Historia do Design
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Marina Nicolau
CRONOLOGIA DA MODA
MN Editora
Sรกo Paulo 2016
Historia do Design
Todos os direitos reservados
2016, MN Editora
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Nicolau, Marina Cronologia da Moda. Marina Nicolau / MN Editora 2016 90p Orientador: Claudio Ferlauto Fundacao Armando Alvares Penteado- FAAP Faculdade de Artes Plásticas
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A minha famĂlia por todo o incentivo.
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Sumário História do Design............................................... 7 Tipográfia..............................................................26 Projeto Gráfico......................................................39 Empreendedorismo..............................................50 Laboratório de Linguagem Gráfica....................67
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Em 1872, quando Phileas Fogg saiu de Londres para cruzar o mundo em 80 dias, a era industrial andava a passos rápidos. As pessoas já estavam se habituando a ter máquinas ao redor de si, como a máquina de costura doméstica, os teares de produção de tecidos diversos, as locomotivas a vapor. A vida moderna se desenrolava rapidamente, e habituar-se à sua crescente velocidade era estonteante às vezes, mas necessário. A modernidade mudava o tempo da vida diária, apressava-a, exigia ordem e exatidão: quando Passepartout, o fiel e diligente criado do Sr. Fogg,orgulhava-se da precisão mecânica de seu patrão, esse orgulho retratava o pensamento pragmático/ tecnicista que se instalava na sociedade recém industrializada, da qual o criado francês se comprazia em fazer parte. Vinte e um anos antes, a Grande Exposição Universal havia sacudido A industrialização e urbanização aceleraram o desenvolvimento social. A classe média cresceu a passo que a pobreza da classe diminui.
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a capital inglesa, trazendo transformações que afetariam a vida cotidiana em níveis diversos. As pessoas ja estavam se habituando a ter maquinas ao redorde si, como a maquina de costura domestica, os teares de produção de tecidos diversos, as locomotivas a vapor. A Revolução Industrial teve seu início no setor têxtil, sendo este o primeiro a conhecer a mecanização do trabalho e a produção em larga escala. O desenvolvimento desse setorestimulou outros como a indústria química, metalúrgica, aconstrução civil, etc. A industrialização e urbanização aceleraram o desenvolvimento social. A classe média cresceu ao passo que a pobreza da classe operária se instalou nas cidades. Por conta do progresso os ofícios tradicionais sumiram, pois profissionais qualificados (rendeiras, sapateiros, etc) foram substituídos por máquinas. A industrialização e urbanização aceleraram o desenvolvimento social. A classe média cresceu ao passo que a pobreza da classe
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Nesse contexto surgiu aquilo mudaria o rumo da história da moda, a alta-costura. O espírito da época era de materialismo e Napoleão III procurava apresentar Paris como uma cidade grandiosa, uma cidade à altura de um império. Um dos princípios da implementação do poder do novo soberano era a exibição de riqueza. Sua esposa, Imperatriz Eugênia Montijo, foiuma representante dessa ostentação, pois nutria um verdadeiro amor por moda (foi ela que “descobriu” Louis Vuitton).Eugênia era, como chamamos hoje, uma “formadora de opinião“ e a sua influência disseminou-se através de revistas como a The Englishwoman’s Domestic Magazine e a La Belle
The Englishwoman’s Domestic Magazine e a La Belle Assemblée.
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Assemblée. Naquela época as roupas eram confeccionadas por profissionais vistos apenas como artesões e que executavam aquilo que seus clientes desejavam. A alta-costura surgiu quando um profissional decidiu fazer roupas baseadas na sua própria concepção de belo e elegante. Esse profissional era Charles Frederick Worth. Com ajuda de grandes clientes, como a Imperatriz Eugênia, ele deixou de ser visto como artesão e passou a ser visto como artista. A alta-costura era sustentada por um diminuto número de clientes (famílias reais da Europa e dinastias banqueiras dos EUA), mas com o progresso também surgiram oportunidades para a mulher comum. A produção em massa tornou meias, luvas e acessórios mais acessíveis. Havia roupas semi-prontas a serem ajustadas e acabadas por costureiras domésticas, e grandes lojas tinham departamentos de roupa sob medida para a mulher de classe média. Em 1870, a moda eram vestidos em cores vibrantes, usando o espartilho de outra cor ou tecidos diferentes nas saias,sendo liso e outro estampado. O chapeu ao estilo boneca dava lugar a chapeus pequenos, caidos sobre a testa. Um tipo de jaqueta que formava uma sobre-saia foi muito usada. A partir do século XVIII o tecido de algodão passou a ser usado não somente para forros ou artigos domésticos, mas também para as roupas da alta sociedade. A partir daí as técnicas de estamparia do algodão foram mecanizadas, aumentando a venda e a procura do produto. A industrialização da lã também começou a se estabelecer definitivamente na Inglaterra, deixando de ser uma tecelagem de domínio familiar e artesanal, passando a ser usada inclusive pela
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alta sociedade, pois anteriormente era um tecido usado somente pelas classes mais baixas. Quanto à tecelagem da seda, que foi sempre considerada mais luxuosa do que a lã e o algodão foram entre os séculos XVII e XVIII que a Inglaterra passou a ser importante produtor de tecidos dessa fibra. Esta industria incluía na sua mão de obra homens e mulheres dos mais diferentes níveis sociais, tais como os ricos mestres tecelões e as mulheres e crianças trabalhadoras mais exploradas. A seda sempre foi um tecido raro, difícil de ser produzido por exigir uma mão-de-obra muito qualificada. Na cadeia produtiva têxtil as fibras mais conhecidas encontram-se na natureza: a seda, a lã, os pelos e as crinas de origem animal e os caules que permitem a extração de fibras de origem vegetal. As fibras químicas abrangem as fibras sintéticas, derivadas de produtos petroquímicos, e as artificiais derivadas da celulose. Enquanto as fibras naturais necessitavam de um trabalho intensivo ou de grandes espaços, e por vezes de ambos, a produção dos tecidos sintéticos não necessitava nem de um tipo especial de clima, nem de uma força de trabalho abundante. A manufatura das roupas, nas sociedades industriais do século XIX, desenvolveu-se de duas maneiras diferentes. Havia uma procura de costureiras por encomenda, de costuras delicadas e sob medida, que só podiam ser feitas à mão, e ao mesmo tempo, começava a produção em massa do vestuário industrializado padronizado, tanto nos modelos comnas medidas. Na virada do século XIX para o XX, os grupos feministas lutavam para acabar com a exploração salarial
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do trabalho da mulher e da criança, e obtiveram sucesso. A Primeira Guerra mundial fortaleceu o movimento dos Trade Boards e melhorou as condições de trabalho.A moda passou a mudar mais e mais freqüentemente, mas apenas as pessoas ricas podiam se dar ao o luxo de adquirir a última tendência da moda. Os franceses continuaram a ditar a moda na Europa até o início da Revolução Francesa,no final do século XVIII, quando a Inglaterra assumiu a dianteira, até o final da Revolução, quando a França retomoua liderança no cenário da moda européia. Dado ao status de riqueza e poder de roupas complexas e elaboradas, ao longo da Revolução, muitos nobres passaram a usar roupas simples, com o medo de serem capturados pelos revolucionários, queos teriam guilhotinado. A Revolução Industrial traz consigo uma criatividade tecnológica que modifica a produção de bens e serviços que alavanca a riqueza europeia. Devido aos investimentos einovações, esta criatividade gera um novo sistema eco mico com capacidade de se auto sustentar financeira e tecnicamente. Assim, o primeiro setor que verifica essas mudanças é a área têxtil, que com o aumento da demanda de tecidos e o crescimento na área de vestuário, devido ao aumento da população, ganha a primeira máquina de tecer. Até o final do século XVIII a maioria da população européia vivia no campo e produzia o que consumia. De maneira artesanal o produtor dominava todo o processo produtivo. Apesar de a produção ser predominantemente artesanal, países como a França e a Inglaterra, possuíam manufaturas. As manufaturas eram grandes oficinas onde
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diversos artesãos realizavam as tarefas manualmente, entretanto subordinados ao proprietário da manufatura. Como muitos empresários ambicionavam lucrar mais, o operário era explorado sendo forçado a trabalhar até 15 horas por dia em troca de um salário baixo. Além disso, mulheres e crianças também eram obrigadas a trabalhar para sustentarem suas famílias. Diante disso, alguns trabalhadores se revoltaram com as péssimas condições de trabalho oferecidas, e começaram a sabotar as máquinas, ficando conhecidos como “ os quebradores de máquinas“. Outros movimentos também surgiram nessa época com o objetivo de defender o trabalhador. O trabalhador em razão deste processo perdeu o conhecimento de todo a técnica de fabricação passando a executar apenas uma etapa. A Inglaterra foi precursora na Revolução Industrial devido a diversos fatores, entre eles: possuir uma rica burguesia, o fato do país possuir a mais importante zona de livre comércio da Europa, o êxodo rural e a localização privilegiada junto ao mar o que facilitava a exloração dos mercados ultramarinos. O aparecimento das fabricas de roupas reforçou a divisão entre as empresas que usavam maquinário e recrutavam mão de obra semiqualificada, e os velhos artesãos. No comércio tradicional dos alfaiates, cada peça de roupa era feita separadamente por um só trabalhador; isto era conhecido como método da peça única. Os alfaiates haviam estado entre os primeiros artesãos independentes e tinham estabelecido
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as suas corporações nas cidades medievais. Eram organizações de patrões, que trabalhavam normalmente com as suas famílias, um ou dois trabalhadores experientes, contratados por dia, e alguns aprendizes. No século XVII, surgiu a loja de alfaiate. Os alfaiates eram comerciantes estabelecidos que tinham capital suficiente para alugarem uma loja numa zona chique das cidades, para terem estoque de tecidos caros e oferecer crédito ilimitado às pessoas da sociedade que formavam sua clientela. O comércio era sazonal e os trabalhadores das alfaiatarias eram contratados e despedidos conforme as necessidades. Na Inglaterra e nos Estados Unidos, dois grupos de trabalhadores vieram juntar-se às fileiras dos trabalhadores temporários e semiqualificados. No final do século XIX usaram trabalho dos emigrantes, especialmente Judeus. No início do século XIX as mulheres passaram de simples operária a aprendizes de alfaiates em número cada vez maior. Os trabalhadores Judeus, em muitos casos, já eram reconhecidos como alfaiates qualificados. Foi durante o período entre 1898 e 1910, que a indústria do vestuário feito em massa arrancou de fato, tanto na Inglaterra como na América. desaparecimento das costureiras a dias. Pelo contrário, este sistema aumentou o trabalho a domicílio.
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Os alfaiates haviam estado entre os primeiros artesãos independentes e tinham estabelecido as suas corporações nas cidades medievais. Eram organizações de patrões, que trabalhavam normalmente com as suas famílias, um ou dois trabalhadores experientes, contratados por dia, e alguns aprendizes.
Esse modelo, apesar de coeso em si mesmo, não era capaz de produzir tanto. Geralmente o suficiente para a comunidade entorno da corporação ou para abastecimento de mercados. As primeiras indústrias vieram dos investimentos
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Os vestuários na Revolução Industrial como penteados, perucas e chapéus foram abolidos com a chegada de Napoleão ao poder por volta de 1800. A Burguesia impôs a sua moda. Os homens adotaram o estilo dos trajes dos Ingleses- com cartola alta, laco no pescoço, calcas ao invés de corsários e sapatos de botões. As mulheres adotaram um estilo mais leve, usando leques e saias. Quando Napoleão III se instalou no poder em 1852,projetos de modernidade estavam em seus planos: entreeles, a realização da Exposição Universal de 1855. Ela não foi um sucesso como a exposição inglesa de 1851, mas sua ocorrência e aquelas que a seguirão vão marcar o tom das próximas exposições internacionais. A industria têxtil deu o arranque na Revolução. Até então, os tecidos e as roupas eram produzidos por meios artesanais. As consequências foram várias e de vários modos. Por um lado as roupas eram produzidas em grande escala com baixo valor e a moda mudava com mais frequência. Por outro lado havia a exploração de mulheres e crianças, nas fábricas, com baixos salários e condições insalubres: máquinas barulhentas e perigosas, ambientes sujos e mal iluminados. Muito se discute sobre os motivos e as consequências da Revolução Industrial que, pode-se dizer, iniciou no período dos séc XVIII ao XIX. As montadoras de automóveis não ficaram atrás: assim como na mostra de 1900, inovações na mobilidade e no transporte individual e coletivos eram o cerne das questões ligadas à projeção da vida no futuro.
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Os homens adotaram o estilo dos trajes dos Ingleses-
Exposição Universal de Paris. 1889. Galeria de Máquinas. Arquiteto Ferdinand Dutert , engenheiro Victor Contamin. Demolida em 1910.
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As mais novas tecnologias serão exibidas nas Expos: na mostra de 1878, a iluminação elétrica foi instalada na Avenue d’Opera e na Place de l’Opera. A eletricidade ampliava as possibilidades da noite como espaço de entretenimento: o tempo diário se estendia, o dia se alongava. Em 1889, na Expo que comemorava o centenário da Revolução Francesa, seus maiores trunfos foram duas joias arquitetônicas que competiam com a engenhosidade do Palácio de Cristal e glorificavam o poder da máquina: a Galerie des Machines e a torre Eiffel. A exposição, apesar da recusa de alguns países em participar de um evento que comemorava uma revolução, foi um triunfo: 32 milhões de pessoas a visitaram ( JACKSON 2006). A exposição celebrava a arquitetura do ferro, que já havia sido glorificada com a construção do Palácio de Cristal em 1851. Mesmo com um antecedente deste porte, a construção da torre Eiffel foi um espanto: com seus 320m de altura, ela causava vertigens nos visitantes. Sua iluminação elétrica também foi um sucesso: milhares de lâmpadas a adornavam, enquanto um raio tricolor saía de seu topo e iluminava os céus todas as noites . A mostra de 1900, ao raiar do novo século, confirmou as mudanças nos deslocamentos espaço/tempo causadas pelas novas tecnologia. Uma nova estação de trem, a Gare d’Orleans, foi construída para receber os visitantes, possibilitando que habitantes de localidades mais distantes chegassem com maior conforto, desembarcando nas proximidades mostra. Próximo à nova estação, e fazendo parte do complexo de edifícios montados para a Expo, foi construído um hotel. A primeira linha de metrô
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parisiense foi inaugurada e uma calçada ambulante transportava os visitantes entre pontos importantes da exposição. Não havia tempo a perder: os deslocamentos mais rápidos se faziam necessários, e a exposição foi um emblema disto. “A rapidez e a quebra das fronteiras representam o espírito de uma época; elas expressam uma aceleração da vida social” . No topo do Palácio da Eletricidade, uma estátua de 6,5 metros segurava uma tocha que disparava um facho de luz de 50.000 volts. A eletricidade, glorificada na exposição, já havia mudado transformado a noção de pertencimento ao mundo. rápida, pois as novas avenidas reduziram o tempo gasto nos deslocamentos. Flanar pela cidade havia se tornado um hábito de seus moradores, não mais circunscritos a pequenas distâncias entre os bairros em quemoravam. Os pavilhões da mostra de 1900 e o deslocar-se entre eles eram um retrato desta cidade feérica, que exigia trilhos e relógios: “antes da estrada de ferro, possuir um relógio era um sinal de riqueza; desde então, tornou-se uma prova de civilização .” O século XX: o futuro instaurado pelas Expos A exposição de 1900 inaugurou um século que será pautado pela inovação tecnológica e pela construção do futuro. As expos subsequentes, realizadas em várias partes do mundo , reafirmaram este posicionamento. Mas nenhuma delas talvez tenha levado a ideia do futuro de maneira tão ousada e completa como a exposição de 1939, realizada em Nova York. Com o slogan “O Amanhã é Hoje”, a feira de 39 foi pautada pela vontade norte-americana de mostrar que os difíceis anos de depressão econômica já tinham sido superados. “Construindo o mundo
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de amanhã com as ferramentas de hoje” : a nação agora mirava o futuro e mostrava ao mundo que, se havia um país pronto para chegar lá primeiro, estes seriam os Estados Unidos da América. O empenho do governo norte-americano em mostrar seu avanço tecnológico mostrava uma nação sôfrega por adiantar-se no tempo, como se a feira fosse um túnel que levaria a um futuro feliz, de irmandade entre os povos, onde todas as imperfeições seriam sanadas pela tecnologia. As empresas americanas esmeraram-se: no pavilhão da Westinghouse Electric, o público era recebido por Elektro, um robô de aproximadamente 2m de altura que respondia a pequenos comandos e conseguia entabular uma conversa com seu interlocutor. As montadoras de automóveis não ficaram atrás: assim como na mostra de 1900, inovações na mobilidade e no transporte individual e coletivos eram o cerne das questões ligadas à projeção da vida no futuro. A GM apresentou Futurama, cidade projetada pelo designer Norman Bel Geddes, montada em uma imensa maquete que se estendia por mais de 3.000m2. A feira de 1939 presentificava o sonho pensado em 1851: a crença em um mundo melhor, uma época futura em que a humanidade, sob os auspícios da máquina e da tecnologia, caminharia para uma era de paz e cooperação internacional. A Segunda Guerra Mundial irrompeu antes do término da feira, adiando os sonhos.
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A entrada para Futurama, na feira de 1939
O legado das Expos
CLARK ( 2004), comentando a respeito da pintura de Manet sobre a exposição Universal de 1867, afirma que “ninguém acredita propriamente em uma Exposição, pelo menos não na sua pretensão de representar o mundo” . Difícil concordar com esta afirmação, quando se pensa na história das Exposições Universais. Seus organizadores e público acreditavam nas mostras, nas experiências que elas proporcionavam. Mais ainda, acreditavam no poder transformador destas experiências. O número de visitantes alcançado pelas principais feiras atesta esta crença. Seja pela vontade de se inteirarem do mundo em que viviam, de entender sua época, de pensarem o futuro, os visitantes acorriam às mostras desejando, por instantes, serem raptados da realidade em que viviam, serem transportados para outro espaço, para outro tempo. Quanto aos organizadores, planejar o futuro, trazê-lo para
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o presente, torná-lo possível em uma brecha do espaço/ tempo: as feiras proporcionavam esta ilusão, tão real para
muitos. Em seus oitenta dias de viagem ao redor do globo, Phileas Fogg e Passepartout acreditaram no poder do tempo cronometrado, da ordem, da máquina e conseguiram que o até então impossível acontecesse. Se algum viajante do tempo lhes contasse sobre a futura conversa do robô Elektro com a srª Ellias, em 1939, eles provavelmente não se espantariam. Mas talvez se perguntassem porque ela teria demorado tanto tempo para acontecer. Foi a Inglaterra o país que saiu na frente no processo de Revolução Industrial do século XVIII. Este fato pode ser explicado por diversos fatores. A Inglaterra possuía grandes reservas de carvão mineral em seu subsolo, ou seja, a principal fonte de energia para movimentar as máquinas e as locomotivas à vapor. Além da fonte de energia, os ingleses possuíam grandes reservas de minério de ferro, a principal matéria-prima utilizada neste período. A mão-de-obra disponível em abundância (desde a Lei dos Cercamentos de Terras ), também favoreceu a Inglaterra, pois havia uma massa de trabalhadores procurando emprego nas cidades inglesas do século XVIII. A burguesia inglesa tinha capital suficiente para financiar as fábricas, comprar matéria-prima e máquinas e contratar empregados. O mercado consumidor inglês também pode ser destacado como importante fator que contribuiu para o pioneirismo inglês.
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O vestuário antes da Revolução Industrial, eram roupas feitas artesanalmente e pesadas. Vestidos atados ao busto comanquinhas, anáguas, babados, bordados e o corselete. 1700 a 1800 (início) .Com a Revolução Industrial as roupas ficaram mais leves e simples. Os excessos das décadas anteriores vão sendo eliminados aos poucos. Os vestidos tornam-se menos rodados, mangas menos fofas, não se usa mais a anquinha, calçados com salto baixo. Os grandes penteados, o volume e a altura das perucas diminuem. 1800 (transição). Até a Revolução Industrial (meados do século XVIII), as pessoas pertenciam somente a duas classes sociais – aristocracia e trabalhadores. E, como a roupa era feita a mão e com materiais de altíssima qualidade (haute couture), somente a realeza podia bancar roupas fashion. Afinal, eles eram o topo social e econômico da sociedade e quem, consequentemente, ditavam as tendências de moda na época. Latifundiários, por exemplo, copiavam-nos para ganhar aprovação. Foram os membros da corte de Rei Luís XIV que se tornaram referência e exemplo de bom gosto e luxo, transformando Paris na capital da Moda. Os demais países, especialmente Europeus, não só os copiavam como exportavam matéria-prima.
TIPOGRAFIA
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Fazer tipografia é como escrever. Você aprende os elementos básicos para construir algumas frases simples. Você aprende um pouco mais, para ser mais eloquente. Você pratica, conforme um conjunto confuso de regras e exceções. E, finalmente, você aprende a quebrar as regras e parte para a expressão pessoal. É claro que, infelizmente, aqui não há espaço suficiente para ensiná-lo sequer os elementos básicos da tipografia. Então, em vez disso, eu resolvi redigir um apelo apaixonado para impedir que você prejudique a mim e aos outros com algumas péssimas práticas usuais. A tipografia malfeita me faz estremecer de dor. A primeira coisa que eu preciso fazer é lhe dizer para que esqueça tudo o que seu professor de datilografia do colegial lhe ensinou. A máquina de escrever, embora fosse muito boa para as secretárias na década de 1970, é hoje um equipamento primitivo. Pense nela como um carrinho de bate-bate de um parque de diversões. Agora você cresceu e está sentado na direção de uma Ferrari. Aprenda a dirigi-la sem esbarrar em nada.Existem muitos conceitos a desaprender. Para começar não coloque dois espaços no final de um período. Pare com isso já e, por favor, nunca mais me deixe ver isso novamente. Depois, apesar de você ser “pra frente”, não sublinhe textos para dar ênfase, nem para destacar títulos de livros ou revistas. Para esse fim, use o itálico. Algumas vezes use bold para ênfase, embora normalmente itálico seja melhor. E não use a tabulação para abrir parágrafos. A tabulação tem finalidades específicas, e sinalizar parágrafos não é uma delas. Não discuta sobre isso comigo. Apenas faça o que estou lhe dizendo.
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Existe uma razão para se determinar o início de um parágrafo: indicar que “um novo pensamento começa ali”. Então, você deve usar algum método. Mas vamos fingir por um momento que os espaços entre linhas, as aberturas de parágrafos (que devem ser criadas em folhas de estilo padrão) e outros recursos custem dinheiro. Vamos dizer 100 reais. Toda vez que você iniciar um parágrafo vai lhe custar 100 reais. Você vai usar um espaço entre linhas e uma abertura de parágrafo? Portanto, são 200 reais! Não faça isso. Use um método, é tudo o que você precisa. Outra forma de economizar dinheiro na abertura de parágrafos é quando você tem o início de uma seção, ou um cabeçalho: você pode (deve) eliminar a o recuo do parágrafo, no início do texto, depois da pausa ou do cabeçalho. Não queira parecer o The New Yorker. Eles fazem isso de maneira errada e são pessoalmente responsáveis pela elevação de minha pressão arterial.Verifique se você usa aspas e apóstrofos de verdade. É algo tão básico que me aborrece ter de explicar isso. Algumas pessoas as chamam de “aspas inteligentes”, mas o apelido é irrelevante. Embora a aparência das aspas varie conforme o estilo dos caracteres, as aspas de fechamento devem ter a forma da vírgula, e as aspas de abertura devem ser iguais, só que invertidas. Muitas vezes elas parecem pequenos seis ou noves, mas nem sempre. O apóstrofo tem sempre a mesma forma da vírgula e deve ser exatamente igual às aspas de fechamento simples (quando ela está invertida, trata-se apenas de aspas de abertura simples e não do apóstrofo). Esses outros caracteres, que normalmente vão para cima e para baixo e não têm a mesma
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forma da vírgula, são chamados de plicas ou duplas plicas, e são como agulhas para os meus olhos quando usadas no lugar das aspas e dos apóstrofos. Quando eu as vejo em algum documento, sinto dor física. O Design de marca e logotipos entraram em cena nos anos 1980. Nas marcas presentes no Brasil, a tipografia preta em fundo branco aparece em vinte marcas; tipografias em cores diferentes aparecem em 11 marcas. O brasão dando apoio à marca aparece em 9 delas. Geralmente asmarcas são compostas por uma única fonte tipográfica que acompanha as iniciais do nome no logotipo. E a identidade da marca que define, em poucas palavras, a missão, a especificidade e a promessa que ela carrega. A identidade da marca, porém, se expressa em determinados produtos ou elementos deles que se repetem, não somente numa mesma coleção, mas na maioria dos componentes do port-fólio de produtos dessa marca. Muitas logomarcas apostam nos chamados monogramas e marcas nominativas, caracterizados totalmente por suas tipografias exclusivas. Esse tipo de escolha para logomarcas de roupas é muito usada pelo mercado de luxo, como os casos da Chanel, Cartier e Dior. A primeira, muito lembrada pelo vanguardismo de sua criadora, Coco Chanel, usa uma fonte sem serifa, que lembra a modernidade de suas peças, além de sofisticação e elegância. As fontes caligráficas, como a utilizada pela Cartier, denotam personalização e unicidade, critérios valiosos para quem gosta de diferenciar-se ao usar um relógio cujo valor pode passar dos cinco dígitos.
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Tipografia 30
A marca Chanel, por exemplo, teve como fundadora Gabrielle Coco Chanel, estilista que criou alguns itens históricoscomo o tailler feminino, o típico sapato bicolor que é preso por uma tira ao calcanhar, a bolsa em couro com efeito matelassê e correntes douradas. Mesmo após sua morte em 1987, a maison Chanel, comandada atualmente pelo estilista Karl Lagerfeld, continua com as diretrizes e os refinamentos da sua criadora que, inclusive, imortalizou o tipo de corte de cabelo curto e reto na altura do queixo, que leva seu nome. A relação da tipografia com a moda parte do princípio de que “a moda não pode nascer nas culturas que não conhecem a escrita” (BALDINI, 2006. p. 35).
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Um verdadeiro mito. Responsável por grande parte das principais mudanças no vestuário feminino e na moda ocorridas no século XX. Considerada uma das forças do movimento feminista do começo do século passado, Mademoiselle Coco Chanel criou uma moda atemporal e elegante, ostentada até os dias de hoje, fazendo de sua marca um sinônimo de elegância e conforto. Enfim, CHANEL é sempre tendência. A história Para contar um pouco da história da marca CHANEL é imprescindível conhecer um pouco da vida de sua criadora. A estilista francesa, que se tornou símbolo de uma revolução nos costumes e na postura da mulher no cenário social, adquiriu a elegância e simplicidade como formas de sobrevivência. Mitômana, nunca quis admitir sua origem pobre. Foi apenas após a sua morte, em 1971, que os reais fatos de sua infância ficaram conhecidos do público. Nascida no interior da França, na pequena vila de Saumur em 19 de agosto de 1883, Gabrielle Bonheur Chanel ficou órfã de mãe (que era costureira) aos treze anos de idade. Seu pai, Albert Chanel, a mandou para um pensionato da cidade francesa de Auvergne, onde permaneceu até o fim da adolescência. Porém, a vida simples da cidade interiorana não condizia com a ânsia de Coco Chanel. Trabalhou como balconista em uma loja de tecidos (onde aprende a profissão de costureira e manejar a
agulha com perfeição) e até em um cabaré chamado Café Beuglant de la Rotonde , onde cantava a música “Qui qu’a vu Coco dans le trocadero?” (responsável pela origem de seu
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apelido Coco). Mas o intuito de vencer na vida era mais forte e, para isso, ela decidiu sair à procura de amantes, de preferência homens ricos, que pudessem lhe ajudar. Esse foi o primeiro grande confronto de Coco Chanel com a sociedade machista do início do século XX. O envolvimento com o milionário oficial da cavalaria Etienne Balsan levou-a a Paris e a inseriu na alta sociedade da capital francesa. Com a ajuda do cobiçado playboy inglês Arthur Capel (que muitos dizem ter sido o grande amor da estilista e morreu jovem em um acidente automobilístico em 1919), montou sua primeira loja, a Casa Chanel (Chanel Modes) em 1909, no piso térreo de um edifício em Paris. No começo, vendia elegantes chapéus para mulheres e acessórios. A loja estava localizada na região da Balsan, que era ponto de encontro dos burgueses e políticos franceses e suas amadas, e uma oportunidade para Coco vender seus famosos e impecáveis chapéus. O estilo simples, sem grandes adornos de flores, encantou as damas parisienses que frequentavam o jóquei clube da cidade. Quem era aquela mulher que ousava nos trajes simplistas, com misturas entre vestimentas femininas e masculinas? A partir desse momento, Coco Chanel decidiu dedicar-se à costura. Arthur viu em Coco uma futura mulher de negócios e a ajudou a adquirir um imóvel no prestigioso número 21 da Rue Cambon, no ano de 1910. Seus cortes simples encantaram e, em 1913, antes da Primeira Guerra Mundial, inaugurou, simultaneamente, duas boutiques de moda, em Deauville (um dos elegantes centros da França na época) e em Paris. Nesta época ela começou a criar roupas esportivas femininas, como por exemplo, blusas com
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golas rolês, inspiradas nas roupas dos marinheiros, feitas de malha e tricô. Em 1916, quando já chefiava um exército de 300 funcionários, abriu uma loja de alta costura em Biarritz e, em 1921, fixou-se definitivamente no mítico n.º 31 da Rue Cambon, onde a Maison Chanel existe até os dias de hoje. Ainda nesta época foi ousada ao se tornar a primeira estilista a lançar um perfume com sua assinatura. Coco costumava dizer que no mundoda moda havia um excesso de homens que não sabiam como proporcionar o conforto às mulheres. Foi por isso que o estilo criado por ela revolucionou o século XX: ao libertar a mulher das faixas e corpetes apertados em saias cheias de babados, permitiu que se sentissem livres e poderosas, vestidas de maneira simples e prática. “Não há mulheres feias, há mulheres mal cuidadas”, costumava dizer. Com essa filosofia, queria atingir o maior número de mulheres que pudesse através de suas roupas de cortes retos e elegantes. Não se importava em ser copiada por outros estilistas; o que mais a alegrava era ver mulheres vestindo suas inovações. Jérsei, cardigã, sapatos sem salto, vestidos de corte a direito e sem mangas, jaquetas, saias plissadas, tailleurs, bolsas com alça de corrente dourada: a renovação do guarda-roupa feminino para servir ao bel-prazer da mulher de bom gosto e poucos recursos estava disponível na criatividade de Coco Chanel. Era o chique minimalista que seria adotado por aquelas que estavam cansadas dos costumes da Belle Epoque e do vestuário excessivamente ornamentado. O vestido preto de crepe com mangas justas e compridas (que ficou conhecido como “Little Black Dress” ou “Pretinho Básico” em português) seria outra de
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suas grandes invenções que se tornaria célebre e ousada, afinal era uma cor inédita para a alta-costura normalmente atribuída ao luto. Saindo das festas de gala e dos momentos de luto, se transformaria no curinga de antemão marca. O preto era uma cor inedita para a alta-costura normalmente atribuida ao luto. Saindo das festas de gala e dos momentos de luto, se transformaria no curinga de antemao.marcaria o perfil da mulher moderna, preparada para ser uma profissional e parecer feminina e elegante em qualquer situação. Utilizado pela primeira vez em 1926, o modelo foi chamado pela revista Vogue como o “Ford dos vestidos” (uma alusão aos carros da marca americana que eram produzidos e vendidos em larga escala). Seus cortes simples encantaram e, em 1913, antes da Primeira Guerra Mundial, inaugurou, simultaneamente, duas boutiques de moda, em Deauville (um dos elegantes centros da França na época) e em Paris. Vitrine da loja Chanel em Miami.
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Os símbolos também são muito utilizados por grandes marcas para diferenciar suas peças com facilidade na multidão. O usuário, por sua vez, pode ostentar o orgulho de possuir uma roupa daquela marca, seja por seus valores comerciais, estéticos ou culturais, afirmando dessa forma parte de sua personalidade. A maioria da grifes utiliza o preto em suas logomarcas por sua capacidade de adaptação, servindo como uma base que pode ser alterada para cores prateadas e douradas, mostrando seu poder financeiro nas fachadas de suas lojas. As cores e suas funções psicológicas, porém, também podem ser pensadas para atender as necessidades desse setor. A Hermès, grife francesa,é facilmente reconhecida por sua cor laranja que representa a criatividade e autenticidade da marca, uma das primeiras a vender bolsas com zíper, por exemplo. A Tommy Hilfiger prefere ostentar seu patriotismo, usando as cores da bandeira americana para simbolizar a marca que vende roupas alinhadas ao estilo clássico dos estadunidenses. Seus cortes simples encantaram e, em 1913, antes da Primeira Guerra Mundial, inaugurou, simultaneamente, duas boutiques de moda, em Deauville (um dos elegantes centros da França na época) e em Paris. Identidades all-type se tornaram comuns agora principalmente em canais de televisão e mídias com forte atuação no meio digital, pela possibilidade desses meios de trabalhar com animações e marcas cambiantes, quando comparados com meios impressos. Em empresas do campo da moda, porém, a presença da tipografia não é nem sequer recente; é só observar como a maior parte das marcas de grifes
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e maisons são all-type. Isso está relacionado à necessidade de imprimir a marca em diversas texturas de tecidos e etiquetas, mantendo-as simples e minimalistas, e ao mesmo tempo com estilo sofisticado. Com a valorização dessas empresas e o reconhecimento dessas marcas gráficas veio também a oportunidade de imprimí-las nas próprias peças como ponto chave da estampa, uma prática que permanece comum até hoje. O que é um pouco mais recente é o emprego de textos complexos nas estampas de camiseta. O uso de frases em camisetas tem origem no início do século XX, em que se tornou comum o uso de peças e adereços políticos fosse para defender candidatos ou causas, como o sufrágio feminino. Hoje é muito comum encontrar peças com frases estampadas, do fast-fashion ao high-fashion, com humor sutil ou irônico, letras de músicas e, assim como foi lá no começo, máximas políticas.
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Christin Dior é um ícone da moda de alta costura. Afinal é impossível imaginar a história da moda sem Christian Dior. Ele inventou o chamado “New Look”, que ao longo de sua história fez a própria tradução física dos sonhos e da fantasia humana através de seus vestidos. A marca é, talvez, a mais influente e chique do fascinante e extravagante mundo da alta costura. Fruto da cabeça criativa e inovadora, que adorava romper e quebrar tendências, do estilista Christian Dior. Moda para mulheres, homens, crianças, joias e perfumes incríveis, relógios, maquiagens, acessórios e muito estilo. Hoje, a DIOR é um império do luxo, admirada no mundo inteiro. Seu logotipo consiste em um wordmark simples que caracteriza a marca usando a família de fontes Nicolas Cochin.
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MODA E TIPOGRAFIA
Ao “vestir e multiplicar a palavra escrita”,constituindo diferentes inscrições e paisagens tipográficas, a tipografia se materializa em diversos suportes gráficos7 , cujo uso pode ser marginalizado ou institucionalizado. Surge em paredes, papéis ou placas de sinalização; em qualquer local onde exista uma demanda de comunicação, sem regras fixas que determinem seu estilo ou sua posição nos espaços.Deste modo, escrita e tipografia acabam também sendo anexadas a suportes têxteis e pessoais (Moreno, 1982), representados pelo corpo humano que recebe e transforma-se no próprio material/base de informação e veiculaçãode mensagens. As roupas passam, então, a ser vistas como fontes de experiência visual e estética, de entretenimento e criatividade, de subversão e marginalidade, de venda e comercialização, de individualização e integração. Servem aos interesses de diferentes sujeitos-produtores, sejam estes os estilistas e designers ou os próprios usuários, que incorporam diferentes manifestações de ordem verbal ou tipográfica aos suportes, como destaca Lipovetsky (1983) ao questionar tal apropriação: Em sua coleção outono/inverno 2008/2009 intitulada “No”, Viktor & Rolf,incorporam às roupas palavras e expressões como “No”, “Wow” e “Dream”. Os designers apropriaram-se ostensivamente da tipografia, criando e reproduzindo letras nas peças por meio de lantejoulas e outras interferências gráficas realizadas sobre os materiais têxteis.
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Os volumes e formas tridimensionais, ao expandirem as formas e tecidos, tornam-se dramáticos, expressivos e conceituais, acompanhando e/ou afetando os movimentos do corpo suporte então revestido. MODA, TIPOGRAFIA E PRODUÇÃO GRÁFICO/EDITORIAL Da mesma maneira que a moda individualiza a aparência dos sujeitos, a tipografia passa a personalizar a ‘aparência’ de marcas, anúncios publicitários e outros produtos gráficos, ressaltando e traduzindo diferentes conceitos e estilos. Observamos que as marcas e grifes, sobretudo a partir da década de 1990, passaram a ser compostas unicamente por logotipos – prescindindo da utilização de qualquer outro elemento gráfico adicional na composição da sua identidade visual , como o símbolo. Os logotipos, desta forma, se referem às formas particulares pelas quais os ‘nomes’ das marcas são graficamente representados, sendo que cada grife se utiliza de uma fonte tipográfica cujo desenho corresponda ao conceito desejado. Assim, as formas manuscritas e inclinadas de Salvatore Ferragamoremetem à personalidade e à ‘assinatura’ do autor, atribuindo certo preciosismo,autoridade, elegância e sofisticação à marca do ‘artista’ italiano; já o logotipo de Chanel, de espessura uniforme, conserva as formas mais essenciais e lineares das letras em caixa alta, não serifadas, sendo constituído por uma fonte tipográfica despojada que reflete o espírito e o pensamento estético atribuídos à moda de Gabrielle “Coco” Chanel, onde são reconhecidas a austeridade,
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a simplicidade e a elegância, além do rompimento com padrões relacionados a ser masculino e feminino. Por sua parte, Christian Dior faz uso de uma fonte que se reaproxima das renascentistas, trazendo traços grossos e finos em caixa alta e baixa, cujo contraste e espaçamento entreletras atribui elegância, sofisticação e requinte ao logotipo; o refinamento do estilo antigo pode ser associado ao trabalho do estilista, que, por meio do New Look, resgatou a feminilidade,valorizando as formas e o corpo feminino. Entretanto, ao passo que se torna restrita a utilização de elementos figurativos e/ou abstratos nas marcas e produtos relacionados ao universo fashion, percebemos o uso corrente da tipografia na composição de monogramas, formados a partir da sobreposição ou agrupamento de duas ou mais letras (além de outros grafismos) constituintes do símbolo. Assim, os monogramas de Gucci, Fendi, Dolce&Gabbana, Chanel, Yves Saint-Laurent e, principalmente, Louis Vuitton são construídos a partir da combinação das letras iniciais de seus ‘nomes’ de marca – relacionados muitas vezes aos seus estilistas e criadores – expressando e obtendo força e unidade visual a partir da semelhança e repetição dos elementos nos padrões criados nas estamparias considerando-se sua ostentação, tradição, luxo e formalidade. Convém ressaltar, ainda, a exclusividade de fontes tipográficas desenhadas e projetadas especificamente para certas grifes, estilistas e até mesmo modelos; fontes que representam de modo coerente os elementos estéticos, gráficos e conceituais presentes na coleção, marca ou na personalidade à qual se faz referência. Tais fontes bem
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exemplificam o que são e o que representam os caracteres tipográficos, ao pé-da-letra: letras/caracteres dão a forma material ao caráter/personalidade do que se escreve. “M/M Paris”,escritório de design francês, criou uma tipografia específica para a italiana Prada, denominada “The Pradalphabet”, onde os contornos e formas das letraspropostas são construídos mais próximos do desenho do que da escrita. Háuma maior ênfase na forma dos caracteres do que propriamente nos conteúdos, considerando-se que as letras do logotipo da “Prada-M” são mais desenhos figurativos do que estruturas alfabéticas; os tipos compõem ilustrações aplicadas em uma edição limitada de cinco camisetas propostas para/pela marca. Já a famosa (e excêntrica) modelo britânica Kate Moss, ao identificar a necessidade de uma identidade única para seus produtos, encomendou uma fonte tipográfica para o seu logotipo/assinatura visual (Fig.2); criado por Peter Saville, o desenho teve a colaboração do tipógrafo Paul Barnes, que sugeriu a utilização de uma variação da fonte tipográfica Brodovitch Albro – um tipo de Alexey Brodovitch.
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PROJETO GRテ:ICO
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O evento começou a ser realizado no ano de 1995, com o nome de Morumbi Fashion Brasil na Bienal de São Paulo do Parque do Ibirapuera em São Paulo, como uma evolução do Phytoervas Fashion, evento que reuniu jovens estilistas brasileiros de 1993 a 1997. Organizado pelo Grupo Luminosidade do empresário Paulo Borges o evento criou e consolidou o calendário da moda brasileira. Cinco anos após seu surgimento, a semana de moda ganhou o nome de São Paulo Fashion Week. Nos anos 2000, diversas marcas internacionais como Chanel, Versace e Gucci começaram a abrir lojas no Brasil, esse fato trouxe uma mudança significativa para a indústria têxtil do país. Impactados pela abertura da economia, promovida no Governo Collor, os empresários brasileiros se viram prontos a investir em tecnologia de ponta, maquinário e mão-de-obra especializada, para renovar e qualificar o mercado nacional, assim como se preparar para concorrer com o mercado internacional, que se instalava no Brasil. As primeiras edições, quando ainda se chamava Morumbi Fashion Brasil, tinham em média de 4 a 6 desfiles por dia, com público de em torno de 600 pessoas por desfile. Durante este tempo, estilistas, produtores, modelos, patrocinadores, tecelagens, jornalistas, agências, indústrias e técnicos se profissionalizaram e ganharam espaço na área. Foi nesse período que começaram surgir as supermodelos brasileiras como
Shirley Mallmann, Gisele Bündchen, Isabeli Fontana, Adriana Lima, Alessandra Ambrósio dentre outras hoje todas com carreira e fama internacional que
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trouxeram maior renome e prestígio ao evento. Nessa época muitas marcas brasileiras como Forum, Triton, Ellus,
Zoomp, Zapping, Maria Bonita, Reinaldo Lourenço, Gloria Coelho, Alexandre Herchcovitch, Amir Slama, Walter Rodrigues, Fause Haten começaram a ter fama internacionalmente. Em 2008 a empresa holding InBrands se tornou sócia do Grupo Luminosidade e ambos passaram a promover juntamente o evento. A parceira trouxe maior crescimento ao evento atraindo um número maior de investidores e patrocinadores e movimentando ainda mais o mercado fashion brasileiro. Em 2012 o evento passou por mudanças significativas em seu calendário de desfiles. Neste ano foram realizadas, excepcionalmente, três semanas de moda com duração de cinco dias cada uma. A partir de 2013 os desfiles de primavera-verão que aconteciam em junho foram transferidos para março e os desfiles de outono inverno que aconteciam em janeiro foram transferidos para outubro. Desde então os desfiles passaram a ocorrer 6 meses antes das peças chegarem as lojas possibilitando assim uma melhoria na produção, logística e distribuição das marcas que desfilam no evento. No decorrer dos anos, os investimentos no evento cresceram de 900 mil reais em sua primeira edição, para mais de 13 milhões de reais por edição. E também houve um aumentou significativo do numero de estilistas que participam do evento de 21 para 34 participantes. Por isso, hoje a SPFW e o evento de moda mais importante da América Latina e do Hemisfério Sul e aparece
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entre as cinco mais importantes semanas de moda do mundo, ao lado de Paris, Milão, Nova Iorque e Londres. A semana de moda já foi destaque nas mais importantes publicações de moda do mundo e atualmente mais de duzentos veículos de imprensa internacional como as revistas Vogue, Elle, Vanity Fair, Harper’s Bazaar, Cosmopolitan fazem a cobertura do evento. O mesmo acontece com a cobertura jornalística nacional, que hoje são dois mil profissionais credenciados. Algumas das modelos mais famosas do mundo como Naomi Campbell, Candice Swanepoel, Karolina Kurkova, Kate Moss já desfilaram no evento. O foco da semana de moda, além de divulgar o trabalho dos criadores nacionais, sempre foi organizar a produção de moda no Brasil e potencializar as vocações para o mercado, internacionalizar os desfiles e fomentar novos negócios. Algumas new faces tiveram a projeção de suas carreiras através do evento. É o caso de Rhaisa Batista, Emanuela de Paula, Aline Weber, Martha Streck entre tantas outras hoje famosas internacionalmente. Alguns modelos não alcançaram fama gigantesca após o evento, mas são considerados modelos de sucesso por muitos fotógrafos e estilistas, como por exemplo: Aleccia Moraez, Rafa Coleone, Luccas Molleto e Karina Colcci.
Além de estruturar toda industria têxtil do país o evento já foi marcado pelo apoio a diversas campanhas pela fome, pela prevenção do Câncer e da Aids, reciclagem do lixo, educação entre outras causas sociais. A cada edição o evento conta com exposições de arte, fotografia e moda de renomados artistas brasileiros e internacionais.
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Economia Criativa | SPFW | projeto gráfico, diagramação e edição de imagem | 2008
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EMPREENDEDORISMO
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O empreendedorismo de moda no Brasil é um mercado, além de consagrado, em larga expansão. Por isso a cada ano surgem novas confecções, marcas e lojas do setor tanto físicas quanto online.Para se ter uma ideia, segundo informações divulgadas pelo Ibope, por meio de um infográfico gerado com dados coletados pela E-tail Report, em 2012, o gasto per capita da população com este setor era de R$786,39. Em 2013, com perspectivas de consumo de R$129 bilhões, o mercado não apenas atingiu a marca, como a superou, gerando cerca de R$140 bilhões, conforme relatado pela consultoria Euromonitor. Os resultados em 2014, apesar da alta inflação, também foi favorável e, por isso, demonstra indícios de boas perspectivas também para 2015. Isso porque nos últimos 10 anos o Brasil tem crescido exponencialmente no mercado de moda, passando a ocupar a quinta posição no ranking mundial de consumidores de vestuário. Tipos de atuação no mercado de moda Para aproveitar as promissoras perspectivas do mercado de moda no Brasil, existem algumas opções de atuação. Dentre elas se destacam: -Criar uma confecção e trabalhar na prestação de serviços ou mesmo com o comércio atacadista;
-Atuar com a revenda de produtos, nacionais ou importados; -Montar um comércio varejista físico; -Ingressar no comércio eletrônico.
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Independentemente de sua escolha, é preciso avaliar cautelosamente o mercado, considerando seus concorrentes, seu público-alvo, a região que sua empresa atuará, dentre outras questões relacionadas aos seus objetivos de negócio. Como sair do oceano vermelho e se destacar no ramo de moda Todo mercado promissor é também bastante concorrido. Por isso é preciso pensar estrategicamente para sair do chamado “oceano vermelho” e ir rumo ao “oceano azul”. Isso fará com que você não seja apenas mais um, por meio da definição de diferenciais competitivos e de um apelo de comunicação de marca direcionado aos seus objetivos. Construir uma marca faz toda a diferença A construção de uma marca é requisito para ter sucesso como empreendedor no ramo de moda. Para começar, após a definição de objetivos e do modelo de negócio a ser trabalhado, é preciso definir como será o posicionamento da marca criada, que precisará estabelecer diálogos e gerar identificação junto aos públicos.Isso, por sua vez, envolverá desde o atendimento ao seu cliente até a embalagem em que seus produtos serão levados. Como será estabelecida a comunicação com seu público a fim de promover a publicidade do negócio? Esta questão precisa ser bem pensada, tanto em questão de canais – como blog, redes sociais,
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site, dentre outros – quanto da comunicação em si. Uma dica muito válida é buscar inspiração nas grandes lojas do mercado, aprendendo as melhores práticas e adequando-as ao seu segmento. Além disso, é também importante estar atento aos influenciadores deste mercado, como é o caso das blogueiras que inspiram e ditam tendências. Ter o apoio delas na construção de sua marca é um grande auxílio para o sucesso. Pode parecer um detalhe, mas a construção de uma marca interfere, inclusive, na precificação de seus produtos. Afinal, não é em vão que as lojas e estilistas mais famosos são também mais caros. Polos da indústria e do comércio de moda no Brasil Uma outra questão considerável para empreender no mercado de moda no Brasil é ter conhecimento sobre os polos desta indústria, tanto no comércio quanto no varejo. Zara Uma fortuna criada do zero Amancio Ortega é um multimilionário que começou a fabricar batas para senhoras em uma oficina de La Coruña há cerca de meio século, em uma empresa que se chamava GOA (as iniciais de Amancio Ortega Gaona invertidas). Ortega decidiu comercializar diretamente as roupas que fabricava e em 1975 abriu a primeira loja da Zara em A Coruña.
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O sucesso da Zara permitiu sua expansão com novas lojas nas principais cidades espanholas. Em 1977, GOA e Samlor, as primeiras fábricas da marca, se instalaram em Arteixo, pertode A Coruña, onde em 1984 ele abriu seu primeiro centro logístico. Em 1985 foi fundada a Inditex como holding do grupo, que abriu o capital em 2001. Desde a estreia na Bolsa, a cotação se multiplicou mais de 11 vezes e a empresa foi duplicando os dividendos a cada cinco anos, aproximadamente. A empresa se internacionalizou a partir de 1988, quando abriu sua primeira loja no Porto, em Portugal. A Zara abriu suas portas em Nova York em 1989 e em Paris em 1990. Hoje, a Inditex está presente em 88 mercados, com mais de 6.700 lojas. O grupo tem oito redes principais. O grupo criado do zero por Amancio Ortega emprega atualmente mais de 140.000 trabalhadores. Além disso, Amancio Ortega investiu boa parte de seus lucros e dividendos com as ações da Inditex para criar em paralelo um império imobiliário muito internacionalizado. A Pontegadea Inmobiliaria se transformou na maior imobiliária espanhola. Tem grandes investimentos em Londres, mas também está presente em muitos outros países. Brasil: mercado de moda líder e em expansão O Brasil é considerado, de longe, o maior mercado varejista de roupas da América do Sul. É o que indica o relatório publicado
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pela A.T. Kearney , renomada empresa de consultoria empresarial norte-americana, considerada uma das maiores empresas de consultoria do mundo. O mesmo relatório diz ainda que nosso mercado lidera com U$42 bilhões em vendas, líder absoludo em relação aos U$14 bilhões do segundo colocado, México. E não é só isso: espera-se que esse mercado alcance mais de U$48 bilhões de vendas até 2025, impulsionado principalmente pela expansão de shopping centers e pelo rápido desenvolvimento do e-commerce no país. Outro importante fator apontado pela consultoria norte-americana é que os brasileiros “adoram comprar e são extremamente antenados em moda”. E os dados do IBGE confirmam essa visão, apontando que, por exemplo, uma família brasileira gasta em média R$ 83,00 por mês em roupas e acessórios. Além disso, esse interesse também é confirmado por um estudo da FGV Projetos, a pedido da ABVTEX (Associação Brasileira do Varejo Têxtil), que apontou que as famílias brasileiras gastaram em média R$102 bilhões em artigos têxteis ao longo do ano de 2012. Isso representa 37% do orçamento familiar! E são as mulheres que lideram essas compras, respondendo por 45% desse valor, enquanto 36% referem-se à compra de roupas masculinas e os outros 17%, às roupas infantis. Não é à toa que o varejo de roupas já é considerado um dos mais importantes para a economia nacional, surgindo como 1º colocado em número de negócios pelo país, conforme apontado pelo RAIS (Relatório Anual de Informações Sociais) de 2011.
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Dicas de negócio -Investir na qualidade global de atendimento ao cliente, ou seja, qualidade do servico,ambiente agradavel, profissionais atenciosos, respeitosos. -Procurar fidelizar a clientela com acoes de pós-venda como remessa de cartoes de aniversário, comunicacao de novos padrões e texturas. -A presenca do proprietário em tempo integral é fundamental para o sucesso do empreendimento. -O empreendedor deve estar sintonizado com a evolucao do setor, pois este é um negocio que requer inovacao e adaptacao constantes, em face das novas tendencias que surgem diariamente. -Uma caracteristica do mercado de moda é a constante necessidade de apresentar novidades. Para cumprir este objetivo, as industrias do setor investem anualmente grandes somas de recursos em lancamento e promocoes de novos modelos. O empresário deve destacar-se com as promocoes e produtos de qualidade, que atendam realmente as necessidades de seu público-alvo. -O empreendedor deve ser criativo e ousado, validando conceitos de comunicacao inovadoras, de forma que consiga manter o empreendimento em evidencia no mercado e diante dos consumidores atuais e potenciais.
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O ponto e as instalações Localização Escolha do ponto e horário de funcionamenti A localização de um espaço de uma marca de moda é fator muito importante para o negócio e deve estar alinhada com a estratégia do negócio, de acordo com o perfil do público. Uma boa localizacao é aquela que favorece o acesso das pessoas, com o menor grau de dificuldade. Um atelie de moda deverá estar instalado proximo ao local de residencia do público-alvo, ou em locais de grande frequencia de público, como em shopping ou em outros locais de grande fluxo de pessoas, favorecendo o estacionamento de veiculos e com boas condicoes ambientais para uma permanencia agradável da clientela. Bairros populosos e proximidades de condominios são locais bastante adequados para a instalacao de um atelie de moda. Especialistas afirmam que essa decisao se dá em duas esferas principais: identificacao do território e localizacao, considerando-se ainda algumas variaveis como demanda, oferta e custos. Os aspectos descritos a seguir devem ser cuidadosamente avaliados num processo de selecao do local de instalacao de um atelie de costura.
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Não. E não é culpa da crise, até por que elas vem e vão. Existe uma coisa chamada crescimento exponencial, e isso faz o mundo andar cada vezmais rápido. Do crescimento da população ao desenvolvimento de novas tecnologias, velocidade de obsolescência das coisas e grandes mudanças culturais. Um ser humano inventou o Uber e destruiu o esquema do taxi.Outro, o Whatsapp e matou o sms, telefone e a porra toda. O smartphone transformou operadoras de telefonia (existe?) em distribuidoras de banda. Você paga sua tv a cabo e nem assiste. E mais mil exemplos desses. E assim caminha, rapidamente, a humanidade. E aí vem a pergunta: Por que caralhos esse treco não há de pegar a nossa indústria? Se quiser se basear na fé, talvez encontre um pensamento mágico que nos salve. Dirão os céticos: “sempre existem os cavaleiros do apocalipse, que diziam que tal coisa ia morrer, e tal coisa ia matar tal coisa”. De fato, não necessariamente uma coisa mata a outra. Mas sim, uma coisa mata a outra se essa outra não olhar pra dentro e se reinventar. Deixando de lado a fé, vamos voltar aos fatos. – Quanto vale a marca Uber? Como ela se fez? Quanto de comunicação investiu? Qual o
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jeito de fazer e quanto tempo levou? O mundo todo conhece o Uber tanto quanto grandes marcas globais. – E os estudantes de cinema de Berlim que fizeram um filme (Que filme!) para a Johnnie Walker. Visto pelo planeta. Aplaudido pelo planeta. – A Netflix com faturamento gigantesco ameaça o negócio da TV. A queda de audiência de quem ainda protege o modelo de negócios no Brasil. Os bureaus de mídia pelo mundo e o jeito como a própria disciplina tem se reinventado, com aprofundamento de ROI e mensuração, mídia programática, customização de canais, etc. – Indústria automotiva em pânico (e excitação) com os carros que andam sozinhos. Os Ubers que andam sozinhos. Os drones que levam pessoas pelos céus. Os drones Uber que farão a humanidade chegar no De Volta para o Futuro. O Google é concorrente e/ou parceiro de todo mundo. Até de você. Indústria alimentícia repensando tudo. Bancos, Imóveis, Escolas, Supermercados. – A morte de todos os tipos de agentes, que não faziam nada mais que ser agentes. Corretores de imóveis, agências de turismo, operadora de hotéis, cartões de crédito tradicionais, cooperativa de táxi. Fim dos intermediários que não tem um valor além de,
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simplesmente, intermediar. – Falência moral e/ou financeira das instituições duras: Fifa, governos e classe política, Sindicatos, Grupos disso ou daquilo. O Vaticano, por exemplo, tenta desesperadamente com o Papa Francisco se conectar a outros tempos, outros valores, sobreviver. – Os Youtubers e influencers com mais reputação, audiência e moral que os velhos atores de sempre, da novela de sempre. Qualquer um pode ser a nova sensação do último minuto da próxima semana. Blogs de alguns clubes de futebol fazem trabalho muito mais sério e relevante que muitos (falsos) jornalistas mumificados nas arcaicas editorias com interesses comerciais. Vemos hoje tentativas da TV de incorporar linguagens de internet (Adnet é um bom exemplo). Antes tinha um papo de “isso é coisa pra internet”. Acabou. Ninguém entra mais na internet. A vida é uma internet. E diante de toda essa loucura, a primeira tentativa é a mais banal: protecionismo. CBF peitando a Primeira Liga com ameacinha coronelista, boba, colegial. TV’s tentando apavorar a Netflix. Processos contra o Whatsapp. Taxistas enfiando porrada no motorista do Uber. Em vão. É tipo o velho casamento, que só se mantinha por causa
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de um papel. Separar era feio, e isso protegia a instituição casamento (e nos bastidores todo mundo fazia de tudo). Protecionismo é coisa do século velho. O negócio é: Entenda a mudança e, como diz a Dori pro Nemo, o peixe: “Continue a Nadar”. Perdemos, playboy. O seu jeito de fazer não funciona mais. O que você faz será feito de outro jeito. A proposta de valor da sua empresa não será a mesma. A ferramenta não será a mesma. A estrutura da empresa ou necessidade dos clientes não será a mesma. O velho planejamento e o planejar não funcionam mais. Mas cá entre nós, que tesão viver nesse mundo, não? Nunca foi tão fácil aprender. Nunca foi tão acessível se conectar com gente que pode ajudar. Nunca foi tão interessante mensurar Nunca foi permitido errar como se pode errar e corrigir hoje. Nunca foi tão convidativo e rápido mudar, rever, construir. Enfim. A mudança é forte e rápida. De alguma maneira, ela irá chegar até você. E por isso você já está demitido. Demitido do seu velho você. Do que ele fazia, pensava e agia. E, na minha opinião, esse é o primeiro passo para que alguma transformação aconteça.
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Precisamos profissionais pra transformar, por exemplo, as agências. Dar uma nova perspectiva, sustentabilidade e relevância na vida das (novas) companhias. Resgatar o respeito, o papel, a estratégia, o espaço, o talento, a motivação. Vamos assistir todo mundo querendo ir trabalhar em qualquer outra coisa? A fonte secar? Saber que estamos ameaçados pode ser um combustível pra nos fazer acordar mais cedo, prototipar coisas, tentar o que ninguém tentou. Inverter ou subverter a lógica. Cruzar agência de propaganda, lab de inovação, startup, academia, engenharia, tudo! Chamar a responsa. Percebemos e repensamos. Ganhamos uma nova vida. Muito mais legal, inspiradora, e em busca de ter maior relevância. Uma vida que quer se plugar num mundo mais flexível, inspirador, democrático, orgânico e de possibilidades infinitas. Sem a demissão, nada aconteceria.
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LABORATÓRIO DE LINGUAGEM GRÁFICA
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Décadas de 1920 a 1950[editar | editar código-fonte] Ver artigo principal: Moda na década de 1920 Nessa época, a moda já estava livre dos espartilhos do século XIX. As saias já mostram mais as pernas e o colo. Na maquiagem, a tendência era o batom. A boca era carmim, em forma de coração. A maquiagem era forte nos olhos, as sobrancelhas eram tiradas e o risco pintado a lápis. A tendência era ter a pele bem branca. Moda de 1925 OBS: A moda teve o seu marco nas décadas de 60 e 70, com a influência de “mods” “skinheads” que buscavam um meio alternativo de se vestir. Eles destruíam roupas clássicas e misturavam com roupas cotidianas, no entanto o mercado viu a necessidade de fazer roupas finas que atendesse aquele público que queria sair do clássico. Foi a época de Hollywood em alta, e a maioria dos grandes estilistas da época, como Coco Chanel e Jean Patou, criaram roupas para grandes estrelas. Foi uma década de prosperidade e liberdade, animada pelo som das jazz-bands e pelo charme das melindrosas, as mulheres modernas da época, que frequentavam os salões e traduziam em seu comportamento e modo
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de vestir o espírito da também chamada Era do Jazz. A silhueta dos anos 1920 era tubular, os vestidos eram mais curtos, leves e elegantes, com braços e costas à mostra. O tecido predominante era a seda. Os novos modelos facilitavam os movimentos frenéticos exigidos pelo charleston - dança vigorosa, com movimentos para os lados a partir dos joelhos. As meias eram em tons de bege, sugerindo pernas nuas. O chapéu, até então acessório obrigatório, ficou restrito ao uso diurno. O modelo mais popular era o “cloche”, enterrado até os olhos, que só podia ser usado com os cabelos curtíssimos, a “la garçonne”, como era chamado. A mulher sensual era aquela sem curvas, sem seios e com quadris pequenos. A atenção estava toda voltada aos tornozelos. A sociedade dos anos 1920, além da ópera ou do teatro, também frequentava os cinematógrafos, que exibiam os filmes de Hollywood e seus astros, como Rodolfo Valentino e Douglas Fairbanks. As mulheres copiavam as roupas e os trejeitos das atrizes famosas, como Gloria Swanson e Mary Pickford. A cantora e dançarina Josephine Baker também provocava alvoroço em suas apresentações, sempre em trajes ousados. Em 1927, Jacques Doucet (1853-1929), figurinista francês, subiu as saias ao ponto de mostrar as ligas rendadas
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das mulheres - um verdadeiro escândalo aos mais conservadores. Foi a época da estilista Coco Chanel, com seus cortes retos, capas, blazers, cardigãs, colares compridos, boinas e cabelos curtos. Durante toda a década Chanel lançou uma nova moda após a outra, sempre com muito sucesso. Figurinistas da década de 1920 Jacques Doucet (1853-1929), um figurinista francês, em 1927, subiu as saias para mostrar as ligas rendadas. Coco Chanel criou a moda dos cortes retos, capas, blazers, cardigãs, colares compridos, boinas e cabelos curtos. Jean Patou, estilista francês teve o foco na criação de roupas esportivas. Inclusive para a tenista Suzanne Lenglen. Também revolucionou a moda da praia, com seus maiôs.Nos anos 30 com a popularização dos esportes, novos modelos de roupas surgiram, como o short, que veio a partir do uso das bicicletas. Essa também foi à época dos maiôs, sweaters e óculos escuros, usados pelos astros de cinema. Houve também a redescoberta das formas do corpo da mulher. As saias ficaram longas e os vestidos passaram a ter corte reto. As bolsas mantiveram um tamanho pequeno, mas no final da década, gradualmente foram ficando largas e mais sofisticadas, sendo fabricadas com diversos tipos de couro.
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Nos anos 40, todas as atenções estavam voltadas para a segunda guerra mundial. A silhueta era em estilo militar, o corte reto e masculino, com casacos de ombros acolchoados. As saias eram mais curtas e as calças compridas se tornaram práticas. Como o nylon e a seda estavam em falta naquela época, as meias finas desapareceram do mercado e foram trocadas pelas meias soquetes. Além disso, o tweed, tecido pesado e resistente, era muito usado pela população. Foi na década de 40 que os calçados começaram a ser fabricados em massa. As indústrias trocaram o couro por materiais sintéticos e de borracha. Dessa forma, os estilistas começaram a incorporar nos calçados outros tipos de matérias, como cortiça e solados de madeira presos por grampos. Nos anos 50, com o fim da guerra, a mulher tornou-se mais feminina e glamurosa. Nesta época a silhueta feminina esteve presente e, com o fim da escassez dos cosméticos do pós-guerra, a beleza se tornaria um tema de grande importância. Outra forte tendência foi à vinda da moda colegial, que teve origem no sportswear. As moças usavam saias rodadas, calças cigarrete até os tornozelos, sapatos baixos, suéter e jeans. Já o cinema lançou a moda do garoto rebelde, que vestia jaqueta de couro e calça jeans. Ao final dos anos 50, a confeção se apresentava como a grande oportunidade de democratização da moda.
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Filmes que são uma verdadeira aula de moda e estilo BONEQUINHA DE LUXO Hubert de Givenchy começou a vestir Audrey Hepburn em Sabrina, mas foi com Bonequinha de Luxo que essa parceria mais deu o que falar. Os vestidos pretos do estilista, usados pela atriz no longa-metragem, se tornaram clássicos da moda. Os acessórios escolhidos pela figurinista Edith Head, como os maxicolares e os óculos Ray-Ban Wayfarer, também estão presentes nos closets descolados ainda nos dias de hoje. Breakfast at Tiffany’s é um filme estadunidense de 1961, de gênero comédia e drama, dirigido por Blake Edwards, cujo roteiro fora adaptado por George Axelrod do livro homônimo, do autor Truman Capote, e estrelado por Audrey Hepburn.
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LA DOLCE VITA O vestido Pretino, criado pelas irmãs Fontana, foi imortalizado pela atriz Anita Ekberg no filme La Dolce Vita, de Fellini. Em uma das cenas mais antológicas do cinema do século XX, a beldade usa o traje para se banhar na Fontana di Trevi. La dolce vita é um filme franco-italiano de 1960, de gênero drama dirigido pelo cineasta Federico Fellini, sendo normalmente citado como o marco da transição de seus estilos Em 2014, o modelito foi destaque na exposição Italian Glamour, que trouxe várias peças famosas de estilistas italianos ao Rio de Janeiro.
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OS HOMENS PREFEREM AS LOIRAS Difícil escolher um figurino entre os filmes estrelados por Marilyn Monroe, que desfilou vestidos icônicos em longas como O Pecado Mora Ao Lado e Como Agarrar Um Milionário. Os Homens Preferem As Loiras, porém, reúne uma porção de trajes marcantes usados pela atriz. No musical, ela aparece com looks sensuais, vestido de noiva e o famoso tomara-que-caia rosa em que canta Diamonds Are Girl’s Best Friend.
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O DIABO VESTE PRADA Andrea “Andy” Sachs é uma aspirante a jornalista que sai da Universidade Northwestern. Apesar de achar ridícula a superficialidade da indústria da moda, ela consegue um emprego que “um milhão de garotas se matariam para ter”, ela se torna assistente pessoal júnior de Miranda Priestly, a editora-chefe da revista Runway. Andy planeja aguentar o tratamento arrogante, humilhante é um tanto que explorador, aproveitador, de Miranda por um ano, na esperança de conseguir um emprego como repórter ou escritora em outro lugar. Primeiramente, Andy se atrapalha com o seu trabalho e se encaixa mal com seus colegas de trabalho, que dizem fofocas sobre como ela se veste, especialmente da assistente sênior de Miranda,
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DELÍRIOS DE CONSUMO DE BECKY BLOOM Nova York. Rebecca Bloomwood (Isla Fisher) é uma garota que adora fazer compras e seu vício a leva à falência. Seu grande sonho é um dia trabalhar em sua revista de moda preferida, mas o máximo que ela consegue é um emprego como colunista na revista de finanças publicada pela mesma editora. Quando enfim seu sonho está prestes a ser realizado, ela repensa suas ambições. Rebecca Bloomwood (conhecida pelos amigos como Becky Bloom) é uma garota formada em jornalismo com uma compulsão por compras. A Revista onde trabalha está falida, e aquela onde ela queria trabalhar parece fora de alcance. Por um golpe do destino, acaba conseguindo um emprego numa revista sobre finanças.
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COCO ANTES DE CHANEL Coco avant Chanel (‘Coco antes de Chanel’ (título no Brasil) ou ‘Coco avant Chanel’ (título em Portugal)) é um filme que estreou no Brasil em novembro de 2009 que conta a história da famosa estilista francêsa Gabrielle “Coco” Chanel desde a infância pobre até a criação de um império da indústria da moda a Chanel S.A com sede na França. Após a morte da mãe, Gabrielle “Coco” Chanel é deixada pelo pai num orfanato, junto com a irmã. Na juventude, trabalha numa alfaiataria durante o dia e canta num cabaré à noite. Lá conhece o milionário Étienne Balsan, e tem um relacionamento com ele, até ele voltar para sua cidade. Percebendo as poucas perspectivas de vida, Coco resolve fazer suas malas e ir atrás dele, pedindo abrigo em sua casa por um breve período, que se alonga mais do que ele esperava. É fazendo roupas para o amante que Chanel desenvolve o talento de estilista. Logo passa a usá-las também, ultrapassando os limites entre a vida, o amor e o trabalho. Mesmo vivendo apaixonadamente sabia, no entanto, que nunca se casaria; nem com o homem de sua vida, Boy Capel. Afrontando as convenções do seu tempo, Chanel inventa a mulher moderna. Quando criança Gabrielle (Audrey Tautou) é deixada, junto com a irmã Adrienne (Marie Gillain), em um orfanato. Ao crescer ela divide seu tempo como cantora de cabaré e
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costureira, fazendo bainha nos fundos da alfaiataria de uma pequena cidade. Até que ela recebe o apoio de Étienne Balsan (Benoît Poelvoorde), que passa a ser seu protetor. Recusando-se a ser a esposa de alguém, até mesmo de seu amado Arthur Capel (Alessandro Nivola), ela revoluciona a moda ao passar a se vestir costumeiramente com as roupas de homem, abolindo os espartilhos e adereços exagerados típicos.
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YVES SAINT-LAURENT Yves Saint- Laurent , de Jalil Lespert e que estreou no Brasil em abril desse ano, pretende contar uma parte da vida do estilista que revolucionou a moda e foi tema de uma exposição no Metropolitan Museum of Art em Nova York. O filme começa em 1957, quando Laurent já trabalha para Dior e está preste a assumir a maison e se estende até 1973, focando principalmente na relação mais que conturbada entre o estilista e seu companheiro na vida e nos negócios, Pierre Bergé (interpretado por Guillaume Gallienne). Entre os desdobramentos da trama, estão a ida para a Guerra da Argélia (Yves era argelino e não francês); o colapso pós estadia no exército; a abertura da maison e o uso excessivo de droga. A fotografia, como é notável em filmes de escola francesa, é muito bem trabalhada, usando os tons claros, pastéis no começo da trama, passando um ar de leveza, quase inocência do estilista; o tom cinzento com a ida de Yves para o exército,demonstrando o abalo emocional que o estilista sofre; os tons escuros (preto e tons fortes de vermelho), marrom e dourado para grande parte do resto do filme que mostra a queda emocional de Laurent com o uso de drogas e a crise na relação afetiva com Bergé. Essa palesta é interrompida apenas nas cenas em Marrakech, quando os tons escuros se intercalam com os tons de azul e verde. E o filme para de valer aí.
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O filme tem vários furos na trama, que parecem ser proporcionais, já que os pulos cronológico são constantes. O recurso, claro, é uma forma de contar o máximo de fatos no minimo de tempo (o filme é curto para uma cinebiografia, com uma hora e cinquenta) mas para quem não conhece o mínimo da história de YSL, ficará perdido e completamente distante da trama. Por esse buracos, por mais forte e bem trabalhos que sejam os personagens (Pierre Niney está incrível em sua interpretação cheia de detalhes) é difícil se prender a trama, simplesmente porque você não consegue entender as relações, de porque isso ou aquilo acontecer e chega a certos ponto das cenas, que não se pode entender qual é a emoção de Yves naquele momento. Como Laurent virá estilista na Dior tão jovem? A relação entre YSL e Pierre era tão aberta e descomplicada? A depressão nos anos 70 chega de forma tão obscura e mau detalhada, que não se entende como Saint-Laurent ficou a frente da marca até 2002. O destaque acaba recaído em cima das traições que o casal principal constantemente comete um com outro, dando a impressão que a relação era mais de dependencia um do outro do que de amor. Críticas do filme em publicações importantes, como o The Independent, consideram que o roteiro foi empobrecido por ignorar os últimos 30 anos da vida do estilista, que inclui
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a expansão da marca, a criação da fundação que leva seu nome e a desilusão que o levou a se afastar do comando de sua maison em 2002. O roteiro e direção também descartaram no roteiro a amizade entre Yves e Catherine Deneauve, que durou até a morte do estilista. A atriz francesa tornou-se uma embaixadora da grife. Lespert optou por mostrar a relação de Saint Laurent com outras duas grandes amigas, a designer de joias Loulou de la Falaise e a modelo Betty Catroux.
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Jalil Lespert teve a benção de Bérge para a produção, com direito a usar peças originais do acervo e o ateliê de YSL nas locações. Essa lua de mel entre o companheiro do estilista e o diretor rendeu uma história com vários méritos, como as 77 peças do acervo aparecem em cena. Para os que esperam conferir o acervo e descobrir o processo criativo de um dos mestres da alta costura,eles sao usados como acessórios, pingados aqui e ali. Mas estão lá a modelo Victoire Doutreleau (papel de Charlotte Le Bon), a guinada na carreira com a coleção Mondrian, o primeiro encontro com a musa Betty Catroux (Marie de Villepin),estilo beatnik, a subversão do feminismo da “mulher Yves Saint-Laurent” desafiadora com o Le Smoking, conjunto safári
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