o esporte passa a ter então um caráter fundamental nesse processo. Temos inúmeros casos e inclusive depoimentos de ex-atletas que se formaram por meio de bolsas e ajudas de custo em nosso trabalho, e hoje são excelentes profissionais e tem seu futuro garantido num mercado de trabalho, e tudo conseguido por meio do que ? Do esporte e daquilo que ele pode diretamente proporcionar como ajuda de custo, bolsa auxílio, bolsa de estudos, e outros tipos de apoio, os quais foram proporcionados por meio do esporte. A representatividade nas competições é apenas uma consequência do trabalho e desenvolvimento de cada modalidade e das equipes representativas que participam das competições, para nós gestores é apenas uma consequência de todo um trabalho socio-esportivo das modalidades, e de todo um apoio que é dado a cada indivíduo por meio da prática esportiva competitiva. Para nós profissionais de educação física, professores, técnicos, e em especial os gestores, o que mais importa no final de todo esse trabalho, e todos somos sabedores desse aspecto, é o caminho saudável em todos os sentidos que o esporte pode proporcionar aos cidadãos, seja diretamente aos atletas e técnicos, ou indiretamente a toda uma comunidade. Como exemplo citamos as crianças e jovens que se espelham nesses atletas que se destacam, os quais se tornam exemplos vivos para os mesmos, e se tornam referências para todos no esporte, bem como a todos esportistas de uma comunidade / município que acompanham, torcem e também colocam o esporte como uma opção de lazer e cultura em suas vidas. Isto, para todos nós gestores, seja um coordenador técnico, seja um diretor, seja um secretário, ou mesmo um professor e até o prefeito, é o que mais importa para todos nós. A competição e esse universo, são um importante mecanismo e estratégia para a inserção e o desenvolvimento social de cada indivíduo que acompanha ou faz parte do ambiente esportivo, e consequentemente para toda a sociedade. Há uma cobrança de todos nós envolvidos, para com nossos atletas, não apenas para que tenham sucesso e bons resultados nas competições e eventos (e isso também faz parte), mas também que se superem em suas vidas, seja na sua educação, nos estudos e na formação profissional, ou mesmo já em seu trabalho.
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Além desse apoio em suas vidas como atletas, das oportunidades surgidas e da possibilidade de ascenção social, acadêmica e profissional conseguida por meio e com a ajuda do esporte aos atletas, os mesmos se configuram em grande exemplo em suas famílias, para as crianças, e até mesmo para seus próprios filhos, para que, por meio do esporte, também possam conseguir sua identidade como cidadão, sua auto-estima e seu espaço na sociedade. Para todos que militam no esporte, isso é o mais importante, é o que permanece, mas tudo isso é vivenciado e conseguido no contexto do esporte de alto rendimento e de representação também, onde os treinamentos e as competições também fazem parte desse processo e são importantes instrumentos e estratégias em busca de suas potencialidades como atletas e cidadãos, e de sua própria superação, o que acaba por se configurar não apenas no meio esportivo, mas também em todos aspectos de sua vida em sociedade. O esporte é um meio para uma vida plena de um cidadão, não apenas um fim em si mesmo. É claro que o esporte não se reveste de uma roupagem messiânica, ou seja, por meio dele tudo se resolverá e todos os males e problemas da vida de um atleta ou de uma sociedade se resolverão. Acreditamos que todos devam ter essa compreensão de que as variáveis em todos os aspectos de uma sociedade são muito mais complexas e multifatoriais, mas que também o esporte pode contribuir, e contribui, sobremaneira para uma melhor qualidade de vida dos atletas e das pessoas em geral, com certeza isso é de consenso. O esporte ajuda muito em tudo isso, mas faz parte de toda uma rede de aspectos sociais e de direitos constitucionais, os quais em conjunto irão garantir os plenos direitos e garantias do cidadão, em especial dos nossos atletas. Feita esta importante reflexão de caráter introdutório e de embasamento geral, cabe-nos também resgatar aqui a legislação relacionada ao esporte de rendimento, que garante o amparo legal para que o poder público, sustentado por essas reflexões que trouxemos, invista nos atletas e nas equipes, e em suma, no esporte de rendimento, competitivo ou de representação, como esse importante mecanismo que defendemos anteriormente. E a representatividade por um município nessas competições oficiais nas esferas estaduais fazem parte desse contexto e processo. E, ao ser almejado e buscado pelos atletas e todos envolvidos, auxilia de maneira muito significativa em todos os outros aspectos sociais que abordamos anteriormente. Além dessa reflexão, mais de caráter social e que está intrínseca em todo processo esportivo seja na formação ou mesmo no alto rendimento, como tentamos explicitar, entendemos ser importante também citar e mostrar aqui que o apoio e o desenvolvimento ao esporte de rendimento em suas várias modalidades e etapas, também é uma obrigação do setor público. Podemos até entender
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que ocorram visões diferentes dessa questão, até mesmo no meio acadêmico, mas não há o que se questionar em termos de sua legalidade e dever do estado (União, Estados e Municípios), já a partir dos pressupostos legais e determinação dadas pela própria Constituição Federal em seu Artigo 217, em especial o Inciso II, e toda legislação subsequente. Como podemos constatar, pela legislação acima citada, é um dever do poder público constituído apoiar o esporte de alto rendimento, e consequentemente todo seu contexto, como os eventos, as competições esportivas, e cada modalidade (dentro do possível), para que isso se concretize. A representatividade de um município nas competições oficiais, se faz em sua essência, por meio de cada atleta que apoiamos, na medida de nossas limitações orçamentárias. Portanto, como bem próprio à natureza dos convênios e parcerias estabelecidas, há aqui convergência de interesses para que, por meio do Esporte, seja possibilitado também o desenvolvimento social e cultural, especialmente dos jovens atletas. Dito de outro modo, não há qualquer interesse por parte do Poder Público em contrapartida publicitária ou promocional, mas tão somente a plena consecução das finalidades públicas as quais foram-lhe constitucionalmente atribuídas. Não há como afastar-se aqui, o caráter sócio-cultural da atividade desenvolvida por meio do desempenho de atividades esportivas, nem, por outro lado, o caráter de certa forma assistencial também, vez que a associação promove o desenvolvimento também social dos atletas, por intermédio do esporte, inclusive e essencialmente por meio da concessão de bolsas de estudos e bolsas auxílio. Ademais, em termos materiais e operacionais, é possibilitado aos atletas, essencialmente por meio dos repasses realizados pelo Poder Público, o acesso a bons mestres, técnicos, profissionais de educação física, equipamentos e materiais de treinamento de qualidade, participação em campeonatos regionais, estaduais e até nacionais, sem os quais a permanência na prática desportiva de alto rendimento seria claramente comprometida. Assim, considerando que os recursos transferidos pelo Poder Público são exclusivamente aplicados nas respectivas modalidades esportivas, por meio de incentivos aos atletas, sem qualquer outra finalidade que não seja o apoio ao esporte, não há que se falar que as ações tomadas são incompatíveis com a natureza convenial dos instrumentos pactuados, e que as mesmas atingem amplos objetivos nos aspectos sociais, educacionais, de formação profissional, e porque não dizer, até mesmo culturais, no entendimento mais amplo da palavra cultura. Não há, portanto, como dissociar o Esporte de Rendimento de seu profundo caráter socioeducativo também.
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“Em busca de sonhos, no esporte e na vida ! ”
Um breve histórico Este relato metodológico e histórico que denominamos “Projeto Desporto de Base (PDB)”, que se configura tecnicamente como um Programa Permanente de Formação Esportiva e de Lazer Fisico-Esportivo, toma por base e tem por início dissertativo minha Monografia de Conclusão do Curso de Especialização na Unicamp, no Curso de Especialização em Lazer e Recreação da Faculdade de Educação Física, no ano de 1992, sob a orientação do Prof. Dr. Wagner Wey Moreira. Essa monografia foi denominada na época de “Projeto Desporto de Base: Um Programa Permanente de Esportes e Lazer”. Apesar de já ter escrito essa monografia há alguns poucos anos atrás (rs), sua proposta metodológica é bastante atual, e totalmente aplicável em trabalhos de formação esportiva e de lazer, seja no âmbito do Setor Público em suas várias esferas do Poder Executivo (Municipal, Estadual ou Federal), bem como em ambientes da iniciativa privada, como clubes, fundações, escolas entre outras. É importante ressaltar, e sempre pressupondo aqui, e já estipulando isto como uma das estratégias da proposta metodológica, que para podermos desenvolver toda sua metodologia, há a necessidade premente de se fazer e de se estabelecer parcerias em todas suas Etapas, ou Fases como denominamos em sua conceituação metodológica.
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Sempre tivemos um sonho, uma expectativa, um anseio de poder transformar este trabalho de monografia estritamente acadêmico, bem como e em especial sua proposta metodológica, e agora, depois de 30 anos, também, e porque não dizer, de sua consolidação histórica e metodológica, em uma publicação a qual todos pudessem ter acesso, seja em um livro e/ou em forma digitalizada. Essa oportunidade dada pelo CREF4/SP, não apenas a minha pessoa, mas há muitos outros colegas Profissionais de Educação Física que como eu certamente tinham essa expectativa de poder transmitir suas experiências, conhecimentos adquiridos e vivenciados profissionalmente, veio a calhar com nosso sonho. Então apresentamos nossa proposta de publicação ao crivo da Comissão Literária do Conselho, composta por renomados, experientes e competentes especialistas na área, e com muito orgulho e satisfação vimos nossa proposta de publicação apreciada e aprovada, e hoje vemos esse sonho concretizado e podendo compartilhá-lo com o amigo leitor.
Retrospecto O relato crítico feito por Berlink - 1984, sobre o “Centro Popular de Cultura da União de Estudantes – CPC da UNE”, motivou-nos a iniciar a elaboração deste documento que, futuramente, será um arquivo histórico do início deste processo de democratização esportiva, realizado em Piracicaba; e, como tal projeto tornou-se, também, um Programa Permanente de Esportes e Lazer. Não temos a pretensão (nem queremos), com esta formulação acadêmica de um projeto implantado e desenvolvido durante 4 anos no município de Piracicaba/SP - 300.000 habitantes, de transformá-lo num modelo ou manual teórico-prático para ser aproveitado e reproduzido literalmente em outros espaços (municípios, cidades, universidades, escolas, clubes, entre outros), pois cada novo espaço, onde se pretenda desenvolver projetos com objetivos semelhantes, terá suas próprias peculiaridades, costumes, tradições, hábitos, enfim, sua própria cultura (vide como reflexão “Rebelião em Milagro” - Filme). Conscientemente, isto deverá ser considerado na implantação de qualquer projeto similar, caso contrário corremos o risco de cometer graves erros contra o povo, “melhor cometê-los com ele” (BERLINK, 1984, p.18), o que nos levará, certamente, ao insucesso. Atualmente nosso município, Piracicaba/SP, já conta com 400 mil habitantes, e esse Programa, que sonhávamos pudesse ter continuidade além dos 4 anos da administração pública da época, neste ano irá comemorar 30 anos de existência (uma longa história já). Talvez o amigo leitor nem tivesse nascido na época (rs), ou mesmo tenha sido um de nossos alunos ou atletas.
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Temos muito a comemorar e comprovar que nossos sonhos e expectativas foram muito além do que imaginávamos e podíamos prever na época. Entretanto, ao término deste trabalho acadêmico, certamente teremos desenvolvido uma metodologia e um referencial teorico-prático que poderá contribuir, e muito, para o desenvolvimento de Políticas Públicas (GODOY, 1991, passim) coerentes e não carentes (BRUHNS, 1990, passim) com nossa realidade social, na área do Desporto e do Lazer em seus interesses físico-esportivos (DUMAZEDIER, 1980, passim). Barcelona 1992 ? Rio de Janeiro 2016? Não ! Brasileiros e brasileiras todo dia !! Em 1982, ao ser questionado por um repórter do “Le Monde” sobre qual seria o melhor e mais correto e verdadeiro Método Científico, o filósofo e físico Paul Feyrabend respondeu: Nenhum. Você deve descobrir por si só a resposta. No entanto, há uma ideia que se destaca, a de que se você elaborar corretamente sua ciência, ela conterá uma parcela da verdade. Quando dois cientistas se contradizem, é que um deles não operou corretamente. Todavia, quando um problema é realmente importante para uma comunidade, como poderá ela confiar nos cientistas, visto que sempre terão opiniões conflitantes? Ela deveria, então, fazer a sua própria pesquisa.” (FEYRABEND, 1984, p.29)
Até 1989, a visão que permeava as Políticas Públicas (se assim podemos chamá-las) dentro do município de Piracicaba era voltada quase que exclusivamente ao Esporte de Alto Rendimento e ao que Umberto Eco considera em sua obra como um espetáculo esportivo (ECO, 1984, passin), com raros momentos (projetos inconsistentes, paliativos, passageiros e sem fundamentação teórica) e tentativas de colocar o Esporte e o Lazer (interesses físico-esportivos) ao alcance de crianças e adolescentes, que não têm acesso a clubes associativos e outros espaços de lazer como conclui Ricardo Colpas em sua monografia (COLPAS, 1991). Este trabalho na área do Desporto e do Lazer e do LAZER, procura suprir essa lacuna na sociedade piracicabana, garantindo assim seus direitos constituídos pela legislação, e tendo seu início em janeiro de 1989. Entretanto, há que se lembrar que anteriormente, já em 1985, procurávamos desenvolver de forma prática, juntamente com outro colega profissional de educação física um trabalho semelhante em um município de pequeno porte
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da região, tendo o mesmo (desenvolvia-se com muito sucesso) sido interrompido após 1 ano de ótimas atividades, por questões financeiras (patrocinador teve que cortar os recursos) e políticas. Posteriormente, em 10 de março de 1988, registrávamos em um artigo, no mais destacado jornal piracicabano, o Jornal de Piracicaba, esses nossos anseios e sonhos por políticas públicas sistematizadas nessa área de intervenção e de nossa atuação. Esse artigo jornalístico publicado, e que teve grande repercussão na época, foi denominado: “Por uma pedagogia do Esporte”. Já em 1989, tentávamos novamente, em um município de menor porte na região, a implantação de tal trabalho, e novamente, víamos nossa proposta não ser colocada em prática por questões políticas. Entretanto, em março do mesmo ano, privilegiados pela boa vontade política de uma administração municipal, ma pessoa de seus gestores, e a visão comunitária de uma grande empresa do município, teríamos, enfim, a possibilidade de participar e contribuir com o desenvolvimento de tão sonhado trabalho no município de Piracicaba (nossa terra natal), O PDB - “PROJETO DESPORTO DE BASE” (GODOY et al, 1991). Não temos a pretensão de, neste livro, retratar na dinâmica desta escrita e da leitura do amigo que nos dá essa honra, o que muito bem fizeram os geniais autores de “Efeito Borboleta” e de “Durante a Tormenta” (ambos temos as versões em filme), onde o leitor ou expectador, é levado ao passado e ao presente constantemente, e de forma muito lúdica e interessante. Mas, muitas vezes o leitor desta nossa contribuição metodológica, irá se ver no final dos anos 80, quando este Programa foi sonhado e posteriormente implementado, e nos dias atuais, após 30 anos de intensas atividades desse Programa.
O Desporto: conceitos, lazer, legislação e reflexão “Atravessamos o século do Desporto” (MANUEL SÉRGIO, 1990, p.204) Não discordamos dessa afirmação bem recomendada pelo renomado Prof. Manuel Sérgio, entretanto, quando o mesmo nos coloca a seguir que: “Não é de espantar, portanto, que as virtualidades desta atividade corporal tenham chegado, com assombrosa rapidez, ao conhecimento dos nossos contemporâneos” (SÉRGIO, 1990, p.204), somos obrigados a lamentar que, em nossa sociedade, talvez já tenha chegado o conhecimento enquanto informação e espetáculo assistido, porém a oportunidade de vivenciar tal atividade e, então, adquirir tais “virtualidades”, ainda é restrita a poucos privilegiados,
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Esporte de Representação, Esporte de Competição e/ou de Rendimento
a menos que você considere que os espetáculos esportivos televisionados e assistidos possam substituir o sentido de sua prática (?!!). A Prática Esportiva tem um sentido: “procurar a transcendência da motricidade”, e é assim que a entendemos, e ao nosso ver, só através de sua vivência é que o “Desporto pode vir a ser um espaço onde o Homem aprende a ser mais Homem”, onde o “Homem transcende infinitamente o Homem”. (SÉRGIO, 1990, p.204) Esse é o espaço que procuramos garantir, enquanto Dirigentes Esportivos: o espaço para vivência do desporto, trabalhando para que o nosso projeto PDB, seja esse Desporto, enquanto “Sinal de Utopia”. (GODOY et al, 1992). Após essas considerações iniciais, necessárias e fundamentais, a seguir abordaremos alguns conceitos sobre o Esporte e o Desporto para um melhor entendimento sobre esse fenômeno contemporâneo.
Esporte e Desporto: alguns conceitos Esporte, Desporto, as Práticas Esportivas (ou outro termo que possa surgir), da maneira como os conhecemos hoje, tem se referido conceitualmente a um Fenômeno Cultural da Humanidade, mais especificamente da Sociedade Moderna Urbana-Industrial, surgido no século XIX, na Inglaterra, no seio das elites da Sociedade Burguesa da época, mais propriamente nas “Public Schools” inglesas. (BOURDIEU, 1983, p.139). Muitos autores distinguem esses termos, outros os consideram como sinônimos, mas sempre têm procurado explicitá-lo conceitualmente enquanto um conteúdo cultural específico, particularmente consideramos o Esporte como sendo definido por todos esses conceitos que temos encontrado na literatura (veremos alguns neste capítulo), diferenciando-o do Desporto, o qual consideramos como uma experiência que transcende o que chamamos usualmente de Esporte. No término deste capitulo, em Desporto – Sinal de Utopia, procuramos explicitar nossa concepção sobre o Desporto, como um momento, um estágio a ser atingido pelo Esporte que hoje conhecemos, como sendo um aspecto complexo de relações que dialeticamente envolvem e são envolvidas pelo Esporte, Cultura, Lazer, Prazer e Fruição, Jogo e “Fair-Play” (BOURDIEU, 1983, p.139), os Aspectos Biológicos e Inatos de quem o pratica, entre outras. É nessa relação complexa e dialética que julgamos situar-se o Desporto, e para atingi-lo toma-se necessária a busca de uma nova Ética para o Esporte. Nessa busca conceitual, temos encontrado alguns estudiosos como Jorge Olímpio Bento, José Manoel Constantino, Wagner Wey Moreira e, em especial, Manuel Sérgio, com quem temos compactuado esse novo conceito e essa busca
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para o que conhecemos como Esporte, e em cujos trabalhos temos encontrado subsídios para a busca desse desafio.
O Desporto: alguns conceitos Para Teixeira: Desporto seriam os Esportes praticados igualmente em todo mundo, organizados por federações internacionais que definem regras oficializadas e, que são seguidas por todos os praticantes de determinada modalidade em todo mundo, sejam os Desportos coletivos ou individuais (TEIXEIRA, 1989, passim).
Por sua vez, Doralice Souza em sua monografia, citando Guilmar nos apresenta algumas características do Esporte a quais implicam necessariamente em competição, valorizam o produto final, ou seja o resultado, exigem a busca do rendimento máximo, implicando assim no gosto e prazer pelo esforço, no treinamento e no bom nível de execução de habilidades, além de gerar um alto grau de tensão nos participantes, tendo ainda regras detalhadas, determinantes e universais (SOUZA, 1989, p.17). Manuel Sérgio refere-se as propriedades básicas da Prática Esportiva como sendo as seguintes: Agonismo, o que supõe um adversário, tanto natural como humano, e envolve um esforço que pode ir até ao risco; Normatividade, isto é, trata-se de uma atividade sujeita a normas jurídicas e morais pré-estabelecidas, as quais pretendem canalizar a energia libidinal agressiva; Ludismo, que o mesmo é dizer: criatividade, gratuitidade, improdutividade; Esforço Físico e Atividade Motora, e daí o poder alcançar-se saúde e aptidão (SERGIO, 1988, p.37).
E mais a frente, já questionando esse Desporto que conhecemos e propondo sua verdadeira identidade, cita Sílvio Lima: “ o verdadeiro não visa o record, a performance, embora todo jogador ambicione triunfar, a derrota ou a vitória não contam intrinsecamente dentro do próprio Desporto (...). O grupo vencido num campeonato não lamenta a derrota, se esta foi justa dentro das inflexíveis regras do “Fair-Play”; o mero exercício pelo exercício o satisfaz, por isso o jogador joga por jogar, como o caçador caça por caçar”. (apud MANUEL SÉRGIO, 1988, p.37). Eis o Desporto, que começa a transcender e superar o Esporte que hoje conhecemos. Já em 1969, Michel Bouet afirmava que:
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o Desporto é uma atividade saudável que satisfaz as necessidades motoras do praticante; promove a realização pessoal através da afirmação do eu; reveste, muitas vezes, o aspecto de compensação, face ao stress e ao labor monocórdico da vida profissional. Por outro lado, a necessidade de sentir-se em grupo; o interesse pela competição; o desejo de vencer e de ser campeão, não tanto porque se ganhou, mas porque se é um “ganhador”; a combatividade que transmite a vontade de vencer desportivamente falando, ou seja, dignamente; o amor pela natureza, bem visível nos desportos ao ar livre; o gosto pelo risco e uma irresistível atração pela aventura constituem características ao homem que poderíamos designar como um desportista, ou então aos pontos centrais da motivação ao desporto. (BOUET, 1969 apud SÉRGIO, 1990, p. 204).
Embora possamos detectar aspectos importantes nessa definição como o Lúdico (aventura e competição) e, como o Prazer (satisfazer necessidades motoras), detectamos a ênfase na característica Compensatória do Desporto, mostrando uma visão Funcionalista do autor. Com severidade, Brohm se refere a Atividade Esportiva como não sendo Normal.(como a dança e a marcha). Segundo Brohm, citada por Dumazedier, ela é masoquista, porque para ultrapassar-se a si mesmo, é preciso sofrer; e, a relaciona e compara com os aspectos de Produtividade e Rendimento, próprios do Capitalismo. Ao procurar o melhor desempenho, naturalmente, o esportista será guiado pelos valores da produtividade Capitalista (BROHM, 1976, p. 358 apud DUMAZEDIER, 1980, p. 113). Num outro extremo, o papa da Semiologia (para a qual tudo é comunicação), Umberto Eco refere -se a Atividade Esportiva dominada pela ideia de desperdício: Todo gesto esportivo é um desperdício de energia: se atiro uma pedra, pelo simples prazer de atirar - não para um fim utilitário qualquer que seja - desperdicei calorias acumuladas através da ingestão de alimentos, realizada através de um trabalho. Ora, esse desperdício - fique claro - é profundamente saudável. É o desperdício próprio do jogo. E o homem, como todo animal, tem necessidade física e psíquica de jogar. Há então, um desperdício lúdico ao qual não podemos renunciar: exercê-lo significa ser livre e livrar-se da tirania do trabalho indispensável.” (ECO, 1984, p.221).
E mais a frente, com muita propriedade, “classifica” e detecta novos “níveis” ou “estágios” do Esporte, enquanto objeto apropriado pela sociedade
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e manipulado por interesses diversos, “o esporte ao quadrado”, que seria o Espetáculo Esportivo; “o esporte ao cubo”, que seria o Discurso sobre o esporte assistido, o discurso da Imprensa Esportiva; e o “esporte a enésima potência”, que seria o Discurso sobre o Discurso da Imprensa (ECO, 1984, p.222 e 223). Esses” têm sido, o Esporte, ao qual a sociedade tem tido acesso; esse é o primeiro obstáculo, a primeira grande barreira que, enquanto Dirigentes Esportivos (SÉRGIO, 1988, passim), temos que romper, sem negá-la. Por sua vez, historicamente Bracht se reporta ao Esporte como: uma atividade corporal com caráter competitivo surgida no âmbito da cultura europeia...” (Inglaterra dos séculos XVIII e XIX) “e que com esta expandiu-se para todos os cantos do nosso planeta.” E no seu conseqüente desenvolvimento assumiu uma forma na qual são destacados os aspectos da “competição, do rendimento, do record, da racionalização e controle e da cientifização do treinamento.” (BRACHT,1989, p.69).
Não satisfeitos, buscamos em um grupo de especialistas, a “comissão de Reformulação do Desporto Nacional”, que em 1985, presidida pelo Prof. Manoel José Gomes Tubino, indica: O Esporte no Brasil, para efeito de legislação, deve ser considerado como atividade predominantemente física que enfatize o caráter formativo-educacional, participativo e competitivo, seja obedecendo à regras pré-estabelecidas ou respeitando normas, respectivamente em condições formais ou não formais. E que para efeito de entendimento e em função da indicação acima, deva ser entendido na abrangência das seguintes manifestações: esporte-educação, esporte-participação, esporte performance; devendo ser concebidas como forma de exercício do direito de todos a prática esportiva. (UMA NOVA POLÍTICA PARA O DESPORTO BRASILEIRO, 1985, p.18).
Dentro dessa forma de entendimento e classificação, temos um artigo, de nossa autoria, “Por uma Pedagogia do Esporte “ (GODOY, Jornal de Piracicaba, 10/03/88, em anexo). Onde, diante de tantas definições, conceitos, características e relações, tentamos também arriscar uma formulação conceitual sobre o termo Esporte, e advogamos uma metodologia pedagógica para o mesmo.
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Esporte e cultura: num “piscar de olhos” “Cultura é todo o conhecimento que uma sociedade tem de si mesma, sobre outras sociedades, sobre o meio material em que vive, e sobre a própria existência. Inclui ainda, as maneiras como este conhecimento é expresso por uma sociedade, como é o caso de sua arte, religião, esportes e jogos, tecnologia, ciência, política “. (SANTOS, 1986, p.41, o grifo é nosso)
Cultura num “piscar de olhos” Nunca fomos muito aficionados aos jogos de cartas, mais especificamente os jogados com o nosso conhecido e famoso baralho, como os jogos de “truco”, “buraco”, “sete e meio”, “tranca”, etc..., tão comuns na praia, nos dias chuvosos, nos bares, entre umas e outras geladas (acho que nem “rouba monte” e “mico”, gostávamos de jogar quando garotos rs). Entretanto, não pudemos deixar de perceber nesses jogos, mais especificamente no “truco”, alguns “códigos” ((ECO, 1984, p. 169-171), que se explicitam durante os mesmos através dos jogadores. Entre eles o discreto “piscar de olhos”, ou melhor, “piscar de olho”, que pode significar a vitória de uma das duplas, dependendo das cartas dos adversários e do momento do jogo. Esse simples ato, gesto corporal, comunica ao parceiro de dupla que o “piscador” tem uma determinada carta que, se bem utilizada, pode representar numa próxima jogada, a vitória da dupla no jogo de “truco”. Truuuucooooooo !!! Porém, num outro momento, num outro contexto social, o mesmo até pode ter outros significados (WEILL & TOMPACOW - “O Corpo Fala”). Se numa roda de amigos alguém quer fazer uma brincadeira com outra pessoa, sem que o mesmo perceba, pode-se contar uma “mentirinha” ou “inventar uma história” e, piscar para os outros integrantes do grupo, logo estes entenderão que se trata de uma “mentirinha” e, como bons amigos (“da onça”, rs), todos “sacanearão” a pobre “vítima” - o otário da história. Pode, também, nos olhos de um homem ou mulher, significar o início de uma “paquera”, como se dissessem - “Tô a fim de você.” Pode, ainda, simplesmente acompanhar o cumprimento entre duas pessoas - “Oi! Tudo bem?”. Já num jogo de salão chamado “detetive”, uma simples piscada pode representar a morte de um dos participantes, para desespero do detetive. Mas, cuidado, não saia por aí tentando imaginar que as pessoas, ou as coisas, estão sempre, intencionalmente, querendo comunicar algo: você pode confundir e até arrumar alguma confusão. Se uma “menina(o)” piscar para você, lembre-se que ela(e) não vai estar, necessariamente, “a fim” de você, lembra-se que ela(e) pode estar, simplesmente, com um cisco no olho ou ainda, ser portadora de um simples “tique” nervoso.
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Mesmo assim, essa forma de expressão humana, esse símbolo, terá um significado e fará parte da Cultura de uma sociedade; pois “a cultura se constitui de signos...”e “... de sistemas de símbolos que articulam significados.” (ARANTES, 1990, p.50 e 35). Em se tratando de vida social, a cultura (significação) está em toda parte. Todas as nossas ações, seja na esfera do trabalho, das relações conjugais, da produção econômica ou artística, do sexo, da religião, das formas de dominação e de solidariedade, tudo nas sociedades humanas é constituído segundo os códigos e as convenções simbólicas a que denominamos “cultura”. Desse modo, interpretar o significado das culturas implica em reconstituir, em sua totalidade, o modo como os grupos se representam, as relações sociais que os definem enquanto tais, na sua estruturação interna e nas suas relações com outros grupos e com a natureza, nos termos e a partir dos critérios de racionalidade desse grupo. (ARANTES, 1990, p.34)
Agora, depois dessa rápida “piscada”, pretendemos expressar nossa visão sobre Cultura, como a entendemos e a interpretamos, através da elaboração de um breve conceito, que busca explicitá-la, a fim de compreendermos melhor como podemos relacioná-la com o Esporte e o Lazer; pois estas são as nossas áreas de atuação profissional e onde poderemos intervir e, pretenciosamente, interferir no seu processo cultural. Cultura seria o conjunto de significados (ARANTES, 1990, p.27 - 35) expressos pela sociedade, nas suas mais diversas formas de manifestação (gráficas, oral, corporal, ritual, etc...) e, apropriadas coletivamente (SANTOS, 1983, p.44 - 45) pelos componentes da mesma; seja por pequenos grupos sociais (casais, famílias,...) ou pela humanidade (visão cosmopolita), englobando e considerando todo processo dessa produção bem como seu produto final (MACEDO, 1982, p.35), seja esse produto o esporte, o trabalho, a religião, os costumes, as artes, a música ou outros. Para Carmem Cinira Macedo, Cultura seria “um conjunto de modos de fazer, ser, interagir e representar que, produzidos socialmente, envolvem simbolização e, por sua vez, definem o modo pelo qual a vida social se desenvolve.” (MACEDO, 1982, p.35) Não queremos aqui, simplificar através de conceitos didáticos, tão complexo fenômeno humano e, conseqüentemente social, de refações e dimensões amplas e complexas como toda sociedade. Apenas queremos nos apropriar de uma convenção simbólica e um código que possa facilitar nossa comuni-
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cação, pois a “comunicação é tudo”, se é que nossa relação dialética com o mundo e a semiologia, para qual “tudo é comunicação”, nos permite assim afirmar. (ECO, 1984, p.165 a 175)
- Obaaa !!! Agora já temos o nosso código e seu significado; podemos, então, continuar a nossa comunicação.
Uma mãozinha no “Jogo Cultural” Quando escrevíamos este texto, tínhamos na mesa ao lado alguns objetos, para os quais não pudemos deixar de desviar nossa atenção: uma peteca de penas coloridas bastante usada, uma bola de beisebol, um maço de baralho e um bumerangue todo colorido quebrado na ponta. Com esses quatro objetos, os quais podemos segurar em uma das mãos e “jogá-los”(sentido de jogo) com a mesma mão, pudemos perceber a complexidade cultural que, estava inserida nos mesmos e na sua relação com a sociedade. O baralho e o jogo de truco, que abordamos anteriormente, e todas relações sociais que podem advir do mesmo ao ser apropriado coletivamente por um grupo de pessoas, que pisquem ou não (rs). Todo o processo histórico dos índios na sociedade brasileira, culturalmente invalidados pelo homem (garimpeiros, missionários, grileiros, etc), correndo o risco de nos deixar um parco legado cultural (talvez apenas a peteca) e sofrer um irreversível processo de aculturação, e até de desaparecimento. Do outro lado do mundo, outros nativos, os aborígenes australianos nos colocam em contato com o bumerangue, conhecido já no mundo todo; para os australianos um esporte, para nós ainda um curioso brinquedo (quiçá o “Magrão” consiga divulgá-lo pelo país e transformá-lo numa prática esportiva aqui também - o”Magrão” é um praticante, divulgador e fabricante de bumerangues). Através de um processo cultural dinâmico e da introdução de algumas regras oficializadas e reconhecidas internacionalmente, o que temos? Um Brinquedo indígena e um instrumento primitivo de caça, transformados em uma Prática Esportiva e num Conteúdo Cultural de Lazer. Uma pequena bola branca e um bastão, e logo teremos o beisebol. Que garoto americano não tem uma bola e uma luva de beisebol ? Se não tiver, com certeza já jogou com um coleguinha. Por outro lado, quantos milhões de dólares não circulam entre o momento que alguém compra uma bola de beisebol para seu filho e o momento que a mídia veicula, para milhões de pessoas, um jogo de beisebol pela televisão; constituindo o que podemos chamar de um verdadeiro campo de produção de “produtos esportivos”. (BOURDIEU, 1983, p.138).
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Abordamos aqui o beisebol e o bumerangue sem nenhuma preocupação com a xenofobia cultural (CAMARGO, 1989, p.88), assim como falamos da peteca sem nenhuma preocupação nacionalista com os primórdios de nosso descobrimento. - Dá-lhe Cabral !! (o navegador, rs) Se na ciência o acaso, por vezes, pode levar a grandes descobertas, porque simples Brinquedos e Brincadeiras não poderiam, através da dinâmica cultural, constituírem Esportes praticados no mundo todo ?? É o caso, por exemplo, em nosso município, do surgimento do esporte Quimbol, que de uma simples brincadeira criada pelo Sr. “Quim”, Joaquim Bueno de Camargo no ano de 1947, acabou por se transformar num esporte em Piracicaba no ano de 1999. Este ano já completando 20 anos de história de um novo esporte. O qual tive a honra de poder ter participado de todo seu processo de esportivização, desde seu início em 1997, e de ser o seu Coordenador atualmente, desde o falecimento do querido e saudoso amigo Quim (GODOY, Quimbol: do interior de São Paulo para o Brasil. Revista Educação Física / Confef. Dez de 2017, n. 66, p.33) Não pretendemos aqui, abordar as definições de Jogo (HUIZINGA, JEAN CHATEAU), Esporte e Desporto (VIMARD, NORONHA FEIO, MANUEL SÉRGIO), o que já o fizemos sucintamente, nem tampouco abordar as relações sócio-econômicas das práticas esportivas como nos coloca PIERRE BOURDIEU (1983, p.136 e 153). Mas, sim, através de um “puzzle” cultural, de uma verdadeira “colcha de retalhos”, de cacos e fragmentos relacionados ao processo cultural, ao qual chamamos de “jogo cultural”, explicitar a gama enorme de relações e significados inerentes a um Processo Cultural exemplificado aqui por alguns produtos culturais, como a peteca, o baralho, o bumerangue e a bola de beisebol, e até mesmo o Quimbol – um novo Esporte. E a “mão” do homem tornando dinâmica toda cultura ligada aos brinquedos, jogos e Esportes; tornando possível, numa relação dialética com a sociedade e com o mundo, percebermos um mesmo produto (bumerangue) num processo cultural lúdico (brinquedo) e outro esportivo (material esportivo), dependendo do contexto social que o observamos.
Esporte e Lazer Do ponto de vista histórico, alguns autores como Lanfant e Grazia consideram que, se os homens sempre trabalharam, também paravam de trabalhar, existindo assim um tempo de não trabalho, e que esse tempo seria ocupado por atividades de Lazer, mesmo nas Sociedades Tradicionais (que viviam da caça, da coleta e da agricultura). Para outros autores, como Jofre Dumazedier, o Lazer é fruto da Sociedade Moderna Urbano-Industrial (MARCELLINO, 1987, p. 33).
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Não pretendemos fazer uma retrospectiva histórica do Lazer, entretanto não resistimos em citar a irreverente colocação de Lafargue em 1883, no livro “Direito à preguiça” onde ele se refere à Jeová, como um Deus barbudo e rebarbativo, que dá, no entanto, aos seus admiradores, o supremo exemplo da preguiça ideal: depois de seis dias de trabalho, ele descansa para a eternidade (LAFARGUE, 1965, apud DUMAZEDIER, 1980, p.41). Cabe destacar que Lafargue era ateu, daí talvez, sua irreverência para com relação a figura de Deus. Mas cabe-nos refletir, e perceber que desde o surgimento do Mundo e do Homem (segundo a Bíblia), já podemos falar em Lazer enquanto tempo para o descanso. Henry Volant, um teólogo canadense, vai além, e ludicamente aborda o próprio ato da criação como um momento de Lazer, o que ele denomina de o Jogo de Deus (DUMAZEDIER, 1980, p.39); “como ninguém sabe porque Deus criou o mundo, a criação é um Jogo de Deus: Deus fez o mundo brincando; depois, depois que o jogo terminou, descansou...”, Deduzindo, Dumazedier nos orienta, “.. o que cada um pode e deve fazer é brincar com o mundo, isto é assumir suas responsabilidades da melhor maneira possível, sabendo que acima disto existe o Jogo Divino. É o ‘Homo-Ludens...”(p. 40). Talvez esta seja uma excelente abordagem sobre a questão da atitude nos momentos de Lazer (ou no trabalho), reportando-nos a uma boa concepção sobre Estilo de Vida. Prosseguindo, no entanto, é na Sociedade Moderna Urbano-Industrial que surge uma real preocupação sobre o Lazer. Contrapondo-se aos preceitos marxistas de super-valorização do trabalho, colocando o trabalho como o essencial da vida e designando-o como a primeira necessidade do gênero humano, Lafargue ressalta as virtudes do trabalho e sua necessidade, mas adverte que sua super-valorização torna os trabalhadores incapazes de ter outros interesses, e de saberem como se divertir e brincar (LAFARGUE, 1965 apud DUMAZEDIER, 1980, p. 41). É nesse contexto que, efetivamente, se começa a pensar no tempo liberado do trabalho, o tempo liberado das obrigações; e, nesse “tempo livre” ou “disponível” (como defendem alguns estudiosos), que surgem as práticas e a vivência de atividades as quais podem ser designadas, então, como Lazer. Encerrando, gostaríamos de destacar o Lazer ao longo da História como sendo uma “... necessidade importante para o homem: em todos os tempos e lugares, que varia apenas de intensidade e de forma de expressão, segundo o contexto físico, sócio-econômico e político-social de cada grupo...” (MEDEIROS, 1980, p. 41 apud MARCELLINO, 1987, p.33 - 34); podemos concluir, portanto, que “...o Lazer sempre existiu, variando apenas os conceitos sobre o que era e quais seus significados”. (SOUZA, 1979, p. 18 - 19 apud MARCELLINO, 1987, p.34).
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Alguns conceitos Compartilhando aqui de uma breve e esclarecedora definição sobre o Lazer, elaborada por um dos maiores estudiosos do tema em nosso país, o sociólogo e professor Nelson Carvalho Marcellino, o Lazer seria entendido “como a cultura - compreendida no seu sentido mais amplo - vivenciada (praticada ou fruída) no ‘tempo disponível’. O mesmo autor, ressalta depois que “a disponibilidade de tempo significa possibilidade de opção pela atividade prática ou contemplativa”. (MARCELLINO, 1987, p. 31 e 32). Relacionando essa definição com o Esporte, entendido como Bem Cultural, percebemos que o mesmo, enquanto atividade corporal praticada ou espetáculo esportivo assistido, pode ser entendido como Lazer, ou seja, como possibilidade de opção cultural durante o “tempo disponível” (MARCELLINO, 1987, p. 32). Apesar de ser um conceito bastante controvertido entre os especialistas, e considerarmos aqui o Lazer uma fonte de estudos bastante recente (em especial no Brasil), Marcellino nos adianta que existe uma tendência na atualidade em considerá-lo, tendo em vista dois aspectos: Tempo e Atitude (MARCELLINO,1987,p.31). Com relação a questão do Tempo, podemos destacar a definição de Medeiros para quem o Lazer é o “espaço” de tempo não comprometido, do qual podemos dispor livremente, porque já cumprimos nossas obrigações de trabalho e de vida (MARCELLINO, 1987,p.30). E destacando a questão da Atitude, encontramos o conceito de Bramante, que privilegia o sujeito e a questão do prazer que deve estar presente no Lazer; colocando-o como uma experiência pessoal, criativa, de prazer e liberdade que não se repete no tempo, decorrente da dimensão humana vivenciada, relacionada às oportunidades de acesso aos bens culturais, as quais são determinadas pelas variáveis sócio-econômicas e influenciadas pelo meio-ambiente; e, ressaltando os componentes abstratos inerentes ao lazer, e a atitude de quem o vivencia, Bramante cita Godbey que afirma que o Lazer é viver em relativa liberdade das forças coercitivas próprias da cultura e ambiente físico de cada um, de forma a agir através de uma atitude interna de amor, que pessoalmente seja agradável, que intuitivamente valha a pena e embasado em componentes de fé (GODBEY, 1985, p.9 apud BRAMANTE, 1991, o grifo é nosso). Dentro dessa concepção psicológica do Lazer Bramante “brinca” com grande propriedade e simplicidade: ‘’É estar de bem com a vida”. Com destaque na questão da livre opção e a não obrigatoriedade Requixa define Lazer como a “... ocupação não obrigatória, de livre escolha do indivíduo que o vive, e cujos valores propiciam condições de recuperação psicossomática e de
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desenvolvimento pessoal e social” (REQUIXA, 1980, p.35); e, Jofre Dumazedier completa como sendo o “... conjunto de ocupações as quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, divertir-se, recrear-se e entreter-se ou ainda para desenvolver sua formação desinteressada, sua participação social voluntária, ou sua livre capacidade criadora, após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais” (DUMAZEDIER, 1973, p.34) e completamos destacando; “livrar-se” das obrigações escolares, já que o Programa que desenvolvemos em Piracicaba, o PDB, atende crianças, adolescentes e jovens que em sua grande maioria, quase a totalidade, estiveram ou estão inseridos no sistema escolar. Após destacar o Esporte enquanto um Bem Cultural da sociedade, e considerar o Lazer enquanto Cultura vivenciada no tempo disponível, seja praticada ou fruída, acreditamos que torna-se dedutiva a relação entre o Esporte e o Lazer, embora, como nos coloca Dumazedier, a opinião comum e mesmo os meios especializados, costumam opor Lazer e Esporte, o que consideramos no mínimo incoerente, … convenhamos ! Gostaríamos de ressaltar e advertir aos menos avisados, como o faz também Dumazedier, que os atletas de alto nível, os recreacionistas, profissionais de educação física e técnicos, bem como outras pessoas ligadas ao esporte profissional” e ao espetáculo esportivo, constituem, um grupo “profissional”, portanto para os mesmos o Esporte é considerado um “trabalho” e não Lazer; esclareço ainda, dependendo da atitude de cada um (DUMAZEDIER, 1980, p.14). Concluindo este tema, gostaríamos de afirmar que compreendemos a questão ampla que é o Lazer em todos seus aspectos, de Tempo, Atitude, e Conteúdo Cultural, bem como a complexidade de suas relações sociais e possibilidades nele inseridas, enquanto um espaço criativo e que proporciona o desenvolvimento social; mas particularmente, ressaltamos a questão do Prazer, relacionada ao aspecto Atitude, pois é essa a questão principal ao nosso ver, e é essa perspectiva que procuramos destacar e desenvolver no PDB, em Piracicaba, resgatando o lúdico e a alegria no cotidiano dos alunos que participam desse trabalho, buscando, assim, acrescentar ao Esporte algumas características do DESPORTO que buscamos: o “fair-play” (o jogo pelo jogo) e o prazer da prática desportiva. Como afirma Goethe, citado por Lowen em 1984: o prazer é uma dádiva de Deus para os que se identificam com a vida e se alegram com seu esplendor e beleza. E continua dizendo que, a vida por sua vez, em troca, lhes dá amor e graça. Mas Deus adverte seus filhos legítimos: apesar do prazer ser efêmero e abstrato assenta-o na mente, pois nele está o significado da vida (GOETHE, 1969, p. 58 apud LOWEN, 1984 p.09)
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O esporte e o lazer entre o biológico e o cultural: sem “julgamento intolerante de valores” Em recente reflexão sobre as questões biológicas e culturais e a importância do conhecimento desse conteúdo, na atuação do Profissional de Educação Física, do especialista em Lazer e agora do Dirigente Esportivo, analisávamos uma situação bastante comum e peculiar na prática do futebol que pode ser observada em qualquer “pelada” ou brincadeira de rua com crianças, e, é claro, nos jogos de campeonatos, quaisquer que sejam. No momento da cobrança de uma falta, principalmente próxima ao gol de quem a cometeu, os jogadores posicionam-se como uma “barreira humana” (e é esse mesmo o nome usado), para defender seu “gol”, como se formassem uma posição de guerra numa trincheira defensiva, para proteger seu território. Pois bem, acreditamos que o profissional da área do Esporte e do Lazer, que desenvolve atividades afins e que possua um conhecimento sobre Etologia Comparada e os Aspectos Filogenéticos do Comportamento Humano, e os conceba sem um “julgamento intolerante de valores” (sem dogmas e verdades pré-concebidas), ao contrastá-los com os Aspectos Culturais e as influências do Meio Ambiente não deixará de observar o comportamento dos jogadores na formação da “barreira” e, no momento da “cobrança de falta”. Enquanto aguardamos a formação da barreira e a ocupação do espaço pelos jogadores de defesa, numa “luta” com os atacantes pela manutenção da sua territorialidade; enquanto observamos o árbitro, numa demonstração de poder, manter a hierarquia e autoridade no campo de jogo, advertindo a barreira que se movimenta inadequadamente e, também, ao jogador que, numa atitude agressiva, cometeu a falta ferindo as normas éticas pré-estabelecidas em forma de regras; enquanto o jogador agredido, numa atitude altruísta do seu companheiro de equipe, recebe ajuda para se levantar; conversemos sobre o “Lance”.
O “lance” O “lance” retrata o Biológico, o Neuro-comportamental e o Cultural no Comportamento Humano, principalmente no que se refere as Práticas Esportivas e ao Lazer, já que é nessa área que desenvolvemos o Programa tema deste livro. Dificilmente, criaremos um esporte onde se ande de quatro apoios, ou uma maratona sub-marina, ou um campeonato de pular de galho em galho; pois estas não são características biológicas e comportamentais do seu humano; estamos diante da limitações biológicas que, por sua vez limitarão nossa criação cultural esportiva. Os próprios limites impostos por nossas Estruturas
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Comportamentais e Coordenações Hereditárias Inatas (EIBL-EIBESFELDT, 1977, p. 01 - 45 In: GADAMER (org), 1977, 01 - 45), determinam nossas possibilidades para uma Prática Esportiva determinada e, consequentemente, para a Performance de Habilidades Motoras. Essa prática e as habilidades inerentes a ela, serão orientadas e determinadas pelas instruções contidas em nosso patrimônio genético hereditário, e organizadas segundo as condições do meio-ambiente em que vivemos, sofrendo influências e determinantes sócio-culturais. Toma-se fundamental que saibamos que os limites físicos e genéticos existem, ao organizarmos qualquer prática físico-esportiva ou projetos de formação esportiva, e que conheçamos as possibilidades Anatômicas, Biomecânicas e Fisiológicas das pessoas (em especial com quem trabalhamos); seja para orientar a construção de um equipamento de esportivo e/ou de lazer, seja na exigência para com os recursos humanos que dispomos ou com as pessoas (crianças, adultos, idosos, pessoas com deficiência) para as quais organizamos uma atividade esportiva e/ou de lazer. Qual o tempo mais adequado para um jogo de futebol num torneio mirim? Quantos quilômetros deve ter um passeio a pé? Qual a altura de uma gangorra num parque infantil? Qual o peso adequado para uma bola de futsal para crianças de 9 a 10 anos? Qual o melhor horário para uma atividade ao ar livre no verão? Em que faixa etária posso começar um trabalho específico com esportes? Todas essas respostas e decisões (e poderíamos citar centenas de exemplos) passarão pelo prévio conhecimento biológico do homem, para evitarmos erros e conseqüências prejudiciais com as pessoas sob nossa responsabilidade. Como trabalhar com a agressividade dos nossos alunos e dos atletas durante uma competição, se não considerarmos suas origens e manifestações Filogenéticas, bem como os Mecanismos Inatos e de Impulso. Como, sem esse conhecimento, podemos discordar da funcionalidade do esporte para canalizar a agressividade, evitando assim os impulsos violentos quando a mesma não é bem trabalhada (ALMEIDA, 1982, p.48). Muitas vezes, a agressividade surge no próprio jogo, como uma espécie de “válvula de escape” para os impulsos de rompimento das normas rígidas das regras e da sociedade (LORENZ, 1977, p.37 In: GADAMER (org), 1977, p.37). Considerando que a agressão contagiante durante o ataque ao “inimigo” do grupo, corresponde a uma capacidade para a ativação do homem para agressão em massa, e que a mesma é condicionada naturalmente, poderemos compreender melhor (não aceitar) as violentas brigas de torcidas nos estádios do mundo todo e as depredações em Los Angeles, pela
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comunidade negra, em 1992 (HASSENSTEIN, 1977, p. 63 In: GADAMER (org), 1977, p. 62 - 64). Outra questão muito discutida e importante e que não podemos desconsiderar é o caso dos talentos esportivos, e a ilusão de que os trabalhos de formação esportiva “criam” esses talentos; esses talentos possuem uma disposição para a aprendizagem, e no âmbito motor é condicionada diretamente às Coordenações e Estruturas Comportamentais Hereditárias. Sem conhecer ·essa dependência Filogenética das “instruções” contidas no Patrimônio Genético Hereditário de cada indivíduo, corremos o risco de inverter prioridades e objetivos em Projetos Públicos e Privados de Formação Esportiva como é o caso de muitas “escolinhas de esportes”. Entretanto, queiramos ou não, os “talentos” existem e não escolhem lugar para nascer e crescer (Pelé nasceu em Três Corações – MG, com todo respeito, será que tinham algum projeto de formação esportiva sistematizado naquele município na época e por isso esse talento foi criado?), portanto, temos que na medida do possível, buscar oferecer condições para que esses “bem dotados”, sem discriminações, possam ter acesso a trabalhos que contribuam para seu desenvolvimento esportivo; cuidando-nos enquanto Dirigentes Esportivos, Técnicos e Professores para evitar os privilégios e deformações nas prioridades dos investimentos. Durante esse processo vamos nos deparar com problemas afetivos, emocionais, além da questão sempre presente em nosso país, econômica e social, que muitas vezes determina todo o futuro de um trabalho e dos alunos nele envolvidos, pois ninguém está isento da recessão, da cólera, da fome e da corrupção, dos políticos de má-fé, entre outras mazelas. Sem mencionar as tradições culturais que influenciam a prática esportiva e dificultam novas experiências, e a manifestação dos modismos e práticas “impostas” pela mídia e pelo “marketing” esportivo comercial. Não poderíamos deixar de citar (já citamos aqui), duas características neuro-comportamentais relacionadas diretamente com a aprendizagem. A afetividade e as emoções que através do Sistema Límbico (Conjunto de Estruturas Neuroanatômicas) são percebidas e “sentidas”, compreendidas e interpretadas pelo Córtex Cerebral e influenciam diretamente no aprendizado das habilidades (GUYTON, 1991, passim). Enquanto profissionais do Lazer e do Esporte, que buscam proporcionar Prazer através das atividades e de uma relação afetiva; e, enquanto Animadores Culturais, não podemos desconhecer esses mecanismos do Sistema Nervoso e nem tampouco a relação entre a Pressão Biológica Impulsiva e a Ponderação Consciente na elaboração do livre arbítrio que segundo Gadamer se constitui
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de uma operação consciente que pondera sobre as possibilidades para livremente, sem tensão, tomar decisões e fazer opções (HASSENSTEIN, 1977, p. 67 - 71 In: GADAMER (org), 1977, p.67 - 71). Esse entendimento é necessário quando atuamos com o Prazer numa perspectiva de Educação para e pelo Lazer, ocupando o “tempo disponível” das pessoas, as quais através do “livre arbítrio” fazem sua opção ou escolha por esta ou aquela atividade. No caso do nosso Programa - PDB, as crianças optam por este ou aquele esporte. Com relação aos aspectos socioculturais, aos aspectos condicionadores do meio- ambiente, tornam-se indiscutíveis suas influências no Comportamento Humano e em suas decisões (compromete-se aí o “livre arbítrio”). Basta lembrarmos aqui os modismos, as regras sociais, os problemas inflacionários e recessivos, a televisão, e … - Chegaaa !!!! (rs). Tudo influenciando em nossos projetos e em nossas vidas, biológica e culturalmente falando.
O “gol” Ei, olhe, esquecemos !! Vai ser cobrada aquela falta. É gooooolllllll !!!!! Que “M...” !! “Putz” !!! A bola passou no meio da barreira. No dia 18/06 de 1992 (marcamos esta data para efeito de registro histórico), num jogo entre Holanda e Alemanha, observávamos um gol da Holanda numa “cobrança de falta”. O jogador da Alemanha, que compunha a barreira, virou-se no momento da cobrança e a bola passou pelo espaço que ele ocupava, indo direto às redes. – Goooollllll !!! Nem teria sido necessário fazer este registro com data e tudo mais, pois isto acontece frequentemente ainda (rs). Tanto que ocorreu bem próximo a data que escrevíamos este capítulo de nossa monografia inicial em 1992. Embora isso aconteça com freqüência no futebol (basta prestar um pouco de atenção), sejam em jogos profissionais ou não, sejam com crianças ou com adultos; poucos profissionais do lazer e dos esportes veriam esse momento de forma “colorida” e não em ‘’preto e branco” - pensamento padrão, e que não admite transicionalidade ou mesmo que não admite a co-existência de eventos heterogêneos (GODOY, 1992, p. 67), deixando de observar o biológico e o cultural nesse tipo de “lance”. Mesmo considerando toda influência sócio-profissional a que um atleta de futebol está sujeito, como por exemplo: a orientação e exigências do
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técnico, a cobrança da torcida quando ocorre uma falha ou derrota, as críticas da imprensa do “esporte ao cubo” (já citamos anteriormente), as reduções financeiras que uma falha pode trazer aos jogadores, a crítica irônica dos colegas de equipe e outras pressões de qualquer ordem; o que leva um atleta a virar-se para não tomar uma “bolada”, mesmo que isso signifique a derrota, e a própria desonra ? Simples!! Essa reação impulsiva está ligada ao Comportamento Filogenético do homem, aos Aspectos Biológicos de nossa espécie; mais e pecificamente aos Mecanismos Acionadores Inatos e aos Mecanismos de Impulso (EIBLEIBESFELDT, 1977, p. 01 - 45 In: GADAMER(org), 1977, p. 01 - 45). Essa atitude é explicável biologicamente por uma necessidade de auto-proteção das espécies, particularmente dos órgãos de reprodução e vitais, e dos órgãos dos sentidos localizados na cabeça. Essa reação em crianças pode ser melhor observada, pois não sofrem tantas pressões na prática lúdica do esporte (não considere aqui aqueles joguinhos categoria “fraldinha” de clubes, onde os pais só faltam entrar em campo). Quando da própria formação da barreira alguns já posicionam-se de costas para proteger-se, quando não, viram-se e saltam no momento do “chute”, procurando evitar a “bolada” ou, pelo menos, que no máximo ela atinja as pernas. Esse simples e riquíssimo exemplo, busca mostrar a necessidade de uma compreensão tradicional das inter-influências entre o Biológico e o Cultural, o Inato e o Adquirido, uma visão sem “Julgamentos Intolerantes de Valores” contrastantes e heterogêneos, como descreveu Lorenz em 1943 (GADAMER, 1977, p. 65); uma visão que admita a transicionalidade entre esses valores concebidos culturalmente (vida e morte, são e doente, bom e mau, biológico e cultural). É nessa “visão colorida”, nessa relação sem pré-conceitos e extremismos maniqueístas, ultrapassando o senso comum do nosso julgamento contrastante de conceitos descritivos e objetos científicos, que visualizamos a formação e a atuação do Especialista em Lazer e do Dirigente Esportivo. Dessa maneira, a Antropologia Biológica pode contribuir para que o Esporte, através do seu fascínio e envolvimento transcenda as “barreiras” entre nossos impulsos e a ética sócio-cultural, vencendo mais um estágio na busca do Desporto - enquanto Sinal de Utopia, e que modestamente nosso trabalho - PDB, em Piracicaba, possa contribuir com todas essas nuances esportivas.
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Esporte, lazer e legislação: o “legal” do legal O “legal” Freqüentemente, temos perguntado aos alunos do projeto esportivo que realizamos em Piracicaba-SP - Projeto Desporto de Base, o que os mesmos têm “achado” das aulas, nas diversas modalidades esportivas que trabalhamos, dos festivais esportivos, dos eventos especiais que organizamos, dos professores, dos espaços onde passaram a conviver e transformaram no seu “lugar”. Uma das respostas que temos encontrado com muita freqüência, ao questioná-los com a pergunta: “O que você acha das aulas (do festival, do intercâmbio, etc.:.) ? Normalmente é a seguinte a resposta: “Ah ! Eu acho “legal”. Alguns se referem a isso dizendo: “Dá hora professor (a)” !! (rs). Muitas vezes, ao ouvir uma resposta como essa, ficamos com vontade de insistir para obter mais informações, entretanto, refletindo sobre o significado dessa expressão em nossa cultura, compreendemos que essa simples palavra, “Legal”, dava conta de tudo que precisávamos saber sobre a essência de todo nosso trabalho: o prazer de estarem no seu “Lugar”, de conviver, e de viver aquelas experiências. “Legal”, segundo o Dicionário Aurélio, é uma expressão popular que significa regular, certo, em ordem; é uma “palavra-ônibus”, “que exprime numerosas ideias apreciativas: ótimo, perfeito, excelente, etc...”; e essa era a ideia que as crianças queriam passar com essa palavra, a ideia de uma coisa boa, gostosa, que muitas vezes simplesmente as fazem... sorrir. O legal Por outro lado, Legal (do latim “legale”) significa aquilo que está de conformidade ou é relativo à lei, que tem caráter jurídico, que tem legitimidade. Por associação, normas que expressam os direitos e deveres dos cidadãos. Em nosso país, temos vários documentos que aglutinam as leis, que por sua vez “garantem” os direitos e deveres dos cidadãos; a Constituição da República Federativa do Brasil, a Lei Orgânica dos Municípios, o Estatuto dos Direitos da Criança e do Adolescente - ECA, as leis específicas do Esporte entre outras. Como estamos abordando as questões relativas a uma experiência, com o esporte e os interesses físico-esportivos do lazer, citaremos partes de algumas leis que procuram legitimar o direito, das crianças e outros segmentos sociais, ao Esporte e ao Lazer. O Título VIII - Da Ordem Social, Capítulo III - Da Educação, da Cultura e do Desporto, Seção III - Do Desporto, em seu Artigo 217, da Constituição diz:
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“É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, como direito de cada um, observados: 1. a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento; 2. a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento; 3. o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não profissional; 4. a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional. Já o parágrafo 32 deste mesmo artigo diz: “O poder público incentivará o lazer, como forma de promoção social”. Por sua vez a Lei Orgânica do Município (LOM) de Piracicaba (cabe ao amigo leitor consultar a LOM de seu município), no seu Artigo 267, diz: “Caberá ao município apoiar e incentivar as práticas esportivas..., como direito de todos.” E o Artigo 268, afirma: “o poder público apoiará e incentivará o lazer como forma de integração social, aplicando recursos e promovendo ações que visem: “II - ao esporte educacional, comunitário, de base e competitivo, na forma da lei;”, “III - a construção e manutenção de espaços equipados para as práticas esportivas, culturais, artísticas e de lazer;”, “IV - a criação de programas populares de esportes e arte-educação orientados a servir as populações de baixa renda;”. Já o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, através do seu Artigo 42, reafirma o direito ao esporte e ao lazer: “é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes..., ao esporte, ao lazer...”. Todos esses documentos, através destas leis, procuram garantir o direito ao Lazer e às Práticas Esportivas aos cidadãos, prioritariamente, às crianças e adolescentes. Toda essa legislação do Lazer e do Esporte, bem como da Cultura (essa distinção e separação não é feita por nós, mas sim pela própria legislação), contempla a questão do Espaço, de sua criação e manutenção; obriga a criação de Políticas Públicas nessas áreas, orientando para quem devem ser direcionadas e como devem ser desenvolvidas; sugerem a criação de Programas de Esportes e Lazer (Animação) que cuidem da formação esportiva (Desporto de Base), que cuidem da relação esporte-educação (Educação para e pelo Lazer) e que, estimulem a iniciativa comunitária (Ação Comunitária); orienta para a criação
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de Equipamentos em harmonia com os espaços livres e áreas verdes; sugere a convivência ecológica com rios, vales, lagos e outros recursos naturais, aproveitando-os como espaço para o lazer (Artigo 268 da Lei Orgânica, itens IV e V); e outras manifestações culturais, vinculadas a nossa cultura e ligadas a nossa história e ao nosso povo. Além disso deixa claro, que também é dever do Estado, apoiar e desenvolver o Esporte de Rendimento, dentro de suas possibilidades.
Basta ser legal para ser “legal” ? Entretanto, não basta termos toda essa legislação, e saber que todas essas iniciativas nessa direção são Legais; não basta termos garantido pelas leis trabalhistas e/ ou por melhores condições sócio-econômicas o tão desejado “Tempo Disponível”; não basta termos espaços e equipamentos que sempre estão “vazios”, no “vácuo”, sem “Ar” (“Ar” aqui entendido como possibilidade de vida) e sem animação. Portanto, sugerimos, e é preciso, que se dê um: Basta !. E em todos os lugares “vazios” (na perspectiva de SANTIAGO BARBUY, 1980, passim), com a utopia e imaginação que tal “vazio” nos sugere, façamos uma reflexão enquanto Especialistas em Lazer e busquemos, com sonho e fantasia, se nos permitem (ou não!) com poesia, mesmo com insegurança e às vezes, ao acaso: o “Legal” do Legal, o que seria, o nosso Legado ! O “Legal” do Legal é, ao nosso ver, e considerando toda subjetividade que possa conter essa palavra, uma Política de Animação em Lazer. Uma proposta que considere os espaços existentes no âmbito de seus valores anímicos, que respeite os espaços, como propõe Barbuy, criando os “vazios dinâmicos” (1980,p.45), e que através dessas reflexões incremente um programa de Ações Frequentes e de Eventos que proporcionem às pessoas (no caso de nosso projeto, às crianças e adolescentes), a possibilidade de vivenciar o “Legal” do Legal, no Lazer. É nessa perspectiva de dessacralização e democratização dos espaços, animação “permanente”, sem retórica política (vide antigas propostas federais), e com um trabalho efetivo, concreto, consciente de que temos, ainda, e sempre, muito a fazer, e que devemos buscar os “vazios” de nossa proposta. E nesses “vazios”, “carregados de futuro”, “compreender a possível futuridade do presente” que vivenciamos (BARBUY, 1980, p.17). É nessa perspectiva dialética, gingando como o capoeirista, que começa a se levantar, no tombo, antes mesmo de tocar o solo, é que deixamos nosso legado; na expectativa de que as “gerações futuras” possam continuar a se beneficiar da existência das coisas que criamos, e que de novas necessidades, possamos nos servir. Que Legal !!! E, assim, já se foram 30 anos desse sonho e de muitas realizações e concretizações.
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“Amasse a argila numa vasilha, de sua não existência, Surge a utilidade da vasilha.” “Tire as portas e as janelas de uma casa, De sua não existência surge a utilidade da casa.” “Tire o “Legal” do Legal, De sua não existência surge a utilidade do’’Legal”. “Portanto, da existência das coisas nos beneficiamos, e da não existência das coisas nos servimos.” (Do Lao Tech Ching de Lao Tse (5 70 a. C.) in: BARBUY, 1980, p.51)
Desporto – sinal de utopia “Ao centrarmos a nossa reflexão no desporto, não aderimos à uma ética de convicções nem a uma posição de exterioridade em relação ao universo do desporto, culpabilizando-o, rejeitando-o, imputando-lhe autoria das máculas que o inundam e consomem”. (BENTO, 1990,p.24) Assim tem sido nossa reflexão sobre o Desporto, ao qual nos referimos e complexamos; não limitando-o aos esportes praticados no mundo todo e aos conceitos que vimos, nem satisfazendo-nos com suas inter-relações sócio-biológicas, mas buscando um Desporto que vai além, que transcende. Um Desporto que rejeite frontalmente o “desporto do poder”: manipulador, agressivo, levando à violência, aos hegemonismos e contemporizador com todos os interesses de uma única classe dominante; e lute por criar (contribuir) com um “novo sistema de valores”, como nos sugere Manuel Sérgio (1988, p.35), no Desporto e na Sociedade. Afinal, o esporte é o homem, o esporte é a sociedade. (ECO, 1984, p. 221) O Esporte que conhecemos hoje, deve ir além, transcender, transformar-se no “esporte da paz”, paz entendida aqui como resultante e condição de desenvolvimento (ECO, 1984, p.35). Desenvolvimento este que irá (deverá) resgatar o Esporte enquanto veículo de condução à democraticidade (participação e decisão), à criatividade (através da expressão corporal), ao encontro dialogante (sem deixar de ser competitivo) e fraterno (sem deixar de ser corajoso) com os outros e conosco próprios (ECO, 1984, p.35). Buscando no profundo conhecimento do Esporte (negando-o sem rejeitá-lo) uma possibilidade de superação, vislumbramos um Sinal de Utopia. Apenas um sinal, pois Utopia é “nenhum lugar”, e ao chegarmos, deixará de ser Utopia. Então, buscando novamente sua superação, imaginaremos outra Utopia para o Desporto.
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Porém, distantes disso ainda, embora, com nosso projeto - PDB, tenhamos avançado no sentido de no mínimo garantir o acesso às Práticas Esportivas, por parte das crianças, continuamos nosso desafio. Seu também agora, já que se interessou por esta leitura (rs). Compartilhando da visão de Manuel Sérgio (SERGIO, 1976, p.36), apresentamos a seguir alguns Sinais de Utopia do Desporto que imaginamos: • A Competição Diálogo: no lugar da competição brutal, isto é, procurando mais o belo e o convencional e a resposta às necessidades do homem em busca de mais ser, do que a medida, o rendimento, o recorde, carregados de agressividade e de intolerância, uma competição tecnicamente avançada e moralmente ameaçada; • A Consciência e a Liberdade: no lugar da robotização, da militarização, e dos critérios prioritariamente econômicos e em que por isso, a informação e a documentação axiológicas tenham também o seu lugar, em relação íntima com a prática científica dos especialistas e as vivências dos técnicos, atletas e dirigentes; • Jogo, Humor e Festa: no lugar do puritanismo ascético e da lógica tecnocrática, geradores de ansiedade e tristeza - Jogo, Humor e Festa a emergir também dos órgãos da Comunidade Social, libertos (porque se libertaram) da subversão do dinheiro e dos interesses; • A Reforma Permanente (no treino, nas competições, nas federações, nas associações e no clubismo em geral): no lugar da revolução permanente ou do imobilismo esclerosante - reforma permanente, visando o desenvolvimento qualitativo (e não tanto o crescimento quantitativo) e a descentralização; • A Ecologia: a preservação do natural, os espaços verdes e um urbanismo arquitetado em critérios ecológicos e não em considerações de rendimento econômico (causa próxima das monstruosas megalópolis industriais), no lugar do pragmatismo do Lucro ou do artificialismo do Poder. A cidade (etimologicamente de “civitas”) civilizou o homem, mas as megalópolis afastam-no da Natureza e dos outros homens - de uma vida sadia, em suma ! Só agora as pessoas começam a cair na conta do preço que têm que pagar pela sociedade do rendimento. As percentagens assustadoras das doenças mentais, nervosas e cardio-circulatórias traduzem um custo real; • Desporto: que saiba o seu papel, na Renovação e Transformação do Homem e, portanto, tome a primazia aos ruidosos espetáculos multitudinários, massificantes, manipuladores, intoxicados de semi-deuses e de mitos. Um Desporto que se integre no Direito ao Ócio dos cidadãos não
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está contra o espetáculo desportivo, mas contra o sistema de valores que o comandam, nos dias de hoje; Desporto: não só visando a saúde e aptidão, mas também agente e fator de Cultura. De uma cultura que não aprofunda a rotura, vigente sem margem para dúvidas, entre a ciência e a filosofia, entre a técnica e os valores. Porque não deixa de ser grave saber como se faz desporto, desconhecendo os fins últimos da sua prática; Desporto: que atualize o Substrato Cultural do povo (dando a maior atenção aos jogos tradicionais, às diversas formas de desporto popular, às pequenas agremiações locais), no lugar do desporto - instituição, reprodutor e multiplicador das taras do Ter e do Poder. De fato, a manutenção dos jogos tradicionais representa, em muitos casos, uma recusa ativa e empenhada, em muitos casos, uma recusa ativa e empenhada, por parte do povo, do desporto do Poder. Não residirá, nestes jogos e desportos populares, a semente de um desporto novo? Tem tudo para isso, ânsia de vencer, expressividade e comportamento motores e, simultaneamente, Jogo, Humor e Festa ! Desporto Dirigido: fomentado e planejado por Desportistas e não por Políticos e Endinheirados recém-convertidos ao dirigismo desportivo, para instrumentalizarem o desporto a serviço da propaganda ideológica ou da publicidade comercial; Desporto: que não seja ciência e técnica, para condicionar o praticante e o espectador das maneiras mais aviltantes e estranhas, para reduzi-los a simples feixe de reflexos, mas que seja Ciência e Técnica para melhor se corporizarem no tempo os projetos de promoção e libertação do homem; Desporto: que se estude no âmbito das Ciências do Homem e, por conseqüência, não surja como um processo espontâneo, imediatista, uni-dimensional, mas como espaço onde caiba, ou donde se divise, a multidimensionalidade humana; Desporto: em que não haja Modalidades Prioritárias porque todas elas são prioritárias desde que integrem a educação continuada dos agentes do desporto (praticantes, técnicos, dirigentes, árbitros, investigadores, técnicos de saúde, críticos) e do público em geral; Desporto de Alta Competição: interpretado por atletas super-dotados e super -treinados, só e enquanto expressão do desenvolvimento sócio-cultural de um povo e capaz de sublinhar os laços orgânicos, que unem os povos e as nações. O desenvolvimento integral do desportista anda efetivamente a par com o desenvolvimento solidário da humanidade;
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• Desporto sem Violência: porque nele desapareceram as barreiras entre o ser o dever ser; porque nele não há espaço para negações cristalizadas pelo Ter e pelo Poder; • Desporto: que tenha por si Instalações Sócio-Desportivas, situadas nos bairros, nos locais de trabalho, de modo que facilmente delas possam dispor os que pretendem praticar as Atividades Físicas, sem perda da ideia de que o desporto é também uma atividade ao ar livre (também e principalmente). • Desporto: que tenha por si, esclarecidas e amplas, a Medicina Desportiva e a Psicologia Desportiva, perseguindo menos o rendimento do que o Homem como valor e destino; • Um Desporto: que represente o termo do Dualismo corpo/alma e das oposições uno/múltiplo, simples/complexo, natureza/cultura e homem/mulher; • Um Desporto Alternativa: no lugar de um Desporto-Repetição, este último resignado e fatalista, impossibilitado de proclamar novos valores e de procurar novas experiências. Cumprindo nossa função enquanto Profissionais de Educação Física e Dirigentes Esportivos, sem resignação e fatalismos, proclamando novos valores e buscando novas experiências na difícil e lúdica caminhada rumo ao Desporto, acreditamos ter superado um estágio importante ao desenvolver em Piracicaba: O PROJETO DESPORTO DE BASE – PD. Atualmente, já consolidado em sua estrutura e existência, mas sempre buscando suas utopias e comemorando em 2019, 30 anos de intensas atividades.
Alunos, professores e mestres de artes marciais de um núcleo do PDB
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O Esporte e o Poder Público No Artigo Primeiro da nossa Constituição, Parágrafo Único encontramos: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos da Constituição.” Deduzimos, portanto, que o Poder Público ou a Administração Pública (como sugere a Constituição, p.263), deve ser um reflexo da vontade do povo e garantir os direitos expressos na Constituição e suas regulamentações específicas, bem como em outras Leis que expressam esses direitos (Estatutos, Lei Orgânica, entre outras) “A Administração Pública Direta, Indireta ou Fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da legalidade...”(Art.37) e esclarece que são poderes, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Portanto, seja o Supremo Tribunal Federal, a Prefeitura de seu município ou a Câmara Municipal, entre outros, todos devem obedecer os princípios da legalidade explícitos nas Leis e garantir a prestação de serviços, entre os quais o Esporte e o Lazer; pois “incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, a prestação de serviços públicos” (Art.175), e mais especificamente no âmbito dos municípios, o Artigo 30 diz: “Compete aos municípios:... V - Organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local...”, entre os quais novamente destaco o Esporte e o Lazer. No Capítulo I, Item 5, abordamos alguns aspectos da Legislação Brasileira (Constituição Federal, Leis Orgânicas, Estatuto da Criança e do Adolescente, entre outros) e suas relações com nosso Programa – PDB; numa rápida reflexão sobre esses aspectos legais, podemos claramente perceber e deduzir, qual é a função do Poder Público perante a questão do Esporte, e como isso repercute na vida e no cotidiano das crianças e adolescentes que passaram a usufruir desse Bem Cultural, foi o que denominamos: O “Legal” do Legal. Por outro lado, para ilustrar, citaremos a visão de alguém que, provavelmente, não teve o “privilégio” de vivenciar tais experiências “Legais”, extraindo da Revista de Administração Municipal (1987, p.37), a máxima de um bem humorado popular (provavelmente um carioca, rs): “O senhor teria alguma sugestão para a nova Constituição do Brasil?”. Perguntava o repórter nos idos de 1987. Ao que o popular respondeu: “- É fácil, a nova Constituição bastará ter um único Artigo: A partir de hoje, todas as leis em vigor terão realmente que ser cumpridas...”, demonstrando assim todo seu
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descrédito com relação ao cumprimento da lei por parte das instituições (ou melhor, dos instituídos). Com profundo e devido respeito a sabedoria popular (“bom senso”), e com preocupação com relação à imagem do Poder Público perante a comunidade, ao longo dos anos, começamos a refletir sobre os projetos desenvolvidos pelos que já ocuparam as Administrações Públicas e as propostas dos que pretendem ocupá- la (já que sempre estamos em “ano” de eleições, rs). Foi quando, durante uma análise documental e revisão bibliográfica, tivemos contato com o texto: “Direito ao Ócio” (o título não está muito coerente) em um livro organizado por Bittar (1992); nesse texto que reflete e reafirma a função do Poder Público perante o Esporte, encontramos grande identificação com nossa visão e trabalho, partilhando da mesma enquanto cidadãos, profissionais e estudiosos do Lazer, e buscando aperfeiçoá-la e contextualizá-la na realidade do nosso município. Abordando a questão dos Setores Públicos, o texto explicita: Mais do que em outros setores, é na área dos esportes que podemos perceber o quanto a noção dos papéis dos setores públicos e privados é confusa para a população. Talvez resultado da ação eleitoreira e paternal das administrações anteriores, talvez resultado da pouca discussão existente na área, o fato é que, além da tarefa de prestação de serviços para a população (que seria o papel do poder público), herdamos a tarefa de desenvolver uma atividade econômica, integrante da indústria cultural, que é o esporte ‘profissional’: ou ‘semi-profissional’. “ (BITTAR, 1992, p.137).
E, mais a frente procura detalhar a reestruturação que se faz necessária para uma efetiva e nova atuação: A reestruturação da máquina administrativa, de simples formadora e mantenedora de campeões, para uma prestadora de serviços diversificados, levou à crianças o desenvolvimento de novos projetos, notadamente aqueles ligados ao lazer, destinados à população como um todo (crianças, adultos, idosos, deficientes físicos, etc...) e que antes não tinham outra opção.” (BITTAR, 1992, p.137-138).
No capítulo V, deste trabalho, relatamos alguns projetos específicos implantados e efetivados em Piracicaba e que buscam viabilizar essa nova concepção de função do Poder Público. Entretanto, o caminho para efetivação de tais projetos e propostas não é fácil e sem antagonismos, em particular o caso
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do PDB – Projeto Desporto de Base, que por quebrar a ordem social vigente na questão do Esporte, encontrou especialmente em seu princípio inúmeras dificuldades, as quais de ante-mão já prevíamos ao considerar as advertências de Bourdieu: “... o esporte, como toda prática, é um objeto de lutas entre frações da classe dominante e também entre as classes sociais.” (BOURDIEU, 1983, p. 942) “O campo das práticas esportivas é o lugar de lutas que, entre outras coisas, disputam o monopólio de imposição da definição legítima da prática esportiva e da função legítima da atitude esportiva, amadorismo contra profissionalismo, esporte-prática contra esporte-espetáculo, esporte distintivo-de-elite e, esporte popular-de-massa, etc; a este campo das lutas pela definição do corpo-legítimo e do uso legítimo do corpo, lutas que além de oporem entre si treinadores, dirigentes, professores de ginástica...”, talvez aí quisesse referir-se aos professores de educação física, “.. e outros comerciantes de bens e serviços esportivos, opõem também os moralistas e particularmente o clero, os médicos e particularmente os higienistas, os educadores no sentido mais amplo – conselheiros conjugais, dietistas, etc... -, os árbitros da elegância e do gosto - costureiros, etc...” (BOURDIEU, 1983, p.942), e acrescentamos, também, a essa lista, os políticos e os homens da mídia e do “marketing”. Entretanto, particularmente acreditamos que seja possível conviver com esses “aparentes” antagonismos, sem, é claro, uma visão maniqueísta das coisas e dentro de uma concepção dialética de Desporto (O Desporto que dialoga), contracenando todas essas possibilidades. Porém, enquanto Poder Público, temos agora muito clara nossa função (sem antagonismos e dúvidas): Assegurar à comunidade o Direito Público e seus benefícios (GODOY, 1991, p.107). Estabelecida nossa função enquanto “Dirigente Esportivo”, podemos continuar nosso diálogo com o Desporto; “Desporto que sabe seu papel, na renovação e transformação do homem e, portanto, tome a primazia aos ruidosos espetáculos multitudinários, massificantes, manipuladores, intoxicados de semi-deuses e de mitos.” “Pois um Desporto que se integre no Direito ao Ócio dos cidadãos não está contra o Espetáculo Desportivo, mas contra o sistema de valores que o comandam, nos dias de hoje.” (MANUEL SÉRGIO, 1988, p. 35 e 36). “- Look the Dream’s Team” (vejam o chamado “Time dos Sonhos” do basquetebol americano da “NBA” (a Associação Nacional de Basquetebol americana). Que tal, tocando nesse tema, uma pequena discussão sobre o “VAR – Video Assistant Referee” (Árbitro de Vídeo, como nos acostumamos a falar aqui no Brasil), bem atual nos dias de hoje nos jogos de futebol (rs). Que tal a reflexão, de por que no futebol, não se adotam os mesmos mecanismos e critérios de árbitro de vídeo que no Voleibol e no Tênis ???
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Com relação a uma possível necessidade de maiores esclarecimentos sobre a questão do Esporte e o Poder Público, à luz do nosso entendimento, sugerimos o trabalho editado em vídeo: “O Esporte e o Poder Público” (GODOY, MOREIRA & PELEGRINOTTI,1990), disponível na FEF-Unicamp; bem como seu resumo (1991, p.97); além do trabalho “Esporte e Lazer – um Direito Público assegurado (GODOY, 1991, p.107).
O cenário da época e o caso do município de Piracicaba “ E a realidade social, concreta e visível, meus amigos, aqui no Brasil, em Cuba ou nos Estados Unidos da América será sempre municipal ! “ (LACÉ LOPES, 1987, p.38). Como nos coloca Lacé (e concordamos) a realidade que percebemos claramente e podemos sentir no nosso cotidiano, visível e palpável, é a realidade do nosso município, onde vivemos nosso cotidiano. Não bastam a retórica e o ufanismo dos projetos em âmbito Federal ou mesmo Estadual, muitas vezes “olímpicos” (só com a ajuda dos Deuses, rs) outras tantas “olímpicos” (visando apenas as Olimpíadas). Entre tantos advertimos para o mais recente que detectávamos no momento quando da escrita dessa monografia básica em 1992: “CIAC’s Desportivos”; que pretendiam inserir uma metodologia esportiva experienciada em um país socialista (CUBA), num país como o nosso de economia capitalista, e de um governo liberal. Certamente não irá funcionar, pois temos que construir nossa própria identidade de Gestão Esportiva. Num passado mais retrógrado, a partir dos anos 70 até os anos 80, vivemos em nível nacional o “EPT – Esporte Para Todos”. Um projeto muito bem organizado e elaborado, que atingiu todo o país. Porém, que esteve sempre sob a égide de um regime militar ditatorial da época e que, apesar da competência de seus idealizadores e organizadores, e do envolvimento dos municípios através da rede EPT, foi utilizado por alguns militares com fins promocionais, alienantes e mantenedores do “status quo” do governo. Além disso, teve como característica fundamental e estratégica, a realização de Eventos, que não conseguiram constituir-se em Programas Permanentes nos municípios (como é o caso do PDB e dos Centros de Convivência em Piracicaba, que desenvolvem atividades semanais). Recomendamos para um maior aprofundamento a crítica ao EPT de Kátia Brandão Cavalcanti (CAVALCANTI, 1983, p.12 - 19) e o relato do painel 6: “Educação Física na Formação do Atleta
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– Massificação e Recreação”, contido nos anais do Ciclo de Debates: “Panorama do Esporte Brasileiro” (COSTA, 1984), que contém importantes informações na palavra de um dos seus idealizadores Prof. Lamartine Pereira da Costa. Contudo, ressaltamos que o EPT deve ser encarado atualmente (além de seu significado histórico), como nos diz o próprio Prof. Lamartine, como um “experimento, uma iniciativa de desburocratização, muito mais um símbolo do que um grande empreendimento” (COSTA, 1984, p.394); portanto, não como um modelo, mas como um referencial para futuras Políticas Públicas na área do Lazer. Afinal, o “EPT” nos legou experiências que consideramos muito positivas: como os “passeios’, “ruas de lazer’, “domingões” e tantas outras (como podemos verificar na revista Comunidade Esportiva), além de orientar e estimular o surgimento de boas iniciativas nessa área, porém isoladas, como é o caso do PRIESP – Programa de Iniciação Esportiva, no Rio de Janeiro (COSTA, 1984, p.369). No âmbito estadual, principalmente em São Paulo, a atuação tem se restringido e enfatizado a organização de campeonatos e mais campeonatos (quando acontecem), que para se realizarem dependem quase que sempre e totalmente das Secretarias Municipais de Esportes e Lazer. Com essa atuação eventual e quase insignificante (em termos efetivos e permanentes) das Inspetorias Regionais ligadas ao estado, mais vítimas da não existência de uma Política de Esportes consistente para a área e de um controle efetivo do que da boa vontade de alguns dos seus técnicos e comissionados. Os municípios ficam na dependência direta de suas prefeituras. Daí a importância de uma maior autonomia em todos os níveis para as prefeituras, principalmente fiscal e financeira, que é o que pretendem os municípios que fazem parte da Frente Nacional de Prefeituras: valorizar os municípios e desatrelá-los economicamente. Nos anos de 74 a 78, na administração do Sr. Caio Pompeu de Toledo, a Secretaria Estadual de Esportes realizou boas iniciativas, mas novamente enfatizando apenas os eventos: passeios, passeios, passeios, “ruas de lazer”, “domingo feliz” (os outros dias continuavam “tristes”), aos quais erroneamente o Sr. Caio P. de Toledo atribuía o caráter de “massificação” (COSTA, 1984, p.381).
Entretanto, ressalvo algumas atividades e projetos da época: “Roda Viva dos Esportes”, “Torneio Pé no Chão”, “Macroginásticas”, “Um Ginásio em Cada Prédio”, e outros; sem nunca porém, efetivar um trabalho em nível estadual, em parceria com os municípios e suas administrações, que assumisse um caráter ‘’permanente” (e isso prossegue até os dias de hoje).
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Outra inversão de prioridades que ocorreu no estado foi o (Plano de Ação Desportiva), na administração do Sr. Secretário Roberto Roth, a partir de 79, que tinha como objetivo principal: “... a busca do talento desportivo” (Plano de Ação Desportiva, 1979, p.8). Não descartamos uma atuação no sentido de oferecer oportunidades para as crianças e adolescentes, àqueles inatamente mais habilidosos no esporte, em contribuir para o seu desenvolvimento, entretanto de forma alguma deve ser essa uma prioridade absoluta (menos ainda exclusiva e única) na atuação e nos investimentos do Setor Público. Sem nos alongar nestas “lembranças” e considerações introdutórias, devemos ressaltar o bom trabalho desenvolvido pela Secretaria de Esportes do Estado do Paraná, com o projeto “Plano Estadual de Esportes”, de 1987 a 1991, que intervia na questão do Esporte e do Lazer em quatro linhas básicas: 1. Programa de atividades esportivas, esporte rendimento, escolar e popular; 2. Programa de atividades recreativas; 3. Programa de atividades expressivas; e, 4. Programa de atividades motoras; abrangendo assim, todas as esferas de atuação do Poder Público nessa área. Com relação aos municípios, muitos do interior de São Paulo, e outros estados, com estrutura e características semelhantes a realidade de Piracicaba têm, no decorrer de sua história esportiva passada, se destacado e investido em algumas modalidades esportivas específicas. Podemos citar casos como de Ribeirão Preto, Bauru, Sorocaba, Jundiaí, Campinas entre outras, e até mesmo de municípios menores como Sertãozinho, que se destacou em nível internacional com o hóquei sobre patins. Piracicaba não excluía-se na época, de ter essa tradição Esportivo-Cultural do nosso interior (SP) apenas em determinadas modalidades, e no transcorrer dos anos, em especial a partir dos anos 50, se destacou em nível nacional e até internacional em algumas modalidades: é o caso do futebol com o tradicional Esporte Clube XV de Novembro (vice-campeão estadual em 76), do basquetebol do XV de Novembro nas décadas de 50 e 60 e, até mesmo do seu voleibol mais recentemente, do atletismo masculino e feminino que ao longo de sua história contou com campeões brasileiros e até recordistas sul-americanos; mais recentemente podemos citar os destaques do tênis-de-mesa em nível internacional, a canoagem em nível nacional e até internacional, isso sem comentar o histórico basquete feminino da Unimep e BCN das famosas Paula, Branca, Nádia entre outras e, das técnicas Maria Helena e Heleninha; além é claro, dos títulos conquistados em “Jogos Regionais” e “Jogos Abertos do Interior” (uma das maiores competições esportivas do país), que de interior só tem o nome (rs), pois pelo regulamento podem participar até atletas de outros estados e países.
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Por trás de toda essa magia esportiva que cria um “espelho invisível” ao nossos olhos (em especial aos olhos da população), dos esportistas, dirigentes esportivos, professores e técnicos e até, ingenuamente acreditamos, aos olhos de alguns políticos bem intencionados e mal assessorados; existem algumas responsabilidades e fatos que envolvem o Poder Público (Prefeitura, e especificamente os órgãos de Esporte e Lazer) aos quais precisamos estar atentos. Ao referir-se a essas responsabilidades e situações de envolvimento e mal uso do Poder Público (Sejam Administrações Municipais, Estaduais ou Federal), temos que nos atentar para a realidade de que muitos se utilizam desses espaços apenas para fins eleiçoeiros. Muitos desses órgãos serviram ao longo das décadas para eleger políticos em troca de favores do poder público, como cessão de espaços (especialmente campos de futebol) ou distribuição de materiais esportivos, uniformes, medalhas e troféus entre outros. Desempenharam também o papel de propagandistas dos governos, seja no âmbito federal, vide a ação do regime militar no campeonato Mundial de Futebol de 70, ou seja no municipal - como na ação das prefeituras em jogos com disputa entre cidades. Recomendamos o filme “Prá Frente Brasil”, que aborda com propriedade a questão da Copa de Futebol de 1970. Lamentavelmente, ao longo do nosso envolvimento com o esporte, em nosso município em especial naquela época, como esportistas, professores e posteriormente como funcionários públicos de um órgão esportivo municipal, e também através de depoimentos e conversas com técnicos e esportistas com mais vivência no esporte piracicabano, somos obrigados a reconhecer tais afirmações; e ressaltar que muitos ainda querem “recuperar” essa “função apenas política e eleiçoeira das Secretarias Municipais de Esportes e Lazer, que já encontraram seu real caminho, ou mesmo das Secretarias Estaduais, e até mesmo em nível federal. Pessoalmente não descartamos o Esporte de Alto Nível (ou de Rendimento), nem poderíamos (pois é uma determinação legal e constitucional em nosso entendimento), muito menos sua vocação para oferecer excelentes espetáculos (confessamos que apreciamos até lutas de MMA) que nos envolvem e nos transformam em torcedores “fanáticos” (às vezes). Quantas vezes fomos aos jogos do “XV” com chuva, aos jogos de basquete da Unimep e BCN com bandeirinha na mão, quantas madrugadas a esperar o Boxe Internacional, o voleibol, a Fórmula I, e os jogos do “Verdão” (desde 1972, rs), ou de alguns amigos pelos jogos do São Paulo, do Corinthians, ou do Santos, …, chegando mesmo, naquele momento, a abandonar (rs) a correção deste texto para assistir a abertura das Olimpíadas de Barcelona. Quantas vezes nos vimos torcendo para os amigos em jogos entre municípios, Jogos Regionais, Jogos Abertos do Interior, Jogos Abertos da Juventude,
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entre outros; mas, em determinado momento começamos a perceber que nesses jogos, nessas equipes “representativas” de Piracicaba, não encontrávamos mais os atletas “de” Piracicaba, ou que pelo menos tivessem algum tipo de vínculo ou contribuíssem com o esporte local e com nosso município. Há que se ter, ou pelo menos se configurar, uma busca do município, por meio de suas políticas públicas esportivas e de lazer, por um trabalho que possibilite a formação esportiva local. Não somos contra a vinda e a participação de técnicos e atletas de outros municípios, mas essa não poderia ser a única ótica para o esporte local. Na citação anterior e na fala de José Manuel Constantino, podemos compreender melhor o que se passava: O ‘show-business’ desportivo percorreu tudo e todos. Aperfeiçoou as técnicas de estudo do mercado. Aplicou o marketing. Projetou a imagem. Alimentou o seu consumo mediático. Retirou-lhe as mais valias decorrentes de ser um fenômeno de massa. Serviu-se para fins publicitários. Intensificou as relações econômicas. Serviu de meio de afirmação política e ideológica. Sentou-se à mesa das negociações face aos conflitos mundiais. Foi utilizado como arma política. (CONSTANTINO, 1990, p. 78 - 79 apud MOREIRA, 1992, p.24)
E completando esse entendimento da manipulação do Espetáculo Esportivo, Wagner Wey Moreira completa: O espetáculo esportivo tornou-se um dos mais impressionantes teatros mundiais, cujo impacto promocional, visual e emocional a todos toca. Daí a preocupaçao constante dos poderes constituídos...” (quiçá não viessem a se constituir) “... em se apropriarem dos espetáculos esportivos, transformando-os em paradigmas políticos. É só refrescar a memória e nos lembraremos do ufanismo da copa mundial de 70, nos slogans ‘Brasil - ame-o ou deixe-o: ou ainda ‘90 milhões em ação, prá frente Brasil do meu coração’: ufanismo esse praticado em momentos de maior perseguição política do país. Portanto; a pretensa neutralidade política do esporte, principalmente associada ao espetáculo esportivo, nunca existiu (MOREIRA,1992, p. 24).
Esperamos, com fé em Deus, que esses tempos não voltem nunca mais !! Entretanto, e que fique bem claro, é necessário considerar o Espetáculo Esportivo sobre duas importantes ópticas:
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... O espetáculo esportivo utilizado para escamotear a necessidade de uma prática de massa (aonde o exemplo anterior também se enquadra) e o espetáculo esportivo que possa vir a contribuir para a implantação do direito da população vir a praticar esportes”, o que também defendemos (MOREIRA, 1992, p. 24).
E explicitando melhor essa questão (importante para nosso município), nos apropriamos da concepção de Moreira sobre algumas atribuições desse Esporte “Performance”: “O espetáculo esportivo e o esporte de competição deverão ser utilizados como forma de democratização quantitativa da prática esportiva, como modelo de motivação para essa prática, como fator educativo para a competição do dia-a-dia, como vitória do homem sobre suas próprias limitações” (MOREIRA, 1992, p. 25). Após essas reflexões sobre a apropriação indevida e a manipulação do Esporte de Alto Nível e do Espetáculo Esportivo, o “Esporte ao Quadrado”(ECO, 1984, p.222), analisemos, quebrando o “Espelho” (agora não mais invisível), o caso de Piracicaba, até 1988 e a partir de 1989, quando da implantação de uma Política de Esportes e Lazer pela administração da época (1989 a 1992).
Até 1988 No documento, “Diretrizes para a Ação em Esportes e Lazer de um Governo Democrático e Popular: uma avaliação de 2 anos”, da Prefeitura de Piracicaba, encontramos o seguinte relato, que busca retratar a visão de esporte que prevalecia no município, patrocinada pela administração anterior, através de algumas constatações e características: • Esporte de alto rendimento, onde dever-se-ia selecionar os mais dotados para que representassem o município em competições oficiais; • Importar atletas de outros municípios, custeando esses atletas, com o propósito de vencer os jogos regionais e abertos do interior; • Subsidiar equipes esportivas de alto rendimento, através de refeições diárias aos atletas profissionais e semi-profissionais (307 refeições diárias eram mantidas), e de aluguéis de moradias para esses atletas (13 residências eram alocadas pelo poder público). E no documento “Plano de Ação da Terceira Fase do Projeto Desporto de Base” da Secretaria de Esportes, Lazer e Turismo de Piracicaba completa-se o quadro, ao relatar uma das conseqüências dessa visão, afirmando que: o descaso com o Esporte Formação, em favorecimento único ao Esporte Competitivo, fez nascer uma filosofia totalmente falsa de esporte no município em anos anteriores,
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a Formação Esportiva de Base em Piracicaba era restrita a algumas modalidades e mais por iniciativa própria, mesmo assim, as que lutavam pela renovação acabaram aderindo à ideia de que melhor era “contratar” do que formar, ficando as crianças e adolescentes de nosso município sem oportunidades de participação. A falta de apoio de uma política de apoio ao Esporte de Formação em Piracicaba nas administrações anteriores, deixaram de atender os que realmente tinham direito a usufruir a prática esportiva, as crianças e adolescentes. Após constatar essa lamentável situação e, no mínimo, equivocada atuação da Codespor (nome do órgão público responsável pelo esporte na época), percebemos claramente a concepção do Esporte na óptica da administração anterior e como era utilizado. Confundindo o papel do Setor Público competente (já discutimos essa função anteriormente), investindo unicamente no Esporte Espetáculo e em atletas de alto nível em detrimento dos direitos da população. Cuidando para evitar interpretações errôneas e dar margem a pessoas de má fé, que possam querer distorcer as ideias e posicionamentos transcritos neste trabalho, gostaríamos de fazer algumas considerações respeitosas com relação a atuação de alguns profissionais (técnicos e profissionais de educação física) e outros amantes do esporte piracicabano que procuraram isoladamente, no passado, desenvolver um trabalho comunitário na área do Esporte e do Lazer (porém limitados ao seu conhecimento e apoio que recebiam). Cabe ressaltar também, fazendo referência às iniciativas de desenvolvimento do Esporte de Alto Nível, a intenção do P. A. C. - Piracicaba Atlético Clube, na Administração do Sr. João Hermann Neto, 1978 a 1981, (COLPAS, 1991) que não conseguiu efetivar-se; e ao trabalho do Cogeo, na administração do Sr. Adilson Benedito Maluf, 1982 a 1988 (COLPAS, 1991), ao qual acompanhamos enquanto piracicabanos e esportistas, que com muita competência, das pessoas envolvidas no processo, montaram equipes competitivas em várias modalidades (subsidiando atletas do município e contratando outros), sendo que muitas delas tiveram destaque, chegando a conquistar títulos de Jogos Regionais e Jogos Abertos do Interior. Todavia, devemos ressaltar que tal projeto e empreendimento ficaria melhor à iniciativa privada ou a clubes esportivos, pois fica nítido nas estratégias e intenções do projeto a profunda deturpação das reais funções e deveres do Poder Público com relação ao Esporte, em especial ao Esporte de Alto Nível; que deve limitar-se ao apoio, a colaboração e a ajuda e não ao custeio, ao patrocínio, e a manutenção de atletas e equipes, sem que seja parte de uma política também de formação e democratização do Esporte e do Lazer. Pois os investimentos públicos, custeados pelos impostos e taxas dos contribuintes, devem ser destinados também a projetos de retorno comunitário, atendendo os direitos de todos os cidadãos.
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A partir de 1989 - a inversão de prioridades Estamos convencidos de que o esporte possui, tanto em suas mazelas como em suas virtudes, um elemento essencial do nosso mundo vital, o que nos leva a uma ética de responsabilidades, na qual devem estar envolvidos os profissionais que militam nesta área, especialmente os ‘profissionais’’ de educação física.” (MOREIRA, 1992 p. 16, grifo nosso)
A partir de 1989, assume uma nova Administração Pública em Piracicaba, na pessoa do Sr. Prefeito Municipal Prof. José Machado, denominada “Administração Democrática e Popular”,que traria a partir de então, na sua forma de administrar municípios os Princípios Básicos de sua Concepção Social: Defesa da cidadania da classe trabalhadora em geral; A inversão de prioridades na aplicação de recursos públicos; Melhoria da qualidade de vida da população; Democratização do poder público; Recuperação dos espaços e serviços públicos. (Revista Teoria & Debate Caderno Temático, 1992, p.124) Tais Princípios Geradores e a Experiência vivida nas administrações, na área dos Esportes e do Lazer, inclusive no decorrer daqueles últimos 3 anos, fundamentaram então uma concepção alternativa de Esporte, que: “Dá ênfase à sociabilização e suas expressões lúdicas no tempo livre, entendendo-o como patrimônio cultural da humanidade e mais uma opção de lazer a ser apropriada por toda a população, capaz de contribuir para a democratização do município e fortalecer os laços de solidariedade entre os indivíduos. Procurando imprimir às atividades físicas e recreativas um conteúdo de cultura e de educação fortemente relacionado ao tempo disponível do indivíduo - um tempo para o lazer - e portanto, à própria qualidade de vida do cidadão comum. Provocando então uma inversão de prioridades em relação às administrações passadas, que davam ênfase ao treinamento para a competição quase que exclusivamente. (p.125 e 126) Fundamentados (e fundamentando) nesses princípios e construindo essa nova Concepção Desportiva, os Profissionais de Educação Física - começam a implantar e desenvolver essa nova proposta. Ressaltamos a palavra profissional, pois acreditamos e temos investido na competência e na ética profissional das pessoas ligadas à Educação Física; e acreditamos que, em grande parte, as mudanças estruturais e sociais passam pela
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atuação dos profissionais, adequados à sua área de competência; e pelo assessoramento de especialistas competentes na elaboração de Políticas públicas. Talvez, todo trabalho que hoje realizamos em Piracicaba, e ao longo dos anos, na atual denominada Secretaria de Esportes, Lazer e Atividades Motoras - SELAM, deva-se, em grande parte, a atuação competente dos que iniciaram a implantação da Política de Esportes e Lazer, e também, dos que a executam dedicadamente no seu dia a dia desde 1989, em especial aos profissionais ligados à Educação Física, ao Esporte e a Saúde. A então Coordenadoria de Esportes – Codespor (até 1989), e posteriormente, por um pequeno período denominada também de Coordenadoria de Esporte, Turismo e Lazer (Cetel), dirigiu o esporte piracicabano até a promulgação da lei nº 3339, de 14 de outubro de 1991, outorgada pelo prefeito na época, o Prof. José Machado, dispondo sobre a estrutura da Prefeitura Municipal. Através da junção de duas áreas, a referida lei criou a então Secretaria de Esportes, Turismo e Lazer, que ficou conhecida na época como Setel, assim permanecendo mais seis anos. Nesse período, ocorre uma grande e significativa mudança na estrutura e nas ações temáticas desse órgão municipal o qual ganha o importante “status” de Secretaria na estrutura organizacional da Administração Municipal de Piracicaba. Adquire então uma nova estrutura administrativa própria por meio de um novo e adequado organograma para a época. E por conseguinte, a criação, sistematização e implantação de importantes projetos e programas que se consolidaram e continuam até os nosso dias. Além da criação desses projetos e programas na área do esporte, também são criados projetos e programas de atendimento em outras áreas fundamentais como na área de Atividades Físicas, Atividades Físicas Adaptadas e no âmbito do Lazer e da Recreação. Configurando-se assim o início de uma ampla Política de Esportes, Lazer e Atividades Físicas para o Município, que se estende, reconfigura-se ao longo dos anos, é incrementada, e perdura até os dias atuais. Nesse contexto é implantado um dos principais programas esportivos do nosso país na época, que inclusive serviu de modelo estrutural e certamente como modelo para vários outros programas do gênero em outros municípios, e até mesmo no âmbito federal. Esse Programa chamado Projeto Desporto de Base – PDB, permeia uma política de criação de núcleos de formação esportiva em diversas modalidades (a chamada Fase I), e ao longo do tempo, até para poder apoiar e desenvolver os talentos esportivos surgidos no Programa, já previa no seu escopo o futuro apoio ao esporte de rendimento, em suas fases II e III do PDB. Como Secretário de Esportes, Lazer e Turismo, foi designado na época o renomado e respeitado Professor de Educação Física José Carlos Callado Hebling (hoje
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já falecido e que inclusive da nome a um importante ginásio em nossa cidade), profissional e experiente administrador na área, professor e esportista da cidade. Para a Assessoria Técnica foram convidados os Professores de Educação Física, Wagner Wey Moreira, Doutor em Psicologia da Educação pela Unicamp, pedagogo, professor de didática e esportista, e Ídico Luiz Pellegrinotti, Mestre em Anatomia pela Unicamp, técnico de atletismo, especialista em treinamento esportivo e esportista, todos vinculados à história do esporte piracicabano e da educação física na cidade. E tive a honra nesse período de ser convidado também, até pelas crenças que tinha nesse tipo de ação, a participar de uma missão bastante difícil, qual seja, a do processo de implantação desse Projeto no dia a dia das aulas.
Na foto estou ladeado pelos Profs Drs Ídico Luiz Pellegrinotti e Wagner Wey Moreira, idealizadores do PDB.
E assim, através do trabalho diário de mais de 20 professores (tive a honra de fazer parte desse processo de implantação na prática desde seu início) e orientação da equipe coordenadora, boa vontade política dos administradores e apoio fundamental do grupo empresarial DEDINI, da Universidade Metodista de Piracicaba - Unimep, colaboração da Piracema Transportes, orientação da Faculdade de Educação Física da Universidade de Campinas
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– FEF/Unicamp, inicia-se, conjuntamente com a comunidade, o PROJETO DESPORTO DE BASE. Projeto que deu origem a todo processo de deflagração da Política de Esportes e Lazer, invertendo prioridades e abrindo caminho para outros projetos que hoje estruturam e viabilizam toda política da Secretaria de Esportes, Lazer e Atividades Motoras – SELAM do nosso município. Em 1997, ocorrem mais dois 2 fatos importantes para a Secretaria e para essa Política Esportiva. Por meio da Lei Nº 4.253 de 02 de abril, as áreas do esporte, do lazer e do turismo, são separadas, criando-se então duas Secretarias independentes, o que deu mais e melhores condições ainda para que essas áreas pudessem ter sua identidade temática e desenvolverem-se com mais qualidade e consistência no município. ‘Agora, além do Esporte e do Lazer já incluídos no nome da Secretaria e na sua missão, inclui-se no nome e no seu organograma a importante ação das Atividades Motoras. A partir de então surge a Secretaria de Esportes, Lazer e Atividades Motoras (SELAM), como é chamada e conhecida até os dias atuais. Agora, e oficialmente, desde o nome até a estrutura organizacional contemplada em seu Organograma a Selam passa a assumir e desenvolver oficialmente não apenas ações Esportivas e de Lazer, mas também os Projetos e Programas na área das Atividades Motoras, como componente de sua missão no Município. Um grande salto de qualidade, quantidade de ações e de grande responsabilidade para os novos Secretários, que passam a assumir os trabalhos nessas três importantes áreas no município: O Esporte, o Lazer e as Atividades Motoras. A SELAM - Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Atividades Motoras de Piracicaba passa, a partir de então, a ser o órgão municipal que coordena todas as ações nessas áreas no município. Tendo como “Missão: Garantir à população, em seus vários segmentos (crianças, adolescentes, jovens, adultos, 3ª idade, mulheres, pessoas com deficiência, entre outros), o direito à assistir, participar e a praticar atividades esportivas, motoras e de lazer”. Para tanto desenvolve uma série de Projetos, Programas Permanentes, Eventos e investimentos em Espaços e Equipamentos Esportivos e de Lazer, que visam garantir este direito a toda população piracicabana, entre estes o Programa que estamos abordando, o chamado PDB.
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“O PODER PÚBLICO E A SOCIEDADE CAMINHANDO JUNTOS” UNIVERSIDADES Conhecimento
SELAM Poder público PDB Programa
SOCIEDADE ORGANIZADA Política de Esportes
Orçamento Público
Conselam Cmdca Confef/Cref
Política de Lazer
Iniciativa Privada
Capítulo 5
O PDB - O “Projeto Desporto de Base” enquanto uma Política de Esportes e Lazer. Uma proposta metodológica
Citando Aldous Huxley, Dumazedier destaca que vemos no esporte, a nota dominante do nosso tempo. Porém, ao lado dos participantes ativos há um grande número de espectadores, que gritam, conduzem mascotes e bandeiras, mas nada praticam (DUMAZEDIER, 1980, p.115) Contrapondo-se a toda aquela situação encontrada em Piracicaba, no que se relaciona ao Esporte e ao Lazer, e recuperando o papel do Poder Público, inicia -se um processo de “inversão de prioridades” com relação aos investimentos e projetos nesse setor público. No capítulo anterior nos detivemos na descrição e análise desta situação até 1988, em Piracicaba, e nos princípios básicos que nortearam esse processo de inversão e como o mesmo iniciou-se. “Corporeizando” essas novas propostas e a Política de Esportes e Lazer, por intermédio de um projeto abrangente quantitativamente e que na sua ação qualitativa representasse a nova concepção esportiva que se propunha implementar, elabora-se um projeto de ação para os quatro anos da administração. Através de uma proposta de ação quadrienal (1989 a 1992), elabora-se o “Projeto para o Desporto Piracicabano”, que sintetiza a Política de Esportes e Lazer naquele momento. Dentro desse processo destacava-se a “responsabilidade” do PROJETO DESPORTO DE BASE, incluso no projeto com a função principal de iniciar todo processo, mostrando a “ cara” dessa nova e transformadora proposta.
O princípio e os princípios Posto que a ação anterior (até 1988) não se identificava com a proposta da atual gestão, iniciou-se, com as comunidades de bairros, um amplo debate sobre a ação de uma Coordenadoria de Esportes e Lazer (nome do órgão do Esporte
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e Lazer da época). Isto foi realizado nos meses de janeiro a março de 1989 (período de 100 dias), em reuniões com as Diretorias dos Centros Comunitários. Dessas discussões surgiram os princípios que deveriam nortear a ação da Coordenadoria, o que levou a essa alteração completa da forma de trabalho, implicando na criação de estratégias para a implantação do novo serviço. A decisão central e consensual: Piracicaba deveria estabelecer uma Política de Esportes e Lazer, desenvolvida pelo Poder Público, que valorizasse a participação em massa de piracicabanos e que as instalações esportivas do Município deveriam estar permanentemente sendo aproveitadas pela população, pois essa não era a realidade histórica do município no setor.
Os princípios estabelecidos A questão central era a mudança de valores nas questões relacionadas com o Esporte e o Lazer. Deveríamos e poderíamos até apoiar o desporto de alto rendimento, como aliás continuamos a fazer na época com o Esporte Clube XV de Novembro, o basquetebol da BCN e Unimep, entre tantos outros, como exemplos, mas não deveríamos e nem poderíamos com verbas municipais, investir exclusivamente nessa forma ou conceito de esportes. Daí a razão do estabelecimento dos “Princípios Norteadores” a serem perseguidos por todos os projetos e pelo trabalho da então, na época, Coordenadoria: • o Esporte e o Lazer municipal devem ser um direito da população e serem vivenciados pelo maior número de munícipes possível; • o Esporte e o Lazer, desenvolvidos pelo Poder Público, não devem estar em função única e exclusivamente do rendimento atlético, mas sim em consonância com atitudes de cooperação, participação e ludicidade; • o Esporte e o Lazer, como fenômenos sociais, vão além da concepção de prática de atividade física em tempo disponível, motivo pelo qual é necessário um trabalho coordenado com outras Secretarias, como: Educação, Cultura, e Bem Estar Social (nome do órgão público na época); • Todas as faixas de idade da população devem ter acesso às atividades esportivas e de lazer; • É direito da pessoa com deficiência, a participação em atividades esportivas e de lazer.
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Estratégias de ação Como se vê, a mudança do conceito de esporte era total, revolucionária, pois abandonava-se a ideia da alta competição e rendimento apenas, para buscar privilegiar a massificação e a cooperação, inclusive através de competições, mas desta vez, “com” os outros. A mudança, como todo “novo”, causa reações e desestabilizações. Passar de um conceito onde, a população está habituada a assistir passivamente ao esporte, porque não tem condições de praticar aquele esporte técnico e de alto rendimento por um esporte em que ela se sinta dentro dele, gerenciando seus destinos e tomando decisões, causa um impacto muito grande num primeiro momento. Tentando minorar esse choque inicial, foram estabelecidas algumas estratégias de ação, dentre as quais destacamos: • Reuniões em Centros Comunitários para discussão dos princípios e estabelecimento das linhas de ação; • Implantação, no horário semanal de trabalho, de um período para reuniões administrativas e de atualização pedagógica dos professores de Educação Física da Coordenadoria; • Implantação de horários de ocupação dos espaços esportivos pertencentes à municipalidade, de forma que um maior número de pessoas pudesse participar; • Estabelecimento de reuniões entre Secretarias, com objetivo do levantamento do diagnóstico da situação do lazer no Município e após concretizar um projeto de lazer que envolvesse as Secretarias de Esporte, Lazer e Turismo, Bem Estar Social, Educação, Cultura e Serviços Públicos; Em linhas gerais, no plano original constavam duas linhas de ação: O Projeto Desporto de Base e o Projeto Recreativo e de Lazer. Não pretendemos, neste momento, fazer um relato detalhado dos projetos acima e da Política de Esportes e Lazer implantada em 1989. Para tanto recomendamos a consulta aos planos deste trabalho onde poderemos ter um conhecimento de toda proposta; para tal basta consultar o documento: “Projeto para o Quadriênio 1989/1992, para o Desporto Piracicabano. Nesse projeto inicial, denominado “Projeto Para o Desporto Piracicabano”, encontraremos as duas linhas de ação adotadas no desporto: 1- a primeira refere-se a introdução de uma prática formativa, com atividades semanais, caracterizando-se enquanto um Programa Permanente de ação com relação
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ao Esporte e aos Interesses Físico-Esportivos do Lazer (como nos apresenta DUMAZEDIER, 1980, p.110) - O PROJETO DE DESPORTO DE BASE; 2- a segunda atuando no sentido de organização de Eventos Esportivos para todos os segmentos sociais e faixas etárias - O DESPORTO RECREATIVO E LAZER. Estavam estabelecidas então as duas vertentes principais com relação ao que, a partir desse momento, poderíamos denominar efetivamente de uma Política para o Esporte, acrescentando-se a essas duas vertentes principais a continuidade do Apoio ao Desporto de Alto Nível, numa ação de apoio e colaboradora e não exclusivamente mantenedora. Embora nesse projeto não ficasse clara e definida uma Política para o Lazer, já podíamos identificar encaminhamentos iniciais para essa questão, a qual iria ser trabalhada, detalhada e sistematizada mais tarde, assim como as ações da área de Atividades Motoras. Entretanto já podíamos verificar uma preocupação com a ocupação dos espaços e equipamentos, preocupação também com o aspecto lúdico das atividades esportivas, realização de um trabalho interdisciplinar (intersecretarias) e organização de eventos de Lazer como as “Colônias de Férias”. Após a implantação da proposta, com grandes dificuldades e rompendo barreiras, o PROJETO DESPORTO DE BASE consegue efetivar-se concretamente ao final de 1989; tendo atendido naquele ano aproximadamente 3000 alunos, realizado 15 Festivais Esportivos nas modalidades de basquetebol, voleibol, futebol, futebol de salão, natação, tênis de mesa, ginástica olímpica e atletismo, e encerrado o ano com o “I Passeio a Pé” do Projeto com cerca de 2000 alunos participando da Caminhada, Macroginástica e Plantio de Árvores no Parque da Rua do Porto. Um momento inesquecível e histórico. Após essa 1ª etapa vencida, já se começa uma preocupação mais sistemática e inicia-se o processo para implantação de uma “Política para o Lazer”, integrada com a já, atuante, Política de Esportes”. Através de 3 Estratégias Básicas adotadas para viabilizar essa Política, em 1990 tem início o trabalho de estruturação dessa proposta: 1 – Transferência do Setor de Recreação e Ação Comunitária da Secretaria do Bem-Estar Social (hoje Secretaria do Desenvolvimento Social) para a Coordenadoria de Esportes, Lazer e Turismo (hoje Secretaria de Esportes, Lazer e Atividades Motoras); 2 - Devido a nossa experiência anterior com eventos e atividades de lazer e recreação (trabalhamos muitos anos na área de lazer em hotelaria e acampamentos infantis), passamos a dedicar uma parte da nossa carga horária semanal a articulação dessa “Política para o Lazer” e também na organização de eventos de Lazer e Projetos lntersecretarias na área, além de continuar o trabalho de formação esportiva no PDB; 3 - Contratação do Prof. Dr. Antonio Carlos
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Bramante, Especialista em Estudos do Lazer, para assessorar na implementação e desenvolvimento desse processo. Após viabilizar essas 3 estratégias, e formar um grupo intersecretarias com reuniões quinzenais, inicia-se a elaboração de um Diagnóstico de Piracicaba para subsidiar essa Política, que mesmo durante o processo já inicia sua implantação através da “I Colônia de Férias” e do “Projeto Mutirão” (projeto intersecretarias) posteriormente denominado “Projeto FelizCidade”. Não é objetivo deste relato, aprofundar-se no processo de implantação e nem tampouco na metodologia da Política para o Lazer (pois estamos escrevendo este livro relacionado aos 30 anos do Projeto Desporto de Base), mas sim deixar claro que sempre existiu, como já percebemos, uma profunda relação de integração entre a área do Lazer e do Esporte em nossa Secretaria ao longo da história, tanto que denominamos, neste livro, a esse processo, uma Política de Esportes e Lazer. Entretanto, como pode ser do interesse do leitor esse conhecimento mais detalhado, recomendamos a consulta ao documento já citado anteriormente no que se refere a questão do Esporte, e aos seguintes trabalhos da questão do Lazer: “Bases para uma Política de Recreação e Lazer – Diagnóstico de Piracicaba”, que pode ser encontrado na Secretaria de Esportes, Lazer e Turismo de Piracicaba; o qual aborda todo processo de diagnóstico do nosso município que posteriormente subsidiou a Política de Lazer e um trabalho acadêmico: “Recreação e Lazer no Município de Piracicaba: Avaliação pelos Dirigentes Comunitários” da Profa. Marlene de Lima - 1992 (FEF-Unicamp), que aborda esse processo ocorrido com o Lazer em Piracicaba no período de 1989-1992, quando da implantação simultânea da nova Política de esportes e Lazer. Nos anos seguintes, 1991 e 1992, com a interação entre a questão do Lazer e do Esporte, através da Política de Esportes e Lazer, surgiram muitos outros novos projetos que passaram a integrar, assim como já o fazia o PDB em 1990, o Esporte, a Atividade Física e o Lazer. Essa integração ocorre entre os projetos já existentes e novas propostas, dentro de novos projetos e trabalhos intersecretarias, como é o caso dos “Centros de Convivência”, do “Projeto Musculação”, “Férias nos Bairros”, “Brincando com o Corpo”, “Projeto Clarear” (para pessoas com deficiência) já em 1990, assim como o “Projeto FelizCidade, o qual já citamos, além de outros implantados no decorrer dos anos, e que seguem essa diretriz de um Política de Esportes e Lazer para o Município. Para evitar entendimentos reducionistas com relação a Política de Lazer do Município, destacamos aqui que abordamos neste estudo apenas a questão dos Interesses Fisico-Esportivos relativos a ela, mas que temos (ou tivemos no
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decorrer da história) excelentes trabalhos desenvolvidos nos outros Interesses Culturais do Lazer, como é o caso do “City-Tour” no Turismo, “Cultura nos Bairros” com a questão artística e intelectual, e outros como os “Centros de Convivência”, que buscavam desenvolver todos os interesses culturais do lazer (acrescentando -se aí os sociais e os manuais, que ainda não citamos). Gostaríamos de orientar que todos esses trabalhos e projetos, bem como seus relatórios, encontram-se nos órgãos específicos da Prefeitura de Piracicaba. Após essa visão mais abrangente da Política de Esporte e Lazer no Município, bem como da inserção do PDB em seu contexto, explicitaremos a relação do PDB em momentos distintos e interligados, com relação ao Esporte e ao Lazer, inclusive propondo uma Metodologia de Ação Conjunta entre os Programas de Formação Esportiva e o Lazer Físico-Esportivo.
O PDB e a Política de Esportes Raramente encontraremos trabalhos e muito menos Políticas Públicas que abordem coerentemente a questão do Esporte, já discutimos esse problema; entretanto, abordaremos aqui, especificamente a questão da Formação Esportiva e como a entendemos e desenvolvemos no PDB (permita-nos o amigo leitor abreviar assim nosso Programa). Quando nos deparamos com um discurso sobre Formação Esportiva e mesmo com um projeto em desenvolvimento, encontramos frequentemente a seguinte configuração e filosofia de trabalho:
PIRÂMIDE ESPORTIVA TRADICIONAL
ESPORTE DE ALTO RENDIMENTO SELEÇÃO E TREINAMENTO DETECTAR TALENTOS E APERFEIÇOAR MASSIFICAÇÃO ESPORTIVA
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Torna-se fácil perceber a intenção do trabalho: detectar talentos esportivos através do processo de “massificação”. Da “quantidade obtém-se a qualidade”. Discordando dessa “ingênua” visão (biológica e socialmente falando) e desse objetivo, com relação a projetos educacionais de formação, em qualquer área; fazemos a seguinte analogia com o processo escolar para visualizarmos o absurdo dessa proposta: Imagine justificarmos todo processo escolar no sentido de descobrirmos outros “Einsteins”. Absurdo !!!??? Sim, obviamente. Pois todo sistema de ensino existe para garantir a todos o acesso ao conhecimento em suas várias Disciplinas, e também aos bens culturais que desenvolvemos durante a História do Homem e da Sociedade (desde a escrita até a informática), objetivando assim possibilitar uma melhor qualidade de vida às pessoas, ou pelo menos potencializando-as para discutir e reivindicar seus direitos enquanto cidadãos. Dessa forma é que vemos um projeto de formação esportiva; enquanto garantia de oportunidade de acesso ao bem cultural chamado Esporte e possibilidade de conhecimento de suas características e particularidades, dentro de um processo educativo, sendo a evolução para outros níveis de performance apenas uma consequência natural das habilidades inatas de cada indivíduo e do trabalho técnico que também esta associado ao aprendizado. A partir desse pressuposto é que foi elaborado o Projeto Desporto de Base, cuja estrutura proposta podemos perceber através do gráfico na página seguinte. Embora admitamos o natural processo evolutivo de alguns alunos, em termos de performance, esse não é nosso objetivo. Buscamos garantir o espaço para todos, em 3 Fases (Fase I, II e III) distintas e interligadas desde a iniciação ao treinamento, sendo que esse não seja um processo obrigatório ou primordial. Podendo o aluno/atleta se inserir onde se adaptar e quiser (livre opção), podendo iniciar até mesmo na Fase III, se já tiver um conhecimento e habilidades adquiridas pela formação / treinamento esportivo que já tenha recebido e participado, ou até mesmo manter-se na fase I e II, independentemente de sua faixa etária, sem um processo de eliminação sumária. A Fase I desse projeto, que estimula a participação no esporte como um processo educacional de crianças e adolescentes de 08 a 15 anos (essa faixa de idade pode variar de acordo com a modalidade e/ou o contexto da procura pelas atividades), especialmente com os objetivos de desenvolver a ludicidade, a criação, do sentido de companheirismo no esporte, da amizade, e em especial também o gosto pela prática esportiva, o que o aluno provavelmente levará para o resto da vida, inclusive como uma futura opção de lazer e atividade física, independentemente do seu nível
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de performance atingido. Além é claro do aprendizado dos fundamentos da(s) modalidade(s) escolhida(s). É fundamental lembrar que esta Fase não tem por objetivo formar atletas nem “peneirar” talentos e futuros campeões para o futuro e para as Fases seguintes, sendo que periodicamente são realizados Festivais e Encontros para os alunos apresentarem e demonstrarem seu conhecimento e habilidades aprendidas e assimiladas, conjuntamento com seus colegas de outros Núcleos e associações parceiras. A Fase II, implantada em 1990, por sua vez, se destina às crianças e adolescentes que se destacam na Fase I, ou mesmo as que provém das aulas de educação física escolar das escolas municipais ou estaduais, ou mesmo das escolas do ensino privado, e que necessitam de um espaço adequado para seu desenvolvimento técnico. Aqui já se cobra, ao lado dos valores vivenciados na Fase I, um certo critério técnico para o desporto escolhido. Para isso, são programadas ao longo do ano, competições e encontros entre os bairros ou núcleos onde se desenvolvem a Fase II, ou mesmo de entidades parceiras que fazem esse tipo de trabalho, como clubes por exemplo. Locais e tipos de locais possíveis para as atividades, especialmente relacionadas a estas Fases: Complexos Esportivos Municipais e Privados, Estádio Municipal; Ginásios Poliesportivos; Campos de Futebol; Centros Comunitários, Escolas e Quadras isoladas nos bairros; Parques Públicos; Lagos entre outros. É fundamental relembrar novamente que estas fases não tem por objetivo apenas formar atletas nem “peneirar” campeões para a Fase seguinte, a Fase III, e que periodicamente são realizados Intercâmbios entre Núcleos e Festivais de Apresentação do trabalho desenvolvido pelos professores e seus alunos. A Fase III, por sua vez, e que foi implantada em 1991, visa criar uma estrutura especializada de treinamentos específicos em cada esporte. Inclusive estabelecendo para isso as Parcerias, que vão desde a cessão de espaços para clubes ou associações, ou mesmo firmando Parcerias com essas mesmas associações. Esta Fase poderia ter apresentado um melhor desempenho desde sua implantação caso a Lei Nº 7.752 de 14 de Abril de 1989, que “dispõe sobre benefícios fiscais na área do Imposto de Renda e outros Tributos, concedidos ao Desporto Amador”; mais conhecida como a “Lei Thame do Esporte” (me refiro a lei criada pelo então Deputado Federal Mendes Thame de Piracicaba/ SP), não tivesse sido vetada e posteriormente revogada pelo governo federal da época, do Sr. Fernando Collor de Mello.
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GRÁFICO DO ESQUEMA ESTRUTURADO EM FASES INTERLIGADAS
Escola
FASE I Iniciação Recreação
Projeto Desporto de Base
Estruturado em 3 Fases Interligadas
FASE II Formação Aperfeiçoamento
FASE III Treinamento
Graduação Profissão Pós-graduação
Vida Adulta
A qual seria novamente re-escrita, “aprovada” e colocada em vigor, com várias alterações, após nossas lutas na “Conferência Nacional do Esporte de 2004, e então assinada e sancionada pelo Presidente na época o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva em 2006, durante a “II Conferência Nacional do Esporte” e tendo então ficado conhecida como a “Lei Federal de Incentivo ao Esporte” - Lei Nº 11.438 de 29 de dezembro de 2006 que “Dispõe sobre incentivos e benefícios para fomentar as atividades de caráter desportivo e dá outras providências”.
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Em nosso município especificamente, uma Lei de extrema importância foi criada para essa finalidade para suprir essa lacuna de então: a Lei Municipal de Nº 3.422 de 09 de Abril de 1992, que “Dispõe sobre a concessão de auxílios ou subvenções à clubes e agremiações com finalidades esportivas”, e estava relacionada a isenção do IPTU para Projetos que apoiassem o Esporte local e o Projeto de Lei que instituía o “CIEA - Certificado de Incentivo ao Esporte Amador”, que concede descontos em tributos municipais para entidades que apoiassem e desenvolvessem atividades com o esporte amador local. Algumas entidades nesse período foram contempladas com o 1º benefício municipal por investirem no esporte amador, como a Unimep e o Jacapuá, em modalidades como Basquete (Masculino e Feminino), G. R. D., Atletismo, Tênis de Mesa, além da B. C. N. que investia no Basquetebol Feminino. Clubes como o CAP e Abzalão que investem no Voleibol (Feminino e Masculino), a academia Ponto Olímpico na Ginástica Olímpica, além do E C XV De Novembro no Futebol, na época Campeão Nacional na Categoria Infantil com alunos oriundos do PDB, em sua grande maioria. No decorrer do tempo essa lei que concedia descontos no IPTU local, acabou por cair no desuso, por não haver consenso das administrações municipais que se sucederam no que se refere a abdicação da arrecadação de impostos para apoiar o esporte amador local. Essa carência da aplicação e da existência de Mecanismos Legais de apoio oficial, e de Amparos Legais para que fossem firmadas Parcerias, acabou por prejudicar sobremaneira todo trabalho das Fases II e III, especialmente a fase III, pois não tínhamos mecanismos legais para poder ajudar com recursos as associações e clubes que queriam desenvolver as diversas modalidades do esporte amador local. Preocupado com essa situação, e tendo o apoio do Secretário de Esportes na época, tive a oportunidade de criar e redigir, e posteriormente propor à Procuradoria Geral do Município na época, a elaboração de um PL - Projeto de Lei, que acabou se tornando uma Lei Municipal, que possibilitava ao Poder Público Municipal apoiar oficialmente as academias, clubes, associações, entre outras, que queriam fazer um trabalho de desenvolvimento das diversas modalidades do município, em especial àquelas que faziam parte do rol de modalidades dos Jogos Regionais e Abertos do Interior em nosso município. Então, em 1997 foi sancionada em nosso município a Lei específica para autorizar e dar amparo legal a essa finalidade de Convênios e Parcerias em âmbito municipal, a Lei de Nº 4.372 de 18 de Dezembro de 1997, Artigo 1º, “Fica o Poder Executivo autorizado a firmar convênio com Clubes Esportivos e Recreativos, Academias, Associações Esportivas e de Classe, Entidades afins, Centros Comunitários e Associações de Moradores, objetivando apoio para o
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desenvolvimento de modalidades esportivas.”, e que foi posteriormente consolidada em 2011 pela Lei Municipal Ordinária Nº 7.045 de 24 de junho de 2011 que “Dispõe sobre a Consolidação da legislação sobre o Esporte, Lazer e Atividades Motoras do Município de Piracicaba”, mais propriamente em seu Capítulo VI, Dos Convênios, Seção I - “Convênio com Entidades com o objetivo de desenvolvimento de modalidades esportivas”, Artigo 52, “Fica o Poder Executivo autorizado a firmar convênio com Clubes Esportivos e Recreativos, Academias, Associações Esportivas e de Classe, Entidades afins, Centros Comunitários e Associações de Moradores, objetivando apoio para o desenvolvimento de modalidades esportivas. Observe-se que na Lei atual não aparecem as Academias, pois a legislação maior, e também o Tribunal de Contas do Estado entende que não é permitido firmar convênios e parcerias com empresas (mesmo muitas academias se constituindo as responsáveis por desenvolver várias modalidades na prática, especialmente as de lutas), sendo permitido apenas convênios e subvenções com associações esportivas sem fins lucrativos, e que na época tinham ainda que apresentar a Declaração de Utilidade Pública. Observe-se que agora, essa exigência da Utilidade Pública não ocorre mais, desde a criação e entrada em vigor a partir de 2017, do que chamamos de Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil, estabelecido pela Lei Federal 13.019, de 31 de Julho de 2014. que “Estabelece o regime jurídico das parcerias entre a administração pública e as organizações da sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a consecução de finalidades de interesse público e recíproco, mediante a execução de atividades ou de projetos previamente estabelecidos em planos de trabalho inseridos em termos de colaboração, em termos de fomento ou em acordos de cooperação; define diretrizes para a política de fomento, de colaboração e de cooperação com organizações da sociedade civil; e altera as Leis N° 8.429, de 2 de junho de 1992, e Nº 9.790, de 23 de março de 1999. Alterada posteriormente e logo em seguida pela Lei Nº 13.204, de 14 de Dezembro de 2015, que “Altera a Lei Nº 13.019, de 31 de julho de 2014, “que estabelece o regime jurídico das parcerias voluntárias, envolvendo ou não transferências de recursos financeiros, entre a administração pública e as organizações da sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a consecução de finalidades de interesse público; define diretrizes para a política de fomento e de colaboração com organizações da sociedade civil; institui o termo de colaboração e o termo de fomento; e altera as Leis nos 8.429, de 2 de junho de 1992, e 9.790, de 23 de março de 1999”; altera as Leis nos 8.429, de 2 de junho de 1992, 9.790, de 23 de março de 1999, 9.249, de 26 de dezembro de 1995, 9.532, de 10 de dezembro de 1997, 12.101, de 27 de novembro de 2009, e 8.666, de 21 de junho de 1993; e revoga a Lei no 91, de 28 de agosto de 1935.
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A qual foi regulada em nível de nosso município pelo Decreto Municipal 1.093, de 01 de Julho de 2017, o que nos permite atualmente continuar a manter as ações de formação esportiva associada ao trabalho das associações relacionado às equipes de competição no município. O que é primordial para a manutenção e desenvolvimento integral da Política de Esporte para o município.
O PDB e a Política de Lazer Após abordarmos o PROJETO DESPORTO DE BASE, enquanto um trabalho vinculado à Política de Esportes, e mais que isso, como o projeto que caracterizou essa política em termos de abrangência, repercussão e mudança de valores e prioridades naquele momento em 1989, assumindo e incorporando todas as dificuldades oriundas desta solução de continuidade da “ordem social” vigente até então, destacaremos agora a interação desse processo de formação esportiva com o Lazer, ou melhor, com a Política de Lazer. Normalmente caracterizada através de eventos, as propostas de Lazer na área dos interesses físico-esportivos eram muito incipientes e não tem conseguido uma atuação frequente nas comunidades, apesar da atuação de alguns voluntários e líderes comunitários muito atuantes. Intervindo nessa problemática o PDB possibilitou o estabelecimento de uma ação frequente, através de aulas, treinamentos e encontros semanais nas várias comunidades onde atua, estabelecendo assim uma maior possibilidade para implementação de uma Educação Para e Pelo Lazer, através da prática desportiva. Nessa forma de atuar, cabe citar aqui, que neste curto espaço de tempo (3 anos e meio) já surgiram inclusive, através do Projeto e da atuação dos seus professores, alguns líderes comunitários esportivos voluntários, a partir dos alunos que frequentaram os núcleos de formação durante esse tempo. Inclusive uma das alunas do projeto, ingressou na faculdade de Educação Física nesse curto espaço de tempo e chegou a atuar como monitora em um núcleo de formação esportiva do Projeto. Entretanto, cabe destacar, no decorrer do Projeto ao longo desses 30 anos, isto se tornou uma rotina até podemos assim dizer, ou seja, muitos dos alunos e atletas do PDB, em sua diversas Fases, associados e beneficiados com e por um Programa de Estágio Remunerado que tive a oportunidade de criar em 1990, denominado “Projeto Estágio em Educação Física, e também à um programa de bolsas de estudos, denominado desde então de Bolsa-Atleta, em especial para atletas da Fase III do PDB, o qual tive a oportunidade de redigir em 1997, e articular conjuntamente com o Prof. Ms. Rubens Leite do Canto Braga (então Secretário de Esportes, Lazer e Atividades Motoras) junto a reitoria da UNIMEP; os quais
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passaram desde então a integrar os Programas da Secretaria, e que possibilitaram aos alunos / atletas, a ingressarem em diversos cursos das Universidades locais, especialmente o Curso de Educação Física, e posteriormente virem a integrar e atuar junto a Secretaria como estagiários ou monitores, ou mesmo em outras áreas como a fisioterapia, ou mesmo nas associações e clubes parceiros do município, ou até mesmo como professores concursados nas escolas estaduais ou municipais do município, ou mesmo nas escolas privadas. Além destes exemplos, muitos adolescentes e jovens do Projeto já se organizavam na época com certa autonomia, e formavam equipes para participar dos Festivais Esportivos, Jogos Comunitários e outros Eventos Comunitários e Esportivos desde então, além de se deslocar sozinhos ou em grupos para Eventos de Lazer organizado pela Secretaria. Revelando assim que o trabalho vem gerando competência e indícios de uma “auto-gestão” (preferimos falar em co-gestão), apesar do pouco tempo, e podermos considerar que o mesmo altera comportamentos e se defronta com visões diferentes geradas pela mídia, pela sociedade como um todo e pela própria escola (através da errada atuação de muitos professores de educação física). Através do gráfico a seguir, podemos visualizar esta proposta e atuação em três momentos relacionados com a Política de Lazer: Eventos de Impacto, Eventos de Apoio e a Ação Frequente do Programa.
P. D. B PROGRAMA PERMANENTE DE LAZER
AÇÃO FREQUENTE
EVENTOS DE APOIO
EVENTOS DE IMPACTO
PROJETO DESPORTO DE BASE PROGRAMA DE ANIMAÇÃO INTERLIGADO
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1. Ação Frequente: caracteriza-se pelas aulas ou treinamentos realizados durante a semana, nessa ou naquela modalidade esportiva ou atividade recreativa, nas Fases I e II, ou até mesmo na Fase III. 2. Eventos de Apoio: dependendo da Fase em que se encontra o aluno, esses eventos caracterizam-se como: Festivais Esportivos que reúnem todos alunos de uma determinada modalidade na Fase I e/ou II, tendo relação direta com o conteúdo das aulas que são desenvolvidas durante o semestre. Festivais Esportivos, Jogos Comunitários, Encontros Amistosos pelo Setor de Eventos Esportivos, Intercâmbios Esportivos, Jogos Amistosos agendados, nas suas várias e diversas categorias (mirim ao livre, masculino ou feminino, e misto). 3. Eventos de Impacto: não necessariamente relacionados com o conteúdo desenvolvido nas aulas e muitas vezes oferecendo inclusive outros Interesses Culturais do Lazer em ações interdisciplinares e/ou intersecretarias. Temos nessa linha de atuação a “Colônia de Férias” ou “Projeto Férias”, que reúne aproximadamente centenas e/ou milhares de alunos do PDB ou de outros Programas, durante uma semana com diversas e variadas atividades: jogos adaptados, brincadeiras, gincanas, festival de pipas, passeios pela cidade de ônibus, cinema, teatro; e outros eventos como o “City-Tour, “Festa de 1º de Maio”, “Cidade dos Esportes”, “Circo”, “Desfiles Cívicos”, “Passeios à Pé”, “Plantio de Árvores”, “Dia do Desafio”, “Domingões”, “Projeto Férias”, entre outros. Na Fase III, a grande expectativa enquanto evento de impacto são os torneios e campeonatos, como os “Jogos Abertos da Juventude”, “Jogos Escolares”, “Jogos Universitários”, “Jogos Estudantis”, entre outros, nas suas diversas categorias (do infantil ao juvenil), no qual os alunos/atletas oriundos do PDB participam em quase todas as modalidades. Além de alguns já participarem até mesmo dos Jogos Regionais e Abertos do Interior.
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“Festivais Esportivos do PDB ”
Na perspectiva do Lazer, como abordamos anteriormente, nosso maior objetivo é garantir o prazer da prática esportiva às crianças e adolescentes; enfatizando o aspecto da Atitude (Prazer) através de um Conteúdo Cultural Específico (o esporte no caso) durante o Tempo Disponível (tempo liberado da escola e dos compromissos sociais) dos nossos alunos/atletas. Como nos coloca Rubem Alves: o corpo não recusa um copo de vinho, dizendo que daquele já bebeu, e nem se recusa a ouvir uma música, dizendo que já a ouviu antes, e nem rejeita fazer amor, sob a alegação de já ter feito uma vez. Uma vez só não chega. O corpo trabalha em cima da lógica do prazer. E, do ponto de vista do prazer, o que é bom tem de ser repetido, indefinidamente.” (ALVES, 1989, p.12, in: MARCELLINO (org), 1989, p.12).
É com esse entendimento que defendemos um Programa de Ação Frequente em Lazer, oportunizando a vivência lúdica e prazerosa da prática esportiva (mesmo em nível de treinamento de alto rendimento), e é nessa perspectiva que sempre atuamos enquanto Profissionais de Educação Física e Dirigentes, inclusive como Professor e Coordenador do Projeto Desporto de Base, e também como Chefe do Setor de Esporte de Formação da Secretaria durante vários anos,
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e buscando viabilizar a Política de Esportes e Lazer do município, seja atuando como Professor, Especialista em Lazer, ou mesmo como Dirigente e Gestor Esportivo, inclusive quando ocupamos o cargo de Diretor de Departamento de Esportes, Lazer e Atividades Motoras de Piracicaba durante 16 anos, e posteriormente como Secretário Municipal de Piracicaba de 2013 à 2016. A partir do esquema gráfico do próximo item, pretendemos facilitar ao leitor o entendimento de uma característica fundamental do nosso trabalho e Programa, que é a Transicionalidade entre um Programa de Formação Esportiva (em suas várias fases) e uma Política de Lazer, relacionando seus objetivos e suas metodologias específicas, as quais pretendemos que sejam entendidas aqui de forma conjunta e inter-relacionada, o que se configura no que propomos aqui neste livro como uma nova metodologia para esses trabalhos, seja no Setor Público ou no Setor Privado.
O PDB e a Política de Esportes e Lazer Após a análise do PDB através de sua vinculação e relações com a Política de Esportes e com a Política do Lazer; a compreensão do gráfico metodológico abaixo torna-se mais simples. Nossa intenção com esse esquema de atuação e funcionamento é propiciar ao leitor uma compreensão visual da transicionalidade entre as metodologias específicas de cada campo de atuação do PDB, seja no Esporte e/ou no Lazer, em suas mais diversas atividades, o que se configura numa nova e integrada metodologia, objetivo maior desta contribuição profissional e acadêmica, com 30 anos de existência.
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O PDB - O Projeto Desporto de Base enquanto uma Política de Esportes e Lazer
MODELO GRÁFICO / METODOLÓGICO DO “PROJETO DESPORTO DE BASE” ENQUANTO UMA POLÍTICA DE ESPORTES E LAZER
PDB Política de Esportes e Lazer
Fase I
Fase II
Fase III
Atividades Frequentes
Aulas e Encontros
Aulas e Treinamentos
Treinamentos
Eventos de Apoio
Festivais e Encontros Esportivos, …....
Intercâmbios, Jogos Escolares, Jogos Comunitários, …........
Jogos Abertos da Juventude, Jogos Escolares e Universitários, …......
Eventos de Impacto
Projeto Férias, Cidade dos Esportes, Abertura de Eventos, ….........
Campeonatos e Torneios em Nível Municipal e Regional, ........
Jogos Regionais, Jogos Abertos do Interior, Ligas e Federações, ….....
Aulas nas Escolas Estaduais e Municipais, Centros de Convivência, Projeto CASE, e outros Projetos Socio-Esportivos, ….........
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Política de expansão No último “quadro” da coluna da FASE I, encontramos uma relação de nomes que representam projetos ou âmbitos de atuação de outros órgãos públicos. O “quadro” está inacabado para dar ideia de abertura de relacionamento com outros projetos afins, que compartilhem da nossa concepção de Esporte e Lazer e da nossa visão da atuação do Poder Público. Como exemplos citamos nossa integração com os “Centros de Convivência” na época, que envolviam ainda a Secretaria de Educação e a do Desenvolvimento Social, atuando na organização de opções semi-profissionalizantes, de complementação educacional escolar, de convivência sócio-comunitária e de lazer (esportes e outros), durante o tempo livre de obrigações escolares e sociais da criança e do adolescente (Atualmente o Programa relacionado seria o CASE – Centro de Atendimento Sócio- Educativo, desenvolvido pela Semdes - Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social. E também com a Secretaria de Educação, por meio da atuação pedagógica dos Professores de Educação Física dos CEI’s - Centros de Educação Integral. Em ambos os casos a atuação dos estagiários e professores envolvidos é com relação a Fase I, proporcionando o aprendizado e a vivência do esporte de forma lúdica e recreativa. No caso desse Programa de caráter complementar, hoje já não existe mais, e foi “substituído” pelas aulas regulares de Educação Física Escolar em todas escolas da Rede Municipal de Ensino de Piracicaba. Com relação às Escolas do Estado desenvolvíamos trabalhos conjuntos com muitas delas, mas mais por iniciativa dos Professores de Educação Física e da boa vontade e compreensão de alguns diretores, do que por uma linha de ação do Estado como um todo. Atualmente, fomos consolidando ao longo dos anos, temos ótimas parcerias com a própria Diretoria Regional de Ensino e seu Dirigente Regional, com o Núcleo Pedagógico, por meio dos quais fazemos várias parcerias na ação permanente das aulas e atividades regulares, e também em grandes eventos de impacto, como é o caso dos “Jogos Escolares do Estado”. Aguardamos sempre, ainda, desde aquela época, em especial nesses casos, uma Política Nacional Integrada entre os entes Federativos do país (União, Estados e Municípios), que congreguem os esforços de todos de maneira uníssona, dentro de uma Política Nacional de Esportes e Lazer, e que a mesma não fique subjugada às mudanças políticas especialmente dos órgãos relacionados a estas temáticas. Seria o tão almejado e sonhado, por anos, Sistema Único de Esportes e Lazer – SUEL, à semelhança do SUS
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- Sistema Único de Saúde. Formulado e garantido por Lei. Sonho este que compartilhamos com todos delegados do país, durante as 3 Conferências Nacionais do Esporte realizadas em Brasília, com milhares de delegados de todo país (2004, 2006 e 2010).
Política de espaços e equipamentos Como já pudemos relatar e observar, num primeiro momento essa Política priorizou e limitou-se a um processo de dessacralização (as pessoas e comunidades não consideravam esses espaços como ginásios, estádio, etc,..., como seus também, mas sim, como exclusivos das equipes que lá treinavam) e apropriação dos espaços existentes por parte das crianças, adolescentes, jovens e da comunidade em geral, através da animação e abertura desses espaços. A animação e consequente processo de apropriação se deu através da ação dos profissionais de educação física do PDB (entre outros Programas), a qual se propaga até hoje, com o apoio e decisão política dos Dirigentes Municipais. Vencida essa primeira etapa, iniciamos um processo de animação dos espaços periféricos (quadras abertas, centros comunitários, escolas,...) nos bairros do município; sendo que nos locais necessitados foram construídas e reformadas quadras e equipamentos. Logo após, devido às necessidades, iniciamos o processo de construção dos equipamentos com a comunidade e com os usuários específicos do equipamento: tem sido o caso dos equipamentos nos diversos bairros e o caso da construção de equipamentos específicos como o Centro de Lutas e Artes Marciais, Pistas de Skate, Ginásios Específicos, entre tantos outros, como a adaptação de ginásios e piscina para uso das pessoas com deficiência entre outros. Apesar de incontáveis investimentos nesse período, no momento já temos necessidade de construção de um ginásio específico para as Ginásticas entre outros. Nesse aspecto temos que ressaltar os grandes investimentos que foram feitos nesse período, especialmente a partir do ano de 2005, com a construção e reforma de inúmeros equipamentos e espaços. Esses espaços e equipamentos são de fundamental importância para o Programa PDB, como também para uma Política de Esportes e uma Política de Lazer para o município, e também acabam por beneficiar toda uma população a qual também passa a ter acesso a estes bens - espaços e equipamentos de uso específico e de múltiplo uso, seja para as modalidades esportivas
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ou para outros tipos de atividades físicas e/ou públicos-alvo específicos. Essa expansão, descentralização e diversificação de espaços e equipamentos muito se deve aos prefeitos e secretários que estiveram na gestão pública no período de 2005 até agora. Destacamos nesse processo e período a atuação fundamental do Dr Pedro Antonio de Mello e do Professor e Economista Barjas Negri, respectivamente Secretário Municipal de Esportes, Lazer e Atividades Motoras e Prefeito Municipal, no período de 2005 à 2012; e também posteriormente no período que estivemos como Secretário Municipal e tendo como Prefeito Municipal o Economista e Prof. Dr. Gabriel Ferrato dos Santos, de 2013 até 2016. Não podemos deixar de citar também, o trabalho fundamental de apoio e suporte do Assessor da Selam José Rivadávia Salvador, que muito contribuiu nesse processo em todo esse período, além é claro da eficiente ação das Secretarias de Obras (Semob) e de Meio Ambiente (Sedema). Nesse período foram feitas 948 intervenções entre reformas e obras novas, entre as quais podemos destacar por exemplo as seguintes obras: a construção da 1ª Casa de Barcos para Canoagem; a 1ª Piscina Adaptada e aquecida para pessoas com deficiência, da 3ª idade e com mobilidade reduzida, sendo talvez a única pública com essas características do estado e do país; o 1º Ginásio poliesportivo público específico para as modalidades de Futsal e Handebol nas medidas oficiais (40m x 20m); a 1ª Pista de atletismo oficial de piso sintético do município e região (uma das melhores do país), construída em parceria com o SESI-SP; a 1ª Piscina de Biribol pública do município; o 1º Ginásio Multidisciplinar para Lutas e Artes Marciais; 02 Centros de Fisioterapia para nossos atletas de todas as faixas etárias e segmentos; colocação de assentos em toda arquibancada do principal ginásio da cidade o “Waldemar Blatkauskas”; reformas significativas no Estádio Municipal “Barão da Serra Negra” que vão desde o gramado e sua drenagem, o qual é considerado hoje um dos melhores do estado, colocação de assentos, cobertura nova, banheiros adaptados, entre outros itens de segurança como na parte elétrica e hidráulica; um Centro de Treinamento de Vôlei de Praia e Futevôlei com 4 quadras iluminadas; colocação de piso flutuante em madeira na quadra poliesportiva do principal ginásio da cidade o “Waldemar Blatkauskas”; o Centro Olímpico e Paralímpico; Ginásio Poliesportivo da Vila Sônia; Ginásio Poliesportivo da Pauliceia; Centro de Treinamento de Bocha Rafa; Centro de Treinamento de Malha; pistas de skate, além de inúmeros outros equipamentos comunitários de esportes e lazer como as Academias ao Ar Livre, Parques e Centros Esportivos e de Lazer (MARCELLINO et al, 2007, p. 167); entre tantas outras reformas e melhorias.
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Muitas dessas intervenções foram feitas para podermos realizar com qualidade e sediar em Piracicaba os Jogos Regionais de 2006 e os Jogos Abertos de 2008, sendo que esses espaços e equipamentos, desde sua inauguração tem grande utilização pela comunidade e pelos alunos e atletas do PDB em todas suas Fases de evolução e treinamento. Ao contrário do que temos visto em muitos outros equipamentos pelo país os quais foram construídos para um grande evento e se transformaram no que chamamos de “Elefante Branco”, os quais não tem, ou tem muito pouca utilização sejam por alunos de escolas ou de programas de formação, ou mesmo pelos atletas, e muito menos ainda pela comunidade. Estas obras e equipamentos contribuíram e contribuem sobremaneira para a evolução dos alunos e atletas do PDB nas suas Fases I, II e III, e também com a democratização do acesso ao Esporte e ao Lazer para a população. Um dos principais reconhecimentos dessa adequada política de excelência em espaços e equipamentos e que confirmou todo esse trabalho, foi o credenciamento de Piracicaba como Local de Treinamento para a Copa do Mundo e para a Olimpíada Rio – 2016:
Olimpíadas Rio 2016 – Centros de Treinamento Pré-Jogos: Piracicaba teve 06 instalações esportivas pré-selecionadas para o processo de “Locais de Treinamento Pré-Jogos” das delegações que vieram para as Olimpíadas de 2016 ao Brasil. Sem obviamente contar com a cidade do Rio de janeiro que foi a própria sede da Olimpíada, apenas as capitais São Paulo e Florianópolis (com 07 instalações) superaram Piracicaba em número de instalações credenciadas em todo país, tendo apenas as cidades de São Bernardo do Campo, Vitória e Volta Redonda ficado com 06 instalações selecionadas também, entre as 172 instalações pré-selecionadas de 73 cidades em todo país. Motivo de orgulho e que mostra toda excelência alcançada na época dessas instalações na cidade.
Copa do Mundo 2014 - Centro de Treinamento de Seleções: Na mesma linha das Olimpíadas, Piracicaba também figurou entre as cidades pré-selecionadas para o processo dos CTS (Centros de Treinamento de Seleções) para a Copa do Mundo de 2014, entre 43 cidades de SP e 149 municípios de todo País que possuem CTS avaliados pelo COL (Comitê Organizador Local) e que atenderam as exigências técnicas e foram aprovados. Todo esse processo de expansão, diversificação e democratização dos espaços, foi motivo para uma produção conjunta minha, na época como Diretor do Departamento de Esportes, Lazer e Atividades Motoras, e do
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Dr Pedro Antonio de Mello, como secretário municipal na época; trabalho que foi selecionado e apresentado num Congresso Internacional na cidade de Barcelona/ESP em 2011: “Implementação de espaços e equipamentos públicos de esportes e lazer - descentralização e diversificação: a experiência do município de Piracicaba/SP-BRA” - “Congreso Iberoamericano de Instalaciones Deportivas y Recreativas” - CIDYR.
Prof Dr Antonio Carlos Bramante (que também apresentava trabalho no evento), Dr Pedro Antonio de Mello e Prof. Ms. João Francisco Rodrigues de Godoy durante a apresentação do trabalho no Congresso CIDYR em Barcelona - 2011
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ESPAÇOS E EQUIPAMENTOS PÚBLICOS DE ESPORTES, LAZER E ATIVIDADES FÍSICAS DO MUNICIPIO ITEM
TIPO DE ESPAÇO / EQUIPAMENTO
QUANT.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38
Construção e reformas de Centros de Lazer Construção e reformas de Parquinhos infantis em Praças Públicas e Centros de Lazer Construção e reformas de Praças Públicas Construção e reformas de Campos de Futebol de Areia
132 132 125 96 74 69 63 40 31 28 27 20 20 12 12 9 8 8 7 7 4 3 3 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 948
Construção e reformas de Parquinhos infantis nas Escolas Municipais de Educação Infantil Construção e reformas de Quadras Poliesportivas em Escolas Estaduais (sendo 52 quadras cobertas)
Construção de Academias ao Ar Livre Construção e reformas de Quadras Poliesportivas em Escolas Municipais (sendo 39 quadras cobertas)
Construção e reformas de campos de Futebol Oficiais Construção e reformas de Pistas de Caminhada Construção e reformas de Centros Sociais (Varejões) Construção e reformas de Parques de Lazer Construção e reformas de Quadras Poliesportivas Comunitárias Construção e reformas de Canchas de Malha Construção e reformas de Quadras de Vôlei de Areia Construção e Ciclovias e/ou Ciclofaixas de Lazer Construção e reformas de Pistas de Skate Construção e reformas de Ginásios Poliesportivos Municipais Construção e reformas de Canchas de Bocha Construção e Centros de Atendimento Sócio Educativo - CASE (Semdes) Construção e reformas de Centros Culturais com o Programa Movimentação Cultural (Semac/Tur)
Construção de Academias ao Ar Livre Adaptadas/Inclusiva Construção de Canchas de Bocha Rafa Construção de Praças do Idoso Construção de Salas de Fisioterapia Esportiva Construção e reformas da Academia Municipal de Musculação Melhorias na Piscina Olímpica Construção e reformas no Ginásio Multidisciplinar para Lutas e Artes Marciais Construção e reformas do Ginásio para Futsal de Handebol Reformas do Centro de Lazer do Trabalhador Reformas da Pista de Atletismo Construção e reformas da Pista de Atletismo de Piso Sintético Construção da Psicina de Biribol Construção da Psicina Adaptada e Aquecida Construção do Centro de ExceLência Olímpico e Paralímpico Construção da Casa de Barcos para Canoagem / Raia para Canoagem Estádio Municipal - Reformas no Barão da Serra Negra Construção da Sala de Atividade Física Adaptada (Projeto Clarear) TOTAL
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Com relação ao material esportivo como bolas, colchões, arcos, etc, …, temos conseguido manter as necessidades de todos os núcleos e turmas, atualmente aproximadamente 400 turmas em 26 modalidades esportivas distribuídas em mais de 47 comunidades; graças no início, e durante muitos anos seguintes, ao apoio financeiro histórico do Grupo Empresarial DEDINI que através do “Convênio de Incremento e Desenvolvimento ao Esporte Amador que entre si fazem a Prefeitura do Município de Piracicaba e DEDINI S/A Administração e Participações” pela Lei Nº 3016/89, manteve os gastos com esses materiais e outros, durante muitos anos. Atualmente, e após as dificuldades econômicas dessa tradicional empresa do município, devido à falta de uma política governamental federal de apoio e incentivo à indústria do álcool combustível, a mesma não pode apoiar mais o PDB, e todo gasto com esses itens são feitos pelo Poder Público municipal.
Política de recursos humanos Atualmente a Selam conta com um total de aproximadamente 50 professores de educação física entre seus profissionais, coordenadores e professores, os quais atuam diretamente com os alunos e atletas nos vários programas, entre estes o PDB, além de professores e técnicos das modalidades conveniadas. Para chegar a esse número e manter a qualidade dos trabalhos e motivação dos profissionais torna-se necessária uma Política para os Recursos Humanos. A primeira atuação nesse sentido foi a valorização e dignificação do trabalho do professor através do aproveitamento do seu potencial e resgate do seu papel na formação esportiva, bem como de equiparação salarial com os cargos de nível superior da administração municipal, e concursos públicos para os cargos de professor de educação física, todos exigindo o registro no CREF4/SP a partir de 1998. Por parte da coordenação do PDB e da Selam, os professores têm tido a oportunidade para elaborar seu plano anual de atuação de acordo com sua competência específica e sua preferência, adequadas às necessidades da comunidade. Atualmente temos vários professores envolvidos em programas de mestrado (e até doutorado) e professores especializados através de cursos de ótima conceituação acadêmica; essas qualificações foram obtidas através de um programa de capacitação, atualização e qualificação profissional, sem o qual não acreditamos ser possível a implementação de propostas novas, transformadoras e de qualidade. Além disso a Selam, por meio de várias parcerias, entre elas do CREF4/SP oferece capacitações e atualizações para os professores interessados, nos mais variados temas.
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Muitos dos nossos professores já participaram de congressos nacionais e até internacionais, apresentando seus trabalhos e projetos, divulgando e socializando as novas experiências com outros profissionais e instituições. O espaço para discussões com a Coordenação e Chefias é sempre preservado e aberto, possibilitando assim adequações e reformulações que se fazem necessárias durante um processo educacional de ações freqüentes. Com a necessidade de um maior número de profissionais, devido a expansão dos projetos e surgimento de outros, foram abertos vários concursos públicos através dos quais professores competentes tiveram acesso ao Setor Público, antes de 1988, poderíamos dizer, apenas “cabide” de empregos para “apadrinhados” políticos. Cabe lembrar, que todas estas conquistas têm ocorrido com a luta dos professores por melhores condições, e uma excelente visão administrativa dos seus coordenadores e gestores que acreditam e investem nos profissionais e na sua competência, como o objetivo de oferecer, cada vez mais e melhor, serviços de qualidade no setor público.
O PDB e outros projetos específicos Como mencionamos anteriormente, o Projeto Desporto de Base abriu caminho para uma série de iniciativas e sonhos de alguns professores da Selam. Esse processo de adequação profissional e valorização de competências específicas foi apoiado, por meio de sua Política para os Recursos Humanos, desde que atendesse os interesses da comunidade. Muitos desses projetos não mantiveram uma relação direta com o PDB, pois atendiam segmentos diferentes com atividades diferentes: é o caso do “Projeto Clarear”, que desenvolve atividades recreativas, físicas e esportivas para pessoas com deficiência utilizando-se inclusive de uma Piscina e Vestiários Adaptados, sala específica adaptada, além de quadras e ginásios adaptados; outro ainda foi o Programa para a Terceira Idade e os Jogos Municipais da Terceira Idade (hoje denominado Olimpíada da Terceira Idade) para pessoas acima de 50 anos de idade (até já participo das competições atualmente, rs), e o Programa de Atividades Físicas Orientadas (PAFO), atualmente denominado de Programa de Atividades Motoras (PAM), que trabalha com as mais variadas opções de atividades físicas, em especial com as mulheres e a terceira idade. Além desses trabalhos, outros projetos foram desenvolvidos, por iniciativa dos profissionais da Selam, ou das associações parceiras, ou por solicitação da comunidade; sendo que muitos deles, devido ao segmento social que atingem,
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sua metodologia, seus objetivos, ou pelo conteúdo (os esportes), estabeleceram ao longo dos anos uma relação direta com o PDB, como foi, e ainda é, o caso do Projeto Educando pelo Esporte, hoje já Associação Atlética Educando Pelo Esporte, o qual foi criado pela comunidade no mesmo ano do PDB. Entre tantos outros podemos citar o Projeto Escola de Canoagem Municipal, hoje uma Associação dos Pais e Atletas da Canoagem, que também surgiu junto com o PDB e desenvolve um trabalho de iniciação e treinamento para canoístas da cidade e para alunos do PDB, através da atuação de profissionais de educação física especialistas na modalidade. Poderíamos citar muitos e muitos outros que surgiram ao longo desses 30 anos por esse mecanismo de apoio da Selam e por meio das associações parceiras, e que em cada modalidade, fez surgir um projeto específico daquele esporte, e com profissionais capacitados e especialistas em cada modalidade. O processo parece estar atendendo às expectativas iniciais e continuando assim, a tendência é a ocorrência de projetos específicos em cada modalidade, o que foi se comprovando ano a ano, e acreditamos, por inúmeras experiências e resultados alcançados ser uma boa estratégia administrativa e técnica, seja para o esporte de rendimento ou mesmo para a formação esportiva da Fase II, nas modalidades que ainda não temos especialistas concursados na administração pública municipal.
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Capítulo 6
O PDB e seu reconhecimento social: o CMDCA de Piracicaba e outras instâncias
Um dos grandes indicadores de resultados da efetividade socioeducativa desse Programa, que temos a honra de poder compartilhar com o leitor, com relação a relevância e a importância do mesmo enquanto um Programa Socioeducativo, de Formação Esportiva e de Lazer Físico-Esportivo ao longo de sua história, foi a sua aprovação e a concessão de registro junto ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Piracicaba (CMDCA), reconhecendo-o como um Programa fundamental de garantia dos direitos desse segmento em nosso município. Esse reconhecimento e o respectivo Certificado de Registro no CMCDA, possibilitou ainda que posteriormente o Programa fosse apoiado e contemplado com recursos do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Piracicaba – Fumdeca, via Imposto de Renda advindo de pessoas físicas e da iniciativa privada, por meio de uma renomada empresa da cidade, no caso a Caterpillar do Brasil. De 2011 à 2013 recebeu fundamental apoio dessa empresa por meio do Fumdeca / Cmdca / Caterpillar, para a aquisição de materiais esportivos para diversos núcleos e modalidades. Algum tempo depois, mais um importante Programa associado ao PDB, tem seu reconhecimento e registro pelo CMDCA. O Programa “Encontros Esportivos: o Esporte Une”, e passa a receber verbas do Fumdeca para aporte e apoio na sua realização. Posteriormente, e mais recentemente, foi reconhecido e aprovado pelo Governo Estadual de São Paulo via SELJ e foi aprovado pela Lei de Incentivo ao Esporte Federal, e passou então a receber recursos de empresas da cidade, para sua realização conjunta com a Secretaria de Esportes Lazer e Atividades Motoras. Esse Programa visa o intercâmbio socioesportivo, ou seja, o encontro de alunos e atletas dos núcleos de formação esportiva de determinadas modalidades do PDB (e entidades parceiras), em um local específico do município, onde
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“Projeto Desporto de Base” (PDB) 30 anos de história e realizações (1989/2019)
os alunos e atletas jogam e se confraternizam. Com transporte, lanches e materiais esportivos garantidos, e com a orientação e supervisão dos Profissionais de Educação Física envolvidos. No decorrer de sua história, o PDB teve importantes participações e reconhecimentos sociais e acadêmicos, além do CMDCA de Piracicaba. Entres estes podemos lembrar e destacar aqui alguns, apenas para ilustrar: - Projeto destacado pela Revista Pólis como modelo de projeto sócio-esportivo para os municípios (1992); - Menção Honrosa do Prêmio ECO, concedido pela Associação das Câmaras Americanas do Comércio (AMCHAM) como destaque de Projeto Esportivo Comunitário (1991), concedido aos mais importantes projetos brasileiros na área do atendimento da criança e do adolescente (nesse ano que concorremos o projeto vencedor foi o Criança Esperança da Rede Globo); - Selo da ABRINQ – O PDB contribuiu de maneira importante e significativa para a conquista do título Prefeito Amigo da Criança nos vários anos que Piracicaba participou, na área de Programas Socioeducativos; - Destaque do Projeto Criança Cidadão do Futuro (CRAMI e TG de Piracicaba); - Certificado de Mérito Comunitário do SESC-SP pela efetiva participação no Dia do Desafio desde 1995; - Conteúdo para inúmeras palestras que ministramos sobre o tema Políticas Públicas em Universidades como Unicamp, Unimep, Anhanguera, entre outras; - Tema de trabalhos, artigos e painéis, aprovados e apresentados em Congressos Nacionais e Internacionais, e outros eventos científicos e acadêmicos; - Artigos e capítulos de livros, revistas e anais de congressos publicados sobre o tema (vide algumas referências bibliográficas); - Várias Moções de Aplausos pelos resultados do trabalho na área esportiva; - entre outros.
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Capítulo 7
PDB: oportunização para novos talentos, para atletas em formação ou já em carreira esportiva
No que se refere à revelação de novos talentos para o esporte de rendimento, ou mesmo no trabalho de aperfeiçoamento, desenvolvimento e recuperação de atletas em evolução, talvez seja interessante para o amigo leitor ter exemplos desse processo. Nesse período de 30 anos poderíamos citar uma série de atletas que se encaixam nessas situações que categorizamos acima, e que por meio do trabalho direto ou de parcerias efetivadas pela metodologia do PDB, realizaram sua evolução e consolidação no meio esportivo, e em alguns casos, alcançando uma projeção até mesmo em nível internacional. Isso deve, é claro, por todo um comportamento, que vai desde a metodologia implantada, passa pela gestão de todos envolvidos historicamente no processo de evolução e consolidação do próprio programa, e na atuação destacada e competente dos profissionais de educação física envolvidos nas aulas, treinamentos e jogos, relacionados ao Programa PDB. Sem a dedicação ímpar desses profissionais, dos professores aos gestores municipais, todo processo fica comprometido, pois são eles que estão no dia a dia com os alunos, atletas e a comunidade organizada, e o seu envolvimento e engajamento com todo processo é que garante a aplicação e a qualidade dessa metodologia. Destacamos também, é claro, a gestão desse processo ao longo dos anos, a qual passa pelos senhores Prefeitos eleitos e Secretários nomeados, bem como de seus assessores, os quais, ininterruptamente e com destacada sensibilidade, compreenderam a importância desse Programa de Formação Esportiva, se envolveram, o defendem (independente de questões politico-partidárias, e fizeram o que estava ao seu alcance na condição de gestores, para que todas as atividades se mantivessem e não ocorresse uma solução de continuidade ao longo dos anos, desde 1989 até a presente data (2019).
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São 30 anos de Projeto Desporto de Base em nosso município, e temos muito a comemorar, e mais ainda a agradecer a todos que por ele passaram e deixaram sua contribuição. Não podemos deixar de citar a destacada atuação e efetiva parceria das instituições e associações que se sensibilizaram com esse Programa e se tornaram atores fundamentais, em especial na evolução dos talentos esportivos, em todo processo ao longo das décadas. Mesmo correndo o risco aqui, e nesse sentido já nos desculpamos de público, em esquecer de citar algum parceiro, faremos um esforço para citar todos que no decorrer da história contribuíram destacadamente e significativamente com a consolidação do PDB, e trouxeram grandes benefícios para as crianças, adolescentes, jovens e atletas, seja no esporte, ou para suas vidas para além do Esporte. Não faremos distinção aqui entre associações, clubes, instituições, patrocinadores e apoios significativos, pois todos foram de suma importância para toda essa história de 30 anos de PDB: Associação Desportiva Cultural Abzalão (Abzalão), Associação Desportiva Fran TT (Fran TT), Associação dos Amigos e Paradesportistas de Piracicaba (AAPP), Associação Piracicaba de Taekwondo, Academia Dojan Nipon, Rede Drogal, ArcelorMittal Brasil SA / Piracicaba SP, Bom Peixe Indústria e Comércio Ltda, Fundação Mário Dedini, Café Morro Grande, Associação Piracicabana de Ciclismo, Associação Piracicabana de Voleibol (APIV), Bela Vista Nauti Clube, Casa do Amor Fraterno, Dedini SA Indústrias de Base, Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), Faculdade de Educação Física da Unimep, Associação Desportiva Unimep (Adunimep), Instituto Passe de Mágica, Panathlon Club Piracicaba, Panathlon Distrito Brasil, Conselho Regional de Educação Física de São Paulo (CREF4/SP), Serviço Social do Comércio (SESC), Serviço Social da Indústria (SESI), Serviço Social do Transporte (SEST), Academia Edinho Company, Associação Piracicabana de Tênis de Mesa, Self Idiomas, Fundação Casa, Clube de Campo de Piracicaba (CCP), Clube Piracicabano de Handebol (CPH), Alves Fight Team, Associação Desportiva de Handebol 15 de Piracicaba (ADH15), Esporte Clube Rezende, Instituto Educacional Piracicabano (IEP), Liga Piracicabana de Futebol de Salão, Luzitano Futebol Clube, Associação dos Funcionários Públicos Municipais de Piracicaba (Afpmp), Câmara de Vereadores de Piracicaba, Oscip Pira 21 (em 1999 chamada ONG Piracicaba 2010), Associação Atlética Educando Pelo Esporte, Capoeira na Periferia, Abada Capoeira (Abada), Fórum de Piracicaba, Associação Lutando pela Paz de Jiu Jitsu, Conselho Municipal dos Direitos das Crianças e Adolescentes (CMDCA), Tiro de
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PDB: oportunização para novos talentos, para atletas em formação ou já em carreira esportiva Guerra - TG 02-028, Governo Federal / Ministério do Esporte - Lei de Incentivo ao Esporte, Centros Comunitários e Associações de Moradores de Piracicaba, Attitude – Ginástica, Liga Piracicabana de Futebol Amador (LPFA), Associação Varzeana de Futebol (AVF), Liga Independente de Futebol Varziano (LIFV), Equipes de Futebol filiadas à LPFA, à AVF e à LIFV, E. C. XV de Novembro, Associação Amigos do XV de Piracicaba, Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude de São Paulo (SELJ), Diretoria de Ensino de Piracicaba e Região, Escolas Estaduais, Associação Sport Way (Sport Way), Conselho Municipal de Esportes, Lazer e Atividades Motoras (CONSELAM), Associação dos Clubes e Entidades Sociais e Esportivas de Piracicaba (Acesep), Liga Piracicabana de Voleibol, Associação de Basquetebol XV de Piracicaba, Associação de Canoagem de Piracicaba (Ascapi), Associação dos Pais e Atletas da Natação (APAN), Associação de Ginástica Olímpica de Piracicaba (AGOP), Academia Pira Olímpica, Academia Ponto Olímpico, Caldeirão Futebol Clube, Clube de Regatas Palmeiras de Piracicaba, Rosfrios, Covecon, Churrascaria Carro de Boi, Sabesp, Oji Papéis Especiais, Caterpillar do Brasil, Colégio Poli Brasil, Fundação Municipal de Ensino (Fumep), Colégio Luiz de Queiroz (CLQ), Colégio Metropolitano, Clube Atlético Piracicabano (CAP), Escola Técnica Estadual “Dep. Ary de Camargo Pedroso” do Centro Paula Souza (ETEC), Centro Esportivo MR, Cooperativas Médicas e Odontológicas como a Uniodonto, Unimed e Amhpla - Cooperativa de Assistência Médica, Centro Cultural e Recreativo Cristovão Colombo (Ccrcc), Associação Bochófila de Piracicaba (Abopi), Clube de Xadrez de Piracicaba, Projeto Talentos Piracicabanos – Tênis de Mesa, Centro de Reabilitação Piracicaba (CRP), Clube Floresta de Malha, Enfermap, Hyundai Motor Brasil, Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob Piracicaba), Associação Comercial e Industrial de Piracicaba (Acipi), Vecol Veículos, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiróz” (ESALQ), Associação Piracicabana de Quimbol, Faculdades Anhanguera de Piracicaba, Raízen, Nutriplus, Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico, Eletrônico, Siderúrgicas, Centro de Reabilitação de Piracicaba, Fundições e Similares de Piracicaba e Região (Simespi), Fundação Casa, Tottispin Academia de Tênis, Instituto Formar (antiga Guarda Mirim de Piracicaba), Instituto de Cultura e Artes Orientais (ICAO), Oratório São Mário / Dom Bosco, Unisa, Supricel, Unicred, e as Federações e Confederações de várias modalidades, entre outras parcerias ocasionais e eventuais.
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“Projeto Desporto de Base” (PDB) 30 anos de história e realizações (1989/2019)
Projeto “Talentos Piracicabanos do Tênis de Mesa”, um de nossos Parceiros ao longo da história. Na foto junto com o Secretário de Esportes Dr Pedro Mello (ao centro), alunos, atletas, patrocinadores e coordenadores do Programa
Torna-se fundamental estabelecer e/ou manter as parcerias atuais com os conselhos municipais e com os grupos de apoio organizados como o Conselam, a Acesep, a Oscip Pira 21, o CREF4/SP, o Panathlon Club Piracicaba, associações/ clubes e ligas piracicabanas das diversas modalidades esportivas, universidades e faculdades, escolas públicas e particulares, Diretoria de Ensino, demais Conselhos Municipais, Sistema “S” (SESC, SESI e SEST), sindicatos, fundações, academias, centros comunitários, clubes esportivos, empresas patrocinadoras e todas as demais associações e organizações relacionadas a esta temática, sempre buscando apoio e integração para o bom desempenho e desenvolvimento das modalidades e dos programas já existentes e dos que venham a ser criados. Agradecer sobremaneira a mídia local em todos estes anos (jornais, rádios, sites, blogs, TVs, entre outros), seja local ou até mesmo em nível nacional, pela divulgação desse trabalho, das associações, e em especial de nossos atletas e equipes (vide anexo no final deste livro, uma ótima matéria na mídia local sobre o PDB). E é claro, agradecer a toda Prefeitura do Município de Piracicaba e suas diversas Secretarias e Órgãos Públicos, em especial a Secretaria de Esportes, Lazer e Atividades Motoras (SELAM), que foi o órgão que conduziu todo esse processo ao longo desses 30 anos. E nesse sentido, não podemos deixar de citar aqui nominalmente todos Secretários e Prefeitos municipais que se dedicaram sobremaneira à criação, implantação, defesa, evolução e a manutenção do PDB.
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PDB: oportunização para novos talentos, para atletas em formação ou já em carreira esportiva Esse Programa em Piracicaba, completa este ano 30 anos de existência desde sua implantação em 1989. Várias Administrações Públicas Municipais fizeram a gerência do Programa, dos mais diversos partidos e linhas de pensamento administrativo e de gestão pública. Tenham sido gestores do PT, PPS, PFL, PL, PTB, PSDB, PSB, ou outras siglas, ou mesmo gestores de perfil mais técnico-administrativo sem vinculação político partidária, como foi nosso caso no período de 2013 a 2016, todos deram sua melhor contribuição possível ao PDB. Esse fato é um dos maiores indicadores da concepção tecnico/metodológica correta do Programa, tanto que essas gestões, independente do partido político no governo, sempre apoiaram o Projeto Desporto de Base em sua concepção e atuação junto a comunidade, em todas essas gestões. (Ver quadro abaixo). Todos esses gestores procuraram dar todo apoio possível ao Programa, no muito ou pouco tempo que ficaram a frente da Selam, dentro de suas limitações orçamentárias anuais, de recursos humanos e materiais, mas sempre acreditando nos resultados, na concepção metodológica do Programa, e na dedicação e competência técnica dos Profissionais de Educação Física envolvidos. Prefeito
Mandato
Secretário
Período
José Aparecido Machado
01/01/89 a 31/12/92
José Carlos Callado Hebling
01/01/89 a 31/12/92
Antonio Carlos de Mendes Thame
01/01/93 a 31/12/96
Helio Furlan da Silva
01/01/93 a 24/03/95
Antonio Carlos de Mendes Thame
01/01/93 a 31/12/96
Luiz Roberto Di Gamo Pianelli
24/03/95 a 14/07/97
Humberto de Campo
01/01/97 a 31/12/00
Rubens Leite do Canto Braga
14/07/97 a 31/12/00
José Aparecido Machado
01/01/01 a 31/12/04
João Paulo Araujo
01/01/01 a 31/03/04
José Aparecido Machado
01/01/01 a 31/12/04
Sergio Ricardo Abreu Camarda
04/04/04 a 31/12/04
Barjas Negri
01/01/05 a 31/12/08
Pedro Antonio de Mello
01/01/05 a 31/12/08
Barjas Negri
01/01/09 a 31/12/12
Pedro Antonio de Mello
01/01/09 a 31/12/12
Gabriel Ferrato dos Santos
01/01/13 a 31/12/16
Pedro Antonio de Mello
01/01/01 a 20/05/13
Gabriel Ferrato dos Santos
01/01/13 a 31/12/16
João Francisco Rodrigues de Godoy
20/05/13 a 31/12/16
Barjas Negri
01/01/17 a 31/12/20
Pedro Antonio de Mello
01/01/17 a 31/12/20
Nesse sentido e neste momento, também não poderíamos deixar de citar nominalmente alguns dos Profissionais de Educação Física (terminologia dada por lei para o Profissional dessa área a partir de 1998), que tiveram a honrosa, mas difícil missão, de assumir a Supervisão e/ou a Coordenação das atividades do Programa desde sua implantação (em ordem cronológica): Prof. Dr Wagner Wey Moreira, Prof. Dr Idico Luiz Pellegrinotti (o Deco), Prof Me João Francisco
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“Projeto Desporto de Base” (PDB) 30 anos de história e realizações (1989/2019)
Rodrigues de Godoy (o Johnny), Profa Dra Maria Cecília L. M. Bonacelli (a Ciça), Prof Dr Marcolino Malosso Filho, e mais recentemente o Prof. Esp. Ronaldo José Lucentini. A todos nosso reconhecimento pela dedicação ímpar e pela competência em todo processo de suas gestões. A partir de 2005, temos que ressaltar, pois é um fato histórico para o esporte local e consequentemente para o PDB em suas 3 Fases, iniciou-se um grande investimento no Esporte de Rendimento na Selam, por intermédio da ação do então Secretário Dr Pedro Antonio de Mello (médico), que conseguiu junto ao Prefeito da época, o Prof. e Economista Barjas Negri, que o orçamento para a secretaria tivesse uma ampliação significativa, em especial a Dotação destinada ao Esporte de Rendimento, ou seja para as parcerias para o desenvolvimento do esporte, o que, gradativamente, mas em poucos anos, significou importantes investimentos na Fase III do PDB, por meio das parcerias e convênios com as associações e clubes do município. Para atingirmos os objetivos dessa política esportiva, em especial na Fase III do PDB, foi necessária uma condizente evolução orçamentária na Secretaria, sem a qual não seria possível realizarmos o que havia sido idealizado e planejado desde 1989, nem tampouco evoluirmos, em especial nos equipamentos e no apoio aos esportes de rendimento, duas grandes lacunas deixadas ao longo dos anos anteriores, especialmente pelas dificuldades e limitações orçamentárias. EXERCÍCIOS E ORÇAMENTOS (R$) 2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
3.146.539,29
4.369.770,09
6.594.905,01
7.349.622,90
9.931.822,28
10.344.148,78
9.809.481,12
2011
2012
2013
2014
2015
2016
15.013.354,04
13.477.751,12
12.136.489,47
16.972.236,54
17.009.178,26
15.045.707,19
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PDB: oportunização para novos talentos, para atletas em formação ou já em carreira esportiva Essa tabela e gráfico anterior, mostram e evidenciam a necessária e importante evolução e consolidação orçamentária efetivada para o órgão público do Esporte, a Selam, sem a qual não seria possível investir em espaços, equipamentos e em parcerias para podermos atingir a tão pretendida evolução da Fase III do PDB, ou seja, o Esporte de Alto Rendimento. Cabe-se ressaltar e destacar que nesse período (2005 à 2016) nunca a Secretaria teve Orçamento Anual menor que 1% do Orçamento Geral da Prefeitura (um grande sonho da maioria esmagadora das Secretarias ou órgãos de Esportes do País, dos Estados e da União), e por muitos anos, atingiu a casa dos 2% do Orçamento Geral. Nesse período de 2005 a 2016, tivemos brilhantes e históricas conquistas e títulos inéditos para Piracicaba como o Undecacampeonato da Liga Paulista de Tênis de Mesa (11 vezes campeã); o Undecacampeonato dos Jogos Regionais (11 vezes campeã); Vice-Campeã dos Jogos Abertos do Interior em 2014; Campeã Geral do Quadro de Medalhas dos Jogos Abertos do Interior em 2015; o inédito Terceiro Lugar na Classificação Geral dos Jogos Abertos da Juventude em 2015; entre tantos outros títulos inéditos de modalidades específicas e também de conquistas individuais inéditas por parte dos atletas. Incluímos neste relato, a seguir, alguns gráficos e tabelas mostrando importantes dados sobre essa evolução, em vários aspectos, nas participações do município nos Jogos Regionais e Abertos do Interior de 2004 à 2016 (material elaborado pelo Prof. Antonio Carlos Zinsly de Mattos da Selam). Esses gráficos e tabelas demonstram esse crescimento de desempenho, dentro da Metodologia prevista para o PDB em suas 3 Fases interligadas, que vai desde a Iniciação até o Alto Rendimento Esportivo. Piracicaba, após a consolidação de sua política esportiva, o que foi atingido a partir de 2008/2009 aproximadamente, esteve durante 9 anos seguidos sempre entre as 5 maiores potências esportivas do estado (sendo dois 4º lugares, seis 3º lugares e um vice-campeonato geral), mostrando que os investimentos realizados desde 2005, e nos anos seguintes, não foram eventuais, muito menos pontuais, mas sim inerentes a uma Política de Esportes e investimentos nas equipes e atletas em todo esse período, culminando com a conquista do 2º lugar nos Jogos Abertos do Interior em 2014 e como Campeã Geral do Quadro de Geral de Medalhas em 2015. Há que se destacar também nesse período a realização de dois dos maiores e mais tradicionais eventos esportivos oficiais de nosso estado e de nosso país, quais sejam, os Jogos Regionais e os Jogos Abertos do Interior “Horácio Baby Barioni”. Em 2006 Piracicaba sediou os “50º Jogos Regionais” com a participação de 45 municípios e 6.000 participantes; e em 2008 os “72º Jogos Abertos do Interior” com 218 municípios e 18.639 participantes (um recorde histórico de número de municípios e participantes nesse evento, e que perdura até hoje).
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“Projeto Desporto de Base” (PDB) 30 anos de história e realizações (1989/2019)
Evolução do Número de Medalhas nos Jogos Regionais
Evolução na Classificação Geral nos Jogos Abertos do Interior e sua Manutenção Anos
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
Colocações
21
19
13
8
4
3
4
3
3
3
2
3
3
Anos
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
Número de Posições que Evoluiu
1
2
8
13
17
18
17
18
18
18
19
18
18
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PDB: oportunização para novos talentos, para atletas em formação ou já em carreira esportiva
Número Total de Medalhas nos Jogos Abertos Anos
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
Medalhas
17
16
34
120
127
127
129
149
175
215
236
189
Número de Medalhas nos Jogos Abertos Anos
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
ouro
6
2
5
41
46
29
69
46
88
85
99
prata
7
6
18
35
43
47
34
58
41
79
72
bronze
4
8
11
44
38
51
30
45
46
51
65
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“Projeto Desporto de Base” (PDB) 30 anos de história e realizações (1989/2019)
Em 2015 Piracicaba conseguiu um feito inédito e histórico no Esporte de Rendimento, foi Campeã Geral dos Jogos Abertos do Interior no Critério Olímpico, ou seja, no Número Total de Medalhas conquistadas, deixando para trás grandes potências econômicas e do esporte em nível nacional como são os municípios de São Bernardo do Campo, São José dos Campos, Santos, entre outras. Em 2014, fizemos por curiosidade um estudo, da pontuação das principais “cidades esportivas” do nosso estado, para tentar demonstrar os municípios do estado que investem de forma diversificada e equilibrada em todas as faixas etárias nos esportes de competição, desde os Jogos Abertos da Juventude, até os Jogos Regionais e Estaduais dos Idosos, passando pelos Jogos Regionais e Jogos Abertos do Interior. Chamamos esse estudo/trabalho de “Troféu Excelência no Esporte”. Esse estudo nos mostrou e comprovou que Piracicaba se encontra apenas atrás da grande potência econômica e esportiva do nosso estado que é o município de São José dos Campos, e ficamos a frente de municípios consagradas no esporte e com grandes orçamentos financeiros como São Caetano do Sul, Santos e São Bernardo do Campo. Isso comprova que nosso trabalho não se resume apenas aos Jogos Abertos do Interior, e muito menos a uma ação específica como quando realizamos os Jogos Abertos em nosso município, mas sim que investimos nossos recursos de forma equilibrada, por meio das parcerias, e em todas as faixas etárias.
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Capítulo 8
Um legado para o esporte: atletas e técnicos de destaque que atuam ou que atuaram em nossos Núcleos de Formação Esportiva e/ou em nossas Equipes de Competição Anualmente, no auge de nossas parcerias, apoios e celebrações de convênios, temos uma média de 1.500 atletas de Alto Rendimento os quais são cadastrados em algumas das Confederações, Federações, Ligas, Associações e/ou na SELJ, nas diversas modalidades e categorias que desenvolvemos, desde as mais tradicionais como o Voleibol, Basquetebol, Atletismo e Futebol, até modalidades como a Canoagem, Basquete Sobre Rodas, Tiro com Arco, “Roller Derby”, ou mesmo o caçula dos esportes, criado em Piracicaba, o Quimbol. Durante vários anos, nossos atletas foram agraciados, a cada ano, com aproximadamente 70 bolsas de estudos em diversas Universidades, Faculdades e Cursos da cidade. Contribuindo assim com sua formação intelectual e também com sua formação para o futuro mercado de trabalho em diversas áreas profissionais, em especial na Profissão de Educação Física, pois a vida esportiva de alto rendimento desses jovens é curta, e nós temos preocupação com o futuro desses nossos atletas. A seguir relacionamos, apenas para exemplificar, alguns atletas revelados e/ou que passaram por um aperfeiçoamento e/ou treinamento em Piracicaba, ou mesmo que foram beneficiados ou oriundos dessa Política de Formação Esportiva e investimentos nos Esportes Comunitários até os de Alto Rendimento (Projeto Desporto de Base, Jogos Comunitários, Paradesporto, bem como os Convênios e Parcerias de Apoio com as Associações Esportivas do município). Atletas estes que representaram, ou ainda representam nosso município em Jogos Regionais, Jogos Abertos ou Similares, ou mesmo que vieram a compor Equipes de destaque no País ou até mesmo as Seleções Nacionais de diversas modalidades, ou ainda integraram equipes do Esporte Internacional, até mesmo na Europa e nos USA. Destacamos também algumas de suas principais conquistas. Apenas para ilustrar a parte relacionada ao Alto Rendimento, ou seja, a Fase III da Metodologia do PDB.
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“Projeto Desporto de Base” (PDB) 30 anos de história e realizações (1989/2019)
Selecionamos aleatoriamente alguns nomes desses atletas e técnicos, de variadas modalidades e estágios de desenvolvimento esportivo, apenas para exemplificar, e mostrar que, mesmo não sendo nosso objetivo principal ou primordial na metodologia do PDB, ou seja, revelar e evoluir a performance dos alunos/atletas, mas sim oportunizar a prática esportiva a todos; mesmo assim, e naturalmente, como consequência de um trabalho de qualidade e dedicação de nossos gestores, professores e técnicos, e da metodologia de trabalho do Programa que propomos neste livro, naturalmente surgem grandes talentos esportivos, comprovando a eficácia dessa metodologia que aqui defendemos. Para citar todos esses nomes, em várias gerações, e em todas as modalidades, oriundos desse trabalho de 30 anos, teríamos que escrever um livro apenas com esse objetivo (rs); assim, de antemão, pedimos desculpas a todos inúmeros atletas e técnicos que não serão citados aqui, pois seria impossível, mas que todos sintam-se lembrados e enaltecidos pelo seu trabalho, por intermédio de seus colegas e amigos atletas e técnicos que aqui serão citados; repetimos, apenas para ilustrar e exemplificar o trabalho do PDB e sua pluralidade e diversidade, e também como indicadores de sucesso de resultados dessa metodologia de formação esportiva e profissional.
Alguns atletas de destaque de algumas das modalidades do PDB: • Mariana Costa: Handebol Feminino – Jogou e ganhou inúmeros títulos pelas nossas equipes de base e em Jogos Regionais e Abertos do Interior, Joga na Romênia atualmente, mas já integrou equipes na Dinamarca e Áustria, onde conquistou vários títulos nesses países. Formada pelo nosso Projeto Desporto de Base desde a iniciação até as equipes de competição. É atleta da Seleção Brasileira Adulta e foi atleta da Seleção em todas as categorias menores. Foi Campeã Sulamericana e Mundial pela Seleção Brasileira de Handebol. Medalha de Ouro nos Jogos Panamericanos de Lima 2019.
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Um legado para o esporte
Matéria do jornal “A Tribuna Piracicabana” de 07/03/2012
A atleta Mariana Costa em recente foto na Seleção Brasileira
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“Projeto Desporto de Base” (PDB) 30 anos de história e realizações (1989/2019)
• Regiane Bidias dos Santos: Voleibol Feminino - Atleta que iniciou no trabalho de formação esportiva na parceria entre o Clube de Campo de Piracicaba / PDB, jogou as categorias de base pre-mirim, mirim, infantil, infanto-juvenil e depois a categoria adulta pela Apiv/Selam representando Piracicaba de 1996 a 2004. Principais conquistas por piracicaba: Pentacampeã Jogos Regionais (2002 à 2006), Bi-campeã Jogos Abertos(2005 e 2006), convocada para a seleção paulista e brasileira nas categorias de base de 2003 à 2006. Principais títulos depois que saiu de Piracicaba: Campeã Panamericana Seleção Brasileira, Bi-campeã Mundial Seleção Brasileira Militar, Duodecampeã Brasileira Rexona Ades e em 2016 capitã da Unilever time do técnico Bernardinho. • Agnaldo Nunes: Boxe – Atleta formado pelo Centro de Treinamentro de Boxe de Piracicaba em 1990 pelo então técnico Júlio Pedroso (já falecido). Campeão dos Jogos Abertos, Campeão Brasileiro, além de inúmeros outros títulos estaduais e nacionais. Destaca-se sua participação nas Olimpíadas de 1996, em Atlanta onde seria eliminado apenas por Hocine Soltani, da Algéria, que terminaria a competição com o ouro. Também disputou as Olimpíadas de Sidney, 2000. Nunes se profissionalizou em 2002, sendo campeão norte-americano entre os super-penas em 2006, e se aposentando em 2007 com um cartel de 19 vitórias, 1 empate e apenas 1 derrota. Foi ainda campeão Panamericano em 2003, em Porto Rico e campeão Intercontinental das Américas, em 2005. • Léia Henrique Nicolossi: Voleibol Feminino: Atleta que jogou nas categorias de base do Clube de Campo de Piracicaba / PDB atá a categoria Infanto-juvenil depois jogou pela Apiv/Selam atá a categoria adulta. Principais conquistas por Piracicaba: Campeã Jogos da Juventude (2002), Hepta Campeã dos Jogos Regionais (2002 a 2007), Tetra Campeã Jogos Abertos. Principais equipes que jogou: Banespa (SP), Leites Nestlé(SP) e Pinheiros(SP), convocada para a seleção brasileira principal em 2015 conquistando títulos no Gran Prix e por seu merecimento convocada para a Seleção Brasileira nas Olimpíadas Rio 2016 que aconteceram no Brasil. • Diogo Soares Brajão: Ginástica Artística – A maior revelação da Ginástica Nacional nos últimos anos, com apenas 16 anos já foi várias vezes campeão dos Jogos Abertos, Sulamericano e Panamericano em todas categorias que participou. Iniciou em 2006. Em 2013 foi Campeão da Liga Estadual em Paulínia; Campeão por equipe e individual geral dos Jogos Regionais em São Carlos; Campeão por equipe e individual geral dos Jogos Abertos realizado em Mogi das Cruzes; Bi-campeão Estadual
122
Um legado para o esporte
Pré-Infantil realizado em Guarulhos/SP; Bi-campeão Brasileiro Pré-Infantil realizado em Aracajú/SE; Campeão Estadual Infantil realizado em Guarulhos/SP; Campeão Brasileiro Infantil realizado em Goiânia/GO. 2014: Campeão por equipe e individual geral dos Jogos Regionais realizado em Lins; 3° colocado por equipe e Vice-campeão no individual geral dos Jogos Abertos realizado em Baurú; Bi-campeão Estadual Infantil realizado em Guarulhos/SP; Bi-campeão Brasileiro Infantil realizado em Porto Alegre/RS; Campeão Sul-Americano Infantil por equipe e individual geral realizado em Trujilho/Peru; Campeão individual geral do torneio Internacional Inter Clubes realizado em Frisco/USA. 2015: Campeão por equipe e individual geral dos Jogos Regionais realizado em Santa Barbara d´Oeste; Vice-campeão por equipe e Vice- campeão no Individual geral dos Jogos Abertos realizado em Barretos; Tri-campeão Estadual Infantil realizado em São Bernardo do Campo/SP; Tri-campeão Brasileiro Infantil realizado em Belo Horizonte/MG; Bi-campeão Sul-Americano Infantil por equipe e individual geral realizado em Rosário/ Argentina; Medalha de Prata e Bronze nos últimos Jogos Olímpicos da Juventude na Argentina em 2018. • Thiago Monteiro: Tênis de Mesa – Teve todo seu processo de formação em Piracicaba na Parceria Fran TT / PDB desde a adolescência. Jogou por Piracicaba durante vários anos, hoje mora na França e atua na Europa, já foi Campeão Panamericano e Sulamericano pela Seleção Brasileira. Inúmeras vezes campeão dos Jogos Regionais e dos Jogos Abertos do Interior, tanto individual quanto por equipe. Até hoje brilha nas competições europeias e representa a seleção brasileira nas competições oficiais pelo mundo. • Gustavo Puga: Tênis - Iniciou a modalidade em 2004, começou a integrar a Equipe de Piracicaba em 2012. Em 2013: na categoria até 16 anos, Gustavo com 15 anos conquistou duas medalhas de ouro e três de prata no circuito Paulista. Com esses resultados se classificou para o master que reúne os 8 melhores atletas da temporada no Paulista e conquistou o vice-campeonato. 2014: com 16 anos Gustavo conquistou 5 medalhas de ouro no circuito Paulista, além de vencer o master Paulista que reuniu os 8 melhores da temporada, com isso Gustavo terminou o ano invicto e como numero 1 do ranking. Disputou o circuito Brasileiro onde conquistou duas medalhas de prata, uma na etapa de Minas e outra em São Paulo. 2015: agora na categoria até 18 anos, Gustavo com 17 venceu os seis torneios do circuito Paulista que disputou, mantendo sua invencibilidade em duas temporadas seguidas. venceu o torneio da
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“Projeto Desporto de Base” (PDB) 30 anos de história e realizações (1989/2019)
primeira classe Paulista (categoria mais forte do Estado, onde atletas de até 34 anos, incluindo ex atletas profissionais e treinadores participam); Campeão Brasileiro de simples e duplas no tradicional torneio que leva o nome de Carlos Alberto Kirmayr em Serra Negra; Integrou a equipe Piracicaba nos Jogos Abertos da Juventude ajudando o time a conquistar a inédita medalha de bronze. Conquistou a medalha de ouro nos Jogos Regionais. Campeão Brasileiro de Simples e Dupla em 2016. • Nathalia Brozulato: Caratê - Está na equipe Piracicabana desde 2007. Em 2013: Campeã: Copa Brasil (Pouso Alegre/MG); Vice-Campeã: USA Open (Las Vegas/USA); Terceira colocada: Pan-Americano (Buenos Aires/Argentina); Campeã: Sul-Americano (Fortaleza/Brasil); Campeã: Campeonato Brasileiro – Etapa (Joinvile/SC); Terceira colocada: Liga Mundial (Hanau/Alemanha); Campeã: Campeonato Brasileiro – Final (Fortaleza/CE); Campeã: Jogos Regionais e Abertos 2014: Terceira colocada: Liga Mundial (Paris/França); Campeã: Copa Brasil (Pouso Alegre/ MG); Terceira colocada: Jogos Sulamericanos (Santiago/Chile); Campeã: USA Open (Las Vegas/USA); Campeã: Seletiva para o Mundial Universitário (Maceió/AL); Terceira colocada: Pan-Americano (Lima/Peru); Convocada para o Mundial (Bremen/Alemanha); Campeã: Campeonato Brasileiro – Etapa (São Paulo/SP); Convocada para o Festival Olímpico Pan-Americano (México); Campeã: Campeonato Brasileiro – Final (Brasília/DF) 2015: Campeã: Copa Brasil (Pouso Alegre/MG); Campeã: Jogos Pan-Americanos (Toronto/Canadá); Terceira Colocada: USA Open (Las Vegas/USA); Campeã: Campeonato Brasileiro – Zonal (Foz do Iguaçu/ PR); Campeã: Campeonato Sul-Americano (Santiago/Chile), Campeã Panamericana e Medalha de Bronze no Mundial de Caratê. • Hernani Verissimo: Carate – Está na equipe Piracicabana desde 2008. Em 2013: Retornou de cirurgia no ombro no meio do ano, ficando ausente de seletivas e estadual; Campeão: Campeonato Brasileiro – Etapa (Joinville/SC); Campeão: Campeonato Brasileiro – Final (Fortaleza/CE); Terceiro Colocado: Jogos Abertos (por Capivari - 2ª Divisão); 2014: Campeão: Copa Brasil (Pouso Alegre/MG); Campeão: Paulista – Etapa Regional (Piracicaba/SP); Campeã: Paulista – Final (Valinhos/ SP); Campeão: Campeonato Brasileiro – Etapa (São Paulo/SP); Campeão dos Jogos Regionais e Abertos; Campeão: Seletiva Nacional 3 (Guarulhos/SP); Terceiro colocado: Pan-Americano (Lima/Peru); Campeão: Campeonato Brasileiro – Final (Brasília/DF) 2015: Vice-Campeão: Copa Brasil (Pouso Alegre/MG); Campeão: Seletiva Nacional 2 (Blumenau/SC); Campeão: Campeonato Paulista - Etapa (Valinhos/
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Um legado para o esporte
SP); Vice-Campeão: Campeonato Paulista - Final (São Paulo/SP); Vice-Campeão: Campeonato Brasileiro – Zonal (Foz do Iguaçu/PR); Vice-Campeão: Campeonato Sul-Americano (Santiago-Chile); Terceiro Colocado: Campeonato Ibero-Americano (Manágua/Nicarágua); Terceiro Colocado: Campeonato Pan-Americano (Santa Cruz/Bolivia); Terceiro Colocado: Campeonato Brasileiro - Final (Joinvile/SC); Campeão: Jogos Regionais e Abertos do Interior (Barretos/SP); Terceiro Colocado: Ranking Nacional. Campeão Panamericano e Medalha de Prata nos Jogos Panamericanos de Lima 2019. • Frederico Felipe: Caratê - Está na equipe Piracicabana desde 2013: Campeão: Copa Brasil (Pouso Alegre/MG); Campeão: Paulista – Etapa Regional (Piracicaba/SP); Campeão: Paulista – Etapa Final (Louveira/ SP); Campeão: Campeonato Brasileiro – Etapa (Joinville/SC); Campeão: Campeonato Brasileiro – Final (Fortaleza/CE); Campeão: Seletiva Nacional 3; Convocado para o Campeonato Pan-Americano (Medellin/Colombia); 2014: Campeão: Seletiva Nacional 2 (Teresópolis/ RJ); Campeão: Copa Brasil (Pouso Alegre/MG); Vice-Campeão: Paulista – Etapa Regional (Piracicaba/SP); Vice-Campeão: Campeonato Brasileiro – Etapa (São Paulo/SP); Campeão: Seletiva Nacional 3 (Guarulhos/SP); Campeão: Pan-Americano (Lima/Peru); Campeã: Campeonato Brasileiro – Final (Brasília/DF) 2015: Campeão: Seletiva Nacional 2 (Blumenau/SC); Campeão: Campeonato Brasileiro – Zonal (Foz do Iguaçu/PR); Vice-Campeão: Campeonato Pan-Americano (Santa Cruz/ Bolivia); Terceiro Colocado: Campeonato Brasileiro - Final (Joinvile/ SC). Campeão Panamericano. • Maria Eliza Nóbrega: Caratê - Está na equipe Piracicabana desde 2013. Campeã: Seletiva Nacional 1 (Teresina/PI); Campeã: Copa Brasil (Pouso Alegre/MG); Vice-Campeã: USA Open (Las Vegas/USA); Campeã: Paulista – Etapa Regional (Piracicaba/SP); Campeã: Paulista – Etapa Final (Louveira/SP); Campeã: Paulista Escolar (São Paulo/SP); Campeã: Campeonato Brasileiro – Etapa (Joinville/SC); Campeã: Campeonato Brasileiro – Final (Fortaleza/CE); Convocada para o Campeonato Sulamericano, Panamericano e Mundial 2014: Campeã: Seletiva Nacional 1 (Natal/ RN); Vice-Campeã: Copa Brasil (Pouso Alegre/MG); Campeão: Paulista – Etapa Regional (Piracicaba/SP); Campeã: USA Open (Las Vegas/USA); Campeã: Paulista – Final (Valinhos/SP); Campeã: Campeonato Brasileiro – Etapa (São Paulo/SP); Campeã: Sul-Americano (Sucre/Bolívia); Campeã: Campeonato Brasileiro – Final (Brasília/DF) 2015: Terceira colocada: Copa Brasil (Pouso Alegre/MG); Campeã: Seletiva Nacional 1 (Campina
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Grande/PB); Campeã: Campeonato Junior Internacional Cup (Las Vegas/USA); Campeã: USA Open (Las Vegas/USA); Campeã: Campeonato Paulista (Valinhos/SP); Terceira Colocada: Campeonato Brasileiro – Zonal (Foz do Iguaçu/PR); Terceira Colocada: Campeonato Sul-Americano (Santiago/Chile); Terceira Colocada: Campeonato Pan-Americano (Santa Cruz/Bolivia); Terceira Colocada: Campeonato Brasileiro - Final (Joinvile/ SC); Convocada: Campeonato Mundial (Indonésia). Gabriele Pompeo Christofoletti: Ginástica Rítmica – Iniciou no PDB no ano de 2006 (9 anos). De 2013 a 2015 representou Piracicaba e conquistou: Tri-campeã geral consecutiva dos jogos Regionais (2013, 2014, 2015), Tri-campeã de conjuntos consecutiva dos Jogos Regionais (2013, 2014 e 2015), Bi-campeã dos Jogos Abertos do Interior (2014 e 2015), 2013: Campeã no aparelho bola nos Jogos Regionais; Campeã no aparelho fita nos Jogos Regionais; Campeã no individual mãos livres nos Jogos Regionais; Campeã estadual adulta no aparelho arco; Terceira colocada no aparelho fita nos Jogos Abertos; Terceira colocada no aparelho arco da seletiva das Olimpíadas Escolares, 2014: Campeã no individual de arco nos Jogos Regionais; Terceira colocada no aparelho bola do Torneio Nacional; Vice-campeã no aparelho maças do Torneio Nacional; destaque por Equipe / Formação Esportiva no Dia do Panathleta; Moção de Aplausos pelo 1º lugar conquistado por equipes na 58ª edição dos jogos regionais; atleta destaque de piracicaba dos Jogos Regionais; 2015, Campeã no aparelho fita nos Jogos Regionais; prêmio de “Atleta Destaque” dos Jogos Regionais; recebeu Moção de Aplausos pelos Jogos Regionais. Danielle Rauen: Tênis de Mesa – Uma das nossas maiores campeãs nacionais paralímpicas. Bronze por equipe nos Jogos Paralímpicos Rio/2016 e Campeã Parapanamericana em Toronto no Canadá. Atleta paralímpica tão talentosa que nos Jogos Regionais e Jogos Abertos do Interior representa nosso município no Tênis de Mesa convencional, onde inclusive ganhou vários títulos. Medalha de Ouro nos Jogos Para-Panamericanos de Lima 2019. Priscila do Nascimento Dias: Tênis de Mesa - Chegou em Piracicaba em 2012 com 17 anos, campeã dos Jogos Regionais individual várias vezes, mais de 10 títulos nacionais, já integrou a Seleção Brasileira Juvenil, e se formou em Educação Física em Piracicaba pelo nosso sistema de Bolsa Atleta. Marlene Nonaka: Tênis de Mesa - Com 15 anos foi para as Olimpíadas de Athenas, Campeã Latinoamericana.
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Um legado para o esporte
• Ramon Batagello de Souza – Boxe Categoria Juvenil 17 e 18 anos. Atualmente esse atleta já é adulto e vai lutar na Categoria Elite - Conquistas: Prata do Campeonato Paulista pela (FEBESP) 2017, Ouro do Campeonato Brasileiro (CBBOXE) 2017, 1º Ranque Nacional 2017, Prata no Campeonato Brasileiro (CBBOXE) 2018 e 2º no Ranque Nacional 2018. Atualmente esse atleta já é adulto e vai lutar na Categoria Elite do Boxe nacional. • Aline Claudino: Boxe Feminino – Campeã Paulista, Medalha de Bronze no Campeonato Brasileiro, Campeã dos Jogos Abertos do Interior. Atleta revelada pelo trabalho de base no boxe piracicabano. • Pedro Henrique Avansi Aversa: Canoagem. 2013: Terceiro lugar na seletiva nacional e Copa do Brasil, Segundo lugar Copa do Brasil 2ª etapa, Terceiro lugar Copa do Brasil 3ª etapa, 2º lugar Campeonato Brasileiro, Terceiro lugar Campeonato Brasileiro de Rafting R4, Integra a seleção brasileira. 2014: 3º lugar Copa do Brasil 1 etapa, 3º lugar Campeonato Brasileiro, 2º lugar Copa do Brasil 2ª etapa, Integra a seleção brasileira. 2015: Participou do Campeonato Mundial de Canoagem Slalom Júnior e Sub-23; Participou da Copa do Mundo de Canoagem Slalom - 1º Etapa em Praga – CZE; Copa do Mundo de Canoagem Slalom - 2º Etapa em Krakow – POL; Copa do Mundo de Canoagem Slalom - 3º Etapa em Liptovsky Mikulas – SVK; Copa do Mundo de Canoagem Slalom - 4º Etapa em Seu – SPA; Copa do Mundo de Canoagem Slalom - Etapa Final em Pau – FRA; Campeonato Mundial de Canoagem Slalom Sênior em London – GBR; Aquece Rio International Canoe Slalom; Integra a seleção brasileira. • Rafael Augusto de Souza: Canoagem - 2013: Terceiro lugar na seletiva nacional e Copa do Brasil, segundo lugar Copa do Brasil 2ª etapa, terceiro lugar Copa do Brasil 3ª etapa, 2º lugar Campeonato Brasileiro, terceiro lugar Campeonato Brasileiro de Rafting R4, Integra a seleção brasileira. 2014: 3º lugar Copa do Brasil 1ª etapa, 3º lugar Campeonato Brasileiro, 2º lugar Copa do Brasil 2ª etapa, Integra a seleção brasileira. 2015: Participou do Campeonato Mundial de Canoagem Slalom Júnior e Sub-23; Participou da Copa do Mundo de Canoagem Slalom - 1º Etapa em Praga – CZE; Copa do Mundo de Canoagem Slalom - 2º Etapa em Krakow – POL; Copa do Mundo de Canoagem Slalom - 3º Etapa em Liptovsky Mikulas – SVK; Copa do Mundo de Canoagem Slalom - 4º Etapa em Seu – SPA; Copa do Mundo de Canoagem Slalom - Etapa Final em Pau – FRA; Campeonato Mundial de Canoagem Slalom Sênior em London – GBR; Aquece Rio International Canoe Slalom; Integra a seleção Brasileira
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• Thiago Serra: Canoagem - 2013: Terceiro lugar Campeonato Brasileiro de Rafting R4, Integra a seleção brasileira; 2015: 3º lugar Copa do Brasil 1ª etapa e seletiva; Participou do Campeonato Mundial de Canoagem Slalom Júnior e Sub-23; Participou da Copa do Mundo de Canoagem Slalom - 1º Etapa em Praga – CZE; Copa do Mundo de Canoagem Slalom - 2º Etapa em Krakow – POL; Copa do Mundo de Canoagem Slalom - 3º Etapa em Liptovsky Mikulas – SVK; Copa do Mundo de Canoagem Slalom - 4º Etapa em Seu – SPA; Copa do Mundo de Canoagem Slalom - Etapa Final em Pau – FRA; Campeonato Mundial de Canoagem Slalom Sênior em London – GBR; 3º lugar Campeonato Brasileiro de Canoagem; Aquece Rio International Canoe Slalom; Integra a seleção brasileira. • Bruno Cataldo: Canoagem - 2013: 1º lugar Copa do Brasil 2ª etapa, 2º lugar Copa do Brasil 3ª etapa, 2º lugar Copa do Brasil 4ª etapa. 2014: 3º lugar Copa do Brasil 1ª etapa, 3º lugar Campeonato Brasileiro. 2015: 1º lugar Copa Brasil 1ª etapa, 1º lugar Campeonato Paulista, 1º lugar Copa do Brasil 2ª etapa C1, 3º lugar Copa do Brasil 2ª etapa C2, 1º lugar Copa do Brasil 2ª etapa K1, 1º lugar Copa do Brasil 3ª etapa C1, 2º lugar Copa do Brasil 3º etapa C2, 3º lugar Campeonato Brasileiro, Convocado para integrar seleção brasileira. • Denis Luiz Quellis: Canoagem - 2013: 3º lugar Copa do Brasil 3ª etapa, 2015, 1º lugar Campeonato Paulista, 3º lugar Copa do Brasil 2ª etapa C1, 3º lugar Copa do Brasil 2ª etapa C2, 3º lugar Campeonato Brasileiro, convocado para seleção brasileira. • Denis Luis Quellis, Thiago Saldanha Serra, Bruno Cataldo Cruz e Pedro Avansi Aversa já foram Campeões Brasileiros entre outros títulos nacionais, sendo que frequentemente são convocados ou fazem parte da Seleção Brasileira. • Milton Cesar Vieira da Silva: Handebol Masculino – Iniciou em Piracicaba em 2011. Campeão da Liga de Handebol do Estado de São Paulo categoria Adulta, Vice Campeão dos Jogos Regionais em São Carlos. Vice Campeã dos Jogos Regionais em Lins e Vice Campeão do Grand Prix da Federação Paulista de Handebol. Campeão dos Jogos Regionais em Santa Bárbara do Oeste e 3º Colocado na divisão especial dos Jogos Abertos em Barretos. Disputou a Liga Nacional e desde 2017 joga na Europa na Liga da Espanha • Ramon Migotti: Handebol Masculino - Iniciou nos jogos escolares em Limeira-SP, fez parte das categorias de base de Piracicaba e sempre atuou pelo Município de Piracicaba. Campeão da Liga de Handebol do
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Estado de São Paulo categoria Adulta, Vice Campeão dos Jogos Regionais em São Carlos. Vice Campeã dos Jogos Regionais em Lins e Vice Campeão do Grand Prix da Federação Paulista de Handebol. Campeão dos Jogos Regionais em Santa Bárbara do Oeste e 3º Colocado na divisão especial dos Jogos Abertos em Barretos. Marcos de Oliveira: Handebol Masculino - Iniciou nas categorias de base de Itu-SP e passou a atuar pelo Município de Piracicaba em 2011. Campeão da Liga de Handebol do Estado de São Paulo categoria Adulta, Vice Campeão dos Jogos Regionais em São Carlos. Vice Campeã dos Jogos Regionais em Lins e Vice Campeão do Grand Prix da Federação Paulista de Handebol. Campeão dos Jogos Regionais em Santa Bárbara do Oeste e 3º Colocado na divisão especial dos Jogos Abertos em Barretos. Jenniffer Fernanda de Campos Melo: Handebol Feminino - Iniciou nas categorias de base de Piracicaba e sempre atuou pelo Município de Piracicaba. Campeã dos Jogos Regionais em São Carlos e 4º Colocado nos Jogos Abertos em Mogi das Cruzes. Campeã dos Jogos Regionais em Santa Bárbara do Oeste, 3º Colocado na divisão especial dos Jogos Abertos em Barretos e Campeã da Liga de Handebol do Estado de São Paulo na categoria Sub-21. Vitoria Miranda Giovanolli: Handebol Feminino - Iniciou nas categorias de base de Piracicaba e sempre atuou pelo Município de Piracicaba. Vice Campeã da Fase Regional dos Joguinhos da Juventude em Jundiaí, Campeã dos Jogos Regionais em São Carlos e 4º Colocado nos Jogos Abertos em Mogi das Cruzes. Campeã dos Jogos Regionais em Lins, 3º Colocado nos Jogos Abertos em Bauru e Campeã do Grand Prix da Federação Paulista de Handebol. Campeã dos Jogos Regionais em Santa Bárbara do Oeste, 3º Colocado na divisão especial dos Jogos Abertos em Barretos e Campeã da Liga de Handebol do Estado de São Paulo na categoria Sub-21. Ana Carolina Americo Gomes Resende: Handebol Feminino - Iniciou em Piracicaba em Agosto de 2014. Campeã da Liga de Handebol do Estado de São Paulo na categoria Juvenil, Campeã da Fase Regional dos Joguinhos da Juventude em Paulínia, Vice Campeã da Fase Estadual dos Joguinhos da Juventude em Itapetininga, 3º Colocado nos Jogos Abertos em Bauru e Campeã do Grand Prix da Federação Paulista de Handebol. Campeã da Liga de Handebol do Estado de São Paulo na categoria Sub-21, Campeã da Fase Regional dos Joguinhos da Juventude em Jundiaí, Campeã da Fase Estadual dos Joguinhos da Juventude em Pirassununga, Campeã dos Jogos Regionais em Santa Bárbara do Oeste,
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3º Colocado na divisão especial dos Jogos Abertos em Barretos. Convocada para compor a Seleção Brasileira de Handebol categoria Junior em 2016, onde já foi Campeão do Panamericano em Foz do Iguaçu e esta na relação para o Mundial na Russia. Campeã Panamericana Junior em 2016 pela Seleção Brasileira, atualmente joga na equipe de Blumenau. Participa das fases de treinamento da seleção brasileira adulta. Pedro Henrique Hermones Silva: Handebol Masculino - Jogou por São Caetano do Sul em 2015 e atualmente joga na Espanha, Campeão do Torneio 04 Nações pela Seleção Brasileira Adulta em 2017. Gabriel Silva: Futebol - Torneio Rocha Netto e Jogos Comunitários – Joga atualmente na França. Raul Santos: Futebol - Torneio Rocha Netto e Jogos Comunitários – Joga atualmente em Portugal. Felipe Oliveira: Futebol - Torneio Rocha Netto e Jogos Comunitários – Joga atualmente no Japão. Daniel Costa: Futebol - Torneio Rocha Netto e Jogos Comunitários – Joga atualmente no CSA. Renan Rocha: Futebol - Torneio Rocha Netto e Jogos Comunitários – Joga atualmente no Payssandu. Luiza Braga: Natação – Em 2013: Paulista de Verão: 1º lugar 800 e 400 livre; Brasileiro de Verão: 1º lugar 800 e 400 livre; Paulista de Inverno: 1º lugar 800 e 400 livre; Brasileiro de Inverno: 1º lugar 800 livre 2º lugar 400 livre; Sul-Americano Juvenil: 3º lugar 800 livre. 2014: Paulista de verão: 1º lugar 800 e 400 livre; Brasileiro de Verão:: 1º lugar 800 e 2º lugar 400 livre e 200 livre; Paulista de Inverno:: 1º lugar 800 e 400 livre; Brasileiro de Inverno 1º lugar 800 livre 2º lugar 400 livre; Multination Junior: 3º lugar 800 livre. 2015: Paulista de Verão: 1º lugar 800 e 400 livre; Brasileiro de Verão:: 1º lugar 400 livre Paulista de Inverno: 1º lugar 800 e 400 livre 2º lugar 50 e 200 livre; Mundial Junior: 9º lugar revezamento 4x200 livre e 20º lugar 800 livre. Campeã dos Jogos Regionais, Jogos Abertos, Paulista e Brasileiro. Cesar Cielo: Natação – Treinou em Piracicaba vários anos durante sua formação e aperfeiçoamento esportivo, quando ainda era uma promessa da natação regional, atingindo nível máximo em nossa país, foi treinar nos EUA, e logo após se tornou Campeão Mundial e Olímpico e um dos maiores nomes do esporte nacional na história do país. Marcos Christian Novello: Ciclismo – Atleta e Técnico da Equipe de Piracicaba – Várias vezes campeão das principais voltas ciclísticas do estado e do país.
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• Leidiane Aguilar: Taekwondo – Campeã dos Jogos Regionais e Abertos do Interior, e hoje professora e técnica das equipes de base da Modalidade. • Débora Nunes: Taekwondo - 2013- Campeã seletiva Nacional militar, Campeá Jogos Regionais, Medalha de Prata Grand Slam, 2014- Campeã seletiva Nacional militar, Prata Jogos mundiais Militares -Irã, Prata jogos Abertos, Campeã Jogos Regionais, 2015- Campeã seletiva Nacional militar, Participação Jogos Mundiais Militares- Korea, Prata Jogos Abertos, campeã Jogos Regionais. • Guilherme Felix: Taekwondo – 2013 - Campeão Brasileiro de Taekwondo, Campeão do Aberto Internacional da Argentina, Vice-Campeão do World Grand Prix (Primeiro Brasileiro a conquistar uma medalha na história desse evento), Vice-Campeão Jogos Abertos. 2014,Campeão Pan-americano de Taekwondo, Bronze no Aberto Internacional da Holanda, Quarto lugar jogos Abertos 2015 - Bronze no Aberto Internacional dos EUA, Vice-Campeão do Aberto Internacional de Alexandria, Nono colocado no Mundial de Taekwondo, Titular da seleção brasileira dos Jogos Pan Americanos. • Jefferson Dutra: Taekwondo – 2013, Campeão brasileiro juvenil , Campeão brasileiro interclubes, Florianópolis-SC,Campeão copa do Brasil,Goiânia-GO,Campeão jogos regionais 2015-Vice-campeão brasileiro sub 21-Londrina-PR-Vice-campeão brasileiro interclubes Florianópolis-SC-Campeão jogos regionais. • Hellorayne Paiva: Taekwondo - 2013 - Integrante seleção Brasileira - Integrante seleção brasileira Militar- Campeã Jogos Regionais - Campeã Jogos abertos 2014 - Vice-campeã no Argentina Open- Campeã brasileira Universitário- Bronze Mundial Universitário - Campeã Jogos Regionais - Campeã Jogos Abertos - Campeã seletiva nacional 2015- Bronze Egito Open - Campeã Jogos Regionais -Campeã Seletiva nacional • Gustavo Piacentini: Kickboxing – Iniciou no ano de 2006. 2013: Campeão Sul-Americano faixa preta, convocação para seleção brasileira, Bicampeão brasileiro de faixa preta, Tricampeão dos Jogos Abertos modalidade - low kick. 2014: Tricampeão brasileiro, convocação para seleção brasileira Vice-Campeão da Copa do Mundo, Tetra-campeão dos Jogos Abertos modalidade-low kick. 2015: Tricampeã da Copa do Brasil; Pentacampeão dos Jogos Abertos modalidade -low kick. • Isaias Silva: Kickboxing - iniciou em 2009. 2012: Jogos Abertos da Juventude - Vice-campeão modalidade semi point. 2013: Campeão Paulista - modalidade-low kick; Campeonato Brasileiro – Campeão modalidade
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low kick, Copa do Brasil:. Campeão modalidade-low kick. Sulamericana: Vice-campeão modalidade-low kick. 2014: Campeonato Paulista Campeão modalidade-low kick e light contact; Campeonato Brasileiro Campeão modalidade: low kick; Light Contact Copa do Brasil – Campeão modalidade-low kick; Pan-Americano - Campeão modalidade-light contact; bronze no low kick. 2015: Campeonato Paulista - Campeão modalidade-low kick, light contact; point fight no brasileiro; Campeão modalidade-low kick, point fight, light contact; Copa do Brasil Campeão modalidade-low kick; Sulamericano – Campeão modalidade-low kick,e light contact. • Caroline Bartier: Kickboxing - iniciou em 2010. 2013: Campeã Paulista modalidade - full contact; Campeonato Brasileiro- Campeã modalidade - full contact; Campeonato Sulamericano – Campeã modalidade full contact. 2014: Campeonato Paulista – Campeã modalidade full contact; Campeonato Brasileiro Campeã modalidade full contact; Copa do Brasil - Campeã modalidade low kick; Copa do Mundo - Campeã modalidade low kick; Jogos Abertos - Campeã modalidade low kick Pan-Americano - Campeã modalidade low kick. 2015: Campeonato Paulista - Campeã modalidade low kick; Campeonato Brasileiro – Campeã modalidade low kick; Copa do Brasil – Campeã modalidade full contact; Jogos Abertos – Vice-Campeã. 2016: Vice-campeã modalidade light contact e Campeã do WGP. • Jhonatan Teodoro: Kickboxing - iniciou em 2001. 2013: Jogos Abertos da Juventude - Campeão modalidade point fight; Copa São Paulo - Campeão modalidade light contact; Campeonato Brasileiro - Campeão modalidade light contact; Campeonato Sulamericano - bronze modalidade light contact 2014: Campeonato Paulista - Campeão na modalidade low kick e light contact; Campeonato Brasileiro - Campeão modalidade low kick; Campeonato Mundial Itália – bronze modalidade low kick; Campeonato Panamericano - bronze na Argentina modalidade low kick; Jogos Abertos - Campeão 2015: Copa São Paulo – Campeão modalidade low kick; Campeonato Paulista Campeão modalidade K1; Campeonato Brasileiro – Vice-campeão modalidade K1; Campeonato Mundial na Servia - bronze modalidade low kick; Copa do Brasil – Vice-campeão modalidade low kick. • Marcos Alves: Kickboxing - Iniciou em 2011. 2013: Campeonato Brasileiro - bronze modalidade light contact; Campeonato Paulista bronze modalidade light contact. 2014: Campeão Paulista modalidade light contact; Campeonato Brasileiro – Campeão modalidade light contact; Campeonato de mundial de cadetes 5 lugar. 2015: Campeonato Paulista
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- Campeão modalidade light contact; Campeonato Brasileiro - Campeão modalidade light contact; Copa Brasil - Campeão modalidade light contact. Medalha de Ouro nos Jogos Abertos do Interior de 2018. Julia Alves: Kickboxing - Iniciou em 2011 academia company top fight. 2013: Campeonato Brasileiro: Campeã modalidade light contact e point fight. 2014: Campeonato Brasileiro – Vice-campeã; Copa do Brasil: Campeã modalidade point fight e light contact. 2015: Campeonato Paulista: Campeã modalidade light contact e semi point; Campeonato Brasileiro - Campeã modalidade light contact e semi point; Copa Brasil - Campeã modalidade light contact e semi point. Matheus de Paula: Futebol de Base - Campeão dos Jogos Regionais de São Carlos, Artilheiro dos Jogos Regionais de São Carlos. 5° colocado Campeonato Paulista sub 20, 3º colocado Jogos Abertos Lins. Fez parte da equipe profissional do XV de Piracicaba na Copa Paulista. Bruno Duarte Nicomedes: Futebol de Base - Campeão dos jogos Regionais de São Carlos. 5° colocado Campeonato Paulista sub 20, 3º colocado Jogos Abertos Lins. Fez parte da equipe profissional do XV de Piracicaba na Copa Paulista. Campeão dos Jogos Abertos do Interior em Barretos. Hoje profissional do EC XV de Novembro de Piracicaba Felipe Chagas: Futebol de Base - Campeão dos Jogos Regionais de São Carlos. 5° colocado Campeonato Paulista sub 20, 3º colocado Jogos Abertos Lins. Fez parte da equipe profissional do XV de Piracicaba na Copa Paulista. Campeão dos Jogos Abertos do Interior em Barretos. Jaqueline Cristina Alves: Voleibol de Praia de Base - Campeã do Estadual do Campeonato Escolar, convocada para Seleção Brasileira Estudantil e no Campeonato Brasileiro Sub-19 4ª colocada. Jogos Regionais - 4ª colocada. Jogos Regionais - Campeã (2ª divisão) Karine Nishijima Nassif: Voleibol de Praia de Base - Campeonato Brasileiro Sub-19 - 4ª colocada. Jogos Regionais - 3ª colocada. Jogos Regionais - Vice-Campeã; Estadual Universitária - Campeã, convocada para a Seleção Paulista Universitária e 5ª colocada nos JUBs Barbara Beatriz Dias: Fase Estadual do Campeonato Escolar - Vice-Campeã. Jogos Regionais - 3ª colocada. Jogos da Juventude - Campeã; Jogos Regionais - Vice-Campeã; Estadual Universitária - Campeã, convocada para a Seleção Paulista Universitária e 5ª colocada nos JUBs. Luis Gustavo Elias: Voleibol de Praia de Base - Iniciou em 2011. Estadual do campeonato Escolar Vice-Campeão, estadual Universitário Campeão, convocado para a seleção Paulista Universitária e 5ª colocado nos JUBs.
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• Marcos Vinicius Estevam: Voleibol de Praia de Base - Iniciou em 2010. Estadual do campeonato Escolar - Vice-Campeão. Jogos Regionais - 4º Colocado, convocado para Seleção Brasileira Sub-21, Jogos Regionais 4º colocado, Estadual Universitário – Campeão, convocado para seleção Paulista Universitária e 5ª colocado nos JUBs. • Athos Ferreira Costa: Voleibol - Iniciou no voleibol no Abzalão / Selam em Piracicaba, depois passou pelo time de Guarulhos, no ano seguinte foi transferido para o Banespa, onde foi campeão paulista infanto e campeão do torneio início, seguindo para o Pinheiros (terceiro colocado no paulista juvenil adulto), Araraquara (campeão da Liga Nacional, Regional e terceiro colocado nos Jogos Abertos), Santo André (vice campeão regional, terceiro colocado nos Jogos Abertos e quarto melhor bloqueio da Superliga), Blumenau (vice campeão catarinense, vice campeão dos jogos abertos e décimo melhor bloqueio da Superliga), Araçatuba (vice campeão da Superliga, campeão dos jogos abertos, vice campeão da Copa São Paulo, campeão dos Jogos Regionais, terceiro colocado no paulista) e campeão da Superliga, campeão carioca, vice campeão Top Four, campeão da Copa Volta Redonda pela Associação Desportiva RJX que é onde joga até hoje. Altura: 2,03 cm, Posição: Central. • Guilherme Giovanonni: Basquetebol Masculino – Atleta de Piracicaba de renome internacional, jogou em grandes equipes do Basquetebol nacional, participando sempre de maneira destacada dos Campeonatos da NBB, o que o levou a ser convocado para a Seleção Brasileira, pela qual disputou as Olimpíadas Rio 2016. • Flávia Teles de Souza Bonatto: Paratleta Natação e Atletismo - Participa das competições desde 2009. Jogos Regionais: Atletismo - 100m: ouro, 200m: ouro, 400m: prata, 800m: prata, Natação - 400 nado livre: ouro 100m livre: ouro, 50m livre: ouro, 100m peito: ouro Jogos Abertos: Atletismo - 100m: ouro, 200 m: 2º lugar, Natação – 400 nado livre: 3º lugar, 100m livre: ouro, 50m livre: ouro, 100m peito: ouro. • Renata de Camargo Prestello: Paratleta Natação e Atletismo - Participa das competições desde 2007. Jogos Regionais: Atletismo - 400m: 2º lugar, Lançamento dardo: 1º lugar, Lançamento do disco: 1º lugar, Arremesso de peso: 1º lugar Natação: 100 costas: ouro, 100 livre: ouro, 400 livre: ouro Jogos Abertos: Atletismo - Lançamento dardo: 1º lugar, Lançamento do disco: 1º lugar, Arremesso de peso: 1º lugar. • Leandro de Assis Catalini: Paratleta de Atletismo - Participa dos jogos desde 2010. Jogos Regionais: Tricampeão no atletismo (lançamento de
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Um legado para o esporte
disco, dardo e arremesso de peso) e Jogos Abertos: Tricampeão no atletismo (lançamento de disco, dardo e arremesso de peso) • Vivian Pelegrino - Voleibol Feminino, atleta que começou nas escolinhas do Cristovão Colombo depois foi para o Clube de Campo de Piracicaba / PDB e jogou desde o pre mirim ate infanto juvenil e depois a categoria adulta pela Apiv / Selam. Principais conquistas por piracicaba, campeã jogos da juventude (2002), eneacampeã jogos regionais, tetra campeã jogos abertos, convocada seleção paulista (1998). Principais equipes que jogou, Projeto Futuro (Araçatuba), Uniara (Araraquara), Pinheiros(SP) e Brasília (DF) na superliga.
Alguns técnicos e ex-técnicos, coordenadores e ex-coordenadores técnicos, de algumas de nossas modalidades, que são ou foram destaques em Nível Estadual, Nacional e até Internacional: • Diego Spigolon: Caratê – Técnico das Equipes de Piracicaba várias vezes Campeã dos Jogos Abertos do Interior e Técnico da Seleção Brasileira de Caratê Feminino; • Daniel Biscalchin: Ginásica Artística – Árbitro Nacional e Internacional e Técnico de Atleta da Seleção Brasileira de GA. Técnico do Atleta Diogo Soares Brajão que ganhou uma medalha de Bronze e uma de prata nos Jogos Olímpicos da Juventude na Argentina em 2018; • Augusto Sérgio Ferreira - “Guto”: Futebol - Técnico revelado em Piracicaba em nosso Projeto Desporto de Base onde atuou como Professor e Técnico. Atuou como Técnico em grandes equipes do Futebol Brasileiro como Internacional, Ponte Preta, Bahia, Chapecoense, entre outros; • Wilson Teodoro - “Mestrão”: Kickboxing – Técnico da Seleção Brasileira de Kickboxing, tendo preparado e treinado vários campeões nacionais, sulamericanos e panamericanos; • Paulo Zorello - “Zorello”: Kickboxing – Várias vezes Campeão Mundial de Kickboxing e atual Presidente da Confederação Panamericana de kickboxing. É o Coordenador Técnico do Centro de Treinamento da Panamericana em Piracicaba; • Mário Luiz de Almeida Leme - “Marinho”: Atletismo - Atleta várias vezes Campeão dos Jogos Regionais e Abertos do Interior e destaque nacional na modalidade como atleta durante uma década, e atualmente Técnico Credenciado pela FPA, CBA e IAAF, Professor do
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PDB e Coordenador do Centro de Excelência da FPA do Estado de São Paulo em Piracicaba; Frederico Fumio Derré Mitooka - “Fred”: Taekwondo - Renomado atleta e técnico de nível internacional da modalidade, coordenou todo trabalho de implantação da modalidade em Piracicaba, e tem formado atletas de nível internacional para as principais competições do mundo. Técnico das equipes de Piracicaba em Jogos Abertos e Regionais, com diversos títulos ao longo dos anos nessas competições. Preparou e treinou vários atletas que foram campeões e medalhistas nos Jogos Mundiais Militares, nos Jogos Mundiais Universitários entre outros. Reinaldo Rosa: Natação – Trabalha na formação esportiva e treinamento de alto rendimento de destacados atletas em nível nacional e internacional, na parceria do PDB/Selam com o Clube de Campo de Piracicaba, entre estes formados por ele podemos destacar nada mais nada menos que o recordista e campeoníssimo Cesar Cielo, que foi campeão olímpico e medalhista pelo país nas principais competições mundiais. Entre tantos outros atletas de destaque em nível nacional e internacional em sua carreira, atualmente é técnico da excelente atleta Luiza Braga. Conquistou com suas equipes vários títulos de Jogos Regionais e Jogos Abertos do Interior. Maria José Ferreira - “Mazé”: Atletismo – Atleta Campeã Mundial, várias vezes Campeã dos Jogos Regionais e Abertos do Interior e destaque nacional na modalidade como atleta e técnica. Técnica Credenciada pela FPA e CBA; Francisco Bueno de Camargo - “Fran”: Tênis de Mesa – Reconhecido Técnico e Formador de Técnicos de Alto Rendimento da modalidade que atuam por todo o Brasil e até mesmo no exterior. Ex-Técnico e ExCoordenador da Seleção Brasileira; Paulo Bueno de Camargo - “ Paulinho”: Tênis de Mesa - Atual Técnico e Coordenador Técnico da Seleção Paralímpica Brasileira da Modalidade, tendo participado da Olimpíada Rio 2016; Francine Bueno de Camargo: Tênis de Mesa – Coordenadora Técnica da Modalidade de Piracicaba nos Jogos Regionais e Abertos do Interior nos últimos anos; Flávio Cabral: Luta Olímpica - Técnico da Equipe de Piracicaba e Coordenador Técnico da Seleção Brasileira de Luta Olímpica; José Guilherme dos Santos - “Zeca”: Voleibol Feminino – Atuou durante vários anos em nossas equipes desde a base até o alto rendimento. Foi
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várias vezes campeão dos Jogos Regionais e Abertos do Interior. Técnico renomado e reconhecido por todos da área pelo seu trabalho de excelência, com várias atletas na Seleção Brasileira e na Liga Nacional; José Orlando de Almeida: Canoagem: Precursor do trabalho de canoagem no município, e responsável pela implantação da modalidade nas atividades do PDB, e da Escola Municipal de |Canoagem no município, a qual se tornou modelo referendado pela CBCa, para outras escolas do país; inclusive tendo seu primeiro congresso nacional realizado em Piracicaba no ano de 1990; Ronaldo Guiaro: Futebol – Foi jogador da Seleção Brasileira, tendo atuado em equipes de ponta do Brasil e da Europa. Foi técnico de nossas equipes de base de futebol (Sub 17, Sub 19 e Sub 20) do XV/Selam, sagrando-se Campeão dos Jogos Regionais e dos Jogos Abertos do Interior; Henrique Mecking: Xadrez - O maior enxadrista latino-americano da história, atuou por vários anos por nossa seleção, visando a convivência com nossos atletas e intercâmbio com os mesmos, além de auxiliar nossa equipe técnica com sua experiência e conhecimentos, agregando valores a nossa equipe. Foi Campeão dos Jogos Regionais e Abertos vários anos; Alexander Schvarzman: Damas – Atleta russo que jogou por vários anos por Piracicaba, visando também a convivência com nossos atletas e intercâmbio com os mesmos, além de auxiliar nossa equipe técnica com sua experiência e conhecimentos, agregando valores e nível técnico a nossa equipe e a própria competição dos Jogos. Conquistou duas medalhas de ouro e uma bronze nos Jogos Abertos; Marcos Ribeiro: Boxe - Atleta do PDB, Atleta-Bolsista pelo PDB, formou-se em Educação Física com a bolsa e atualmente é técnico de todo trabalho de base e das equipes de Boxe de Piracicaba nos Jogos Abertos, Campeonatos Paulistas e Brasileiros e coordena todo trabalho do Centro Esportivo MR/Unimep/Selam/PDB/Fumdeca; Coordenou e atuou como técnico de várias equipes da modalidade em Jogos Abertos do Interior onde conquistou vários títulos por Piracicaba, além de ter revelado vários atletas campeões em nível estadual e nacional. Dênis Terezani e Gustavo Gozzo: Canoagem - Coordenaram o trabalho de excelência da canoagem no município durante vários anos, primeiro como técnico e atleta, depois juntos, e agora pelo técnico Gustavo, atuando também na arbitragem das principais competições nacionais e internacionais, inclusive nas Olimpíadas do Rio de Janeiro. Gustavo tem preparado vários atletas que hoje fazem parte das seleções brasileiras de várias
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categorias. Também é atleta de destaque nacional. 2014: 1º lugar Copa do Brasil 1ª etapa, 2º lugar Campeonato Brasileiro, 1º lugar Copa do Brasil 2ª etapa. 2015: 1º lugar Copa do Brasil 1ª etapa, 1º lugar no Campeonato Paulista, 2º lugar Copa do Brasil 2ª etapa, 3º lugar Copa Brasil 2ª etapa c2, 2º lugar Copa do Brasil 3ª etapa e 1º lugar Campeonato Brasileiro. • Antonio Arruda de Oliveira: Vôlei de Praia - Desenvolve um trabalho exemplar na formação de atletas em várias categorias, na modalidade de vôlei de praia, em nosso Centro de Treinamento; tendo revelado vários atletas de destaque para competições como os Jogos Escolares, Jogos Universitários, Jogos Abertos da Juventude e Jogos Regionais, além de ser o Coordenador Técnico e Técnico nos Jogos Regionais e Jogos Abertos do Interior onde conquistou vários títulos para Piracicaba. Citamos aqui apenas alguns, entre tantos outros professores e técnicos que tem se destacado pelo seu trabalho tanto na formação quanto no esporte de rendimento, os quais também merecem todo nosso respeito e reconhecimento.
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Capítulo 9
Um legado para a vida: um relato de caso para além do esporte
Durante nossas atividades como professor nas aulas do Projeto Desporto de Base, mais especificamente nas modalidades de voleibol e futebol, tivemos contato com centenas de alunos e atletas, os quais guardo na memória com muito carinho, sendo que com muitos ainda temos contato e amizade até hoje. Gostaria de ter a capacidade de lembrar o nome e aparência de todos (rs), mas a memória privilegiada não é uma de minhas habilidades (rs). Gostaria de citar aqui muitas histórias de vida, de muitos de meus alunos e atletas (dos quais me orgulho muito), mas até mesmo em respeito ao interesse do leitor, e é claro do seu precioso tempo, e também das limitações de edição de espaço neste livro, acabei por escolher uma história de uma casal a qual inclusive, acabou se transformando num Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) no Curso de Educação Física da Unimep. Em 1989, dois adolescentes na época, se inscreveram em minhas aulas de voleibol da Fase I do PDB, no Ginásio de Esportes José Oliveira Garcia Netto em Piracicaba, um dos Núcleos do PDB onde eu ministrava aulas na época, o qual inclusive funciona até os dias de hoje ininterruptamente por 30 anos, agora com outros excelentes professores nossos colegas da Secretaria no comando. Dois adolescentes por volta dos seus 12 anos, Renato e Helena, que em comum tinham o gosto e fascínio pela modalidade de voleibol. Ambos não se conheciam, e acabaram tendo contato nos intervalos das aulas e dos treinamentos, e nas atividades conjuntas de voleibol realizadas nos Festivais Esportivos que fazíamos (isso ocorre até os dias de hoje, agora com o nome de um Programa Específico denominado de “Encontros Esportivos - o espore une” (nome e idealização de nossa autoria); Programa que já teve apoio do CMDCA por meio do FUMDECA e atualmente recebe apoio pela Lei de Incentivo ao Esporte do Governo Federal e o apoio da Oji Papéis e da Sabesp. Esses Festivais reuniam todos alunos dos diversos núcleos de
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uma determinada modalidade do Projeto, para um grande encontro e muitos jogos disputados, uma verdadeira festa esportiva, daí o nome Festival Esportivo. Esses dois adolescentes, Renato e Helena, logo se destacaram por sua disciplina, liderança, habilidades e dedicação ao esporte e as aulas e treinamentos. Inclusive liderando equipes em competições Comunitárias, Escolares, entre outras, no município, nas quais entravam para participar de maneira autônoma, inclusive despertando e exercitando a sua liderança, como estimulávamos e o faziam outros jovens também. Após algum tempo de treinamento passaram de nível e foram participar dos treinamentos na Fase II do PDB, com outros colegas técnicos da modalidade, que também contribuíram com suas carreiras esportivas. Após alguns anos, ambos participaram do vestibular da Unimep, vindo a ingressar no Curso de Educação Física daquela instituição parceira. Como não poderia deixar de ser diferente, até pelo histórico de ambos no PDB, acabaram por fazer parte de nosso Programa de Estágio, no qual ficaram durante 04 anos conosco, inclusive contribuindo e ajudando sobremaneira com as atividades e os alunos do Projeto Desporto de Base, programa o qual escolheram para estagiar e no qual literalmente cresceram e agora davam sua contribuição social e esportiva como estagiários. Por fim, acabaram namorando, formando-se, noivando e hoje são casados e com uma linda filha (que logo certamente será aluna do PDB, rs); o Prof. Renato Aguiar é atualmente técnico de voleibol (não poderia ser diferente rs) num grande clube da cidade, e a Profa. Helena Germano Aguiar é Profa de Educação Física na Escola Estadual Comendador Mário Dedini, onde contribuem com toda uma experiência de vida no esporte, mais propriamente dito e em especial no PDB, com a educação e a formação de crianças, adolescentes e jovens, por meio do Esporte e da Educação Física. Um verdadeiro legado para as suas vidas, e agora, para tantos outros, por meio das atividades do PDB. Os mesmos tem tanto reconhecimento e entendimento do significado do PDB em suas vidas, que fizeram um trabalho de Conclusão do Curso de Educação Física na Unimep, denominado: “Caminhos e descaminhos do esporte: o caso da especialização precoce no esporte”, no ano de 1998, onde relatam toda sua experiência impar catalisada por meio da oportunidade e das vivências do PDB, e a questão da especialização precoce. Inclusive, para quem gosta do tema, recomendo a leitura do trabalho.
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Um legado para a vida
A aluna Helena Germano do Núcleo de Voleibol do PDB em 1989 (na foto a segunda acima da esquerda para direita)
O aluno Renato Aguiar do Núcleo de Voleibol do PDB em 1989 (na foto em posição de ataque)
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Conclusão
Talvez a palavra “conclusão” não fique aqui adequada para este trabalho, pois o mesmo não tem caráter terminal, simplesmente relatamos aqui, quase que narrativamente, todo processo histórico do PROJETO DESPORTO DE BASE (PDB), desde sua concepção até o presente momento. Provavelmente, o amigo leitor, no momento do seu contato com este relato, o nosso projeto já terá outras características devido à dinâmica social, política e financeira a que está submetido. Entretanto, após esta experiência prática de 30 anos e desta reflexão monográfica neste livro sobre nosso Projeto (hoje já um Programa consolidado), acreditamos ser possível responder ao questionamento que nos faz Manuel Sérgio: “Encontrar-se-á o Desporto compreendido nas categorias de futuro, utopia, de esperança e de possível ?” (SÉRGIO,1990, p.204). Responderíamos convictos: - SIM !! É nas possibilidades que o Futuro nos reserva que vemos um novo Desporto. A Esperança depende da atitude que cada um de nós, co-responsáveis por mudanças, tomarmos perante o Desporto. Possível sim, pois há mais de 30 anos atrás quando advogávamos uma “PEDAGOGIA DO ESPORTE” (Vide Artigo Anexo) e imaginávamos (um verdadeiro sonho na realidade) todo esse trabalho ocorrendo em Piracicaba, nossa própria imaginação já o tornava Possível. E Utopia sempre, sempre para os que não se conformam com o que nos é oferecido e querem sempre mais, não no sentido de ter, mas de Poder Ser e conhecer mais; pois ao passo que nosso corpo pede por repetir o prazer, o prazer da nossa mente é, e sempre será, o Novo. Mas, enquanto Sinal de Utopia, já temos o nosso sinal, o PDB; mostrando que o que ontem era Sonho e Utopia, hoje já vivenciamos, conhecemos e experimentamos, tomou-se passado e realidade; e agora quer mais, quer “nenhum lugar”, ou poderíamos dizer, novos lugares. Rubem Alves nos coloca uma frase
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para pensarmos: “a gente pensa para que o corpo tenha prazer.” (ALVES, 1989, p.13 In: MARCELLINO (org), 1989, p.13). Não pretendemos “pensar” nessa questão, mas dizer que enquanto Profissionais do Lazer, da Educação Física, enquanto Dirigente e Gestor Esportivo, temos que pensar; e mais, pensar para que outros corpos também tenham prazer. Assim o fizemos. Finalmente recomendamos, através das palavras do Prof. Manuel Sérgio, que para superar o Desporto que aí está, superar-se enquanto Profissionais é preciso transcender e viver como um “Desportista”: “o desportista vive, de fato, de modo utópico: ele recusa qualquer atitude resignatária, qualquer consentimento fatalista, dado que se encontram em permanente movimento intencional em direção ao mais-ser” (SÉRGIO, 1990, p.204). E para descobrir-se “Mais-Ser”, é preciso viver em constante Utopia, e estar sempre atento e buscando... seu SINAL !!
Foto emblemática para a história do PDB, de alunos de um núcleo de futebol no qual eu ministrava aulas em 1989
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Depoimentos
Inserimos a seguir alguns depoimentos os quais julgamos oportunos e importantes para ilustrar e referendar algumas situações as quais abordamos no decorrer deste livro. Depoimentos de algumas pessoas (professores, secretários, atletas, alunos, pais, entre outros) que de alguma forma estiveram construindo e fazendo parte de todo esse processo, em algum momento dessa história nesses 30 anos, e por contextos e caminhos diferentes, de uma forma ou outra, vivenciaram e contribuíram com as diversas facetas do nosso PDB, Mariana Costa Ex-aluna e ex-atleta do PDB Hoje atleta da Seleção Brasileira de Handebol e jogando na Liga da Europa Me lembro, desde muito criança de gostar de brincar de futebol, basquete e outras modalidades, que pudessem despertar desafios e a possibilidade de experimentar a prática de novas brincadeiras ou de jogos diferentes. Tinha minha irmã Ana Luiza, mais velha como referência, acompanhava meus pais, para assistir as apresentações e participações dela nos jogos escolares: atletismo, basquete, natação, entre outros. Uma primeira experiência impactante foi a mudança de cidade para Piracicaba, aqui no interior de São Paulo. Onde comecei a estudar no Colégio “Dom Bosco Cidade Alta”. Incentivo a prática esportiva no colégio eram os sábados esportivos ! A galera acordava cedo no final de semana, para realizar atividades esportivas, era um ambiente muito interativo. Tenho muitas Lembranças ! Jogos inter-classes, escolares e os professores: Sartão, Biro, Lili e Silvio. Tenho certeza que devo muito da minha formação e ensinamentos a este período.
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“Projeto Desporto de Base” (PDB) 30 anos de história e realizações (1989/2019)
Certa vez, o professor de educação física Sylvio Fargetti, propôs que eu conhecesse o Programa Desporto de Base da Prefeitura de Piracicaba, na modalidade Handebol. Pois acreditava que me adaptaria ao projeto e a modalidade. Acredito que pela minha sociabilidade, e energia em “estado bruto”, e desenvoltura corporal itens importantes para a prática esportiva, cuja velocidade e a transição entre ataque e defesa são algumas de suas maiores características. La fui eu meio receosa, curiosa de como seria uma prática esportiva mais competitiva, que até então era brincadeira lúdica e lazer com os amigos. No primeiro momento, pensei que talvez meu esporte fosse mesmo jogado com os pés, o futebol, tão popular em nossa sociedade. Mas aos poucos fui me adaptando, sentindo uma evolução, mais focada, daí as oportunidades começaram a surgir, a partir do Projeto Desporto de Base, com a Profa. Josiane. Titular na equipe cadete representando Piracicaba, que orgulho! Recebi o convite para integrar a equipe adulta da cidade - assim maiores desafios, outras cobranças, responsabilidades e conhecimentos. Como acredito que tudo é fruto de nosso trabalho e dedicação, recebi minha primeira convocação para as categorias de base da Seleção Brasileira Junior de handebol 2012, e fiz parte do grupo Campeão Sul-Americano na cidade de Santo Domingo na República Dominicana, até então um ápice em meu início de carreira como atleta de alto rendimento. E no final deste mesmo ano participei do campeonato mundial júnior de handebol na República Tcheca na cidade de Brno, no qual terminamos nossa participação com a 12ª colocação - até o momento “histórica” para a modalidade na categoria Junior. São vivências que graças ao “PDB”, a transição das categorias de base para a categoria adulta, já então com o técnico Kamal da Selam, acabou sendo de uma forma mais consolidada e posso dizer de certa forma mais “organizada” tudo foi ao seu tempo, sem pular etapas, dando as condições necessárias para um desenvolvimento e evolução maior dentro das situações adquiridas dentro de competições e treinamentos na modalidade. No início do ano seguinte 2013, eu queria mais desafios e voos maiores, agora já na categoria adulta - foi então que recebi a proposta para um teste na equipe de handebol Vendsyssel Handbold (Dinamarca). E a possibilidade de uma vivência na Escola de Esportes (Nordjllands Idraesthojskole) na cidade de Bronderslev na Dinamarca. Não sabia em qual continente ficava, não falava inglês fluente, não sabia da cultura nem da gastronomia local. Este sim era um desafio, muito maior que o conhecimento e as notas nas matérias de matemática, história, geografia que posteriormente se mostraram tão imprescindíveis na minha trajetória.
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Depoimentos
Como não desisti e fiquei ainda mais focada e determinada a buscar uma carreira internacional dentro do handebol europeu. Mediante a boa temporada que eu estava fazendo no clube, recebi uma grande oportunidade no final deste mesmo ano, convocação pela primeira vez para a Seleção Brasileira Adulta de handebol feminino (e poder realizar um sonho - de compor a seleção principal). Em dezembro de 2013, fui chamada para compor o grupo do Campeonato Mundial de Handebol na Sérvia 2013, tendo a “honra” de ser Campeã do Mundo, nos tornando uma das únicas seleções a ser Campeã, de país não europeu ao lado de Coreia do Sul e Rússia. De lá para cá outras experiências, maiores desafios, conquistas: Campeã da Copa e da Liga Austríaca 2015, Campeã da Liga Dinamarquesa 2017, Final 4 EHF CUP 2017, Bronze na Liga Romena 2018. Com a Seleção Brasileira uma maior sequência e confiança do treinador e do grupo tem direcionado nosso trabalho. Campeã Pan Americano – Argentina 2017; Campeã Sul e Centro Americano – Brasil 2018; Jogos Sul Americanos – Cochabamba/Bolívia 2018. Mais importante que sempre procuro voltar as minhas origens, quando estou em Piracicaba, visito o Programa Desporto de Base, as equipes de Handebol, Sempre procuro passar um pouco da minha experiência hoje fora do Brasil, atleta da Seleção Brasileira, mas que como muitos deles vindo de um projeto oferecido pela prefeitura (PDB) acredito que uma palavra, um gesto faz diferença e pode ampliar sonhos e perspectivas. Assim como fez na minha trajetória, um exemplo, incentivo e possibilidades. Pois, acredito que todos nascemos para brilhar e sempre queremos algo ou alguém para nos espelhar ! Este projeto promove oportunidade para alcançar qualquer objetivo. Que a educação e o esporte sejam um dos alicerces de nossa sociedade e possam dar suporte e base para os voos altos de nossos jovens. Parabéns ao Projeto !!!
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A atleta Mariana durante visita ao Projeto do Quimbol em Piracicaba, uma das modalidades que ela praticou na adolescência em Piracicaba. Ao seu lado, seu pai Adriano, grande incentivador do PDB, e a esquerda a atleta Deonise Fachinello da Seleção Brasileira que também esteve visitando e prestigiando o trabalho do Quimbol.
Profa. Helena Germano Aguiar e Prof. Renato Aguiar Ex-alunos e Atletas do PDB Hoje casados e Profissionais de Educação Física Fazemos aqui um breve relato de nossa vivência no Projeto Desporto de Base. Ano passado (2016), eu (Helena) levei meus alunos para participarem da abertura dos Jogos Escolares e encontrei meu ex-professor, hoje renomado no cenário político, Prof. Johnny Godoy, que integrava a mesa de autoridades, nos cumprimentamos e começou o desfile. No momento da fala das autoridades, ele citou o meu exemplo e do Renato, a trajetória que tivemos no esporte, principalmente no Projeto Desporto de Base. Um filme passou em minha cabeça, relembrando toda a vivência que tivemos, eu e também o Renato, atualmente meu marido. Vou resumir essa trajetória para que a emoção que vivi seja justificada. Começamos no Projeto na modalidade de voleibol, logo no início, por um convite que fizeram na escola. Ficamos no Projeto durante toda nossa infância e adolescência, e seguimos no esporte até a fase adulta.
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Depoimentos
No P. D. B. vivemos todas as fases do esporte, até nos tornarmos atletas, mas da melhor maneira possível, com ludicidade, desenvolvendo a disciplina, tolerância, determinação, fomos respeitados em todo nosso desenvolvimento físico e emocional, despertando nosso gosto pela prática do esporte por lazer, pelo social, pela competição. Posteriormente nos tornamos estagiários do mesmo Projeto e nosso TCC teve como tema a Especialização precoce no esporte, onde citamos nossa vivência no Projeto e os benefícios de se respeitar as fases de maturação da criança. Hoje somos professores de Educação Física das redes Estaduais e Municipais de ensino, e meu marido Renato em um importante clube da cidade Essa vivência significou muito para nós, pois nos deu a base para sermos os profissionais que somos hoje, pois agora vivemos o outro lado do esporte, o de despertar o gosto pela prática do esporte, o de transmitir valores, de contribuir para a formação de cidadãos íntegros assim como aconteceu com a gente. Enfim, hoje, como professores disseminamos todo o aprendizado técnico, pessoal, físico, social, pedagógico e emocional. No projeto fomos respeitados como crianças, seres humanos em desenvolvimento, para posteriormente sermos cobrados em rendimento, em uma fase mais madura. Temos uma filha Rafaela, de 9 anos, que também faz parte do PDB na modalidade de voleibol desde o ano passado e ficamos realizados ao saber que nossa filha poderá ter a mesma vivência esportiva que tivemos. Dr. Pedro Antônio de Mello Médico Secretário Municipal de Esportes, Lazer Atividades Motoras O esporte ensina a ganhar e a perder com lealdade, trabalhar em equipe e fazer novos amigos. Ao longo de seus 30 anos, de forma ininterrupta, esse foi um dos objetivos do PDB, promovendo ainda a integração esportiva das crianças e adolescentes do município, afastando os mesmos das drogas, contribuindo para o seu desenvolvimento e formação de cidadãos. Tendo o caráter social e de formação educacional, o PDB ao longo dessas três décadas promoveu também a divulgação e disseminação da prática de diversas modalidades esportivas formais, proporcionando ambiente saudável e lúdico para as crianças e adolescentes na faixa etária entre 7 aos 17 anos em suas fases: I – Iniciação e Recreação (Iniciação); II – Equipes Competitivas em formação (Aperfeiçoamento) e III – Equipes de Rendimento e Representação do município (Treinamento).
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Além disso, promoveu nesse período a revelação e formação de atletas de médio e alto nível, que representaram e/ou ainda representam com muita garra e determinação o município nos Jogos Regionais / Abertos, bem como atuam em clubes e equipes amadoras e/ou profissionais. Nesse processo, destacamos os atletas Diogo Brajão Soares, grande revelação do esporte piracicabano, medalhista na última edição dos Jogos Olímpicos da Juventude e grande aposta do esporte brasileiro para as próximas Olimpíadas, e Mariana Costa, mais uma atleta revelada pelo PDB, campeã mundial de handebol em 2014 com a Seleção Brasileira e que atualmente desfila seu talento pelas quadras europeias. Vale destacar ainda o apoio fundamental da Fundação Mário Dedini, Caterpillar e Fumdeca nos últimos anos. Em 2019, os festivais esportivos inseridos dentro do projeto “Encontros Esportivos – o esporte une”, como parte do trabalho realizado pelo PDB, passou a contar com o aporte das empresas Sabesp e Oji Papéis, aprovado no âmbito da Lei Federal de Incentivo ao Esporte, que estabelece diretrizes para incentivos e benefícios com o objetivo de fomentar atividades de caráter desportivo. Nosso objetivo é seguir estimulando o PDB em nosso município contribuindo para o desenvolvimento não só de atletas, mas também na formação de cidadãos trazendo grande benefício social e esportivo para o município.
Prof Ms Rubens Leite do Canto Braga (90 anos) Ex-professor do Curso de Educação Física da Unimep Ex-Secretário Municipal de Esportes, Lazer Atividades Motoras O povo piracicabano desde longa data demonstra ter muito amor pela prática esportiva, reconhecendo a elevada importância que essa atividade contribuí para a sua completa formação. Suas equipes nas diferentes modalidades, sempre brilharam entre os demais municípios do interior paulista e até mesmo em nível internacional a exemplo de suas conquistas no futebol, basquetebol, atletismo, tênis de mesa, entre outras. Sua grandeza tinha como base a educação dos professores de educação física de suas tradicionais escolas, onde a juventude recebia os primeiros ensinamentos das principais modalidades. Seus Campeonatos Colegiais despertavam grande entusiasmo, onde suas partidas finais lotavam o nosso ginásio. A orientação da nossa educação física escolar foi recebendo novos rumos e a prática esportiva escolar diminuía a ponto de nossas crianças passarem a
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Depoimentos
ter a iniciação apenas nos clubes como o Clube de Campo de Piracicaba e o Cristóvão Colombo, que até hoje mantém equipes de formação. Nossas crianças foram ficando sem ter onde iniciar pois até o futebol, tão popular, sofria com a diminuição dos campos para sua prática. Foi justamente neste período que o órgão oficial da nossa prefeitura, a antiga Codespor, dirigida na ocasião pelo Prof. José Carlos Hebling, coadjuvado pelos mestres Wagner Wey Moreira, Ídico Pellegrinotti e Johnny Godoy resolveram criar o Projeto Desporto de Base que veio para cobrir essa lacuna, ou seja, proporcionar a oportunidade para nossas crianças passarem a ter uma iniciação bem orientada das diferentes modalidades esportivas. Esse projeto teve grande aceitação em diferentes bairros de nosso município, onde a prefeitura foi melhorando suas instalações e atendendo boa parte de nossa infância e juventude. Depois do Prof. José Carlos, outros dirigentes desse órgão, hoje denominado de Selam, procuraram dar sequência a esse vitorioso projeto ampliando cada vez mais a oportunidade principalmente dos garotos da periferia que não tem possibilidade de frequentar nosso clubes sociais. Que o Projeto Desporto de Base, continue a prestar esse grande serviço para nossa juventude, onde prevalece o esforço de seus competentes profissionais, e que nossas crianças e adolescentes possam ter a felicidade e alegria de conhecer e praticar essa magnífica atividade, que é o esporte, e continuem a praticá-lo até a sua velhice.
Prof. Dr. Wagner Wey Moreira e Prof. Dr. Ídico Luiz Pellegrinotti Ex-Professores da Unicamp e da Unimep Idealizadores do Projeto Desporto de Base Redigir um Depoimento sobre o Projeto Desporto de Base é um prazer, mesmo porque faz-nos lembrar, com certeza, de uma das maiores realizações vividas na carreira profissional na Educação Física e Esportes ao longo de mais de 40 anos. O PDB, idealizado pela dupla Prof. Dr. Idico Luiz Pellegrinotti e Prof. Dr. Wagner Wey Moreira na década de setenta do século passado, foi incrementado no final dessa década na então Secretaria de Esportes, Turismo e Lazer (Setel) da Prefeitura de Piracicaba, secretaria essa sob o comando do Prof. José Carlos Callado Hebling. Como assessores dessa Secretaria, implantamos e coordenamos o Projeto nos quatro anos de nosso envolvimento com a administração municipal e, a partir daí, vários profissionais da área estiveram presentes em sua história, destacando-se o engajamento do Prof. Mestre João Francisco R. de Godoy (o Johnny) que coordenou os trabalhos pelo maior período de tempo.
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Importante ressaltar nesse período e início do PDB, o imprescindível apoio da iniciativa privada por intermédio do Grupo Dedini, que dava total sustentação na parte de materiais a todos os núcleos e fases do PDB. Falar do PDB é narrar uma história de trabalho e de sucesso, razão da manutenção de sua presença em Piracicaba ao longo desses trinta anos. Vários foram os prefeitos que por aqui passaram, de diferentes partidos políticos, todos preservando o projeto em sua história. Assim, poderíamos perguntar: Por que o PDB se manteve na história de Piracicaba, quando normalmente em trocas de administração municipal várias reformulações são feitas e projetos anteriormente criados são descartados? A resposta ao questionamento anterior, em nossa opinião, está atrelada ao fato de havermos proposto um Projeto numa perspectiva de Política de Estado e não simplesmente de proposta de governo, o que garantiu sua longa permanência. Também faz parte da resposta a forma como o piracicabano encampou o Projeto, em sua vertente educacional, entendendo que o esporte pode contribuir para o desenvolvimento não só de habilidades motoras, mas também constituir-se em fonte para a aquisição de cidadania. Daí a razão do Projeto, estruturado em suas três fases (desenvolvimento do repertório motor, escolinhas de esportes e treinamento esportivo), exigir sempre a presença da criança e do adolescente estar matriculado no ensino formal escolar para poder se inscrever e continuar participando das atividades do Projeto. O PDB foi um dos programas constituídos da Secretaria de Esportes no período de 1989 a 1992, juntando-se a outros, dos quais destacamos: Projeto Clarear, o qual atendia os portadores de algum tipo de incapacidade; Projeto Futebol Evolução, este propiciando torneios de futebol com a média de gols acima de quatro e média de faltas abaixo de nove por partida; Projeto FelizCidade, envolvendo várias Secretaria da Prefeitura e criando o Almoxarifado de Lazer para ser utilizado pelas comunidades de bairros, deixando-as com autonomia de programação. Enfim, projetos com o cunho de desenvolver valores educacionais e comportamentais como, cooperação, participação, corresponsabilidade e criatividade, dentre outros. Além desses aspectos e programas, implantamos também a Academia Municipal de Musculação, visando atender a demanda dos atletas das equipes de competição PDB, que necessitavam de um trabalho com pesos para melhorar sua “performance”, e também para atender a comunidade em geral. Daí a razão do prazer em emitir tal depoimento, com a certeza de um trabalho realizado, o qual propiciou frutos para a participação esportiva dos piracicabanos.
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Depoimentos
Mais uma vez referindo-nos ao PDB, ficamos gratificados por participar dessa empreitada ao constatar sua permanência na cidade, cumprimentando todas as administrações municipais que sucederam a de 1989/1992 por preservarem o Projeto Desporto de Base, entendo haver nele uma proposta importante de esporte, ao mesmo tempo, participativo e competitivo para a cidade. Tomara que daqui a trinta anos, os responsáveis pela Secretaria de Esportes, Lazer e Atividades Motoras (SELAM) estejam, junto com o povo piracicabano, comemorando os sessenta anos do PDB, sempre renovado, e ele continue propiciar às crianças e aos adolescentes o prazer do esporte e o seu sentido educacional para a formação de cidadãos. Agradecemos a oportunidade da escrita deste depoimento.
Engo. Samoel Bürger (32 anos) Ex-atleta de voleibol de Piracicaba, hoje Engenheiro Civil. Natural de Limeira, piracicabano de coração !! Me chamo Samoel Bürger, atualmente 32 anos de idade, natural de Limeira, Piracicabano de coração e residente em São Paulo atuando como Engenheiro Civil. Sinto-me pleno, realizado e feliz. Mas sempre busco evoluir e melhorar a cada dia. Para chegar onde estou hoje, tive um caminho árduo, difícil, de muita luta e dedicação, que tive o incrível apoio da cidade de Piracicaba no qual me formou com atleta, cidadão e também profissional (onde sou eternamente grato a isso). Minha história com esse Projeto da cidade aconteceu da seguinte forma: Aos 15 anos de idade comecei a jogar voleibol na minha escola. Naquela época minha professora de educação física resolveu montar uma turma de treinamento de voleibol para jogar os Jogos Escolares de Limeira. Minha escola nunca havia tido uma turma dessas, afinal era uma escola localizada numa região rural de Limeira (região na qual nasci e cresci). Como sempre acompanhava na televisão o voleibol e já tinha uma tremenda paixão resolvi começar a jogar. Nunca imaginei que esse esporte poderia abrir imensas oportunidades como pessoa e profissional. Então comecei a levar a sério o esporte e fui me dedicando e treinando, nunca deixando de me dedicar aos estudos, pois sabia que estudos seria meu alicerce para minha vida toda. Sempre treinei o voleibol pensando em me tornar um jogador profissional. Mas como nessa vida Deus é que sabe o que é melhor para nós, eu não cheguei a ser profissional. Mas hoje vejo que foi melhor, afinal tenho duas paixões que não abro mão: jogar voleibol e ser engenheiro. Conforme fui envelhecendo
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e eu estava vendo que não ia ser profissional, tive uma ideia (que virou objetivo) de conseguir uma profissão através desse esporte. Foi nesse exato momento que Piracicaba e o Projeto de Desporto entrou na minha vida. Eu almejava uma bolsa de estudos através do voleibol, e naquele ano de 2009, Piracicaba me fez um convite para representar a cidade em competições importantes. Então, como eu já tinha 22 anos de idade fui sincero e disse que precisaria de uma bolsa de estudos para poder continuar a jogar, ou senão eu teria que conseguir um trabalho para pagar minha faculdade, pois meus pais não tinham condições de manter meus estudos e teria que parar de jogar. Naquela época o projeto não havia uma bolsa de estudos para engenharia civil, (já existia para outros cursos, como farmácia, educação física, técnico em radiologia e enfermagem) mas havia possibilidade de conseguir uma bolsa se naquele ano o voleibol desse resultado. O Projeto já havia alojamento, refeição e ajuda de custo para atletas de fora (como no meu caso). Resolvi então aceitar o desafio. Entrei de cabeça, me dedicando dentro e fora das quadras. Eu sempre chegava mais cedo aos treinos ou ficava até mais tarde sozinho fazendo determinados exercícios para melhorar. No alojamento sempre procurava manter a disciplina com os outros companheiros de equipe também, pois o voleibol não é um esporte individual e eu precisava deles (nesse momento da minha vida aprendi o que é o papel da liderança, papel que em minha profissão é extremamente importante). Graças a Deus esse ano de 2009 fomos vice-campeões dos Jogos Regionais e Campeão dos Jogos Abertos da 1ª divisão. Resultado esses que me deram uma bolsa de estudos de 100% na Escola de Engenharia de Piracicaba. Eu havia chegado ao meu objetivo, mas era preciso mantê-lo. Durante 5 anos eu me dediquei ao extremo para conseguir me formar (pois engenharia não é tão fácil. Consegui me formar sem reprovar em nenhuma matéria, exigência para manter a bolsa de estudos) e também a continuar conseguir bons resultados pra cidade de Piracicaba como forma de gratidão pelo o que a cidade, o projeto e seus envolvidos estavam me oferecendo. Existiram momentos nesse tempo que foram muito difíceis, mas nunca me passou pela cabeça em desistir. Por 2 anos e meio conciliei treinos, estudos e estagio. Era uma rotina bem desgastante, principalmente no meu último ano que tinha que preparar e apresentar meu trabalho de conclusão de curso. Mas eu venci. Consegui me formar, sou Engenheiro Civil. Essa profissão me fez conhecer o Brasil todo através da atuação em outros estados. Por toda essa história, eu tenho um sentimento de gratidão tão grande por Piracicaba e o Projeto de Desporto que me emocionam até hoje. Agradeço demais primeiramente a Deus, a Piracicaba e a todos os envolvidos.
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Depoimentos
Adriano Antonio da Costa e Eliana Alves Barbosa da Costa Pais da ex-aluna e ex-atleta do PDB e hoje atleta da Seleção Brasileira de Handebol Mariana Costa Eu vos declaro marido e mulher, com esta frase da cerimônia de casamento, no dia 07 de maio de 1983. Eliana Alves Barbosa da Costa, filha de Antonio Alves Barbosa e Vicência Alves Barbosa e eu Adriano Antonio da Costa, filho de Jose Caetano da Costa e Maria José de Oliveira Costa, com a família e amigos como testemunhas do nosso amor. Iniciávamos nossa própria família, e lá se vão 36 anos, desta constante construção, com o compromisso de criar e educar nossas duas filhas; Ana Luiza da Costa e Mariana Costa. Tivemos uma formação familiar, moral e acadêmica centrada e baseada na educação, e respeito, somos educadores físicos, como dizemos de “corpo e mente”, projetávamos uma educação holística para nossas “filhotas” Desde a chegada da primeira filha Ana Luiza, o compromisso sempre foi com a educação e formação ética. Aliada ao lúdico, autonomia e iniciação esportiva, pois faz parte do DNA da família. Além de entendermos a cultura e prática física corporal, instrumentos educacionais, transformadores para o desenvolvimento integral das competências com potencial para capacitar os jovens, para lidar com as pressões do cotidiano, necessidades, e tomadas de decisões. Sempre nos espelhamos nos bons exemplos, e o estar presentes como pais e conselheiros, com frequência, acompanhávamos eventos culturais, jogos escolares da irmã mais velha, assim nossa caçula Mariana Costa, começou a tomar gosto pela prática de todos os esportes. Desde de muito nova mostrou uma inteligência corporal acima da média, “jogou” futebol, taekwondo, tênis, basquete, atletismo e quimbol. Com a mudança da família de São Paulo para Piracicaba, somente os jogos escolares no Colégio Dom Bosco Cidade Alta, não eram o bastante para a pequena Mariana, com energia, e “sede / fome” de conhecimentos e de práticas esportivas diversas. Foi um desafio dos professores de educação física do colégio, que procurasse o Projeto Desporto de Base (PBD), mais especificamente na modalidade de Handebol, pois acreditavam nos conceitos e diretrizes do programa, o que fez toda diferença em sua formação pessoal, acadêmica e esportiva. O PBD, mostrou-se muito eficaz pois, a vimos mais concentrada, focada e com objetivo de conquistar “boas notas” para continuar nos campeonatos do colégio e oportunidades que logo começaram a se apresentar como: acompanhar e integrar as equipes dos Jogos Regionais e posteriormente Jogos Abertos,
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representando a cidade de Piracicaba. Que a partir deste momento já era nossa cidade “natal” de coração e alma. Daí tudo aconteceu muito rápido, Campeã dos Regionais e Abertos, começou a destacar-se na equipe adulta com apenas 16 anos. Convite para integrar a Seleção Brasileira Junior de Handebol. Seus sonhos, horizontes, voos e perspectivas, os voos já não cabiam mais na “Noiva da Colina”; topou o desafio de realizar um intercâmbio na Dinamarca, era janeiro de 2013. Mas os conhecimentos e valores do PDB, foram a base para os desafios de um novo país, cultura, hábitos e costumes diferentes, e ainda assim buscar as oportunidades para seu desenvolvimento pessoal e esportivo. Portanto, nossos agradecimentos aos professores e profissionais do Projeto Desporto de Base, por oportunizar aos nossos jovens uma possibilidade de exercício pleno de cidadania e prática esportiva. Viva !!!
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Referências
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“Projeto Desporto de Base” (PDB) 30 anos de história e realizações (1989/2019) COLPAS, Ricardo D. O. Desporto e Piracicaba nas últimas quatro administrações. Monografia do curso de especialização em educação física escolar. FEF-Unicamp, Campinas, 1991. CONSTANTINO, José M. O valor cultural e ético do espetáculo esportivo na sociedade contemporânea, In BENTO, J. E MARQUES, A. Desporto, ética e sociedade. Porto: Universidade do Porto, 1990. COSTA, Lamartine Pereira da. Anais do Ciclo de Debates: “Panorama do Esporte Brasileiro”, Câmara dos Deputados. Comissão de Esporte e Turismo. Brasília, 1984. DUMAZEDIER, Jofre. Lazer e cultura popular. São Paulo: Perspectiva, 1973. DUMAZEDIER, Jofre. Valores e conteúdos culturais do lazer. São Paulo: SESC, 1980. DUMAZEDIER, Jofre et al. Olhares novos sobre o desporto. Lisboa: Compendium, 1979. ECO, Umberto. Viagem na irrealidade cotidiana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. EIBL-EIBSFELDT, I. Adaptações filogenéticas no comportamento humano. p. 01 - 45 In: GADAMER, H.G. & VOGLER, P. (org.). Nova antropologia: o homem e sua existência biológica, social e cultural. São Paulo, EPU, Editora da Universidade de São Paulo, 1977. FEIO, J.M. Noronha. Desporto e política: ensaios para compreensão. Lisboa: Compendium, 1978. FEYERABEND, Paul. J.N. Idéias contemporâneas. Entrevistas do Le Monde, São Paulo: Ática S/A, 1984. GADAMER, H.G. & VOGLER, P. (org.). Nova antropologia: o homem e sua existência biológica, social e cultural. São Paulo: EPU, Editora da Universidade de São Paulo, 1977. GODBEY, Geoffrey. Leisure in your life. State College, PA: Venture, p.9, 1985. GODOY, J.F.R. et al. Por uma pedagogia do esporte. Artigo do Jornal de Piracicaba, Piracicaba, abr. 1988. GODOY, J.F.R. Esporte e lazer: um direito público assegurado. Revista Brasileira de Ciências do Esporte. v.13, n.1, 1991. GODOY, J.F.R. & LEME, M.L. A. Projeto desporto de base. Revista Brasileira de Ciências do Esporte. v.13, n.1, 1991. GODOY, J.F.R. et al. O esporte e o poder público. In: III SIMPÒSIO PAULISTA DE EDUCAÇÃO FÍSICA. Anais... UNESP. Rio Claro, 1991. GODOY, J.F.R. Projeto desporto de base: um programa permanente de esportes e lazer. Monografia do curso de especialização em recreação e lazer. FEF-Unicamp, 1992. GODOY, J.F.R. (org.) Desporto de Base: jogando para o desporto. Piracicaba, Gráfica Unimep, 1992. GOETHE. Fausto (traduzido por Antônio Feliciano de Castilho). Rio de Janeiro, Edições de Ouro, 1969 . HAWKING, Stephen W. Uma breve história do tempo. 3. ed. Tipografia Guerra/Viseu, 1994. HARARI, Yuval Noah. Uma breve história da humanidade. L&PM: 1. ed, 2015.
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“Projeto Desporto de Base” (PDB) 30 anos de história e realizações (1989/2019)
Documentos: BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Departamento de Educação Física. Esporte Para Todos. Brasília, 1978. BRASIL. Câmara dos Deputados. Comissão de Esporte e Turismo. Anais do Ciclo de Debates Panorama do Esporte Brasileiro. Brasília, 1984. BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação Física e Desporto. Comissão de Reformulação de Desporto. Uma Nova Política Para o Desporto Brasileiro. Brasília, 1985. BRASIL. Senado Federal. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988. BRASIL. Ministério da Ação Social. Estatuto da Criança e do Adolescente. Brasília, 1990. BRASIL. Secretaria dos Desportos da Presidência da República. Projeto de Modernização do Esporte no Brasil. Brasília, 1991. INSTITUTO BRASILEIRO DE ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL – IBAM. Prefeitura Municipal de Piracicaba - SP. Regimento Interno da Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Turismo. 1990. PARANÁ. Secretaria de Esportes do Estado do Paraná. Plano Estadual de Esportes. 1987. PIRACICABA. Prefeitura Municipal de Piracicaba. Coordenadoria de Esportes. Plano da Coordenadoria de Esportes de Piracicaba - Projeto para o Desporto Piracicabano. 1989. PIRACICABA. Coordenadoria de Esportes, Lazer e Turismo. Plano de Ação da Terceira Fase do Projeto Desporto de Base. 1989. PIRACICABA. Relatório Anual. 1989. PIRACICABA. Diretrizes para a Ação em Esportes e Lazer de um Governo Democrático e Popular: Uma Avaliação de 2 anos. 1990. PIRACICABA. Projeto Desporto de Base. Relatório Anual de 1990. PIRACICABA. Grupo Intersecretarias. Bases para uma Política de Recreação e Lazer Diagnóstico de Piracicaba: 1990. PIRACICABA. Secretaria de Esportes, Lazer e Turismo. Projeto Desporto de Base - Relatório Anual de 1991. PIRACICABA. Projeto Desporto de Base - Participação Comunitária. 1991. SÃO PAULO. Prefeitura do Município de São Paulo. Secretaria Municipal de Esportes. Plano de Ação Desportiva. 1979. SÃO PAULO. Secretaria de Esportes e Turismo do Estado. Coordenadoria de Esportes e Recreação. Calendário de 1985 e 1986. MATTOS, A. C. de Z. Secretaria de Esportes, Lazer e Atividades Motoras de Piracicaba. Relatórios quantitativos e gráficos de desempenho de Piracicaba em Jogos Regionais e Jogos Abertos do Interior. 2005 à 2016.
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Referências
Revistas e Jornais: COMUNIDADE ESPORTIVA. Ministério da Educação e Cultura. Subsecretaria de Esportes Para Todos. Rio de Janeiro, 1981 à 1983 (vários números). JORNAL DE PIRACICABA. Por uma pedagogia do Esporte, abr.1988. GODOY, J.F.R. Esporte, lazer e turismo: o direito à alegria. Revista da Secretaria de Esporte, Lazer e Turismo do Município de Piracicaba. Imprensa Oficial, 1992. GODOY, J.F.R. Quimbol: do interior de São Paulo para o Brasil. Revista Educação Física / Confef. n. 66, dez. 2017. PIRACICABA. Secretaria de Esportes, Lazer e Atividades Motoras de Piracicaba. Disponível em: <www.selam.piracicaba.sp.gov.br>. Acesso em: 5 out. 2019. PÓLIS. Ambiente Urbano e Qualidade de Vida. São Paulo: Pólis, n. 3, 1991. PÓLIS. Experiências inovadoras de gestão municipal. São Paulo: Pólis, n. 9, 1992. REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO FÍSICA. Ministério da Educação e Cultura. DED. Brasília, n. 11, 1971. TEORIA & DEBATE. O modo Petista de Governar. Caderno Especial de Teoria & Debate. Diretório Regional do P.T. São Paulo, 1992. TRABALHOS. Ação Comunitária de Avaré. São Paulo, SESC, n. 3, jan. 1978.
Filmes: Efeito Borboleta. Ficção científica. Direção: Eric Bress & J. Mackye Gruber, 2004. Despertar na Tormenta. Ficção científica. Direção: Oriol Paulo, 2018.
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Anexos EXCELENTE MATÉRIA DA MÍDIA LOCAL SOBRE O TRABALHO DO PDB: EM SUA VERTENTE DE FORMAÇÃO ESPORTIVA E SUAS POSSIBILIDADES PARA OS TALENTOS ESPORTIVOS
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“Projeto Desporto de Base” (PDB) 30 anos de história e realizações (1989/2019)
ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL DE PIRACICABA EM 10/03/1988 (Imagem de recorte do Jornal)
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Anexos
SÍMBOLO / LOGOMARCA DO PROJETO DESPORTO DE BASE Baseada num concurso de ideias e sugestões entre os próprios alunos do PDB em 1990, e posteriormente transformada numa arte gráfica pelo servidor público e renomado artista gráfico de Piracicaba, Eduardo Grosso, cujo filho também foi aluno do PDB
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Livros da Coleção Literária 1.
Fragmentos Históricos da Regulamentação da Profissão de Educação Física e da Criação e Desenvolvimento do CREF4/SP
2.
O Desporto Paralímpico Brasileiro, a Educação Física e profissão
3.
Treinamento de força: saúde e performance humana
4. Faculdade Aberta para a Terceira Idade: educação para o envelhecimento e seus efeitos nos participantes 5.
Gestão, Compliance e Marketing no esporte
6.
Ginástica laboral e saúde do trabalhador Saúde, capacitação e orientação ao Profissional de Educação Física
7.
Projeto Desporto de Base (PDB): 30 Anos de História e Realizações (1989/2019)
Um breve relato de experiência da cidade de Piracicaba/SP e uma proposta metodológica para programas de formação e lazer físico-esportivo
8. Estratégias de Recuperação e Controle de Carga de Treinamento 9. Atividade Circense Ações pedagógicas na licenciatura e no bacharelado
10. Os primeiros passos em Fisiologia do Exercício: Bioenergética, Cardiorrespiratório e gasto energético 11. Eu não estudei para isso: temas emergentes no estágio em Educação Física 12. Métodos contemporâneos para elaboração de programas de treinamento de esportes de alto rendimento 13. Dinâmicas lúdicas no ambiente corporativo: da teoria à prática 14. Futebol profissional: metodologia de avaliação do desempenho motor 15. Leis de incentivo ao asporte: novas perspectivas para o desporto brasileiro 16. Memórias de Boas Práticas no Esporte: Profissionais de Educação Fisica no contexto do olimpismo 17. Paralelos entre a iniciação competitiva precoce e a formação de técnicos de Judô 18. Hiit Body Work: a nova calistenia 19. Recomendações para prática de atividade fisica e redução do comportamento sedentário 20. Orientações para avaliação e prescrição de exercícios físicos direcionados à saúde
Este livro, composto com tipografia Palatino Linotype e diagramado pela Malorgio Studio, foi impresso em papel Offset 90g pela Teixeira Impressão Digital e Soluções Gráficas Ltda para o CREF4/SP, em Novembro de 2019.
COLEÇÃO LITERÁRIA EM HOMENAGEM AOS 20 ANOS DA INSTALAÇÃO DO CREF4/SP O Conselho Regional de Educação Física da 4ª Região – CREF4/SP foi instituído pela Resolução CONFEF nº 011/1999 e a designação e posse de seus primeiros conselheiros, membros efetivos e suplentes, pela Resolução CONFEF nº 017, de 29/10/1999, com jurisdição no Estado do São Paulo e sede na sua capital. No dia 06 de dezembro de 1999, em ato solene de sua instalação nas dependências do prédio de administração do Ginásio do Ibirapuera, o CREF4/SP iniciou sua história. Passados 20 anos, com sede em local privilegiado e de fácil acesso aos Profissionais de Educação Física do Estado, mudaram Conselheiros e Diretorias, mas os objetivos deste Conselho permanecem os mesmos: garantir à sociedade o direito de ser atendida com excelência por Profissionais de Educação Física, habilitados pelo registro; normatizar, fiscalizar e orientar o exercício da profissão, de acordo com o que preconiza o Código de Ética Profissional. Organizamos uma Coleção de 20 livros com o objetivo de proporcionar atualização de conhecimentos do Profissional com leituras variadas e de qualidade, tendo como proposta a orientação e o aumento do acervo de obras destinadas à Educação Física. Os livros que compõem esta coleção possuem temas diversificados, abrangendo as áreas de: história, desporto paralímpico, treinamento, gestão, atividades para terceira idade, ginástica laboral, desenvolvimento de projetos, controle de carga, atividades circenses, fisiologia do exercício, escola, esportes, ludicidade, legislação, relatos de experiências, exercício e saúde, e combate ao sedentarismo. Esperamos que a Coleção Literária, em Homenagem aos 20 anos da Instalação do CREF4/SP, colabore com o fortalecimento de nossa Profissão.
Conselheiros do CREF4/SP “Somos nós, fortalecendo a Profissão”
ISBN 978-85-94418-50-0
9 788594 418500 >