COMO UMA BANDA DE PARACATU FEZ UMA TURNÊ NA EUROPA
Desde que voltei da Europa, eu tinha planos de escrever um zine pra mostrar passo a passo como é que consegui organizar a nossa turnê na Europa. Só que fui enrolando, o tempo foi passando, e só agora, 5 anos após o término da turnê, eu consegui finalmente finalizar esse projeto. Meu intuito era compartilhar as informações que coletei com outras bandas brasileiras que já tinham ido para a Europa, e contar as experiências que nós vivemos durante a nossa turnê. Assim como outras bandas me ajudaram a fazer a minha turnê, eu queria também ajudar. Porém, na velocidade em que o mundo anda girando, as coisas devem ter mudado muito na Europa desde 2007, e provavelmente as informações que passarei aqui estarão desatualizadas. Mas mesmo assim, relato aqui como é que uma banda recém-formada em uma cidadezinha no interior de Minas Gerais, que tinha feito somente dois shows e uma inocente Demo lançada, conseguiu fazer uma turnê na Europa de quase 3 meses em 24 países.
Lauro Santana Paracatu, Minas Gerais Dezembro/2012
Vamo fazer uma turnê na Europa? Vamo...
Essa historia toda de turnê aconteceu quando eu era estudante de engenharia e morava em Uberlândia, Minas Gerais. Aos 17 anos saí da casa dos meus pais em Paracatu para estudar na Universidade Federal de Uberlândia, e passei 6 anos morando lá. Durante todo este período, eu ia constantemente à Paracatu ver minha família e amigos, quando no final de 2005 a faculdade entrou em greve e eu passei alguns meses contínuos em Paracatu. Neste tempo de ócio, juntamente com meus amigos Marcionilio e Gleuton, formei o Crust Division, com o intuito de fazer uma banda que falasse do folclore, da história e da cultura do interior de Minas Gerais. Eu fazia as músicas, tocava guitarra e cantava, Marcionilio fazia as letras tocava baixo e cantava e Gleuton tocava bateria. Fizemos 8 musicas e no final de 2005, gravamos um CD no porão da minha casa, com instrumentos emprestados de amigos e gravação totalmente caseira. Com esta formação, fizemos somente 2 shows, um em Paracatu no reveillon de 2005/2006 em uma festa organizada por nós mesmos, e o outro no início de 2006 na república onde eu morava em Uberlândia, em uma festa que eu mesmo organizei. No inicio de 2006 a greve acabou e eu voltei pra Uberlândia com alguns CDs para divulgar pra galera do rock de lá. Um dos caras que mais gostou das músicas foi o Allisson, na época vocalista do Dead Smurfs, banda de Hardcore de Uberlândia que eu era muito fã e que eu pirei desde o primeiro dia que vi. O Dead Smurfs foi uma banda muito importante pra mim, pois me fez ter outra postura em relação ao rock, atitudes, valores, etc. Como eu era muito fã da banda e ia bastante aos shows, acabei me aproximando dos caras e ficando muito amigo do Allisson.
Em um dia qualquer de julho de 2006, encontrei o Allisson perto da faculdade e como de costume ficamos conversando sobre banda, musica, guitarra, rock, etc. E no meio da conversa, ele me disse que o Discarga, banda de Hardcore de São Paulo, fazia turnês punk na Europa e ainda ganhava pra tocar. Até então eu nunca tinha ouvido falar em underground punk europeu, vegetarianismo, ativismo, squat, turnês pela cena punk/crust Européia, nada disso. E eu fiquei pirando muito com tudo aquilo que ele tava me falando. No momento eu estava me preparando pra ir morar 1 ano na França pra fazer um intercâmbio estudantil através da Faculdade de Engenharia de Uberlândia, e iria viajar dentro de 1 mês. Na empolgação da conversa, disse impulsivamente pra ele: “Vamos fazer uma tour na Europa igual a do Discarga? Como estou indo morar lá, vejo como é que as coisas funcionam, você entra pro Crust Division e agente vai!” E ele, como sempre pilhado e empolgado com tudo, topou na hora! Neste mesmo dia fui pra casa, entrei na página do Discarga e comecei a pesquisar sobre turnês na Europa, pra ver como é que funcionava direito esse negócio e descobrir se seria possível também fazer uma turnê com a nossa banda. E foi assim que tudo começou: Vamo fazer uma turnê na europa? Vamo...
Os primeiros passos no Brasil
Assim como você pega informações com alguém que já foi passar férias em alguma praia da Bahia, eu peguei informações com bandas Brasileiras que já tinham tocado na Europa. Como a conversa toda com o Allisson girou em torno do Discarga, a minha primeira fonte de informações foi o diário da turnê de 2006 que eles fizeram na Europa. Continuei pesquisando e fui descobrindo outras bandas que também já tinham tocado na Europa, como Sick Terror(SP), No Rest(RS), Social Caos(SP), entre outras. Foi através dos diários de turnês destas bandas que comecei a visualizar como as coisas funcionavam. Depois comecei a mandar emails e conversar no MSN com os integrantes destas bandas, fazendo milhares de perguntas e tirando duvidas. Assim conseguia informações mais detalhadas a respeito do meio de transporte durante a turnê, de como marcar os shows, da melhor rota a seguir, dos melhores e piores países pra tocar, de quais instrumentos levar, do merchandising, das passagens de avião, do visto, da melhor época pra viajar, da comida, da cena punk, dos perigos, etc e etc.. Esse primeiro levantamento de informações foi feito durante todo o mês de julho, e ao final percebi que não seria impossível fazer uma turnê na Europa com a minha banda. Mostrei então tudo que eu tinha descoberto ao Allisson, ele se animou mais ainda, e começamos e levar mais a serio a idéia. Na metade do mês de agosto me despedi do Brasil e fui morar na França pra estudar engenharia durante 1 ano, porém, com a idéia fixa de fazer a turnê depois que acabasse este período de estudos. Levei na minha mala alguns CDs do Crust Division para mandar para organizadores de shows. Nesta época eu tinha anotado num pedaço de papel uns 6 contatos de organizadores de shows em 6 diferentes países da Europa. E era só.
Os primeiros passos na Europa
Durante o segundo semestre de 2006 eu morei em Estrasburgo no leste da França, na divisa com a Alemanha. Neste período estive muito ocupado com os estudos e não fiz muita coisa pela turnê. O máximo que dava pra fazer era ir a shows pela região, na França e na Alemanha, para fazer alguns contatos. A coisa mais importante que me aconteceu nestes primeiros 6 meses foi ter visto no show do No Rest, pois neste momento eles estavam em turnê pela Europa e iram tocar em Offemburg na Alemanha, que era muito perto de Estrasburgo. Ter visto esse show e ter conversado pessoalmente com a banda foi crucial para eu me sentisse seguro e confiante que as coisas iam dar certo, pois facilitou demais a visualização de como tudo funcionava, ver onde é que eles iam dormir, o que iam comer, como era a van, quem dirigia, como levavam os instrumentos, como e por quanto vendiam as camisetas e CDs, quanto iriam ganhar de cachê naquela noite, quanto gastaram de diesel, etc. Eu já conversava bastante com o guitarrista Paulo Zé por email e MSN, mas conversar pessoalmente me deu o otimismo e o gás final que eu precisava. Enquanto isso, no Brasil, o Allisson desenrolava a prensagem dos CDs, a confecção das camisetas, olhava preços das passagens de avião, e principalmente, procurava os caras pra ir tocar com nós, já que os integrantes originais e fundadores do Crust Division junto comigo, Marcionilio e Gleuton, tinham me dito que não poder ir para a Europa fazer uma viagem dessas. Estávamos planejando fazer uma turnê pra uma banda que na pratica existia! Tínhamos ainda que montar a banda pra ir fazer a turnê! É, eu sei que é inacreditável.
O nascimento da turnê
Em janeiro de 2007, concluí o período de estudos em Estrasburgo e me mudei para uma pequena vila no norte da França chamada Isbergues para fazer estágio em uma indústria metalúrgica. Na frança trabalha-se 35 horas por semana e o estágio não me consumia muito tempo nem muita energia, assim, sobrava tempo e disposição pra gastar com a turnê. Eu ganhava relativamente bem neste estagio, e foi com este dinheiro que eu financiei todos os gastos da turnê, como passagem de avião, camisetas, cds, patches e adesivos que levamos, etc. Eu passava o dia todo no estágio e quando volta pra casa, imediatamente sentava na frente do computador e ficava até altas da madrugada, todos os dias da semana, trabalhando na turnê. Nos finais de semana quando eu saia de casa, era pra ir a shows de bandas da região pra fazer contato e procurar lugares onde eu pudesse marcar show. A turnê nasceu neste período, de Janeiro a julho de 2007, quando eu fiz todo o planejamento da turnê, consegui contatos de organizadores de shows por toda a Europa e marquei os shows.
O Planejamento
Durante a fase de planejamento, antes de começar a agendar os shows, tive que tomar 5 importantes decisões relacionados a 1)Agências de booking, 2) Motorista e van, 3) Backline, 4) Que meses iríamos fazer a turnê, 5) e que rota iríamos seguir.
1- Agências de Booking
São agências especializadas que fazem todo o trabalho de organização e divulgação da turnê, agendam todos os shows, fornecem a van, o motorista, o backline e cobram um determinado valor pelo serviço. Várias bandas brasileiras fazem turnês na Europa utilizando serviços de agências, por ser um caminho mais confortável e também mais viável pra quem não tem contatos nem experiência em agendar shows na Europa. Fiz alguns orçamentos com algumas destas agências e vi que, além de fugir das nossas condições financeiras, ainda estaríamos arriscando ficar devendo dinheiro caso a turnê não desse lucro. Além do que, se optássemos pelas agências, eu não ia passar pela experiência de organizar toda a turnê por mim mesmo e aprender como tudo funcionava. E eu queria passar por esta experiência. Portanto, optei por não entrar em contato com agências de booking e eu mesmo agendar a turnê toda e encarar esse desafio. Era preciso fazer tudo.
2- Motorista e Van
Existem duas maneiras mais comuns pra se deslocar em turnês pela Europa. Uma é alugar a van e a própria banda dirigir, e a outra é alugar a van e pagar um motorista pra dirigir. Quando alguém da banda já tem experiência nas estradas da Europa ou gosta de dirigir, é melhor alugar somente a van e dirigir a própria banda mesmo, pois eliminará um dos relevantes custos da turnê, que é a diária do motorista. Como nós não tínhamos nenhuma experiência em dirigir nas estradas da Europa, e também para termos uma preocupação a menos, optamos por encontrar um motorista e pagar sua diária.
Peguei contatos de alguns motoristas, cujos preços das diárias e aluguel da van variavam entre 45,00 a 90,00 por dia. Mas mesmo tendo várias opções de motoristas, eu tive dificuldade de confirmar com algum deles, acho que era pelo fato da nossa banda ser nova e desconhecida, e isso causava uma certa desconfiança neles. Porém, depois de muitos emails enviados e tentativas frustradas, um único motorista aceitou dirigir pra nós. Um Punk Polonês chamado Sloma, o mesmo que dirigiu na turnê de 2005 do social chaos.
3- Backline
são os equipamentos “pesados” que a banda precisa pra fazer o show, como bateria, amplificadores de guitarra e de baixo. É possível alugar o Backline e fazer a turnê toda com o equipamento, levando-o dentro da van, o que facilita e aumenta as chances de conseguir shows. Mas também é possível fazer a turnê sem o backline, pois quase sempre tem alguma outra banda local que toca junto nos shows, e dá pra usar emprestado o equipamento deles. As vezes os Europeus fazem cara feia e não gostam muito de emprestar os equipamentos, mas quase sempre dá tudo certo. Nós fizemos a turnê sem Backline e não tivemos maiores problemas. Só pra não dizer que não tínhamos nada de Backline, decidi de comprar o amplificador de guitarra pelo menos. Ai quando eu agendava os shows, eu dizia ao organizador que nós tínhamos somente o amplificador de guitarra, e que ele precisava providenciar o amplificador de baixo e a bateria.
4- Época da Turnê
Coletando informações com outras bandas, eu descobri que as melhores épocas pra se fazer turnê na Europa é por volta de março/abril ou setembro/outubro por vários motivos. Nestes meses é mais fácil agendar os shows porque normalmente as pessoas estão nas suas cidades, e não estão de férias ou viajando. E também porque as passagens estão mais baratas devido a baixa temporada e por não ser nem o auge do inverno nem o auge do verão. Em dezembro/janeiro é complicado por causa das festividades de fim de ano e por causa do inverno, que por si só já é um sofrimento. Por volta de julho também não é bom porque é verão e todo mundo está viajando de férias e ninguém vai aos shows. A não ser que a banda tenha um certo nome na Europa e entre nos circuitos dos festivais de verão, ai é outra conversa. Banda nova e desconhecida que se aventura pela Europa no verão não costuma se dar muito bem. Nós fizemos em setembro porque seria o tempo certinho de eu terminar meu estágio, voltar para o Brasil, ensaiar bastante e arrumar as coisas antes de voltar pra Europa.
5- A rota
Analisando e comparando várias rotas que outras bandas Brasileiras haviam feito, decidi seguir a mesma rota da turnê de 2005 do Social Caos, por parecer ser a mais simples, compacta e viável de todas. O plano era durar 45 dias, tendo a Alemanha como centro e tocando somente em 9 países vizinhos, não indo pra regiões muito distantes como o leste europeu, Escandinávia ou Península Ibérica.
Trabalho pesado
Tomadas todas estas decisões, comecei a por a turnê em prática. Primeiramente era preciso descobrir em que cidades existia a possibilidade de se marcar shows, que tivessem pessoas engajadas com o punk e que movimentassem a cena Underground local, colocando bandas pra tocar regularmente. Para descobri isso, listei todas as cidades da Europa em que alguma banda Brasileira já havia tocado em turnês anteriores, e qual era o nome do local do show. Com a lista dos possíveis lugares pra se marcar shows. Feito isso, dei inicio ao trabalho mais difícil da turnê: Conseguir os contatos dos organizadores de shows e agendá-los! Os primeiros contatos que consegui foram através das bandas brasileiras. Eu pedia contatos pontuais, da pessoa que organizou determinado show em determinada cidade onde haviam tocado em turnês anteriores. Outra forma de conseguir contatos era através do Myspace. Quando queria marcar show em determinada cidade que estava na rota que tracei, eu pesquisava no Myspace se havia alguma banda punk naquela cidade e entrava em contato com os caras perguntando se eles organizavam shows ali. Quando estes não podiam organizar o show, normalmente davam o contato de outra pessoa que poderia ajudar, ou o contato do próprio lugar onde costumava rolava shows. E sempre que conseguia um contato eu pedia outro. E desse outro contato que recebia, eu pedia outro. E assim foi até consegui contatos de organizadores de shows punk pela Europa inteira. Paralelamente à luta de conseguir contatos, era a de agendar os shows, pois a rota e as datas dos shows mudavam quase que diariamente, e a sequência dos shows e países tinham que estar sempre sendo revistas.
Normalmente é isso mesmo que acontece durante fase de agendar os shows de turnês. Traça-se uma rota e tenta-se conseguir show entre cidades mais próximas possíveis umas das outras, para se ter menos gastos com combustível. Ás vezes você consegue o show, as vezes não, ai tem que procurar outro show em alguma outra cidade fora da rota, andando kilômetros a mais e gastando mais gasolina. Esse trabalho de agendar shows e mudança de rota continuou até enquanto já estávamos em turnê, pois alguns shows eram cancelados e outros apareciam de ultima hora, mudando os planos a todo momento. Cavar estes contatos do nada, partindo do zero, e agendar os shows sem ter experiência nenhuma nisso, foi com certeza o trabalho mais difícil de toda a turnê. Foi extremamente cansativo passar inúmeras horas na frente do computador mandando milhões de emails por dia,dando tiro pra tudo quanto é lado tentando marcar shows. Eu recebia em média 1 resposta pra cada 50 emails enviados, e que nem sempre era positiva. A grande maioria das respostas era: “no i’m sory. I’m not booking punk concerts any more”. Outros já me respondiam dizendo que gostaram da banda e que iriam agendar o show, ja outros me enviavam com uma lista enorme de contatos na Europa inteira. Variava muito. Passei muito tempo rangendo os dentes, por ser ansioso e agoniado demais com as coisas, tentando fazer tudo saír da melhor forma possível. Depois deste trabalho eu fiquei completamente estressado, mas todo o esforço foi recompensado. Após 6 meses de luta e de muitos emails enviados, eu consegui contatos de organizadores de shows punk pela Europa inteira e agendar todos os shows planejados. Ufa!! Como dizia minha avó: Quem quer, caminha!
Mudanca de Planos
Nesta fase de agendamento dos shows, eu estava em contato quase que diário pelo MSN com o Paulo Zé, responsável por organizar as turnês Européias da sua banda, a No Rest(RS), pedindo contatos, informações e tirando duvidas. Paralelamente, a banda paulista Korrozão, também conversava com ele pedindo pelas mesmas coisas, pois também estavam planejando fazer turnê na Europa. Ele então me fez uma proposição. Disse que se fizéssemos a turnê juntos, as duas bandas tocando todos os shows juntos e viajando na mesma van, ele entraria na jogada marcando alguns shows nos lugares onde eu não tinha contato e não ia ter tempo de conseguir, como nos países Escandinavos, Bálticos, nos Bálcãs, no Leste Europeu e na Península Ibérica. Era preciso tomar mais uma decisão, pois as coisas iriam mudar um pouco caso fizéssemos a turnê com 2 bandas. Iriam aparecer desvantagens como a disputa de merchandising, pois o cara que vai ao show não tem dinheiro pra comprar material das duas bandas, e vai então ter que escolher uma. Além do aumento o trabalho para o organizador do show em conseguir mais comida, lugar pra dormir, etc. Além do cachê não ser maior por ter 2 bandas, já que normalmente pagam por van, e não por banda. Apesar de todas estas desvantagens e ainda por cima fazer a turnê com uns caras que eu nunca tinha visto na vida, eu não podia negar o que o Zé estava me propondo e nem descartar uma assessoria tão experiente quanto a dele. Era a chance de dar uma volta muito maior e muito mais ambiciosa do que havia planejado e que seria capaz de organizar por mim mesmo. E provavelmente, eu não teria outra chance como essa de novo. Então, aceitei a proposta e todos os planos mudaram a partir deste momento, pois passamos a não mais espelhar na turnê do Social Caos de 45 dias e 9 países, mas na turnê do No Rest de 2006 de mais de 70 dias e 24 países.
Eu fiquei responsável por agendar uma parte dos shows, nos países onde eu tinha conseguido contatos, e o Paulo Zé agendou nos lugares onde eu não tinha contatos, que foi Escandinavia, Paises Bálticos, Bálcãs, extremo Leste Europeu e Península Ibérica. Ao final de julho de 2007, eu e Paulo Zé já tínhamos agendado quase todos os shows 51 e a turnê estava praticamente pronta.
A Banda
Como dito anteriormente, o Allisson ficou responsável por conseguir encontrar músicos que estivessem dispostos a entrar pra banda e ir fazer a turnê. E isso foi uma tarefa muito difícil, pois ninguém botava fé na gente e acreditava que isso ia dar certo, que íamos fazer mesmo uma turnê na Europa. Além disso, era realmente uma coisa complicada achar pessoas que tivessem além de dinheiro, disponibilidade de parar com tudo o que estava fazendo na vida, como faculdade, trabalho, família, e ir viajar pra Europa. Todos nós tivemos que trancar as nossas faculdades pra poder viajar e atrasamos nosso tempo de formatura e atrasamos algumas das nossas contas por causa dos gastos com a turnê. Após muito procurar os caras certos em Uberlândia, o Allisson encontrou duas pessoas que nos levou a sério e encararam a empreitada: O Guilherme e o Bambi, na época o guitarrista e o baterista da banda de Death Metal Krow. Eu já conhecia o Guilherme, mas não era muito amigo dele. Já o Bambi eu nunca tinha visto na vida. Olha a loucura! Fazer uma turnê na Europa com uns caras que você nem conhece direito, sem nunca ter tocado junto, sem saber se ia rolar química! Cara, até hoje eu não sei como é que essa turnê aconteceu.
Surpresinha ao Voltar para o Brasil
Em julho de 2007 meu período como estudante na Europa chegou ao fim, finalizei o estágio, meu visto de estudante expirou e voltei para o Brasil. Fiquei alguns dias em Paracatu pra matar a saudade dos familiares e amigos e depois fui para Uberlândia pra encontrar a banda, ensaiar, colocar os pingos nos “is” e voltar pra Europa. Foi quando tive uma pequena surpresa. Uma semana antes de voltar para o Brasil, o Allisson, meu braço direito desde o inicio dessa história, após mais uma noitada de álcool e excessos típica de Uberlândia, voltando bêbado pra casa de madrugada dirigindo seu fusca, dormiu ao volante e chapou num poste! A batida foi muito feia, a cara dele quase partiu em duas, perdeu alguns dentes e arrebentou a mão direita. Imagina! Eu acabo de chegar da Europa, e vejo o que seria o baixista da minha banda deitado numa cama todo arrebentado, sem dente, com a cara toda costurada, quase sem conseguir falar e com a mão parecendo que colocou num liquidificador, com um monte de pino de metal atravessando os dedos. Fiquei olhando pra ele, sem reação, sem saber o que ia fazer agora, e o que ia ser da turnê. Como a mão direita do Allisson estava toda estourada, ele não conseguia tocar o baixo direito. Tentamos fazer uns testes com ele no vocal, mas não funcionou. Ele insistiu em ficar no baixo acreditando que dava tempo de melhorar até a turnê. E Assim foi. Ele continuou no baixo, com pinos atravessando a mão direita, tocando devagarzinho nos ensaios pra não estragar a mão de vez, o Guilherme ficou na guitarra, o Bambi na bateria e eu no vocal.
Salientando que eu nunca havia cantado na vida, assim, como Front Man. Eu só tinha feito 2 shows na minha vida cantando e tocando guitarra com o Crust Division. Era tudo novidade pra mim e eu ia passar pela primeira experiência de ser vocalista e Front Man lá na Europa! Repetindo de novo: até hoje eu não sei como é que essa turnê aconteceu! Com essa formação, ensaiamos durante todo o mês de agosto e por volta do início de setembro, não sei explicar como, se foi pela imensa vontade de fazer a turnê ou se foi por fator de cura mutante, o Allisson tirou os pinos da mão e se recuperou numa velocidade muito rápida. A mão dele ainda não fechava direito, não tinha muita agilidade e ainda não respondia 100%, mas dava pra quebrar um galho. Paralelo aos ensaios, nós ficávamos correndo atrás das coisas que estava faltando fazer, como mandar silkar as camisetas, fazer os CDs, organizar os instrumentos, conferir passaportes, arrumar as malas, agendar os shows que estavam faltando, e ficar o máximo de tempo com nossas famílias e amigos. Dia 18 de setembro de 2007, despedimos das nossas famílias e amigos e pegamos um ônibus de Uberlândia pra São Paulo com várias malas e instrumentos. Chegamos em São Paulo dia 19, e fomos pra casa do tio de Guilherme descansar um pouco e depois ele nos levou ao Aeroporto internacional de Guarulhos, onde encontramos pela primeira vez com os caras do Korrozão, com quem iríamos dividir a van por 3 meses. Entramos no vôo de São Paulo pra Frankfurt na Alemanha e tudo ocorreu nos conformes. O vôo foi tranquilo, não houve nenhum problema na imigração nem extravio de bagagens. Chegamos à Europa! E ao sairmos do aeroporto de Frankfurt, como o combinado, nosso motorista já nos esperava.
Comecando a Turnê
O nosso motorista se Chamava Sloma. Era um Punk polonês de 33 anos, baixo, vegetariano, as vezes xarope, as vezes engraçado, as vezes gente boa, as vezes prego, e grande parte das vezes grosso. Tocava guitarra numa banda de grande nome do Underground Polonês, o Infekcja, tendo feito varias turnês na Europa e dirigia a tempos para bandas que estão em turnê. Era um cara de personalidade muito forte, às vezes difícil de se lidar, mas era responsável, dirigia muito bem, tinha bastante experiência nas estradas da Europa, e não dirigia bêbado. Ele foi um cara muito importante para a nossa turnê ter acontecido, pois se ele não tivesse aparecido e aceitado dirigir, eu não iria ter outra opção de motorista. Eu tinha pegado vários contatos de motoristas, mas não consegui fechar com nenhum. Ninguém estava querendo dirigir em uma turnê tão longa quanto a nossa e ir à países tão distantes, onde não se tinha muita informação. O único que topou foi o Sloma. E a diária dele foi a mais barata que encontrei, cobrava 45 Euros por dia, e em day-off(dias que não tinha shows) ele não cobrava. É muito comum esse tipo de coisa no Underground Europeu, Punks que tem vans e dirigirem pras bandas que estão em turnê pela Europa. Quase toda banda que está em turnê pela Europa opta por este tipo de serviço, pois é bem melhor e mais confortável do que os próprios membros da banda alugar um carro/van e dirigir. O motorista normalmente é dono da van, e fica com a banda durante toda a turnê, comendo e dormindo nos mesmos lugares que a banda toca, e acaba tornando-se mais membro da banda.
A cena Underground punk
A nossa turnê só foi possível acontecer graças à existência da Cena Underground Punk, e por esta funcionar tão bem na Europa. O Underground é uma cena autônoma onde as pessoas produzem e expõem suas ideias e expressões artísticas sem o aparato de gravadoras ou empresários. É toda uma cena de cooperação, produção de música e troca de informações e vivências em torno da idéia da não mercantilização da música, indo na contramão da industrial cultural vigente. Por isso este tipo de cena possui pouco ou nenhum apelo de massa, visibilidade ou presença comercial, fugindo dos padrões comerciais, dos modismos e sempre está fora da grande mídia. O Underground baseia-se na ética do "faça você mesmo" (do it yourself em inglês), que é a rejeição à idéia de que um indivíduo deve sempre comprar de outras pessoas as coisas que deseja ou necessita. Você não precisa ter uma gravadora, crie um selo e distribua seus CDs por você mesmo. Você não precisa de alguém pra organizar um show pra sua banda, organize você mesmo. Você não precisa de revistas pra divulgar sua bandas expor suas idéias, faça zines e divulgue você mesmo. Não existem cachês, mas ajuda de custo. Não existem ídolos nem fans, mas pessoas se admiram e compartilhamento dos mesmos ideais. A cena Underground Punk na Europa funciona tão bem porque a cada 200km que você anda tem uma cidade com pessoas que promovem a cena local e estão ativamente envolvidas com o punk, colocando bandas pra tocar e fazendo shows constantemente. Por todos os países existem muitos coletivos, selos, bandas, lugares pra fazer shows e festivais. Além da economia e da estrutura do continente Europeu permitir e facilitar a sustentação desta cena. Tudo funciona como uma rede de ajuda mutua, com muita troca de informação e networking entre as cenas e bandas dos diversos países da Europa. Assim, se você tem contato com alguma banda Underground de algum país, as portas estão abertas para você comunicar com outras bandas do mesmo estilo musical e que fazem parte também do Underground em outros países da Europa.
Quem organizava os shows? Quem são os Punks?
Os responsáveis pela organização dos nossos shows eram pessoas que estavam de alguma forma envolvidas com a cena Underground Punk. Ou eram donos de selos, ou membros de alguma banda ou coletivo, ou eram os próprios Punks que organizavam os shows. Foi com esse pessoal que entrei em contato e organizei tudo. Os Punks são peças fundamentais para a existência desta cena Underground que estamos falando. Basicamente, eles são ativistas que protestam contra o sistema com o próprio estilo de vida que escolheram viver. São defensores da participação mínima no sistema, e acreditam que se não trabalharem, não pagarem impostos, não pagarem aluguel e consumir só o necessário pra a sobrevivência, estarão deixando de contribuir com o sistema e oferecendo resistência. Em geral sustentam valores como anti-machismo, antihomofobia, anti-fascismo, anti-lideranças, antiglobalização, opões-se à mídia tradicional, ao Estado, às instituições religiosas e grandes corporações capitalistas. Muitos punks apóiam questões como direitos animais, igualdade racial, feminismo, ocupação, boicotes, desobediência civil, negam e combatem o autoritarismo, as fronteiras e estão sempre participando de manifestações ativistas estilo “Frente pela Liberação dos Animais" ou contra encontros como o G8 e G20. Normalmente não comem carne ou nada proveniente de animais e grande parte do que comem vêm do que é dispensado de supermercados locais. E adoram cachorros!! Onde tem punk tem cachorro! Predominantemente os punks usam calçados e roupas pretas velhas descoradas, com diversos patches de bandas costurados, e tem como principal característica o uso de dreadlocks nos cabelos. Musicalmente, ouvem bandas de Crust Punk da linhagem do discharge, como anti-cimex, amebix, doom, extreme noise terror, etc.
Os punks quase sempre moram em Squats, que são casas abandonadas que eles invadem e ficam morando. Squats são também chamados de Okupas, que é um termo libertário que faz referência ao ato de ocupar um espaço ou construção, abandonada ou desabitada, sem permissão de seus proprietários legais, não para transformá-lo numa propriedade privada, a ser alugada ou vendida, mas com o objetivo de criar uma esfera de sociabilidade e vivência libertária. Para os contrários ao movimento, tais ocupações nada mais são que invasões de propriedade. Por isso estão em constante conflito com a polícia e sofrendo ações de despejo. Os punks são muito corporativistas entre si. Se você for punk(e estiver vestido como tal!), onde você estiver, em qualquer lugar da Europa, se encontrar outro punk ele vai te ajudar, vai te levar ao squat mais próximo e vai te ajudar a achar comida. Os punks estão sempre viajando pela Europa e morando em squats diferentes dos seus países. Há um networking muito grande. É muito comum você ver punk polonês morando em squat na Alemanha, ver punk Frances morando em squat da Espanha. Assim como toda tribo urbana tem sua tribo rival, com eles não podia ser diferente. A tribo inimiga dos punks são os nazi, ou neo-nazi, cuja ideologia de extrema direita é totalmente oposta aos dos punks, por isso estão em constante conflito, e quase sempre violento. Os Nazi normalmente são caras bem grandes, fortes e que adoram brigar. Por isso fizemos a turnê inteira em alerta pra qualquer atrito com eles, já que é bem comum aparecerem em shows punk só pra armar confusão.
Onde tocávamos? Onde dormíamos? Os shows da turnê aconteceram basicamente em três tipos de locais: em Squats, em Bares ou em Espaços Autogerados. Os Squats que quase sempre são casas bem grandes e espaçosas, e que sempre tem um espaço pra shows bandas. Espaço autogerado é uma coisa parecida com Squat, porém os punks não costumam morar lá. As vezes são espaços regularizados cedidos pela prefeitura de algumas cidades para confinar os jovens em algum lugar ao invés de ficarem na rua fazendo besteira. Também tocávamos em bares de rock ou casas de show mesmo. Basicamente dormíamos na casa dos organizadores do show ou no próprio local do show mesmo, pois em quase nos squats e espaços autogerados que tocamos existia um local que servia de dormitório para as bandas. As vezes tinha colchões e camas, as vezes era só uma sala vazia, e as vezes dormíamos no próprio palco do show mesmo, no chão duro. Por isso, Saco de dormir era definitivamente o item mais importante da turnê! Deixe de levar a guitarra, mas não deixe de levar o seu saco de dormir! Ah, e não pode ter nojo de cachorro, pois dormir com eles por perto era muito constante. Outro lugar que dormíamos bastante e servia de abrigo e “hotel” em muitas ocasiões era a própria van, onde passamos grande parte da turnê. Tiveram algumas noites, como os 2 shows na Romênia antes de irmos pra Moldávia, que depois do show entramos na van e fomos pra outra cidade, senão não iria dar tempo de chegar no próximo show por ser grande a distância. Ficamos 2 noites sem dormir em camas, dormindo só no banco da van mesmo.
Higiene e conforto As palavras “luxo” e “conforto” foram coisas que simplesmente não existiram durante a turnê. Outra coisa que não era muito constante também eram os banhos. Muitas vezes estes a situação dos lugares que dormíamos era bem precária. Como os Squats são casas invadidas, as vezes não tinha água encanada, nem esgoto nem energia elétrica. E tinha vezes que simplesmente não dava tempo de parar pra descansar ou tomar banho, quando tínhamos que viajar longas distâncias. Se fizermos uma média, creio que nós tomamos banho somente na metade dos 70 dias de turnê. Banho era uma coisa tão valiosa e gostosa quanto um prato de comida. A higiene restrita também se aplicava às nossas vestimentas, já que não pudemos levar muitas peças de roupa pra Europa porque o espaço dentro da van era muito restrito, e precisávamos ser o mais compacto possíveis com nossas coisas pessoais. Se você reparar bem nas fotos dos nossos shows, em grande parte delas nós estamos com as mesmas roupas. Eu basicamente usei umas 3 roupas durante os 70 dias de turnê. Parece inacreditável mas tinha que ser assim. Agente usava uma roupa só pra usar nos shows, e depois do show, agente tirava e colocava em cima dos aquecedores pra tentar secar. E vestíamos a outra roupa, que usávamos pra ficar durante o dia e pra dormir. Daí toma-lhe desodorante! Não dava pra lavar estas roupas. As únicas peças de roupa que davam pra lavar eram as cuecas e as meias, que iam secando dentro da van enquanto viajávamos, em um varal improvisado que fizemos.
O que comíamos? Quando eu confirmava a data do show, além de negociar o cachê e falar dos equipamentos que iríamos precisar, eu sempre pedia aos organizadores para conseguir lugar pra gente dormir, comida antes do show e café da manha no outro dia. Basicamente passávamos o dia inteiro somente com essas duas refeições. Tivemos que adaptar nosso organismo pra este regime forçado. E isso quando tinha café da manha, pois mesmo pedindo, na maioria das vezes os organizadores não nos davam ou era muito insuficiente e tínhamos que gastar nosso dinheiro no supermercado pra comprar comida, estocar na van, e ir beliscando durante as viagens. Todos os integrantes da banda voltaram da Europa um pouco mais magros. A comida era sempre vegetariana, as vezes muito bem feita e suficiente, outras vezes fria e pouca. Das 8 pessoas que estavam na van, só o Allisson e o motorista eram vegetarianos. Todos os outros tinham hábito de carne regularmente, e passamos de repente a ficar vários meses sem comer, dai nosso organismo sentiu. Sentíamos necessidade de comer algo mais precisávamos sempre ir ao supermercado suplementar nossa alimentação. E a coisa mais barata que achávamos no supermercado pra comprar era salsicha, pão de forma e catchup. Aquilo era de péssima qualidade e devia fazer muito mal à saúde, porque custava de centavos de Euro. Comemos muito isso durante a turnê. A comida que eles nos davam quase sempre eram alimentos dispensados pelos supermercados, quando tinham alguma fissura na embalagem, quando amassavam a lataria, ou por estar com o prazo de validade recentemente expirado.
Leite, iogurte e sucos que estavam a um ou dois vencidos, mas que ainda não estavam estragados, frutas amassadas ou maduras em excesso, tomates que tinham a embalagem furada ou amassada, etc. Os alimentos não estavam estragados ainda e dava pra comer sem passar mal. Foi disso que agente sobreviveu durante quase três meses! Os punks sabem direitinhos os dias e os lugares onde essas comidas são jogadas fora pelos supermercados. Vão a estes lugares às escondidas e pegam, pois a vigilância sanitária impede que estes alimentos sejam consumidos por outras pessoas. É punk o negócio! Nestes quesitos, a turnê não foi a maior maravilha do mundo não. Na maioria das vezes comemos pouco e dormimos mal. Se o cara for fresco ele não consegue fazer uma turnê como essas não. A pessoa tem ser tosca igual agente e não ligar pra nada desse tipo de coisa, de conforto, de mordomia, etc. Mas na prática, a turnê é tanta alegria e tanta curtição que você esquece que ta comendo coisa vencida, dormindo todo dia em saco de dormir no chão e com um monte de cachorro em volta! Você nem percebe e nem liga pra nada disso e acha que tudo tá bom. Ah! E alem da comida que eles nos davam, quase todo dia também tinha cerveja liberada pras bandas! Foda!
Como comunicávamos? Em
todos os países que passamos, todo mundo falava ou arranhava um inglês básico além da língua mãe do seu país. É preciso ter um certo nível de inglês pra se comunicar durante a turnê. Porém isso não era uma coisa muito difícil, já que a comunicação era entre estrangeiros que não tinham o inglês como língua mãe, ai a comunicação se torna mais fácil.
Vistos e Fronteiras
Brasileiro não precisa de visto pra entrar na Europa e pode por 3 meses transitar por qualquer país da União Européia. O único pais que precisamos tirar visto pra entrar foi a Moldávia, pois não pertencia à União Européia. As fronteiras são livres e sem fiscalização nos países que entraram primeiro na União Européia, como Alemanha, França, Bélgica e Holanda. Já os países que entraram depois na União Européia, como Estônia, Bulgária e Romênia, é preciso parar em cada fronteiras, mostrar os passaportes, passar por vistoria na van, questionamentos pra onde estávamos indo, se estávamos com drogas, blá blá blá. Mas como estávamos regulares, eles nos deixavam passar sem maiores problemas.
Ganhamos dinheiro?
Em todos os shows, recebíamos uma certa quantidade de dinheiro para tocar, e essa quantidade variava muito de um dia para o outro. Como a turnê girava em torno dos ideais do faça-você-mesmo de não exploração do lucro, não existiam cachês determinados. Existia uma ajuda de custo, que normalmente era uma parte da bilheteria do show. Se a banda for boa e relativamente conhecida, mais pessoas vêm ao show e a banda ganha mais. Caso contrário, o show tem poucos pagantes e a banda ganha menos. Mas normalmente os organizadores garantem uma quantidade mínima de dinheiro, para a banda não ficar tão a mercê da bilheteria.
O máximo que ganhamos foi 400,00 Euros na Dinamarca e o mínimo foi 12,70 Euros na Holanda, em um show improvisado que conseguimos de última hora. Fazendo uma média de todos os cachês, ganhávamos por volta de 100,00 Euros por dia. Quase todos os cachês nos países mais ricos (Alemanha, França, Bélgica, Holanda, Suíça, Itália, Áustria, Dinamarca, Suécia, Noruega e Finlândia) foram acima de 100,00 Euros e nos países menos ricos, como os do leste, foram abaixo de 100,00 Euros. Dos países mais ricos, a Alemanha, a Bélgica e a Holanda ainda têm a vantagem extra de não ter pedágio nas rodovias. Os Países da Escandinávia como Suécia, Noruega e Finlândia tem a desvantagem de se gastar mais com combustível por ser longe e o agravante de precisar de barco pra chegar até lá. Portugal e Espanha, além de longe, as rodovias têm pedágios e os cachês são um pouco menores. Na França e Itália também tem muitos pedágios, porem ganha-se bem nos shows. Dos 100,00 Euros em média que ganhávamos, 45,00 Euros pagávamos a diária do motorista, e o restante gastávamos com combustível pra ir até a próxima cidade, com pedágios e com barcos quando necessário. Era a conta certinha, ganhávamos o dinheiro num show, gastávamos tudo com as despesas e chegávamos à próxima cidade com uma mão na frente e outra atrás. O problema era quando algum show cancelava. Ai a coisa não ficava boa, pois não iríamos ter dinheiro para pagar o motorista, nem para por combustível pra chegar até a próxima cidade, nem lugar pra ficar, nem comida pra comer, nem venda de merchandising. Quando isso acontecia, tínhamos que recorrer ao dinheiro das camisetas e CDs que tínhamos vendido em outros shows para aliviar as contas diárias. Alguns dias que sobrava dinheiro, em outros faltava. Mas no final, a turnê acabou sendo auto sustentável e não deu prejuízo para a banda, o que já foi uma vitória enorme pra nós. Eu anotei tudo o que ganhávamos e gastávamos diariamente, e montei a tabela abaixo.
Despesas Diesel
20/set 21/set 22/set 23/set 24/set 25/set 26/set 27/set 28/set 29/set 30/set 1/out 2/out 3/out 4/out 5/out 6/out 7/out 8/out 9/out 10/out 11/out 12/out 13/out 14/out 15/out 16/out 17/out 18/out 19/out 20/out 21/out 22/out 23/out 24/out 25/out 26/out 27/out
Alemanha - Frankfurt Alemanha - Giessen Bélgica - Ieper Holanda - Den Haag Holanda - Leiden Holanda - Utrecht Dinamarca - Aalborg Dinamarca - Aalborg Suécia - Gotemburgo Noruega - Oslo Noruega - Oslo Suécia - Stockolmo Suécia - Stockolmo Finlândia - Tampere Estônia - Tallin Letônia - Liepaja Lituania - Alytus Polônia - Warsovia Polônia - Wroclaw Polônia - Wroclaw Polônia - BielskoBiala Rep. Checa - Ceský Tešín Rep. Checa - Orlova Rep. Checa - Zlin Eslovaquia - Ziar nad Hronom Austria - Vienna Eslovênia - Kranj Eslovênia - Ljubljana Hungria - Budapest Romênia - Deta Romênia - Bistrita Moldávia - Chisinau Romênia - Bucarest Romênia - Craiova Bulgária - Sofia Grécia - Tessaloniki Grécia - Athenas Grécia - Patras
Diária do Motorista
115,00 €
130,00 € 45,00 € 45,00 € 45,00 € 45,00 € 45,00 € 45,00 €
60,00 €
45,00 € 45,00 €
83,00 €
45,00 €
20,00 € 50,00 € 49,00 €
40,00 € 38,30 € 49,30 € 37,50 € 47,00 €
Pedagio
2,30 € 2,50 € 2,50 €
45,00 € 45,00 € 45,00 € 45,00 € 45,00 €
Receitas Barcos
162,00 €
96,00 € 321,00 €
Total Despesas Diárias
130,00 € 65,00 € 95,00 € 94,00 € 45,00 € 45,00 € 160,00 € 0,00 € 209,30 € 107,50 € 2,50 € 128,00 € 0,00 € 141,00 € 406,00 € 83,30 € 94,30 € 82,50 € 47,00 € 0,00 €
Cachê 70,00 € 130,00 € 60,00 € 12,70 € 400,00 € 180,00 € 200,00 € 100,00 € 70,00 € 70,00 € 141,00 € 63,00 €
37,30 €
45,00 €
82,30 €
106,60 €
53,30 €
45,00 € 45,00 € 45,00 €
98,30 € 45,00 € 45,00 €
75,00 € 90,00 € 121,00 €
59,00 €
45,00 €
104,00 € 7,00 € 92,50 € 54,50 € 95,00 € 68,00 € 92,00 € 125,00 € 75,00 € 97,00 € 149,00 € 75,00 € 94,30 € 50,80 €
91,00 €
41,00 € 50,00 € 20,00 € 47,00 € 60,00 € 30,00 € 47,00 € 30,00 € 30,00 € 40,00 €
45,00 € 45,00 € 45,00 € 45,00 € 45,00 € 45,00 € 45,00 € 45,00 € 45,00 € 45,00 € 45,00 € 45,00 €
7,00 € 6,50 € 9,50 € 3,00 € 20,00 € 5,00 € 74,00 € 9,30 € 5,80 €
30,00 € 90,00 € 90,00 € 60,00 € 87,00 € 120,00 € 100,00 € 50,00 € 97,00 € 200,00 € 208,75 € 100,00 €
28/out 29/out 30/out 31/out 1/nov 2/nov 3/nov 4/nov 5/nov 6/nov 7/nov 8/nov 9/nov 10/nov 11/nov 12/nov 13/nov 14/nov 15/nov 16/nov 17/nov 18/nov 19/nov 20/nov 21/nov 22/nov 23/nov 24/nov 25/nov 26/nov 27/nov
Italia Itália - Roma Itália - Roma Itália - Firenze Itália - Torino França - Nice França - Marseille Espanha - Barcelona Espanha - Barcelona Espanha - Barcelona Espanha - Barcelona Espanha - Barcelona Espanha - Foncea Espanha - San Sebastian Espanha - Llodio França - Mauléon França - La Vallete França - Grenoble França - Saint Etienne Suiça - Lausanne Suiça - Yverdon Alemanha Offemburg França - Strasburgo Alemanha Chemnitz Alemanha - Leipzig Alemanha - Halle Alemanha - Dresden Alemanha - Berlin Alemanha - Berlin Alemanha - Frankfurt Alemanha - Frankfurt
51,00 € 25,00 €
Total
1.966,20 €
336,00 € 20,00 €
387,00 € 45,00 € 45,00 € 83,90 € 130,00 € 122,70 € 120,80 € 105,00 € 10,00 € 0,00 € 0,00 € 0,00 € 184,26 €
35,50 € 60,00 € 50,00 € 60,00 € 60,00 €
45,00 € 45,00 € 45,00 € 45,00 € 45,00 € 45,00 € 10,00 €
95,00 €
45,00 €
44,26 €
40,00 € 40,00 € 50,00 €
45,00 € 45,00 € 45,00 € 45,00 € 45,00 €
5,50 € 9,65 € 20,50 € 58,50 €
50,50 € 94,65 € 105,50 € 153,50 € 45,00 €
145,00 € 45,00 € 40,00 € 100,00 € 170,00 €
65,00 €
45,00 € 45,00 € 45,00 €
14,80 € 26,00 € 24,70 €
59,80 € 136,00 € 69,70 €
120,00 € 200,00 € 200,00 €
43,00 €
45,00 €
88,00 € 0,00 €
100,00 €
50,00 €
45,00 € 45,00 € 45,00 € 45,00 € 45,00 €
95,00 € 45,00 € 45,00 € 45,00 € 95,00 € 0,00 € 58,00 € 130,00 €
105,00 € 40,00 € 70,00 € 144,00 € 245,00 €
5.934,41 €
5.992,05 €
50,00 €
3,40 € 25,00 € 27,70 € 15,80 €
58,00 € 130,00 € 2.610,00 €
369,21 €
989,00 €
97,00 € 190,00 € 150,00 € 250,00 € 150,00 € 100,00 €
118,00 €
Merchandising
Para pagar as despesas com a turnê, além do dinheiro dos shows, também ganhávamos dinheiro com a venda do merchandising (camisetas, CDs, Patchs e Adesivos), que foi o material que levamos pra Europa pra divulgar a banda. Bandas que são mais conhecidas na Europa e que já estão divulgando material a mais tempo, conseguem até pagar as passagens de avião com o lucro da venda do merchandising e dos cachês. Isto porém, não aconteceu conosco porque não obtivemos lucro com a venda do merchandising, e o dinheiro dos cachês só serviu pra quitar as despesas diárias. O merchandising todo que levamos serviu só pra divulgação da banda mesmo. Como éramos uma banda recém formada e não tínhamos nenhum material ainda, mandamos fazer uma grande quantidades de material e levamos tudo pra Europa pra vender lá. 500 CDs R$ 900,00
500 Encartes R$ 650,00
200 Camisetas R$ 1.600,00
2000 Patches R$ 500,00
2000 Adesivos R$ 200,00
Total R$ 3.850,00
A soma de todos os CDs, camisetas e Patchs que vendemos la foi 1.264,00 Euros (R$ 3.350,00). Faltou, portanto, R$ 500,00 para recuperar o dinheiro investido no merchandising, e começar a dar lucro. Não conseguimos vender tudo o que levamos e depois da turnê trouxemos um monte de coisas de volta para o Brasil. O merchandising dá um retorno muito grande porque compramos as cmaisetas e CDs em Real e vendíamos a Euro. O preço de custo de cada camiseta era R$8,00 e vendíamos a 8,00 Euros (R$25,00). O CD foi R$3,80 e vendíamos a 5,00 Euros(R$16,00). No final das contas, pra fazer a turnê toda, cada um da banda gastou só com as passagens de avião, que na época foi R$ 2.370,00 São Paulo – Frankfurt ida e volta, mais as passagens de ônibus de Uberlandia-São Paulo, cada uma de R$ 82,15. Pra fazer uma viagem de 70 dias em 24 países, ta barato demais, tá não?
Realidade variável
Muita gente me pergunta qual foi o melhor show, ou qual país é melhor pra tocar, mas responder essa pergunta é tão difícil, porque a situação de cada lugar era tão diferente um do outro e tão relativo. A realidade variava muito de um dia pra outro. Durante a turnê, íamos do céu ao inferno em menos 24 horas muito constantemente. Tinha dia que o show era muito bom, que ganhávamos bem, que dormíamos em camas confortáveis, que tinha banho quente e que vendia muito merch. E tinha dia que não ganhávamos porra nenhuma, não tinha ninguém nos shows, não vendia nenhum CD, e a comida era ruim e insuficiente. Fizemos shows grandes, bem estruturados e lotados e gente como no tetro principal da capital da moldávia, mas também fizemos shows que foram furadas, como o que fomos parar em uma fazenda no interior da França, e que só tinha 2 pessoas presente: os 2 organizadores do show! Financeiramente e estruturalmente falando, é melhor tocar nos países mais ricos, pois além dos cachês serem maiores, os shows tem mais estrutura, os equipamentos são melhores, a galera tem mais dinheiro pra comprar o merchandising, come-se melhor, dorme-se melhor, as estradas são sempre boas e gasta-se menos combustível para deslocar entre as cidades porque são mais próximas. Já em países menos ricos como os do leste Europeu (Polônia, Republica Tcheca, Eslováquia, Eslovênia, Hungria, Romênia, Moldávia, Bulgária, Estônia, Letônia e Lituânia), a situação é inversa. Os cachês são menores, a galera tem pouca grana pra comprar merchandising, as estradas são piores e a estrutura dos shows é menor. Além da constante presença dos nazi, costumam ir aos shows causar confusão. Eles estão presentes em todos os países da Europa, porém, nos países do leste eles costumam ser mais numerosos que os punks. No entanto, nos países mais pobres a receptividade e o calor humano costuma ser maior.
Melhores e piores momentos
Aconteceram diversos momentos memoráveis durante a turnê, como tocar na Transilvânia, a terra do Drácula no norte da Romênia, por entre os montes Cárpatos; tocar em Florença na Itália e Leipzig na Alemanha, cidades onde Leonardo da Vinci e Sebastian Bach, produziram suas principais obras; tocar em países tão distantes como Estônia, Letônia e Lithuânia, que tanto chamava minha atenção nas aulas de geografia do ensino médio; visitar o campo de concentração de Auschwitz no sul da Polônia e relembrar toda a barbaridade da segunda guerra; ver o que sobrou do muro de Berlin; tocar na cidade natal de bandas tão importantes para o punk/hardcore mundial como Gotemburgo na Suécia, terra do Anti-Cimex, e Tampere na Finlândia, terra do Rattus; tocar em Oslo na Noruega, capital mundial do Black metal, estilo tão presente na minha adolescência em Paracatu; Passar uma tarde aloprando em Amsterdam; Pegar um dia de sol no mar mediterrâneo em Nice no sul da França; Fazer dois shows na Eslovênia com o DFC de Brasília, referência na nossa escola do hardcore nacional; dentre outros. O show mais marcante e memorável foi com certeza o da Moldávia. Foi todo especial pra nós tocarmos nesse país porque nenhuma outra banda Brasileira havia tocado lá antes, e foi uma aventura muito emocionante ir até lá. O pessoal nos tratou super bem, o show foi excelente e até autógrafos e entrevista pra televisão local nos demos! Tocamos em um grande teatro da cidade, com uma super estrutura. Foi sensacional.
A Grécia também foi um país muito especial pra nós. Desde o primeiro momento que cruzamos as montanhas da Bulgária e entramos em território grego, começamos a sentir uma energia muito boa. O frio diminuiu, as pessoas ficaram mais acolhedoras, os shows foram fantásticos, lotados, ganhamos muito bem e vendemos muito material. Poder andar em Atenas e visitar lugares históricos como o Pathernon foi uma coisa indescritível. Ir a lugares que foram o berço da civilização ocidental, que moldaram a nossa forma de entender o mundo me fez refletir bastante. O mesmo aconteceu em Roma, Onde cada pedacinho da cidade foi cenário de alguma coisa histórica muito importante. Outro momento memorável pra mim foi na Bulgária, quando eu estava montando a banquinha de merchandising e chegou um moleque de uns 14 anos em mim e falou: vocês vão tocar Saul Bandoleiro? É a minha música favorita! Eu quase chorei com aquela cena! Uma música que foi composta por eu e meus amigos na minha cidade natal, no interiorzão de minas gerais, e ter alguém do outro lado do mundo que gostou, aquilo pra mim foi uma vitória imensa. Ali vi o quanto tinhamos chegado longe. O show mais louco e bizarro de toda a turnê foi com certeza em La Vallete, no interior da frança. La Vallete era uma vila abandonada habitada anteriormente por mineradores de carvão que os punks reconstruíram e criando uma vila punk no meio do nada! A vila ficava em um lugar muito bonito entre as montanhas. Nesta noite aconteceu muita coisa estranha e engraçada ao mesmo tempo. Tinha muita gente louca, parecia que estávamos na a terra do nunca. Foi absolutamente surreal. A palavra certa era essa, surreal!
Mas nem tudo são flores. Também passamos por enrascadas, como quase apanhar dos Nazi em Sofia, capital da Bulgária, comer comida fria e não ter lugar pra dormir no show mais furada da turnê em Craiova na Romênia, ter show cancelado em Viena e não sermos avisados anteriormente, não conseguir shows na Espanha e ficar dias desocupados e perdendo dinheiro, passar por um filme de terror achando que não íamos conseguir vencer as estradas horríveis e as montanhas da Transilvânia, passar medo em cada fronteira dos países do extremo leste Europeu com medo de sermos barrados, passar muito frio em vários momentos, etc. Mas independente do show ser bom ou ruim e a situação não ser das melhores, nós estávamos felizes o tempo todo, porque tudo era novidade, tudo era uma aventura e tudo era uma festa.
Diário de turnê
A turnê foi uma coisa muito surreal e muito além de tudo que pudéssemos sonhar nas nossas vidas. Foi uma coisa que até hoje agente não digeriu direito e nem conseguimos entender direito como fizemos aquilo tudo. É simplesmente impossível descrever todas as experiências que passamos durante a turnê e contar tudo o que aconteceu. Cada momento, cada show, cada sensação era única e maravilhosa. Em cada dia de turnê aconteciam mais coisas do que aconteciam em um ano inteiro da minha vida no Brasil. Era uma overdose de informação para a nossa cabeça. Pra tentar relatar o nosso dia-a-dia, eu levei comigo durante toda a turnê um Notebook onde e escrevia diariamente tudo o que acontecia. Além de escrever, eu também filmava tudo, e depois fiz 3 vídeos com os melhores momentos da turnê (procurem ma internet por “Crust Division Europa Tour 2007”). Neste diário de turnê (inserido no final deste zine) está muito bem relatado tudo o que aconteceu conosco até sairmos da Grécia, quando eu me desmotivei e parei de escrevê-lo. Pra mim a turnê tinha acabado ali.
O prelúdio do fim A até a Grécia eu já tinha ido a tudo quanto é lugar que eu queria ter ido, e muito além do que jamais havia imaginado ter ido na vida. Já tínhamos passado por 19 países e estávamos viajando a mais de dois meses. Passei provavelmente pelas maiores aventuras da minha vida e já estava satisfeito, já tinha conseguido tudo o que queria e pra mim já tinha dado. A partir desde momento iríamos voltar pra parte rica da Europa, que eu já conhecia um pouco por estar morando lá antes da turnê. Então, pra mim não ia ter mais muita novidade nem muita graça. E eu já estava muito cansado e de saco cheio de tocar sempre as mesmas musicas todo dia, de dormir mal, comer mal, passar frio demais, e entrar naquele ciclo vicioso repetitivo de chegar na cidade, tirar uns instrumentos da van, tocar, comer, beber, vender camiseta, dormir, entrar na van, ir pra outra cidade, aguentar o motorista me xaropando o tempo todo, etc. Além do que, a turnê foi muito mais cansativa pra mim do que para resto da banda, porque eu estava trabalhando nela a mais de um ano antes dela começar, além de estar a um ano morando fora, vivendo muito intensamente sem descanso. Eu já comecei a turnê cansado, e no momento que saímos da Grécia eu estava começando a perder minhas forças. Mas mesmo assim, continuamos a fazer a turnê e mantivemos a agenda dos shows. Quando começou a aproximar de 70 dias que estávamos e turnê, todo mundo começou a cansar também. Aí as brigas, discursos e desentendimentos começaram a aparecer e a paciência de todos começou a se esgotar. Até que a coisa ficou insustentável e a bomba estourou em Berlim, na Alemanha.
O desfecho!
Aconteceu um somatório de várias coisas negativas na noite em que tocamos em Berlin. Começou com Guilherme passando muito mal, tremendo de febre e cheio de dores pelo corpo. Ele não conseguia fica em pé direito e ele custou fazer o show inteiro. E já era a terceira vez que isso estava acontecendo com ele, e só foi descobrir porque estava passando mal depois que voltou para o Brasil e fez exames. Ele era alérgico a carne de porco e não sabia, e nós comíamos constantemente salsicha, com pão de forma e catchup. Depois, eu tive um stress tenso com o Sloma. Eu e ele passamos a turnê inteira tendo pequenos conflitos. Eu era a personificação de tudo o que o cara odiava. Eu era estudante, e ele odiava estudante. Eu comia carne, e ele odiava quem comia carne. Eu não gostava de cachorro, ele adorava cachorro. Nossa banda era muito imatura que nem sabíamos o que estávamos fazendo ali. Éramos praticamente uns turistas, e ele odiava turista! Ele era um punk velho radical e eu um moleque imaturo que não sabia nada da vida, que enchia o saco dele fazendo perguntas sobre tudo o tempo todo, falando muita bobeira e só dando bola fora. E como foi eu que organizei tudo e era o “líder” da turnê, era eu que sentava no banco da frente da van ao lado dele e ficava mostrando qual era cidade do próximo show, ajudando a achar o caminho do lugar onde iríamos tocar, acordando ele todo dia, dizendo os horários que deveríamos sair e viajar, etc. E ele era um cavalo, um grosso, um escroto. Ele me tirava o tempo todo e minha banda também. Dizia assim: “Tanta banda boa no mundo que deveria estar fazendo turnê na Europa, e vocês aqui, uma banda que nem nome tem!”.
Eu engolia todos os sapos possíveis e imaginais vindos dele. Mas o Sloma tinha suas razões pra estar tão estressado. Antes de começar a nossa turnê, ele tinha dirigido para uma banda americana em uma turnê que durou uns 3 meses. Então ele também, assim como eu, já começou a turnê cansado. E a nossa turnê não foi fácil, nós éramos oito pessoas e passamos por muito países que tinham estradas muito ruins, que ele tinha que dirigir com muito mais cuidado do que o normal, se cansando mais que o normal. Ai ele descarregava o cansaço no primeiro que ele via: Eu!
Voltando para a noite em Berlin, em um determinado momento o Sloma estava dando algumas informações e mostrando um mapa para uns espanhóis que tocaram com agente nesta noite. Daí eu cheguei meio bêbado fazendo umas brincadeirinhas bobas, nada de mais. Mas o Sloma se irritou muito com a brincadeira, pegou na gola da minha camisa com força, me encostou na parede, colocou o dedo na minha cara, olhou dentro do meu olho com todo ódio do mundo e falou que se eu não calasse a boca ele ia me arrebentar a cara! E por incrível que pareça, eu não reagi! Algo do além me deu calma naquela hora e disse pra eu não fazer nada. Ainda bem que isso aconteceu, pois se tivesse brigado ele poderia simplesmente ir embora pra Polônia e nos deixar no meio da Alemanha, com um monte de mala e equipamentos e sem lugar pra ficar! Nós estaríamos perdidos se algo assim acontecesse. Mas isso felizmente não aconteceu e a noite continuou, dando inicio ao auge das desgraceiras! Outros dois que também não estavam se bicando e trocando farpas constantemente, era o Allisson e o baixista do Korrozão.
Ninguém soube direito o que aconteceu entre os dois neste dia, já que cada um contou uma versão da história. Mas o que de fato aconteceu, foi os dois brigaram e o Allisson simplesmente deu uma garrafada no meio da testa do cara! E eu não sei por qual milagre a garrafa não quebrou e não cortou a cara dele no meio. Depois disso os dois ficaram a noite toda avançando um no outro e nós todos tentando separar. E isso durou horas, deixando todo o resto da turma estressadíssima, acabando com a onda boa da noite. A desculpa do Allisson pra ter feito isso foi que, como ele estava com a mão ainda machucada e lerda por causa do acidente, ele não conseguia fechar a mão direito pra se defender. Ai, segundo ele, foi o baixista do korrozão(que é um cara bem grande, muito maior que o Allisson) que começou a briga o agredindo. E como não podia dar um murro, teve que recorrer a garrafa pra se defender. Já o cara do Korrozão disse que foi o Allisson que começou. Ai ficou nessa. Pra piorar a situação, enquanto eu estava tentando separar a briga, no maior stress do mundo, algo me atinge a nuca com muita força e me assusta muito. Quando viro e olho pra trás, está o motorista da nossa van, com uma bola de neve nas mãos e me joga no meio do peito, espatifando e voando neve na minha cara toda. Neste momento, com todo aquele stress que eu já havia passado com o Sloma naquela mesma noite, eu fiquei cego. Eu que nunca havia brigado com ninguém na minha vida, peguei um pedaço de pau que vi no chão e fui violentamente pra cima dele. A sorte foi que o guitarrista do Korrozão viu a cena e conseguiu me segurar e impedir de brigar, senão a merda ia ser maior.
Passamos o resto da noite tentando apaziguar os ânimos, porque todo mundo tava estressando com todo mundo. Naquela hora da noite, tudo era motivo pra discussão e desentendimentos. E uma coisa que contribuiu bastante para chegar a este ponto foi o fato de todo mundo ter bebido exageradamente nesta noite. Praticamente em todos os shows rolava bebida de graça para as bandas, mas nesse dia além de cerveja rolou vinho, muito vinho. Aí todo mundo escrachou até perder o norte e acontecer essa merda toda. Pra finalizar a desgraceira toda, nós ainda fomos expulsos do squat onde iríamos dormir, pois os punks não gostaram nada nada da nossa briga dentro da “casa” deles. Tivemos que procurar um albergue pra dormir e gastamos o dinheiro que não podíamos gastar. Neste momento eu pensei: Tá na hora de acabar com essa merda e voltar pra casa! Nos ainda tínhamos 12 show pela frente, mas do jeito que estavam as coisas, era arriscado prosseguir. Se continuássemos nós iamos acabar matando uns aos outros. No outro dia, saímos do Albergue, levamos o Guilherme num hospital e procurei uma LanHouse. Mandei email pra todos os organizadores dos próximos shows dizendo que não iríamos mais tocar e que íamos voltar pra casa mais cedo, com a desculpa que um de nós havia adoecido muito e que agente não estava agüentando o frio e blablabla. Coitado, tive que usar o Guilherme como bode expiatório pra não dizer que a turnê acabou por causa de porrada! Gastamos de novo dinheiro que não podíamos gastar com a remarcação das passagens, antecipamos nossos vôos pro Brasil e voltamos pra casa. E assim acabou a turnê.
Vida Pós Turnê
Organizar essa turnê foi um trabalho muito cansativo e que me sugou muita energia. Hoje eu fico olhando pra trás e me perguntando de onde é que eu tirei tanto gás pra fazer uma megalomania desse porte. Provavelmente nunca gastei tanta energia pra fazer alguma coisa na vida quanto gastei pra arquitetar essa viagem. Tanto que depois da turnê fiquei meio que overdoseado de Rock e não tive mais vontade de tocar. O Crust Division nunca mais tocou e eu fiquei 5 anos sem tocar Hardcore. Naquele momento eu tinha que priorizar minha vida profissional, pois ainda tinha que terminar a faculdade, procurar emprego e ver que rumo eu ia tomar na vida. Me formei em julho de 2008, e em janeiro de 2009 me mudei pra Brasília e passei o ano todo estudando pra concurso, quase sem sair de casa. Neste ano não toquei em banda nenhuma, mas continuava ouvindo muita música, procurando e indo atrás de bandas novas de hardcore e compondo muitos riffs em casa e esboçando músicas e letras. Em Março de 2010 comecei a trabalhar, parei de estudar pra concurso e fiquei louco pra voltar a tocar depois de tanto tempo parado. Procurei bastante em Brasília pessoas pra montar banda comigo mas não conseguia de forma alguma. Por isso, ia à Paracatu quase todo final de semana pra me distrair. E lá encontrei uma pessoa que me fez voltar para o mundo da música: Um bêbado compositor bem conhecido nos botecos da cidade chamado Santos! Eu produzi esse cara, dei uma nova roupagem para suas musicas, cantei, toquei e as gravei no meu home studio. Montamos uma banda chamada Amado Ramone pra tocar as suas composições e fiquei muito intenso com a banda de 2010 a 2012, tendo lançado 2 CDs neste período. Enquanto mantinha o Amado Ramone em Paracatu, continuava tentando montar minha banda de hardcore em Brasília, e depois de várias tentativas, quando já estava desistindo, eis que o João aparece!
Eu conheci o João na Europa durante nossa turnê, ele era o baterista do DFC e nós fizemos 2 shows juntos na Eslovênia. Mostrei à ele minhas músicas e ele curtiu muito e pilhou montar uma banda comigo e tocar batera. Fizemos alguns ensaios e a coisa fluiu logo de cara. Então continuei a procurar o outro integrante e o lagarto, um dos organizadores Verdurada DF, animou tocar baixo e entrar pra banda. Batizamos a banda de xxxxxx, gravamos 9 musicas nós mesmos em nossos home studios, e lançamos o disco xxxxx em xxxxx de 2012. Assim, somente 5 anos após o término da turnê eu consegui voltar a tocar hardcore, e estamos planejando voltar à Europa com essa nova banda pra outra turnê.
A licão da Turnê
A turnê foi uma grande lição pra todos nos sobre o underground, a cena punk, sobre ativismo, vegetarianismo e sobre como viver um modo de vida diferente dentro do capitalismo, nos dando uma compreensão melhor e muito mais ampla do sistema em que estamos inseridos, que serviu muito pra repensarmos nossas atitudes e a nossa vida em relação ao governo, política, consumo, religião, valores, etc. Mas o maior efeito que a turnê teve na minha vida foi e desconstrução do Rock star que existia dentro da minha cabeça desde a adolescência. 70 dias dentro de uma van, tocando as mesmas musicas todos os dia, bebendo, farreando, comendo mal e dormindo mal, me fez sentir na pele o que é a vida de quem vive de banda. E definitivamente, eu não queria aquilo pra minha vida. Tudo é muito legal por um tempo, mas depois cansa. Assim como tudo que se faz com muita intensidade na vida. Voltei da turnê com isso definido: não queria viver de banda de rock! Mas, porém, contudo, entretanto, todavia, quis muito fazer uma turnê dessas por ano!
Diário de Turnê 18/09/07 – Uberlândia - São Paulo Dia de pegar o Onibus pra sao paulo, onde pegariamos o avião pra europa... meus pais vieram pra uberlândia pra despedir deles, os outros caras da banda ficando o maximo com as famílias, etc... Não sei se foi a ansiedade e o stress de todo o trabalho que tive com a tour ou se comi algo ruim no almoço, mas passei mal esta noite... fiquei querendo vomitar mas o maldito vomito não saia.. então ficava com mal estar que não passava.. entre no ônibus desse jeito... tava pensando nos meus pais... 19/09/07 - São Paulo - Frankfurt Chegando na rodoviária de SP o tio de guilherme tava la nos esperando... fomos tomar café numa padaria e fomos pra casa de um outro tio dele que nos levaria ao aeroporto de guarulhos.. gente finissima os tios dele.. um mais loko que o outro.. falam merda o tempo todo... no aeroporto encontramos pela primeira vez com os caras do korrozao, com quem iríamos dividir a van por 3 meses.. gente boa a primeira vista. Daí aconteceu uma merda.. não constava na lista do vôo o nome do césar, baterista do korrozao.. a agencia tinha dado um calote nele... única soluçao era comprar outra passagem na hora... eu tava com 2400 reais na minha conta pra qualquer emergência.. e como eles tavam desesperados e sem grana nenhuma tive que comprar a passagem dele com meu dinheiro e depois eles me pagariam... senão ia fuder toda a tour dos caras.. foi foda... mas, entramos no avião e fomos embora... Fomos de TAP, empresa portuguesa, eu e o bambi do lado e o allisson e o guilherme atras.. os comissários de borto tb portugueses.. so homens.. uma merda... ficamos rindo do sotaque deles e fiquei tendo que agüentar o Bambi do meu lado igual a uma criança, pois nunca tinha voado antes... ficava tirando foto de tudo, mexendo em tudo, encostando o braço dele no meu toda hora, espaçoso pra krai... eu já tava meio doente da barriga e com o humor la embaixo e ainda voei com o bambi do lado me alugando... e o vôo foi bem desconfortável, quase não dormi.. mas comi a comida do avião e não fique pior do que tava... 20/09/07 – Frankfurt, Alemanha Chegamos em portugal, pra passar na imigração antes de trocar de avião pra ir pra frankfurt.. ficamos numa fila num lugar abafado sem ar condicionado antes de nos apresentarmos aos guichês.. o cara so olhou meu passaporte e me deixou passar... pra os outros caras ele perguntou alguma coisa, mas tranqüilo... daí ele carimbou o passaporte, o que teoricamente nos daria 3 meses na europa legalmente... mas achamos que ainda teríamos que passar por outra imigração em frankfurt.. estávamos preocupadíssimo com isso, ensaiando o que ia falar, etc... muita tensão nessa hora...
Chegamos no aeroporto de frankfurt e pegamos as malas.. tava tudo la... alivio geral.. logo depois, vimos que a porta da rua estava logo ao lado!!!! Não acreditamos!!! Não precisamos passar por outra imigração... tínhamos pisado em frankfurt, com todas as nossas malas e com todo o merchandising dentro e nada de ruim aconteceu... passou tudo... e pra finalizar, o nosso motorista estava la nos esperando!!! Não podia ter acontecido de melhor forma... tinha dado certo... agora era so sair tocando e viajando.. todo os problemas acabaram neste momento.. daí custamos a cair a ficha.. fomos pra casa do floppy, responsável pelo primeiro show da tour.. casona muito loka.... comemos uma pizza vegetariana locura.. delicia.. liguei pra minha mãe e olhando meu email vi que ia rolar de tocar em ieper, na belgica no dia 22... Já tinha ido la antes ver uns shows e fazer contato.. já conhecia a cidade.. e la é muito perto de onde eu morava na frança e perto de onde a florance morava tb... Eu fui a loucura né, pois assim a florence poderia ir me ver logo no inicio da tour (florence foi meu ultimo romance na frança)!!! Agente tava combinando de se ver no fim da tour, so em desembro... entao, uma minininha no inicio da tour ia ser loucura!!! Bom demais.. da fiquei empolgadao com isso.. ia ver ela!! No brasil comprei um par de avaianas pra dar ela e tudo... tava muito a fim de ver ela.. fiquei feliz.. dormimos bem.. 21/09/07 – Giessen, Alemanha acordamo fomo comprar rango.. depois fomo pra giessen pra tocar no AK44.. o floppy foi na frente com o carro e agente foi atrás... chegamo la e fomo comendo um macarrao vegetariando legal.. fomo tocar e descobrimo que o captador da guitarra não tava funcionando.. agente tinha mandado pro luthier mas voltou não funcionando.. merda.. isso já tinha acontecido uma vez e aconteceu de novo.. e logo no primeiro dia da tour.. fiquei griladasso com isso.. deu onda negra geral... fomo tocar e ainda as corda tavam desafianndo toda hora..o bambi errando pra krai... foi uma merda... mas agente destruiu no palco... agente pulou igual loucos.. o allisson fazia o povo rir e tava um clima bom com o povo... minha calça veia rasgou no show.. miha voz tava uma bosta.. não consegui controlar ela igual fazia nos ensaios.. tava com a boca seca e nervosíssimo... depois que acabou fui pra o backstage e deitei no sofá... tava griladasso com o show, com a guitarra desafinando e com os captador... me deu um sentimento muito ruim.. tava a onda mais loka da minah vida.. comecei a pensar milhões de coisas... pensar que ia ser uma bosta a tour.. que não ia curtir essa tour pelo cansaço que foi pra agendar os show e pelo stress que tava.. que tava descrençado de rock, que os meninos iam curtir e eu não... enfim, foi uma viagem de coisa ruim.. no próximo segundo isso tudo foi embora da minha cabeça e não pensei e mais nada... algo tinha esvaziado minha mente.. tava tudo branco.. não pensei mais nada... daí não tava mais sentindo tristeza.. não tava sentindo nada.. tava num estado estranhíssimo, sem saber o que era aquilo que tava rolando comigo.. daí o cesar chegou me dando um monte de dinheiro falando” porra mano, ta vendendo CD pra caraio” abri a mão, ele pos a grana na minha mão e fiquei bobo olhando pra grana sem reação.. fiquei assim a noite toda...bobo.. sem entender nada... pensei muito nos meus pais.. queria ver eles... e tb pensava na florence.. queria estar com ela ali, mas isso so iria acontecer no dia seguinte..... acabamos a noite numa boate.. tava rolando so rock. Tinha uns skins la.. mas eram do bem.. antifa... alemães loucos e bebaços everywhere...
22/09/07 – Ieper, Bélgica Passei frio a noite pois não tínhamos saco de dormir ainda. Fui na cidade procurar um telefone pra ligar pra florence pra dizer ela que ia rolar de nos encontrarmos.. liguei e logo de cara ela não mostrou empolgação ao ouvir minha voz.. conversamos, falei que tava doido pra ver ela, falei que tinha comprado um presente, etc... ela disse que era aniversario da vo dela esse dia anoite mas ia mesmo assim pra bélgica me ver.. daí durante a conversa, ouvi que tinha alguém do lado dela.. perguntei se ela estava sozinha e ela me respondeu “ non, désolè”...e era 11:00 da manha.. no AP dela em Lille.. entao entendi o que era... beleza.. sem stress... não tavamos namorando nem tinha nada um com outro.. so um romance sem compromisso.. mas tava com ela na cabeça no momento e ouvir que ela tinha dormido com outro cara antes de me ver foi um balde d’agua fria na cara... é do tipo de coisa que agente so não precisa ouvir né...mas tudo bem logo esaueci isso e viajamos pra bélgica.. pra Ieper... no meio do caminho paramos em antuerpia na belgica rpa pegar uma coisas que tinha deixado la na casa do pai de Natalia minha amiga de Paracatu.. tinha deixado meu PC, os sacos de dormir e outras roupas.. mas não tinha ninguém la e ninguem atendia o telefone... saimos sem pegar as coisas e fomos pra Ieper.. la, fique esperando a florence chegar noite toda.. não pensava noutra coisa.. tava ansiossissimo rpa ver ela.. tocamos e ela não apareceu.. O show foi o bixo.. destruímos e a galera tava acesa.. o show acabou e ela não apareceu.. era 2 da manha e ela não apareceu.. fui triste dormir.. queria muito ver ela.. tava bem triste.. 23/09/07 – Den Haag, Holanda Passei frio de novo.. durmi no banco da van.. o allisson perdeu a pochete dele com todos documentos dentro.. mas um lixeiro tinha achado e levado ao achados e perdidos da cidade. Alivio.. entramo na van e vazamo pra holanda, pra Scheveningen, cidadezinha do lado de den haag... tinha gente já.. chegamo atrasado.. comemo um trem esquisito, alcachofra.. não tive as manha de comer não.. deixei... tocamo com 3 banda da italia.. já conversava com eles por email.. galera legal.. fomo tocar.. tava sem voz já.. mas de novo dei de tudo e depois do show acabaram todas energias vitais.. fiquei doentasso.. bem fraco.. ainda tive que aguentar os italianos dizendo que eram campeoes e que logo logo chegariam ao penta... bom, normal... fomos dormir na casa do jason, organizador da gig.. era um squat num prédio inteiro.. a “casa” dele era no local de um escritório. Não tinha nada la.. so um corredorzao com carpete e uns colchões.. dormimos bem e tomamos um banho delicioso.. o primeiro de uns 3 dias.. so nesse banho já rejuvenesci altos dias.. tomei remédios e fui dormir.. Neste mesmo dia mais cedo, o nosso motora Sloma, encontrou com outros poloneses que estavam la e disseram que poderiam descolar uma gig pra nos no squat em que moravam em Utrecht 2 dias depois. Como tínhamos day off, então confirmamos com os caras que iríamos tocar la no squat deles.. rolou..
24/09/07 – Leiden, Holanda Acordamos tomamos um café da manha legal e seguimos pra Leiden. Bem pertinho de Scheveningen, so uns 30Km. Chegamos la, comemos e logo fomos tocar.. o lugar era minúsculo um quartinho de ensaio, mas bem aconchegante.. eu gostei.. a guitarra tava baixa mas rolou... o guilherme jogou cerverja na cabeça pela primeira vez..hehehe ele ta aterrorizando no palco!! Tinha poucas pessoas mas a galera era legal, trocamos bastante idéia com todo mundo. Depois fomos dormir na casa do Ronald organizador da gig.. um AP filé, a casa dele mesmo.. dormimos no sótão onde tinha uns colchões so para bandas dormirem mesmo... ficamos ouvindo os vinis dele.. altos ratos de porão e altas bossa nova tb.. 25/09/07 – Utrecht, Holanda Hoje é o dia do show descolado de ultima hora em Utrecht. Como Leiden é bem perto de Utrecht e de amsterdam, agente decidiu acordar cedo, passar o dia em Amsterdam e depois ir pra Utrecht para a gig.. EM Amsterdam ficamos pouco tempo. Fiquei com o Allisson e guilherme.. não deu pra ver quase nada da cidade.. vomos e voltamos ums 3 veses na mesma rua.. fomos burros. Não andamos nada.. entramos num coffe chop, vimos umas meninas na vitrine e tiramos umas fotos.. depois já deu a hora de vazar.. Em Utrecht tinha mais cachorros do que gente no squat!! Uns 579 cães ficavam passeando no local, na cozinha, nos quartos... uma bagunça.. um argentino muito loko tava fazendo a comido.. fiquei trocando idéia com ele enquanto os outros falavam com uma brasileira com um sotaque bizarro que tb morava no squat.. eles descolaram uns equipamentos muito toscos pra gente tocar. Não dava pra ouvir a voz, o batera não ouvia a guitarra, etc... mas a galera tava agitadassa!! So polonês doido pogando!!! Alias, acho que não tinha ninguém com sã consciência neste squat.. todo mundo que agente conversava parecia ter um pequeno distúrbio mental.. fomos dormir e de tempos em tempos cachorros vinham nos cheirar.. 26/09/07 – Viagem até a Dinamarca Acordamos tarde em utrecht... tomamos um café da manha meia boca.. na verdade comemos o que tinha na cozinha do squat ( e não tinha muita coisa). Um dos poloneses gente finíssima nos deu tchau... Saímos de Utrecht por volta de 1 da tarde pra pegar uns 950Km de estrada pra chegar ate Aalborg no norte da dinamarca. Chegamos la bem tarde. O martin, organizador da gig tava la nos esperando.. O lugar era o bixo, infra estrutura maravilhosa.. chuveiro delicia, camas pra todo mundo com edredons gigantes, internet rápida, maravilhoso.. conhecemos os espanhóis do Horror/Sibéria, bandas com quem iríamos tocar nos próximos 2 shows.. galera legal pra kralho.. 27/09/07 – Aalborg, Dinamarca Acordei meio quebrado, com dor no corpo, mas tudo bem... fomo dar um role na cidade.. piramo com a quantidade de
princesa que tinha na rua!!! Princesas dinamarquesas!! A cada esquina uma mais bonita que a outra... ficamo loko.. Mais a noite eles nos serviram o rango.. um banquete vegetariano maravilho!! Fizemos sanduíche vegetariano.. tinha cebola, alface, tomate, pimentão, batata frita e uma coisa prq substituir a carne que não sei o que era.. mas comemo tudo com catchup.. e água.. Tava com o nariz entupido o dia todo com o corpo meio mole.. mandei um remédio pra dentro e deitei na cama pra dar uma descançada antes do show... acordei melhorzim.. fomo tocar.. Tavamos achando que pela estrutura e equipamentos do local ia ser o melhor show de todos, mas foi o pior ate agora!! Tinha so umas 5 pessoas assistindo o show, fora o pessoal do bar e os espanhóis... e o som ficou uma merda... tudo tava ruim.. e sem energia.. e minha voz não tava saindo.. enfin, uma merda.. Mas pra compensar, recebemos o prometido: 3050,00 coroas dinamarquesas, 400€.. isso nos salvou, pois teremos varias despesas daqui pra frente na Escandinávia.. os ferry boats para deslocar na escandinávia são bem caros e a gasolina tb.. alias, tudo é caro la.. Saímos pra procurar umas boates em Aalborg.. entramos em uma, vi as mulheres mais lindas que já vi no mundo, e logo saímos de la.. muita gente bêbada... tava perigoso romar uma briga.. Tomei um banho maravilhoso e dormi.. 28/09/07 – Gotemburgo, Suécia Acordamos, comemos um café da manha nervoso, muito bom... troquei o dinheiro na casa de cambio (coroas dinamarquesas por euro), entramo na van e fomos pra frederikshavn, onde pegaremos o ferry para ir pra goteborg na suécia... O ferry parecia um hotel de luxo.. locura.. tipo aqueles cruzeiros que o povo faz de navio que agente so vê em filmes sabe? Então, fomos num desses.. so tinha veio la dentro. Não sei porque.. fomos la no alto do ferry pra ver o mar.. um vento fortíssimo, quase carregava agente... um frio insuportavel. demos tchau pra dinamarca igual otários... ao sair do ferry e pisar em somos suecos, a galera da alfândega nos parou perguntando se estávamos com drogas, álcool, ou algo.. Dizemos que não, mas mesmo assim nos pediram pra encostar e esperar.. daí ficamos uma meia hora esperando e logo depois chegou um carinha da policia dizendo “ today is your lucky day” e nos deixou ir embora.. Beleza.. logo achamos o lugar de tocar.. quando chegamos os espenhois já estavam la e para nossa surpresa tinha uma galera de meninas la na porta que ficaram pulando na frente da van, fazendo graça.. agente tava filmando, e elas faziam mais graça ainda... eram LINDAS!!! Agente pirou!! Já chegamo na cidade com um monte de menina maravilhosa pulando na frente da van e dando idéia!! Ficamo loko!! Entramos no local, comemos e logo descobrimos que seriamos a primeira banda da noite.. tocar com barriga cheia ia ser foda.. mas foi assim.. tocamos e foi ótimo!! O melhor show ate agora.. o local era num palco de teatro, o sonzao de primeira tudo maravilhoso.. e os espanhóis ficaram agitando la na frente, me pegaram, me levandaram, tiraram meu sapato, jogaram longe, foi o bixo... energia maravilhosa... depois ficamos no local trocando idea com as pessoas e
vendo outras bandas.. tava cheio de meninas punk... uma mais linda que a outra.. é incrível como aqui todo mundo é bonito!!! Uma coisa de loko.. suécia é incrível.. as suecas são realmente maravilhosas.. difícil ver uma feia.. ficamos ate uma 4 da manha na festa, trocano idéia com todo mundo.. depois fomos dormir no palco, no chão duro.. 29/09/07 – Oslo, Noruega Ganhamos 1800 coroas suecas, uns 180 euros.. ótima grana que os salvou das nossas despesas com os barcos e diesel.. melhor impossível.. tomamos um café da manha e rumamos pra Oslo!!! Yeahhhhhhhhhhhh NORUEGAAAAAAAAAAAA.. Chegamos em Oslo!! Tava caindo uma chuvinha. Tudo cinza.. prédios bonitos, tudo parecia novo, bem conservado, limpo, impecável. Agente tava tudo sem acreditar em estávamos em oslo.. não conseguíamos lembrar de outra coisa senão Black Metal..heheh Achamos o lugar que iríamos tocar, enquanto o Sloma xingava o tempo todo em polonês.. era um squat. Um prédio inteiro caindo aos pedaços. Agente ia tocar no porão deste prédio, era pequeno e podrasso.. era um porão mesmo.. tenebroso.. hoje seria a festa de 8 anos do local, e cada hora mais chegava gente.. era sábado, logo ficou lotadasso.. denovo tava lotado de meninas lindas.. altas punks maravilhosas... Escandinávia é foda.. O teto do palco era baixíssimo, não dava nem pra pular que batia a cabeça... a galera ficou colada na frente do palco o show todo.. os punk loko quebrando garrafa no chao na frente do palco, fico cheio de caco de vidro no chão e a galera pogando em cima, caindo toda hora, um perigo do caralho... tava uma atmosfera ótima, o show foi maravilhoso.. agente via na cara do povo que eles estavam gostando de assistir o show. Isso foi maravilhoso.. vendemos um bocado de material esse dia e recebemos bem tb, 1600 coroas norueguesas, uns 200 euros... Foi lindo.. depois do show ficamo trocando idéia com a galera e veio um moste de gente dizer que gostaram muito do show.. foi ótimo.. Conhecemos umas meninas la e acabamos indo dormir na casa delas, eu e o allisson.. fomos de táxi, uma mercedes de luxo!! Alias, todos os táxis de oslo são mercedes de luxo.. elas nos compraram pizza, cerveja, foi tratamento VIP total..comi um prato típico noruegues esta noite. Era carne de carneiro com repolho.. um esquema gordo demais.. agente ficou trocando idéia a noite toda e depois fomos dormir.. elas tavam nos tratando bem demais, fiquei ate sem graça de tanto que elas estavam preocupadas com nos.. 30/09/07 – Oslo, Noruega acordamos e a Joanna (a dona da casa) saiu pra dar um role em Oslo com nos.. ela foi nosso guia turístico.. demo um rola na cidade e depois entramo nuns buteco de metal de Oslo.. O guilherme logo pediu a mulher pra por o CD do krow no som. Ela colocou e ele foi a locura!! Nunca vi ele tão reluzente na minha vida.. as menina pagaram altas cervejas norueguesas pra gente a noite toda.. foi inacreditável.
Depois fomo pra outro bar. Tinha uma distro la dentro e o guilherme pirou.. achou um DVD do sarcófago que nunca tinha ouvido falar.. e vocalista Maniac do mayhem tava la no bar. Ia tocar numa banda la.. o guilherme lógico foi la trocar idéia com o cara.. e so tava rolando som doido. So metal.. foi loko.. depois fomos embora e dormir. Tínhamos que acordar no outro dia bem cedo pra pegar a estrada.. seriam 540Km de Oslo ate Stockholm... 01/10/07 – Estocolmo, Suécia Após o dia todo na van, passando por varias paisagens maravilhosas de lagos do interior da suécia, chegamos em stockholm, logo achamos o lugar de tocar.. a primeira vista a cidade é cidade maravilhosa .. íamos tocar num club na parte antiga da cidade, onde stockholm começou. Na parte de cima era um club de Jazz e na parte de baixo eram os shows mais barulhentos. So que teve um problema, uma outra pessoa tinha agendado o bar este mesmo dia pra fazer um outro show com outras bandas.. então iam primeiro tocar 6 bandas e depois iam tocar nos.. como se fosse duas festas no mesmo dia, com 2 publicos diferentes.. resultado: começamos a tocar tarde e não tinha ninguém no show.. o guilherme tava meio doente e não conseguiu tocar, tive que tocar guitarra e cantar.. daí não foi bom o show, e ainda tinha um plástico que separava a batera do resto da banda, não tava ouvindo direito a batera, foi uma bosta. Tocamo rapidim e logo vazamo pra casa do organizador do show pra tomar um banho e dormir. 02/10/07 - Estocolmo, Suécia Acordamo la pelas 1 da tarde.. não rolou café da manha, tivemos que comprar.. o guilherme ficou todo empolado, com alergia de alguma coisa que ele comeu, daí foi procurar um medico pra tratar..agente esperou ele terminar la e tomar os remédios e depois fomos ao centro de Stockholm pra conhecer e comprar uns rango para o próximo dia, já que passariamos o dia todo no barco indo pra Finlândia. Stockholm é muito bonito. Tem água pra todo lado, da pra fazer um cartão postal de cada esquina.. acabamos indo em um bar de rock, onde tava tocando metallica e rage against the machine.. agente enlouqueceu com a garçonete do bar.. ela era incrivelmente linda.. tivemos que pedir pra tirar foto com ela.. ta registrado.. O greg pagou tudo pra gente, foi loko.. depois voltamos pra casa dele de metro e fomos tentar dormir.. acabou que nem dormi porque teríamos que acordar 5 da manha pra pegar o barco pra finlandia. 03/10/07 – Tampere, Finlândia Demos altas voltas ate achar o local de entrar no barco.. O sloma de novo xingando o tempo todo em polonês.. dentro do navio de novo so tinha velho.. igual o barco da dinamarca pra suécia.. não sabemos explicar isso mas so tem velho no barco!! Porra, quero saber porque disso!!
Custamos achar um local pra dar uma deitada, pois estávamos mortos sem dormir.. achamos um canto encarpetado do navio e deitamos la, eu o allisson e o guilherme, com as nossas roupas de mendigo e sujos.. toda hora os véio passava e ficavam olhando pra gente querendo saber o que era aquilo.. três coisas deitadas num canto... estávamos precisando dormir mas não conseguimos dormir muito... estavamos do lado da escada e toda hora os véio passava conversando alto e daí agente acordava... foi uma bosta... logo desisti de tentar dormir naquele chão e fui comer.. tínhamos comprado pão de forma, manteiga e feijão com molho vermelho.. era o mais barato que tinha no supermercado.. mas custou a descer.. não tinha como esquentar o feijão, daí comemos frio mesmo.. Logo chegamos na finlândia, em Turku.. tínhamos quase 200 Km de estrada pela frente ainda pra chegar em Tampere.. íamos chegar tarde para o show, mas ia dar tempo.. quando chegamos em Tampere o lasse do No Rest estava la no vasta virta nos esperando, ele mora em Tampere e íamos ficar na casa dele esta noite.. O Vasta virta é bem loco.. tem uma boa estrutura... mas não tinha muita gente hoje pois era dia de semana, e la tem show todo dia.. eu tava bem doente, começando a dar febre, mas tomei um remédio e fui cantar.. foi legal o show e vendemos alguma coisa.. so não ganhamo dinheiro suficiente pra pagar as despesas.. depois do show fomos pra casa do Lasse.. chegando la o bambi viu que a mala dele tinha rasgado devido a algum case que encostou nela.. daí ele brigou com o Adão, o adão brigou de volta, não sei quem entrou na discursao, o allisson tomou um tombo, e eu e o guilherme ficamos o observando a situação e rachando de rir.. ouvimos uns vinis, trocamo muita idéia e depois fomos dormir.. O lasse é um cara muito tranqüilo.. todo mundo gostou dele.. 04/10/07 – Tallin, Estônia Acordamos ouvindo vinil dos racionais do Lasse. “O homem na estrada” .. tomamos um café da manha legal que o lasse tinha achado no lixo ( da pra achar boas coisas no lixo dos supermercados daqui), despedimos dele e saímos pra pegar o ferry pra ir pra estônia que o Lasse tinha agendado pra nos.. chegamos la em cima da hora e vimos que a porra do ferry ia sair a 320€, pois era um ferry rapido.. e não tínhamos tempo pra procurar um outro ferry pois estávamos em cima da hora... MERDA!! Não tínhamos escolha, fomos nesse ferry mesmo.. todo o dinheiro que tínhamos ganhado na escandinávia foi embora com esse ferry e agora não tínhamos mais grana pra nada.. nem pra pagar os outros ferrys que compramos no cartão. Revolta total.. mas chegamos em Tallinn na Estonia.. a primeira vista é uma cidade legal.. o local onde iríamos tocar era o Reggae bar.. a dona era uma veia russa e tinha desenhos e fotos de bob marley pra todo.. tomamos uma sopa so rpa tapar os buraco do dente e logo a galera chegou na gente trocando idéia, perguntando, comprando merch mesmo antes de começar o show.. molecada galera legal, muito legal muito acolhedora.. O show foi locura!! Excelente!! A molecada não parava de agitar um segundo, uma energia ótima!! Foi muito bom.. vendemos bem os merch e trocamos bastante idéia com a galera.. depois fomos pra casa do Skot, o organizador da gig.. ele deixou nos sozinhos no AP dele.. fizemos um macarrão pois estávamos com fome e fomos dormir depois de assistir o Fernando Henrique Cardoso dando entrevista em inglês na televisão da Estônia e ver um clipe do bonde do role na MTV daqui!! Piramo!! Duas coisas do brasil na TV da Estônia!!
05/10/07 – Liepaja, Letônia Acordei com o Sloma botando a musiquinha do cel dele pra fazer barulho.. não tinha café da manha.. comemos um resto de pão que tínhamos na van com café e foi so.. despedimos do skot, fomos numa casa de cambio pra trocar o dinheiro e vazamos pra liepaja na letônia, 550Km pela frente... na fronteira Estônia/Letônia teve controle.. paramos, mostramos os passaportes e eles nos vizeram revista.. botaram um cachorro pra cheirar a van toda em busta de alcool e drogas.. como não tínhamos nada, nos deixaram ir embora logo logo... paramos no meio do caminho pra comer sanduíche vegetariano no resburger, uma rede tipo MC donalds, mas é uma rede da finlândia... O Sloma já conhecia... O caminho até liepaja é bem bonito.. rural.. muitos campos, fazendas e florestas do lado da estrada... em alguns trechos a estrada é meio ruim, mas em poucos trechos.. grande parte da estrada é boa.. Liepaja é uma cidade litorânea.. fica no mar báltico.. durante o verão é uma opção de praia do pessoal da letônia.. Me chamou atenção os vários predios destruidos que tem pelo caminho.. muita casa parecendo abandonada.. sem pintura, parecendo em ruinas.. mas tem gente morando la... parece ser antigos prédios da época do comunismo, então como ninguém era proprietario do predio, ninguem se preocupa em cuidar do exterior, so do interior das casas.. O Sloma já conhecia o local onde iríamos tocar, e era um complexo do mesmo dono.. tinha um hotel, um bar e um local de shows... Nada a ver com locais podres e undergrounds.. O local era chique!! Muito chique!! Uma puta estrutura, melhores equipamentos, iluminação palco alto, etc.. lugar doido demais.. o barzinho na parte inferior do local era muito loko tb, tava cheio de gente “normal” la.. era um local pra gente “normal” sair, nada de punk.. agente tava na expectativa pra saber o que ia dar esse show...tava com cara de que não ia dar ninguém... a comida era uma pizza gigante, maravilhosa... iríamos dormir no hotel que era do mesmo dono do bar.. Agente não acreditou quando entramo no hotel.. achamos que algo estava errado.. o hotel era luxuoso demais!! Devia ser o melhor da cidade!! Ficamo desconfiado de tudo a partir deste momento, pois a esmola tava demais!!! pra bandas de HC barulhentas como as nossas agente tava ganhando muito!! Daí fomos no camarim e adivinha o que nos estava esperando? Varias garrafinhas de água e Vodka!! E a vodka era boa!! Não era vagabunda não!! Pra completar, o local começou a encher, e quando o korrozão começou a tocar já tinha um publico legal pra nos ver tocando.. e pra completar o sonho, so tinha menina linda!!! Não consegui ver uma menina que não namorasse essa noite!! So tinha menina linda!! E muitas! Tinha mais mulher do que homem.. agente fico sem acreditar naquilo tudo.. estávamos no paraíso!! Paises bálticos!! Sem comentarios !! O nosso show foi muito bom.. o som tava ótimo.. depois do show rolou altos rock e a galera ficou la curtindo, e agente tentando fazer amizades.. conheci uma menina da lituânia, legam pra caramba, ficamos conversando a noite toda e depois fomos sair de madrugada pra ver o mar báltico, mas passei foi medo esta noite.. não tem iluminação publica em liepaja de madruda. Pelo menos nos lugares que passei.. um breu desgraçado.. altas casa velha, tudo tenebroso e eu andando com uma pessoa desconhecida, sem celular nem nada num pais extremamente longe de casa.. passei medo.. mas acabou tudo bem.. nada de mal aconteceu..
06/10/07 – Alytus, Lituânia Não rolou café da manha.. tivemos que comprar uma pizza pra matar a fome.. usamos o dinheiro do cachê da noite passada, que foi bom... 340Km dentro da van ate Alytus na lituânia.. eu fui dormindo pois tava muito cansado.. chegamos em Alytus de noite.. quase na hora do show... tava lotado o local.. cheio de gente na porta...e novamente a maioria das pessoas eram do sexo feminino.. e denovo as meninas tudo linda.. aaaaaaaaaa paises bálticos!! Comemos um lanchinho sem vergonha e logo fomos tocar... o local era maravilhoso.. parecia cenário de filme.. aquele local do “clube da luta” onde os caras trocam porrada... cercado de grade, muito loko... era na parte inferior de um teatro.. loucura total, underground 100%.. o Show foi muito bom tb.. so o som que tava uma merda, não tinha amplificadores.. foi tudo na mesa.. daí fico uma bosta.. mas o local era tão loco e o povo tava bem animado que rolou demais.. agente comeu um quebab de repolho sem vergonha.. não deu pra matar a fome de jeito nenhum.. a Cerveja era em garrafas de 2 litros de plástico, hehehe.. mo interessante.. A galera aqui chega pra falar com agente sem vergonha nenhuma.. mo legal.. meninas lindas puxando papo com vc...parece sonho.. fomos dormir num albergue esse dia .. fizemos um macarrão nervoso, tomamos banho quente e dormimos em camas!! Legal!! 07/10/07 – Varsóvia, Polônia Acordamos, fomos trocar o dinheiro e partimos rumo pra Polônia!! Ate que enfim eu ia conhecer a Polônia!! Na fronteira paramos mais uma vez pra carimbar os passaportes e para um pequeno questionário.. os guardas fizeram piada com nos, me chamando de Carlos Santana e falando do Sepultura toda hora!!hehehe O noroeste é bem legal.. nuca imaginei que fosse assim.. é um local bem turístico com vários lagos e florestas bem legais onde a galera pega cogumelos a doidado.. O nosso show em varsóvia tinha sido cancelado, mas fomos pra la porque tínhamos que pegar os vistos pra Moldavia na embaixada.. Tentei ligar pra o organizador do show na mas ele não atendia de jeito nenhum.. o organizador da moldavia devia mandar as cartas convites da moldavia pra esse cara em valsovia.. daí ele ia nos entregar estas cartas convites pra gente poder tirar os vistos pra entrar na Moldavia.. estávamos morrendo de fome e sem saber o que fazer e onde dormir.. fomos na internet pra ver se tinha noticia e o cara da moldavia tinha mandado as cartas convites por trem e iriam chegar no outro dia as 6:30 da manha. Beleza!! Agente mesmo ia poder pegar elas de manha.. então o Sloma ligou pra uns amigos deles de um Squat em Varsóvia pedindo pra dormir la.. rolou.. fomos pra la, fizemos um macarrão e fomos dormir.. era hiper podrera o local.. sem luz nem água..
08/10/07 – Wroclaw, Polônia Acordamos 5 da manha, sem café da manha.. fomos pra estação central de varsóvia pra pegar as cartas convites, que o cara da Moldavia ia mandar de trem de Kiev, capital da Ucrânia. Quando o trem chegou, agente foi no primeiro vagão pra falar com o motorista.. quando agente falou das cartas, um outro cara que tava do lado do motorista tirou algo de dentro da jaqueta e nos deu, sem olhar na nossa cara.. mo estranho.. parecia cara da máfia russa nos entregando um documento proibido.. me senti num filme.. mas tudo bem.. parte da missão estava cumprida. Fomos pro consulado da Moldavia em Varsóvia.. Parecia que estávamos em Brasília no setor de embaixadas, parecia muito.. A embaixada da Moldavia é uma casa simples no meio do bairro... Ficamos uns 10 minutos na frente da embaixada e logo apareceu um carrão com um loiro de olhos azuis todo bem vestido dirigindo.. ele parou o carro e nos perguntou qual era o problema.. dizemos que nenhum, que so queriamos tirar vistos pra Moldavia. Daí ele falou que a embaixada ia abrir as 8 horas.. logo logo ele nos chamou la pra dentro pra começar o processo.. cada visto custou uns 30€.. O cônsul tava com mo pressa pra nos despachar.. o processo foi bem rápido e logo estávamos com os vistos nos passaportes!!! Felicidade geral!! Íamos pra moldavia!!!!!!!!! Fomos então pra estação central de Varsóvia pro guilherme comprar as passagens pra krakovia, pois ia ter show do Vader la esse dia.. logico que ele foi né!!! E nos rumamos pra Wroclaw, cidade do Sloma. La chegando fomos pra um squat onde moravam amigos do Sloma.. dormi mal pra caralho.. no pequeno quarto onde iríamos dormir tinha uns maluco la fumando com as janelas fechadas, tinha cachorro, tinha colchões fedorentos.. daí tussi sem parar e não tava conseguindo dormir.. então sai fora de la e fui dormir na cozinha com o Allisson.. La na cozinha encontramos outro probleminha... Um rato gigantesco tava la fazendo barulho a noite no lixo da cozinha.. O allisson nem dormiu.. grilado com medo do rato passar em cima de nos durante a noite..hehehe 09/10/2007 – Poznan, Polônia Dormimos mal pra caralho, acordamos cedo e fomos pra estação de trem de Wroclaw, eu e o Allisson, pra pegar o trem pra Poznan, onde iria encontrar meu amigo Wojteck.. Chegamos la e ele já estava nos esperando na estação.. foi bom demais encontrar ele.. ele é um cara muito legal.. fomo pra casa dele e um banquete já estava nos esperando... mil rangos poloneses feito pela mãe dele.. banho com água quente e banheiro limpo... tratamento de rei!! Maravilha.. demos um role na cidade pra conhecer e depois fomos em alguns bares.. poznan é uma cidade bem bonita.. gostei muito de la.. voltamos pra casa dele, comemos de novo mil coisas e dormimos bem pra caralho em camas macias e sem cheiro de mofo!! Ahhhhhhhh deu vontade de ficar por la mesmo no conforto.. queria ficar mais tempo la com ele.. muito mesmo.. mas o dever me chamava.. 10/10/2007 – Bielsko-Biala, Polônia Despedimos dele, e pegamos o trem pra Wroclaw de novo pra reunir com o resto dos caras da banda pra rumar pra Bielsko Biala, no onde iríamos tocar nosso primeiro show na Polônia..
No clube onde iríamos tocar, 3 dias antes tinha tocado o Vader junto com o Krisium.. Era bem legal.. os poloneses de la foram bem receptivos com nos.. galera bem legal.. deixaram usar os intrumentos deles e nos deram suporte na hora do show.. loco.. Fomos dormir na casa de um punk la que o Sloma conheceu.. O cara não tinha nenhum dente na boca, pesava uns 50 Kilos e não falava uma palavra em ingles.. ele era super legal.. gente boa demais o maluco.. fizemos um rangão e dormimos bem pra kralho.. 11/10/2007 – Ceský Tešín, República Tcheca Bielsko Biala fica no sul da Polônia, bem perto da cidade de Oswiecim, (auchwitz em alemão) cidade onde construiram o maior campo de concentração nazista da época.. palco de um dos maiores horrores da humanidade, o holocausto.. fomos la pra entrar no museu.. vimos fotos da época da guerra, as roupas dos presos, as camas, as banheiros, as prisões, os fornos onde queimam as pessoas, os paredões onde fuzilavam quem não era da raça ariana.. onda negra geral... fomos so no campo menor, em auchwitz I. Foi o primeiro campo a ser construído.. este era so um ensaio pra construir os outros maiores e com mais eficiência pra matar gente. não deu tempo de ir nos outros campos maiores mas já deu pra ter idéia de quanto o povo sofreu beste lugar... gente tratado como nada.. é ate difícil de imaginar que isso foi real.. parece que so rola em filmes... tinha a foto das pessoas nas paredes.. da pra se perceber que eles realmente tem fisionomias diferentes das pessoas de sangue “ariano”.. Depois fomos pra Ceský Tešín, cidade que tem metade do território na republica tcheca e metade na polônia.. O Dan que me ajudou na republica tcheca estava la nos esperando junto com seu amigo, o Jumper organizador desta gig.. comemos bem pra caralho.. um arroz com sopa maravilhoso... O show foi legal.. mas o som tava um pouco ruim e o Guilherme tava muito doente e afetou um pouco o nosso desempenho no show.. Já tem uns dias que ele ta ruim.. Não vejo a hora dele melhorar logo.. depois do show fomos pra Orlova, pra dormir na casa do Dan, organizador do show em Orlova.. O AP era 100%.. dormimos bem pra kralho, tomamos banho quente e ficamos de boa ouvindo os milhares de sons que tinha na casa dele.. 12/10/2007 – Orlova, República Tcheca O show em Orlova foi legal, galera mais jovem, acolhedora.. depois do show eu e o allisson fomos pra um pub com os caras e o resto da galera foi dormir.. agente já tinha escutado que Orlova tinha muito nazista, então já fomos pra la com medo, pois estávamos sos com uma dúzia de roqueiros magrelos e bêbados... la dentro tinha uns carecas fortoes olhando torto pra gente toda hora e fazendo comentário.. saimo fora de la rapidinho e fomos dormir..
13/10/07 – Zlin, República Tcheca Chegamos em Zlin bem cedo e o clube onde iríamos tocar estava fechado, então fomos pra o centro da cidade pra dar uma olhada na cidade.. Zlin é uma cidade minúscula, mas bem bonitinha e arrumadinha.. comemos uns paes na praça central como se fosse mendigos e depois fomos pro local do show.. íamos tocar com uma banda alemã esse dia.. comemos uma comida muito gostosa, apesar de estar dentro de um balde de leite!! Os alemães chegaram e nem cumprimentaram agente, já foram logo comendo.. povo estranho... e como agente ia usar os equipamentos deles tínhamos que ficar quietos... O show foi legal apesar de estarmos desfalcados do guilherme que estava muito ruim esse dia e não pode tocar.. a galera agitou demais no final e pediram bis.. daí voltamos e tocamos 2 musicas que já tínhamos tocado antes.. mas rolou, a galera gostou e depois todo mundo veio querendo conversar e nos ofereciam bebidas e coisas.. tinha umas meninas lindas, mas não mais que a estonia e suécia.. 14/10/07 - Ziar nad Hronom, Eslováquia Fomos dormir 6 da manha e acordamos as 8 porque o cara tinha que fechar o bar e vazar as 10.. tomamos um café da manha sem vergonha que eles nos deram e fomos pra van.. daí o Sloma tava dormindo la dentro e não quis acordar.. como não tínhamos lugar pra ficar, entramos todos na van e ficamos la, tentando dormir sentados e esperando o Sloma acordar.. Quando ele acordou rumamos pra Slovaquia após trocar o dinheiro.. O caminho é bem bonito e ao chegar na Slovaquia tem umas montanhas bem bonitas.. A cidade onde iremos tocar chama-se Ziar nad Hronom, uma pequena cidade no meio da Eslováquia onde tem uma cena bem legal onde acontece shows sempre.. O show foi legal mas denovo tocamos so de 3 pessoas pois o guilherme ainda não tava conseguindo tocar.. depois fomos pra casa do Richard, o organizador do show legal pra caralho.. tomei um chá com mel colhido diretamente das florestas da eslováquia e fui dormir no chão pois os caras pegaram todos os colchões.. bosta.. 15/10/07 – Viena, Austria Acordamos, tomamos um café meia boca e partimos pra Austria.. Chegando na fronteira o policial tava querendo nos aplicar uma multa, pois tava dizendo que não tinhamos o adesivo que comprovava que pegamos pedágio.. daí o Sloma ficou um tempo la com ele discutindo dizendo que pegamos a rodovia gratuita, e não a que pagava pedágio.. daí o policial logo deixou ele ir embora e disse “ so desta vez heim!”.. chegamos em Viena e fomos para o centro da cidade dar um role.. não deu pra ver quase nada de viena e logo fomos procurar o local de tocar.. Era no Club Movimento.. chegando la a surpresa.. descobrimos que o local tava fechado e que não iria ter show!! E os caras do É assim!! Estávamos em Viena de noite e sem show!! O que fazer nessa hora!! Fomos pro EKH, um squat grande e famoso em viena pra pedir abrigo.. estava tendo reunião dos punks la dentro e quando agente entrou e explicamos a situação eles deram risada de nos e nos deixaram dormir la de boa no quarto separado pras bandas.. e rolou ate comida pra nos!! foi legal.. pelo menos não ficamos na rua!
16/10/07 – Kranj, Eslovênia Acordamos e pegamos a rodovia rumo a Kranj na Slovênia.. seriam uns 450Km ate la, o que na nossa van véia se torna umas 7 horas de viajem... nunca andamos mais que 90Km por hora. Chegando em Kranj, logo achamos o lugar de tocar. O IZBRUHOV KULTURNI BAZEN fica do lado do rio que passava pela cidade.. não tinha uma luz no local, um breu infinito.. pensávamos quem é que iriam achar aquele lugar!! Quando abrimos a porta da van e saimos do carro ouvimos alguém falando em português. Era o Tulio do DFC de Brasília.. foi uma surpresa pra mim pois achei que iríamos tocar com eles so no dia 17.. mas não, hoje tambem dividiríamos o palco com eles.. O local era um Squat onde o palco principal era uma piscina!! Muito loco.. uma piscina gigante e o palco dentro dela.. perfeito.. o Krisium vai tocar aqui no fim de outubro.. Mas agente não ia tocar la, iríamos tocar no palco menor, ao lado do bar.. não tinha ninguém pra ver o show.. divia ter uns 4 pagantes.. quando fomos tocar, nos o korrozao e o DFC já estavamos anunciando as musicas em português mesmo.. tinha mais brasileiros do que nego da Eslovênia no local.. foi o local que deu menos gente ate agora.. fomos logo dormir.. 17/10/07 – Ljubljana, Eslovênia Tomamos um café da manha meia boca com vinho de garrafa pet, pois não tinha outra coisa pra beber, e rumamos pra Ljubljana, a capital da Eslovênia.. duas vans da polônia, dois motoristas poloneses e 3 bandas brasileiras, Crust Division, Korrozao e DFC.. não dei nem 40 minutos e já estávamos em Ljubljana.. Já chegamos e começamos a notar que era verdade o que nosso motora tinha nos dito: Mulheres lindas!! Em cada esquina vínhamos uma mais bonita que a outra.. Eslovênia compete com Suécia e Letônia na mesma altura viu!! O local onde iríamos tocar era muito doido.. era todo um complexo com altos bares diferentes.. nos iríamos tocar no Klub Gromka… antes demos um role por Ljubljana.. a cidade é muito bonita e muito legal de se andar.. é rodeada de montanhas e no centro tem uma montanha que no topo tem um castelo.. fomos ate la e tiramos umas fotos.. tava um solzinho maravilhoso, que deu pra relaxar demais.. passamos por uma feira e compramos umas bananas baratas pra forrar o estômago.. Logo antes de começar o show tinha gente pra caralho la fora, mas a maioria não entrou no nosso show.. eles estavam la pra outra festa no mesmo complexo.. Mas tinha uma galera legal no nosso show, rolou.. Usamos de novo os equipamentos da banda francesa Abhorra, banda que já tínhamos tocados com eles em Ceský Tešín na republica tcheca. Franceses gente boa pra caralho, todos eles.. galera gente finissima que iremos encotrar de novo em Grenoble.. no show do DFC o Allisson ficou la na frente cantando todas as musicas, como nos 15 anos dele, heheh.. Depois do show tomei um cha que me deixou com um sono do caralho e não consegui ficar em pe pra festa.. fui dormir e a galera ficou la ate umas 5 da manha chapando..
18/10/07 – Budapest, Hungria Acordamos as 7 da manha pra podar pegar a estrada cedo pra poder chegar cedo em Budapest pra tentar conhecer um pouco a cidade, pois de Ljubljana a Budapest são 443Km, que na nossa van se transforma em 8 horas de viagem.. O Sloma ficou griladasso em acordar cedo assim.. chingou a manha toda, dizendo que não era agencia de turismo e blábláblá.. mas temos que engolir né... E pagamos uns bocado de pedágio neste caminho que no total deu quase 10 euros. No caminho teríamos que sair da eslovenia, entrar na croacia e depois sair da croacia e entrar na hungria, pois era o melhor caminho a se fazer pra se entrar na hungria.. Na primeira fronteira eles pediram para abrir a van, todo mundo descer e abrir as malas.. abrimos so os cases e quando eles viram que não tinha nada, nos deixaram passar de boa.. Na outra fronteira so o SLoma desceu e abriu la tras pra mostrar pra policial e foi de boa.. mas ela pediu um CD pra ela..demos um CD e fomos embora.. Na outra fronteira os caras pediram pra todo mundo sair da van e começaram a verificar o que tínhamos nos nossos bolsos, um por um... então chegou um outro policial perguntando coisas.. perguntou qual era a moeda do brasil, e depois perguntou qual ela o cambio.. daí ele perguntou se tínhamos dinheiro brasileiro com nos.. dizemos que tinha, daí ele disse que ele colecionava moedas de todo o mundo.. então começamos a procurar uma moeda pra dar pra ele né, daí ele disse “ não, eu não coleciono moedas, so notas”.. daí grilamos pois so tinhamos nota de cinquenta com nos e não iamos dar pra ele 50 conto!! Daí começamos a conversar em portugues e logo ele disse “ No problem, no problem” e saiu fora.. Queria catar grana da gente, FDP.. ainda bem que saiu fora logo e nos deixou vazar.. Chegamos em budapest la pra 5 da tarde e pegamos a hora do rush de Budapest.. engarrafamento do caralho.. e como estávamos andando lentamente, aproveitávamos pra ver a cidade.. paramos pra perguntar alguém onde era o local e achamos um cara de bike que disse que morava la perto e nos levou ate o local so show.. ele de bike na frente e agente de carro atrás.. uma alma boa que apareceu do nada.. RÉZMÁL KÁVÉZÓ era o nome do local, um clube normal, limpinho.. iam tocar 3 bandas da Hungria, 2 do brasil e 1 da alemanha, the gentle art of making enemies, a mesma que tocamos na rep tcheca e na eslováquia.. Parecia uma festa particular dos organizadores, so tinha amigos deles la.. e umas gatinhas, mas menos que na eslovênia.. O show foi loco, tinha ns 3 moleques muito doidos la que me pegaram me levantaram e depois começaram a dar montinho e mosh agressivo.. batendo forte.. uns moleque loko pra kralho.. eu tomei uma cabeçada na cara, eles caíram na perna do allisson que quase quebraram o joelho dele.. uma locura.. depois do show metade do povo foi pra uma casa e metade pra outra.. dormimos na casa dos caras do Human error, banda de Budapest que abriu para o ratos de porão em Budapest 2 anos atrás.. os caras são gente boa pra caralho.. sabiam cantar todas do crucificados pelo sistema.. foda..
19/10/07 – Deta, Romênia trocamos muita idéia com o guitarrista e depois ele nos mostrou um pouco de Budapest.. cidade bem loca pelo que deu pra ver.. queria passar mais tempo aqui.. passamos numa lan house pra saber do show de hoje em timisoara, pois mudaram de cidade.. daí peguei o endereço do novo local, seria numa cidade vizinha de timisoara chamada Deta.. Entramos na van e vazamos pois deveríamos chegar la antes das 6 pois se não perderíamos o rango.. Mas antes da fronteira Hungria/romênia pegamos um engarrafamento fudido.. passamos muito tempo nesta merda.. e ainda tem o agravante que na romênia é uma hora a mais no fuso.. Deta parece uma cidade fantasma perdida cheia de gente que não fala inglês e custa a dar informação... Com muito custo achamos o local de tocar. Era no meio do parque da cidade, um clube no meio do parque.. entramos por trás pois a entrada da frente do parque já tava fechada. Foi sinistro, uma ruazinha no meio da floresta sem luz nenhuma, tudo úmido e de noite.. foi sinistro mas o local do show era legal, e tinha uma galera boa la dentro já.. Este era a segunda edição do trashfest, festival organizado pelo tavi do pavilionul 32 e sua trupe de Timisoara.. o no rest tocou neste festival ano passado.. este ano iam tocar 10 bandas, 2 da áustria, 2 da Polonia, 2 da alemanha, 1 da Romênia, 1 da itália e o Korrozão e o Crust Division... foi bem legal, vimos muitas bandas boas esse dia, adoramos estar no meio destas bandas e fazer contato.. a galera da romenia não para de agitar nem um segundo.. a molecada poga toda hora, incrível onde arrumam tanta energia.. muito legal.. teve banda tocando ate 2 da manha e não tinha local pra dormir, então ficamos acordados direto, pois no outro dia agente tinha que andar 400 e tantos Km ate Bistrita, coisa que nas estradas destruídas da romênia se torna umas 11 horas.. então teríamos que sair as 6 da manha de Deta, então não dormimos esta noite, tentamos dormir na van... se é que da pra descançar dormindo na van.. Tinha um cara no show que nos pediu pra deixar ele em Timisoara, e como era no nosso caminho levamos ele.. durante a viagem ele dormiu de tanto bêbado e coeçou a cair pro lado do daniel.. daí ele virou um bixo, gritando “tira esse cara daqui, ele vai vomitar em mim”!!! eu comecei a dar crise de riso e agente tentava acordar o cara pra por ele pra fora do carro mas ele não acordava de jeito nenhum!! O cara tava morto!! Daí com muito custo tiramos ele da van e colocamos ele num ponto de ônibus e ele pegou o trem pra voltar pra casa.. locura. 20/10/07 – Bistrita, Romênia Bistrita esta situada no norte da transilvânia, durante o caminho so tinha vilarejos fudidos, so casas velhas e pobres... uma paisagem bem diferente do resto da europa, muito mesmo, gritante.. a cada vila que passava lembrava do filme Borat.. dava pra filmar aquele filme em qualquer vila desta região... Chegamos em Bistrita na hora esperada e achamos logo o club Ambassador, onde iriamos tocar.. As meninas da Vive la Noiz estava nos esperando la para nos recepcionar. Fui numa lan house com elas pra checar os emails e trocamos bastante idéia.. meninas gente boa pra kralho, elas iriam ser a primeira banda da noite.. iam tocar 2 bandas da alemanha e nois.. teve
briga neste show, um maluco com um soco ingles tava querendo bater na galera dizendo que não gostava de punk.. uma merda, e os caras da romênia ficaram mo envergonhada por isso nos pedido desculpa o tempo todo, dizendo nunca tinha acontecido isso antes, etc.. isso deu uma muchada no povo, pois fomos tocar logo depois da briga e o animo da galera ficou um pouco abalado, mas no meio do nosso show tudo ficou massa e a galera pogando o tempo todo.. eles não param na romênia, impressionante..O show foi bom, eu gostei.. Depois do show fomos comprar uns rango pra por na van, pois é barato e iríamos precisar de comida já que passaríamos o dia todo na van de novo... despedimos dos alemaes e acordamos o Sloma pra ir embora.. 21/10/07 – Moldávia, Chisinau Era 3 da manha e agente já tava na van pra ir embora pra Moldavia.. teríamos que sair de Bistrita esta hora, senão não chegaríamos a tempo em Chisinau, capital da Moldavia.. são uns 400Km, mas as estradas são ainda mais fudidas, estava de noite e entre as montanhas.. e estávamos com medo de quanto tempo ficaríamos na fronteira Romênia/Moldavia, pois não tínhamos informação nenhuma sobre esta fronteira, sobre as estradas, nada.. ninguém passa por este lugar.. ninguém foi tocar na Moldavia antes.. era desbravamento total.. Esta já era a segunda noite sem dormir, então logo que entramos na van capotamos de sono.. durante a madrugada acordei por causa dos movimentos dos buracos e tive a visão mais aterrorizante da minha vida.. Estavamos cruzando uma cadeia de montanhas chamada de carpatos, então pela altitude e pelo frio começou a nevar.. e o Sloma já nos tinha dito que o carro dele não agüenta subidas muito inclinadas e quando neva é pior ainda, muito perigoso e escorregadio..ja tava grilado com isso e ainda estava tudo escuro, a estrada completamente destruída e sem sinalisação!! A maior parte do caminho so tinha um lado da pista funcionando, e parecia que tinha acontecido uma guerra la a um mês.. buracos enormes na estrada, nada de acostamento, as barreiras laterais hora eram de ferro ora de madeira, parecia cercas, tenebroso o baguiu.. cenario de guerra total.. e sentia que mesmo o Sloma estava preocupado e bastante tenso.. se algo acontecesse com o carro estávamos fudidos no meio das montanha da transilvania, na neve, na noite..Esta imagem vai ficar na minha cabeça, cenario de guerra, buracos enormes, carpatos, transilvania, neve, noite, tensão.. Depois que o dia amanheceu fiquei dormindo pois estava morto de cansado. So acordei quando chegamos na fronteira Romênia/Moldavia.. tava um frio dos inferno todos estavam congelando... o lado romeno da fronteira nos pediu pra sairmos da van e tirar todos instrumentos e mostrar pra eles.. alem de fazer uma lista de tudo que tinha na van e dar pra ele.. mas logo nos deixou passar.. Chegando na fronteira do lado da Moldavia pediram pra abrir a van e colocar as coisas pra fora.. O SLoma tava conversando o tempo todo em russo com os policiais, se ele não estivesse com nos não sabíamos o que aconteceria!! Um policial que tinha um chapéu do tamanho de um disco voador tava embassando com os nossos vistos, pois nossos vistos eram de transito, ou seja, iríamos so passar pelo pais.. tiramos este visto pois era mais barato que um visto de turismo... E como estávamos chegando da Romênia e no outro dia iríamos voltar pra romênia, deixaria de ser
transito, pois deveríamos vir da romênia e ir pra outro pais.. daí agente falou que foi o cônsul que nos disse pra fazer isso.. daí ele ficou falando um monte de coisa la grilando mas depois de preenchermos uns papeis declarando quando dinheiro tínhamos, quantos equipamentos, qual valor deles, etc ele nos deixou ir.. e disse que agente teria problemas na saída da Moldavia, e que era melhor voltar por esta mesmo fronteira e bla bla bla.. e ainda tínhamos que passar pela policia rodoviária.. chegando no escritório deles eles dos dizeram que a taxa era 60 euros.. daí o SLoma conversou com ele um tempão, e acabou que so demos 20 euros pra ele e ele nos deixou passar.. Policial bonzinho não? Entramos na Moldavia!! Ate que enfim!! Ainda tinha mais uns 100Km pra chegar em Chisinau, eu não agüentei e fui dormindo o caminho todo... acordei em Chisinau.. Gostamos da primeira vista da cidade.. é bem legal, parques espaçosos e arrumadinhos.. Uma cidade simples.. Paramos pra perguntar onde era o local do show e não tivemos muito problema pra achar.. Iríamos tocar no palácio da cultura de Chisinau, era um teatro bem legal, o som tava bom e os caras tinham descolado bom equipamentos pra nos.. no inicio não tinha ninguém no local, agente já tava grilado pois achamos que não ia dar ninguém no show.. mas quando a primeira banda começou a tocar apareceu uma galera não sei de onde e lotou a metade do teatro.. tinha umas 200 pessoas!! Nosso maior publico ate agora.. a galera tava agitando bastante e quando agente começou a tocar não foi diferente, a galera não ficou quieta e todo mundo curtiu o show pra caralho.. e agente também.. foi muito doido tocar na Moldavia, curtimos pra caralho o show e depois ainda veio um monte de muleque pedindo autógrafos, pedindo pra tirar foto, e demos ate entrevista pra TV de musica local!! Hehehee.. agente vai aparecer na TV da Moldavia!! Muito loko.. Depois do show fomos num bar com a galera onde o cardápio era todo escrito em russo.. tomamos vinho e cerveja típica da moldavia e trocamos muita idéia com a galera.. depois fomo pro AP onde iriamos dormir e os caras compraram umas cervejas, vinho, vodka e ravióli!! Ensinamos uns palavrões em portugues para os caras, tomamos banho quente e fomos dormir de barriga cheia.. melhor impossível!! 22/10/07 - Bucarest, Romênia Acordamos, tomamos um café legal e saimos de Chisinau em direção a fronteira com a Romênia, ansiedade final!! Chegamos na frenteira do lado da moldavia.. o Policial pediu pro Sloma sair do carro e eles conversaram um pouco e logo nos deixou passar.. já no outro setor demorou um pouco mais, ele teve que abrir a van, mostrar passaportes, mostrar os papeis, as declarações, explicar, etc.. daí so tivemos que pagar uma taxa de 5 lei (menos de 1 euro) pela desinfecção do carro e logo nos deixaram passar.. melhor impossível!! Fomo para o lado romeno da fronteira, onde achamos que iríamos demorar mais tempo, pois agora estávamos fora e entraríamos de novo na união européia, daí pensamos que os policiais iriam embassar.. mas pediram nossos passaportes, carimbaram e foi tudo.. passamos.. entramos e saímos da moldavia sem nenhum problema.. A coisa que mais estava nos deixando aflitos era essa fronteira e agora já era!! Deu tudo certo.. demos
bastante sorte.. rumamos então para Bucarest, capital da romênia.. Chegamos em Bucarest de noite de debaixo de chuva.. O transito é caótico, lotado de carros passando e entrando na frente da van.. uma loucura.. aqui tem uns 3 milhões de habitantes, loucura total.. O SLoma pedia informação pra uns taxistas e eles respondiam, mas em romeno.. não sei como chegamos no local do show.. chegamos um pouco atrasados mas tudo bem.. Iríamos tocar no Punkoteka Pirat.. O viktor e os outros punks de bucarest estavam la presentes.. O local era bem pequeno mas foi da hora.. tinha pouca gente, pois era uma segunda feira, estava chovendo e fazendo muito frio mas rolou demais, so gente boa a galera.. ficamos trocando ideia ate umas 2 da manha esperando dono do AP chegar, daí quando ele chegou fomos pro AP dele dormir, o robert, gente boa pra kralho.. foi difícil dormir pois os caras ficaram na cozinha conversando ate 6 da manha.. viados.. 23/10/07 - Craiova, Romênia Saímos de Bucarest e rumamos pra Craiova.. a primeira impressão de craiova foi boa, estava tendo show de água com luzes na praça central da cidade e talz, uns prédios bonitos, etc.. demos varias voltas ate acar o Pistons e Art, local onde iria ser o show.. cheguei la e fui procurar o organizador.. era um moleque de 14 anos!!!fomos comer e a comida não dava nem pra metade de nos e tava gelada ainda por cima!! Congelando!! Não conseguimos comer e saimos pra procurar algo pra comer.. depois que voltamos fomos tocar e o som tava uma bosta, so tinha uma meia dúzia de moleques la dentro e depois do show ninguém comprou merchandising.. e ainda não tínhamos local pra dormir, e ele nos deu muito menos dinheiro do que o combinado... o organizador disse que estava organizando essa gig com mais 2 amigos, e os amigos dele pularam fora, não fizeram nada e ele ficou sozinho.. dai não conseguiu nos dar o suporte que precisavamos e nem a grana e blablabla.. no final acabamos dormindo na casa de um amigo de um cara que tava la no club nos vendo que não tinha nada a ver com a historia.. esses caras foram gente boa demais.. não tinham nada a ver com o rolo dos organizadores e ainda nos deram abrigo.. esse show foi o show mais nada a ver da tour.. e o pior foi que eu tinha cancelado um show na macedônia pra tocar em Craiova.. e deu essa merda... aaaa se arrependimento matasse.. 24/10/07 – Sofia, Bulgaria Saímos um pouco tarde de Craiova e rumamos pra Sofia na Bulgaria.. Na saida de Craiova passamos pelos subúrbios da cidade e estava lotado de ciganos.. bairros so de ciganos.. galera andando de carroça no meio da rodovia e tudo.. este lado da romenia é bem contrastante com o resto da europa.. A romenia é bem mais pobre do que a europa do oeste, parece o brasil as vezes.. No caminho teríamos que atravessar o rio Danúbio, fronteira natural entre a Romenia e Bulgária.. para isso teríamos que pagar por um ferry boat para fazer a travessia pois não tem ponte neste local.. daí a surpresa.. so pra entrar no local pagamos uma taxa de 10 euros, o preço do carro era 40 euros e o preço por pessoa era 3 euros.. no total saiu 74 euros so rpa cruzar um maldito rio imundo cheio de dejetos humanos... nossa.. grilamo demais com isso.. E ainda os policiais ficaram embassando com agente querendo revistar a van e por cachorro pra tentar achar drogas, etc... uma bosta.. resultado:
chegamos atrasados em sofia.. devíamos chegar la as 5 e chegamos quase as 9, e o organizador tava loko mandando mensagem toda hora no celular perguntando onde estávamos e que se não chegássemos em 10 minutos iria cancelar o show, etc... enfin chegamos no local e tava lotado de gente na porta.. era no clube 8th Ball, clube legal pra caralho, com um ótimo espaço.. e toda aquela gente entrou no bar... o bar ficou lotadasso e os equipamentos eram da hora... O show foi excelente.. muita gente e a galera pogando o tempo todo.. agressivamente.. foi animal o show, pra se ficar na memória, um dos melhores da tour.. e vendemos merch pra caralho, mais do que nunca ate hoje.. a única coisa ruim que aconteceu foi que tinha um cara bombadão pogando bebaço e ele se jogou no palco e derrubou o amplificador JCM 900 que agente tava usando.. resultado, fim do show e um amp estragado.. ainda bem que não era nosso.. coitado do organizador.. depois quando fomos sair do club pra ir embora tinha uns nazistas la na porta querendo encrenca.. antes eles ficaram olhando para o carro do Sloma o tempo todo e teve uma hora que um deles colocou a cara bem na frente do vidro e ficou encarando o Sloma, que tava sozinho dentro da van.. eles eram 3 macacos bombadoes tatuados..depois cuspiram na van quando ele não estava la, ficaram provocando o Daniel e circundando ele e ficaram fazendo saudação nazista quando agente acelerou pra ir embora.. filhos da puta.. aqui em Sofia tem nazista pra caralho.. mais nazista que punk.. foda isso.. 25/10/07 – Tessaloniki, Grécia O Rotislav, organizador da gig me acordou as 10:30 da manha pra dar um rola na cidade e nos mostrar um pouco de Sofia.. neguim gente boa pra caralho.. Gostamos bastante da cidade.. é bem legal aqui a primeira vista.. O pessoal é mais moreno, mais cabelos pretos e bem menos loiros, diferentes do resto da europa.. Trocamos dinheiro, voltamos pro albergue e tomamos um café da manha que não deu nem pra tapar o buraco dos dentes.. Despedimos do Rotislav e rumamos pra Grécia... A paisagem da bulgaria ate chegar na fronteira com a grécia é muito bonita.. montanhas, picos com neve, lagos refletindo as montanhas.. show de bola.. A fronteira Bulgária/grécia foi a mais tranqüila ate agora, com os policiais mais simpáticos de todos.. quando ele pegou meu passaporte e viu que meu sobrenome era Santana ele me chamou pra ir na cabine dele e então aumentou o volume da caixinha de som dele, tava tocando Carlos Santana..hehehe.. daí ele ficou fazendo piada com nos o tempo todo..heheh.. isso é radidade, policial de fronteira simpático... Entramos na grécia!!!!!!!!! Já de cara varias montanhas, lagos e paisagens muito bonitas.. legal pra caralho.. Nosso primeiro show na Grécia foi em Tessaloniki, a segunda cidade da grécia.. paramos pra pedir informação pois não tínhamos o endereço do local.. Iríamos tocar no squat street attack, que fica no meio de um centro universitário.. local muito loko e estruturado com varias casas e liberdade, pois não tem vizinhos e a policia não pode incomodar pois é dentro do centro universitário.. No inicio não tinha ninguém mas logo que começaram as bandas apareceu uma galera e lotou o tocal.. tinha umas 120 pessoas, locura, mas o show foi estranhíssimo.. A galera assistiu o show como pedras e não aplaudiam depois que terminavam as musicas.. sentimos o povo muito, mas muito frio mesmo.. foi muito desconfortável tocar nesta situação.
Parecia que ninguém tava gostando.. mas logo depois que terminamos de tocar, um monte de gente veio nos cumprimentar pelo show, dizendo que foi bom demais, compraram material e pediram pra gente voltar la de novo... vai entender esse povo... Vendemos bem pra caralho e o cachê foi maior que a media tb.. Depois da gig fomos dar um role na cidade pra comer algo e sentir os ares gregos.. agente tava bem aéreo de estar na grécia, meio sem acreditar.. quando voltamos pra dormir, íamos dormir no quarto onde estavam uns refugiados do Iraque.. Eles vazaram do Iraque deixando família e tudo pra tentar trabalhar na grécia e mandar dinherio pras famílias que restaram no Iraque, mas eles não conseguiram visto de permanencia pra grécia.. estavam la em situação de refugiados e o período deles na grécia já tinha expirado.. por isso eles tinham apanhado de uns policiais na rua de tessaloniki e estavam precisando sair do squat no outro dia.. situação foda.. E neste mesmo dia eu conheci uma menina de Israel que troquei idéia a noite toda.. Menina muito especial... seus avos nasceram no Iraque.. Então mais tarde da noite nos fomos tomar um cha, eu, a israelense e o iraquiano.. trocamos idéia pra caralho.. ele me explicou toda a situação do Iraque e ela contava coisas de Israel e palestina.. O iraquiano tinha varias manchas nas mãos causados por armas quimicas norte americanas.. ele tinha 2 filhas no Iraque, uma de 16 e outra de 19.. Foi muita informação pra minha cabeça.. foi muito loko estar la aquela hora.. foi uma situação impar na minha vida que não vou esquecer... fomos dormir la pra 6:30 da manha e acordei 10:00 da manha pra viajar pra atenas.. 26/10/07 - Atenas, Grécia Passamos o dia todo na van pra chegar ate athenas.. de Tessaloniki ate atenas são quase 500Km.. Athenas é uma cidade bem grande e um pouco dificil de se orientar.. lotado de carro nas ruas e quase impossível de se achar um estacionamento.. carros estacionados em ambos os lados de quase todas as ruas da cidade.. Mas chegamos bem rápido no Vila Amalias, squat locura no meio de Athenas.. O vila Amalias é um prédio velho de esquina muito loko, grandasso e muito legal.. hoje é uma sexta feira então a casa ficou lotadassa.. tinha umas 150 pessoas la dentro e o nosso show foi ótimo, completamente diferente de Tessaloniki.. foi realmente muito bom esse show, curtimos demais tocar aqui.. fomos a primeira banda da noite.. e vendemos material pra caralho, muita coisa mesmo, e o cachê de novo foi acima da media.. trocamos idéia com quase todo mundo da casa.. o povo na grécia é muito legal.. nos todos estamos adorando a grécia.. esta sendo um pais impar.. depois fomos parar numa festa universitária no centro de athenas que acabou rolando pancadaria.. uma briga entre os anarquistas e os comunistas que eram os organizadores da festa.. uma bosta, acabou com o clima da festa.. depois demos um role com umas amigas nossas que conhecemos la neste dia e fomos dormir.. 27/10/07 - Patras, Grécia Acordamos cedo pra dar um role em atenas antes de pegar a estrada pra ir pra Patra, onde tocaríamos hoje.. Pegamos o metro e fomos em direção a acropolis.. ao sairmos do metro já podíamos observar de longe o Parthenon no alto de um
morro de pedras.. lugar sensacional.. tivemos que pagar 12 euros pra subir ate o Parthenon.. a vista la de cima e muito loca, vc vê atenas de todo os lado, o mar e as montanhas.. foi bem legal de estar aqui, ver que a base da sociedade onde nasci veio tudo deste local.. muito loko isso.. um dia memorável.. éramos pra sair as 4 da tarde mas acabamos saindo de atenas as 18:30..é foda sair de atenas. queríamos ficar aqui bem mais que isso, tem muita coisa pra se ver.. queria era morar aqui viu. Rumamos pra Patras, nosso ultimo show da grecia.. Patras não e muito longe de athenas mas como saímos atrasados, chegamos quase na hora do show.. Iriamos tocar no Parartima, um lugar tomado a mais de 30 anos.. De novo, encontramos milhares de pessoas simpáticas.. Todo mundo trocando idéia com agente e trocando muita experiência.. Aqui em Patras, como em todas as outras cidades na grécia, em shows underground não se põe valor fixo na entrada.. é entrada livre, vc paga o quanto quiser.. e a galera paga mesmo, pois tem consciência que a grana vai pras bandas e tals.. consciência esta dificil de ver no povo brasileiro... Patras é uma cidade muito massa.. pequena e universitária, cheia de gente legal de todo canto do mundo.. Queria muito morar aqui tb, alias, na grécia toda.. O show foi bem legal, e vendemos uma boa quantidade de material. Depois do show estávamos prontos pra ir pra uma festinha quando fomos freiados pelo nosso amigo Adhan, baixista do korrozão, que passou mal demais essa noite pois tinha exagerado na bebiba.. em todos os show rola cerva para as bandas,mas hoje tinha cerva, vodka e wisky.. aaaaa, pra quê... daí nego fica loko mesmo.. daí tivemos que levar ele carregado pro local onde iriamos dormir e ainda tava todo vomitado, etc... mas pelo menos não aconteceu nada de mais serio.. 28/10/07 – Indo para a Itália Acordamos e fomos a beira mar pra comprar os bilhetes do barco pra poder ir de Patras ate a Itália.. tentamos comprar estes bilhetes antes na internet mas não foi possível.. foi um pouco difícil de achar pois era domingo e ainda por cima era nacional na grécia.. daí as agencias estavam tudo fechadas.. Mas acabou que achamos uma aberta e compramos o nosso bilhete do Ferry boat pra Itália.. foi bem salgado.. pagamos 336 euros pra 8 pessoas mais a van.. Estou sentindo mal de estar saindo da grécia.. Eu e todos os outros caras adoramos este pais.. muito mesmo.. a grécia é diferente de todo o resto da europa onde passamos.. a arquitetura é diferente, o povo é diferente, mais aberto, o clima é mais quente... eles parecem ser mais parecidos com os brasileiros que qualquer outro pais que passamos... Estou saindo da grécia com uma ótima impressão, e com dor no coração de estar indo embora.. quero morar aqui, merda!!!!!!!!!!!!! Aqui coroamos o role pelo leste europeu, desde a Estônia ate a Grécia.. tocamos em todos os lugares previstos, deu tudo certo(ou quase) e nada de grave aconteceu.. estamos muito felizes e satisfeitos ate agora, apesar de estarmos meio endividados com todos os ferry boats que usamos ate aqui.. Pagamos eles com o cartão de credito, pois o dinheiro que ganhamos de cachê não foi suficiente.. esperamos recuperar este dinheiro com grana dos cachês ate o fim da tour.. vamo ver se da... agora estamos totalmente sem dinheiro, com uma mão na frente e outra atrás.. mas é assim.. ta no rock é pra se fuder, né não?