Apresentação .................................................................................................... 05 Introdução ......................................................................................................... 07 Tem criança no sisal ........................................................................................ 09 Dez minutos de descanso ................................................................................ 11 OUSAR LUTAR, OUSAR VENCER! ................................................................ 12 Do envolvimento sustentável............................................................................ 13 Tenha Juízo....................................................................................................... 14 O trabalho e a vida............................................................................................ 15 Lava a Roupa, Lavadeira ................................................................................. 16 Trabalho de gente............................................................................................. 17 Migrante............................................................................................................ 18 Feijão Indigesto................................................................................................. 19 Matando um dragão por dia.............................................................................. 22 Mão................................................................................................................... 23 Prudência e caldo de galinha............................................................................ 24 Gente que Luta TRABALHO DECENTE .......................................................... 26 TRABALHO DECENTE! .................................................................................. 27 TRABALHO DECENTE ................................................................................... 28 Eu só queria trabalhar ...................................................................................... 29 Dia a Dia .......................................................................................................... 30 AUSÊNCIA ....................................................................................................... 31 A Creche .......................................................................................................... 32 TRABALHAMOS COM AMOR, ESTAMOS SEMPRE CONTENTES .............. 33 Poeminha didático ........................................................................................... 34 Professar .......................................................................................................... 35 Gratificação ...................................................................................................... 36 Todo dia ........................................................................................................... 37 DIA DO TRABALHO ........................................................................................ 38 Labor e Pulsar .................................................................................................. 39 Trabalho Decente - O embrião em movimento ................................................ 41 Vida Viva Trabalho Decente ............................................................................. 42 NASCE UM COMPANHEIRO .......................................................................... 43 NOME E SOBRENOME .................................................................................. 44 E seu trabalho?................................................................................................. 45 TRABALHO DECENTE ................................................................................... 46 Surrealismo fantástico ..................................................................................... 47 MINHA VIDA, MEU TRABALHO ...................................................................... 48 Docente doente...decente ................................................................................ 49 Sustentação global .......................................................................................... 50 O EXEMPLO .................................................................................................... 51 PRO-FESSORA ............................................................................................... 52
Mulher atualizada ............................................................................................. 53 % da Mulher ..................................................................................................... 54 De Sentir .......................................................................................................... 55 Suor e lágrimas ................................................................................................ 56 Trabalho decente ............................................................................................. 57 BRASIL - 500 ANOS DE ESCRAVIDÃO .......................................................... 58 Vida Operária ................................................................................................... 59 ADALBERTO ................................................................................................... 60 SOU DIGNO .................................................................................................... 62 Não Estou Aqui ................................................................................................ 64 Trabalho Decente ............................................................................................ 65 Zé Brasileiro ..................................................................................................... 66 Eles não usam Black Ties ................................................................................ 67 Nos tempos do Salazar .................................................................................... 68 HOMEM MATEIRO .......................................................................................... 69 TRABALHAR E PENSAR ................................................................................ 70 Dia de Cão ....................................................................................................... 71 Prece por um trabalho decente ........................................................................ 72 SÁBIO OPERÁRIO .......................................................................................... 73 Face a face ...................................................................................................... 74 AMIGO DAS LETRAS ...................................................................................... 75 Dissídio, Trabalho Decente .............................................................................. 77 TRABALHO DECENTE ................................................................................... 78 Nascemos assim! ............................................................................................. 79 Operário e Condição ........................................................................................ 80 Trabalho decente ............................................................................................. 81 TRABALHO E VIDA ......................................................................................... 82 A beleza do trabalho ........................................................................................ 83 Tenho um trabalho decente ............................................................................. 85 Trabalho Decente ............................................................................................. 86 CONSCIÊNCIA ................................................................................................ 87 Vida de trabalho .... .......................................................................................... 88 Atribuição ......................................................................................................... 89 Salve primeiro de maio .................................................................................... 90 O QUE É UM TRABALHO DECENTE? ........................................................... 91 UM VOSSO POETA ......................................................................................... 92
A poesia e o mundo do trabalho Nos últimos três anos, a CUT São Paulo vem diversificando os temas dos eventos do 1º de Maio para informar e conscientizar os trabalhadores e trabalhadoras sobre a importância da data. Em 2010, o tema escolhido buscou o fortalecimento da relação entre os trabalhadores do Brasil e América Latina. No ano seguinte, com o objetivo de contribuir com a aproximação entre o Brasil e a África, além de valorizar os aspectos históricos e culturais daquele continente, a opção foi Brasil-África: fortalecendo a luta dos trabalhadores. Já em 2012, o foco foi A Diversidade no Brasil e no Mundo - Um olhar de Cinco Jeitos, com programação voltada à valorização da política, cultura e história das cinco regiões do nosso país. Com o tema Desenvolvimento Econômico e Sustentabilidade, em 2013 foi discutida a sustentabilidade voltada para a qualidade de vida das pessoas e para a preservação do planeta. Além disso, a CUT decidiu introduzir algumas novidades no evento de 1º de Maio. Uma delas foi o envolvimento de todas as subsedes nas atividades, por meio da realização de debates sobre reforma agrária, produção e indústria, Código Florestal, recursos energéticos e consumo consciente. Foi realizado também o 1º Passeio Ciclístico da Classe Trabalhadora, ou pedalada, para envolver a população de São Paulo nas discussões sobre a mobilidade urbana. E outra novidade foi a criação do 1º Concurso Literário de Poesia da CUT São Paulo, com o objetivo de inserir os trabalhadores e trabalhadoras na produção artística, estimular a interpretação e a divulgação da arte literária, além de promover a descoberta de novos talentos. Com o tema Trabalho Decente, os interessados puderam inscrever suas poesias, que foram submetidas a uma Comissão Julgadora formada especialmente para isso. Por que um concurso literário de poesia? Primeiro, porque a CUT entende que o mundo do trabalho pode ser visto e entendido, também, sob a ótica individual de cada trabalhador ou trabalhadora; segundo, porque todo ser humano carrega em si sonhos; terceiro, porque cada sonho pode se transformar em realidade e deve ser compartilhado. E, por último, porque a poesia é uma das expressões mais belas para retratar os sonhos e a realidade. Os três primeiros colocados no certame receberam prêmios, que foram entregues durante o Sarau Literário, realizado em 23 de abril de 2013. O evento abriu as comemorações do 1º de Maio. Naquele dia, foram lidas e interpretadas 15 poesias, do total de mais de 90 inscritas. E são esses trabalhos que compõem a presente obra. Seus autores, trabalhadores e trabalhadoras de diversas categorias profissionais, estão de parabéns pela sensibilidade, pela qualidade, pelo talento e, sobretudo, pela 05
decisão de compartilhar seus sonhos e suas realidades. Com certeza, este livro será uma importante contribuição para a classe trabalhadora, para a cultura e para a literatura brasileira. A CUT São Paulo sente-se honrada por sua publicação. Adi dos Santos Lima Presidente da CUT/SP
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Com o tema Trabalho Descente, voltado às comemorações do 1º de Maio, realizamos o 1º Concurso Literário de Poesia da CUT São Paulo. No mundo sindical, em que a palavra é um instrumento fundamental de comunicação, propomos neste concurso outro olhar para essa valorosa ferramenta. Se a semiologia é a ciência da linguagem verbal, entendemos que em nossas vidas, onde a disputa de classes, projetos e interesses se confrontam, a palavra é um suporte valoroso da nossa subjetividade. Logo, a poesia, com toda sua estrutura e beleza, se coloca como parceira. Ficamos todos surpresos com as nossas e nossos “poetas-operários”, pela clareza e sensibilidade com a qual abordaram o dia a dia do trabalho. DECENTE é este livro, que na sua semântica e na profundeza da sua história, dá início agora a um horizonte em que a nossa voz e palavras recheadas de novos sentidos jamais se calarão. Benedito Augusto de Oliveira Coordenador do COLECULT Coletivo Estadual de Cultura da CUT/SP
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1º Lugar
Tem criança no sisal Tem criança no sisal Admire o teu piso Brilhante como cristal Adornado com tapete Fabricado do sisal Comprado quase de graça Na feirinha ali da praça Vindo do labor braçal A colheita quem a faz De idade não tem dez O chinelo mais simplório Não foi feito pro seus pés Pra lá e pra cá descalça Piso de barro ela amassa Sua angústia se vê na tez Ao preço de um real Vale seu suor por dia A escola não frequenta Não conhece geografia Do direito de brincar Sua infância desfrutar Não tem essa mordomia Mas o que essa ingênua Está fazendo aí perdida? Ajudando o pai pobre Levado à sobrevida Suando cada centavo No trabalho semiescravo Da sevícia sem medida E pra isso chega cedo Um café mal mastigado Faça chuva ou sol quente Seu almoço está gelado Vai ficar até a tarde Tarefando pro covarde Com estômago apertado E o manejo do sisal É um tanto perigoso Os seus olhos descobertos Seu dedo está caloso 09
Mesmo assim essa criança Deixada na confiança Não tem traje cauteloso Não parece importante A criança pelitrapa Se é lindo o tapete Que seu trabalho contrata Seu suplício não é problema A quem atender o tema O enganoso burocrata O Brasil é exportador Do luxuoso adereço Pro europeu gastar dinheiro É pequeno o seu preço Mas não toque na ferida Que a infância invalida Pra não trazer aborreço O trabalho infantil Se encontra Brasil adentro Desde a periferia É vista também no centro Para alertar a miséria O cordel canta a matéria Não se pode ficar neutro Tem criança no sisal Na cana e no carvão Labor duro o dia todo Ao troco de um tostão Obra do capitalismo Regime do egoísmo Regime da escravidão Autor: Edvaldo Fernando Costa - Trabalhador Bancário de São Paulo
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2º Lugar
Dez minutos de descanso Quanto tempo tem dez minutos? Tem todo o tempo que o tempo diz que tem? Não sei. Mas algo me faz pensar que o tempo Anda roubando no tempo. Dez minutos não tem todo esse tempo! Tem menos. Porque é o tempo que eu tenho... Ínfimo tempo para voltar ao tempo Meus dedos endureceram Meus braços doem Minha cabeça pesa mil quilos Dez minutos não tem dez minutos. Meu sangue ainda continua parado....no tempo Autora: Nilcea Fleury Victorino - Trabalhadora da Educação
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3º Lugar
OUSAR LUTAR, OUSAR VENCER! Quem com a mão amiga o pão divide E no chão da fábrica o suor recolhe, Sabe que é na lida que o pensar revida E que é na luta que o ideal se escolhe! Luta! Aprende! Conquista e avança, por um mundo novo de mais igualdade. Onde as injustiças sejam abolidas, Onde a mais-valia seja a liberdade. Sonhos vãos? Luta insana e inglória? Sempre que se luta, o homem se renova. Transformando o mundo e repartindo o pão! Um trabalhador que conhece e sabe, Mostra seus direitos defendendo o irmão Sabe que essa guerra mal é começada, Mas que sua luta nunca foi em vão! Autora: Maria da Piedade dos Santos - Trabalhadora Metalúrgica de Guaratinguetá
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4º Lugar
Do envolvimento sustentável Do sustentável envolvimento Mais que multiplicar - dividir, Mais que acumular - distribuir, Mais que ter - ser Mais que usar - existir. Do modo de produzir insano, As massas malsãs perdidas em engano, Dos continentes perdidos, Órfãos todos carcomidos do velho mundo europeu, Ah! Se pudéssemos o tempo voltar E não mais te matar, oh! solo que me recebeu. Recuperar o fio da história, quando a vida era maior, A propriedade privada e a escória, Fizeram-na tão menor. Reinventaremos nossos sonhos E refaremos nossos amores, em um mundo tão de todos, numa uma terra sem senhores, Mais que a dívida - a vida, Mais que a produção - o ócio, Mais que a reclusão - o pátio, Mais que a globalização - o pátrio, Mais que a fronteira - a beira Mais que o hino – a canção Mais que o discurso – o poema Mais que a cobiça – a razão. Autor: Fernando da Silva Cardoso - Trabalhador Metalúrgico de São Bernardo do Campo
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5º Lugar
Tenha Juízo Encostado num canto, juntando poeira Aguardando a sentença em eterna aflição. Espera sem pressa a hora ligeira O destino o aguarda de chibata na mão. Quem sois vós, oh! escriba maldito, A praguear heresias lambuzado de mel, O labor alheio tão árduo e bendito Sem papas na língua afiada a granel? És tolo, não vês, estrangeiro intruso? Não és destas terras que lhe dão abrigo. Cala-te, pois, escriba obtuso Enquanto me tens por melhor amigo. Achas que vale tua longa jornada, Escaldado na roça e no lombo da vida? Nessas terras plangentes de intensa invernada; A fera mia, manca e é ferida! Aqui, a história é matreira A língua canta e a fala é mansa. Arrisca o pescoço quem sai da algibeira Prova do próprio sumo que produz a pança! Aguarda, pois, no teu canto fiel, A sentença que lhe cabe neste paraíso, Eis um conselho justo, amigo cruel: Manda quem pode, obedece quem tem juízo! Autor: José Alfredo Rodrigues - Trabalhador de Comunicação
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6º Lugar
O trabalho e a vida O suor encharcando a pele A fuligem inundando narinas A ferramenta que ferve e fere O sol ardendo nas retinas O frio estilhaçando ossos A dor consome e desanima. A vontade em destroços. O trabalho corroendo a vida Segue a escravidão inacabada, sangrando feita funda e fétida ferida em tempos da servidão globalizada. Segue também o bom combate, a boa lida, luta travada por trabalho justo, decente, que não celebre a morte, mas a vida. Autor: Roberto Guido - Trabalhador da Educação
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7º Lugar
Lava a Roupa, Lavadeira Lava a roupa, lavadeira. Bate bem devagar. Põe as manchas para corar. Vão desaparecer. O perfume das Flores vai ocupar o lugar. Lava a roupa, lava a alma e Não pares de sonhar que a vida vai melhorar. Só não deixes que ninguém Venha teus sonhos roubar, Tua vida estragar. Mesmo só por brincadeira, Faz o melhor que sabes fazer: Sobreviver. Autora: Lita Moniz - Trabalhadora de Educação da Praia Grande
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8º Lugar
Trabalho de gente Labor é um jogo que perde quem não vê que a lida se constrói além da liberdade, que a luta não corrói o sonho da verdade e a dor não desanima ao mínimo sofrer. É o patrão querer mais que promover, é andar conosco solidário, é nunca ter nosso salário como benesse do poder. É compreender e ter a mente sempre aberta do vencedor, é ter como decente o trabalho sem favor. É implantar corajosamente nos corações humanos a amizade e acima de todo plano a mútua lealdade. Autor: Guilherme Maurício Monteiro - Trabalhador das Autarquias
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9º Lugar
Migrante Quando lá em cima sonhava alto Com a cidade grande, cá embaixo, Imaginava terra com muito chão, céu imenso, cheio de estrelas, grandes abraços apertados, trabalho mais do que farto. Vida calma pra viver... Quando na cidade, cá embaixo, Encurvado, bem lá no alto, pensava: - Tanto barulho e cimento, precisava? Pedras, tijolos, céu tão cinzento, quase sem estrelas pra se ver Vida esquisita pra conhecer... Carinhos? Mal dava tempo. Na madrugada, caminhos somente para o trabalho duro e decente Sem nada, sem a poesia antes sonhada, Trilhos infinitos no chão e asfalto pela estrada Vida dura de desfazer... Quando depois de muitos anos, percebeu o céu lá de cima bem mais bonito: muito mais limpo e mais seu Imaginou que era o trabalho farto, tempo inteiro sem abraço, sem estrelas, sem magia, o sonho da volta, quem sabe, ele traria. Autora: Leila de Oliveira Rodrigues - Trabalhadora de Comunicação
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10º Lugar
Feijão Indigesto Feijão Indigesto Neste país tão gigante Ganha a corrupção Em que os donos da terra Mandam na situação E impõem a todo o povo Ao cavar seu próprio covo Sofrimento e repressão Preste atenção na história Não existe ficção Tudo fundamenta em fato Do plantio do feijão Ingrediente costumeiro Que em terreno mineiro Alimenta a escravidão A cidade é Unaí No noroeste mineiro Campeão na produção Do feijão brasileiro Que patrão em despudor Controla o trabalhador Com tiro de bandoleiro O feijão que aqui produz Com veneno é encharcado Lavrador que aqui trabalha Está quase enjaulado E o vedor do governo E do sistema subalterno Todo tempo ameaçado Esse tal de agrotóxico Aplicado exagerado Adoece a cidade De modo desenfreado Com câncer está morrendo O corpo se corroendo Porque o ar está drogado Aqui para o agricultor Só lhe resta a sobrevida Trabalha envenenado Inalando o pesticida 19
Do salário nada sobra Volta todo à mão da cobra Pela conta embutida Chegando, já tá devendo Na cantina compra tudo Alimentos e higiene A um preço cabeludo Da conta não se liberta Esta dívida é certa Com o chefe carrancudo Se carteira é assinada? Você está de brincadeira O negócio aqui é feio Não respeitam a bandeira Tratamento pro peão Aumentar a produção Ao chicote e gargalheira Fazendeiro escravocrata Não se livrará da pena Ministério do Trabalho Colocou fiscais em cena Fez valer a canetada E por eles foi multada A desgraçada hiena Porém o final é triste Continue na leitura O que está pra acontecer É maldita arquitetura Contratado o assassino O patrão traçou o destino Dos fiscais à sepultura O ano é dois mil e quatro Da Bocaina estavam perto Quatro homens são marcados Por defender o liberto No decurso da estrada Acuados em emboscada Matados com tiro certo Massacre dos auditores Até hoje é anunciado Nove anos se passaram Quem mandou não foi julgado Comprada a liberdade Vive com imunidade 20
Do direito debochado Unaí não é isolada Dos desmandos do patrão Que despreza essa Carta, Nossa Constituição Faz seu próprio decreto Também determina o veto Vivendo como barão No país da impunidade Falta conscientização Por que o povo ignorante Não recebe educação De inverdade está coberto Para votar de jeito certo E mudar este refrão. Autor: Edvaldo Fernando Costa - Trabalhador Bancário de São Paulo
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11º Lugar
Matando um dragão por dia Na sociedade capitalista, Todos entram na lista. Até patrão com seu terno e seu carrão. Embora você pense que não, Rico também tem preocupação, E acaba sofrendo um colapso de tanta tensão. Enquanto isso você segue de busão, Carregando sua marmita num ônibus apertado, Reprimido, espremido e atrasado Pra marcar o ponto, tomar café, E sentado ou em pé executar sua função. Tá sempre tão bitolado Que nem se quer olha pro lado. A mulher ganha menos que o homem, Negro quase não tem um bom emprego, E gays com medo se trancam no armário Neste mundo ordinário! Há intolerância em abundância, O assédio moral é ilegal E nem sempre é percebido Pois até o poder é corrompido. Quando o dia já termina e o trabalho se finda Novamente na saída Busão lotado e apertado, e retorno à casa muito cansado. "Pra que tanta confusão se é tão simples dar razão a nossa população!" E na hora de descansar Ligo a televisão antes do jantar, E lá vem a TV Globo pra acabar de me matar! A seca no Nordeste mata os "cabra da peste", Muita chuva no Sudeste Afogando e matando, E os intolerantes dão as mãos para o céu Pregando e negando. "SALVE JORGE!!!" O que é trabalho decente pra toda essa gente? Mais dinheiro menos horas? Todos ficam contentes? E amor e solidariedade? Não é o que falta pra sociedade? Autora: Lucia dos Santos Nakamura - Trabalhadora da Saúde 22
12º Lugar
Mão Mão que ergue a nação! Mão do crescimento. Mão da salvação! Mão de força e luta, suor, boa conduta! A mão se faz presente! Nas mãos de tanta gente! De orgulho e de trabalho! Esta Mão que é tão decente. Autor: Emerson Sérgio Brandão - Trabalhador da Saúde
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13º Lugar
Prudência e caldo de galinha.... Gente perfumada, outras nem tanto, Tem-se em lugar bacana, onde se ganha sem espanto. Discutem a sorte da gente; sem lugar, sem perfume, sem dinheiro, portanto. Dia de mostrar a que veio. Gente defendendo gente. Nobre arte da prosa intransigente. No papel, sobre a mesa, está escrito O certo pelo certo, o dito pelo não dito. A condição do trabalho decente e todo o mais do rito. A sorte do peão e da peoa, no entanto, ou azar talvez, Anda solta, descabelada, sem medir a força que tem Patrão e empregado porreta se sentam à mesa pra negociar o vintém. A sorte eu digo; num lugar que nem sei onde é... Tem gente defendendo até a condição de mulher. Fala rouco, bate na mesa, diz que sabe o que quer. Mas azar, também eu digo; que do outro lado da mesa Um par de dois ou três manés, se colocam “todo ouvidos” Para depois, dizer um “não” do tamanho da chaminé. E a conversa segue num instante, Os do lado de cá rijos e gaguejantes, Os do lado de lá respiram ofegantes. Ninguém arrisca sacar primeiro. O suor escorre pelo rosto e aquele mais ligeiro Interrompe a prosa irritante. Não vamos decidir agora! Vou consultar a base nessa hora Pra tomar a melhor decisão! O trabalhador sabe e confia na gente... Que decide e tem mais precisão, Greve agora, não, doutor. Deixa pra depois, pra outra ocasião! Lamentação pelos os usuários do SUS Quanto tempo me angustio acompanhando dor e sofrimento, gente buscando por socorro, vejo vidas se perdendo, sinto remoer dentro de mim essa dor tão intensa, querendo fazer tudo e não podendo fazer nada, me sinto inutilizado pelo sistema, me vejo em todos os que sofrem em busca de ajuda, mas o pouco que faço, ainda que seja no meu limite, ainda acho ser tão pouco, 24
então me sinto pequeno, ah! como queria que fosse diferente, que esse sistema que nos fragiliza tanto não fosse tão cruel, como me sinto fraco, diante de tanto lamento, hoje faço o que posso, amanhã quem sabe? possamos construir um trabalho que nos faça sentirmos humanos, mais leves e decentes... Autor: Nilcéia Fleury Victorino - Trabalhadora da Educação
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14º Lugar
Gente que Luta TRABALHO DECENTE Quem és tu, trabalho Decente ? Suspirado por grandes e pequenos Procurado por toda gente? Que de mãos dadas caminham Não se separam... Simplesmente se alinham Na passarela da vida se entrelaçam, Com raízes profundas Qual um ipê em flor Suportando às vezes dor Trabalho Decente, que será da humanidade ? Se esse verbo fica ausente? O trabalho dignifica, enobrece E as coisas acontecem Já no início da criação O próprio Deus disse a Adão: ”Trabalhai!” E eu? Quem sou? Eu sou gente que sonha Chora e sorri Que luta, que vence! Sou povo Que não tem medo de nada Sou como as ondas inquietas do mar Parada jamais posso ficar! Sou parte da mãe Terra E pra ela irei voltar Enquanto isso não acontece Trabalho Decente é o que quer toda gente!! Autora: Ilzete Bispo Leite da Costa - Trabalhadora da Saúde
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15º Lugar
TRABALHO DECENTE! O homem que é trabalhador, sempre será Acorda cedo, toma ônibus, trem, toma metrô Tudo para garantir o sustento da família Vai para longe, chega tarde, seja onde for! Bendito seja o trabalhador honesto e decente Sustenta as bases e dirige os destinos da nação É preciso que seja assim, ele tem que agir assim Para um dia extinguir o estigma da corrupção! O Brasil é constituído de gente de bem e boa Não faz sentido o que dizem do país no exterior Não é verdade que aqui é um antro de propina Existem homens e muitas mulheres de valor! Oh! Trabalhador! Leva tua cruz e tua vida Leva adiante tua bandeira de honestidade Vai, sede feliz, honrado apesar de tudo e todos Caminha resoluto, convicto, prima pela sinceridade! É verdade que o trabalho é extenuante e árduo O salário... o salário, o ganho é bem outra questão Justiça sempre é feita de alguma forma e maneira Pois, aos sofredores resta a força, coragem, resignação! Trabalhador, honra tua história, vive tua vida Não há nada mais abominável, cruel e sem sentido Que se ver do ganho, do trabalho alienado aquém Em outra e duras palavras: é triste ficar excluído! O trabalho decente é honra dada ao homem Como é bom saber que vida retribui com amor Quando o trabalhador suplanta suas limitações E em prol do semelhante e família supera sua dor! Autor: Jeremias Francisco Torres - Trabalhador da Polícia
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TRABALHO DECENTE Nossa luta por trabalho decente continua mesmo a todo vapor este ano a campanha da gente vai pra rua pra mostrar seu valor Precisamos conquistar qualidade com igualdade, independente de cor dar à mulher mais oportunidade sem preconceito, sem assédio, sem dor Por isso a gente, contente, trabalha melhor e logo sente o ambiente saudável ao redor E vamos seguindo sempre em frente, trabalho decente é com a gente E vamos seguindo sempre em frente, trabalho decente é com a gente Nossa luta por salários decentes nos engrandece, na campanha anual nos fortalece e nos faz mais presentes compartilhando nossa vida real Precisamos conquistar liberdade, segurança no trabalho é vital pra manter a nossa integridade, união e força é fundamental É o Sinergia, todo dia do início ao final com energia e ousadia na campanha salarial E vamos seguindo sempre em frente, trabalho decente é com a gente E vamos seguindo sempre em frente, trabalho decente é com a gente Autor: Paulo Roberto Barroso - Trabalhador Eletricitário de Campinas
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Eu só queria trabalhar Eu só queria trabalhar, Realizar meus sonhos, Construir minha vida, Fazer minha história. Eu só queria trabalhar, No local onde pudesse ver o sol, Onde os colegas sorrissem, Onde o patrão você amigo. Eu só queria trabalhar, Mas não sabia como era difícil, Realizar meus sonhos, Construir minha vida, Fazer minha história, Em locais tão indecentes. Autora: Kelly Kaneshiro Andrade - Trabalhadora Aposentada de São Paulo
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Dia a Dia Cedo, cedo, cedo, Tenho que acordar, É hora de trabalhar. Pressa, pressa, pressa, Não há tempo para sonhar, O patrão está a esperar. Corre, corre, corre. O ônibus vai passar, Não posso fazê-lo esperar Tenho que me apressar. Tarde, tarde, tarde. É hora de voltar, No ônibus cheio para em casa chegar. Autora: Kelly Kaneshiro Andrade - Trabalhadora Aposentada de São Paulo
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AUSÊNCIA Já chorei suas palavras Respirei seu perfume Me acariciei em sua pele Me refugiei em seus braços Me desfaleci com seus beijos Vivi este sonho com você Agora acordei vivo em solidão Autor: Alisson Alexandre de Souza - Trabalhador Rural de Barrinho - SP
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A Creche Creche, É o segundo lar das crianças. Onde vivem a maior parte do dia. Monitoras? Mães substitutas, onde dão Carinho e amor a elas. Mãe! Mãe! Palavra doce. Que vive saindo da boca dos pequeninos. Tanto cuidado! Que bonito de se ver. Professoras? Ensinando para que sejam Inteligentes e especiais no futuro. Diretora e coordenadora? Fazendo de uma maneira que, Todo o ambiente, seja gostoso de se viver. Merendeiras? Comidas gostosas, feitas com carinho, Sempre pensando na saúde das crianças. Lugar adorável de se trabalhar. Ambiente saudável de se viver. Tudo é alegria. Criança. Palavra carinhosa de se dizer. Uma criança é mais adorável do que a outra. Cada uma com sua maneira de ser. Com seu jeitinho especial. Que só ela pode ter. Trabalhar e deixar tudo limpo É muito gostoso. Trabalho com satisfação ao ver A alegria das crianças. Limpo tudo com cuidado e amor Deixando da maneira que tem que ser. A Creche onde trabalho. É o lugar mais gostoso de viver Autora: Isabel Cristina Chilsa Naves - Trabalhadora Municapal de Jundiaí
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TRABALHAMOS COM AMOR, ESTAMOS SEMPRE CONTENTES SÓ LEVAMOS ALEGRIA PARA OS NOSSOS PACIENTES. UM BOM DIA! MEUS QUERIDOS, TODOS IRÃO MELHORAR UM TRATAMENTO DIGNO, AQUI VÃO ENCONTRAR. TODA EQUIPE SÓ TRABALHA COM UM MESMO IDEAL TRABALHO DECENTE E RECONHECIDO, COM VALORIZAÇÃO TOTAL. EXAMES, REMÉDIOS, ALIMENTOS E ROUPAS LIMPINHAS TAMBÉM. E SEMPRE COM UM SORRISO O QUE NÃO FAZ MAL A NINGUÉM. TRABALHO DECENTE É O DEVER, CUMPRIR ATRIBUIÇÕES. MAS QUEREMOS O DIREITO, DE UM TRABALHO DIGNO SEM HUMILHAÇÕES. QUEM TEM UM TRABALHO DECENTE NÃO DEVE NADA A NINGUÉM, PAGA SUAS CONTAS EM DIA TRANSMITE O MELHOR QUE SE TEM. NÃO QUEREMOS MUITO, NÃO PEDIMOS NADA. É NOSSO DIREITO EXIGIR, E DIZER QUE: PRECISAMOS DE UM TRABALHO DECENTE, PRA PODER SEGUIR A NOSSA JORNADA Autora: Suely Regina de Oliveira - Trabalhadora da Saúde
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Poeminha didático Quando a esposa do empregado Cozinha para o marido É também para o patrão Que ela está cozinhando. Quando lava a sua roupa, Seca, passa, dobra e guarda, É também para o patrão Do marido que trabalha. E mesmo quando faz sexo Para agradar o marido, É também o seu patrão Que ela está agradando. Porém, o patrão só paga Um salário para os dois. E quando os dois se separam, Cada qual com sua parte, Cada um diz que é do outro A culpa do seu desfalque. E nenhum dos dois percebe Por quem foram desfalcados. Autor: Mauro Bartolomeu - Trabalhador Rural de Batatais
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Professar Confesso que a vida ensina Tal qual uma dura lição caleja o cérebro conquanto o exercite na labuta diária aprender a aprender, repensar as verdades, rever as certezas, duvidar dos métodos, questionar os doutores, as leis e as regras, pesar a ordem e o caos na mesma balança, com a mesma medida... confesso que não sou todo saber Há instantes de ignorância em mim Prepotência e preguiça Mas quero sobretudo Professar minha angústia Em ser apenas mais Aventureiro eterno Na busca do conhecimento Não que seja só para mim e sirva aos outros Aprendendo comigo Na profissão de ensinar aprendendo. Autor: Joelson Luiz de Oliveira - Trabalhador da Educação
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Gratificação Sem trabalho que se é? Que se tem sem ter trabalho? Muito pouco, quase nada Pois se é o que se faz. “Sem trabalho não sou nada. Não tenho dignidade”, Pois se o corpo está parado Na cabeça não há paz. Meu trabalho me consome Mas meus sonhos de consumo Me conduzem sempre avante: Homem cem por cento aço O trabalho às seis se encerra Eu só quero ir pra casa Encontrar quem lá me espera Encontrar-me em teu abraço. Autor: Vinicius Vasconcellos- Trabalhador da Educação
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Todo dia Todo dia, todo dia Rotina robótico-repetitiva: Acorda, bate o cartão Assina teu ponto. Labuta, sua, luta, faz Horário extra, ordinário! Pronto: Outro dia após o outro. Autor: Vinicius Vasconcellos - Trabalhador da Educação
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DIA DO TRABALHO Eu sou pequeno, quero estudar, quando crescer, vou trabalhar. Eu quero ser doutor, doentes vou curar, Eu quero ser professor, para as crianças ensinar. Eu serei aviador, pelos ares voarei, Eu serei um motorista, passageiros levarei. Eu pedreiro, eu engenheiro, eletricista, encanador. Eu pintor, eu carpinteiro, a casa está um primor. Olhe aqui o lavrador, o dono da plantação. Eu aqui o criador, cuidarei da criação. É útil o funcionário: o bombeiro, o carcereiro; Na cidade é necessário, seja o lixeiro ou o carteiro. E vamos brindar o trabalhador, que sabe trabalhar com fé e com amor! Autor: Vinicius Vasconcellos - Trabalhador da Educação
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Labor e Pulsar Acordo, respiro, vivo, pulso. E o primeiro pensamento A invadir-me o leito São os minutos, instantes Que me possuem Até que eu chegue à lide E demonstre empenho. Sem pão nem manteiga, Como o cheiro do café E tento saciar a fome, Cessar o sono, Sem perder o sonho De ver transposta a barreira, O abismo, a alienação. Num passe está o meu percurso. Tão fiel, insiste em ser o mesmo, Todo santo dia e não a esmo, Repete-se sob meu olhar Que sempre vê, mas não repara Se o leva ou faz-se levar. Empregado em si, Meu coração palpita Se é mais um dia apenas Ou se, às duras penas, A morosa hora Em que habita o senso De querer subir - não uma ladeira: Pirâmide inteira Sou a base, nunca o topo. Labor, Divide-se em mentes inquietas, Nos braços forjados, Em costas de aço. Da pesada ignorância És tu quem nos despertas A melhor ser e conhecer. Mais valia vermos, um dia, Em que não nos usurpassem os anos Que sem moeda e risada Gastamos apenas o querer. É o trabalho quem dignifica o homem? Ou a dignidade transborda-se 39
No agir daquele que acorda e ama O que ninguém o vê fazendo, O que não querem fazer Autor: Pedro Henrique de Oliveira - Trabalhador de Goiânia
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Trabalho Decente - O embrião em movimento Nascida e criada neste Brasil de muita sinergia, Em meio a trabalhadores, mães, pais e etnias, Vi um presidente que trabalhava na metalurgia E vi também um povo libertado pela Democracia. Trabalho decente não depende só da gente, não! Depende daquele que te paga para ganhar o pão! E se o corpo se ressente das condições que lhe dão, Nem o pobre e nem o rico dessa sina escaparão. Trabalho Decente é conquista com luta desarmada. É conscientizar o amigo do valor da hora trabalhada! É a CUT de São Paulo, concretizando a sua jornada. É o embrião em movimento no ventre da Pátria Amada! Trabalho decente é o epílogo do que buscamos. É o direito de prover aqueles que mais amamos. É dignificar nosso trabalho porque nós nos importamos! É brotar no Brasil a semente do futuro que plantamos! BRASIL: O EMBRIÃO EM MOVIMENTO PELO TRABALHO DECENTE Autora: Elaine Cristina Jabur - Trabalhadora Municipal de São Paulo
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Vida Viva Trabalho Decente Vida Viva Trabalho Decente No tempo do cativeiro, No tempo da escravidão, Trabalhava todo dia Sem ganhar nenhum tostão. Os povos libertaram-se Principalmente os Africanos. Mas substituindo o cativeiro Negro, Veio a mais de que todas, A Mais-Valia que no seu rastro Deixa muita destruição, E para atingir seu clímax, O Trabalho Indecente é seu jargão! Veio o assalariado E com ele a exploração. Mão de obra que era escrava, Virou mais do que valia, Uns abocanham muito, Muitos abocanham pouco, E assim para atingir seu clímax A indecência reina na indecência! Lei, legislação e acordos, Na busca permanente Pelo trabalho decente. Faço parte dessa história, Como Ele, como Você e como NÓS, Lutamos e avançamos! E a busca constante pelo TRABALHO DECENTE, Nos engrandece! Nos fortalece! Nos valoriza! Nos dá vida pela conquista de um mundo melhor, Um mundo com Vida Viva e trabalho decente, Viva o trabalho Decente! Autor: Paulo Roberto Soares - Trabalhador Rodoviário
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NASCE UM COMPANHEIRO Quando criança queria ser bombeiro. Salvar do risco pessoas e animais em perigo. Sentado no galho de um jambeiro. Pensava nisso, e tinha ali como abrigo. Na adolescência, a necessidade me obrigou. A deixar esse sonho de menino herói. O mundo real, meu sonho, roubou. Sonhos que se desfazem e destrói. Trabalhei na rua, na feira, no comércio. Aprendi com malícia as leis da sobrevivência. Minha vida seguia, sem graça e sem nexo. Muita concessão e pouca consciência. Com fé e perseverança entrei na fábrica. Máquinas, vapores e muito barulho. Homens e mulheres bons de briga. E tudo quanto é bagulho. De vez em vez um caminhão encostava. Dele vozes e palavras ecoavam. Atrás do microfone um homem suava. Chamando os trabalhadores que ali estavam. Dizia o homem que o trabalho deveria ser decente. Jornada de 40 horas, alimentação e salário justo. Porque o mais subalterno chefe ao presidente. A ordem era: Trabalhem a qualquer custo! A voz vinda da boca do homem do caminhão. Atingia como flecha de cupido toda a gente. Neste instante, batia junto o nosso coração. E nascia aí uma atitude consciente. Para a greve fomos todos juntos e unidos. Homens e mulheres da linha de produção. O medo e o temor foram banidos. Começava ali uma revolução. Polícia, bombas e muita confusão. Cães avançavam e latiam. A fumaça vinha depois da explosão. E nossos olhos ardiam. Naquele dia construí um novo sonho. Eu não queria ser mais bombeiro. Diante daquele confronto medonho. Me chamem agora de COMPANHEIRO Autor: Pérsio Plensack - Trabalhador da Saúde 43
NOME E SOBRENOME Eu não sabia que tinha direitos. Para mim o trabalho era uma benção. O padre e o pastor me ensinavam: "Amém! Aleluia, Irmão." O leite de minha que saía dos peitos. Para mim era mais que amamentação. Ela que tinha dois empregos, e ainda me dava proteção. Na escola sua tarefa era fazer faxina. Para as crianças, o “um futuro pra nação”. O Estado que cretino! Não tinha essa visão. O pó do giz caía a lousa escura. Para mim era apenas pó no chão. Minha mãe todo dia passava ali o escovão. Jornada dupla e ainda os fazeres domésticos. Para mim ela fazia com o coração. Quando na verdade, aquilo tudo era exploração. Do sindicato veio a consciência. Para mim uma certa confusão. Saber naquele dia que trabalho não é escravidão! Nasce aí uma nova gente. Para mim o que era uma surpresa. Hoje tem nome e sobrenome: Trabalho Decente! Autor: Pérsio Plensack - Trabalhador da Saúde
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E seu trabalho? O homem do campo lavra a terra na enxada. Planta e rega a semente. E seu trabalho? É um trabalho decente? A mulher bancária, faz conta de cabeça. Cumpre as metas do gerente. E seu trabalho? É um trabalho decente? O operário da fábrica nunca falta. Mesmo quando o filho está doente E seu trabalho? É um trabalho decente? A professora ensina o “B + A = BA” Os alunos te surpreende E seu trabalho? É um trabalho decente? O médico tem lotada sua agenda. Uma multidão ele atende E seu trabalho? É um trabalho decente? O Sindicalista luta e faz passeata. Junta eu, você e toda a gente. Mais do que trabalho. Defende um trabalho decente. Autor: Emerson Trindade - Trabalhador da Saúde
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TRABALHO DECENTE ACRÓSTICO T emos sonhos e anseios R aramente desistimos A mantes do nosso trabalho B atalhamos incensamente A inda quando somos humilhados L utamos pelo nosso ideal H oje sempre e eternamente O nde houver luta lá estaremos... D ia a dia na labuta E sforçando pra dar o melhor C om carinho e amor E muita responsabilidade N unca deixando o paciente T er que ficar exposto, ao sofrimento E ssa é a nossa Bandeira: ENFERMAGEM Autora: Edna Belize de Oliveira - Trabalhadora da Saúde
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Surrealismo fantástico Da descoberta de Cabral. Uma caravela e dois naus. Nina, Sta. Maria e Pinta. A história diz que foi só três. Acreditam nisso vocês? Veio pra cá quem não prestava à coroa. Fazer nação, prostituta e ladrão. Escravo negro sim, índio não. No começo era madeira, ouro e açúcar. Hoje é madeira, bauxita e birilio. Levam tudo e não deixam nada. O patrão não acha graça no leão. O "peão" acha graça, futebol televisão. Televisão é só novela e coringão. No senado, corrupção e mensalão. Um trabalho decente pra essa gente. Um povo sofrido e carente. Pois quem defende a causa é "vagabundo e ladrão". Pois VEJA quem diz ISTO É. Na GLOBO apoiando eleição, propaganda de graça diz que não. Quem trabalha só paga imposto. Pois é imposto pro seu desgosto. O que sobra é pra comer. Nunca dá pra ler. Um livro pra estudar. Uma vida pra trabalhar. Um mundo pra mudar. Essa nossa causa pra lutar... Autor: José Fernando Romagnollo - Trabalhador de Energia de Campinas
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MINHA VIDA, MEU TRABALHO Todo trabalho é digno Quando se faz com amor Seja operário ou doutor Todos tem o seu valor Desde o grande ao menor Minha motivação maior Minha vida, meu trabalho Às cinco já estou acordado Já tomado meu café Renovo a minha fé Fazendo uma oração Com prazer e emoção Me arrumo pra trabalhar Pois sei que vou enfrentar Um transporte já lotado Não dá pra ir assentado Mesmo assim tenho que viajar Pra na hora certa chegar Sem contrariar o patrão Pra defender o meu pão O sustento da família Enfrentando todo dia Faço isso com amor, Deus meu pai abençoou O homem que trabalha Não precisa de migalha E nem vive de esmola Pois a lida lhe consola À trabalhar com gosto Feliz o homem que vive Do suor que cai do seu rosto. Autor: Severino Ramos da Silva - Trabalhador de Serviços de Terceiros
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Docente doente...decente Trabalho doente vivo de pêsames e pesares morto a cada dia Sou o ser que sabe, que pensa ser reflexo refletindo a desinformação, a desatualização do saber decente...descendente do negócio de educar Puro ócio, meu trabalho docente refém, remetendo ao passado histórico de uma política pública impublicável. O dever do ofício, o prazer da construção. Sou pedreiro sem areia nem cimento. São palavras que se perdem no tempo... Mesmo que minha voz não mais ecoe, que me arranquem as cordas vocais, ainda assim restará o pensamento, a consciência do que é realizado, a violência do trabalho, discreta e arrasadora, tornando tudo sem efeito, evidenciando meu defeito, tentando minimizar esforços. Mas ainda há resistência mesmo que insana conduzindo à demência, à dormência de um educador que entre loucos e feridos sobrevive e ainda sonha, acredita, que tudo tem que melhorar... Autor : Edvilson Antonio Martins - Trabalhador da Educação
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Sustentação global Casa grande senzalas monumentos manicômios shoopings barracos prédios hight tech prisões boulevares becos redes sociais cortiços naves favelas villages vilas mãos sangram pés esfolados tímpanos tremem troncos retorcidos gargantas engasgam olhos desorbitados mentes ensandecem sementes abortadas Autor: Roberto Guido
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O EXEMPLO Estrela anunciante Promessa proeminente Um exemplo comovente Assim se fez consequente Plano edificante Moção providente Intercessor indulgente Inspirado divinamente Relação intermitente Núncio benevolente Metáfora conveniente De finito a Onipotente Oportuno e contundente Contentado ser vidente Uno no Verbo presente Pulsa saber infringente Ofende gente serpente Converte o indiferente Que engodo comovente Crer seria descrente Uma vida às vertentes Julgado por seres incipientes Crucificado aparente Um anjo sublimou contente Dúctil edificante Contumaz remitente Vergou-se na cruz sabiamente Remiu a humanidade displicente O marco mais fascinante Do terno ser diferente O trabalho surpreendente Tão somente decente Autor: Paschoal Verga Junior - Trabalhador Bancário de Piracicaba
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PRO-FESSORA O ensinar abriga a tua sina de professar a fé no construir o sonho letrado e lido cheio de querer aprender na relação do conhecer a história e formar o ser para assim desejar que métodos e planos sejam molduras e não essências do retrato da vida, relida no insistir sempre ser servida pelo conceber transformador do conhecimento que acumula ações e reações de toda a nossa humanidade: sua cultura, memória e construções... Autor: Ernesto Bechlli - Trabalhador de Empresas Cooperativas Habitacionais
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Mulher atualizada Mulher atualizada Trabalha com técnica de informática Faz o seu serviço Sem ter muito sacrifício. Com as suas ferramentas Resolve o problema Com seu conhecimento Resolve a qualquer momento. É programada por micros Eles lhe sustentam Não foge do serviço E o que precisar está presente. Configuração programada Ela sorria na madrugada Formata, instala Limpa memórias, passa pasta térmica no processador Com cuidado limpa o gabinete Fazendo tudo com amor. Autor: Graciele Castro Simão - Trabalhadora de Petrolina
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% da Mulher 10% Amor; 10% Companheira; 10% Sensibilidade; 10% Mãe; 10% Guerreira; 10% Mestre; 10% Compaixão; 10% Gratidão; 10% Perdão; 10% Trabalhadora; 100% MULHER; 100% FELIZ...... Autor: João Marcos de Lima - Trabalhador da Educação
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De Sentir Pois é... O trabalho árduo Arde no lombo do Povo E quem FAZ? É empresa? Empresa que produz? E o trabalhador é custo? O que arde cura... O que aperta segura Quem produz é Homem Não é coisa Quem cria é ser Não é estrutura! Não é ter! Não é coisa. Pensar trabalho De: encargo e custo Para: Ser decente e justo. Autor: Dionísio Reis Siqueira - Trabalhador de Editoras de Livros
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Suor e lágrimas Ao trabalho, trabalhadores e trabalhadoras do meu Brasil! Façamos de nossa labuta a ferramenta e a espada de nossa luta. No rosto de cada um de nós, a gota de suor que escorre se torna lágrima. Derramada pela tristeza da desigualdade e pelo orgulho da coragem em persistir. Tentam roubar a nossa dignidade e comprar o nosso silêncio, e eles pagam pouco! E junto ao orvalho de cada manhã acordamos aos milhões para cumprirmos com nossa parte. E será junto deste mesmo orvalho que, enfim, despertaremos quanto a nossa importância. Perceberemos então que aqueles que nos acorrentam e nos amordaçam o fazem por medo. Conhecem o poder do povo melhor do que o próprio povo, mais isto está há mudar. Um a um a cegueira vai se acabar e de mãos dadas marcharemos em busca da nossa vitória. Trabalho decente é o que queremos e teremos, ter o que é nosso, receber o que nos é de direito. Cruzaremos os braços quando necessário e fecharemos os portões se assim for preciso! Usaremos palavras e faixas para pedir e se preciso paus e pedras para nos defender! Autor: Mario Macedo Netto - Trabalhador Eletricitário de Campinas
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Trabalho decente O que é decente, num contexto indecente? Numa total inversão de valores. E trabalho nesta sociedade? Só força, num jogo de fazer, sem ter, nem investir no ser? A sociedade banaliza, escraviza emoções, aprisiona a criatividade, prefere a passividade. Trabalho decente requer revolução nas mentes, sem dano, nem vítimas. Um movimento capaz de construir, motivar, trazer energia para toda gente. Sim, porque todo trabalho tem a sua importância. Com proteção para o trabalhador, contra acidentes, doenças e também percalços da previdência. Além das surpresas, dar condições para cumprir compromissos, investir nos estudos, na fantasia e na mais-valia, até o final da vida. Uma verdadeira transformação na promoção e aperfeiçoamento do ser. A quem cabe trabalho decente? Acho que no empenho de todos e no querer de cada um de nós. Autora: Ana Regina Carnvalli Parra - Trabalhadora do Funcionalismo Público
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BRASIL - 500 ANOS DE ESCRAVIDÃO A escravidão de hoje não tem cor Graças à escola ela é voluntária e mental Brasileiro só se une na dor Interesse coletivo por aqui só se for virtual. A triste realidade É que em nossa própria tragédia somos atores Nossa educação de qualidade não forma cidadãos, e sim, bons consumidores. Mão de obra barata que não questiona Nas eleições a tragédia vem à tona. Povo culto e informado O patrão tem ojeriza Através do cartão de ponto Todos os dias lhe escraviza. Tiranizam há 5 séculos Sem armas com eficiência Enchendo a cara nos botecos lhe juramos obediência. Sem dinheiro não há estudo Transformam sua vida em piada Te obrigam a fazer tudo Lhe fazem se sentir nada. Por migalhas o trabalhador é feito refém Pela hora extra tem que suar dia e noite Por mais que faça é olhado com desdém Seus direitos estão na ponta do açoite. Autor: Emerson Domingues - Trabalhador do Município de São Paulo
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Vida Operária Homem de luta diária; Mulher de dupla jornada; Vivendo ambos na labuta; Trabalho para mover a nação. Como o operário solitário, Que move o Brasil sofredor, Nas engrenagens das máquinas, Transforma a Nação com sua dor Éramos dos campos nascidos: Plantando arroz, café e açúcar Da cana era extraído, Agora estamos nos centros. Para mover o processo global. Nossa meta teremos CENTRAL Em uma história ÚNICA Formados por TRABALHADORES. Salve o povo brasileiro! Autor: Ademar Paes dos Santos - Trabalhador da Educação de Pindamonhagaba
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ADALBERTO Sergio Valério Adalberto não tem mais nada. Ou melhor, quase nada, Pois no seu rosto ainda existem restos de sonhos. Se olharmos bem no fundo dos seus olhos, Talvez seja possível encontrar ainda alguma esperança, Lembranças de um tempo que hoje parecem tão distantes: - Seu trabalho. Sua vida. Sua dignidade. Hoje, seu corpo coberto do pó das ruas da cidade Esconde-se embaixo de viadutos, Tenta adormecer ao vento da noite e Acorda com os brutais raios do sol da manhã. Adalberto não tem mais nada. Ou melhor, quase nada. Suas mãos, que antes eram instrumentos de trabalho, Hoje servem apenas para pedir esmolas. Seus olhos, vermelhos e inchados, Mostram que o vício lhe tomou o corpo, Mas a alma ainda insiste em sonhar E, às vezes, durante a noite, ele acorda feliz, Imaginando-se saindo da fábrica, Voltando para casa depois de uma jornada, Para encontrar a paz, no repouso do seu lar. Adalberto não tem mais nada. Ou melhor, quase nada. Mas, ainda resta a eterna possibilidade De que você, ao vê-lo na calçada, Não vire o rosto, não finja falar ao celular E grite, no meio da rua, Sem medo, sem timidez e sem vergonha, Pedindo por Adalberto e por tantos adalbertos Que vagam pelas ruas como dementes, Mas que são simplesmente, Somente, Vergonhosamente, Tristemente, Retratos de uma realidade que, Se quisermos, Se fizermos a nossa parte, Seremos capazes, sim, de transformar! Adalberto não tem mais nada. Ou melhor, quase nada. Não deixe que adalbertos se percam pela vida! Acredite. Insista. Lute. Resista. Grite! Grite! Grite! Tente! Tente! Tente! 60
Adalberto precisa, tão somente, De Trabalho. Trabalho. Trabalho. É disso que gente precisa. De Trabalho. Trabalho. Trabalho. Trabalho decente! Autor: Sérgio Valério - Trabalhador de Autarquias
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SOU DIGNO Sento-me aqui, ao final deste dia, mesmo exausto, me vejo feliz trago a alma e as mãos calejadas, e mais algumas marcas da escolha que fiz. Quantos caminhos, batalhas vividas, Só me fizeram o melhor que eu pude ser. Quantas lembranças das horas sofridas E das muitas lutas que precisei vencer. Ser honesto me fez digno, Me tornou merecedor. Tenho direitos, por isso persisto, Na dura jornada de um grande labor. Não foi a mais fácil das escolhas... eu sei Fui tentado, confesso, mesmo assim teimei. Olhei para a vida, juntei todas as forças, E este caminho imenso trilhei. Hoje sinto-me aqui ao final da jornada, O dever foi cumprido, no rosto o suor. Se me perguntam do prêmio dessa caminhada. Levo a dignidade de um trabalhador. Autora: Marinês Ferreira Mendes - Trabalhadora de Hotéis de Santos
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De sol a Sol Trabalhei desde mocinha e a casa sempre ajudei, mudando o meu destino com o estudo e o trabalho trabalho tanto que mal sobra tempo para o baralho. A minha mãe falava assim: estuda menina pra ser alguém Pra fazer o seu futuro e o seu bem, então eu sempre escutei. Valorizei a quem eu mais amei. E entre muitos candidatos no concurso eu passei e no antigo Banespa eu trabalhei Logo no sindicato me filiei. As lutas do sindicato são por um emprego decente Não é só pelo salário digno, mas também exigente do trabalhador, que se sente atingido, pra ter uma vida de gente. De gente desvalorizada e às vezes discriminada. Com doenças ocupacionais e sofrendo assédio moral. A funcionários dignos e decentes pra elevar a nossa moral. Autora: Rita de Cásssia Amaral - Trabalhadora Bancária de São Paulo
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Não Estou Aqui Agora estou dormindo Sonhando com o dia agitado Acordo às seis da manhã e penso "Que saco! Mais um dia de trabalho” Chego ao trabalho e então penso Nas suas próximas dez horas E enquanto o suor escorre Não vejo a hora de ir embora Finalmete acabou o trabalho Mas estou em um busão lotado Não vejo a hora de chegar em casa Pro chuveiro me deixar relaxado Enquanto a água cai no meu corpo Penso na janta e na "novelinha” O que irei fazer na janta? Quem matou a Carminha? Quando vejo a novela eu penso Que sua realidade não é igual a minha Então adivinha no que penso... Claro que na minha caminha Encosto a cabeça no travesseiro E percebo que perdi mais um dia Em nenhum momento vivi o momento Apenas vivi na ideia do que eu ainda faria. Autor: Lucas dos Santos Fidelis
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Trabalho Decente O povo vê seus sonhos se resvalando para um universo influenciado, onde o poder, com suas mazelas, tenta oprimir o significado do trabalho, da honestidade, e pôr em pauta o suborno, a influência, a corrupção e seus derivados, mas, pelo contrário, a luta por seus direitos nunca termina. Autor: José Lino Araújo - Trabalhador Bancário de São Paulo
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Zé Brasileiro Sou Zé sem nome Sem sobrenome Sou operário trabalhador Não tenho patrão nem carteira assinada Não estudei não me formei E não tenho profissão. No alvorecer de cada dia Quando o galo canta Pego meu carrinho de mão, saio pelas ruas alegre a gritar. - Ferro velho, latinha e papelão. Olha seu moço, não me envergonho não Sou guerreiro, sou brasileiro, sou trabalhador. No meu barraco não falta pão Sou operário trabalhador Não uso drogas nem sou ladrão Sou carrinheiro catador de papelão Ganho o pão de cada dia Puxando meu carro de mão. Tenho três filhos para sustentar Todos vão à escola Limpinhos e arrumadinhos Para aprender a ler e escrever Não importa minha profissão Mais dos meninos quero ter orgulho Quero que sejam cidadãos Quero vê-los um dia formados Com seu diploma na mão E não ficar igual seu Pai Puxando carrinho de mão. Autora: Lydia da Silva Gonçalves - Trabalhadora de Hotéis de Santos
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Eles não usam Black Ties Eles não usam Black Ties São só padeiros que fazem o pão nosso de cada dia. Eles não são os tais. São só lavradores trazendo alimentos a nossa mesa. Elas não são os doutores da medicina. São só mães carinhosas, cuidando das meninas. Eles não são engenheiros. São só os que constroem nosso lar. Os pedreiros. São só carpinteiros que cobrem nossa casa. Elas não estão no topo da mídia. São só cozinheiras, na frente do fogão fazendo nossa comida. Eles não são banqueiros. São só aqueles que limpam nossas ruas e recolhem nosso lixos. São os garis e os lixeiros. Eles não são usineiros. Ela é só uma imprescindível costureira. Eles não são advogados, deputados. Legisladores, legislando em causa própria. Eles são só: educados, humildes, trabalhadores. Eles usam Black Ties Felizmente. São só os garçons que põem nossa mesa. Autor: Rubens Prata
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Nos tempos do Salazar Nos tempos do Salazar os que nasceram pobres por azar, não passavam de um estômago, uma boca a mais para sustentar. A única saída era o mar. No país de acolhimento, braços para trabalhar. Transeuntes perdidos. Fantasmas errantes a sonhar com o castelo. - Era belo e eu não o via. A pobreza era o véu que me impedia de ver o céu. - Pela primeira vez te vejo com olhos de ver e de crer. - Vejo o sol a te abraçar, nuvens fantasmas atravessam as paredes, brincam de subir e descer escadas. No meio da brincadeira viram bruxas aladas. Encarnam o mito da esfinge que te mandava ir em frente sem olhar para trás. Desobedeceste, deste de voltar, não reclames se alguma Bruxa alada te der uma vassourada e em estátua de sal te transformar. A pobreza de Portugal já não padece deste mal. Não é mais um estômago, nem braços para trabalhar. Aprendeu a duras penas que estudar vale a pena. Se precisar imigrar, nem de país de acolhimento isto se deve chamar. É a globalização a pedir mestrado, doutorado. Já não importa o lugar, o mundo inteiro precisa de cérebros para pensar. Autora: Lita Moniz - Trabalhadora de Educação da Praia Grande
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HOMEM MATEIRO Vida simples de homem “mateiro” Labuta de dia e a noite se deita Pensa na vida e sonha. Levanta pela manhã e segue na roça o dia inteiro. Sonhos simples deste homem mateiro Ganha a vida e o seu tostão Sustenta a família neste sertão Pensa naqueles que não tem pão e chora de compaixão. Trabalho simples do homem mateiro que leva a vida do seu jeito, não tem patrão, não tem chateação. Se indigna com a exploração do trabalho Daqueles que não tem o seu pedaço de chão. Autor: Marcos Mendes - Trabalhador de Hotéis de Santos
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TRABALHAR E PENSAR Cada profissional tem seu ponto de vista, Sua crítica, sua maneira de trabalhar, Ninguém é bom nem ruim em tudo, O limite existe para a humanidade e cada um tem o seu, mesmo que escondido atrás das máscaras, Os hipócritas e ignorantes usam máscaras para disfarçar as fraquezas. O mundo existe pela controvérsia, crítica, e pelas maneiras diferentes de pensar, Mas quando se tem Deus no seu interior... Comandando o seu pensamento, A opinião alheia não importa. Autora: Selma Domingos de Oliveira - Trabalhadora da Saúde de Assis
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Dia de Cão Vagas e dispersas palavras São como balas perdidas Anti-inflamatórios da vida Num subúrbio qualquer. Na orla de Copacabana A correria se inflama, Pernas se cruzam errantes Como fuzis e furadeiras Mutantes. O bondinho sai dos trilhos E desfila num Rock Rio De pura e tosca fumaça, É o carnaval que passa, Nas UPPs dos morros, Que são símbolos da pacificação Dia de Cão... E na Sapucai do samba, Os senhores da Copa do Mundo Observam atônitos o meteorito Que também passa e devassa, Como na Boate que não ”KISS” Ver a segurança de jovens Que sonhavam um mundo de JUSTIÇA E PAZ. Autor: Jair Dias - Trabalhador da Educação de São Paulo
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Prece por um trabalho decente Que eu possa plantar, colher e poder comer Que eu possa construir, reformar e poder sorrir Que eu possa cozinhar, servir e poder brindar Que eu possa ensinar, corrigir e poder me orgulhar Que eu possa varrer, lavar e poder cantar Que eu possa dirigir, transportar e poder dançar Que eu possa carregar, descarregar e poder beijar Que eu possa pescar, mariscar e poder amar Que eu possa trabalhar de corpo e mente Com saúde, segurança e alegria Num trabalho decente Autor: Jose Fernando Dias Perreira - Trabalhador Bancário de São Paulo
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SÁBIO OPERÁRIO Aparentemente trabalho decente Ciente de salário e do trabalho que o trabalho dá Faz do atalho o caminho para o sustento e o sucesso Do suor, o pão de cada dia Da oração, a força para superar a lida do dia a dia Do novo plantio, à semente da sustentabilidade Para o desenvolvimento econômico do País denominado Brasil Das palavras de um sabio operário à garra de um funcionário Pronto para liderar, brigar e reconhecer As qualidades de um profissional que sempre soube exercer papel de Cidadão Do esforço, nova atitude pela defesa da classe... Que modificou a história do País a justa sociedade de direitos e deveres pela evolução em prol de todas as causas da Central. Autor: Erick Cesar Pereira Thomas
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Face a face Seu olhar, sempre viajava a sua intenção Tinha alguns sonhos que negavam-se germinar Seus olhos castanhos um pouco mais escuros que o mel Tinha uma expressão de sede que negava-se a chorar Sob seus cabelos longos e negros Nunca supus reduzir tanto amor em um adeus Mas ninguém controla o tempo, nem tão pouco os sentimentos Quando deseja! A sede é apenas uma vereda longa a percorrer Se é paixão! Persistir uma desatino em satisfazer a sede Mais se é amor! A angústia transforma a sede em transe ininterrupto e vital As árvores sem folhas em plena primavera Declara que você não saiu da minha mente e nem do meu coração E sonda meu coração, que jeito de libertar-se Estar presente nessa estação com os pés no chão Me fez dependente do seu doce mel de sua boca Drasticamente você me puniu negando seu sabor O mundo desmoronou, não vejo o óbvio, o que o amor não deixa ver, a realidade que pune, o sangue que foge por entre os olhos Ouve, nada és pra mim Entende algo que encanta Isso é o amor! Nos convence de algo que seria bom e não foi! Que é não! Agora onde viver com essa solidão. Autor: Ramiro Soares da Silva - SINTECT
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AMIGO DAS LETRAS Sou amigo das letras E companheiro das palavras Na amizade das letras E na companhia das palavras Vou desbravando Os caminhos da leitura Adquirindo cultura. E foi neste rico caminho Que as letras misturadas Ensinaram-me muitas palavras Palavras que se apossaram da minha vida Mostrando-me As riquezas e tristezas As dores e emoções Magias e alegrias Que as letras dão a poesia. Na companhia das letras e das palavras Vivo grandes aventuras Viajando e desvendando Os mistérios do mundo da literatura. Na companhia das letras e das palavras Nunca fico de bobeira Assim posso curtir O Manoel Bandeira Com sua estrela da vida inteira. Na companhia das letras e das palavras Conquisto um grande conhecimento Nas obras de Carlos Drummond de Andrade Alcançando a minha liberdade. Na companhia das letras e das palavras Nunca fico à toa Com elas conheci Fernando Pessoa. Na companhia das letras e das palavras Sigo o meu itinerário Neste maravilhoso mundo literário O mundo que não pertence apenas aos nobres Mas enriquece também os pobres. Na companhia das letras e das palavras Aprendi a ser feliz Curtindo Machado de Assis, José de Alencar, Casimiro de Abreu, Monteiro Lobato. Transformando estes momentos de leitura Em um grande barato. 75
Na companhia das letras e das palavras Navego neste maravilhoso mar literário Desenvolvo os meus discernimentos Aumentando o meu vocabulário. Na companhia das letras e das palavras Viajo na leitura de contos e poesias Obtendo total domínio De minha própria filosofia. Sou amigo das letras e companheiro das palavras Na amizade das letras. Na companhia das palavras Vou desbravando Os caminhos da leitura Melhorando meus conhecimentos E enriquecendo minha cultura. Autor: Anísio Barbosa da Cunha - Sitraemfa
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Dissídio, Trabalho Decente Data base, época tão esperada... Essa época tão aguardada pelos nossos guerreiros trabalhadores, pode ser grandiosamente chamada de dissídio, Nesse tempo importantíssimo da existência do trabalho, existe um grande atrito entre patrão e funcionário, muitos dos trabalhadores confirmam uma grande desunião falta de compreensão com a dedicação, amor à labuta do dia a dia... Por isso, por graça existe um sindicato a negociar, a lutar e com uma atitude plenamente simples e humilde que batalha dia após dia pelo direito trabalhista, por isso há esperança em um futuro promissor, Porque a classe trabalhadora empenha-se em realizar sempre um trabalho honesto e decente, ou seja, espera ser reconhecido e valorizado pelas empresas, pois as funções do labor não são apenas feitas para serem satisfatórias, mas sim procedidas com alegria para serem especiais, Assim, o dissídio, dia do trabalho, é tempo de reconhecimento, pela dedicação, compromisso, lealdade e carinho dado ao empenho formado e realizado com decência para revelar o grande sonho trabalhista, um trabalho decente. Autor: Fernando Evangelista dos Santos - Trabalhador Bancário de São Paulo
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TRABALHO DECENTE TRABALHO PRA GENTE GENTE QUE É DECENTE GENTE QUE QUER UM TRABALHO DECENTE PRA VIVER DIGNAMENTE NÃO VIVER COM DÍVIDAS NA MENTE PRA EVITAR A LIGAÇÃO DO GERENTE COBRANDO O SALDO INADIMPLENTE TRABALHO DECENTE PRA PODER ME SENTIR COMO GENTE PRA ERGUER A CABEÇA E SEGUIR EM FRENTE E ME SENTIR DIGNO NO MEIO DE TANTA GENTE UM TRABALHO DECENTE MELHORA A VIDA DA GENTE Autor: Alonir Roberto Franco de Lima
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Nascemos assim!... Nascemos... Ah...muitos até em desespero, sofrendo crises de infância por fatos reais ou apenas circunstâncias, mas cuidados ou não com esmero; o importante é que nascemos. Pudemos... chorar, quando a vida nos fazia dor, quando o presente nos causava medo e quando o futuro nos pedia: espera... ah... quanta tristeza nos vinha cedo, quantas vezes faltava o amor! Tivemos... que buscar onde não tinha nada e onde a pressa nos mostrou o trabalho que fazia parte do "ter" para "ser" alguém. Mas achamos ofensa para uma mão cansada e onde descia, do “chicote", um estalo; ah...e tudo pago num único "vintém" Queremos... não nascer de novo!... pois isto apaga o fato da luta já ser bem pesada e as feridas de cortes no fundo da alma que, por decência, apenas brigou de fato para trazer, do direito, reconhecimento e de tudo que lutou, a vitória buscada. Esperamos... algo novo em Deus, que tudo vê e sente, vivendo a dor, tirando as farpas, anexando esperança que até se gasta por nós e trazendo, de memória, num ousado pensamento a constante procura, de tantos anos e momentos de viver, de sonhar, ah... um trabalho decente. É, somos humanos... nascemos assim!... Autor: Jossimar de Paulo Ramos - Trabalhador da Saúde de Lins
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Operário e Condição De escala e horário vai vivendo o operário. Mas o perigo mora perto, seu destino é incerto. O galpão é escuro, todo cercado por muro. Tem fio pendendo do teto, perde menos quem fica quieto. Ele tem nome no crachá: - Tomara Deus ninguém chamá! Assim vive em agonia, a conta chega mais dia menos dia. Trabalho decente Está faltando pra muita gente. Dignidade na labuta, essa é nossa luta! O povo tem direito ao trabalho e ao respeito. Apostamos na união, todos contra a opressão! Autora: Márcia Watanabe Hurtado - Trabalhadora de Autarquias
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Trabalho decente O trabalho é a semente; Da árvore da esperança; Quem trabalha não se cansa; Se o trabalho for decente; Fonte de dignidade; Que traz a felicidade; Como se fosse um atalho; Nos joga para o futuro; Derrubando qualquer muro; Com a força do trabalho. O motor de uma nação; Movido por sua gente; Com amor no coração; E com trabalho decente; O povo de um país; Só consegue ser feliz; Com amor, paz e trabalho; Sem caminhar no escuro; Pulando para o futuro; Como um macaco no galho. Aos nossos governantes; Empresários do país; Vamos todos ser amantes; De uma ideia mais feliz; O povo trabalhador; Não pode sofrer a dor; De um trabalho indecente; para podermos crescer; Temos que sentir prazer; Lá no trabalho da gente. O trabalho é o caminho; Da grande transformação; Além de gerar o vinho; Ainda produz o pão; O suor do empregado; Quando ele é bem tratado; É fonte de alegria; O nosso povo carente; Pega o trabalho decente; E transforma em poesia. Autor: Fábio Carlos Bandeira - Trabalhador Agente Comunitário de Saúde 81
TRABALHO E VIDA Trabalhar significa viver... Viver reflete na essência do ser, O ter justifica o existir, A identidade e o cárater resplandece na ação. A incapacidade e a alienação mata o ser humano... A felicidade de ser útil objetiva o ser, Eu sou porque faço o trabalho ser decente, No rompimento de regras ultrapasso os limites, Pensando na metáfora como algo de beautiful... O trabalho decente é o cenário e o figurante o protagonista. A luz é o significado de Ser através do ter para viver. Autora: Selma Domingos Oliveira - Trabalhadora da Saúde de Assis
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A beleza do trabalho Desde os primórdios, a relação do homem com o trabalho é existente. Esta ação está presente nos registros mais antigos, na história da humanidade. Uma delas é o trabalho no campo. Homem cuida da terra. Homem espalha a semente na terra. Homem colhe alimentos na terra. Toda esta riqueza foi produzida na mãe natureza. A terra proporciona trabalho. A terra gera alimento. Ah, quanta beleza! Proporcionada pela natureza. Esta beleza é a terra que fornece oportunidade de trabalho ao homem, Oh, trabalho! Oh, labor! O trabalhador rural, além de cuidar dos vegetais, cuida dos animais. A beleza do trabalho não está apenas no sustento. A consistência está no desenvolvimento, no crescimento intelectual, independente do trabalho ser braçal. O trabalho proporciona novas habilidades para a mente humana. Trabalha o artesão para elaborar a obra de arte. Trabalha o homem na limpeza para contribuir com a beleza, que está na higiene e na educação. O trabalho sustenta as famílias, independente da classe social, pois não há trabalho banal. Como diz o ditado popular: O trabalho dignifica o homem. O trabalho realizado com honestidade, Com responsabilidade, Com integridade é bom trabalho. Não existe trabalho mais importante ou menos importante. Todos são essenciais neste planeta. Nesta era globalizada, tanta exigência, tanta excelência. Tanto conhecimento. Não importa a modalidade de trabalho. É necessário aprimoramento e conhecimento. Desde a limpeza de um escritório, é necessário saber ler e escrever. Ler não é só juntar as sílabas, ler é compreender as informações. O trabalho é tão belo aliada às potencialidade humanas, que surgem novas modalidades de trabalho na vida humana. O trabalho do médico é importante, O trabalho do mecânico é importante, O trabalho de limpeza é importante, O trabalho da dona de casa é importante, O trabalho do professor é importante, 83
O trabalho é sempre nobre. Independente ser realizado de modo braçal ou intelectual. Todos são seres humanos e o desenvolvimento de cada atividade, Constrói e reconstrói este planeta terra. Vale lembrar que o trabalho está presente em todas as épocas da humanidade! Viva, o trabalhador! Autora: Grace Ellen Rufino Henrique - Trabalhadora Bancária de São Paulo
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Tenho um trabalho decente Toca o relógio, “mais cinco minutos por favor…” “Tá frio”, “tá chuva”, “tá sol”, não importa! É dia de semana na vida do trabalhador Acorda cedo, toma banho, escova os dentes “Porque que nessa vida não escolhi ser doutor?” Corre pra pegar condução que tá na hora do batente “Ei seu moço me espera… droga!” Perdi o ônibus que passou… Chego na firma e o trabalho está na mesa Está em quem espera na fila e está no computador A demanda é grande, mas assim a hora passa “Que beleza!” Está quase na hora do almoço… “Tá quase na hora de ir embora meu senhor…” Chego em casa, amanhã é tudo de novo, tem que dormir cedo… Mas tem festa de fim de ano na firma, tem feriado, tem décimo terceiro… Tem benefício, tem aumento de salário, tem reconhecimento… Tem meu sindicato que é meu companheiro! Tenho um trabalho decente… Tenho comida na mesa e o sustento dos meus filhos Eventualmente até tenho algum dinheiro… Tenho fé, tenho raça, tenho orgulho de fazer parte dessa gente Tenho em mim a graça de ser brasileiro! Autora: Lilah Marisol Aguirre Makhohl - Trabalhadora de Autarquias
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Trabalho Decente Quando chega a data-fase Esse esperado dissídio Época de reunir patrão e trabalhador É uma desunião, Falta de compreensão, com que se dedicou Esse digno trabalhador Por graça existe um sindicato a negociar Buscando o melhor, Pensando na gente Nós só queremos um trabalho decente É tão fácil compreender Oh! patrão, faz igual o trabalhador Faço por você, como se fosse pra mim, É assim. Me diga, oh! patrão. Sou satisfatório... Então pensa também na gente Nós só queremos um trabalho digno Um trabalho decente. Autor: Michele do Carmo Santos - Trabalhadora Bancária de São Paulo
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CONSCIÊNCIA Hoje no clarear do dia, rezo uma Ave-Maria e desperto para mais um dia de lida na minha profissão. Tenho Paulos, Marias, Anas, Joanas, Raqueis, Carlos e assim vai. São tantos que em algumas vezes nem lembro mais seus nomes. Cansada muitas vezes, tomo um copo de água e lá vou eu para outra sala de aula levar uma palavra de incentivo para aquele menino e menina, que desconhece a cidadania. Meu trabalho é árduo, ninguém o reconhece, Governador não valoriza, os pais não se interessam pela vida escolar dos seus filhos e o diretor quer números positivos. A cada dia que entro na sala de aula vejo uma novidade na vida deles, nada positivo, só modos de preencher os vazios, ah! que pena que não querem de fato entender que o tempo perdido passou e a consciência ficou para trás. Autora: Maria Aparecida Correa Barbosa - Trabalhadora de Educação de Cubatão
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Vida de trabalho.... Crianças, começávamos a trabalhar como gente grande, registro em carteira nem pensar.... O empregador não fraudava. Era normal. Quem quisesse e necessitasse, topasse. Íamos trabalhar para sermos úteis, Pra ajudar no sustento, Não ficar vagabundo, servir à pátria...blá...blá..blá. Madrugada, primeiro trem, mentir endereço, “ser de menor”, pré-requisitos para um trabalhador decente. O parco meio salário todinho na mão da mãe, Pra “mistura”, pra condução... Dos troquinhos restantes, às vezes, cineminha de fim de semana, bailinho de garagem, coleção de figurinha, gibi usado, tubaína de domingo. Estudar...Um luxo só... Depois de grande! Trabalho grande. No trem em pé, ou pendurado do lado de fora, Marmitão azedando ao sol, Salário ainda pequeno, tanto que antes do final do mês o dinheiro não dava para o transporte. Trabalho decente e mal pago... A vida inteira... Para ser cidadão tinha de se ouvir o pregão: Que Deus ajuda... Não ter muitos registros na carteira... Ser pontual. Ser assíduo, cumpridor dos deveres... Hoje, cadê carteira profissional? Cadê emprego decente? Cadê cidadão? Pai não trabalha... Criança não passa fome? Autora: Ivonilda Alves Galdino - Trabalhadora da Saúde
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Atribuição O moço, calmo e paciente, Dava conta do trabalho pra gente. Falou tudo que precisava, Indicando a vaga que mais me cabia. Agora, sim, vou trabalhar com alegria! Local perto de casa. Fica até na mesma via! Ah! Deus abençoe quem ainda precisa da gente. Eu ainda sou forte, sei ler, escrever... E pego firme no batente! Só mesmo essa tosse me atrapalha, Que insiste em vir acompanhada... É melhor passar no Posto Antes que o bondoso moço me olhe diferente! Autor: José Alfredo Rodrigues - Trabalhador de Comunicação
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Salve primeiro de maio Salve primeiro de maio, esse dia tão lembrado, representa uma história de trabalhadores honrados, essa data esta marcada por tristezas e alegrias, tantas lutas e conquistas abrilhantam nossos dias, no passado uma tragédia marcou pra sempre esse dia, muitas vidas inocentes por maldades sucumbiram, um patrão sem coração, sem Deus e incoerente, julgou a vida de centenas, que só buscavam um por trabalho decente, salve primeiro de maio. Autor: Aurindo de Oliveira - Trabalhador da Saúde
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O QUE É UM TRABALHO DECENTE? O que é um trabalho decente? É trabalhar com gosto, trabalhar contente! É preservar as conquistas recorrentes! É lutar pela qualidade da vida premente. É unir todas as forças, e ser persistente! É não ver trabalho infantil, nem menor carente! É ter consciência. É seguir em frente! O que é um trabalho decente? É trazer informação pra toda nossa gente. É lutar pela vida. É ser coerente! É educar, apoiar, colaborar. Ser competente! É pensar na sociedade, é ser eloquente. É não exagerar. Informar...simplesmente. É fomentar a igualdade entre todos os entes. Por que deve ser decente nosso trabalho? Ora! É a nossa vida afinal! Com qualidade! Sem maldade! Com desenvolvimento econômico e sustentabilidade! É a busca interminável pela felicidade! Sem saudade! Autor: Luiz Helton Viana - Trabalhador Bancário
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UM VOSSO POETA Lenhador, dê-me a madeira, Marceneiro, talhe-me a cama e a mesa para o pão que me fará o Padeiro Então eu te darei uma canção Para ninar teu filho e outra que te servirá de hino. Trabalhador do mundo. Trabalhador que sabes Existe uma centelha que orienta a batalha Existe essa centelha e a guerrilha se for necessária. Não só pelo pão, não só pelo teto, mas pela alegria e pelo afeto Então, eu te darei uma canção Para seguir pela cidade E outra que entoarás na felicidade Autor: Sérgio Luiz Dias - Trabalhador da Música
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DIREÇÃO EXECUTIVA 2012 2015 Executiva Presidência Adi do Santos Lima - Metalúrgico Vice Presidência Douglas Martins Izzo - Educação Secretaria Geral Sebastião Geraldo Cardozo - Financeiro Secretaria de Administração e Finanças Renato Carvalho Zulato - Químico Secretaria de Imprensa e Comunicação Adriana Oliveira Magalhães - Financeiro Secretaria de Organização e Política Sindical Marcelo Renato Fiorio - Urbanitário Secretaria da Mulher Trabalhadora Sônia Auxiliadora de Vasconcelos Silva - Municipais Secretaria de Formação Telma Aparecida Andrade Victor - Educação Secretaria de Relações do Trabalho Rogério Giannini - Seguridade Social Secretaria de Políticas Sociais João Batista Gomes - Municipais Secretaria de Juventude Luciana Chagas Geremias - Comércio e Serviço Secretaria de Igualdade Racial Rosana Aparecida Silva - Educação Secretaria do Meio Ambiente Aparecido Bispo - Alimentação Secretaria da Saúde do Trabalhador Luiz Antônio Queiroz - Transporte Direção Benedito Augusto de Oliveira (Benão) - Seguridade Social 93
Ana Maria Rapini - Comércio e Serviço Aparecida Leite Ferreira (Cidinha) - Vestuário Carlos Tadeu Vila Nova - Administração Pública Lilian Mary Parise - Comunicação Miriam Aparecida da Silva - Educação Cláudio Frequete de Almeida - Rurais Miguel Aparecido do Espirito Santo - Químico Aparecida Maria de Menezes (Cida) - Construção Civil Coordenação das Subsedes Araçatuba Cleide Maria de Jesus de Almeida - Educação ABC Claudeonor Neves da Silva - Construção Civil Baixada Santista Mário César Matos Soares - Transporte Bauru Francisco Wagner Monteiro (Chicão) - Urbanitário Campinas José Tavares Gomes - Urbanitário Guarulhos José Rogério Vieira - Transporte Itapeva Solange Aparecida Benedeti Penha - Educação Jundiaí Vitor Machado - Alimentação Osasco Valdir Fernandes (Tafarel) - Financeiro Ourinhos Ademir Palko - Municipais Mogi das Cruzes Kátia Aparecida dos Santos - Seguridade Social Presidente Prudente Edmar da Silva Feliciano - Urbanitário Ribeirão Preto Luiz Henrique de Souza - Urbanitário São José do Rio Preto Paulo Eduardo Bellucci Franco - Financeiro Sorocaba Evanildo Amâncio (Miúdo) - Metalúrgico Vale do Paraíba Juarez Estevan Ribeiro - Metalúrgico Vale do Ribeira Roberto Barros Mateus Fouto - Financeiro
Conselho Fiscal Titulares Jaime Isidoro - Educação Luana Clinéia Isidoro Leite - Municipais Antônio Donizete - Financeiro 94
Suplentes Milton Hungria - Químicos Luis Carlos da Silva – Transporte Roseli Aparecida de Souza (Rosa) - Municipais
Coordenador do Coletivo de Cultura da CUT/SP: Benedito Augusto de Oliveira Colaboradora: Silvia Regina Linhares dos Santos
Secretaria de Comunicação da CUT/SP Secretária de Imprensa e Comunicação da CUT/SP: Adriana Magalhães Revisão: Flaviana Serafim Projeto Gráfico e Diagramação: Maria Dias
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