Alberto Carneiro Sé Catedral de Lamego Avelino Sá Sé de Viana do Castelo Clara Menéres Sé Catedral do Porto Isaque Pinheiro Concatedral de Miranda do Douro
João Carqueijeiro Sé Catedral de Braga Manuel Rosa Antiga Sé de Bragança Zulmiro de Carvalho Sé de Vila Real
A exposição de arte contemporânea que a Direção Re-
As obras agora expostas nas Catedrais não resultam de
gional de Cultura do Norte apresenta sob a epígrafe Sete
encomenda artística especificamente destinada ao local
instâncias de transcendência integra o projeto Rota das
onde serão apresentadas. Por isto mesmo, será parti-
Catedrais. Financiado pelo ON2, a Rota das Catedrais no
cularmente oportuno convocar o modo como o então
Norte de Portugal constitui veículo de concretização do
Papa João Paulo II, em Carta aos Artistas (1999), se lhes
objetivo maior que é devolver às Catedrais uma atenção
dirigia “A todos aqueles que apaixonadamente procuram
global e responsabilizante através de processos institucio-
novas «epifanias» da beleza para oferecê-las ao mundo
nalmente concertados de recuperação e valorização.
como criação artística”, sublinhando ainda a relação de
O horizonte da Rota das Catedrais é um horizonte imi-
grande apreço entre a Igreja e a Arte - mesmo fora das
nentemente vivencial, uma vez que almeja a partilha dos
suas expresses religiosas, uma vez que “Enquanto busca
patrimónios requalificados, seja através de serviços de vi-
do belo, fruto duma imaginação que voa mais acima do
sita e de ofertas culturais de excelência, por via de espaços
dia-a-dia, a arte é, por sua natureza, uma espécie de apelo
musealizados ou outras valências, como arquivos e biblio-
ao Mistério”.
tecas, ou através de uma programação cultural exigente
As obras de arte contemporânea agora apresentadas nas
que contribua de forma decidida para a sua valorização.
Catedrais convocam uma imanência transcendente – ou
As propostas de Isaque Pinheiro- Concatedral de Miranda
de uma transcendência imanente. Com os artistas - e atra-
do Douro; Avelino Sá - Sé de Viana do Castelo; Clara
vés deles - somos convidados a ultrapassar aquilo que os
Menéres - Sé Catedral do Porto; Alberto Carneiro - Sé
sentidos captam, adentrando a realidade e interpretando
Catedral de Lamego; João Carqueijeiro - Sé Catedral de
o sentido(s) - um desafio lançado agora a cada um de nós.
Braga; Zulmiro de Carvalho - Sé de Vila Real e Manuel
Com a certeza de que o caminho percorrido e comparti-
Rosa- Antiga Sé de Bragança, são participes da menciona-
lhado no âmbito da presente exposição é já ganho viven-
da vocação vivencial do projeto Rota das Catedrais.
cial para as Catedrais. António Ponte Diretor Regional de Cultura do Norte
É preciso enfatizar, porém, que jamais assistimos a uma total dessacralização do mundo, pois, no Extremo Oriente, o que se chama “emoção estética” conserva ainda, mesmo entre os letrados, uma dimensão religiosa. O Sagrado e o Profano, Mircea Eliade
Sete são os dias da criação. Sete são as notas da música.
Nos dias de hoje, descobertos todos os continentes,
No mundo, a arte e o sagrado tocam-se, pertencem-se,
conhecidos os processos de replicação da Natureza, son-
compenetram-se, completam-se. Demandam o divino
dadas até ao limite as fronteiras do fenómeno humano, é
que está em toda a criação.
à criação artística que compete restaurar e reinterpretar
Como refere Mircea Eliade, “Quando os colonos escan-
a repetição desse ato, quando é efetivamente criador o
dinavos tomaram posse da Islândia (land-náma) e a
gesto ou a ideia que a anima.
arrotearam, não consideraram esse empreendimento nem
E justamente por ser criador, o gesto ou o ato que repete a
como uma obra original, nem como um trabalho humano
Criação não pode transcrever ou proclamar os enunciados
e profano. Para eles, o seu trabalho não era mais do que a
ou os símbolos tradicionais – os sete dias – da Criação.
repetição de um ato primordial: a transformação do Caos
Não compete à arte dizer o que a Criação é, mas sê-la, ou,
em Cosmos, pelo ato divino da Criação”. (Eliade, 1956, 22)
se se preferir, trazê-la ao ser. Numa palavra, como afirma
Mas não são unicamente os povos arcaicos que procedem
Heidegger, compete à arte constituir-se como “o pôr-em
dessa forma, pois como o mesmo autor observa “Os ‘con-
-obra da verdade”. Reinstaurar ou reinstalar, no mundo,
quistadores’ espanhóis e portugueses tomavam posse, em
o modelo da Criação, como momento absolutamente
nome de Jesus Cristo, dos territórios que haviam descoberto
inefável e misterioso que transcende os inesgotáveis
e conquistado. A ereção da Cruz equivalia à consagração da
enunciados que se lhe possam referir, constituindo-se,
região e, portanto, de certo modo, a um ‘novo nascimento’.
portanto, como “instância de transcendência.”
Porque, pelo Cristo, ‘passaram as coisas velhas; eis que
Porque instância de transcendência, se à condição
tudo se fez novo’ (II Coríntios, 5:17). A terra recentemente
presente da arte não cabe a missão de explicar os dias
descoberta era ‘renovada’, ‘recriada’ pela Cruz”. (Eliade,
da criação, também sobre a mesma não cabe colar-se
1956, 22)
nenhuma explicação, unicamente recriá-la com as nossas
Servem estas passagens para mostrar que aquilo que se
leituras que a fazem também nossa, sempre mais e mais.
entende por Criação não é apenas a instância primordial
A narratividade nas Artes floresceu nos séculos XVII a
instauradora: episódio primeiro ou verbo absoluto na
XIX, revestindo-se numa primeira fase de enunciados
origem do Tempo. A criação é algo perpetuamente repe-
contrarreformistas, pela proclamação das verdades dog-
tido e renovado, precisamente na medida em que aquilo
máticas e na sacralização das virtudes santas, para numa
que se repete, renova ou refaz a criação.
fase seguinte se inflamar de exacerbamentos românticos
e de idealidades utópicas, por intermédio do repertó-
Debateremos, em movimento análogo, a proposta figura-
rio profano das alegorias cívicas: as novas convenções
tiva e a leitura iconográfica do São Sebastião de Manuel
positivistas, que verbalizavam a crença no progresso
Rosa que reinterpreta e revê o cânone religioso. Que é
contínuo da Humanidade.
um outro modo de dizer código.
Presentemente a condição da arte é bastante mais dis-
Assistiremos ao apelo de Zulmiro de Carvalho para a
creta e contida, nos seus enunciados e formulações. Em
contemplação de um universo imaterial que nasce de
vez da voz, o silêncio. Em vez da passagem, a paragem. A
matérias límpidas e mínimas, a pedir que as ignorem, e
pausa silenciosa que antecede e possibilita a leitura da
de formas elementares, a exigir que as considerem.
obra de arte.
Apreciaremos o resultado abstrato das pastas cerâmicas
Instaladas nos espaços das Catedrais do norte de Portu-
de João Carqueijeiro e evocaremos dois elementos meta-
gal, num caminho que percorre Viana do Castelo, Braga,
fóricos ineludíveis: o primeiro correspondente à presença
Porto, Lamego, Vila Real, Miranda do Douro e Bragança,
ancestral do barro e à modelação desta matéria como
as obras expostas no Verão de 2015 devem, pois, ser lidas
uma das metáforas da criação; o segundo corresponden-
como sinais que reorganizam os lugares que ocupam, que
te à configuração de coluna ou pilar como metáfora da
estabelecem diálogos inesperados, que interpelam quem
construção.
com elas se confronta, inscrevendo-se, por esta via, nas
Recorreremos à pintura de Avelino Sá, laboriosa e lenta,
premissas da arte contemporânea.
para gerar um espaço e um tempo de silêncio que certas
Tal enquadramento deixa a este texto uma via de abor-
frases e palavras reforçam. Perceberemos que o olhar
dagem que é análoga à dimensão iconoclasta, como se
sobre a natureza e o mundo se reveste de muitos modos
não fosse permitido ao verbo gerar sentidos para as obras
e que aquele que o pintor propõe é mais vivível do que
de arte. No entanto, e porque o discurso crítico pode ser
visível.
parte dos projetos expositivos, aqui se assinalam alguns
Interrogaremos a peça em bronze de Alberto Carneiro e o
aspetos que cada proposta artística pode convocar.
que esconde esse recetáculo a negar qualquer imediatis-
Encontraremos certamente remissões à demarcação de
mo. A matéria erudita não permitirá equívocos porque
espaços e territórios, não sem alguma ironia, no trabalho
ela se articula sempre com as referências a um mundo de
de Isaque Pinheiro que retira o seu título de um prosaico
ritmos, saberes e fazeres de outra espessura e de outra
código (o código ral) relativo a cores utilizadas, entre
profundidade que se descobre, não sem algum imprevis-
outros âmbitos, no da segurança rodoviária. De código se
to, no elemento que o recetáculo acabará por revelar se
poderia falar, nomeadamente do que regula a utilização
nos aproximarmos.
do mármore (pintado!) e da troca de códigos também, já
Não poderá descartar-se a possibilidade de tais pistas
que entre o sinal de trânsito e a obra de arte haverá um caminho de ambiguidades que se evidencia e nos desconcerta, tanto mais que nos encontramos em território de fé. Seremos sensíveis aos elementos de representação que surgem no trabalho de Clara Menéres, embora a representação seja aqui a da iconografia que não opera pela reprodução do visto, mas pela convenção em que asas, túnica e pranto significam três sentimentos ou três
de leitura serem determinadas pelo registo contextual em que decorre a exposição: a encomenda, o espaço que acolhe as obras, a atmosfera sacra e o enquadramento conceptual atrás descrito. A mediação da arte contemporânea a que nos habituámos autoriza esta relativização. As obras expostas, e a substância que é a sua, aí estão para confirmar ou questionar este panorama.
estados angelicais que identificaremos se conhecermos,
José Guilherme Abreu Laura Castro
também aqui, os códigos.
Universidade Católica Portuguesa, Escola das Artes - CITAR
SÉ CATEDRAL DE LAMEGO
ALBERTO CARNEIRO Alberto Almeida Carneiro nasceu em São Mamede de Coronado, concelho da Trofa, a 20 de Setembro de 1937. Em 1947 iniciou a sua aprendizagem artística, numa oficina de santeiro, na qual trabalhou durante 11 anos. Fez, entretanto, estudos liceais, frequentando o ensino nocturno na Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis, no Porto, e na Escola António Arroio, em Lisboa. Em 1961 voltou ao Porto para estudar Escultura na Escola Superior de Belas Artes do Porto. Depois de concluída a licenciatura em 1967, partiu no ano seguinte para Londres onde frequentou uma pós-graduação na Saint Martin’s School of Art (1968-1970). Aqui foi aluno do escultor britânico Anthony Caro (1924-) e de Philip King (1934-). Entre 1975 e 1976, foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian. Começou a expor ainda enquanto estudante: colectivamente, em 1963; a título individual, em 1967, na ESBAP. Entre 1972 e 1976, foi professor de Escultura na Escola Superior de Belas Artes do Porto. Entre 1972 e 1985, foi director pedagógico e artístico do Círculo de Artes Plásticas da Universidade de Coimbra e entre 1985 e 1994 leccionou na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. É autor e co-autor de textos e livros sobre Arte e Pedagogia e participou em cursos, debates e seminários sobre Arte e dinâmica corporal. Dedicou-se ao estudo da Psicologia Profunda, do Zen, do Tantra e do Tao, matérias sobre as quais leccionou cursos, proferiu conferências e escreveu. Recebeu a influência da «poética da matéria», do filósofo e ensaísta francês Gaston Bachelard (18841962).
Ao longo da sua carreira fez inúmeras viagens de estudo e realizou mais de setenta exposições individuais, tendo participado em mais de cem mostras colectivas, no país e no estrangeiro. Várias cidades portuguesas exibem obras públicas do escultor. Em Santo Tirso, Alberto Carneiro impulsionou a criação do Museu Internacional de Escultura Contemporânea (MIEC), do qual é director artístico nacional. Criado oficialmente a 20 de Outubro de 1996, o Museu tem por base o espólio recebido dos simpósios internacionais de escultura contemporânea ao ar livre, realizados em Santo Tirso desde 1991. A este escultor foram atribuídos variados prémios e distinções, entre os quais se contam o Prémio Nacional de Escultura (1968), o Prémio Nacional de Artes Plásticas da Associação Internacional de Críticos de Arte (1985) e o Prémio de Artes do Casino da Póvoa (2007), galardão composto por uma recompensa pecuniária, pela aquisição de uma escultura do premiado (“Sinais e Sabedoria da Floresta”, de 2000-2001), e ainda pela publicação da monografia “Alberto Carneiro – Lição das Coisas”, com texto de Bernardo Pinto de Almeida e direcção artística de Armando Alves. Representado em numerosos museus e colecções, no país e no estrangeiro, Alberto Carneiro vive e trabalha na sua aldeia de origem.
Sobre o tempo 1993-98 Bronze 100 x 180 x 60 Coleção do artista
SÉ DE VIANA DO CASTELO
AVELINO SÁ Nasceu em Santa Maria da Feira em 1961. Licenciou-se em Artes Plásticas-Pintura na Faculdade de Belas Artes do Porto. Vive e trabalha no Porto. Exposições Individuais 2012 “No Caminho das Montanhas”, Galeria Fernando Santos, Porto e Lisboa 2008 “Arqueologias”, Galeria Fernando Santos, Porto e Lisboa 2006 “Clareiras”, Galeria Gomes Alves, Guimarães 2006 “Restos de Escrita”, Livraria Índex, Porto 2004 “E do Branco Outras Coisas Ainda”, Galeria Gomes Alves, Guimarães 2003 “AMOK, Requiem para um Poeta”, Galeria Quadrado Azul, Porto 2000 “Um Livro Mais na Estante de Babel”, Livraria Assírio & Alvim, Lisboa 2000 “Stultifera Navis”, Galeria Quadrado Azul, Porto
Coleções Públicas Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto Museu Extremenho e Iberoamericano de Arte Contemporânea, Badajoz Museu Berardo de Arte Contemporânea, Centro Cultural de Belém, Lisboa Fundação Ilídio Pinho, Porto Museu Municipal de Amadeo de Souza-Cardoso, Amarante Publicações António Cardoso, “Avelino Sá e as Memórias Acumuladas”, in Catálogo da Exposição “Arqueologias”, Museu Amadeo de Souza-Cardoso, Amarante, 2008. Miguel von Hafe Perez, “A Cicatriz Presente”, in Catálogo da Exposição “E do Branco Outras Cores Ainda”, Galeria Gomes Alves, Guimarães, 2004.
1997 “KZ – Konzentrationlager”, Museu Amadeo de Souza-Cardoso
Paulo Cunha e Silva, “Psicotropismos”, in Catálogo da Exposição “Stultifera Navis”, Galeria Quadrado Azul, Porto, 2000.
1996 “As Carruagens Vão Chegando e Param”, Galeria Adriana Schmidt, Stuttgard
Óscar Faria, “Estado de Coma”, in Catálogo da Exposição Adriana Schmidt, Stuttgard, 1997.
1996 “Restos do Olhar. Em torno da poesia de Paul Celan”, Galeria Quadrado Azul, Porto 1993 “Margens”, Galeria Atlântica, Porto
Miguel von Hafe Perez, “A Pintura entre a Metáfora e a Alegoria”, in Catálogo da Exposição Galeria Quadrado Azul, Porto, 1996.
1988 “Do Espaço da Matéria”, Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, Coimbra
Bernardo Pinto de Almeida, “Margens”, in Catálogo da Exposição Galeria Atlântica, Porto, 1993.
1987 “Von Der Materie Bis Zu Form”, Sennestadthaus vortragssal, Belefeld, Alemanha
José Fernando Guimarães, “Marcas”, in Jornal das Letras, 2.11.1993.
Samurai #1, #3, #4, #5, #6, da série Japão 2011 Encáustica sobre madeira 39 x 30 cm [cada peça] Coleção do artista
Chuva de Verão
Diospiros bravos
A felicidade dos peixes
2011 Encáustica sobre madeira 50 x 65 cm
2010 Encáustica sobre madeira 60 x 60 cm
2012 Encáustica sobre madeira 80 x 80 cm
Coleção do artista
Coleção do artista
Coleção do artista
Lua Velada
O Viajante
Passeio pelo campo
2011 Encáustica sobre madeira 65 x 50 cm
2010 Encáustica sobre madeira 60 x 60 cm
2011 Encáustica sobre madeira 50 x 65 cm
Coleção do artista
Coleção do artista
Coleção do artista
Saké branco 2010-2011 Encáustica sobre madeira 80 x 65 cm Coleção do artista
SÉ CATEDRAL DO PORTO
CLARA MENÉRES Maria Clara Rebelo de Carvalho Menéres nasceu a 22 de Agosto de 1943 na Casa de Vilar, em S. Vítor, Braga. No Porto estudou escultura (cursos Superior e Complementar) na Escola Superior de Belas-Artes do Porto, tendo concluído a licenciatura em 1968, com a apresentação do trabalho “A Menina Amélia que vive na Rua do Almada”. Nesses tempos passados na ESBAP, foi discípula dos mestres Barata Feyo, Lagoa Henriques, Heitor Cramez e Júlio Resende, e começou a expor. Estreou-se nas mostras colectivas nas Exposições Magnas da FBAUP, e individualmente, em 1967, na Galeria Borges de Aveiro, mostrando cerâmica. Posteriormente, entre os finais dos anos setenta e o início da década de noventa prosseguiu os seus estudos em França e nos Estados Unidos, como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação Luso Americana. Em 1983 doutorou-se em Etnologia na Universidade de Paris VII, e entre 1989 e 1991 foi Research Fellow do Center for Advanced Visual Studies do Massachusetts Institute of Technology. Entretanto, começou a ensinar. Primeiro na ESBAP, depois na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa (19711996), instituição onde ascendeu ao título de Professora Agregada, e exerceu o cargo de Presidente do Conselho Directivo (1993-1996), e por fim na Universidade de Évora, onde é Professora Catedrática Emérita. Os temas dominante da sua obra escultórica são os mitos fundadores, e cultos solares, aquáticos, e essencialmente de fecundidade, bem evidente em obras como “Papisa” ou “Coincidentia Oppositorum” (1983), dos jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, “Relicário”, “Fogo Fátuo III ou Igniculli Terra Emicantes” (1987) e “Alba Navis” (1987).
Outros temas são, a alegoria da morte (“Os Amantes ou Restos Arqueológicos de uma viagem para a morte” com o qual alcançou o Prémio de Escultura da IV Bienal Internacional de Vila Nova de Cerveira); a intervenção cívica (apresentou “Jaz morto e arrefece o menino de sua mãe” na SNBA, em 1973 e no pós 25 de Abril integrou o Grupo ACRE, com Queiroz Ribeiro e Lima de Carvalho); as reflexões científicas e filosóficas (exposição “Da terra à Luz ou a Coincidentia Oppositorum entre Nicolua de Cusa e Max Planck”) e as temáticas bíblicas. Em peças como “Mulher-Terra-Viva”, apresentada na exposição “Alternativa Zero” de 1977, em Belém, deixou transparecer influências da Land Art (Arte Ecológica), enquanto esculturas como “A grande espiral” no I Simpósio de Escultura de 1988, o “Monumento ao viajante”, de Guimarães (1991), “Monumento a Willy Brandt”, Porto (1993), e o “Monumento a Salgueiro Maia”, Castelo de Vide (1994) se assumem como intervenções de arte pública que resultam sobretudo das investigações da autora sobre as relações entre arte e natureza. Nos anos oitenta redescobriu a luz na sua escultura, vindo a afirmar-se como uma “light sculptor”. A artista e professora tem-se também dedicado à investigação artística e à participação na vida cultural e política do país. Recentemente, fez parte da I Conferência sobre “A representação do sagrado no mundo da imagem”, associou-se ao Programa Cultural do Congresso Feminista 2008, no qual esteve patente o painel fotográfico “Clara Meneres. Escultura. Obra retrospectiva entre os anos 1968-1980”, é membro efectivo do MIC (Movimento de Intervenção e Cidadania), formalmente instituído em 2006, e em 2009 candidatou-se às Eleições Europeias pelo MPT (Partido da Terra) e à Assembleia da República pela coligação Frente Ecologia e Humanismo.
A Túnica do Anjo 2007 Tecido e penas de cisne 175 x 75 cm Coleção da artista
A Armadura do Anjo
O Pranto do Anjo
2007 Aço inox recortado a laser, polieteno e água 175 x 75 cm
2007 Tecido, projeção vídeo, som Dimensões variáveis
Coleção da artista
Coleção da artista
CONCATEDRAL DE MIRANDA DO DOURO
ISAQUE PINHEIRO Isaque Pinheiro nasceu em Lisboa, Portugal, em 1972. Vive e trabalha no Porto
2006 Sombras da ribalta, Galeria Presença, Porto
Exposições Individuais (desde 2001)
2005 Universos Perpendiculares, Galeria Esther Montoriol, Barcelona
2014 Memória, Galeria Caroline Pagès, Lisboa
2006 Água de Colónia (com Rute Rosas), Galeria Virgilio, São Paulo (cat.)
2013 Deslocamentos, (com Cristina Ataíde), produção Galeria Ybakatu, Centro Cultural do 2013 Sistema Fiep, no âmbito da programação Ano de Portugal no Brasil, Curitiba
2004 Opening, Internationale Kunsthalle Porto 1, Porto
2013 O corte, Galeria Mário Sequeira, Braga
2002 São extéreis, Senhor… são extéreis!, Galeria Extéril, Porto
2012 Quem corre por gosto não cansa, Galeria Laura Marsiaj, Rio de Janeiro 2012 Quem corre por gosto não cansa, Galeria Moura Marsiaj, São Paulo 2012 We Art Agência de Arte, Aveiro
2003 Hoje amo-te, Galeria Animal, Santiago, Chile (cat.) 2002 Amor de…, Montemor-o-Novo Galeria Municipal, Montemor-o-Novo (cat.)
2001 Handle with Care, Espaço Maus Hábitos, Porto Obra Pública
2011 Mão livre, Galeria Presença, Porto
2013 A meio entre isto e aquilo, Jardim das Virtudes, Porto, 2013
2010 A medida de todas as coisas, Galeria Caroline Pagès, Lisboa
2010 Universidade de Aveiro
2010 Curador, Galeria Esther Montoriol, Barcelona 2009 Em debate, Espaço Maus Hábitos, Porto 2008 Em cima da terra e debaixo do céu, Galeria Presença, Porto 2008 Em cima da terra e debaixo do céu, Galeria Goran Govorcin, Santiago Compostela
2009 Os dados estão lançados, Maia 2009 Monopoly, Vila Nova de Gaia 2009 O Livro, Felgueiras 2006 Silêncio, La Coruña, Mariñan 2005 Parla! A arte do silêncio, Vila Verde 2004 Câmara de Lobos, Madeira
2008 Camisa, Nogueira da Silva Museum, Braga, Portugal (cat.)
2004 Um… dois… três… Experiência! Cantanhede
2007 Sapatos de pedra e um horizonte aberto, Galeria Presença, Lisboa
2000 O chão que me sustenta, São João da Madeira
2007 Apego a um lugar, Galeria Laura Marsiaj, Rio de Janeiro
2001 Terra, zinco e pão com manteiga, Montemor-o-Novo
5019/3002 2013 Mármore e tinta de esmalte 96 x 83 x 70 cm Coleção do artista
SÉ CATEDRAL DE BRAGA
JOÃO CARQUEIJEIRO Nasceu em 1954 e vive no Porto.
2000 – Galeria Epicentro - Porto – Portugal
Concluiu o Curso Superior de Desenho na Cooperativa Árvore (ESAD), em 1982,
1996 – Galeria da Câmara Municipal de Aveiro – Aveiro – Portugal
Desde 1981, dedica-se ao ensino da cerâmica, quer no âmbito da Formação Profissional, quer no de Cursos de Especialização, Orientação de Estágios e Workshops.
1996 – Galeria Labirintho – Porto - Portugal 1993 – Galeria Magellan – Paris – França 1990 – Galeria Labirintho – Porto – Portugal
É Formador de Cerâmica desde 1985 pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional.
1986 – Galeria “D” – Gondomar – Portugal
É professor dos Cursos Livres de Cerâmica na Cooperativa de Actividades Artísticas “ÁRVORE”, desde 1986.
Prémios
Foi membro fundador em 2005, do Projecto Cerâmica “Oficina 2000&5”. Em 2007, foi membro do Júri, da VIII Bienal Internacional de Cerâmica Artística de Aveiro. Realizou em 2010 um painel cerâmico em relevo de 0,75mx100mx0,05m, para exterior do Crowne Plaza Hotel em Vilamoura. Em 2011 realizou um mural modular tridimensional em cerâmica vidrada de 300 x1000 cm, para o interior do edifício do Fórum da Bienal de Cerveira.
1989 – 1º Prémio da II Exposição de Pequeno Formato – Árvore – Porto – Portugal 1989 – Menção Honrosa – Bienal Internacional de Cerâmica de Aveiro – Aveiro – Portugal 1991 – 1º Prémio Cerâmica Criativa – I.E.F.P. – Portugal Representação Em Colecções (Institucionais) Museu da Câmara Municipal de Alcobaça - Alcobaça, Portugal Museu do Azulejo - Lisboa, Portugal Museu Luís de Camões - Macau, China
Exposições Individuais
I.E.F.P. – Centros do Porto e Valença, Portugal
2014 - “Enclaves 2014” - Museu de Olaria de Barcelos – Barcelos – Portugal.
Museu de Olaria de Barcelos - Barcelos, Portugal
2013 - “Pedras de Terra e Fogo” - Museu Municipal de Resende – Resende - Portugal
Embaixada Portuguesa em Tóquio - Tóqio, Japão
2012 - Casa Museu Abel Salazar, Porto, Portugal. 2008 – Franchini`s Galeria – Porto – Portugal
City Hall de Amakusa - Amakusa, Japão AMI – Assistência Médica Internacional – Delegação do Porto
2007 – Galeria AMI Arte – Porto – Portugal
Museu de Arte Contemporânea da Bienal de Cerveira – Vila Nova de Cerveira, Portugal
2001 – Museu de Olaria de Barcelos – Barcelos – Portugal
Museu Amadeu de Souza Cardoso – Amarante, Portugal
S/título 2015 Mistura de pastas cerâmicas 1200°C 142 x 38 x 27 cm Coleção do artista
S/título 2010 Mistura de pastas cerâmicas 1200°C 175 x 35 x 32 cm Coleção do artista
ANTIGA SÉ DE BRAGANÇA
MANUEL ROSA Nasceu em 1953 em Beja. Vive e trabalha em Lisboa.
Coleções Públicas
Terminou o curso de Artes Plásticas (Escultura) da Faculdade de Belas Artes de Lisboa em 1978.
Associação Industrial Portuense, Porto
Exposições 1981 I Simpósio Internacional de Escultura em Pedra de Évora
Caixa Geral de Depósitos, Lisboa Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian (CAM), Lisboa Colecção Museu Berardo, Sintra
1981 Simpósio de Escultura de Verona, Itália
Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, Lisboa
1984 Galeria Módulo, Lisboa
Fundação de Serralves, Porto
1985 Bienais de Pontevedra e de Zamora
MEIAC - Museo Extremeño y Iberoamericano de Arte Contemporáneo de Badajoz
1988 Museu de Toulon, Exposição “Lisbonne Aujourd’hui” 1989 20ª Bienal de S. Paulo 1990 Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa
Prémios
1991 I Simpósio Internacional de Escultura Contemporânea de Santo Tirso
1985 Prémio de Aquisição da V Bienal de Vila Nova de Cerveira (S. Sebastião)
1998 Escultura, Biblioteca Municipal Calouste Gulbenkian, Ponte-de-Sor
1988 Prémio Jovem Escultura Unicer, Casa de Serralves, 2º lugar.
1999 Escultura, Claustros do Convento da Conceição, Beja 2000 “Inverno, Post Ite”, Galeria Pedro Oliveira, Porto
Atividade Editorial
2003 Exposição Acervo, Porta 33, Funchal, Madeira
A partir de 2000 Manuel Rosa passou a dedicar-se com menor regularidade à prática escultórica, para se consagrar ao ofício da atividade editorial, assumindo responsabilidades crescentes na direcção da Editora Assírio & Alvim, principalmente após o falecimento prematuro do seu sócio e amigo Manuel Hermínio Monteiro (1952-2001).
2004 Escultura, Escola António Arroio, Lisboa Obras Públicas 1981 Afloramentos, Jardim dos Colegiais, Évora 1991 Arco Voltaico, Praça 25 de Abril, Santo Tirso 1998 Monumento a D. João II, Praça Príncipe Perfeito, Lisboa
São Sebastião 1986 Pedra de ançã 210 x 50 x 40 cm Coleção Museu da Bienal de Cerveira
SÉ DE VILA REAL
ZULMIRO DE CARVALHO Zulmiro Neves de Carvalho nasceu na Aldeia Alegre, em Valbom, Gondomar, no dia 12 de Março de 1940. Frequentou estudos liceais na Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis, no Porto, de início em regime diurno (1952-1954) e, depois, em regime nocturno (1955-1958). Em 1963 frequentou a Secção Preparatória para ingressar no curso de Escultura da Escola Superior de Belas Artes do Porto (1963-1968). Durante a formação académica, foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, e participou nas Exposições Magnas da ESBAP e nas Exposições Extra-Escolares. Em 1968 terminou a licenciatura, tendo obtido a classificação de dezanove valores.
diosidade das suas estruturas, em ferro, bronze e aço, materiais que veio a combinar com o mármore, a ardósia e a madeira. O trabalho deste escultor encontra-se bem representado nas três criações a que chamou simplesmente “Escultura” (1896-1987), nas obras que expôs em 1987 na Galeria Nasoni, no Porto, na escultura de grandes dimensões, em granito polido, destinada às comemorações do 150º Centenário do Cemitério do Prado do Repouso, também no Porto (1839-1989), na escultura para a Prelada, no Porto, em 1993, no “Pórtico do Monte Castro” destinado a Gondomar (1994), na Escultura de Antuã (1995) e, ainda, n’ “O Arco do Oriente”, de Macau, inaugurado a 1 de Junho de 1996.
Em 1973 regressou ao Porto e retomou a actividade docente. Nos anos 90, em colaboração com Carlos Barreira e Carlos Marques, montou um atelier/oficina experimental (1993-1994), que esteve na base da reformulação do ensino da Escultura na Escola de Belas Artes do Porto e que motivou o seu regresso à ESBAP.
As criações de Zulmiro de Carvalho podem ser encontradas no Porto, no Jardim de S. Lázaro, no BCP, no Cemitério do Prado do Repouso, e no Mercado Abastecedor; na Figueira da Foz, no Parque das Abadias; em Lisboa, no Metropolitano, na Caixa Geral de Depósitos, e na Companhia Portuguesa Rádio Marconi; na Assembleia Legislativa e Regional dos Açores; na Capela do Santíssimo Sacramento, do Santuário de Fátima; em Matosinhos, na Rotunda da Exponor e na Câmara Municipal; na Avenida Visconde de Barreiros, na Maia; nas Caldas da Rainha; nas colecções da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, da Secretaria de Estado da Cultura, da Fundação de Serralves, no Porto, do Museu Internacional de Escultura Contemporânea de Santo Tirso, e do Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso, em Amarante; na Alameda Carlos Assumpção, em Macau; no Museu Britânico, em Londres, etc.
A obra escultórica de Zulmiro de Carvalho parte de um desenho cuidadoso, é executada por técnicos habilitados e caracteriza-se pela simplicidade, sobriedade e gran-
A obra do escultor Zulmiro de Carvalho tem recebido diversos prémios nacionais, assim como tem integrado numerosas exposições nacionais e internacionais.
No ano seguinte foi convidado para assistente de Escultura da ESBAP, onde leccionou até 1995, ano em que se aposentou como professor Auxiliar. Entre 1971 e 1973 obteve uma nova bolsa de estudo, da Fundação Calouste Gulbenkian, que lhe permitiu fazer uma pós-graduação na St. Martin’s School of Fine Arts. Durante esses anos passados em Londres trabalhou com artistas vanguardistas como Philip King (1934-), Anthony Caro (1924-), William Tucker (1933-) e David Annesley (1936-)
Luz II 2014 Aço inox Ø 140 cm Coleção do artista
Luz 2006 Aço inox 300 x 11 x 70 cm Coleção do artista
ANTIGA SÉ DE BRAGANÇA
SÉ DE VIANA DO CASTELO
SÉ CATEDRAL DE BRAGA
CONCATEDRAL DE MIRANDA DO DOURO
SÉ DE VILA REAL SÉ CATEDRAL DO PORTO SÉ CATEDRAL DE LAMEGO
7 Instâncias de transcendência Artistas / Espaços Alberto Carneiro/ Sé Catedral de Lamego Avelino Sá/Sé de Viana do Castelo Clara Menéres/Sé Catedral do Porto Isaque Pinheiro/Concatedral de Miranda do Douro João Carqueijeiro/Sé Catedral de Braga Manuel Rosa/Antiga Sé de Bragança Zulmiro de Carvalho/Sé de Vila Real Iniciativa Direção Regional de Cultura do Norte Comissariado e coordenação executiva da exposição José Guilherme Abreu Laura Castro Implementação (Produção) CITAR (Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes – Escola das Artes – UCP – Porto) Coordenação geral Ideias Maiores, concepção e produção de projectos, Lda. Textos António Ponte José Guilherme Abreu Laura Castro Design Rui Guimarães Impressão Mania da Cor Junho 2015
INICIATIVA
APOIOS
APOIO À DIVULGAÇÃO
COORDENAÇÃO
PRODUÇÃO