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fevereiro 2011 . boletim trimestral . ano 4

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espírito conduziu Jesus ao Deserto» (Mt 4,1), aquele a quem ainda há dias preparávamos a sua vinda, retira-se agora para se preparar para o encontro íntimo com cada um. A Quaresma recorda exactamente esta necessidade de preparar para a missão e preparar a missão. O deserto é o espaço e tempo necessários para ver bem, ver com o coração. Fazer uma experiência de maior encontro e comunhão com Ele. Depois, temos a possibilidade de falar de Deus, não como um conteúdo teórico, mas como algo vivido e experimentado. E então falaremos “como se víssemos o invisível”!

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Secção OPINIÃO

Mas faltam P.e Luís Miguel Figueiredo Rodrigues

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m dos desabafos que mais tenho escutado nestes anos de contacto com catequistas – quer na Arquidiocese, quer fora dela – prende-se com a escassez de catequistas. Quase nunca são os suficientes! A juntar a esta dificuldade está a suposta prática sacramental deficitária de muitos daqueles que dão catequese. Estes problemas agora enunciados são reais e dolorosos, tanto mais porque afectam o núcleo identitário da transmissão da fé: o acompanhamento personalizado de cada catequizando por alguém maduro e adulto na fé. A problemática está enunciada, e nem é novidade, mas como resolver o problema? A solução também não é nova, vou apenas recordá-la. Começo por lembrar que a missão de catequizar compete a toda a comunidade, logo todos devem ser implicados no processo: párocos, catequistas, outros agentes de pastoral e todos aqueles baptizados que querem viver como tal. Caberá ao grupo de catequistas, porque foi a eles que a comunidade

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confiou a animação do processo catequético, implementar processos e estratégias para ultrapassar estas dificuldades. Sugiro o seguinte itinerário. Que se comece, logo após o Natal, mas os prazos não são nada rígidos, a fazer o levantamento das necessidades. Este levantamento de necessidades faz-se na oração pessoal e comunitária, e na leitura da realidade em que nos inserimos. Precisamos de saber quantos catequistas temos, quantos precisamos para o próximo ano pastoral para termos um bom serviço de catequese. Não esquecer de somar àqueles que faltam agora o número daqueles que, por qualquer motivo, não podem prestar esse serviço no próximo ano pastoral. Ficamos, então, a saber quantos catequistas temos de ‘encontrar’ de novo. Mais, não nos interessa um catequista qualquer, precisamos de ponderar as suas qualidades humanas e espirituais, sempre em clima de oração e discernimento evangélico. No passo seguinte, o grupo de catequistas vê na comunidade aquelas pessoas que não estando comprometidas em nenhum trabalho pastoral

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catequistas! podem ter condições para vir a ser bons catequistas. Antes da Quaresma, procure-se alguém que faça a ponte entre o grupo de catequistas e cada um dos possíveis candidatos para, com amizade cristã, lhe propor que se dedique ao ministério catequético. Como é óbvio, uma responsabilidade desta envergadura não pode ter uma resposta imediata, pelo que o tempo quaresmal pode e deve ser um bom tempo para que o interpelado e a comunidade rezem esta situação, sendo que aquele que fez de ponte deve acompanhar de perto, prestando-lhe todos os esclarecimentos e apoios necessários. No início do Tempo Pascal fazemos a recolha das decisões e ficamos a saber quem aceitou ou não integrar o grupo de catequistas de novo. Porque pode haver sempre alguma recusa, convém procurar interpelar mais alguns do que aqueles que nos pareceram necessários. Aqueles que se vão dedicar

à catequese têm agora uma oportunidade para se encontrarem com o grupo de catequistas todo. Seria bom que se organizasse numa das reuniões mensais da Primavera um bom acolhimento aos novos catequistas, que já passariam a participar nas reuniões mensais de catequistas, para se irem introduzindo paulatinamente no grupo e na missão. Havendo oportunidade, seria bom que participassem na formação inicial, pelo menos em alguma, antes do início do próximo ano pastoral. Os novos catequistas já participam na programação do ano catequético que se realiza até Junho, sensivelmente. Com o processo acima enunciado, não tenho esperança de apenas num ano resolver todas as dificuldades, mas se este processo passar a ser hábito em cada paróquia não tardará que as dificuldades enunciadas no início estejam superadas.

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Secção NOTÍCIAS

Projecto Esperança: um projecto para todos (PAIS = Peregrinos no Amor, Irmãos a caminho da Santidade).

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Projecto Esperança (PE) nasceu no seguimento de uma experiência com Pais realizada na Matriz da Póvoa de Varzim, apresentado ao Serviço de Formação, que solicitou que o mesmo fosse apresentado aos formandos do Estágio de Catequistas (infância e adolescência) 2009/2010, bem como aos Pais das paróquias envolvidas. Num segundo momento o Projecto foi divulgado nos cursos Acreditar acolhidos em algumas paróquias/zonas inter-paroquiais, nos quais estavam inscritos muitos pais. O Projecto é para todos os que possam e queiram ser uma Esperança para si mesmos, Pais, Avós, Tios, Padrinhos e/ou todos os educadores na Fé, incluindo os catequizandos e os catequistas. Daí que os objectivos do PE sejam o de promover a formação de adultos; o envolver os educadores da fé na dinâmica da catequese, dando-lhes a conhecer o que é a catequese; potenciar a acção dos educadores na dinâmica da catequese/vida comunitária, interagindo activamente com a comunidade; dinamizar catequeses inter-geracionais e comunitárias. Em 2010, o PE foi já acolhido por várias Paróquias e Arciprestados da Arquidiocese de Braga, tendo várias pessoas inscritas no ateliê de formação para animadores do projecto. Estas, posteriormente, dinamizaram as actividades propostas no âmbito do projecto, acolhendo os inúmeros educadores e educandos que ao nosso convite responderam. Em 2011, vamos procurar sustentar os objectivos do PE com encontros sistematizados, promovendo o encontro com a Palavra de Deus, para que, progressivamente, todos tenham cada vez mais consciência de que a Fé não é teoria, mas testemunho e vivência sacramental. Só assim podemos ser crentes com Fé adulta.

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Congregar e co-responsabilizar os educadores da Fé na Missão da Igreja é o nosso compromisso. Temos consciência que uma das grandes dificuldades é revelar que a Catequese não é meramente um acto social, mas uma opção de vida – ser bem-aventurado em Jesus Cristo. Para isso há um caminho a percorrer. Não um caminho para as festas, que começam e acabam num tempo definido, mas um caminho para uma vida em permanente Festa com Jesus Eucaristia. A proposta de acção passa por trabalhar, a Pertença através de um Anúncio integral e genuíno, de um Cristo ressuscitado que vive, mas também de um Cristianismo que tem Cruz, isto é, trabalhar a Identidade (em Cristo) para se pedir identificação, num clima de intimidade orante e sacramental, com Imaginação e criatividade. Ajudar, se necessário, na Iniciação de cada pai/educador que diga sim e ousar colaborar no caminho da Salvação nossa e


de cada irmão, num tributo ao Deus que ama cada um de nós. Procuramos, juntos, encontrar o(s) caminho(s) de resposta para, em liberdade e responsabilidade, nos educarmos, porque Deus criou-nos pessoas com capacidades de iniciativa e domínio dos nossos próprios actos. Há lugar, oportunidade e necessidade para em conjunto - infância, juventude, adultos, seniores... baptizados e não baptizados - nos educarmos na Fé Cristã. Teremos, talvez, de ser mais agentes duma verdadeira pastoral educacional. O Projecto Esperança não substitui a catequese, antes a ela conduz, pois propõe caminhos de (re)integração da catequese no projecto de vida familiar. Para isso, acreditamos no empenho dos catequistas e de todos os agentes da pastoral, na medida em que estejam plenamente conscientes

da sua missão em contribuir para a vida eclesial, sendo imprescindível o seu contributo; têm na verdade um lugar insubstituível no anúncio e serviço do Evangelho da esperança, porque, por meio deles, a Igreja de Cristo torna-se presente nos mais diversos sectores do mundo, como sinal e fonte de esperança e de amor. Para isso, são precisos catequistas e animadores sempre ‘sem hora marcada’, disponíveis e ao serviço. Somos todos, pedras vivas da Igreja de Jesus Cristo e co-responsáveis pela sua construção. Seguindo o exemplo do Mestre, saibamos também nós acolher todos os irmãos na casa do Pai. Apresenta-se um desafio para todos, mas sobressair-se-á a alegria de conhecer o Amor verdadeiro. Conhecer mais e melhor o Deus do Amor é o objectivo, para percorrermos o caminho da santidade. Ser educador na Fé é ser peregrino desse caminho.

A Formação e o Serviço de Formação Nuno Juncal Pires

onsidera D. Jorge Ortiga que a Comissão Arquidiocesana para a Educação Cristã deve, prioritariamente, ocupar-se com a formação de agentes de pastoral e protagonizar esta prioridade. É nesta área que tudo acontecerá1, figurando “entre as prioridades da Diocese […] os programas de acção pastoral, de modo a que todos os esforços da comunidade (sacerdotes, leigos e religiosos) possam convergir para esse fim”2. Assim, a missão confiada ao Serviço de Formação é a de conceber, de acordo como os documentos do Magistério, e a de concretizar a formação dos adultos (animadores e/ou catequistas), em articulação com os Departamentos Arquidiocesanos da

Catequese, da Pastoral Juvenil e da Formação de Adultos, de forma sistematizada, sequencial e orgânica. Isto é, contribuir para a formação de Agentes da Pastoral, adultos na fé, para que sejam «testemunhas, mestres e educadores», capazes de “programar a sua actividade, a sua intervenção educativa, tornando os seus destinatários capazes de captarem a presença e a acção de Deus dentro da sua vida e da história da humanidade, ajudando-os, assim, a responder positivamente às suas chamadas”3. Neste sentido, registe-se o que diz o Senhor Arcebispo em A Formação Cristã na Arquidiocese, nºs 1.4 e 1.6. O objectivo da Formação é a Pessoa, com base em dois eixos fundamentais que a estruturam: formar a Pessoa e o agente da pastoral, partindo do pressuposto de que todos deveríamos ter os olhos sempre postos no fim último, a razão de ser dos Departamentos ou dos Serviços Diocesanos: ‘Fazer crentes,

1 Jorge Ortiga (2003), A Formação Cristã na Arquidiocese, Nº 5. 2 Propositio, 40.

3 Ibidem.

«Formação: competência também é testemunho!»

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Secção NOTÍCIAS

fazer discípulos’ (Cf. Mt. 28, 19- 20). Aliás, fim último da Igreja4. Neste sentido, e segundo o Papa João Paulo II, “a formação dos leigos tem como objectivo fundamental a descoberta cada vez mais clara da própria vocação e a disponibilidade cada vez maior para vivê-la no cumprimento da própria missão”5. Por isso, na prática, a nossa formação estrutura-se na Pedagogia Divina vivida numa Igreja comunhão e hierárquica, sendo Cristocêntrica, ou seja, dando a conhecer Jesus de Nazaré e a “aprender, primeiro, a realizar a missão de Cristo”6, “num contínuo processo pessoal de maturação na fé e de configuração com Cristo”7; Integral, “espiritual, doutrinal, teológica, ética e filosófica, de harmonia com a idade, condição e capacidade, adaptada à maneira de ser e circunstâncias próprias de cada um, da sociedade em que vive e da sua cultura”8, em ordem à Pessoa do crente, “na unidade e na integridade da pessoa humana, de tal modo que se ressalve e desenvolva a sua harmonia e equilíbrio”9; Permanente e centrada no essencial: de forma a “descobrir melhor os talentos com que Deus enriqueceu a sua alma, e exercitar mais eficazmente os carismas que lhe foram dados pelo Espírito Santo para bem dos seus irmãos”10; Promotora da Missão na Igreja e no Mundo, de forma a dar resposta às necessidades evangelizadoras dos dias de hoje, com os seus valores, sombras e perplexidades11, dando particular atenção à cultura local12, uma vez que a cultura envolvente influencia muito a pessoa, pelo que é necessário conhecê-la13. A formação parte de um tronco comum, é específica e complementar, para responder a necessidades concretas de missões concretas, e constitui-se como responsabilidade pessoal, incentivando à auto-formação. O leigo tem a responsabilidade do seu crescimento, pois e segundo o Papa João Paulo II, “não se dá formação verdadeira 4 Jorge Ortiga (2003), A Formação Cristã na Arquidiocese, Nº 3. 5 João Paulo II (1988), Christifideles Laici, Exortação Apostólica pós-sinodal, sobre a Vocação e a Missão dos Leigos na Igreja e no Mundo, Nº 59. 6 Concílio Vaticano II (1965), Decreto Apostolicam Actuositatem sobre o Apostolado dos Leigos, Nº 28. 7 Propositio, 40, citado por João Paulo II (1988), Christifideles Laici, Exortação Apostólica pós-sinodal, sobre a Vocação e a Missão dos Leigos na Igreja e no Mundo. 8 Ibidem 9 Concílio Vaticano II (1965), Decreto Apostolicam Actuositatem sobre o Apostolado dos Leigos, Nº 29. 10 Ibid., Nº 30. 11 Jorge Ortiga (2003), A Formação Cristã na Arquidiocese, Nº 1.4. 12 Propositio , 42, citado por João Paulo II (1988), Christifideles Laici, Exortação Apostólica pós-sinodal, sobre a Vocação e a Missão dos Leigos na Igreja e no Mundo, Nº 63. 13 Jorge Ortiga (2003), A Formação Cristã na Arquidiocese, Nº 1.8.

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e eficaz se cada qual não assumir e não desenvolver por si mesmo a responsabilidade da [sua] formação”14. Diz-nos a andragogia que um adulto aprende a partir da sua experiência e apenas o que está disposto a aprender, ajudando-o a fazer as suas sínteses, e as suas motivações são internas. A formação deve ser espiritual e doutrinal ou bíblico-teológica. “Sem experiência espiritual não há formação (…). É somente em profunda comunhão com Ele que os catequistas [e animadores] encontrarão luz e força para uma desejável renovação autêntica da catequese [pastoral]”15, sublinha o Senhor Arcebispo. Trata-se de um conhecimento orgânico da mensagem cristã, articulada em torno do mistério central da fé, que é Jesus Cristo (cf. DGC, 240). O conteúdo dessa formação está organizado em dois núcleos: a história da salvação e a mensagem cristã16. Em ordem ao aprender a ser, a conhecer, a fazer e a viver com os outros, propomos uma formação exigente, que “não descura a importância da formação prática e técnica”17, mas que é suportada por um conhecimento prévio à prática, que leva a perceber que as técnicas e o caminho a percorrer (método) não são fins em si, mas meios. Por isso, só o estágio responde verdadeiramente a esta dimensão prática. Pretende-se, ainda, que a formação promova “a arte de conviver e cooperar fraternalmente, (…) e capacite para o diálogo com os outros, quer crentes quer não crentes, para comunicar a todos a mensagem de Cristo18. Face ao exposto e para melhor perceber o plano de formação em vigor, é importante saber que, hoje, a catequese nas paróquias é inspirada em três grandes grupos, que não existindo no seu estado puro, se percebem claramente enquanto tais. 1) Numas paróquias temos uma catequese pós Concílio de Trento que segue a máxima, «o “melhor” cristão é o que mais sabe!», apelando essencialmente à memória: fórmulas, perguntas e respostas. 2) Noutras temos uma catequese pós Concílio Vaticano II, que pretende ser «da vida para a vida», apelando ao testemunho: Palavra de Deus e compromisso. 3) Dentro deste grupo encontramos uma catequese

14 Ibidem. 15 Ibidem. 16 Idem, Nº 1.7. 17 Concílio Vaticano II (1965) Decreto Apostolicam Actuositatem sobre o Apostolado dos Leigos, Nº 29. 18 Idem, Nº 31.


discernida pelas ciências humanas (a catequese da técnica) pós Directório de 1971, numa leitura redutora do referido documento, e aquelas que pretendem discernir a sua catequese a partir da Teologia, para qual o Directório de 1997 é o corolário de Documentos papais nesse sentido. Este quadro é relevante porque nos dá importantes indicadores para a formação. Isto é, por um lado os catequistas das paróquias da catequese das fórmulas, das perguntas/respostas, na generalidade não fazem formação, por outro lado, a formação esteve muito tempo essencialmente virada para o “guia” e para maneiras de fazer que corresponderam a um tempo. Assim, a catequese mantêm-se escolarizada e nem sempre seguindo as virtualidades escolares. Neste ambiente, pese embora o grande esforço de formação institucional, que sempre existiu, esta acontecia um pouco por todo o lado ao jeito de quem a promovia e limitava-se quase exclusivamente ao curso de iniciação (centrado no guia) e só cerca de 50% dos catequistas a faziam. Perante esta realidade levantam-se alguns desafios: 1) sistematizar a formação de acordo com objectivos definidos pela hierarquia, redefinir cursos e produzir os seus materiais, partindo da Teologia, centrada na Palavra, e não das Ciências Humanas, bem como passar da «pedagogia» à «andragogia»; 2) assegurar que a formação contribua para o todo da Pessoa (e não do técnico); 3) perceber a formação a partir da Teologia e não das Ciências Humanas; 4) envolver formadores19; 5) oferecer um SF exclusivamente voluntário; 6) promover a necessidade de uma formação exigente para uma Missão exigente que promova/valorize a Pessoa (Visão e Missão); definir espaços estáveis de formação: CAFCA’s – Centros Arquidiciosanos de Formação Cristã de Adultos; 7) promover uma formação que envolva agentes de diferentes sectores, para rentabilizar a formação e dar-lhe unidade, mas sobretudo para crescermos na partilha e na riqueza d diferença construindo a unidade. Por outro lado, o Senhor Arcebispo exortou a não formar técnicos em Catequese, isto é, não formar catequistas e animadores para o guia, mas para a Igreja; contribuir para a descolarização da catequese 19 O SF optou por, primeiramente, recrutar formadores com um perfil mínimo, sem cuidar da sua formação estrutural, pedindo-lhes, para tal, um esforço acrescido e garantindo-lhes que esta seria uma prática transitória, tendo em conta o crescente pedido de formação em diferentes pontos da Arquidiocese. Perante esta opção viuse adiada a necessária formação de formadores.

e ajudar a caminhar para uma catequese de percurso. Que a formação não seja só o curso de iniciação, nem tão pouco é o único momento da formação inicial, e que esta tem pré-requisitos (ser confirmado na fé e ter pelo menos 18 anos), tendo presente as diferentes necessidades formativas nos 10.000 catequistas e animadores da Arquidiocese. Finalmente, cabe à formação contribuir para a autonomia das comunidades20, isto é, dotar cada zona pastoral inter-paroquial, depois de sistematizada a formação e feita formação de formadores de equipas de formação que, com o pároco ou párocos de cada uma das zonas inter-paroquias sejam capazes de promover a formação permanente dos adultos animadores e/ou catequistas. A catequese e a animação são essencialmente a transmissão de uma Mensagem, mas que tem implicações: conhecer a Mensagem, o destinatário da Mensagem e os meios de transmissão, bem como a heterogeneidade de públicos e os documentos do Magistério (unidade e fidelidade). São estes pressupostos que levam à definição do perfil do catequista e do animador, ao seu recrutamento (ainda não encontramos termo mais simpático) e posteriormente ao plano de formação que deve contribuir para o enriquecimento do perfil definido pela Igreja. 20 Jorge Ortiga (2003), Formação Permanente de Sacerdotes e Leigos.

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Secção NOTÍCIAS

Recomendamos que todos comecem pelo Curso Acreditar e quem não o fez que o faça. Não basta saber transmitir uma mensagem. É fundamental dominar correctamente os conteúdos da Fé a partir da Revelação. Esta é uma das nossas principais lacunas. Por isso esta formação deve ser permanente na comunidade. O caderno do Acreditar contribui para

Na próxima oportunidade falaremos do b-learning na formação de outras modalidades de formação. Heraclito disse-nos que “não há nada permanente a não ser a mudança”, mas as mudanças em formação dão-se para responder a necessidades concretas. Nestas mudanças devemos ter presente o provérbio chinês que diz que “sempre que sopram ventos de mudança, uns erguem moinhos de vento, outros erguem barreiras”. Conscientes de que “uma fé que não se torne cultura é uma fé «não plenamente recebida, não inteiramente pensada, nem fielmente vivida”22, que no SF somos ainda poucos e limitados, a todos, humildemente, pedimos o contributo.

22 João Paulo II, Discurso aos participantes no Congresso Nacional do Movimento Eclesial de Empenhamento Cultural (M.E.I.C.) (16 de Janeiro de 1982), 2: Insegnamenti, V, 1 (1982), 131; cf. também a Carta ao Cardeal Agostino Casaroli, Secretário de Estado, com a qual se criava o Pontifício Conselho da Cultura (20 de Maio de 1982): AAS 74 (1982), 685; Discurso à Comunidade universitária de Lovánio (20 de Maio de 1985), 2: Insegnamenti, VIII, 1 (1985), 1591. (cit. CL, 59).

esse conhecimento, auxiliado pelas propostas de aprofundamento extra-curso. A formação inicial inclui o Curso de Iniciação, que deve ser acompanhado passo a passo por um catequista ou animador da comunidade do formando, tendo um momentos antes que prepare para o curso e um momento posterior para ajudar a implementar. O Curso Geral pode ser feito no verão em regime intensivo, em dois anos consecutivos ou por módulos em encontros semanais ao longo do ano pastoral. O Estágio é a aplicação prática do aprendido, mas centrado na Palavra, e é específico. Aqui a formação deixa de ser tronco comum como podemos verificar no esquema. Com o objectivo da unidade na fé (de onde tudo parte), os Cursos de Coordenação têm dois níveis: paroquial e diocesano/arciprestal. Para ajudar toda esta dinâmica existe ainda a formação permanente de formadores. Esta formação constitui uma exigência primária para assegurar a formação geral e capilar de todos os fiéis leigos.21 O Curso de Introdução é uma situação transitória, para responder às comunidades que têm adolescentes com menos de 18 anos a colaborar com a catequese. 21 Ibid., Nº 63.

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Dia Arquidiocesano do Coordenador

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o passado dia 8 de Janeiro teve lugar no Centro Pastoral de Braga o dia Arquidiocesano dos Coordenadores, ao qual se inscreveram mais de 300 pessoas, entre catequistas, animadores coordenadores, arciprestes, párocos, e membros do conselho económico paroquial. Conforme o programa, o dia começou com a oração da manhã, seguido da Palavra do Pastor – o Senhor Arcebispo D. Jorge Ortiga – que nos falou da importância da oração, caminho para o encontro com Cristo, intensificando a comunhão eclesial; e da formação, para que a fé não seja apenas teoria e tradição, mas consciência e testemunho. D. Jorge falounos da grande prioridade no repensar da Pastoral da Igreja – a educação na Fé -, lembrando-nos de onde partimos e o que sentido deveremos seguir – para uma fé adulta e mais amadurecida. Na segunda parte da manhã, o Pe Vasco António Gonçalves apresentou uma comunicação sob o título “Desafios da Educação Cristã no séc. XXI – no contexto de um novo paradigma pastoral e catequético”, explicando a importância de a catequese “sair de si”, alargando-se à catequese de adultos e à catequese familiar. Neste sentido, o Projecto Esperança foi apresentado como um projecto que se desenvolve no âmbito da educação de adultos e da catequese familiar, promovendo a catequese inter-geracional. Após a pausa de almoço, teve lugar os 5 ateliês agendados no programa: 1 – Plano Estratégico de Formação; 2 – Coordenação: um acto eclesial; 3 – Perfil e Missão do Coordenador; 4 – Plano Pastoral / articulação pastoral; 5 – Coordenação inter-paroquial. Todas as pessoas inscritas puderam participar em dois dos cinco ateliês.


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Secção NOTÍCIAS

ECA de V. N. Famalicão reza com os catequistas das diferentes comunidades do Arciprestado

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m pleno triénio dedicado pela Arquidiocese de Braga à Palavra de Deus, e procurando concretizar um dos objectivos propostos pelo Departamento Arquidiocesano de Catequese (DAC), que passa pela aposta na prática da Lectio Divina nos diversos âmbitos catequéticos, a Equipa Arciprestal de V. N. Famalicão disponibilizou-se para, ao longo do corrente ano pastoral, visitar os catequistas das diferentes comunidades do Arciprestado, mediante o convite e interesse da parte dos mesmos. Nessas visitas, a oração, mais concretamente, a Lectio Divina, assume papel preponderante, para proporcionar a todos um momento de maior intimidade e comunhão com Cristo, tão necessário, particularmente para aqueles que abraçam a missão de catequizar. Assim, até ao momento, a ECA de V. N. Famalicão já efectuou duas visitas, tendo rezado com os catequistas de três comunidades paroquiais. No dia 30 de Outubro, os catequistas das paróquias de Nine e Arnoso Santa Eulália, reuniram-se em Nine para receber a Equipa Arciprestal.

Por sua vez, no dia 26 de Novembro a visita foi feita à paróquia de Vila das Aves. Em ambos os casos o texto bíblico escolhido para a Lectio Divina foi aquele que respeitava ao Evangelho do domingo seguinte. Deste modo, os catequistas presentes tiveram oportunidade de escutar e acolher a Palavra de Deus, meditando, reflectindo e rezando a partir da mesma, que ao mesmo tempo lança o desafio de moldar as acções e atitudes de todos os dias e de cada um! Para além de momentos únicos de rica e profunda partilha que estes encontros em torno da Lectio Divina proporcionaram, foi também possível estreitar os laços entre todos, nomeadamente entre a ECA e os catequistas das referidas comunidades, que puderam também colocar dúvidas, partilhar inquietações e apontar sugestões. A ECA de V. N. Famalicão tem já agendadas visitas a outras comunidades e aproveita para relançar o desafio a todas as paróquias, lembrando que se mantém receptiva à marcação de novas visitas, para que todos possamos rezar juntos!

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Pelos s estado

Arcipr

Secção NOTÍCIAS

Coordenadores Paroquiais de Catequese de V. N. Famalicão preparam novo Ano Pastoral

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al como tem vindo a acontecer nos últimos anos, a Equipa Arciprestal de Catequese de V. N. Famalicão promoveu um encontro destinado aos Catequistas Coordenadores Paroquiais de Catequese de todas as paróquias do Arciprestado, com vista à preparação deste novo Ano Pastoral 2010-2011. Desta feita, este encontro teve lugar no dia 25 de Outubro, pelas 21h30, no Centro Pastoral de V. N. de Famalicão e contou com a presença de cerca de 40 catequistas provenientes de grande parte das paróquias do Arciprestado. Num primeiro momento o P.e Paulino Carvalho, Assistente da Equipa Arciprestal de Catequese de V. N. Famalicão, depois das habituais palavras de acolhimento e boas-vindas, convidou todos os presentes a rezar, percorrendo os diferentes passos de uma Lectio Divina, realizada a partir do Evangelho de S. Lucas referente ao XXXI Domingo do Tempo Comum (Ano C), que todos teriam oportunidade de voltar a escutar nas Eucaristias do fim-de-semana que se seguiria. Durante a oração cada um foi convidado a descobrir e reflectir o “Zaqueu” que muitas vezes somos, ou seja, peque-

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nos na Fé, mas sempre em busca de Jesus! Seguiu-se o momento de apresentar e/ou recordar todos os objectivos propostos pelo Departamento Arquidiocesano da Catequese (DAC) para o Ano Pastoral 2010-2011. Assim, neste terceiro ano dedicado pela Arquidiocese de Braga à Palavra de Deus, subordinado ao tema “Vivemos da Palavra”, o plano do DAC tem como título “Catequizar implica viver da Palavra de Deus”. O objectivo geral passa agora por “Valorizar a Missão de catequizar como vivência da Palavra de Deus”, concretizável depois via objectivos específicos que, salvo algumas nuances, mantêm-se essencialmente os mesmos do ano anterior, continuando a Arquidiocese a apontar na direcção de três vectores tidos como essenciais (Lectio Divina, Reunião Mensal de Catequistas e Formação de Catequistas Coordenadores). Foram também apresentadas algumas datas importantes para este ano pastoral, destacando-se desde já o Encontro Arciprestal de Catequistas, a realizar a 12 de Fevereiro de 2011. Além disso, foram ainda tratadas algumas questões de âmbito mais prático, com o objectivo de facilitar e promover o contacto


entre a Equipa Arciprestal e a Catequese das diferentes paróquias, salientando-se a divulgação do blog que a Equipa criou (http//catequesefamalicao. blogs.sapo.pt) para se aproximar mais de todos os catequistas e vice-versa. Depois de um tempo aberto ao diálogo onde todos tiveram oportunidades de colocar questões, esclarecer dúvidas e/ou apresentar sugestões, o encontro terminou com um novo momento de oração, que serviu também de envio para os catequistas, onde o P.e Paulino Carvalho desafiou “todos a, como

Zaqueu, subir à árvore para ver Jesus e abrir-Lhe a porta da nossa casa, para que Ele entre e fique connosco e o catequista seja aquele que, primeiramente, vive na plena intimidade e comunhão com Jesus Cristo, ou não fosse precisamente essa a finalidade geral da Catequese. Só assim, vivendo nesta comunhão com Cristo, estaremos a Viver da Palavra e poderemos coordenar de modo a gerar comunhão com todos e a todos os níveis, ou seja, uma comunhão que se quer paroquial, mas também arciprestal e até diocesana”.

Barcelos promove leitura orante da Bíblia

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início do Advento foi dedicado à meditação e leitura orante da Bíblia, Lectio Divina, realizada em todas as zonas em simultâneo. O momento foi bem vivido, pelos catequistas que quiseram dedicar um pouco do seu tempo ao aprofundamento da Palavra.

Iniciou-se a passagem da Bíblia, de paróquia a paróquia em cada zona pastoral. A comunidade acolhe a Palavra e durante uma semana é convidada a rezá-la. Finda a semana passa a Bíblia a outra comunidade.

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Secção FORMAÇÃO

A missão do catequista na Igreja Paula Abreu

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uem vai para o mar prepara-se em terra!”: o que é necessário em tudo na vida, também o é na catequese. A catequese exige bons catequistas, bem preparados e que tenham a convicção de que a sua formação se vai fazendo pouco a pouco. Somos catequistas porquê? É sempre uma história de amor que vem de longe: recordemos o sentido da nossa missão como catequistas – somos mais que “professores” de catequese, somos enviados, somos testemunhas, somos apaixonados pelo projecto de Jesus. Estamos na catequese porque experimentamos que Jesus e a Sua mensagem enchem a nossa vida de sentido e de alegria. E, por isso queremos partilhar com os outros esta “vida em abundância” que só Jesus dá. Jesus é tudo para nós, como foi para São Paulo: “Vivo a vida presente na fé do Filho de Deus que me amou e se entregou por mim.” (Gal 2, 20) Tudo o que São Paulo faz, parte deste centro. “Animados do mesmo espírito de fé, conforme o que está escrito: Acreditei e por isso falei, também nós acreditamos e por isso falamos, sabendo que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus, também nos há-de ressuscitar com Jesus, e nos fará comparecer diante dele junto de vós.” (2Cor 4, 13-14) “Se não nos enamorarmos de Cristo, não teremos interesse algum como cristãos.” (J. Ratzinger) É muito importante que cada um de nós se interrogue sobre si mesmo para estar em condições de responder às exigências novas da catequese. O mundo e a Igreja mudaram No mundo e na Igreja mudaram muitas coisas: melhorou o conceito que a pessoa humana tem de

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si própria, avançou-se na compreensão da fé e da revelação de Deus, aperfeiçoaram-se os métodos pedagógicos, descobriu-se uma nova forma de evangelizar. Estas mudanças, obviamente, afectaram a catequese, requerendo da parte dos catequistas uma maneira de ser e qualidades muito definidas: “O catequista é, intrinsecamente, um mediador que facilita a comunicação entre as pessoas e o mistério de Deus, e dos sujeitos entre si e com a comunidade. Por isso, deve empenhar-se, a fim de que a sua visão cultural, a sua condição social e o seu estilo de vida não representem um obstáculo ao caminho da fé, criando sobretudo as condições mais apropriadas para que a mensagem cristã seja buscada, acolhida e aprofundada.” (DGC, 156) Há alguns “mandamentos” fundamentais no estilo de Jesus, que devemos observar: 1. Jesus encontra-se com as pessoas: Acolhimento; 2. Jesus aproveita as experiências de vida das pessoas: Vivencia; 3. Jesus gera nas pessoas várias interrogações: Aprofunda; 4. Jesus apresenta uma proposta nova: Anuncia; 5. O encontro com Jesus muda a vida das pessoas: Interioriza/Converte; 6. A partir desse encontro as pessoas alegram-se e querem festejar: Celebra; 7. Tal alegria leva as pessoas a quererem comunicar aos outros a sua descoberta: Compromete Só o amor é digno de fé! Fé que se reflecte em obras de amor! Assim, o nosso modo de viver deve apresentar-se como uma proposta coerente: sabemos todos que valem pouco os chamamentos discursivos se não forem acompanhados pelo testemunho pessoal – se não vivemos o que propomos tudo surge como formalismo, mantido com preceitos.


Educar para a fé é amar, é respeitar, é ajudar, é estar disponível… Educar para a fé é uma urgência de todos os tempos da história. Todavia, em cada tempo os catequizandos tem características específicas. No princípio da educação para a fé encontramos a amabilidade: é uma realidade complexa, formada por atitudes, critérios, modos e comportamentos. A fonte da amabilidade está na caridade que Deus comunicou por Cristo: a caridade é amar Deus com todo o coração e amar os outros com o coração de Deus. Pela caridade, amamos os catequizandos com o mesmo amor com que amamos a Deus, não só em intensidade, mas também no modo como se manifesta na humanidade de Jesus. Não esqueçamos que na origem da fé autêntica está uma Palavra ou experiência de graça que toca a pessoa, algo que toca o coração da pessoa e a faz decidir voltar-se para Jesus e converter-se a Ele. Este ser tocado no íntimo é obra da graça de Deus, mas passa, normalmente, pelas mediações humanas: através de um anúncio, do testemunho ou de sinais humanos. Não podemos, por isso, confundir a catequese com a mera transmissão de conhecimentos ou de doutrina; nem, claro está, a relação de catequistacatequizando com a relação de professor-aluno. A catequese tem o carácter de iniciação, gradual e progressiva, a toda a vida cristã, nas várias dimensões: iniciação ao conhecimento do mistério de Jesus e dos grandes conteúdos da fé; à oração e celebração da fé; à vida da comunidade cristã e ao estilo de vida próprio de um cristão.

Iniciar e educar para a fé na situação religiosa e cultural do mundo de hoje pede aos catequistas que tenham a esperança viva e a coragem forte para mostrar, em todos os lugares, uma só face, independentemente do lugar em que vivam e actuem. Só deste modo testemunhamos a certeza da ressurreição e alimentamos a esperança de todos: “Nada impomos, mas sempre propomos, como Pedro nos recomenda numa das suas cartas: ‘Venerai Cristo Senhor em vossos corações, prontos sempre a responder a quem quer que seja sobre a razão da esperança que há em vós.’” (1 Pe 3, 15) (Bento XVI) Crescer na fé: necessidade de formação permanente O conhecimento da “riqueza” que está em Cristo não é algo adquirido ou estático, é sim um processo permanente. Nunca acaba o conhecimento de Cristo vivo. A fé precisa ser alimentada, cuidada, orientada, formada atenta e dedicadamente. Uma fé cuidada e cultivada cria raízes profundas em nós e produz muitos e bons frutos. A formação permanente significa e realiza em nós a maravilhosa afirmação de São Paulo:“para conhecê-l’O, conhecer o poder da sua ressurreição e a participação nos seus sofrimentos, conformando-me com Ele na sua morte, para ver se alcanço a ressurreição de entre os mortos. Não que eu já o tenha alcançado ou que já seja perfeito; mas corro, para ver se o alcanço, já que fui alcançado por Cristo Jesus.” (Fl 3, 10-12) Verdadeiramente, só catequizaremos o que conhecermos de Cristo ressuscitado. “A nossa herança só tem este testamento: “Fazei isto em memória de Mim.” (Lc 22, 19; 1Cor 11, 24). Não é nada e é tudo. Ser cristão é acreditar que Cristo me chama, a mim e não outro. Chama-me em nome de uma verdade, que Ele não deixa de Se fazer carne.” (D. Carlos Azevedo, 2008) Desafios

Porque a catequese visa ajudar a fazer discípulos de Jesus, num encontro de amizade com Ele, é muito importante a figura do catequista. É urgente que os catequistas sejam adultos na fé: o catequista adulto na fé não faz recurso da força, da lei, de provas para se justificar; é capaz de mostrar o gosto pelo bem e a beleza dos valores, com o seu exemplo.

Hoje, como sempre, são muitos os desafios que se apresentam aos catequistas, pelo que para cumprirmos a nossa vocação missionária temos que cultivar uma vida espiritual intensa: precisamos todos de fazer uma viagem ao nosso interior onde o Senhor está à nossa espera.

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Secção FORMAÇÃO

Porque Planear em Catequese é, desde logo, Catequizar… Vânia Raquel Silva Pereira

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lanear… Segundo o dicionário da língua portuguesa, planear é “fazer o plano de” algo e/ou “definir antecipadamente um conjunto de acções ou intenções”, ou ainda “ter algo como intenção”. De facto, o acto de planear faz hoje parte da vida do homem! Traçamos planos para inúmeras coisas e situações, sejam elas mais ou menos determinantes para o percurso das nossas vidas! No entanto, e como seria de esperar, temos especial cuidado com aquilo que é mais importante ou mais querido para nós! Planeamos e projectamos um curso ou formação, uma carreira profissional, uma vida familiar ou até a realização de uma vocação ou sonho, assim como outras coisas mais pequenas e menos relevantes, como umas férias, um passeio, um negócio, uma festa, … ou até mesmo o conjunto de pequenas situações e inúmeros compromissos que preenchem e tecem a agenda de cada um dos nossos dias! Também a Catequese não foge a esta regra! Aliás, enquanto tarefa primordial da Igreja, missão confiada por Cristo a todos os homens de todos os tempos, naquele envio que ecoa para sempre dentro de nós como um imperativo inquietante – “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda a criatura” (Mc 16, 15), a Catequese precisa e merece todo o cuidado no planeamento e planificação da mesma! Tendencialmente gostamos de ver resultados imediatos para tudo o que fazemos. Despendemos tempo e outros recursos hoje, para obtermos resultados já… não temos paciência, não sabemos esperar! Por isso, planear pode parecer-nos uma tarefa ingrata, desconfortável e até dispensável, porque todos os esforços investidos hoje na realização do referido planeamento, muitas das vezes, só terão resultados visíveis e relevantes a médio e longo prazo. Porém, Catequese e improviso não cabem no mesmo espaço, não são peças do mesmo puzzle… são palavras que não fazem parte da mesma cartilha, realidades incompatíveis! A Catequese, verdadeira e autêntica, que tem no seu centro a Pessoa de Jesus Cristo, dando-O a conhecer de forma viva, entusiasmada, alegre, convicta e apaixonante, não se

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compadece com decisões tomadas de forma leviana e pouco pensada, sem cuidado, sem conhecimento de causa, sem fundamento e, sobretudo, sem amor! Por isso, a nós catequistas, cabe-nos também esta missão, dentro da grande missão da evangelização, de planear a Catequese atempadamente, numa lógica de exigência e rigor! Todavia, não se trata de um rigor pelo rigor, sem qualquer sentido, pois esse reprime e sufoca! Este é antes um rigor que rima com amor, porque é pautado pela entrega gratuita e generosa, pela solicitude de quem serve sem cessar, sustentada pela alegria ímpar e insuperável de testemunhar Jesus Cristo a todos os homens! Aliás, é o próprio Jesus que, convidando-nos a renunciar a tudo para O seguir, nos alerta para a necessidade de reflectir atempadamente sobre cada acção ou intenção, dizendo:“Quem dentre vós, querendo construir uma torre, não se senta primeiro para calcular a despesa e ver se tem com que a concluir? Ou qual é o rei que parte para a guerra contra outro rei e não se senta primeiro para examinar se lhe é possível com dez mil homens opor-se àquele que vem contra ele com vinte mil?” (Lc 14, 28.31). Analisemos, por isso, com algum detalhe, a importância do planeamento. Como poderemos anunciar o Evangelho se desconhecemos a realidade onde operamos? Como podemos trabalhar e semear uma terra que não conhecemos? Assim, o primeiro passo de um processo de planeamento da Catequese de uma determinada comunidade, ou até unidade pastoral, passa por traçar todo o diagnóstico, isto é, efectuar um levantamento de toda a realidade e seus condicionantes, pois como refere o nº 279 do Directório Geral da Catequese (DGC),“a Igreja particular, ao organizar a actividade catequética, deve ter como ponto de partida a análise da situação. «O objecto desta pesquisa é complexo. Ele abrange o exame da acção pastoral e o diagnóstico da situação religiosa e das condições socioculturais e económicas enquanto processos colectivos que podem ter profundas repercussões sobre a difusão do Evangelho» (375) Trata-se de uma tomada de consciência da realidade, considerada em relação à catequese e às suas necessidades.” No entanto, para se chegar a um diagnóstico é


necessário ter em conta que o mesmo é uma teia composta pelo entrelaçado de diferentes malhas de inúmeros factores. Em primeiro lugar, é de extrema importância conhecer profundamente a comunidade envolvente e quais as características que a definem. Sabemos, do Sínodo dos Bispos de 1977 que a comunidade é origem, âmbito ou lugar e meta da catequese, isto é, a catequese parte da comunidade, acontece e faz-se no seio da mesma e é para a própria comunidade. Se não temos comunidade sem catequese nem catequese sem comunidade, é crucial que se analise com o devido cuidado a comunidade, identificando as ameaças que a mesma apresenta, assim como as oportunidades que nos oferece. Além disso, o público-alvo é, desde logo, um aspecto

de extrema importância a considerar. É necessário “procurar conhecer o estado das nossas ovelhas e prestar atenção aos nossos rebanhos” (cf. Pr 27, 23), isto é, é necessário conhecer e saber quem são os catequizandos, de que famílias provêm, qual a realidade cultural, social e familiar que os rodeia, quais as suas necessidades… Afinal, é a eles que queremos anunciar a Boa Nova! Não lhes vamos transmitir um conhecimento científico, seja ele um saber mais lógico ou subjectivo… O que temos para lhes transmitir é o testemunho vivo de uma relação de amor… do amor avassalador de Deus aos homens… o amor fiel com que cada um deve responder a Deus! Por exemplo, antes de um novo ano catequético, é importante saber com antecedência quem serão e quantos serão os novos catequizandos. É possível antecipar o número de catequizandos que chegarão

pela primeira vez à catequese, isto é, aqueles que se inscreverão no 1º ano. Para se ter uma ideia aproximada poder-se-á, por exemplo, consultar o livro de assentos de Baptismo da paróquia, verificando quantas crianças foram baptizadas há 6 anos atrás, sensivelmente, conhecendo, ao mesmo tempo, as suas famílias. Uma outra forma de obter informação relativamente fiável, embora numa fase posterior e mais tardia, será procurar saber quantas crianças se matricularam no 1º ano de escolaridade na escola primária sediada na paróquia. Aquando da definição do diagnóstico, é também importante saber quais os recursos de que dispomos, nomeadamente no que se refere aos recursos humanos. Há perguntas que se impõem: Quem temos? Quem são os nossos catequistas? Qual o seu nível de formação? Qual a sua experiência? Quais as forças e fraquezas do grupo de pessoas que na comunidade se dedicam ao serviço da Catequese? Por exemplo, no início de cada ano de catequese, uma comunidade não se pode deixar surpreender pela saída de alguns catequistas, sem que tivesse antecipado esse problema. É necessário perceber ao longo do ano pastoral anterior quem são aqueles que vão sair ou que o poderão fazer, assim como ir pensando e contactando possíveis novos catequistas, ajudando-os a descobrir a alegria de quem vive e abraça esta missão. É importante saber atempadamente com quem e com quantos se pode contar. Também os recursos materiais merecem a nossa atenção. A qualquer momento é também importante ter presente quais as infra-estruturas físicas disponíveis para sabermos se podem servir a catequese com a dignidade merecida e desejada. Embora se tenham referido alguns dos aspectos mais importantes a considerar aquando da definição do diagnóstico, há que ter presente que muitos outros factores concorrem para o mesmo, variando os mesmos e a sua intensidade e relevância de realidade para realidade. Depois de traçado todo o diagnóstico, de sabermos qual a realidade em que nos movemos, é importante definir prioridades, isto é, definir os objectivos e metas que nos propomos a atingir. Na definição dos objectivos, por mais ousados que queiramos ser e devemos, de facto, sê-lo, pois a ousadia é também uma atitude própria daqueles que amam e sonham, daqueles que abraçam a missão da Igreja, os objectivos definidos devem ser passíveis de concretização, atingíveis, para além de claros, concretos e por todos entendíveis! Por outro lado, aquando da definição dos mesmos, devemos procurar enquadrar-nos em plena

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Secção FORMAÇÃO

comunhão com a Igreja à qual pertencemos, num testemunho vivo desta atitude tão cristã e profundamente sustentada por fundamentos eclesiológicos e teológicos! Assim, todas as actividades catequéticas não podem nem devem ser programadas ao ritmo e sabor da vontade, por ventura infundada ou inconsistente, dos catequistas. Para um verdadeiro e sério testemunho da Igreja-comunhão, é importante que tudo o que for feito esteja em consonância com as directrizes da Arquidiocese e/ou Arciprestado onde a paróquia em causa está inserida. Outro dado a ter em conta é o calendário litúrgico, pois se anunciamos e estamos ao serviço da Palavra, deveremos traduzi-la em cada momento nas nossas acções. No fundo, cada actividade deve ajudar a viver com maior intensidade cada tempo litúrgico. Definidas as prioridades e os objectivos, é tempo de afectar recursos, definir o programa, preparando pessoas, meios, equipas, materiais, … Segue-se, assim, a execução do plano, através de um conjunto de acções e estratégias definidas, pois, como refere o nº 281 do DGC,“depois de ter analisado atentamente a situação, é preciso proceder à formulação de um programa de acção. Este determina os objectivos, os meios da pastoral catequética e as normas que a regulam, com profunda adesão às necessidades locais e, ao mesmo tempo, em plena harmonia com as finalidades e as normas da Igreja universal”. O mesmo nº corrobora o já acima mencionado, referindo ainda que “o programa ou plano de acção deve ser operativo, já que se propõe orientar a acção catequética diocesana ou interdiocesana. Por sua própria natureza, é geralmente concebido por um determinado período de tempo, ao término do qual é renovado, com novas características, novos objectivos e novos meios. A experiência indica que o programa de acção é de grande utilidade para a catequese, uma vez que, ao definir alguns objectivos comuns, leva a unificar os esforços e a trabalhar numa perspectiva de conjunto. Por isso, a sua primeira condição deve ser o realismo, unido à simplicidade, concisão e clareza.” Ao longo de todo o processo, somos ainda convidados a avaliar permanentemente! Aliás, a avaliação deve estar presente em todas as fases de um processo de planeamento, porque ela é sempre o caminho para traçar o melhor diagnóstico, conhecer mais profundamente os recursos e melhor os afectar às diferentes necessidades. Por outro lado, a avaliação abre, desde logo, novos caminhos, novas perspectivas, e aponta para um novo plano! A este propósito, o nº 280 do DGC, diz-nos que “a análise da situação, em todos os níveis, «deve também convencer aqueles

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que exercem o ministério da Palavra, que as situações humanas são ambivalentes no que concerne à acção pastoral. É preciso, portanto, que os operários do Evangelho aprendam a descobrir as possibilidades que se abrem à sua acção, numa situação sempre nova e diversa… É sempre possível um processo de transformação que abra caminho à fé». (377)” Por tudo o que foi dito, sabemos que o acto de planear traz inúmeras vantagens. Até o famoso pintor Pablo Picasso sabiamente dizia:“Os nossos objectivos só podem ser alcançados através de um plano, no qual temos de acreditar fervorosamente, e sobre o qual temos que agir energicamente. Não há outra via para o sucesso.” No fundo, planear abre perspectivas e horizontes, dinamiza, enriquece, motiva, imprime rigor e exigência, diferencia, responsabiliza, provoca, derruba o comodismo, une, reforça laços, promove a verdadeira comunhão… faz de nós verdadeiros, comprometidos e fiéis construtores da Igreja de Jesus Cristo! Programar e planear atempadamente toda a acção catequética, embora implique um esforço de tempo e de recursos, contribui para uma Catequese mais autêntica e eficaz, pois planear é, desde logo, fazer Catequese, é já de si, antes do encontro entre catequistas, catequizandos e pais, um verdadeiro testemunho de Jesus Cristo, um anúncio genuíno do Evangelho do amor! Na verdade, planear e programar toda a Catequese é também rezar! A cada vez que os catequistas param para decidir e programar, desde logo, tomam cada decisão na intimidade com o Pai, na oração, na reflexão cuidada de cada questão que só pode encontrar resposta na Palavra de Deus. Por isso, planear é também Viver da Palavra, é testemunho pleno de amor, de amor a cada catequizando e sua família, de amor à comunidade, de amor a Jesus Cristo! Aliás, planear é também praticar e adoptar atitudes próprias daqueles cuja vida se orienta pela Palavra, como a prudência, a temperança, a esperança… a esperança de sentir que o que hoje se programa e planeia poderá ser fonte de alegria e semente de vida amanhã! Tratemos, por isso, a Catequese com todo o amor que a mesma nos inspira e deve testemunhar, programemos e façamos caminho fundando toda a actividade catequética na base sólida que é a Palavra e aprendamos com o Mestre, que nos ensina:“Todo aquele, pois, que escuta as minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, engrossaram os rios, sopraram os ventos contra aquela casa; mas não caiu, porque estava fundada sobre a rocha.” (Mt 7, 24-25).


Secção Caderno temático

QUARESMA Hildebrando Gomes Marafona

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esde o tempo dos Apóstolos, que os cristãos começaram a celebrar a Páscoa e a reservar um tempo de preparação para a celebração do Mistério Pascal. Esse período de preparação acabou por fixar-se, no século IV, em quarenta dias, um número carregado de simbolismo, que na Bíblia exprime a totalidade. A Quaresma é, portanto, um período de quarenta dias de preparação para a Páscoa do Senhor, «a maior das solenidades» (SC 12), pois actualiza o Acontecimento culminante da História da Salvação. Segundo a Constituição Conciliar sobre a Reforma da Liturgia (nº 109), a Quaresma tem uma dimensão penitencial e uma dimensão baptismal: - Na sua dimensão penitencial, a Quaresma é para nós, cristãos, tempo de tomada de consciência dos nossos pecados, tempo de busca de Deus, tempo de conversão; Na sua dimensão baptismal, a Quaresma leva-nos a revivermos e aprofundarmos as etapas do caminho da fé, a renovarmos a nossa aliança com Deus. Neste tempo especial de graças que Deus nos concede, que é a Quaresma, neste tempo favorável, devemos aproveitar para fazermos uma renovação espiritual da nossa vida. S. Paulo dizia:“Em nome de Cristo suplicamos-vos: reconciliai-vos com Deus!” (2 Cor 5,20); “Exortamos-vos a não receber em vão a graça de Deus. Pois Ele diz: No tempo favorável eu ouvi-te e no dia da salvação, vim em teu auxílio. É este o tempo favorável, é este o dia da salvação.” (2 Cor 6,1-2) A Quaresma começa na Quarta-Feira de Cinzas e termina no Domingo de Ramos (VI Domingo da Quaresma). Na Missa da Quarta-Feira de Cinzas, os sacerdotes colocam um pouco de cinzas sobre a cabeça dos fiéis para lembrar-lhes que um dia a vida termina neste mundo e “voltamos ao pó”. Por causa do pecado, Deus disse a Adão: «Tu és pó e ao pó voltarás.» (Gn 3,19) Durante esta caminhada espiritual, a Palavra de Deus deve ser o nosso principal alimento, devemos

meditar mais profundamente a Palavra, para que o nosso espírito se fortaleça e, assim, possamos vencer as fraquezas da carne. É tempo de se fazer uma “revisão de vida” e de se abandonar o pecado: orgulho, vaidade, arrogância, prepotência, ganância, gula, ira, inveja, preguiça, mentira, etc. De fazermos o que Jesus recomendou: «Vigiai e orai, para não cairdes em tentação. O espírito é forte mas a carne é fraca.» (Mt 26, 41) Estes quarenta dias devem ser um tempo forte de oração e meditação, penitência, jejum e esmola, que nos vão trazer paz, alegria e felicidade, pois nos sentimos mais próximos de Deus. Apesar de ser um tempo de oração e penitência mais profundas, não deve ser um tempo de tristeza mas sim um tempo de alegria. O prazer é a satisfação do corpo, mas a alegria é a satisfação da alma. Para isso precisamos de, com todo o propósito de emenda, fazer uma confissão bem-feita; para sermos fortalecidos com os Sacramentos da Reconciliação e da Eucaristia. Estes Sacramentos colocamnos em contacto com Cristo, Fonte de Água Viva, Luz do mundo, Vida verdadeira, e vão ajudar-nos a viver e a realizar a nossa transformação espiritual. Especialmente aqueles que há muito tempo não se confessam, têm na Quaresma uma graça especial de Deus, para se aproximarem do confessor, e entregar a Cristo, nele representado, as suas misérias. Não há graça maior do que ser perdoado por Deus, estar livre das misérias da alma e estar em paz com a consciência. Durante a Quaresma não podemos deixar de rezar a Via-Sacra, se possível uma vez por semana, para nos recordarmos da Paixão de Cristo e meditarmos em tudo o que Ele sofreu por nós, para nos salvar. Isto aumenta em nós o amor a Jesus e aos outros. Vivendo bem a Quaresma, podemos participar da alegria da Ressurreição do Senhor como criaturas renovadas, cheias de esperança, que acreditam no Cristo Vivo e Ressuscitado.

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Secção Caderno temático

Estágios do Curso Geral 2011/2012 1º ANO – INFÂNCIA 4º ANO – INFÂNCIA 7º ANO - PRÉ-ADOLESCÊNCIA 9º ANO – ADOLESCÊNCIA COORDENAÇÃO

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om os Estágios do Curso Geral, conclui-se o ciclo de formação básica de catequistas e de animadores, capacitando para à Missão.

Nesta formação «o como» e «o porquê» se concretizam, dando ênfase à “prática” suportada num «saber porque se faz assim» que o Curso de Iniciação e o Curso Geral proporcionaram. Tem como OBJECTIVO GERAL promover a catequese no seio de um grupo humano integrado numa comunidade cristã e aborda os seguintes conteúdos: • Diagnóstico de necessidades definição de objectivos, individuais e grupais. • Planificação e dinâmica do ano Litúrgico • A avaliação do desempenho • Actividades complementares Os estágios decorrerão nas paróquias dos formandos, que terão encontros semanais no CAFCA mais perto da sua comunidade, às terças-feiras pelas 21.00H. O número mínimo para abrir cada estágio é de seis formandos. Seguindo o itinerário e objectivos previstos nos guias, os estágios terão como particularidades: 1º ANO - Introduz o primeiro anúncio, bem como o acolhimento e o envolvimento das crianças e dos seus pais. 4º ANO - Promover uma catequese centrada na Palavra, adaptada a crianças. 7º ANO - Promover uma catequese centrada na Palavra adaptada, que responda aos desafios da pré-adolescência. 9º ANO - Promover uma catequese centrada na Palavra que responda aos adolescentes convidados a fazerem uma síntese de fé e a comprometerem-se.

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CATEQUESE E ANIMAÇÃO DE ADULTOS – Promover, centrada na Palavra, uma catequese de iniciação ou mistagógica para adultos, bem como a animação de percursos de formação permanente em perspectiva mistagógico/espiritual. COORDENAÇÃO - Coordenar em equipa, e em íntima articulação com o pároco, a implantação e desenvolvimento de um projecto catequético/ animação na comunidade, a fim de que a acção evangelizadora global seja coerente e o grupo dos catequistas não fique isolado e alheio à vida da comunidade (cf DGC 233). DESTINATÁRIOS • Catequistas da infância ou da pré-adolescência - Adultos que concluam o Curso Geral até 10 de Setembro de 2011; • Catequistas da adolescência, animadores de adolescentes enquadrados pela pastoral juvenil e catequistas e animadores de adultos - Adultos que concluam o Curso Geral ou o curso 2 (pastoral juvenil) até 10 de Setembro de 2011. • Coordenadores - Requisitos anteriores mais o curso de coordenação paroquial CALENDARIZAÇÃO Inscrições até 30 de Abril Encontro de acolhimento e apresentação do estágio - 17 de Maio - Centro pastoral. Braga – 21.00H • Para este encontro é muito importante a presença dos párocos e membros das equipas de coordenação dos formandos inscritos. Encontros de preparação do estágio: • 14 de Junho e 12 de Julho – Em local a informar. • 10 de Setembro (no Sameiro – dia Arquidiocesano do Catequista) Encontros semanais a partir de 13 de Setembro nos CAFCAs.


Secção CAIXA DE PERGUNTAS

Como podemos «resolver» o problema dos catequizandos inscritos na catequese e que deixaram de vir porque ultrapassaram o número máximo ausências permitidas no ano? Não tenho nenhuma resposta nem propostas para responder a esta situação, no entando duvido que «chumbar» o ano seja a única solução. Temos de ser criativos! Rogério (Fafe)

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brigado Rogério pela sua pergunta, que é realmente pertinete. A sua questão, para ser respondida, precisa de ser desdobrada em várias questões interligadas: a questão das ‘faltas’, a catequese escolarizada, e , por último, o papel do catequista como acompanhante e amigo daqueles que querem descobrir Jesus Cristo. Comecemos! A catequese, como acção da Igreja, é uma concretização da missão que a comunidade tem em anunciar Jesus Cristo a todos aqueles que O querem descobrir, colocando nessa acção os seus melhores recursos, humanos e materiais. A catequese é, então, percebida como um processo, um caminho que demora vários anos onde, além da participação na vida litúrgica da comunidade, no assumir os projectos e actividades da comunidade para viver a opção por Cristo, na vida de oração pessoal, no amparo e auxilio dos familiares e amigos, o catequizando tem também uns encontros, normalmente semanais, onde com os companheiros da sua idade e o catequista realizam uma acção educativa da fé que se chama encontro de catequese. Mas este encontro, desenquadrado e à margem do resto das actividades eclesiais não faz o menor sentido e tem um resultado muito insignificante. Veja-se o número de cristãos que integram as comunidades após a celebração da Confirmação e tirem-se as devidas conslusões. Claro que o catequista, como acompanhante daqueles que estão num processo de configuração com Cristo, pela escuta da Palavra e celebração dos sacramentos, precisa de ter um número razoável para os poder acompanhar com qualidade. Nun-

ca mais de dez catequizandos confiados a cada catequista. Este acompanha o catequizando nas sessões de catequese, na sua vida comunitária, tem uma relação de próximidade com a família e, acima de tudo, é o companheiro do caminho que cada catequizando faz até ao Mestre. Este caminho implica conhecer, celebrar, viver e rezar o Mistério de Cristo, inserido numa comunidade e com sentido missionário. Este pressuposto não se enquadra minimamente num regime escolarizado da catequese, com faltas, testes e reuniões de pais que só servem para criticar e fazer queixa dos catequizandos. Não será que um catequista com dez catequizandos, se algum está mais afastado, seja porque motivo for, não terá a capacidade para ir ao seu encontro, estar com ele, ver o que se passa e procurar resolver as dificuldades que existam? Será mais prioritário ‘contar’ as ausências ou capacitar e consciencializar o catequista para estar disponível para ser companheiros de caminho? Julgo que pelo que disse acima, se um catequista tiver que «chumbar» alguém há muito que ele já está «chumbado» como catequista. Encerro com uma questão mais polémica, que tem a ver com a ausência dos catequizandos nos outros tempos e espaços paroquiais que não os encontros de catequese. Se um catequizando só vai ao encontro de catequese, não está em processo catequético e teremos de rever o modo de os acolher na comunidade cristã. Teremos de ser criativos, para encontrar outra solução, e firmes para não chamarmos catequese àquilo que de facto não é. P.e Luís Miguel Figueiredo Rodrigues

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Espírito Santo Ó Espírito Santo, amor do Pai e do Filho! Inspirai-me sempre aquilo que devo pensar, aquilo que devo dizer, como devo dizê-lo, aquilo que devo calar, aquilo que devo escrever, como devo agir, aquilo que devo fazer, para procurar a Vossa glória, o bem das pessoas e a minha própria santificação. Ó Jesus, toda a minha confiança está em Vós. Ó Maria, Templo do Espírito Santo, ensinai-nos a sermos fiéis Àquele que habita em nosso coração.

centro cultural e pastoral da arquidiocese rua de S. Domingos, 94 B • 4710-435 Braga • tel. 253 203 180 • fax 253 203 190 catequese@diocese-braga.pt • www.diocese-braga.pt/catequese impressão: empresa do diário do minho lda.


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