SAÚDE EM LIBRAS
Curso Introdutório de Libras para profissionais de saúde Instrutores: Flávia Amorim e Nilson Cordeiro
APRESENTAÇÃO Prezad@ alun@ É uma grande alegria para nós da Cultural Libras ter você conosco. Esperamos que este curso atenda (e supere) suas expectativas. Ele foi pensado com muito carinho e cuidado.
Por que aprender Libras? Libras não é linguagem de sinais, não é gesto, não é mímica. Libras é uma língua! Possui toda a complexidade de uma língua oral. Hoje ela é reconhecida legalmente como meio de comunicação dos surdos brasileiros por meio da Lei de nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Profissionais das áreas de educação e saúde (mas não somente eles) devem buscar aprender sobre a Comunidade Surda, sua cultura e sua língua, a fim de garantir àqueles que tem a Libras como sua primeira língua um atendimento humano e eficaz.
Nosso Curso A proposta do nosso curso é oferecer a profissionais e acadêmicos da área de saúde a oportunidade de ampliar seus conhecimentos na língua e na cultura do Surdo. Com isso, abrimos a possibilidade para os profissionais melhorararem seu atendimento prestado aos Surdos e seus familiares. Nosso curso será totalmente on-line com aulas síncronas e assíncronas.
Cultural Libras Com uma proposta de divulgar e promover o conhecimento da Cultura Surda e também de Língua Brasileira de Sinais, a Cultural Libras nasceu com o diferencial de buscar unir conhecimento acadêmico com a prática cotidiana. Assim, buscamos levar o ensino da Libras de forma simples, objetiva e divertida.
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Importância da Libras na área da Saúde O conhecimento da Língua Brasileira de Sinais (Libras) é essencial para todo cidadão, principalmente para os profissionais que trabalham com atendimento. Segundo a Lei Brasileira de Inclusão nº 13.146, de 6 de julho de 2015, é importante que profissionais de saúde, especialmente os que trabalham em serviços de habilitação e reabilitação, tenham capacitação inicial e continuada para melhor atender esse público específico. A lei é clara no inciso 3º, do artigo 18: “aos profissionais que prestam assistência à pessoa com deficiência, especialmente em serviços de habilitação e de reabilitação, deve ser garantida capacitação inicial e continuada”. A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é considerada pelas comunidades surdas como o principal meio de comunicação e interação social. Nas unidades básicas de saúde, a dificuldade comunicacional é o maior obstáculo no atendimento à comunidade surda, o que pode ser atribuído à falta de conhecimento, capacitação e despreparo dos profissionais da área da saúde, até mesmo na forma de como interagir ou se portar diante do paciente surdo. Vivemos em uma sociedade ouvinte e oral, onde o acesso à saúde ainda é um grande desafio na rede básica de saúde. Por isso é fundamental que os profissionais da saúde possuam domínio da Língua Brasileira de Sinais (Libras), para um maior conhecimento sobre a cultura surda, e sintam-se capacitados para o atendimento e acolhimento desta comunidade, compreendendo o surdo como indivíduo bilíngue e multicultural, oferecendo um atendimento de qualidade para o paciente surdo nos serviços de saúde. Afinal, promover saúde é promover qualidade de vida.
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Libras na saĂşde
Sumário SURDEZ............................................................. 7 Tipos de surdez............................................................................................................................. 7 Fisiopatologia.................................................................................................................................. 7 Etiologia .......................................................................................................................................... 8 Causas da surdez ......................................................................................................................... 8 Prevenção da surdez .................................................................................................................... 9
COMPREENDENDO O SURDO ................................. 10 Surdo e surdo ............................................................................................................................. 10 Deficiência Auditiva .................................................................................................................... 11 Surdo-Mudo ................................................................................................................................. 11 Desmistificando estereótipos .................................................................................................... 11 Mitos e Verdades ........................................................................................................................... 12
A LIBRAS .......................................................... 15 Contexto histórico da Libras ..................................................................................................... 15 Legislação ................................................................................................................................... 16 Alfabeto manual .......................................................................................................................... 16 Datilologia ...................................................................................................................................... 17 Números em Libras .................................................................................................................... 17 Ordinais ....................................................................................................... 17
..................................................................................................... 17 Quantidades .................................................................................................. 17 Cardinais
Estrutura da Libras ..................................................................................................................... 18 Os cinco parâmetros da Libras ................................................................................................. 18 Configuração de mão ....................................................................................... 19 Locação (ponto de articulação) .......................................................................... 20 Movimentos .................................................................................................. 21 Orientação .................................................................................................... 21 Expressões faciais corporais (expressões não manuais)
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Estrutura Sintática da Libras ..................................................................................................... 24 Pronomes pessoais .......................................................................................... 25 Pronomes demonstrativos .................................................................................27
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Pronomes possessivos ..................................................................................... 28 Pronomes interrogativos.................................................................................. 28 Pronomes indefinidos ...................................................................................... 29 Advérbios .................................................................................................... 30 Verbos.......................................................................................................................................... 31
SINALÁRIO ....................................................... 33 Sinais básicos ............................................................................................................................. 33 Sinais de doenças e problemas de saúde ................................................................................ 44 Profissionais de saúde e especialidades médicas .................................................................. 48
REFERÊNCIAS ...................................................50
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SURDEZ A surdez consiste na perda maior ou menor da percepção dos sons. Existem vários tipos de surdez, de acordo com os diferentes graus de perda da audição (LIMA, 2006). Segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS, a surdez é a diminuição da capacidade de percepção normal dos sons e é considerada com surdez a pessoa que não percebe sons acima 26 dB. Na área da saúde e, tradicionalmente, pela área educacional, o indivíduo com surdez pode ser parcialmente ou totalmente surdo. Podemos dividir os diferentes níveis de surdez da seguinte forma: - Leve: as pessoas podem não se dar conta que ouvem menos: somente um teste de audição (audiometria) vai revelar a deficiência. É a perda acima de 25 a 40 decibéis (dB.); - Moderada: É a perda de 41 a 55 (dB.). Os sons podem ficar distorcidos e na conversação as palavras se tornam abafadas e mais difíceis para entender, particularmente quando têm várias pessoas conversando em locais com ruído ambiental ou salas onde existe eco. A pessoa só consegue escutar os sons muito altos como o som ambiente de urbano e tem dificuldade para falar ao telefone. - Severa: a perda de 71 a 90 (dB.). Para ouvir, a pessoa precisa de um som tão alto quanto o barulho de uma impressora rotativa (até 80 decibéis). - Surdez profunda: É a perda Acima de 91 (dB.). A pessoa só ouve ruídos como os provocados por uma turbina de avião (120 decibéis) disparo de revolver (150 decibéis) e tiro de canhão (200 decibéis). - Anacusia: Falta total da audição. A pessoa não ouve nenhum tipo de som, nem mesmo os mais intensos. Ainda assim, é capaz de perceber vibrações. Tipos de surdez1 Fisiopatologia A perda auditiva pode ser classificada como condutiva, neurossensorial ou mista. A perda auditiva condutiva ocorre secundária às lesões no canal auditivo externo ou da orelha média. Essas lesões impedem que o som seja eficazmente conduzido para a orelha interna. A perda auditiva neurossensorial é causada por lesões da orelha interna (sensorial) ou nervo auditivo — 8º nervo craniano (neural — Diferenças entre perda auditiva neural e sensorial). Essa distinção é importante, porque a perda auditiva sensorial é, por vezes, reversível e raramente é ameaça à vida. A perda auditiva neural raramente é recuperável e pode ser decorrente de tumor cerebral, quase sempre localizado no ângulo ponto-cerebelar. Denomina-se um tipo adicional da perda neurossensorial de transtorno do espectro da neuropatia auditiva quando o som pode ser detectado, mas o sinal não é enviado corretamente ao cérebro, e acredita-se que ocorra por causa de uma anormalidade das células ciliadas internas ou neurônios que as inervam dentro da cóclea2. Perda mista pode ser ocasionada por traumatismo craniano, com ou sem fratura do osso temporal, por infecção crônica, ou por uma de muitas doenças genéticas. Também pode ocorrer quando há perda de
Disponível em <https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/dist%C3%BArbios-do-ouvido,-nariz-e-garganta/perdaauditiva/perda-auditiva>. 2 Pham NS: The management of pediatric hearing loss caused by auditory neuropathy spectrum disorder. Curr Opin Otolaryngol Head Neck Surg 25(5):396-399, 2017. doi: 10.1097/MOO.0000000000000390.
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audição condutiva transitória, geralmente consequente à otite média, é sobreposta por perda auditiva neurossensorial. Etiologia Perda auditiva pode ser: •
Congênita ou adquirida
•
Progressiva ou súbita
•
Temporária ou permanente
•
Unilateral ou bilateral
•
Leve ou profunda
Causas da surdez3 Podemos classificar as causas da surdez conforme o momento em que ocorre. Elas podem ser: •
Pré-natal - Desordens genéticas, consanguinidade, doenças infectocontagiosas (como a toxoplasmose, a sífilis e a rubéola), uso de drogas e álcool pela mãe, desnutrição ou carência alimentar materna, hipertensão ou diabetes durante a gestação e exposição à radiação;
•
Peri-natal - Anóxia (falta de oxigenação), prematuridade, traumas no parto, estrangulamento de cordão umbilical, icterícia grave no recém-nascido e infecção hospitalar;
•
Pós-natal - Infecções (como meningite, sarampo, caxumba), o uso de remédios ototóxicos em excesso e sem orientação médica, a exposição excessiva a ruídos e a sons muito altos e o traumatismo craniano.
As causas mais comuns, em geral, são: •
Acúmulo de cerume
•
Ruído
•
Envelhecimento
•
Infecções (particularmente em crianças e adultos jovens)
Acúmulo de cerume (cera) é a causa mais comum da perda auditiva condutiva tratável, em especial nos idosos. Os corpos estranhos obstruindo o canal auditivo, às vezes, são problemas em crianças, tanto em razão de sua presença, quanto por qualquer dano provocado inadvertidamente, durante sua remoção.
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Disponível em <https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/dist%C3%BArbios-do-ouvido,-nariz-e-garganta/perdaauditiva/perda-auditiva>.
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O ruído pode acarretar perda auditiva neurossensorial súbita ou gradual. No traumatismo acústico, a perda auditiva se dá após exposição a ruído único e extremo (p. ex., um tiro nas proximidades ou explosão); alguns pacientes também desenvolvem zumbido. A perda é geralmente temporária (a menos que haja também danos decorrentes da explosão, que podem destruir a Membrana Timpânica e/ou os ossículos). Na perda auditiva induzida por ruído, a perda desenvolve-se ao longo do tempo em decorrência da exposição crônica ao ruído > 85 decibéis (dB — Níveis sonoros). Embora a suscetibilidade ao ruído varie individualmente, quase todo mundo perde parte de audição, caso seja exposto a ruído suficientemente intenso, por período prolongado. A exposição repetida ao barulho resulta na perda de células ciliadas no órgão de Corti. A perda auditiva costuma acontecer primeiro na frequência de 4 kHz e, gradualmente, se espalha para frequências
mais baixas e mais altas conforme a exposição continua. Em contraste com a maioria das outras causas de perda auditiva neurossensorial, a perda auditiva induzida por ruído pode ser menos grave aos 8 kHz do que a 4 kHz. Envelhecimento, juntamente com a exposição a ruídos e fatores genéticos, é um fator de risco comum para diminuição progressiva da audição. Denomina-se a perda auditiva relacionada à idade de presbiacusia. Presbiacusia ocorre por causa de uma combinação de perda de células sensoriais (células ciliad as) e perda neuronal. Pesquisas também sugerem fortemente que exposição precoce a ruídos acelera a perda auditiva relacionada à idade. Frequências mais altas são mais afetadas do que frequências mais baixas na perda auditiva relacionada à idade. Otite média aguda (OMA) é uma causa comum de perda de audição transitória, leve a moderada (principalmente em crianças). No entanto, sem tratamento, sequelas de OMA e otite média crônica (e a rara labirintite purulenta) podem ocasionar perda permanente, sobretudo se há formação de colesteatoma. Otite média secretora (OMS) ocorre de várias maneiras. Quase todos os episódios de OMA são seguidos por período de 2 a 4 semanas de OMS. A OMS também pode ser provocada pela disfunção da tuba auditiva (p. ex., resultante de fenda palatina, tumores benignos ou malignos da nasofaringe, ou rápidas mudanças na pressão do ar externo, como acontece durante a descida de altitudes elevadas ou rápida ascensão, durante mergulho). Doenças autoimunes podem causar perda auditiva neurossensorial em todas as idades e podem ocasionar também outros sinais e sintomas. Fármacos ototóxicos podem causar perda auditiva neurossensorial, e muitos também têm toxicidade vestibular. Prevenção da surdez • Proteção à maternidade, através de assistência pré-natal, e parto assistido adequadamente; • Cuidados adequados ao recém-nascido, proporcionando amparo afetivo e ambiente propício para seu desenvolvimento; • Vacinação completa das crianças; • Tratamento médico a todas as doenças da infância; • Evitar os casamentos consanguíneos; • Alimentação e estimulação adequada na etapa pré-escolar;
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• Diagnóstico precoce de todos os distúrbios no desenvolvimento.
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COMPREENDENDO O SURDO Uma coisa muito comum quando pessoas começam a se interessar pelo universo da acessibilidade são as dúvidas sobre as diferentes nomenclaturas. PCD, deficiente ou pessoa com deficiência? Deficiência mental ou deficiência intelectual? Cego ou deficiente visual? Essas e outras perguntas acabam sempre surgindo. E, quando falamos de surdez, a maior dúvida é: qual é o termo mais correto, deficiente auditivo ou surdo? Nenhuma das duas é mais certa, porque nenhuma das duas é exatamente errada! Vamos tentar explicar qual é a diferença entre ser uma pessoa surda ou com deficiência auditiva. Surdo e surdo Os falantes das línguas de sinais são os Surdos e não devem ser tratados como "surdos-mudos", "mudinhos", ou por outras formas pejorativas que existem. Além disso, há uma diferença entre o surdo, com "s" minúsculo (aquele que não participa da comunidade surda, não usa a Libras, não compartilha da Cultura Surda, etc.) e o Surdo, com "S" maiúsculo (aquele que usa a Libras, participa ativamente da comunidade surda, tem sua cultura própria, luta por seus direitos e não aceita ser tratado como um deficiente, mas sim como diferente). Segundo pesquisas do americano James Woodward em 1972, que criou as designações de “Surdo” e “surdo”, o termo com letra maiúscula é usado para aqueles que se identificam com a Identidade e Cultura Surdas, enquanto o mesmo termo em letra minúscula é aplicado àqueles que têm apenas problemas de audição. Segundo Vidal Nunes e Gomes Portela (2017), os termos deficiente auditivo – considera a surdez patológica – , surdo – usado com “s” minúsculo, para se referir à sua condição audiológica de não ouvir – e Surdo, com “S”4 maiúsculo, para representá-lo como sujeito cultural e político (WILCOX; WILCOX, 2005), são termos marcados ideologicamente. Aqui, nota-se o uso das palavras “surdo”, “surda” e “Surdo” utilizando os conceitos de “s/S”. Os Surdos têm uma identidade surda, que se apresenta de diferentes formas, porque está vinculada ao meio em que vivem e frequentam e não somente à linguagem – pois esta não é um referente fixo, já que é construída no cotidiano. (NUNES e PORTELA, 2017, p. 90). Assim, Surdos são aquelas pessoas que utilizam a comunicação espaço- visual como principal meio de conhecer o mundo, em substituição à audição e à fala. A maioria das pessoas surdas, no contato com outros Surdos5, desenvolve a Língua de Sinais. Já outros, por viverem isolados ou em locais onde não exista uma Comunidade Surda, apenas se comunicam por gestos. Existem surdos que por imposição familiar ou opção pessoal preferem utilizar a língua oral (fala). Emmanuelle Laborit (2000) em seu livro: “Voo da Gaivota” afirma: “Sou surda não quer dizer: “Não ouço.” Quer dizer: “Compreendi que sou surda.” É uma frase positiva e determinante. Na minha mente, admito que sou surda, compreendo-o, analiso-o, porque me deram uma língua que me permite fazê-lo. Compreendo que os meus pais têm a sua própria língua, a sua maneira de comunicar e que eu tenho a minha. Pertenço a uma comunidade, tenho uma verdadeira identidade.” Ser Surdo é quem se considera membro de uma comunidade linguística e cultural diferente. O grau de surdez não importa, o mais importante para se poder pertencer à Comunidade surda é o uso da língua gestual como primeira língua (L1) ou língua natural. É esta língua que permite ao Surdo afirmar a sua diferença e sua identidade.
Essa diferenciação entre "s/S" foi feita, pela primeira vez, em 1972, pelo sociolinguista James Woodward. Agora, ela é compreendida e utilizada pela maioria dos escritores do campo. Fonte: WRIGLEY (2006). 5 Existe uma distinção entre surdo (com s minúsculo) e Surdo (com S maiúsculo), sendo o primeiro, aquele que tem perda auditivo e o segundo a pessoa que, tem perda auditiva e faz parte da Comunidade Surda, vivenciando uma experiência sociocultural visual e se expressa por meio da língua de sinais e
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Deficiência Auditiva Do ponto de vista clínico, o que difere surdez de deficiência auditiva é a profundidade da perda auditiva. As pessoas que têm perda profunda, e não escutam nada, são surdas. Já as que sofreram uma perda leve ou moderada, e têm parte da audição, são consideradas deficientes auditivas. Assim, trata-se de um termo técnico usado na área da saúde e, algumas vezes, em textos legais. Refere-se a uma perda sensorial auditiva. Não designa o grupo cultural dos Surdos. De forma bem simples, a deficiência auditiva é apenas uma perda sensorial, por isto as pessoas com problemas de audição têm potencialidade igual a de qualquer ouvinte. Surdo-Mudo Provavelmente a mais antiga e incorreta denominação atribuída ao surdo (e ao Surdo), e infelizmente ainda utilizada em certas áreas e divulgada nos meios de comunicação, principalmente televisão, jornais e rádio. O fato de uma pessoa ser surda não significa que ela seja muda. A mudez é a impossibilidade ou incapacidade de falar (oralmente) ou problema relacionado à emissão da voz (aparelho fonador). Percebe-se que a mudez é outra deficiência, totalmente desagregada da surdez. São minoria os surdos que também são mudos. Assim, é um fato a total possibilidade de um surdo falar, através de exercícios fonoaudiológicos, aos quais chamamos de surdos oralizados. Também é possível um surdo nunca ter falado, sem que seja mudo, mas apenas por falta de exercício. Por isso, o surdo só será também mudo se, e somente se, for constatada clinicamente deficiência na sua oralização, impedindo-o de emitir sons. Fora isto, é um erro chamá-los de surdo-mudo. Apague esta ideia!
Desmistificando estereótipos Apesar do aumento dos meios de informações e do crescimento da visibilidade da Comunidade Surda, ainda existe muita confusão e desconhecimento sobre a Libras e sobre o Surdo. A falta de informação sobre a natureza das línguas de sinais é fruto de um preconceito comumente associado a elas. Uma prova disso está na repressão já feita a estas línguas em alguns momentos do passado. Infelizmente, ainda hoje esse preconceito persiste. Não podemos seguir adiante em nosso curso sem antes refletirmos sobre alguns estereótipos e confusões que existem. Portanto, vamos tentar esclarecer conceitos para desfazermos alguns mitos.
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ANOTAÇÕES
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Mitos e Verdades A língua de sinais é uma mistura de pantomima e gesticulação concreta, incapaz de expressar conceitos abstratos Não é só entender sinais como gestos, os sinais são palavras, apenas não são sonoras. A produção de língua de sinais acontece igual a produção da língua falada. Os sinais das línguas de sinais podem expressar ideias abstratas, emoções, pensamentos e opiniões.
As línguas de sinais são línguas/idiomas com todas as estruturas (sintáticas, gramaticais, semânticas etc.) e o mesmo status das línguas orais Apesar de por bastante tempo as línguas de sinais terem sido consideradas incompletas e inferiores às línguas orais, após os estudos de William Stokoe, ficou provado que as línguas de sinais possuem todas as estruturas gramaticais das línguas orais.
Há uma única e universal língua de sinais usada por todas as pessoas surdas do mundo, ou seja, a Libras é universal As várias línguas de sinais são diferentes umas das outras, por exemplo, nos EUA é ASL; na Inglaterra é BSL; no Portugal é LGP; e aqui no Brasil é Libras. É igual as línguas faladas, por exemplo, inglês japonês – francês.
Há uma falha na organização gramatical da língua de sinais que seria derivada das línguas orais, sendo um pidgin sem estrutura própria, subordinado e inferior às línguas orais. Em primeiro lugar, as línguas de sinais são LÍNGUAS. Segundo lugar, as línguas de sinais independem das línguas faladas. Um exemplo bem claro: A língua de sinais portuguesa é de origem inglesa e a língua de sinais brasileira é de origem francesa
Algumas pessoas (até mesmo que estudam Libras) acreditam erradamente que as línguas de sinais – por serem de modalidade visual-espacial – não permitem formular abstrações. Isso é um erro pois por meio da Libras é possível construir qualquer tipo de frases, abstrações, poemas etc.
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A Libras e as demais línguas de sinais podem expressar qualquer tipo de abstrações e enunciados.
A língua de sinais é um sistema de comunicação superficial, com conteúdo restrito, sendo estética, expressiva e linguisticamente inferior ao sistema de comunicação oral As línguas de sinais podem ser utilizadas para várias funções identificadas na produção das línguas humanas. Pode-se usar a língua de sinais para produzir um poema, uma estória, um conto, uma informação, um argumento. Pode opinar, criticar, aconselhar e outras possibilidades.
As línguas de sinais são derivadas da comunicação gestual espontânea dos ouvintes. As pessoas pensam que é fácil aprender a língua de sinais por causa de gestos. Não é verdade, as línguas de sinais são difíceis de aprender como qualquer língua oral.
As línguas de sinais, por serem organizadas espacialmente, estariam representadas no hemisfério direito do cérebro, uma vez que esse hemisfério é responsável pelo processamento de informação espacial, enquanto o esquerdo, pela linguagem. As pesquisas com surdos apresentando lesões em um dos hemisférios do cérebro mostraram que as línguas de sinais são processadas linguisticamente no hemisfério esquerdo da mesma forma que as línguas faladas.
A Libras é a língua natural da comunidade surda do Brasil, sendo considerada sua L1 e deve ser priorizada no processo de educação do surdo. Conforme a Lei 10.436/2002, a Libras é a língua natural dos surdos brasileiros e deve ser a primeira língua no processo de educação. Contudo o português não deve ser desconsiderado, mas apresentado em sua modalidade escrita.
A Libras é a 2ª língua oficial do Brasil.
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Apesar do reconhecimento dado pela Lei 10.436/2002, a Libras não é a 2ª língua oficial do Brasil. Ela é, na verdade, uma língua oficializada como a língua natural (L1) da comunidade surda do Brasil.
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É muito importante superarmos os preconceitos e mitos que ainda cercam a Libras e a Comunidade Surda. Para um atendimento realmente acessível é fundamental reconhecermos quem é o Surdo, suas especificidades e toda a sua cultura além de sua língua. Por isso não esqueça: Ø Ø Ø Ø Ø Ø Ø
Nem todo surdo é mudo; Nem todos os surdos fazem leitura labial; Ao falar com surdo não é necessário tocá-lo fortemente e/ou falar em voz alta; Nem todos os surdos sabem Língua de Sinais; A Libras É uma língua, um idioma, como o português e NÃO uma linguagem; Libras NÃO é português feito com as mãos nem gestos que interpretam as línguas orais; Libras NÃO é uma linguagem limitada que expressa conceitos concretos e incapaz de expressar conceitos abstratos Ø A Libras É perfeitamente capaz de expressar ideias abstratas e complexas como qualquer outro idioma. O estadista sul africano Nelson Mandela (2002) dizia que “As nossas diferenças são a nossa força enquanto espécie e enquanto comunidade mundial”. Somos todos diferentes e o mundo fica melhor quando as pessoas entendem as outras em suas diferenças, mas isso é difícil. Aceitar o outro requer conhecimento sobre sua condição e realidade e a gente precisa de empatia para entender como os outros se sentem. Com a Comunidade Surda é igual: quanto mais sabemos sobre os Surdos, mais fazemos da nossa comunidade mais inclusiva e justa.
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ANOTAÇÕES
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A LIBRAS Libras é a sigla de Língua Brasileira de Sinais. As línguas de sinais (LS) são as línguas naturais das comunidades surdas. Ao contrário do que muitos imaginam, as línguas de sinais não são simplesmente mímicas e gestos soltos, utilizados pelos surdos para facilitar a comunicação. São línguas com estruturas gramaticais próprias. O que diferencia as línguas de sinais das demais línguas é a sua modalidade visual-espacial. Assim, uma pessoa que entra em contato com uma língua de sinais irá aprender uma outra língua, como o Francês, Inglês etc. A Libras tem sua origem na Língua de Sinais Francesa. As línguas de sinais não são universais. Cada país possui a sua própria língua de sinais, que sofre as influências da cultura nacional. Como qualquer outra língua, ela também possui expressões que diferem de região para região (os regionalismos ou dialetos), o que a legitima ainda mais como língua. A Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi estabelecida, na Lei nº 10.436/2002, como língua oficial da Comunidade Surda no Brasil. De acordo com o próprio termo, a Libras é utilizada somente no Brasil, assim como a Língua Portuguesa. Ela é, portanto, uma língua oficializada no Brasil6. Contexto histórico da Libras7 A história da Libras se mistura com a história dos surdos no Brasil. Até o século XV os surdos eram mundialmente considerados como ineducáveis. A partir do século XVI, essa ideia foi sendo superada. Teve início a luta pela educação dos surdos, na qual ficou marcada a atuação de um surdo francês, chamado Eduard Huet. Em 1857, Huet veio ao Brasil a convite de D. Pedro II (que tinha um neto surdo) para fundar a primeira escola para surdos do país: o Imperial Instituto de Surdos Mudos. Com o passar do tempo, o termo “surdomudo” saiu de uso por ser incorreto (como já explicamos na página 7), mas a escola ainda funciona, no Rio de Janeiro-RJ, com o nome de Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES. A Libras foi desenvolvida, a partir de uma mistura entre a Língua de Sinais Francesa8 e de gestos já utilizados pelos surdos brasileiros. Ela foi ganhando espaço pouco a pouco, mas sofreu uma grande derrota em 1880. Um congresso sobre surdez em Milão proibiu o uso das línguas de sinais no mundo, acreditando que a leitura labial era a melhor forma de comunicação para os surdos. Isso não fez com que eles parassem de se comunicar por sinais, mas atrasou a difusão da língua em muitos países, inclusive no Brasil. Com a persistência do uso e uma crescente busca por legitimidade da língua de sinais, a Libras voltou a ser aceita. A luta pelo reconhecimento da língua, no entanto, não parou. Em 1993 uma nova batalha começou, com um projeto de lei que buscava regulamentar o idioma no país. Quase dez anos depois, em 2002, a Língua Brasileira de Sinais foi finalmente reconhecida como a língua natural da Comunidade Surda do Brasil.
Apensar do reconhecimento legal como língua natural da Comunidade Surda do Brasil, a Libras é não 2ª língua oficial do Brasil, pois, se assim o fosse, todas as pessoas do país deveriam ser bilíngues e o ensino da Libras deveria ser matéria obrigatória nas escolas. Além de toda a comunicação oficial do país e seus documentos deveriam ser produzidos tanto em português, como em Libras. 7 João Vitor Borgas, 2019. 8 Langue des Signes Française ou LSF.
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Legislação BRASIL. Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras9 de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências. BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o Art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000. BRASIL. Lei nº 11.796, de 29 de outubro de 2008. Institui o Dia Nacional dos Surdos – 26 de setembro. BRASIL. Lei nº 12.319, de 1º de setembro de 2010. Regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Alfabeto manual O alfabeto utilizado na Libras (Língua Brasileira de Sinais) teve sua origem ainda no Império. Em 1856, o conde francês Ernest Huet desembarcou no Rio de Janeiro com o alfabeto manual francês e alguns sinais. O material trazido pelo conde, que era surdo, foi adaptado e deu origem ao alfabeto manual utilizado na Libras. Este sistema foi amplamente difundido e assimilado no Brasil.
I
Q
Y
B
C
D
E
F
G
H
J
K
L
M
N
O
P
R
S
T
U
V
W
X
Z
9
Apesar de ser mantida essa expressão na lei, atualmente não se utiliza o termo “pessoa portadora de deficiência”, e sim Pessoa com deficiência (PcD). [Grifo nosso].
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A
Datilologia A datilologia (ou soletração manual) é utilizada, normalmente, para soletração de nomes de pessoas, lugares ou palavras que ainda não possuem ou desconhecemos o sinal. É uma forma de verificação, questionamento ou apresentação da ortografia de uma palavra em português. Da mesma forma que soletramos oralmente uma palavra em português, fazemos da mesma forma em Libras por meio da datilologia. É importante ressaltar que a datilologia não é Libras, mas sim um empréstimo linguístico do português. Soletração M–A–C–A–C–O
Palavra escrita MACACO
Datilologia
Palavra escrito
GOIABA
Números em Libras As línguas podem ter formas diferentes para apresentar os numerais quando utilizados como cardinais, ordinais, quantidade, medida, idade, dias da semana ou mês, horas e valores monetários. Isso também acontece na Libras. É um erro o uso de uma determinada configuração de mão para o numeral cardinal sendo utilizada em um contexto onde o numeral é ordinal ou quantidade, por exemplo: o numeral cardinal 1 é diferente da quantidade 1, que é diferente do ordinal PRIMEIR@, que é diferente de PRIMEIRO-GRAU, que é diferente de MÊS-1. Cardinais
Ordinais
Ordinais
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Quantidades
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Estrutura da Libras10 Em seus trabalhos [...], Quadros, (1997; 2000) e Quadros & Karnopp, (2003), declaram que a sintaxe11 da língua de sinais apresenta a prevalência da ordem sujeito/verbo/objeto (SVO) quando o sujeito e o objeto estão explícitos nas sentenças: JOÃO AMAR ELA MARIA (João ama Maria). OSV (Objeto/Sujeito/Verbo) e SOV (sujeito/Objeto/Verbo) são ordens derivadas mediante alguma marca especial (presença de traços). Tais marcações, como as não-manuais, ocorrem em conjunto com as palavras: MARIA [TÓPICO] JOÃO GOSTAR. Quadros (1997; 2000) analisa detalhadamente a estruturação frasal, os usos de advérbios, os modais, a concordância verbal, entre outros componentes sintáticos, já os aspectos fonológicos foram descritos com mais detalhes por Quadros & Karnopp (2003, pp 25-25). Segundo Felipe (2007), o que é denominado de palavra ou item lexical nas línguas orais-auditivas, são denominados sinais nas línguas de sinais. Os sinais são formados a partir da combinação do movimento das mãos com um determinado formato em um determinado lugar, podendo este lugar ser uma parte do corpo ou um espaço em frente ao corpo. Estas articulações das mãos, que podem ser comparadas aos fonemas e às vezes aos morfemas, são chamadas de parâmetros, portanto, nas línguas de sinais podem ser encontrados os seguintes parâmetros: Configuração de Mãos (CM), Locação (L), Movimento (M), Orientação (O) e Expressões não manuais (EnM).
Os cinco parâmetros da Libras
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Gláucio Castro Júnior, 2011; Felipe (2007). Parte da gramática que estuda as palavras enquanto elementos de uma frase, as suas relações de concordância, de subordinação e de ordem. [Grifo nosso]. 11
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Em Libras, os sinais são formados a partir da combinação do movimento das mãos com um determinado formato em um determinado lugar, podendo este lugar ser uma parte do corpo ou um espaço em frente ao corpo, acompanhado ou não de expressões faciais e/ou corporais. Esses diferentes elementos constitutivos dos sinais em Libras são chamados de Parâmetros. Ao todo temos 5 parâmetros que são Configuração de Mãos, Locação, Movimento, Orientação de Mãos e Expressões Faciais e Corporais.
Configuração de mão
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São formas das mãos presente no sinal, que podem ser da datilologia (alfabeto manual) ou outras formas feitas pela mão predominante (mão direita para os destros) ou pelas duas mãos do sinalizador. Os sinais APRENDER, LARANJA, OUVIR E AMOR têm a mesma configuração de mão que são realizadas na testa, na boca, na orelha e no lado esquerdo do peito respectivamente.
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Locação (ponto de articulação) É o lugar onde incide a mão predominante configurada, podendo esta tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro vertical (do meio do corpo até a cabeça) e horizontal (à frente do emissor). Os sinais TRABALHAR, BRINCAR, BESTEIRA, CONSERTAR são feitos no espaço neutro e os sinais ESQUECER, MENTE, APRENDER E PENSAR são realizados na testa. Este parâmetro indica onde o sinal pode ser tocado no corpo ou no espaço sígnico, que é o espaço encontrado em frente ao sinalizante. Ele é delimitado pela extensão máxima dos braços e ocorre acima da cabeça ou para frente. Deve-se dizer que no discurso normal, as extremidades são articuladas em um espaço mais limitado que a extensão máxima que mencionamos e que, portanto, o tamanho do sinal pode ser comparado à intensidade da voz. Na figura abaixo temos dois sinais realizados em frente ao corpo (no espaço) e dois sinais realizado tocando em regiões do corpo.
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É importante lembrar que para uma boa comunicação em Libras devemos sempre estar atentos para o espaço de sinalização que compreende o espaço à frente do corpo como na figura abaixo.
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Movimentos Os sinais podem ter movimento ou não. Os sinais citados acima têm movimento, com exceção de PENSAR que, como os sinais AJOELHAR E EM-PÉ não têm movimento. Existem muitos tipos de movimento que podem ser realizados para construção dos sinais em Libras. Entretanto, podemos agrupar esses movimentos em 6 tipos básicos que são: retilíneo, angular, sinuoso, circular, semicircular e helicoidal.
Na figura abaixo vemos alguns exemplos de sinais com cada um dos movimentos.
Orientação É o plano em direção ao qual a palma da mão é orientada, ou seja, é a direção para a qual a palma da mão aponta na produção do sinal.
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Alguns sinais têm a mesma configuração, o mesmo ponto de articulação e o mesmo movimento, e diferem apenas na orientação da mão. É importante perceber como a modificação de um único parâmetro pode alterar completamente o significado do sinal.
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Expressões faciais corporais (expressões não manuais) Muitos sinais, além dos quatro parâmetros mencionados acima, em sua configuração têm como traço diferenciador também a expressão facial e/ou corporal, como os sinais ALEGRE e TRISTE. Há sinais feitos somente com a bochecha como LADRÃO, ATO-SEXUAL; sinais feitos com a mão e expressão facial, como o sinal BALA, e há ainda sinais e expressões faciais complementam os traços manuais, como os sinais HELICOPTERO e MOTOR.
As expressões faciais são formas de comunicar algo, um sinal pode mudar completamente seu significado em função da expressão facial utilizada. Esse parâmetro é de fundamental importância na Libras. São as expressões não manuais: movimentos da face, dos olhos, da cabeça ou do tronco. Existem dois tipos diferentes de expressões faciais: as afetivas e as gramaticais. As afetivas são as expressões ligadas a sentimentos / emoções. Veja os exemplos:
As expressões faciais gramaticais lexicais estão ligadas ao grau dos adjetivos:
BONITINH@
LIND@
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BONIT@
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E as expressões faciais gramaticais sentenciais estão ligadas às sentenças: Interrogativas
COMO?
O QUE?
QUERER? ou QUER?
PODER? Ou PODE?
Afirmativas e Negativas
SIM
NÃO
Exclamativas
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A partir da combinação destes cinco parâmetros, tem-se o sinal. Falar com as mãos é, portanto, combinar estes elementos para formarem os sinais e estes formarem as frases em um contexto.
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Estrutura Sintática da Libras Quando começamos a estudar uma segunda língua é bastante comum (e quase instintivo) começarmos a compará-la com a nossa língua materna. Entretanto isto é um erro. Cada língua, seja ela oral ou visual, tem sua própria estrutura e regras. Além de estarem permeadas de elementos históricos e culturais próprios de seus contextos. Assim, não podemos estudar Libras baseando-se no Português, pois além de serem línguas diferentes em suas modalidades (a Libras é visual enquanto o Português é oral), elas apresentam diferenças gramaticais próprias. A construção de uma frase em Libras obedece a regras próprias que refletem a forma como os Surdos percebem o mundo e processam as ideias. FRASE EM PORTUGUÊS Eu vou à sua casa hoje a noite.
FRASE EM LIBRAS12 CASA SUA HOJE NOITE IR
Eu dei flores para minha mãe.
FLOR EU DAR MÃE MINHA
Quantos anos você tem?
IDADE VOCÊ (expressão interrogativa)
Quando começaram as férias, eu fiquei ansioso para PASSADO COMEÇAR FÉRIAS EU VONTADE DEPRESSA viajar. VIAJAR Nos exemplos acima, podemos observar que nas frases em Libras não percebemos, a princípio, o uso de artigos, preposições, conjunções etc. Isto acontece porque estes conectivos próprios das línguas orais estão incorporados ao sinal em Libras.
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Neste exemplo estamos apenas fazendo uma transcrição para o português da estrutura frasal em Libras.
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ANOTAÇÕES
Pronomes pessoais Como todas as línguas, tanto oral como visual, a Libras possui um sistema de pronomes para representar as pessoas no discurso, ou seja, os referentes.
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Por esse motivo, podemos dizer que se trata de um sistema de apontação. Mas isso, de forma alguma diminui seu valor e complexidade. Nem mesmo sua capacidade de referir-se as pessoas do discurso.
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Para apresentar os pronomes pessoais na Libras, a configuração de mão é igual para quase todas as pessoas. O que vai diferenciar é a orientação das mãos.13 Um fato importante é que em Libras existe diferenças quanto ao plural dos pronomes pessoais. Assim, temos os seguintes pronomes: EU, VOCÊ, EL@, NÓS-2, NÓS-3, NÓS4, NÓS-GRUPO/TODOS, VOCÊS-2, VOCÊS-3, VOCÊS-4, VOCÊS-GRUPO/TODOS, EL@S-2, EL@S-3, EL@S-4, EL@SGRUPO/TODOS.
Singular
EU
VOCÊ (TU)
EL@
Perceba que, em Libras, o pronome pessoal é feito com o dedo indicador (configuração de mão ), apontando para um ponto no espaço. Se o referente estiver presente na situação comunicativa, a apontação é feita diretamente para ele (o objeto/ser de quem se fala). Plural Em Libras podemos expressar o plural de forma mais precisa que no português pois é possível incorporar a quantidade (até certo limite) no próprio sinal. 1ª pessoa
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2ª pessoa
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3ª pessoa
Pronomes demonstrativos
EST@ Localidade da 1ª pessoa do discurso (Eu)
ESS@ Localidade da 2ª pessoa do discurso (você/Tu)
AQUEL@ Localidade da 3ª pessoa do discurso (El@)
LÁ
AÍ
AQUI
Localidade da 2ª pessoa do discurso
Localidade da 1ª pessoa do discurso
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Localidade da 3ª pessoa do discurso
Pronomes possessivos
Pronomes interrogativos
COMO?
O QUE? ou QUEM?
ONDE?
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POR QUÊ?
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Pronomes indefinidos
SOZINH@
SOZINH@
CADA
CADA UM
POUC@
POUQUINHO H@
MINORIA
VÁRI@S
MUIT@
NINGUÉM
ALGUNS
POUC@
MAIS ou MUIT@
NINGUÉM
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MAIORIA
ALGUNS
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Advérbios Lugar
AQUI
AÍ
LA
Página30
Tempo
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Pรกgina31
Verbos
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ANOTAÇÕES
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SINALÁRIO Sinais básicos
ACESSIBILIDADE
ADOLESCENTE
ADULTO
BACTÉRIA
CIRGURGIA (2)
COLUNA VERTEBRAL (2)
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CIRURGIA (1)
CULTURA
COLUNA VERTEBRAL (1)
CRIANÇA
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BOM
DEFICIENTE AUDITIVO
DOENTE
EXAME
FAMÍLIA
FARMÁCIA
FILH@
D EN TE
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FALAR
FEBRE
DIAGNÓSTICO
I NT ER N A Ç Ã O
H O ME M
Página34
DOR
DIA
H OS PI TA L
IR MÃ O ( 1)
ID A D E
IR MÃ O ( 2)
L IB R A S
L ÍN G UA
M ÉD I C O
MÃ E
M EU N O ME
M U ND O
M OV I ME NT O
NA S C I M E NT O Página35
M U LH ER
ID E N TI D A D E
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N OI TE ( 2 )
O UV I N TE
PA R T O
N O ME
PA I
PE SS OA
SA N G UE
SE NT IR ( 1 )
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SE NT IR ( 2 )
SA Ú D E
SE U NO M E ( NO M E )
Página36
N OI TE ( 1 )
SUR D E Z
SUR D O
TA R D E ( 1 ) - HORÁRIO DO DIA -
TA R D E ( 2 )
TI P O
V ER
PR O B LE MA
R E MÉD I O
- HORÁRIO DO DIA -
V IS UA L
OSSO
ÁGUA
ÁLCOOL
BEBER
ABORTO (PROVOCADO)
CAIR
CORRER Página37
ACORDAR
ABORTO (EXPONTÂNEO)
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ANSIEDADE
COMER
AUSCUTAR
DORMIR
CORPO
CURAR
ALIMENTAÇÃO BALANCEADA
DIETA
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
GRAVIDEZ
PACIENTE
FRIO
Página38
DATA DE NASCIMENTO
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CALOR
ALIMENTAÇÃO
EXERCÍCIO
ÓBITO
MELHORAR
ANDAR
PIORAR
RUIM
INÍCIO
MEIO
FIM
VIDA
AJUDAR
ANTES
ATESTADO MÉDICO Página39
ATENDIMENTO
EVITAR
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ANTECONCEPCIONAL
CANSAÇO
CUIDADO
ENDEREÇO
CHEGAR
DEPOIS
MAGRO/EMAGRECER
ESPERAR
TONTURA/ENJOO
CASADO
SOLTEIRO Página40
DESMAIO
CONVÊNIO MÉDICO
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CONSULTÓTIO MÉDICO
SALA DE MEDICAÇÃO
SEDE
FRACO/FRAQUEZA
HORMÔNIO
FOME (2)
LEVANTAR
JUNTO
MEDO
Página41
JEJUM/JEJUAR
FOME (1)
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MARCAR
MENSTRUAÇÃO (1)
MÚSCULO
NÚMERO DE TELEFONDE
PERTO
NERVO
OBDESO/OBESIDADE
PROFISSÃO/PROFISSIONAL (1)
PERGUNTAR
PALADAR
RESPIRAR/RESPIRAÇÃO
PROFISSÃO/PROFISSIONAL (2)
RESPONDER
Página42
PARTICULAR
MENSTRUAÇÃO (2)
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RAIO X / RADIOGRAFIA
SENTAR
SISTEMA IMUNOLÓGICO
URGENTE/URGÊNCIA
VÉRTEBRA
UTI
TER/TEM
VACINA/INJEÇÃO
VOLTAR
FUMAR
VÔMITO/VOMITAR
Página43
SUS
SOZINHO
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Sinais de doenças e problemas de saúde
ALERGIA (1)
ALERGIA (2)
ANEMIA
ASMA
AUTIMSO (1)
AUTISMO (2)
BURSITE DE OMBRO
BRUXISMO
BURSITE DE QUADRIL
Página44
BURSITE DE JOELHO
AVC
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CÂNCER (1)
CÃIBRA
CAXUMBA
DENGUE
CATAPORA (1)
CATAPORA (2)
CATARRO
CONVULSÃO
DEPRESSÃO
DISTÚRBIO ALIMENTAR
DIABETES
DOENÇA
Página45
DIARRÉIA
CÂNCER (2)
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DOR DE OUVIDO
GLAUCOMA
HIPOTENSÃO
IMPOTÊNCIA SEXUAL
FEBRE
GRIPE
HIPERTENSÃO
INFARTO
INFLAMAÇÃO
MIOMA ULTERINO
MENINGITE
OTITE
Página46
MENOPAUSA
ENTORCE
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RUBÉOLA
TORCICOLO
TOSSE
INFECÇÃO URINÁRIA
QUEIMADURA
Página47
FRATURA
SARAMPO
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Profissionais de saúde e especialidades médicas
ENFERMEIR@
NUTRICIONISTA
FONOAUDIOLOGIA (2)
FISIOTERAPEUTA
DENTISTA
OFTALMOLOGISTA
GERIATRA
EDUCADOR FÍSICO
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MEDICINA/ MÉDICO
GINECOLOGISTA
CARDIOLOGISTA
PEDIATRA
QUIROPRAXISTA
Página48
FONOAUDIÓLOGIA (1)
PSICÓLOG@
PSIQUIATRA
Página49
ANOTAÇÕES
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REFERÊNCIAS BOGAS, João Vitor. A história da Libras, a Língua Brasileira de Sinais. In: Hand Talk. Disponível em: <http://blog.handtalk.me/historia-lingua-de-sinais/>. Acesso: 01 jul. 2019. CASTRO JÚNIOR, Gláucio. Variação Linguística em Língua De Sinais Brasileira – Foco no Léxico. 2011. 122 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Universidade de Brasília, Brasília, 2011. FELIPE, Tanya. A. Libras em contexto: Curso Básico: Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos. Brasília: MEC; SEESP, 2007. [Livro do Professor] HONORA, Márcia; FRIZANCO, Mary Lopes Esteves. Livro Ilustrado da Língua Brasileira de Sinais: desvendando a comunicação usada pelas pessoas com surdez. São Paulo: Ciranda Cultural, 2010. KRONBAUER, Kairone Fernandes. Fonoaudiologia – Surdez: o uso da língua brasileira de sinais, disponível em <https://rsaude.com.br/ponta-grossa/materia/fonoaudiologia-surdez-o-uso-da-lingua-brasileira-desinais/6815>, acessado em 28/06/2020. LABORIT, Emmanuelle. O Voo da Gaivota. Lisboa: Editorial Caminho, 2000. NUNES, Márcia Vidal; PORTELA, Marina Portela. AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA IDENTIDADE SURDA E O DIREITO AO RECONHECIMENTO. In: Revista Mídia e Cotidiano. Volume 11, Número 1, Abril 2017, pp. 88 – 105. UFF. PERLIM, Gladis, Histórias de Vida Surda: identidades em questão. [dissertação]. Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Porto Alegre, 1998. QUADROS, Ronice Muller; SCHMIEDT, Magali L. P. Ideias para ensinar português para alunos surdos. Brasília: MEC, SEESP, 2006.
Sites Recomendados https://www.todoestudo.com.br/sociologia/cultura-surda https://ensino.digital/blog/a-importancia-da-cultura-surda http://www.porsinal.pt/index.php?ps=artigos&idt=artc&cat=20&idart=153
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https://sites.google.com/site/pesquisassobresurdez/gladis-perlin
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