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AMBIENTES LABORAIS SAUDÁVEIS Riscos Psicossociais: A importância de (re)conhecê-los
Introdução
O ambiente laboral tem presenciado, nas últimas décadas, grandes mudanças a vários níveis. A revolução tecnológica tem contribuído para a substituição do trabalho humano por meios mecânicos e automatizados, permitindo aliviar o esforço físico e aumentando a produtividade. No entanto, tais mudanças têm igualmente contribuído, por um lado, para o aumento do desemprego, mas por outro, para o aumento do ritmo de trabalho, acumulação de funções, diminuição das remunerações e aumento da insegurança na estabilidade dos empregos. Estes fatores promovem uma maior tensão nos trabalhadores face às exigências da vida profissional, contribuindo para o aparecimento dos riscos psicossociais.
Os riscos psicossociais constituem um dos maiores desafios do século XXI, onde a vida pessoal e familiar é afetada pela vida profissional. O facto de o trabalhador não conseguir conciliar o seu tempo entre a sua vida pessoal (família, hobbies, etc.) e a vida laboral, gera um aumento do stress e irritação emocional [1], resultantes de deficiências na conceção, organização e gestão do trabalho, bem como de um contexto social de trabalho problemático, podendo ter efeitos negativos para o indivíduo [2]. Dentro destes riscos, podemos enumerar o Stress Ocupacional, o Burnout, o Assédio, a Violência no Trabalho, a Fadiga, a Carga Mental, entre outros.
Face ao exposto, é evidente que Riscos Psicossociais acarretam consequências negativas para o trabalhador. Essas consequências podem ser a nível [3]:
• Físico: Associado à incidência de doenças cardíacas, dificuldades respiratórias, fadiga, insónias e diminuição das defesas imunitárias;
• Comportamental: Incluem alterações comportamentais, como o isolamento, o descuido com as necessidades pessoais, aumento do consumo de álcool, conflitos interpessoais e familiares, absentismo laboral e social, erros e falta de empenho, agressividade e aumento da violência;
• Psicológico: Associado a alterações emocionais, nomeadamen- te irritabilidade, ansiedade, stress, depressão, mau humor, angústia, Burnout e dificuldade de concentração.
As consequências da exposição aos riscos psicossociais também são percetíveis ao nível organizacional. Desta forma, pode verificar-se uma redução na produtividade, aumento do absentismo, aumento da rotação de trabalhadores e dificuldade no recrutamento de pessoal qualificado, aumento da sobrecarga de trabalho e de custos diretos e indiretos suportados pela empresa, nomeadamente ao nível da saúde.
A Comissão Europeia estimou que mais de 27% dos europeus em idade adulta são afetados, ao longo do ano, por pelo menos uma perturbação da saúde mental, sendo a ansiedade e a depressão as perturbações mais correntes. [4] Em 2007, a ACT divulgou dados europeus relativamente a problemas de saúde ligados ao trabalho. Verificou-se que 8% dos trabalhadores portugueses afirmaram ter um ou vários problemas de saúde ligados ao trabalho, onde 48% desses casos afetava a vida do dia-a-dia e 50% determinava uma situação de absentismo. É de salientar que a média europeia correspondia a 8,7%. A nível de saúde mental, 19% indicavam que esses problemas