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maio 2011 . boletim trimestral . ano 4
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áscoa, férias e avaliação são a tónica deste número do PONTES. Na última mensagem dos nossos Bispos, intitulada:“‘Páscoa. Caminho da Palavra”, lemos que «Páscoa é sobretudo o tempo interior de máxima exposição ao amor e à Palavra. É a luz fulgurante que acende a nossa vida, e nos leva a passar essa vida, que é Jesus Ressuscitado, de mão em mão. A Páscoa é missão». Poderemos, então, fazer férias da missão? Santo Agostinho diz-nos que o nosso coração não descansa enquanto não repousar no Senhor. O Senhor, «que nos escolheu em Cristo para sermos santos e irreprensíveis» (Ef 1,4), convida-nos à atitude profunda de compreensão da vida à luz do evangelho. Experimentar a beleza de Deus e fazer da vida expressão de amor e louvor.
BOLETIM
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Secção OPINIÃO
Avaliar par projetar a D. Jorge Ortiga
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ermiti que inicie este encontro do Conselho Pastoral com as palavras do grande teólogo Karl Rahner:“As pessoas já não serão cristãs pela simples força do hábito, da tradição, da história ou da ordem estabelecida. Ainda menos, pelo facto da fé impregnar universalmente a sociedade. Pelo contrário, se excetuarmos a influência exercida pelos pais cristãos, o ambiente familiar ou os pequenos grupos restritos, as pessoas já não serão capazes de ser cristãs, se não for graças a uma fé verdadeiramente pessoal que sem cessar deverão fazer crescer. A Igreja terá entrado, pela vontade do Senhor, Mestre da história, num tempo novo. Em todos os domínios ficará reduzida às únicas forças da fé e da santidade: não poderá contar quase nada com o prestígio de uma instituição puramente exterior. Não será já a instituição a formar os corações, mas sim os corações a fazer subsistir a instituição.” Vivemos tempos novos. É um facto. Tempos que exigem atitudes renovadas pela força do Espírito Santo que nos impele a sair do Pátio de Jerusalém para o Pátio dos Gentios, Pátio do Encontro. Esta responsabilidade missionária recorda-nos essencialmente a novidade da transmissão da fé pelo testemunho pessoal do encontro transfigurante com Cristo. A Pastoral
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BOLETIM
nunca poderá ser repetitiva, uma espécie de fotocópia com alterações de circunstância litúrgica ou canónica, mas deve sim refletir a sua adequação à mudança dos tempos na fidelidade à memória cristã. Definitivamente, e é preciso dizê-lo de forma clara, já não estamos em tempo de cristandade, de agirmos segundo critérios e opiniões meramente pessoais. Sem darmos conta caímos facilmente no relativismo eclesial, em que cada um faz dos seus gostos pessoais critério absoluto de toda a pastoral. O que de si é já um paradoxo que S. Paulo denuncia: “Quando, pois, vos reunis, não é a ceia do Senhor que comeis, pois cada um se apressa a tomar a sua própria ceia […] Por isso, meus irmãos, quando vos reunir para comer, esperai uns pelos outros” (1Cor 20.33). A abertura aos novos tempos também não pode significar um apego acrítico e sem consistência. Significa, pelo contrário, duas atitudes constitutivas de um novo agir eclesial: a necessidade permanente de avaliar e a serenidade ousada de projetar o futuro. Não podemos ter medo de avaliar. É fácil elaborar Planos Pastorais, difícil é pararmos para refletir o caminho andado e aceitar as deficiências e a responsabilidade por não ter atingido os objetivos.
ra Pastoral Infelizmente constato que há comunidades que não só não se deixaram interpelar pelos objetivos propostos porque nunca ouviram falar das propostas diocesanas. Interrogo-me também se os nossos movimentos conseguem articular a peculiaridade do seu carisma com as orientações diocesanas? Se os Institutos Religiosos conseguem situar-se no nosso contexto enriquecendo-o com as suas potencialidades? Não quero formular nenhum juízo nem muito menos condenar alguém. Na sinceridade que preocupa um responsável pela Arquidiocese, só pretendo suscitar uma avaliação que manifeste verdadeira corresponsabilidade eclesial nos resultados que os três anos destinados à Palavra deixaram ou não na vida dos crentes e das comunidades cristãs. Se avaliar exige frontalidade, o Conselho Arquidiocesano de Pastoral não pode eximir-se à responsabilidade de ver o futuro e projetar um itinerário que consolide as opções pastorais já delineadas no sentido de determinar uma evangelização capaz de congregar os cristãos em torno do anúncio da BoaNova do Reino. Todos sonhamos com uma Igreja renovada através de comunidades renovadas. Mas é preciso pensar primeiramente que Igreja somos e que queremos ser? Como vivemos a dimensão comunitária e pessoal da fé? Como acolhemos o
“mistério” da revelação de Deus? Será que a secularização da sociedade secularizou a vida dos sacerdotes e dos leigos deixando-nos a mercê do sabor dos ventos da moda e do materialismo vazio? Como podemos continuar a falar do sentido de Deus se vivemos uma fé sem sentido nem assentimento? O tempo atual está ávido da esperança de Deus, que é fonte de toda a sabedoria e de toda a beleza. Demos graças a Deus pela Igreja que somos e não fechemos o coração a Cristo que continua a bater no coração de cada pessoa. O Mestre quer entrar e cear connosco numa comunhão festiva que congregue a todos. Na alegria de fazermos festa não posso deixar de pedir às comunidades uma maior atenção às orientações económico-sociais de muitas famílias, à real situação de solidão em que muitos irmãos vivem, à perplexidade que caracteriza o presente de muita gente e se agrava num horizonte que parece não ter saída. O caminho da Igreja é dizer bem alto que há sentido na vida a partir de Deus. Que o trabalho deste Conselho Pastoral, reunido para avaliar o caminho realizado até aqui e para pensar no amanhã, contribua para a renovação e para o fortalecimento da comunhão da Igreja bracarense.
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Secção OPINIÃO
Notas para uma educação (catequese) cristã de adultos António Joaquim Galvão
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om estas notas sobre uma educação cristã de adultos não se pretende redigir um novo paradigma educativo, mas tão só partilhar e ajudar, se for possível, a refletir sobre a necessidade e a urgência de mostrarmos a felicidade de sermos de Cristo e testemunharmos com Cristo o carisma de sermos católicos nos dias de hoje. Não sentimos a necessidade de justificar um novo trabalho no sentido dum novo paradigma, porque ele já existe na nossa diocese: vamos dar as mãos e operacionalizá-lo. Vamos encontrar formas de colocarmos a diocese em ação, vamos procurar novas formas de evangelizar nos dias de hoje que possam responder aos novos desafios emergentes da pluralidade de modelos culturais que temos e que muitos, para não dizer a maior parte, desvalorizam em prol de uma cultura laica. Não queremos «combater» contra ninguém. Queremos travar o bom combate para guardar a fé (2 Tim 4, 7). Queremos antes ir a todas as pessoas e ensiná-las a guardar tudo o que Ele nos ensinou (Mt. 28, 19-20) porque “nós temos um único Mestre, Jesus Cristo” (Exortação Apostólica Ctechesi Tradendae); queremos ajudar a que todos possam viver a sua vida cristã com alegria e esperança nos seus locais de trabalho, convívio e oração; queremos que em diálogo com Deus e com o mundo encontrem nos sinais dos tempos os verdadeiros valores que conduzem progressivamente a um amadurecimento na fé e a uma contínua conversão a Cristo. Lembro-me que nos meus tempos de criança, na aldeia transmontana onde nasci, as pessoas ao cumprimentarem-se logo pela manhã diziam: «Deus lhe dê um bom dia» e a resposta era: «bom dia nos dê Deus». Hoje, isto quase não se diz. Quando se diz é: «bom dia» e a resposta, se a houver, é: «bom dia».
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Dirão, extasiados, é um voltar ao passado em que a maioria das pessoas era analfabeta e eram obrigadas a reproduzir o que lhes mandavam? O que é que isso tem a ver com a educação cristã de adultos? Uns dirão nada, outros dirão muito e outros dirão que era uma maneira de dizer, como outra qualquer! As pessoas diziam mas «não sabiam bem» o que diziam, ouviam e repetiam… Se refletirmos um pouco naquela saudação, sentimos desde logo o Amor a Deus, a confiança na obra de Deus; o acolhimento do outro (lhe, a si) e, por fim, o Deus que «nos» congrega, nos une e nos faz comunidade. Sentiam-se dentro da cultura da fé que professavam. Podiam não saber ler nem escrever, mas sabiam o que faziam, como faziam e para que é que faziam. Se isto é «analfabetismo» ou «ignorância», então é de afirmar: dai-nos muita e santa desta ignorância. Se apresentarmos esta justificação, provavelmente ouviremos dizer que soa a «beato», a hipócrita e que é de gente que não tem mais que fazer. Fazer, dirão alguns, é dar ao Homem o lugar que lhe compete pelo que descobriu, pelo que inventou, pelo que construiu, pelo que já domina e dominará no futuro… Isso sim, o resto é para quem não tem muito que fazer. Necessariamente que a pedagogia do culto do homem, do relativismo e de outras visões «proféticas» do fim da religião vão tentando destruir as verdadeiras dimensões da vida cristã. A identidade da formação (educação) cristã de adultos é acompanhar a pessoa nas diferentes situações em que se encontra para “que cada homem possa encontrar Cristo, a fim de que Cristo possa percorrer juntamente com cada homem o caminho da vida” (Redemptor Hominis, 13). Que a formação capacite toda a pessoa a compreender as razões de ser (educação) e estar centrada na Pessoa de Cristo. (Exorta-
ção apostólica A Palavra do Senhor, 7 e Declaração sobre a unicidade e a universalidade salvífica de Jesus Cristo e da Igreja Dominus Iesus, 2000). O objetivo é o da catequese em geral: educar na fé as diversas dimensões da vida cristã, a luz da Palavra de Deus, para construir comunidades catequizadoras comprometidas com a verdade e a justiça, sinais do Reino já presente entre nós. O nosso propósito é o de ajudar a que as pessoas descubram o amor e a ternura com que Deus comunica com elas. É óbvio que estamos na vida e fazemos o que queremos! Que somos livres! É fácil ouvir dizer que queremos ser felizes! A felicidade é um «puzzle». Ou seja, temos as peças todas que necessitamos para construirmos a nossa felicidade, para sermos felizes. “A criação é o lugar onde se desenvolve toda a história do amor entre Deus e a criatura” (Exortação apostólica A Palavra do Senhor, 9). Deus dá-nos uma capacidade, agora, temos que ser nós a colocarmos as peças no devido lugar, sem esquecermos que todos estamos unidos e que cada qual é cada um. Somos livres de colocar as peças, mas não temos a certeza de que as colocamos bem! Vivemos com os demais e vamo-nos ajudando mutuamente. Queremos ser com os outros gerindo a nossa liberdade e autonomia. Este querer ser com os demais exige-nos partilha e comunhão. Molda-nos o coração e convida-nos a uma contínua conversão a Cristo. Só Tu és o meu descanso (Salmo 61). Qual o caminho para lá chegar? “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14, 6). Pelo batismo tornamo-nos novas criaturas (2 Cor 5, 17), somos de Cristo (Rom 6, 4) e templos do Espírito Santo (Rom 8, 11). Somos de facto muito amados pelo Senhor. A espiritualidade é a dimensão própria do filho que no seu viver procura sempre «Algo» mais para alcançar a felicidade e plenitude da sua relação com o Pai. O que somos e para onde vamos? Sou de Cristo pelo batismo. É Cristo que me ensina o itinerário para a felicidade: felizes são os que ouvem a Palavra e a põem em prática (Luc 11, 28). Só Cristo tem palavras de vida eterna (Jo 6, 68). É nosso interesse que todas as pessoas conheçam e compreendam os aspetos positivos da nossa cultura cristã bem como possíveis lacunas de formação para elaborar um verdadeiro plano de formação
cristã que vá de encontro às necessidades que vamos sentindo ao longo da caminhada. Para percorrer o caminho precisamos de nos alimentar: a oração, a vida sacramental, o compromisso apostólico e a vida em comunidade são o alimento que nos conduz à Verdade. Valerá a pena ir à procura da Verdade? A ciência dá-nos solução para «quase» tudo. A gente até se entretém e descobre coisas interessantes… Mas saímos de nós, vale a pena ir à procura então do NÓS. Da nossa interioridade! À maneira socrática, eu sei que não sei, mas sei que Ele sabe. Tomar consciência de que eu sou um mais com Ele e de que é com esse mais que Ele, pela bênção que me dá, me faz viver para conhecer por experiência própria os planos que Ele tem para mim:“um coração novo (…) um espírito novo” (Ez 36, 26). Um espírito de alegria e de felicidade que queremos comunicar com generosidade:“Deus é amor” (1Jo, 4,16) e por caridade (amor de Deus) “imagem do ser humano e do seu caminho”(Deus caritas est). Neste sentido, a definição de educação a partir do latim educere (como criar, levar a, no sentido de acordar as faculdades adormecidas para dar vida), pode ajudar-nos a compreender a dimensão filosófica do nosso interesse formação/educação: que cada um saiba encontrar a explicação e compreensão da dimensão da fé e cultura cristãs para dar sentido à sua vida. Encontrará com São Paulo os dons espirituais do caminho da perfeição que ultrapassa tudo (1 Cor 12, 31) – a Caridade (1 Cor 13) no seu modo de ser, de estar e de se relacionar com o verdadeiro amor de sermos filhos de Deus, irmãos em Cristo e unidos ao Espírito Santo como templos e pedras vivas da Sua Igreja. Neste sentido, a formação/educação de adultos é o compromisso e testemunho de cultivar, desenvolver e fortificar as faculdades da pessoa para alcançar mais dignidade e humanidade nos dias de hoje. Com espírito de comunhão e partilha, o Departamento Arquidiocesano para a Formação Cristã de Adultos, em parceria com os outros departamentos da Comissão Arquidiocesana para a Educação Cristã, colabora e incentiva os cursos que o Serviço de Formação da Diocese promove, para que todos participemos e nos ajudemos na nova evangelização que os tempos modernos nos exigem. Deus nos abençoe a todos e que todos Lhe saibam ser reconhecidos.
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Secção OPINIÃO
A Pessoa no CCE Nuno Juncal Pires
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Pessoa é imagem de Deus: digno, livre e vocacionado.
Deus criou o homem (todos os homens) (CCE 225) à Sua imagem (CCE 1730), e por ser à imagem de Deus, o indivíduo tem a dignidade de pessoa (CCE 357), ao mesmo tempo corporal e espiritual. É o homem na sua totalidade que é querido por Deus e que está destinado a tornar-se, no Corpo de Cristo, o Templo do Espírito (CCE 362), dotado de razão, com iniciativa e domínio dos seus atos, isto é, "Deus deixou o homem nas mãos da sua própria decisão" (Eclo 15,14), para que pudesse procurar o seu Criador e, aderindo livremente a Ele, chegar à plena e feliz perfeição (CCE 1730). Digno • Dignidade – A imagem divina está presente em cada pessoa. Resplandece na comunhão das pessoas, à semelhança da unidade das pessoas divinas entre si (CCE 1702). Todos os homens têm a mesma natureza, origem e fim (CCE 1934). A igualdade entre os homens assenta na sua dignidade pessoal e nos direitos que daí decorrem (CCE 1945). O aspeto mais sublime da dignidade humana está na vocação comum de todo homem à comunhão com Deus. O desejo de Deus está inscrito no coração do homem e somente n’Ele o homem encontra a verdade e a felicidade que não cessa de procurar (CCE 27). A razão fundamental da dignidade do homem consiste no facto de ser chamado a compartilhar, pelo conhecimento e pelo amor, a vida de Deus (CCE 356), dignidade que exige um agir consciente e livre, movido e levado por uma convicção pessoal e não por força de um impulso interno cego ou debaixo de mera coação externa (CCE 2339). Por isso, "é postulado da própria dignidade que os homens todos, por serem pessoas, se sintam, por natureza, impelidos e moralmente obrigados a procurar e a aderir
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à verdade conhecida e a ordenar toda a vida segundo as suas exigências” (CCE 2467). A pessoa representa o fim último da sociedade, que por sua vez lhe está ordenada. A defesa e a promoção da dignidade da pessoa humana foram confiadas pelo Criador, estando os homens obrigados a esse dever (CCE 1929). O respeito à pessoa humana implica que se respeitem os seus direitos, os quais são anteriores à sociedade, impõem-se-lhe e fundam a legitimidade moral de toda autoridade (CCE 1930). Por isso, a sociedade é obrigada a permitir que cada um de seus membros realize sua vocação (CCE 1907). É na redução “das desigualdades sociais e económicas excessivas e pelo desaparecimento das desigualdades iníquas” (CCE 1947) e se acham em contradição aberta com o Evangelho (CCE 1938). O respeito pela dignidade humana exige, ainda, a prática da virtude da temperança, para moderar o apego aos bens deste mundo; da virtude da justiça, para preservar o direitos do próximo e lhe dar o que lhe é devido; e a virtude da solidariedade, à imagem do Senhor, que "se fez pobre, embora fosse rico, para nos enriquecer com sua pobreza” (CCE 2407). Livre • Liberdade – Toda a pessoa humana tem o direito natural de ser reconhecida como ser livre e responsável, pelo que o direito ao exercício da liberdade é uma exigência inseparável da dignidade da pessoa humana, sobretudo em matéria moral e religiosa (CCE 1738). O homem que deseja a felicidade (CCE 1718), é dotado de razão e vontade para buscar e amar a verdade e o bem (CCE 1704). Dotado de liberdade, graças à sua alma e aos seus poderes espirituais de inteligência e de vontade (CCE 1705), o que o torna um sujeito moral, pai dos seus atos (CCE 1749), capaz de se conhecer, de se possuir, de se doar livremente, de entrar em comunhão com os outros e, por Graça, a fazer uma aliança com o seu
Criador, oferecendo-lhe uma resposta de amor que ninguém pode dar no seu lugar (CCE 357). A fé é uma adesão pessoal, uma resposta livre do homem inteiro à Revelação que Deus fez de si mesmo (CCE 176). Ninguém deve ser forçado a abraçar a fé, que é um ato voluntário por natureza. Os homens são obrigados em consciência, mas não forçados. Cristo convidou à fé e à conversão, mas de modo algum coagiu: deu testemunho da verdade, mas não quis impô-la pela força aos que a ela resistiam (CCE 160). Pela fé, o homem submete completamente a sua inteligência e a sua vontade a Deus (CCE 143), porque depende do Criador e está submetido às leis da criação e às normas morais que regem o uso da liberdade (CCE 396). "Na realidade o mistério do homem só se torna verdadeiramente claro no mistério do Verbo Encarnado” (CCE 359). A pessoa humana, pela razão, é capaz de compreender a ordem das coisas estabelecida pelo Criador, e pela vontade é capaz de ir, por si, ao encontro de seu verdadeiro bem (CCE 1704). Nessa procura, em que as bem-aventuranças respondem ao desejo natural de felicidade, só Deus satisfaz (CCE 1718). As faculdades do homem tornam-no capaz de conhecer a existência de um Deus pessoal. Mas, para que possa entrar na sua intimidade, Deus quis revelar-se ao homem e dar-lhe a graça de poder acolher esta revelação na fé (CCE35), ou seja, existe uma outra ordem de conhecimento que o homem de modo algum pode atingir pelas suas próprias forças. Por isso, Deus revela-se e doa-se ao homem, plenamente enviando O seu Filho bem-amado (CCE 50). A liberdade do homem é finita e falível. Pecando livremente, recusando o projeto do amor de Deus, o homem engana-se a si mesmo, torna-se escravo do pecado, comprova infortúnios e opressões nascidos do seu coração por causa do mau uso da liberdade (CCE 1739). Desfigurado pelo pecado e pela morte, o homem continua sendo à imagem de Deus, à imagem do Filho, mas é privado da Glória de Deus, privado da semelhança (CCE 705). Finalmente, o direito à liberdade religiosa não significa a permissão moral de aderir ao erro ou o suposto
direito ao erro, mas um direito natural à imunidade de coação externa nos justos limites, em matéria religiosa, da parte do poder político (CCE 2108). Vocacionado (chamado) • Vocação – A vocação do homem capaz de Deus que procura Deus é a santidade (CCE 773). O homem crente sabe que só a vida no Espírito realiza a sua vocação, e que esta se constitui de caridade divina e de solidariedade humana, sendo concedida de graça como uma Salvação (CCE 1699). Assim, o homem é naturalmente vocacionado para o amor, para a união com Cristo, para a vida eterna, para a vida no Espírito Santo, para constituir o novo povo de Deus e para entrar no Reino (CCE 1704). O homem de personalidade crente reafirma que é com os outros que se realiza. “O amor ao próximo é inseparável do amor a Deus, por isso a vocação humana tem caráter comunitário, existindo certa semelhança entre a unidade das pessoas divinas e a fraternidade que os homens devem estabelecer entre si, na verdade e no amor” (CCE 1878). O homem é, ainda, um ser religioso por natureza e por vocação, (CCE 44), por isso, como em toda a sua história, expressa de múltiplas maneiras a sua busca de Deus por meio de crenças e comportamentos religiosos (orações, sacrifícios, cultos, meditações etc.) e, apesar das ambiguidades que podem comportar, estas formas de expressão são universais (CCE 28). Personalidade crente A fé adulta leva o homem crente a ocupar-se "com tudo o que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, tudo o que há de louvável, honroso, virtuoso ou que de qualquer modo mereça louvor" (Fl 4,8) pois sabe que "o objetivo da vida virtuosa é tornar-se semelhante a Deus" trabalhando a salvação com temor e tremor (CCE 1949), uma vez que o fim último de toda a Economia divina é a entrada das criaturas na unidade perfeita da Santíssima Trindade, para a qual somos, desde já, chamados a ser habitados (CCE 260). Formar para a missão tem como objetivo a Pessoa e parte do princípio que “é a partir do mundo que o homem conhece a Deus” (CCE 46).
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Secção OPINIÃO
A formação, como serviço, deve ter claro que para ajudar a construção de uma personalidade crente, que está sempre a caminho e, cada um faz o seu: “o domínio de si mesmo é um trabalho a longo prazo, que nunca deve ser considerado definitivamente adquirido, supondo um esforço a ser retomado em todas as idades da vida” (CCE 2342). O pudor nasce pelo despertar da consciência do sujeito. (CCE 2524). Luta sempre com o mal (CCE 409) movido para fazer o bem (CCE 1706). Ouve a voz da consciência (CCE 1706 e 1713), tende naturalmente para a verdade (CCE 2467) e para as virtudes (CCE 1803), tem necessidade de vida social (CCE 1879 e 1880) e do auxílio e da salvação divina (CCE 1949). Partindo desta realidade, a formação deve: mostrar a beleza da criação que reflete a infinita beleza do Criador e inspira o respeito e a submissão da inteligência do homem e da sua vontade (CCE 341); falar do abandonado à graça criando pontes para a intimidade com Deus. “O homem crente tem consciência de que o crer só é possível pela graça e pelos auxílios interiores do Espírito Santo” (CCE 154); o que implica criar um clima orante. É pela oração que podemos "discernir a von-
tade de Deus", obter "a perseverança para cumpri-la" (CCE 2826); e mostrar a grandeza de Deus: “diante da presença atraente e misteriosa de Deus, o homem descobre sua pequenez nos sinais divinos. Descobre-se pecador e descobre que só Deus pode perdoar”(CCE 208); percebe que “na enfermidade e no sofrimento experimenta a sua impotência, os seus limites e a sua finitude”(CCE 1500). Relação com o outro O próximo não é um "indivíduo" da coletividade humana, mas "alguém" que merece atenção e respeito individuais” (CCE 2212); lembrar que “cada homem é constituído "herdeiro", recebe "talentos" que enriquecem a sua identidade e com os quais deve produzir frutos” (CCE 1880), “funções que é capaz de exercer, segundo as capacidades da própria natureza. Este modo de governo deve ser imitado na vida social” (CCE 1884). Por isso é preciso lembrar que “o nome de todo homem é sagrado, é o ícone da pessoa, porque Deus chama a cada um pelo seu nome. O nome exige respeito, em sinal da dignidade de quem o leva” (CCE 2158) “o que nos remete para o direito à boa reputação” (CCE 2477, 2479 e 2507); bem como lembrar que o crente dá-se, é solidário e comprometido.
Férias n’Ele e com Ele!!! Fatima Castro “Vinde! Retiremo-nos para um lugar deserto e descansei um pouco.” (Mc 6, 31)
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Livro do Eclesiastes demonstra os limites de toda a realidade humana e, ao mesmo tempo que toma consciência de que tudo é dom de Deus, fortalece o pensamento de que na vida há tempo para tudo: “tempo para nascer e tempo para morrer, tempo para procurar e tempo para perder, tempo para guardar e tempo para deitar fora 1”.
1 (cf. Ecle 3,6)
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Mas onde se enquadra o tempo de férias, de descanso? Será esse um tempo para procurar e guardar ou um tempo para perder, deitar fora? Saciamos a nossa incerteza no exemplo do Criador logo no primeiro livro da Bíblia ao afirmar que, ao sétimo dia, depois de haver concluído a obra que realizara, Deus, serenamente repousou 2, proporcionando a Si mesmo um tempo de tranquilidade. Mesmo não precisando de descansar após o esforço imenso de trazer a criação ao plano da existência, demonstranos que o descanso é “tempo para guardar”. Posteriormente, já no Livro do Êxodo, ordena mesmo: “Lembra-te do dia de Sábado, para santificálo. Trabalharás seis dias e neles farás todos os teus 2 Cf. Gen 2, 2
trabalhos, mas o sétimo dia é o dia dedicado ao Senhor, teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum” 3. Responde-nos à dúvida de como deverá ser a nossa atitude perante o trabalho e o descanso. Certamente, Deus não atua sem pensar! Ao ordenar que descansemos ao sétimo dia tem consciência de que precisamos regularmente de descanso físico. Não descurando o pensamento no Senhor, ao sábado, dia que Ele abençoa e santifica, solicita-nos que criemos momentos em que seja qual for a postura do nosso corpo, a nossa alma esteja de joelhos. Fazendo de nós morada do Espírito Santo, quereria o Criador um templo cansado e abatido para morar 4 ? Este não seria, com certeza, um local agradável para habitar! Transpondo o término do Antigo Testamento, encontramos no evangelista Marcos uma passagem que nos demonstra a importância do tempo de descanso, do tempo de férias. Depois da longa e intensa cruzada missionária, os apóstolos, que haviam sido enviados a percorrer os caminhos e aldeias anunciando a Boa Nova do Reino, regressam felizes pela missão cumprida! Mas também, carregam aos ombros, o cansaço e o desânimo porque houve quem não os acolhesse, quem não os escutasse 5… O Deus Filho, com a doçura de quem reconhece estes homens como companheiros de missão, lança-lhes um convite: “Vinde! Retiremo-nos para um lugar deserto e descansei um pouco” 6. Estes homens, que pelo frenesi que rodeava Jesus nem tempo tinham para comer, aceitam a chamada do Mestre para fazer a travessia que os leva a “descansar em verdes prados” e serem conduzidos “às águas refrescantes”. 7 Mas este convite de Jesus transcende as barreiras do descanso físico! O que Ele nos pede em cada tempo de férias, e de repouso que temos, é que descansemos n’Ele e com Ele! Mostra-nos que é no descanso que, como Maria, oferece o seu colo para que possamos reclinar a cabeça. Por isso nos convida a fazer a travessia para um lugar deserto para que, na 3 (Ex 20, 8-10a) 4 “De facto todos os que se deixam guiar pelo Espírito, esses é que são filhos de Deus” (Rm. 8, 14); “Ora, se sois conduzidos pelo Espírito, não estais sobre o domínio da Lei.” (Gl 5, 18) 5 Mc 6, 30-32 6 Mc 6, 31 7 Salmo 23 (O Bom Pastor) A proteção de Deus é apresentada como a imagem idílica de um pastor a cuidar do seu rebanho.
solidão do tempo e do espaço, possamos encontrar momentos para estar com Ele, partilharmos a sua intimidade, alimentarmo-nos dos seus ensinamentos, refazermo-nos na confiança do Seu coração e cumprirmos o que Ele nos ordena: santificar o sábado, como tempo para descansar com utilidade, serenidade e espiritualidade! Mas Jesus também nos relembra, na Sagrada Escritura, que apesar de estimular o descanso, também é preciso estar alerta. Ser sentinela! Os evangelistas narram o acontecimento no Vale de Cédron 8 quando Jesus surpreende os discípulos a dormir e a descansar. “Vigiai e orai, para não cederdes à tentação!...” 9; “Levantai-vos! Vamos! Eis que chega o que me vai entregar!” 10. Jesus pedia para estarem atentos; fazendo-lhe companhia no Jardim das Oliveiras, compartilhando a sua amargura e a sua angústia moral. Mas os discípulos continuavam a dormir… Há tempo que não se pode “perder” com o descanso! Escudo-me das palavras de Saint-Exupéry, no “O Principezinho”, sobretudo quando a raposa o acusa: “Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante. Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar. - Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...” Esta continua a ser uma verdade esquecida entre os humanos, é importante que haja quem saiba e ensine a “perder tempo” com o mais importante. Que o tempo de descanso (que o Deus Pai nos propõe ao guardarmos o Sábado; que o Deus Filho nos convida a retirarmo-nos e que o Deus Espírito Santo quer tornar-se em nós morada permanente) seja realmente, um tempo em que ouvimos os sussurros da Santíssima Trindade nos sons da natureza e no frenesim do ritmo diário. Seja um tempo que voe pelo relógio do sol e pelos diferentes ritmos da Mãe Natureza. Um tempo de escuta, como caridade da diaconia dos ouvidos. Um tempo em que a agenda esteja preenchida pelo egocentrismo de um vida com Ele. Um tempo, como parafraseava Fernando
8 Cf . Mc 14, 32-42; Lc 22. 39-46; Jo 18, 1-2; Mt 26, 36-46 9 Mc 14, 38a 10 Mc 14, 42
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Secção OPINIÃO
Sabino, em que se valoriza todos os acontecimentos pela intensidade com que acontecem para que resultem em momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis. Um tempo que nos diz que o melhor da vida, o dinheiro não compra e o poder não alcança! Tempo de semear sorrisos e colher da terra que somos, frutos que sejam doces aos olhos! Tempo para nos ampararmos das palavras de Santo Agostinho: “fizeste-nos, Senhor, para ti, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em ti.”
Tempo para sonhar com o que vale a pena, com o que é nobre, com o que dá sabor à existência, com o que é belo… Um tempo de ser (em vez do ter) e do viver (em vez do fazer)! Que cada minuto das nossas férias, sejam espelhos de um tempo para crescer, procurar e guardar! 11
11 Cf. Ecl 3, 6
Avaliar para melhor Anunciar Vânia Pereira
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um mundo cada vez mais exigente e competitivo, a prática de avaliar tornou-se corrente e comum nos mais diversos contextos. Do mundo empresarial, ao mundo da prestação de serviços, passando até pelo mundo do desporto e da cultura, tudo é sujeito a uma avaliação! E esta avaliação é feita, não tanto por terceiros, alheios à programação e execução das atividades objeto de avaliação, mas, sobretudo, pelos próprios, por aqueles que estão diretamente envolvidos, e que avaliam com o claro propósito de aumentar os graus de eficiência e eficácia atingidos em realizações futuras! Ora, também a Igreja, e particularmente a Catequese, não pode ficar à margem desta necessidade emergente de avaliar permanentemente! Nós, catequistas, temos em mãos uma das mais belas missões: anunciar Jesus Cristo aos homens! Por isso, temos também o dever de O anunciar da forma mais rigorosa e fiel possível, pois a forma como anunciamos tem de ser já por si um anúncio, um testemunho vivo do amor de Jesus! Isto porque, em primeiro lugar, esta missão não foi determinada por nenhum de nós, nem mesmo por uma qualquer autoridade eclesiástica, mas pelo próprio Jesus, que antes de subir aos céus deixou aos seus discípulos e a todos nós o seguinte
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mandato: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda a criatura.” (Mc 16, 15). Por outro lado, esta missão merece todo o nosso cuidado, porque ao anunciar Jesus Cristo, estamos a levar a todos os homens o mais perfeito e completo testemunho de amor… anunciamos “apenas” a verdade, a esperança, a vida… não uma vida finita e limitada, mas uma vida abundante, perene e profundamente feliz! Deste modo, todas as atividades de âmbito catequético deverão ser sujeitas a uma avaliação cuidada e objetiva. Desde a atitude de cada catequista, a forma como vive a catequese, a relação que mantém com os restantes catequistas, com os catequizandos e os seus pais e com a comunidade em geral, as diferentes atividades realizadas, como as celebrações, festas e outras de caráter mais lúdico, os recursos físicos e infraestruturas disponíveis, o comportamento e interesse dos catequizandos, a forma como os pais e famílias destes se envolvem na catequese e vivem a edução cristã dos seus filhos, passando pelo sentido de família existente ou não no grupo de catequistas, a esperança que a comunidade deposita nestes, o desempenho da coordenação da catequese, caso esta exista, e a relação que a mesma mantém com os restantes catequistas, tudo, sem exceção, deve ser avaliado! A avaliação tanto se pode direcionar para uma atividade e/ou acontecimento mais específico, como pode ser mais abrangente, abarcando, por exemplo, em termos globais, todo um
ano catequético, com todos os fatores e aspetos que interferiram no desenrolar do mesmo. No entanto, para que se possa avaliar e essa avaliação produza frutos, é importante que existam critérios para se proceder à mesma. Por isso, só podemos avaliar determinada iniciativa e/ou atividade se antes da sua execução esta foi devidamente planeada e programa. Só se definimos previamente um conjunto de objetivos, podemos depois avaliar o grau de concretização e satisfação dos mesmos. Daí a importância de programar em catequese, tal como explicado num artigo publicado na anterior edição do Pontes, pois a avaliação não se pode ficar pelas comuns apreciações banais, como “correu bem”, “foi bonito”, “contou com boa adesão”, … Não que estas avaliações estejam erradas, mas é preciso ver para além do superficial e aparente! É importante perceber porque é que correu bem ou não, porque é que teve ou não boa adesão; é preciso perceber se o facto de ter sido bonito significa que fez sentido e que ajudou a passar a mensagem pretendida ou não. Este exercício de avaliar convida, desde logo, o catequista a assumir e abraçar algumas atitudes, próprias do cristão, que o ajudam a crescer enquanto pessoa, leigo fiel e comprometido com a Igreja de Cristo, e claro, enquanto catequista, anunciador ativo da Palavra de Deus. Desde logo, avaliar é um convite à humildade e à verdade! É necessário assumir com frontalidade e coragem o que falhou, o que é preciso mudar, o que não decorreu da forma planeada e desejada. No entanto, é também importante não se vangloriar com aquilo que correu muito bem, ao ponto de superar as nossas expectativas, não içando e agitando a bandeira do orgulho a cada sucesso! O catequista deve, de facto, refletir sobre o decorrido, aprendendo com as falhas e os erros, alegrando-se e dando graças pelo que decorreu da melhor forma, mas sempre orientado pela atitude humilde de quem sabe, sente e reconhece que tudo o que é feito não depende apenas de si e dos outros, mas sobretudo de Jesus Cristo, que sempre nos ilumina, assiste e acompanha com a graça do Seu Espírito. Além disso, deve também ter presente que o que é feito não é para sua
honra, vaidade ou prestígio, mas apenas e só para glória do Senhor e crescimento do Seu Reino de amor! Temos, por isso, de assumir a postura de S. Paulo, um apóstolo incansável no anúncio de Cristo, que dizia: “se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não evangelizar!” (1 Cor 9, 16). Assim, tendo presente que a missão da catequese é a mesma de toda a Igreja, ou seja, anunciar a Palavra de Deus ao mundo, como refere o Papa Bento XVI, na terceira parte da Verbum Domini, a Exortação Apostólica recentemente publicada, e sabendo que a finalidade última da catequese é, como refere o nº 80 do Diretório Geral da Catequese, “pôr as pessoas não apenas em contacto, mas em comunhão, em intimidade, com Jesus Cristo”, os catequistas devem programar cuidada e previamente tudo o que pode e deve contribuir para o alcance desta finalidade. E, posteriormente, é sob a mesma bitola que devem proceder à avaliação de tudo o que se realizou e aconteceu, na certeza de que uma avaliação cuidada, objetiva e rigorosa, é já o primeiro passo para programar e projetar o futuro. Isto porque, é identificando cada erro, cada falha, que dentro das possibilidades se devem corrigir e/ou evitar no futuro. Mas, é também identificando cada aspeto positivo que se pode apostar e explorar ainda mais os mesmos, para que estes se repitam e continuem a contribuir para o anúncio da Boa Nova, tal como Jesus nos convidou e ensinou a fazê-lo. Deste modo, ao avaliar estamos já a recolher dados que nos ajudarão a traçar um diagnóstico, que depois levará à definição de um plano para o futuro. Por tudo isto, avaliar é também Viver da Palavra e ser fiel à mesma, porque é viver no amor em tudo… na capacidade de corrigir erros e aperfeiçoar e explorar aspetos positivos por amor, no desejo ardente e entusiasmo de servir e anunciar de forma cada vez mais rica e contagiante, também por amor… por amor a cada catequizando e às suas famílias, por amor à nossa comunidade paroquial, por amor à Igreja e ao próprio Jesus Cristo, que quer e precisa ser anunciado ao mundo, e meiga e insistentemente nos interpela: “ide vós também para a minha vinha e tereis o salário que for justo” (Mt 20, 4)!
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Secção NOTÍCIAS
Conselho arquidiocesano de catequese
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avaliação do encontro de coordenadores de catequese, que tinha acontecido em janeiro no auditório Vita, e do trabalho desenvolvido pelos arciprestados da arquidiocese de Braga foram o prato forte do último Conselho Arquidiocesano, realizado em fevereiro. Neste encontro de trabalho, que decorreu nos serviços centrais da arquidiocese de Braga e onde estiveram presentes representantes dos arciprestados da arquidiocese bracarense, è exceção do arciprestado de Terras do Bouro, fez-se a avaliação do dia a dia das equipas de coordenação e do encontro de formação em coordenação para equipas arciprestais, uma avaliação positiva, na opinião dos presentes que recomendaram a continuação dos mesmos. Da discussão feita à volta do encontro de coordenadores paroquiais, foi salientada a participação de muita gente que não é catequista e a dispersão de pessoas, isto é, muitos dos participantes da manhã ausentaram-se à tarde. Daí que o padre Luís Miguel, fazendo questão de vincar as diferenças existentes entre os encontros de janeiro e de setembro – os pontos altos dos encontros de catequistas na arquidiocese bracarense – constituídos por públicos diferentes, muito embora fosse notória a presença de pessoas que estiveram nos dois encontros, tenha salientado que “temos grande capacidade de convocatória, mas falhamos na prática”. Por isso, vincou a urgência de repensar práticas. Mesmo assim, sugeriu que deve manter-se a oferta, desde que se tenha bem presente a necessidade de fazer uma boa gestão, de forma a “criar uma maior maturidade neste tipo de encontros” e desde que os párocos tenham o feedback dos mesmos. Na análise da ação pastoral nos arciprestados – referira-se a novidade da participação na reunião do arciprestado e Guimarães e Vizela, onde está a ser constituída a equipa arciprestal de catequese –,
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todos os participantes destacaram os encontros arciprestais e a lectio divina como as grandes apostas de trabalho. Saliente-se que no arciprestado de Vila do Conde e Póvoa de Varzim está a ser realizado um diagnóstico da realidade, mas os elementos que constituem a equipa arciprestal já destacam a necessidade de crescimento da equipa, como forma de chegar a toda a gente. Por último, saliência para a preocupação do padre Luis Miguel com a necessidade de formação dos catequistas, uma preocupação que deve valorizar uma formação principal – a que qualquer cristão deve ter para que tudo o resto seja valorizado no sacramento – e outra mais ‘técnica’, que deve acontecer, com certeza, “mas atenção: por causa da formação não deve ser negada a caridade”.
Secção Pontes dos arciprestados
Amares
Encontro arciprestal do catequista
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o início do mês de abril decorreu no salão nobre dos Bombeiros Voluntários de Amares o encontro arciprestal do catequista com o tema de fundo “Viver a Palavra” e como tema de formação “Técnicas de acolhimento”. Para a formação – que teve como objetivo, não só facultar um conjunto de técnicas específicas de acolhimento, mas também perceber o quão variadas podem ser as crianças e jovens que frequentam a catequese – o encontro contou com a colaboração do professor Gastão, uma pessoa com uma vasta experiência como catequista e na animação de vários grupos de diferentes idades. Para uma melhor
Barcelos
Dia arciprestal do catequista
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ob o tema ”Palavra é vida” – pensado para ir ao encontro do tema diocesano “Viver da Palavra” – o dia arciprestal do catequista do arciprestado de Barcelos teve lugar no dia 5 de março, na paróquia de Santa Eugénia. No acolhimento aos catequistas participantes, o arcipreste de Barcelos, padre José Araújo, realçou o trabalho dos catequistas do arciprestado e apelou a sua continuidade, na transmissão, partilha e vivência da Palavra de Deus. Refira-se que neste encontro houve espaço para a realização de ateliês (Rezar com a Palavra; Como transmitir a Palavra na catequese; Leccio Divina; Projeto Esperança e chuva de ideias no sentido de partilha de experiências de e como cativar os catequizados a participar mais na Eucaristia). No plenário final sobre “A Palavra” foi apresentado um trabalho alusivo ao evangelista S. Mateus, terminando este encontro com a celebração eucarística, presidida pelo assistente da catequese, padre Tiago Barros.
perceção desta realidade, foi necessário entender as quatro dimensões do Eu: o Eu Aberto (que corresponde à perceção que os outros têm de mim e que eu conheço) o Eu Oculto (que corresponde ao que os outros desconhecem de mim, mas que eu sei que tenho), o Eu Cego (que é o que os outros vêm em mim e que eu desconheço) e o Eu desconhecido (que é o que nem eu, nem os outros sabem que eu tenho ou sou). Pela reação dos catequistas presentes, ficou a sensação de que o encontro foi muito positivo e o sentimento de que tinha sido muito útil na ajuda a enfrentar as dificuldades diárias dos catequistas.
Lectio Divina
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o passado dia 12 de março, organizado pelas zonas pastorais de catequese, realizou-se um encontro de Lectio Divina para todos os catequistas, dando-se, assim, início ao tempo da Quaresma.
Reflexão na Silva
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o próximo dia 30 de abril os crismados e crismandos da zona pastoral de Santa Maria Maior terão a possibilidade de passar um sábado diferente. Será no seminário da Silva, dos Espiritanos, local onde o contacto com a natureza é privilegiado e onde se tornará possível conhecer melhor Cristo: caminho a seguir, que contará com a já habitual e generosa colaboração do missionário comboniano padre Leonel Claro.
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Cabeceiras de Basto
Retiro espiritual em Guimarães
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etiremo-nos para um lugar deserto foi o nome atribuído à última iniciativa da equipa de catequese arciprestal de Cabeceiras de Basto que reuniu um número significativo de catequistas num retiro espiritual que decorreu entre os dias 25 de 27 de março. O palco deste encontro de reflexão a aprofundamento da fé foi o seminário Verbo Divino, em Guimarães. Sob a orientação de um sacerdote Salesiano, neste retiro pretendeu-se ampliar e aprofundar o percurso espiritual de todos os catequistas presentes. Desde logo, por que há verdades espirituais escondidas em cada um, só que, por vezes, os ruídos da sociedade atual não as deixam tornar percetíveis, pelo que só podem se encontradas no silêncio de Deus. São experiências gratificantes das quais resultam benefícios diretos nos catequistas que se traduzem, inevitavelmente, em benefícios para todas a crianças e adolescentes que com eles aprofundam a sua fé. É por isso que iniciativas deste género devem ser continuadas e ampliadas. Foi este o desejo mais profundo manifestado por todos aqueles que viveram esta experiência.
Celorico de Basto
Encontros de oração
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ealizam-se na paróquia de Britelo, na segunda terça-feira de cada mês, encontros de catequistas de várias paróquias de Celorico de Basto. São momentos que visam a partilha, a oração e a leitura da Palavra, na esperança de poder dar sentido à missão do catequista e levá-la até aqueles que dela necessitam para caminharem na direção a Jesus Cristo. Estes encontros iniciam-se com um cântico ou oração, seguidos de trabalhos de grupo, de acordo com o tema sugerido, dos quais resultam várias perspetivas, todas elas enriquecedoras de espírito catequético. A reflexão das práticas e a comunhão das vivências contribuem para o crescimento interior dos catequis-
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tas, até porque elas se baseiam na oração, no silêncio e na meditação, uma forma de revitalizar o papel dos catequistas na Igreja, bem como nos desafios que se colocam hoje para crescer na fé.
Fafe
Encontros de coordenadores paroquiais
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necessidade de formação permanente dos catequistas – que o são, não por fruto do acaso, mas porque receberam e responderam sim ao chamamento de Deus – tem sido a tónica dominante dos encontros que desde novembro vêm acontecendo na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em S. Jorge. Neles tem participado um pequeno grupo de coordenadores da catequese de algumas paróquias de Fafe, todas as terças-feiras da primeira semana de cada mês, sob orientação e coordenação de Rosa Pires, coordenadora arquidiocesana da catequese. Pelas caraterísticas destes encontros e principalmente pelo trabalho árduo feito pelo departamento arquidiocesano de catequese, tão bem representado pela presença constante da coordenadora diocesana – que com muito empenho, amor e alegria, procura entusiasmar os catequistas no percurso dos temas à volta de “Catequistas em formação” – é pena que mais paróquias não tenham aderido a esta
proposta de formação. Até porque estas reuniões de reflexão têm permitido um crescimento na fé e o adquirir de conhecimentos para um melhor desempenho da missão de catequistas como coordenadores paroquias, ao mesmo tempo que dá pistas importantes de ajuda para levara aos outros.
Guimarães
Cidade 1 arrepia caminho
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epois de em fevereiro (na paróquia de Azurém) ter acontecido a primeira reunião da zona pastoral cidade 1, reunião onde Elsa Silva e Daniela Fernandes – ambas da paróquia de Urgezes –, foram escolhidas para representantes da zona na Equipa Arciprestal de Catequese de Guimarães e Vizela e onde os delegados de cada paróquia manifestaram grande interesse e necessidade de realização de um curso Acreditar, no passado dia 15 de março e na paróquia de Nossa Senhora da Oliveira, teve lugar mais uma reunião de delegados paroquiais desta zona do arciprestado.
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Foi um momento muito importante para a criação de espírito de equipa num grupo que já deu sinais de motivação; motivação que já levou mais de metade da zona pastoral a participar neste encontro, onde, para além de uma análise cuidada do “Manual de Missão do Catequista Coordenador Paroquial”, foi possível constatar que, de uma forma geral, todas as paróquias da zona têm problemas semelhantes, mas utilizam métodos e práticas distintas, adequadas às suas realidades. Daí que a troca de experiências permita que todos possam crescer. A próxima reunião já está agendada para a paróquia de Urgezes, a 27 de abril.
Equipa arciprestal dá primeiros passos
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endo a catequese “um momento essencial de conversão a Jesus Cristo” e porque a igreja, “estando no mundo para evangelizar e anunciar a Boa Nova”, “tem consciência de que a Palavra do Salvador (eu devo anunciar a Boa Nova do Reino de Deus) se lhe aplica com toda a verdade”, então evangelizar constitui “a graça e a vocação da própria igreja, a sua mais profunda identidade”. Neste contexto de consciencialização de evangelização é fundamental (e urgente) que as equipas arciprestais de catequese sejam capazes de dinamizar uma ação sistemática e permanente no seio da comunidade cristã, indo ao encontro daquilo que são as preocupações da arquidiocese para a ação pastoral. Só assim é possível “juntos promover a catequese”. Com estas ideias fundamentais em cima da mesa de trabalho teve lugar, no passado dia 25 de fevereiro, no seminário do Verbo Divino, em Guimarães, um encontro – aquele que poderá ter sido a primeira reunião da ECA de Guimarães e Vizela – que, muito mais do que definir quem será a futura equipa arciprestal, tudo fez para credibilizar, de forma muito clara, a aposta no cimentar do grupo; vestindo-o de identidade e missão da equipa.
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Esse trabalho de reflexão e abertura de caminhos novos no arciprestado de Guimarães e Vizela foi levado a cabo com os representes das zonas pastorais que constituem o arciprestado, sob a orientação da Rosa Pires, coordenadora do departamento de catequese na arquidiocese bracarense. Tendo sempre presente o documento “orientações para as equipas arciprestais de catequese” foi possível levar os presentes – das seis zonas pastorais (exceto Ronfe) que constituem o arciprestado de Guimarães e Vizela – a refletir e a analisar a situação concreta do arciprestado. Neste trabalho foi dado grande enfoque à ligação deste grupo arciprestal à arquidiocese, aliás, de encontro ao que o Diretório Geral da Catequese indica: “a organização pastoral da catequese te como ponto de referência o bispo e a diocese”. Apesar de ter sido abordada a necessidade de elaboração de um plano de ação anual, tendo por base o Plano Pastoral do DAC e o Plano Estratégico da arquidiocese, o trabalho fundamental deste encontro ainda não foi nesse sentido, mas na necessidade de vincar o sentido de grupo e de pertença ao mesmo. Mesmo assim, do documento que serviu de base de trabalho – em que se apela à necessidade de elaboração de um programa de ação – ficaram pistas importantes, desde logo, a necessidade de “considerar como tarefa prioritária a preparação e formação de catequistas com uma fé profunda”.
Póvoa de Lanhoso
Caminhada do Advento
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endo como objetivo promover a comunhão entre catequistas, catequizandos, pais e todos os membros da comunidade, de modo a viver o tempo de Advento como um tempo forte da Liturgia da Igreja, a Equipa de Catequese Arciprestal da Póvoa de Lanhoso elaborou e apresentou um documento, “o caminho do Natal: luz para os nossos passos!” – um guião que visava proporcionar nas paróquias do arciprestado uma caminhada que fosse ao encontro da proposta adotada pela arquidiocese (“Farol para os nossos passos. Luz para os meus Caminhos”, do DABP) e da proposta para a catequese (“A caminho do Natal” do Pe. Rui Alberto – Edições Salesianas). Preparada previamente com os coordenadores paroquiais, esta caminhada permitiu que todos os membros deste arciprestado fizessem um caminho pessoal e comunitário, onde, semana a semana, foram identificando os «símbolos» e as mensagens que anunciavam a vinda do Deus Menino. Cada proposta semanal, culminava em tempos privilegiados de oração que resultavam em compromissos que se transformavam em instrumentos facilitadores de uma vida orante.
Festa da Palavra
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o dia 14 de dezembro os catequizandos do 4º ano de catequese das diversas paróquias do arciprestado celebraram a festa da Palavra. Fizeram-no acompanhados pelos pais, padrinhos e catequistas. E assim, depois do ato penitencial, os catequizandos subiram ao altar e depositaram, num baú que se encontrava ali, uma folha de papel amassado onde haviam
escrito previamente as suas faltas, simbolizadas nas páginas amassadas e tristes das suas vidas de que se envergonhavam e que não queriam voltar a escrever. Na liturgia da Palavra, a Bíblia foi solenemente entronizada, uma demonstração da presença da Palavra, como sinal da fé. Depois da partilha da Palavra os catequistas, em representação da comunidade, retiraram do mesmo baú, a Bíblia que foi entregue a cada criança.
Reunião de Coordenadores
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om o objetivo de compreender com mais pormenor a realidade catequética do arciprestado a Equipa Arciprestal de Catequese da Póvoa de Lanhoso promoveu um encontro com as equipas de coordenação paroquial, na residência paroquial Nossa Senhora do Amparo. Nesta reunião os coordenadores e catequistas presentes foram convidados a realizar uma Análise Swot (ferramenta utilizada para fazer análise de cenário, ou análise de ambiente) sobre a catequese no arciprestado. Paralelamente analisaram a “Carta ao meu catequista”, como forma de refletir sobre qual seria a reação se a realidade constante do documento fosse redigida por um catequizando do grupo ali presente. Numa avaliação, em termos qualitativos e quantitativos, do Projeto Esperança foi possível compreender o impacto que o mesmo teve nas paróquias participantes. Foram ainda abordadas a proposta da caminhada para o tempo do Advento, a preparação da Festa da Palavra e o I Dia Arquidiocesano das Equipas Coordenadoras Arciprestais e Paroquiais. Antes do agendamento de um novo encontro, foi ainda apresentada a página criada na rede social Facebook.
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Secção Pontes dos arciprestados
Vila Nova de Famalicão
Fim de semana em retiro
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erca de duas dezenas de catequistas provenientes de diferentes comunidades do arciprestado de Vila Nova de Famalicão realizaram um retiro no fim de semana do Carnaval. Promovido pela Equipa Arciprestal de Catequese, este encontro de reflexão e interiorização teve lugar no seminário dos Combonianos, contando com a estreita colaboração dos missionários daquela instituição sediada na paróquia de Antas. Depois de o final do dia de sexta-feira ter sido reservado à preparação do espaço e funcionamento do retiro, o sábado acabaria por se revelar um dia intenso e vivido com uma grande profundidade, com momentos de oração, silêncio e reflexão, a partir de textos bíblicos – particularmente o diálogo entre Jesus e a Samaritana à beira do poço. O dia terminaria com a visualização do filme “Favores em cadeia” que
permitiu interpelar os catequistas para a reflexão sobre a necessidade de cada um se dar e servir os outros sem esperar nada em troca. O domingo foi o culminar de um fim de semana diferente com a celebração da Eucaristia, um momento solene onde todos tiveram oportunidade de dar graças ao Senhor pelos momentos de enriquecimento pessoal vividos e de partilhar as emoções sentidas a partir das reflexões experimentadas ao longo do retiro. O final do encontro de reflexão aconteceria com um almoço partilhado. A ECA de Vila Nova de Famalicão agradece ao seminário dos Combonianos o seu precioso contributo para a realização deste retiro e renova os votos de parabéns aos catequistas que tomaram parte do mesmo, na certeza de que os momentos partilhados proporcionaram uma vivência séria e profunda da Palavra de Deus, cujos ecos se perpetuarão na vida de cada um.
Encontro arciprestal reúne 500 catequistas
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ubordinado ao tema “Catequizar implica viver da Palavra”, teve lugar no dia 12 de fevereiro o 4º encontro arciprestal de catequistas. Contando com a presença de cerca de 500 catequistas das diferentes paróquias do arciprestado, embora divididos pelo centro pastoral de Vila Nova de Famalicão e pelo salão paroquial de Riba de Ave – para fazer face ao crescente número de catequistas participantes – este encontro proporcionou uma tarde de formação, onde a Palavra de Deus – que tem lugar central em todos os encontros de catequese e na vida de qualquer cristão – foi o tema de fundo, procurando estar em consonância com a temática proposta pela arquidiocese para o triénio 2008-2011: “Tomar conta da Palavra que toma conta de nós”, e mais especificamente com o tema deste ano, “Vivemos da Palavra”.
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participação de tão grande número de catequistas e enfatizando a importância da missão dos mesmos no seio da Igreja. Já no final do encontro foi possível rezar uma oração impressa numa pagela que foi distribuída aos presentes, como recordação deste dia e a ECA procedeu ao sorteio de 10 assinaturas da revista “Catequistas”, podendo os premiados receber a mesma de forma gratuita durante um ano.
Pastoral de Liturgia e dos Sacramentos desafia jovens
C No decurso do encontro os catequistas puderam participar em dois ateliês, de entre os oito disponíveis no conjunto dos dois centros: Lectio Divina; Jogos e Catequese; Dinâmicas para a Catequese; Expressão Corporal; Risoterapia; Criatividade na Catequese; S. Mateus e catequese intergeracional. Refira-se que a equipa arciprestal contou com a estreita colaboração das Edições Salesianas. Saliente-se ainda que, em Famalicão, os presentes foram saudados pelo assistente da ECA, o padre Paulino Carvalho, e em Riba de Ave, pelo arcipreste famalicense, o padre Mário Martins, que agradeceram a presença de todos, congratulando-se com a
om um programa composto por três grandes momentos – encontro com a Palavra de Deus (filme e reflexão por grupos etários) um novo olhar sobre a Internet (gincana da palavra) e a celebração da Palavra, a Pastoral Litúrgica e dos Sacramentos do Arciprestado de Vila Nova de Famalicão, em conjunto com os missionários Combonianos e uma equipa interparoquial de acólitos, criou o dia arciprestal do acólito. O objetivo fundamental deste encontro passa por um trabalho de educação integral dos jovens, levando-os a descobrir e a valorizar a dimensão cristã do ser humano; um trabalho que vai para além da catequese e que pretende que crianças e adolescente tomem a consciência de que a fé cristã não se limita a uma participação passiva na vida da comunidade. Este primeiro dia arciprestal do acólito, subordinado ao tema acólitos on-line com a Palavra, teve lugar no dia 26 de março, e proporcionou aos jovens um olhar para a Internet a partir da Palavra de Deus, na qual, poderão dar testemunho da sua fé, amadurecê-la e aprofundar as razões dessa mesma fé. Ou seja, trata-se de encontrar na Internet um espaço no qual seja possível viver da Palavra, neste caso, segundo o carisma do ministério do acólito.
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Vila Verde
Catequistas em formação
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onde é possível debater alguns temas – previamente definidos e preparados antecipadamente por cada um. Assim, desde dezembro passado, mês em que tiveram inicio estes encontros, tendo em conta que o primeiro foi apenas de conhecimento das pessoas e dos problemas da catequese das paróquias, debateu-se e rezou-se a “Revelação Divina”, em janeiro, “fontes da catequese”, em fevereiro, e em março “o que é evangelizar e o lugar da catequese”.
Neste sentido, os catequistas do arciprestado de Vila Verde tem vindo a realizar encontros mensais com o objetivo de conhecer melhor Jesus. São encontros
Com estes momentos de reflexão tem sido possível descobrir que a catequese é, hoje, um caminho difícil – muitas vezes doloroso a nível psicológico – mas também muito gratificante e belo quando vemos os catequizandos a crescerem e a tratarem Jesus como amigo. É uma prova de que a catequese não só é muito necessária, mas também importante para quem inicia a sua caminhada no conhecimento de Jesus Cristo e no crescimento da sua fé. Por outro lado, com a partilha de opiniões e de experiências, tem sido mais fácil chegar-se a conclusões que, por
uma sociedade como aquela em que vivemos, em que o tempo passa a correr e queremos absorver tudo o que ela nos dá, é urgente o encontrar o espaço e o momento certos para refletir acerca do lugar que Jesus ocupa no meio desta correria. Para isso, é necessário parar e olhar para dentro; para o nosso coração, perceber se conhecemos ou reconhecemos Jesus como nosso amigo. Todos temos amigos e sabemos que para acontecer amizade entre duas pessoas é necessário um conhecimento profundo do outro.
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vezes, são postas de parte no dia a dia. Na verdade, ser catequista nas sessões de catequese não basta, é importante sê-lo todos os dias. Até porque se recebemos esta tarefa de Deus, temos de vive-la diariamente, como forma de cativar os nossos catequizandos.
Recoleção dos catequistas
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om a participação de cerca de 70 catequistas das paróquias de Cabanelas, Parada de Gatim, Freiriz, Cervães, Escariz, Oleiros, Lage, Barbudo e Vila Verde, teve lugar no seminário da Silva, em Barcelos, no dia 5 de março, um retiro espiritual que
foi orientado pelas irmãs Sara, Esperança e Maria José Basília, da ordem religiosa Franciscana Missionária de Maria (Arcozelo, Barcelos). Esta iniciativa do novo responsável pelo setor da catequese do arciprestado de Vila Verde, o padre Paulo Silva, incidiu sobre a vocação sacerdotal, vida religiosa, leigos consagrados e matrimónio e permitiu destacar que “a nossa vocação é o caminho que nos leva à plenitude”. Por isso, e tal como Eli orientou Samuel, o catequista deve orientar os seus catequizandos a serem livres nas suas escolhas, ou seja: não impondo, mas propondo opções. Refira-se que ao longo do dia houve trabalhos de grupo, no amplo e agradável anfiteatro com boas condições acústicas e de iluminação, e um momento de adoração antes do almoço, tendo culminado com a celebração da Eucaristia, na acolhedora capela.
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Secção OPINIÃO
Pentecostes Hildebrando Gomes Marafona
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solenidade de Pentecostes encerra o Tempo Pascal, período no qual a Igreja celebra a Ressurreição do Senhor. “O Mistério Pascal é de tal importância na vida litúrgica da Igreja e na vida e atividade apostólica, que a sua celebração se prolonga por cinquenta dias (…) pois exprime a plenitude da Salvação definitivamente alcançada por Jesus Ressuscitado, e por Ele oferecido aos homens”. (1) Nesta grande Festa celebra-se a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos, quando estes estavam reunidos no cenáculo, em oração, de uma forma tão extraordinária, tão marcante, que os fez sair sem qualquer medo a proclamar que Jesus Cristo tinha ressuscitado. “A partir da Vigília Pascal até ao Pentecostes, como se todo este tempo fosse «um único grande domingo» (Santo Atanásio), a Liturgia revive «na alegria e na exultação», os diferentes aspetos do único e grande mistério – «Cristo Ressuscitado, nossa salvação». Deste modo, a Páscoa, a Ascensão e o Pentecostes, não são acontecimentos distintos, isolados. São três momentos históricos da vida do Ressuscitado, através dos quais se completa e aperfeiçoa o plano divino da Redenção”. (1) O Tempo Pascal é um tempo de “verdadeira primavera espiritual, um tempo sagrado por excelência, o tempo da alegria cristã” que “nasce da certeza de que Jesus Cristo está vivo e presente no meio de nós”. É também um “tempo de esperança, uma celebração antecipada «do tempo da alegria que virá depois do tempo do repouso, da felicidade e da vida eterna. Hoje cantamos o Aleluia pelo caminho; amanhã será o Aleluia na pátria». (Santo Agostinho) (1) O Espírito Santo, a terceira Pessoa da Santíssima Trindade, foi-se revelando em diversos momentos como o principal dinamizador de toda a vida em Deus; desde a Criação, passando por Maria e Jesus, até impulsionar decisivamente os Apóstolos para a missão, em Pentecostes.
Na Criação, onde: «O Espírito de Deus movia-se sobre a superfície das águas». (Gn 1,2); – na anunciação do Anjo a Maria: «O Espírito Santo virá sobre ti …». (Lc 1,35); – no batismo de Jesus: «O Espírito Santo desceu sobre Ele (…) como uma pomba». (Lc 3,22); – na vés-
pera da morte de Jesus: «O Espírito Santo, que o Pai enviará em Meu nome …» (Jo 14,26); – na ressurreição de Jesus: “Soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo …»” (Jo 20,22-23); – antes da ascensão: «Ides receber uma força, a do Espírito Santo …» (Act 1,8); – Finalmente no dia de Pentecostes, com sinais e prodígios extraordinários: “ (…) um som comparável ao de forte rajada de vento; (…) viram então aparecer umas línguas, à maneira de fogo, (…) e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo …” (Act 2,2-4) A força do Espírito Santo derramada sobre os Apóstolos deu-lhes tal poder e coragem para proclamarem Cristo, Vivo e Ressuscitado que, de imediato, Pedro tomou a palavra e anunciou as maravilhas do Senhor com tal fervor que «os que aceitaram a sua palavra receberam o Batismo e, naquele dia, juntaram-se a eles cerca de três mil pessoas». (Act 2,41) Surgia, então, a Igreja nascente, iluminada e fortalecida pelo Espírito de Deus, aberta a todos os povos, para derramar como um orvalho os seus dons e carismas, e anunciar em todos os confins da terra, que Jesus Cristo é o Senhor Ressuscitado. A esta Igreja, Corpo de Cristo, à qual pertencemos desde o dia do nosso Batismo, Deus concedeu a grande graça da abundância do Espírito Santo e, com Ele, os seus Dons e Carismas (cf. 1Cor 12,1-12), e Frutos (cf. Gl 5,22-23). É a abundância de graças e bênçãos que o Espírito Santo quer derramar hoje, na sua Igreja, mas espera de nós uma atitude semelhante à dos Apóstolos: - que abramos o nosso coração a Ele, que é fonte de sabedoria e de fé, e que nos deixemos conduzir como discípulos comprometidos para o bem da comunidade e para maior glória de Deus. Peçamos ao Espírito Santo que realize em nós uma verdadeira “Efusão do Seu Espírito”, para que os dons que recebemos no nosso Batismo se transformem em Carismas, e estes em Serviço à comunidade e aos irmãos. Que o “fogo” do Espírito nos inflame para que, como “pedras vivas” da Igreja, mantenhamos viva a sua ação missionária e evangelizadora, para assim se cumprir o mandato do Senhor: «Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.» (Mt 28,19) 1 – Missal Popular Ferial; vol. II; 3ª edição; pág. 258.259)
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Secção Curso de verão 2011
Conferência de Verão 2011 De 31 de julho a 6 de agosto Centro Pastoral (Braga) Inscrições para os cursos: até 30 de junho, nos Serviços Centrais.
O
ESTRUTURA PROGRAMA:
Serviço de Formação, apesar das suas limitações, pretende chegar a todos e, por isso, faz um esforço permanente para encontrar datas e horários que respondem às possibilidades de cada um. Neste sentido propomos os cursos de verão que, na tradição do curso geral, se caracterizam pela sua mística. Teremos momentos em comum e momentos específicos a cada formação. O ponto alto de cada dia é a Eucaristia, para a qual convidamos todos os que quiserem estar connosco, mesmo que não estejam inscritos cursos. Dia 31 de julho 9.30H às 12.30H: Conferência de abertura: «O papel das paróquias na formação dos seus agentes». Destinatários: educadores na fé da Arquidiocese, nomeadamente aos párocos e equipas de coordenação.
08.00H
Pequeno-almoço
08.40
Oração da manhã
09.05
Dinâmica própria de cada curso
13.00H
Almoço
14.30H
Dinâmica própria de cada curso
19.00H
Eucaristia
20.00H
Jantar
21.00H
Dinâmica própria de cada curso
22.45H
Oração da noite
14.30H: Início dos cursos SABADO
DOMINGO
SEGUNDA
TERÇA
QUARTA
QUINTA
SEXTA
Curso de introdução à catequese para jovens • Destinatários: Jovens até aos 18 anos e o 10º ano de catequese. Iniciação à catequese • Destinatários: maiores de 18 anos confirmados na fé. Acreditar • Destinatários: maiores de 16 anos. Acreditar para animadores • Destinatários: adultos reconhecidos nas suas comunidades, com conhecimentos ao nível da síntese da fé (por exemplo o curso teológico pastoral) e capacidade de transmissão. Coordenação Paroquial • Destinatários: adultos reconhecidos nas suas comunidades, que desempenhem ou possam vir a desempenhar esta missão. Curso Geral – 1ª Parte: Pedagogia Curso Geral – 2ª Parte: Psicologia • Destinatários: qualificados com o curso de iniciação (catequese) ou curso 1 (pastoral juvenil)
BOLETIM
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Introdução à Catequética Curso de extensão universitária Objetivos As novas exigências da evangelização e da transmissão da fé lançam sérios desafios especiais aos catequistas do presente e do futuro. O principal desses desafios é a formação específica para o exercício desse ministério. A Faculdade de Teologia propõe um curso de formação teológica, pastoral e catequética, que permita aprofundar a formação para além dos cursos de iniciação e básicos de catequese. Destinatários O curso destina-se a todos os catequistas, sobretudo aos que já possuem outros cursos de catequese e, se possível, que já tenham frequentado o curso Teológico-Pastoral ou algum semelhante. Plano Curricular 1.Catequética 2.Psicossociologia 3.Mensagem cristã 4.Pedagogia catequética 5.História da catequese 6.A Catequese na Igreja Particular Horário O curso decorrerá à Sexta-Feira à noite durante um ano. Inscrições e informações Faculdade de Teologia de Braga Serviços centrais da Diocese Por e-mail: catequese@diocese-braga.pt
centro cultural e pastoral da arquidiocese rua de S. Domingos, 94 B • 4710-435 Braga • tel. 253 203 180 • fax 253 203 190 catequese@diocese-braga.pt • www.diocese-braga.pt/catequese impressão: empresa do diário do minho lda.