Graduação
SUMÁRIO RÁPIDO
Gestão Financeira APRESENTAÇÃO
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PLANO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
6
Introdução à Gestão Financeira
10
Instituição Financeira e Mercado Financeiro
42
Gestão e Controle Financeiro
64
Planejamento Orçamentário e Financeiro
86
Indicadores de Desempenho Financeiro
98
REFERÊNCIAS
102
Respostas das atividades de autoavaliação
106
Gestรฃo Financeira Reginaldo Aparecido de Oliveira
Joaรงaba
2014
© 2014 Unoesc Virtual – Direitos desta edição reservados à Unoesc Virtual Rua Getúlio Vargas, 2125, Bairro Flor da Serra, CEP 89600-000 – Joaçaba, SC, Brasil Fone: (49) 3551-2123 – Fax: (49) 3551-2004 – E-mail: unoescvirtual@unoesc.edu.br É proibida a reprodução desta obra, no todo ou em parte, sob quaisquer meios, sem a permissão expressa da Unoesc Virtual.
G924i
Guedes, Anibal Lopes.
Introdução à Informática / Anibal Lopes Guedes, Cleia Scholles Gallert. - 2. ed. rev. e atual - Joaçaba : Unoesc Virtual, 2012.
110 p. ; 28 cm.
Bibliografia: p. 122-128
1. Informática. 2. Computação. I. Gallert, Cleia Scholles. II. Título.
CDD 004
Universidade do Oeste de Santa Catarina – Unoesc Reitor Aristides Cimadon Vice-reitor Acadêmico Nelson Santos Machado
Vice-reitores de Campus Campus de São Miguel do Oeste Vitor Carlos D’Agostini Campus de Videira Antonio Carlos de Souza
Coordenação Geral da Unoesc Virtual Lucivani Gazzóla Coordenação Pedagógica Alessandra Nichele Magro
Coordenações Locais da Unoesc Virtual Campus de São Miguel do Oeste Anderson Tiago Bortolotti Campus de Videira Daniela Medeiros dos Santos Stedile Campus de Xanxerê Janine Lauschner
Campus de Xanxerê Genesio Téo
Secretaria Executiva e Logística Elisabete Cristina Gelati
Revisão Linguística e Metodológica Giovana Patrícia Bizinela Designer Instrucional Greici Fernandes da Silva
Designer Gráfico e Diagramação Cristiane Macari
Professores Autores Reginaldo Aparecido de Oliveira
Sumário
Apresentação............................................................................................................................. 5 Plano de ensino-aprendizagem......................................................................................... 6
UNIDADE 1 Introdução à Gestão Financeira............................................................... 10 SEÇÃO 1 Gestão e formação financeira......................................................................................................................11 SEÇÃO 2 Estrutura organizacional...............................................................................................................................21 SEÇÃO 3 Organização da área financeira...................................................................................................................37 SEÇÃO 4 Processo interno financeiro.........................................................................................................................37
UNIDADE 2 Instituição Financeira e Mercado Financeiro.................................... 42 SEÇÃO 1 Mercado financeiro..........................................................................................................................................43 SEÇÃO 2 CVM e a Bolsa de valores...............................................................................................................................46 SEÇÃO 3 Instituições financeiras..................................................................................................................................49 SEÇÃO 4 Variações das instituições financeiras.....................................................................................................51
UNIDADE 3 Gestão e Controle Financeiro.................................................................... 64
SEÇÃO 1 Análise da estrutura de capitais.................................................................................................................65 SEÇÃO 2 Capital de giro e fontes de capitais............................................................................................................66 SEÇÃO 3 Gestão do capital de giro e do fluxo de caixa........................................................................................68 SEÇÃO 4 Variação do capital no tempo......................................................................................................................66 SEÇÃO 5 Tributação............................................................................................................................................................68
UNIDADE 4 Planejamento Orçamentário e Financeiro.......................................... 86
SEÇÃO 1 Análise orçamentária......................................................................................................................................87 SEÇÃO 2 Planejamento de vendas, produção e despesas...................................................................................88 SEÇÃO 3 Análise demonstrativa para fluxo de caixa e resultado do exercício..........................................92 SEÇÃO 4 Evolução dos conceitos sobre orçamento e controle orçamentário...........................................92
UNIDADE 5 Indicadores de Desempenho Financeiro............................................. 98
SEÇÃO 1 Análise de indicadores financeiros...........................................................................................................99 SEÇÃO 2 Margem de lucratividade............................................................................................................................. 101 SEÇÃO 3 Margem de liquidez....................................................................................................................................... 108 SEÇÃO 4 Margem de endividamento......................................................................................................................... 111 SEÇÃO 5 Depreciação, amortização e exaustão.................................................................................................... 115 SEÇÃO 6 Outras análises das organizações e resultados.................................................................................. 115
Referências............................................................................................................................... 122 Respostas das atividades de autoavaliação................................................................ 130
Veja como aproveitar a sua apostila
Este e spaço pe rmi te que você faça sua s anotaçõe s
Para ref letir
Saiba mais
Exclamação
Pergunta
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APRESENTAÇÃO
SEJA BEM-VINDO AO COMPONENTE CURRICULAR GESTÃO FINANCEIRA!
Você está iniciando os estudos de um conceito muito importante e interessante para os dias atuais, o qual poderá e deverá ser aplicado no seu dia a dia, tanto no seu plano financeiro pessoal como na Organização em que atua profissionalmente.
Em um mundo com constantes variações nas políticas financeiras, relacionadas a condições de variação do dinheiro no tempo, precisamos estar atentos para identificar a oportunidade de melhorar nosso desempenho econômico-financeiro, mas também gerir mais fontes de riqueza. Todas as Unidades deste Guia de Estudo nos mostrarão as conceituações e as aplicações da melhor condição da gestão financeira, com o objetivo de melhorar nosso conhecimento nesta área de grande importância pessoal e organizacional. As Organizações possuem os recursos organizacionais que, divididos, devem ser geridos separadamente, mas com interdependência e foco no resultado: a busca do LUCRO. Este Guia foi elaborado por meio de conceitos e técnicas já aplicados atualmente em várias Organizações que tem resultados satisfatórios para seus acionistas e investidores, servindo de base para que possamos exemplificar e exercitar nas Organizações que estamos inseridos.
Para que você obtenha melhor aprendizado, a ementa está dividida em cinco Unidades e estão separadas por várias seções de estudo. Ao final de todas as Unidades você encontra uma autoavaliação que deverá ser realizada para validar todo o conhecimento e aprendizado. Não deixe de fazê-la. Observamos que a busca do conhecimento é um caminho sem volta e também sem fim, mas muito agradável e recompensável pelo seu resultado a longo prazo.
Sempre que precisar de auxílio ou esclarecimento utilize as ferramentas oferecidas no espaço virtual de aprendizagem da Unoesc. Bons estudos!
Professor Reginaldo Aparecido de Oliveira
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EMENTA
PLANO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
Introdução ao Controle Financeiro. Organização da Área Financeira. Instituição Financeira e Mercado Financeiro. Mercado Monetário. Bolsas de Valores. Taxas de Juros. Capital de Giro e Fontes de Recurso. Capital de Giro e Fluxo de Caixa. Elaboração e Análise de um Fluxo de Caixa. Depreciação. Tributação. Orçamento, Provisão e Reserva Financeira. Análise de Resultados. Indicadores de Desempenho Financeiro. Análise de Liquidez.
OBJETIVO GERAL
OBTER o conhecimento necessário para a gestão dos recursos financeiros organizacionais por meio de ferramentas específicas para a busca de alternativas de maximização de resultados das Organizações.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
CONHECER as ferramentas de gestão financeira e suas variâncias; ESTABELECER critérios de controle dos recursos financeiros das Organizações;
COMPREENDER, por meio de ferramentas de análise, a possibilidade de validação dos resultados; OBTER conhecimento para decisão sobre a melhor condição de aplicação dos recursos financeiros e seus retornos.
metodologia
O componente curricular será desenvolvido por meio do Portal de Ensino Unoesc, que é a sala de aula virtual. As aulas serão acompanhadas por um grupo de professores que presta assistência metodológica e pedagógica para o desenvolvimento da aprendizagem. Além disso, o Guia de Estudo serve para orientar o aprendizado por meio de um diálogo, facilitando a compreensão dos conteúdos que serão trabalhados.
FORMAS E MOMENTO DE AVALIAÇão
Na avaliação de aprendizagem do componente curricular são atribuídas notas de zero a dez pontos, considerando-se as atividades avaliativas à distância, que serão no mínimo duas avaliações por componente curricular, denominadas de AD e uma prova escrita individual, abrangente e presencial, denominada de AP, das quais resultará a nota da média semestral, denominada A1, com os seguintes pesos: � As atividades avaliativas a distância denominadas de AD, terão peso 4,0; � A atividade avaliativa denominada de AP, terá peso 6,0.
CRONOGRAMA DE ESTUDO
É fundamental que você leia as unidades de estudo deste componente curricular para realizar as atividades avaliativas!
Evento
Atividade
Aula presencial Início do componente Leitura do programa de aprendizagem e orientações curricular iniciais Unidade 1 Unidade 2
Unidade 3 Unidade 4 Unidade 5
Leitura da unidade
Realização das atividades de autoavaliação
Realização das atividades avaliativas a distância Leitura da unidade
Realização das atividades de autoavaliação
Realização das atividades avaliativas a distância Aula Virtual
Leitura da unidade
Realização das atividades de autoavaliação
Realização das atividades avaliativas a distância Leitura da unidade
Realização das atividades de autoavaliação
Realização das atividades avaliativas a distância Leitura da unidade
Realização das atividades de autoavaliação
Realização das atividades avaliativas a distância
Avaliação presencial - AP
Avaliação presencial – 2ª chamada Avaliação presencial - A2
Datas ___/___ ___/___ ___/___ ___/___ ___/___ ___/___ ___/___ ___/___ ___/___ ___/___ ___/___ ___/___ ___/___ ___/___ ___/___ ___/___ ___/___
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PLANO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
PLANO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
duração
A carga horária total do componente curricular é de 60 horas, incluindo o processo de avaliação. O tempo previsto para a duração do componente curricular é aproximadamente 40 dias. O material e a metodologia foram desenvolvidos para que o conteúdo possa ser estudado neste período e dentro desta carga horária.
O cronograma de atividades serve para orientar o seu estudo, mas você deve ficar atento às datas e prazos de realização das atividades.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
ASSAF NETO, Alexandre. Mercado Financeiro. 5. ed. São Paulo, Atlas. 2003.
BARRETO, Maria da Graça Pitia. Controladoria na gestão: a relevância dos custos da qualidade. São Paulo: Saraiva. 2008.
GROPPELLI, Angelico A.; NIKBAKHT, Ehsan. Administração financeira. Tradução Célio Knipel Moreira. 2. ed. São Paulo, Saraiva. 2005. Tradução Finance. HOJI, Masakazu. Administração financeira na prática: guia para educação financeira corporativa e gestão financeira pessoal. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
PORTER, Michael E. Competição: estratégias competitivas essenciais. Tradução Afonso Celso da Cunha Serra. 10. ed. Rio de Janeiro, Campus. 2003. Tradução On competition.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
BRASIL, Haroldo Vinagre; BRASIL, Haroldo Guimarães. Gestão financeira das empresas: um modelo dinâmico. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1992. CAMPIGLIA, Américo Oswaldo; CAMPIGLIA, Oswaldo Roberto P. Controles de gestão: controladoria financeira das empresas. São Paulo: Atlas, 1995. FREZATTI, Fábio. Gestão da viabilidade econômico-financeira dos projetos de investimento. São Paulo: Atlas, 2008.
GITMAN, Lawrence J.; MADURA, Jeff. Administração Financeira: uma abordagem gerencial. Tradução M. Lúcia G. Leite Rosa. São Paulo: Pearson, 2002. Tradução Introduction to finance. ROSS, Stephen A.; WESTERFIELD, Randolph W.; JAFFE, Jeffrey F. Administração Financeira. Tradução Antonio Z. Sanvicente. São Paulo: Atlas. 2002. Tradução Corporate Finance.
JUNIOR, Antonio B. L.; RIGO, Claudio M.; Cherobim, Ana Paula M. Administração Financeira: princípio, fundamentos e prática brasileiras. Rio de Janeiro: Campus, 2002.
MATARAZZO, Dante C. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial= como avaliar empresas= análise da gestão de caixa= análise da gestão de lucro= desempenho da diretoria. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1995. PINTO, Alfredo Augusto Gonçalves. Gestão de custos. Rio de Janeiro: FGV, 2008.
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PLANO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
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Unidade 1 INTRODUÇÃO À GESTÃO FINANCEIRA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Ao final desta unidade você terá condições de:
� CONHECER o conceito de gestão financeira;
AVALIAR os diversos níveis da estrutura organizacional;
COMPREENDER as variações de estruturas da gestão financeira;
DEMONSTRAR validação das atividades pertinentes à área financeira.
ROTEIRO DE ESTUDO Com o objetivo de alcançar o que está proposto a esta unidade, o conteúdo está dividido nas seguintes seções:
SEÇÃO 1
SEÇÃO 2
SEÇÃO 3
Gestão e formação financeira
Estrutura organizacional
Organização da área financeira
SEÇÃO 4 Processo interno – financeiro
INTRODUÇÃO À GESTÃO FINANCEIRA
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PARA INICIAR NOSSOS ESTUDOS
Você já deve ter percebido que todos os empreendedores buscam em seus empreendimentos melhores resultados a cada ano; estes resultados estão atrelados a melhor lucratividade e melhores desempenhos alcançados. As Organizações tem dado grande importância aos seus resultados financeiros, pois será com eles que as mesmas (Organizações) conseguirão dar continuidade aos projetos de desenvolvimento. Entretanto, precisamos estar atentos a algumas possibilidades que desviam o “foco”: a validação de algumas informações, muitas vezes, não são suficientes para garantir tranquilidade, pois podemos encontrar por trás destas “máscaras”, dados que nos levarão a uma condição desfavorável em relação ao montante esperado, considerando, desta forma, o fracasso. Esta preocupação deve ser “foco” do gestor financeiro. Para Junior, Rigo e Cherobim (2002) no mundo globalizado em que vivemos atualmente, a administração financeira adquiriu uma enorme importância, principalmente pela crescente velocidade das informações. Agora podemos afirmar que a gestão financeira trata-se de uma área de grande importância a todas as Organizações, tanto para a pessoa jurídica como para a pessoa física, em especial para as que têm como objetivo final o lucro, ou mesmo aquelas sem fins lucrativos.
Segundo dados do IBGE e do SEBRAE alguns indicadores apontam para um forte e preocupante cenário, no qual um grande número de empresas encerram suas atividades ainda nos primeiros cinco anos, tendo como um dos principais motivos a falta ou o desconhecimento de um planejamento e gestão financeira. Se observarmos os indicadores do SEBRAE veremos que:
� 49% das empresas encerram suas atividades nos primeiros 2 anos; � 56% das empresas encerram suas atividades em até 3 anos; � 59% das empresas encerram suas atividades em até 4 anos.
Quando falamos em fracasso, podemos citar outros fatores que podem levar ao encerramento das atividades. De maneira geral, ressaltamos a falta de administração e planejamento, mas precisamos salientar que as áreas de produção, recursos humanos e vendas estão atreladas e possuem uma relação de interdependência com a área financeira.
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Nas Organizações são muitas as possibilidades de demonstrar as condições dos resultados, especialmente financeiros, mas precisamos estar atentos às simulações que, muitas vezes, nos levam a pensar que tudo está de acordo com o planejado.
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GESTÃO FINANCEIRA Esquema 1 – Interdependência entre áreas de uma Organização
G E S TÃ O F I N A N C E I R A
Produção
Vendas
Fonte: o autor.
Organização
Recursos Humanos
Financeiro
Em sua Organização, você está seguro de que a área financeira está em sintonia e constante estado de vigilância na busca do melhor resultado e que todos estão empenhados neste objetivo?
A gestão financeira deve estar atenta para administrar duas condições: as necessidades de recursos, ou seja, a primeira delas os financiamentos de curto e longo prazo e a outra os investimentos de curto e longo prazo. Em ambas as condições e períodos, o objetivo deve estar ligado ao principal papel da gestão financeira: aumentar a riqueza das Organizações.
V
SEÇÃO 1 Gestão e formação financeira
ivemos em uma sociedade basicamente capitalista: em todos os lados que podemos olhar sempre nos deparamos com a necessidade de utilização de recursos financeiros.
Nossos relacionamentos comerciais estão ligados diretamente a interesses econômicos-financeiros para encontrar a melhor forma
INTRODUÇÃO À GESTÃO FINANCEIRA
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Em alguns casos, é comum encontrarmos falhas na gestão dos recursos organizacionais, especialmente no financeiro. Neste caso, ou seja, após uma observação das condições falhas, que são características de algumas Organizações, podemos dizer que não existe uma área específica, organizada e com diretrizes claras para a gestão dos recursos financeiros. Se observarmos, muitos são os indivíduos que possuem dificuldades financeiras, é comum você ouvir alguém dizer: “Estou sem dinheiro!”, “Estou enfrentando dificuldades financeiras!” e “Estou devendo muito!”, entre outras tantas frases negativas sobre as finanças.
Uma dica: para solucionar a maioria das dificuldades na gestão financeira e, muitas vezes, para se obter um bom resultado, as entradas de recursos devem ser maiores que as saídas; portanto, lembre-se disto!
Observe o Esquema 2 e veja que a gestão financeira deve ser cercada de outras condições para garantir o melhor resultado organizacional. Não basta que as Organizações tenham as áreas de atuação bem definidas, é necessário que exista interação entre elas e que a autonomia esteja clara para a melhor decisão das aplicações e busca de recursos. Cada uma das etapas ou processos dentro da gestão financeira deve estar ligada à gestão dos recursos financeiros, ou seja, ao dinheiro (capital) e suas derivações como ações, papéis e derivativos do mercado.
Finanças: São as aplicações de uma série de princípios econômicos e financeiros para maximizar a riqueza de um negócio ou pessoa.
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de uma relação conhecida como ganha-ganha. Mas por outro lado, precisamos ter a preocupação com a aplicação correta dos recursos e a manutenção de um saldo positivo, para futuros investimentos e aplicações.
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GESTÃO FINANCEIRA
G E S TÃ O F I N A N C E I R A
Esquema 2 – Gestão financeira
Calcular a rentabilidade, liquidez e lucratividade
Validar processos financeiros Encontrar alternativas de financiamentos GESTÃO FINANCEIRA
Validar os Relatórios de Resultado Administrar o Fluxo de Caixa
Avaliar as possibilidades de aplicações e Investimentos
Gerir o Capital de Giro
Fonte: o autor.
Esta validação dos processos não está ligada apenas internamente à Organização, existe uma forte ligação com o ambiente externo, ou seja, com o mercado. Este mercado tem conceituação e estudo em várias outras possibilidades, em relação ao controle financeiro, sejam eles, as instituições bancárias e financeiras, a bolsa de valores, o sistema monetário brasileiro, as agências de financiamento, estruturas de fomento para aplicações, entre outras que serão vistas em uma Unidade e seção específica. A cada nova etapa, onde está relacionada a condição comercial que envolva a troca de bens monetários, ou ainda, a geração de receitas e/ ou desembolsos, o gestor financeiro deve estar atento ao resultado que estas relações podem e/ou precisam trazer para a Organização.
As Organizações sofrem nesta relação com o mercado externo; aqui podemos destacar o envolvimento com a política e economia geral que influencia o sistema de gestão financeiro da Organização, pois estes são responsáveis por definições de leis, políticas específicas, regulamentos e processos que afetam o mercado financeiro e a Organização. Como o mercado é a grande fonte de recursos para a Organização, dizemos
INTRODUÇÃO À GESTÃO FINANCEIRA
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que o mercado de capitais é uma fonte de informações para a gestão financeira.
Agora você entende como é importante para a Organização ter uma estrutura definida da gestão financeira?
Vamos analisar que todas as Organizações, e não somente elas, precisam de um bom processo de validação de suas condições financeiras, pois cada vez mais o resultado de um negócio está atrelado ao sucesso da área financeira. Muitas literaturas tratam sobre o conceito, mas precisamos analisar as tendências do mercado financeiro. Por que existem tantas implicações na gestão financeira?
Para que possamos responder a esta questão, analisaremos de forma isolada todas as possibilidades e estratégias importantes para a gestão (administração) dos recursos financeiros. Vamos precisar organizar e ainda estruturar a área financeira para que tenhamos os melhores resultados e a correta distribuição das responsabilidades. Não podemos deixar de validar a interação com as demais áreas da Organização, como por exemplo, contabilidade, recursos humanos, vendas e produção. Segundo Gitmann (2003, p. 15) “[...] a área de finanças é ampla e dinâmica, sua amplitude é tanto geográfica, por ser uma disciplina global, quanto funcional, por envolver transações entre fornecedores e demandantes de recursos”. Mas e agora, qual é a melhor estrutura para a gestão financeira?
A resposta a esta questão será alcançada em breve, ao finalizarmos os estudos da Seção 2!
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As Organizações e até mesmo os indivíduos, aqui podemos substituir pela pessoa jurídica e física, ambos se valem do mercado para fonte de geração (entrada) de recursos (dinheiro).
GESTÃO FINANCEIRA
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SEÇÃO 2 Estrutura organizacional
J
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á foi possível observar que as Organizações têm a obrigação de dar atenção e possuir de forma clara e dirigida a gestão financeira, sendo assim, dentro das Organizações, a área financeira sempre deve estar ligada aos mais altos cargos da estrutura organizacional. Por se tratar de um nível estratégico, sua condição no organograma sempre deve estar relacionada ao nível decisório. Isto pode variar de acordo com o tamanho e complexidade da Organização. Entretanto, deve estar separada das demais áreas da gestão para que não tenhamos conflitos estratégicos. Como vimos, a estrutura da área financeira pode variar de Organização para Organização, mas sua responsabilidade e objetivo sempre permanecerão. Ainda é fato que muitas Organizações têm em seu principal gestor, especialmente as pequenas empresas ou de características familiares, a figura do financeiro. A gestão de decisão deve ser centralizada, mas as atividades e processos desta área devem ser utilizados para favorecer o processo de decisão. Nas grandes Organizações a área financeira ocupa nível estratégico e decisório, cabendo aos seus gestores às responsabilidades pela gestão dos recursos financeiros de curto e longo prazo, bem como a responsabilidade pelo resultado de suas ações e aplicações. Organograma 1 – Estrutura da Administração Financeira – proposta básica
Diretoria
Administração Financeira
Tesouraria Caixa
Fonte: o autor.
Contas a pagar
Contas a receber
Administração demais áreas
Faturamento
Outras áreas de organização
A administração financeira de uma Organização pode ser realizada por pessoas ou grupos de pessoas que podem ser denominadas de acordo com o porte financeiro e a estrutura organizacional de cada uma.
INTRODUÇÃO À GESTÃO FINANCEIRA
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Veja alguns cargos e funções no exemplo a seguir: Vice-presidente de finanças (conhecido como Chief Financial Officer – CFO) diretor financeiro, controller e gerente financeiro, sendo também denominado, simplesmente, como administrador financeiro, analista e/ou outras denominações de mercado (GITMAN, 2003, p. 38-39).
Cada uma das frações ou departamentos da gestão financeira tem em sua estrutura a necessidade de gerir, ou ainda, administrar as entradas e saídas dos recursos financeiros das Organizações. É por isso que cada área precisa afinar suas ações com as políticas internas já definidas pela alta administração.
Muitas Organizações não separam algumas atividades de gestão, por exemplo, a área financeira tem suas atividades desempenhadas em conjunto com recursos humanos. Por isso, reforçamos a condição e o cuidado que devemos ter ao manter cada atividade em sua respectiva estrutura para atender da melhor forma e evitar o conflito de interesses. Toda Organização precisa ter o conhecimento sobre as estratégias, planejamentos, processos e políticas adotadas e definidas pela área financeira, pois esta descentralização facilitará ao gestor a efetividade de sua aplicação. Segundo Gropelli e Nikbakht (2005) o conhecimento de finanças não deve se restringir aos tesoureiros, controladores e outros, pois diferentes departamentos devem participar do plano elaborado pela área financeira. Como conseguir obter resultados satisfatórios sem que todos estejam alinhados com as estratégias e participem de sua execução?
Além deste conhecimento e divulgação do que podemos chamar de normas da área financeira precisamos estar atentos à necessidade de se estabelecer formas de controle e validação do que está planejado e definido.
As demais áreas das Organizações sempre precisam ter o conhecimento das estratégias e políticas da gestão financeira, pois, sem que este conhecimento seja multiplicado, as Organizações estão sujeitas a divergências de ações e conduções, muitas vezes, direcionadas ao fracasso e/ou falência.
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EXEMPLO
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GESTÃO FINANCEIRA
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Para Barreto (2008), não se pode falar em controle sem haver um planejamento elaborado para verificar a ocorrência dos acontecimentos dentro das expectativas organizacionais. Sendo assim, dentro da estrutura da área financeira precisamos ter a possibilidade da melhor forma de controle. Não existe sucesso sem Planejamento e Controle. Segundo um personagem do Walt Disney, do filme Alice no País das Maravilhas, se “você não sabe para onde quer ir qualquer caminho lhe serve”. Desta forma, é de grande e vital importância que as Organizações façam o devido controle, ou seja, a gestão de suas finanças.
Conhecendo as necessidades da área financeira sobre sua estrutura e direcionamento organizacional, precisamos agora ir a fundo nesta área. Então, vamos à Seção 3!
N
SEÇÃO 3 Organização da área financeira
a gestão financeira precisamos encontrar algumas formas de manter a Organização alinhada com os objetivos de maximização de resultados, pois cabe a esta área a responsabilidade de mostrar alternativas. Como já estudamos, as Organizações precisam ter no gestor da área financeira a certeza de que conheça profundamente as interpretações e análises que lhe permitam tomar ou influenciar decisões de curto e longo prazo para a Organização. Ainda precisa conhecer ferramentas que auxiliem no planejamento, orçamento e controle da área financeira para o futuro. Se observarmos a posição de Gittmann (2004) o tamanho e a importância da função da administração financeira dependem do tamanho da empresa. Assim, o tamanho e a complexidade da organização é quem nos dirá qual é a melhor estrutura da área financeira.
Não podemos definir a área ou o seu tamanho sem conhecer as necessidades organizacionais, pois todas as demais áreas devem interagir com a área financeira para conseguirem, assim, alcançar bons resultados. A maioria das necessidades estratégicas das Organizações estão interligadas com um objetivo comum: o lucro. Agora você deve estar se questionando como tudo isto funciona nas Organizações com as quais você tem relacionamentos, seja no âmbito pessoal, profissional, religioso e, até mesmo, esportivo. Um ponto
importante que não podemos deixar de lado, e que aqui preciso destacar, são as instituições de gestão pública ou administração pública, as quais devemos dar a mesma atenção que às Organizações de capital privado ou de economia mista, pois a pública, apesar de seguir rigorosos procedimentos legais e específicos, tem as mesmas características de gestão e controle da área financeira que a privada. Então, vamos lá! Nesta sua Organização, como responsabilidades do gestor financeiro, podemos destacar a responsabilidade de gerir os resultados financeiros e econômicos que garantam concluir se a Organização está sendo administrada de maneira suficiente ou insuficiente em relação às necessidade de créditos, caixa e obrigações. Esquema 3 – Equação do Gestor Financeiro
Volume de recebimentos e resultados de investimentos (+)
Fonte: o autor.
+
Volume de pagamentos e resultados de financiamentos (-)
=
Resultado Organizacional Lucro / Prejuízo
É importante ressaltar também que a validação destas responsabilidades estão sempre ligadas às condições de honrar os seus compromissos de curto e especialmente os de longo prazo, sem comprometer sua lucratividade, liquidez e rentabilidade. Tente imaginar uma Organização que não tem controle de seu caixa. Ou ainda, imagine você sem nenhum controle de seu salário ou de suas contas para pagar.
Cada setor ou sub área financeira tem as suas responsabildidades e competências, observe a listagem a seguir:
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INTRODUÇÃO À GESTÃO FINANCEIRA
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GESTÃO FINANCEIRA Quadro 1 – Responsabilidades e competências
Orçamento
� Responsável pelos planos financeiros e orçamentários; � Previsão financeira, desempenho e atuação sobre as necessidades de recursos.
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Caixa e Tesouraria
� Manter e controlar os saldos diários de caixa; � Controla o capital de giro e suas necessidade de curto prazo. Crédito
� Valida a capacidade de crédito da organização; � Controla as cobranças de contas a receber. Faturamento
� Valida as gerações de contas a receber da organização; � Controla a capacidade de geração de caixa da organização Planejamento / Financiamento
� Negocia as condições de financiamentos para investimentos em ativos; � Atua para negociação de bancos, investidores e acionistas.
Fonte: adaptado de Gitmann (2004).
Saiba mais sobre esta parte de nossos estudos com a leitura complementar do livro de: GITMANN, Lawrence J. Princípios da Administração Financeira. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2004. p. 32-39.
O que podemos destacar sobre a melhor condição da organização da área financeira é a sua relação direta com algumas áreas da Organização, especialmente com a contabilidade.
A área financeira, nas Organizações mais atualizadas, apresenta-se pelas suas principais funções da administração, agrupadas em duas áreas: tesouraria e controladoria [...] essas funções surgem e expandem, ou
desaparecem, dependendo da necessidade de cada empresa, variando
segundo sua natureza, porte e estágio de desenvolvimento. (JUNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2002, p. 6).
INTRODUÇÃO À GESTÃO FINANCEIRA
Quadro 2 – Funções da administração financeira
TESOURARIA
CONTROLADORIA
Administração de caixa
Administração de custos e preços
Administração de risco
Contabilidade
Administração de crédito e cobrança Câmbio
Decisão de financiamento Decisão de investimento
Planejamento e controle financeiro Proteção de ativos
Relação com acionistas e investidores Relações com bancos
Fonte: Junior, Rigo e Cherobim (2002).
Auditoria interna Patrimônio Orçamento
Planejamento tributário Relatórios gerenciais Salários
Sistemas de informação
Relações com stakeholders
A responsabilidade ao termos uma área financeira estruturada, organizada e conhecida por todos dentro da Organização, torna mais fáceis e objetivos os processos internos. Sendo assim, a busca pela maximização dos recursos na conquista de melhores resultados, está encaminhada e definida, bastando agora os encaminhamentos internos, os quais serão foco da Seção 4.
SEÇÃO 4 Processo interno – financeiro
A
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Se analisarmos as Organizações em que estamos atuando ou que conhecemos, é fato que muitas não possuem em sua estrutura organizacional esta separação. Entretanto, ao mudarmos o foco da pesquisa e análise, as que já possuem sucesso e consolidação de mercado, especialmente as de grande porte, têm a aplicação em sua totalidade, como podemos ver no Quadro 2:
área financeira necessita ter claras, em seus procedimentos e processos, as etapas e os fluxos de atividades para controlar as entradas e saídas, ou seja, as receitas e despesas da Organização.
As políticas organizacionais devem estar ligadas às necessidades destes processos internos da área financeira, para garantir a sua integridade e manutenção dos controles. Sem esta relação, poderemos ter prejuízos e/ ou problemas na gestão do caixa e do resultado.
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Grupo como empregados, clientes, fornecedores e credores, que tem uma ligação econômica direta com a organização.
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GESTÃO FINANCEIRA
G E S TÃ O F I N A N C E I R A
Qual é a possibilidade de acontecer a seguinte situação: pagar por determinado título, sem antes receber determinada fatura de vendas?
Observem que a condição citada é algo comum em muitas empresas que não fazem os devidos controles de seus fluxos de caixas, não controlam as necessidades de fontes de geração de receitas e desconhecem as possibilidades de disponibilidades para seus pagamentos.
Como já observamos na Seção 1, um dos fracassos das Organizações está relacionado à falta ou desconhecimento da gestão financeira. Muitas Organizações não têm ou não fazem esta gestão de forma organizada e seus procedimentos não são claros. Aqui vamos analisar um fluxo da movimentação financeira em uma Organização para avaliar o melhor resultado: Esquema 4 – Fluxo de informações financeiras
Efetua pagamento de títulos para fornecedores e entradas de MP e insumos
Geração de faturamento – títulos a receber
Analisa as obrigações de curto prazo – contas a pagar
Fonte: o autor.
Recebimento realizado por meio de conta caixa
Geração saldo e capital de giro
Agora se você gasta mais do que recebe, ou seja, suas entradas são menores que suas saídas de recursos financeiros, como fazer para que as contas sejam pagas e não tenhamos problemas?
INTRODUÇÃO À GESTÃO FINANCEIRA
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Você concorda que atualmente a grande dificuldade das Organizações está relacionada ao fato de não administrar o seu fluxo de caixa? Será que esta não é também, a mesma dificuldade encontrada para administrar o seu fluxo de caixa pessoal? Mas nas próximas seções e unidades discutiremos algumas alternativas.
Fique atento, nunca devemos gastar mais do que ganhamos!
A gestão financeira precisa estar atenta a todos os processos internos da Organização que envolvam recursos financeiros, seja para um simples pagamento de duplicata, com sua origem na compra de matéria-prima para elaboração de produto, ou ainda na complicada validação de uma nova linha de financiamento para projeto e ampliação da fábrica e/ou compra de um novo equipamento. Todas as considerações precisam estar interligadas, um dos mais usados processos internos da gestão financeira está relacionado ao fluxo de caixa. A gestão financeira deve ressaltar basicamente os fluxos de caixa, que são as entradas e saídas de caixa (recursos). Pois este fluxo manterá a solvência da empresa, planejando os fluxos de caixa necessários pra satisfazer as suas obrigações e adquirir os ativos necessários para atingir os objetivos da empresa. (GITMANN, 2003, grifo do autor).
Assim, este processo é de grande importância para o cumprimento do que foi organizado e estruturado dentro das políticas financeiras da Organização. A área financeira deve, em primeiro lugar, manter o controle sobre o fluxo de caixa da Organização para, de forma suficiente, atender as suas obrigações em seus vencimentos especialmente de curto prazo. As provisões feitas dentro de uma conjuntura econômico-financeira são, muitas vezes, entendidas como desperdícios e/ou desvios de investimentos, “dinheiro parado”, mas que podem no futuro dar ao gestor condições de segurança e garantia de uma boa situação de fluxo de caixa.
I N T R O D U Ç Ã O À G E S TÃ O F I N A N C E I R A
A resposta não é tão simples como muitos acreditam, pois precisamos analisar uma série de possibilidades e alternativas, antes mesmo de tomar algumas decisões e agir sem direcionamento.
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GESTÃO FINANCEIRA Gráfico 1 – Classificação das contas e resultados
G E S TÃ O F I N A N C E I R A
Conta caixa – recebimento e pagamentos de curto prazo
Fonte: o autor.
Reservas – provisões para pagamentos de médio e longo prazo
Faturamento (contas a receber) e Pagamentos (contas a pagar)
Um dos pontos importantes, que podemos exemplificar, de uma excelente gestão de provisões são as verbas de encargos sobre a folha de pagamento: os encargos são disponibilizados para desembolso imediato, a cada mês, e parte deve ser provisionada, pois serão liquidadas em datas futuras e representarão desembolsos futuros. Assim, se não provisionadas em fluxo de caixa futuro teremos dificuldades em efetuar seus pagamentos. EXEMPLO
Provisões da Folha de Pagamento: mensalmente devemos provisionar 1/12 (um doze avôs) da folha de pagamento para pagamento do 13º salário que será realizado, conforme previsto em legislação, em duas parcelas, sendo a primeira em 30 de novembro e a segunda até 20 de dezembro.
Outro importante processo é o faturamento, ou seja, conceder crédito para proceder ao recebimento do valor de determinado produto, mercadoria, serviço em época futura. Assim, a gestão financeira destes créditos deve ser feita de forma regular e dentro de uma política da Organização para esta concessão.
O faturamento pode ser de grande complexidade para as Organizações, dependendo do tipo de produto, mas principalmente dos serviços que são os que apresentam maiores dificuldades em serem faturados (JUNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2002, p. 443). Esta dificuldade se deve, na
INTRODUÇÃO À GESTÃO FINANCEIRA
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maioria dos casos, devido à composição dos itens que foram oferecidos na prestação de serviços.
I N T R O D U Ç Ã O À G E S TÃ O F I N A N C E I R A
Agora passamos a compreender a necessidade de termos controles e uma gestão financeira adequada ao tamanho e complexidade da Organização. O controle do recebimento destes faturamentos deve ser feito dentro dos prazos dos créditos concedidos, pois, muitas vezes, na gestão dos recebimentos estes estarão atrelados à condição de pagamento em outro processo da área financeira.
Por outro lado, as políticas da gestão financeira devem ser elaboradas com amplitude e direcionamento também para os seus desembolsos, ou seja, o pagamento de suas próprias duplicatas ou vencimentos de curto prazo, especialmente os de longo prazo. Quero observar que muitas Organizações não têm políticas de relacionamento financeiro de longo prazo, pois são os controles mais difíceis devido à variação do dinheiro no tempo (lembre-se sempre disto!). Segundo Junior, Rigo e Cherobim (2002) as políticas de cobrança têm o objetivo de fazer com que os recebimentos ocorram nas datas de vencimento e os recursos recebidos estejam prontamente à disposição da administração do caixa da Organização para utilização.
Agora sim, podemos iniciar a discussão sobre os termos referentes às condições de pagamentos e obrigações das Organizações, muitas vezes, gerados pelas necessidades de compra de estoques para produção. Aqui, na gestão de estoques, a área financeira participa indiretamente da gestão propondo alternativas, auxiliando nas decisões sobre os níveis de estoques, formas de pagamentos a fornecedores e ainda políticas de descontos e prazos de pagamentos.
Em linhas gerais, os principais pontos da área financeira estão ligados à gestão das entradas e saídas de recursos, sempre atentos à necessidade de curto prazo para pagamentos e seus vencimentos das obrigações com terceiros. Muitas empresas sempre enfrentam dificuldades quando não possuem esta gestão. Aqui vale ressaltar que, não estamos muito diferentes quando falamos da pessoa física. Não é difícil encontrarmos em nosso networking alguém que esteja com dificuldades de gerir seu fluxo de caixa e cumprir com as suas obrigações. Algumas Organizações trabalham em seus controles com relatórios de planejamento orçamentário, nos quais são conhecidas as necessidades de entradas e os momentos de saídas, mas este tema será estudo de outra seção. Saiba mais sobre como fazer a melhor gestão de suas finanças pessoais consultando o site: <http://www. bmfbovespa.com.br/pt-br/educacional/orcamentopessoal.aspx?idioma=pt-br>.
Networking: rede de relacionamentos, grupo de pessoas que nos relacionamos e conhecemos.
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GESTÃO FINANCEIRA Os conceitos relacionados ao fluxo de caixa serão foco de estudo em uma seção específica do Guia de Estudo.
G E S TÃ O F I N A N C E I R A
AUTOAVALIAÇÃO 1 1 Qual é a definição de finanças?
2 A gestão financeira é cercada de várias condições para garantir o melhor resultado organizacional. Cite ao menos três destas condições encontradas para auxiliar na melhor gestão financeira.
3 Para Gitmann (2004) o tamanho e a importância da função da administração financeira dependem do tamanho da empresa. Desta forma, podemos afirmar que todas as Organizações terão a mesma estrutura de gestão financeira? Justifique a sua resposta com base no texto estudado.
INTRODUÇÃO À GESTÃO FINANCEIRA
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5 A gestão financeira tem a missão de controlar os créditos concedidos ao mercado, o qual realizou uma compra de seus produtos. Na gestão deste recurso financeiro, por meio das entradas e saídas, qual é o processo que está relacionado à entrada de recursos?
Nesta Unidade foi possível entender a necessidade de conhecer como funciona a gestão financeira, suas possibilidades de atuar de forma a melhorar o resultado da Organização. Ainda, foi possível validar a importância de uma gestão dos recursos financeiros de forma controlada e focada em objetivos. Esta melhor compreensão sobre as necessidades de gerir os recursos financeiros de forma clara e sustentada pode ser uma das alavancas de sucesso das Organizações.
I N T R O D U Ç Ã O À G E S TÃ O F I N A N C E I R A
4 As Organizações sem um processo de gestão financeira acabam por não cumprir suas obrigações de forma regular. Esta falha ocorre pela falta de um procedimento e atividade específica; assim, qual seria a ou as atividades para regularizar a condição?
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Unidade 2 INSTITUIÇÃO FINANCEIRA E MERCADO FINANCEIRO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Ao final desta unidade, você terá condições de:
COMPREENDER as modalidades de instituições financeiras; APRENDER as regras de movimentação de capitais; DESCOBRIR as alternativas de ganhos de capitais;
DIFERENCIAR mercados e seguimentos financeiros.
ROTEIRO DE ESTUDO Com o objetivo de alcançar o que está proposto a esta unidade, o conteúdo está dividido nas seguintes seções:
SEÇÃO 1
SEÇÃO 2
SEÇÃO 3
Mercado financeiro
CVM e a Bolsa de valores
Instituições financeiras
SEÇÃO 4 Variações das instituições financeiras
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA E MERCADO FINANCEIRO
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PARA INICIAR NOSSOS ESTUDOS
Neste momento, não podemos nos ater às nomenclaturas dos produtos e/ou Organizações financeiras que o mercado nos oferece. O fato é que o mercado está em busca da venda de dinheiro. Por analogia, se compramos na farmácia os remédios, nas lojas as roupas, no restaurante a refeição, então, nos bancos compramos dinheiro. Mas há quem faça o contrário, vai até o banco e vende dinheiro, ou seja, investe em linhas e produtos de ganhos, como por exemplo, a poupança.
É possível saber qual é o melhor momento de investir ou ainda de captar recursos de longo prazo?
Todas as condições desta questão estão relacionadas às formas com que as Organizações têm suas relações com o mercado financeiro. Ainda deve-se atrelar às condições as diversas variações encontradas para melhor adequar os resultados.
Esquema 5 – Decisão da Gestão Financeira
Captar recursos no mercado
Aplicar os lucros em linhas de
para investir no crescimento e
investimentos de longo prazo na
desenvolvimento organizacional
busca de melhores resultados
Fonte: o autor.
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA E MERCADO FINANCEIRO
A gestão financeira está relacionada diretamente a uma condição externa das Organizações, ou seja, ao mercado financeiro e de capitais. Em um universo de relações existentes entre as Organizações e o mercado financeiro, precisamos observar que para o sucesso das mesmas, estas devem estar ligadas à forma com que se relacionam com o mercado, analisando as estratégias para suas aplicações, investimentos e avaliações de risco no mercado.
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GESTÃO FINANCEIRA
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Se sua Organização está sempre preocupada na busca de recursos no mercado, para, especialmente, cumprir as suas obrigações de curto prazo, abra os olhos, pois você pode estar à beira da falência.
O valor para compra de dinheiro no mercado, ou seja, linhas de crédito e financiamento, é muito mais elevado do que as linhas de investimentos oferecidas pelo mercado. Desta forma, busque sempre vender em vez de comprar, garanta que suas entradas estejam sempre maiores do que suas saídas.
E
SEÇÃO 1 Mercado financeiro
m nosso país, as regras pertinentes à gestão dos recursos financeiros são regulamentadas pelo órgão competente federal formado pelo SFN (Sistema Financeiro Nacional) que é constituído por várias Instituições que têm por competência e objetivo intermediar o fluxo de recursos entre as diversas Organizações, seus investidores e poupadores, com condições satisfatórias para o mercado. Segundo Hoji (2010) o principal papel da autoridade monetária é o de regular e fiscalizar o mercado. Sendo assim, todas as Organizações, no que se referem à gestão de suas aplicações e recursos, estão atendidas pelas regras e condições regulamentares do Banco Central do Brasil (BCB ou Bacen) e ainda pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Observe a estrutura organizacional e o organograma a seguir:
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA E MERCADO FINANCEIRO
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA E MERCADO FINANCEIRO
Organograma 2 – Estrutura organizacional do Banco Central do Brasil
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Fonte: Banco Central do Brasil (2013).
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GESTÃO FINANCEIRA
O Bacen
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O Banco Central está ligado diretamente a uma condição de órgão fiscalizador e disciplinador do mercado financeiro. Sua relação com o mercado financeiro exige estas características, pois o Bacen tem a responsabilidade de gerar e definir as regras, limites e ainda as condutas das instituições financeiras, dos bancos e demais instituições financeiras no Brasil.
Assaf Neto (2003) explica que o Bacen é considerado o executor da política monetária, ao exercer o controle dos meios de pagamento e executar o orçamento monetário e, ainda, por ser um banco do governo, na gestão da dívida pública interna e externa. O Banco Central teve um longo processo de maturação até a sua criação. Desde antes do início do século XX já se tinha a consciência, no Brasil, da necessidade de se criar um “banco dos bancos” com poderes de emitir papel-moeda com exclusividade, além de exercer o papel de banqueiro do Estado (BANCO CENTRAL DO BRASIL, [20- -?]).
Em todos os demais países podemos encontrar estruturas reguladoras do mercado financeiro, cada qual seguirá as mesmas políticas reguladoras e orientadoras para as Organizações e para o mercado previstas em seus países.
Em cada país, a regulamentação seguirá o seu principal agente regulador; exemplificamos citando os Estados Unidos, em que a política econômica do mercado financeiro segue rigorosos padrões capitalistas. O Sistema de Reserva Federal (Federal Reserve System), conhecido pelos americanos e no mundo como Federal Reserve (The Fed) é o sistema de bancos centrais dos Estados Unidos, sendo o responsável pelas políticas do centro financeiro do país. Já o centro econômico-financeiro concentra-se principalmente em Wall Street na ilha de Manhattan (Nova Iorque), onde está localizada a maior bolsa de valores do mundo, a New York Stock Exchange (Bolsa de Valores de Nova Iorque).
Como você já conheceu sobre um dos maiores centros de movimentação de capitais do mundo, agora vai passar a analisar especificamente o Brasil e suas conceituações para este seguimento do mercado financeiro.
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA E MERCADO FINANCEIRO
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SEÇÃO 2 CVM e a Bolsa de valores
O
Você sabe o que significa a CVM?
A CVM é o órgão responsável pela comercialização e administração da carteira de valores mobiliários, gerando e controlando as informações deste mercado de ações.
Após esta condição Matarazo (1995) explica que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é uma autarquia vinculada ao poder executivo (Ministério da Fazenda), que age pela orientação do Conselho Monetário Nacional. No mercado financeiro está diretamente ligada à normalização e ao controle do mercado de valores mobiliários, com a função de promover medidas incentivadoras para a movimentação do mercado acionário. A CVM atua nas Organizações e no mercado de três formas distintas: � Instituições financeiras;
� Organizações de capital aberto; � Investidores.
A Lei que criou a CVM (6.385/76) disciplinou o funcionamento do mercado de valores mobiliários e a atuação de seus protagonistas, assim classificados, as companhias abertas, os intermediários financeiros e os investidores, além de outros cuja atividade gira em torno desse universo principal (COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS, [20--?]).
E o que significa bolsa de valores?
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA E MERCADO FINANCEIRO
mercado de capitais é uma grande fonte de recursos para financiar as atividades produtivas das Organizações e o seu capital de giro. Isto se deve por meio da negociação de recurso de médio e longo prazo. Várias organizações abrem seus capitais, aqui especialmente as Organizações constituídas como Sociedades Anônimas (S.A.), fracionando as ações de sua sociedade pelo mercado de ações e bolsas de valores.
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GESTÃO FINANCEIRA
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A bolsa de valores, ou ainda, BM&F BOVESPA é uma companhia que administra mercados organizados de títulos, valores mobiliários e contratos derivativos, além de prestar serviços de registro, compensação e liquidação, atuando, principalmente, como contra parte central garantidora da liquidação financeira das operações realizadas em seus ambientes.
As necessidades de abertura do capital, ou seja, colocar sua empresa à disposição de novos investidores por meio do mercado financeiro, é uma forma de financiamento a longo prazo. Segundo Junior, Rigo e Cherobim (2002, p. 319) o mercado de capitais abrange o conjunto de transações para transferência de recursos financeiros entre agentes poupadores e investidores, com prazos médios, longos e indefinidos.
As Organizações utilizam a CMV para regulamentar a abertura de seu capital, em seguida passam a negociar por meio das bolsas de valores as suas ações, sendo uma das vantagens a busca de recursos a custos competitivos, uma vez que elas (Organizações) poderão captar externamente por meio da emissão de suas ações, o que reduzirá a dependência de financiamentos de curto prazo, financiamentos bancários caros ou mesmo a geração de recursos internos, explica Junior, Rigo e Cherobim (2002).
Para que tenhamos a abertura de capitais, a empresa define o volume de ações que será negociado. Estas ações são consideradas documentos legais (títulos) que representam a participação no capital social da Organização, podendo ser ações ordinárias ou preferenciais.
As ações ordinárias são aquelas que conferem a seu titular o direito a voto na assembleia de acionistas da organização, estes votos são definidos pela maioria na condução das estratégias da Organização, que aprovam os resultados, entres outras deliberações. As preferenciais não concedem aos seus portadores o direito a voto, mas tem preferência na distribuição de resultados. Todas as necessidades e conceitos sobre o assunto você encontra na Lei das Sociedades Anônimas, 6.404/1976, e ainda na lei 11.638/2007, as quais regulamentam a constituição e todas as demais considerações acerca das Organizações de capital aberto.
Fique atento, o conhecimento de toda a legislação é importante se objetivamos a atuação nas empresas de Sociedade Anônima e capital aberto!
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SEÇÃO 3 Instituições financeiras
O
mercado financeiro tem uma série de variações de suas instituições financeiras ligadas ao sistema monetário nacional e ao mercado operativo financeiro. Para Matarazzo (1995) o subsistema operativo é composto de instituições (bancárias e não bancárias) que atuam em operações de intermediação financeira.
Os bancos hoje, em sua maioria denominados assim, são as instituições que comercializam a moeda para geração de fluxos monetários e recursos de capital de giro para as Organizações. Esquema 6 – Mercado Financeiro
Fonte: o autor.
O Esquema 6 nos mostra a condição do mercado financeiro em relação aos bancos, pois uma série de investidores aplicam seus recursos neste mercado na busca de alcançar retornos maiores e melhores; por outro lado, os tomadores de recursos se colocam à disposição para remunerar suas linhas de créditos por meio de variações de capitais e recursos, conhecidos pelos juros.
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA E MERCADO FINANCEIRO
Amplie seus conhecimentos, consultando a obra de “MARTINS, Eliseu; ERNESTO, Rubens Gelbcke; IUDICIBIS, Sergio de; Iudicibus. Manual de Contabilidade Societária: aplicável a todas as sociedades. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013.” e faça a leitura. Dessa forma terá acesso a todos os conceitos específicos sobre o tema, ou ainda, mais tarde realizar um curso sobre Mercado de capitais e futuros. Fica a dica!
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GESTÃO FINANCEIRA
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As principais atividades das instituições financeiras estão ligadas à prestação de serviços para as Organizações ou, ainda, a todos os envolvidos no mercado financeiro. As Organizações utilizam destes serviços para gerar suas obrigações com terceiros na relação do cumprimento de execução de contas a pagar e a receber, providenciando o recebimento de pagamentos, cobranças, recolhimentos de tributos a pagar entre outras atividades que eventualmente ou diariamente necessitamos. Entre as instituições financeiras estão relacionados os bancos comerciais, múltiplos, caixa econômica e cooperativas de crédito.
O mercado financeiro está ligado diretamente ao movimento de capital e recursos movimentados diariamente por meio dos bancos espalhados por todas as regiões. A evolução dos bancos está relacionada à constante necessidade de evolução e acompanhamento do mercado para captar e oferecer recursos que possam ser utilizados pelas organizações por meio de aplicação em seus produtos e negócios. O sistema monetário tem sofrido uma série de mudanças e por isso foi gerada uma necessidade de acompanhamento por parte dos bancos, criando instituições conhecidas por bancos múltiplos, que possuem variações em seus serviços ligados a investimento e desenvolvimento, crédito, financiamento, investimento e crédito imobiliário. Estas e outras variações você vai estudar de forma mais aprofundada em outra seção.
N
SEÇÃO 4 Variações das instituições financeiras
o mercado financeiro encontramos as instituições que administram os montantes a serem negociados, realizando as intermediações de busca de recursos, linha de crédito, financiamento e investimentos.
No Brasil destacamos os bancos comerciais, com funcionalidades múltiplas, atuando como intermediários financeiros, caracterizados pela busca de recursos necessários para serem aplicados em curto e médio prazo nas Organizações. Nestas instituições, destacamos os depósitos à vista e rendas de prazo fixo. Suas linhas de crédito podem ser repassadas aos tomadores, ou seja, pessoas físicas e jurídicas, por meio de abertura de linhas de crédito ou simplesmente contas correntes. Ainda em especial, podemos destacar dois bancos de atuação no mercado financeiro, com vínculos de gestão do Governo Federal e com
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INSTITUIÇÃO FINANCEIRA E MERCADO FINANCEIRO
características múltiplas como os demais bancos privados: inicialmente destacamos o Banco do Brasil (BB), que opera como um banco múltiplo e também como um agente financeiro do Governo Federal, especialmente na execução das políticas oficiais de uma linha específica de crédito: o rural; e a outra instituição financeira é a Caixa Econômica Federal (CEF) que atua também como um banco múltiplo, mas seu foco está relacionado à linha de crédito com função social, sendo a detentora da administração dos recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e ainda dos recursos obtidos pelas loterias federais. Os bancos múltiplos foram criados pela resolução 1.524/88 do Bacen.
As caixas econômicas fazem parte do sistema brasileiro de poupança e empréstimos e sistema financeiro de habitação, com o objetivo de conceder empréstimos e financiamentos nas áreas da habitação, assistência social, educação, trabalho, transporte urbano e esporte (HOJI, 2010). Para financiamentos de longo prazo do Governo Federal e desenvolvimento do país, o Bacen criou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), responsável pelo fomento do Brasil por meio de linhas de crédito para compras de máquinas e equipamentos nas Organizações. Organograma 3 – Estrutura de controle do mercado financeiro
Banco Central
Instituições Financeiras Bancos de Fomento Banco do Brasil
Fonte: o autor.
Caixa Econômica
CVM
Bancos Comerciais BNDES
Banco Múltiplos
Banco Múltiplos
BM&F BOVESPA Sociedades Anônimas
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GESTÃO FINANCEIRA Um modelo de instituição que vem ocupando espaço no mercado financeiro são as cooperativas de crédito, constituídas como associações cooperativas cujos membros possuem uma ligação em comum: as reservas são obtidas e emprestadas entre associados, tornando-se, muitas vezes, a forma de fundos de crédito mais baratas para mutuários e pessoa física.
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AUTOAVALIAÇÃO 2 1 Neste universo de relações existentes entre as Organizações e o mercado, quais condições podem estar alinhadas com o sucesso das Organizações?
2 Qual é a função do Bacen, segundo as especificações e necessidades do mercado financeiro?
3 As Organizações de capital aberto no mercado e a bolsa de valores possuem dois tipos de ações, defina cada uma delas.
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5 Quais instituições financeiras estão ligadas aos interesses do Governo Federal? Quais são as suas funções no mercado financeiro?
Nesta Unidade você conheceu um pouco mais sobre o mercado financeiro, suas características e necessidades para o fomento e abertura de linhas de crédito para as Organizações. Foi possível avaliar as diversas características de cada modalidade de instituição, bem como conhecer as variações entre elas. O mercado financeiro é um tema de grande e vasta área de pesquisa e pode ser estudado em diversos momentos da formação profissional, pois trata-se de um seguimento de grande importância para alguns seguimentos organizacionais. Espero que até este momento seu conhecimento tenha aumentado e sua vontade de aprender esteja cada vez mais aguçada.
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4 Defina e diferencie bancos múltiplos e de fomento.
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Unidade 3 GESTÃO E CONTROLE FINANCEIRO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final desta unidade, você terá condições de:
COMPREENDER as alternativas para que a gestão financeira também seja foco nas organizações empresariais;
APRENDER sobre a importância dos controles econômico-financeiros nas Organizações; CONHECER o modelo de gestão financeira para as Organizações;
ESTUDAR possibilidades e alternativas de curto e médio prazo para que as Organizações tenham possibilidade de maximização de resultados.
ROTEIRO DE ESTUDO
Com o objetivo de alcançar o que está proposto a esta unidade, o conteúdo está dividido nas seguintes seções:
SEÇÃO 1
SEÇÃO 2
SEÇÃO 3
Análise da estrutura de capitais
Capital de giro e fontes de capitais
SEÇÃO 4
SEÇÃO 5
Gestão do capital de giro e do fluxo de caixa
Variação do capital no tempo
Tributação
GESTÃO E CONTROLE FINANCEIRO
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PARA INICIAR NOSSOS ESTUDOS
Este foco direcionado para a operação das Organizações foi o que sustentou a gestão (organização) por vários anos. Porém, neste contexto, a gestão financeira ou a administração de recursos econômicofinanceiros passou a uma condição secundária. Pela falta de gestão financeira profissional e sem poder contar com a possibilidade de termos a probabilidade de encerramento de atividades destas Organizações, sejam elas por falta ou falha na gestão dos seus recursos econômico-financeiros, as organizações são fadadas ao fracasso. Agora precisamos adequar esta condição há novos horizontes e perspectivas organizacionais, pois uma gestão financeira bem organizada e gerida de forma profissional, aliada a objetivos bem definidos, não deixará que a condição de fracasso/insucesso aconteça, já que é agregada a existência de uma capacidade operacional, com os recursos disponíveis para a tomada de decisão e crescimento sem perder também o foco da gestão financeira.
A gestão organizacional deve estar preparada para os desafios do mercado, não somente quanto à competitividade técnico operacional, mas também econômico-financeira. Devemos sempre ter a clareza dos resultados e valores econômico-financeiros para somente assim ajudar a nortear a Organização nos percalços de mercado. Se nos falta gestão nos faltará capacidade ou se nos falta capacidade nos faltará gestão?
Se olharmos aos olhos de Gama (2007) ele apresenta que um dos possíveis problemas da Organização é o uso de um modelo de diagnóstico financeiro apenas quantitativo, que oferece apenas o gerenciamento de curto prazo com as informações monetárias, mas não possibilita a prevenção e a correção de distorções que podem refletir nos resultados financeiros mais tarde, ou seja, de longo prazo. Se levarmos o conceito teórico para nossa prática, encontraremos Organizações que fazem gestão com informações dentro de uma condição e uma visão “míope”. E segundo a doutora Amaryllis Avakian (médica oftalmologista, coordenadora do setor de cataratas do
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Daremos início aos estudos de mais um tema de importante relevância na teoria voltada à gestão financeira. Nos dias de hoje, e desde o século passado, observamos que as Organizações, em sua maioria, adotavam e adotam até hoje em sua estrutura um rígido regime de gestão, mas nem sempre com foco na gestão financeira; outrossim, com características organizacionais voltadas, em sua maioria, para o resultado da operação da empresa, com muita habilidade operacional e empreendedorismo.
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GESTÃO FINANCEIRA Departamento de Oftalmologia do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo), miopia é um defeito da visão em que, por aumento da convergência da córnea ou do cristalino ou porque o tamanho do olho é um pouco maior do que o padrão habitual, a convergência acaba ocorrendo antes da retina e, por isso, a visão fica embaçada, a pessoa míope tem dificuldade de ver de longe, mas enxerga bem de perto.
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Se de forma análoga, levarmos o conceito de miopia para algumas Organizações, entenderemos por que algumas somente têm resultados de curto prazo, pois já os de médio e longo prazo são descartados e, muitas vezes, nem existe um plano de ação para estabelecimento de metas e resultados. As Organizações precisam estar atentas para as validações de seus planos de curto prazo, para hoje e amanhã. Entretanto, não podem ser prejudicadas pela falta de um plano de médio e longo prazo, ou seja, devem enxergar mais longe, mas sem se perder pelo caminho.
Muitas Organizações estabelecem planos e projetos de longo prazo, mas não analisam os riscos e as condições do mercado para estabelecer e estudar os diversos cenários que podemos encontrar em um horizonte temporal maior que o ano em exercício. Os cenários hoje estudados são: Otimistas, com perspectivas de crescimento, Moderados ou Realistas, com a manutenção dos dados históricos, e os Pessimistas, com redução projetada para o próximo período em estudo. Como saber qual cenário devemos seguir?
Para Padoveze (2010) os dados para a construção de cenários são os existentes na mídia, nas publicações especializadas das associações de classe e de entidades governamentais etc. devendo ser analisados e transformados em informações que permitam indicar os caminhos mais prováveis a se seguir.
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SEÇÃO 1 Análise da estrutura de capitais
a constituição das Organizações, podemos destacar dois tipos de recursos financeiros aplicados no início de suas atividades: recursos próprios ou de terceiros. Segundo Marion (2004) capital próprio é uma origem de recursos derivados dos próprios sócios ou acionistas. Para o funcionamento das Organizações ainda necessitaremos de capital de terceiros, especialmente para o capital de giro. Neste caso, uma avaliação de seu montante e volume de recursos necessários será
GESTÃO E CONTROLE FINANCEIRO
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atividade de grande relevância para o gestor financeiro e à gestão financeira.
As diversas condições de estruturas de capitais podem ser definidas pela variação entre o volume que será distribuído, as fontes de recursos e suas aplicações na Organização. Para Sá e Sá (apud HOJI, 2010) o capital é um fundo de valores ou conjunto de bens, créditos e débitos colocados à disposição da empresa, com a finalidade de gerar resultados econômicos.
Fonte: Hoji (2010, p. 187).
Observamos que as fontes de capital podem ser próprias ou ainda de terceiros. Gitmann (2004, p. 85) explica que capital de terceiros representa todos os empréstimos a longo prazo, incluindo títulos contraídos pela empresa. Já capital próprio consiste dos recursos a longo prazo fornecidos pelos proprietários da empresa, os acionistas. Ainda existem muitas teorias sobre a estrutura ótima de capitais. Leia sobre o assunto na abordagem convencional e abordagem de Franco Modigliani e Merton Miller, conhecida como abordagem de MM, disponível no livro de HOJI, Masakazu (2010, p. 187 e 188).
As Organizações precisam estar atentas à forma como está estruturada a sua condição de capital, pois, muitas vezes, podemos obter capital de terceiros a um valor menor que o capital próprio, sendo considerada a análise do custo da oportunidade e o montante de juros sobre o capital próprio a ser resultante desta operação.
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Esquema 7 – Modelo de Estrutura de Capitais
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GESTÃO FINANCEIRA
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Não esgotaremos o assunto e tema nesta seção, assim analisaremos as possibilidades que o gestor financeiro tem para alcançar as melhores formas de financiamento deste capital de giro sem comprometer as necessidades e obrigações futuras.
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SEÇÃO 2 Capital de giro e fontes de capitais
ara darmos início aos estudos dos conceitos e importância sobre a necessidade de recursos financeiros para as Organizações, precisamos entender e conceituar as fontes de origens destes recursos, também conhecidos como capital (dinheiro). Para que uma Organização tenha seus compromissos do dia a dia cumpridos, especialmente as necessidades de curto prazo, é necessário o capital de giro, ou seja, o capital diário para que a empresa “gire”.
O volume (dimensão) deste capital de giro varia de acordo com a Organização que estamos analisando, seus produtos, o mercado em que está inserido e ainda a sazonalidade de fonte de recursos necessários para “girar”. Este volume está diariamente ligado às análises feitas pela gestão financeira nas contas a pagar e a receber da Organização. A gestão de um fluxo de caixa adequado e consistente faz com que a Organização tenha a melhor tomada de decisão e definição de seu volume (necessidade) de capital de giro. O capital de giro é um volume de recursos necessários para que a Organização possa “girar” seus negócios. São os bens efetivamente em uso, valores necessários para que a Organização possa acontecer ou “girar”; daí deriva a expressão Capital de Giro.
Segundo Padoveze (2010), o capital de giro é conhecido também como capital circulante e correspondente aos recursos aplicados em ativos circulantes, que se transformam constantemente dentro do ciclo operacional. Você pode observar que ele é o montante de recursos que gira dentro da Organização.
O Esquema 8 mostra a circulação do capital de giro em um desembolso de caixa para pagamento de compras de matéria-prima até o recebimento da venda de produtos acabados:
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Esquema 8 – Fluxo – Capital de giro no ativo circulante
Caixa
Estoque de produto acabado
Estoque de matéria-prima
Produção
Fonte: Hoji (2010, p. 108).
O capital de giro é um recurso que sempre será obtido pelas fontes de financiamento internas ou externas; estas últimas são as mais onerosas para as Organizações, pois será preciso cobrir o capital necessário e seus encargos (juros). Sendo assim, a melhor e mais adequada avaliação da necessidade deste capital está relacionada a um excelente controle de fluxo de caixa.
SEÇÃO 3 Gestão do capital de giro e do fluxo de caixa
O
que você viu até agora nesta Unidade é um ponto estratégico da gestão financeira e podemos dizer que não é uma das condições mais simples para a avaliação e tomada de decisão. As Organizações, levando em consideração seu tamanho e complexidade, têm, na mesma proporção, a necessidade de conseguir encontrar a melhor alternativa para a adequada gestão do capital de giro. As instituições financeiras e os bancos de comércio múltiplos oferecem produtos que já são previamente disponibilizados nas linhas de
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Duplicatas a receber
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GESTÃO FINANCEIRA crédito, conta corrente da Organização, determinando montantes para financiamento desta necessidade. As Organizações precisam estar atentas às demandas diárias, pois, muitas vezes, estas fontes de crédito e financiamentos são interessantes quando tratados para curtíssimo prazo.
Segundo Marion (1998, p. 380) a Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC) indica a origem de todo o dinheiro que entrou no caixa, bem como a aplicação de todo o dinheiro que saiu do caixa em determinado período e, ainda, o Resultado do Fluxo Financeiro.
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Mas o que significa fluxo de caixa?
O fluxo de caixa é um esquema gráfico (relatório) que representa as entradas e saídas de caixa ao longo do tempo. Podemos controlar de forma simples e direta as fontes de receitas e aplicações de recursos obtendo ao final de cada período a análise do saldo. Quanto ao dinheiro, você tem na sua carteira ou na sua conta bancária? Quanto era o seu saldo no início do mês em sua conta corrente? Quais foram os desembolsos ocorridos a cada dia? Qual é o seu saldo no final do mês?
Positivo ou negativo, somente uma condição é possível; assim, conhecer estas respostas é ter seu fluxo de caixa em sintonia com as suas necessidades.
Na contabilidade podemos encontrar o DFC, conhecido por ser uma peça contábil, ou um relatório fundamental para a análise da Organização, que pode evidenciar a posição financeira. O demonstrativo de fluxo de caixa permite saber quais foram as entradas e saídas de recursos financeiros (dinheiro) em um período específico nas contas de caixa, no banco e nas aplicações financeiras de liquidez imediata da Organização. A demonstração do fluxo de caixa é separada em três informações (fontes) sobre as atividades dos fluxos de caixa, sendo nesta ordem de apresentação: � Fluxo de caixa das atividades operacionais;
� Fluxo de caixa das atividades de investimento;
� Fluxo de caixa das atividades de financiamento.
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O fluxo de caixa demonstra onde os recursos financeiros da empresa foram aplicados e qual a origem destes recursos, possibilitando uma melhor gestão das entradas e saídas de dinheiro e evitando problemas futuros. Ainda, é um relatório importante para o gestor financeiro, pois facilita a análise e avaliação da capacidade de uma Organização, podendo elaborar um planejamento financeiro adequado à realidade do momento e decidir as aplicações mais vantajosas para investir os recursos financeiros da Organização.
Para Zdanowicz (2004) o fluxo de caixa é o instrumento que permite ao administrador financeiro planejar, organizar, coordenar, dirigir e controlar os recursos financeiros da sua empresa para determinado período.
O fluxo de caixa deve ser elaborado de forma que sua interpretação seja tranquila e de fácil validação por todos os usuários. Muitas Organizações elaboram fluxos de caixas complexos, com riqueza de detalhes, mas sem validação das informações, assim torna-se apenas mais um relatório cheio de dados e nenhuma informação para a tomada de decisão. A demonstração do fluxo de caixa pode seguir duas formas: método direto e método indireto. Para Warren, Reeve e Fess (2008) a principal vantagem do método direto é que ele reporta as origens e aplicações de caixa na demonstração e sua desvantagem é que dados importantes podem não estar disponíveis de imediato. Quadro 3 – Fluxo de caixa: método direto e indireto
Método Direto Fluxos de caixa das atividades operacionais: Entradas de caixa de clientes $7.500 Saídas de caixa para pagamentos de despesas e de fornecedores $4.600 Fluxo de caixa líquido das atividades operacionais $2.900
Fonte: Warren, Reeve, Fess (2008, p. 470).
Método Indireto Fluxos de caixa das atividades operacionais: Resultado líquido $7.500 Aumento em contas a pagar $4.600 $3.450 (-) Aumento em suprimentos $ 500 Fluxo de caixa líquido das atividades operacionais $2.900
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O fluxo de caixa torna o demonstrativo de gestão do capital de giro muito mais transparente e de fácil interpretação para as condições de superávit e déficit de recursos do caixa.
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GESTÃO FINANCEIRA No método direto as origens de caixa são principalmente o recebimento de vendas e as aplicações de pagamentos de fornecedores e salários, entre outras. No método indireto demonstramos o fluxo operacional, começando pelo lucro líquido, ajustes de receitas e despesas, estas que não envolvem entradas e saídas.
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Aqui observamos que o fluxo de caixa e a previsão de capital de giro são condições específicas da gestão financeira e que suas condições organizacionais devem ser levadas a um nível de interpretação que possa dar segurança ao tomador de decisão no momento certo, tanto para investir quanto para buscar créditos.
As Organizações necessitam que cada vez mais a tomada de decisão seja realizada com base em informações seguras e precisas, que possam ainda ter a temporalidade e rastreabilidade suficiente, ou seja, no tempo certo (sem atrasos), bem como com a possibilidade de retroagir em busca da fonte desta informação, indo direto à base de dados.
Alguns sistemas encontrados no mercado de software possuem características de sistema de apoio ao controle e/ou de gestão, mas todos os dados que serão lançados no software devem seguir as características já mencionadas acima. Temos Organizações que possuem softwares de elevado valor de compra, implantados com elevadas customizações, mas sem foco e com dados pouco confiáveis, dando ao gestor insegurança e dúvida no momento de tomar a decisão. Segundo Padoveze (2009, p. 45) os sistemas de suporte a decisão devem ser dinâmicos, flexíveis, possuir interação homem/máquina, suporte à decisão e auxílio nas previsões sobre o futuro.
Os controles de fluxo de caixa podem ser por lançamentos diários, semanais ou mensais; estes devem variar de acordo com a complexidade e tamanho da Organização, podendo ainda ser uma ferramenta de avaliação de retorno sobre um investimento, mas este será assunto de outra seção desta Unidade. Para termos um conceito específico da necessidade do fluxo de caixa, bem como a gestão deste documento financeiro, vamos avaliar a opinião de Assaf Neto e Silva (2002, p. 39) que afirmam: Contextos econômicos modernos de concorrência de mercado exigem
das empresas maior eficiência na gestão financeira de seus recursos, não
cabendo indecisões sobre o que fazer com eles. Sabidamente, uma boa gestão dos recursos financeiros reduz substancialmente a necessidade de capital de
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giro, promovendo maiores lucros pela redução principalmente das despesas financeiras. Em verdade, a atividade financeira de uma empresa requer acompanhamento permanente de seus resultados, de maneira a avaliar
seu desempenho, bem como proceder aos ajustes e correções necessários. O objetivo básico da função financeira é prover a empresa de recursos de
caixa suficientes de modo a respeitar os vários compromissos assumidos e promover a maximização de seus lucros.
V
ocê agora já tem base suficiente de conhecimento para podermos tomar algumas decisões, mas ainda nos resta estudar como o dinheiro tem variação no tempo. Nesta sociedade capitalista, cada vez mais as Organizações buscam melhores resultados, e em busca de melhores resultados, apresentam cada vez mais metas ousadas para seus gestores, sendo que, na busca destas metas, todos precisam entender o quanto pode variar o capital no tempo. Na gestão financeira e mesmo em nossa vida pessoal, sempre estamos em busca de melhores resultados para nossas aplicações, a todo o momento precisamos avaliar qual é o benefício de investir dinheiro em determinado sistema e qual será o retorno depois de certo período. Avaliamos o quanto será investido e qual será o montante de retorno após o período do investimento. Por este lado, dizemos que, de acordo com a decisão que tomarmos, o dinheiro tem valores financeiros diferentes no tempo, ou seja, hoje determinado montante pode valer mais ou menos de acordo com o que foi feito neste período de análise.
Em tempos modernos, vivemos em constantes variações de moedas, muitas vezes, provocados pela variação da inflação. Vamos avaliar três condições sobre este aspecto da variação do dinheiro no tempo: 1ª condição – o montante em dinheiro na mão hoje pode ser investido, rendendo juros, de modo que você terminará com mais dinheiro no futuro;
2ª condição – o montante em dinheiro tem o poder de compra e pode mudar no tempo devido à inflação; 3ª condição – o montante em dinheiro hoje pode ter receita esperada no futuro que é, em geral, incerta.
Veja que estamos falando de mais uma decisão da gestão financeira.
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SEÇÃO 4 Variação do capital no tempo
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Portanto, onde investir os resultados positivos da Organização, o lucro?
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Para esta resposta, não são poucas as decisões e variações que devemos levar em consideração, pois uma decisão tomada frente a uma falta de avaliação dos riscos, pode ser fator predominante para o fracasso de uma Organização em seu processo de continuidade.
Por outro lado, devemos avaliar o mesmo risco no momento de escolher linhas de créditos para financiar a Organização. O dinheiro tem variação da mesma forma, e como já vimos em outra seção e unidade, quando buscamos recursos no mercado financeiro para financiamentos nos custa muito mais do que quando vamos disponibilizar recursos para investimentos. Sempre nos perguntamos, será que vale a pena comprarmos US$ 1,00 (um dólar) hoje? Quanto ele valerá daqui a determinado tempo na data da venda deste valor investido? Ou, ainda, será que é melhor aplicar tudo na poupança?
Para entendermos a variação do dinheiro no tempo precisamos desenhar a linha do tempo desta movimentação:
Esquema 9 – Linha do Tempo
Fonte: o autor.
Se observarmos a linha do tempo no valor presente sugerido de R$ 100,00, qual será o montante acrescido ou reduzido após três períodos (estes períodos podem ser dias, meses, trimestres e/ou anos) para o valor futuro? Esta variação pode ser calculada por meio de fórmulas da matemática financeira pela variação dos juros, inflação e deflação, qualquer outra variação que tenha interferência no valor do montante no valor presente que seja variável no tempo em relação ao valor futuro.
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Desenhar a linha do tempo, como fizemos no Esquema 9, é importante quando estamos aprendendo conceitos de variação do dinheiro no tempo. Deste modo, ela nos fornece uma equação que deve ser resolvida para encontrarmos a melhor resposta. Agora você precisa entender como desenvolvemos a equação sobre a variação do dinheiro no tempo; para nos auxiliar, resgataremos a fórmula dos juros sobre capital aplicado:
J=Cxixn
C = capital investido; i = taxa de juros;
n = período do investimento. Veja o exemplo.
EXEMPLO
Foi realizada a aplicação de R$ 100,00 no mês de janeiro e queremos saber qual é o juro após três meses, sendo a taxa mensal de juros de 10% a.m. (lê-se ao mês). J = C x i x n J = 100,00 x 0,1 x 3 J = 30,00 Agora precisamos saber qual é o valor futuro, assim precisamos encontrar a soma do Capital e Juros, o que denominamos Montante (M): M = C + J Para o nosso exemplo teremos: M = 100,00 + 30,00 M = R$ 130,00
Portanto, se aplicarmos R$100,00 (valor presente) no mês de janeiro, com uma taxa de juros de 10% a.m., teremos no mês de março R$ 130,00 (valor futuro). E para facilitar os cálculos podemos reduzir a fórmula para: M = C x (1 + (i x n))
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J = Juros;
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GESTÃO FINANCEIRA Esta forma de cálculo da variação do dinheiro no tempo é conhecida como juros simples, ou ainda, taxa linear, na qual os juros são somados ao montante final após o período de aplicação. No mercado financeiro e comércio, esta forma é utilizada para operações financeiras de curtíssimo prazo e curto prazo, geralmente de um dia a um mês. Para períodos maiores a forma já é feita para calcular os juros não pagos sendo acrescidos ao capital, ou seja, existe a incidência de juros sobre juros, acompanhe o exemplo a seguir:
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EXEMPLO
Foi realizada a aplicação de R$ 100,00 no mês de janeiro e queremos saber qual é o montante final (valor futuro) após três meses, sendo a taxa mensal de juros de 10% a.m. (lê-se ao mês). J = C[(1+i)n – 1] J = 100,00[(1+0,1)3 – 1] J = R$ 33,10 Veja que o cálculo do juro simples resultou em R$ 30,00, já nos juros compostos R$ 33,10. Esta prática de cálculos de juros é aplicada no mercado financeiro na maioria das linhas de crédito e financiamentos, em que varia a taxa de juros a ser aplicada em cada linha, lembrando que sempre será maior nas linhas de financiamento e crédito e sempre menor nas linhas de investimentos. Agora para calcular direto o montante (valor futuro) do exemplo, teremos: M = C (1 + i)n M = 100,00 (1 + 0,1)3 M = R$ 133,10
Se estivermos para receber um valor no futuro, o melhor seria fazê-lo pelos juros compostos, mas se é para pagar prefira o cálculo dos juros simples.
Agora já podemos entender o quanto o dinheiro tem variação no tempo e quais são as formas de calcular as possibilidades de ganhos ou perdas; vale observar que em todas as linhas de variação no tempo, existe o risco. Para Hoji (2010) o risco existe em todas as atividades empresariais. Tudo o que é decidido hoje, visando um resultado futuro, está sujeito a algum grau de risco. Somente o que já aconteceu está livre de risco, pois é um “fato consumado”.
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A gestão destes riscos é um processo delicado, pois envolve decisões de aceitar um perigo em potencial conhecido ou, melhor, a possibilidade de amenizá-lo. Segundo Hoji (2010) a gestão de risco é muito importante em qualquer Organização, pois num mercado globalizado, um fato econômico ocorrido na Ásia (do outro lado do mundo) provoca reflexos imediatos na economia brasileira. Na gestão financeira não há forma de eliminar o risco a “zero”, o que pode ser feito é um bom mapeamento e planejamento das condições para a necessidade de recursos financeiros e assim encontrar a melhor taxa de retorno sobre o movimento que se deseja na Organização. Segundo Ross, Westerfield e Jaffe (2002) a parcela inesperada da taxa de retorno, aquela que decorre de surpresas, é o risco autêntico de qualquer investimento. Afinal de contas, se já tivéssemos conseguido o que esperávamos não poderia haver qualquer risco ou incerteza.
Por mais complexo que seja o assunto, precisamos sempre estar abertos a compreender as opiniões e experiências de cada condição avaliada. Por se tratar de uma decisão financeira, envolvendo resultados e montantes empresariais que podem alavancar ou afundar um negócio, todas as possibilidades de validação das técnicas já discutidas são necessárias, pois nunca devemos deixar algo fora. Fazer um planejamento orçamentário e financeiro é importante também para conhecer os riscos e desenharmos cenários, mas isto ficará para outra seção e outra unidade. Para avaliarmos uma decisão da gestão financeira podemos aceitar as suas decisões de aplicações e resgates de aplicações com a análise do valor do dinheiro no tempo. Mas agora devemos calcular o valor presente de determinado montante futuro.
O valor presente corresponde ao valor futuro descontado à determinada taxa de juros (HOJI, 2010, p. 73), que pode ser calculado pela fórmula:
VP = VF / (1 + i)n
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Desta forma, em todas as decisões envolvendo a gestão financeira e a variação do dinheiro no tempo, precisamos analisar e esgotar o maior número de possibilidades de riscos no período a ser realizada a análise. Os riscos podem ser considerados sistemáticos, aqueles que afetam todas as Organizações ao mesmo tempo, por exemplo, uma inflação de 10% a.m. O outro é um risco não sistemático, pois afetará algumas Organizações de determinados segmentos, por exemplo, a inovação de uma máquina que realizará em menos tempo a produção de determinada atividade em comparação à máquina utilizada atualmente.
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GESTÃO FINANCEIRA EXEMPLO
Para exemplificar seria como termos um título que tem vencimento em 60 dias, no valor de R$ 600,00, com taxa de 10% a.m. Sendo assim, precisamos calcular o valor caso tivéssemos como liquidá-lo hoje. VP = 600 / (1 + 0,1)3 VP = 600 / 1,331 = R$ 450,79
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Observamos que caso tivéssemos o valor de R$ 450,79 nossa dívida seria reduzida em R$ 149,21, ou seja, 24,87% a menos. Desta forma, o gestor financeiro elabora seu fluxo de caixa para avaliar a variação do dinheiro na linha do tempo. Aproveite para pesquisar sobre as relações e condições da administração financeira e da matemática financeira. Aumente seu conhecimento com a leitura das obras constantes na lista de referências.
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SEÇÃO 5 Tributação
odos os dias é possível abrir um noticiário e observar as seguintes condições, as quais estão demarcadas em vermelho na imagem a seguir:
Imagem 1 – Exemplos de notícias da Revista Veja
Fonte: revista Veja ([2012 ou 2013]).
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Segundo fonte de pesquisa da revista Veja – eletrônica ([2012 ou 2013]), O Brasil tem a carga tributária mais pesada entre os países emergentes e mais alta até que Japão e Estados Unidos. Só fica atrás para o bem-estar social europeu, onde o imposto é alto, mas a contrapartida do governo,
Desta forma, não podemos deixar de avaliar as condições e impactos desta carga tributária nas Organizações e seus reflexos na gestão financeira. As Organizações devem estar preparadas para a contribuição e pagamento destes tributos, que, tecnicamente, conhecemos como Planejamento Tributário. Todos os tributos são regulamentados por leis e instruções normativas por meio das três esferas do poder executivo e legislativo, sendo: prefeituras, estados e governo federal. Imagem 2 – O Elefante dos Impostos
Fonte: revista Veja ([2012 ou 2013]).
Para conhecer cada um destes 63 impostos vamos relacioná-los a seguir de acordo com cada esfera:
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altíssima.
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GESTÃO FINANCEIRA MUNICIPAL 1 Contribuições de Melhoria;
2 Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU); 3 Imposto sobre Serviços (ISS);
4 Imposto sobre Transmissão de Bens Intervivos (ITBI); 5 Taxa de Coleta de Lixo;
6 Taxa de Combate a Incêndios;
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7 Taxa de Conservação e Limpeza Pública;
8 Taxa de Emissão de Documentos (níveis municipais, estaduais e federais); 9 Taxa de Iluminação Pública;
10 Taxa de Licenciamento e Alvará Municipal. ESTADUAL 1 ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços);
2 Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA); 3 Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD); 4 Contribuições de Melhoria;
5 Taxas do Registro do Comércio (Juntas Comerciais). FEDERAL 1 Contribuição à Direção de Portos e Costas (DPC);
2 Contribuição ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) – "Salário Educação";
3 Contribuição ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA); 4 Contribuição ao Seguro Acidente de Trabalho (SAT);
5 Contribuição ao Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena Empresa (Sebrae);
6 Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado Comercial (SENAC); 7 Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado dos Transportes (SENAT);
8 Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado Industrial (SENAI); 9 Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado Rural (SENAR);
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10 Contribuição ao Serviço Social da Indústria (SESI);
11 Contribuição ao Serviço Social do Comércio (SESC);
12 Contribuição ao Serviço Social do Cooperativismo (SESCOOP); 13 Contribuição ao Serviço Social dos Transportes (SEST); 14 Contribuição Confederativa Laboral (dos empregados); 15 Contribuição Confederativa Patronal (das empresas); 16 Contribuição Sindical Laboral;
17 Contribuição Sindical Patronal;
19 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL);
20 Contribuições aos Órgãos de Fiscalização profissional (OAB, CREA, CRECI, CRC etc.); 21 Contribuições de Melhoria;
22 Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (FUST); 23 Fundo Aeronáutico (FAER);
24 Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS); 25 Imposto de Renda (IR pessoa física e jurídica); 26 Imposto sobre a Exportação (IE); 27 Imposto sobre a Importação (II);
28 Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR); 29 Imposto sobre Operações de Crédito (IOF);
30 Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);
31 Contribuição Previdenciária – INSS: Empregados, Autônomos, Empresários e Patronal;
32 Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (FUNTTEL); 33 Fundo Nacional da Cultura;
34 Programa de Integração Social (PIS) e Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP); 35 Taxa Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM); 36 Taxa Ambiental;
37 Taxa de Autorização do Trabalho Estrangeiro;
38 Taxas ao Conselho Nacional de Petróleo (CNP); 39 Taxas CVM (Comissão de Valores Mobiliários);
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18 Contribuição Social sobre o Faturamento (COFINS);
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GESTÃO FINANCEIRA 40 Taxas de Outorgas (Radiodifusão, Telecomunicações, Transporte Rodoviário e Ferroviário etc.); 41 Taxas IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente); 42 Contribuição ao Funrural;
43 Taxas de Fiscalização da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) Lei 9.961; 44 Taxa de Pesquisa Mineral DNPM (Portaria Ministerial 503/99);
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45 Contribuição de 10% sobre o montante do FGTS em caso de despedida sem justa causa (Lei Complementar 111/2001);
46 Contribuição de 0,5% sobre o total da folha de pagamento (Lei Complementar 111/2001);
47 Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) sobre Combustíveis, Royalties e Energia Elétrica;
48 Taxa de Fiscalização e Controle da Previdência Complementar (MP 235/04). Como pôde perceber são vários os impostos a serem estudados, mas a ementa deste componente curricular não contempla a gestão tributária, que pode ser foco de outro componente curricular e/ou área, mas na gestão financeira não podemos desprezar este volume de desembolsos controlados por meio de um Planejamento Tributário. O Planejamento Tributário tem a responsabilidade de diminuir o impacto dos impostos sobre as empresas e racionalizar a arrecadação de tributos nos níveis municipal, estadual e federal. O objetivo do planejamento tributário é o aumento da lucratividade empresarial, o crescimento da economia e da sociedade como um todo, além de contribuir para uma governança tributária mais eficiente e inteligente para as empresas, governos e organizações (IBPT, 2013).
É muito comum encontrarmos empresários que reclamam dos inúmeros desembolsos de seus caixas para pagamentos de guia de impostos, mas poucos são aqueles que se preocupam em analisar de forma técnica cada imposto que é regulamentado para seu produto, segmento e Organização. O Planejamento Tributário não tem a função de provocar problemas com a legislação, mas com base em um princípio constitucional, dentro da lei, o contribuinte pode agir no seu interesse. Sendo assim, poder planejar o pagamento de tributos é tão essencial quanto planejar seu negócio, desenvolver seu produto e ainda elaborar o seu fluxo de caixa.
Fazer planejamento tributário é seguir o conceito de elisão fiscal, existe uma vontade clara e consciente do legislador de dar ao contribuinte determinados benefícios fiscais. Os incentivos fiscais são exemplos típicos de elisão induzida por lei, uma vez que o próprio texto legal dá
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aos seus destinatários determinados benefícios. É o caso, por exemplo, dos Incentivos à Inovação Tecnológica (Lei 11.196/2005).
Algumas Organizações estão realizando evasão fiscal, considerada a economia de impostos alcançada por meio e formas ilícitas, muito diferentes da elisão que é uma forma de economizar, ou seja, reduzir os encargos tributários por meios lícitos. Segundo Maria Helena Diniz (2008, grifo do autor), no seu Dicionário Jurídico, elisão fiscal é:
“[...] o procedimento lícito que se realiza antes de ocorrer o fato gerador do
sujeitos da relação jurídica pretendem obter finalidade diversa da do negócio efetivado”, portanto é uma economia tributária lícita.
Ainda, a mesma autora e na mesma obra, define evasão fiscal, como:
[...] ato comissivo ou omisso, de natureza ilícita, praticado com o escopo de
diminuir ou eliminar a obrigação tributária, mediante, por exemplo, fraude fiscal ou adulteração de documentos.
Para todas as Organizações constituídas no Brasil, segmentadas por seus regimes tributários, é necessário conhecer sua carga tributária, realizar o seu planejamento de forma lícita e legal, observadas as possibilidade de ganhos por meio da elisão fiscal.
AUTOAVALIAÇÃO 2 1 Na constante busca de melhores resultados para a Organização, como pode a gestão financeira estar preparada para as adversidades do mercado?
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tributo, visando à economia fiscal. É um negócio jurídico indireto, em que os
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2 De forma análoga à miopia explicada por Amarylliz Avakin, por que algumas empresas tem visão míope de seu negócio?
3 A Organização sempre deve estar atenta às diversidades e influências do mercado em relação ao futuro. Algumas empresas elaboram plano de atuação de longo prazo sem considerar estas diversidades. Quais são os modelos de cenários que podemos encontrar?
4 De acordo com cada Organização, esta será constituída de duas fontes de capitais. Quais são as fontes de capitais para o início das atividades de uma Organização?
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6 A necessidade de capital de giro é a mesma em todos os sentidos ou seu volume está relacionado a determinados fatores da Organização?
7 Segundo Marion (1998), a demonstração do fluxo de caixa indica movimentação de recursos dentro da Organização. Com base nesta afirmação, qual é o conceito de fluxo de caixa?
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5 Qual é a definição de capital de giro?
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8 É possível que o valor do dinheiro tenha variação no tempo? De acordo com sua resposta e justificativa, qual será o valor de R$ 100,00 após 6 meses, se a taxa de mercado é de 5% a.m.?
9 De acordo com o conceito de Planejamento Tributário, explique os termos elisão e evasão fiscal.
Nesta Unidade você observou as variáveis que a gestão financeira precisa conhecer e dominar e que ela precisa estar atenta aos riscos do mercado, seja ele financeiro ou mercadológico globalizado. Sem contar com as condições de variação do dinheiro no tempo e as possibilidades de ganhos por meio de um bom planejamento. Não podemos esquecer que a todo o momento o termo planejamento será usado, dada a sua importância em todas as esferas organizacionais, especialmente no que se refere a um bom planejamento tributário.
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Unidade 4 PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO E FINANCEIRO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Ao final desta unidade, você terá condições de:
CONHECER os conceitos de orçamentos; APRENDER as ferramentas e técnicas aplicadas no planejamento orçamentário; VALIDAR a teoria da estrutura dos orçamentos; COMPREENDER como funciona o sistema orçamentário de uma Organização.
ROTEIRO DE ESTUDO Com o objetivo de alcançar o que está proposto a esta unidade, o conteúdo está dividido nas seguintes seções:
SEÇÃO 1
SEÇÃO 2
SEÇÃO 3
Análise orçamentária
Planejamento de vendas, produção e despesas
Análise demonstrativa para fluxo de caixa e resultado do exercício
SEÇÃO 1 Análise orçamentária
PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO E FINANCEIRO
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PARA INICIAR NOSSOS ESTUDOS É possível dizer que a capacidade de pensar distingue o homem racional do animal irracional. Se esta afirmação é verdadeira, sendo possível pensar, podemos também planejar e, se podemos planejar, somos capazes de estabelecer planejamentos futuros e metas de longo prazo. Uma afirmação menos contestável seria a de que o planejamento tem por objetivo estabelecer o que diferencia o fracasso do sucesso organizacional.
Os orçamentos não apenas permitem aos gestores preverem os problemas futuros como também servem de padrões de avaliação da eficiência à medida que a Organização se desenvolve. Devemos analisar o orçamento como uma atividade da gestão financeira, muitas vezes, relacionado à controladoria, mas que, para que seja eficiente, não deve ser elaborado entre quatro paredes dentro de um setor específico, para depois ser imposto a quem irá executá-lo. É necessário que diante dos objetivos propostos pela alta direção, o plano orçamentário seja elaborado a partir das pessoas que detenham informações relevantes e posições estratégicas. Você acredita que o planejamento orçamentário seja uma ferramenta da administração para o sucesso da Organização?
Segundo Moreira (apud HOJI, 2010) orçamento geral é:
[...] um conjunto de planos e políticas que, formalmente estabelecidos e
expressos em resultados financeiros, permite à administração conhecer os resultados operacionais da empresa e, em seguida, executar os
acompanhamentos necessários para que esses resultados sejam alcançados e os possíveis desvios sejam analisados, avaliados e corrigidos.
Precisamos entender que os planejamentos podem ser divididos em três níveis: � Planejamento estratégico; � Planejamento tático;
� Planejamento operacional.
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A gestão financeira, ou ainda, a administração financeira deve passar a pensar no futuro de forma coordenada. Sendo assim, o processo orçamentário é um instrumento da administração útil em todas as fases de operação das Organizações.
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GESTÃO FINANCEIRA Figura 1 – Níveis de planejamento
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Fonte: o autor.
Cada planejamento acontece em um determinado nível da estrutura organizacional e possui direcionamentos específicos para as metas da Organização. O Planejamento Estratégico estabelece as diretrizes de longo prazo, bem como a visão e a missão organizacional, ainda possui características específicas de acordo com o segmento de mercado e estratégias estabelecidas pela alta direção.
O Planejamento Tático está relacionado aos planos de ação estabelecidos para a execução das estratégias organizacionais; este é desenvolvido pelo nível gerencial que cumpre seu papel de viabilizar e controlar as suas execuções no nível operacional. Já o Planejamento Operacional, foco desta Unidade, tem a finalidade de implantar as estratégias estabelecidas para maximizar os recursos financeiros da Organização a serem aplicados nas operações de determinado período. Este planejamento orçamentário operacional tem que expressar, quantitativamente, as necessidades de vendas, produção e gastos gerais.
T
SEÇÃO 1 Análise orçamentária
odos os planos orçamentários precisam iniciar com a análise e um pleno estudo dos cenários que podem ocorrer no futuro, especificamente, para o período em que estamos planejando.
Os planos orçamentários podem ser considerados uma das mais importantes ferramentas de gestão financeira, apoiados e elaborados
PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO E FINANCEIRO
67
pela controladoria e contabilidade gerencial (PADOVEZE; TARANTO, 2009).
Diariamente, podemos observar, em vários meios de comunicação, a palavra: orçamento, muito utilizada para descrever certo planejamento de futuro sobre o que estamos vivenciando hoje. Segundo Padoveze e Taranto (2009) plano orçamentário é um processo de planejamento caracteristicamente de curto prazo, que tem como referência estrutural o sistema de informações contábil.
O orçamento anual é realizado em conjunto por todas as áreas da Organização, para que seja único, realista e direto. Não devemos elaborar orçamentos isoladamente, pois desde a sua elaboração, até a sua validação, em todas as etapas haverá o envolvimento e a participação de todos.
O processo de elaboração e confecção de um plano orçamentário deve seguir uma sequência preestabelecida e de responsabilidade do “controller”. Neste caso, caberá ao responsável pela elaboração a disseminação de uma cultura orçamentária, pela Organização.
As etapas de elaboração serão estudadas e conhecidas nas próximas seções. O importante é que a sequência seja sempre seguida, pois uma etapa dependerá da conclusão de sua antecessora.
SEÇÃO 2 Planejamento de vendas, produção e despesas
P
ara a elaboração do planejamento orçamentário devemos seguir uma sequência de etapas para sua validação, conforme mostra o Esquema 10:
P L A N E J A M E N T O O R Ç A M E N TÁ R I O E F I N A N C E I R O
Ao realizar o planejamento orçamentário anual, a Organização passa a ter uma gestão, tanto quantitativa quanto qualitativa, de seus processos operacionais, financeiros e de recursos humanos, para algumas Organizações, com objetivo de maximização do lucro.
68
GESTÃO FINANCEIRA Esquema 10 – Fluxo da Elaboração do Orçamento
G E S TÃ O F I N A N C E I R A
Fonte: o autor.
O plano orçamentário é composto por três bases de planejamento e por três relatórios de análise. As três bases de planejamento são formadas pelo orçamento de vendas, orçamento de produção e orçamento de despesas; dependendo da complexidade da Organização exigirá alto grau de detalhamento na elaboração. Já os relatórios de análise são o Demonstrativo de Fluxo de Caixa Projetado (DFC), o Demonstrativo de Resultado do Exercício Projetado (DRE) e o Balanço Patrimonial Projetado (BP).
Orçamento de Vendas O Orçamento de Vendas é o mais importante de todos, pois servirá de base para que todos os demais sejam elaborados ou planejados. É considerado o ponto de partida para todos os demais processos de planejamento e sua importância está relacionada à percepção de demanda de seus produtos para o mercado, ou seja, o quanto poderemos vender para o período que será orçado. É possível afirmar que o volume de vendas é o fator limitante para todo o processo orçamentário (PADOVEZE; TARANTO, 2009). São necessários vários estudos e análises antes mesmo de iniciarmos o orçamento de vendas. Daremos importância a várias condições internas e externas da Organização, validando todas as possibilidade de variações, cenários e outras condições e aspectos gerais que devem ser minuciosamente levantados e analisados. Observe no esquema a seguir as etapas para elaboração do orçamento de vendas:
PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO E FINANCEIRO
69
Esquema 11 – Etapas para elaboração do orçamento de vendas
Identificação dos produtos a serem vendidos. Determinação de critérios para orçamento (por modelo ou por linha). Identificaçaõ de mercados (regiões MI e ME).
Determinação do preço para cada produto orçado. Determinação de forma de pagamento (vista e a prazo). Determinação de possíveis variações de preço.
Possibilidade de inclusões de novos produtos e acessórios. Incorporações e variações por sazonalidades. Determinação de impostos sobre a venda Determinação de políticas de crédito. Projeção de inadimplências.
Fonte: adaptado de Padoveze e Taranto (2009, p. 112).
Entre outras de acordo com a Organização.
A fase inicial, após as análises já comentadas, consiste em encontrar a quantidade ideal de produtos a serem vendidos no período que está sendo orçado. Este talvez seja outro importante fator, e não podemos deixar de dizer, de elevado grau de dificuldade, pois serão estimados os volumes de produtos a serem vendidos. Esta dificuldade pode ser natural, devido às variações de mercado, as possibilidade de sazonalidades, tanto de vendas quanto de outro fator preponderante no produto, e de acordo com o tipo de produto e organização, muitas vezes, são utilizados métodos estatísticos para estes cálculos.
P L A N E J A M E N T O O R Ç A M E N TÁ R I O E F I N A N C E I R O
Análise - Orçamento de Vendas
Determinação de quantidades a serem orçadas.
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GESTÃO FINANCEIRA Padoveze e Taranto (2009) explicam que o método estatístico consiste em utilizar modelos estatísticos de correlação e análise setorial com base em recursos computacionais ou menos diretos de análise de tendências. Os métodos adotados pelas Organizações podem usar diferentes critérios, ou seja: � Correlação com o crescimenbto do setor e ou PIB;
� Análise de tendências – regressão linear, mínimos quadrados; � Combinação dos dois anteriores; � Pesquisa de mercado;
G E S TÃ O F I N A N C E I R A
� Outras técnicas estatísticas.
Independentemente do método a ser utilizado pela Organização, sempre devemos analisar as projeções em relação aos cenários futuros do mercado. Para crescimento, determinaremos como cenário otimista, para uma manutenção das condições será avaliado como realista, mas para uma possibilidade de redução das condições históricas, determinaremos de pessimista. Após a finalização de todos os estudos, encontraremos as quantidades a serem vendidas para o período orçado. Agora, os próximos passos serão determinar o preço de vendas e suas possibilidades de variações ao longo do período orçado e, por meio da legislação pertinente ao produto e organização, definiremos os impostos a serem previstos (projetados). Esquema 12 – Orçamento de vendas
Previsão de Vendas ( Quantitativo e Financeiro ) Previsão 2.200 unidades / mês
Previsão do Preço de Vendas por Unidade Prevista ( R$ ) mensal Preço R$ 100,00 por unidade
Receita R$ 220.000,00
Impostos sobre as Vendas ( estimado 35% ) R$ 35,00 por unidade
R$ 77.000,00
Receita Líquida das Vendas
Fonte: o autor.
R$ 65,00 por unidade
R$ 143.000,00
PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO E FINANCEIRO
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Orçamento de Produção O Orçamento de Produção é elaborado a partir das informações originadas do orçamento de vendas; em alguns casos podemos encontrar uma única condição contrária, ou seja, quando a capacidade instalada é um fator limitante, assim o orçamento de vendas deverá iniciar após a identificação da capacidade de produção, gerando, neste caso, a possibilidade da necessidade de orçamento de investimento, mas deixaremos para outra seção esta última condição.
Padoveze (2010) explica que o orçamento de produção é quantitativo, ou seja, é elaborado em quantidades dos produtos a serem fabricados e é fundamental para a programação operacional da Organização. Dele decorre o orçamento de consumo e compra de materiais diretos e indiretos, bem como ele é a base de trabalho para os orçamentos de capacidade e logística. A etapa de elaboração do orçamento de produção é feita por meio de duas informações importantes que você precisa conhecer: 1 Orçamento de vendas em quantidade de produtos a serem vendidos; 2 Política de estocagem de produtos acabados.
Portanto, a diferença entre a quantidade a ser vendida, a quantidade existente e a política de estocagem nos resultará na quantidade a ser produzida por período de orçamentação. A quantidade de vendas já é conhecida pelo orçamento de vendas e a política de estocagem deve ser definida pela organização e em alguns casos também é uma das estratégias de mercado, de acordo com a sua complexidade e tamanho.
A política de estoque para produtos acabados em algumas Organizações é estratégica. O negócio da Organização é ter produtos acabados sempre à mão, para pronto atendimento ao cliente (PADOVEZE, 2010, p. 79). A definição do volume de produtos acabados que devemos estabelecer na política de estoque geralmente é definido em dias de vendas. As quantidades devem ser sufientes para manter o mínimo de produtos acabados em estoque, buscando o mínimo investimento de capital de giro, sendo que esta política deve ser adotada para materiais e insumos. Para o cálculo da previsão de produção utilizaremos a fórmula:
P L A N E J A M E N T O O R Ç A M E N TÁ R I O E F I N A N C E I R O
O orçamento de produção está relacionado à produção em quantidade de produtos a serem fabricados para a programação operacional da Organização. Agora as validações do orçamento estarão direcionadas em unidades físicas de produção para, assim, prever as necessidades de materiais diretos e indiretos, insumos, além da mão de obra a ser utilizada.
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GESTÃO FINANCEIRA
P = V – EI + EF P = previsão de produção V = previsão de vendas
EI = estoque inicial (oriundo do mês anterior)
EF = estoque final (a ser definido pela política de estocagem) Veja como este cálculo é feito utilizando a continuidade de nosso Orçamento de vendas, no Esquema 12, como segue: Esquema 13 – Orçamento de produção
Planejamento de Vendas
G E S TÃ O F I N A N C E I R A
Quantidade Mês
2.200 unidades Estoque Final
Política de Estoque
500 unidades Estoque Inicial
Mês anterior
500 unidades
Planejamento de Produção
Fonte: o autor.
P = V - EI + EF Produção = 2.200 - 500 + 500 = 2.200 unidades
Após os cálculos do volume de produção, devemos calcular a necessidade de recursos materiais e humanos para a produção. Estes cálculos devem levar em consideração as necessidades unitárias de produção, ou seja, qual é a necessidade de materiais diretos e indiretos para produzir a unidade de produto acabado, bem como o tempo a ser gasto para a produção unitária e total, para calcular a necessidade de mão de obra.
PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO E FINANCEIRO
73
Vamos iniciar pelos cálculos da necessidade de materiais diretos e indiretos. Para estes cálculos serão necessárias as informações da composição do produto. Segundo Padoveze (2010) materiais diretos são aqueles intrinsecamente ligados à estrutura do produto. Já materiais indiretos são aqueles necessários para o processo fabril e o processo comercial, bem como atender aos departamentos de apoio.
Ainda necessitaremos identificar os custos indiretos de fabricação (CIF). Para Hoji (2010), no orçamento operacional os custos indiretos de fabricação têm a finalidade de apurar o montante de custos que participam indiretamente da fabricação do produto. A apropriação dos custos indiretos de fabricação deve ser realizada de acordo com o critério preestabelecido pela Organização. Esquema 14 – Fluxo de Produção Produto A
Conjunto 1F
PRODUTO A
Conjunto 2C
Componente comprado 1.1 Horas de produção
Subcojunto 1F
Horas de produção
Componente comprado 2
Peça 1
Horas de produção
Subconjunto 2c Montagem final
Fonte: o autor.
CIF apropriados ao Produto A
Componente comprado 1A
Horas de produção
Matéria-prima 1.1 Horas de produção
P L A N E J A M E N T O O R Ç A M E N TÁ R I O E F I N A N C E I R O
Para a análise de materiais diretos e indiretos devemos verificar a sua composição, identificando todas as partes e componentes com os quais se pode compor a sua estrutura. No cálculo de volume da mão de obra, devemos considerar o tempo gasto de sua confecção em cada etapa de seu processo.
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GESTÃO FINANCEIRA Quadro 4 – Descrição das etapas de produção do Produto A
Descrição do fluxo:
O Produto A é formado por dois grandes conjuntos: 1F e 2C.
O conjunto 1F é formado pelo componente 1.1 e o Subconjunto 1F O subconjunto 1F é formado do componente 1 A e a peça 1. A peça 1 é produzida a partir da matéria-prima 1.1.
O Conjunto 2C é formado pelo componente 2 e subconjunto 2C.
O CIF deve ser apropriado de acordo com critérios preestabelecidos.
Fonte: adaptado de Padoveze (2004, p. 114).
G E S TÃ O F I N A N C E I R A
EXEMPLO
Vamos calcular, em nosso exemplo já iniciado desde o planejamento de vendas, a necessidade de materiais diretos e indiretos, a mão de obra e a apropriação dos custos indiretos de fabricação para nosso produto exemplo. Com base nos dados levantados da composição produto, conforme Esquema 13, daremos início aos cálculos do custo de produção.
a) Necessidade de materiais diretos (matéria-prima) Cada produto necessita de cinco partes de matéria-prima, sendo assim, para 2.200 unidades necessitaremos de 5 x 2.200 unidades = 11.000 unidades de matéria-prima. O custo de compra de matéria-prima é de R$ 2,00 por unidade, sendo assim para 11.000 unidades necessitaremos de R$ 2,00 x 11.000 = R$ 22.000,00. O custo de matéria-prima por unidade produzida será de R$ 22.000,00 / 2.200 unidades = R$ 10,00 por unidade produzida.
b) Necessidade de mão de obra O tempo gasto para produzir uma unidade de produto é de 60 minutos = 1 hora, sendo assim, para produzir 2.200 unidades necessitaremos de 1h x 2.200 unidades = 2.200 horas para o total de produção. Se o colaborador trabalha em todo o processo de fabricação individualmente, tem jornada de 220 horas mensais, teremos a necesidade de 2.200 horas / 220 horas mensais / homem / mês = 10 colaboradores. Se cada colaborador recebe o valor em salário, acrescidos dos encargos sociais, totalizando R$ 2.200,00 / homem / mês, teremos 10 colaboradores x R$ 2.200,00 = R$ 22.000,00. Para cada produto produzido teremos o valor da mão de obra calculados pela divisão entre o custo total de mão de obra e o volume total de produção, que seria R$ 22.000,00 / 2.200 unidades = R$ 10,00 por unidade produzida.
PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO E FINANCEIRO
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c) Apropriação dos custos indiretos de fabricação Segundo levantamento preestabelecido pela Organização a apropriação dos custos indiretos de fabricação são de R$ 10,00 por unidade produzida. d) Custo de produção (CPV) O custo do produto vendido será calculado pela soma de todos os custos de produção, sendo: Matéria-prima + Mão de obra + CIF = CPV CPV = R$ 10,00 + R$ 10,00 + 10,00 = R$ 30,00 por unidade.
Fonte: o autor.
Orçamento de Despesas O Orçamento de Despesas é a terceira etapa da elaboração do Planejamento Orçamentário que somente pode ser elaborado após a conclusão dos planejamentos de vendas e de produção, para que a Organização tenha claro quais serão as necessidades de desembolsos para suas áreas de vendas e administrativas.
Segundo Padoveze (2010) é a parte mais trabalhosa do orçamento, pois consiste em elaborar pelo menos uma peça orçamentária para cada setor da Organização. Recomenda-se um orçamento de forma mais analítica possível.
A elaboração de um orçamento de despesas (vendas e administrativas) deve ser feito por áreas e subáreas da Organização, seguindo, muitas vezes, sua estrutura organizacional de gestão. A área financeira e a controladoria devem caminhar juntas identificando a quantidade de departamento e áreas necessárias para elaboração de seus orçamentos,
P L A N E J A M E N T O O R Ç A M E N TÁ R I O E F I N A N C E I R O
Esquema 15 – Dados de produção
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GESTÃO FINANCEIRA bem como cabendo à gestão orçamentária o apoio na identificação das necessidades de desembolsos para atender às demandas calculadas na projeção das vendas e produção.
As despesas que devem ser orçadas (previstas) variam de acordo com a complexidade e tamanho da Organização em que está sendo elaborado o orçamento. Algumas despesas são realizadas em volumes diferentes em cada mês, de acordo com a política adotada, assim são projetadas em valores correntes, por exemplo, despesas com propagandas (HOJI, 2010, p. 448).
Após a elaboração de cada relatório orçamentário de despesas de vendas e administrativas , estes devem ser consolidados e assim definidos os últimos ajustes no planejamento orçamentário.
G E S TÃ O F I N A N C E I R A
Na tabela a seguir será demonstrado algumas das despesas elaboradas para a empresa de nosso exercício, de forma consolidada de toda a organização. Tabela 1 – Orçamento de despesas
Fonte: o autor.
PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO E FINANCEIRO
77
Observamos que muitas outras despesas podem e devem ser consideradas nas Organizações, porém o ideal é realizar um levantamento das contas em cada departamento, por meio das contas a pagar, identificando a sua origem, montante realizado mensalmente e departamento. Para Padoveze (2010) cada uma das despesas devem ser orçada considerando suas características próprias e seu comportamento em relação a alguma atividade estruturada, se houver. No quadro a seguir estão as despesas mais comuns: Energia elétrica
Telecomunicações e comunicações
Despesas de viagem, estadias e refeições
Gastos com consumo de água e esgoto
Aluguéis e arrendamento mercantil
Fretes e carretos de vendas
Publicidade, propaganda e anúncios Outros fretes não incorporados Serviços terceirizados
Jornais, livros e revistas Despesas legais
Depreciações e amortizações Consumo de combustíveis Material de escritório
Uniformes da equipe administrativa
Fonte: o autor.
Comissões sobre as vendas Seguros de todos os tipos
Outros serviços de assessoria
Associações de classe e entidades Serviços autônomos
Manutenções de forma geral
Despesas de frotas e veículos Materiais de limpeza
Equipamentos de segurança
O orçamento de despesas é o mais complexo e delicado, pois envolve um grande número de desembolsos por departamentos. Como já explicamos, o tamanho e a complexidade da Organização são características que definirão sua amplitude e o volume de despesas a serem orçados.
P L A N E J A M E N T O O R Ç A M E N TÁ R I O E F I N A N C E I R O
Quadro 4 – Despesas administrativas e vendas
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GESTÃO FINANCEIRA
SEÇÃO 3
A
Análise demonstrativa para o fluxo de caixa e resultado do exercício
partir de agora o orçamento passa de planejamento para análise; os próximos passos a serem dados na fase final de elaboração do Planejamento Orçamentário estão relacionados às análises dos resultados das três peças elaboradas até aqui: Vendas, Produção e Despesas. Agora iniciaremos as avaliações sobre este planejamento por meio da demonstração do fluxo de caixa orçado e a demonstração do resultado do exercício projetado.
G E S TÃ O F I N A N C E I R A
As análises devem servir de base para a implantação e/ou revisão do planejamento, pois ao final da validação deste orçamento a sua implantação acontecerá por meio dos controles mensais de cada valor e contas orçadas e aprovadas. A apresentação final deverá ser feita dentro de uma estrutura na qual serão reunidas todas as peças dentro de um formato de demonstrações contábeis. Padoveze (2010) completa que a apresentação das peças traz dentro delas as informações necessárias para a elaboração da projeção dos demonstrativos contábeis. A elaboração das projeções dos demonstrativos contábeis que usaremos será feita, em grande parte, com a utilização de informações já elaboradas anteriormente.
O fluxo de caixa deverá ser elaborado considerando as necessidades de recursos durante a elaboração dos planos orçamentários de vendas, produção e despesas. Seus saldos iniciais e finais nos mostrarão as necessidades. O saldo de caixa é o que sobra (ou, eventualmente, falta) após todas as transações operacionais, de investimentos e financiamentos serem projetadas e refletidas no balanço patrimonial, sendo adequado o conceito de Orçamento de Caixa (PADOVEZE, 2010, p. 204). A Tabela 2 mostra o Orçamento de Caixa de nossa empresa exemplo. Observe que o método adotado foi o direto. Incluímos no exercício uma obrigação de pagamento de financiamento pela amortização do capital no valor de R$ 20.000,00, para que tenhamos exemplos dos conceitos estudados. Veja as tabelas a seguir:
Fonte: o autor.
Tabela 2 – Demonstrativo de Orçamento de Caixa
P L A N E J A M E N T O O R Ç A M E N TÁ R I O E F I N A N C E I R O
PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO E FINANCEIRO 79
Fonte: o autor.
Tabela 3 – Demonstração do Resultado do Exercício Projetado
G E S TÃ O F I N A N C E I R A
80 GESTÃO FINANCEIRA
PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO E FINANCEIRO
81
SEÇÃO 4 Evolução dos conceitos sobre orçamento e controle orçamentário
O
planejamento orçamentário tem grande importância na gestão financeira das Organizações pela sua possibilidade de gerar informações de todas as operações da Organização. Por intermédio do plano orçamentário as Organizações passam a gerir todos os seus recursos de forma dirigida, conclusiva e buscando sempre a maximização dos resultados, para algumas Organizações, o lucro. Padoveze e Taranto (2009) explicam que o orçamento tem sido utilizado como técnica formal de programação das operações e do planejamento econômico e financeiro nas empresas desde as décadas de 1940 e 1950. Todas as ferramentas de gestão nos últimos anos têm passado por mudanças e aperfeiçoamentos para sua aplicação e conceituação.
Esquema 16 – Evolução dos conceitos e tipos de orçamentos
Orçamento Estático
Orçamento Ajustado
Orçamento Contínuo
� budget � forecast � flexível
� rolling � rolling forecast
Orçamento Base Zero
� OBZ
Orçamento Matricial
� Beyond budgeting
Fonte: adaptado de Padoveze (2009).
Daremos atenção especial às duas evoluções utilizadas atualmente nas Organizações: budget e forecast. Vale observar que: [...] nessa evolução podemos identificar duas vertentes: uma que procura
tornar o processo orçamentário mais preciso e rígido, transformando-o no mais importante instrumento do processo de planejamento das empresas, ou seja, o controle matricial e outra que busca simplificar sua estrutura, chegando até mesmo a desestimular a sua utilização. (PADOVEZE; TARANTO, 2009).
P L A N E J A M E N T O O R Ç A M E N TÁ R I O E F I N A N C E I R O
Para o orçamento surgiram novas nomenclaturas para traduzir sua aplicação, utilizando a metodologia das empresas norte-americanas.
82
GESTÃO FINANCEIRA As Organizações têm a necessidade de elaborar seus planejamentos orçamentários independente de seu mercado, tamanho, processo e tipo de negócio. O sucesso não está somente na gestão e no planejamento, mas também no controle das ações que foram tomadas.
Após a elaboração e a aprovação do Planejamento Orçamentário, passamos a realizar o seu controle, não podemos aceitar que um planejamento orçamentário seja aplicado sem seu devido controle. Para tanto, analisaremos a relação orçado versus realizado e precisaremos analisar também as variações ocorridas. Nas Organizações, atualmente, a controladoria é o setor responsável pelo controle orçamentário, avaliando mensalmente ou dentro da periodicidade estabelecida pela Organização e deve também apoiar os gestores de todas as demais áreas no cumprimento do que foi orçado.
G E S TÃ O F I N A N C E I R A
Padoveze (2010) diz que o controle orçamentário é mais um dos instrumentos de gestão necessários para otimizar os resultados; portanto cada gestor deve fazer o controle orçamentário. Estes controles podem variar de acordo com a complexidade e tamanho da Organização, mas em linhas gerais, os controles seguem as mesmas linhas de avaliação do que foi efetivamente orçado.
Tabela 4 – Modelo de controle orçamentário
Discriminação da conta Receita
Do mês - R$
Até o mês - R$
Real Orçado Variação % Real Orçado Variação %
Dados Anuais - R$ Real + Variação Orçado Orçado %
Despesa Saldo
Fonte: Padoveze (2010, p. 228).
O planejamento orçamentário é uma das ferramentas de gestão e administração para Organizações que procuram maximizar resultados e lucro.
PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO E FINANCEIRO
83
AUTOAVALIAÇÃO 4
2 O Planejamento Orçamentário é composto por seis bases, ou seja, peças que devemos elaborar de forma sequenciada, uma após a outra, devido a sua interdependência funcional. Quais são estas bases e como são classificadas?
3 O Planejamento Orçamentário é uma ferramenta da administração para uma gestão de sucesso organizacional. Esta afirmação está relacionada somente à elaboração correta do plano orçamentário por todos os envolvidos no processo?
P L A N E J A M E N T O O R Ç A M E N TÁ R I O E F I N A N C E I R O
1 Segundo os autores Moreira e Hoji, são três os planos e políticas que formalmente devem ser estabelecidos em uma Organização: Planejamento Estratégico, Planejamento Tático e Planejamento Operacional. Sendo que este último é foco de nossos estudos, escreva seu conceito.
84
GESTÃO FINANCEIRA
4 De acordo com os dados abaixo, elabore o Orçamento de Vendas e Produção (mensal para 12 meses). A. Previsão de vendas 18.000 unidades / ano; B. Preço de vendas R$ 1.000,00 / unidade; C. Impostos sobre vendas 35%;
D. Estoque final do período anterior de 500 unidades; E. Política de estocagem para 10 dias;
F. Matéria-prima: 5 partes por unidade de produto acabado; G. Tempo de fabricação 3 horas;
H. Jornada de trabalho de 180 horas;
G E S TÃ O F I N A N C E I R A
I. Salário com encargos R$ 1.500,00 / homem / mês; J. Valor de compra da matéria-prima R$ 10,00;
K. Os Custos indiretos de fabricação apropriados para este produto: R$ 50,00/unidade.
PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO E FINANCEIRO
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P L A N E J A M E N T O O R Ç A M E N TÁ R I O E F I N A N C E I R O
Agora foi possível entender por que cada vez mais as Organizações estão preocupadas em elaborar planos de desenvolvimento, projetos de investimentos e, especialmente, planejamentos orçamentários. As Organizações precisam cada vez mais estar atentas às necessidades de gestão organizacional e a gestão financeira não pode ficar de fora deste processo. O que foi aprendido até aqui vale para todas as Organizações, pois planejamento não é um privilégio de algumas Organizações e mercados, mas sim de todos, independente de tamanho, modalidade organizacional e até mesmo em nosso dia a dia.
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Unidade 5 INDICADORES DE DESEMPENHO FINANCEIRO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Ao final desta unidade, você terá condições de:
COMPREENDER as metodologias de análise de indicadores financeiros;
APRENDER as diferentes formas de interpretação das informações financeiras por meio de seus indicadores; CONHECER os principais indicadores financeiros;
AVALIAR, por meio dos indicadores financeiros, o desempenho organizacional.
ROTEIRO DE ESTUDO Com o objetivo de alcançar o que está proposto a esta unidade, o conteúdo está dividido nas seguintes seções:
SEÇÃO 1
SEÇÃO 2
SEÇÃO 3
Análise de indicadores financeiros
Margem de lucratividade
Margem de liquidez
SEÇÃO 4
SEÇÃO 5
SEÇÃO 6
Margem de endividamento
Depreciação, amortização e exaustão
Outras análises das organizações e resultados
INDICADORES DE DESEMPENHO FINANCEIRO
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PARA INICIAR NOSSOS ESTUDOS De acordo com nossos estudos, observamos que o dinheiro muda com o passar do tempo. Existe um velho ditado que nos faz pensar na seguinte afirmação e tentar entendê-la: “Mais vale um pássaro na mão do que dois voando”. Segundo Gropelli e Nikbakht (2005), em termos monetários, o dinheiro em caixa hoje vale mais do que no futuro, ou seja, o dinheiro muda ao longo do tempo.
Na gestão financeira, o grande objetivo está ligado à geração de riquezas ou ao aumento desta, seria termos ao longo do tempo mais dinheiro a cada período que se passa. Mas devemos ficar atentos a fatores que influenciam nesta razão básica de gestão do dinheiro ou do fluxo necessário para cumprir as suas obrigações diariamente.
� Inflação: aumento geral de preços na economia, quando o preço aumenta, existe uma relação direta com o valor real, pois este diminui; � Risco: está ligado à incerteza sobre o futuro, como o futuro é incerto, o risco aumenta com o passar do tempo; � Preferência pela liquidez: é o grau de facilidade com que os ativos podem ser convertidos em caixa. É comum encontrarmos Organizações que preferem manter dinheiro em caixa a comprometer fundos em ativos de retorno futuros.
Desta forma, devemos nos preocupar com as condições econômicofinanceiras das Organizações na busca da melhor relação existente para alcançarmos o melhor desempenho e maior resultado. Como encontrar a melhor relação desta variação do dinheiro ao longo do tempo?
Cada Organização, de acordo com seu segmento de mercado, possui algumas condições de validação, ou seja, análise de suas necessidades para o fluxo de caixa e ainda sua melhor relação com a variação do dinheiro no tempo. As condições que avaliaremos nas seções a seguir partirão de indicadores de desempenho financeiros.
INDICADORES DE DESEMPENHO FINANCEIRO
Como foi estudado na Seção 4 da Unidade 3, o dinheiro tem variação no tempo. Utilizando o modelo de variação do dinheiro no tempo, temos as três condições citadas por Gropelli e Nikbakth (2005) para as importantes razões que o dinheiro diminui ou aumenta ao longo do tempo:
88
GESTÃO FINANCEIRA
É
SEÇÃO 1 Análise de indicadores financeiros
possível observar, dentro de determinadas metodologias e técnicas, as condições da variação do dinheiro ao longo do tempo, porém é fato que precisamos identificar a modalidade organizacional, tipo de negócio e mercado que estamos inseridos.
Para Matarazzo (1995) o importante não é o cálculo de grande número de índices (indicadores), mas de um conjunto de índices que permita conhecer a situação da empresa, segundo o grau de profundidade desejada.
Os indicadores de desempenho e continuidade estudados em cada Organização devem traduzir o que queremos avaliar na mesma, ou seja, estamos relacionando uma série de índices de situações financeiras e economias para projetar as condições futuras em relação às atuais encontradas.
G E S TÃ O F I N A N C E I R A
Esquema 17 – Balança de análise
Fonte: o autor.
A análise da condição financeira de uma empresa não pode ser feita apenas observando seus lucros, saldo em caixa e/ou outra condição superficial, é necessária uma combinação de indicadores que, baseados em dados específicos da Organização, podem realizar estudos técnicos sobre eles.
As Organizações, enquanto seus volumes econômicos de lucro estão superavitários, acomodam-se e iniciam uma série de possíveis condições que a longo prazo podem levar ao insucesso/fracasso. Para Marion (2006) só teremos condições de conhecer a situação econômico-financeira de uma empresa por meio de três pontos fundamentais de análise:
INDICADORES DE DESEMPENHO FINANCEIRO
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Esquema 18 – Tripé da análise
Estes indicadores são encontrados por meio de fórmulas matemáticas e seus resultados são apenas índices. Assim serão necessárias análises técnicas do que cada indicador representa em determinado momento de uma Organização. Para Gitmann (2004) “A análise de índices não é meramente a aplicação de uma fórmula sobre os dados financeiros para calcular um dado índice. Mais importante é a interpretação do valor do índice.” Para conhecer mais sobre estes índices procure estudar os conceitos de Análise das Demonstrações Contábeis. Como sugestão consulte o livro de José Carlos Marion que consta na lista de referências.
SEÇÃO 2 Margem de lucratividade
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om a velocidade exigida pelos gestores em resposta aos questionamentos de como estão os resultados das Organizações e a preocupação dos gestores financeiros em apresentar as melhores e mais precisas informações para esta tomada de decisão, a análise de indicadores deve ser tarefa executada constantemente nas Organizações. A cada encerramento de período, devemos levantar os dados e informações financeiras para aplicar as fórmulas e assim encontrar os índices. Como você já sabe, a pura aplicação de fórmulas não garante a melhor validação dos resultados, devemos interpretá-los de forma a garantir
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Fonte: Marion (2006, p. 17).
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GESTÃO FINANCEIRA a integridade das informações e da análise. O índice de lucratividade é um dos indicadores que está relacionado ao desempenho econômico da Organização, pois sua resultante apresenta o retorno ou a rentabilidade dos recursos financeiros aplicados e a eficiência da sua aplicação. Para avaliarmos a lucratividade devemos analisar três índices: � a margem bruta;
� a margem operacional; � a margem líquida.
A cada índice leva-se em consideração um fator de avaliação dos resultados do demonstrativo de resultado do exercício, ou seja, vendas ou receita líquida.
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Agora, passaremos a conhecer as fórmulas de cálculos dos indicadores da margem de lucratividade das Organizações. Vale lembrar que nenhum índice deve ser avaliado de forma isolada.
O primeiro índice trata da Margem Bruta que mensura a percentagem de cada venda em unidade monetária que sobra após a Organização ter pago seus produtos. Margem Bruta = lucro bruto / receita líquida
O próximo índice de análise é a Margem Operacional que mensura a percentagem de cada venda em unidade monetária que sobra após todos os custos e despesas terem sido abatidos, ou seja, é o lucro puro ganho sobre cada unidade monetária de venda. Margem Operacional = lucro operacional / receita líquida
E por último temos a Margem Líquida que mensura a percentagem de cada venda em unidade monetária que sobra após todos os custos e despesas, incluídos juros e imposto de renda terem sido deduzidos. Margem Líquida = lucro líquido / receita líquida
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A avaliação que podemos fazer em relação às três margens está ligada ao percentual que obtivermos após a aplicação da fórmula. Podemos destacar algumas validações como (MARION, 2006): � quanto maior for a margem bruta, melhor;
� uma margem operacional alta é preferível; � quanto maior a margem líquida melhor.
Lembre-se que o índice de lucratividade está relacionado ao desempenho econômico da Organização!
EXEMPLO
� Margem Bruta = lucro bruto / receita líquida
Margem Bruta = 924.000 / 1.716.000 = 53,84% Para cada R$ 1,00 de receita teremos R$ 0,53 de lucro bruto.
� Margem Operacional = lucro operacional / receita líquida
Margem Operacional = 203.300 / 1.716.000 = 11,84% Para cada R$ 1,00 de receita teremos R$ 0,12 centavos de lucro operacional.
� Margem Líquida = lucro líquido / receita líquida
Margem Líquida = 195.000 / 1.716.000 = 11,36% Para cada R$ 1,00 de receita teremos R$ 0,11 centavos de lucro líquido.
SEÇÃO 3 Margem de liquidez
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pós a avaliação econômica da Organização, passaremos a avaliar a situação financeira, pois a liquidez da empresa está associada a sua capacidade de atender às obrigações de curto prazo.
Um índice de liquidez pode nos apresentar a condição de solvência da empresa, ou seja, o grau de garantia que a empresa dispõe em ativos (totais), para pagamento do total de suas dívidas e garantir sua continuidade e lucro.
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Vamos exercitar . Aproveitaremos o DRE projetado de nosso planejamento orçamentário da Tabela 3 para avaliarmos as margens de lucratividade da nossa empresa exemplo.
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GESTÃO FINANCEIRA No cálculo do índice de liquidez destacaremos os indicadores que podemos calcular: 1 capital circulante líquido;
2 índice de liquidez corrente; 3 índice de liquidez seca;
4 índice de liquidez imediata; 5 índice de liquidez geral.
Para avaliarmos a relação existente entre os ativos e passivos circulantes, calcularemos o Capital Circulante Líquido que trata de uma medida da liquidez encontrada ao se subtrair o passivo circulante do ativo circulante.
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Capital Circulante Líquido = Ativo Circulante – Passivo Circulante
O Índice de Liquidez Corrente trata de uma medida da liquidez calculada ao se dividir o ativo circulante, da Organização, por seu passivo circulante. É a capacidade de a Organização realizar pagamento de dívidas. Índice de Liquidez Corrente = Ativo Circulante / Passivo Circulante
Em relação ao Índice de Liquidez Seca encontraremos uma medida da liquidez calculada ao se dividir o ativo circulante, da Organização, menos o estoque, por seu passivo circulante.
Índice de Liquidez Seca = (Ativo Circulante – Estoque) / Passivo Circulante
Para a liquidez de curtíssimo prazo devemos avaliar o Índice de Liquidez Imediata que trata de uma medida da liquidez calculada ao se dividir o disponível da Organização, por seu passivo circulante. Este índice é muito importante para o mercado e analistas, pois mostra a capacidade da Organização realizar pagamento de dívidas a curto prazo (imediatos).
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Índice de Liquidez Imediata = Disponível / Passivo Circulante
E por último temos o Índice de Liquidez Geral que trata de uma medida da liquidez encontrada ao se dividir o ativo circulante + ativo realizável a longo prazo, da Organização, por seu passivo circulante + passivo não circulante. Este índice define a condição de longo prazo, ou seja, é a capacidade da Organização realizar pagamento de dívidas a longo prazo.
A avaliação que podemos fazer em relação aos índices está relacionada a outros fatores e depende muito do segmento no qual a Organização está inserida, o que podemos definir está na relação de que para cada R$ 1,00 de dívida a empresa possui o resultado para liquidação desta. Alguns casos podem ser generalizados e teremos a posição de que um Índice de Liquidez Corrente (ILC) superior a 1,0 de maneira geral são positivos, já o Índice de Liquidez Seca pode ser muito bom, pois desconsidera os erros de estoque, mas é preciso compará-los a outras Organizações de mesmo segmento (MARION, 2006).
Lembre-se que o índice de liquidez está relacionado à situação financeira da Organização.
De maneira geral podemos resumir as nossas análises da liquidez obtida com a seguinte equação: � Maior que 1: Demonstra sobras no disponível permitindo uma possível liquidação das obrigações.
� Igual a 1: Demonstra que os valores dos direitos e das obrigações a curto prazo são equivalentes. � Menor que 1: Não há disponibilidade suficiente para quitar as obrigações a curto prazo ou dentro do prazo da mesma.
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Índice de Liquidez Geral = Ativo Circulante + Ativo realizável a longo prazo / Passivo Circulante + passivo não circulante
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Lembre-se nenhum indicador, seja econômico ou financeiro, se analisado de forma isolada, pode retratar a situação organizacional.
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SEÇÃO 4 Margem de endividamento
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ara falarmos em endividamento primeiramente precisamos entender o sentido da palavra, pois quem está endividado é a empresa ou pessoa que contraiu empréstimos de longo prazo, mas ainda tem condições de cumpri-los. Muitas vezes, associamos o termo endividamento com falência. É claro que somente podemos contrair empréstimos se for possível pagá-los na data de seus vencimentos, caso contrário, estaremos falidos. A posição do endividamento de uma empresa indica o montante de recursos de terceiros sendo usado com o intuito de gerar lucro (GITMANN, 2004). Assim, observamos que estamos financiando nossos ativos com capitais de terceiros, que precisam gerar resultados suficientes para cobrir o montante principal, os juros e ainda gerar lucro. Este conceito de utilização é conhecido na administração financeira como alavancagem financeira.
Para Marion (2006) são os indicadores de endividamento que nos informam se a Organização utiliza-se mais de recursos de terceiros ou de recursos dos proprietários. O mercado financeiro, nos últimos anos, tem oferecido linhas de crédito com menos rigor, isto se deve à grande parte dos programas para crescimento da produção, incentivados pelo governo federal. Mas se estão sendo oferecidas mais linhas de crédito, as Organizações estão se endividando mais. De acordo com o professor Stephen Kanitz (apud MARION, 2006) o capital de terceiros, que era para financiar o ativo, estava em 30%, sendo 70% capital próprio. Após 10 anos a empresa brasileira passou a usar 57% de capital de terceiros.
Devemos observar que uma participação elevada de capital de terceiros nos ativos de uma Organização trazem preocupações para a gestão financeira. Em linhas gerais, quanto mais estamos devendo maior deve ser a nossa geração de caixa a longo prazo para cumprir com as obrigações neste período.
O Índice de Endividamento Geral mensura a proporção do total de ativos financiados pelos credores da empresa, e é calculado pelas fórmulas:
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Índice de Endividamento Geral = total de passivos / total de ativos Ou ainda
PC + ELP / PC + ELP + PL = percentual de recursos totais de capital de terceiros Ou
PL / PC + ELP = resultado garantia de capital próprio sobre terceiros Ou
PC / PC + ELP = composição do percentual de endividamente
Índice de Cobertura de Juros = lucro antes dos juros e imposto de renda / despesas com juros no ano
Algumas alternativas oferecidas pela gestão financeira, em conjunto com a contabilidade, seria financiar expansões e modernizações das Organizações com dívidas de longo prazo e não pelo seu passivo circulante. Para Marion (2006) se a composição da dívida se concentrar no passivo circulante (curto prazo), a empresa poderá ter mais dificuldades num momento de reversão de mercado, o que não ocorre se as dívidas estiverem concentradas no longo prazo.
SEÇÃO 5 Depreciação, amortização e exaustão
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gestão financeira, muitas vezes, está preocupada com os fluxos de caixas realizáveis, aqueles que passam financeiramente pelo caixa da Organização, mas, na maioria das vezes, não se importa com os fluxos não desembolsáveis, conhecidos como depreciação, exaustão e amortização.
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Existe um Índice de Cobertura de Juros que mensura a capacidade da empresa de fazer pagamentos de juros contratuais pelas linhas de financiamento oriundos da utilização de capital de terceiros, este é calculado pela fórmula:
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Você sabe o que significa depreciação?
A depreciação, mais conhecida pela contabilidade, é definida por Marion (2004, p. 211) como o custo do ativo imobilizado que é destacado como uma despesa nos períodos contábeis em que o ativo é utilizado pela Organização. A depreciação deve ser realizada no lançamento da contabilidade, sendo contabilizada no resultado do exercício, como custo ou despesa operacional, de acordo com a utilização do ativo que sofre o desgaste, tanto para uma Organização industrial ou comercial. A depreciação dos ativos imobilizados, utilizados na produção, será registrada como custo na apuração do custo fabril, sem movimentação no fluxo de caixa.
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Tabela 5 – Depreciação
Fonte: Brasil (1998).
E o que significa amortização?
A amortização corresponde à perda do valor do capital aplicado em ativos intangíveis. São amortizáveis os ativos permamentes intangíveis de duração limitada ( MARION, 2004, p. 220). A amortização sofre os mesmos efeitos contábeis e de movimentação na contabilidade que a depreciação, mas não podemos confundir com a amortização de um financiamento, que passa pelo caixa de forma financeira. É importante destacar que a amortização deve ser entendida como a diminuição do valor dos ativos intangíveis que integram o ativo permanente, podendo ser feita pelo débito na conta de despesa de amortização, tanto para custo como despesas e igual valor em um
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crédito na conta de amortização acumulada. O montante da amortização acumulada não poderá ultrapassar o custo total de aquisição do bem ou direito, tal qual ocorre com a depreciação e a exaustão. E a exaustão o que significa?
A exaustão tem relação com a perda de valor após a exploração de recursos minerais ou florestais ou de ativos que são utilizados nessa exploração. Observamos que os equipamentos (ativos) de extração mineral ou florestal podem, opcionalmente, ser depreciados, utilizandose para tal, os critérios e taxas de depreciação. Porém, normalmente devem ser exauridos juntamente com o objeto de exploração. Para a contabilização da exaustão seguiremos o seguinte critério com um débito do valor na conta despesa de exaustão e crédito de igual valor para a exaustão acumulada.
Lembre-se que uma máquina tem depreciação, um ponto comercial amortiza com o tempo e uma lavoura de maçã tem a sua exaustão com o passar das colheitas.
SEÇÃO 6 Outras análises organizacionais e resultados
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om a globalização das Organizações é possível que investidores estrangeiros queiram manter seus investimentos nas Organizações de capital do Brasil; para esta valiosa condição, muitos passam a realizar avaliações de alguns resultados organizacionais.
Segundo Luzio (2011) existem várias metodologias e pseudometodologias para a avaliação de uma Organização. Algumas, com análise de múltiplos, focam medidas de desempenho recentes e outras, com o modelo de dividendos descontados. Destacamos o método do DFC (Demonstrativo de Fluxo de Caixa).
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Para Marion (2004, p. 221) a exaustão corresponde à perda do valor, decorrente da exploração de direitos cujo objeto sejam recursos minerais e/ou florestais. Diferente das propriedades que se deterioram física ou economicamente, os recursos naturais se esgotam.
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GESTÃO FINANCEIRA Acreditamos que o DFC seja o indicador de maior relevância nas Organizações, já que o conceito atual está relacionado ao EBITDA (sigla de Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization) em português LAJIDA (Lucros Antes dos Juros, Impostos sobre o Lucro, Depreciação e Amortizações).
Segundo Hoji (2010) os conceitos de EBITDA valem para o médio e longo prazo, pois assumem transações da demonstração do resultado e é um indicador financeiro que mostra se os ativos operacionais estão gerando caixa. Observa-se que no mercado financeiro de análise de Organizações, o EBTIDA é considerado um indicador de grande importância para as Organizações e analistas. Sua relação com a capacidade de geração de caixa e cumprimento de suas obrigações faz dele um outro fator importante na análise de resultados das Organizações.
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Como você já viu na Seção 4 desta Unidade, depreciação, amortização e exaustão não são consideradas no cálculo do EBITDA, porque não exercem impacto sobre o caixa, completa Hoji (2010 p. 317).
As diversas possibilidades que encontramos de avaliar se uma determinada Organização está no caminho certo podem nos dar informações técnicas, numéricas e exatas. As análises de indicadores financeiros precisam ser transformadas em informações concretas que permitam chegar a uma conclusão de que a Organização está na linha certa e possui capacidade de dar continuidade aos seus projetos, ou seja, estar bem planejada. Entretanto, não podemos deixar algumas informações relevantes que devem ser acrescentadas a estas informações econômico-financeiras, são as avaliações pertinentes às demandas da postura da gestão organizacional que fazem parte das outras condições relacionadas ao mercado com foco no tripé da sustentabilidade, pois a avaliação financeira é uma entre as demais. Esquema 16 – Tripé da Sustentabilidade
Fonte: o autor.
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Muitas Organizações estão esquecendo de avaliar seus reflexos nas demais pontas deste tripé, pois muito se fala em ética e respeito, mas ainda temos Organizações que não aplicam este conceito.
Estas Organizações possuem em suas estruturas organizacionais políticas de respeito ao meio ambiente, mas poluem rios e emitem gases sem controle. Outras têm projetos sociais, mas ainda trabalham com remunerações e situações de trabalho muito próximas a condições escravas.
AUTOAVALIAÇÃO 5 1 O dinheiro tem variação de acordo com o tempo. Segundo Gropelli e Nikbakth (2005) existem três fatores que influenciam diretamente esta variação. Cite e explique cada fator.
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Desta forma, ter uma excelente gestão financeira é uma das condições de sucesso para a Organização em que você está inserido, mas basta ainda alcançar as demais posições de destaque, tornando-se exemplo do mercado e muito à frente de seus concorrentes. Pense nisto!
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GESTÃO FINANCEIRA 2 As Organizações podem ser avaliadas por diversos indicadores de desempenho financeiro e econômico, alguns têm maior relevância de acordo com o segmento e tipo de análise que desejamos realizar. Segundo o autor Marion (2006) existe um tripé de avaliação que demonstra na maioria dos casos os resultados econômico-financeiros das Organizações. Cite os três indicadores.
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3 A avaliação da lucratividade é feita por meio da análise de três margens, calculadas de forma a avaliar o percentual de resultado em relação às vendas. Demonstre as três formas de análise deste indicador.
4 A liquidez de uma Organização mostra a sua capacidade de cumprir com suas obrigações. Quais são os índices que usamos para medir esta liquidez?
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Ter conhecimento de como estão os planos de trabalho das Organizações, especialmente no que se refere aos planos financeiros, é uma tarefa de responsabilidade da gestão financeira. Por meio de indicadores de desempenho, as condições econômico-financeiras serão validadas pelos índices estudados e tecnicamente avaliados. Saber para onde queremos ir é importante, mas mais importante é saber se estamos no rumo certo.
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5 Diferencie os conceitos de depreciação e exaustão.
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REFERÊNCIAS
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Respostas das atividades de autoavaliação Autoavaliação 1 1 São as aplicações de uma série de princípios econômicos e financeiros para maximizar a riqueza de um negócio ou pessoa. 2 Validar processos financeiros, encontrar alternativas de financiamento, avaliar as possibilidades de aplicações e investimentos, gerir capital de giro, administrar o fluxo de caixa, validar os relatórios de resultados, calcular a rentabilidade, liquidez e lucratividade.
3 Não, pois cada Organização terá a sua estrutura com base em seu tamanho e complexidade organizacional. Não existe um modelo padrão e/ou estrutura definida para todos os tipos de Organização, cada uma precisa analisar seus processos e definir a sua estrutura organizacional. 4 As Organizações precisam estabelecer a gestão de seu capital de giro por meio do controle de seu fluxo de caixa. 5 O faturamento é o procedimento que garante à Organização a entrada de recursos. Autoavaliação 2 1 Devemos analisar a forma como a Organização se relaciona com o mercado por meio das estratégias para suas aplicações, investimentos e variações de risco no mercado. 2 O Bacen é um órgão regulador, fiscalizador e disciplinador do mercado financeiro, possui responsabilidade de gerir e definir regras, limites e, ainda, condutas das instituições financeiras, bancos e demais.
3 Duas são as ações Ordinárias que conferem a seu titular o direito a voto na assembleia de acionistas, as Preferenciais não concedem a seus portadores o direito de voto, mas têm preferência na distribuição de resultados. 4 Os bancos múltiplos, também chamados de comerciais, estabelecem relação com as Organizações por meio de linhas de financiamento e créditos à vista e a longo prazo, já os bancos de fomento, possuem estrutura vinculada ao governo federal estabelecendo relação com o mercado de forma a financiar o crescimento da Organizações e do país.
5 Banco do Brasil, opera também como banco múltiplo, mas tem linhas de crédito específicas para a atividade rural. A Caixa Econômica Federal
RESPOSTAS DAS ATIVIDADES DE AUTOAVALIAÇÃO
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opera como banco múltiplo, mas a linha crédito está voltada à habitação e a projetos sociais. Já o BNDES não é um banco múltiplo, opera apenas com linhas de fomento para financiamentos de máquinas e equipamentos para desenvolvimento das Organizações e do país. Autoavaliação 3 1 A gestão financeira precisa estar bem organizada e gerida de forma profissional, aliada a objetivos claros e bem definidos agregando a uma capacidade operacional da Organização a sua competência financeira a fim de deixar claros os resultados para nortear a Organização para o sucesso.
3 Podemos encontrar em um horizonte temporal maior que um ano do exercício os cenários: Otimista – crescimento; Realista – manutenção; Pessimista – redução. 4 Recursos próprios de origem do capital dos sócios proprietários e Recursos de terceiros de origem do mercado financeiro.
5 O capital de giro é o volume de recursos necessários para que a Organização possa girar seus negócios, sendo bens de uso, valores necessários para que a Organização possa acontecer ou “girar”.
6 O capital de giro é específico de cada Organização; de acordo com seu tamanho e complexidade, a necessidade será estabelecida após a análise do fluxo de caixa da Organização, tendo o cuidado de se manter um excelente controle deste fluxo. 7 O fluxo de caixa é um esquema gráfico, um relatório, que representa as entradas e saídas de caixa ao longo de determinado período, controla de forma simples as origens e aplicações de recursos financeiros da Organização. 8 O valor do dinheiro tem sim variação no tempo, de acordo com a forma com que o recurso foi gerido neste período. Isto se deve pela
RESPOSTAS DAS ATIVIDADES DE AUTOAVALIAÇÃO
2 A miopia é a incapacidade de enxergar longe, tem foco apenas de perto; assim, as Organizações que trabalham apenas com os diagnósticos de curto prazo, ou seja, apenas quantitativos, não têm sucesso de longo prazo. Portanto, a miopia citada está relacionada à elaboração de plano e estratégia de curto prazo, mas também de longo prazo para sua continuidade e perenidade.
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possibilidade de aplicação dele em receber juros após o final do período ou simplesmente pela variação da inflação neste mesmo período. O valor de R$ 100,00 após seis meses com taxa de 5 % a.m. será de R$ 130,00, se aplicado a juros simples, e de R$ 134,01, se aplicado a juros compostos.
9 De acordo com os conceitos estudados, elisão fiscal é a forma lícita de redução de carga tributária da Organização, na busca de possibilidades de benefícios fiscais e legais de acordo com o tributo e a Organização. Já a evasão fiscal é o ato ilícito de redução de tributos, é a eliminação por fraude fiscal. Autoavaliação 4
RESPOSTAS DAS ATIVIDADES DE AUTOAVALIAÇÃO
1 O Planejamento Operacional é o planejamento expresso em resultados financeiros, que permite à administração conhecer os resultados operacionais da Organização. Tem a finalidade de maximizar os recursos financeiros a serem aplicados na operação.
2 O plano orçamentário é composto por três bases de planejamento: vendas, produção e despesas administrativas, e por três bases de análise: demonstrativo de fluxo de caixa, demonstrativo do resultado do exercício e balanço patrimonial projetado.
3 O plano orçamentário deve ser elaborado em todas as Organizações independentemente de seu tamanho, mercado, processo e tipo de negócio, mas o sucesso está não somente na gestão e planejamento, mas no controle das ações que foram tomadas, devemos analisar a relação entre orçado versus realizado, e tomar ações nas variações ocorridas.
RESPOSTAS DAS ATIVIDADES DE AUTOAVALIAÇÃO
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RESPOSTAS DAS ATIVIDADES DE AUTOAVALIAÇÃO
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Autoavaliação 5 1 Inflação, ou seja, aumento geral de preços na economia. Quando o preço aumenta, existe um relação direta com o valor real, pois este diminui. O risco está ligado à incerteza sobre o futuro, como o futuro é incerto, o risco aumenta com o passar do tempo. Preferência pela liquidez é o grau de facilidade com que os ativos podem ser convertidos em caixa. É comum encontrarmos Organizações que preferem manter dinheiro em caixa a comprometer fundos em ativos de retorno futuros. 2 O tripé citado por Marion estabelece a análise para os indicadores de liquidez, rentabilidade e endividamento. 3 A margem bruta mensura a percentagem de cada venda em unidade monetária que sobra após a Organização ter pago seus produtos. Sua fórmula de cálculo é: Margem Bruta = lucro bruto / receita líquida
RESPOSTAS DAS ATIVIDADES DE AUTOAVALIAÇÃO
A margem operacional mensura a percentagem de cada venda em unidade monetária que sobra após todos os custos e despesas terem sido abatidos, ou seja, é o lucro puro ganho sobre cada unidade monetária de venda. Margem Operacional = lucro operacional / receita líquida E a margem líquida mensura a percentagem de cada venda em unidade monetária que sobra após todos os custos e despesas, incluídos juros e imposto de renda terem sido deduzidos. Margem Líquida = lucro líquido / receita líquida
4 Para medir a liquidez de curto prazo usamos o índice de liquidez imediata e para medir a liquidez de longo prazo usamos o índice de liquidez geral. 5 A depreciação está relacionada ao desgaste pelo uso do ativo; é o custo do ativo imobilizado que é destacado como uma despesa nos períodos contábeis em que o ativo é utilizado pela Organização. A exaustão está relacionada à exaustão do ativo exaurido pelas constantes utilizações e colheitas, por exemplo, corresponde à perda do valor, decorrente da exploração de direitos cujos objetos sejam recursos minerais e/ ou florestais. Diferente das propriedades que se deterioram física ou economicamente, os recursos naturais se esgotam.
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