Livro Valsassina 120 ideias para o futuro

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FICHA TÉCNICA Autor Colégio Valsassina Diretor João Gomes Direção Editorial Joana Baião Comissão organizadora dos 120 anos do Colégio Valsassina

Design Maria Bárbara Grandiboul Paginação e Impressão idg · Imagem Digital Gráfica Propriedade Colégio Valsassina Tiragem 600 exemplares ISBN 978-972-97812-9-2 Edição Maio 2019

Valsassina, 120 anos 120 ideias para o futuro


nota introdutória “… desde a sua fundação que a escola [Valsassina] não se preocupou exclusivamente com o ensino e a educação dos seus alunos e procurámos, por todas as formas, dar aos estudantes conhecimentos que não era possível dar nas aulas (…) nos campos da ciência, letras, artes e desporto”. Frederico César Valsassina, 1948

Ao longo dos 120 anos de história do Colégio Valsassina temos procurado assumir de forma constante um sentido de modernidade e humanismo, aliado à inovação e ao rigor, com base num projeto educativo sólido e orientado para o futuro. Vivemos atualmente num mundo imprevisível e em rápida mudança, que coloca à humanidade grandes desafios morais e intelectuais. Foi a olhar para o futuro que lançámos um desafio a toda a comunidade escolar. Alunos (atuais e antigos), professores, pais, avós, colaboradores do Colégio, responderam ao desafio e apresentaram várias perspetivas visando a construção dos próximos 120 anos. Considerando que o futuro depende da forma como o enfrentamos, as 120 ideias que apresentamos de seguida traduzem um exercício de reflexão, de inovação e de criatividade. Que as próximas gerações continuem a crescer felizes na Quinta das Teresinhas, “um jardinzinho banhado de luz, com afetos de Pai e carinhos de Mãe”.

João Gomes Diretor Pedagógico


CRONOLOGIA HISTÓRIA 1898

1907

1908

1919

Escola Primária (Rua Sta. Marinha)

Escola Primária e Liceal - Ensino Individual

Escola Moderna em Benfica

Centro de Explicações em Benfica

1925

1932

1934

1948

Centro de Explicações (Praça Luís de Camões em Lisboa)

Escola Valsassina (Av. António Augusto de Aguiar n.º 130 em Lisboa)

Colégio Valsassina – Palácio da Lousã (Avenida António Augusto de Aguiar n.º 130 em Lisboa)

Colégio Suzana de Valsassina (Quinta das Terezinhas em Lisboa)

1959

1976

1985

1995

É concedido o Paralelismo Pedagógico

Membro honorário da Ordem de Instrução Pública

Atribuição do Grau de Comendador da Ordem de Instrução Pública ao Director

2007

2016

2018/2019

Inauguração do novo Pavilhão do Segundo Ciclo

Inauguração do novo Campo de Futebol

Comemoração dos 120 anos

Colégio Valsassina (as duas secções juntam-se na Quinta das Terezinhas)


Afonso Coalho Aluno do 12.º ano, 2018/2019

Estar em harmonia com a comunidade Creio que a preocupação em criar cidadãos ativos na sociedade é, de facto, algo que distingue o ensino do Colégio Valsassina. Penso que, para se ser um cidadão ativo, algo indispensável é a preocupação com os outros. No 10.º ano, incentivado pelo Colégio, decidi dedicar algum do meu tempo a fazer voluntariado na zona J em Chelas. Uma vez por semana vou a um centro (CIJ – Centro de Informação Juvenil) que tem como objetivo ajudar os jovens nos seus estudos e na sua vida pessoal, que por vezes é bem complicada. Apesar de o Valsassina se localizar também nesta parte de Lisboa, existe ainda uma “barreira” que nos separa do resto de Marvila. Ser um cidadão ativo, na minha perspetiva, implica também estar em harmonia com a comunidade em que nos inserimos. Por isso o voluntariado realizado pelos alunos do Colégio é tão importante, pois permite quebrar barreiras aparentemente inquebráveis, enquanto faz uma diferença verdadeira na vida dos jovens ajudados, o que é sem dúvida o mais importante. Para os próximos anos, prevejo um maior número de alunos que dedicarão um pouco do seu tempo a esta causa e também um Colégio mais próximo da comunidade em que se encontra.

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Incentivo ao empreendedorismo Tendo em conta as potencialidades específicas das diversas faixas etárias, eu gostaria de propor que, de forma permanente ou periódica, houvesse um concurso/atividade que incentivasse o empreendedorismo de alunos (isolados ou em grupo), com vista a desenvolver o espírito criativo, organizativo, de liderança e planeamento que estão subjacentes ao empreendedorismo. Numa era em que, cada vez mais cedo, as pessoas desenvolvem empresas/atividades organizadas com objetivos estabelecidos (lucrativos ou não), estimular a ideia de que cada um tem em si a capacidade de ser o seu próprio diretor/patrão e gerar algo que o torne um bem de utilidade pública é vital.

Alexandra Bandeira Médica Mãe e Encarregada de Educação de um atual aluno

Álvaro Maia Seco Professor universitário Tio-avô de uma atual aluna do Colégio

O pátio do Valsassina Tratar das vias de comunicação das zonas comuns à volta do Colégio poderá ser, no futuro, uma tarefa partilhada pelos alunos do Valsassina. A rua, o passeio à frente de uma casa, é o pátio dessa casa: este é o conceito de zona “unerf”. Assim, a ideia é, por exemplo, semestralmente, definir como objetivo de determinada turma/ ano/... tomar conta do espaço à volta – por exemplo, os 100 metros de rua, o descampado. O Colégio envolveria, deste modo, os alunos neste projeto pela comunidade, poderia alocar uma pequena verba e mobilizar a Junta. Assim, contribuiria para requalificar, tratar e dar vida às zonas adjacentes ao Colégio.

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TPC a par e passo Fazer trabalhos de casa em modo “peer-review” (revisão entre pares/alunos), para fomentar a partilha de conhecimento, estruturação do trabalho e cooperação entre colegas, mediante critérios de avaliação próprios. Desta forma, os trabalhos poderiam ser em menor número, mas mais completos, trabalhos em que cada um teria a responsabilidade de cumprir tarefas de resposta da forma mais completa possível e, numa outra fase, de fazer uma revisão e avaliação das respostas dadas de uma forma estruturada e o mais bem documentada possível, utilizando referências, etc. Esta poderia ser uma forma de tornar os “TPC” mais eficazes na apreensão da matéria dada, pela necessidade de rever as respostas de forma estruturada e documentada, atribuindo uma classificação com base no trabalho de pesquisa, ao mesmo tempo que se proporciona a cooperação entre colegas. Posteriormente, as respostas e respetivas avaliações poderiam ser revistas pelo(a) professor(a).

Ana Isabel Poças Engenheira do Ambiente, Investigadora Aluna do Colégio Valsassina entre 1987 e 2000

Ana Maria Neves Encarregada de Educação de um atual aluno

Criação de uma plataforma digital Proponho, como ideia para o futuro, a criação de uma plataforma digital que possibilite uma maior colaboração entre alunos, entre professores, e alunos e professores, que reúna conversas, conteúdos e aplicações num único lugar. Esta plataforma deverá permitir: trabalho em equipa, partilha de ficheiros, sessões de trabalho, reuniões e videochamadas, utilização em vários dispositivos.

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Abrir ao mundo Na minha opinião, mesmo sendo o Colégio Valsassina uma boa escola, deve sempre tentar melhorar Primeiramente, o 1.º ciclo. Nesta altura, as crianças têm de perder o medo de falar em público, começando a habituar-se a apresentar os seus projetos a auditórios mais ou menos pequenos. Para isso considero que estas devem praticar o teatro porque este pode, de forma subtil, fazer com que elas aprendam a controlar os nervos em público, conseguindo apresentar devidamente. Seguidamente, o 2.º e 3.º ciclos. Aqui temos de incentivar os alunos a ser mais cultos. Levá-los a conhecer pintura, livros, personalidades. Depois, levá-los a discutir e a opinar, criando debates. Finalmente, o Secundário. Aqui, eles devem ir a conferências da área que escolheram, mas também sobre política. Digo política porque eles devem saber escolher partidos, os quais podem mudar o destino do país.

Ana Reis Aluna do 7.º ano, 2018/2019

Ana Rita Biscaia Aluna do 11.º ano 2018/2019

Mudança Muitas vezes ouço professores, colegas e familiares a discutirem o futuro, tanto do planeta como deles próprios. E isto faz-me pensar... como será o futuro? Como é que eu quero que seja o futuro? Num mundo ideal, os problemas graves do nosso planeta, como o aquecimento global, seriam completamente resolvidos. Mas, visto que tal coisa é praticamente impossível sem a força de vontade da maior parte da população, penso que o maior obstáculo para um bom futuro é a mentalidade errada de grande parte dos cidadãos, especialmente dos que se encontram em posições elevadas e relevantes na sociedade. Por isso, a minha visão para um futuro baseia-se em desejar um mundo em que todos nós possamos desfrutar das consequências boas da mudança de mentalidade e das ações de todos, ou quase todos, os seres humanos.

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A ciência no futuro Ao longo de mais de 20 anos de ensino, verifico que os alunos têm cada vez mais interesse pela área das ciências, pois são estas que possibilitam que eles compreendam e dominem as tecnologias que cada vez mais estão presentes nos seus dias e que as possam desenvolver no futuro. Assim, temos de desenvolver técnicas de ensino que desenvolvam nos jovens uma maior capacidade de inovação e adaptação a um mundo sempre em mudança. Para tal, a escola do futuro tem de ser aquela em que a experimentação, a cooperação e a criatividade são capacidades estimuladas e desenvolvidas. A criatividade, aliada ao trabalho em equipa, é uma habilidade que cada vez mais é importante para o desenvolvimento prático e intelectual dos indivíduos. Um indivíduo que seja criativo consegue formular teorias, inventar produtos, encontrar soluções diferenciadas como a sociedade lhe pede. Desta forma, a escola do futuro deve ser aquela em que cada aluno tem espaço para experimentar e concluir, questionar e reformular, ou seja, cada indivíduo tem o seu espaço próprio para adquirir conhecimento e nesta aquisição tem de ter cada vez mais um papel ativo e construtivo e não um papel de mero espetador de um guião previamente elaborado pelos seus professores. As aulas, na escola do futuro, têm de ser experimentais, interativas e estimulantes, tendo em vista alunos que estão cada vez mais sujeitos a uma vida cheia de solicitações muito mais apelativas que o simples facto de aprenderem.

Ana Teresa Moutinho Professora de Física e Química no Colégio Valsassina

Ângela Antunes Assistente financeira Encarregada de Educação de um aluno do 1.º ano

Magda Dias Gomes Escola da Parentalidade e Educação Positivas

A Parentalidade e Educação Positivas são uma filosofia que tem por base o respeito mútuo entre pais, educadores e filhos/crianças Reconhecendo os desafios que a educação tem vindo a exigir atualmente, bem como a mudança rápida de paradigmas e valores, as ações que desenvolvemos têm como objetivo introduzir o tema da educação positiva junto de todos os profissionais que trabalham com crianças. O objetivo é munir as escolas e seus profissionais de competências ao nível da educação positiva através de ações de formação direcionadas e ações diretamente junto dos pais. Ao atuar direta e simultaneamente junto dos atores principais com o intuito de promover o bem-estar, estaremos a criar relações mais tranquilas e com maior significado, tornando assim possíveis as aprendizagens e um futuro com cidadãos responsáveis, mais participativos e interessados. TEMAS POSSÍVEIS A DESENVOLVER (para profissionais e/ou famílias) • Educação Positiva • Comunicação Positiva • Gestão de conflitos escolares • Comunicação e assertividade: lidar com os pais • Trabalhar a autonomia em sala • Consequências, castigos e recompensas • A autoestima da Criança • Inteligência Emocional • As birras da criança pequena e as etapas do seu desenvolvimento • O desenvolvimento pessoal e o papel do educador e do auxiliar

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Preservemos o lado esquerdo Antigamente, escrever era trabalhoso. Era preciso escrever em rochas com objetos pesados, para conseguir um único e pequenino texto. Isto tudo se transformou em pena, tinta e papel. Simples assim. Deste modo, passámos a escrever não somente a soma das nossas despesas, mas por puro prazer. Anos depois surgiu a companheira dos “nossos ancestrais”, a máquina de escrever. A escrita era rápida como uma lebre e prática como um carro de quatro lugares com duas portas. Com o computador chegámos a uma nova era, chocante se fosse conhecida por D. Dinis: erros ortográficos podem ser corrigidos automaticamente, com um simples clique ou “touch”. Depois da sua longa jornada, a escrita tornar-se-á, afinal, banal. Já não será necessário ter aulas de Português, ou até, de Matemática. Uma aplicação irá “ensinar-nos”. O mundo digital poderá levar o lado esquerdo do nosso cérebro a parar de trabalhar. O futuro é perigoso, mas se a escola influenciar os seus alunos a escrever em papel e a usar os neurónios, então, ainda há uma chance de salvarmos uma das nossas ferramentas mais preciosas: a escrita.

Anna Letícia Tenório Aluna do 11.º ano, 2018/2019

António Grilo Aluno de doutoramento, Imperial College London Aluno do Colégio Valsassina entre 1993 e 2008

Valsassina 4.0 Pensar o futuro do Valsassina é um desafio tão estimulante quanto exigente. Nas últimas 12 décadas, o Colégio tem sido pioneiro na transformação da educação, refletindo a interpretação do mundo. A educação pela Arte, o valor da prática desportiva, a educação ambiental, a orientação profissional, o ensino da robótica, da política ou da economia doméstica são disso exemplos. O mundo em que vivemos, hoje, é personalizado. Das redes sociais à medicina, a evolução da ciência e da tecnologia e a globalização da inteligência artificial (IA) têm permitido desenhar produtos e serviços por medida. A muita experiência acumulada no Valsassina combinada com IA permitirá compreender perfis e criar experiências educativas personalizadas, transformando o acompanhamento tutorial e valorizando a permanência no Valsassina dos 3 aos 18 anos através de projetos educativos desenhados à medida de cada aluno, em cada momento, tirando partido, em pleno, da autonomia pedagógica concedida ao Colégio.

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Energias Renováveis Sugiro ao Colégio Valsassina, como objetivo a médio/longo prazo, dotar a escola das infraestruturas e equipamentos necessários para a produção de energia, recorrendo a sistemas de produção de energias renováveis (solar, eólica, outras), de forma a que o Colégio seja autossuficiente a nível energético.

António Leitão Engenheiro Civil Pai e Encarregado de Educação de dois alunos

António Luís Marinho Jornalista Professor de Ciência Política no Colégio Valsassina

Discutir, participar, ter opinião Mais do que uma ideia nova, proponho um repto: dar aos professores e aos alunos mais tempo para debater ideias e conceitos fundamentais. E, nesta sequência, encontrar novas ideias. Tudo isto significa uma profunda revisão dos programas, numa tarefa que deve envolver entidades exteriores ao “mundo da educação”. O debate, isto é, o confronto de ideias, deve passar a ser uma componente obrigatória do sistema de ensino desde os primeiros anos. Se queremos formar, mais do que ensinar, temos de exigir espaço e tempo. Tempo para encontrar ideias, espaço para as confrontar.

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Uma escola mais musical no futuro Como estudante no Colégio Valsassina há oito anos, sinto que existe uma área que pode ser mais desenvolvida: a cultura. Desenvolver a cultura é, sem dúvida, uma forma de apontar para o futuro. É verdade que o Colégio já investe bastante em cultura, por exemplo, na participação em eventos de pintura, de escrita, leitura, etc. Contudo, entre tudo isto, onde está a presença da música na nossa escola? Provavelmente, a resposta será “Já há Educação Musical dos 3 anos ao 6.º ano” ou então responderiam com a justificação da existência de aulas de guitarra ou coro, mas, a meu ver, esta disciplina poderia ser mais abrangente, estar mais presente, poderia englobar todos os alunos, durante mais anos e de modo mais frequente. O desenvolvimento da cultura musical é algo a valorizar nos dias de hoje e, a meu ver, com grandes resultados no futuro.

Beatriz Barroca Aluna do 11.º ano, 2018/2019

Beatriz Miranda Aluna do 11.º ano, 2018/2019

Outro futuro para as Artes Somos constantemente bombardeados com preocupações e problemas, muitos deles serão problemas temporários, uma vez que, com o futuro e o passar dos anos, todas as horas, minutos, segundos... servem de evolução. No futuro, acredito que seguir o ramo artístico não será um problema ou obstáculo na nossa vida como é nos dias de hoje. Neste momento, os alunos que decidem seguir Artes, preveem que terão de abandonar o seu país para que consigam seguir o que realmente querem. Se outros países, cidades, escolas, instituições, estão preparados para receberem estes alunos, porque é que a cidade onde moramos, o país onde nascemos ou até mesmo a escola que amamos não nos permite ter tudo aquilo de que precisamos para sermos verdadeiros artistas motivados? Desta forma, desejo que, no futuro, todas as profissões relacionadas com as Artes sejam levadas a sério, como todas as outras profissões das restantes áreas. O futuro é nosso, nós é que o escolhemos e decidimos.

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Plataformas de encontro Num planeta cada vez mais global, as plataformas de encontro devem aprofundar-se. Por isso, fará sentido que o currículo dos nossos alunos possa ser diferenciado e, através de plataformas digitais, realidade virtual, ou outras realidades para nós ainda desconhecidas, possa estar ligado a escolas do outro lado do mundo, através de parcerias entre essas escolas. Imaginemos alunos do Colégio Valsassina a frequentar aulas “virtuais” em escolas australianas ou chinesas, mas também jovens do outro lado do mundo a serem alunos do Colégio Valsassina, a desenvolverem projetos conjuntos com os nossos (fisicamente) alunos. Imaginemos emigrantes portugueses que apesar de viverem no estrangeiro não deixam por isso de ter acesso a uma parte (a que lhes interessar mais) do nosso currículo, confraternizando com outros jovens portugueses uma parte do dia, enquanto no tempo restante participam de experiências e currículos do país onde se encontram. Uma experiência destas contribui para uma maior compreensão do “outro” e, assim, pode fomentar a tolerância num mundo que nem por isso tem evoluído muito. Afinal, é quando nos conhecemos melhor que percebemos que é mais o que nos une do que o que nos separa.

Benedita Sarmento Professora de História no Colégio Valsassina

Berke Duarte dos Santos Aluno do 12.º ano, 2018/2019

Smart cities Nos últimos anos temos verificado grandes desenvolvimentos a nível da ciência e das tecnologias. Porém, ainda há espaço para mais inovação e trabalho, e não me refiro apenas a carros voadores, refiro-me, sim, a algo muito mais ambicioso e importante para a sustentabilidade do planeta: as cidades inteligentes. Uma cidade inteligente – termo que provém do inglês: smart city – tem um grande potencial e pode vir a mudar o paradigma das principais metrópoles do planeta. Para mim, uma cidade inteligente deve ser autossustentável (capaz de produzir a sua própria energia a partir de fontes renováveis, tal como a solar ou a eólica); organizada (deve existir um sistema de transportes públicos moderno, tal como os restantes serviços públicos) e, mais importante de tudo, deve ser confortável, segura e propícia à realização de atividades de lazer (com parques e outros centros recreativos). Nos últimos 120 anos já conseguimos muito mais do que alguma vez imaginámos e, por isso mesmo, devemos continuar com o mesmo ritmo, para que, no futuro, nos possamos orgulhar igualmente dos próximos 120.

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Alimentar o mundo no século XXI 9.1 biliões de habitantes! Esta é a população esperada daqui a 100 anos na Terra. Será que há alimento suficiente nas cidades? Para cultivar alimento suficiente para a população nas cidades vão ser construídas hortas verticais. Aumento de produtividade de 5 a 10 vezes por metro quadrado em relação à agricultura convencional. Menor consumo de água e menos combustíveis fósseis. Consumo local e reduzidos custos de transporte. Menor área útil de cultivo. É uma ideia simples. Baixar emissões de gases de efeito de estufa, reduzir os custos energéticos e manter os padrões alimentares são algumas das vantagens desta forma diferente de agricultura. A luz artificial resolve o problema da sombra. A energia solar e geotérmica resolvem o problema da bomba de água e de nutrientes. Assim se conjuga agricultura, arquitetura e engenharia para um futuro promissor e sustentável.

Carolina Fonseca Estudante do Mestrado em Engenharia Química Aluna do Colégio Valsassina entre 2001 a 2014 e irmã de atual estudante

Catarina Aderneira Aluna do 11.º ano, 2018/2019

O fim dos rótulos No futuro, não vai haver rótulos. A visão de termos liberdade total para escolher é desafiante. Passo a explicar a minha ideia de futuro: as áreas de Economia, Humanidades, Ciências, Artes e restantes áreas vão desaparecer, dando lugar a disciplinas escolhidas pelos alunos. O mínimo de seis e sem máximo definido, porque o conhecimento nunca é demais. Este modo de poder escolher o próprio caminho tornará os estudantes mais curiosos e interessados. Imaginem os nossos bisnetos a chegar ao Valsassina de 2139 e a ouvir falar sobre os tempos em que os alunos eram obrigados a estudar algo que não os cativava... O futuro está ao nível da nossa ideia mais brilhante, basta sermos criativos!

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Uma melhor preparação linguística Depois do 9.º ano, a única língua estrangeira que estudamos, excluindo-se aqui a oferta dada à área de Línguas e Humanidades, é o inglês. Na minha opinião, deveriam ser disponibilizadas aulas de outras línguas, igualmente necessárias para vivermos no mundo que nos rodeia, um mundo em que são necessárias cada vez mais ferramentas linguísticas, veja-se o exemplo do mandarim. Estas aulas devem ser opcionais, claro. Para além disso, a disciplina de Inglês deveria ser continuada no 12.º ano, uma vez que nem todos frequentamos a Cambridge School ou o British Council e ficar sem esta disciplina pode ser uma grande perda.

Catarina Ferreira Aluna do 11.º ano, 2018/2019

Catarina Quelhas Aluna do 11.º ano, 2018/2019

GSA, um espaço seguro Um GSA (Gay-Straight Alliance) é um “clube” onde pessoas LGBT se podem refugiar e onde aliados podem aprender mais acerca da comunidade e saber como podem ajudar. É um espaço onde pessoas que estão “no armário” se podem sentir seguras sem se denunciarem, e é também um espaço educativo que não tolera a homofobia e a transfobia. Considero um espaço como este importante para que crianças rejeitadas em casa (e noutros locais) se possam sentir confortáveis consigo mesmas e seguras. Poderia ser organizado por um grupo de alunos voluntários e poderiam ocorrer pequenas reuniões uma ou mais vezes por semana numa sala, para se discutirem não só questões sociais, como mesmo pessoais de cada um.

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Dia da Família Sugiro, como uma ideia para o futuro, celebrar o Dia da Família (15 de maio). Este dia pode representar o Dia da Mãe e do Pai ou pode permitir que crianças que não tenham um pai e/ou uma mãe, ou que vivam numa família em que o conceito de família é mais lato ou simplesmente diferente, também possam celebrar um dia em família. Cada um poderia celebrar com a família que tem e que é significante para si. Considero que se tornaria uma celebração mais inclusiva.

Catarina Seco Matos Economista Encarregada de Educação de uma atual aluna

Catarina Silva Nunes Aluna do 12.º ano, 2018/2019

Em defesa da saúde mental Penso que, ao falarmos em escola no futuro, rapidamente é criada uma imagem em todos nós de uma escola com ecrãs interativos, e cadernos substituídos por computadores. Não é uma ideia errada com certeza. É, provavelmente até, um futuro bem próximo. Tais avanços contribuiriam para uma maior eficácia na transmissão e armazenamento de informação. No entanto, nada mais fariam. E, perante um mundo que se desenvolve a um ritmo exponencial, em que as pessoas vivem sem tempo para elas e para outros, deparamo-nos com cada vez mais problemas ao nível psicológico. Sendo por isso que considero fundamental que a escola dê ferramentas aos alunos para combaterem este tipo de problemas tão frequente. Tal partiria de um psicólogo que, ao estar encarregue de uma turma, acompanharia cada aluno, de forma a aconselhá-lo e, por vezes, guiá-lo não só em temas de carácter académico, mas também social e pessoal. Um espaço onde o aluno se sentiria confortável partilhando as suas perturbações, e onde entendesse a origem das mesmas, com o intuito de as combater, e alcançar uma boa relação consigo mesmo, o que é fundamental para um sucesso em todos os campos da vida.

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Regresso ao Futuro Quando estudamos simultaneamente o passado, o presente e o futuro de um dado evento, vemos o mundo numa escala cronológica fluída e flexível que nos transporta por entre diferentes realidades e contextos. Somos passageiros frequentes de uma máquina do tempo. Vivemos num contínuo, num tempo espiralado, no qual as escolhas têm consequências. Desta forma, podemos pensar numa nova forma de educar. Que rostos ainda recordamos do passado e que vozes ficaram silenciadas? Que métodos tiveram repercussões no nosso momento atual? O que aprendemos e a que custo? Depois, há que ir várias gerações adiante e ver o mundo que queremos para a nossa família, para o planeta, e regressar desse futuro com a visão para uma nova escola. Ao identificar as competências com as quais alimentar as próximas gerações – essas que irão semear o futuro – teremos uma escola onde os meios (pessoas, tecnologia, informação) ajudam a alcançar o fim individual e coletivo (a formação de pessoas únicas). O futuro exige-nos um modelo de ensino baseado na empatia, partilha e confiança, na honestidade intelectual e emocional, e no respeito por quem somos hoje e por quem viremos a ser – individual e coletivamente.

Cristina Brito Professora Auxiliar, NOVA FCSH (Investigadora, CHAM – Centro de Humanidades, NOVA FCSH) Encarregada de Educação de uma aluna do 7.º ano

Daniela Morais Professora de Filosofia e de Filosofia para crianças no Colégio Valsassina

Cinema na escola Não é certo se uma imagem vale mais do que mil palavras, mas mil palavras são poucas para descrever o impacto do cinema nas nossas vidas. Tal como Manuel de Oliveira disse outrora, «nenhuma arte simula a vida como o cinema». Proponho, assim, a criação de uma sala/anfiteatro para a projeção de filmes, curtas-metragens e documentários que sirvam dois propósitos pedagógicos distintos: primeiramente, que este possa ser um espaço para dinamização de ciclos temáticos de cinema (comemoração da semana das línguas, do dia mundial da filosofia, comemorações de efemérides, celebração da vida e/ou da obra de uma figura relevante, sensibilização para causas/movimentos, etc.), como também possam ser exibidos filmes que constam no Plano Nacional de Cinema (PNC); de seguida, este espaço serviria de apoio às disciplinas cujas unidades curriculares se enriquecem com o visionamento de obras cinematográficas, mas que não podem despender tempo de aula para esse efeito. Desta forma, os professores poderiam recomendar aos alunos o visionamento de uma obra que estaria a ser projetada na sala de exibições, bem como propor um debate em estilo de “mesa-redonda”. Este projeto envolveria toda a comunidade escolar, desde a educação pré-escolar ao ensino secundário, tendo como fim último despoletar nos alunos o gosto pela sétima arte, edificando-se a escola como um espaço que enaltece o papel fecundador do cinema na construção do currículo dos alunos. Autores a convidar: realizadores/argumentistas, bem como autores de diversas áreas que possam participar nas sessões temáticas de cinema.

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Mais 120 Os 120 anos celebrados são muito mais do que isso: são milhares de memórias e alunos, milhões de horas passadas em salas de aula e várias figuras marcantes. Os próximos 120 anos que este Colégio irá presenciar também ultrapassarão a mera contagem de tempo. Projeto um futuro em que a minha mãe verá os meus netos a trepar às mesmas árvores a que ela trepou, a correr pelas mesmas rampas e a estudar nas mesmas salas, tendo a certeza de que irão conhecer, para sempre, a Quinta das Teresinhas como a sua segunda casa. Num amanhã longínquo, imagino os mesmos eucaliptos e o mesmo aroma no ar, crianças diferentes, mas os mesmos sorrisos, professores diferentes, mas com a mesma qualidade e proximidade para com os alunos, um século diferente, mas a mesma família. Num mundo distinto, idealizo disciplinas inusuais, ideologias opostas, contudo, o Colégio Valsassina será o mesmo espaço familiar e único de sempre.

Diogo Campos Aluno do 11.º ano, 2018/2019

Diogo Canas Aluno do 10.º ano, 2018/2019

Sensibilização Escolar Desde que entrámos na escola, fomos confrontados com problemas, especialmente nas disciplinas de Matemática e Físico-química. Foi-nos apresentado o homem que compra 500 melancias no supermercado, o rapaz que passa horas a atirar uma moeda ao ar, e tantas outras personagens que só encontraríamos num manual. A escola ensina-nos coisas úteis, é um facto. Mas a maioria dos problemas aos quais somos expostos não tem qualquer relevância no mundo real. No futuro, os nossos problemas estarão mais relacionados com as contas que teremos que pagar, o sítio onde tivermos de trabalhar. E no presente estão de mãos dadas com as nossas emoções. A escola pouco nos prepara para o futuro. O que me leva à minha proposta, o auxílio da escola no nosso conhecimento, não só sobre o que nos rodeia como também sobre nós próprios, através da sensibilização. Ao informar-nos sobre temas como doenças mentais, método contracetivos, doenças sexualmente transmissíveis, alterações climáticas e tecnologia, estamos a obter informações que poderão auxiliar a nossa saúde e bem-estar. Em complemento, poderia haver uma discussão sobre os temas apresentados, o que tornaria os encontros mais interessantes e interativos. Apesar da importância do futuro, não há futuro sem presente. Como tal, priorizo o conhecimento sobre temas presentes e pertinentes.

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Educar para viver Daqui a 120 anos, grande parte dos animais que nós conhecemos como animais livres e selvagens, que vivem na selva ou na savana, na terra ou na água deixarão de existir. Pelo menos na Natureza. Daqui a 120 anos, se nós não tivermos mudado o nosso comportamento para com o planeta, não estaremos a lidar com a mesma Terra que temos hoje. É nesse sentido que este intervalo, até atingirmos os próximos 120 anos, é importantíssimo. A chave são as escolas. Se passarmos princípios ecológicos aos mais novos hoje, no futuro essas crianças estarão a liderar o mundo da forma correta. Ainda não está tudo perdido, desde que estejamos dispostos a mudar e a aprender e ensinar melhor. Eu estou, e tu?

Diogo Gomes Aluno do 11.º ano, 2018/2019

Diogo Iria Aluno do 11.º ano, 2018/2019

Línguas Estrangeiras e Pegada Ecológica Os 120 anos do Valsassina chegam como uma grande conquista para o mesmo e são também símbolo do grande trabalho que tem vindo a ser feito na instituição. Para continuar este excelente trabalho, considero que é preciso continuar a procurar um melhor futuro. Para tal, era importante, entre outras coisas, dar mais importância às línguas estrangeiras, especialmente ao Inglês. Num mundo onde a globalização está a acontecer a uma cadência nunca antes vista, o Inglês é mais importante que nunca. Também será importante trocar os manuais escolares por versões eletrónicas, o que não só reduzirá a carga elevada que os alunos têm de carregar, mas também reduziria significativamente a pegada ecológica.

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Uma porta aberta para o mundo

Duarte Martins Aluno do 12.º ano, 2018/2019

Quando o Colégio Valsassina surgiu, há 120 anos, as escolas e salas de aula do mundo eram, de modo geral, semelhantes às de hoje: um quadro defronte de várias secretárias, onde os alunos aprendiam. Passadas tantas décadas, é altura de questionar o que virá aí. Que passos em frente dará a educação e o seu método? A minha ideia para o futuro relaciona-se, portanto, com o progresso da educação, instrumento essencial para a vida de qualquer cidadão ativo. A escola tem de ser para os alunos uma porta aberta todos os dias para o mundo. Nas aulas, o aluno deve ser convidado a estimular o pensamento crítico, refletindo a todo o momento sobre aquilo que aprende. Assim, é de elevado relevo a criação de uma sala “mais aberta”, onde o outro é alguém que escuta, que fala, partilhando conhecimento. Os próximos 120 anos serão de progresso, tendo a escola a obrigação de evoluir também. É com certeza que afirmo que o Colégio saberá estar na vanguarda desta evolução, sabendo seguir os melhores caminhos.

Aluno há 15 anos

Duarte São José Aluno do 10.º ano, 2018/2019

Memorização vs. Capacidade de pensar autonomamente A escola é provavelmente o veículo mais importante na educação das novas gerações, tratando-se do local onde crianças e jovens passam mais tempo. Assim sendo, é essencial que a escola evolua e acompanhe a evolução do ser humano. Contudo, hoje em dia, é visível uma grande evolução tecnológica não acompanhada de uma evolução a nível humano. Isto deve-se à não evolução da escola, cujo método de ensino se tem mantido desde o século XIX, independentemente do desenvolvimento das outras áreas. Na minha opinião, o método de ensino utilizado nem sempre promove o pensamento criativo e a capacidade de pensar de forma autónoma. Com frequência, os alunos aprendem a memorizar conteúdos que “despejam” nos testes, não adquirindo capacidades com aplicações práticas. Em suma, corremos o risco de a escola não preparar as novas gerações para a vida, mas sim para tarefas repetitivas, que, hoje em dia, podem ser executadas por robôs.

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Ensinar a amar O mundo que desejo para os meus filhos é aquele em que possam correr atrás da sua felicidade, da forma que quiserem. Aquele em que sejam respeitados e aceites, independentemente das suas escolhas. Contudo, sei que, se não mudarmos a nossa mentalidade, esse mundo não será mais do que uma utopia. Creio que esta ideia ainda pode ser concretizada. Mas sob uma e apenas uma condição: utilizar a educação como ferramenta para combater o ódio. Devemos transmitir aos nossos filhos mais do que conhecimentos e competências, devemos transmitir-lhes valores. Mas, dentre tantos, um em especial: o amor ao próximo. Este valor tem estado ausente, como observamos pelos episódios de xenofobia, machismo e homofobia que tanto vemos nos jornais. Assim, visando um futuro onde possamos ser nós mesmos sem medo, que lugar melhor para iniciar uma mudança senão na escola?

Fabio Studart Aluno do 11.º ano, 2018/2019

Federico Cestelli Aluno do 11.º ano, 2018/2019

A importância do humor como solução para a depressão e ansiedade juvenil Nos dias de hoje, o stress, a depressão e a ansiedade são as grandes epidemias que angustiam a nossa juventude. Diariamente, muitos jovens sofrem ataques verbais que causam distúrbios psicológicos devido à sua falta de autoestima (poderá ser necessário também refletir sobre a falta de autoestima do próprio agressor verbal). O humor pode ensinar-nos que todos temos os nossos defeitos e problemas, ao rir das nossas fraquezas tornamo-nos mais fortes e damos menos importância aos comentários dos outros. Venho assim sugerir a organização de espetáculos de stand-up comedy ou conferências com comediantes. Hoje em dia, em tempos de crise, ilusões de diferença dividem a humanidade, o humor ensina-nos que somos todos iguais e imperfeitos, a imperfeição é o que nos define, é o que nos torna humanos.

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Do Valsassina para o mundo Todos nós queremos o melhor futuro possível para os nossos filhos e para toda a gente, mas a pergunta a fazer é: como tornar a sociedade melhor? Hoje em dia, já há escolas muito boas e avançadas, mas, para mim, o que falta para a educação ser melhor é ensinarem-nos a viver no mundo, ou seja, prepararem-nos para o futuro. O que eu quero dizer com isto é, por exemplo, quando saímos da escola ou faculdade ficamos um pouco perdidos, sem saber o que fazer para além das matérias que aprendemos: como vou arranjar trabalho? Como faço para arranjar casa? Como posso equilibrar o meu dinheiro? Desde pequenos que somos ensinados a poupar e a estudar muito, mas ninguém nos ensina como é o mundo lá fora e como se aplicam na prática esses conhecimentos. Sugiro, assim, uma ideia para melhorar o futuro: ensinarem-nos a viver fora da escola com uma relação mais próxima ao que aprendemos na escola. O que é um bom trabalho? Como fazer as contas da casa? Como gerir um ordenado? Poderia haver uma aula para tal. Portanto, para uma melhor educação, acho que esta deveria focar-se no que vai para além dos conteúdos académicos, ajudando-nos a viver para lá da escola.

Filipa Fernandes Aluna do 11.º ano, 2018/2019

Francisco Pedro Aluno do 12.º ano, 2018/2019

Programa de Mentorado O futuro, por si só, é um desafio, que se revela acrescido para o Valsassina, se atendermos a que o prestígio alcançado até à data lhe vai impor uma atuação diferenciadora. Inovação será a palavra de ordem. Assim, considerando, por exemplo, que a transição do ensino básico para o ensino secundário exige um grande esforço de adaptação, organização e empenho dos alunos, nesta fase todos os apoios se revelam bons contributos. É neste contexto que proponho a criação, no Valsassina, de um inovador programa de mentorado. Este programa seria assegurado pelos alunos do 12.º ano, que, com a sua experiência e disponibilidade, estariam numa posição privilegiada para introduzir os “caloiros” na sua nova etapa escolar. Devidamente organizados, estes mentores teriam à sua responsabilidade 2-3 alunos cada, que acompanhariam de perto ao longo do ano, revelando-se esta parceria uma experiência bastante enriquecedora para todos os envolvidos.

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Valsassina 250 Imaginem o ano letivo 2148/49! O Valsassina comemora 250 anos! Uma 10.ª geração de Valsassinas dá os primeiros passos na gestão do Colégio. Em família, com professores a fervilhar de ideias, funcionários empenhados e alunos mais desafiantes que nunca. As comemorações arrancam a todo o gás! Na próxima semana há um concurso de hologramas feito pelos alunos mais novos! A Quinta das Teresinhas continua a ser a quinta mais verde de Lisboa, um oásis para aprender! A água da chuva é armazenada em grandes tanques que regam toda a quinta! Toda a energia consumida é produzida na escola. Cada aluno apresenta uma pegada ecológica positiva! O pouco lixo que ainda se faz é todo reciclado em pequenas máquinas espalhadas pela quinta – entra uma garrafa de água e sai uma bola (!) e uma turma inteira aos gritos a correr… há 250 anos a ser feliz rampa acima, rampa abaixo! Em equipa, preparam-se grandes projetos nos laboratórios subterrâneos da quinta! Nos ateliers preparam um desfile de máquinas enormes, cheios de mecânica, robótica e realidade virtual. Ah! E já me esquecia! A viagem de finalistas vai pelo primeiro ano à Lua: uma semana no espaço! Estou agora a entrar no ginásio! Cheio como nunca se viu, saem pessoas pela rampa, bancadas repletas de alunos e antigos alunos gritam “Valsassina! Valsassina!” Olhos nos ecrãs gigantes: está prestes a chegar a equipa juvenil de voleibol, até que enfim campeã europeia!

Frederico Valsassina Amaral Engenheiro Civil, Professor

Grupo de Educação Visual Ana Vieira, Elsa Marques e Mafalda Simas

Aluno entre 1993 e 2008

Professoras do Colégio Valsassina

Sala de convívio Valsassina Trata-se fundamentalmente de conceber um espaço apropriado onde os alunos possam conviver e estar. Para além dos corredores escolares, acreditamos que seja necessário um espaço identitário para a comunidade estudantil, onde possam existir zonas apropriadas para os alunos realizarem diversas atividades, como, por exemplo, desenvolver trabalhos de grupo (para os quais é necessário discutir ideias, não sendo possível fazê-lo na biblioteca); jogar e conviver (jogos de tabuleiro, cartas, entre outros); um espaço expositivo (a Associação de Estudantes poderia dinamizar e promover exposições com os alunos); debates e discussões semanais/mensais (a Associação de Estudantes poderia ter um papel mais ativo na comunidade escolar, promovendo discussões e debates e organizando eventos de acordo com a escolha ativa dos alunos envolvidos). Na opinião do Grupo de Educação Visual, o espaço deverá ser organizado com diferentes zonas dedicadas a cada função. Este local deve ser regulamentado para que todos os alunos possam usufruir dele.

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Matemática à rua! Tendo a Matemática um papel fundamental na compreensão do mundo que nos rodeia, deveremos ser capazes de trazer a Matemática para fora da sala de aula. Da mesma forma que, enquanto Colégio, fomentamos a participação dos alunos em diferentes projetos, nas mais diversas áreas do conhecimento, para ajudar na formação de adultos autónomos, responsáveis e com competências de cidadania ativa, deverá a Matemática ter um contributo ativo, quer como ferramenta de auxílio na descrição e previsão de fenómenos nas diferentes áreas científicas, quer como disciplina autónoma, no seu papel indispensável na investigação científica para a resolução de problemas – os atuais e os que vão surgir nos próximos 120 anos. Deverá ser o papel do professor de Matemática mostrar a importância desta Ciência, em articulação com os restantes ramos do conhecimento, para que a Matemática saia para fora da sala de aula e salte os muros do Colégio.

Grupo de Matemática do Colégio Valsassina Nelson Gomes, Luís Carvalho, Sílvia Lopes, Edgar Dias, Pedro Pereira, José Luís Ferreira, Pedro Carvalho. Professores do Colégio Valsassina

Guilherme Freitas Aluno do 11.º ano, 2018/2019

Autentificação biométrica Chego aos portões do Colégio Valsassina. Em vez de usar um cartão ou algo que pode ser esquecido ou perdido, utilizo a minha impressão digital. Não a posso perder e é mais segura do que um cartão. Caminho em direção às salas, antes passando pelo bar, onde volto a utilizar a impressão digital para aceder à minha conta. Chegando perto das salas, dirijo-me ao cacifo. Aqui, em vez de utilizar uma chave, uso métodos de autentificação biométrica. O risco de falsificação diminui grandemente, para além de não ser necessário fazer cartões ou chaves. Este método de autentificação não se resume apenas à impressão digital, mas esta pode ser uma solução, entre outras.

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Artes e criatividade O ser humano confronta-se com a máquina, assim será o futuro. As emoções serão a sobrevivência da inteligência dos humanos, as máquinas irão acumular todo o conhecimento de forma rápida e organizada. Cabe ao ser humano ter as capacidades para interagir, emocionar e explorar a criatividade. Na era do conhecimento teremos as artes e a criatividade como nossas aliadas. As plataformas colaborativas serão essenciais para que todos possam contribuir para o todo. Em resumo: o ensino deverá estimular a criatividade e, consequentemente, as emoções, a forma eficiente para tudo isto acontecer será através de uma rede. Essa rede é a comunidade dos alunos e professores.

Gustavo Brito Arquiteto e Gestor Encarregado de Educação de um atual aluno do 11.º ano

Inês Carvalho Araújo Aluna do 10.º ano, 2018/2019

Tecnologia, mas com atenção e limites… Nos nossos dias, a tecnologia está a avançar a uma velocidade estonteante. Não é de espantar que, num futuro próximo, a nossa sociedade seja muito mais digital do que é hoje em dia. Contudo, é necessário tomar atenção a um fator que está a ser cada vez mais observado a nível social: a Desumanização. A meu ver, era importante que, no futuro, a escola lutasse contra esta situação. Não estou a sugerir que a escola tenha de privar os seus alunos da utilização da Internet, o que eu sugiro é que haja uma interação entre todos. É importante que se promovam mais apresentações orais sobre temas do quotidiano. Temas que despertem a curiosidade dos alunos, para que haja uma interação entre todos os alunos. Por mais benefícios que a tecnologia nos traga, também está cada vez mais perto de destruir a sociedade onde vivemos, podendo levar, assim, a uma falta de comunicação total. Considero que a escola tem de atuar o mais rapidamente possível para tentar inverter este processo.

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120 Anos, 120 Ideias Estamos no século XXI, século esse marcado pela inovação e pelos avanços em todas as áreas possíveis e imagináveis, como por exemplo na tecnologia, na saúde, nos transportes. A humanidade continua a evoluir, no entanto, aspetos como o modelo escolar continuam presos ao passado. De uma forma geral, o modelo de ensino atual continua a ser o mesmo que era utilizado na Revolução Industrial, onde se ensinava os alunos a trabalharem cíclica e metodicamente para serem o mais eficientes que possam num ambiente, por exemplo, de fábrica. É urgente a adaptação do ensino à atualidade em que vivemos, onde começam cada vez mais a ser valorizados aspetos intrínsecos aos jovens como o espírito crítico, a capacidade de comunicar com o próximo, entre outros. Assim, anseio que, no futuro, o modelo escolar dê prioridade à implementação destes valores nos jovens desde cedo, que motive os alunos a terem sede pelo que é novo, diferente, e que não continue a promover a criação de indivíduos iguais entre si.

Inês Galvão Aluna do 10.º ano, 2018/2019

Inês Nicolau Aluna do 11.º ano, 2018/2019

A escola é uma segunda casa Um aluno, desde o Ensino Básico até ao final do 8.º ano, passa cerca de quarenta horas por semana no Valsassina, mais ou menos oito horas por dia. Por este motivo, eu acredito que nas aulas, em especial nas do Ensino Básico, deve ser ainda mais valorizada, mais do que o estudo em si, a educação moral dada a estas crianças como, por exemplo, o respeito pelo outro, saber falar com outras pessoas, valorizar aquilo que têm. Além disso, será importante abordar cada vez mais, seja nas aulas de métodos de estudo ou nas de cidadania, temas que possam vir a auxiliar de maneira prática a vida futura dos alunos. Por exemplo, aprendizagens como saber fazer uma máquina de roupa, fazer o IRS ou ter mais noções de política... conhecimentos que nos podem ajudar a estar mais preparados, a quando votarmos termos uma decisão já ponderada e acertada em mãos. Não podemos continuar a dizer que a educação é dada apenas em casa, a escola é uma segunda casa!

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Tecnologia + Filosofia + Artes Eu gostava que, no futuro, o foco do ensino mudasse. Assusta-me, por vezes, a possibilidade de que a carreira que escolhi seguir já esteja toda ela ocupada por máquinas quando lá chegar e que o meu trabalho e conhecimento sejam considerados, então, inúteis. Anos e anos de estudo em vão. Penso então que é necessário apostar na tecnologia. Esta vai rodear-nos e constituir a grande maioria dos empregos futuros. Aprender programação desde pequenos, conhecer máquinas e computadores e compreender software serão competências importantíssimas para o mundo do trabalho no futuro. No entanto, teremos de investir também no que nos distingue das máquinas: as Artes e a Filosofia tornam-se mais importantes que nunca. A arte é algo humano, que transmite pensamentos, emoções, sentimentos, sensações. É um sinal de estar vivo, de sentir, algo que as máquinas são incapazes de fazer. A Filosofia daria conta da crise de valores. No meio de máquinas, programas e robots podemos perder um julgamento claro da realidade e perder empatia e capacidade de comunicação. A filosofia viria a lembrar-nos dos valores, da ética, do pensar e do debater, algo que também nos torna humanos. É mais importante que nunca apostar na mudança. A tecnologia torna-se cada vez mais importante, e na outra extremidade do espetro, a Filosofia e as Artes também.

Inês Silva Aluna do 10.º ano, 2018/2019

Isabel Duarte Encarregada de Educação

A importância das línguas estrangeiras Proponho que invistam cada vez mais no ensino de línguas estrangeiras. Na minha atividade profissional procuramos cada vez mais profissionais que conciliem competências técnicas e sociais com o domínio de diversas línguas estrangeiras. Em média cada um dos membros da minha equipa fala quatro línguas. A minha expectativa é que, pelo menos num futuro próximo, a procura de profissionais competentes que consigam comunicar em várias línguas continue a aumentar, uma vez que Lisboa tem sido capaz de atrair diversas empresas multinacionais.

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Criar, pelo prazer, a escrita A escrita permite ordenar o pensamento, ou confirmar a sua desordem. De qualquer das formas, é esclarecedora. Às vezes escrever pode ser uma forma de não estarmos sozinhos, de ir chamar outros para perto de nós. Sejam eles os que já não estão; os que estão, mas não ali, ou até aqueles que inventámos em nós por não existirem na realidade concreta. A escrita faz companhia, afixa memórias, permite uma elasticidade a que nem sempre nos atrevemos. Neste sentido, e porque a escrita é um mundo cheio de diferentes formas de acesso, proponho um conjunto de portas, alçapões, claraboias, postigos, frestas, fechaduras, tocas de coelho... cada um se sinta convidado a entrar do modo e pelo sítio que mais se parecer com o escritor que vive em si. Assim, desejo que se escreva mais de muitas maneiras: que se escrevam mais cartas, que se enviem bilhetes, que se ouça música e se balancem palavras inspiradas por ela, que se parta de uma pintura e se invente uma história, que se agarre num livro e se mude o futuro, que só se usem vírgulas como sinais de pontuação, que se tente um soneto, que se escreva um poema sem sentido, que se repitam palavras, que se escreva “o riso”, que se escreva com a outra mão, depois com a boca, depois de cabeça para baixo, que se ilustre com desenhos o que se escreve, que se faça da escrita uma oferenda, que se transforme o escrever num evento, que se escreva a dois, que se descreva, que se escreva qualquer coisa que se seja.

Joana Baião Professora de Português e de Filosofia para Crianças no Colégio Valsassina

Joana Baptista Aluna do 11.º ano, 2018/2019

Valsassina, um espaço de paz e harmonia No âmbito da celebração dos 120 anos do Colégio Valsassina procurei imaginar como será a nossa escola no futuro. Tal como sucede atualmente, gostaria que continuasse a ser uma segunda casa, um porto de abrigo para os que nela se inserem, na medida em que as pessoas e o seu ambiente, predominantemente verde, contribuem para que o nosso Colégio se destaque dos outros. Uma das características mais positivas do Colégio, que acredito que no futuro terá ainda mais importância, é a existência de tanta natureza. Considero que este facto é o que faz com que o Valsassina seja uma escola para o futuro, uma vez que em contraste com o quotidiano temos, e teremos, um espaço de paz e harmonia.

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Pensamentos em 2139 O futuro do mundo. O futuro do Valsassina. Não sou maga nem vidente, contudo, posso fazer suposições sobre o que seremos daqui a 120 anos. O dia está quente e o sol queima-me a pele. Desde que saiu a notícia, em 2030, de que o mundo iria aquecer substancialmente, graças ao aquecimento global, que já não sei o que são as estações do ano. O rosnar do meu estômago relembra-me que ainda não comi nada hoje. Decido ir ao bar. Mal chego recordo-me do tempo em que a minha avó me dizia “Na minha altura esperávamos para comer numa fila enorme. Chegávamos a ficar uma hora à espera, neta!”. Típico comentário da geração dos avós. Nem consigo imaginar o que será esperar numa fila, quanto mais para comer. Dirijo-me a uma das 50 máquinas que se encontram dentro deste estabelecimento e seleciono os gafanhotos grelhados acompanhados por puré de moscas (o meu preferido). Por vezes penso no que seria viver há 120 anos... 2019 soa a pré-história. Como seria o Colégio nessa altura?

Joana Bugalho Aluna do 11.º ano, 2018/2019

João Amaral Professor Universitário Pai de antigos alunos (1990/1991 a 2006/2007; 1993/1994 e 2011/2012)

Como será o ensino da Matemática no futuro próximo Com a generalização e crescente democratização do acesso a meios computacionais cada vez mais sofisticados, importa refletir na forma como isso vai ter implicações nos métodos tradicionalmente usados de ensino da Matemática. O uso destes meios não deve ser proibido, mas, pelo contrário, incentivado, o caminho deverá ser o de uma cada vez maior interdisciplinaridade e o voltar a refletir sobre o que é a essência da Matemática. Na minha opinião, a Matemática é essencialmente uma linguagem escrita (simbólica) que procura facilitar a resolução de problemas no mundo real (algoritmos). Neste sentido, é importante revisitar alguns aspetos da história dessa ciência e procurar entender como se operacionaliza o desenvolvimento de uma solução universal para questões formuladas na língua original de cada cultura e de que forma essas diferenças contribuem para facilitar ou dificultar a motivação para a sua aprendizagem.

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Rodeados pela Natureza Grande parte do tempo que os alunos passam na escola é dentro de salas de aula, rodeados apenas por paredes brancas. Nos próximos anos espero que as aulas sejam maioritariamente no exterior e a fazer atividades também relacionadas com o que os rodeia. Esta ideia de ter os alunos rodeados pela natureza, deixando de se encontrarem sempre no mesmo local e sentados durante tanto tempo, permitiria aos alunos espairecer, respirar ar puro, e criar uma relação mais próxima e, por isso, mais preocupada e cuidadosa, com o que os envolve.

João Bernardo Correia Aluno do 11.º ano, 2018/2019

João Gomes Professor de Ciências Naturais e de Biologia no Colégio Valsassina Diretor Pedagógico

A imaginação é o limite! Há 120 anos, quando a Escola Valsassina se formou, H. G. Wells lançou o livro A Guerra dos Mundos, onde descreveu uma invasão extraterrestre dotada de poderosas máquinas biomecânicas de modo a conquistar a Terra. Wells antecipou no livro algumas tecnologias, como, por exemplo: raios laser, máquinas voadoras, máquinas de guerra em forma de aranhas, robots e armas químicas. 120 anos depois o mundo mudou muito. Vivemos rodeados de tecnologia. Tudo o que Wells imaginou foi largamente ultrapassado. É banal ter no bolso um pequeno equipamento (que nos habituámos a chamar de telemóvel) que nos permite: tirar fotografias, filmar, mandar emails, editar ficheiros, pagar contas, ler livros, fazer pesquisas e também falar e ver pessoas que estão a milhares de quilómetros de distância. Nos primeiros 120 anos de vida, o Valsassina adaptou-se às mudanças, resistiu a guerras e a uma revolução, a crises económicas e sociais, e inovou nas Artes, na Ciência, no Desporto… Nos próximos 120 anos, o Valsassina deve continuar a marcar a diferença com um espaço-Quinta cada vez mais verde, autossustentável, com uma pegada ecológica positiva. É essencial que o conhecimento neurocientífico sobre o desenvolvimento do cérebro enriqueça as práticas pedagógicas. A tecnologia, as ferramentas digitais e a literacia digital deverão estar de mãos dadas com uma forte dimensão humanista, onde os alunos aprendem em liberdade e com tolerância, de forma colaborativa, onde a criatividade e a curiosidade permitam aos alunos enfrentar e resolver problemas reais, permitindo a construção de conhecimento (um conhecimento que não tem limite…) em estreita interação com o meio, mas acima de tudo em ligação ao mundo e até com o espaço. O limite deve ser o da imaginação…

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ArtEspaço Recuperar alguns espaços físicos (murais do Colégio) e realizar intervenções artísticas trianuais com trabalhos/projetos desenvolvidos por alunos, pais, etc. Realização de aulas (uma por período), abertas a pais/Encarregados de Educação com o objetivo de exemplificar/clarificar a metodologia de trabalho utilizada nas aulas das disciplinas de artes. Realização de Workshops anuais abertos a toda a comunidade educativa, com a possível participação de Encarregados de Educação que realizem trabalhos artísticos de relevo.

João Gonçalves Professor do Grupo de Artes Visuais no Colégio Valsassina

João Pedro Heitor Aluno do 7.º ano, 2018/2019

Um plano futurístico A nível escolar, no que diz respeito à engenharia, acho que as escolas no futuro devem ter mais sentido prático, mas de forma a que também seja seguro aprender assim. Ou seja, penso, num plano futurístico, numa estrutura que tem como base uma aparência simples, no entanto, com alguns segredos, como, por exemplo, hologramas ou realidade virtual na Quinta das Teresinhas. A escola no futuro também deveria ter uma logística eficiente, de modo a que as filas não sejam tão longas. Acho que a escola poderia ser um espaço mais “aberto”, para que possa ter mais alunos. Quanto ao nível educacional, considero que as aulas poderiam ser um pouco mais dinâmicas, para haver um certo equilíbrio entre a teoria e a prática.

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Project Pet in School Muitas crianças gostariam de ter um animal de estimação (“Pet”). Por diversas razões que as transcendem isso não ocorre. Tendo em conta as condições físicas proporcionadas pelo Colégio Valsassina, o “Project Pet in School” permitiria que grupos homogéneos, de diversos anos letivos, se responsabilizassem pelos Pets que acompanhariam ao longo da sua escolaridade. Pedagogicamente, num mundo que se quer cada vez mais sustentável e respeitador das espécies que nele habitam, este projeto, embora disruptivo, tem vários pontos positivos, designadamente: • A interação com os animais tem efeitos positivos ao nível do desenvolvimento cognitivo, social e motor das crianças; • As ligações afetivas com animais podem ser facilmente transferidas para relações entre humanos; • As crianças aprendem mais facilmente sobre a vida, reprodução, nascimento, morte e acidentes; • O sentido de responsabilidade que é incutido; • A fonte de estabilidade emocional e autoconfiança para as crianças; • Os índices mais elevados de liderança e altruísmo; • O fortalecimento do sistema imunitário.

João Pedro Varandas Advogado Encarregado de Educação

João Seixas Professor Universitário em Geografia e Planeamento Urbano na FCSH da Universidade Nova de Lisboa Aluno do Colégio Valsassina entre 1970 e 1983

O genoma urbano Os cientistas bioéticos afirmam que a estrutura mais complexa do universo é o cérebro humano. Por seu lado, os cientistas sociais sustentam que a estrutura mais complexa da humanidade é a cidade. O humano é um ser poroso e relacional, em permanente aprendizagem e construção. A cidade também. Tal como um ser vivo, a cidade será mais saudável e sustentável quanto mais fortes, seguras e complexas forem as suas anatomias e interligações, quer internas quer externas. Tal como um ser vivo, a cidade será mais inteligente e sensata quanto mais biodiversidade contiver, dentro de si e em redor de si. Por conseguinte, para aproximar a cidade e a polis, no futuro relacionaremos diretamente o metabolismo humano e o metabolismo urbano. Planearemos e governaremos as cidades de forma muito mais biológica e sociocultural. Para assim se suceder uma evolução darwiniana, ecológica e coletiva.

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Para a vida na escola Como propostas para uma escola futura sugerimos o intercâmbio com escolas da União Europeia para receber alunos estrangeiros e enviar alunos Valsassina em grupos/turma (períodos de 3 a 4 semanas) para outros países e ainda incluir escolas de artes e de ensino especial no Colégio. No que diz respeito ao 3.º ciclo e Ensino Secundário, seria interessante criar uma disciplina lecionada por uma empresa (indústria, hospital, rádio…) ou por uma instituição (museu, hospital, governo/autarquia, polícia, Cerci,…). Os formadores destas novas disciplinas seriam profissionais diversos da empresa/instituição e os alunos fariam visitas e trabalhos com a empresa, de modo a conhecer melhor outras realidades.

Jorge Pastilha Engenheiro Químico Ana Filipa Pires Engenheira Química Pais de atuais alunas (desde 2013/2014)

José Carlos Teixeira Engenheiro Civil – Diretor na EDP Soluções Comerciais Antigo aluno do Colégio Valsassina, Encarregado de Educação de uma aluna do 9.º Ano, tendo três filhos mais velhos que já passaram pelo Colégio

A Revolução Digital O meu contributo passa por pensar grandes mudanças, através das quais as novas tecnologias de informação e comunicação afetem e moldem o nosso dia a dia, alterando modelos e quebrando paradigmas. Estamos no limiar de uma Revolução Digital transversal a todas as áreas da nossa sociedade. Falamos de novos conceitos, tais como: Big Data, Cloud, Robotização, Inteligência Artificial, Machine Learning, Deep Learning. De que forma a Revolução Digital terá impacto no Ensino? Não falo em tele-escola nem em ensino à distância, mas sim em digitalização do ensino tradicional. Será possível ter um professor virtual para algumas tarefas/aulas individuais ou de grupo? Estamos a falar de um professor virtual, in loco (lógico, não físico), com inteligência para explicar, responder a dúvidas e corrigir exercícios realizados em quadro digital. Acho que valerá a pena pensar nisto e de que forma o Colégio Valsassina poderá apanhar esta onda de forma a entrar no próximo século.

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As pontes do Valsassina e outras pontes para o futuro Pontes no Valsassina? Mas as pontes não ligam duas margens sobre um curso de água ou duas elevações de um desfiladeiro? Não há pontes no Valsa. Não temos rios ou mesmo ribeiros, menos ainda desfiladeiros. Excentricidades de filósofo... Ou talvez não, se por pontes entendermos uniões entre vivências que sugerem diferentes matizes de aprendizagens. Desde logo as visitas de estudo. Desde logo os encontros com quem sabe algo e, amando o que sabe, se dispõe a partilhá-lo. Para um aprendiz de filósofo, que viaja com outros aprendizes de filósofos, é delicioso poder fazer-se transportar a locais de fascínio de outros tempos e outros espaços, onde impera o diverso. Ali, num jardim botânico, mergulhar com os alunos em milénios de evolução, desde os fetos Samambaias às palmeira Cica, plenas de vida, aos modestos musgos que cobrem os troncos da árvores. Ou a viagem de centenas de milhões de anos pela Geologia, explicada por quem sabe, das trilobites de Arouca, do Paleozóico com quase quinhentos milhões de anos. E visitar esse centro do saber e do viver em comunidade, entre o sagrado e o profano em pleno século XIII, onde monges verteram para latim textos de sábios gregos, mouros de Al Andaluz ou eruditos judeus.

José Manuel Marques Professor de Filosofia no Colégio Valsassina Coordenador de Ano, Direção Pedagógica

Alguém afirmou um dia: “torna-te no que és”. Ser Valsassina é aprender a construir estas pontes em que a História, a Biologia, a Matemática, a Literatura e a Filosofia, não são mais fortalezas incomunicáveis, mas sim pontes que ligam, unem e enriquecem, que nos dão a plenitude do que é ser. O futuro deve ser tecido neste tear em que o saber e o sonho, a utopia e a poesia vivem lado a lado com as ciências empíricas, a generosidade e a tolerância que só o amor ao diverso pode trazer. O repto para o futuro: bem-vindas as boas visitas de estudo, as conferências, os projetos que nos fazem viajar e sonhar. Como diria Bachelard, não foi a necessidade que levou o Homem a construir uma embarcação para se fazer às águas ignotas, mas a quimera e o sonho.

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Que não deixemos faltar a curiosidade Já perdi a conta à quantidade de vezes que, em aula, lancei uma questão ou afirmação intrigante… e obtive, da parte dos alunos, uma aceitação passiva, por vezes apatia, simplesmente aguardando que eu explicasse melhor. Acho que nos começa a faltar (a todos!) alguma curiosidade para clarificar a informação que nos chega e tentar aprender mais sobre o que nos rodeia. Na era das fake news, das redes sociais e da tecnologia como vício diário, na era da Wikipedia e da informação que cabe no bolso, o meu sonho para o futuro era a criação e construção de um currículo, de uma escola, de todo um sistema de ensino, avaliação, e acesso ao ensino superior, que privilegiasse – não, mais ainda! Que tornasse urgente e indispensável! – a curiosidade e o espírito crítico dos alunos. Como conseguir essa mudança de fundo? Caro(a) leitor(a)… Não me diga que despertei a sua curiosidade…!

José Rainho Professor de Informática no Colégio Valsassina

José Sérgio de Paiva Gomes Gestor, Economista Pai de três alunas atualmente a frequentar o Colégio Valsassina

Expressão e inteligência emocional Proponho a aposta no desenvolvimento das capacidades de expressão e na inteligência emocional dos jovens, que são fundamentais num mundo cada vez mais competitivo e em crescente mudança, onde fenómenos como o individualismo e as alterações na forma como comunicamos, provocados pelas novas tecnologias, conduzem ao distanciamento nos contactos pessoais e à crescente automação dos jovens adultos. Os profissionais do futuro terão um nível de especialização técnica como nunca tiveram, mas será a capacidade de cada um gerir e percecionar emocionalmente a envolvente e a mudança que fará a verdadeira diferença numa organização. A aposta no desenvolvimento daquelas capacidades, através de mais projetos escolares para desenvolver e apresentar em grupo, maior ênfase na expressão dramática como ferramenta de desenvolvimento emocional e o aprofundar dos programas de interação dos alunos com a sociedade e com o meio empresarial (também com carácter de projeto), serão fatores que irão diferenciar o aluno Valsassina no desafio de inserção no meio profissional atual.

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Competências transversais Acredito plenamente que a chave para uma sociedade acima de tudo mais humana passa pela educação. E por acreditar que, cada vez mais, são as nossas competências humanas que nos valorizam e preenchem o “currículo”, penso que o futuro terá aulas que se centrarão em competências transversais como, por exemplo, aulas de criatividade, pensamento crítico, inteligência emocional, coordenação, entre outras. O Valsassina inovador apostará, mais do que já o faz, na preparação dos alunos para se adaptarem às situações inesperadas da vida. Estamos e estaremos sempre rodeados de pessoas e são elas a variante do nosso dia a dia, que nos obriga a adaptar aos desafios. A escola do futuro preocupar-se-á em fornecer aos seus alunos a capacidade de interagir, essencialmente, com os outros. Tenho orgulho em ser Valsassina, porque acredito que, mais do que uma escola com tradições, é uma instituição que aposta no futuro, o nosso principal desafio.

Laura Mota Aluna do 12.º ano, 2018/2019

Luís Cássio Colaborador do Colégio Valsassina

O Colégio daqui a 120 anos! Daqui a 120 anos já cá não estarei! Acredito que não haverá livros para estudar, nem cadernos para escrever. Os livros serão computadores. Em Matemática, nas Línguas e em Ciência, a caneta será a ponta dos dedos, e as aulas por vídeoconferência. Tenho quase a certeza que nem professores existirão em sala de aula. Nos recreios, apesar desta evolução, ainda tenho esperança que durante os próximos 120 anos as crianças consigam ser mais felizes e que voltem às brincadeiras dos seus antepassados: saltar à corda, saltar ao eixo, jogar ao elástico, à barra do lenço, e à cabra-cega, entre outros.

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A minha escola é uma quinta Um Colégio na cidade, mas numa quinta, é um privilégio. Espaço ao ar livre, contacto com a natureza. Mas podemos aproveitar melhor esta vantagem. A ideia: criar atividades regulares ligadas à flora e à fauna do Colégio. Observar, cuidar, intervir. Encarar a quinta como um laboratório ao ar livre, com trabalhos de campo. Distribuir pelos diferentes níveis os espaços, para uma intervenção mais direta da sua responsabilidade, em parcerias. Por exemplo: o Jardim de Infância e o 2.º Ciclo responsabilizam-se pela horta; o 1.º e o 3.º ciclos pelos espaços ajardinados; o Ensino Secundário fará a consultoria, ajudando os mais novos a entender ciclos de vida, a tomar decisões na escolha de plantas fundamentadas no estudo das características dos terrenos, do clima, da estação do ano, a entender fenómenos observados, ... Construir terrários, herbários, formigueiros, hotéis de insetos, … para compreender modos de vida, habitats, ecossistemas, cadeias de vida que unem e interligam os seres vivos. Registar/documentar utilizando diferentes linguagens: verbal, matemática, pictórica, fotográfica, … Observar. Estudar. Respeitar. Admirar. Com tempo. Ao ritmo da natureza.

Madalena Alves Coordenadora do 1.º Ciclo

Mafalda Gomes Estudante de 3.º ano do Mestrado Integrado em Medicina Veterinária, Universidade de Lisboa. Aluna do Colégio Valsassina entre 2001 e 2016

Educação para a Proteção da Biodiversidade Portuguesa Sugiro a criação de uma iniciativa anual que vise a proteção da Biodiversidade em Portugal, através do apadrinhamento de um animal selvagem alojado num centro de recuperação, gerido pela Quercus, sob a tutela do Instituto da Conservação da Natureza. Os alunos do Colégio Valsassina tornar-se-iam assim membros ativos na divulgação da recuperação de animais selvagens em território nacional, além de terem a possibilidade de assistir à libertação do afilhado na época de devolução ao meio natural, informação atualizada da recuperação, um diploma e uma fotografia do animal apadrinhado. Por último, recomendo a dinamização de um concurso de fotografia ou desenho que incida sobre a temática da Proteção da Fauna e Flora Portuguesa, de forma a sensibilizar a comunidade estudantil para a temática em questão. Os trabalhos seriam expostos no dia da Escola e a obra vencedora seria publicada na capa da Gazeta Valsassina.

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O mundo com outros olhos Precisamos que o tempo traga vontade de fazer mais. Que nasça nas pessoas, com verdade, a ambição de serem grandes. A escola é o palco que abre as portas para a vida, com liberdade. É na educação que nos deveriam ser dadas as oportunidades de a usufruir, ao invés de se manter num formato mecanizado há mais de um século. A aposta está na diferença e na inovação. A escola caminha lado a lado com a vida, no entanto, está constantemente a fechar as portas que cá dentro se abrem. Sentimos vontade de agarrar o objetivo, mas falta muitas vezes a oportunidade de o seguir. Quando o tempo por nós passar e a necessidade de os números nos definirem deixar de prevalecer, a educação fluirá naturalmente. Na união que daí surgirá ganharemos novas perspetivas e o mundo, visto doutro prisma, será melhor. “Tudo vale a pena se a alma não é pequena” e, por isso, a grande mudança acontecerá.

Mafalda Moura Santos Aluna do 10.º ano, 2018/2019

Manuel Byrne Aluno do 11.º ano, 2018/2019

Fazer a diferença Num futuro próximo gostaria de pensar numa escola, num ensino, num país em que os alunos pudessem fazer a diferença, grande ou pequena, não interessa, mas gostaria de pensar num aluno com mais “voto na matéria”. Gostaria de pensar em alunos que possam ajudar a redefinir o que é um aluno, que direitos pode ter, que deveres lhe podem ser exigidos, que regras tem de seguir. Gostaria de pensar que, na entrada para a faculdade, não se olharia só para uma folha com números, mas que se tivesse também em consideração a pessoa que cada um é: o que fez bem? O que fez mal? Gostaria de pensar que eu, enquanto aluno, cidadão de um país, posso começar a fazer a diferença.

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Ideias para o futuro nos 120 anos do Valsassina Há cerca de 120 anos, quando a Escola Valsassina foi fundada e Júlio Verne imaginava ir da Terra à Lua e viajar ao centro da Terra, o ilustrador francês Albert Robida descrevia a sociedade parisiense a sair da ópera de Paris usando carros voadores. Entretanto passaram 50 anos após a primeira alunagem do Homem ou da altura onde no Valsassina era testado o primeiro Atelier de pintura como um espaço inovador de criação e experimentação, inspirado em conceitos modernos de compreensão do papel da escola no ensino e na aprendizagem dos mais novos. Hoje, pelos 120 anos do Valsassina, assistimos aos primeiros testes efetivos de carros voadores e de veículos autónomos. Foi fotografado pela primeira vez um buraco negro, evidenciando os fundamentos da matéria, e são testados os primeiros computadores quânticos. Está em curso a construção do maior telescópio do mundo que possibilitará perceber donde viemos. Daqui a 120 anos, certamente os alunos do Valsassina já construíram e lançaram uma constelação de micro satélites, têm aulas em simultâneo com colegas de todo o mundo em estações espaciais e transmitem automaticamente as suas emoções nas mais variadas línguas e plataformas quânticas.

Manuel V. Heitor Aluno do Colégio Valsassina entre 1962 e 1975

Manipulam diariamente milhões de mega e nano imagens de todo o universo usando física quântica. O Valsassina é um “Atelier de Curiosidades”, onde se experimentam emoções e se aprende que não há limites ao conhecimento. O estímulo à criatividade e à aprendizagem dos saberes em liberdade e pela tolerância domina a cultura do Valsassina, onde a capacidade de aprender a enfrentar a inevitável mudança das tecnologias, dos gostos, dos mercados e das necessidades, é feita com a prática de valores humanistas, “num jardinzinho banhado de luz, com afetos de Pai e carinhos de Mãe”.

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As bibliotecas, também elas, continuarão o seu papel no futuro. A função do bibliotecário como facilitador do acesso à informação será sempre imprescindível. A ele continuará a pertencer a responsabilidade de realizar atividades de promoção do livro e da leitura, independentemente do seu suporte, bem como o esforço para que a informação seja acessível de forma equitativa. As tecnologias vieram permitir uma maior aproximação, a vários níveis, geográfico, cultural, intelectual. Com elas temos verificado um crescimento exponencial da informação e dos seus suportes, colocando aos profissionais da informação a enorme tarefa de tornar disponível a todos a informação e o conhecimento que dela se tira. Imagino, no futuro, as bibliotecas como elos de ligação a grandes repositórios de bases de dados, com possibilidade de acesso durante 24 horas, proporcionando uma aprendizagem permanente. Relativamente às bibliotecas escolares, imagino que serão as futuras salas de aula. Dando privilégio a aprendizagens baseadas na investigação/pesquisa, formando jovens mais responsáveis e motivados.

Manuela Santos Responsável pelo Centro de Recursos Educativos do Colégio Valsassina

Maria Alda Tojal Loÿa Soares Silva Professora no Colégio Valsassina desde 1965 Diretora dos Departamentos Didáticos

A Escola do Futuro já existe? A Escola - um espaço verde, cuidado, com vários campos dedicados a atividades de ar livre e práticas desportivas variadas. Salas amplas, luminosas, onde os alunos se possam organizar por grupos, facilitando os debates, a comunicação e o diálogo professor/ aluno. Novas tecnologias ao serviço de várias formas de conceber a aprendizagem e não como um fim em si mesmas. Laboratórios multiusos, verdadeiros polos de investigação/inovação. Um espaço cultural, onde convivam diferentes expressões de Arte; com centros de recursos com oferta variada de livros e materiais, espaços propícios à criação de comunidades de leitores, à promoção de ateliers de escrita criativa. Uma escola aberta à sociedade, com contactos com o mundo laboral, político e cultural, solidária e comprometida com as grandes causas do ambiente, das carências sociais, dos direitos humanos, da paz. Alunos - criativos, curiosos, inovadores, autónomos, com sentido crítico, com gosto por aprender de forma lúdica, trabalhando em equipa, tolerantes face às diferenças, privilegiando a aprendizagem, a colaboração em vez da competição. Professores - visionários, que dedicam a sua vida a ensinar e a aprender, numa constante procura do conhecimento, abertos à mudança, trabalhando em equipas multidisciplinares, disponíveis para cada aluno, aceitando as diferenças. Professores orgulhosos da sua profissão de educadores e conscientes da sua importância na sociedade.

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A natureza na Quinta Desde cedo que o Colégio Valsassina ensina os seus alunos a compreender a importância da Natureza. No Colégio estamos em contacto permanente com árvores, com diversos pássaros e com os mais pequenos animais. Isto apenas nos é possível porque aprendemos numa quinta. Logo, a meu ver, no futuro seria importante que o Colégio desse a possibilidade aos alunos de plantarem árvores nos espaços ainda livres da Quinta das Teresinhas. A plantação anual poderia ser realizada pelos alunos e iria, talvez, permitir que os estragos feitos ao planeta diminuíssem. Além de tentarmos preservar a natureza no Valsassina, temos também de assegurar que às futuras gerações é mostrada a importância de termos a possibilidade de estar em permanente contacto com a Natureza.

Maria Braga Aluna do 11.º ano, 2018/2019

Maria Carolina Alemão Aluna do 10.º ano, 2018/2019

Educação não é gerar competição A verdade é que é comum que as pessoas associem escola a testes, pessoas a números e se esqueçam de que a principal função da escola é a educação. Educação não é gerar competição e disputa entre notas mais altas; não é só avaliar as competências do aluno em folhas de ponto. Educação é, pois, desenvolver a criatividade e curiosidade que existe dentro de nós; é fornecer todos os mecanismos necessários para voarmos, sempre, mais alto e atingir o nosso objetivo, o nosso sonho, mesmo que, por vezes, pareça impossível; é nada mais, nada menos, que desenvolver a potencialidade humana. E assim espero que as futuras gerações do Colégio Valsassina escrevam, daqui a 120 anos, não um texto sobre como melhorar o ensino, tal como eu fiz, mas sim uma composição sobre o quão eficaz é a educação nesse tempo.

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Uma revista científica Foi no Colégio Valsassina que me tornei uma jovem cientista. A oportunidade dada aos alunos do Ensino Secundário de desenvolverem o seu projeto de investigação é indubitavelmente benéfica para o seu desenvolvimento pessoal e académico. Nesse sentido, e em paralelo com a Gazeta Valsassina, sugiro a criação de uma revista científica do Colégio Valsassina, na qual os artigos escritos pelos alunos, expondo os resultados dos projetos, seriam compilados e publicados anualmente. Numa altura em que a eficaz comunicação em (e de) ciência se revela indispensável, considero que esta seria uma forma dinâmica de divulgar os trabalhos a familiares, comunidade educativa e à própria comunidade científica e outros jovens cientistas. Nos últimos 120 anos, o Colégio Valsassina distinguiu-se pela inovação e pela formação multidisciplinar que oferece. Numa escola onde, além de aprender, se faz ciência, os próximos 120 anos trarão decerto muitas outras conquistas, sempre com “os olhos no futuro”.

Maria Carreira Estudante de Bioquímica na UCL, em Londres Aluna entre 2015 e 2017

Maria Inês Aleixo Pinheiro Aluna do 11.º ano, 2018/2019

Um Colégio, uma família Imagino o meu Colégio como sempre imaginei quando era pequena, talvez um pouco influenciada pelo que via na televisão. Imagino um Colégio onde, para além da biblioteca, os alunos têm um espaço de convívio só para eles. Um espaço que transmita boas energias, um espaço que sirva não só para descanso, como também para partilhar experiências de vida com os nossos colegas e amigos. Um espaço que crie laços entre alunos, um espaço de conforto em que cada um possa ser o que é realmente. Imagino o meu colégio, num futuro longínquo, como mais do que um simples instituto que forme crianças; imagino o meu Colégio como algo que nos faça criar laços para a vida ou pelo menos criar laços que marcam e não desaparecem assim que pomos um pé fora de lá. Imagino o meu Colégio, daqui a 120 anos, mais unido, um Colégio em que, mais que professores e alunos, sejamos todos uma família.

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A mobilidade e a independência na 4.ª idade A longevidade tem alcançado (em pouco tempo) números muito elevados, o que levou a criar a definição de 4.ª idade, que é ainda uma etapa da vida na qual nos sentimos úteis e com projetos. Simultaneamente, observa-se uma redução na dimensão dos agregados familiares e uma desertificação humana sentida mais fortemente no interior do país, mas que certamente chegará aos centros urbanos. É urgente educar os jovens para o apoio necessário a dar a estas sociedades envelhecidas, que terão dinâmicas de funcionamento diferentes das que hoje praticamos. E essas dinâmicas devem ser inclusivas e ativas: ter como objetivo desenvolver uma 4.ª idade ativa. Atualmente existem alguns movimentos (por exemplo, na universidade sénior) que localmente aplicam estas atividades de inclusão. Mas um problema que não tem sido pensado e solucionado é a autonomia, independência e mobilidade das pessoas nesta fase da sua vida. Temos um elevado número de idosos “presos” em casa ou em instituições. Abrem-se aqui várias oportunidades para projetos futuros, na área da arquitetura urbana, acessibilidades, lógica de funcionamento de bairros, entre outras. Fica o desafio!

Maria de Jesus Perry da Câmara Saldanha Rocha Professora universitária Mãe e Encarregada de Educação de uma atual aluna do 8.º ano

Maria Joana Brito Aluna do 10.º ano, 2018/2019

120 Anos no Futuro “Todo o mundo é composto de mudança, / tomando sempre novas qualidades” Luís de Camões. Com o avanço nas mais diversas áreas, onde a nossa espécie caminha para um futuro melhor, são esperadas alterações incalculáveis. A adaptação tornar-se-á numa ferramenta de sobrevivência. A educação, a base da formação de todos nós, que nos permite ter um papel ativo na sociedade, necessitará de sofrer também uma evolução. Não podemos educar para o presente, só para o futuro. Eu penso que as escolas deveriam oferecer um maior leque de opções para os seus alunos. Estes seriam detentores de algum do poder de escolha no que se refere às disciplinas a frequentar, consoante a sua vocação. As disciplinas em si deveriam abranger várias áreas, sendo algumas gerais e obrigatórias para todos, e outras opcionais, preparando-nos para a vida adulta. Desta forma, o caminho académico seria construído através de uma comunhão entre o aluno e a escola.

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As artes presentes na educação e ao longo da vida As Artes na Educação não são um milagre transformador. Permitem, sim, a vivência e a convivência com mundos sensíveis, individuais e globais. Qualquer um pode ser uma pessoa criativa e apta na resolução de problemas, culta, interventiva e liberta. A inclusão das Artes na Educação de modo ativo é uma forma de explorar o mundo, de compreender e integrar conhecimentos, de aprender a conhecer-se a si e aos outros e de promover o respeito pela diferença. Consequentemente, é filosofia de educação para o entendimento. Orientada em função do perfil do aluno, favorece a motivação por aprender com base na curiosidade, criatividade, experimentação, reflexão e concretização. Quem pratica as Artes reconhece que o seu valor é inestimável. Que um dia haja equilíbrio entre Artes, Humanidades e Ciências, nas aprendizagens escolares e ao longo da vida, é a minha visão de futuro.

Maria João Craveiro Lopes Professora de Expressão Matemática no Colégio Valsassina

Maria João Godinho Professora de Inglês no Colégio Valsassina

Projetos Erasmus+ O Erasmus+ é o programa da UE para a educação, formação, juventude e desporto. Oferece a milhões de europeus a oportunidade de estudo, formação, aquisição de experiência e voluntariado no estrangeiro. Hoje em dia, a possibilidade de abrir novos horizontes a educandos e educadores através do contacto com outras pessoas, países, culturas, vivências e formas de desenvolvimento, é sem dúvida uma grande mais-valia para qualquer escola. A minha proposta vai no sentido de o Colégio se candidatar e promover diversos projetos no âmbito do programa Erasmus+, tais como: Mobilidade individual para fins de aprendizagem (as organizações podem enviar e receber estudantes e membros do pessoal para e de países participantes, bem como organizar atividades de ensino, formação, aprendizagem e voluntariado); Inovação e boas práticas (promover a cooperação, a aprendizagem entre pares e o intercâmbio de experiências); Desporto (levar a cabo atividades conjuntas para promover o desporto e a atividade física).

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30 minutos de leitura Proponho terminar o dia, no caso dos alunos do 1.º ciclo, com a leitura de um livro, ou a contar uma história. O objetivo é entusiasmar os alunos para a leitura e que esta se torne um hábito.

Maria de Lourdes Marques Professora do Ensino Primário na Reforma Bisavó de uma aluna do Colégio Valsassina

Maria Lucília Baptista Educadora de Infância do Colégio Valsassina

Tenho pensado muito sobre o futuro. Estou no Colégio desde 1978, já acompanhei diferentes correntes na educação, várias gerações em diferentes épocas e, neste momento, penso que estamos num ponto crucial da nossa história, com a revolução tecnológica a entrar na vida das crianças, e vejo crianças com facilidades e competências digitais superiores às minhas e talvez às da maioria! Sinto os alunos mais curiosos, mais questionadores, mais ávidos de conhecimento, mas ao mesmo tempo imaturos emocionalmente e com dificuldades em ouvir o outro e respeitar o outro. Também a nível motor, há agora mais dificuldade nas destrezas motoras finas e grossas. Penso que o investimento está no Aprender a Pensar (organizar pensamentos, criatividade e imaginação e verbalizar ideias e pensamentos) e Aprender a Amar (conhecer-se, identificar a sua individualidade, as suas competências, sucessos e fracassos, amar-se e aceitar-se, amar o outro, respeitar e aceitar o outro, ser sociável e compartilhar com o outro).

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Circuitos de comunicação: partilhar, cooperar, divulgar e aprender Diariamente, os nossos alunos são encorajados a comunicar, a partilhar e a cooperar para aprender. Apesar dos circuitos de comunicação já existentes no Colégio, ainda são muitos os trabalhos, projetos e atividades desenvolvidos e apresentados dentro das salas de aula que não chegam a ser divulgados a toda a comunidade educativa. A ideia seria proporcionar, com periodicidade ainda a definir, três momentos de comunicação (em primeiro lugar, entre alunos do mesmo ciclo; em segundo lugar, entre alunos de diferentes ciclos; em terceiro lugar, aos pais) e partilha de trabalhos / projetos / atividades desenvolvidos, nas diferentes áreas curriculares, por forma a valorizar e motivar ainda mais os nossos alunos e, simultaneamente, desenvolver o domínio da linguagem oral. Estes seriam momentos não só de exposição, mas também de diálogo, com perguntas, troca de opiniões e comentários. Momentos de partilha, cooperação, divulgação e de aprendizagens significativas.

Mariana Marques Professora do 1.º Ciclo do Ensino Básico

Mariana Reis Aluna do 11.º ano, 2018/2019

Maior orientação psicológica Quando me deparo com a ideia de uma geração Valsassina a celebrar os 240 anos do Colégio, no futuro, não hesito em pensar acerca de como virá a ser a vida ao longo dos tempos com os milhares de invenções e factos sobre o que nos rodeia e sobre o que ainda viremos a descobrir. Quando me perguntaram o que poderemos melhorar para o futuro, a minha mente foi imediatamente para algo que nos diz diretamente respeito: maior orientação psicológica. A meu ver, no futuro, as escolas devem oferecer uma maior ajuda e orientação emocional, desde o Infantário até ao final do Secundário. Se olharmos para a recente importância que a sociedade começou a dar a assuntos como a saúde mental/ psicológica de cada um, a ideia não parece assim tão fantasiosa. Precisamos de guiar mais e melhor as nossas crianças para que elas encontrem facilmente a confiança, independência e calma mental que serão uma mais-valia nas suas vidas futuras, ao lhes oferecermos com honestidade as ferramentas para elas próprias decidirem o seu caminho.

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Comunicar para aprender Há já muito tempo que a escola é muito mais do que um espaço onde se estuda o que vem nos livros. Cada vez mais, é na escola que os nossos alunos adquirem as “ferramentas” necessárias para a vida profissional e para o enriquecimento das suas vidas pessoais de forma a conseguirem interagir com os outros e a terem um papel cada vez mais ativo na sociedade, servindo de exemplo às gerações futuras. É na escola que as nossas crianças aprendem a tomar decisões de forma mais segura e consciente. É através da partilha de conhecimento, da experimentação, da capacidade de questionar o que as rodeia, que vão crescendo de forma mais completa e enriquecedora. A sala de aula é um espaço privilegiado para desenvolver estas competências porque é onde se sentem protegidas e acolhidas. Para o futuro, imagino uma maior interação entre os diferentes níveis de ensino. Por exemplo, os colegas mais velhos seriam convidados a despertar a curiosidade nos mais novos, apresentando alguns conteúdos curriculares ligados ao seu dia a dia. Esta interação iria motivá-los não só a aprofundar conhecimentos, mas também a desenvolver competências de comunicação.

Mariana Vasco Professora do 1.º Ciclo Professora no Colégio desde 1999

Marina Martins Professora de Ciências Naturais no Colégio Valsassina

De mãos dadas, para o futuro Agora, que me sento a pensar e a escrever sobre o futuro, constato que sempre associei essa palavra a um “lugar” utópico, eternamente inatingível… Mas hoje, desafiada a olhar para os próximos 120 anos do Colégio, compreendo que o futuro está afinal mais perto e mais tangível, materializando-se na consequência imediata das nossas escolhas e ações todos os dias… Nós fazemos o futuro! Assim, enquanto educadora dos próximos protagonistas dessa “nova Era”, que se adivinha essencialmente tecnológica e digital, reconforta-me saber que, por trás das máquinas e dos números, continuarão a estar aqueles que ainda aprenderam a escrever à mão, a ler em livros de papel, a contar pelos dedos e a brincar com as mãos na terra. E esse será sempre o meu maior compromisso, do presente para o futuro: zelar pela manutenção do equilíbrio entre a vanguarda e o humanismo que, de mãos dadas, elevam e distinguem o Colégio Valsassina.

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Uma escola Feliz Sonho com uma escola mais feliz. Onde a tecnologia não supere a bondade e a esperança. Onde as máquinas não ultrapassem a capacidade de procurar a mão de quem precisa da nossa. Onde a correria de todos os dias não deixe esquecer a calma necessária para olhar para o nosso aluno, para o nosso colega, para o nosso amigo e até para aquele de quem não gostamos tanto. Sonho com uma escola mais feliz. Onde os alunos levantem os olhos dos ecrãs e olhem para o céu para ver os pássaros, as árvores ao fundo da rampa ou as nuvens a correr mais ou menos devagar. Sonho com uma escola mais feliz. Onde a tecnologia não supere o valor das nossas mãos, da nossa humildade, da nossa coragem, da nossa garra, da nossa entrega, dos erros que nos fazem crescer e aprender. Sonho com um futuro onde estejamos juntos.

Marta Arrais Professora de Inglês no Colégio Valsassina

Marta Maria Magalhães da Silva Arquiteta e aluna do Mestrado em Ensino de Artes Visuais Aluna do colégio entre 2005 e 2011

O horário invertido No futuro, julgo que as atuais atividades extracurriculares irão estar no centro do currículo e aquelas que hoje consideramos centrais — como a Matemática, as Línguas, as Ciências ou a História — serão apenas ferramentas que ajudarão os alunos a desenvolver as suas áreas de interesse. O horário escolar estará invertido: a maior parte do tempo será dedicado às Artes Visuais, à Música, à Dança, ao Desporto, à Escrita Criativa, aos projetos de voluntariado, às ações cívicas, investindo-se na diversidade de experiências, pontuada apenas por momentos de estudo das “disciplinas convencionais”. Teremos uma escola pensada para que os alunos se possam descobrir a si próprios, conhecendo os seus interesses, capacidades, fragilidades, sonhos. O desafio da aprendizagem será a aquisição de conhecimento sobre o mundo interior, já que a informação sobre o mundo exterior estará acessível a todos, através da Internet e de novas formas de comunicação, exigindo, porém, uma enorme capacidade de seleção crítica para que esta se torne conhecimento.

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Um Colégio com coração O Colégio Valsassina celebra este ano os seus 120 anos. Foram 120 anos em grande, a evoluir de ano para ano. O Colégio Valsassina é uma escola que ajuda, que respeita, que não discrimina e onde o mais forte é a amizade. É fantástico crescer e aprender numa escola onde todos somos diferentes, mas iguais, onde acreditamos uns nos outros, onde nos ajudamos uns aos outros. Tenho a certeza de que os alunos que passam por este Colégio levam alguém, ou algo, no seu coração, para o resto das suas vidas. Todas estas características acompanharam o Colégio Valsassina ao longo destes 120 anos e irão acompanhá-lo nos próximos 120 anos.

Martim Begonha Aluno do 11.º ano, 2018/2019

Miguel Filipe Mochila Professor do Colégio Valsassina entre 2012 e 2015

Oficina de Expressão Num tempo funcionário, com a vida capitalizada na reificação dos fins (materiais, sociais), uma escola com visão educativa não se pode demitir de encontrar um espaço que permita salvar a pessoa no que nela extravasa o compromisso com a utilidade pública. Na escola do futuro, capaz de compreender a urgência de um projeto de humanização da pessoa, do seu bem-estar e da sua alegria, único valor que não deve ser posto em causa por nenhum outro, haverá por força uma Oficina de Expressão, onde alunas e alunos de todas as faixas etárias poderão, num ambiente informal e criativo, desenvolver atividades como pintura, desenho, escrita criativa, leitura comentada, expressão dramática, dança, improviso musical, escultura, colagem, jardinagem, entre outras, bem como conversas informais com grupos de pessoas de outras gerações e/ou oriundas de outras realidades geográficas e socioeconómicas. Para tal, a escola deverá contar com um grupo de orientadores vocacionais que trabalharão com grupos não demasiado extensos de alunos, grupos estes heterogéneos e flexíveis, que extravasam a lógica da organização por turma e idades/níveis, permitindo a cada aluna e aluno definir o seu próprio caminho expressivo, construindo o seu próprio arquivo e projeto de experiências.

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Desenvolvimento das competências sociais e humanas Vivemos numa época de profunda e veloz transformação tecnológica. Muitos dos empregos do futuro ainda estão a ser criados. Estamos a educar crianças para um futuro que poderá ser muitíssimo diferente da realidade que hoje conhecemos. Porém, penso que será relevante reforçar o desenvolvimento das competências sociais e humanas e da criatividade. Sugiro um programa que estimule a conexão e a empatia entre os alunos, o desenvolvimento da capacidade de se colocarem no lugar do outro. E também um programa de reforço da autoestima, que os ensine a ser resilientes e a olhar a mudança de forma otimista, com curiosidade e entusiasmo. A capacidade de se adaptarem a novas realidades será certamente essencial. E para fazerem o seu caminho precisarão de confiança, mente aberta e valores fortes. Que a tecnologia seja uma oportunidade, mas que não leve à perda da humanidade.

Mónica de Sampaio Bessone Diretora de Comunicação, Grupo José Avillez Mãe de um aluno do 5.º ano

Mónica Dias da Silva Professora de Português, no Colégio desde 2002

Criar Sugiro, como ideia para o futuro, construir uma pequena sala de leitura com livros levados pelos alunos onde uma vez por mês se discutiria um título. Desta forma, conseguir-se-ia levar os alunos a partilhar as suas reflexões, fomentando espírito crítico e a paixão pela leitura.

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Sala de aula do futuro Sugiro uma sala de aula do futuro a que todas as turmas do 1.º ciclo teriam acesso de forma rotativa e calendarizada, saindo assim da sala de aula tradicional e contactando com uma forma de aprender diferente e mais direcionada para o futuro. Trata-se de uma sala onde, além das mesas e cadeiras, existem várias zonas de aprendizagem, tecnologia e também podem existir sofás ou poufs, porque os alunos não estão todos a fazer o mesmo, ao mesmo tempo. O desafio para professores e alunos é diferente: em vez do ensino transmissivo, procura-se ensinar com espaços de interação, de projeto, de investigação, etc. A ideia é desenvolver novas metodologias, recorrendo não só às novas tecnologias como também a novos espaços educativos.

Nelma Pinheiro Professora do 1.º Ciclo do Ensino Básico

Nuno Lourenço Director LG Electronics Encarregado de Educação

Escola de consumo zero Acho que a gestão dos recursos energéticos será o grande desafio para os próximos anos. Desta forma, desafio o Colégio Valsassina a ser a primeira escola de consumo zero do nosso país, tornando-se num edifício autossustentável. Para isso, deverão ser instaladas energias renováveis como, por exemplo, painéis fotovoltaicos e baterias de armazenamento para evitar o consumo energético de energias fósseis. Acho que seria um grande exemplo para o país e para os alunos.

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A escola como incubadora de talento É meu entendimento que a escola tem de estar muito atenta às mudanças de paradigmas e novas exigências na sociedade em geral e no mundo do trabalho em particular, condição necessária para que possa atingir o seu objetivo primordial, que deve ser munir os seus alunos de ferramentas que os tornem competitivos no mundo laboral em que vão ter de se integrar. Com este objetivo em mente, penso que a preparação dos alunos deveria ter um cariz mais prático, orientado para uma eficiente resposta aos problemas práticos que estes alunos vão ser chamados a resolver. Assim, deixo como sugestões: 1 – Preparar cada vez melhor os alunos para a apresentação pública do seu trabalho. Essa apresentação pública das ideias, de forma bem estruturada e atrativa, é a primeira condição para captarmos a atenção dos nossos interlocutores, seja qual for a situação em causa. Os alunos deveriam desenvolver muito mais esta competência, fazendo apresentações para os alunos do mesmo ano de ensino, de temas a escolher por eles ou pelos professores, temas esses sempre relevantes e em debate na sociedade.

Nuno Miguel Henriques Médico Encarregado de Educação de dois alunos, no 9.º e 12.º anos

Essa preparação deveria ser feita pela frequência de aulas com especialistas em comunicação, linguagem corporal e valorização pessoal/coaching. Os alunos deveriam aprender como estar em público, onde se colocar, como projetar a voz. Essas apresentações deveriam ser avaliadas sob o ponto de vista formal e não só do conteúdo. 2 – Deveria haver uma muito maior aproximação da escola às empresas, em particular empresas de sucesso, nas diferentes áreas da economia e com impacto no tecido social e hábitos de vida. Proponho, por exemplo, além de visitas e estágios a empresas nacionais na área da industria e serviços, que a viagem de finalistas do 9.º ano fosse substituída por uma viagem, por exemplo, a Silicon Valley, para visitarem as empresas mais relevantes e impactantes no nosso modo de vida (ex.: Apple, Microsoft, Tesla), onde os alunos teriam ocasião de falar com pessoas relevantes na estrutura (idealmente, os fundadores), para perceberem no terreno como se passa das ideias à sua concretização.

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Formação pela mitologia Partilhemos a simbologia ligada à mitologia: por exemplo, o simbolismo de Vénus, Apolo, entre outras figuras mitológicas. Através da mitologia é possível contribuir para a cultura geral, para o autoconhecimento e para que cada um encontre mais facilmente o sentido da vida.

Olga Maia Seco Empresária Avó de uma aluna de 3 anos

Patrícia Franco Rodrigues Professora de Português no Colégio Valsassina

Se a Literatura ensina, como poderemos (não) ensiná-la? Partindo dos versos «Na minha juventude antes de ter saído / da casa de meus pais disposto a viajar / eu conhecia já o rebentar do mar / das páginas dos livros que já tinha lido», de Ruy Belo, ouso afirmar que os primeiros países que visitámos e os primeiros amigos que fizemos existiam/viviam em livros — ou nas histórias que nos contavam ou nas histórias que líamos. Imaginar mundos e pessoas contribui para a construção de um universo imagético que nos salva dos lugares comuns — ou, como diria Nietzsche, “temos a arte para não morrer da verdade”, para nos salvar dos céus cor de chumbo e dos balcões de zinco. A literatura dá significado ao que nos rodeia e leva-nos a alargar as muralhas do nosso conhecimento, além de que ajuda a construir e a sustentar o pensamento crítico. Por tudo isto, gostava que o Valsassina do Futuro tivesse disponível para escolha a disciplina de Literatura Portuguesa, e que fosse possível criar um grupo de leitura com um encontro mensal onde se estabelecesse um diálogo entre os leitores da obra escolhida para esse mês e que se pudessem expor e discutir as várias leituras significativas/interpretações que essa mesma obra sugeriu.

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Uma escola para o mundo Proponho oferecer o IB Diploma Programme (International Bachalaureate). Uma escola para o futuro deve oferecer o mundo aos seus alunos. O IB Diploma Programme é reconhecido nas melhores universidades de todo o mundo e as escolas que o adotam oferecem aos seus alunos, não só as oportunidade nacionais, como também as internacionais.

Paula Silva Empresária Mãe de dois atuais alunos

Paulo José Alves Victória Professor de Educação Moral e Religiosa no Colégio Valsassina

Semana Solidária «Pelo sonho é que vamos, comovidos e mudos. Chegamos? Não chegamos? (…) — Partimos. Vamos. Somos.» Tal como Sebastião da Gama, acredito no poder do sonho. Sonho um dia criar no Valsassina uma Semana Solidária. Esta atividade, a desenvolver além das atividades letivas, deve aspirar à participação de todos: alunos, pessoal docente e não docente, bem como encarregados de educação. O Valsassina beneficia de um espírito de família que passou dos fundadores para toda a comunidade educativa. Desenvolver-se-á numa comunidade onde as carências materiais e/ou afetivas sejam notórias e que esteja disposta a receber-nos. Pode ser um bairro urbano ou uma aldeia rural. Durante uma semana, os participantes, munidos do material necessário para pequenos arranjos materiais e de muita vontade para animar a solidão e o abandono dos seus habitantes, procurarão deixar uma marca da responsabilidade e solidariedade social que consta da Missão e Visão do Colégio e do perfil do aluno Valsassina.

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O futuro é criatividade, colaboração, e não repetição O atual processo educativo privilegia o ensino para obtenção de resultados e é baseado em muitas horas de trabalho: dito de outra forma, trabalho duro e repetição. Isto, em si mesmo, não tem nada de errado, dá bons hábitos e bons valores na formação dos jovens. Contudo, estão a ser preparados para um mundo que não vão encontrar. No mundo com que se vão confrontar, grande parte destas tarefas será feita por Inteligência Artificial e por Robótica. Estamos a preparar jovens para a inaptidão! As competências de que vão precisar são outras, como a criatividade, a colaboração, a empatia, entre outras. O mundo está a mudar e o ensino, de uma forma geral, não está a acompanhar. Seria bom que o Colégio que sempre esteve na vanguarda educativa volte a desafiar-se e mude a forma como pensa o desenvolvimento das competências e das capacidades dos jovens para o mundo que vão encontrar.

Paulo Neto Coach Encarregado de Educação de duas alunas (2009–2017; 2011–2019)

Pedro Alpuim Professor do 1.º Ciclo no Colégio Valsassina Professor no Colégio desde 2013

Salas de investigação Numa sociedade cada vez mais digital, o desafio é levar que os nossos alunos tenham “Salas de Investigação” onde possam realizar projetos/investigações sob a tutoria de professores especializados em diversas áreas do currículo. O objetivo seria os alunos poderem escolher as temáticas de investigação e, de forma autónoma, mas cientificamente apoiada, poderem materializar as suas investigações. Uma vez concluídas as investigações, os alunos poderiam apresentar uma pequena dissertação com as conclusões alcançadas à comunidade educativa. Estas salas de investigação poderiam proporcionar o desenvolvimento das competências do currículo, assim como um conjunto de habilidades não cognitivas que podem ter outros nomes, como comunicação assertiva, adaptabilidade, proatividade ou iniciativa.

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Mentes brilhantes no mundo digital No passado, a programação e os computadores eram temas de informáticos. Na realidade de hoje e de amanhã, o Digital faz parte integrante da vida de todos. A escola deverá fortalecer o investimento e integração dos alunos com a transformação Digital, com o objetivo de estimular o raciocínio lógico, a análise e a resolução de problemas, e promover a integração social e profissional. Algumas linhas de atuação a desenvolver na escola passam pela introdução do ensino de Programação (desde os 4/5 anos), pela natural utilização de equipamentos e plataformas digitais em sala de aula como suporte à execução de trabalhos, pela promoção de atividades extracurriculares e hackatons associados à temática Digital/Robótica, e acima de tudo (isto é, da própria “tecnologia”) contribuir para a consciencialização histórica da evolução tecnológica e dos impactos na sociedade em geral e nas pessoas. O Digital é de todos e para todos e o ensino tem um papel fundamental na preparação de novas mentes brilhantes que vão definir este novo contexto.

Pedro Dias Consultor de Gestão, Director IT Advisory na KPMG Pai de aluno do Jardim de Infância

Pedro Sampaio Investigador em biologia do cancro Aluno do Colégio Valsassina entre 1990 e 2002

Educação para o futuro Parte do que fez do Colégio Valsassina um projeto educativo com tanto sucesso, e com um impacto tão profundo no meu percurso académico, prende-se com a abordagem holística que sempre teve com a educação. Desde cedo somos incentivados a desenvolver o nosso pensamento científico e literário, e a completá-lo com um interesse nas artes e no desporto. Muito se tem escrito sobre o impacto que a automatização e o desenvolvimento tecnológico associado à inteligência artificial terá no nosso futuro como sociedade. Carros automatizados são cada vez mais uma ideia do presente, como o serão linhas de produção automatizadas, com impacto significativo nos empregos do futuro. No entanto, enquanto competências básicas serão inevitavelmente e gradualmente substituídas por alternativas tecnológicas, existem funções que dificilmente abdicarão de um toque humano. Entre estas parecem-me essenciais a criatividade, pensamento crítico e resolução de problemas, bem como a inteligência social, essencial para a resolução de problemas em equipas. O Valsassina do futuro saberá moldar a sua filosofia holística a estes novos desafios em todos os níveis letivos, combinando a educação tecnológica (robótica, informática e afins) com as competências humanas essenciais para este admirável mundo novo.

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Ter a oportunidade de oferecer algo ao mundo No futuro, o método educativo será mais dinâmico do que teórico. De uma forma geral, em Portugal, o sistema de educação resume-se aos professores a darem a matéria e os alunos a despejarem da melhor forma nos testes para obterem os melhores resultados. A escola deverá oferecer diferentes tipos de avaliações porque os testes são base de memorização, onde só se consegue fazer aquilo de que nos lembramos no momento. A escola não deveria ser considerada pela maior parte dos alunos como “prisão”, mas isto só acontece por o nosso sistema educativo ser um ciclo repetitivo e fazer pouco para despertar o interesse dos alunos e, além disso, não ensinar nada fora da caixa. É na escola que reconstruímos o nosso pensamento e temos imensas dúvidas, a escola deveria ajudar no sentido de aumentar a ambição dos alunos de conquistarem os seus sonhos, e não fechar portas. Às vezes, aquele aluno que tem sempre más notas chega a ter capacidades para mais, por exemplo, descobrir a cura de uma doença. Porém, pelo reconhecimento valorativo de boas notas, isso nunca irá acontecer. A escola deveria dar a conhecer a individualidade de cada um, pois cada um de nós é diferente e todos devíamos ter a oportunidade de oferecer algo ao mundo.

Rafaela Almeida Aluna do 10.º ano, 2018/2019

Rafaela Maia Aluna do 7.º B, 2018/2019

Uma Escola do Futuro Menos castigos, mais reflexão, talvez substituí-los por meditação. Um anfiteatro ao ar livre, para aulas de leitura. Mais ligações às artes e, já agora, à cultura. Extinguir a discriminação, porque todos temos coração! Aumentar a sensibilização, repensar a palavra não. Ligar-nos à natureza, criar mais almas boas. Porque de cérebros, não é de certeza, a escola é feita de pessoas!

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+ Saúde A saúde e bem-estar psicológicos suportam uma aprendizagem bem-sucedida e vice-versa. Sabemos também que a intervenção apenas ao nível remediativo não impede o surgimento de novas problemáticas. O contributo que apresento centra-se no desenvolvimento de um programa de saúde escolar focado na prevenção e na promoção da saúde e bem-estar, operado de modo consistente em estreita ligação com o currículo e os diferentes anos de escolaridade, o ambiente escolar e os serviços de apoio. A conceção e monitorização do programa estariam a cargo de uma equipa que integraria coordenadores de ano, docentes, psicólogos e outros técnicos especializados, em articulação com a Direção Pedagógica. O programa abarcaria diversas modalidades: análise dos currículos dos vários anos de escolaridade para possibilitar a coerência e evitar a sobreposição de conteúdos, e a promoção mais direta de competências, com recurso a métodos ativos (debates, jogos pedagógicos com reflexão, teatros-debate, visitas de estudo, projetos em benefício da comunidade, entre outros).

Raquel Raimundo Psicóloga no Colégio Valsassina

Rita Carvalho Aluna do 11.º ano, 2018/2019

Ser Feliz... Vivemos numa época em que as aparências importam mais que a personalidade. E todos nós temos opiniões diferentes. Ter uma opinião é positivo, no sentido em que demonstra caráter, e negativo, se a pessoa não a souber expressar da maneira adequada. Veja-se o exemplo do vestuário: principalmente na fase da adolescência, a grande maioria das raparigas e dos rapazes gosta de se vestir com “pinta”; contudo, nem todos gostam ou querem vestir-se como os outros, muitos adolescentes gostam de ser arrojados no seu estilo, ou porque querem ser diferentes ou porque simplesmente se sentem confortáveis. Este ser diferente dá azo a bullying e a “chacota”, da parte da grande massa de estudantes que se veste toda seguindo a mesma tendência. A minha proposta seria voltar a ter um uniforme, de modo que ninguém se sentisse inferior ou superior, porque estaríamos todos iguais, e desse modo poderíamos relacionar-nos com os outros pelo que eles são realmente e não pelo que eles aparentam ser. O uniforme não deve ser tomado como falta de liberdade de expressão ou uma “roupa feia”, os uniformes podem ser bastante trendy e desse modo eram obrigatoriamente cumpridas as regras que estão no regulamento do Colégio, como as calças rasgadas, calções, etc. Imagino o meu Colégio daqui a 120 anos com todos os alunos a quererem vir ao Colégio e principalmente a serem felizes aqui, porque as nossas diferenças são o que nos torna especiais.

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O futuro só acontece com a nossa ação Pensamos sempre no futuro como algo muito avançado, mas será que no passado já pensavam isso da nossa geração? Pensar, pensar, pensar. E agir? O futuro só acontece com a nossa ação. A meu ver, a escola deveria ter mais aulas práticas, de forma a termos uma melhor perceção do mundo exterior. Ter uma aula específica (facultativa) para quem se preocupa com os problemas do mundo atual (ambiente, fome, guerra, entre outros), porque é importante que alguém neste mundo se preocupe com um bem que é de todos. Devia haver mais aulas no espaço exterior para vermos de perto o que temos de proteger juntos e também porque os “ares” da sala de aula tornam-se “tóxicos” e convertem-nos ao sedentarismo, e também é bom variar às vezes, não é verdade?

Rita Lameiras Rodrigues Aluna do 7.º B, 2018/2019

Rita Valsassina Amaral Médica Pediatra

Crianças, jovens e adultos saudáveis

Aluna do Colégio entre 1990 e 2007

O Valsassina sempre procurou não limitar a educação ao ensino in stricto sensu, mas complementá-la com outras aprendizagens e conhecimentos da vida, formando jovens mais conscientes, informados e responsáveis Educar para a saúde sempre foi uma missão do Valsassina e será um dos desafios para os próximos anos. Os estudos atuais demonstram que grande parte dos problemas de saúde estão relacionados com o estilo de vida, e comportamentos de risco. É fundamental dotar as crianças e os jovens de conhecimentos, atitudes e valores que os ajudem a fazer opções e a tomar decisões adequadas ao seu bem-estar físico, social e mental, bem como à saúde dos que os rodeiam. Ao mesmo tempo, é importante capacitá-los para saberem interpretar a informação e, sobretudo, a contrainformação sobre saúde a que diariamente estão expostos, permitindo-lhes fazer escolhas conscientes e informadas. Cada vez mais somos incentivados a fazer escolhas por estilos de vida saudáveis, como uma alimentação diversificada e a prática de exercício físico regular, mas simultaneamente recebemos múltiplos apelos para fazer o oposto: a fast-food, os jogos de computador, a PlayStation, os telemóveis e a redução das horas de sono são disso exemplo. Educar para a Saúde, conferindo às crianças e jovens um papel interveniente e preventivo, é assim uma missão e um desafio para os próximos 120 anos do Valsassina!

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Novelas Científicas do Valsassina As gerações de futuros alunos serão, tal como a atual, uma geração de nativos digitais. Então porque não ensinar Ciências, explorando esta caraterística? As novelas gráficas pedagógicas são uma estratégia de ensino-aprendizagem que incide numa relação entre o aluno (o autor) e a atividade que realiza (o enredo), de forma gráfica e tendo como foco atividades de ensino-aprendizagem (Fernandes & Barbeiro, 2015)1. Juntamente com esta estratégia, a ideia seria abordar, da forma mais prática possível, o Programa de Ciências, explorando a região em que o Colégio está inserido. Assim, ao longo do ano, cada turma criaria a sua novela, um conjunto de episódios que retratará a Ciência que existe no Valsassina. No final do ano resultará uma novela de 120 minutos que contará a Ciência que faz parte do nosso quotidiano! 1.

Fernandes, J. & Barbeiro, L. (2015). Design de novelas gráficas pedagógicas como ferramentas de investigação, prática educativa e desenvolvimento profissional. Em XVI ENEC – Ciência como cultura (pp 735-742). Universidade de Lisboa: Instituto de Educação.

Sílvia Filipa da Silva Firmino Professora de Ciências Naturais no Colégio Valsassina

Sofia Amaral Aluna do 11.º ano, 2018/2019

O nosso mundo amanhã 120 anos... daqui a 120 como será o nosso mundo? É estranho pensar nisso, uma vez que é mais tempo do que a nossa própria vida. É também o tempo de vida que o Colégio Valsassina tem, um tempo em que mudou e se foi adaptando ao mundo em que vivia, uma vez que também este se foi sempre alterando. Algo por que se tem lutado sempre e que ainda não se atingiu por completo é dar os mesmos direitos quer a homens, quer a mulheres, quer a crianças, independentemente do seu país, profissão e orientação sexual. Nos dias em que vivemos, devido aos ainda presentes preconceitos da nossa sociedade, esta ideia parece até ser algo futurista, sendo que por isto talvez no futuro, daqui a 120 anos, já seja algo enraizado. Daqui a 120 anos provavelmente teremos um mundo onde não se olhe a não ser para o mérito na escolha de candidatos a um emprego, bem como nos salários dados, onde não se ofenda ninguém pela sua orientação sexual e onde os alunos não se tenham de preocupar por não serem escolhidos para um emprego por razões injustas. Assim, daqui a 120 anos o nosso Colégio terá evoluído para uma casa melhor, bem como o mundo, pois estes crescem em conjunto.

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Saber escolher, saber viver! Atualmente, fruto das constantes evoluções e transformações não só a nível tecnológico como também social, assistimos a uma grande mudança no nosso quotidiano, desde a forma como aprendemos até às opções que tomamos diariamente. Neste ciclo de desenvolvimento, também a forma como nos alimentamos e as escolhas que fazemos estão a ganhar um peso significativo nos temas de maior relevância da atualidade. Neste campo, estamos cada vez mais expostos a publicidade enganosa e, muitas vezes, nas opções que tomamos nem sempre escolhemos o que é benéfico e que realmente contribui para preservar a nossa saúde. Entendo que a formação de um aluno deve passar pelas disciplinas tradicionais dos programas curriculares, mas considero que é cada vez mais importante consciencializar os alunos da importância da alimentação e de como esta deve ser saudável e sustentável. Graças a estudos científicos e à tecnologia, sabemos atualmente que o que comemos tem um impacto direto na nossa saúde e é cada vez mais urgente atuar neste sentido e perceber as implicações não só ambientais como também a nível individual.

Sónia Fernandes Responsável Conformidade Encarregada de Educação de um aluno do Jardim de Infância

Neste sentido, venho sugerir que se integrem nos programas curriculares medidas para sensibilizar os alunos e toda a comunidade escolar para a necessidade de mudar mentalidades e hábitos atuais (do consumo exagerado e inconsciente para um consumo racional e ético) na utilização dos recursos do planeta e na forma como nos devemos alimentar. Enquanto mãe, a saúde do meu filho e dos que me rodeiam é uma prioridade constante e este é um tema que começa em casa, mas que poderá ter continuidade na escola. Ao atuarmos neste campo estamos também a contribuir para preservar não só o ambiente como também a sustentabilidade dos recursos, e acima de tudo estamos a atuar na prevenção de doenças conhecidas como as doenças do século (obesidade, diabetes, cancro, AVC). Acredito que criar crianças conscientes é criar seres humanos éticos e sensíveis que sabem tomar decisões com grande impacto positivo. Está nas nossas mãos!

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Dar poder à rádio Como ideia para o futuro, sugiro potenciar e dinamizar a Rádio no Colégio e ter um horário de emissão definido e uma grelha com playlist votada pelos alunos, programas de debate, entrevistas a alunos, professores, antigos alunos e figuras de referência da sociedade civil.

Sofia Varandas Aluna do 6.º ano, 2018/2019

Teresa Cortesão Correia Aluna do 11.º ano, 2018/2019

Valsassina em união Sempre ouvi dizer que a escola é a nossa segunda casa. Talvez até acredite, visto que passamos mais horas nela do que em nossas casas. Mas como é que é suposto eu sentir-me em casa numa escola onde não conheço de maneira familiar vários colegas e professores que me rodeiam? No futuro, eu olho para a nossa escola e imagino áreas de convívio com sofás e talvez uma máquina de bebida e comida, vejo zonas de estudo onde posso fazer os meus trabalhos, rever a matéria, tirar dúvidas ou ainda transmitir o meu conhecimento a alguém que dele precise. Vejo também uma área onde posso conhecer e ter discussões construtivas com os meus professores e, por último, e mais importante, vejo um Valsassina com os seus alunos e profissionais ainda mais unidos.

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120 anos Se pudesse voltar ao Colégio daqui a 120 anos, gostaria de ver todo um espírito de cultura. Clubes de debate, aulas de literatura, palestas sobre a humanidade… E por que não um (ainda) maior contacto entre os mais pequenos e os mais velhos? Aulas de aluno para aluno, porque ninguém nos percebe melhor que os nossos iguais. Um espírito Valsassina apurado, Arte e Cultura, Ciência e Matemática. Cooperação e Progresso. Um Valsassina (ainda) mais à frente.

Teresa Costa Cabral Aluna do 12.º ano, 2018/2019

Teresa Heitor Aluna do Colégio 1963-1965 Presidente do Conselho de Administração

O ambiente de aprendizagem É improvável que, ao longo dos próximos 120 anos, continuemos a aprender os mesmos conteúdos, de modo semelhante e com as mesmas finalidades de hoje. Se já percebemos que o conhecimento não é de per si suficiente para as crianças e os jovens de hoje ultrapassarem os desafios com que se defrontarão no futuro, que mudanças beneficiarão as suas aprendizagens? Maior diversidade de opções pedagógicas? Ênfase nas competências transversais? Multidisciplinaridade tornada obrigatória? Recursos e tecnologia cada vez mais sofisticados? Dotá-los de um papel ativo, desde o jardim de infância, no desenvolvimento do seu percurso, na seleção das suas experiências de aprendizagem e nas abordagens a seguir? O que poderá isso significar? Certamente que a diversidade pedagógica e os interesses dos alunos exigirão capacidades de decisão sobre o curriculum e as práticas pedagógicas. Que o professor trabalhará com os alunos, apontando o significado das aprendizagens e atribuindo-lhes responsabilidades em relação às suas escolhas e ao modo como aprenderão. Que as aprendizagens ultrapassarão os limites físicos da escola, envolvendo outras organizações, outros públicos e outros espaços. Que os alunos criarão comunidades de aprendizagem flexíveis e mutáveis ao longo dos seus percursos de aprendizagem. Que serão avaliados pela capacidade de relacionar conhecimentos, inovar, colaborar e coproduzir conhecimento. E se tudo for diferente deste cenário…?

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Felizes no futuro? A educação terá certamente sempre como objetivo a formação de seres humanos felizes, capazes, preocupados com os outros e com o ambiente. Não será por isso possível conceber uma Escola que não aposte, a par de currículos académicos ricos e inovadores, numa forte educação dos afetos e emoções e nas competências de comunicação e expressão. Com ajuda a das neurociências sabemos já que a aprendizagem começa quando começa a vida e que é nos primeiros anos que mais se podem desenvolver as competências cognitivas, motoras e emocionais — até aos quatro/cinco anos desenvolve-se mais de metade do potencial mental do adulto! É na resposta aos diferentes estímulos na interação com os outros e com o mundo que a aprendizagem acontece. A Escola tem de ser, por isso, um espaço onde, desde muito cedo, cada um se possa encontrar consigo próprio e com os outros, nas mais variadas circunstâncias, para poder crescer de uma forma integral e harmoniosa, desenvolvendo todas as capacidades que a sua individualidade determine. Gerir emoções, relacionar-se com os outros, apreciar a beleza e o que é bom, criar e comunicar são verbos indissociáveis do Adulto do Futuro!

Teresa Marçal Grilo Educadora de Infância

Teresa Sousa Coutinho Conselheira de Imprensa do Parlamento Europeu Mãe e Encarregada de Educação de três alunos do 1.º, 4.º e 8.º anos

Criação de uma disciplina sobre a União Europeia O impacto da União Europeia nas nossas vidas é enorme e são reconhecidos os benefícios da pertença de Portugal à família europeia. Mas tal não se traduz na participação nas Eleições Europeias, em especial entre as camadas mais jovens. Com a introdução no currículo escolar de uma disciplina específica sobre a União Europeia (e não apenas uma referência na disciplina de História), as crianças — futuros adultos — tomarão desde cedo consciência do impacto da UE nas suas vidas e, consequentemente, da importância de escolher quem as representa na Europa. A formação da União Europeia, a sua influência no mundo, a presença e o impacto das suas decisões na nossa vida ou os programas ao dispor dos cidadãos europeus, em especial dos jovens, serão apenas algumas das temáticas a abordar.

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Suporte básico de vida para todos

Tiago Melo Seco Médico

Todos os alunos (até terminar o Secundário), funcionários e professores deveriam ter formação de suporte básico à vida: saber despistar sinais como um ataque cardíaco, entre outras técnicas de primeiros socorros.

Familiar de uma aluna do Colégio Valsassina

Tomás Pinto Aluno do 11.º ano, 2018/2019

ValsaVerde O Colégio Valsassina, uma escola com 120 anos, tem vindo a evoluir em diversos aspetos, nomeadamente na vertente ecológica, tornando-se em 2003 numa Eco-Escola. A evolução da escola, a meu ver, deve estar virada, certamente, para a manutenção e preservação do planeta, visto que o futuro vai depender de salvaguardarmos o nosso planeta. Ao invés de possuirmos cadernos com folhas de papel, iremos trabalhar virtualmente com tablets ou computadores. Tudo o que o Colégio importar que contenha plástico irá ser banido, arranjando-se alternativas com o mesmo uso. As aulas não serão dadas em espaços fechados e os alunos irão ser incentivados a apreciar a natureza e a continuar a protegê-la. Concluindo, ainda que o Valsassina tenha sido das primeiras escolas a ter uma ligação de responsabilidade e cuidado para com o espaço verde, os anos que aí vêm irão ser mais ligados ao ambiente e exigirão uma ação mais radical do que os últimos anos.

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A Escola aos olhos dos meninos dos 5 anos – Na escola é importante saber ouvir para podermos aprender. Afonso Jardim – Na escola aprendemos a ler para um dia conseguirmos aprender coisas difíceis e ler histórias aos nossos filhos. Tiago Barreto – Aprendemos a partilhar com os amigos, aprendemos as vogais, aprendemos e ajudamos os amigos a perceber os sentimentos e aprendemos os 7 dias da semana. Fico muito feliz quando venho à escola! Marta Matos – Devemos aprender a partilhar, a fazer contas, a jogar futebol com os amigos e a trabalhar. Pedro Belo – Acho que a escola é muito, muito importante para aprender. Acho que aprender na escola é mais fácil porque tem tudo para aprendermos. É importante aprendermos a ser organizados — ter tudo no sítio certo —, a trabalhar e a ser amigo. Luís Formigal – É importante aprendermos a ser amigos, a gostar das professoras e a ter muita atenção nas aulas. Pilar Passarinho – Na escola aprendemos a saber fazer as letras em manuscrito, palavras em inglês, pintar, números e umas palavras novas em português. Pedro Vieira – Vimos à escola para crescer! Vimos ouvir novas histórias, cantar e conversar. Ana Maria – Venho à escola aprender sobre o nosso corpo, aprender a escrever e a pensar com as professoras. Helena Bação

Turma A, 5 anos; educadora Inês Afonso

Turma 5.º D Disciplina de Cidadania e Desenvolvimento Daniela Morais, Professora de Cidadania e Desenvolvimento

Adeus manuais! – A nossa ideia é trocar os manuais escolares por tablets, pois assim vínhamos mais leves para a escola. Tomás Coutinho e Francisca Miranda

Educação para a Sociabilidade – Propomos a criação de uma disciplina que nos ensine a ser mais sociáveis e a não sermos tão dependentes das tecnologias, porque com o avanço das tecnologias muitas vezes perdemos o nosso lado mais social. Sofia Carvalho e António Noronha

Impressões Digitais – A minha proposta é trocar as chaves dos cacifos por impressões digitais, porque os alunos às vezes esquecem-se ou perdem as chaves. Além disso, oferece mais segurança. Amey Crawford

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Preparar para o dia a dia Vivemos numa sociedade em que a tecnologia se está a desenvolver muito rapidamente. Carros, telemóveis, computadores, etc. estão a ser constantemente melhorados e desenvolvidos. No entanto, o modelo de ensino usado em várias escolas continua o mesmo, não se adaptando ao tempo em que vivemos. Antigamente, a escola focava-se em ensinar aos seus alunos eficiência e produção de resultados, e utilizava um modelo de standardização de modo a preparar os seus alunos para trabalhar numa fábrica. No entanto, estas já não são as necessidades do presente em que vivemos. Na minha opinião, a escola, além de nos ensinar conteúdos de várias áreas, devia preparar-nos para o dia a dia, ensinando-nos, por exemplo, a fazermos os nossos impostos, a pedirmos um empréstimo, entre outras coisas. Para além disto, em vez de fazer os alunos levar tantos livros na mochila, estes deveriam utilizar um tablet com todos os manuais, de modo que a mochila não pesasse tanto.

Vera Leal Aluna do 10.º ano, 2018/2019

Mais uma ideia para o futuro!

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a Ăşltima ideia pode ser a melhor de todas!



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