Homenagem a Alan Rickman
O Grande Amor de Severus Snape Índice
Homenagem a Alan Rickman .............................................................. 3 Advertência ........................................................................................... 4 Capítulo 1 .......................................................................................... 5 Capítulo 2 ........................................................................................21 Capítulo 3 ........................................................................................44 Capítulo 4 ........................................................................................61 Capítulo 5 ........................................................................................ 80 Capítulo 6 ........................................................................................96 Capítulo 7 ..................................................................................... 108 Capítulo 8 ..................................................................................... 118 Capítulo 9 ..................................................................................... 133 Capítulo 10 ..................................................................................... 143
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Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape Homenagem a Alan Rickman
21-Fevereiro-1946 - 14-Janeiro-2016
ÂŤThe Bravest Man I've Ever KnownÂť
Descanse na Paz Eterna 3
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape Advertência “O Grande Amor de Severus Snape” é uma homenagem ao grande ator Alan Rickman. Esta obra de ficção juvenil/romântica, contém linguagem excitante e de cariz sexual; nudez, carícias íntimas e atos de violência. A sua leitura não é recomendada a menores de 18 anos e aos leitores mais sensíveis, podendo ferir suscetibilidades. Todavia, considero que esses mesmos conteúdos, têm um impacto minimizado ao serem enquadrados num contexto romântico/fantasioso. A moral da história centra-se no poder absoluto do amor, na queda de muros do estigma social e a construção de pontes entre classes sociais. Alguns dos personagens, expressões e imagens encontradas neste universo de “Harry Potter”, pertencem aos seus respetivos autores, sendo-lhes devido todos os créditos. Contudo, as personagens originais desta obra, assim como o enredo, são de minha propriedade intelectual. Esta história não tem fins lucrativos e foi criada de fã e para fã, sem comprometer a obra original. A minha inspiração para escrever este romance, baseou-se em proporcionar uma grande paixão correspondida a Severus Snape, porque um grande homem merece viver um Grande Amor. Grata pela vossa atenção. Crystal Waters
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O Grande Amor de Severus Snape Capítulo 1 Hogwarts. O fim do verão anunciava um novo ano letivo na Escola de Magia e Feitiçaria de Hogwarts. Entre o borburinho dos corredores vociferavam as vozes ásperas dos professores, já desesperados pelo atribulado regresso às aulas, que trazia nos bolsos os abraços saudosos dos amigos, colegas e companheiros de todos os tempos. Severus tarântulava rapidamente entre a multidão, desfilando o seu roto uniforme escolar embrenhado numa capa gasta, velha e deformada. Tinha pressa de chegar à biblioteca antes dos outros e candidatar-se ao lugar de tutor de alunos que revelavam dificuldades. Este cargo simbolizava, não só o reconhecimento dos seus esforços ao longo dos anos, mas também um rendimento mensal para reformar o seu pobre traje académico, comprar livros e ter uma vida quase normal, como qualquer outro feiticeiro adolescente. — Bom dia Sra. Butterfree. – disse Severus esbaforido – Trouxe o meu curriculum académico e ainda o certificado do quinto ano com a aprovação dos exames de N.P.F.’s1, onde obtive um Brilhante! — Muito bem, meu rapaz! Antes de mais, os meus parabéns pelas notas exemplares… - a bibliotecária franziu o sobrolho e continuou – Tenho aqui uma carta de recomendação assinada pelo Professor Horace Slughorn, responsável pela casa dos Slytherin, mas mesmo assim… - ergueu a cabeça, puxou os óculos finos e retangulares até à ponta do nariz, olhou para o seu lado esquerdo, depois para o seu lado direito. Observou os alunos que estavam silenciosamente sentados na biblioteca e disse muito baixinho - Os tutores têm uma entrevista com os encarregados de educação. São eles que escolhem os tutores dos seus educandos! A Sra. Butterfree escrutinou, minuciosamente, o pobre Severus: o cabelo preto muito sujo e oleoso a cair-lhe pelos ombros, com uma franja que mais parecia um par de cortinas para esconder um olhar perdido e taciturno, o uniforme desalinhado e remendado com as calças curtas, a um palmo acima dos sapatos velhos, arqueados e descolados. Por fim, continuou o seu discurso derrotista, num tom mais complacente:
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N.P.F’.s - Níveis Puxados de Feitiçaria
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O Grande Amor de Severus Snape — Olha rapaz, eu conheço as dificuldades que passas em casa, o esforço que fazes para seres um aluno de mérito, mas… Tens de estar preparado para tudo, está bem? A bibliotecária Amélia Butterfree conhecia de facto a realidade de Severus. Havia sido colega da sua mãe, Eileen Prince, em Hogwarts e, desde então era sua amiga e confidente. Tinha conhecimento de que o pai do rapaz, o rezingão Tobias Snape, ficara desempregado, por estar sempre embriagado, o que levou à amargura da sua mãe, que se envergonhava das nódoas negras que envergava quando discutiam sobre dinheiro - Sim! A bibliotecária conhecia a pesarosa história daquele rapaz! Severus encolheu a cabeça entre os ombros, pregou o olhar no chão e sem uma palavra, recolheu os documentos da mão da Sra. Butterfree. — Pensei que poderia tentar… - respirou fundo para conter as lágrimas e estufou o peito com toda a arrogância – Sabe… chegará o dia em que serei eu a julgar os outros e escolher com quem quererei trabalhar! Sim!! Serei alguém a ter em conta!! – Severus virou as costas à bibliotecária e dirigiu-se para a porta. Antes de sair, virou-se para a pálida mulher e acrescentou sarcasticamente – Grato pela sua… consideração! Severus deitou os documentos na papeleira junto à porta e saiu perante os olhares estupefactos dos demais, nomeadamente por um olhar azul celeste que o perseguia. O jovem desnorteado, desceu a escadaria em direção ao jardim dos claustros, que se cobria dum castanho esverdeado outonal, remordendo as palavras amargas da bibliotecária. Já no exterior, pontapeava as pedras camufladas pela folhagem caída, descarregando toda a sua mágoa e frustração contra aqueles calhaus, quando ela apareceu do nada com seu ar sisudo e de braços cruzados de forma defensiva - ali estava ela observando o tristonho rapaz. —
O que se passa contigo? Já estás assim nos primeiros dias de aulas?
— E tu? Que tens com isso? Por acaso não foste tu que me deixaste de falar depois dos exames? Que me disseste que deveríamos seguir caminhos diferentes? Depois de tudo… Tudo o que fiz por ti! Lily... – olhou para ela e
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O Grande Amor de Severus Snape suspirou – Somos praticamente vizinhos e nem quiseste ver-me durante todo o verão! — Achas que mereces? Estou aqui agora e já estás a cobrar-me? Depois do que me disseste? Do que me fizeste sentir? Sempre fui tua amiga, Severus, e estou imensamente grata pelo que fizeste por mim, muito embora comece a achar que não vales a pena! Lily Evans virou-lhe as costas, quando num salto, Severus conseguiu agarrarlhe no braço direito, puxando-a para si. Sacudiu rapidamente uma lágrima escondida e colocou a mão dela entre as suas. —
Desculpa! A sério, desculpa… sou um bruto, um imbecil!
— Sim, és. Não podes descarregar a tua raiva em cima das outras pessoas! E muito menos a quem só te quer bem, seja pelo motivo que for! – Lily respirou fundo, olhou-o nos olhos, passando a outra mão pelo rosto do rapaz, enxaguando uma outra lágrima que rolava pela sua face – SEV!?... O que se passa? São as coisas na tua casa? O James e os outros meteram-se contigo outra vez? — Não, ainda nem sequer os vi este ano. E lá em casa, sabes como é… mais do mesmo! Mas nada disso importa. E o que aconteceu há pouco... Nada já tem importância. – Severus agarrou nas mãos dela e entrelaçou-as nas suas, levando-as ao coração – O que realmente interessa está aqui! Tu estás aqui, a falar comigo, preocupando-te comigo! Só isso é que tem importância! – passou as mãos de Lily pelos lábios e continuou – TU! És tudo! Sem qualquer reserva, sem tempo para processar aquelas palavras do seu amigo de infância, Lily não se deteve quando os seus lábios se tocaram e se envolveram num longo beijo. Nem mesmo o vento, que emaranhava os cabelos de ambos, foi suficiente para travar aquele momento apaixonante. Ao longe, espreitando de fininho pelas arcadas dos claustros, um olhar profundo regista o acontecimento com nostalgia, desaparecendo antes que os mancebos notassem que não estavam sós.
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O Grande Amor de Severus Snape O sol de outono parecia estar de volta ao mundo sombrio de Severus. Subitamente, surgiu um arco-íris entre os chuviscos da vida. Os dias eram mais quentes nos braços de Lily, os carinhos partilhados nos intervalos das aulas, os olhares comprometedores trocados durante as refeições e as doces despedidas ao anoitecer. Pequenos flocos de neve começaram a cair, anunciando a proximidade de um inverno rigoroso. Era o início de novembro e a azáfama dos corredores deram lugar a suspiros, preocupações, a agitação de ter um bom aproveitamento escolar antes das férias de Natal. Horace Slughorn, o professor de poções e patrono da casa dos Slytherin, pediu ao Severus que se apresentasse na sala do diretor de Hogwarts no fim das aulas. Intrigado com a estranha solicitação e de semblante carregado, o rapaz apressouse a apresentar-se junto do diretor, Professor Albus Dumbledore. - O que lhe poderia querer? “– O que fiz? Não me recordo de nada! Não tenho andando metido em confusões… Nem mesmo quando o maldito James Potter me provoca… O Professor Dumbledore é extremamente ocupado… Raios!! Não recordo do que tenha feito de mal: não faltei ao respeito a ninguém…” - Severus indagava-se acerca do encontro com o grande feiticeiro. Durante seis anos nunca fora chamado à sua presença, muito menos para ir à sala grande do diretor, no sétimo andar! “– Hum… será que…? Não! Foi logo no início do ano! Mas não faltei ao respeito à Sra. Butterfree. Ou será que o fiz? Bem já ficarei a saber!” – Bateu à porta da sala da diretoria, que se abriu de imediato. — diretor.
Viva! Entre Sr. Snape! Estávamos à sua espera! – cumprimentou o
“Estávamos?!” - O pesadêlo de Severus começava a ganhar forma e nome. Sim, lá estava ela junto do diretor, a bibliotecária solteirona, Amélia Butterfree! Era uma mulher fria, austera, de poucas palavras. De uma tez seca e muito pálida em que apenas brilhavam os óculos retangulares, pendurados num nariz longo e curvado, fazendo sobressair os caracóis matizados de branco na cabeça. Não era de todo sociável, nem conhecida por ajudar os outros. No entanto, também não havia precedentes de apresentar queixa contra os alunos. Enfim, fosse o que fosse, Severus estava convicto de que a presença daquela pessoa não abonaria a seu favor! — Boa tarde Professor Dumbledore, Sra. Butterfree. – entrou de uma vez e baixou a cabeça, como quem iria ser sovado. 8
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O Grande Amor de Severus Snape — Então meu caro!? Não esteja contraído! – o Professor riu-se e continuou – Bem sei que é um grande sacrifício vir à minha sala… Mas prometo não ser enfadonho! — De forma alguma Professor. É de facto… uma honra poder privar consigo! – Severus olhou para o Professor e reparou no que tinha em sua posse. Reconheceu a letra naqueles papiros amarrotados. Eram os documentos que deitou fora na biblioteca. As suas suspeitas acabavam de ser confirmadas, foi caçado! Seria expulso? Suspenso pelo menos! A bolsa de estudos, o quadro de mérito, a pontuação dos Slytherin. Tudo perdido!! A Lily tinha sempre razão… o que se passava com ele? Agora que desfrutava dum raio de sol, caía uma tempestade para acabar com tudo…. Raios! — A Sra. Butterfree disse-me que no início do ano, o caro aluno pretendia candidatar-se às vagas para tutores, de forma a ajudar alunos em dificuldades em troca de uma retribuição mensal adequada. Certo? —
De facto… Sim Professor.
— Também tenho conhecimento do que sucedeu na biblioteca meu caro Severus Snape. – entregando os documentos amarrotados nas mãos do aluno, prosseguiu – Quero deixar bem claro que não aprovo o seu comportamento, Sr. Snape! No entanto, posso compreender. — Compreender!? – retorquiu o aluno – Ninguém pode compreender…. Ninguém sabe o que é ser… EU!! — SILÊNCIO!! Ainda não terminei! – interpelou de imediato o professor – A arrogância não é de todo um bom princípio para ninguém, muito menos para um aluno! Muitos se perderam na insolência e só encontraram regaço em Quem Nós Sabemos!! Todavia, Hogwarts, ajuda sempre quem precisa. Deveria ter isso sempre em conta, Sr. Snape! — Seguiu-se ensurdecedor.
uma
longa
pausa,
conturbada
por
um
silêncio
— Posto isto, vamos ao ponto fulcral da nossa reunião! Por favor, sentem-se. – o Professor sentou-se e aguardou que ambos também se sentassem – Não sei se conhece o Sr. William Grey, um muggle muito influente no Ministério da Magia pelas suas transações comerciais. O nosso mundo tem-lhe muito apreço pela sua discrição. Também construiu um império e há quem diga que é o homem 9
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O Grande Amor de Severus Snape mais abastado do mundo mágico. Ora, pois bem, o caro Sr. Grey tem a sua filha a estudar connosco. É uma criança preciosa, mas revela dificuldades como feiticeira. Não se trata por ser meia raça como injuriam por aí, mas porque a sua saúde é frágil e delicada. – fez uma pausa e continuou – Gostaria de saber se ainda está interessado em ser tutor, Severus? — Bem… Já ouvi falar do Sr. Grey. Aliás a rapariga, a filha, está na equipa dos Slytherin e não passa, propriamente…. Despercebida! – tossiu para disfarçar o riso preso na garganta. Victoria Eleonor Edwards Grey era uma bonequinha preciosa, com os seus olhos de um azul celeste, cabelos loiros como os raios de sol e entrançados em dois carrapitos simétricos, os lábios vermelhos como framboesas entre as bochechas salientes. Tinha muito peso, em excesso, para a idade e para o tamanho. Talvez por ser doente, ou por estar sempre a comer demais. Sim! Não passava despercebida! — Severus… Esse tipo de sarcasmo não cai bem, meu rapaz! – advertiu a Sra. Butterfree – Ainda mais, vindo de ti, que já sentiste na pele o preconceito, o desdém. Também possuis uma fraca figura! — Sra. Butterfree, por favor! Não pretendo retê-la por mais tempo nesta reunião, pois acredito que os alunos estarão a precisar dos seus serviços na biblioteca. – Dumbledore, fez sinal para a senhora se retirar da sala, com a graciosidade que só mesmo um grande feiticeiro possuía. – Agora que estamos sós, e adianto que não vou tolerar outro comentário depreciativo, o que lhe parece Severus? — Lamento a forma de como me referi à minha colega, Victoria Grey. E agradeço muito o seu voto de confiança. Saber de que o Professor Dumbledore me acha digno de poder ocupar um cargo como tutor, é um grande reconhecimento e estou sensibilizado por isso. Obrigado. – respirou e continuou – No que confere à sua questão, e de acordo com a Sra. Butterfree, não creio que o Sr. Grey fique muito impressionado comigo, ou pelo menos de uma forma positiva. Eu próprio não ficaria, quanto mais um homem poderoso como o Sr. Grey! — Não se menospreze, Severus. E vou tomar a liberdade de trata-lo por tu, senão vou sentir-me um dinossauro! – deu uma gargalhada e continuou - És um aluno esforçado, empenhado e mereces todo o reconhecimento pelo teu trabalho. Sem querer cometer alguma indiscrição, deixa-me dizer-te que a Sra. Butterfree mencionou alguns atropelos pelos quais tens passado. Sinto muito. Mas há sempre uma luz que nos retira das trevas… A sorte não é uma poção mágica, 10
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O Grande Amor de Severus Snape mas sim a oportunidade conjugada com a atitude certa! - o Professor inclinou a cabeça em direção do rapaz e mostrando-lhe o dedo indicador disse – Tens aqui uma oportunidade! Agarra-a! E basta dizeres que sim, que aceitas! —
Sim! Aceito! Quando terei a entrevista com o Sr. Grey?
— Muito bem! Muito bem. A melhor parte vem agora…. Poderia ter começado por aí, mas quis certificar-me de eras mesmo a escolha certa! – o Professor levantou-se e colocou a mão no ombro de Severus – Bem, não há entrevista! Recebi uma mensagem do Sr. Grey a nomear-te expressamente como tutor da Victoria o mais breve possível! — Sim claro Professor. Mas… Como é que o Sr. Grey me escolheu se nem me conhece? Nem sequer tinha formalizado o processo de candidatura? Foi a Sra. Butterfree?? — Pois não sei responder. Indaguei a Sra. Butterfree, mas ela também não soube explicar. Junto com a carta clara do Sr. Grey, vinham os teus documentos amarrotados e ainda um adiantamento em barras de ouro para te entregar. Ah! Já me esquecia, o Sr. Grey, lamenta não ter estado presente na reunião, mas a sua vida profissional é muito atribulada. Mas creio que serão apresentados convenientemente assim que possível. Incrédulo! Severus estava estupefato, dormente. Espetou a sua unha nas costas da mão para a ter a certeza de que estava acordado. Temia despertar de um sonho, desesperadamente, sonhado vezes sem conta: ter a o amor de Lily, o reconhecimento por parte do Professor Dumbledore, um trabalho que poderia conciliar com os estudos, com ganhos acima das suas expectativas, para um homem importante e influente (muito abastado, com certeza). Nada poderia ser tão desejado ou mesmo absurdamente irrealista! O que poderia acontecer para arruinar os seus sonhos concretizados? - Bem… TUDO! Porque só quando se tem alguma coisa, é que se pode perder. — Não sei como agradecer Professor Dumbledore e muito menos de como me redimir pelo meu comportamento. – uma lágrima caiu no chão – Obrigado!! — Não tens de quê! Mas podes começar por pedir desculpas à Sra. Butterfree. A Amélia não é tão dura como parece. A vida dela também lhe trouxe alguns dissabores. – sorriu e infundiu – Além do que convém terem um 11
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O Grande Amor de Severus Snape entendimento cordial, não só porque ela é amiga da tua mãe, mas porque irás passar muito tempo este ano na biblioteca, uma vez que é lá que darás as tuas aulas tutoriais à Victoria. IDE! Victoria Grey!!! Era o que poderia correr mal! Ou melhor, muito mal mesmo! Era uma miúda de treze anos que frequentava o terceiro ano e era da casa dos Slytherin. Severus conhecia-a apenas de vista, da sala de refeições, dos momentos festivos, dos corredores da escola quando todos abriam alas para ela passar sem esbarrar nos outros e por aí. Além da sua aparência física e da sua condição social, pouco ou quase nada sabia. Num juízo de valor apressado, poderia defini-la como uma “gorda menina mimada”, preguiçosa e snobe. Recordava vagamente, a Lily ter comentado que a Victoria não dormia juntamente com as outras raparigas. Excecionalmente, Hogwarts tinha-lhe cedido um aposento individual, com quarto de banho privado e sala de estudo, junto aos claustros. Estes privilégios eram exclusivos dos Professores Titulares, contudo, foi comunicado que este caso atípico se devia a cuidados médicos, porque a sua saúde se encontrava muito debilitada. Ou então, por palavras da maioria dos alunos, era uma snobe menina rica e mimada, habituada a viver no conforto de modo ostensivo, que tinha repulsa em misturar-se com outros alunos. Não só todas as dúvidas, acerca do carácter da miúda, o assaltavam, gerando uma náusea profunda, como a própria imagem dela provocava-lhe um refluxo gástrico. Começava a questionar-se sobre a sua decisão. “Não deveria ter dito que sim! Se me escolheram para tutor é porque mais ninguém aceitou! Caí na armadilha do Dumbledore e da mal-amada Butterfree! Sou um imbecil, um estúpido! O que dirá a Lily? Pois Lily!” – Imaginou os presentes que poderia oferecer à sua namorada. Bem, namorada era uma palavra forte, ainda não era oficial! Mas com o adiantamento recebido, compraria novas roupas e assim não se sentiria envergonhado ao pé dela, quando a convidasse para sair, jantar, acima de tudo, namorar. Lily era por si só um argumento demasiado precioso para pôr fim à insanidade mental que o assombrava. O seu bem mais valioso pelo qual estaria disposto a enfrentar qualquer animal feroz. Cerrou os punhos e entrou na biblioteca como um guerreiro. — Sra. Butterfree, quero pedir-lhe desculpa pelas minhas palavras e atitudes. Lamento ter-me portado de forma tão inconveniente consigo. – disse 12
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O Grande Amor de Severus Snape Severus no seu tom mais meigo, como se visualizasse a Lily no momento e continuou – Preciso da sua ajuda com as aulas tutoriais. Por favor? — Hum… As aulas são dadas às segundas, quartas e sextas-feiras, entre as quatro e as seis da tarde. A sala fica contígua à secção dos livros do primeiro ano. Estarei aqui para o que precisares. E quanto ao resto… - tossiu um pouco – Vamos esquecer o assunto. — Obrigado Sra. Butterfree! Muito obrigado! – Severus sorria com entusiasmo. – E quando começo? E a rapariga? Ela sabe quem sou eu? O sabe que sou o seu tutor? Conhece-me? — As aulas começam na próxima segunda-feira. Terás o fim-de-semana para preparares a melhor abordagem para a primeira aula. Os livros do terceiro ano estão na secção amarela – sorriu e tirou os óculos – Irá correr tudo bem! A Victoria é um doce de menina, bem-comportada e só precisa de ajuda. Ela conhecete claro, são ambos dos Slytherin e frequentam os mesmos espaços. E também sabe que és o novo tutor. Agora, relaxa, respira e age com naturalidade. – baixou o tom de voz e aproximou-se do rapaz, sussurrando-lhe – Aliás, ela está ali ao fundo, junto à porta a observar-nos! Não tem muitos amigos e passa grande parte do seu tempo aqui. Fala com ela antes de saíres. Severus acenou positivamente com a cabeça, no entanto, hesitava em voltarse e encarar o monstro que tinha criado no seu subconsciente. Queria perguntar à Sra. Butterfree sobre os outros tutores, quem eram, o que aconteceu, mas sabia que o momento não era oportuno. Fechou os olhos e pensou na Lily por um breve instante. Lentamente, virou-se e caminhou em direção à saída. Aproximou-se da mesa junto à porta, onde estava Victoria. Tinha que lhe falar e apresentar-se em conformidade com o seu novo estatuto, mas um nervoso miudinho latejava nas suas cordas vocais, assim como um refluxo gástrico que lhe queimava a garganta. Tinha o estômago às voltas e começou a transpirar. Parecia estar com uma virose. O azul celeste daqueles olhos que o observavam minuciosamente, pareciamlhe demoníacos, fitando-o como um animal felino pronto a atacar. As bochechas ruborizadas enfeitavam-lhe a cara redonda de tez clara. —
Olá. – Disse Victoria com algum receio na voz.
— Olá. – Respondeu Severus, tremulamente. Não era um bom princípio para uma apresentação formal, mas era um começo – És a Victoria Grey, não és? 13
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O Grande Amor de Severus Snape —
Sim, sou eu. E o senhor é meu tutor, não é!?
— Sim, sou eu. E podes trata-me por Severus. Não sou assim tão velho para me chamares de senhor!! – Conseguiu esboçar um sorriso espontâneo entre o mal-estar que sentia – Desculpa, mas não me encontro muito bem hoje. Até segunda-feira às quatro. - Afastou-se da mesa e abriu a porta, quando se deu conta que teria de ser mais simpático – Prazer em conhecer-te! Bom fim-de-semana. Tapou rapidamente a boca e correu para a casa de banho mais próxima. Era impossível controlar o vómito. Como poderia dar uma aula na segunda-feira se um simples cumprimento lhe provocou aquela indisposição? Por mais que não gostasse da miúda, não era justificação suficiente. Também não suportava o James Potter, o Sírios Black, entre outros, e nem por isso tinha náuseas e muito menos se deixava abater. Pelo contrário, era mais um motivo para não vergar, um incentivo que o catapultava para o seguir em frente. Pensou que talvez fosse por ela ser snobe, elitista e ter vivido sempre coberta de luxos, sem as privações que ele bem conhecia, no entanto, o Prefeito dos Slytherin, Lúcios Malfoy correspondia a esse formato e até conseguiam ter uma relação cordial, ou melhor, conveniente (Severus encarregava-se dos trabalhos-decasa de Lúcios e este retribuía com proteção nos Slytherin e um lugar de destaque como vogal. Muito provavelmente, seria por essa posição que Victoria o conhecia). Poderia ser também por receber um tratamento diferenciado, com mais privilégios do que todos os alunos. “- A pobre menina rica do papá, doentinha… Que disparate! Obesidade não é doença grave e subir ou descer alguns lances de escadas até seria uma forma de emagrecer, em vez de se retirar para os seus aposentos no piso térreo!” Severus estava convicto de que Victoria se faria passar por vítima e pretendia apenas mais um servo, um criado para lhe fazer os trabalhos-de-casa. Foi invadido um sentimento de Pistantrofobia (medo exagerado de confiar em outras pessoas, devido experiências negativas do passado), e começou a sentir-se explorado, vendido, usado ainda mesmo da primeira aula. Com tanta confusão mental, somando aos distúrbios físicos que o assunto lhe provocara, ficou doente, de cama mesmo. Ao ponto de ser internado na Ala Hospitalar da escola! A enfermeira, a Sra. Pompey informou o Professor Dumbledore de que poderia tratar-se de uma gastroenterite, tendo em conta que não fora nenhum feitiço. Este preocupado, deslocou-se até ao enfermo, onde estava Lily à sua cabeceira, tentando animar o amigo colorido.
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O Grande Amor de Severus Snape — cores!
Viva! Como te encontras meu caro Severus? Já te vi com melhores
— Como pode verificar Professor, nada bem! Melhor agora, que a Lily veio ver-me. – olhou para ela e, rebuscando forças nas suas entranhas, conseguiu sorrir – Sabe, ela é um anjo! — Professor, eu acho que ele está nervoso por causa das aulas que terá de dar à menina “Pipi”, digo à Victoria Grey. – Verbalizou Lily a dar conhecimento do que Severus não conseguia dizer – Há alguma possibilidade de cancelar as aulas? Certamente existirão outros interessados no cargo! Qualquer um pode fazer de baby-sitter! — Obrigada Senhorita Evans, por me elucidar quanto à provável causa do nosso enfermo. No entanto, se me permite, gostaria de ser eu próprio a fazer uma avaliação cuidada do estado de saúde do nosso paciente. – Dumbledore revelava nas suas expressões o seu desagrado pelo comentário ofensivo proferido por Lily Evans. – A sós! Insisto! Lily retirou-se com alguma má vontade, mas no fundo sentiu algum alívio, pois já não sabia o que dizer a Severus para faze-lo sentir-se melhor. — É verdade o que a Senhorita Evans disse, Severus? Pretendes desistir? Mesmo antes de começares… de tentares? – Dumbledore franziu o sobrolho e continuou – Se assim é, deixa-me dizer-te que estou deveras surpreso! Não te tinha nessa conta… reticente, melindrado com a presença de uma menina de treze anos… com medo! Poderá ser um fracasso se à partida já tens uma visão préconcebida da tua aluna, baseada em preconceito, rumores, julgamentos alheios e, principalmente, já a condenaste pelo seu aspeto, pela sua posição social e meio envolvente! Todavia, podes desistir. Terás que justificar a tua decisão perante a escola, à própria Victoria e ao Sr. Grey… recorda que terá de ser um motivo válido. – fez uma pausa, inspirou profundamente e continuou – O verdadeiro caminho para atingir o sucesso tem muitas pedras no caminho… fracassos, desilusões, obstáculos. Se fosse um caminho fácil, o sucesso não seria tão desejado, perseguido. Seria banal! O sucesso é não mais que a superação de tudo o que está entre o ponto de partida e a meta proposta. É a conquista de pequenas vitórias (que irónico), que nos tornam mais fortes para seguir adiante. Porém, se à partida, já estás convencido de que não poderás percorrer esse caminho, não servirá de nada tentares, porque não conseguirás lá chegar!
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O Grande Amor de Severus Snape Severus olhava atentamente para o Professor e pensava: “Pois… pois, ora esta! Estou doente, não vê? Quer o quê? Que morra para tentar agradar a alguém? Devia ter desconfiado desde o início que alguma coisa não estava bem! Era bom demais para ser verdade! Coisas boas não acontecem a quem nasceu com pouca sorte, muito menos a um pobre feiticeiro como eu! Sim porque a vida de pobre lá fora, no mundo dos muggles, é mesmo assim, sem sorte. Até mesmo quando o pobre deixa cair uma torrada, acaba por ficar com o lado da manteiga virado para baixo!” — Bem, consigo antever a tua decisão… Poderia questionar-te se realmente conheces a Victoria, dando-lhe o benefício da dúvida, mas sei que seria inútil. Oh, sim… A idade não me trouxe só cabelos brancos… - sorriu – Acima de tudo, trouxe-me sabedoria! Ficarei a aguardar uma carta tua com um motivo plausível, para enviar ao Sr. Grey, sem te prejudicar. Entretanto… Aconselho-te vivamente que controles as tuas emoções! Disciplina a tua mente! Estou certo que irás melhorar rapidamente… Chegou a fatídica segunda-feira e Severus ainda estava sob a vigilância da enfermeira Pompey. Eram visíveis as melhorias do seu estado de saúde, mas não queria enfrentar o desiludido Professor Dumbledore, a Sra. Butterfree e muito menos aquela miúda Victoria Grey. Ainda não sabia o que iria dizer-lhe. Procurar um argumento válido, imparcial, com fundamento não era tarefa fácil! Debatia-se internamente, quando alguém se aproximou dele. — Olá. Disseram-me que o Severus estaria aqui, por isso vim. – Victoria aparecia junto à sua cama na enfermaria, abraçada a uma grande quantidade de livros, que lhe cobriam o peito, como um escudo protetor. — Olá. – surpreso, sem palavras, mas também sem náuseas, ficou perplexo com aquela inesperada visita – Olha… Não vamos ter aula hoje. Não te disseram? — Sim, disseram. Mas também queria vê-lo... E pedir-lhe que me desculpasse. — desculpa!
Pedir desculpa? Mas não me fizeste nada, não tens que me pedir
— É que… Bem… - hesitou um pouco, com os olhos colados aos livros de carregava – Pensei melhor e… acho que... Não vou precisar das suas aulas tutoriais. Desculpe pelo transtorno. Mas poderá ficar com o adiantamento que o meu pai lhe enviou. Não tem culpa de eu ter alterado a minha decisão! 16
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O Grande Amor de Severus Snape Era isto mesmo que Severus precisava: uma saída airosa! Sem remorsos, sem explicações e ainda conservar uma bela quantia. Sentiu o corpo a reagir, voltando a estabilizar. Uma cura mágica, miraculosa! E estaria tudo no seu melhor, senão residisse a dúvida do porquê e a dívida da gratidão. — Bem… espero que melhore em breve. É sempre bom voltar a vê-lo… bem! – voltou as costas para sair quando Severus reage. — Espera! Posso saber o porquê? Porque desististe das aulas? – confuso, incoerente com o seu próprio discernimento, procurava resposta às mesmas perguntas que o Professor tinha formulado. Pensava internamente: “afinal não sou o único a emitir juízos de valor infundados! Ela nem me conhece, mas nem fez questão de disfarçar que também me está a julgar! Porquê? Porque sou pobre e malvestido? Pobreza não se pega… preconceituosa… menina mimada! Ainda teve o descaramento de vir aqui, dizer-me na cara que recusa a minha presença. Isto é uma bofetada na minha dignidade. Ainda por cima, se passei três dias numa enfermaria, foi por causa dela! Do mal-estar que ela me provocou!” - Continuou o seu interrogatório, num tom de voz superior – Fiz ou disse algo indevido? —
Não... Nada. É que… quero estudar sozinha!
— Sim, claro! Até arranjares um novo tutor, mais digno de sua alteza real. Podias ter escrito uma carta, ou mandar recado por alguém. Era desnecessário vires até aqui para desprezares um pobre doente! Victoria correu para a saída da Ala Hospitalar, tão depressa quanto o seu corpo pesado lhe permitira. Não queria deixar transparecer as lágrimas que escorriam da alma. Triste, ofendida, mergulhou no seu mundinho pequenino, escondendo-se no seu casulo junto aos claustros, onde pode chorar à vontade. Nos dias seguintes, sempre que Severus e Victoria se esbarravam pela escola, sentia-se no ar um ambiente pesado: ele olhava-a com desconfiança, com empáfia e ela tentava desviar o olhar envergonhado, concentrando-se no soalho. Avery que era muito observador comentou: —
Uiii… Até dói! – zombava Avery.
—
O que foi?
— A miúda está sempre a olhar para ti… pode estar apaixonada por ti! – Avery continuava a gracinha – Cheia de amor para dar…. Eh, eh… 17
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape —
Cala-te parvo! Deve estar é cheia de gazes… pouco me importa!
—
Estás é com ciúmes… Porque ela trocou pelo Lupin!
— O quê? Até fiquei feliz! São um casal perfeito: ela gorda como a lua cheia e ele com aquele cheiro animal que as meninas como ela gostam! – Severus ria, escondendo aquele travo amargo misturado com uma pitada de ressabiamento por ter sido trocado pelo Remus Lupin, que era o atual tutor. A quadra natalícia cavalgava a passos largos. Não se falava noutra coisa, sem ser nas férias de Natal, nos presentes, das festas, dos presentes, da família, dos presentes. Severus iria ter um Natal em grande! Tentou devolver o adiantamento recebido do Sr. Grey, mas este fez questão em não aceitar, lamentando o sucedido. Era como uma indenização por danos involuntariamente causados. Ora foi um fartote: presente para a mãe, uma joia para a sua Lily, aproveitou para dar um grande presente a si próprio (sapatos, roupas, uniformes). Ainda sobrou algum dinheiro e lembrou-se da solitária Sra. Butterfree, enfim era Natal e uns bombons são sempre uma boa companhia. No último dia de aulas, antes das férias de Natal, Severus foi à biblioteca com o embrulhinho nas mãos. Sorridente, entrou extasiado e dirigiu-se à bibliotecária, a quem deu um abraço caloroso. — Então!? Rapaz! Ainda estamos em período escolar! – respondeu a Sra. Butterfree que não gostava muito de proximidade física. —
Só quero agradecer-lhe por tudo! Tudo de bom que fez por mim!
— Eu não fiz nada rapaz. Mesmo que quisesse, não fui eu. Sou meramente uma simples bibliotecária! — Sim, mas se não tivesse apanhado os meus documentos do lixo e enviado ao Sr. Grey, eu não teria um Natal de verdade! — Não fui eu. Agradeço o teu entusiasmo, mas não fui eu. Nem sequer conheço o Sr. Grey. É um homem muito importante, e como todos os homens importantes, muito ocupado e inacessível para uma bibliotecária! Nem o Dumbledore consegue falar com o Sr. Grey quando precisa! —
Então!? Como? Quem? Professor Dumbledore? 18
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O Grande Amor de Severus Snape —
O que fizeste aos teus documentos, quando ficaste zangado comigo?
—
Bem sabe, deitei-os fora, no caixote do lixo.
—
Em que caixote do lixo? – perguntou a bibliotecária com ar de caso.
— Hum… está a brincar comigo Sra. Butterfree? Sabe qual… O que está junto à porta! — Pois sei. E até sei muito bem quem estava sentada ali, nesse mesmo dia, na mesa junto à porta! Sabes, não sabes? — A Victoria Grey!? Não! Foi ela? Não pode ter sido… foi? Como? Porquê? – dezenas de perguntas assolavam na sua mente. — Eu não estou a dizer nada, até mesmo porque não posso. Prometi sigilo ao Professor Dumbledore! Mas isso não invalida de tirares as tuas próprias conclusões, que parecem estar certas! — Não pode ser! Ela foi até à enfermaria dizer que não queria que eu fosse o seu tutor. E substituiu-me, dias depois pelo Remus Lupin. Aquele imbecil lunático! Quando me disse queria estudar sozinha! — Olha rapaz! É Natal, não penses mais nisso! Aproveita o que a vida te dá! Não cries confusões. Não vale a pena! E obrigada pela lembrança! Um Feliz Natal para ti e para a tua mãe. Não criar confusão quando a mesma já está instalada, é igual a chapinhar numa poça lamacenta quando já se está exarcado. Procurou a miúda, mas já tinha partido para férias. O Professor Dumbledore também estava ausente. Esse assunto ficaria mais uma vez adiado para o regresso, depois das férias.
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O Grande Amor de Severus Snape
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O Grande Amor de Severus Snape Capítulo 2 Severus regressava a Spinner’s End com Lily no seu regaço. Estava feliz, tudo seria diferente nestas férias. Poderia estar todos os dias com o amor da sua vida! Eileen Prince Snape, ficou deslumbrada ao ver o filho, bonito, bem-trajado, feliz. Sentia muito orgulho nele, embora por vezes não o conseguisse demonstrar por causa da vida de sofrimento que levava. Sabia que não teria muito mais tempo para estar com ele e por isso esmerou-se para ser o melhor Natal de sempre, provavelmente o último, porque estava doente, com uma doença terminal. Tobias, o malfadado pai, ficava a ver televisão, emborcando uma e outra garrafa de cerveja até adormecer no sofá. —
Mãe, ele não vem cear connosco? – perguntou Severus à sua mãe.
— Estavas à espera de milagres? Sabes que se recusa a sentar-se junto de nós… feiticeiros! – respondeu Eileen com amargura – E se tivesse dinheiro nem aqui estava, o bonacheirão! — Sei, mas gostava que este Natal fosse diferente! Estou feliz mãe! Tenho uma namorada, sabes… - os seus olhos iluminaram-se como gotas de orvalho à luz do sol. — Que bem! Fico feliz por ti, meu filho. É bom saber que tens alguém, quando eu me for… —
Mãe! Hoje não… Não vamos falar disso! Por favor!
— Está bem! – Eileen tentou dissimular a dar que sentia ao partir e deixar Severus, sozinho. – Eu já sabia que tinhas uma namorada! Não têm sido muito discretos junto ao rio… têm tido cuidado! Tu sabes que ela pode… — Emprenhar! – rosnou o velho Tobias – Foi o que me fizeram a mim! As gajas são umas porcas! Badalhocas… — Severus roborizou de vergonha. Mas ao mesmo tempo indignou-se com a falta de respeito do pai.
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O Grande Amor de Severus Snape — Sai daqui! Não estás aqui a fazer nada!! – meteu a mão ao bolso e tirou alguns trocos, sem se aperceber que a prenda da Lily caíra para o chão – Toma! Vai para o inferno! Vai! Tobias não se fez de rogado. Aceitou o valor e ainda apanhou a caixinha de ourivesaria no chão, quando ninguém estrava a ver. No dia seguinte o pobre rapaz revirou a casa de pernas para o ar. A casa não era grande e estava confiante em encontrar a prenda de Lily! Mas não a encontrou. Percebeu logo o que tinha sucedido, foi o seu miserável pai! — O que fizeste ao anel? – rugia Severus, agarrando o pai pelos colarinhos, que ainda estava bastante ébrio – Responde desgraçado! Tobias tombou no chão quando Severus o largou, balbuciando obscenidades. O pobre rapaz chorava com o desgosto. — Seu velho nojento! Juro-te que quando a mãe se for, nunca mais me voltarás a por a vista em cima, seu porco! – gritava o filho agonizando de dor. Fechou-se no seu quarto a pensar na sua amada Lily! —
Eileen que presenciara tudo em silêncio tentou reconfortar o filho.
—
SEV! Meu rapaz, meu lindo e amado filho… então!?
— Mãe não percebes o que ele fez, pois não! Eu tinha comprado um anel de noivado para a Lily! Tinha um diamante e tudo. Não era para casarmos já, claro, mas para ela saber o quanto significava para mim! Que a nossa relação é séria, não só física! E ele estragou tudo! Tudo! Como sempre!! — Eu sei meu filho… - abre uma mão com uma pequenina trouxinha de crochê – Toma, é para ti! — O que é isso? – Severus abre com muito cuidado e retirou um velho anel, com uma pedra pequenina e com uma inscrição “Com todo o meu amor Severus”. — Não é grande coisa e nem tem muito valor, só sentimental. Era o anel de noivado da minha bisavó paterna! A pedra é um cristal barato… Nada que se compare a um diamante, mas…
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O Grande Amor de Severus Snape — É lindo, mãe! Maravilhoso! – mais do que a joia, o filho ficou encantado com a atitude da mãe. Estava a dar-lhe tudo o que tinha de valor, o que mais estimava – Mandaste gravar para mim? Que eu saiba o bisavô não se chamava Severus! — Pois… - Eileen sorriu para o filho e contou-lhe a história do anel – Há muitos anos atrás o mundo mágico e o mundo muggle não se relacionavam. Não havia o que se chama de meio-sangue, como se diz. Um amor entre um feiticeiro e um muggle era um amor condenado à partida. Mas a minha bisavó apaixonou-se por um muggle e ele por ela. Desafiaram todas as regras, leis, tudo para viver o seu amor, mas não conseguiram. Ele chama-se Severus tal como tu. Deu este anel à minha avó como prova do seu grande amor e uma promessa de que iriam ficar juntos, porém faleceu antes de cumprir a promessa. Quando casei com o teu pai, ela deu-mo o anel, porque o Tobias também é um muggle. Era como se eu estivesse a terminar a história dela, mas nunca foi um grande amor. Sabes que o teu pai só casou comigo porque estava à espera de ti! E tu és o meu grande amor, por isso te chamei Severus. Podes dá-lo à tua namorada! —
Não posso mãe. É teu!
— Não vou precisar dele para onde vou e já tinha pensado em dar-te o anel em mãos antes de partir. Mas agora é a altura perfeita! Sev, vai depressa, antes que ele veja! Severus embrulha-o anel na trouxinha de crochê e coloca-o no cinto, bem apertado para não cair. Saiu à procura de Lily, que o aguardava junto ao rio. Feliz, retira a preciosidade e entrega-lho em mãos. —
Feliz Natal Lily!
—
O que isto?
Severus retirou o anel pouco polido de dentro da trouxa e diz-lhe: —
É o meu anel de noivado para ti! Amo-te Lily!
— Sev! Somos muito novos para casar! E não temos nada. Eu não quero ter a vida miserável dos nossos pais. – Lily rejeita o anel tosco. — Concordo contigo! Mesmo! E vou fazer tudo para te dar a vida de rainha que mereces. Só quero selar o nosso compromisso! És tudo para mim! 23
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O Grande Amor de Severus Snape —
Está bem, mas não quero isso, tem um ar velho…
— É um anel muito antigo, de família. Eu tinha outro com um diamante e tudo, mas o meu pai… apanho-o e deve tê-lo posto no prego… — Então eu fico com este até conseguires o outro de volta, está bem? Obrigada Sev! Severus estava feliz! Tinham selado um compromisso que para ele seria eterno. Muito mais do que as tardes à beira rio onde faziam amor entre as ervas, seria o compartilhar de uma vida, uma caminhada em conjunto pela estrada da felicidade. As férias terminaram e regressaram a Hogwarts. O inverno cobriu tudo de branco, com uma neve fofa e gelada. Severus disposto a recuperar o anel de Lily, custasse o que custasse lembrouse do generoso Sr. Grey e da sua filha. Teria que recuperar o trabalho de tutor. Assim, logo nos primeiros dias de aulas, procurou a miúda na biblioteca. Sabia os horários das aulas com o Lupin, mas este faltava sempre durante uma semana, quando a Lua estava cheia. Já tinha visto a Victoria na sala de refeições, mas optou por não abordar o assunto, era privado demais para atrair atenções desnecessárias. Até porque Lily estaria por perto e não queria que ela assistisse. Encontrou-a no jardim junto aos claustros, a brincar na neve. Aproximou-se e começou a sentir novamente o estômago embrulhado. Contudo, seguiu em frente, tinha que o fazer pela Lily. —
Olá. - disse-lhe Severus a medo.
— Olá. É sempre bom vê-lo! Quero dizer, recuperado, sem ser na ala hospitalar – respondeu Victoria, com alguma reserva. — Ouvi dizer que o Lupin faltou… estás sem aulas estas semanas… - era incrível, já estava a sentir suores frios, transpirava em pleno inverno – Se quiseres… posso dar-te aulas. — doente! —
Era bom! Mas acha que consegue? Não parece muito bem! Parece… Estou bem! E podes tratar-me por tu! – Severus piscou-lhe o olho.
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O Grande Amor de Severus Snape — Victoria corou e sorriu com toda a sua inocência. Severus com todo o seu interesse em destronar Lupin, numa tentativa desesperada, acrescentou: — És muito bonita, sabes! Fiquei com inveja do Lupin! – as palavras fluíam-lhe naturalmente à medida que o seu ritmo cardíaco aumentava, fazendo-o transpirar cada vez mais. — elogios.
Agradeço… Mas… - Victoria desconfiava da sinceridade dos seus
— Mas? – Severus chagava-se cada vez mais perto dela, que recuava à sua investida, com alguma atrapalhação ao respirar. — Não gostas de elogios? Disse algo indevido? – conseguiu encurrala-la junto a um arbusto e afagou-lhe o rosto – Tens uns olhos lindíssimos… — Victoria fica assustada e escorrega no gelo ao tentar fugir, hiperventilando. Severus tenta levanta-la do chão e diz-lhe: — — tutor?
Gostava muito de ser eu o teu tutor! Porquê? Posso saber porque é que estás tão interessado em seres meu
— Eu já me dei conta de que estás sempre a olhar para mim, assim poderias estar comigo quase todos os dias! – Severus estava a namoriscar Victoria para ter o trabalho de volta. Furiosa, Victoria levanta-se e responde-lhe agressivamente: — Acabou-se o dinheiro e precisas de mais, não é? Para agradares à tua… namoradinha ruiva! Pois olha eu não sou um cofre de Gringotts e muito menos gosto de pessoas doentes à minha volta. Por isso te troquei pelo Lupin. Ele é de confiança! Victoria desapareceu entre as arcadas dos claustros e Severus não conteve o vómito, outra vez. Mas estava furioso. Não conseguia aceitar que que o visse como um doente, um fraco, um interesseiro e ter sido trocado por outro. Sentia-se desmoralizado, desprezado. Tinha que falar com ela novamente. Ainda por mais porque foi sincero. Queria namorisca-la para ficar com o lugar do Lupin, mas os elogios saíram-lhe do coração genuinamente. 25
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O Grande Amor de Severus Snape Victoria começou a evita-lo, esquivando-se sempre que Severus surgia, como se ele tivesse uma doença contagiosa. Ouviam-se rumores nos Slytherin de que ele lhe causava aversão. Severus, disposto a acabar com o seu desdém, entrou na biblioteca, confirmou que o Lupin estava com Victoria. Sentou-se na mesa junto à porta e esperou que terminassem. Olhava constantemente para a sala de estudo. Não estava com náuseas, nem debilitado. Agora tinha um outro sintoma: revolta. Sentia-se rejeitado por alguém que o tinha escolhido. Não fazia sentido, ter sido descartado, quando foi mesmo ela que tinha feito tudo para que aceitasse. Ou fora um momento lúdico, uma diversão para alguém que não tem qualquer sentimento humano, ou existiria outra razão. A aula terminara. Severus levantou-se e ficou junto à porta, mas do lado de fora. Victoria dirigiu-se para a saída da biblioteca, enquanto Lupin guardava os livros de terceiro ano. Surpreendida por vê-lo ali, bloqueando-lhe a única saída, esperou por Lupin para poder sair. O que de nada adiantou, porque assim que ficou do lado de fora da biblioteca, Severus pegou-lhe no braço com força e disselhe ao ouvido: —
Temos que falar! A sós!
Victoria estremeceu com receio daquela voz seca e daquele olhar gélido! Lupin não se apercebeu do constrangimento da sua aluna e despediu-se com cortesia. — Anda! – disse Severus, arrastando a pobre rapariga pelas escadas desde o terceiro andar. —
O que foi? O que fiz? – murmurou ela com alguma dificuldade
—
Já falamos quando chegarmos ao teu quarto.
—
Não são permitidos rapazes nos dormitórios femininos!
— juntos!
Pois eu sei. Mas tu tens um quarto privado e não quero que nos vejam
— Mas…, mas no meu quarto não entram rapazes! – a sua respiração estava cada vez mais ofegante. – Pára! Espera! Não consigo respirar!
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O Grande Amor de Severus Snape — Temos pena! – parando junto à porta do quarto da rapariga, disse-lhe – Olha! Só quero fazer-te algumas perguntas. E se temes pela tua virtude, adianto que não sou do tipo que se tenta aproveitar de uma rapariga, muito menos como tu! Tirou a varinha de dentro do casaco e proferiu: “Alohomora”! E a porta abriu. Entraram e Victoria caiu de joelhos, emitindo uns sons estranhos com a boca, com muita dificuldade em respirar. Procurou algo no bolso e levou desesperadamente à boca. Sem uma palavra, tentando não desfalecer, pressionou o inalador duas vezes. Severus assistindo a tudo, ficou inerte sem saber o que fazer. Sem sequer saber o que pensar porque poderia ser uma parte do espetáculo da menina mimada, mas também poderia ser real e não saberia como agir. Victoria conseguiu controlar um pouco mais a respiração. Levantou-se e procurou na gaveta da secretária um outro medicamento que tomou em formato de gotas. —
Sofro de asma! Sabes o que é?
—
Não. Mas é algo relacionado com a respiração, pelo que vi.
— Sim! É uma doença incurável do sistema respiratório. É por isso que tenho um quarto… - tentou controlar a respiração uma vez mais e continuou – aqui em baixo… junto à saída. – fez mais uma pausa e continuou – Caso seja necessário… ser transportada de emergência. Para um hospital, em Londres. — Desculpa! Sinto muito… Não sabia! – o remorso, a culpa por ter colocado a vida daquela miúda em perigo, corroíam-lhe a alma – Desculpa! Já estás melhor? Queres que chame alguém? — Não! Não chames ninguém! – inspirou e expirou varias vezes – Morreria vergonha se vissem um rapaz no meu quarto. Já fico bem. Podes sair, por favor? Severus queria fazer perguntas, porém, saber que essa ânsia poderia ter provocado a morte daquela rapariga era o bastante para esquecer o assunto. — Desculpa. Se precisares de alguma coisa, procura-me no jardim junto aos claustros. – abriu a porta com cuidado, verificou se ninguém estava por ali, antes de sair – Ficas bem mesmo? 27
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape —
Sai! Antes que alguém te veja!
—
Desculpa mais uma vez! – saiu de imediato.
Ficou no jardim algumas horas, até ao jantar. Observava amiúde as movimentações junto às arcadas. Estava inquieto, precisava de se certificar que a miúda estava bem, mas sem dar nas vistas. Não conhecia as suas rotinas, amigos ou colegas do mesmo ano que lhe pudessem prestar informações. Não iria perguntar ao Lupin e muito menos ao Professor Dumbledore. Talvez o Lúcios Malfoy soubesse conseguisse alguma informação. Dirigiu-se para a sala de refeições, onde já estava reunida grande parte da equipa dos Slytherin, encabeçada pelo Prefeito. Discretamente, procurou entre os presentes a miúda, sem sucesso. Juntou-se à equipa, ao lado de Malfoy. — Prefeito Lúcios, quando estive internado, a Sra. Pompey comentou que há uma miúda da nossa casa que é doente. Tem asma e usa medicamentos dos muggles em vez das nossas poções! É verdade? – indagou dissimuladamente Severus. — Caro Severus, esse tipo de conversas não é adequado para este local… há muitos… ouvidos! Mas sim, é verdade. Uma desonra para os Slytherin! Que fazer? O Sr. Grey é o nosso maior patrocinador! —
E porque não está a miúda a jantar connosco hoje?
— Bem-visto Severus! Tenho que ter sempre debaixo de olho aquela avantajada. Vou pedir à Narcisa que passe pelo seu quarto. Pode ter acontecido alguma coisa! – Lúcios olhou fixamente para Severus e disse-lhe entre dentes – Não lhe pode acontecer nada! NADA! Severus engoliu em seco! Receava por tudo. Agora sim, estava tudo a correr mal. E se ela contasse à Narcisa que a obrigou a descer as escadas, agarrando-a violentamente por um braço. Coagindo-a a entrar no quarto com ele. Que teve um ataque de asma, que quase faleceu por culpa dele. Tinha que falar com a Narcisa! — Posso ir com a Narcisa. Era melhor, para não andar sozinha a estas horas, junto aos claustros! — Bem pensado Severus. É por isso que estás ao meu lado direito! És prestável! – ironizou Lúcios, tratando Severus como um criado. 28
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape O comentário do Malfoy caiu-lhe mal, mas não tinha tempo nem pachorra para aquilo. Estava demasiado preocupado com a Victoria. Ainda mais depois de saber que o seu bem-estar preocupava até o inatingível Malfoy. Agora tinha a certeza que haviam segredos a envolverem aquela miúda. Segredos guardados por Professores, funcionários, Prefeitos e Chefes de equipas. Segredos que originavam boatos, rumores infundados, juízos, preconceitos. Severus e Narcisa foram procurar Victoria no seu quarto. No caminho aproveitou para fazer pequenas perguntas, mas dissimulando sempre a sua preocupação. —
Narcisa, conheces bem a miúda, Victoria Grey?
— Bem… mais ou menos. Quando entrou em Hogwarts, há três anos, o Professor Dumbledore reuniu-se com Lúcios e pediu para que ela ingressasse na equipa dos Slytherin, sem passar pelo chapéu selecionador. Ela tem alguns problemas de saúde, sabias? — Sim, tenho conhecimento. O Lúcios disse que nada lhe poderá acontecer. Ao que parece, o pai dela é patrocinador dos Slytherin. — Exatamente. Mas também porque ela ainda é familiar do Lúcios. Por favor, nunca menciones isso na presença dele. Tem alguma vergonha que o purosangue da sua família tenha sido misturado com sangue de lama. O pai dela é muggle, mas muito abastado. Bem, chegamos! Espera aqui fora, vou ver como ela está. Severus aguardou no corredor enquanto Narcisa entrou no quarto de Victoria. Detinha agora ainda mais informação sobre a miúda. Tentava montar um puzzle da própria Victoria, pesando o que seria verdadeiro ou rumor. Era verdade que era doente, o que poderia ser razão suficiente para perder algumas aulas e precisar de apoio com um tutor. Tinha um aposento privado devido às suas debilidades e não por ser snobe. Era da família do Malfoy, por isso ter uma proteção diferente nos Slytherin, apesar de ser meio-sangue, tal como ele. —
Vamos Severus? A Victoria está bem.
—
Não te disse mais nada? Se teve algum mal-estar?
— Severus! O que sabes tu? Porquê de tanta preocupação? E curiosidade? – Narcisa suspeitou que havia qualquer coisa fora do normal – A 29
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O Grande Amor de Severus Snape Victoria está cá há três anos e nunca houve qualquer interesse da tua parte! Poderia jurar que nem a conhecias! — Era para ser o tutor dela, mas adoeci. – encurralado, procurou uma resposta segura, credível - Encontrei-a na biblioteca à tarde com Remus Lupin e não me pareceu muito bem. Só isso! — A Victoria não me contou nada. Disse que estava tudo bem e que não foi jantar porque estava cansada. O que estava ela a fazer na companhia do Lupin? — É o novo tutor. O que me substituiu! Acho que troca muito de tutores… - respondeu com algum ressabiamento na voz. — Ah! Agora já faz sentido! – respondeu com algum sarcasmo – Ficaste sentido com a troca, não foi? — Ninguém gosta de ser rejeitado, ou substituído! Muito menos quando se está doente! Ainda por cima… pelo Lupin. — É verdade. Mas fico mais aliviada! Por momentos pensei que tinhas algum outro tipo de interesse pela Victoria. — Obviamente que não! Quero dizer… - não podia ser preconceituoso, principalmente porque a Narcisa era namorada do Malfoy, familiar da miúda e Prefeito dos Slytherin – Ela é muito nova! E eu tenho namorada! —
Ainda bem! E parabéns! Quem é a felizarda? Conheço?
— Provavelmente, é a Lily Evans! Mas é dos Gryffindor, por isso não queria que contasses ao Lúcios, por favor. – sorriu de orelha a orelha. — Posso falar com o Lúcios em relação ao Lupin. Creio que poderás voltar a ser tutor da Victoria. Até era bom, porque já sabes da sua saúde. Assim, ficará tudo apenas entre nós! E ela não costuma trocar de tutores por capricho. No teu caso, suponho que estaria com pressa para acompanhar os estudos. Sabes como é o terceiro ano, não é? Os outros… houve alguns que não foram muito corretos… interesseiros oportunistas! — Agradeço a tua boa vontade, mas a verdade é que acho que ela já não me queira como tutor. – disse Severus, engolindo em seco, pois também ele se tinha portado como um interesseiro. 30
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape —
Ainda estás interessado?
Severus encontrava-se novamente encurralado (parecia um talento natural para se colocar nessa ingrata posição). Já estivera na mesma situação com o Professor Dumbledore e o resultado foi devastador. Mas dizer que não seria como ficar de parte de um círculo de pessoas que poderiam abrir muitas portas. Oportunista? Sim… Não… pensando melhor, não era muito diferente dos outros! — Não quero confusões com o Lupin. E não seria prudente dizer que sim, sem saber o que a Victoria pensa. —
Bem visto! Boa noite Severus e obrigada pela companhia.
Os dias foram passando. Severus conjugava as aulas com tarefas de Malfoy, sem faltar com tempo precioso para Lily e com os horários das aulas tutoriais de Victoria e Lupin. Fazia questão em ser visto, cirandando pela biblioteca e antes das seis da tarde, sentava-se na mesa, junto à porta. Também percorria os corredores das arcadas com alguma frequência, estabelecendo algumas rotinas. Agendava num pequeno papiro amarrotado, horários das aulas do terceiro ano, salas, disciplinas, professores, nomes dos alunos. Registava os horários das refeições de Victoria, as presenças, as ausências. Rabiscou um calendário lunar. Numa aula de Herbalogia, aproximou-se de Lupin e disponibilizou-se para o substituir nas aulas tutoriais durante a fase lua cheia. Este não gostou nada da ideia, mas aceitou porque não queria ser exposto e receava que Severus o fizesse se não concordasse. Combinaram faze-lo sem comunicar à principal interessada (poderia recusar-se e Severus queria falar com ela, em particular). Informaram a Sra. Butterfree da troca temporária, a qual louvou o comportamento exemplar de ambos. Chegara a esperada fase da lua cheia. Era uma sexta-feira fria de Fevereiro. Nevava com alguma intensidade, as caldeiras trabalhavam a todo o vapor, aquecendo todos as salas principais de Hogwarts. Antes das quatro da tarde, Severus já estava sentado na sala de estudo, na biblioteca, com os apontamentos e orientações de Lupin. Aguardava pela aluna. Estava nervoso, com algum mal-estar. Não se sentia com náuseas desta vez, mas sim, com ansiedade pela reação de Victoria, que, entretanto, bateu à porta. —
Por favor, entra.
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O Grande Amor de Severus Snape — Remus? Que tens na voz? - calou-se de imediato quando encarou Severus no lugar do seu tutor. Com cautela, deu um passo atrás – Desculpe, procuro o Remus Lupin. — O Remus Lupin teve uma situação familiar e irá ausentar-se por algum tempo. Pediu-me muito para o substituir. – concentrando-se em captar toda a atenção da sua presa acuada, continuou – Não te informou disso? —
Não!
— Estranho! Até estivemos aqui juntos na semana passada a informar a Sra. Butterfree. Estás à vontade para lhe perguntar, se quiseres. —
Sim, agora mesmo.
A bibliotecária confirmou a versão de Severus e Victoria regressou à sala de estudo. —
Sim, é verdade. Mas…
— Bem, se a situação te desagrada, podes recusar. – precisava de manipular aquele momento, era crucial para o seu propósito – Estou a deixar-te desconfortável… Não quero que passes mal outra vez por minha culpa. Sabes… há dias que não durmo só de pensar naquele momento! Se algo te tivesse acontecido… não poderia viver comigo próprio! Victoria fechou a porta e sentou-se silenciosamente. Abriu os livros e perguntou: — Qual o é o feitiço para puxar objetos e encanta-los? Faltei o ano passado a essas aulas! — É simples. Pegas na varinha e pronuncias as palavras mágicas: “Carpe Retractum”. Depois tens vários passos para o encantamento, (…) – Severus começou espontaneamente um monólogo rico em termos mágicos, com métodos precisos e alguns truques de algibeira – Hum… Talvez poderíamos marcar uma aula prática! Desculpa se fui muito chato… — Não, de todo! Mas poderíamos marcar essa aula prática. Tenha dificuldades a utilizar a varinha. Sinto alguma dormência nas mãos. É provocada pela medicação! 32
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O Grande Amor de Severus Snape — Desculpa se sou intrometido, mas porque não substituis esses medicamentos por poções? Há uma com menta, eucalipto e anis com resultados comprovados. Fiz uma pesquisa e… — Fizeste uma pesquisa sobre tratamento de asma com poções mágicas? – interrompeu Victoria, com uma fúria e raiva, uma faceta que ainda não tinha revelado – Porquê? Culpa por me arrastares por um braço, como um animal, durante três lances de escadas ao ponto de eu não conseguir respirar? Ou por pena da gorda menina rica e mimada, snobe, cuja presença te metia nojo, ao ponto de vomitares e adoeceres? Severus ficou colado à cadeira. Sentiu-se desmascarado, transparente, nu. Finalmente alguém o via como realmente era: manipulador, dissimulado, preconceituoso, agressivo, letal. — Chiu…. – era a Sra. Butterfree, protestando contra o barulho proveniente da sala - Silêncio! Victoria arrumou nos livros rapidamente para sair, quando foi impedida por Severus —
Espera! – disse ele em tom baixo – Espera! Deixa-me explicar…
—
Não quero! Não preciso. Não quero que voltes a dirigir-me a palavra.
—
Percebo, compreendo, mas o Lupin pode ficar prejudicado.
—
Não é problema meu!
— Foste tu que começaste isto tudo! Foste tu que enviaste os meus documentos para o teu pai! Querias que eu fosse o teu tutor! Depois, como menina mimada que és, trocaste de tutor como quem deita fora um brinquedo partido. Agora queres fazer o mesmo ao Lupin, e olha, eu nem sequer gosto desse anormal! A discussão estava ao rubro, quando foram interrompidos pela bibliotecária. — Então? O que vem a ser esta algazarra? Não estão no pátio! Isto é uma biblioteca! Se voltar a ouvir as vossas vozes fora desta sala, vou exigir que se retirem! Irei participar ao Professor Dumbledore que retirem cinquenta pontos à vossa casa!
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Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape Victoria voltou a sentar-se calmamente e puxou dos livros. Esperou que a Sra. Butterfree fechasse a porta e disse: — Pelo Lupin! Sem qualquer comentário, observação e afins de cariz pessoal. De acordo? — Sim. De acordo – Severus estendeu a mão direita de forma a selar o compromisso. A fase da lua cheia estava a chegar ao fim. As aulas tinham decorrido com normalidade, mas com muita frieza de ambas as partes. No entanto, não estavam ali para se tornarem amigos. Victoria esclarecia as dúvidas em relação às disciplinas em que revelava algumas dificuldades e Severus estava a aprender a dar aulas, muito embora ainda ansiasse por fazer perguntas. Queria saber por que razão ela tinha solicitado ao pai que o contratasse e como tinha descoberto o motivo do seu internamento. O facto de ter escolhido o Lupin, era óbvio! Mas não queria tocar no assunto, poderia desencadear novas discussões. Na penúltima aula, com alguma reserva, fez uma sugestão: — O Lupin estará de volta dentro de quatro dias. O que significa que a nossa próxima aula será a última. – Victoria não se manifestou com as afirmações de Severus, que continuou – Sabes voar de vassoura? —
Como? – esta pergunta deixou-a perplexa.
— Sim de vassoura? Prometi-te uma aula prática com a varinha. Como não pode ser feito aqui e não temos autorização para utilizar outras salas, lembreime da torre sul. Mas são muitas escadas para lá chegarmos, por isso lembrei-me das vassouras. O Malfoy consegue arranjar da equipa de Quidditch. Atónita! Primeiro, a pergunta tinha-lhe soado como um convite romântico, um passeio para voarem juntos. Contudo, logo em seguida, parecia estar a chamarlhe doente e obesa. Mas tinha que ser justa também, poderia estar inocente querendo somente ajuda-la. — Até para andar de vassoura é preciso a varinha… - Victoria respondeu da forma mais segura que encontrou, escondendo a verdade (receava que a vassoura quebrasse com o peso). — A sério!? – Severus estava ao ponto de soltar uma gargalhada – Achas que eu não sei!? Desculpa, se calhar não formulei bem a questão… Se sabes apenas 34
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape equilibrar-te na vassoura? Posso enfeitiçar a vassoura para ela voar contigo, mas não quero que caias! —
Nunca andei de vassoura… E parece perigoso!
—
Podes ir na minha então! Já andei com o Avery. Eu seguro-te!
— E se cairmos os dois? – Victoria corava. Não tanto porque poderia cair ou partir a vassoura, mas pelo facto de imaginar ser abraçada por um rapaz, principalmente por ele! A ideia acelerava-lhe o ritmo cardíaco que necessitava de mais oxigénio, refletindo-se na sua respiração arfante. Depressa, levou a mão ao bolso em busca do inalador. —
Não te deixo cair prometo! Estás bem?
— Sim, estou. Deixa-me pensar sobre isso. Agora podemos terminar? Preciso de ir tomar outra medicação. —
Sim, claro! Eu acompanho-te.
—
Não é preciso.
—
Eu sei ser um cavalheiro. Quando quero!
Enquanto desciam lentamente os lances de escadas, Severus ia explicando as várias técnicas de se equilibrar numa vassoura, as manobras, quando Victoria o interrompeu. — Isto é, se a vassoura não se partir logo à partida! Não creio que aguente comigo! Quanto mais com os dois! —
Claro que aguenta! Não digas disparates!
— Disparates? A medicação não provoca só dormência. É cortisona! Faz inchar como um balão! —
Há alternativas!
—
Não posso tomar essas poções!
—
Porque não podes tomar as poções?
—
Não posso dizer. Não posso contar a ninguém. Não insistas! 35
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape — Prometo não insistir no assunto se prometeres que vais tentar andar comigo de vassoura. — Está bem! Mas ninguém pode saber! Há muito interesse nesta escola para que eu não me magoe. Severus nem quis insistir muito embora a sua curiosidade sobre aquela rapariga crescia a passos largos. A verdade é que tinha programado a aula prática na torre sul para conseguir algumas respostas, longe dos ouvidos atentos da Sra. Butterfree. Chegara o dia. Com muito receio Victoria colocou-se sob a vassoura, onde Severus, gentilmente a segurava. Conseguiram chegar sem dificuldade à torre sul. Victoria teve que utilizar o inalador várias vezes, não devido ao esforço, mas pela sensação de passear de vassoura com um rapaz, bem abraçado a ela. Não obstante ainda hiperventilou quando Severus colocou a sua mão sob a sua mão trémula que segurava a varinha. Severus ensinou-lhe alguns truques para dominar a varinha, feitiços e encantamentos simples. Por fim, procurou forma de efetuar as perguntas que lhe suscitavam interesse. Sentaram-se no chão de pernas cruzadas a ver o horizonte. —
Estás mais confiante agora?
— Sim, um pouco. Mas falta-me jeito… Talvez vontade! Não quero ser feiticeira nem gosto de Hogwarts! — Não queres ser feiticeira? Então porque estás em Hogwarts? Se também não gostas? — Oh… Porque… - Inspirou profundamente antes de responder. Teria de ser cautelosa para não revelar o seu grande segredo. – Porque sim! Porque o meu pai quer, os professores querem, o ministério… —
E a tua mãe? O que diz ela sobre isso?
— Pois não diz. – uma lágrima rolou sobre as suas faces rosadas – Faleceu há muito tempo, quando eu nasci… — Sinto muito! Não sabia. Não sei o que isso é, mas em breve irei conhecer… não ter mãe… - Severus emocionou-se ao lembrar-se da sua mãe – Está doente! Não tem cura! Nem com poções da Farmácia Mullpeppers nem nos hospitais muggles! Tem cancro… no pâncreas. 36
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O Grande Amor de Severus Snape Em silêncio, partilharam apenas a dor da perda, as lágrimas salgadas e o vazio. Severus nem se incomodou que Victoria o visse a chorar baba e ranho como um fraco, porque estava convicto que aos seus olhos já se encontrava desmoralizado há muito tempo. Limpou as lágrimas e a ranhoca do nariz às mangas do casaco e disse: — És estranha! Quero dizer… fazes-me sentir as coisas com muita intensidade! Ou sou eu que fico demasiado vulnerável quando estamos juntos! – divagava Severus, que por fim esboçou um sorriso sincero e acrescentou – Até que, para uma pequena bruxinha tens um grande poder avassalador sobre as pessoas, ou melhor, sobre mim! Nunca tinha comentado o estado da minha mãe com ninguém, nem mesmo com a Lily, que amo mais do que tudo na vida! —
Juro que não é a minha intensão, fragilizar os outros. Já me disseram
isso! — A sério? Não é só comigo? Bolas… agora que começava a sentir-me especial… - gracejou – A quem mais fazes sentir como um merdas, posso saber? —
Um amigo meu, o Sírios Black, irmão do Regulus Black dos Slytherin.
— Eu sei quem é pulha! Não devias dar-te com ele! Não presta! Já fez muito mal a uma pessoa… a uma rapariga! Tu és muito nova para saberes certas coisas, mas tem muito cuidado com ele! - advertiu-lhe Severus. —
Ele nunca me faria mal. E não é assim como pensas! São rumores!
Severus olhou para a miúda, com desconfiança. Não podia revelar o que sabia e muito menos queria ouvir alguém a defender uma pessoa que odiava tanto. Mudou de assunto para aliviar a tensão. — E tu o que queres? Já sei que não queres ser feiticeira e por consequente o mundo mágico também não te diz nada! — Quero ser médica! Curar pessoas. Investigar e descobrir a cura para doenças raras!
— Queres ser uma muggle? E é por isso que… quando ficas doente e faltas é porque vais para um hospital, não é? 37
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape — Sim. Passei lá grande parte da minha vida! Tenho amigos lá! É como se fosse a minha casa, percebes? — Sinceramente, não! Odeio o mundo dos muggles! É por isso que não queres tomar poções? Porque ficarias boa e depois já não poderias lá voltar, não é!? Senão quiseres responder, não respondas. Já percebi… – chegou bem perto do ouvido dela e disse baixinho – Não te preocupes! Eu sei guardar um segredo! Victoria ficou muito quieta, desconfiada e percebeu que a aula prática não passou de um embuste, duma maneira ardilosa para lhe extrair informação. Tinha que arranjar uma saída! Nada abonava em seu favor, nem mesmo o local, isolado no alto da escola. Mesmo que gritasse ninguém poderia ouvi-la. Receava agora qualquer malabarismo do mestre do engenho, teria quer ser bastante coerente no seu discurso. — E tu? Porque odeias os muggles? O teu pai é muggle segundo o que me disse o Lúcios! A tua namorada também é filha de muggles! — Precisamente, porque o meu pai é um deles! O pior deles todos! – respondeu Severus com ódio na voz, mas lembrou-se da sua amada - E a Lily é diferente! Será uma grande feiticeira. Ao meu lado, claro! Não é uma muggle! E também teve pouca sorte na família que lhe calhou. Conhece-la? — Sim! O Lupin contou-me que foi ela que lhe pediu para ele falar comigo, para trocar de tutor. Ela disse que ficaste doente por causa de mim… Já falámos sobre isso! – Victoria não tinha a certeza se foi ela, mas tinha de o provocar para saírem dali. — Ela contou ao Lupin? – A ira apoderou-se da sua voz – Como? Foi ele que te pediu para ficar no meu lugar?
— Sim. – pensou não juntar nada à resposta. A centelha lançada seria o suficiente para que ele quisesse sair dali rapidamente. — E tu aceitaste? Como? Se foste tu que pediste ao teu pai para que me contratasse? — Estavas doente. Internado! Eu ouvi a tua conversa com a Sra. Butterfree e quis ajudar-te. Não sabia que me detestavas tanto! Até pensava que nunca tinhas reparado em mim durante três anos. Mesmo pertencendo os dois aos 38
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O Grande Amor de Severus Snape Slytherin! Achas que foi fácil ouvir o Lupin a dizer que eu te provocava náuseas? Pelo menos foi isso que a tua namoradinha andou a espalhar, que eu te dava nojo! — Desculpa, já pedi desculpa! De facto, nem sabia quem tu eras! Fiquei contente quando o Professor Dumbledore falou comigo, mas depois a Lily falou em ti, no que falavam a teu respeito e isso deixou-me doente. Não queria ser criado de ninguém só por ser pobre! Não é nojo… és rica e não sabes o que e ser pobre! —
Não tenho culpa de ser quem sou!
— Eu sei. Desculpa, deixei-me levar… tenho que falar com a Lily! Ela não pode comentar a minha vida com os outros, muito menos ao Lupin!! Amigo daqueles… porcos, James Potter e Sírios Black! – Severus destilava veneno ao imaginar a rirem-se dele por vomitar e ficar doente. Fez uma pausa e perguntou Importas-te se fossemos já? Tenho uma coisa urgente para fazer! — Sim vamos! – finalmente o que esperava, sair dali antes de ser tarde demais. A sua verdade, o segredo, estava a salvo! — Ao chegarem ao relvado, Severus pegou-lhe na mão, beijando-a como um cavalheiro. — Se te maguei peço perdão. Confesso que me deixei levar por rumores, maledicência! Desculpa mais uma vez! Irei cumprir o nosso acordo e não voltarei a dirigir-te a palavra. Guardarei o teu segredo como um presente de uma pessoa muito querida que não soube valorizar. Obrigado por me teres ajudado quando precisei! Nunca irei esquecer o que fizeste por mim mesmo sem me conheceres e, olha que a minha reputação também não é afamada! — És um bom tutor! – Victoria sorriu e continuou – Obrigada pelas tuas palavras. Significam muito para mim! E podes falar comigo quando quiseres, não sou de guardar rancores! — Obrigado Victoria! O Professor Dumbledore tinha razão, quando dizia que devia conhecer-te primeiro. És um doce de menina! E… Quando disse que tinhas uns olhos lindíssimos, estava a ser muito sincero! Não era… uma manobra para roubar o lugar do Lupin. És mesmo muito bonita! Victoria ficou vermelha como um tomate.
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O Grande Amor de Severus Snape — Obrigada! E… tu também és… bem-parecido! E… se quiseres podes voltar a ser meu tutor. O Lupin falta muitas vezes, quase tanto quanto eu! E isso atrasa-me nos estudos. Assim podia ajudar-te! — Não seria bom… quero dizer, justo. Mas agradeço-te mesmo muito. És… inigualável! Trocaram um abraço sentido e despediram-se, seguindo cada um o seu caminho. Severus procurou a sua Lily, queria explicações! Imaginava o Lupin a rir-se à gargalhada com o James Potter e os outros que ele tanto odiava, gozando com a sua saúde fragilizada por medo de uma miúda de treze anos. E se eles sabiam, toda a escola devia saber… cochichando nas suas costas… fazendo piadas e anedotas às suas custas. Lily! Não a conseguia encontrar. Ninguém a tinha visto recentemente. Não estava na sala comum, dormitório, refeitório, biblioteca, nada! Correu os jardins, os corredores, os claustros. Rodopiou como um louco pelos lances de escadas, correndo andares, salas de aulas. Perguntou a toda a gente que encontrava, alunos, professores, funcionários, fantasmas e nada! Cansado, recordou-se que se tinha esquecido de repor a vassoura da equipa de Quidditch que tirara à socapa, no depósito de desporto. - “Lumus” – Severus iluminou o depósito com o feitiço. Precisava de encontrar o sitio de onde tirara a vassoura antes que alguém desse pela sua falta! Ouviu alguém a entrar no depósito. Não queria ser visto, não podia. Detestava desporto e não gostava de nenhum dos seus praticantes, nem mesmo os que pertenciam aos Slytherin. - “Nox” – A luz apagou-se e Severus escondeu-se atrás de umas caixas empilhadas e tapou-se com a capa preta, ficando muito quieto. Entraram duas pessoas, aos risos e trocando beijos ardentes na escuridão. O casal crente que estariam a sós, despiram-se de preconceitos, deixando as roupas no chão enquanto se entregavam ao prazer. Severus nem se atreveu a espreitar para ver quem eram. Não queria dar explicações do que estava ali a fazer, por isso tinha que aguentar que os gemidos terminassem. Quando acabaram, ouviu uma voz que o deixou em sobressalto. Parecia a voz de Lily! Não podia ser! Espreitou por detrás das caixas e não conseguia ver bem, somente dois vultos que tentavam encontrar a 40
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O Grande Amor de Severus Snape roupa no escuro. Tinha de se aproximar mais! Gatinhou um pouco e encontrou o seu pior pesadelo! Lily Evans e James Potter! —
Lily!?
— Que queres tu aqui, ranhoso! Sai daqui Snivellus! – ordenou o raivoso seeker James Potter. —
Oh! SEV!? – Lily estava em pânico, apressando-se a apertar a saia.
—
Que fazes aqui com este porco, Lily? Como foste capaz! Como Lily?
— Ranhoso, vê lá como falas com a minha namorada! – James puxa da varinha e aponta-a ao Severus – Queres que te deixe sem cuecas sujas outra vez! Tu gostaste, não foi!? Ah, ah, ah. —
Sai Severus, por favor! Não quero cenas entre os dois! – apelou Lily
— Tua namorada! A Lily é minha namorada! – Severus empunha a sua varinha e prepara-se para o duelo em honra da sua dama – Minha noiva! — Não é verdade James! Somos só amigos – disse Lily ainda em pânico, dando a entender a sua escolha entre os rapazes! – Sev, nunca fomos namorados! Não podes confundir um carinho com algo mais! — aflição.
Tu tens o meu anel de noivado, no dedo!! – respondeu Severus em
— Só o aceitei por pena! Porque era Natal. Toma não quero esta porcaria velha! - atirou-lhe o anel à cara. — Pena! Não preciso da tua piedade! E pelo que vejo, também não preciso de ti! És uma rameira, uma messalina, uma qualquer… — “Stinging Hex” – proferiu James, fazendo Severus cair de dor, como se tivesse uma queimadura no peito – Nunca mais ouses falar assim da minha namorada, ou irás pagar com a vida, Ranhoso!! James e Lily abandonaram o depósito deixando o pobre do rapaz no chão. Severus queria conter as lágrimas, mas a dor da traição da sua amada era mais forte do que o seu orgulho e o feitiço de James. Tinha sido ferido no mais íntimo, destruindo o sentimento mais puro que sentira por alguém! Sangrando por dentro, 41
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O Grande Amor de Severus Snape Severus queria fugir, mas não tinha para onde ir. Já não tinha nada, já não era ninguém! Quando recuperou as forcas, procurou o anel que a mãe lhe dera e guardou-o no cinto. Foi para o bar “Three Broomsticks” e beber para esquecer, para poder dormir e com sorte, não voltar a acordar. Na manha seguinte, acordou mortificado porque o seu propósito não foi concretizado. Continuava vivo, depois de uma noite ao relento, mergulhado no seu próprio vomitado, sujo a cheirar a podre e urina, sem os últimos tostões que tinha. Era a ruína! A chuva começou a cair obrigando-o a arrastar-se para um canto abrigado, longe dos olhares indiscretos. Não queria ser reconhecido naquela lamentável circunstância. Com frio, com fome e vergonha do seu próprio ser, esperou que caísse a noite, para poder regressar à escola. A hora de jantar foi crucial para passar despercebido e chegar até ao dormitório dos Slytherin. Com alguma sorte, não encontrou ninguém e conseguiu lavar a alma coberta de sangue, suor e lágrimas.
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O Grande Amor de Severus Snape
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O Grande Amor de Severus Snape Capítulo 3 As horas eram solitárias e longas, no entanto, a pouco a pouco se transformaram em dias, os dias em semanas e as semanas em meses, e já estava a meio do sétimo e ultimo ano em Hogwarts. Severus e Lily não voltaram a ter qualquer contacto deste o fatídico incidente. Limitavam-se a trocar olhares acusadores quando se esbarravam. Ela e James eram parelha oficial e de nada lhe servia pedir-lhe satisfações. No coração de Severus, onde outrora brotava um grande sentimento belo e puro só existiam ervas daninhas numa cercadura de silvado. Haviam festividades nessa altura do ano em Hogwarts. O campeonato de Quidditch e o baile anual dos finalistas. Muito embora o desporto não lhe dissesse nada, teria de estar presente na torre dos Slytherin. Malfoy já tinha terminado a vida académica e o novo Prefeito Rudolfo LaStrange exigia a comparência de todos. Era a final, Slytherin contra Gryffindor. O seu odiado rival estaria em jogo e Lily certamente entre a claque rival. Sem outro remédio, foi com o Avery assistir à disputa. Ficaram no topo da torre, assim poderiam fazer algum feitiço sem os outros se aperceberem. —
Vamos derrubar o seeker deles? – perguntou o Avery.
— Daria muito nas vistas… Por enquanto! Vamos guardar isso mais para o fim! Vamos enfeitiçar as bolas, é mais discreto! Avery e Severus enfeitiçaram as Bludgers contra os Gryffindor, mas foram descobertos pelo Professor Slughorn que fez desfez o feitiço. A claque dos Gryffindor retaliou e as bolas atacaram os alunos que estavam sentados na torre dos Slytherin, que começaram a evacuar as bancadas, em pânico. Severus avistou Victoria que se escondia junto às barras, escapando ao tumulto da multidão. —
Avery, vai que tenho que fazer uma coisa?
—
Não podes contra-atacar! Vais ser visto Severus!
—
Nada disso… vai! Encontramo-nos logo. 44
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O Grande Amor de Severus Snape Severus desceu até conseguir alcançar Victoria, que protegia a cabeça com as mãos. Envolveu-a dentro do seu manto preto, pegou na varinha e proferiu: —
“Evanesca!”
Desapareceram das bancadas de imediato, voltando a reaparecer por debaixo da torre, dentro das estruturas metálicas. Severus destapa a cabeça de Victoria que estava agarrada a ele. Pegou-lhe no queixo e não resiste a perder-se no mar azul dos seus olhos. Victoria aproveita o momento e roça os seus lábios nos dele, com muita leveza. —
Estás salva! – exclamou Severus num sorriso.
— Obrigada! Tu também! - retirou-se e desapareceu no meio da multidão que envolvia o lado de fora da torre dos Slytherin. Confuso, ficou a cismar com o comportamento da miúda. Ele é que a tinha salvado! Não o contrário! E aquele beijo, nem foi um beijo! Foi um toque labial! Pensou que provavelmente foi um atropelo insignificante fruto do medo de ser esmagada contra as barreiras da torre. O baile chegou. Severus e Avery tinham com acompanhantes umas raparigas da equipa dos Hufflepuff. A Claudine acompanhava o formoso Avery e a Caroline acompanhava o astuto Severus. Também eram finalistas em Hogwarts. As miúdas de puro-sangue, eram morenas com o cabelo muito fino e liso, altas e muito magras. Bem aprumadas, chegavam de braço com os dois rapazes que exibiam dois belos fatos de cerimónia alugados. O salão principal transbordava de enfeites. Os finalistas desfilavam de par em par sob os olhares atentos dos restantes alunos. Severus avistou Lily e James Potter, mostrando a todos a cumplicidade da paixão que vivenciavam. — do Potter!
Olha para aquela… perdida! Toda contentinha com aquele palerma
— Deixa lá isso agora! Estamos bem acompanhados Severus… - dizia Avery enquanto mirava as coxas da sua acompanhante – Muito bem, mesmo! Não achas? — Sim, mas… esquece… tens razão, não vale a pena chover no molhado. Vamos aproveitar a noite. 45
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O Grande Amor de Severus Snape Rodopiaram pelos presentes, bem-dispostos e confiantes. A dada altura, Avery deu uma cotovelada ao amigo, chamando-o à parte: — Olha pra ti! Já viste? Um finalista dos Gryffindor com uma aluna do quarto ano dos Slytherin… — Onde? – Severus procurou com o olhar e deu de caras com o par mais improvável do salão: Sírios Black e Victoria Grey! —
Tu que a conheces, achas que eles andam juntos?
— Sei lá! E nem me interessa. O que me admira é por não ter vindo com o Lupin! – dizia Severus sem conseguir desviar o olhar daqueles dois. Victoria aproveitou uma ausência de Sírios para se aproximar de Severus que estava sozinho, junto a uma coluna. —
Olá Severus! É sempre bom ver-te! Estás muito… bonito!
— A sério? – respondeu Severus que ironicamente esboçou um trejeito com os lábios e continuou a olhar para os pares dançantes – Tu também! Podias era estar melhor… acompanhada! — O Sírios é meu amigo! E também… Não tinha com quem vir… E queria… tanto… — Só estou a dizer que podias ter escolhido melhor… - olhou para a miúda e disse – Se soubesse que querias assim tanto… Eu tinha vindo contigo! Quer dizer, tinha-te convidado! Sírios surgiu no meio de ambos. Interrompeu-os com o deboche do costume: — Achas mesmo Snivellus Greasy? Tu e a minha Victoria juntos? Aí… Ah, ah… - ria perdidamente, enquanto prendia a miúda por debaixo do seu braço – Não tens noção, pois não!? Ela não é para o teu bico, seboso! —
Sírios!? – Victoria olhou para o amigo fulminantemente.
Contrariando o seu feitio, Severus limitou-se a abandonar o recinto sem insurgir-se contra o bonacheirão do Sírios Black. No fundo, dava-lhe razão e não tinha argumentos para contestar. Um feiticeiro miserável, desprovido de quase tudo seria uma aberração perto de uma rapariga da mais alta-roda social. 46
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O Grande Amor de Severus Snape No dia seguinte, quis desculpar-se pela falta de cortesia, por ter saído do salão sem se despedir. E também para lhe dizer que nunca poderia haver nada entre os dois, nem mesmo uma amizade comedida. Seria tudo… condenável. O fosso existente entre eles assemelhava-se a uma barreira intransponível. Sem conseguir encontra-la, questionou Narcisa Black que lhe confidenciou que o estado de saúde de Victoria piorou e foi internada no St. Mary’s Hospital em Londres. Sem que Narcisa se apercebesse Severus conseguiu sorrir com a notícia, pois sabia que Victoria estava bem e provavelmente feliz. Nos seus pensamentos, gabava-lhe a sua determinação e coragem para conseguir o que queria. Por vezes, invejava-a por não se deixar abater, nem desistir. Porque não se detinha perante os obstáculos e os limites que lhe eram impostos. Apesar da sua aparência débil e frágil, por dentro era muito forte, uma guerreira, uma torre inquebrável! Avery e Severus conseguiram um trabalho de verão numa panificadora, numa zona industrial, nos subúrbios de Londres. Severus queria juntar dinheiro para subsistir durante o próximo ano. A mãe tinha falecido no início do ano e estava só, sem ninguém para o amparar. Queria procurar uma carreira no mundo mágico, mas não fora bafejado pela sorte. A única alternativa era trabalhar na clandestinidade para o senhor das trevas, Voldemort. Avery Stewart era a primeira vez que se aventurava fora do mundo mágico. Era um rapaz muito bonito, loiro de olhos azuis, de estatura mediana, mas bem encorpado. Conhecido por ser meigo e romântico era um sedutor entre as miúdas. Um feiticeiro de puro-sangue, embora desconhecesse o pai. A mãe era uma conhecida prostituta, Maggie Stewart de Knockturn Alley perto de Diagon Alley, frequentada apenas por feiticeiros, logo o seu pai só poderia ser um. Embora Avery negasse conhecer o seu progenitor, Severus desconfiava que ele sabia quem era e não lhe agradava porque os seus sonhos passavam por construir uma vida normal fora do mundo mágico. Queria ser um muggle, tal como Victoria! Severus por vezes, brincava com o amigo, dizendo-lhe que os dois acabariam por ficar juntos. — Bem, se cortares um dedo na misturadora podes acabar no hospital onde a Victoria está! Eu trato das apresentações! Eh, eh… - rindo e brincando, mas com um especial cuidado para não revelar o segredo da miúda, a única pessoa que o tentou ajudar sem segundas intenções, achava ele – Posso ser o padrinho do casório! — Não era mau pensado! – dizia Avery – Duvido é que o pai dela o permitisse! Sem falar do primo Malfoy, que iria ser parente do filho de uma prostituta. 47
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O Grande Amor de Severus Snape — Não precisavam de saber! A saúde dela é frágil, tem que ficar perto dos hospitais, aqui no mundo dos muggles. Quem sabe se virá a ser uma grande médica para te tratar da saúde! É uma miúda cheia de qualidades, sabias? — medidas? —
Sim, bem cheia! E porque não ficas tu com ela. Não te enche as Severus parou de gracejar e fechou o rosto.
— Não se trata disso. A Victoria é uma miúda inigualável, que fará feliz qualquer rapaz que a saiba tratar bem! Não julgues pelas aparências! – irado e com o seu ar carrancudo continuou – Eu não sirvo para ela… Sabes bem o que a Lily me fez! Não voltarei a cair na mesma trampa! Sentimentos melosos… Nunca mais! Raparigas… só para diversão. Três quartos de hora bem investidos! — Sim claro, tipo as colegas de trabalho da minha mãe! Não devias pensar assim. Isso não é vida. Acabarás por esquecer essa sangue de lama e encontrarás alguém! — Não temos trabalho para fazer!? Então cala-te e deita mais farinha e água na misturadora! Vou tratar do forno. Dormiam num contentor atrás da fábrica e não pagavam renda, o que era bastante conveniente para ambos. Levantavam-se as quatro da manhã para começarem a fazer a massa do pão, os bolos e os biscoitos que a panificadora produzia e distribuía pela cidade. Depois, ainda tinham que arrumar tudo, raspar o forno, lavar as máquinas, limpar o soalho. Era uma vida dura! Ficavam exaustos, mas ainda com disposição para sair com as colegas de trabalho, irem ao cinema, bares, e algum lugar mais reservado. — boémia.
Vamos? – perguntou Severus já preparado para mais uma noite
— Não! Hoje não vou! Estou morto! Além disso andamos a gastar muito com estas saídas! - dizia Avery estatelado na cama dura do beliche enferrujado. —
Fala por ti Avery! Eu não!
—
Sim, eu já reparei que a Rachel te paga sempre tudo. Gosta de ti.
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O Grande Amor de Severus Snape — Não se trata de gostar! Eu retribuo com serviços prestados. Temos uma espécie de acordo. Tu é que quiseste arranjar uma namorada e isso sim, acarreta despesas… e dores de cabeça! — Tens razão! Lembras-te da conversa que tivemos sobre a Victoria Grey? Sabes em que hospital ela está? Estou seriamente a pensar em pôr a mão na misturadora, como sugeriste. É preferível perder a mão do que morrer aos poucos… como estou! — Hum… estás assim tão mal? Onde está o teu lado lamecha? Onde ficaram as larachas do costume, sobre o amor e uma cabana! – Severus gozava com o amigo deitado meio morto. — Ficaram entre as sacas de farinha e o balde do chão! O amor e uma cabana é romântico. Mas nunca falei sobre o amor e um contentor! E depois ela começou a falar em casar, filhos! Sim, com este ordenado dá mesmo sustentar uma família… - suspirou e continuou – Sabes que o pai da Victoria costumava visitar a minha mãe. Não! Não é o meu pai, se ficaste a pensar! Eu sei de muitas coisas… —
Sobre o pai dela?
— Sim, sobre tudo! Ele era um entregador de legumes que ia ao Caldeirão Escoante, antes de conhecer a mãe da Victoria. Ela é que era rica! E pelo que sei muito bonita, como a filha. Teve a infelicidade de encontrar aquele abutre, um muggle desprezível! Bem entre ele e o… venha o diabo e escolha! Mas eu sei que a fortuna ainda pertence à filha. Ele não pode tocar em nada! Por isso é que a tenta aprisionar em Hogwarts. E também porque… esquece! Vai lá para tua farra. —
Entre o Grey e quem? Conta lá! O que sabes?
—
É melhor não…
—
Insisto! Somos amigos, ou não?
— Mas não podes contar a ninguém! Sabes que ela nem sequer é doente? É uma forma para não estar no mundo mágico! Ela não é uma feiticeira. É uma guardiã! Guardiã do Véu da Morte. —
Guardiã!? O que é isso?
— A Guardiã é como um escudo que protege o portal que separa a morte e a vida! Imaginas o que é? É como se fosse o elixir da vida eterna! Por isso é 49
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O Grande Amor de Severus Snape aprisionada em Hogwarts. Protegida pelo Professor Dumbledore! E enquanto for considerada fraca, débil, não tem muito interesse… A quem nós sabemos! — Estás a inventar! Pára com isso! Eu sei que ela não é doente! Ela própria me contou! Só isso! — É verdade, eu ouvi o Grey! Até era capaz de arriscar que não é o pai biólogo! A mãe dela morreu em circunstâncias estranhas. — — falar…
No parto, quando ela nasceu, ela disse-me. Não! Isso é o que lhe contaram. Foi assassinada! Eu sei do que estou a
— Olha dorme porque o teu mal é sono! A delirar agora… Teorias da conspiração… Não estou para isso. Adeus, fui! Severus saiu com a sua colega colorida, Rachel, mas não deixou de pensar em todo aquele lote de informação que o seu amigo lhe tinha confidenciado. Seria tudo verdade? Poderia o Avery estar a ficar senil, ou a gozar com a sua cara. Após alguns dias e noites, quis procurar a verdade que lhe tirara o sono. Recordou a conversa que tivera na torre com Victoria e lembrou-se de que Narcisa tinha mencionado o nome do hospital. Conseguiu localizar o St. Mary's Hospital e com a sua manha, também o quarto onde estava Victoria. —
Olá! Como estás? Fazendo-te dormida!?
Victoria estava inerte, como se dormisse profundamente, mas reconhecera aquela voz. —
Severus!? Que fazes aqui? – disse surpresa – Como me descobriste?
— Uma longa história! Mas queria falar contigo, ver-te. Disseste que podia, não foi! — — mesmo!
Sim, claro! Precisas de alguma coisa? Não! Só de saber se estavas bem! E pelo que vejo, estás muito bem
Severus ficou fascinado com a agradável transformação da pequena larva em borboleta! Verificava que o seu corpo tinha perdido o volume de outrora e só 50
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O Grande Amor de Severus Snape sobressaía agora algumas curvas femininas que o lençol deixava transparecer! Em vez das tranças loiras enroladas, tinha um longo cabelo ondulado, com um aroma a amêndoas doces. Estava de facto lindíssima! Mas ele queria fazer perguntas. Muitas perguntas! Mas não era o momento. No passado já tinha observado como ela reagia quando ele se aproximava da verdade. Não queria assusta-la desta vez, teria de agir com subtileza. — Tenho um amigo que está sempre a falar em ti e quer conhecer-te… a conversa não lhe parecia bem, mas era o melhor subterfúgio que conseguira encontrar – Ele também quer uma vida de muggle! — O quê? – Victoria não estava a acreditar na conversa e ainda não refeita da surpresa, perguntou – E vieste aqui só por isso? — Sim! A não ser que escondas algum outro superpoder, tipo, conseguires ler a minha mente. Já sabemos que tens o poder de deixar os outros vulneráveis… — Não tenho nada escondido. Mas tenho uma boa visão e algo me diz que, a tua cara não é coerente com o que dizes! —
Lembras-te do Avery Stewart? Também é dos Slytherin.
— Sim, lembro. Costumam andar muito juntos, a fazerem disparates. É aquele loirinho, charmoso que andava sempre contigo, não é? — Sim, esse mesmo! És boa observadora! – intrigava-se se era normal lembrar-se assim de alguém ou teria um interesse especial no objeto em observação. E se assim fosse, seria ele próprio ou o Avery (algo no seu ego rejeitava essa hipótese). Também poderia ser um dos poderes de uma guardiã. Mas fosse o que fosse não queria assustar a presa – Pensei que só tinhas olhos para mim! Estou a brincar, desculpa! — Escuta, chega aqui…- Victoria fez sinal de que queria sussurrar-lhe ao ouvido – Olha, eu não preciso que me arranjes namorado. Já tenho um aqui! A inesperada revelação, fez ruir por terra o sorriso inicial. De alguma maneira, Severus sentiu-se traído como no dia em que encontrou Lily com James. Todavia, não havia nada entre ele e Victoria, não poderia nem tinha o direito de se sentir assim. Não eram sequer grandes amigos, somente partilhavam um segredo. E na verdade, Severus sabia que nunca se comportou como um cavalheiro, digno 51
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O Grande Amor de Severus Snape da sua confiança e dos seus sentimentos. Teria que demonstrar que em nada o molestara a recente descoberta, talvez com o seu sarcasmo característico. — É sempre bom ter opções, caso fiques sozinha novamente. – atirou. – Estou a falar de um puro sangue! — Até parece que queres vender-me um cavalo… - sorriu e continuou – Trás lá o teu amigo, se quiseres. É sempre bom voltar a ver-te! “Que miúda mordaz!” pensou! Sempre foi assim entre eles: um a querer manipular o outro. O predador tornava-se rapidamente em presa. Victoria conseguia sempre sair das situações provocadas por Severus de uma forma airosa, com afirmações dúbias. Que quereria dizer com a expressão “É sempre bom voltar a ver-te!”? Que queria vê-lo com alguma outra intenção, sentimento? Ou simplesmente porque era bom ver uma cara conhecida quando se está num hospital, mesmo que por conveniência! Seria o mesmo quando referiu um namorado, será que existiria mesmo? Será que queria que ele se tornasse namorado dela? Ela sempre o tinha observado e até tinha feito de tudo para que se tornasse seu tutor! Mas poderia ser só suposições sem qualquer fundamento. Um distúrbio mental causado pelo sofrimento da desilusão com Lily e o vazio da solidão. Pensou: “Não vou ficar com dúvidas! Vou agir!” — Então, até breve! - pegou-lhe na mão como se fosse despedir-se como um cavalheiro da velha escola e sorrateiramente, roubou-lhe um beijo. Tinha que ter certezas! Victoria fora apanhada desprevenida com aquela situação. No entanto, uma Guardiã tem sempre a força do acaso do seu lado. O beijo foi interrompido quando um médico entrou no quarto. — Boa tarde! Está tudo bem princesa? – interrompeu o jovem médico, Alex Cruber, fingindo que não reparou no sucedido. — Sim Alex, está tudo bem. O Severus já está de saída! – respondeu ainda com a voz tremula. — Severus!? Muito prazer sou o Dr. Alex Cruber, médico responsável pela princesa Victoria. Agradeço a sua visita, por vezes a minha princesa fica um pouco sozinha, entre as minhas cirurgias e palestras. Apareça sempre!
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O Grande Amor de Severus Snape Severus correspondeu em silêncio ao aperto de mão oferecido pelo médico cagão (Sim cagão! A humildade era algo que desconhecia, por certo!). — Se me dão licença… – disse Severus com secura na voz, saindo sem mais demora. Saiu pelas ruas esbaforido, tentando ocupar o cérebro com pequenos jogos infantis. Não queria pensar em mais nada! Não tinha certezas de nada! As suposições mordiam-lhe as entranhas. Parece que aquela miúda tinha entrado na sua vida só para o mortificar! “Elixir da vida!”? Só se for para alguns! Na panificadora olhava várias vezes para o seu amigo Avery, questionandose até que ponto queria ou não o apresentar a Victoria. Até que ponto estaria disposto a sacrificar o sentimento controverso que, involuntariamente, sentia por ela e uma amizade verdadeira com o amigo. Nada disso lhe soava bem! Mas prometera a ele próprio que não voltaria a criar expectativas românticas com ninguém! Nesse sentido tinha que arrancar qualquer esperança semeada no seu coração. O facto de querer voltar ao hospital para rever a miúda era só uma parte da insanidade temporária que o atormentava. —
Avery! Estive com a Victoria Grey no outro dia!
—
A sério? Quando, porque não me convidaste? Grande amigo…
— No sábado, quando foste ver a tua mãe! Não te disse nada porque quis primeiro falar com ela, ver a recetividade à tua presença! —
E a tão? Conta! Conta!
—
Disse que se lembrava de ti.
—
Só isso?
— Como “só isso”, já fiz muito, não! – Severus achou melhor ocultar a parte do namorado. Na altura ficou convicto que seria o médico cagão, mas pensando a frio tinha dúvidas. Sentiu que Victoria lhe tinha correspondido ao beijo roubado, mas poderia ser a sua vulnerabilidade a gritar mais alto. – Por acaso fizeste algo por mim!? —
Olha sim! Tenho notícias da tua amada! Queres saber?
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Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape Severus senta-se por um momento. Parecia que tinha levado um murro no estômago. Tonturas, vista turva, náuseas. Que raio de notícias poderia ter Avery de Victoria? Pois, era esse mesmo, o problema! A miúda não saía do seu pensamento e tinha entrado num campo minado, muito mais perturbado do que o próprio cérebro, tinha atingido o seu coração, mas só agora se apercebera da dimensão do seu sentimento por ela. As respostas que tanto quis arrancar à força da rapariga afinal estiveram sempre com ele! As afirmações de Victoria que lhe pareceram dúbias eram não mais que o seu estado de negação interior. O mesmo estado de espírito que o deixara doente, débil e vulnerável. A inicial repulsa sentida pela miúda, com a cor de olhos azul celeste e cabelos dourados como o sol, era somente o seu próprio organismo a repelir um sentimento profundo e voraz. Um gosto amargo na sua boca trazia de volta a sensação inexplicável dos lábios quentes e sedosos de Victoria. — Severus!? Estás bem? – a figura do amigo a desfalecer afligia Avery – Desculpa, não sabia que ainda te magoava tanto falar na Lily! “Lily!?” Ele estava a falar da Lily? Do seu grande amor de infância que o traiu com o seu pior inimigo, que o negou, que lhe mentiu! Sua melhor amiga a quem ensinou tudo sobre o mundo mágico e depois o abandonou à sua própria sorte, caído num depósito de desporto! Sim essa Lily! —
Que tem ela?
—
Se calhar é melhor falarmos noutra altura! Quando estiveres melhor!
—
Começaste, agora terminas Avery!
— A minha mãe contou-me que está de casamento marcado… com o seeker dos Gryffindor! —
O maldito James Potter!
— Sim. Foi visto com os amigos a fazer a comemorar num dos sítios que a minha mãe trabalha… Severus levanta-se com alguma dificuldade. Cambaleando, pede desculpa, mas retira-se para descansar. Não tinha condições para continuar a trabalhar! As novidades de Lily, a sua epifania referente à Victoria, retiraram-lhe as forças… Numa luta desigual contra si próprio, resolve por fim à loucura das emoções. Enclausurou o sentimento por Victoria no mais profundo do seu ser, o seu segredo 54
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape escondido e bem guardado. Relembra as sábias palavras do Professor Dumbledore: “Controla as tuas emoções! Disciplina a tua mente!”. A partir desse momento teria que ser forte, ou ainda mais dissimulado do que o habitual. Ninguém poderia saber! Disposto a passar pela provação do seu sacrifício, combinou com Avery visitar Victoria no último domingo de Agosto, dia em que estariam ambos de folga na panificadora! Provavelmente ainda estaria a fazer passar-se por doente, até meados de Setembro, quando se iniciava um novo ano letivo em Hogwarts. A sua intuição estava correta quando chegaram ao hospital. O Dr. Alex Cruber, fez questão de os acompanhar até ao jardim botânico que o edifício possuía e onde Victoria passava agora grande parte dos seus dias. O jovem médico, alto, moreno de olhos claros, bem galante e formoso, era o alvo dos olhos fulminantes de Severus. — escola!
Princesa!? Trouxe duas pessoas para te verem, pertenceram à tua
— Obrigada Alex. – respondeu Victoria com as mãos cheias de terra e uma muda de roseira brava. – Olá Severus! É sempre bom voltar a ver-te! “A mesma expressão… Raios! Não sabe dizer outra coisa! Será algum tipo de encantamento? Sim!! Foi isso que ela me fez! Uma bruxaria, magia negra!!” Severus buscava nos seus pensamentos razões, soluções e todo o tipo de desculpas para lidar com a situação. Seria melhor odia-la, despreza-la e manter a distância. — Este é o Avery, colega dos Slytherin, companheiro fiel em Hogwarts e amigo de todas as horas! – teria de vender a imagem do seu amigo o melhor que podia. Se tudo corresse como previsto, ficariam juntos e o seu sentimento deixava de ser um fardo. Continuou a sua estratégia de marketing – É um puro sangue! Poderia ser um grande feiticeiro se o sonho não fosse ser um muggle, honrado e respeitado, arranjar uma esposa digna, filhos… enfim, tudo o que mulher deseja! — Obrigado Severus! – respondeu Avery – Não sabia que me tinhas em tão elevada consideração! Até fico embaraçado! Muito gosto em conhecera-te pessoalmente Victoria! Já ouvi falar muito de ti! — Muito gosto em conhecer-te também, Avery! Acredita que tudo o que dizem a meu respeito não é verdade! – cumprimentou o rapaz e continuou – A maior parte são rumores, boatos! E até conheço pessoas que ficaram… indispostas! 55
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O Grande Amor de Severus Snape — Bem, se me dão licença… vou dar uma volta pelo jardim. Gosto de analisar algumas… espécies de plantas! – Severus retirou-se para deixa-los a sós. Não queria permanecer ali, naquele triângulo. Receava perder o controlo, deixar escapar algum indício e sentir raiva pelo amigo. Mesmo do outro lado oposto, não conseguia abstrair-se da conversa de ambos. Fazia um esforço para tentar ouvir a entoação, a fonética das palavras que trocavam. A cada riso, a cada gargalhada, sentia um espinho cravado na alma, um nó na garganta que o sufocava. Pouco depois, viu o casal a aproximar-se. A cumplicidade que aparentavam era mais dolorosa do que tinha previsto. Ficavam muito bem juntos. Bem demais para o gosto Severus. —
Então vamos? – perguntou Severus com o seu ar sisudo.
— Ainda é muito cedo, podemos ficar mais um pouco. – respondeu Avery – Isto é, se te parecer bem Victoria! Acredito que uma linda miúda como tu tem mais que fazer do que ficar na companhia de dois broncos! — É um gosto, Avery! E sim, gostava muito! Podia mostrar-te o laboratório no interior do hospital! E a ti também Severus. — Acho que o Severus quer voltar… Mas faço questão que mo mostres num próximo encontro, está bem? — Está bem! Combinado. – respondeu Victoria que ficou corada quando Avery lhe dá um leve beijo na frente de Severus. Severus virou as costas. Queria esmurrar o amigo pelo atrevimento e gritar com Victoria por ter permitido a ousadia. Mas não podia. Nada podia dizer ou fazer, exceto fugir. Passadas as cortesias de despedidas, já em plena rua, a curiosidade mordialhe as entranhas, mais forte que o ciúme que o dilacerava e teve que perguntar. —
Então? Gostaste! – perguntou Severus em fúria.
—
Gostei do quê? – respondeu Avery, com um sorriso sacana.
—
Conta! Como foi?
— satisfeito.
Olha…! Ficasses lá para veres! – gozou Avery, com um muito 56
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape — Grande amigo que saíste! É essa a paga depois do que fiz por ti! – rugiu Severus. —
Por mim!? Diz antes que foi por ti! – retorquiu Avery.
— Greehhh… - Severus bufou a franja com força. – Como queiras, já não quero saber. Seguiram em silêncio até à paragem de autocarro. Saíram na paragem da zona industrial, junto à panificadora. Avery esboçou um sorriso e disse: —
Sabes, eu acho que ela gosta de ti!
Severus engoliu em seco. Coçou o nariz adunco, olhou para o amigo vilmente e rosnou: —
És parvo! Estúpido!
— Estivemos sempre a falar sobre ti. E acho que tu também gostas dela. Vi isso nos teus olhos, quando a beijei! Num ápice, tirou a varinha do bolso encostando-a ao pescoço de Avery: — Não me interessa o que uma menina fútil e mimada pensa ou… sente por mim. E não tens a mínima ideia do que penso ou do que sinto! Mas… Não admito que falem sobre mim nas minhas costas, muito menos tu! —
Calma, Severus! Desculpa! Então? Estas a passar-te… fica tranquilo…
Guardou a varinha no bolso e seguiu a passos largos até ao contentor, seguido de Avery. Não voltaram a trocar uma só palavra nos dias que se seguiram. Severus ficava curioso quando Avery saia sozinho todo boneco. Onde iria? Ao hospital? Esses pensamentos atormentavam-no. No entanto, não queria perguntar-lhe. Mas tinha que saber. —
Voltaste! Foi bom o passeio?
— Já falas comigo? Muito bem… - disse Avery com surpresa – Foi bom. Fui ver a minha mãe. —
E como ela está?
—
Bem. Obrigado por perguntares por ela. 57
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape —
Novidades?
—
Não tenho novidades da Lily!
— E contaste à tua mãe da tua namorada nova! - atirou-lhe, precisava de saber -Que disse ela sobre a Victoria? Avery respirou fundo. Colocou o casaco na cadeira e sorriu para dentro, sem que Severus se apercebesse. Sabia exatamente o que se passava com o amigo. Tinha que ser prudente no seu discurso. — A minha mãe não conhece a Victoria pessoalmente, mas sabe muito sobre ela. Tem a certeza que Victoria é uma excelente rapariga e fará muito feliz o homem que a merecer. – deitou-se na cama de cima do beliche enferrujado, colocou as mãos atrás da nuca e sorriu em sinal de gozo. – E eu partilho dessa opinião. Não te parece? Severus tinha os olhos pregados num livro, para ignorar o ar contentinho do amigo. —
Bem… Se a tua mãe está contente com a tua escolha, eu também!
— Não, isso não. Não está contente com a minha escolha. Queria que eu namorasse com uma feiticeira! Sabes… Eu não namoro com a Victoria se é isso que querias tanto saber! — És insuportável Avery! – gritou Severus, atirando-lhe com uma almofada. No fundo, estava muito mais aliviado. Algumas semanas depois, uma nova bomba cairia aos pés de Severus! A sua amiga colorida e colega de trabalho na panificadora, Rachel, havia descoberto que estava grávida. Segundo ela, de Severus! Rachel era uma rapariga trigueira, de origem latina, com dezassete anos que trabalhava na linha de embalamento da panificadora. Trabalhava desde tenra idade como os seus quatro robustos irmãos e o pai, um velho emigrante rabugento. Tinha o sonho de sair dali, daquela vidinha miserável. Viu em Severus um passaporte para um mundo melhor, quando o ouvia falar nos seus projetos megalómanos. Apesar de terem um acordo sem vínculos ou compromissos pensou que um filho seria suficiente para o amarrar, ou pelo menos para lhe proporcionar uma vida confortável. 58
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O Grande Amor de Severus Snape Porém, a festa não teve os foguetes esperados! Severus recusou qualquer envolvimento, ligação ou contacto com o feto ou com a própria progenitora. Sugeriu de imediato que interrompesse a gravidez. Ele próprio conhecia ervas que fariam abortar. Rachel não aceitou. Era a sua galinha dos ovos de ouro! Para o obrigar a assumir a responsabilidade, contou aos irmãos e ao pai. Severus foi brutalmente espancando pelos grutescos irmãos de Rachel. Conseguiu empunhar a varinha e lançar-lhes um feitiço quase mortal, mesmo sendo proibido pelo ministério da magia, mas estava a tentar defender a própria vida! Conseguiu desembaraçar-se deles e correu como podia, arrastando uma perna, coberto em sangue, chegou ao contentor a fim de fugir com os seus pertences. Avery correu em auxílio do amigo. Outros trabalhadores, familiares da família da grávida, colocaram-se no encalce do rapaz. Batendo fortemente na chapa do contentor, exigiam sangue, no meio de insultos e palavrões. Avery abriu uma pequena caixa preta que guardava misteriosamente. Retirou uma pequena vela preta e um anel com uma serpente e disse: — Toma! É uma vela da Babilónia. Uma vez acesa pensa em Hogsmeade e vai até Shierking Shack. Dá este anel ao meu pai, ele irá proteger-te do Ministério da Magia, por teres lançado um feitiço aos muggles! – Avery coloca as duas coisas nas mãos de Severus e ordena – Vai! Agora! Eu fico bem. — Avery? Quem é o teu pai? – Severus questionava o amigo com o ar mais surpreendido do mundo. Sabia a resposta, mas queria ouvi-la da própria boca do amigo. —
Tom Marvolo Riddle ou se preferires, Voldemort!
Severus acendeu s vela e num ápice, estava no mundo mágico, em Hogsmeade. Procurou quem nós sabemos e fez como Avery dissera, entregou-lhe o anel com a serpente. Voldemort identificou a joia de imediato. Recebeu Severus no seu meio, e precisava de aliados, é sempre bem-vindo mais um Devorador da Morte!
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O Grande Amor de Severus Snape Capítulo 4 Grande parte dos Devoradores da Morte eram seus antigos conhecidos, tinham pertencido aos Slytherin. Não considerava estar entre amigos, mas era o começo possível e que miraculosamente o seu grande amigo lhe proporcionara. Avery! Queria saber como estaria e qual o desfecho daquela horrenda situação. Procurou a mãe de Avery assim que sentiu mais seguro. Mas a velha senhora, não sabia nada do filho desde que ele casara com uma muggle, chamada Rachel. Era óbvio! Tinha assumido o seu lugar! Como um dia poderia ser paga esta tão grandiosa dívida de gratidão? Não sabia como, ainda, mas relembrava-se dessa dívida todos os dias, para nunca cair no esquecimento. Victoria! Lembrou-se ela, discretamente sob o pretexto da falsa doença, viajava com frequência entre os dois mundos. Poderia estar com o Avery e ajudalo em tudo o que precisasse. Assim, nessa mesma noite, com cautela, entrou em Hogwarts pelos claustros, quando todos estavam a dormir. Entrou no quarto de Victoria, sem pedir licença (não podia correr o risco de ser visto). Ela dormia profundamente quando sentiu uma mão a tapar-lhe a boca. Abriu os olhos assustada e viu Severus na escuridão. Ele fez-lhe sinal para não gritar e Victoria acenou que sim, que não iria gritar, cobrindo o seu peito com o lençol. Quando Severus retirou a sua mão, Victoria sussurrou irritada! —
Enlouqueceste?? Que fazes aqui!?
—
Preciso muito da tua ajuda!
— E não podias ter aparecido durante o dia, fazendo-te anunciar como as pessoas normais? Tens que ser sempre bruto? Fazeres o que te dá na gana? — Não posso! Não posso ser visto! Estou metido numas confusões aí e o Avery pode estar em perigo! É por isso que preciso da tua ajuda! —
Está bem. Aguarda ali, junto à secretária.
—
Podemos conversar aqui mesmo!
— Não! Não podemos! Estás todo debruçado sobre mim e eu preciso de vestir qualquer coisa! 61
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape Severus ao repara na posição em que se encontrava, debruçado sobre o corpo meio desnudo de Victoria, sussurrando-lhe ao ouvido, deu-se conta, de que ela tinha razão. Poderia acontecer alguma coisa e este não era de todo o momento para mais inquietações. Severus contou a Victoria o que tinha sucedido. Confidenciou a situação dele com Rachel, o feitiço contra os irmãos dela, a tentativa de linchamento por parte dos outros trabalhadores e o sacrifício de Avery! — É por isso que pensei em ti. Porque podes ir a Londres! Conheces o Avery. Receio que não esteja bem! Victoria estava incrédula com a revelação de tantas atrocidades proferidas por Severus. A escuridão do quarto encobriu-lhe uma lágrima perdida. Se por um lado estava disposta a ajuda-lo, como sempre, por outro… quem era afinal Severus Tobias Snape? Um irresponsável conquistador barato que não assume os seus erros? Um monstro que recusa o direito de nascer a um inocente, vítima da sua frivolidade? Quando entrou em Hogwarts no primeiro ano e reparou em Severus, um rapaz do quarto ano, alto, magro, pálido como a cal. Tinha cabelo preto, oleoso, a cair pelos ombros, com a franja a tapar-lhe os tristes olhos negros. Usava roupas gastas, desalinhadas e curtas. Não era sociável e muito menos popular. Era calado, reservado, estranho. Victoria teve curiosidade de saber mais, apesar do que se comentava entre cochichos. Não queria ser injusta, fazer um fraco juízo do pobre rapaz sem o conhecer. Tentar uma aproximação do nada, sem razão aparente não seria bem vista. Era reservado demais e tinha muito poucos amigos. Alguns conhecidos e o resto eram colegas… era capacho do seu primo Lúcios (aquele que servia para fazer os trabalhos de casa de Lúcios) que estava comprometido com Narcisa Black (arranjos de família) que se colocara à disposição de Victoria para o que ela precisasse. Victoria conquistou a amizade de Narcisa dando o seu apoio incondicional ao relacionamento com Lúcios Malfoy. Para selar a amizade oferecera-lhe uma tiara valiosa e muito antiga pertencente à avó de ambos, Arquiduquesa de Cambridge. Em troca, Narcisa era os seus olhos, os seus ouvidos em todas as circunstâncias. Também lhe contou tudo o que sabia de forma apurada sobre Severus, um rapaz filho de uma feiticeira e de um pobre muggle. O pai teria engravidado a mãe dele por casualidade. Não era uma relação de amor e pior ficou 62
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O Grande Amor de Severus Snape quando soube que a mulher era feiticeira. Viviam num bairro pobre na periferia de Cokeworth O pai era alcoólico e tinha cadastro pelos abusos efetuados à esposa, com quem só casou por causa da criança. Tiveram outro filho, depois de Severus, um muggle sem poderes, que faleceu aos dois anos de idade. O pai começou a beber depois da perda do filho e estava quase sempre desempregado devido ao vício. Victoria que não tinha tido uma infância feliz, conseguia compreender o jeito de ser de Severus que a conquistou pouco a pouco, sem ele próprio saber. Quando por fim, ela tentou uma abordagem, o rapaz sentiu-se mal, chegando mesmo a ficar internado. Foi condenada por isso e tentou liberta-lo do compromisso. A partir desse momento, o jovem adotava comportamentos bipolares: arrogante, violento, abusador ou sensível, meigo, carinhoso. Justificava as suas atitudes pela falta de amor, atenção e sorte que a vida lhe trouxera. Todavia, depois de ouvi-lo, a sua versão romanceada de Severus caíra por terra! —
Queres que o procure nessa fábrica, não é? – respondeu secamente.
—
Sim, por favor.
—
Está bem. Dá-me a morada e algum ponto de referência.
— Mas não quero prejudicar-te! Não corras riscos, está bem! – rabiscou uma folha de papel e entregou-lhe - Aqui tens os dados. Victoria levantou-se colocando o papel num livro de anotações. Severus, subiu na sua direção, rodeou-a com os braços e puxando-a para si, deu-lhe um beijo. — Não podes fazer isso! Tenho namorado. – insistia na mentira, mas desta vez, não para insultar ou fazer ciúmes. Estava determinada a afasta-lo para sempre. — Sim, já ouvi isso antes! Mas não acredito! Fica descansada, eu sei que não és para o meu bico… – disse colericamente – Posso voltar quando? —
Não voltes! Eu arranjo forma de te informar.
—
Não quero recados por ninguém! Eu volto! Para a semana? 63
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape —
Não vais voltar aqui. É o meu quarto! Onde estás a viver?
— Num quarto de pensão, por cima do bar “Pole Wand” em Hogsmeade. Mas não podes ir até lá, não tem boa fama e é perigoso. Eu volto! —
Se voltares aqui, não te vou contar nada! Eu procuro-te lá!
— Está bem! Cuida-te! Olha, fica com a chave do quarto. Eu tenho a varinha, não preciso dela e assim, caso não me encontres, esperas lá dentro. Para não seres vista na rua. Podiam comentar… e dizer ao teu pai, ou ao Professor Dumbledore. —
De acordo. Cuida-te também.
As despedidas foram curtas e secas. Severus ficou intrigado com a indiferença de Victoria. Algo estava diferente, talvez tivesse realmente alguém, um namorado. Não era de admirar que uma rapariga inigualável, meiga, suave, desejável, atraente. Da miúda rechonchuda e pequenina apenas tinha os lindos olhos azuis e o cabelo loiro como o sol. Severus deu por si a contemplar a figura esbelta que tinha observado enquanto Victoria dormia: o contorno sinuoso do seu corpo entre os lençóis, o vislumbre dos seus seios, a cintura delicada. Estava a dar em doido! Além do forte sentimento que nutria por ela, agora estava embrenhado num desejo incontrolável. Seria o seu fim! Pensou em regressar, porém o iminente amanhecer fê-lo repensar. Não poderia ser caçado em Hogwarts. Victoria conseguiu encontrar Avery e, por consequente, Rachel com a sua barriguinha saliente. Apresentou-se como uma parente distante o que não levantou suspeitas, ambos eram loiros e os olhos azuis. Colocou-se à disposição para ajudar Avery em tudo o que ele precisasse: — negócio!
Aceita Avery! Vais ser pai e a mim não me fará falta. Poderás ter o teu
— Vou ser pai… Se fosse verdade! Não importaria, mas estou a pagar pelo erro de outro! Grande amigo… - Avery estava devastado com a situação. Revoltado com Severus. —
Ele está muito preocupado contigo. Eu vi isso!
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O Grande Amor de Severus Snape — Sabes Victoria, só há uma coisa que ele fez de bom, foi pedir-te para vires ver-me Avery segurou nas mãos de Victoria com vigor – O Severus tinha razão devia ter ficado contigo, és inigualável, sabias? —
Olha se Rachel te ouve – repreendeu-o, mas muito corada – Ele dizia
isso? — Sim, por isso nos apresentou! Mas eu sabia que ele gostava de ti e não iria fazer isso a um amigo… devia ter lutado por ti! Não estava agora na situação em que estou! Mas também podia haver a possibilidade de… —
De?
—
Nada esquece… São suposições!
— Não vou forçar-te para me contares, mas sei que queres dizer mais qualquer coisa! — Procura a minha mãe! O Severus sabe onde ela… bem ele pode arranjar um encontro com ela. Não posso dizer-te mais nada agora. Até porque não sei, não tenho a certeza… são suposições! —
Está bem, irei procura-la. E fica descansado que cuidarei dela.
Victoria e Avery despediram-se com um grande e sentido abraço. Victoria regressou antes de levantar suspeitas. Não tinha inventado súbito um mal-estar, apenas uns exames de rotina. Antes de regressar a Hogwarts, procurou Severus na pensão indicada. Bateu à porta, mas ninguém respondeu. Usou a chave, a rua ou o bar não eram locais bem frequentados e poderia originar rumores ou mal-entendidos. No quarto, desarrumado e amontoado, encontrou alguns cadernos com apontamentos que aproveitou para folhear enquanto esperava. Esperou por algumas horas e certamente teria desistido senão tivesse caído no sono. Era já muito tarde quando Severus chegou ao seu aposento. Não sabia que Victoria o procurara e ficou perdido de bêbado no bar. Surpreso, mas ao mesmo tempo inquieto. Com muito cuidado para não despertar a sua deusa, descalçou-se e deitou-se ao seu lado. Não queria dormir, somente permanecer ali ao seu lado, sentindo o seu calor, o seu perfume floral, acariciando levemente o seu cabelo sedoso, o seu rosto, o seu corpo. Sabia que teria notícias de Avery, mas esperar mais algumas horas não faria diferença. Sentia-se tranquilo, uma serenidade raramente sentida em dezoito anos 65
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape de existência. Pouco a pouco foi adormecendo embrenhado num sonho do qual não queria despertar. Os primeiros raios de sol espreitaram pelas frestas largas das portadas da janela. Victoria acordou e deparou-se com o braço de Severus sobre o seu dorso. Num sobressalto, livrou-se do braço e colocou-se de pé, enquanto Severus esfregava os olhos. —
Como te atreveste!? - gritou-lhe Victoria indignada.
— Não quis acordar-te! Era muito tarde, seria perigoso andar na rua de madrugada! —
Estavas encostado a mim!
— Olha não fui eu que te pedi para te meteres no meu quarto, e deitareste na minha cama! Para que o teu pudor não fique exaltado, garanto que não te toquei! Não se passou nada, apenas adormeci! Já te disse uma vez que não sou do tipo que se aproveita de raparigas, mesmo que estejam a dormir na minha cama e no meu quarto! — Pois… Eu vi isso ontem, quando estive com Avery. Lembras-te da mãe do teu filho, Rachel!? — Não me aproveitei dela. Apenas… aceitei o que ela mesmo me ofereceu! Nem sequer fui o primeiro! E pelo desempenho… podia apostar que a conta já era grande! E nem tenho a certeza que esse… feto seja meu! Houve uma pausa entre a conversa acesa que disputavam. Victoria pensou em sair, mas decidiu ficar. Tinha conhecido a fulana e sabia que Severus dizia a verdade. Os ânimos acalmaram em poucos minutos. — Desculpa Victoria se procedi mal… Não quero que me vejas assim! Como um canalha. Nunca iria faltar-te ao respeito! És uma das únicas pessoas em que eu confio. Tu e o Avery! A verdade é que… são as únicas pessoas que tenho no mundo! — O Avery está bem… dentro dos possíveis! Conseguimos inventar um parentesco distante entre nós, para não parecer suspeito aos olhos da… esposa! Foi obrigado a casar com ela e assumir o teu… o bebé. —
Acredita, não fico aliviado com esse desfecho! 66
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape — Ele pediu para cuidar da mãe dele. Chama-se Maggie e mora perto do banco de Gringotts. Sabes onde fica? Quero lá ir! — Eu tenho cuidado dela, não te preocupes. Além disso não é um sítio bom. É bem pior do que aqui. Não podes lá ir! — Não sou uma criança e não tenho medo de zonas diferentes. Não sou uma menina mimada, tipo flor de estufa. — Não foi o que quis dizer. Podes ser facilmente reconhecida ali. O Avery disse-me que o teu pai é cliente da zona. —
Sim, se é perto do banco, claro!
— A mãe do Avery é prostituta! É uma zona de ataque, de bares de alterne, bêbados, proxenetas, viciados… Não é conveniente ires! — Ah… Não sabia. – sentou-se junto de Severus e continuou – Não quero saber. Não sou preconceituosa e quero ir. Prometi ao Avery! E para mim ele tem tanto ou mais valor hoje do que tinha antes de saber da sua modesta origem. Claro que tenho algum receio de encontrar o meu pai. Iria criar problemas. Podes ajudarme? Severus olhou para Victoria com muito carinho. Sem qualquer intenção maliciosa, acariciou-lhe a face com ternura. — Sim ajudo! Eu levo-te lá. Irei arranjar forma de saber que o teu pai não está na zona. – sem vergonha de parecer mais uma vez fraco aos olhos dela, deixou cair uma lágrima – Sabes és muito pura, tens um bom coração! Desculpa nunca ter percebido isso antes… sou uma besta! Fui criado assim… Sem conhecer a generosidade, a doçura, o lado bom das pessoas. Victoria afagou-lhe o rosto, limpou a lágrima e deu-lhe um beijo na face. Sabia que estava a ser sincero, como nunca tinha sido até então. Severus prendeu-a num abraço profundo e ficaram assim por algum tempo, partilhando lágrimas de vidas tão diferentes. —
Tenho que ir, Severus.
—
Eu sei. Eu acompanho-te.
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Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape — Não! Não podes ser visto em Hogwarts. Podiam informar o Ministério! —
Tens razão. Eu aviso-te quando pudermos ir ver a mãe do Avery.
— Fico à espera. Tem cuidado contigo, entretanto – levantou-se e dirigiuse para a porta - É sempre bom voltar a ver-te! Severus sorriu e acenou-lhe. Alguns dias mais tarde visitou Maggie, a mãe de Avery. Colocou-a a par de tudo e que Victoria Grey insistia muito em visita-la. A senhora estrebuchou, não queria, era perigoso! Severus insistiu e ela acabou por ceder. Pediu ajuda a algumas pessoas que lhe deviam favores na zona e conseguiu disfarces para ambos. Feliz com o achado, foi até Hogwarts. Subiu a uma árvore para se manter escondido até o sol desaparecer no horizonte e cair a noite. À hora de jantar, esgueirou-se para o quarto de Victoria e mostrou-lhe os disfarces. O dela tinha uma peruca longa de cabelo preto, um reduzido corpete preto com rendas púrpuras, uma saia curta tigresa e umas botas altas com atacadores. O de Severus resumia-se a um colete e umas calças de couro com uma blusa rasgada. Ainda bem que vestiriam a capa do traje académico, as noites estavam frias. Iriam nessa mesma noite, o movimento era maior o que permitiria passarem despercebidos na multidão. Chegaram à minúscula casa de Maggie que se emocionou muito ao vê-los, principalmente Victoria. — Ó princesa linda! Fazes-me lembrar tanto a tua mãe… - Maggie desfazia-se em lágrimas ao abraçar a rapariga. - Perdoa-me! Perdoa-me… Victoria estava a abraçar uma mulher que nunca tinha visto e que lhe pedia perdão sem saber o porquê. Olhou para Severus que se limitou a encolher os ombros, sem qualquer noção. Maggie recuperou o fôlego e retirou com cuidado a peruca de Victoria. Parece que sabia que escondia por baixo um lindo cabelo loiro. Acariciou algumas mechas e disse: —
És tão linda e preciosa como ela, sabes!
— Bem… já me mostraram fotografias, mas… eu não me lembro dela. Faleceu quando nasci. Conhecia-a!? 68
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape — Ó sim! Éramos amigas. As melhores amigas! – Maggie pegou-lhe no braço e convidou-a a sentar-se – Já fui uma senhorita de sociedade! A minha vida nem sempre foi isto! Mas a vida dá muitas voltas… E a tua mãe faleceu… Um silencio sombrio e triste invadiu a divisão pequena e húmida. Maggie continuou. — Cíbele era madrinha do meu filho, Avery! Enquanto foi viva, nunca tive necessidade de cair nestas andanças… Sempre me ajudou, mesmo à revelia dos tios! — Por falar no Avery… - Severus quis interromper a conversa. Não seria o momento, nem o local de grandes revelações. – A Victoria esteve com ele. — Sim, ele pediu-me para ver como está, do que precisa!? – Victoria olhou ao seu redor e pensou logo que teria de a tirar daquele lugar fétido e da vida que levava para sobreviver. Seria o que a mãe faria se fosse viva e além disso queria saber o restante da história que Severus interrompe propositadamente. — Estou bem, minha querida. Preocupada com ele… - olhou para Severus, como se o culpasse – Eu sei que ele não está bem lá! Mas também não estaria bem aqui! Por muito penoso que fosse para Avery assumir um filho que não era seu, tendo de suportar uma mulher que não amava, num casamento que não desejou, imposto pela família grutesca, ficar no mundo mágico sendo filho de uma prostituta e do demoníaco Voldemort não era melhor! Não podiam ficar por muito mais tempo. Despediram-se de Maggie e misturam-se com os demais na rua. Victoria puxou o braço de Severus de repente e disse baixinho num tom muito aflitivo. —
Olha! Ali ao fundo!
—
O quê? Quem?
—
Aquele anafado com o bigode esquisito! É o meu pai!
—
A sério? É o William Grey? Quero dizer… o teu pai!?
Severus não conhecia o pai da Victoria. Pelo que ouvira falar dele, era um homem que subiu a pulso na vida, começando como entregador de legumes. 69
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O Grande Amor de Severus Snape Imaginava-o alto, encorpado, com um ar majestoso. No entanto, via um homem gordo, baixinho, calvo e com um bigode ondulado e comprido. Lembrou-se de uma conversa com Avery, em que ele dizia que o Sr. Grey não devia de ser o pai biológico de Victoria. Estava perdido nesse pensamento quando ela o chamou novamente à atenção. — Ele vai reconhecer-me! Vamos voltar à casa da mãe do Avery! Que faço? – Victoria estava em pânico, tremia como varas verdes. —
Calma. Estás disfarçada e ele não me conhece!
— Olha para a minha cara Severus! Achas que uma peruca e maquilhagem são o suficiente para um pai não reconhecer a própria filha? Os outros podem confundir-se, mas não ele! —
Calma! Deixa-me pensar…
Severus olhou para o homem que caminhava na direção deles. Olhou para Victoria e de facto não estava diferente. Sem pensar duas vezes, rodopio-a para que ela ficasse de costas para o pai. Colocou os seus braços à roda da cintura dela e puxou-a para si, envolvendo-a num longo beijo apaixonado. Victoria que ficou estática no início (entre o pânico de ser descoberta pelo pai num lugar proibido e ser descoberta aos beijos a um rapaz no mesmo local), acabou por se esquecer do que a aterrorizava e correspondeu ao seu beijo, intenso, inflamado. Não como os outros beijos roubados, este era um beijo quente, arrepiante que percorria todo o seu ser. Todo o seu corpo se envolvia nos lábios ardentes de Severus, que mal conseguia controlar a respiração. Todo ele também estava embrenhado naquele beijo, apertando-a com desejo, como se fossem um só. Quando pararam para repor o fôlego, fixaram o olhar um no outro ouvindo a respiração ofegante de ambos. Nenhum quis interromper o momento com palavras inúteis. Não eram necessárias. As mãos transpiradas de Severus percorriam todo o corpo de Victoria que não resistiu em pedir-lhe outro beijo, juntando os seus lábios aos dele. Uma luz tênue começara a romper a escuridão da noite. O dia iria amanhecer dentro de uma hora. Tinham que voltar à realidade e por termo à loucura que os envolvia. Aperceberam-se que estavam sozinhos na rua e que tinham perdido toda e qualquer noção do tempo e do espaço. Partiram em silêncio. Chegaram a Hogwarts com o amanhecer. Despediram-se junto ao jardim apenas com um beijo 70
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O Grande Amor de Severus Snape mais sereno. Victoria guardou a peruca dentro da capa bem fechada para não se notar o vestuário ousado e desalinhado que trazia. Severus seguiu, meio zonzo, tonto, extasiado! Não queria pensar no poderia acontecer no futuro. Nunca tinha sentido por ninguém o que sentia por Victoria. Nem mesmo por Lily, o seu grande amor de infância. Nenhum beijo que tinha trocado com Lily poderia ser comparado com os beijos daquela noite. Lily Evans foi o descobrir de um sentimento, uma amizade profunda que se tornou num amor juvenil. Foi a sua primeira namorada, o primeiro beijo, a primeira noite de amor, mas também a primeira traição, a primeira grande desilusão. Victoria sempre fora diferente em todos os aspetos. Ela deixava-o sempre com as emoções à flor da pele. Tudo o que ela fazia sentir era intenso desde a repulsa ao ódio, raiva, ciúme, carinho, paixão, desejo, amor. Não poderia comparar as duas! Era como distinguir o melhor de dois vinhos de castas diferentes. A única certeza é que Lily estava mais acessível, mesmo estando noiva e Victoria era uma miragem, um sonho impossível. Tinha consciência do fosso existente entre eles desde o berço, os status sociais, o poder económico. Para mais os recentes acontecimentos não abonavam a seu favor: um filho indesejado, era procurado pelas autoridades policiais no mundo dos muggles, foragido ao Ministério da Magia. Era um marginal que vivia escondido numa espelunca que mal podia pagar, dinheiro que ganhava desonestamente fazendo serviços sujos como Devorador da Morte para um demente como Voldemort. Que poderia oferecer-lhe? Alguns beijos tórridos? Umas noites de amor? E depois a vergonha, a desonra, uma vida de miséria e medo? Isto tudo se não fosse assassinado a mando do Sr. Grey, um muggle poderoso e abastado em ambos os mundos! Era uma relação condenada! Só igualada à da sua bisavó e do muggle Severus… Que ironia, poderia ser uma maldição do anel, ou do nome Severus! Teria de por termo àquela loucura antes que fosse demasiado tarde. Mesmo que isso lhe rompesse a alma, destruísse o coração, tinha que fazer alguma coisa para protege-la de compartilhar o seu infortúnio. Sabia que senão a procurasse dentro de pouco tempo, Victoria ficaria em cuidados e iria à sua procura. Tinha que pensar em algo cortante e agir depressa. Uma ideia absurda surgiu, tinha que ter alguém na sua vida, mesmo que fosse uma fachada temporária, uma mentira. Teria que causar-lhe uma grande desilusão! Era isso! Mas não poderia ser uma pessoa qualquer, como Rachel. Tinha que ser alguém que a Victoria conhecesse e parecesse verdadeiro. Lily! 71
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape Procurou Lily na Farmácia na Diagon Alley. Sabia que ela trabalhava lá. Fazia poções, medicamentos, perfumes, sabonetes. Esperou-a na moita, perto do horário de saída. —
Lily!?
—
SEV!? Que fazes aqui? Que queres?
—
Preciso de falar contigo! Por favor!
—
Não!
—
Por favor! Por tudo o que vivemos juntos!
— Não quero lembrar-me disso! E agora vai-te embora, não quero ser vista contigo. James trabalha no Ministério! Contou-me que andam à tua procura! E tu trabalhas para aquele nojento do Voldemort! — Lily! Não queiras saber o inferno que tem sido a minha vida desde que me traíres? De me abandonares? Depois de tudo o que fiz por ti! Quando fui eu que… — Cala-te! Como te atreves?? Estou noiva! Noiva! Ouviste? – Lily empunhou o seu grande anel de noivado, com um resplandecente diamante. — E achas que é uma porcaria de um anel que limpa o teu passado? Sabes bem o que fiz por ti! Ele sabe? O Potter sabe? —
Estás a ameaçar-me?
— Não Lily não estou. Jurei que nunca o faria em nenhuma circunstância! E tu sabes que o poderia ter feito quando me traíste e não o fiz! Nunca o farei! Quero só que recordes que fomos amigos, cúmplices, namorados, amantes, noivos! —
Está bem! Mas não podemos falar aqui! Onde moras agora?
—
Diz tu! Vou ter contigo.
— Nem penses! Estou noiva! Diz lá onde estás, eu arranjo forma de ir quando puder.
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O Grande Amor de Severus Snape — Hoje à noite! Tenho um quarto na pensão, junto ao bar “Pole Wand”, em Hogsmeade. —
Hum… Onde chegaste…! Estarei lá às oito.
Severus não ficou incomodado nem surpreso com o comentário de Lily. Conheciam-se muito bem e não tinham segredos. Ele sempre enumerava os prémios, as honras que ia receber quando fosse um famoso e rico feiticeiro. Ela também tinha planos, casar com um feiticeiro famoso e rico ou de família abastada. Se Severus tivesse triunfado no seu propósito, seria perfeito! Lily, pontual como sempre, batia na porta do quarto, quando Severus apareceu do fundo do corredor em tronco nu, cabelo molhado, e só uma pequena toalha à cintura. —
Isso são trajes quando esperas visitas? És impossível!
— Trabalhei até tarde. Não é nada que não tenhas visto antes, pois não! – Abriu a porta e ordenou - Entra, falamos lá dentro. —
Pronto, diz lá o que não pode esperar.
—
Preciso de um favor.
—
Logo vi. – Lily abriu a sua bolsa e perguntou - Quanto precisas?
—
Não é dinheiro! Mas obrigado na mesma. Senta-te.
— Na cama? – revirou os olhos, mas aceitou porque não via outro sítio decente. Descalçou-se e sentou-se sobre as pernas, em pose provocadora. Lily que parecia ser a personificação da castidade, um lírio puro e imaculado, tinha um lado que só o seu melhor amigo conhecia. O confidente que a ajudou quando mais precisou. Quando tinha 15 anos, depois de uma festa, deixou seduzirse por Sírios Black, um conquistador barato, um criançola que agora era o melhor amigo do seu noivo. Na época, Lily ficou grávida e o sedutor não quis assumir qualquer responsabilidade e foi Severus que a ajudou, muito embora, nessa altura estivessem relações cortadas. Lily não queria ser mãe solteira, voltar para casa dos pais e viver com a irmã. Foi Severus que pediu à mãe de Avery umas ervas proibidas para fazer uma poção com açafrão das índias, para provocar um aborto. Ficou ao seu lado durante todo o tempo, sem reclamar, só consolando-a. 73
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape — — camisa.
O que é isso um convite? – inquiriu Severus. Porque não! Só estamos nós os dois! – Lily começou a desabotoar a
— Não Lily! – Severus aproximou-se numa tentativa de voltar a vesti-la – Não tenho disposição! — Hum… - A rejeição, incrementou ainda mais o entusiasmo. Retirou mais algumas peças de roupa e tentou beija-lo, enquanto lhe tirava a toalha – O que foi… Quem é ela? Já me esqueceste… Sev? tenta resistir… — Lily! Lil… - De facto, era impossível resistir-lhe, mesmo que o seu coração pertencesse a outra. Envolveram-se uma vez mais, como amantes sedentos. Não ouviram bater na porta e muito menos quando a porta abriu. Um ruído metálico devolveu-os à presença que se impunha. Victoria colocou a chave que ele lhe cedera semanas antes, em cima de uma pequena mesa à entrada. Severus e Lily, cobriram o corpo com um lençol. Victoria preparava-se para sair dali (não queria ficar nem um segundo mais), quando disse: — — Espera!
Desculpem! Só vim devolver uma coisa. – abriu a porta e saiu. Espera! Victoria!! – voltou a enrolar-se na toalha e saiu atrás dela –
—
Só vim devolver a chave, não vou precisar mais.
—
Mas ficamos de ajudar a mãe do Avery!
— Sim eu sei. Vinha dizer-te que já tratei disso! Ela vai ficar na minha casa, na Villa. A casa que era da minha mãe. Podes procura-la depois. – o desânimo, o desalento, as lágrimas de um coração partido eram denunciadas na sua voz apagada. – Desculpa a indiscrição. Severus voltou ao quarto sem palavras. Começou a vestir-se quando Lily o chamou à atenção. —
É ela? Com quem andas agora? A menina rica! 74
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O Grande Amor de Severus Snape — Não! Claro que não! – teria que justificar para não levantar suspeitas – Ela tinha a chave porque ficamos combinados em dar-me um recado e poderia ser reconhecida lá fora. Sabes quem é o pai dela, não sabes!? —
Um recado? E estarias em toalha à espera dela?
— Não! A esta hora já costumo estar vestido! – tinha que ser convincente, abraçou-a e continuou – Estava de toalha à tua espera! Sabes que só tenho olhos para ti! Não sejas ciumenta. — Está bem, também não a imagino interessar-se por ti. É do tipo que não se mistura com feiticeiros… como tu! Mas estou muito preocupada. O Sírios é muito amigo dela! Acho que eles andam juntos. Ouvi uma conversa entre ele e o James que lhe dizia que ela muito nova para ele. —
O Sírios Black? Aquele pulha!
— Sim, esse mesmo. Também já os vi juntos muitas vezes. Tenho receio que conte. Quero casar com o James! — Como!!? – a fúria, a raiva consumia-o. Um ciúme doentio invadiu a sua mente só de imaginar Victoria nos braços daquele canalha. Gritou – NÃO! Não vou permitir outra vez!! — SEV! Não vou deixar o James por ti! Desculpa, mas não posso! – Lily estava convencida que o ciúme era dirigido a si – Sabes o quanto gosto de ti, mas seria um erro ficarmos juntos! Não seríamos felizes. Mas podemos ver-nos, aqui quando quiseres! Já agora qual era o favor que querias? Severus tinha inicialmente pensado em pedir à Lily que se passasse por sua namorada. Mas por acaso do destino, já não era preciso. Não tinha planeado envolver-se com Lily, e ainda estava chocado por ela o ter provocado, entregandose por completo, já que estava noiva. E curiosamente, Victoria tinha surgido sem avisar. A única parte boa é que não teria de revelar nada a Lily e Victoria ficaria longe do seu desejo. Agora só precisava de uma desculpa para responder à Lily. — Quer dizer… quando te fartares da cama do teu noivo… vens enfiarte na minha? Quem és Lily!? Já não preciso nada de ti. O favor era um pretexto para estarmos a sós! Mas já vi que foi perda de tempo… — Não sejas pudico! Tem juízo! Trocar o James por ti… até quando? Até ires para Azkaban?? 75
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape Severus ficou mudo. —
Desculpa. Sev…
—
Tudo bem Lily! Eu sei quem sou. Tens razão.
—
Olha e a mimada, não vai dizer nada?
— Não! Não vai! Eu falo com ela, quando a for ver a mãe do Avery. Agora trabalha para ela. Era esse o recado. O Avery está metido em problemas e pediu à Victoria para cuidar da mãe dele. —
Ela também é a amiga do Avery? Muito me contas…
—
Não é para contares a ninguém!!
— Sim, claro! Só fiquei admirada ela dar-se com o filho de uma prostituta e ainda por cima, emprega-la. No dia seguinte, procurou Victoria no seu quarto. Estava em aulas, por isso esperou e aproveitou para espiolhar tudo em busca de indícios de romance entre ela e Sírios. Victoria chegou e apanhou-o a remexer nas suas coisas. — Posso ajudar? Procuras alguma coisa em especial? – perguntou Victoria muito zangada. —
Não. – Severus foi apanhado em flagrante. Não tinha desculpas.
—
Então que fazes aqui e a remexer nas minhas coisas?
— Procurava… um papiro! Sim um papiro para te deixar uma mensagem. Para te pedir que não contes nada sobre a Lily e eu… —
Não precisas de pedir. Não vou contar nada!
— Obrigado! E olha… tem cuidado com o Sírios! Contaram-me que têm sido vistos juntos! Ele não presta! — Contaram-te… foi ela! A puríssima Lily! – resmungou - Não gosto que fales assim sobre ele. Não é primeira vez que o fazes. Deixa-o paz! Eu gosto dele! — Como assim!? Gostas dele?? – Severus sentiu o sangue a ferver-lhe nas veias, aproximou-se dela e berrou – O que há entre vocês? Andam juntos? 76
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape —
Nada que seja da tua conta! Agora sai daqui!
— Andas com ele, com o porco do Sírios Black? Sabes o que ele fez a uma miúda de tinha quinze anos como tu? Queres saber como a seduziu? — Achas-te muito diferente dele? Já te olhaste ao espelho? Não tens moral para o julgar! Agora vai! Vai ter com a tua… amiguinha deve estar nua na tua cama, à tua espera! —
Estás com ciúmes, não estás?
—
E tu também! Por isso vieste revistar as minhas coisas!
— Eu não estou com ciúmes. Não tenho nada contigo! Não quero ter nada a haver contigo! Só estava a tentar avisar-te! — Recado dado! E sim, é verdade. Eu e o Sírios andamos juntos! Ele pelo menos não tem que se esconder! E beija muito melhor do que tu! — Como queiras! Não te queixes depois! Adeus! – Severus saiu e bateu com a porta. — Vai animal! Pelo menos o Sírios não é um covarde! E é muito mais homem do que tu! – bradou Victoria consumida pelo ciúme. Severus ficou a bufar pelo nariz que mais parecia um touro enraivecido. Os seus olhos destilavam veneno! Voltou rapidamente ao quarto de Victoria. Estava louco! Pegou na miúda e atirou-a para cima da cama. Pôs-se em cima dela, beijando-a e amarrotando-lhe a roupa. Victoria debatia-se contra ele: —
Severus! Não podes fazer-me isto. Pára! Não quero! Estás a magoar-
me! — Não queres saber como é o teu amado Sírios? É assim que ele trata as raparigas ingénuas como tu! — Eu sei! Eu sei o que ele fez à Lily. Ele contou-me! Mas tu não podes fazer-me isto! Não podes! Por favor, peço-te! – Victoria chorava enquanto Severus lhe segurava nos braços e estava por cima dela. – A Lily esteve com ele porque ela quis e tu sabes disso. Não me faças isto a mim! Nunca te perdoarei! Nunca!
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Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape Severus parou de imediato. Não queria molesta-la, somente assusta-la! Mas no fundo, queria-a para ele, desejava-a como um louco! — Não ia aproveitar-me de ti! Só queria que soubesses como a Lily se sentiu nas mãos desse filho da… mãe! Aquele canalha que defendes tanto! Um crápula da pior espécie. Não tem perdão! —
Sai daqui Severus! Não te quero ver nunca mais! Nunca mais!
Estonteado, murmurando impropérios pela floresta, Severus revoltava-se consigo próprio. Quase cometera um crime, uma canalhice sem precedentes. A vontade de estar com Victoria, o desejo de possui-la sobrepunha-se a todos as suas vontades, necessidades. Ela mexia com ele desde sempre. Tinha que a esquecer! Matar tudo o que sentia por ela. Mas nada na sua vida fora tão sublime e tão intenso como os beijos de Victoria.
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O Grande Amor de Severus Snape
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O Grande Amor de Severus Snape Capítulo 5 Os meses passaram rápido. Rachel deu à luz um rapagão, forte e robusto como a sua família. Victoria foi visitar o recém-nascido com Maggie, a mãe de Avery. — Gostava que fosses a madrinha do menino! – pedia Rachel, babando a menina rica – Afinal és prima do Avery! Podes escolher o nome. Pega-lhe! —
Victoria pegou no menino e lacrimejou. Era lindo!
— Pode ser Edward? Quer dizer guardião! É sobrenome de solteira da minha mãe! —
Claro que sim! Fica Edward então! E aceitas ser a madrinha? Diz que
—
Sim, claro! Será uma honra! Obrigada Rachel.
sim!
Victoria percebeu quais eram as verdadeiras intensões de Rachel, tinha muto interesse em tirar benefícios em proveito próprio dessa relação. Mas ela nem se importou, tinha sido marcada por aquela criança assim que o sentiu nos braços. Era filho do seu grande amor. E sentia-o como se fosse seu. — padrinho!
Tens namorado? Podes traze-lo para o Baptizado! Pode ser o
— de Avery.
Rachel e os teus irmãos? Talvez gostassem de ser? – perguntou a mãe
— Nenhum quer ser… Ninguém gosta do crápula do pai do puto! – respondeu asperamente Avery, o pai putativo de Edward. — Avery… Por favor… - Rachel retirou-se da sala. Sabia que o forçado marido não engolia o facto de ser pai de um filho de outro. —
Eu trago alguém, não se preocupem.
—
Espero que não seja o Severus!! – vociferou Avery.
— Não. Fica tranquilo, estava a pensar no Sírios Black, se não te incomodar. E… Há muito tempo que não sei nada do Severus… Não é que o 80
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O Grande Amor de Severus Snape defenda, mas acho que o Severus deveria estar presente no Baptizado do Edward… Pelo Edward! —
Avery levou as mãos na cabeça em desespero. Exalou e disse:
— Queres vê-lo, não é Victoria!? Não respondas… eu sei! Esta bem, podes convida-lo, desde convites o Sírios para padrinho! Não sou interesseiro como Rachel, não é pelas prendas… —
É só para o provocares! Eu sei Avery! O Severus odeia o Sírios!
Avery, senta-se junto de Victoria, demasiado perto. Ela retraísse e afasta-se num salto. Avery tranquilizava: — Não tenhas receio… Não queria fazer nada, só… Olhar para ti! A minha mãe não te contou ainda? —
Contar o quê!?
— Somos irmãos! Quero dizer, meios-irmãos, por parte de pai… é uma longa história e muito difícil de contar. Mas somos irmãos… Por isso nunca me aproximei de ti, como gostaria. Como quero! —
Avery!? O que estás para aí a dizer!? És filho do meu pai?
—
Não. Tu é que és filha do meu pai, nosso pai! Tom Riddle! Ou…
— Voldemort!? – Victoria ficou possessa perante a revelação - Conta-me Avery! Exijo que me contes tudo o que sabes… Não queiras ver o outro lado da… — Guardiã? Sim eu sei disso também! Sei tudo sobre ti! Sempre soube… tudo! Até que estás apaixonada pelo Severus desde que entraste em Hogwarts. Eu via-te a olhar para ele… Ele não te merece Victoria! Fica longe dele! Era o que deveria ter feito… Ele é cáustico, corrói tudo à sua volta… é como o nosso pai! Victoria permaneceu em silêncio enquanto Avery lhe revelou o que sabia acerca do pai de ambos, da morte de Cíbele Edwards, sua mãe e também sobre Severus. Correram rios de lágrimas, a dor e a alegria partilhada com a descoberta. — Estou feliz por seres meu irmão Avery! Não podia ter um melhor! E isso é a única coisa boa dessa… história macabra que me contaste. 81
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O Grande Amor de Severus Snape — Feliz!? Eu não fiquei nada feliz! Se não fôssemos irmãos… andas com algum deles? Severus ou Sírios? — Não Avery! Com nenhum… O Sírios é meu amigo, como um irmão mais velho, como tu! – afagou o rosto de Avery com ternura – Agora tenho dois irmãos mais velhos! E não… Não tenho nada com o Severus, até porque… - queria contar-lhe que ainda se encontrava com Lily, mas não podia. —
Porquê? Ele fez alguma coisa? Tentou alguma coisa contigo?
—
Não! Ele tem alguém… Uma mulher casada!
—
Vês! Deve ser a… Lily! Não presta! Afasta-te dele!
— Tenho que ir Avery, não posso ficar “doente” por mais tempo! Venho para o Baptizado! Voltou para o mundo mágico. Ficou na casa da Villa e enviou uma coruja a Severus. Ele costumava procurar a mãe de Avery, sabia entrar na casa sem ser visto. E queria vê-lo! Contar-lhe do seu filho! De como gostaria que fosse… dela. Transfigurado em morcego, entrou pela janela da sala. Victoria esperava-o com inquietação. —
Olá! Como estás?
—
Estou bem, e tu!?
— Surpreso com o convite… disseste-me que… Nunca mais me querias ver! E com toda a razão, fui um… canalha, uma besta! – Severus flagelava-se pelo seu comportamento deplorável – Perdão! — Não pedi para vires até cá para falarmos do passado. Não sei se mereces perdão… Não quero falar disso agora. Estive em Londres. Fui ver o teu filho! —
Filho do Avery… E daquela… moça.
— Sim. Pediram-me para ser madrinha dele e eu aceitei. Chamei-lhe Edward! É um lindo rapaz!
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O Grande Amor de Severus Snape — Claro que te convidaram para madrinha… a Rachel é muito… oportunista! Vê-te como uma fonte de rendimento… — Como tu já viste um dia! Lembraste? Quando pediste para me dares aulas, porque precisavas muito… para resgatar um anel para a Lily! — Foi o Avery que te contou, não foi!? Pulha! – cerrou os punhos com força, depois olhou para a bela Victoria e relaxou – Mas disseste que não querias falar passado. — Sim, é melhor não. Bem, chamei-te para te convidar para o Baptizado. Tenho a permissão dos pais e a garantia de que ninguém te tratará mal. Tenho a palavra deles que nenhuma autoridade policial será informada. Vais estar presente? — Depende… quem será padrinho? Sírios Black? Como no casamento da Lily? Onde estravas de braço dado com ele? — Pois… o casamento da Lily! Continuam a ver-se, presumo… Não estiveste lá, por isso, alguém te contou! — Eu vi! Andam juntos… Eu vi! Ninguém precisa de me contar nada… falas tu da Lily! A discussão não estava a fazer qualquer sentido! Parecia um arrufo de namorados! Algo que nunca foram! Somente partilharam momentos… lágrimas, tristezas, beijos apaixonados, ciúmes… — Severus! - gritou-lhe – Quero que volte a serenidade e a confiança entre nós! Não somos e nunca fomos namorados para estarmos com ciúmes e a cobrar algum tipo de justificação ou fidelidade um do outro! Apenas aconteceram alguns beijos… só isso! Severus mordeu os lábios e olhou-a vorazmente, pensando por dentro:” Alguns beijos? Só isso? Grehhh..! Como podes dizer isso! Por acaso sabes como estou louco por ti, sabes!? Morto de ciúmes!? Doido para te amar, louco para te ter nos meus braços! Para fazer amor contigo! Não… Não sabes!”. — Como queiras! Eu não vou a esse Baptizado. Adeus! – rodopiou e o morcego voou pela janela.
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O Grande Amor de Severus Snape No dia do Baptizado, Severus apareceu para a surpresa de todos os presentes. Avery ficou muito fulo assim como Rachel e a sua família. Maggie estava contente, embora não tivesse muito apego ao bebé. Victoria apareceu de braço dado com Sírios Black. Eram os padrinhos do menino, Edward, um menino bonito, pele trigueira, cabelos pretos e olhos escuros, como o pai. Victoria pegou-lhe ao colo e ficou muito emocionada. Severus observava-a de longe. Não se aproximou dela uma única vez. Por ciúme, por despeito e pela falta de coragem. Avery fez questão de dizer que não era o progenitor da criança e mãe nem se importou. Anunciou que o verdadeiro filho iria nascer em breve, Rachel estava grávida novamente. Severus desapareceu de fininho, lamentando o triste destino do filho. Maggie, ficou a viver com Avery para tomar conta das crianças. Rachel teve mais um menino, mas este de Avery. Aparentavam estarem felizes, ainda por mais porque tinham o seu próprio negócio. Finalmente tinham tudo o que tanto desejaram, uma vida desafogada, uma família, uma casa. Lily tinha também concretizado o seu sonho. Casou com James Potter e aguardava o nascimento do primeiro filho. A maternidade devolvera-lhe o brilho e a inocência da juventude que havia perdido. Perdoou a Sírios pelo passado e até lhe pediu que fosse o padrinho da criança quando nascesse. Sírios aceitou de bom grado, era uma forma de se redimir e livrar-se do sentimento de culpa, além de ser filho do seu melhor amigo. Sírios Black não era um tipo sem escrúpulos, apenas um bom apreciador dos prazeres da vida que não queria qualquer tipo de compromissos. Trabalho, casamento, filhos eram fardos que não queria suportar. Vivia da herança dos pais, tinha as mulheres que queria, vivia em festas, jogatanas, noitadas. Em reuniões formais era sempre visto com Victoria. No entanto, quando James e Lily lhe perguntavam se eram namorados, ele respondia alegremente “Somos só amigos! Por enquanto…”. Victoria estava a terminar o último ano em Hogwarts. Preparava o grande sonho para breve. Iria fazer dezoito anos e seria livre para fazer o que quisesse. Principalmente ficar longe do mundo mágico! Longe de Hogwarts, do pai fictício, longe de Voldemort e longe de Severus!
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O Grande Amor de Severus Snape À revelia do suposto pai, com o auxílio do seu médico, Dr. Alex Cruber, já tinha efetuado os pré-requisitos na faculdade de medicina. Sírios também a ajudou a movimentar parte da sua fortuna que tinha no banco de Gringotts, para um banco em Londres. Mesmo atingindo a maioridade, temia que o William Grey colocasse algum entrave aos seus objetivos. Severus… levava a vida de sempre. Um trabalho que odiava para um monstro hediondo, vivia agora numa casa da periferia, muito modesta, mas tinha um teto. Não tinha relacionamentos estáveis, só aventuras esporádicas. Continuava a ser procurado pelo Ministério da Magia, porém já tinha resolvido a situação no mundo dos muggles. Maggie suplicou a Rachel para que ela e os irmãos retirassem as queixas junto das autoridades policiais. Apelou ao coração e, de facto, Rachel concordou que se tivesse ficado com Severus, certamente teria sido muito infeliz. Mas não o queria perto do seu filho, Edward. Para todos os efeitos era de Avery, o homem que ela aprendeu a amar. Assim, Severus já podia visitar a casa onde cresceu, muito embora a mãe tivesse falecido e o pai estivesse internado num lar de idosos, depois de um acidente, que o deixou paralítico, preso a uma cadeira-de-rodas. Mas sempre era uma referência, bem ou mal era o local em que teve uma família. Tornou-se mais fechado, frio, distante, taciturno. Misantrópico, sem família, sem amigos, sem ninguém! Vivia só com as suas amarguras e frustrações. Não voltou a estar com Lily nem com Victoria. Fora convidado para o casamento de Lily e James, mas não poderia estar presente a ver o seu grande amor de infância a jurar fidelidade e amor eterno ao seu odiado rival. Muito mesmo quando soube que Sírios Black seria o padrinho de James, a quem nunca perdoou o que fizera a Lily. Acompanhou o acontecimento de longe, na surdina. Pior ficou quando viu Victoria de braço dado com Sírios, como se fossem um casal. Como se um raio o cortasse ao meio, desapareceu de imediato, rosnando, destruindo tudo o que encontrava pela frente, brotando toda a raiva, o ódio, a inveja. Lily pertencia ao seu passado, mas Victoria ainda era uma ferida aberta no seu coração. Voldemort mandou chamar Severus. Tinha uma missão muito peculiar para ele.
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O Grande Amor de Severus Snape — Ah, Severus! Quero que vigies bem de perto umas pessoas… - disse o senhor das trevas com o seu olhar demoníaco. – O que fazem, o que comem, o que bebem. Todos os passos! —
Sim. Claro meu senhor. Estou aqui para servi-lo. E quem são?
—
Sírios Black e Victoria Grey. Presumo que deves saber quem são!?
Um soco no estômago! Claro que sabia, oxalá não soubesse… — E posso saber porquê, meu senhor? Isto é… - tinha que ser cauteloso, Voldemort era esperto e não podia desconfiar do seu interesse pessoal – Para saber mais concretamente de que tipo de informações precisa. — Eu disse! Não ouviste! TUDO! – grunhiu irritado com a pergunta – Lava esses ouvidos sebentos de manhã. Deve ser essa gosma que tens no cabelo que os tapa! Severus não podia mostrar-se ofendido, embora estivesse. Tinha que ludibriar a besta como sabia fazer, dissimuladamente. — Perdão senhor! Só pretendia ser auspicioso no meu trabalho! Farei como ordena. Algo… mais? — Espera! – ordenou. Voldemort tinha confiança em Snape, e não podia faze-lo com outros – Severus… é um assunto muito delicado e como sempre espero de ti a máxima discrição. — Senhor, sempre tentei demonstrar a minha lealdade e o quanto sou grato por me ter recebido. —
Sim… Bem sei… E é por isso que te escolhi para esta missão!
—
Muito honrado, meu senhor…
— Espera! Não terminei – fez uma longa pausa e continuou - Contaramme que ouviram o Regulus Black a dizer que o irmão Sírios esteve no banco de Gringotts a movimentar uma fortuna em ouro… do cofre de Cíbele Edwards… Grey… A falecida mãe da Victoria Grey! “Ladrão! Gatuno! Sírios anda a roubar a Victoria, por isso estão sempre juntos”, pensava Severus. 86
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O Grande Amor de Severus Snape — Muito bem, começarei a investigar por aí… um ladrão deixa sempre pontas soltas… — Espera! Pois bem… quero saber o que ela pretende fazer com esse ouro! Não se trata de um roubo! – Voldemort viu na expressão confusa de Severus que tinha de ser mais específico, se queria resultados. – Victoria Grey irá fazer dezoito anos dentro de seis meses… e terminará o ensino em Hogwarts! Ficará livre do nojento criado de legumes e também do aprisionamento de Albus… Dumbledore. Quero saber o que está a pensar em fazer a seguir… sabes quem ela é? — Há rumores… que esconde um segredo – Severus não ia revelar que Avery lhe tinha confidenciado sobre a Guardiã, mas tinha que parecer esperto para continuar a fazer parte da missão, que começava a tornar-se interessante. — Sim… Também! Quero dizer, além de ser a Guardiã do portal entre a vida e a morte… Severus encolheu os ombros. Estava desprevenido, que mais desconhecia da vida de Victoria? Só sabia por alguma razão do destino, os caminhos de ambos acabavam sempre por se cruzar, mesmo sem quererem. — Sabes… - Voldemort estava visivelmente transtornado – Ela também é minha filha! As descobertas sobre o passado de Victoria pareciam retiradas da caixa de Pandora. Que mais poderia sair dali? — Deves pensar que sortudo que sou! Um animal sarnento que não quis saber dos filhos!? – continuou a grunhir – Pois bem! A história não é assim! Tiraram-mos! Esconderam-nos e a culpa é daquela cadela! Aquela vaca da Maggie e do nojento do criado das hortaliças! E como todo o vilão atormentado pelos fantasmas do passado, começou o monólogo (ao qual Severus estava visivelmente recetivo em ouvir): — Já fui jovem, como tu. Com sonhos, ambições, vontades! Depressa percebi que para atingir os meus objetivos tinha que escolher o lado negro da magia! Tornei-me grande, temido e perseguido. Nunca tive muitos escrúpulos, é verdade! Mas conheci Cíbele e o lado negro começou a perder o sentido. A pouco a pouco conquistou-me e quis mudar por ela. Entreguei-me a Azkaban! Queria 87
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O Grande Amor de Severus Snape saldar as contas do passado para ter lhe dar uma vida digna de respeito, para não se envergonhar de sair comigo à luz do dia. E por ela… entreguei-me às mãos dos Dementors, às masmorras daquela prisão fedorenta… E quando regressei anos depois ela, que jurou esperar-me, estava casada com um porco, o entregador das hortaliças! E ainda por cima com a minha filha, sendo apelidada filha dele! Dum muggle nojento! – Fez uma longa pausa e continuou – Perdi a cabeça… cometi o único erro do qual me arrependo! E a culpa foi daquela cabra mal-amada, despeitada porque nunca a quis… sabes… sabes o que é ter filhos e ser obrigado a viver longe deles? Sabes? Severus, atordoado com tantas revelações, nem sabia o que responder. Não podia dizer que partilhava esse sentimento, que tinha um filho longe, porque essa criança estava a ser criada por Avery, filho do mestre das trevas! —
Lamento senhor… não sei.
— IDE! Quero informações com urgência!! E… tudo isto é sigiloso. Sabes não sou muito… misericordioso, por isso… guarda silêncio para bem da tua vida. Não gostaria que… tivesses um destino… trágico! Atónito, foi no encalce de informações, espionando e registando todos os passos de Sírios e Victoria. E fazia o trabalho com ânimo, com interesse pessoal. Que pretenderiam os dois? Fugir juntos e viveram um romance no mundo dos muggles? Esse pensamento assolava-o! Não queria ver a sua amada nos braços do pulha Sírios Black. No seu íntimo, não a queria ver com ninguém! Afastou-se no passado para não a fazer sofrer, ele não lhe traria nada de bom, mas não conseguia esquece-la! Por mais que quisesse, por mais que tentasse… era como uma maldição. Parecia a história de Voldemort e não queria que se repetisse. Muito menos tornarse num monstro hediondo, odiado por todos. Começou a sua tarefa vigiando o boémio Sírios. Era fácil! O bonacheirão era despreocupado e tal como uma lesma, deixava rasto por onde passava. Como pensou, o ouro foi movimentado para um cofre num banco londrino. Depois, foi a Hogwarts. Meteu-se à socapa no quarto de Victoria durante o período das aulas, correndo menos riscos de ser encontrado por ela. Não estava preparado para um confronto! Vasculhou gavetas, armários, cadernos, livros. Não encontrou nada relevante. Talvez tivesse de procurar em outro sitio? Mas onde? Enquanto pensava com os seus botões, sentou-se na cama dela, ainda desfeita e acariciou os lençóis enrugados. Pegou numa almofada e contraiu-a contra si, enterrando o seu nariz adunco. Sentia a sua presença, o seu odor, o seu perfume! 88
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O Grande Amor de Severus Snape Recordou aqueles beijos saudosos, tórridos e molhados, que o deixaram louco de desejo. Fechou os olhos e imaginou o que poderia ser sido, esgueirando-se da sombria realidade dos seus tristes dias. Ouviu um som ao longe. Era o burburinho nos corredores, o que significava que as aulas tinham terminado e todos iriam para os respetivos dormitórios antes do jantar. Tinha deixado escapar a janela de tempo para sair dali incógnito. Era tarde demais e teria que se esconder antes de Victoria chegar. Pegou na varinha para se transfigurar em algo pequeno, um morcego. Voou para cima do dossel mesmo a tempo. Victoria entrou sem notar nada de estranho. Colocou os livros na secretária e começou a despir-se. Preparou-se para tomar um banho quente antes do jantar, enquanto o morcego a observava atenciosamente. Conseguiu escapar quando Victoria saiu. Poderia ter procurado pistas nos restantes livros que andavam sempre com ela, mas ficou extasiado com a visão do corpo desnudo da sua amada. Mas de facto tinha pouca informação para o senhor das trevas. Teria que voltar lá por isso, ou então porque queria mesmo retornar e buscava subterfúgios na sua razão, para não aceitar que Victoria o deixava vulnerável. Voltou durante a madrugada e ficou observando-a com alguma distancia, silenciosamente, enquanto ela dormia. Como poderia mexer nos livros sem fazer barulho? Pois foi um erro, um estratagema do seu subconsciente. Na manhã seguinte, Victoria recebeu um recado por uma coruja. Era de Sírios. Escreveu a resposta e enquanto enviava a coruja de volta, Severus aproveitou para voar sob a secretária e apanhou o papel com as garras e saiu voando pela janela ainda entreaberta. Victoria ficou intrigada com o facto de ter um morcego no seu quarto, mas não deu importância. Certamente não seria ele, pensou ela. Em terra firme, longe da escola, Severus leu o papel: “Hoje à noite, no sítio de sempre. Beijos Sírios”. Destruiu o papel com tanto ódio que o fez inflamar. Era capaz de matar alguém se não se acalmasse. Só o simples facto de saber que ambos tinham um sítio habitual de encontro já era evidente para ele que os dois eram amantes! Ficou cego de ciúmes. Grunhiu, rosnou o mais que pode até ficar com as cordas vocais devastadas. Golpeou com força uma árvore ficando com as mãos em chagas. Ao fim de algumas horas de desespero, conseguiu recompor-se. Foi à Diagon Alley, entrou pela cave da Farmácia para curar as chagas ensanguentadas das mãos. —
SEV!? O que aconteceu? – interrogou Lily! 89
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O Grande Amor de Severus Snape — Por aqui Lily? Pensei que tinhas deixado de trabalhar depois do casamento, ainda mais, no teu estado. Como estás? —
Melhor que tu! O que te aconteceu?
—
Caí.
—
Caíste… sim, sim… andaste à pancada?
—
Não, Lily. Não andei. Juro!
— Acredito em ti! – Lily conhecia Severus melhor que ninguém para saber que estava mal, agonizando de dor. Continuou a curar-lhe as mãos e disselhe algo pessoal, demonstrando que ainda era sua amiga – Preferi continuar a trabalhar… Sempre estou entretida! Podes aparecer mais vezes, se quiseres. —
Obrigado, mas não seria conveniente para ti, podem maldizer…
— Preocupado comigo? Ou com alguém em especial? Vá lá Severus… conheço-te! — Contigo, claro! És a mais especial de todas! – dissimulou - Olha… Sabes do Sírios? Precisava de lhe dar um recado do Regulus. —
Deve de estar no bar, como de costume, ou então em boa companhia…
—
Sim, com a menina mimada.
—
Sim, essa mesma!
— respostas.
Ouvi dizer que o caso deles já é oficial… - atirou Severus procurando
— Eles foram juntos ao meu casamento. Eles dizem que não. Mas eu sei que estão muitas vezes juntos. O James contou-me que o Sírios gosta dela e até dorme com ela… na casa da Villa! É uma vergonha! —
Naquela casa onde trabalhou a mãe do Avery? – questionou com ódio.
— Sim. Porquê o interesse? Também estás interessado naquela santa do pau oco? – indagou Lily com desconfiança.
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O Grande Amor de Severus Snape — Curiosidade… E… acho uma vergonha! É uma perdida! Tenho pena pelo Lúcios, primo duma vadia! Rameira! — trabalho?
E a tua vida como vai Sev? Já pensaste em arranjar outro tipo de
— Não. Tens sugestões? Com o Ministério atrás de mim? Deixa lá… olha tenho de ir. Obrigado e gostei de te ver. Severus já sabia onde era o local. Só tinha que entrar e esconder-se. Era fácil, conhecia toda a casa do tempo que Maggie tinha trabalhado lá como governanta. Só tinha que ter cuidado para não ser descoberto pelos criados. Entrou voando por uma janela e esperou no quarto de Victoria, escondido. Mais tarde, ouviu vozes e colocou-se em alerta, aguardado que entrassem. Todavia, ninguém aparecia. Podiam estar noutro quarto, a casa era enorme, e pensou que Victoria o tivesse recebido num quarto neutro em vez do seu. Não podia ir voando pela casa, pelo que se transfigurou num roedor. Deu conta do casal na biblioteca. A porta estava aberta e conseguiu entrar sem dar nas vistas, colocando-se atrás de um cadeirão para ouvir o diálogo. — Então falta aqui… aqui… e aqui… E parece estar tudo! – dizia Sírios segurando uns documentos que Victoria assinava. —
Tens a certeza Sírios? Não quero fique como da outra vez!
—
Foi um lapso! Acontece.
— Pois… acontece a quem tem a cabeça no ar… Desculpa, não quero ofender-te, não teria conseguido sem a tua ajuda. Mas não posso vir aqui quando me apetece… e as pessoas inventam coisas! —
E desde quando é que tu ligas ao que o povo diz?
— Não é ligar, não dou importância aos boatos. Mas o meu pai pode ouvir. E agora estou tão perto de conseguir… não quero que nada aconteça. Entendes? — Sim. Desculpa. Eu sei. E parabéns! Acabaste de fazer um excelente negócio com aquele apartamento. E parabéns para mim, acabei ganhar uma grande comissão! 91
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O Grande Amor de Severus Snape Sírios sai por instantes regressa com dois copos na mão. Oferece-lhe um: —
Brindamos?
—
Não! Tenho que ir!
—
Vá lá, só um bocadinho…
—
Não! Sabes que eu não bebo álcool!
—
Eu sei! É sumo de framboesa e mirtilo, o teu favorito!
Victoria olha para Sírios seriamente durante algum tempo. Seguidamente, pega no copo, exala o aroma da bebida e despeja o conteúdo numa jarra de vidro. — A sério!? Sírios!? Achas que eu sou parva! Sabes quantas vezes lá no hospital de Londres vi miúdas a sofrerem por causa de drogas que os rapazes punham nas bebidas!? — Achavas que eu tinha posto alguma coisa na tua bebida!? Coisas dos muggles como drogas!? — Não, claro que não! Foi uma poção! A poção do amor… Que queres Sírios? Levar-me para a cama para nunca mais nos falarmos, como fizeste às outras!? É isso? — Como soubeste da poção!? Quem te contou? E não! Não era para isso! Era… para que gostasses de mim… um bocadinho! — A Poção do Amor tem um cheiro característico… cheira exatamente aquilo que mais nos atraí! Por isso senti logo! E eu gosto de ti, Sírios! Muito! Senão já tinha corrido contigo da minha casa. — Sim… Como um irmão… já me disseste! Mas não é isso que eu quero! Família tenho muita! Tu sabes o que sinto por ti… – Sírios tentou aproximar-se de Victoria, com o intuito de a beijar, mas ela esquivasse. —
Tenho que ir, é tarde para mim. Obrigada por tudo Sírios!
—
Queres que vá contigo?
—
Não é preciso, obrigada. Eu vou bem sozinha. 92
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape — Posso ficar por aqui? Não quero ir para casa… estou exausto. Trabalhar dá sono. —
Sim, a casa é tua. Fica bem.
Victoria fez-se ao caminho, cobrindo o rosto com um lenço e envergando a capa preta do traje académico. Severus seguiu-a de longe. Depois pensou que não haveria mal de a acompanhar até à escola e assim iria mais protegida, uma vez que o Sírios era um cobarde preguiçoso. Deu a volta e colocou-se à frente, como se fosse um acaso. —
Olá! - disse-lhe a medo.
—
Olá! – respondeu friamente.
— perigoso!
Victoria que fazes por aqui, a estas horas da noite, sozinha? É
— Eu sei que é perigoso… posso encontrar um… Devorador da Morte à minha frente! — Pois é! - Severus não conteve o riso, não só porque tinha piada, mas também pelo nervoso miudinho que lhe percorria o corpo. Victoria sorriu e reparou nas mãos dele. — às mãos?
Bem… eu fui à minha casa buscar uma coisa. E tu? O que te aconteceu
— Queres a verdade? Esmorrei uma árvore pensando que tu e o Sírios eram amantes… Mas podemos fazer de conta que tropecei e caí numas pedras! —
A sério? É isso que pensas?
— Não sei, diz-me tu? – quis aproximar-se para lhe roubar um beijo, mas manteve a distância por precaução. O ciúme consumia-o só de pensar no assunto. —
Tenho que ir, já é tarde!
— Ia para casa agora. Posso acompanhar-te a Hogwarts? Moro lá perto… E não vá aparecer um… Devorador da Morte… - sorriu novamente. —
Sim… se é o mesmo caminho… 93
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape —
Tenho uma casa em Hogsmeade. É pequena, mas é minha!
—
Fico feliz por ti Severus.
—
E tu, o que tens feito nos últimos tempos?
—
Nada de especial.
A conversa fluía sem profundidade. Banal! Ao fim de tanto tempo, teria de ser algo simples para quebrar o gelo. No dia seguinte, Severus informou Voldemort dos últimos acontecimentos. — Obrigado Severus. É de facto uma pena… que a Victoria e o Sírios não tenham um caso! — Não compreendi senhor! Não deveria estar aliviado por se tratar só de um rumor? — Aliviado? Por ela querer viver como uma muggle, como o irmão? Ainda por cima sozinha? Provavelmente encontrar um muggle nojento e casar com ele? — Tem razão senhor, como… Sempre! Perdoe-me. Pensei que... Um boémio não estivesse à altura da sua filha, no entanto, é de puro-sangue, rico e de boa família… Bem-parecido… — E não está altura dela! Mas é feiticeiro! E é essa a única coisa boa que via nele. As boas famílias não me dizem nada… E Victoria tem dinheiro suficiente para toda a vida! Mas um feiticeiro mantê-la-ia por perto! —
Senhor… Essa condição não é muito… seletiva! Qualquer um poderia
—
O que basta! Bem… continua o bom serviço!
ser!
Uma centelha de esperança transbordou do seu coração. Ele era feiticeiro. Não tinha um tido um bom começo na vida, mas era muito semelhante ao senhor das trevas, que era afinal o verdadeiro pai de Victoria. Talvez! Talvez… fosse possível!
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O Grande Amor de Severus Snape Tinha que arranjar uma forma, um pretexto para se aproximar dela. Fosse o que fosse… E porque não voltar ao início, pensou ele. Tudo poderia sido diferente! Mas agora não poderia estar com arrependimentos, pois seriam muitos!
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O Grande Amor de Severus Snape Capítulo 6 Manteve a vigília, tinha a certeza que iria chegar a oportunidade. Uma tarde, no jardim junto aos claustros viu Victoria estava a estudar sozinha, atrás de arbusto. Com cuidado, Severus aproximou-se. —
Olá! Posso sentar-me?
—
Sim. Não é perigoso para ti estares aqui?
— É. Mas não faz mal. Estás a estudar para exames? Queres ajuda? Tenho saudades de te dar aulas! — internado!
A sério? – sorriu – Não sei… podias passar mal! E sei lá… ficares
—
Agora não! Só posso ser preso! – Severus sorriu também.
—
Mesmo por isso, é melhor IRES!
— Está bem, não te quero atrapalhar… E… obrigado! Acho que nunca te agradeci por me teres escolhido para ser teu tutor. Foi um gesto de muita generosidade. Severus levantou-se para se ir embora, mas Victoria protestou: —
Não foi por generosidade.
— Sim, eu sei. Não queria dizer, mas eu sei que foi por pena do pobretanas. Ouviste a conversa com a Sra. Butterfree e quiseste ajudar, já me contaste… —
Foi o que eu disse… Mas não foi a verdade… Eu gostava de ti!
—
Como??
— Sim, gostava de ti! Desde o primeiro ano. Não sabias!? Até o Avery se deu conta! Claro… só tinhas olhos para a Lily… A perfeita e imaculada Lily! —
E que isso tem a ver com as aulas tutoriais!?
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O Grande Amor de Severus Snape — Eu sabia que ias à biblioteca nesse dia, segui-te! Como sempre fazia… Ouvi a conversa com Sra. Butterfree, apanhei os teus papéis e enviei para o “meu pai” exigindo para te contratar. Ameacei-o que procuraria o Voldemort se ele não o fizesse com urgência! Também fiz o mesmo ao Professor Dumbledore, para que ele te persuadisse a aceitares. Era uma oportunidade única. Estar contigo… falar contigo… estava apaixonada por ti! Mas... Depois estragaste tudo! – fechou o livro, levantou-se e disse com desprezo – Quase me vomitaste em cima! —
Victoria!? - pegou-lhe num braço enquanto ela lhe virava as costas.
—
Sim claro, faltava também a brutalidade… larga-me! Bru…
Severus não permitiu que ela terminasse a palavra tentou dar-lhe um beijo. Victoria debateu-se e conseguiu desembaraçar-se dele. Esbofeteou-o e desapareceu pelos claustros, refugiando-se no seu quarto. Severus, enraivecido com o seu desprezo e rejeição, ignorou o perigo de ser visto e correu até ao quarto de Victoria. Era a primeira vez que lhe negara um beijo! —
És impossível! Como ousas? – gritou Victoria.
— Estás com receio que o teu namoradinho saiba? O idiota do Sírios Black? – Severus estava possesso de ciúmes, bufando com um touro. —
Pelo menos ele mostra o que é! Não é dissimulado como tu!
—
Dissimulado!? Quando é que fui dissimulado contigo?
— Começando pelo nojo que tinhas por mim quando era gorda, passando por querer empurrar-me para o Avery e acabando quando te encontrei na cama com outra! — Queres reconciliar-te!? Pois bem! Primeiro, eu já pedi desculpa mais do que uma vez pelo que se passou quando te conheci, pensava que querias fazer de mim um criado, um capacho! —
Como és agora!? Do Voldemort!
— Sim, e faço-o agora, por necessidade. Mas deixa-me terminar! – respirou fundo e continuou – Segundo, eu quis empurrar-te para o Avery sim! Queria livrar-me de ti, do que representavas para mim, do que me fazias sentir por ti. Estava a ficar louco. Mas depois quis mata-lo quando ele te beijou! E por último, 97
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape o que viste com a Lily foi um erro! Fui fraco. Confesso, admito! Mas ela estava lá porque a ideia era manter-te longe de mim! Eu não sou nada! Um fracassado, sem nada para te oferecer! — Se queres manter-me longe de ti, o que vieste fazer aqui!? Sempre foi assim! Aproximaste-me de mim, depois fazes tudo para me tirar da tua vida e desapareces! O que queres? Severus agarrou-a pelos braços, para olha-la nos olhos — Quero-te a ti! Quero-te como nunca quis ninguém! O que sinto por ti é tão forte ao ponto de ficar com náuseas, vómitos! Tiras-me a vontade de comer, beber, dormir… Tudo!! Ficava doente só de pensar em ti, porque sempre mexeste muito comigo, deixando-me vulnerável, fraco! Desde que te conheci que sempre me fizeste sentir tudo como muita intensidade e desde aí que não sei o que é viver… imaginar-te com um ordinário como o Sírios, ou outro canalha qualquer é pior do que estar morto! Fico louco de ciúmes, doido... Fiz de tudo para tentar esquecer-te, evitar-te! Mas nunca consegui porque és como o sangue que corre nas minhas veias, o ar que respiro… porque TE AMO! Amo-te muito! Quero-te tanto… tanto! Victoria sem conseguir resistir à sua declaração de amor, entregou-se nos seus braços, aos seus beijos, iguais ou mais quentes do que aqueles beijos tórridos que lhe roubaram a respiração, o fôlego. Severus prendia-a nos seus braços, sentindo o seu corpo ardendo de desejo colado ao corpo sedento de Victoria que vibrava a cada toque seu. As suas mãos percorriam o corpo de Victoria que se a aventurava a explorar o seu e enquanto lhe beijava o pescoço, sussurrou-lhe ao ouvido: —
Amo-te tanto! Quero-te tanto! Tanto! Deixas-me louco… louco!
Victoria deixasse levar pela sua loucura e responde-lhe ao ouvido: —
Eu também te amo muito! Tanto! Quero-te tanto…
Os olhos de Severus procuram os olhos de Victoria e o seu coração disparou como uma flecha. Sabia pela primeira vez que era correspondido e amava-a como nunca sentira por nenhuma outra. Sabiam o que queriam um do outro, mesmo sem falar. Entregando-se por completo na loucura do desejo, na partilha do amor que sentiam, deixaram-se levar pelo momento, pela comunhão dos seus corpos desnudos em busca do prazer da paixão. 98
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O Grande Amor de Severus Snape Entre beijos, Severus pegou-a ao colo e deitou-a na cama. Lentamente, desabotoou-lhe a camisa e a saia, cobrindo-a de beijos que deslizavam pelo seu corpo virginal, que ficou desnudo. Victoria vibrava com o toque sedoso das mãos de Severus e gemia com cada carícia sua, a cada movimento seu! Depois de fazerem amor, ficaram abraçados, aninhados um no outro como se fossem um só! Severus apertou-a para si, afaga-lhe o cabelo emaranhado e fixa o seu olhar no dela e disse: —
Casa comigo! Fica comigo! Por favor… imploro-te!
Victoria afasta-lhe a franja dos olhos, sorriu e responde. —
Sim! Para sempre!
Um novo e apaixonado beijo surgiu entre os amantes. Desprendidos de qualquer vínculo com a realidade entre ambos os mundos, viviam com paixão a descoberta de um grande amor. Louco, mas grande! Exaustos de uma longa noite de amor, adormeceram enroscados um no outro como se não houvesse amanhã. Mas o tempo não perdoa e tinham de acordar para a realidade. Severus estava preocupado com Victoria. Queria saber como estava, sabendo que ela não tinha tido qualquer experiência anterior, o que até o deixava muito orgulhoso. Queria saber o que sentia, o que tinha sentido e que acima de tudo dar-lhe segurança, carinho e amor. —
Como estás, meu amor?
—
Bem, muito bem! Estás aqui comigo! E tu, meu amor?
— Feliz… Nunca me senti assim, leve, tranquilo, amado, apaixonado, com sonhos, por isso acho que é a felicidade! És linda! Amo-te! E tu, como te sentes? O que sentiste? — É pouco delicado que me perguntes isso… - Victoria corou de vergonha, mas sorria feliz. — Desculpa. Mas quero que saibas que não és uma aventura. És o meu amor! A minha vida! O ar que eu respiro! — Eu não sabia que poderia sentir tanta emoção… nunca tive um namorado… nunca consegui esquecer-te! 99
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape — Eu sei! Sei como és pura. Nunca tive ninguém assim. E isso faz-me sentir especial, mas também inseguro! É uma grande responsabilidade! – sorriu e disse – Mas inventaste alguns! Fizeste-me passar um mau bocado com os ciúmes… O Lupin… —
O Lupin?
— Foi o que eu pensei! Que me tinhas trocado por ele! Depois o médico cagão no hospital… “minha princesa…” era capaz de o comer vivo… — O Alex? É meu amigo e cúmplice no disfarce da doença. Só isso. Mas foi lá que me beijaste pela primeira vez! Nunca tinha beijado um rapaz! — Depois o Avery… sim isso foi culpa minha! Mas fiquei mal! Foi quando descobri que estava apaixonado por ti! E depois o Sírios… o canalha, o pulha… esfolei as mãos por causa dele… — crianças.
São rumores! Ele é meu amigo! Conhecemo-nos há muitos anos, desde
— Sim, amigos que se encontraram à noite na tua casa! Que tentou darte a poção do amor só para te levar para a cama… Mas tu foste esperta! Já agora, qual é o cheiro que te atraí? — noite?
Sapatos velhos...! Andaste a seguir-me? Por isso te encontrei na outra
— Sim! É um sedutor barato! Por isso estava a seguir-te, para te proteger! E… por ciúmes! Muitos ciúmes! — E tu achas que não tenho ciúmes? Eu sou madrinha do teu filho! Eu vi-te na cama com a Lily! O grande amor da tua vida… — Victoria, olha para mim! Vi, por favor… a Lily não é o grande amor minha vida. TU és o grande amor da minha vida! Agora, antes e sempre! Ela foi um amor infantil. E foi importante. E ainda é, mas não no sentido que lhe queres dar! Por favor, acredita. —
Eu acredito…, mas magoa mesmo assim!
— Eu sei, desculpa… e quanto à Rachel… foi um erro e ela sabe que nunca senti nada por ela! Mas ela insistiu… 100
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O Grande Amor de Severus Snape — Insistiu em ter a criança? Querias que ela fizesse como a Lily. E ainda condenas o Sírios? Tu sabes, eu sei que sabes! O Sírios contou-me tudo. —
Desculpa! Eu não sou um monstro! Ou espero que não…
—
Eu sei! Também peço desculpa. Te amo muito!
Abraçaram-se por alguns minutos. —
E agora… nós? – perguntou Victoria.
— Eu pedi-te em casamento e tu disseste que sim. Mas… Se… estás arrependida!? Sempre podes dizer que não. – a felicidade de Severus esvaziasse pelos olhos. — Amor! Eu refiro-me agora! Até lá! Eu tinha feito planos de ir viver para Londres. Comprei um apartamento lá e ia para a faculdade de medicina. Não posso ficar aqui, no mundo mágico, prisoneira do Dumbledore, com medo do Voldemort e ainda a pressão do meu pai! E agora, quero ficar contigo! Para sempre, mas temos de fazer planos em conjunto! Planos! Severus não tinha planos detalhados. Tinha agora um sonho que parecia estar a ficar distante. — amo-te!
Como tu quiseres. Para mim é suficiente que estejamos juntos! Eu
—
Vemos- nos logo? Severus? Amor?
—
Sim, logo! Eu venho buscar-te às oito, pode ser?
Encontravam-se todos os dias, uns dias em Hogsmeade, outros em Hogwarts e até mesmo na Villa. Passavam os fins-de-semana juntos, em podiam ficar dois dias inteiros a amarem-se sem preocupações, dormindo e acordando juntos. Ainda não tinham um plano definido. Severus tentava desviar sempre a conversa. Prometeram não ter segredos, mas ele ainda tinha muito para contar sobre o que sabia do passado dela. Receava a reação ela perante a verdade, como iria reagir ao saber que o seu verdadeiro pai era o monstro que ela odiava, Voldemort e que tinha assassinado a sua mãe. Faltavam peças e sabia que só a mãe de Avery sabia a verdade. 101
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape Estava decidido em confrontar a Maggie e arrancar-lhe a verdade. Não seria bem-recebido por Avery e por Rachel e muito menos pela família dela. Ainda havia o problema da criança. Não sentia qualquer afeto pelo miúdo, mas se sentisse quando estivesse com ele? Não o podia reclamar como seu! Não o faria por Avery! Antes de partir, quis fazer uma surpresa a Victoria. Ao cair a noite, foi a Hogwarts ter com Victoria. Andaram durante algum tempo pela floresta. Era primavera e as noites estavam mais serenas. Chegaram junto a um lago iluminado pelos corais cristalizados que brilhavam à luz do luar. Havia uma manta cuidadosamente colocada sob as ervas, coberta de pétalas perfumadas. Ao fundo uma cesta de piquenique e um candeeiro iluminado. —
Um piquenique à noite!?
— Já que não pode ser durante o dia… - Severus ficou triste. Não podiam andar, passear, namorar como os outros casais durante o dia. Era procurado pelos aurores do ministério! Viviam o seu amor na clandestinidade, em segredo. — Depois de merendarem, Severus levou a mão ao bolso e retirou um lenço branco. Abriu-o com muito cuidado e retirou o seu conteúdo: o anel de noivado da sua bisavó. — É o meu anel de noivado! Não é grande coisa como joia…, mas tem uma inscrição! - mostrou-lhe a inscrição que dizia “Com todo o meu amor - Severus”. Depois, levou o anel aos lábios e colocou no dedo anelar de Victoria. Com os olhos rasos de água disse - Amo-te tanto! Casa comigo!? — É maravilhoso! Claro que sim! Sempre! – exclamou ela, com os olhos radiantes, o que devolveu o sorriso a Severus. – Obrigada, meu amor! É lindo! —
Tu mereces muito mais que isto…
— CH… - tapou-lhe a boca e disse – Ser digna do teu amor é tudo o sempre sonhei, o que sempre quis. E durante muito tempo pensei que seria impossível. Que nunca irias amar-me como eu te amo. Mas agora eu sei que me amas e o teu amor é o tesouro mais precioso que poderia desejar! És tudo o que eu quero, meu amor! Não tardou um beijo apaixonado a selar aquele momento solene. Victoria conseguia com as suas palavras cálidas, com os seus gestos suaves e o seu jeito de ser, delicado, carinhoso apaziguar as tristezas Severus. Saber que o amava 102
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape incondicionalmente era o seu motivo de viver, o fogo que o fazia acreditar no dia de amanhã, a esperança de que os sonhos poderiam ser reais! Victoria levanta-se e pega na mão de Severus para o levantar. Oferece os seus lábios, enquanto lhe desabotoa a camisa, as calças. Severus despe-lhe o vestido que caí na margem do lago. Caem na água onde os seus corpos se fundem uma vez mais com fervor da paixão. E por mais que fizessem amor, não conseguiam saciar a fome que sentiam um pelo outro. Uma última vez nunca era o suficiente! Severus tinha feito planos para viajar e tinha que se ausentar por uns dias. — do Avery! —
Victoria vou até Londres para a semana. Tenho que ir falar com a mãe Vamos juntos! Posso “ficar doente” e assim ir sem levantar suspeitas…
— É melhor não. Preciso que acredites em mim! Que confies em mim! Tenho coisas para te contar, muito sérias, mas só sei uma parte e tenho que saber tudo para poder revelar-te uma parte da tua história que desconheces! — É sobre a minha mãe, não é!? Diz-me! O que sabes? E é mais uma razão para ir contigo! —
É! Mas o que sei pode não ser verdade…
—
Prometemos não ter segredos!
— favor…
Eu sei! E é mesmo por isso que preciso que confies em mim! Por
— Se é sobre os talismãs da morte que pertenceram às Guardiãs, eu não os tenho! Eu sou uma Guardiã e posso ativar os talismãs, mas ninguém sabe deles. É por isso que sou prisioneira do Dumbledore, que receia que o Voldemort me mate como fez com a minha mãe! — Tu sabias que foi o Voldemort? Que ela não morreu no parto? Também não confiaste em mim… —
Eu ia contar-te…, mas tive medo… que tu te afastasses de mim outra
—
Não confias em mim?
vez!
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Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape — Sim, mas… não sou uma feiticeira normal. Nunca fui! E toda a gente me persegue… toda a gente quer o poder entre a vida e a morte! E isso é perigoso para quem estiver comigo! — Perigo? Achas que tenho medo do perigo? Posso ir preso para Azkaban se for apanhado pelos Dementors… sou um Devorador da Morte do Voldemort! Isso sim… é perigoso, ainda mais quando estou contigo! Ele… ele é teu pai. —
Eu sei! O Avery disse-me! Quando o Edward nasceu…
— Ele sabia? Nunca me disse nada… Nem quando te conheceu e beijou…. O porco! —
Ele não sabia nessa altura, suspeitava! Por isso…
—
Por isso o quê? Atirou-se a ti? Tentou algo? Eu mato-o!!
— Não! Nunca fez nada, mas disse… que gostava de mim… Bolas é meu irmão! Não pode dizer-me certas coisas! —
Mais um motivo para não IRES! Não te quero perto dele! Nunca!
—
Então fica, por favor! Preciso de ti!! Não me deixes!
— Tenho que ir, por ti, por mim, por nós… Eu só sei o que o Voldemort me contou… e que a Maggie sabia de tudo! Por isso tenho que lá ir! — Está bem. Mas antes disso, vou contar-te o que sei… sobre mim, sobre a minha família – respirou fundo e continuou – Há uma maldição que passa de geração em geração… somos Guardiães do portal entre a vida e a morte e dos protetores talismãs da morte. Há uma pedra a pedra da ressurreição que está com o Voldemort, uma varinha de sabugueiro que foi roubada e que o Dumbledore procura e um manto da invisibilidade que está com o James. —
James Potter? Porquê?
— Pelo que o Sírios me contou, quando o Voldemort matou a minha mãe, ele estava lá a brincar comigo. Com medo, escondeu-se debaixo do manto comigo ao colo e fugiu para casa do James. Foi por isso que o Voldemort não me apanhou! —
Esses dois…Potter… Sírios…. O Voldemort não te faria mal. É teu pai! 104
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape —
Confias nele? Um ser desprezível sem escrúpulos!
—
Não. Não confio! E é por isso que vou procurar a verdade!
—
E porque não posso ir contigo?
— Eu não te quero perto do Avery e a reação dele à minha chegada não vai ser uma festa, como deves calcular. Muito menos a família de Rachel. E são só alguns dias meu amor! Volto depressa! — Mas o Avery é meu irmão! Eu nunca tive um irmão! E os filhos dele são meus sobrinhos! Sabes o que isso é? — Eu já tive um irmão… morreu! Não sei se tenho saudades… a morte dele destruiu a minha família. O meu pai começou a beber, a bater na minha mãe… em mim… a andar de trabalho em trabalho… a faltar comida em casa…a minha mãe sempre a chorar… enfim! Sei o que é ter um irmão, mas não recordou nada de bom! — Era por isso que me detestavas tanto, quando me conheceste? Porque tiveste uma infância difícil, e pensavas que a menina rica e mimada vivia coberta de ouro e atenções? —
Sim, em parte… Tinhas e tens privilégios que os outros não têm!
— Sim, viver aprisionada! Desde que lembro que vivia no hospital, cheia de tubos. A tirarem-me sangue mais de três vezes por dia. Faziam experiências como se fosse um rato de laboratório. Davam-me choques elétricos! Diziam que era doente, muito doente. O meu pai criou essa mentira porque uma guardiã doente não serve para muito. Por isso entupiam-me de medicação que me engordava como um texugo e provocava distúrbios no aparelho respiratório. O Alex era estagiário na altura, estava em regime de internamento no hospital e teve pena de mim. Começou a trocar a medicação sem ninguém saber. Queres trocar a tua infância com a minha? — Não… - Severus estava envergonhado com tudo o que tinha pensado – Desculpa, não sabia. Pensava na altura que os que tinham tudo eram felizes…, mas já sei que não é assim! Mas ninguém te vai fazer mal, não permitir! Juro meu amor… meu grande e único amor! Voltarei depressa para e proteger! —
Tenho medo! Leva-me contigo por favor! 105
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape —
Amor são só meia dúzia de dias. Eu volto! O mais depressa que puder!
Depois das lágrimas, concordaram com a ida de Severus. Victoria receava a separação, mesmo que breve. Muita coisa poderia acontecer, entretanto.
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O Grande Amor de Severus Snape
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O Grande Amor de Severus Snape Capítulo 7 Decidido à procura da verdade partiu. Entrou na padaria de Avery e Rachel que não mostraram empatia com a sua chegada. Muito menos a família da moça, que bloquearam as entradas. — Venho em paz, Avery! É assim que recebes um velho amigo!? Não vim para transtornar a tua vida… —
O que queres? Ver o puto, não!?
—
Não… nem por isso. Só falar com a tua mãe e… contigo!
— Não tenho nada para falar contigo e a minha mãe também não! Por favor… SAI! —
É sobre o Tom Riddle! Se preferires… Ele virá em pessoalidade!
Avery aceitou falar com Severus na presença da Maggie. Ela não reagiu muito bem e assim que viu uma poção nas mãos de Severus entrou em pânico e sofreu um enfarte do miocárdio. Tinha muita culpa, muitos remorsos e sabia que a poção era não mais do que aquela que obriga a dizer a verdade. Foi internada e sobreviveu. Severus estava disposto a arrancar toda a verdade e esperou que a idosa melhorasse para contar tudo. Podia demorar mais alguns dias e já estava longe de Victoria à mais de um mês! Mas valeria a pena e tinha de aguentar. Voldemort contava com isso quando lhe deu o seu aval. Antes de partir, Severus comunicou ao Voldemort o que pretendia fazer. Trazer a verdade que confirmava alguma inocência do senhor das trevas aos olhos dos filhos. Emocionado, Voldemort agradeceu e deu-lhe seu o aval e proteção. Ainda prometeu que o recompensaria devidamente. Severus pediu logo o que lhe seria mais caro, a mão de Victoria. O seu plano era contar com Voldemort para aprovar o casamento dos dois. Dessa forma estariam protegidos do William Grey, do Ministério da Magia e do Albus Dumbledore. Confiava que Voldemort nunca faria mal a Victoria. Se fosse verdade que a morte de Cíbele fora por ciúmes e não por querer o poder da Guardiã e os talismãs da morte. Assim… tinha que esperar. Enquanto aguardava que a senhora mostrasse um quadro de melhoria, recebeu uma mensagem para se apresentar com a máxima urgência à presença do Voldemort. Ficou muito alarmado e pôs-se a caminho. 108
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape — Severus… ainda bem que chegaste prontamente. – disse o demente Voldemort num tom aflitivo. —
Senhor… às suas ordens. Em que posso… servi-lo.
— Não sei se tens conhecimento… que estão a organizar um grande festim na Villa! — Não tenho qualquer conhecimento senhor, tenho estado… à espera que aquela… senhora melhore para sacar a verdade. — Pois bem… estão a organizar um casório… um grande casório! E sabes quem são os noivos? — senhor.
Presumo que seja alguém de relevância, para suscitar o seu interesse,
— Black!
E do teu também, Severus! Nada menos que Victoria Grey e Sírios
—
Não pode ser! Tem que haver algum engano!
—
Exatamente o que eu disse quando soube…, mas não há! É um facto!
Uma facada no coração de Severus! Ficou atordoado, sem forças… Não acreditava. Não podia. Tinha que haver um engano. Não era possível! —
Não é possível… não pode ser… Ainda a semana passada tive notícias
dela! — E sabes o mais estranho? Há um exército de guardas do Ministério montados à porta da casa de Cíbele… —
É isso! Está prisioneira na própria casa! Vou tratar disso!
— Sim, foi por isso que te chamei! Ninguém consegue entrar em contacto com ela e tu conheces bem a casa, bem, entrar escondido como fazias… E eu sei… do apreço… que tens pela minha filha Victoria! Cuspindo fogo, Severus voou para a Villa, ignorando todos os perigos. Ser visto, apanhado, preso ou torturado seria um preço a pagar muito baixo em relação ao Amor Vitória, ao seu bem-estar e à sua segurança. Recusava a ideia de ter sido 109
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape traído, trocado por outro, por Sírios. Confiava no seu amor e a ser verdade, teria de estar a ser obrigada, coagida, forçada por alguma razão que desconhecia. Entrou transfigurado como um roedor, mas existia um contrafeitiço rodeando a luxuosa prisão. Foi desmascarado, visto! Pegou na varinha, mas foi desarmado logo em seguida. Desembestado, quis passar pelos guardas, berrando como um animal. Foi detido de imediato e levado para o ministério para um julgamento sumário e assim, trancafiado em Azkaban. Victoria assistiu a tudo, através das grades da sua janela. Desolada, destruída, queria salvar o seu amor e não sabia como. Como salvaria Severus se ela própria estava encarcerada. Pediu, implorou ao seu pai para falar com Sírios, mas não lhe foi permitido. Só se voltariam a encontrar no dia do casamento. Exigiu então a presença de Lily Potter, a boticária da Farmácia de Diagon Alley. Disse que queria encomendar um perfume específico para o dia especial. Lily ficou muito intrigada com o convite. Mas foi. Queria ver a casa rica! Victoria estava sempre acompanhada por guardas. Mesmo no próprio quarto. Arranjou forma de ficar a sós com Lily, sob o pretexto de ter que se despir. — Lily tens que ajudar o Severus. Foi preso, levado para a cela do Ministério! Irá parar a Azkaban!! — O que há entre vocês? É dele, não é? Eu já andava desconfiada de vocês os dois… Desde aquela noite em que nos apanhaste juntos. —
O quê?
— O filho que estás à espera e que toda a gente tenta encobrir! Ouvi o Sírios a falar com o James! A dizer que era obrigado a casar contigo porque estavas grávida, e que nunca te tinha tocado… Por isso, é do Severus! Coitado do Sírios! Se bem que, o Sírios é muito melhor do que o Severus… Por isso engravidaste, para caçares o Sírios… és uma rameira! — filho?
Esse despeito todo é por causa do Sírios não ter assumido o vosso
— oleoso!
Severus contou-te!? E ainda queres que o ajude esse… patife? Nojento
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Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape — Quem me contou foi o Sírios! Olha não temos tempo para trocar galhardetes sobre o passado. Quero que ajudes o Severus! Ou então conto tudo. TUDO ao James! Conto tudo a toda a gente no dia do meu casamento! — Estás louca!? O James trabalha Ministério. Nunca iria ajudar o Severus! Nunca gostaram um do outro! Odeiam-se de morte! E não me podes chantagear só porque és todo-poderosa! — preço!
Olha quanto queres? Dinheiro, Jóias, Ouro. O que queres? Faz um
— Hum… podia querer nada, mas vou ser mãe, como podes ver! Por isso, quero tudo isso! E mais! Quero que digas ao Severus, cara a cara, que o filho é do Sírios. Que ele foi apenas um brinquedo! Um capricho de uma menina mimada! Exijo que destruas tudo que houver entre vocês! —
Ordinária! És cruel Lily! Queres ficar com ele de reserva, é!?
— Então esquece! Conta o que quiseres ao James. Não te vai dar muito crédito, depois de ver o amigo a ser enforcado num casamento e obrigado a ser pai dum bastardo. E quanto ao Severus, pode até ter outras, mas acaba sempre por não me resistir! Ama-me! Isto é, se algum dia sair de Azkaban! Enlouquecem lá dentro! Os Dementors sugam toda a energia, vitalidade e tudo de bom aos aprisionados. Será torturado, espancado ou assassinado! —
Está bem! Aceito! Trata de tudo!
— Muito bem! Assim que o Severus estiver em fuga vou esconde-lo no Farmácia. E depois aviso para ires “experimentar” o perfume. Lily conseguiu manipular James e conseguir que ele permitisse uma fuga para o amigo. Fez-lhe ver como faria falta a fortuna que iriam receber! Como faria falta ao bebé que ia nascer dentro de pouco tempo. Apelou também ao facto de ele ter sido apanhado na casa da noiva de Sírios e que poderiam maldize. James aceitou e organizou tudo. Enfeitiçou os guardas e deu-lhe a varinha. Disse-lhe que só o fazia para bem de Lily! —
Snivellus vai! Desaparece daqui, antes que me arrependa!
— Porque fazes isto Potter!? Para me matares, proporcionando que uma fuga? Não vou! É uma armadilha tua! 111
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape — Vai. Ranhoso! Só o faço pela Lily! Não tem passado bem e espera o meu filho. Faço-o por ela! Por mim… apodrecerias em Azkaban…, mas posso sempre caçar-te outra vez! — Não quero ficar-te a dever nada! Mas vou porque… preciso muito! Adeus Potter! Lily escondeu Severus na cave da Farmácia Mullpeppers enquanto aguardou pela chegada de Victoria. Conseguiu a muito algum custo e magia levar Victoria ao encontro dele, deixando os guardas à entrada do estabelecimento. Severus e Victoria ficaram frente a frente, enquanto Lily controlava a guarda montada. Severus estava visivelmente ferido, com hematomas e com um ar sofrível. Tinha sido torturado, espancado e sujeito a vários feitiços causados pelos guardas e aurores na cela do Ministério da Magia. — os a sós. —
Têm cinco minutos! – disse Lily, fechando a porta da cave e deixandoVictoria, meu amor? – correu para a abraçar, mas ela fugiu.
— Severus só vim porque a Lily me pediu. Soube que foste preso quando tentaste invadir a minha casa. – as palavras difíceis custavam a sair, mas continuou – Por isso, vim... dizer-te para não me procurares mais! Nunca… mais haverá nada entre nós. Por isso… esquece-me! Eu vou casar com o…. Sírios… — O quê? Como? O que estás a dizer não faz sentido. Eu sei que o Grey te aprisionou em casa e está a obrigar-te a casar com aquele canalha! Porquê? Não interessa… vamos fugir juntos! — quero!
Ninguém me está a aprisionar! E vou casar com ele porque… é o que
— Mentira! Estás a ser obrigada a dizer isso! Eu sei! Eu sei! Tu amas-me! Eu sei que sim! Olha para mim… Victoria!? Amo-te tanto, meu amor! Meu grande e único amor! E eu sei que tu me amas! Seja o que for que estejas a passar, eu vou tirar-te de lá! Vamos fugir daqui juntos! E viver no mundo dos muggles como sempre sonhaste! Por favor… – Severus tentava a todo o custo aproximar-se dela, que o repelia.
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Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape — Não Severus! Porque não entendes? Porque estas a tornar tudo mais difícil!? – tentava controlar as lagrimas que teimavam em sair – Acho que… Sempre amei o Sírios, mas só me dei conta disso há pouco tempo! — Não é verdade! Tu amas-me! A mim! Assim como eu te amo! Estás presa em casa e estás a ser obrigada a dizer isso! – Severus insistia na sua perceção da verdade, sem querer acreditar na versão dela. – Estás a ser ameaçada, coagida por aqueles abutres! Mas eu vou arrancar-te lá, prometo-te! Juro-te! — Não! Não estou presa. É segurança. Tenho os talismãs lá dentro! E.… esquece-me – despediu-se a soluçar - Adeus! Victoria virou-lhe as costas e preparava-se para sair, mas Severus não se dava por vencido. Agarrou-a e tentou beija-la. —
Larga-me! Bruto! Grotesco!
— Não acredito em nada do que me disseste! – conseguiu arrancar um beijo apaixonado e disse-lhe – Nada do que me disseres, vai fazer-me desistir de ti, porque eu sei que o quanto me amas! Acabei de sentir isso… nos teus lábios, no teu corpo que estremece sempre que eu te toco… Na emoção que nós sentimos quando estamos juntos. Não! Não vou desistir de ti! Não! Não quero! Porque não posso viver sem ti! Prefiro estar morto a perder-te! “Morto!” Era tudo o que Victoria não queria! O amor da sua vida, o pai do seu filho! Não sobreviveria se algo lhe acontecesse! Por mais doloroso que fosse perdelo, perder o seu amor, preferia vê-lo vivo! Mesmo que longe, com outra mulher, até mesmo com a desprezível Lily, mas vivo! Sabia que tinha de ser mais convincente, mais dura. Ele tinha sido sovado, torturado nas masmorras do Ministério, temia pela vida dele em Azkaban! Mesmo sendo Guardiã e com o poder de o trazer de volta à vida, não poderia devolver-lhe a vida naquele lugar, em Azkaban! Victoria tinha que ser forte e sacrificar os seus sentimentos, em prol da vida do seu amor! Sem hesitar, cuspiu-lhe em cima e livrou-se dele. — Metes-me nojo! Sempre me meteste nojo! Todas as vezes que me beijaste, todas as vezes que me tocaste! Mas eu sei fingir muito bem… e tu… és um idiota! Só quis vingar-me de ti. Usei-te para fazer ciúmes ao Sírios! Olha para mim! E olha bem para ti… um nada! – procurou forças no seu intimo, no poder absoluto das Guardiãs para continuar o seu discurso avassalador, tinha de o fazer acreditar - Achas mesmo que me interessaria por alguém como tu!? Um falhado, um 113
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape fracassado um pobretão sem eira nem beira? Uma besta que até me deu um anel sujo e usado… como tu! Ranhoso… oleoso… Nunca tive qualquer sentimento por ti além do desprezo! Mas gostei de brincar contigo! A ver-te a mendigar afeto, carinho, amor… sim como um imbecil. Foste hilariantemente… patético! Deu-me gozo, sempre fui uma menina mimada… nisso tinhas razão! Mas agora acabou! Fica longe de mim ou darei ordens à minha guarda para te prenderem outra vez se me tentares procurar! Adeus! Saiu da cave o mais depressa que pode, antes de cair em si e chorar como uma perdida. Estava feito! Tudo acabado! Dos destroços de um grande amor só sobrava a criança que mexia no seu ventre e o coração mortificado de Severus. Completamente destroçado, dilacerado, jazia no chão frio da cave. Lavado em lágrimas, sem conseguir mover-se ou exprimir uma palavra, ficou ali, em posição fetal, retorcendo-se de dor. Morto! Sentia-se morto ou preferia estar morto, porque os mortos não sentem, não sofrem, não vivem! Desilusão!? Não como aconteceu com a de Lily. Não tinha sequer vontade de correr para o bar e encharcar-se em bebida, porque já se sentia morto e os mortos não bebem. Ficou ali por umas boas horas, pensando na melhor maneira de por termo à vida, ou melhor, ao seu corpo inerte porque a vida já te sido roubada, destruída. Victoria saiu com os guardas e com Lily que estava muito satisfeita. Recebeu a pequena fortuna que Victoria lhe pagou e disse: —
Por agora chega. Mas vou querer mais!
—
És nojenta Lily! Vai!
—
Quero que não te cases com o Sírios!
—
Faria isso de boa vontade, acredita. Mas não tenho escolha!
— Hum… e se… tivesses? Quanto estarias disposta a pagar, para… desaparecer para criares a tua a cria em segurança, longe do teu pai, do Voldemort do Sírios… do ódio que o Severus está a sentir por ti agora! —
TUDO! Tudo o que tenho! Como?
— Já leste Romeu e Julieta? Poderei fazer uma poção como a da Julieta, simulares a tua própria morte! E podias desaparecer para o mundo dos muggles! Para isso… quero o teu cofre em Gringotts. Cheio! 114
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape Victoria não confiava em Lily. Era uma oportunista, invejosa e infiel. Tinha-a chantageado e obrigando-a a partir o coração do seu grande amor, destruindo todos os sentimentos que Severus sentia pior ela! Provavelmente, para que ele continuasse a ser amante de Lily e a protege-la. Porém, sua a proposta era boa demais! Severus estaria a odia-la agora e morta para o mundo mágico ficaria livre e a salvo com o filho do seu grande amor. Pelo menos teria sempre uma parte de Severus consigo. E mesmo que se casasse com Sírios, iria sempre temer pela segurança da criança. O legado da Guardiã passaria para a criança, ao nascer. Seria perseguida, aprisionada, isolada e manipulada como ela foi durante toda a sua existência. Havia o risco de Lily a tentar assassinar, mas teria de correr o risco. E além disso não se pode matar uma Guardiã com um veneno qualquer… — Aceito! Trata de tudo! Quando estiver a salvo, irás receber a chave do cofre de Gringotts! —
Como irei recebe-la? Podes… estar a querer enganar-me!
— Temos um dilema…um impasse! Eu também não confio em ti Lily, poderás querer matar-me! Pelo que teremos de confiar uma na outra! Mas posso adiantar que uma pessoa de minha total confiança irá entregar-te a porcaria da chave! Mas advirto-te! Um dia irás precisar da Guardiã para proteger o teu filho… tenho sonhos premonitórios… é um dos meus poderes! — Estás só a tentar intimidar-me! Se tens esses… Poderes, não tiveste uma premonição da situação em que estás!? Presa, como um passarinho na gaiola? Estás a mentir! — Pergunta ao James, senão acreditas. Ainda somos parentes, sabias? Ele é primo da minha avó paterna. — Impossível, o teu pai é um muggle e o James é um puro-sangue!! Mentirosa! — O meu verdadeiro pai é o Tom Marvolo Riddle! Ou Voldemort se preferires. A mãe dele era prima dos avós do James! Pergunta-lhe! – Victoria fez uma pausa e acrescentou – O teu filho está em perigo! Irá precisar dos talismãs da morte que estão perdidos ou… Da Guardiã para o trazer de volta à vida! —
Eu já ouvi a profecia… estamos combinadas! 115
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O Grande Amor de Severus Snape ily estava radiante. James não era pobre, mas tinham de ter uma vidinha comedida. Iriam precisar de muito dinheiro para estarem em segurança ou para fugirem quando fosse preciso proteger o filho. Além disso, tinha conseguido afastar Severus de Victoria e impedir o casamento com Sírios.
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O Grande Amor de Severus Snape Capítulo 8 Chegou o dia da grande boda, que mais parecia um casamento real imperial. Todos os feiticeiros ilustres foram convidados, assim como todo o pessoal docente de Hogwarts e alunos. A família Black e a família Malfoy, pavoneavam-se nas ruas decoradas em tons de ouro e prata. De Londres vieram a família Stewart com o afilhado de Victoria, Edward, e também o Dr. Alex Cruber. Não poderiam estar muitos muggles presentes, não tinham permissão do Ministério da Magia. Não se falava noutro assunto, para o desalento de Severus que vagueava há dias na floresta proibida, ao acaso como um zombie. Imundo, ferido, mortificado, andava de rastos sem comer nem beber, aguardando que o resto do corpo sucumbisse num lado qualquer. Por vezes caía no chão, desidratado e fraco, fechando os olhos e aguardando que o véu da morte levasse o seu corpo purificado. Para o seu infortúnio acordava e lamentava por ainda conseguir respirar. No entanto, já não sentia vida dentro de si. Ouviu gritos, agudos, graves, sonoros fê-lo despertar do seu interno sonambulismo. Sabia que era o dia fatigo, da união da mulher que mais amou na vida com o crápula que odiava. Pensou no que poderia ter acontecido, não era suposto haver gritos, mas sim foguetes, festa, diversão. Talvez… talvez Victoria tivesse caído em si e desistido de Sírios. Uma ínfima centelha de esperança fez com que a quisesse voltar a ver de perto. Na véspera, Lily entregou a Victoria a poção mágica, que não era mais do que veneno em forma de perfume. Durante a cerimónia, Victoria caiu inanimada no chão, morta! O seu médico amigo, Dr. Alex Cruber, tentou socorre-la, mas era tarde. Todos ficaram incrédulos! Estáticos! Sírios agarrou-se ao corpo sem vida de Victoria e chorava desalmadamente. As ruas cobriam-se agora de capas negras e portas fechadas. Muitos feiticeiros apontaram as varinhas ao alto, em sinal de respeito. O dissimulado Grey pediu a Sírios que se incumbisse das cerimónias fúnebres e partiu. O corpo de Victoria foi colocado numa esquifo de ouro, ainda com o seu imaculado vestido de noiva. Lily pediu a Sírios que gostava de tratar de tudo porque se tinham tornado amigas. Sírios estava devastado! Disse-lhe que a amava e que não conseguiu salva-la desta vez! O que deixou a venenosa Lily numa pira de ódio. 118
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O Grande Amor de Severus Snape Severus, ignorando o perigo de ser preso novamente, conseguiu penetrar pelo meio da multidão amontoada, que se afastava ao sentir o seu fétido odor. Ao ver o corpo defunto de Victoria, caiu de joelhos. Agora sim, estava tudo consumado! Não havia qualquer réstia de esperança para viver, apenas poderia morrer aos poucos ou de uma vez! Levaram o corpo para o mausoléu da família Edwards, para ser sepultada junto de sua mãe. Lily que acompanhava o cortejo, foi a ultima a sair do jazigo, contemplando a derrota da rival, quando foi surpreendida por Voldemort. —
Sua sangue de lama de meia tigela! – rugiu – Vais pagar com a vida!
— Por favor, não me mate! Ela ainda está viva! Viva! Se me matar agora, não posso reverter a poção com um antídoto! — Mentes! Achas que eu não sei que foi com o veneno, o mesmo retirado do corpo da mãe!? — A Victoria fez um trato comigo! Ela não está morta! Ela está grávida de uma menina, de uma Guardiã. Não pode morrer grávida, como sabe Senhor das Trevas! Por favor, rogo-lhe! Voldemort vencido pelo que ainda restava em si do Tom Riddle, permitiu que Victoria tomasse o antídoto que a fez despertar do mundo dos mortos. —
Agora vai sangue de lama! Desaparece da minha vista!
Pouco tempo depois, Lily recebeu das mãos de Rubeus Hagrid a chave do cofre recheado de ouro. A quem lhe perguntava, respondia que tinha recebido uma herança de uma parente rica de James. Ficou tão feliz que entrou em trabalho de parto! Nasceu um menino, Harry Potter! Os dias voaram depressa e os de Lily passaram a ser completos e felizes. Em breve o seu rebento iria completar o seu primeiro aniversário. Severus continuava a trabalhar para Voldemort como Devorador da Morte. Foi resgatado pelo Senhor das Trevas junto à tumba de Victoria. Hibernou por alguns meses na solidão, na miséria, no desterro. Ao terminar o seu luto, retornou para junto de Voldemort e ambos concordaram nunca mais mencionar o nome de Victoria. Severus até se tornou muito parecido com o mestre Voldemort: Frio, insensível, insípido, desumano! Cruel, dotado de uma misantropia caustica, só 119
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape sentia prazer em destruir, corroer, matar. Envergava um indumentum fúnebre, negro e longo como a alma, abotinado até acima do pescoço, com muitos botões. As mangas eram extremamente compridas e apertadas. Não queria ver a sua própria carne. Sentia repulsa por si próprio! Sentia nojo do seu corpo por se ter entregado de alma e de coração a um amor cruel, que o destruiu, que o matou por dentro. As noites eram entregues à bebida ao pandemónio e maldizer. Em determinadas datas os momentos a solo tornavam-se mais tenebrosos, assolados pelos fantasmas da sua existência, pelas memórias descortejadas e residentes de Victoria. Nessas alturas entregava-se à promiscuidade para esquecer o suplício da ausência daquela a quem entregou o seu coração, a sua vida. Um dia num bar, ouviu uma conversa sobre uma profecia sobre alguém nascido em julho que iria destruir o Voldemort. Não teve qualquer escrúpulo quando contou ao senhor das trevas sobre a profecia. E que talvez fosse o filho do odiado James Potter. Voldemort mostrava-se muito impressionado com Severus, era o seu servo mais competente. Ordenou que matasse a criança e os pais e para não levantar suspeitas, poderia culpar Sírios pela morte dos três, dando forma a um triângulo amoroso, um crime passional. Severus estava agradado. Podia matar e vingar-se de quem tanto odiava! Começou a rondar a casa dos Potter. Tinha de ser perfeito! Entretanto, Lily descobriu-o e inquiriu-o: — Que fazes aqui? Estás em serviço, não é? Somos amigos, lembras-te??? E o James salvou-te a vida! Se não estás a apodrecer em Azkaban é graças a ele e a mim!! – protestava a apavorada Lily Potter. — Salvou o quê? A minha vida!? Vida… amigos… não tenho nada disso! Tiveste foi muito medo que eu falasse! Que contasse! Não vales nada! NADA! — SEV! Por favor, pelo que mais amas, ajuda-me! Por favor! – Lily estava desesperada. Sabia da profecia e James era demasiado teimoso para fugir. Queria vencer o Voldemort. —
Amor… - riu sinistramente – Não tenho nada que ame… nem um cão!
— Tenho um cofre coberto de ouro, jóias, dinheiro. Podes ter tudo o que sempre sonhaste! 120
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape — O único sonho que tenho é matar o James Potter e o seu legado. E a ti, rameira! Não quero o teu ouro! —
SEV! Podemos encontrar-nos na tua casa à noite! Lembras-te como era
— putas!
Sexo! – voltou a rir e rugiu – Tenho nojo das mulheres. São todas umas
bom!
— SEV! Escuta, escuta… - Lily não tinha saída, tinha de apelar - Se me matares, ou fizeres mal ao James e ao meu filho Harry, fica a saber que nunca saberás nada da tua filha! — A sério Lily… estás mal informada – riu com desprezo – É um rapaz e não quero saber nada dele! O Avery que fique com ele! Estás mesmo como medo, não estás??? — Idiota! Tu devias beijar o chão que piso! Graças a mim, a tua filha está a salvo, nos braços da mãe! A Victoria está viva! Bem viva, com vossa filha! — Que história estás a inventar agora? – cuspia veneno, apertou-lhe o pescoço e continuou – Como te atreves a pronunciar o nome dessa… meretriz! — Solta-me e eu falo. Obrigado – repôs a respiração e disse – Foi um plano. Ela estava grávida e o Grey aprisionou-a em casa. Ela recusou-se a dizer quem era o pai da criança, certamente com vergonha de ti. Os criados contaram ao Grey que o Sírios e ela se encontravam em casa dela e ele pressupôs que tivesse sido ele. Sírios aceitou casar-se com ela porque foi ameaçado. Eu tive medo por ti e pelo Sírios. Propus que desaparecesse, passando-se por morta! Preparei uma poção! Ela pagou bem por isso… sendo dada como morta também não precisava da fortuna. — Como pudeste Lily!? Como?? – rugia como um demónio, abanando-a como uma boneca de trapos – Eu já estou morto Lily! Eu morri naquele dia!! Morri! Entendes? Eu vi-a morta! Morta! —
Era conveniente para ela, estar morta.
— Estás a mentir! Prova que é verdade e eu juro que não te mato e poupo os outros dois!
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Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape — Dumbledore sabe de tudo foi ele que entregou a chave do cofre dela! Voldemort é o verdadeiro pai dela, foi ele que a levou e escondeu! Eles sabem! — Vai agora. Leva o miúdo e o James para longe. Escondam-se! Mas se for tudo… mentira… irei voltar. E acredita que não vos darei outra oportunidade! Severus confuso, irado, raivoso andava de um lado para o outro. Não conseguia respirar a roupa sufocava-o. Desapertou o colarinho, mas não melhorou. Não poderia confrontar o seu mestre Lord Voldemort, seria o seu fim. Não se importava de morrer, mas não com a dúvida semeada! Tinha que ir a Hogwarts. Nunca mais lá tinha ido. As recordações assombravam-no pesarosamente! Voou até lá. Entrou pelos claustros e olhou para o corredor que ia dar ao quarto de Victoria. Não resistiu e foi ver o quarto. Não estava ocupado. Entrou e estava vazio. Sem qualquer vestígio da presença de Victoria, sem o seu perfume, sem o seu cheiro. Ajoelhou-se e chorou com desespero. Sentia-se magoado, ferido… perdido! Ressaltava-lhe à memória o carinho partilhado, os beijos tórridos, as noites de amor. Tudo o que um dia viveu com tanta intensidade, com tanta paixão e perdeu… sonhos traídos, roubados! Sem dar por isso, o Professor Dumbledore surgiu pela porta. — austera.
Viva! Senti que te encontraria aqui, Severus! – disse com uma voz
— Vim falar consigo. – respondeu com prontidão e arrogância. – Sabe do que se trata, não! — – rugiu. —
Provavelmente… Depende das intenções de um Devorador da Morte! Vim em paz!
— Creio que estás confuso! Paz é algo que não tens há muito tempo… nunca tiveste, pois não!? Diz antes, que vieste à procura da tua paz de espírito! Acompanha-me. Vamos até ao meu gabinete! —
É uma armadilha! Vai chamar os Aurores!? Os Dementors!?
—
Calma rapaz. Se te quisesse preso, não tinha vindo aqui. Denunciava-
te! 122
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape Subiram até à sala do Diretor. Dumbledore abriu uma gaveta e retirou um objeto. O anel de noivado de Victoria. —
É teu!
—
Não o quero! É lixo! Está amaldiçoado!
—
Vai fazer-te falta!
—
Sim, para penhorar…
—
Faz o que quiseres! É teu! Pega-lhe.
— Foi para me dar esta porcaria que quis que eu subisse… Já vi que perdi o meu tempo! – Severus virou-lhe as costas indignado. — Espera! – gritou o Professor, retirando uma bacia redonda de um armário – Sabes o que é isto? É um pensatório. Serve para revermos memórias, detalhes que queiramos rever. Quero que vejas algo… isto é, se for do teu interesse! — Não quero ver nada! – Severus parecia um animal ferido, estava mais desconfiado e agressivo do que nunca. – Fui… —
Queres ver a tua filha?
Severus congelou. Não sabia se queria. — Não é muito parecida contigo… é mais com a mãe… loira como o sol, com os olhos azuis como o céu… linda! Mas o que me cativou foi o sorriso! Notase que é feliz, talvez porque é… fruto de um grande amor! —
Pode não ser minha filha! Ela andava com o Sírios também!
— Achas mesmo? Acreditas mesmo no que dizes? – fez uma pausa e continuou – Não vou atormentar-te. Vai! Volta quando estiveres preparado! Severus saiu sem mais uma palavra. Foi para o primeiro bar que encontrou bebeu, e voltou a beber…e não conseguia ficar embriagado. Voltou a Hogwarts. Foi direto ao gabinete do Diretor. A porta estava aberta e Dumbledore continuava sentado para surpresa de Severus. —
Surpreso? Paciência é uma virtude, meu caro Severus! 123
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape Severus aproximou-se em silêncio. Colocou a cabeça sob o pensatório e mergulhou nas memórias de Dumbledore: Primeiro viu a Victoria na escola, a despedir-se dele à noite, junto aos claustros. Os beijos, as juras de amor eterno, as lágrimas da despedida. Depois, viua passar mal, a desmaiar, a vomitar, a Sra. Pompey a informar o Professor Dumbledore da sua gravidez. Outra memória surgiu e viu o gordo Sr. Grey na sala do diretor com Victoria e Dumbledore. Ela estava a ser agredida pelo pai, que berrava, grunhia. Agarravaa pelos cabelos e gritava que queria saber o nome do responsável. Victoria chorava e negava a informação. Violentamente, atirou-a ao chão e pontapeou-a como se fosse um animal vadio. Ameaçou-a de morte, que iria faze-la abortar e dar o feto aos cães. Ou então, esperar que a criança nascesse e vende-la como mercadoria ao Voldemort, que queria o poder das guardiãs. Chamava-lhe cadela, vaca, e todos os nomes pejorativos que conhecia. Iria descobrir quem era o responsável e iria executa-lo, esquarteja-lo, e dar os restos mortais aos porcos. Com medo, muito medo, Victoria retirou o anel de noivado e colocou nas mãos de Dumbledore que a ajudava a levantar-se. Dumbledore viu a inscrição do anel e guardou-o de imediato. A cena termina quando Grey e os seus capangas arrastam a rapariga para fora do gabinete e Dumbledore a ameaça-lo se ocorresse algo. Uma nova imagem surge. Um jardim botânico, uma linda bebé loirinha, com olhos de um azul celestial, com uns seis meses sorri com alegria, feliz ao colo da mãe, Victoria, que estava mais bonita que nunca. Severus regressou ao gabinete de Dumbledore. Sentou- se e ficou imóvel por um longo tempo. Depois veio o choro, incontrolável… soluçava em agonia. Rendido, sem uma atitude defensiva ou arrogante, agradeceu ao Professor: —
Obrigado Professor Dumbledore. Desculpe a minha falta de respeito.
— Eu sabia… conheço os meus alunos e és um bom rapaz, Severus! A vida foi madrasta contigo e nem sempre optaste pelas melhores escolhas! Mas és um bom rapaz, desculpa, um bom homem. Agora és pai! Parabéns! — Sim… sou pai. Já o era professor. Uma outra história…, mas agora que vi aquela menina…. É minha! – levantou-se, levou as mãos à cabeça e exclamou – Sou PAI! É minha filha! Minha e da Victoria! 124
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape —
Isso mesmo Severus, isso mesmo…
Severus pega no anel e guarda-o com muito cuidado. — Londres?
Professor, onde estão? Onde posso encontra-las? Onde estão? Em
— Calma Severus. Estão em segurança, por enquanto… enquanto o Voldemort não as encontrar e encarcerar! — talismãs!
Sim, mas o Professor também a aprisionava aqui, por causa dos
— Podia parecer Severus, mas só a tentava proteger… Eu posso contarte tudo! Mas antes temos de ser práticos! Vais fazer o que o Voldemort te ordenou? Matar aquela criança e os pais? — Não! Eu disse-lhe para se esconderem, para fugirem! Mas Voldemort não vai desistir! Tem que os proteger! Escondo-os a todos, Professor. — Por isso temos que nos unir para o destruir. Nada de bom ficará salvo enquanto ele estiver vivo! Nem tu, nem a tua filha, a Victoria… ninguém terá paz!! —
Primeiro quero estar com elas. Onde estão?
—
Onde estarias se fosses a Victoria?
—
O Professor disse que estavam em segurança!
—
E estão! Mas não posso revelar. Tens de descobrir!
Severus pensou… para onde iria? Tinha um jardim… um jardim botânico! Reconhecia o espaço. Para o hospital! Nem hesitou em ir para Londres. Com bastante precaução para não ser seguido. Durante dias e noites observou o hospital, registando mentalmente entradas, saídas de profissionais, utentes, doentes, viaturas. Procurava padrões comportamentais, indícios, algum gesto menos atento de quem se esconde. Apesar de estar morta para muitos, outros muito mais perigosos sabiam que foi tudo uma encenação, uma farsa como a doença que a fez sobreviver e cair em mãos doentias. Não sabia como estaria disfarçada, nem o nome queria adotado. Mas estava 125
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape convicto que um dia, uma hora qualquer, Victoria iria sair ou entrar daquele hospital. Uma presença estranha despertou-lhe à atenção. Uma ambulância parou junto às urgências e um paramédico trazia uma criança ao colo, sem qualquer ferimento ou indicação de mal-estar, porque a criança ria de uma forma feliz. Os passos da equipa médica eram suaves, despreocupados e sorridentes. Aproximouse mais para registar o momento. A criança aparentava ser um bebé com alguns meses. Não conseguia ver o rosto, nem o cabelo porque estava de costas e tinha um gorro de lã. Mas o riso… igual a todos os de outros bebés felizes e soava-lhe familiar. O paramédico entrou pelas urgências e as portas fecharam-se de automaticamente. Tinha que agir rápido para não lhe perder o rasto, podia ser um equívoco, mas não conseguia controlar a sua saída caso fosse por outro acesso. Não podia fazer magia e atrai atenções desnecessárias. Tinha que arriscar! Propositadamente, esmurrou o vidro de um automóvel no estacionamento, ficando com o braço esquerdo ferido e ensanguentado. Correu para as urgências. Inventou um nome falso e disse que tinha sido assaltado no parque de estacionamento, justificando a falta de documentos. Enquanto era encaminhado para um corredor, ouvia o som do bebé. Foi visto por uma enfermeira, para desinfetar a ferida e levar alguns pontos. Pediu uma toalha à enfermeira para enrolar o braço, enquanto iria à casa de banho e ela acedeu de bom grado. Severus tinha um ouvido apurado e seguia o som com precisão. O som estava estático durante 10 segundos consecutivos e sabia que o bebé estava agora parado por algum motivo, tinha que ser cauteloso nos próximos passos. O corredor ia dar a uma esquina, onde estava o bebé e outro som metálico ruidoso, a porta de um elevador a abrir. Ouviu uma voz: — Ó meu amor! Saudades da minha filhota linda! – era a voz de Victoria Obrigada Arthur! Não conseguiria passar pela creche a tempo! Desculpa o incómodo… — Quando queiras Verónica. Não é incómodo algum! Este anjinho é um encanto! Querem que vos leve a casa? Já é tarde! — Não, nós vamos bem de metro. Até me faz passear com ela! Passo muito tempo no laboratório, fechada e sentada! Mais uma vez, obrigada. Até amanhã. 126
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape Severus confirmou a voz de Victoria, mas estava atónito para a seguir. E daria nas vistas a perder sangue. Tinha percebido pela conversa que ela trabalhava ou estudava num dos laboratórios do hospital, por isso só tinha que ver o tipo de disfarce que tinha, tentou o avistamento assim que lhe pareceu seguro e viu uma mulher ruiva de cabelo curto a segurar um bebé ao colo. Tinha um casaco comprido azul-escuro e uns sapatos rasos, pretos com um monograma dourado. Todos os detalhes absorvidos seriam poucos para as próximas vigílias. Não queria um confronto no hospital, local onde se poderia esconder ou fugir rapidamente com a ajuda de cúmplices. Teria de ser num lugar reservado, na casa de Victoria. Nesse sentido tinha que ser paciente e resiliente na sua investigação. Depois do tratamento, percorreu a distância até à entrada do metro mais próximo. Observou todos os pontos em que poderia passar despercebido. Tomou nota das estações por onde parava o metro. Após a recolha de informação, foi para um bar. Tinha que afogar aquela angústia. O desejo de encontrar Victoria de abraçar a sua filha e o ódio que lhe trouxe o seu último encontro, o som das palavras amargas que lhe roubaram a vontade de viver. Nos dias seguintes, seguiu todos os passos de Victoria. Descobriu a creche da sua filha, Eleonor Collins. Descobriu onde viviam, num bairro periférico de Londres. Sabia a rua, o número da porta, do andar. Conhecia as rotinas e preparava-se agora para o passo mais importante. O momento certo! Era uma sexta-feira de uma noite de outubro. Severus aguardava pelas duas, dentro do apartamento de ambas. O local era pequeno, simples sem grande conforto. Não havia nada referente a um mundo mágico. Era como se fosse uma casa normal, muggle. Ouviu uma chave a abrir a porta de entrada e permaneceu sentado no sofá, na calada da noite. Victoria entrou com a bebé ao colo. Deixou os pertences à entrada, foi direta à cozinha pousar os sacos das compras e seguiu para o quarto da bebé, sem acender a luz da sala onde estava Severus. Colocou a bebé no berço de grandes e começou a preparar o banho da menina. Depois de alimentar o seu rebento, pegou na Eleonor ao colo e foi para a sala, para estar um pouco mais com a filha antes dela dormir. Abriu a luz da sala e deu de caras com Severus sentado. O seu olhar era demoníaco, amargurado, gélido! A expressão revelava um suplício infernal de quem envelheceu cem anos em apenas doze meses. Severus? Que fazes aqui? Como entraste? - gritou-lhe em desespero, agarrada à menina que começou a chorar com a aflição da mãe. 127
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape — Grita! Grita mais! Para uma morta, tens as cordas vocais bem… desobstruídas! – disse com ar muito irritado com a reação. Levantou-se calmamente e começou a contorna-la em círculos, com as mãos atrás das costas – E… podes deixar de berrar como uma cabra! —
Sai daqui Severus! Não me ofendes na minha casa! Rua!
Victoria saiu da sala e foi para o quarto da bebé. Sentou- se numa cadeira junto ao berço e começou a embalar a filha, tentando adormece-la enquanto as lágrimas lhe caíam do rosto. Severus aproximou-se e disse: —
Ouvi dizer que era minha… é verdade?
Victoria não respondeu e Severus continuou: — Foi por isso que fugiste… ou melhor… morreste!? Para que eu não soubesse dela? Continuou em silêncio e Severus irritado com a sua indiferença, continuou com as provocações para a fustigar, com impertinência: —
Acho que é parecida com Sírios!
— O que queres Severus!? Ofender-me? Castigar-me? O quê? Porque não creio que tenhas vindo por causa dela! Tens um filho do qual nunca quiseste saber. — Depois do que me fizeste! Do que me disseste! Queres que te trate como!? VADIA! – rugia fulminantemente, a raiva e o rancor apoderavam-se dele – E por seres uma… vadia mentirosa, falsa, é que eu quero saber, quem é pai da miúda! Não gosto que me andem a dizer coisas… sobre mim! — Sai daqui! Deixa-me adormece-la. Falo contigo depois. – olhou para ele fixamente e disse – Por favor! Victoria adormeceu a menina e colocou-a no berço. Aguardava-a uma tarefa árdua. Não queria continuar aquela conversa degradante. Sabia que não tinha sido correta com ele, mas foi uma imposição de Lily e seria inútil dizer-lhe isso, porque não iria acreditar nela. — filha!
A Eleonor já está a dormir… por favor, não quero gritos. Sim! É tua
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O Grande Amor de Severus Snape — E achas que tenho cara de imbecil para acreditar nisso? – deu uma gargalhada seca e continuou – É verdade! Até tenho mesmo cara de estúpido… o idiota patético com quem andaste a gozar… Que usaste para satisfazer os teus caprichos de menina mimada! O pobretão nojento que te mendigava afeto… — víbora!
Foi a Lily, não foi!? Que te contou da poção? Sim… só pode, aquela
— Não, não! Não a ofendas! Ela pelo menos é verdadeira, mostra o que é! Enquanto tu… TU! Não vales nada… NADA! — Pelo que vejo só te contou o queria… foi ela que me obrigou a dizerte aquilo tudo! Para continuarem juntos… — Cala-te! – interrompeu Severus vilmente – Não tens o direito! Não tens direito a nada! Eu acreditei em ti uma vez e podia estar a apodrecer em Azkaban senão fosse a Lily a salvar-me! Por isso cala-te! Eu só vim aqui para dizer que… seja o que for que tu… és… Cruel! Não tinhas o direito de teres feito o que fizeste. Eu dei-te o melhor de mim! Victoria sabia que não adiantava dizer-lhe a verdade, que foi Lily que a obrigou a destruir-lhe o coração em troca da sua liberdade. Ele estava cego demais para ver a verdade, o ódio, a raiva e o ressentimento cegavam-no! — Se já disseste o que querias… sai! Vai ter com a tua… amante. Continuam juntos, é óbvio! Merecem-se! Provavelmente foi sempre um plano vosso, ficarem com tudo o que era meu… são os dois da mesma laia! A Lily só tinha razão numa coisa… que o Sírios é muito melhor do que tu! Severus perdeu as estribeiras e agarrou-lhe o pescoço com as mãos. Sem noção da sua força bruta, começou a sufoca-la e Victoria cai inanimada no chão. Eleonor chorava no seu berço enquanto Severus corrói-se de remorso junto ao corpo de Victoria. Efetua algumas manobras de reanimação sem resultados. Desesperado corre para ir buscar Eleonor, coloca-a junto ao cadáver da mãe. Era guardiã podia salvar a mãe, pensou ele. Um feixe de luz invadiu a sala. Uma luz muito branca, fluorescente saía das pequeninas mãos da bebé, abrindo um portal que envolvia o corpo inanimado da mãe, que se levitou no ar. Assim que a luz desapareceu, e Victoria abriu os olhos para consolo de Severus que se desfazia em lágrimas. Abraçou as duas com muita 129
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape emoção. Agora sabia a verdadeira capacidade das Guardiãs e porque todos as perseguiam. Não havia poder maior do que poder ter a vida eterna, a imortalidade! Levou-a em braços para a cama. Cuidou dela e de Eleonor durante o fim-desemana. — Victoria tens que sair daqui! – Advertiu Severus – Vai para bem longe não digas a ninguém! Nem mesmo a mim! Há poções que obrigam a revelar a verdade e posso ser torturado! Ninguém vos pode encontrar! — Severus ainda estás muito magoado comigo…, mas deixa-me explicar! Eu não quis dizer-te aquelas coisas horríveis! Fui obrigada! A tua vida dependia disso! — Não Victoria! Não preciso que me digas nada! Não entendes!? Transformei-me num monstro! Num abominável monstro! Não sirvo para ti! Não sou mais quem conheceste um dia… Esse Severus morreu! Não vês? Posso ter ataque de loucura e matar-te! — Não estou a ser procurada por ninguém! O Albus Dumbledore só queria os talismãs e já os tem! O Tom Riddle é meu pai! Foi ele que me salvou da Lily e trouxe-me para aqui! Uso a peruca por precaução, mas todos os outros no mundo mágico pensam que estou morta! Só o Sírios sabe e o Avery! — O Sírios! O estupor do teu amante? Porque não ficaste com ele? É obvio que continuam juntos! Claro… foi uma farsa! Tens razão…. Sou… hilariantemente patético! Uma anedota! — Eu não tenho nada com o Sírios! Nunca tive! Somos amigos! Só isso! Eu amo-te Severus! — Não mudaste nada! Nada! Continuas a mesma menina mimada… Mas acabou! — Severus, por favor! Eu amo-te! Não me vires as costas! Fica comigo! Connosco! Precisamos de ti! Por favor… - Victoria ajoelha-se a seus pés, humilhando-se e suplicando o seu perdão - Perdoa-me! Imploro-te! Eu amo-te! Sempre te amei! — Limpa a boca antes de falar de amor! Não quero saber dessas tangas… Não entendes? Eu morri naquele dia! Tu mataste-me! Agora sou apenas o monstro que vês, um mero corpo que vive no vazio! Adeus Victoria! Adeus. 130
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O Grande Amor de Severus Snape — E a nossa filha? Não queres saber dela? Que lhe direi quando um dia perguntar pelo pai? — Diz-lhe que morri! Será melhor para ela não ter pai do que ser filha do monstro hediondo, como tu! Para mim, vocês as duas morreram no dia em que foste sepultada naquele mausoléu… —
Então!? Porque vieste?
—
Para ter a certeza que já não significas nada para mim! Nada… Adeus!
— Victoria bloqueia-lhe a saída entrepondo-se na porta. Num ato desesperado, desabotoa a camisa, as calças e tira os sapatos. Retira a roupa interior e aproximasse dele que está a observa-la atentamente. Envolvendo-o, beijando-lhe o peito, o pescoço, tocando-lhe em todo o seu ser, diz-lhe: —
Uma última vez… Não me podes negar isso!
—
Não! Deixa-me… - tentava resistir-lhe com todas as suas forças.
—
Eu sei que me queres…
— Não! És patética! - repudiou-a e riu-se com desdém – Olha para ti… és muito pior do que eu pensava… Não vales nada! Rameira, galdéria… Deste-me nojo desde o primeiro dia… Que te vi! Depois… ficaste assim… um mulherão e claro, tinha que te ter, possuir! E agora… és lamentável! Não te quero mais! Nunca mais! Prefiro a Lily! Severus não agiu da melhor forma, mas não podia ficar. Era um monstro odioso e cruel. Poderia magoá-las novamente, bastaria qualquer faísca para rebentar como um barril de pólvora. Não podia ficar!
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O Grande Amor de Severus Snape
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O Grande Amor de Severus Snape Capítulo 9 Partiu para o mundo mágico. Procurou o Voldemort, mas não o encontrou, tinha ido atrás de Lily e da família. De imediato contacto o Dumbledore e suplicou para que os escondesse, a todos. Negou que tivesse encontrado a Victoria e a filha. Mentiu para as proteger. Tentou procurar Lily, mas era tarde demais. Voldemort já os tinha encontrado. Jaziam mortos no chão. Sírios e Severus foram presos porque foram apanhados no local do crime. Levados para Azkaban juntos. Por ironia do destino, ficaram a partilhar a mesma masmorra, a mesma cela. Sírios Black que já estava a perder a lucidez, fez uma revelação surpreendente: —
Sabes Ranhoso… nunca gostei de ti!
—
Isso não é novidade! E é recíproco…
— Pois eu sei! Nunca gostei de ti, não por seres um ser desprezível, um pobretão, sujo, porco, malvestido… Mas por causa dela! Aquela ingrata! — Respeita a memória de Lily! Por mais que odiemos, devemos-lhe respeito à sua memória. Do jeito dela, ela amou os dois… e também ao outro… Potter. — Sim é verdade! Mas não me referia à Lily! Mas sim à Victoria! Ela sempre te amou, sabias!? Eu salvei-lhe a vida quando era um bebé. Cuidei dela sempre e depois vai para Hogwarts e apaixonasse por um… ranhoso! Foi por isso que andei com a Lily, para te ferir no mais fundo, como tu me feriste! —
Foi por isso que desgraçaste a vida da Lily? Por ciúmes infundados?
— Não são infundados… tens uma filha com a Victoria! Eu nunca lhe toquei… nem sequer um beijo. Não que eu não quisesse! Sempre fui apaixonado por ela! Tanto que, quando o Grey me acusou de ter engravidado a filha, assumi a culpa sem hesitar! Estava feliz Ranhoso! Imensamente feliz… até a Lily interferir nos meus sonhos! Sabes o que ela fez? Sabes? Severus sabia da poção, mas preferiu o silêncio. Estava ainda a digerir o facto de não ter acreditado na paternidade de Eleonor, tinha culpado, duvidado da fidelidade da mulher que tanto amou. 133
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O Grande Amor de Severus Snape — Eu conto-te! Deu-lhe veneno. Queria mata-la! Mata-la para que não casasse comigo! A Lily nunca me esqueceu… E a Victoria tomou o veneno e deulhe tudo o que tinha… por ti! Porque foi o que a cobra da Lily exigiu quando foste preso! A Victoria procurou-a, sob o pretexto de encomendar um perfume especial para o casamento. Implorou pela tua vida, porque sabia que o James poderia proporcionar-te uma fuga. A Lily fez o seu preço e ainda exigiu à Victoria que destruísse os teus sentimentos, para não voltares para ela! Dessa parte até gostei! —
Não acredito! A Lily não faria nada disso!
— Pouco me importa no que tu acreditas ranhoso! Pelo menos tenho a satisfação de também não teres ficado com ela! Sabes que ela está viva, a Lily disseme que te contou… — Viva como? Eu vi-a morta! E tu mesmo disseste que tomou veneno! – Severus fez-se desentendido, era uma das suas melhores armas para fazer os outros falarem, principalmente um “chico-esperto” como o Sírios Black. — Não se consegue matar uma guardiã com veneno! Principalmente, uma guardiã grávida! Tem de ser feito com sangue! Sangue envenenado, como o Voldemort fez à mãe dela. Espetou um punhal no próprio peito e depois enterrouo no peito da Cibele. Por ciúmes! Enquanto o Voldemort esteve aqui nesta prisão a mãe do Avery contou à Cíbele que o Avery era filho dele também. Que tinha sido violada. A Cíbele por despeito casou com o William Grey, que assumiu a Victoria como filha. Acreditava na amiga e morreu por isso. O Grey só queria o dinheiro e depois da morte de Cíbele desfez-se da amante e do filho. O Avery é filho do Grey! Não é incrível o destino! — a mofo…
E tu? Como sabes tudo isso, espertalhão!? Estás é delirar com o cheiro
— Porque a Cíbele era minha madrinha e eu vivia lá com ela. Nunca me dei muito bem com a minha família e a casa da Villa era mais perto da casa dos Potter! Eu sei de tudo! Sempre soube! — Estive com a tua filha! É linda! Parecida com a mãe! Queria ficar com elas… Mas a Victoria não me quis… outra vez! Fico feliz por não teres ficado com elas e apodreceres comigo aqui, ranhoso… Severus sabia agora de toda a verdade que a mãe do Avery tentou esconder. Por isso tinha passado mal. Nem o próprio Voldemort tinha conhecimento do 134
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape tamanho da mentira de Maggie! Que não era muito diferente de Lily! Por causa das suas mentiras, tramas e engenhos, Severus tinha matado Victoria com as suas próprias mãos, sendo salva pela bebé. Mas a sua imperdoável atitude era de um monstro, equiparada às atitudes da besta do seu pai, Tobias Snape, e do senhor dos infernos! Sentia-se aliviado por estar longe de Eleonor e Victoria. Não era digno delas! Nunca mereceu o amor puro que Victoria sempre lhe dedicara. Muito menos ser pai de uma menina preciosa, fruto de um grande amor, que nunca abraçou com amor de pai! Nem merecia ter um filho rapaz, mesmo que por casualidade. Era seu sangue, seu filho! Afinal, poderia ser pior que o Voldemort. Até mesmo do que o seu pai, que embora fosse desprezível, nunca o renegou como filho, nem nunca abandonou a mulher que não amava. Dumbledore resgatou o único sobrevivente, Harry! Sabendo que Voldemort regressaria, testemunhou a favor de Severus porque ele seria o único capaz de proteger o rapaz do senhor das trevas. Apelou pelo sentimento que tivera por Lily no passado e a culpa que sentia pelo sucedido. Acabou por aceitar e viver em Hogwarts, tornando-se um professor muito competente e amigo fiel de Dumbledore. Sírios foi condenado por traição e autor do crime por motivos passionais, cumprindo pena perpétua em Azkaban. Acabou por fugir anos mais tarde, mas foi assassinado pela sua prima, Bellatrix LaStrange enquanto tentava proteger o afilhado, Harry Potter. Os anos passaram. Severus sempre devoto e leal à palavra dada a Dumbledore, tentou defender o rapaz de Voldemort. Após ser atacado pela serpente do mestre das trevas, Nagini, revelou através lágrimas os segredos de Dumbledore a Harry Potter. Ferido, dolorido ensanguentado, fechou os olhos e caiu por terra, desfalecendo em seguida. Sentiu-se a ser elevando no ar, redopiando num tornado invisível e deixou-se levar, sem forças para continuar a viver. Acordou passado algum tempo, num quarto branco, asséptico. Deitado numa espécie de cama, tinha uma túnica da mesma cor. E pensou “Estou morto!”. Quando sentiu uma mão quente apertando a sua. Olhou para a presença que o tocava e exclamou: —
Estou mesmo morto! 135
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape Fechou os olhos novamente, mas aquela mão passou para o seu rosto e juntou outra, que suavemente lhe afagaram as mágoas. Voltou a exclamar: —
Estou morto! Porque estás aqui?
Ouviu uma voz familiar que lhe sussurrou ao ouvido: —
Tu chamaste-me! É sempre bom voltar a ver-te!
—
Victoria!
—
Teoricamente sim…, mas essa morreu no mundo mágico, assim como
tu! — Então estamos mortos? – perguntou Severus, já bem desperto e sentado na cama do hospital. — Não Severus! Estamos vivos. Eu tenho outro nome, Verónica Collins e tu também. É como renascer, uma nova vida. — serpente!
Tenho um novo nome? Como estou aqui? Eu fui morto por uma
— O Tom Riddle ou… Voldemort, avisou-me do que planeava fazer. Por mais monstruoso que fosse era meu pai e avô da Eleonor. Por isso não te matou ele próprio. Não poderia faze-lo! A nossa filha Eleonor trouxe-te de novo à vida! O veneno foi extraído e os golpes reparados cirurgicamente. O teu pai conseguiu novos documentos para ti. Chamou-te Edward Severus Snape, o seu novo filho! —
O Tobias? Tobias Snape?
— Sim ele próprio, com o Edward júnior, o teu filho com a Rachel. Ele mora com o teu pai agora… Bem, é muita informação por hoje. Como tua médica, ordeno que descanses! E o meu aqui é Verónica. Verónica Collins! Chama-me se precisares. Severus ficou atordoado com a conversa ou seria delírio de um moribundo… Ou ainda, alucinação da morfina que lhe fora administrada. Adormeceu por várias horas. Foi acordado por enfermeiras e auxiliares que monitorizarem os seus ultrassons, fizeram exames e tiraram análises. Pouco tempo depois voltou a receber a visita de Victoria. 136
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape — Como te sentes, Severus? – perguntou Victoria, enquanto controlava os dados clínicos do seu paciente. — Severus.
Um pouco melhor, menos confuso… estás diferente…! – observava
— Passaram quinze anos… - respondeu Victoria, com alguma rispidez – Tu também estás… diferente! — Desculpa! Não pretendia ferir nenhuma suscetibilidade. Ainda estou… confuso! E a última vez que nos vimos estavas… A chorar, nua… desesperada! Por minha culpa! Eu sei! Mas agora… estás… ríspida, segura… mais bonita! — O teu pai quer ver-te! Posso deixa-lo entrar? – respondeu Victoria, direcionando a linha da conversa para outro campo, menos pessoal. — Sim. Podes. – suspirou e continuou – O que não invalida o que disse e que tentas dissimular. Victoria saiu sem mais demoras. Não queria fraquejar na sua frente, como podia ele dizer aquelas coisas, depois de a ignorar durante tantos anos! Por seu lado, Severus ainda não estava habituado à ideia de continuar vivo. E até certo ponto, podia ser a maior vingança de Voldemort, deixa-lo morto no mundo mágico onde era alguém e vivo no mundo muggle que abominava, ter que enfrentar uma mulher que abandonou com uma filha sua ainda de colo, um filho que nunca quis saber e um pai aleijado que despejou num lar de idosos. Tobias entrou, sendo empurrado na sua cadeira de rodas por um rapagão, alto, bem constituído, com a pele trigueira, cabelos pretos compridos e olhos negros. Parecia ser um jovem rebelde, com um lenço vermelho na cabeça e uma argola na orelha, além das tatuagens visíveis nos braços. Era o seu filho, reconhecera-o de imediato, como se fosse um espelho do seu próprio reflexo. — Olá Tobias! – cumprimentou Severus, acenando apenas com a cabeça para o jovem, conservando a distância no relacionamento. — Tobias? Não! Pai! – resmungou o pai de Severus – Cumprimenta o teu filho, Edward! Ele ainda é Edward Stewart, mas espero que mudes isso rapidamente! Não é, Edward Severus Snape!? 137
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape — Como estás Edward? – cumprimentou Severus, não estava para discutir com o seu velho pai. O jovem olha para Severus com desconfiança, tal como Severus. — Tá-se… - Edward responde friamente, olhou para o avô e disse – Vô, tou lá fora, com a Nor e com a Bella, que já deve tar a fazer… asneira. — Edward saiu, fixando o olhar do pai. Severus ficou perplexo. Não o julgava, não tinha esse direito. Nunca se portou como um pai! —
De quem falava ele? – questionou Severus.
— Das irmãs, das tuas filhas, Eleonor e Isabella. Não as conheces, não é!? – o velho Tobias tentou conter o seu sarcasmo e dar um voto de confiança ao filho, porque afinal de contas tinha uma família graças a ele – Fizeste muita merda na tua vida, Severus… não te estou a culpar, sempre fui um exemplo de merda para ti! Mas, fizeste coisas muito boas. Deste-me excelentes netos! Uma família! E isso… correu uma lágrima pelo rosto enrugado – Isso… é o melhor que um filho pode dar a um velho pai! Tenho muito orgulho em ser teu pai, Severus! — Está a chorar? – perguntou Severus, também ele emocionado com as palavras do eu pai. — Então, não me conheces! Não sou dessas mariquices… É da lixívia! Estão sempre a lavar tudo com essa porcaria. — Bem me parecia! Também me afeta o cheiro a desinfetante… posso pedir-lhe que chame as miúdas? Assim fico a conhecer todos de uma vez! Tobias bateu na porta com uma roda da cadeira e chamou os netos. Entraram os três sob o olhar atento de Severus. Edward, o mais velho dos irmãos com dezoito anos, entrou e colou-se a um canto de braços cruzados e com uma perna dobrada, apoiando o pé na parede. Eleonor, a resplandecente loirinha de olhos azuis, entrou serena, como olhar muito atento. Estava muito parecida com Victoria quando tinha quinze anos. E por fim, Isabella, uma menina de cinco anos, cabelos escuros e olhos azuis, entra extasiada aos saltos de felicidade, corre para cima de Severus e abraça-o com muita força. Dá-lhe um grande beijo na face e afaga-lhe o rosto marcado pela vida e diz com alegria: 138
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape —
És lindo! Igualzinho como sempre sonhei! O meu papá! Adoro-te!
Ninguém reage ao entusiasmo da menina que manifesta um encantamento desmedido por Severus. Este, embora atónito por não saber a origem ou a sua relação com a criança, não quis arruinar os doces sonhos da menina. E, enquanto todos os olhos estão postos na reação de Severus, este exclama, para surpresa dos presentes: — E tu também meu amor! És a menina do papá! – Severus sorri e beijalhe as faces rosadas com muito mimo. Algo na menina era especial. Victoria acabara de chegar à porta quando visualizou a cena comovente. Ficou emocionada e sabia que tinha de ter uma conversa séria com Severus sobre a origem de Isabella. Mas ainda não era o momento. — Sabes papá, eu decorei o teu quarto! Era o nosso antigo quarto de visitas, aquele que fica ao cimo das escadas. Eu queria que tu e a mamã ficassem no mesmo quarto, como os Papás dos meus colegas, mas ela disse eu não porque tens feridas e podias magoar-te A mamã disse que podes sair do hospital amanhã! Por isso não vou à escola, quero ser eu a mostrar-te tudo… - Isabella falava incessantemente com muito entusiasmo, pulando de tópico para tópico, de uma forma clara e que aos seus olhos era o óbvio. —
Isabella! – Victoria chamava a sua atenção, sem sucesso.
— Bella! – Edward dá um berro e a menina cala-se, desce da cama, sem antes dar mais um caloroso abraço e vai para junto do irmão. Tinha-lhe muito respeito. Victoria pede para todos saírem. Precisava de ter uma conversa seria com ele. Depois de saírem todos, Victoria puxa uma cadeira que aproxima da cabeceira de Severus, retira os óculos dourados e disse: — Deves ter mil perguntas… Como tua médica advirto que ainda não estás em condições de te expores a grandes emoções. – inspira fundo e continua – Mas acho que tens de saber algumas coisas. —
Gostava muito!
— Pois bem, serei breve por agora, e o mais concisa possível…pelo princípio… a Rachel e o Avery separaram-se há sete anos e o Edward veio morar comigo, sou madrinha dele e agora é como se fosse mesmo meu filho. Descobriu 139
Rest in Peace, Allan Love you Forever!
O Grande Amor de Severus Snape onde estava o avô Tobias e trouxemo-lo paras viver connosco. A Eleonor, conheces. Não carece de grandes explicações. A Isabella é minha filha e é uma história bem comprida, que irei contar-te um outro dia, caso estejas de acordo. Agradeço-te muito pela forma de como te comportaste com ela. Foi agradavelmente surpreendente. Ela é muito… entusiasta! — Pois… eu vi! Mas de todos a que parecia conhecer-me melhor! – Severus sorriu- E essa história de ter alta amanhã e o quarto nas escadas… — Ah… Não é um quarto nas escadas… - Victoria ria – É o primeiro ao cimo das escadas. Posso dar-te alta médica amanhã, se prometeres portar-te bem na recuperação e não fazeres excessos. Não podias ficar sozinho na tua antiga casa, a dos teus pais, então pensamos que poderias ficar lá em casa até estares recuperado. Caso não te sintas preparado, ou não aches apropriado, podes ficar aqui no hospital. — Não creio que a Isabella deixasse! – Severus conseguia sorrir só de pensar na menina – Se não incomodar… ficaria muito agradecido. —
Então amanhã sais daqui! – Victoria apertou-lhe a mão.
—
Victoria sabes alguma coisa do rapaz, do Harry Potter?
Victoria voltou a colocar os óculos e a fechar o rosto. Levantou-se de imediato e já estava arrependida do convite feito. No seu pensamento era inadmissível que Severus tivesse em cuidados com o filho da sua rival que lhe destruíra a vida, e os seus verdadeiros filhos foram ignorados durante anos. Tinha que responder alguma coisa. Algo que o fizesse pensar no quanto ficou magoada com aquela pergunta. — Até onde sei, o rapaz está bem. Conseguiu o que queria, destruiu o meu pai, ou… o que restava dele. Fosse como fosse, era meu pai e gostava de ter privado mais tempo com ele! Não que valorize mais um laço de sangue do que um laço afetivo, pelo contrário. Mas o simples facto de nunca me ter esquecido e terme sempre procurado revela que me amava. —
Perseguia-te! Contigo e com a Eleonor teria a vida eterna!
— Não Severus. Ele sempre soube onde me encontrar. Foi ele que me salvou da Lily! Nos últimos anos, visitou-me várias vezes e nunca quis aprisionar-
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O Grande Amor de Severus Snape me ou arrastar-me com ele. Só queria o meu perdão e estar com os netos. Ele também foi uma vítima! —
Uma vítima? Um assassino! Matou a Lily! Tentou matar-me!
— É melhor não abordares esse tema! Não quero arrepender-me de te ter salvo a vida! E se estás vivo foi graças à generosidade dele! Ou… esqueceste-te que traíste a sua confiança em prol do rebento daquela… megera! – respirou fundo e continuou – Como eu te disse há pouco, tens muitas perguntas e respostas que não queres ouvir. E neste momento, a tua saúde está debilitada. Vamos manter a serenidade e a calma até ficares bom. Depois teremos todas as conversas que queiras. Se quiseres voltar para o mundo mágico, para perto do Harry, poderás faze-lo. Não te estou a aprisionar. Só a pedir-te que te restabeleças primeiro, pela paz de espírito dos teus filhos e do teu velho pai que, infelizmente não vai estar muito tempo entre nós.
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O Grande Amor de Severus Snape
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O Grande Amor de Severus Snape Capítulo 10 Severus concordou. Também no momento não tinha muitas opções. Estava demasiado debilitado e confuso com tudo o que o rodeava. No dia seguinte, chegou à casa onde iria ficar hospedado durante a sua convalescença. Ela uma moradia pequena nos arredores de Londres, numa zona calma e tranquila. A casa tinha no rés-do-chão uma sala, uma cozinha e uma suite, que fora em tempos uma biblioteca de estudo, alterada propositalmente para o velho Tobias. No primeiro piso tinha três quartos, sendo um deles de Victoria, outro partilhado por Eleonor e Isabella e o outro o famoso quarto de visitas. Tinha já pertencido ao Edward, mas ele preferiu mudar-se para o segundo piso, em que fez o seu estúdio de música. Eram águas-furtadas, mas a divisão era superior em relação aos outros quartos e tinha uma claraboia de onde podia ver as estrelas, o que lhe permitia compor melhor. Isabella estava radiante com a chegada do se tão esperado pai. Não cabia em si de contentamento e era a única que não tinha qualquer reserva em relação a Severus, o que deixava mais tranquilo. Talvez porque a única que nunca o tinha visto. Estava em casa a Sra. Debney, uma senhora amorosa de sessenta anos. Era ela quem tomava conta da desordem daquela tropa. Trabalhava lá cinco dias por semana, limpava, arrumava, tratava das roupas e resmungava muito com o Tobias, que tentava sempre por a mão onde não devia. Agora teria mais uma tarefa, estar a cuidar de Severus, assim como todos. Aliás a dinâmica da família era baseada na entreajuda, muito embora houvesse atritos e confusões como em todas as casas. Tinham tarefas definidas: Edward era o cozinheiro de serviço e fazia bolos e sobremesas como ninguém tinha aprendido nos tempos que vivera com a mãe biológica que não gostava dessa tarefa doméstica (para não dizer nenhuma) e os bolos fazia na pastelaria do padrasto Avery, que não o apreciava como filho. Era dotado para as artes, por isso era poeta, compositor e músico. Um jovem bonito, bem-apessoado apesar do seu típico lenço vermelho que e rodeava a cabeça como um pirata, e as suas calças largas. Era imagem de marca, dizia ele. Trabalhava em bares à noite onde também atuava. Durante o dia trabalhava como entregador de pizzas na sua mota. Era muito independente, mas também muito apegado à família. Adorava as irmãs que lhe tinham muito respeito porque era o “homem da casa”, o avô rabugento que lhe 143
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O Grande Amor de Severus Snape encimou tudo sobre a vida da noite, jogo, mulheres e outros vícios e a sua mãe Victoria, que ele adorava mais do que tudo. Quando a Rachel abandonou a família para seguir um idoso abastado, Avery deixou-o numa instituição. Tinha outros dois filhos para tratar. O pobre rapazinho de sete anos, via-se sozinho, abandonado. Lembrou-se que tinha uma madrinha, que estava muitas vezes num hospital e fugiu do orfanato e procurou-a em todos os hospitais até a encontrar. Victoria acolheu-o de imediato e ficou com a guarda dele. Edward sabia que tinha um avô paterno e também o procurou, não queria que estivesse só. Conseguiu cativar o rezingão Tobias e convence-lo a viver com a família. Tobias Snape que no início estava muito resistente à mudança, foi deixandose levar pela ideia de ter uma família outra vez. Adorava os netos e via em Victoria uma filha. As suas limitações não permitiam ajudar nas lides domésticas, por isso ofereceu-se para tratar das contas da casa, pagamentos, compras, impostos… aprendeu informática e tratava tudo online. Sentia-se útil, acarinhado e amado. Não queria deixar de ser o “rabugento” era parte da sua identidade, mas estava feliz. Saía de vez em quando com Edward para matar as saudades da vida noite. Tal como o neto, quisera ser músico quando era em, mas uma gravidez não planeada transformara-o em pai de família e deixou os seus sonhos. O grande desapego que tinha por Severus na infância era mesmo esse, a frustração de não seguir o que mais amava. Mas agora até agradecia, porque graças ao filho tinha uma família que o estimava, que o amava e isso… é o sonho que muito poucos podem sonhar na terceira idade e com as limitações motoras que tinha. Eleonor, a guardiã, era uma adolescente igual a tantas outras. Ajudava em tudo o que podia, lavava a loiça, ajudava a imã com os deveres, ajudava o irmão com as com as escapadelas de casa, in cobrindo as suas travessuras, ajudava a Sra. Debney e levava o avô a passear sempre que o dia estava bonito. Era uma excelente aluna, brilhava no quadro de mérito. Mas também vivia no mundo dos sonhos, sonhando acordada com o príncipe encantado. Adorava livros! Devorava-os! Passava muito tempo na biblioteca municipal. Tinha sede de saber, de aprender mais, sobre tudo. E mais que aprender, queria ensinar, principalmente a irmã. Isabella, o “benjamim” da família não partilhava muitas tarefas. A sua chegada àquela família foi inesperada e uma lufada de ar fresco. Ela trazia o poder do amor, da alegria, da união. Ninguém conseguia ficar triste com ela por perto. Vivia a sonhar com o pai. Queria o pai em casa para tudo fosse perfeito. Para ela não havia felicidade maior de que ter o pai e a mãe juntos, os irmãos e o avô. 144
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O Grande Amor de Severus Snape Victoria era médica de clínica geral no hospital. Fazia investigação clínica e os seus horários eram por vezes desconcertantes. Amava os filhos acima de tudo. Mas também nunca esqueceu o seu grande amor Severus. Matinha contacto com a única pessoa em quem podia confiar em Hogwarts, o inestimável Hagrid. Dava-lhe notícias de Severus quando ia a Londres. No ano que Harry Potter ingressou na escola, Severus ficou muito deprimido, angustiado com todas as memórias que escondera no fundo do seu coração. Ficou mesmo a adoecer, sem que o demonstrasse como era de costume. Hagrid contou o que se passava a Victoria que não resistiu em ir até Hogwarts. Tinha que o ver, mesmo à distância. Assim, deixou Edward e Eleonor aos cuidados do patriarca Tobias Snape e à Sra. Debney. Iria passar alguns dias a Hogwarts, como sobrinha de Hagrid. Iria disfarçada para não ser reconhecida. Colocou lentes de contacto castanhas, um aparelho orto dentário que lhe atravancava a voz, uns óculos grossos, uma peruca de cabelo eriçado, como o de Hagrid e umas roupas largas, desalinhadas. Teria que ser invisível e para isso nada melhor do que estar horrivelmente disfarçada. Em Hogwarts, ninguém reparou nela e assim poderia estar mais perto de Severus. Sabia que ele vivia no seu antigo quarto, junto aos claustros e teve curiosidade de o rever. Calculou o tempo de decorrer das aulas de poções dadas por Severus, nas masmorras, para que pudesse ir ao seu antigo quarto sem ser vista. Assim fez, entrou e ficou surpreendida porque a decoração era diferente, mas a disposição dos móveis era idêntica. Estava tudo no mesmo sítio, a secretária, a cadeira, a cama, as mesas-de-cabeceira, a cómoda, o espelho… sentou-se ao de leve na cama e alisou a almofada com ternura. Em cima da mesa-de-cabeceira estava um globo de neve com a imagem de Londres. Pegou-o cuidadosamente e lembrouse dos seus filhos sozinhos, do Tobias, da Sra. Debney e do seu trabalho. Agitou-o um pouco e o globo caiu, partindo-se no chão. Muito aflita com o que tinha feito, tentou juntar os pedaços de vidro, mas não sabia como eliminar a nódoa no tapete. Reparou então que havia algo na base do globo, algo circular. Retirou o objeto e era o seu anel! O anel de noivado que Severus lhe oferecera e que tinha entregue a Dumbledore num momento de aflição, para proteger a vida de Severus. Observou por algum tempo, apreciando aquela joia rara com um sentimento tão grande. Colocou-o no dedo e sorriu, ficando a olhar e perdida nas memórias de um grande amor. Deleitada com o achado magnífico, não deu pelo tempo passar. A porta abriu de repente e um rugido monstruoso aterrorizou-a.
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O Grande Amor de Severus Snape — estranha.
Que faz aqui! Quem é você? – Severus grunhia com a invasão da
— Limpando… - respondeu Victoria, encobrindo a cara e apanhando os pedaços de vidro. – Caiu isso daqui… — Sua idiota! Sua imbecil, saía daqui estaferma, antes que a ponha para fora a pontapés! Victoria saiu a correr. Só na casa de Hagrid é que se deu conta que ainda trazia o anel no seu dedo. Tirou-o e escondeu entre as suas coisas. Iria ficar com ele. Era seu por direito! Não o havia roubado, apenas encontrado o que lhe pertencia. Severus deu por falta do anel, pouco tempo depois de Victoria ter saído. Queixou-se de imediato a Dumbledore sobre a invasão seguida de furto. O Professor averiguou que se tratava da recém-chegada sobrinha de Hagrid e mandou chamar ambos à sua presença. Inquiriu-os sem sucesso. Hagrid não sabia de nada e Victoria recusava-se a falar. Severus pediu ao diretor e a Hagrid para falar com a moça a sós, talvez pudesse persuadi-la. Dumbledore permitiu e retirouse com Hagrid. — Pois bem… A moça não me conhece, mas eu sou o professor de poções mágicas desta escola e… advirto-a que tenho uma especial para obrigar as pessoas a falar! Victoria permanência muda, em silêncio, aterrorizada em ser descoberta. Severus continuou o seu discurso ameaçador, sem sucesso. Frustrado com o silêncio da moça, retirou de um bolso uma poção de virtilio, que permitia saber a verdade. Ao ver a poção, Victoria correu para a porta, mas foi impedida por Severus que lhe bloqueou a saída. — Muito bem… Se tem medo, é porque tem culpa… se tem culpa é porque roubou. E se roubou é porque é uma ladra. Victoria não respondeu e olhava apenas para o chão, quando Severus tentou abruptamente despejar-lhe a poção, prendendo-lhe a boca com uma mão. Victoria mordeu-lhe o dedo e com as mãos fez cair o frasco de vidro que continha a poção, partindo-se no chão. — Cadela! Como se atreve, sua ladra de meia tigela – grunhia Severus agarrado ao dedo ensanguentado. 146
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O Grande Amor de Severus Snape — Não sou uma ladra e muito menos uma cadela, seu bruto! Besta! – retorquiu Victoria com afinco. — Muito bem… vejo que recuperou a voz… pois bem, eu não costumo negociar com… gentinha! Mas o que roubou tem um valor inestimável para mim. É um anel muito simples, não conseguirá muito dinheiro por ele no penhor. Mas para mim é muito valioso… Por isso… quanto quer por ele? Quanto!? Faça o seu preço! — Já lhe disse que não lhe roubei nada! Nada! – Victoria conseguiu escapar de Severus e foi direta para a casa de Hagrid buscar suas as coisas e voltar para Londres. Hagrid falou com ela, para a chamar à razão —
Vi, querida, se tens esse anel, devolve-o!
— Hagrid é meu! Ele deu-mo! E só o tirei do dedo para não verem a inscrição. Salvei-lhe a vida. O Grey nunca iria deixar-me casar com o Severus. E às vezes, como agora, até consigo ver o porquê! — Mas para o professor Snape és apenas a minha sobrinha, que ele nem conhece! E se fugires agora, não poderás regressar sob este disfarce e não poderei ajudar mais! —
Não vou querer voltar, Hagrid! Nunca mais!
—
Como queiras, Vi! Mas… pensa bem! Pensa bem!
Victoria refletiu e deu razão ao Hagrid. Não podia deixa-lo malvisto por Dumbledore, tendo uma sobrinha ladra e estragaria um disfarce perfeito. Ninguém descobriu, nem sequer desconfiou! Teria de colocar o anel no chão do quarto que agora era de Severus, como se tivesse sido perdido. Poderia resgatar o seu anel noutra altura. Colocou o seu plano m prática. À hora de jantar, depois de se certificar que Severus estava sentado à mesa de Dumbledore, dirigiu-se ao quarto. Colocou-se gatas junto à cama, no sítio onde tinha caído o globo de neve. Tentava determinar o melhor sitio para depositar o seu tesouro, sem dar nas vistas, mas também que não passasse despercebido. Trazia-o no dedo para não o perder e estava a tentar tira-lo quando foi surpreendida novamente por Severus.
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O Grande Amor de Severus Snape — Eu sabia! Vi-a a rondar a sala de refeições! Certamente, está a cometer...outro furto! Victoria fica de joelhos e esconde o braço direito atrás das costas para que ele não visse o anel. Severus segura-lhe no outro braço e levanta-a de uma vez só. —
O que tem aí escondido? Mostre!
Victoria recusa com um simples abanar de cabeça e Severus puxa-lhe o outro braço e vê o anel no seu dedo. Perdeu a cabeça e começou a berrar: — Ladra! Gatuna manhosa! Mentirosa! – Severus achincalhava-a como uma boneca de papelão. Victoria conseguiu administra-lhe um golpe nas partes privadas com o joelho e libertar-se do agressor. Pôs-se em fuga, mas Severus ainda caído no chão, puxou da varinha e lançou-lhe um feitiço que a deixou estática: —
“Impedimenta”!
Severus levantou-se a custo e aproximou-se dela. Victoria estava imóvel e aterrorizada, com a certeza absoluta de que iria ser descoberta nos próximos momentos. — Que escondes mais? Que outros furtos escondes por baixo desses trajes ridiculamente largos? – Severus encostou-a à parede, de costas para si e começou a passar as suas mãos pelas costas de Victoria, descendo lentamente, contornando as ancas e sussurrou-lhe ao ouvido – O que mais irei encontrar por aqui… - Severus colocou as suas mãos por debaixo do manto de Victoria, revistando-lhe os seios, deslizando-as pela cintura fina até ao ínfimo do seu ser. Suspirando e com a respiração ofegante virou-a para si com fervor e envolveu num beijo quente, ao qual Victoria não ofereceu resistência. A saudade, o desejo tomou conta de ambos e acabaram por se entregar ao prazer carnal. Depois do momento de loucura, Victoria ficou sem saber o que fazer e não queria ouvir nada. Sentia-se traída por ela mesmo! Saiu, esquecendo-se do anel no dedo. Pegou nas suas coisas e regressou a Londres, para a sua família, que ficou maior nove meses depois com o nascimento da encantadora Isabella. Agora, com Severus a viver na sua casa teria que explicar o nascimento da filha e revelar a sua conceção. Nunca tinha pensado em contar-lhe porque já tinha 148
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O Grande Amor de Severus Snape desistido de voltar ao mundo mágico, no entanto, por magia do destino Severus estava consigo e com os filhos como Bella sempre acreditou. A recuperação de Severus estava a decorrer pelo melhor. No início sentia-se um intruso, um estranho que só dava trabalho, mas com o carinho de Bella e o à vontade de toda a família fez com que se sentisse em casa aos poucos. A azáfama das manhãs, a calmarias das tardes e a bagunça hilariante das noites já pertenciam à sua rotina. Sempre que estavam a sós, Victoria e Severus aproveitavam para terem conversas sobre Voldemort, Avery, Edward, Eleonor e outros. Somente não falavam da relação de ambos. Sempre que ele abordava o assunto, Victoria ignorava ou mudava de assunto. Quando ele tentava uma aproximação física, um gesto inocente de carinho, um simples tocar de pele, ela esquivava-se e repelia-o de imediato. — O Voldemort nunca me revelou o vosso paradeiro… aliás, desde o seu regresso da Albânia, que a nossa convivência era mais… objetiva. — Victoria.
Sim, com base incisiva no filho da Lily! Harry Potter! – concluiu
— Tinha que o proteger! Devia isso à memória da Lily tinha prometido ao Professor Dumbledore! Consegues compreender isso? – interpelou Severus com afinco. — E os teus filhos? Quem os protegeu enquanto protegias o filho da Lily? O Avery portou-se como um vergonhoso covarde quando abandonou o Edward numa instituição! Ele nem me disse nada! Podia ter-me procurado e eu tinha ficado com ele! Mas não… queria magoar o Edward! Ainda bem que não é meu irmão! Nem o Voldemort era assim tão cruel! Sempre me visitou. Sempre me protegeu! Adorava os netos, em especial da Eleonor. — Eu sei que não tenho perdão! - flagelou-se Severus – Nunca foi um pai! Nunca fiz nada por eles! Sempre pensei que o Avery era melhor do que eu, mais nobre. E que a Eleonor… estaria melhor contigo e… linda inteligente como és, poderias ter refeito a tua vida com alguém. – Aproximou-se dela e tentou afagarlhe o longo cabelo loiro, no entanto Victoria desviou-se e mudou de assunto. — Sabes que a foi a Eleonor que ativou a pedra da ressurreição que salvou o Harry? Quando ele desapareceu o ano passado o Professor Dumbledore 149
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O Grande Amor de Severus Snape esteve aqui. Pediu-lhe para ela o fazer. Ela sabia que… o Harry iria destruir o avô, mas tinha de o fazer! O meu pai estava obcecado em matar o escolhido e… Ele tinha que sobreviver! O futuro dos nossos filhos dependia disso, assim como a preservação do mundo mágico! — E achas que eu não sabia disso? – vociferou, pegando-lhe nas mãos e tentando monopolizar o seu olhar – Achas que fiquei lá só por causa do filho da Lily!? Olha para mim! Fazes ideia quantas vezes fraquejei!? Queria voltar! Por eles, por nós! Por ti… Para estar contigo! Victoria… Eu nunca te esqueci! Nunca… — Bem tenho… que ir! Precisam de mim no hospital. – Victoria libertouse com algum custo de Severus e procurou uma saída segura – O Edward deve de estar a chegar com as miúdas. Foram com o avô ao torneio de sueca! Eles fazem-te companhia. Até já! Outro tema tabu era a origem de Isabella, porque Severus não queria saber, gostava demasiado dela para lhe contarem fosse o que fosse. Era de quem se sentia mais próximo, mais amado. — Ganhaste o torneio, pai? – perguntou Severus ao Tobias que entrava com a Bela ao colo, a Eleonor a segurar-lhe a mão e o Edward a empurrar-lhe a cadeira de rodas. —
Claro que sim! Ainda sou um ás no jogo! – respondeu o patriarca.
— O Edward consegue fazer batota para o avô ganhar! – disse Bella que se pendurava no pescoço do pai. – Ele fez magia! — Todos nós fizemos! – acrescentou Eleonor – Todos nós sabemos fazer truques mágicos! —
Como, se não estudaram em Hogwarts? Foi a vossa mãe? O Avery?
—
Não! Foi o meu padrinho, Sírios. – respondeu Edward.
— Pois… tinha-me esquecido que esse… senhor era teu padrinho… disse Severus entre dentes – Ele veio para cá, quando fugiu de Azkaban, não foi? — Sim. Esteve aqui escondido, depois de fugir da prisão dos demónios! Era levado da breca! E lembraste q’eu nem sequer gostava de bruxos!! Mas depois do enfardamento de porrada q'ele deu ao bandalho do Avery, fiquei fã! Eh, eh… 150
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O Grande Amor de Severus Snape respondeu o velho rezingão muito satisfeito – Foi para ele aprender que não se faz o q'ele fez ao meu neto! E agora tá a precisar de mais! E os putos dele também! — Eu já avisei o Peter que lhe trato da saúde se começar a esticar-se nas horas… - resmungou Edward, olhando para Eleonor pelo canto do olho. — És impossível Edward! O Peter é teu irmão! – bradou Eleonor, subindo pela escadaria e escondendo-se no quarto a chorar. — Eleonor? Eu já t'avisei! Eleonor!? – Edward correu atrás da irmã. Iriam certamente iniciar uma briga. —
O que é que eu não sei? – indagou Severus, meio à toa.
— É melhor subir, tenho que os obrigar a fazer as pazes! – Bella desceu do colo do pai e subiu para apaziguar a os ânimos entre os irmãos. —
Pai, pode dizer-me o que se passa entre eles, quem é esse Peter?
— É o Peter Stewart, meio-irmão do Edward! É filho do javardo do padeiro. Ele andou a esticar-se nas curvas, para cima da tua filha Nor! Assim como o pai dele que andou a arrastar as asas para… aí! — Para a Victoria? O Avery andou atrás da Victoria, é isso? E o filho dele para a Eleonor? – Severus cuspiu veneno e grunhiu como se exaltasse enxofre – Filhos da puta! Eu vou lá, falar com eles! Vão ver quem eu sou…. Greehh… — Acho bem que tomes uma atitude d'homem! Até agora o Edward tem sido o homem da casa… sim porque a mim… Ninguém tem medo dum aleijado… Um inválido que não serve pa'nada! Mas a Victoria e a Nor são uns anjos e dão-se ao respeito, mas são muito bonitas e isso…. Despertam a cobiça! — Eu vou tratar disso. – afirmou Severus quando foi intercetado pela filha, que descia as escadas. — Você não vai fazer nada! Não tem esse direito! Não nos viu nascer! Não nos criou! E se não fosse pela Bella… - Eleonor estava zangada com o pai – Se não fosse ela, você nem estaria aqui! Agora quer ser pai? Tomar satisfações de um rapaz? Do Peter? Eu salvei o seu… Harry Potter! Volte pra lá! É o filho querido, não é? Sabe porque ninguém aqui foi estudar para Hogwarts? Para não estarmos consigo, a vê-lo babar por aquele… convencido! E quando a Bella nasceu… 151
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O Grande Amor de Severus Snape — Eleonor! – gritou Edward – Quarto! Não te aviso outra vez! Estás de castigo! E vou falar com a mãe… Eleonor calou-se e subiu novamente a escadaria choramingando. Tinha muito respeito ao irmão, embora brigassem por causa de Peter Stewart, o seu namorado. Ainda tinha muito ressentimento em relação ao pai. Lembrava-se da mãe chorar muito por ele. O velho Tobias também saiu da sala, deixando Severus e Edward sozinhos. — Eu sei que não mereço, nem tão pouco tenho o direito de ser vosso pai. – suspirou Severus, aceitando a derrota. — Ela tá chateada, por causa do Peter… apanhei-os aos beijos no outro dia, atrás da padaria e dei-lhes uma prensa… aos dois! Não ligue ao q'ela disse! Tá de cabeça perdida, no ar… miúdas… São as hormonas aos saltos! —
Ela tem razão… vocês têm razão!
Edward chega junto do pai e dá-lhe um abraço de camaradagem. — Fique! Nunca tive um pai, nem elas… Quer dizer eu tive um pai, mas… Sabe bem! Nunca foi a mesma coisa… Por favor, fique por nós, pelo avô e pela mãe! Mas… se está decidido a ir… Não volte! A Bella ficará destroçada, assim como todos nós! Principalmente a Nor… Ela não demonstra, mas gosta muito de si! Eu sei! Um abraço do filho que renegou, que repudiou! Aquele abraço que consegue derrubar montanhas e construir pontes. Todavia, sabia que teria de tomar um rumo na sua vida. Não poderia continuar ali como um hóspede. Teria que decidir se manteria a versão do renascido ou voltaria para Hogwarts como o sobrevivente. A afeição por toda a família começava a ter um peso significativo. Muito mesmo. Não queria deixa-los, mas não conseguia viver ao lado de Victoria como um estranho, um amor do passado, um fantasma de tudo o que poderia ter sido e não foi. Durante uma apresentação da banda rock de Edward, os “Dark Magic”, num bar londrino, em que toda a família estava reunida, Severus aproveitou o momento para insurgir-se contra Victoria.
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O Grande Amor de Severus Snape — O Edward deveria ter ido para Hogwarts. É muito bom: inteligente, habilidoso e um líder nato! Daria um grande feiticeiro, como eu! Se… Ao menos o tivesses deixado ir… Como a Eleonor! Mas não os querias perto de mim, não é? Victoria ignorou-o, virando-lhe ligeiramente as costas. Severus recalcitrou: — O Harry não é meu filho, se é isso que pensas… Não fazes ideia como foi difícil para mim ter que o proteger do teu pai, ao início… Não tinha qualquer afeto por ele e… Lembrava-me da Eleonor, que deveria estar lá, junto de mim! E o Edward também, claro! Sabes que… fiquei no teu antigo quarto, junto aos claustros! Victoria, colocando a Bella no chão junto de Eleonor e de Tobias, pediu licença e foi até aos lavabos. Estava a ficar farta da dissertação frustrada de Severus. Ele seguiu-a. Entrou atrás dela, desobedecendo às normas da casa. —
Não sabes que isto é só para mulheres? Não és nada cavalheiro!
— Nunca fui e mesmo me quiseste! - agarrando-a pela cintura e encostando-a à parede disse-lhe – Mesmo assim me amaste… Por mais que digas que não, eu sei que ainda me queres! — ou grito!
Não passas de um convencido, de um conquistador barato! Larga-me
— Grita! Vai! Quero ver isso! Pelo menos tens alguma reação! – tentou furtivamente beija-la, mas ela desenvincilhou-se dele. — Severus… amei-te muito no passado. É verdade! Mas acabou… compreendo que estejas a misturar as coisas, porque estás lá em casa, mas… não vai haver nada entre nós! Como tu mesmo disseste: Nunca mais! — Disse! Disse sim, porque não podia ficar! Eu estava transformado num monstro cheio de ódio, raiva… Ciúme! Mas depois descobri a verdade e fiquei cheio de remorsos… Mas nunca te esqueci! E continuo a querer-te, ainda mais agora! — Agora, só poderemos ser amigos, pelo bem dos nossos filhos, mas só isso! E não proibi os miúdos de ir para Hogwarts. O Professor Dumbledore era da opinião de que eles seriam uma distração para ti e… tinhas uma missão! Sentir-teias melindrado ao seres espião, temerias pela segurança deles! 153
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O Grande Amor de Severus Snape — Amigos? Depois de tudo o que nós vivemos? De tudo o que fomos um para o outro? — Severus, não é o local, nem o momento para falarmos de nós! Mas adianto-te que deverás pensar num futuro sem mim… - Victoria saiu, sem olhar para trás, sem ver as suas lágrimas, a sua dor. Era o fim de uma ilusão, de um sonho. Teria que continuar a viver… sem ela! O desapego e repúdio de Victoria provocou-lhe um sentimento depressivo. Decidiu voltar para a sua vidinha de professor de poções. Uma posição confortável e não era novidade. Antes de comunicar o que decidira mentalmente, iria começar a despedir-se de cada elemento, começando pela que lhe era mais querida, a menina do papá, Bella. Aproveitou um passeio no parque para lhe tentar dizer. —
Bella querida, eu já estou curado! – dizia Severus com muito cuidado.
Bella ignorava-o propositadamente. E não mostrava o entusiasmo, a alegria de outros tempos. —
Estás a ouvir-me meu anjo? Eu já estou bom! Não gostas? Estás bem?
— Diz antes que não vais embora. Não podes ir! – Bella respondeu com muita tristeza e – O Eddie disse que já tinhas decidido ir… ele consegue ler pensamentos, sabias? Mas não podes ir! Fiquei à tua espera durante anos! Não vou deixar-te ir!! Não!! — Não vou a lugar algum! Prometo – Severus só queria um sorriso de Bella, estava a ficar destroçado. - Posso fazer-te uma pergunta minha princesa, foi ele que te falou de mim? — Não! Eu conheço-te dos meus sonhos… - sussurrou-lhe Bella. Olhou para todos os lados para ver se ninguém estava a ouvir e continuou – A mamã tem um anel mágico que me falava de ti? — Meu amor, posso ensinar-te muito sobre o mundo mágico se quiseres, mas os anéis não falam! Só estivessem enfeitiçados, mas não acredito que a tua mãe tenha um! - respondeu-lhe baixinho ao ouvido da menina. —
Há isso é que tem! Tem sim e fala. Tem o teu nome escrito e tudo! 154
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O Grande Amor de Severus Snape —
Já sabes ler querida?
— Não! Mas a Nor disse-me o que está lá escrito: “Com todo o meu amor - Severus”. Posso mostrar-te quando não estiver ninguém em casa. — Sim, por favor! Gostaria muito! – respondeu Severus, muito intrigado, como poderia ser o anel que dera à Victoria se o mesmo lhe fora furtado por uma desconhecida. A não ser que… pensava: “a sobrinha do Hagrid tivesse engravidado e deixa-se a menina aos cuidados Victoria”. Aguardava impacientemente que todos saíssem de casa para ficar a sós com Bella e assim poder mostrar-lhe o anel. Tinha que ter com cuidado com Edward, porque poderia ler-lhe o pensamento. Ninguém falava muito sobre o nascimento de Bella. Havia uma espécie de pacto de silêncio entre a família. Subitamente pensou, a Sra. Debney! Aproveitou um momento oportuno, a Sra. Debney estrava a tratar da roupa e ninguém estava perto. Ofereceu-se para a ajudar. — Estou habituado a tratar da minha roupa, desde muito novo, não me custa nada ajuda-la Sra. Debney! — Obrigada rapaz. Começo a ficar velha pa estas cosas… É a espinha q’e me dói… Aí sa dotora ove…. É a coluna vertebal ou vretrebal ou lá como se diz… — A Sra. Debney ainda é uma jovem! – Severus sorriu e começou a inquirir - Conhece o meu pai à muito tempo? — Obrigada me rapaz. Jovem eu!? Ah, ah… e nã. Nã tenho nada c'aquele velho rabgento! – riu e continuou - Sim, conheço, desde ca Victoria o troxe do lar. Devia era ter deixado lá, o traste! Desculpe lá q’é se pai, mas tira-me do sério! Com tanto dedo… — Não há problema! Eu sei o que a casa gasta! – gracejou Severus – Então chegou a ver a Victoria grávida da Eleonor? — Nã, a Nor já tinha catro aninhos quando veio pa este bairro. Foi quando a Victoria foi buscar o Eddie, lá do orfanato. Olhe lá rapaz, nã tenho nada haver co isso ma nã se faz isso ao menino. O q’e o padero fez! – dizia a Sra. Debney, com a sua pronúncia peculiar - Mas da Bella sim. Case ca vi nascer! Ah… era uma bebé tã bonita. Olhe, parcia um anjo! E olhe rapaz, disse primero papá do q'e mãe! 155
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O Grande Amor de Severus Snape — Ela é mesmo um anjo! É a minha menina! A menina do papá! A Victoria falava em mim? — Olhe, veja bem rapaz… antes de vocemece vir do hosptal, a Victoria disseme q'e nã era pa lhe dzer muita cosa… Mas olhe, eu tenho q'e desabufar… Ela falava muito em si, sim senhora! Ninguém já a pudia ovir! Mas olhe, eu nã lhe tou a contar nada, tá bém! – dizia a senhora, que já não se queria calar. — Fique descansada, que não direi nada a ninguém da nossa conversa! Mas diga-me, falava bem ou falava mal? — Obrigado rapaz. Nã q'ero cofusões… Olhe, falava bem, falava mal… dependia dos dias! Havia ai o homem gordo, feio, barbudo que parcia um bode velho, que vinha cá trazer notícias suas… e atão ela falava bem… Olhe, mas dpois vinha o pai dela, aquele diabo e falava mal. —
Por caso o senhor gordo e barbudo, chama-se Rubeus Hagrid?
— Olhe rapaz, eu cá nã se… até porque nã sou de falar da vida da dotora… Mas tinha um nome esquisito sim. Era caseiro duma horta ou otra cosa parecida… mas nã pense lá q’era namorado… Nã! Tamém o menino Eddie nã ia qrere… já tou é falando demais… — não quer?
O Hagrid e a Victoria… - gargalhou Severus. – Mas o que é o Edward
— Olhe rapaz, eu nã sou de falar dos meninos, mas o se filho Eddie é muito ciumento ca mãe e cas meninas… olhe havia ai um dotor q’e arrastava a asa pa dotora… olhe sabe o que ele fez ao moço? Pos-lhe uma cosa na bebida. O moço borro-se todo nas calças! Nem imagina… um moço todo jeitoso e todo cagado… é do pior o sê filho… outra vez foi o padero, o q’e foi pai dele… — — dizer… —
O Avery Stewart? Esse memo! Olhe, ele vinha ca assim de mansinho, assim como vou A cortejar a Victoria? Querer namorar com ela?
— Isso memo… ele vinha ca e o Eddie e Nor estavam combinados, tá a perceber? Atão olhe, foi assim a Nor dexou cair um copo d'agua em cima do padero e o eddie de-lhe uma toalha de rosto… - Sra. Debney ria como uma perdida – olhe, 156
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O Grande Amor de Severus Snape foi um fartote de rir, quando ele limpo a fuça à toalha e fico com comechão, orticardia, orti… ai como se diz… —
Urticária?
— Olhe, acho q'e sim! Aquilo duma erva q'e dá comechão… Bem, mas olhe, eu nã so de falar da vida de ninguém! Nã gosto dessas cosas… Mas olhe, é uma pena, uma senhora tão bonita como a dotora Victoria… Aí se ela ove… diz logo é só Victoria… Mas tava a dizer q'e tão bonita e tão sozinha com tantos meninos pa criar… Eu nã tenho nada haver com isso…, mas olhe q'e dá pena. —
Culpa minha, Sra. Debney… pode dize-lo… mereço ouvir!
— Olhe rapaz, desculpe. Eu cá não so de me meter na vida de ninguém! Mas nã acho bem, nã acho! Essas modernices a fazerem filhos pa aí, e cada um pa sê lado… Olhe, deviam casar, né! Antes de fazerem otro! Mas eu, olhe nã lhe disse nada! — Fique tranquila Sra. Debney! A senhora é uma bênção nesta casa! – Severus deu um beijo na mão da senhora idosa que roborizou – E seria escolha perfeita para minha nova mãe… mas eu sei como é o meu pai… — Oh… Meu rapaz… tã simpático, cavalhero! Já vi o q'e a Victoria viu em si… Olhe, rapaz eu nã so de meterme na vida da patroa, mas olhe nã a deixe fugir q'e sei q'elá gosta de si! Bem vou andando, tenho outras cosas… até já! Severus tinha confirmado algumas suspeitas. Se de facto tivesse o anel… óbvio! Era ela, a rapariga mistério, disfarçada de sobrinha de Hagrid. Quem mais ia querer ficar com aquele anel velho da sua bisavó? Não tinha valor comercial! E quem mais conheceria o seu quarto? Somente uma antiga moradora! E quem mais teria a suavidade da pele de Victoria, o seu cheiro, o seu gosto, o seu fogo? Era demasiado óbvio agora! A Bella tinha razão! Era a menina do papá! Abandonou a ideia de voltar para Hogwarts. Deixou de fazer sentido, pelo menos até desvendar a origem de Bella. Conseguiu ficar sozinho em casa com a menina que não se esqueceu do que lhe prometera. Foram ao quarto da Victoria e a pequenina retirou o anel de uma caixinha muito bem guardada. Severus retirou o anel com muito cuidado e observou-o minuciosamente. Era o seu anel! O anel que a sua mãe lhe dera no último Natal que passaram juntos. O anel que Lily desprezou. O mesmo anel de noivado que tinha oferecido à Victoria. Tinha a inscrição! Era o mesmo que lhe fora furtado pela mulher misteriosa. Confirmou 157
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O Grande Amor de Severus Snape que era Victoria. Só precisava de a confrontar! Voltou a guardar o anel na caixa e segredou ao ouvido da filha: — Não vamos contar a ninguém, está bem, meu amor? – a menina abanou a cabeça de forma positiva e abraçou o seu pai com muita força. Passado algum tempo, depois de uma azáfama matutina em que Edward berrava para que as irmãs se despachassem para as levar à escola, e a mãe tinha estado toda a noite no banco de urgência no hospital. As meninas brigavam porque Bella tinha mexido nas bijuterias da irmã mais velha. O velho rezingão discutia com a Sra. Debney por causa do pequeno-almoço. O normal! Após quarenta minutos saíram todos na carrinha da família, menos Severus que nada tinha para fazer. Victoria chegara pouco depois, de rastos depois de uma noite de plantão (que nos últimos dias fazia muitas na tentativa de evitar Severus). Atirou com os pertences para um cadeirão na entrada e subiu para se meter no duche. Tinha sido uma noite difícil. Queria deitar-se descansada. Pensando não estar ninguém em casa saiu da casa de banho em robe e foi para o seu quarto. Severus estava lá, deitado na sua cama com o anel entre os dedos, olhando para ela. —
Podes explicar? – indagou Severus.
— É o anel que me deste! Porquê? Quere-lo de volta? – respondeu Victoria, fazendo-se desentendida e com esperança que ele não se recordasse. — uns anos!
Sim, quero. Tem um valor inestimável para mim! Foi-me roubado à
— Severus, estou cansada, tive uma noite horrível no hospital… preciso descansar. Se não te importas de continuarmos este assunto numa outra hora… por favor… - Victoria fez sinal junto à porta para Severus sair. Severus bufou, mas acabou por ceder. Levantou-se, guardou o anel no bolso das calças e dirigiu-se para a porta. Victoria esticou a mão na sua direção, antes de ele sair: —
O anel?
—
Vai ficar comigo até falarmos!
—
Porquê? Pensava que mo tinhas dado! 158
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O Grande Amor de Severus Snape — É um anel de noivado… pressupõe casamento… não existiu, por isso tenho o direito do reaver! Posso ter planos para ele…– Severus saiu graciosamente após a provocação. Victoria ficou possessa! Como lhe poderia fazer isso, depois de lhe ter salvo a vida, hospedado na sua casa e integra-lo no seio da família!? Não! Não iria permitir que levasse a sua avante! Foi ter com ele ao corredor e, como uma criança que perdeu o brinquedo, retirou-lhe o anel do bolso e colocou-o no dedo. — Gostas mesmo do anel, ou é só um motivo para correres atrás de mim!? Estás louca para me teres outra vez… confessa! Como da última vez, em Hogwarts… quando me roubaste o anel, só para te possuir… – provocava Severus. — És impossível! Detesto-te! Não te permito que me trates assim, depois de tudo o que fiz por ti! E nem mereces! Tu não mereces nada! Não mereces ter um pai, filhos, família! Nada! Nunca me merecestes, muito menos o meu amor. És um estúpido! Uma besta! Um idiota arrogante! —
Muito bem! Vejo que está na hora de conversamos sobre nós!
— “Nós” é algo que não existe! Faz parte do passado! Nunca tiveste planos para nós! Nunca quiseste saber de nós! Nem dos nossos filhos! Só da Lily e do rebento dela! — Como ousas dizer isso depois de tudo!? Depois do que disseste!? Do que me fizeste!? Tens noção do quanto me feriste quando me disseste que não me amavas? Que apenas tinha sido uma diversão, uma vingança de uma menina mimada? Que tinhas nojo de mim! Que me usaste, que amavas outro! Eu morri naquele dia! Morri! Percebes!? — Fiz isso sim! E faria outra vez para te salvar de Azkaban! Porque te amava! Porque aquela cabra, a tua amante o exigiu, para que o James te proporcionasse uma fuga! — A Lily nunca foi minha amante. Tivemos momentos, sim! Mas isso foi muito antes de nós! E preferia ter apodrecido em Azkaban do que ter ouvido tudo o que me disseste! Cuspiste-me na cara e disseste que tinhas nojo de mim! Depois de tudo! Dei-te o melhor que havia em mim! Eu vivia por ti! E tu destruíste-me!
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O Grande Amor de Severus Snape — Por causa dela! Porque foi o preço que ela exigiu! Era tudo mentira… Não queria ver-te preso! Podias ser torturado, espancado, assassinado! Não te podia salvar em Azkaban! — Depois fizeste-te de morta! Morta!! Sabes o que é? Ver alguém que amas mais do que a própria vida, morta? E… afinal era mentira! Mentira! — Não queria casar com o Sírios e muito menos ficar no mundo mágico sabendo que me odiavas! — Mas podias ter-me procurado depois e contado tudo! E ainda me escondeste que era pai, que tínhamos uma filha… ou melhor dizendo duas filhas! Sim, porque eu lembro-me bem do que me fizeste para roubar esse anel! — O que eu te fiz? Tu é que me acusaste de roubo, de ladra! Eu só queria o que é meu! E tu é que me possuíste como uma qualquer! Que querias? Que te dissesse meses depois que tínhamos tido outra filha? Fruto de um momento de sexo com uma desconhecida? Não me admiro que tenhas outros filhos por aí… espalhados! Severus encostou-a à parede do corredor e roçando o seu corpo no dela respondeu-lhe ao ouvido com fervor: — Tu gostaste tanto quanto eu, ou mais ainda! Ainda me lembro do quanto gemeste enquanto te possuía contra aquela parede! Assim como eu sei que me queres agora… – afastou-se e recuperou o fôlego e o discurso - Não há aqui vítimas! E como médica, só quiseste ter a Bella porque assim o quiseste! E ainda bem! Amo aquela miúda! Mesmo que não fosse minha! Assim como o Edward e a Eleonor! O que não consigo suportar é a tua indiferença! A tua falta de amor por mim! Quando eu nunca te deixei de amar. Eu amo-te! Mesmo depois de tudo. Tudo! Victoria seguiu a caminho do seu quarto. Antes de entrar, virou-se para Severus e disse-lhe: — Não me és indiferente! E sim, quero-te como sempre te quis, como sempre te desejei! Eu ainda te amo! Sempre te amei! Nunca tive outro homem na minha vida… Mas… abandonaste-me quando mais precisei de ti! No dia em que me deste este anel, foi no dia em descobri que estava grávida. Quis contar-te, mas tu tinhas planos para ires ver a mãe do Avery. Pedi-te mil vezes para ir contigo, mas recusaste. Disseste que voltavas logo… e não voltaste! Assim como da outra 160
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O Grande Amor de Severus Snape vez, quando me descobriste com a Eleonor. Tentaste matar-me! Eu sei o porquê! Mas depois cuidaste de mim e a seguir foste-te embora! Fiquei sozinha. Tinha dezoito anos apenas e tu abandonaste… E não podemos modificar o passado! – Victoria deu por encerrada a conversa e foi para o seu quarto. Estava exausta física e psicologicamente. Caiu na cama lavada em lágrimas e adormeceu. Severus desceu até sentir o chão que lhe fugira momentaneamente. Também estava exausto com a discussão, mas pelo menos conseguiram desabafar o que ia na alma de cada um. Sabiam que ainda havia muito fogo, um desejo mútuo entre os dois, mas o sentimento maior, o amor que um dia viveram é que estava ferido, mortificado! Após um longo e solitário passeio durante todo o dia pela rua, Severus tomou uma decisão. Voltou depois do anoitecer, em silêncio. Cumprimentou toda a família que se encontrava na sala e sem dar qualquer justificação pela sua ausência, subiu para o quarto de hóspedes onde começou a guardar os seus poucos pertences. Victoria subiu antes dos filhos entrarem em alarmismos, porque já o tinham procurado em todos os cantos. Queria saber o motivo do seu estranho comportamento, que seria consequência da discussão que tiveram pela manhã. Viu-o a arrumar as coisas e perguntou: — Sempre te vais embora? Vais abandonar os teus filhos outra vez, não é? O Edward disse-me que há algum tempo que tens essa ideia. Ele sabe… — disse-me!
Ler pensamentos! – interrompeu ele para concluir a frase. – A Bella
— E nem comunicas a tua decisão abertamente aos miúdos? Ao teu pai? Vais-te embora assim? – Victoria estava indignada, tirou o anel do dedo e acrescentou - Se é por causa do anel, toma-o! Fica com ele e faz o que bem entenderes com ele, mas não saias assim! Por favor, peço-te. Irás magoa-los! Destrui-los! — Occlumency! Sou perito nessa arte, modéstia à parte. É uma técnica para bloquear que nos leiam os pensamentos! O que significa que o Edward não está correto, pelo menos agora, depois de ter tomado a minha… decisão! — Isso quer exatamente o quê? – inquiriu Victoria com alguma impaciência. 161
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O Grande Amor de Severus Snape — É simples! - Pegou no anel, juntamente com as suas coisas e continuou – Vem comigo. Atravessaram o corredor e pararam junto do quarto de Victoria. Ele abriu a porta com muita calma e disse: —
Entra!
— É o meu quarto! Queres falar comigo aí dentro! Porquê? Podíamos ter falado no teu quarto! Olha, se tens algum tipo de ideia… - Victoria foi interrompida com um beijo. —
Entra! Insisto! Por favor…
Victoria entrou no quarto precedida de Severus. Ele fecha a porta e dirige-se ao lado direito da cama de Victoria. Coloca alguns dos seus pertences na mesa-decabeceira, as roupas e os restantes numa cadeira. Victoria assiste em silêncio até que Severus aproxima-se dela. Leva o anel aos lábios e depois coloca-o no dedo anelar de Victoria, dizendo-lhe: — Vamos ter que aprender a resolver o nosso passado e a sarar as nossas feridas de alguma forma… Mas agora, o que sei é que eu te amo muito e não vou passar nem mais um dia sem ti! —
Ainda queres casar comigo? Depois deste tempo todo?
— Always!
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