Informativo do Conselho Regional de Medicina do Estado de Roraima EDIÇÃO: 40ª | Março 2014
Mais uma vitória da categoria médica Pág. 8
CRM-RR emite alerta sobre o perigo de cirurgias plásticas realizadas na Venezuela
Conheça um pouco mais da obstetra Alda Regina Gonçalez Mendes
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ENTREVISTA
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EDITORIAL
Março - 2014
O Ministério da Saúde na contra mão dos direitos adquiridos O
Governo Federal, por meio do Ministério da Saúde, continua não querendo assumir o seu papel de gestor maior dos Serviços Públicos de Saúde oferecidos à população brasileira. Em 12 de novembro de 2013,o MS editou a Portaria n 1.253 que reduz o acesso às mulheres de se prevenirem com relação ao câncer de mama. Essa medida configura um retrocesso ao direito constitucional, pois, a Lei 11.664/2008 assegura o acesso ao exame de mamografia pelo Sistema Único de Saúde às mulheres a partir dos 40 anos de idade. Porém, na contramão dos avanços na assistência à saúde da mulher, a Portaria editada em novembro de 2013 dificulta o acesso ao exame para mulheres com menos de 50 anos de idade, colocando em risco a saúde desse seguimento. Tal fato fere constitucionalmente o que os juristas chamam de Proibição do Retrocesso Social, ou seja, o direito adquirido pela Lei 11.664/2008 deve prevalecer para garantir as conquistas sociais existentes e manter o Estado Democrático e Social de Direito. Vejam o que diz o Art. 2º da referida Portaria, e o seu parágrafo único: Fica incluída na Tabela de Procedimentos do SUS a REGRA CONDICIONADA (código 005) que condiciona excepcionalmente o tipo de financiamento do procedimento 02.04.03.018-8 mamografia bilateral para rastreamento, pelo Fundo de Ações Estratégicas e Compensação (FAEC). Parágrafo único – Esta regra será aplicada quando o procedimento de que trata o caput deste artigo for realizado em pessoa com a idade recomendada pelo Ministério da Saúde compreendida entre 50 a 69 anos. O Ministério da Saúde faz uma recomendação, a qual não pode se sobrepor ao direito adquirido na Lei n 11.664/2008, em vigor desde 29 de abril de 2009, onde estabelece que toda mulher tem direito a mamografia a partir dos 40 anos. Com esta decisão, o Ministério da Saúde restringe o repasse de verbas da União para os municípios para realização de mamografia de rastreamento apenas nas mulheres na faixa etária de 50 a 69 anos, deixando por conta dos municípios o cumprimento da lei para realizar mamografia de rastreamento em mulheres na faixa etária de 40 a 49 anos. E ainda, a Portaria faz alusão para a possibilidade da mamografia unilateral, o que é um absurdo, já que a mamografia diagnóstica exige comparação nas duas mamas.
“Os médicos brasileiros não podem admitir que, mais uma vez, em nome da falta de recursos ou contenção destes, o sacrifício seja à custa dos usuários do SUS. Neste caso específico, à custa do sofrimento das mulheres brasileiras”
Há de se convir que a grande maioria dos municípios brasileiros, com suas economias sofríveis, não pode arcar com tamanha responsabilidade social. A diminuição progressiva na participação da união no financiamento da saúde joga nas costas dos municípios uma assistência que eles não têm capacidade financeira para assumir. Como o responsável pela saúde da população é o Estado Brasileiro, o Governo Federal deveria atender aos apelos das Entidades Médicas, que junto com outros seguimentos da sociedade, lutam pela aprovação de um projeto de lei por mais recursos para a saúde. O Conselho Federal de Medicina (CFM), Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) repudiam em nota a referida Portaria, e podem contestá-la judicialmente. De acordo com parecer da Comissão Nacional de Mamografia – formada pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem, Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia e Sociedade Brasileira de Mastologia, estudo internacional aponta redução de 26% a 29% na mortalidade em mulheres entre 40 e 49 anos comparadas a pacientes não submetidas ao rastreamento (mamografia preventiva). A Comissão também cita estudo brasileiro mostrando que 42% dos casos de câncer de mama registrados em Goiânia (GO) ocorreram em pacientes abaixo dos 49 anos. O levantamento de um grande hospital oncológico de Curitiba (PR) aponta que, de 2005 a 2009, 39,8% das pacientes operadas com diagnóstico de câncer de mama tinham até 49 anos. O índice passou a 37,1% de 2010 a 2011. Os médicos brasileiros não podem admitir que, mais uma vez, em nome da falta de recursos ou contenção destes, o sacrifício seja à custa dos usuários do SUS. Neste caso específico, à custa do sofrimento das mulheres brasileiras.
Wirlande da Luz Editor-chefe
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Março - 2014
PALAVRA DO
PRESIDENTE Alexandre de Magalhães Marques
D
ando continuidade ao nosso compromis-
calização foi decisiva para sanar irregularidades
so de gestão, neste primeiro trimestre de
graves na Clínica Mãe de Deus. Estivemos pre-
2014, o CRM-RR demonstrou o firme propósito
sente naquele local por duas vezes, uma delas
de defender o bom exercício da medicina e uma
em atuação conjunta com a Vigilância Sanitária
assistência médica com qualidade e segura para
Estadual e Ministério Público, e constatamos
a população.
várias irregularidades, sendo necessária uma
Venezuela, e que retornavam para Boa Vista
ação dura, inclusive com interdição parcial
com complicações graves, tomamos a decisão
daquele local.
de alertar a população quanto ao perigo a que os
Em atuação conjunta com o Sindicato dos Médicos conseguimos reverter, após reunião com o vice-governador Chico Rodrigues
Após recebermos denúncia de demissões
pacientes estavam expostos. Fizemos um alerta
e posteriormente com o governador José de
no município de Rorainópolis de médicos legal-
através da imprensa com o apoio dos médicos
Anchieta e seus assessores, a inclusão dos mé-
mente inscritos em nosso CRM-RR, para serem
especialistas em cirurgia plástica que atuam
dicos no Plano de Cargos e Salários. Por nossa
substituídos por médicos formados no exterior
em nosso estado.
solicitação os médicos foram retirados do plano
sem revalidação de diplomas através do Progra-
Em 07 de março, em uma ação conjunta
que abrangia todas as categorias da saúde, e que
ma Mais Médico do Governo Federal, estivemos
com o Ministério Público Estadual – Promo-
era prejudicial para a nossa categoria. Estamos
naquele município em apoio aos colegas demi-
toria da Saúde, Polícia Federal e Policia Civil
trabalhando um Plano de Cargos e Salários
tidos. Conversamos com o secretário municipal
fizemos um flagrante em uma residência no
específico para os médicos e que atenda de
de saúde a quem pedimos esclarecimentos sobre
bairro Tancredo Neves onde uma médica vene-
fato as nossas necessidades. Uma vez pronto,
o ocorrido. Visitamos a Unidade de Saúde Mista
zuelana estava atendendo pacientes em consul-
apresentaremos a minuta ao governo do esta-
que se encontra em situação precária em todos
tório improvisado, alguns em pós-operatório,
do e, a partir daí, uma nova e longa etapa de
os aspectos, mais notadamente no que se refere
outros sendo avaliados para possível cirurgia
negociações se iniciará até sua aprovação na
às instalações físicas.
na Venezuela. A médica de nome Ysaura foi
Assembléia Legislativa e sanção do executivo.
Após constatarmos que várias pacientes
Nossa atuação através da Comissão de Fis-
estavam se submetendo a cirurgia plástica na
Expediente
Presidente: Alexandre de Magalhães Marques 1º Vice-Presidente: Rosa de Fátima Leal de Souza 2º Vice-Presidente: Francinéa Rodrigues de Moura 1ª Secretária: Anete Maria Barroso de Vasconcelos 2ª Secretária: Maria Hormecinda Almeida de Souza Cruz Tesoureira: Nite Lago Modernell Corregedora: Blenda Avelino Garcia Sub-Corregedor: Marcelo Henrique de Sá Arruda Presidente: Bruno Figueiredo dos Santos Membro: Marcos Antônio Chaves Cavalcanti de Albuquerque Membro: Paulo Roberto de Lima COMISSÃO DE FISCALIZAÇÃO
Coordenador: José Antônio do Nascimento Filho Membro: Niete Lago Modernell Membro: Alberto Ignácio Olivares Olivares Membro: Domingos Sávio Matos Dantas Membro: Francinéa Rodrigues de Moura Membro: Bruno Figueiredo dos Santos Membro: Alexandre de Magalhães Marques
COMISSÃO DE EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA
Coordenador: Vitor Manuel Montenegro da Costa Membro: Samanta Hosokawa Dias de Nóvoa Rocha Membro: Cleyton Sampaio Barbosa Membro: Ricardo Augusto Iosimuta Loureiro Membro: Denise Matias dos Santos
Membro: Laerth Macellaro Thomé Membro: Raimundo Júnior Prado Oliveira Membro: Elana Faustino Almeida
REPRESENTANTE DO CONSELHO ESTADUAL DE SAÚDE
Titular: Mareny Damasceno de Souza Suplente: Débora Maia da Silva
REPRESENTANTE DO CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE
Alexandre Magalhães Marques Aurino José da Silva
CÂMARA TÉCNICA DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
Membro: Anete Maria Barroso de Vasconcelos Membro: Niete Lago Modernell Membro: Ricardo Augusto Iosimuta Loureiro Membro: Rosa de Fátima Leal de Souza
CONSELHO EDITORIAL:
COMISSÃO DE TOMADA DE CONTAS
ASSESSORIA CONTÁBIL
Membro: Elana Faustino Almeida Membro: Aurino José da Silva Membro: Álvaro Túlio Fortes
Membro: Wirlande Santos da Luz Membro: Alexandre de Magalhães Marques Membro: Laerth Macellaro Thomé Eudes Martins Filho
ASSESSORIA JURÍDICA
Kardec e Advogados Associados
Comissão de Licitação
Presidene: Ricardo Augusto Iosimuta Loureiro Membro: Domingos Sávio Matos Danta Membro: Marcelo Cabral Barbosa Efetivo: Paulo Ernesto Coelho De Oliveira Suplente: Mauro Shosuka Asato
EDITOR-CHEFE Wirlande Santos da Luz JORNALISTA RESPONSÁVEL Marta Gardênia Barros REVISÃO TEXTUAL Rita de Cássia Costa PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO David Eugene FOTOS Guilherme Moraes IMPRESSÃO Gráfica Ióris TIRAGEM 800 exemplares
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO
Marta Gardênia Barros
ASSESSOR ESPECIAL DA PRESIDÊNCIA CONSELHEIROS FEDERAIS - RORAIMA
COMISSÃO DE ASSUNTOS POLÍTICOS – CAP
por exercício ilegal da medicina.
Informativo do Conselho Regional de Medicina do Estado de Roraima
DIRETORIA
COMISSÃO DE ESPECIALIDADE
levada pela Polícia Federal onde foi autuada
Wirlande Santos da Luz
Av. Ville Roy, 4123, Canarinho, Boa Vista, Roraima Tel.: (95) 3623-1542 Fax: (95) 3623-1554 E-mail: crmrr@portalmedico.org.br Site: www.crmrr.cfm.org.br
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ARTIGO
Março - 2014
AS RAÍZES DA
VIOLÊNCIA O avanço da violência urbana em todo o país e,
pública e, ainda, a condenação cada vez maior de crimi-
em especial no Estado de Roraima, passou de sua fase
nosos pela justiça, a violência vem aumentando. Porque
endêmica para a fase epidêmica. E como qualquer
sua causa determinante é endógena, interna, depende
enfermidade urbana apresenta índices de morbidade
do comportamento do ser humano”.
e mortalidade. A violência urbana vai desde pequenas
Diversos estudos nos mostram que o individuo
infrações às regras básicas de civilidade e procedimento
forma sua personalidade desde seu nascimento até
moral até a violência física, violência no trânsito, vio-
seis anos de idade. A criança que não tem uma família
lência psicológica e abuso sexual praticado contra as
estruturada que molde sua personalidade nesta fase da
pessoas, principalmente as mais vulneráveis como as
vida, provavelmente será o transgressor de amanhã.
crianças, mulheres e idosos. Suas causas não são apenas
Diante de tal fato, as medidas de combate à violência a
a falta de planejamento familiar, educação, impunida-
serem tomadas não podem ser só punitivas e repressivas,
de, segurança pública, desenvolvimento econômico e
mas sim preventivas. Dessa forma, atuando-se na sua
distribuição de renda. É necessário buscar as raízes da
causa determinante.
violência na formação do individuo.
Por isso, não basta às autoridades tomarem me-
Antônio Marcio Lisbôa, emérito professor de
didas repressivas e corretivas após a prática de atos
pediatria e neonatologia da
violentos pelo cidadão, talvez tais medidas não sejam
Universidade de Brasília, em
tão eficazes. É necessário que os pais, familiares, educa-
sua obra intitulada As Raízes
dores do ensino fundamental, a igreja e os governantes
da Violência, que deu título a
através de seus mecanismos sociais, se façam realmente
este artigo, nos mostra clara-
presentes na formação de nossas crianças, em particular
mente onde devemos buscar
na primeira infância (até seis anos de idade), ensinando-
as raízes da violência – diz o
-lhes o caminho da urbanidade e respeito ao próximo.
autor: “Apesar da diminuição
A violência urbana, além de deixar sequelas irre-
da pobreza, declínio das de-
versíveis na sociedade, é a principal causa de colapso
sigualdades, desarmamento
no sistema hospitalar, principalmente nos setores de
da população, construção de
urgência e emergência, Outrossim, causa danos ao já
presídios, aumento consi-
precário sistema de financiamento do SUS e à Previ-
derável do efetivo policial e
dência Social.
Diversos estudos nos mostram que o individuo forma sua personalidade desde seu nascimento até seis anos de idade. A criança que não tem uma família estruturada que molde sua personalidade nesta fase da vida, provavelmente será o transgressor de amanhã
das despesas com segurança
A violência urbana gera desestruturação da família, que por sua vez, gera mais violência. Dr. Wirlande Santos da Luz Médico Pediatra Doutorando em Bioética pela FMUP-Portugal
ARTIGO
Março - 2014
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Pequena palavra. Grande sofrimento. Você conhece alguém que apresenta alguma das características abaixo: • Preocupações excessivas com sujeira? • Lava repetidamente as mãos? • Volta reiteradamente para conferir portas, janelas, bico de gás, etc., mesmo tendo certeza que estão fechados? • Tenha preocupação excessiva que os objetos estejam sempre bem arrumados, alinhados ou simetricamente dispostos em seus lugares? • Que demore exageradamente para realizar tarefas diárias, devido à indecisão, medo de errar ou causar danos? • Reza, recita, fala ou pensa em frases, palavras ou músicas de modo repetido? A questão a ser respondida é a seguinte: de que se trata? A resposta é: Conhecida popularmente como “manias” pelo público leigo, recebe na clínica psiquiátrica o nome de Transtorno Obsessivo-Compulsivo - TOC. O diagnóstico é clínico, não existindo exame laboratorial ou de imagem patognomônico do transtorno. A etiologia não está esclarecida. Alterações nas ligações sinápticas mediadas pela serotonina, fatores genéticos, fatores psicológicos e fatores histórico familiar têm sido responsabilizados. Certamente trata-se de um problema multifatorial. Segundo a WHO a OCD é o 4º transtorno mais frequente após a depressão, fobia social e abuso de substância. O xis da questão: no TOC estão envolvidas obsessões e compulsões. Obsessões - “Pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que são experimentados em algum momento durante o transtorno como intrusivos, indesejável e que causam acentuada ansiedade ou desconforto na maioria dos indivíduos.” • Obsessões de agressão (medo de furtar e de prejudicar os outros); • Obsessões de contaminação (preocupação de não encostar as mãos ou as vestes em nada que possa “sujá-las”); • Escrúpulos (preocupação excessiva em nunca se enganar para não prejudicar alguém e não guardar nada que pertença aos outros); • Dúvidas patológicas (tem que perguntar a alguém repetidamente se de fato fez o que devia fazer). Compulsões - “Comportamentos repetitivos de organizar ou atos mentais que o indivíduo se sente compelido a executar em resposta a uma obsessão ou de acordo com regras que devem ser aplicadas rigidamente, visando prevenir ou reduzir ansiedade ou prevenir desconforto ou prevenir algum evento ou situação temida.” • Compulsões de limpeza e lavagem (principalmente das mãos), rituais para o ato de banhar-se, sacudir as vestes para se limpar da “sujeira”, rezar, contar, repetir palavras. Shakespeare (William) por volta de 1606 descreveu na tragédia “Macbeth”, os rituais de lavagem de Lady Macbeth, como método para esconjurar a culpa: “Desaparece, maldita nódoa, desaparece, vá! [...] Nem todos os perfumes da Arábia serão capazes de purificar esta pequena mão! Oh! Oh! Oh! [...]” (Ato V, Cena I, 40-60). Lady Macbeth busca, pela lavagem das mãos, reaver a pureza perdida. Repete inutilmente a lavagem das mãos, porque tanto a sujeira quanto a limpeza têm para o individuo são, limites, mas para o obsessivo, cujo inconsciente lhe atribui conotações, não. • Rituais de verificação (averigua repetidamente se as vestes estão realmente limpas, se as portas estão fechadas, se o botijão de gás não está vazando, etc.,). • Compulsões de contar (conta, em voz alta, o número de vezes em que repete certos gestos, até que se convença que atingiu o “suficiente”); • Compulsões de ordenação e simetria (antes de escrever alinha os lápis, ordena os cadernos e a escrivaninha).
que já vinha construindo desde 1896 quando publica os Sempre os mesmos rituais de repetição das tarefas primeiros estudos sobre o tema. Segundo ele, seu surgi(limpeza, verificações, arranjos simétricos), pelas quais se mento devia-se a uma fixação ou regressão á fase anal do buscam a perfeição e a exatidão (“Just right” - “estar legal”). desenvolvimento decorrente de conflitos intrapsíquicos de Muitas vezes são manifestações leves e quase impernatureza edípica ou da internalização de frustrações com ceptíveis, mas não raro, assumem grande gravidade a ponto posterior tentativa de proteção através da utilização de de se tornar incapacitante. Cursa associado á ansiedade, mecanismos de defesa - isolamento, medo e sentimentos de culpa. Toma anulação e formação reativa. muito tempo da pessoa, interfere Após a década de 1850, a nas rotinas pessoais, na vida social e monomania desaparece como critério familiar além de causar significativo diagnóstico em psiquiatria e já não prejuízo e muito sofrimento. aparece no Manual Diagnóstico e Depressão, comportamentos Estatístico de Transtornos Mentais evitativos, indecisão, psicomotri- (Diagnostic and Statistical Manual cidade diminuída, pensamentos inof Mental Disorders - DSM). A visão vasivos, negativos ou catastróficos, atual do TOC só começa com a publiapreensão e hipervigilância também cação da terceira edição do Manual se incluem na sintomatologia. É al- DSM III. Posteriormente os critétamente prevalente na população em rios diagnósticos foram revistos no geral - 3,3% segundo Vivan (Souza), DSM-III-R e DSM-IV onde o TOC é tese de doutorado da UFRS (2013), incluído como um dos transtornos de acomete os indivíduos muito cedo ansiedade diferentemente do CID-10 e se não tratado tende a cronificar. onde está dentro da categoria “TransEm artigo de revisão sobre aspectornos neuróticos, transtornos relatos transculturais, Staley, Wand e Dr. Laerth Thomé, cionados com o estresse e transtornos Shady estudando a síndrome de Médico Psiquiatra somatoformes (F40-F48) e dentro de Tourette (Georges Gilles de la), uma categoria específica (F42). condição associada ao “espectro” Em maio de 2013 foi lançada obsessivo-compulsivo, concluíram a 5ª revisão do DSM - DSM-V que com alterações na reque a doença “é universal, tem características clínicas dação dos critérios diagnósticos e algumas modificações, semelhantes independentes de diferenças geográficas, retirou o TOC dos transtornos de ansiedade e o incluiu históricas, étnicas, culturais e econômicas e muito prona nova categoria de “Transtornos relacionados ao TOC” vavelmente o mesmo substrato biológico”. (Obsessive-Compulsive Related Disorders). Nele o coleO conhecimento sobre o TOC nem sempre foi esse. cionismo patológico (Hoarding Disorder) foi separado do Na Idade Média encontramos apenas registros em obras TOC e incluído no OCD como transtorno independente. literárias - referindo-se a sintomas - dos termos obsessio, (Highligts of changes from DSM-IV-TR to DSM-V - www. compulsio, impulsio e scrupule (origem da palavra escrúpulo psych.edu/ docccasist/changes-from-dsmIV-tr-dsm-51.pdf). (característica de ser extremamente minucioso e cuidadoso Tomando por base o DALYs (Disability-Adjusted no cumprimento de uma tarefa). Live Years), o TOC associado a transtornos mentais, neuroBurton (Robert) (cca 1621) fez em “Anatomia da lógicos e por uso de substância obteve o 10º lugar no ranking Melancolia” um estudo filosófico, médico e histórico da da carga global (Global Burden). Parece pouco, mas não é. melancolia. Em uma passagem do livro escreveu: [...] Nos EUA onde as estatísticas são levadas á sério - National “Escrevo sobre a melancolia por estar ocupado a evitar a Center for Health Statistics (NCHS) - o GB associado ao melancolia”. Estaria Burton afirmando que uma das fontes TOC na década de 90 somou aproximadamente, entre custos do estado depressivo encontrado como comorbidade no TOC diretos e indiretos, U$8bilhões. E no Brasil? Estatísticas seria a ociosidade? inexistentes ou muito pouco confiáveis. Relatos médicos do TOC só começam a surgir a partir do século XIX primeiro com Esquirol (Jean-Étienne Concluindo: pensamentos intrusivos (obsessões) Dominique), discípulo de Philippe Pinel, que no ano de 1838 e comportamentos compulsivos (compulsão) fazem parte em “Des maladies mentales consederées sous les rapports do quadro clínico de diversos transtornos psiquiátricos e médical, hygiéniques et médico-legal” descreveu o primeiro neurológicos (por exemplo - lesão seletiva em uma ou mais caso de TOC na literatura psiquiátrica: - o de Mme. F., com partes do circuito córtico-estriado-talâmico-cortical). o nome de monomanie raisonnant (monomania instintiva). Nesse primeiro caso, Esquirol já descreve duas caLembrando: Obsessões e compulsões estão preracterísticas marcantes da doença - embora nem sempre sentes também nos chamados transtornos do controle de presentes em todos os casos - a crítica e a resistência: “Elle impulsos (comprar compulsivo, jogo patológico), nos ne deraisonne jamais” (“Ela não perde nunca a razão”; [...], transtornos alimentares (Compulsive Eating), na hipoconbusca os meios mais desagradáveis que ela crê poder ajudá-la dria (Hypochondriasis), no transtorno dismórfico corporal a triunfar sobre suas apreensões e precauções”. (Body Dysmorphic Disorder), nos transtornos do “espectro” Foi, entretanto Falret (Jean-Pierre) o primeiro a fazer do autismo, nas chamadas Grooming Disorders (Hairuso médico da palavra obsessão. Desse período (cca1866) -Pulling Disorders - tricotilomania - Skin Picking Disorder são os trabalhos do psiquiatra franco - austríaco Morell - beliscar-se - Nail Biting - roer unhas e comportamentos (Bénédict Augustin) e do alemão Westphal (Alexander Carl auto-mutilante para citar alguns dos mais comuns. Otto (cca1907). O primeiro entendia o TOC como expressão do humor e o segundo como transtorno do intelecto. Não esquecer: transtornos comórbidos associados Embora tenha seu nome ligado ao estudo do comporao TOC é regra e não exceção. Além dos sintomas típicos do tamento sexual - Psychopathia Sexualis - (cca1886) - onde TOC estão quase sempre presentes uma ou mais comorbiintroduziu os termos sadismo, masoquismo e fetichismo, dades com prevalência de depressão maior seguido da fobia foi o professor de psiquiatria austro-germânico da Universisimples, hipocondria, transtorno dismórfico, tricotilomania, dade de Estrasburgo, Krafft-Ebing (Richard Freiherr von), fobia social, abuso ou dependência de álcool, transtorno do que cunhou (cca1879) o termo “zwangsvorstellung” que pânico, transtornos alimentares, transtorno afetivo bipolar e significa “representação forçada”. Traduzido pelos nortesíndrome de Tourette. Cabe ao médico durante a exploração -americanos como “obsessão” e por “compulsão” pelos semiológica fazer o diagnóstico diferencial. britânicos o termo composto que encontramos atualmente -TOC- talvez decorra de uma tentativa de conciliar as duas Muita atenção: o risco de suicídio está subestimado diferentes traduções. nos portadores de TOC, merecendo mais atenção durante as E Freud? Ele denominou o TOC de “neurose obsessiva”. rotinas de atendimento. No caso clínico conhecido como “O Homem dos Ratos”, Freud -1909 -faz algumas considerações teóricas E o tratamento? Bem, isso é outra história, Doutor (a). sobre a neurose obsessiva retomando algumas idéias
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Março - 2014
Médico realizou pesquisa
sobre predisposição genética para trombofilia
Resultados
O ginecologista e obstetra José Antônio
De acordo com José Antônio, a trombose
do Nascimento Filho apresentou no trabalho
é uma doença de caráter multifatorial, com
• Mutação G20210A – em uma paciente foi detectada em Heterozigoze para mutação no gene da protrombina, possuindo a mutação em um dos cromossomos, estando associado com aumento dos níveis de protrombina, e risco aumentado para trombose venosa.
de conclusão de pós-graduação em Terapia
tantos fatores de risco genéticos quanto
OBS: Em pacientes com eventos
Intensiva, pela Universidade Gama Filho, a
adquiridos, podendo estar presentes um
tromboembólicos, a prevalência do
pesquisa “Trombofilia em Gestantes com quadro
mesmo individuo, sendo o desenvolvimento
de pré-eclampsia grave: predisposição genética –
do tromboembolismo, resultante da interação
trabalho de pesquisa”.
sinérgica ou não entre esses fatores. Pacientes
O objetivo do estudo era investigar a
c om t romb of i l i a s h e re d it ár i a s e x i ge m
frequência dos fatores trombofílicos genéticos
uma predisposição aumentada à trombose
em mulheres grávidas portadoras de Hipertensão
recorrente, e o evento trombótico ocorre em
Arterial Grave, e que seja específica da gravidez,
geral, antes dos 45 anos de idade.
ou superajuntada com Hipertensas crônicas, na cidade de Boa Vista.
As trombofilias hereditárias são, em geral, decorrentes de mutações nos genes
Para isso, foi feita uma análise do perfil
que codificam fatores da coagulação, como
genético com as pacientes internadas com
a mutação G191A no Gene do Fator V , e a
hipertensão arterial grave, se possuíam risco
mutação G20210A no gene da protrobmina, a
aumentado para trombofilia. O trabalho foi
de alterações ligadas aos inibidores fisiológicos
realizado no período de abril a agosto de
da coagulação (antitrombinase, proteína C e
2010, no Hospital Materno Infantil Nossa
proteína S).
Senhora de Nazaré. Foram genotipadas 37
Mulheres com fator V Leiden têm rico
gestantes, por meio da análise sanguinea,
substancialmente aumentado de coagulação
para ver se havia risco de desenvolvimento
durante a g rav i d e z ( est rógeno, pí lu l as
de trombose venosa.
anticoncepcionais e reposição hormonal),
O método selecionado na pesquisa foi direcionado para detectar se havia mutação
sob a forma de trombose venosa profunda e embolia pulmonar.
no Gene G20210-A da Protrombina e Fator V
A doença pré-eclampsia é um problema
Leiden, no grupo de gestantes com DHEG grave.
mundial que acomete 5% a 8% das gestantes,
O estudo confirma que na pré-eclampsia grave,
não possuindo ainda, causa bem estabelecida. A
pode ter relação genética com quadro de risco
única certeza até o momento é que a placenta é
aumentado para trombolofilia.
fundamental para sua ocorrência.
alelo mutante da protrombina varia de 4% a 7%, enquanto que em indivíduos normais, a freqüência está estimada em cerca de 2,3%. No presente trabalho, a prevalência ficou em torno de 2,7%.
• Em 75,7% das gestantes pertenciam ao tipo sanguíneo “O” Rh positivo, 18,9 tipo “A” positivo; e 5,4% tipo “B” positivo. • Quanto à incidência de pré-eclampsia: - em 45,9% eram primigestas; em 15,5% secundigestas; e 40,6% multíparas. • Quanto ao grupo de multíparas que desenvolveram pré-eclampsia grave, (18,9%), o que chama a atenção é que todas estavam com novo parceiro e nenhuma delas teve hipertensão em gestações anteriores. Deve ser levada em consideração no desencadeamento da doença, a interação materna com antígeno de origem paterna. • Idade gestacional quando foram internadas por conta da doença hipertensiva: 31 a 35 semanas (29,7%), e 36 a 40 semanas (40,5%).
Conclusão Os fatores de risco para trombose arterial incluem, principalmente, a hipertensão arterial, o tabagismo, dislipidemias, diabetes mellitus, etc. Para as tromboses venosas, entre muitas causas, podemos citar a idade, uso de contraceptivos, terapia de reposição hormonal, cirúrgicas de grande porte, gravidez e puerpério, imobilização de
membros ou parte do corpo, trauma local, câncer, etc. A proposta do estudo foi avaliar o perfil epidemiológico de uma população com uma doença composta de muitos fatores, que geneticamente podem predispor ao tromboembolismo venoso que é a hipertensão grave no período gestacional.
O risco relativo de TEV durante a gravidez aumenta 10 vezes, e ainda é 10 a 15 vezes maior no período puerperal (TREFFERS et al – 1983; RAY e CHAN, 1999). Os achados dos estudos mostram que o TEV espontâneo não é apanágio de condição trombofílica. A trombose ocorre quando há um número suficiente de fatores de risco simultâneos.
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Março - 2014
Em abril acontecerá o I Simpósio de Pediatria de Roraima A Sociedade Roraimense de Pediatria (SRP) promoverá o I Simpósio de Pediatria de Roraima em parceria com o projeto de Educação Médica Continuada do Conselho Regional de Roraima (CRM – RR). O evento acontecerá no dia 5 de abril, no auditório do CRM – RR. As inscrições podem ser realizadas na sede da Sociedade de Pediatria, localizada ao lado do CRM - RR, na avenida Ville Roy e poderá ser feita no dia do evento. O público alvo são pediatras, médicos residentes, médicos em geral e acadêmicos de Medicina. Para a presidente interina da SRP – RR, Blenda Avelino Garcia, o objetivo é promover a educação médica continuada, otimizar o atendimento para a população que precisa dos serviços pediátricos no estado. O Simpósio contará com oito palestras e terá a participação de profissionais dos estados do Paraná, Ceará e Pernambuco.
A primeira palestra será com o médico Altamiro Vianna com o tema “Como reconhecer uma criança vitimizada e qual conduta tomar?”; em seguida a neuropediatra Charlote Buffi apresentará o tema “Neuropediatria: o que é, quando encaminhar ao especialista”. A terceira palestra terá o tema “Autismo: será que sei suspeitar”, o assunto será apresentado pelo neuropediatra do Paraná, Antônio Carlos de Farias; o quarto tema “Sinais de alerta para suspeitar de CA infantil”, será explanado pela médica Cibelo Navarro. A palestra “Diagnóstico diferencial de Hepatoesplenomegalia febril” contará com a participação do médico Robério Dias Leite, do Ceará – CE. O penúltimo tema “Dor abdominal recorrente” será abordado pela médica de Pernambuco – PE, Mara Alves e o encerramento será feito pela médica Stella Maris com o tema “Sinais de alerta para sepse”.
Como estamos longe dos grandes centros, quase não temos eventos. Por isso, a importância dos médicos em geral estarem participando. Nosso objetivo é oferecer mais capacitação e estar trocando conhecimento e experiências” Blenda Avelino Garcia - Presidente interina da sRP-RR
insCriçõEs On-LinE As inscrições para os eventos do programa Educação Médica Continuada podem ser realizadas pelo site: EM www.crmrr.cfm.org. br ATUALIZAÇAO GINECOLOGIA
DIA: 22/03/2014 LOCAL: CRM-RR ATUALIZAÇAO EM GINECOLOGIA LOCAL: CRM-RR
1. MIOMECTOMIA DIA: 22/03/2014
27,28 e 29 de Março de 2014
2. HISTEROSCOPIA – DIAGNÓSTICO
Realização:
MIOMECTOMIA 3.1.HISTEROSCOPIA – AMBULATORIAL
PROGRAMAÇÃO
HISTEROSCOPIA – DIAGNÓSTICO 4.2.POLIMIOMECTOMIA 3. HISTEROSCOPIA – AMBULATORIAL
5. SANGRAMENTO
4. POLIMIOMECTOMIA
UTERINO
–
TRATAMENTO
AMBULATORIAL
5. SANGRAMENTO UTERINO – TRATAMENTO AMBULATORIAL
6. SANGRAMENTO
UTERINO
–
TRATAMENTO
6. SANGRAMENTO UTERINO – TRATAMENTO EMERGENCIAL 7.EMERGENCIAL ABLAÇÕES
7.8.ABLAÇÕES VÍDEOS COMENTADOS (SÉPTOS, SINÉQUIAS) DISCUSSÃO CASOS 8.9.VÍDEOS COMENTADOS (SÉPTOS, SINÉQUIAS) ENCERRAMENTO 9.10. DISCUSSÃO CASOS
10. ENCERRAMENTO
COFFE BREAK
27/03 QUINTA-FEIRA
20:10 Dilema do cirurgião: Colecistectomia por video laparoscopia ou aberta? Palestrante: Dra. Rochelle
MESA REDONDA – PRESIDENTE: Dr. Levindo 18:30 Evolução histórica da cirurgia Palestrante: Dr. José Maria
20:50 Abordagem da Colelitíase na vigência da colangioressonância, CPRE e videolaparoscopia Palestrante: Dr. Luciano
19:00 Benefícios da anestesia para cirurgia Palestrante: Dr. Marco Aurélio
21:30 Discussão
19:30 O pré operatório do ponto de vista do cirurgião Palestrante: Dr. José Maria
29/03 SÁBADO
COFFE BREAK
MESA REDONDA – PRESIDENTE: Dr. Pedro Maciel
20:30 O pré operatório do ponto de vista do anestesista Palestrante: Dr. Raimundo 21:00 Analgesia no pós operatório Palestrante: Dr. Eudes
8:00 Evolução histórica na abordagem das hérnias Palestrante: Dr. Luciano 8:40 Hernioplastia com tela ou planos anatômicos Palestrante: Dr. Sidney
21:30 Discussão
COFFE BREAK
28/03 SEXTA-FEIRA MESA REDONDA – PRESIDENTE: Dr. Altamir 18:30 Benefícios da videolaparoscopia para a cirurgia geral Palestrante: Dr. Sidney Chalub 19:10 Benefícios da videolaparoscopia na urgência e no trauma Palestrante: Dr. Luciano
9:50 Hernioplastia por vídeolaparoscopia. O que é feito atualmente? Palestrante: Dr. Sidney 10:30 Projeto Acerto – Dr. Levindo 11:10 Discussão
INVESTIMENTO: R$10,00 - ACADÊMICO | R$20,00 - RESIDENTE | R$30,00 - MÉDICO
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Março - 2014
CRM-RR e Sindicato dos Médicos conseguem que médicos tenham um PCCS exclusivo para a categoria No dia 22 de dezembro de 2013, a convite do presidente do Conselho Regional de Medicina de Roraima (CRM – RR) Alexandre Marques e do ex-presidente do CRM -RR Wirlande da Luz, esteve na sede do Conselho o vice-governador Chico Rodrigues para discutir sobre o Plano de Cargos, Carreira e Salários (PCCS) dos profissionais de saúde no Estado. Os médicos presentes na reunião se manifestaram contrários a permanência da categoria no Plano, que estava prestes a ser votado pela Assembléia Legislativa Estadual, e demonstraram o desejo de ter um PCCS exclusivo para a categoria. Eles não concordavam com a inclusão da categoria no Plano elaborado pelo governo, por considerarem que o texto seria prejudicial ao profissional médico. Já que a formação médica é distinta das outras categorias da saúde, com vieses diferentes, inclusive dentro da própria categoria.
O vice-governador Chico Rodrigues entendeu ser pertinente o pleito, fez gestão junto ao governador José de Anchieta que prontamente recebeu os representantes do CRM- RR e Sindicato e, em reunião com as lideranças dos demais profissionais da saúde ficou decidido que os médicos teriam um Plano PCCS exclusivo e que seria elaborado com a presença de seus representantes. Participaram da reunião com o governador José de Anchieta e vice-governador Chico Rodrigues, o secretário de saúde Alexandre Salomão e assessores do executivo, o presidente Alexandre Marques, a secretária do CRM-RR e Sindicato dos Médicos Anete Vasconcelos e Wirlande da Luz. Para Wirlande da Luz esta foi uma vitória dos médicos roraimenses. Ele acredita que agora os profissionais terão tranquilidade e tempo para trabalhar um Plano de Cargos e Salários que atenda, de fato, aos interesses da categoria.
CRM – RR e Sindicato dos Médicos atuaram em defesa de PCCS exclusivo para os médicos “Ainda teremos uma longa caminhada pela frente. Após a elaboração do novo Plano, teremos ajustes e conversações políticas para que seja aprovado pela Assembléia Legislativa e sancionado pelo executivo. Vontade política não nos falta”, disse Wirlande da Luz, ex-presidente do CRM-RR e membro da Comissão de Assuntos Políticos do CFM. Para o presidente Alexandre Marques, esta vitória foi fruto do diálogo das lideranças médicas com o executivo estadual e seus assessores. “Vamos sempre manter o diálogo, independente de partidos políticos ou de quem quer que esteja no poder. O que nos interessa é a valorização do médico e da medicina roraimense”, disse o presidente.
CRM-RR alertou a população do perigo de cirurgias plásticas realizadas na Venezuela Em fevereiro deste ano, o CRM – RR se sentiu na obrigação de alertar a população para que não realizem cirurgias plásticas em outro país, por não terem garantia quanto à qualidade, procedência e controle das próteses e outros materiais usados. A busca por um corpo perfeito tem levado inúmeras mulheres a procurarem as cirurgias plásticas estéticas. Muitas vezes acabam por colocar a vida em risco, em Roraima, por exemplo, muitas têm ido para Venezuela, atraídas pelas ofertas de baixo custo para procedimentos como abdominoplastia, mamoplastia, lipoaspiração e lipoescultura. Mas, o barato tem saído caro. Segundo o presidente do Conselho Regional de Medicina de Roraima (CRM – RR), Alexandre Marques, há várias mulheres retornando com seqüelas irreversíveis, infecção grave, abertura nos pontos, necroses e rejeição das próteses. Além disso, é necessário que o paciente que vai se submeter a qualquer procedimento
médico conheça a qualificação do profissional responsável, o que é quase impossível, em se tratando de profissionais de outros países. Ressaltamos ainda, que os Conselhos de Medicina do Brasil não têm nenhum poder para punir administrativamente profissionais que não tenham registro no país. “Nosso objetivo era alertar os pacientes, em particular as mulheres, que tenham muito cuidado ao irem para Venezuela, ou qualquer outro país, a fim de realizarem cirurgias plásticas. O indicado é que realizem aqui mesmo no Brasil, que procurem um médico especialista e de qualificação reconhecida. Pois, se houver qualquer intercorrência o próprio médico que realizou o procedimento poderá corrigir em tempo hábil, evitando assim, sequelas irreversíveis. Saúde não tem preço. O barato pode custar caro”, disse Alexandre Marques. Para o cirurgião plástico e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Antero de Almeida Frisina, não é aconselhável em nenhuma hipótese a
realização de cirurgia em outro país, pois o paciente quando retorna ao Brasil, se tiver sofrido dano físico ou emocional, em consequência de um erro médico, ou uso de material inadequado, não terá nenhum respaldo jurídico, tão pouco, dos Conselhos de Medicina. Ainda segundo ele, é inaceitável realizar uma cirurgia plástica três dias após da chegada a um país e retornar 15 dias depois. Já, que é necessário um acompanhamento pós-cirúrgico, que é tão importante quanto o procedimento. “As pessoas que estão viajando para outros países, em particular os roraimenses que se dirigem à Venezuela, têm que estar ciente que não podemos contar no país vizinho com as regras de segurança da ANVISA. Os três hospitais da cidade receberam pacientes com sérias complicações. Entre eles, um caso de uma mulher que voltou sem o umbigo, o médico que operou nem se preocupou em resolver o problema”, comentou Antero.
Fiscalização e Flagrante
No dia 7 de março, em uma ação conjunta com o Ministério Público Estadual – Promotoria da Saúde, Polícia Federal e Policia Civil, o CRM – RR fez um flagrante em uma residência no bairro Tancredo Neves, onde uma médica venezuelana estava
atendendo pacientes em consultório improvisado, alguns em pós-operatório, outros sendo avaliados para possível cirurgia na Venezuela. A médica foi levada pela Polícia Federal onde foi autuada por exercício ilegal da medicina.
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Março - 2014
Presidente do CRM-RR participa de aula inaugural do Curso de Medicina da UFRR Na noite do dia 17, o presidente do Conselho Regional de Medicina de Roraima (CRM – RR) Alexandre Marques participou da aula inaugural da turma de 2014, do curso de Medicina da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Participaram do evento professores, acadêmicos e o Conselheiro Federal do CRM – RR, Mauro Asato. O evento marcou o ingresso de 80 novos alunos no curso de Medicina da UFRR e o acolhimento aos futuros médicos. O presidente do CRM – RR, Alexandre Marques, falou aos calouros sobre o papel do Conselho e a importância da entidade para os profissionais. No seu discurso, lembrou da trajetória da criação do curso e o reconhecimento junto ao Ministério de Educação e Cultura (MEC). O que só foi possível pelo empenho dos professores e da categoria médica. “Eu tenho muito orgulho de ter me formado na terceira turma de Medicina da UFRR. O nosso curso é por si só, de excelência. Pois, conta com um corpo docente de excelentes profissionais. Esse primeiro contato com os futuros profissionais é de suma importância. E, principalmente, por tomarem conhecimento do papel fundamental exercido pelo Conselho de Medicina em Roraima, o nosso CRM,
Fotos: Guilherme Moraes
que com seu desempenho ético, técnico, político e social assegura a estabilidade profissional, o conhecimento cientifico e o reconhecimento social pelo trabalho que desenvolve para a sociedade como um todo”, disse Alexandre. Cada acadêmico recebeu um exemplar do
Código de Ética Médica, oferecido pelo CRMRR. “Todo profissional deve se nortear pelo nosso Código de Ética Médica. Pois, com certeza assim será um profissional reconhecido pela atuação médica impecável e de conduta ética irrepreensível”, comentou Alexandre.
CRM-RR participou do lançamento da Campanha de Vacinação contra HPV No sábado (8), o presidente do Conselho Regional de Medicina de Roraima (CRM – RR), Alexandre Marques, participou da abertura oficial da Campanha de Vacinação de Combate ao HPV. O evento foi realizado no Portal do Milênio, Praça das Águas. Estavam presentes o Governador do Estado, José de Anchieta, o vice Prefeito, Marcelo Moreira, o Secretário Municipal de Saúde, Marcelo Lopes e o Secretário de Saúde do Estado, Alexandre Salomão. De acordo com Alexandre Marques, a Campanha é de grande importância, já que a vacina previne contra os quatro tipos mais recorrentes de HPV (Vírus do Papiloma Humano). Na segunda-feira (10), inicia a primeira etapa da Campanha e encerra dia 10 de abril. A prioridade é a aplicação da vacina em adolescentes na faixa etária de 11 a 13 anos, estudantes da rede pública e privada de ensino da capital. A meta da Prefeitura Municipal de Boa Vista (PMBV) é vacinar 7.636 meninas.
O presidente do CRM – RR, Alexandre Marques juntamente com o secretário estadual de saúde Alexandre Salomão e a presidente da Liga Roraimense de Câncer, Magnólia Rocha participaram do lançamento da Campanha A PMBV disponibilizará as vacinas nas escolas das redes pública e privada de ensino e em todas as Unidades Básicas de Saúde. A segunda etapa da campanha acontece em setembro e a terceira será agendada para 60 meses após a aplicação da primeira dose.
A melhor estratégia de promoção da saúde é a prevenção. É sabido que a vacina contra HPV tem eficácia comprovada para proteger mulheres que ainda não iniciaram a vida sexual. Tanto, que é uma estratégia de saúde pública utilizada em vários países” Alexandre Marques - Presidente do CRM-RR
10 NACIONAL
Março - 2014
PLANOS DE SAÚDE Entidades médicas anunciam Dia Nacional de Advertência e Protesto No próximo dia 7 de abril (Dia Mundial da Saúde), entidades médicas de todo o país organizam o Dia Nacional de Advertência e Protesto aos Planos de Saúde. A data será marcada por atos públicos contra os problemas que afetam o setor suplementar de saúde e deverá ainda convergir com o início das mobilizações da categoria no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), também previsto para abril. Além de reivindicarem a recomposição de honorários, as entidades médicas defendem o fim da intervenção antiética das operadoras na autonomia profissional e a readequação da rede credenciada, para que seja garantido o acesso pleno e digno dos pacientes à assistência contratada. A deliberação foi promovida durante encontro da Comissão Nacional de Saúde Suplementar (Comsu), realizada na última sexta-feira (14) na sede da Associação Paulista de Medicina (APM). Em ato simbólico, as operadoras de planos de saúde e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), reguladora do setor, receberam cartão amarelo por ainda não atenderem plenamente o pleito dos médicos. Segundo o coordenador do grupo e 2º vice-presidente do Conselho Federal de Medicina
Temos um compromisso com a sociedade e nosso papel é alertar e denunciar a insatisfação dos médicos e dos pacientes com esse setor que hoje é um dos líderes em reclamações nos órgãos de defesa do consumidor. Às vezes, pedimos um exame que demora meses para ser feito, o que pode comprometer o nosso atendimento. Queremos mobilizar todo o Brasil neste dia de protesto” Aloísio Tibiriçá - Coordenador do grupo e 2º vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM)
(CFM), Aloísio Tibiriçá, a saúde suplementar cresce cerca 4% ao ano em quantidade de beneficiários e, por isso, é preciso ter sua rede credenciada ampliada e seus prestadores de serviço valorizados. eivindicações Será o quarto ano consecutivo em que os médicos se mobilizam em prol de melhorias no setor. Desta vez, a categoria definiu quatro itens de reivindicação que exprimem o histórico de lutas das entidades médicas. Além do reajuste adequado dos valores das consultas e procedimentos – tendo como referência a Classificação Brasileira de Honorários e Procedimentos Médicos (CBHPM) em vigor –, a classe cobra da ANS uma nova contratualização e hierarquização dos procedimentos médicos baseadas nas propostas das entidades médicas nacionais apresentadas desde abril de 2012. O fim da intervenção antiética dos planos de saúde na autonomia da relação médico-paciente e a readequação da rede credenciada também serão bandeiras da mobilização. Para o dia 7 de abril, está prevista a realização de atos públicos como assembleias, caminhadas, concentrações, dentre outras formas de manifestação. O formato será definido pelas Comissões Estaduais de Honorários Médicos, compostas pelas Associações Médicas, Conselhos Regionais de Medicina, Sindicatos Médicos e Sociedades Estaduais de Especialidades. Em caso de suspensão temporária de atendimentos eletivos, os pacientes serão atendidos em nova data, que será informada. Durante o encontro em São Paulo, também foi divulgada uma carta aberta à ANS, aos médicos e à sociedade, assinada pelas três entidades nacionais – Associação Médica Brasileira (AMB), CFM e Federação Nacional dos Médicos (Fenam). No documento, os médicos criticam a proposta de resolução normativa da Agência, que pretende induzir “boas práticas entre operadoras e prestadores”, e que, no entanto, não contempla ou reproduz as discussões e demandas sobre a contratualização. Se editada na forma original, afirmam os médicos, a norma poderá agravar ainda mais os conflitos no setor. Confira a íntegra da Carta Aberta e leia mais sobre o assunto em http://bit.ly/1ipTGdB:
CARTA ABERTA À ANS, AOS MÉDICOS E À SOCIEDADE Os médicos, por meio de suas entidades representativas nacionais, tornam pública sua posição contrária ao conteúdo da Resolução Normativa expressa na Consulta Pública 54/2013, proposta pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A formatação final desta Consulta Pública não contemplou ou reproduziu as discussões e demandas sobre contratualização, levadas à ANS pelos médicos desde abril de 2012, quando se iniciaram as discussões. A temática proposta não atende ao previsto na Agenda Regulatória da própria ANS para 2013/2014, no que diz respeito aos médicos, e não resolve os conflitos entre operadoras e prestadores médicos na Saúde Suplementar. Pelo contrário, nomeada de “boas práticas”, cria uma maior interface de problemas. A ANS foge de seu dever legal de mediar a relação entre os agentes do setor, não produzindo a necessária segurança jurídica que se daria através de uma real contratualização. A ANS propõe soluções chamadas de “boas práticas”, que beneficiarão os planos de saúde, e tenta, nesta proposta de Resolução, impedir o recurso dos médicos à Justiça, direito fundamental na democracia. Assim, face ao item três da Agenda Regulatória da ANS – “relacionamento entre operadoras e prestadores” –, constatamos a exclusão dos itens dos prestadores médicos na solução proposta. Portanto, sem sua incorporação na discussão, veremos editada pela Agência uma norma que, de forma unilateral, não atende aos médicos e não oferece a necessária segurança ao atendimento final dos nossos pacientes. São Paulo, 14 de fevereiro de 2014.
CULTURA
Março - 2014
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Jorge Macêdo, um fotógrafo apaixonado por orquídeas Há 30 anos em Boa Vista, o cearense Jorge Macêdo veio para o Estado a trabalho. Na época, Roraima ainda era Território Nacional. Formado em Geografia, desde cedo se mostrou apaixonado por fotografia, uma paixão herdada do pai. No começo da carreira, Jorge fotografava as belezas de Roraima, aproveitava as viagens que fazia a trabalho pela Secretaria de Planejamento para os municípios do interior e retratava a cultura dos povos nativos, imigrantes de diversos locais e paisagens dos vários ecossistemas do Estado. Entre tantos registros de Roraima, há 15 anos Jorge Macêdo começou a fotografar orquídeas. “Comecei a fotografar simplesmente pela beleza da flor. Depois fui conhecendo a complexidade da
O interesse e estudo pelas orquídeas foi tanto que realizamos várias exposições aqui e em outros estados. Ficamos conhecidos no meio orquidófilo tanto no Brasil quanto no exterior. Um trabalho minucioso feito com vários colegas da Sociedade Orquidófila apaixonados por orquídeas” Jorge Macêdo - fotógrafo
planta e me tornei colecionador de orquídeas”. O interesse pela flor o levou a estudar e a se aprofundar no assunto e hoje além da fotografia, a orquídea tornou-se outra grande paixão. Tamanho entusiasmo ficou demonstrado pelo fato de ser um dos fundadores da Sociedade Orquidófila em Roraima. De acordo com o fotógrafo e pesquisador, o estado da Amazônia é o mais rico em quantidade de orquídeas já encontradas no mundo. Existe até um levantamento que mostra a presença na floresta
amazônica de mais de 800 espécies de orquídeas catalogadas, e em Roraima podem ser encontradas mais de 400 dessas. A dedicação pelo assunto resultou, junto a outros pesquisadores, na publicação do livro Orquídeas Nativas da Amazônia Brasileira. A primeira edição saiu em 1994. Em 2010, o Museu Paraense Emílio Goeldi, de Belém (PA), reeditou a obra de autoria de Manoela Ferreira Fernandes da Silva e João Batista Fernandes da Silva. Fotos: Jorge Macêdo
12 ENTREVISTA
Março - 2014 Como foi a sua infância em Pedro Ozório, no Rio Grande do Sul?
Eu t ive uma infânci a p obre, mas não necessitada. Meu pai era soldado da Polícia Militar e minha mãe era professora primária. A partir da 5ª série até a faculdade eu sempre estudei em escola pública, naquela época eram bem melhor. Minha mãe morreu quando eu tinha nove anos. Foi uma infância feliz mesmo com toda dificuldade.
Quando a senhora decidiu que queria ser médica?
Eu me lembro de um episodio que minha tia estava grávida do meu primo mais novo, eu tinha mais ou menos cinco ou seis anos. Quando eu via aquela barrigona, dizia que queria ser médica de tirar nenê da barriga. Já entrei na faculdade com o propósito de fazer obstetrícia. Sempre achei muito lindo! Fotos: Arquivo Pessoal
Há 21 anos em Boa Vista, Alda é uma apaixonada pela cidade e pela Medicina
A
entrevistada desta edição é a ginecologista e obstetra Alda Regina Gonçalez
Mendes, que nos atendeu num dos seus poucos minutos livres, no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazaré. Muito bem humorada, ela nos contou um pouco sobre sua infância, vinda para Roraima, carreira e vida pessoal. Alda Regina nasceu na cidade de Pedro Ozório, no Rio Grande do Sul. Cursou medicina na Universidade Federal de Pelotas e a residência médica foi feita no Hospital de Clínicas de Curitiba – PR. No sexto ano de Medicina, ela casou com um estudante de Agronomia. Durante a residência, o marido veio para Roraima, com o objetivo de assumir uma vaga de concurso público, na Embrapa. Ao término da residência, ela veio para Roraima, há exatamente 21 anos. O casamento acabou poucos anos depois, mas as raízes na cidade já estavam profundas, por isso ela decidiu ficar. Há seis anos, adotou uma criança, que foi vitima de violência doméstica – mas, que juntamente com a Medicina são suas grandes paixões e motivação.
Medicina, então, sempre foi o sonho? Isso. A minha realização era fazer medicina, claro que eu tinha uma imagem glamorosa da vida médico. Como toda pessoa leiga, que acha que medico come asa de borboleta no café da manha. Não tinha noção da vida sacrificada.
Então, a senhora é uma profissional realizada?
Claro. Eu acho que Medicina é uma profissão mais linda e maravilhosa do planeta. Uma profissão nobre, que está desvalorizada, tem um trabalho de mídia denegrindo a imagem do médico, mas que vai passar, é uma questão de tempo. Sou muito feliz na minha profissão.
A senhora veio acompanhar o marido e se apaixonou pela cidade?
Isso. Eu vim logo depois que ele já estava aqui, mas com o intuito de passar só três anos. Então, o casamento acabou. Mas, tanto eu quanto ele, já tínhamos fincado raízes aqui. Escolhi Boa Vista compulsoriamente para ser a minha terra, não saio mais daqui.
Como é o dia-a-dia da doutora Alda?
Muito corrido. Como eu tenho 60 horas no estado, consultório e faço plantão no final de semana. Eu trabalho de domingo a domingo. Eu não almoço em casa. Plantão noturno eu não faço mais.
Nessa vida corrida, como à senhora separa o lado profissional do pessoal?
É um imbróglio, é uma mistura. Já aconteceu de eu ter que levar meu filho, eu é especial, ele não anda e não fala, para a Maternidade, de ter que acordar de madrugada e levá-lo para o Hospital da Mulher, enquanto eu fazia um parto. Com bom humor, pensando que tudo tem um propósito, no final tudo dá certo. Eu tenho uma vida muito simples, não tenho luxo de nada. O meu hobby é cozinhar para os amigos.
Falando em saúde, na sua opinião qual o problema deste setor no Brasil? Má gestão, engodo, mentira.
Alda com o filho Gabriel, motivação para vencer os obstáculos Uma dica para quem está pensando em cursar Medicina?
Não se iluda a vida do médico não é nada glamorosa, como aparece na televisão. É uma vida muito sacrificada, as pessoas só se achegam a você para dizerem que estão mal, sofrendo. Então, você vai absorvendo todo aquele sofrimento. Todo médico que é uma pessoa humana, no fundo é uma pessoa triste. Porque a gente tem dó das nossas próprias limitações, de não poder ajudar o paciente. Eu não faço a Medicina que eu gostaria de fazer, mas eu procuro fazer a melhor medicina que eu posso fazer. Olhar sempre o paciente de uma forma humana. Não olhar como um útero, um estômago, uma vagina, olhar de uma forma integral, que é uma pessoa que tem útero, estômago e vagina e que pode estar doendo.
Tem algum caso que marcou a senhora nessas duas décadas de atuação?
Eu tenho várias Aldas e Aldos por aí. Uma menina muito jovem que tinha sido casada pela mãe com um homem 40 anos mais velho, ela engravidou quase vitima de um estupro. A hora do parto foi uma coisa horrível para ele. Mas, eu procurei dá muita atenção, conversei muito. Um dia eu cheguei em casa, eu morava perto da Maternidade, ela estava com um casal de patinhos. Ela levou o bebê para eu ver e os patinhos eram para eu criar. São muitas histórias, que não tem preço. Já cheguei em casa e encontrei uma mãe que eu tinha feito o parto há 19 anos, me esperando com um bolo de aniversario. Já recebi convite de festa de 15 anos. Enfim, são muita histórias emocionantes.
“Escolhi compulsoriamente Boa Vista para ser a minha terra”