Cristina Amiran
Desenvolvo uma pesquisa de trabalho em torno do deslocamento e de situações urbanas. Busco associar o trabalho de deslocamento com a condição de ambulante, tanto da arte quanto do artista. Comecei esse projeto observando os finais de ciclo das estações (outono principalmente) e a partir disso a fazer registros fotográficos dessas passagens. Passagens essas que revelam as conexões e os princípios de multiplicidade que seguem em várias direções. Os ciclos se adaptam aos deslocamentos urbanos; a seus novos espaços e lugares. Esse trabalho lida com as ramificações, com o conceito de linha; expandindo a ideia de imagem, tempo e memória. Baseada nesses conceitos é que começo a construir e experimentar um processo de olhar ampliado, relacionado às circunstâncias que permeiam nossas vidas.
Tomo consciĂŞncia e vou caminhando... Lygia Clark
Conex천es
2012 colagem digital e fotografia 20 x 30 cm
Eu Presenรงa
2012 fotografia 20 x 40 cm
Chipsets I 2012 I fotografia I 22 x 35 cm
Connects I 2012 I fotografia I 30 x 40 cm
Connect #1
2012 série fotográfica 40 x 80 cm
MX I 2012 I minicards e placa m達e I 25 x 25 x 0,5 cm
Arquivos I 2012 I fotografia I 30 x 40 cm
Deslocamento #1 I 2012 I cartões s/ mesa I dimensões variáveis
Deslocamento #2 I 2012 I cartões s/ mesa I dimensões variáveis
Campo Espaço 2012 série fotográfica 40 x 60 cm
Diagrama I 2012 I desenho e colagem digital I 18 x 25 cm
Captura I 2011 I fotografia I 20 x 30 cm I trabalho dos artistas Cindy Quaglio e Khalil Charif - ResidĂŞncia Terra Una
Connect #2
2012 série fotográfica 40 x 80 cm
Connects #2
2011 cristal de quartzo s/ placas de papel達o 12 x 0,8 x 10 cm
“espaços em trânsito”
série fotográfica
Deslocamentos
2010 série espaços em trânsito 40 x 80 cm
The papers
2010 série espaços em trânsito 30 x 70 cm
Collages
2010 série espaços em trânsito 30 x 80 cm
circulação “objetos em trânsito”
Que bom que gostou! Sabe que é uma convocatoria de performance e proposta afetiva/comportarmental/relacional, né? Artistas queridos, A exposição Vênus Terra não para! Depois da linda abertura, na galeria TAC, na Gávea, e da explosiva e emocionante abertura no galpão TAC, na Lapa; anunciamos uma convocatória para que os artistas interessados em apresentar, compartilhar processo construtivo/criativo, experimentar, errar, acertar, testar ou realizar performances e/ou propostas afetivas no galpão TAC, no dia 28 de janeiro, das 17 às 23h, enviem um projeto simples de sua proposta para bernardomosqueira@gmail.com.
28/jan - EVENTO com os selecionados desta convocatória Caro Bernardo, Minha proposta para a convocatória do dia 28 de janeiro, é uma projeção com gif animado do mantra do “Ho’oponopono”, um processo de transmutação, perdão e gratidão. “Ho’oponopono” é uma ferramenta de cura utilizada pelos antigos havaianos; um pedido para purificar os pensamentos e memórias que causam reais divisões em nossa percepção. Por se tratar de uma técnica de liberação e de preenchimento de espaços, proponho uma projeção do mantra em looping, para que este se conecte em um fluxo de afeto continuum no local da ação. “Com o Ho’oponopono estamos assumindo a responsabilidade pelas memórias em comum que compartilhamos com outras pessoas”. Gratidão. Cristina Amiran
Ho’oponopono I 2012 I postal frente/verso com impressão offset I 10 x 15 cm
Proposta para o Projeto Volante Terceira edição: Brasil / Quebec 2011-2012
Ho’oponopono
2012 volantes com carimbo s/ papel 16 x 16 cm
livro objeto
Ciclos A presente publicação de Cristina Amiran participa da homônima “Séries inventadas”, que a artista vem desenvolvendo em variadas frentes: fotografia e vídeo, backlights etc. Constituída, em grande parte, pelas imagens que integram esse livro, a série parte da observação de aspectos cotidianos, bem como da manifestação das noções de memória, liberdade e deambulação. Nascidas do registro de inícios e finais de estações, sobretudo do outono, as fotos exigem que as observemos atentamente, indo além de uma imagem capturada e não se evidenciando numa única visada. As transmutações de placas-mãe e memórias computacionais em elementos da paisagem são da mesma ordem de invenção da artista que, nesses deslocamentos de sentidos, colocam um homem em posição de yoga como árvore - ele também pode ser madeira, dando ritmo à imagem, combinando-se a outros troncos que cercam determinada área. É nesse processo em que verticais e horizontais se mesclam para compor lugares, nuvens e rizomas nas séries inventadas de Cristina Amiran. Nessas há claramente composições de linhas, talvez advindas da formação gráfica da artista. Por mais que saibamos que a paisagem seja sempre uma invenção – moldura, enquadramento, forma de registro e exposição, jogos de luz e escuridão, associações a cheiros, textos, conceitos e outros lugares -, não deixamos de nos surpreender com a operação da artista, que manipula elementos [fogo, ar, água e terra], tempos diferenciados, diversos pontos de vista e estágios cíclicos [estações do ano, estados físicos da matéria]. O sentido fabulativo das séries inventadas provém, então, não apenas da imaginação geográfica da artista, mas de uma operação mental intencional, com um viés telúrico que aponta para muito além de cartografias possíveis. Uma vez que dizem respeito a platôs, essas sobreposições estão nas manipulações que a artista realiza, de forma que as transparências deixem ver suas “zonas de intensidade contínua”. Se a série aciona deslocamentos - da artista pelos cenários, de componentes de computador de suas funções, da própria imagem no tempo etc. -, o folhear as páginas do livro também está nessa ordem de interesse. Normalmente associamos paisagens à horizontal e o livro privilegia esse formato, de maneira que a experiência do observador se baseie em princípios de extensão e ruptura, conexão e heterogeneidade, que a artista buscou na filosofia de Gilles Deleuze e Félix Guattari. Por outro lado, a relação com a pintura e com a fotografia, que é prioritariamente vertical, é aqui invertida: o livro de Amiran propõe leituras dessas fotos, como se a linha do horizonte passasse a caber nas palmas das mãos do espectador, podendo ser inteiramente captada por seus olhos.
SĂŠries Inventadas - rizomas I 2011 I backlight #10 I 30 x 40 cm
SĂŠries Inventadas - rizomas I 2011 I backlight #11 I 30 x 40 cm
SĂŠries Inventadas - nuvens I 2011 I backlight #07 I 30 x 40 cm
SĂŠries Inventadas - nuvens I 2011 I backlight #03 I 30 x 40 cm
SĂŠries Inventadas - lugares I 2011 I red boost I 30 x 40 cm
S茅ries Inventadas - nuvens I 2011 I mem贸ria I 30 x 40 cm
As séries inventadas dividem-se em três microsséries: Rizomas, Nuvens e Lugares. A primeira advém de um conceito botânico apropriado por Deleuze e Guattari para embasar a filosofia como um sistema aberto, sua proposição de um pensamento não linear ou dualista. Nas fotografias de Amiran os rizomas são fotografias de árvores secas, sem folhas, típicas do outono, aproximadas de planos-detalhes de componentes de informática que se assemelham a fachadas, sacadas, varandas e às vistas superiores de cidades. Na microssérie Nuvens temos fotografias de céus e nuvens combinadas a transparências de hardwares quase abstraídas. Em diversos estados físicos, ambas armazenam informações e aludem a memórias seletivas diferenciadas: são brumas, fumaças, vapores, sem deixarem de ser presenças efetivas. Já na microssérie Lugares, a maior delas, temos árvores secas focalizadas a partir do chão, cujos galhos remetem a redes, ramificações: rupturas com continuidades, conexões com multiplicidades. Por mais que fixem espaços, essas imagens aludem a possíveis transbordamentos e, assim como em Nuvens, o céu é o grande privilegiado, mas aqui num jogo de aparências no qual a atmosfera, normalmente associada ao elemento ar, em muitas fotografias aparece convertida em mar. E é assim que, interessada na presença do natural na cidade, a artista foca a mudança de ciclos, buscando fixar em frames novos lugares para a memória, por meio da junção de arquiteturas possíveis e natureza. Para tal, realiza a invenção de séries, tornando reais paisagens imaginadas e projetadas. Anne Cauquelin, em A Invenção da Paisagem, aborda a relação entre essa e a pintura, compreendendo a primeira como criação, não como dado pronto, “ao natural”: “De todas as artes praticadas, a paisagem é sem dúvida aquela que reflete mais continuamente nossa precária situação poiética. A meio caminho entre o triunfalismo da técnica e a melancolia de ter perdido a inocência primeira, ela traça essa fina linha crítica de um real que depende apenas do poder de concebê-la”. Para finalizar esse texto, então, utilizaremos como epílogo outra citação da filósofa, atestando que a criação da paisagem é não somente um ato imaginativo como uma atividade mental, assim como as séries que Cristina Amiran inventa, pois “a paisagem que constituímos espontaneamente é o produto de operações intelectuais complexas” 1. Fernanda Pequeno, dezembro de 2011.
1
CAUQUELIN, Anne. A invenção da paisagem. São Paulo: Martins Fontes, 2007. P. 174 e P. 182, respectivamente.
vídeos
Projeto de Videoinstalação com 11 vídeos da série videoworks - projetados em uma linha de tempo em looping 2011-2012
Pass 2 of 2 - da série videoworks 2011 still de vídeo 30” em looping
Transição #1 - da série videoworks
2011 still de vídeo 30” em looping
Autorama - da série videoworks 2011 still de vídeo 30” em looping
Memory Spces - da série videoworks
2011 still de vídeo 2’08 em looping
Miniatura - da série videoworks 2012 still de vídeo 5’13” em looping
biografia
Cristina Amiran nasceu em 1960 no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Graduou-se em Comunicação Visual pela Escola de Belas Artes, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Estudou desde 2004 na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, onde atualmente, frequenta o grupo Projeto de Pesquisa 2012 – A Imagem em Questão, coordenado por Gloria Ferreira e Luiz Ernesto.
Principais Exposições Coletivas “PROJETO VOLANTE”, projetovolante.blogspot.com.br - 2011 / 2012 “PALAVRAS CRUZADAS”, Estudio Dezenove / Santa Teresa, Rio de Janeiro, 2012. “REFERENDUM”, New Media Gallery / Old City Hall, Split, Croácia, 2012. “convocatória vênus-terra”, Galpão Tac, Rio de Janeiro RJ, 2012. “instants video”, Exposition Art Video, Marseille - França, 2011. “Novíssimos”, Galeria de Arte Ibeu, Rio de Janeiro, RJ, 2011. “International Triennale of Contemporary Art / Re-Reading the Future”, National Gallery in Prague, Praga, República Tcheca, 2008. “Rencontres Internationales Paris/Berlin/Madrid”, Centre Pompidou / Jeu de Paume, Paris, França, 2007; Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madri, Espanha, 2008; Haus der Kulturen der Welt, Berlim, Alemanha, 2008. “Associados”, Espaço Orlândia, Rio de Janeiro, 2007. “Lusovideografia”, Oi Futuro, Rio de Janeiro, 2007. “VideoLab Coimbra 2006”, Teatro Académico de Gil Vicente - TAGV, Coimbra, Portugal, 2006 “O Contemporâneo”, Oi Futuro, Rio de Janeiro, 2006. “VII Salão Elke Hering” – Mostra Nacional Contemporânea de Artes Visuais, Fundação Blumenau, Blumenau, 2005. “Fotoframe”, Espaço Durex, Rio de Janeiro, 2005. ”Mínimos Múltiplos”, Mínima Galeria, Rio de Janeiro, 2005. ”FotoContínuo”, CasaMercado / FotoRio2005, Rio de Janeiro, 2005. “Imagens Contemporâneas”, Espaço SESC C opacabana, Rio de Janeiro, 2004. ”Posição 2004”, EAV Parque Lage, Rio de Janeiro, 2004. ”60º Salão Paranaense“, Museu de Arte C ontemporânea do Paraná, Paraná, 2003. ”4º Salão de Artes do SESC Amapá”, Galeria Antônio Munhoz Lopes, Amapá, 2002.
Festivais “Façade VideoFestival Plovdiv 2010”, Center for Contemporary Art, Plovdiv, Bulgaria, 2010. “III Festival Internacional de Video Arte - Camagüey”, Camagüey, Cuba, 2010. “14th CanariasMediaFest / Gran Canária International Festival of Digital Art and Cultures”, Las Palmas de Gran Canária, Espanha, 2010.
contato: 21 8708 0375 e-mail: cristina.amiran@yahoo.com.br http://flavors.me/cristina_amiran#_