Daiane Peres Marques
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2018
TEMPLO ECUMÊNICO
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Trabalho Final de Curso apresentado ao Centro Universitário Moura Lacerda, como parte dos requisitos para obtenção do título de bacharel em Arquitetura e Urbanismo sob a orientação da professora Ana Machado Ferraz.
Ribeirão Preto 2018
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AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus inteiramente por ouvir minhas orações e lamentações, durante todos esses anos. Sem Ele eu nada seria. Aos meus pais, em especial a minha mãe Adriana Peres, que contribiu imensamente para a minha formação pessoal e profissional, que durante todos esses anos me acompanhou e me deu todo o suporte e incentivo para que eu alcance o sucesso e não me deixou desistir do meu sonho. Sou grata ao companheirismo do meu cachorro Duque, que se manteve ao meu lado em todas as madrugadas de trabalho. Aos meus familiares e amigos que sempre me apoiaram e me fortaleceram. A minha amiga Nádia Gomes, por me ajudar em todos os momentos, instruir, participar e fazer da minha vida mais feliz nesses cinco anos. As minhas amigas de turma, Vanessa Rodrigues, Luísa Balleirini, Mariana Canedo, Lizandra Dacanal por manterem o companheirismo e dedicação nos trabalhos. Agradeço as minhas amigas em particular, Caroline Bagatini, Amanda Mendes, Mariana Flora, Thayná Peraro e Ana Luíza, que me deram todo apoio nesse ano e me ajudaram quando possível. E por último, agradeço a todos os professores do Centro Universitário Moura Lacerda por todos os ensinamentos atribuídos. Especialmente a minha orientadora Ana Machado Ferraz e meu avaliador César Elias por todos os momentos dedicados e a confiança que contribuiu no resultado desse trabalho.
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"A arquitetura é o jogo sábio, correto e magnífico dos volumes dispostos sob a luz." Le Corbusier
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SU MÁ RIO
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CAPÍTULO 1 | ARQUITETURA E O SAGRADO 1.1 Arquitetura sagrada 1.2 Percurso da Luz 1.2.1 Luz artificial x luz natural 1.2.1.1 Elementos arquitetônicos que tratam a luz 1.2.2 Luz e forma 1.2.3. Luz e espaço 1.3. Percurso do corpo - arquitetura sensorial
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CAPÍTULO 2 | ARQUITETURA SAGRADA 2.1.Volume e a superfície de luz 2.1.1 Capela em Valleaceron 2.1.2 Capela Santa Ana 2.1.3 Creu 2.2. Plano permeável - dobra 2.2.1 Capela Maria Magdalena 2.2.2 Capela Nossa Senhora de Fátima 2.3 Plano permeável - repetição 2.3.1 Capela Joá 2.3.2 Capela do lago 2.3.3 Reading Betweenthelines
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CAPÍTULO 3 | ARQUITETURA SAGRADA
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3.1 Área 3.2 Programa 3.3 Partido projetual - conceito e memorial justificativo 3.4 Projeto REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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| INTRODUÇÃO Antes de falar sobre a importância de se construir um templo ecumênico, algumas definições precisam ser ressaltadas. Se buscarmos o termo Templo no dicionário encontramos a definição de um edifício consagrado ao culto religioso; local em que se realizam as sessões da maçonaria;[Figurado], lugar digno de respeito: seu lar é um templo; monumento em honra de uma divindade. No Dicionário Aurélio templo é definido como uma "casa de oração em que se adora uma divindade - Sinagoga, mesquita" e também como "Lugar sagrado ou venerável.” O termo ecumenismo teve origem no grego “”oikoumene” que significava “o mundo civilizado”. Na Bíblia a palavra oikoumene é traduzida como “todo” e “universal”.De acordo com o Dicionário Online, ecumenismo significa: busca da unidade entre todas as igrejas. A ideia do ecumenismo é reunir a diversidade do mundo religioso, realizar trabalhos em conjunto, lutar por justiça e estudar os métodos de todas as religiões para que juntos tratem as diferenças.Segundo o Dicionário Aurélio, ecumenismo é: "Tendência para a união de todas as igrejas cristãs numa só." Para Norberg Schulz, em seu livro Fenômeno do Lugar (2006), atos e acontecimentos têm lugar, ou seja, um acontecimento não existe se não tiver localização- fazendo parte da existência. Claro que o lugar é mais do que uma localização, ele possui substâncias materiais, forma, textura e cor, coisas que determinam a essência do mesmo. "...os lugares contêm aberturas através das quais se ligam com o exterior" (Schulz, 2006, p 448) Os lugares construídos pelo homem se relacionam com a natureza de três formas básicas. Em primeiro lugar, o homem deseja fazer a estrutura natural mais exata. Isto é, ele quer visualizar seu "modo de entender" a natureza, dando "expressão" à base de apoio existencial que conquistou. Para tanto, ele constrói o que viu: onde a natureza insinua um espaço delimitado, constrói uma área fechada; onde a natureza se mostra "centralizada" - onde a natureza indica uma direção, ele faz um caminho. Em segundo lugar, o homem tem de simbolizar seu modo de entender a natureza (inclusive ele mesmo). A simbolização implica "traduzir" para outro meio um significado experimentado. Por exemplo, um determinado caráter natural é traduzido em uma construção cujas propriedades de algum modo o exprimem. O objetivo da simbolização é libertar o significado da situação imediata, por meio do que se torna um "objeto cultural", que pode fazer parte de uma situação mais complexa ou transferir-se para outro lugar. Finalmente, o homem precisa reunir os significados aprendidos por experiência a fim de criar para si mesmo um microcosmo, que dê concretude a esse mundo. A reunião desses significados depende, é claro, da simbolização e pressupõe uma transposição de sentidos para um lugar, que por isso assume o caráter de um "centro" existencial. Visualização, simbolização e reunião são aspectos do processo geral de fixar-se num determinado lugar; e habitar, no sentido existencial da palavra, depende dessas funções. (Schulz, 2006, p 453)
O lugar também pode ser interpretado de diferentes maneiras, proteger e conservar o lugar implica em concretizar sua essência em contextos históricos. Schulz diz que a história de um lugar deveria ser sua auto realização, sendo o ponto de partida e o objetivo da "investigação estrutural" - na conclusão da obra, se torna um mundo estruturado e iluminado pelos aspectos do espaço e do caráter. Aorganização dessa pesquisa se divide em 3 capítulos. O primeiro capítulo ´arquitetura e o sagrado´ aborda questões da pesquisa documental sobre arquitetura sagrada, luz e espaço, corpo e arquitetura sensorial. No capitulo 'arquitetura sagrada' foram selecionados estudos de obras para referenciar o projeto apresentando leituras de espaços religiosos. O terceiro capitulo trata do Templo Ecumênico, abordando questões como a apresentação da área, o programa, o partido e o estudo preliminar.
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CAPÍTULO 1 | ARQUITETURA E O SAGRADO 1.1 ARQUITETURA SAGRADA Segundo Mircea Eliade a trajetória do homem sempre nos levará a diversas manifestações do espaço sagrado. Sua importância superior e significativa, ultrapassa o entendimento do mundo profano, do cotidiano. Eliade ainda demonstra que o sagrado é acessível ao homem, de forma simbólica em seu inconsciente, antes mesmo dele habitar o mundo. Mas, isso não exclui a experiência do homem no mundo. É necessário um lugar com características e qualidades especiais, para que possa desencadear no homem aquilo que já habita nele. E se tal lugar não se faz presente ao homem, é possível que ele tente materializá-lo. Todos estes locais guardam, mesmo para o homem mais francamente não-religioso, uma qualidade excepcional, "única": são os "lugares sagrados" do seu universo privado, como se neles um ser não-religioso tivesse tido a revelação de uma outra realidade, diferente daquela de que participa em sua existência cotidiana. (ELIADE, 2001, p 28)
Um espaço sagrado deve ser qualitativamente diferente dos demais, transcendendo a experiência comum de espaço, revelando assim um lugar distinto em relação aos outros lugares. Esse lado sensível pode ocorrer tanto na vida de um homem religioso quanto na vida de um homem que renunciou da religião pelo seu entendimento de mundo. Basta que esse homem tenha uma disposição e percepção sensível desse espaço, e ao mesmo tempo esse se mostre positivamente diferenciado dos demais. Podemos perceber que em diversas culturas o lar é representado como um espaço qualitativamente diferente e é tratado da mesma forma que um espaço religioso. "Na verdade, o lar pode por si só assumir características qualitativas que o diferenciem do todo que o envolver, mesmo dentro de um universo incrivelmente profano." (Mircea Eliade apud Rodrigo B. da Fonseca Mourão, em "O Espaço sagrado em Mircea Eliade", dissertação de mestrado, 2013, p 60) Isso acontece porque o lugar sagrado nunca é perfeito, mas sim um meio de comunicação e/ou transição. Esse espaço faz parte do mundo transcendente, mas presente no mundo profano, ou seja, o espaço é sempre simbólico, simbolizando algo para além dele. É por isso que os espaços sagrados nunca são caóticos; são espaços que existem por sua lógica simbólica, harmônica e estruturada, o que as torna semelhantes às construções do universo. Em alguns casos os projetos se tornam sagrados porque o projeto é especial. Já nos templos, a arquitetura e a estrutura são sagrados, porque segundo Eliade o templo é um projeto divino ao qual o homem (com seu dom) teve conhecimento adquirido através dos deuses, por isso a transcendência é garantida; transcendendo o espaço comum. A arquitetura sagrada tem como prioridade construir um espaço que seja capaz de estabelecer o contato do homem com o divino. Essa arquitetura não precisa ser um grande monumento, como as grandes catedrais, espaços exuberantes, mas na sua grande maioria constitui de locais peculiares - naturais ou construídos, abertos ou fechados. Ela precisa definir espaços que atendam as diferenças entre esses mundos - sagrado e humano e suas hierarquias.
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Sua grandiosidade formal expressa uma grande postura conceitual, de acordo com aquele que a faz. Primeiramente a função desse arquiteto que a elabora, é trazer para a Terra parte do reino dos céus, ou se não, parte dela. Para que o fiel possa ter um contato mais profundo, como um espaço de comunicação entre os dois níveis. Isso acontece através da forma como os espaços são (sub)divididos, presença/efeito da luz (artificial e natural) nos ambientes, materialidade. O espaço sagrado como forma arquitetônica tem particularidades de cultura e religião, vindos da própria estrutura social, o qual se faz presente na construção. Nas igrejas católicas por exemplo, os rituais de nascimento, morte e ressurreição de Cristo têm o espaço físico para as celebrações, que rompem o tempo cronológico. Já o hábito de ceia - compartilhamento do pão (corpo de Cristo) e o vinho (sangue de cristo), não é definido por tempo cronológico, acontecendo de acordo com o costume de cada religião, podendo acontecer várias vezes ao dia, como na igreja católica. Fleury (2013, p 46), relata que nos primeiros tempos de vida cristã, a comunidade era una, sem diferença de hierarquia religiosa nem social. Mas houve os momentos de grande divisões e mais a frente vivencia-se um momento de retorno das comunidades sem distinção de categorias. No Brasil essas três fases sobre a arquitetura sagrada são claramente vividas; As igrejas edificadas no período quinhentista, em arquitetura Chã, possuíam espaços que permitiam uma referência à unicidade primitiva, ja que, no primeiro momento da História do Brasil, a separação básica social, consistia em fiéis e não fiéis, cristãos e não cristãos. Nos momentos posteriores, no da Arquitetura Barroca e na Arquitetura do Rococó, a separação hierárquica religiosa e a social foi exacerbada; daí em diante, houve um caminhar para o retorno a uma comunidade una. Com a arquitetura moderna, os espaços tem sido definidos em função dessa nova postura. (Luis César Fleury, 2013 p 46)
As obras arquitetônicas tem a responsabilidade de atender os princípios da durabilidade, harmonia e convivência de distinção religiosa e não existe uma maneira de separar a forma do significado, um não pode existir sem o outro, pode haver uma diferença de avaliação crítica dos principais métodos mediante os quais a forma transmite significado ao espectador. Sendo assim, a arquitetura sagrada tem diferentes significados nas diversas culturas ao redor do mundo. Começamos pela arquitetura budista, na qual um pequeno altar dentro de casa já é o suficiente. O princípio é; a estátua ou foto de Buda representa (de maneira visual) a iluminação, transcendência diante de quem é apresentadas as oferendas, manifestação da devoção. Precisa, por definição, estar sempre direcionado a leste (não o geográfico, mas o interno). A oferenda é um meio precioso para fazer funcionar esse movimento para com os Budas. O Espiritismo é uma doutrina que se assenta sobre as legítimas bases cristãs, prezando pelas casas de orações (centro espírita) de arquitetura simples, que haja uma sala grande para as reuniões e outras salas menores para atender jovens e adultos durante a semana. A Casa deve oferecer boa iluminação, conforto a quem a procura, colocar cadeiras em número suficiente aos freqüentadores, e disponibilizar espaços arejados. Também disponibilizar espaço para a biblioteca e livraria, possibilitando o acesso às obras espíritas de autores clássicos, recentes, de encarnados e desencarnados. A arquitetura sagrada das igrejas Ortodoxas apresenta os seguintes aspectos: construídas em forma de cruz, navio, oitavada, estrela e circular com simbologia e significados específicos (ex: uma cúpula = um só Deus. Três cúpulas = Santíssima Trindade. Treze cúpulas = Jesus Cristo e os doze apóstolos). A estrutura externo é culminada por abóbadas em estilo barroco e bizantino. O interior da igreja se divide em três partes; entrada dos catecúmenos, nave destinada aos batizados e santuário destinado ao clero. O santuário é separado da nave
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igreja Católica Apostólica Romana tem a arquitetura sagrada com torres apontando para o céu, como ideia de um Deus transcendente e criador. Possui também largas escadarias, que conduzem para grandes portas que simbolizam a entrada no mistério de Deus, como a caminhada para a transcendência. As torres representam o inacessível, segurança e a visibilidade, são símbolos que apontam para o caminho certo. A cúpula representa a proteção, abrigo, simbolizam a segurança e a transcendência plena, em Deus, que está no céu. Igreja Presbiteriana se insere numa tradição em que o sagrado não se manifesta no exterior e sim no interior do ser humano. O santuário sagrado é o próprio ser humano, que é “templo do Espírito Santo”. Por causa disso, as suas edificações têm duas características simbólicas: um local de reunião da comunidade para o culto e não deve conter nada que desvie o homem do seu objetivo, que é a adoração. Assim, os templos presbiterianos são no geral rígidos no seu interior, não contendo imagens ou outras simbologias materiais do sagrado. Com relação à sua edificação não existe um padrão adotado pela igreja, as comunidades locais podem edificar um templo de acordo com o seu gosto ou preferência. Pode se dizer que os templos presbiterianos refletem um Deus transcendente, que não pode ser simbolizado por nenhuma obra humana. E por último, falaremos do Templo Ecumênico, em que teremos o sagrado como a capacidade de cada ser em criar, olhar para a realidade sem perder a concepção do sagrado e um Templo porque é um lugar de profundidade, pensamentos e sentimentos. Um espaço em que o visitante seja transportado para a profundidade do seu Ser. Não é oração a que o espaço remete, mas recolhimento na busca de valores para cada um. Não é crença, mas sim libertação no conforto e no contato com a diversidade, uma vez que um imenso leque de religiões e espiritualidades estarão presentes em um mesmo espaço, sem hierarquias.
1.2 PERCURSO DA LUZ ¹ LAGE, Alberto, THENAISIE, Sofia. 2009.Desenhar a luz = Designing light, Faup Publicações, Porto, Portugal
² ZUMTHOR, Peter. 2006. Atmospheres - Architectural environments, sorrounding objects. BirkhauserVerlang AG. Basileia.
Louis Kahn define o silêncio como imaterial e como "o desejo de ser", já a luz é considerada material e mensurável, sendo aquela que se faz presente, "a medidade todas as coisas", "o que da forma ao espaço". Para ele a luz é o elemento fundamental na concepção da arquitetura sagrada, principalmente porque é responsável pela dimensão espiritual - é através da luz que a arquitetura se comunica com o ser. (KAHN, 1969, p 1) A arquitetura dispõe de elementos no espaço para captar, refletir, diluir, bem como, emitir a luz.Sofia Thenaisie¹ disse em seu livro que a luz é tudo na arquitetura, é um meio e um fim para os espaços, a dimensão define-se com a luz, seja ela natural ou artificial. Ela condiciona o ser para a percepção do lugar, visibilidade dos materiais, das texturas e cores. O espaço e a luz podem ser considerados a mesma coisa, porque eles não funcionam de forma independentes. Para Peter Zunthor o espaço tem capacidade de provocar sensações e sentimentos - dependendo da atmosfera do lugar "ela comunica com a nossa percepção emocional". (ZUMTHOR, 2006, p 14). Em Atmosferas², ele apresenta nove itens que condicionam um lugar.Zumthor explica a forma como esses nove elementos são trabalhados, "corpo da arquitetura", "compatibilidade material", "som do espaço", "temperatura do lugar" e "luz nas coisas","objetos ao redor", "entre compostura e sedução", "tensões entre exterior e interior" e " níveis de intimidade". É como um guia para sua forma de habitar e sentir a essência do lugar, determinando a qualidade da arquitetura
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Ninguém é sensível às atmosferas a todo momento ou do mesmo jeito.Em sua obra Bruder Klaus temos o exemplo perfeito da importância da luz no espaço. Composta por uma completa escuridão a capela recebe a luz por pequenos pontos feitos de garrafas de vidroe uma luz que vem do alto, e que preenche todo o interior da capela,de uma forma espiritual, como se completasse todo o volume vazio.
Fig(1, 2, 3) Capela de Campo Bruder Klaus, Alemanha, Peter Zumthor, 2007
O arquiteto com ajuda de agricultores locais amarraram bambus na forma como desejavam e após a amarração o concreto foi despejado no topo da superfície dos troncos. Quando o concreto assentou, as madeiras foram incendiadas, deixando uma cavidade oca e paredes carbonizadas. E o chão é equilibrado por chumbo derretido congelado. O olhar é sempre direcionado para cima - pelo efeito de afunilamento que causou a amarração dos troncos, podemos ver que a cobertura é o céu e as paredes mantém marcas dos troncos.Zumthor determina os materiais que usará de acordo com o modo como refletem na claridade. O espaço projetado e o edifício construído é comparado em relação à atmosfera; são efeitos que envolvem os visitantes, não o edifício. As atmosferas podem ser sutis ou não, através da arquitetura encontramos a relação entre elas. "O encontro de atmosferas aparentemente efêmeras pode ser tão sólido quanto um edifício" (NEVES, 2017, p 24.) A dimensão do tempo é transmitida através da luz natural e das suas nuances. As variações constantes de cor, temperatura, forma, conferem ânimo e transmitem caráter. A luz está sempre em constante construção, movendo-se e alterando-se através das estações do ano, dos dias e das horas, alterando o seu ângulo. Pulsa em intensidade, corre com o vento variando de cor e sombra, suaviza e aguça, esmorece e ganha força, esvazia-se e enche-se, desaparece e reaparece. Formas absolutas são animadas pelas constantes variações luminosas, desprendem-se da permanência e é-lhes garantida uma existência temporal. (COSTA, 2013, p 62)
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A luz forma o espaço conforme os arquitetos a dispõe. Substância manipulável e em constante mutação, é o material base e indispensável e tem o poder de colocar o espaço em comunicação com o ser em qualquer construção. Na dissertação de Leandra Costa (2013) ela estuda sobre a interligação da saúde com a luz, onde os gregos acreditavam que uma pequena exposição à luz e ao ar fresco durante poucos minutos do dia poderia elevar o espírito das pessoas e também restaurar a capacidade corporal e poder fazer várias atividades ao mesmo tempo - ou seja, um poder curativo que advém da luz natural. Assim cheguemos a um resultado higienista, o qual só conseguiríamos elevar o espírito em lugares limpos e arejados. O poder da luz no mundo psíquico já era bem conhecido/estudado através dos nossos ancestrais, por isso era materializado por mitos e crenças, seguidos de atos milagrosos. Ela é um fator imprescindível para o processo de relacionamentos do cérebro com o ambiente que é ligado pela visão. Facilitando no processo de reconhecer com nitidez os objetos, texturas das fachadas, cores e a atmosfera do interior de um lugar.A iluminação no interior é maior, tanto em qualidade como em quantidade, mas é necessário o cuidado com o ofuscamento, dado pela quantidade exagerada de luz. De acordo com a arquitetura contemporânea, a luz é diretamente relacionada com a alma das pessoas, cada experiência com a luz vem carregada de uma intensidade ou tranqüilidade (multisensorial), podendo ser "medida" pelos olhos, nariz, ouvido, pele e boca - tendo um constante "diálogo" com o ambiente.
1.2.1 LUZ NATURAL X LUZ ARTIFICIAL A luz natural é autogerada e através dela são distribuídas as cores, e ultravioletas que sentimentos. Existe luz com comprimentos de ondas mais curtos e próximos ao violeta e a luz com comprimentos de onda mais longos e próximos ao vermelho. Esses raios são chamados de ultravioletas e infravermelho, os quais não são visíveis aos olhos humanos. A luz é um aspecto de fontes naturais e o ideal para a vida animal e vegetal na Terra, assim permitindo o desenvolvimento de plantas e animais. Já a escuridão, é um fator inerente à foto atividade (poder de ser fotoativa) nos organismos, ajudando a rejuvenescer, ao contrário da luz artificial, a qual só tem como objetivo iluminar ambientes fechados ou no período noturno. A exposição moderada à luz solar é saudável e benéfica, uma vez que a luz aumenta a energia e o metabolismo e também ajuda o organismo a produzir vitamina D. Por outro lado, a exposição à luz solar tem efeitos nocivos para nós (organismos vivos). Os raios ultravioletas podem acarretar doenças, como por exemplo o câncer de pele. Outro ponto ruim da luz natural é que ela não pode ser alterada ou controlada de acordo com as necessidade humanas. A luz artificial é gerada através de outras fontes de energias não naturais. Nos dias atuais, a maioria das atividades humanas seriam quase impossíveis se não existissem as fontes alternativas de luz, porque é prático e nem sempre as pessoas estão dispostas a estudar uma forma viável da iluminação natural chegar até você - no quarto, sala e ambientes de trabalho. A sua vantagem é poder ser controlada de acordo com a necessidade do homem. Sendo possível monitorar adequadamente a intensidade, qualidade e quantidade, porém, ela não tem comprimento de onda tão variada quando a luz natural e aspectos de cores, sendo assim menos benéfica. Como se trata de uma luz inferior, os efeitos em plantas e animais podem ser mais danosos - plantas e animais expostos por grandes períodos à luz artificial sofrem degeneração ou morte de células com mais intensidade que seres vivos expostos à luz natural. Elas podem se complementar em uma construção de forma harmônica, fazendo com que uma supra a necessidade da outra ao longo do dia, como no exemplo da Capela Três Retas, em que um único volume permite propor o rasgo nas paredes e no teto para a entrada da luz natural. Essas aberturas, em conjunto com o espelho d'água, conduzem acolhimento e introspecção, sentimentos praticamente inerentes aos momentos de oração.
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Fig (4 e 5) Capela Três retas, Minas Gerais, B&L Arquitetura, 2016
1.2.1.1 ELEMENTOS ARQUITETÔNICOS QUE TRATAM LUZ A Arquitetura traz em seu vocabulário inúmeros elementos que tratam o espaço a partir da luz. Esses elementos são qualificadores do espaço e tratam sua temporalidade. Os brises barram a incidência da radiação solar antes que ela atinja a fachada e o ambiente interno, reduzindo o calor recebido, podendo ser fixos ou móveis. Em comparação a outros elementos de proteção solar, oferece melhor controle dos ganhos térmicos, iluminação natural adequada, ventilação e permite a visualização do interno para o externo. Assim, o brise é um ótimo elemento para proporcionar conforto térmico e também na economia no consumo de energia. Sendo usados na arquitetura como elementos de decoração, podendo ser alterados na fachada, como vemos nas imagens 6 e 7. Podendo gerar uma brincadeira nas fachadas, hora aberto, hora fechado e também sob efeitos transparentes.
Fig (6) Sede do Sebrae Nacional em Brasília, GrupoSP, 2010 (7) Casa Refúgio em Finca Aguy, MAPA (MAAM+STUDIO PARALELO), Uruguai, 2015
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A especificação desse elemento no projeto e a avaliação da eficiência baseiam-se na insolação, dimensões, orientação da fachada e na determinação do fator solar. Os brises podem ser fabricados em aço, concreto, madeira, tela, vidro, policarbonato, painéis fotovoltaicos, painéis prismáticos, horizontais ou verticais. Os elementos conhecidos como muxarabis, tem origem árabe e foram trazidos para o Brasil pelos portugueses. É uma treliça de madeira usada na arquitetura como fechamento para janelas, balcões e ambientes internos, permitindo a ventilação e "ver sem ser visto” – quem está dentro vê o que está do lado de fora, mas não o contrário. Desde o século XIV tem a função de refrescar pessoas e ambientes e, ao mesmo tempo, preservar a privacidade enquanto dá liberdade para observar o que se passa do lado de fora. Esse elemento é uma solução arquitetônica para quem busca iluminação e ventilação natural. Podendo ser usados de diversos tamanhos e ambientes;
Fig (8) Residência MP, Otta Albernaz, São Paulo, 2015 (9) Casa Branca, Studio mk27, São Paulo, 2014
Na arquitetura, o elemento não é indicado para separações estanques, pois não isola ruídos e não permite projetos de iluminação distintos. Mas podem ser usados como os brises; abertos, fechados, fixos ou móveis. Sua relação com o sagrado se dá a partir do momento em que separa de forma sutil, o interno do externo, fazendo com que se tenha uma curiosidade por trás do elemento; integrando e ao mesmo tempo separando ambientes, o dentro e o fora, perto e longe, luz e sombra. Trabalhando também a transparência do mesmo, sem intervir na privacidade do espaço sagrado. O muxarabi serviu de inspiração para a criação do cobogó, o qual surgiu por volta do século XX no Brasil, a primeira invenção se fez em cimento, mas atualmente existe em uma gama de materiais, com o mesmo objetivo dos outros; facilitar a iluminação e ventilação do ambiente. O cobogó foi muito utilizado na arquitetura modernista (Lúcio Costa) para remeter ao uso histórico do muxarabi. A beleza plástica do elemento vazado tem propriedades que fazem dele uma peça muito útil na arquitetura bioclimática.
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Esses elementos vazados desenham a sombra nos pisos e paredes da arquitetura - contando que os moldes são bem desenhados, causando um efeito que transforma todo o ambiente para quem o vê tanto no exterior quanto no interior. Ao longo do dia essa luz natural surge de diferentes formas. No decorrer da noite, a luz artificial atravessa os pequenos vãos do interior para o exterior, tornando a arquitetura uma espécie de luminária que interage com as sombras de seus usuários e mobiliário.
Fig (10) Casa Jardins, CR2 arquitetura, São Paulo, 2013 (11) Casa B+B, studio mk27, 2014
1.2.2 LUZ E FORMA A forma possui uma grande variedade de significados, pode ser entendida como figura exterior ou aparência visual, silhueta ou contorno. Para Tadao Ando (apud FURUYAMA, 1997) a forma e espaço são dois elementos fundamentais na arquitetura.
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Fig (12) Igreja sobre a água, Tadão Ando, 1988
A forma tem uma relação mais próxima com o sentido da visão do que o espaço. A forma é concreta e busca o fascínio do que é visualmente interessante ou satisfatório. No entanto, o interesse visual atenta-se ao estímulo da retina e raramente inspira o coração. O espaço, ao contrário da forma, está relacionado não apenas à visão, mas aos outros seis sentidos, e também às sensações subjetivas. A analogia ao corpo em relação a proporção e simetria, como por exemplo nas grandes catedrais, sempre esteve presente, já que a arquitetura sempre fala e falou do homem. Mas a forma arquitetônica, a aparência externa, o formato, a textura, o contorno sempre interagiu com a luz, está associado a atributos sensoriais. Podemos perceber quando nos aproximamos de um edifício, primeiro olhamos o volume, depois as suas aberturas, se elas são grandes, o volume se torna apenas um esqueleto, mas se elas são pequenas, o edifício se torna robusto. Como exemplo na Capela Nossa Senhora de Fátima, as aberturas grandes fazem com que a cobertura se torne um esqueleto.
Fig (13 e 14) Capela Nossa Senhora de Fátima, Portugal, Plano Humano Arquitetos, 2017
Leandra ainda diz (2013, p 38) que a forma arquitetônica é fruto de um percurso histórico, porque nem sempre ela foi entendida como hoje em dia. Na época clássica, a forma era entendida como proporções - escala humana. Na arquitetura moderna, a forma resultante do espaço foi um ponto de vista popular, principalmente no funcionalismo, onde os espaços interiores de um edifício eram tidos como um dos aspectos que influenciava a forma do edifício. Uma vez que a arquitetura trabalha as formas, a percepção das mesmas será revelada através da luz, da mesma maneira que a arquitetura será capaz de nos revelar a luz, trabalhando juntas em um único propósito.
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1.2.3 LUZ E ESPAÇO A arquitetura sagrada é uma expressão dada a todo lugar que recebe o sagrado, assim como as mesquitas, templos, sinagogas, catedrais, santuários, mas a diferenciação se faz presente na forma e/ou na construção de seus espaços. O espaço envolvente se torna parte da vida das pessoas, as quais inconscientemente se lembrarão daquele local ao longo dos anos, por talvez teem tido sensações (des)agradáveis naquele ambiente. O nosso corpo e os nossos sentidos são diretamente afetados pelo espaço que habitamos, podendo ter conforto ou desconforto em determinado ambiente, sendo assim, a arquitetura é baseada na linguagem corporal, o responsável por isso é o espaço e a luz, pois eles fazem parte do mesmo "ser", sendo a definição de espaço arquitetônico.O espaço tem como base a definição de encerramento, fazendo a luz se manifestar de forma reveladora, tornando o espaço conector ou separador. A simplicidade do espaço é necessária para que nada distraia os fiéis, tornando-se um fato marcante dos templos e também das igrejas. As pessoas procuram esses espaços por terem formas acolhedores e despojadas, nunca abdicando da sua honra e dignidade - essa fato se manifesta nas cores claras, dimensões, materiais,e iluminação. Também faz parte a flexibilidade, que pretende suprir as necessidades do dia-a-dia do templo, refletindo na própria capacidade do edifício em acolher e adaptar-se a diversas funções - templos multifuncionais;
Fig (15) Capela Jesus Mestre, Patrícia Marques e Paulo Costa, 2015; (16) Capela Saint Benedict, Peter Zumthor, 1988
Os espaços e tudo que nos rodeiam são inseparáveis daquilo que somos, dando formas, sons, odores, cores, sabores, texturas e temperaturas a cada lugar, por isso, a interação entre o espaço e a luz é um elemento fundamental na arquitetura. Porém, não podemos esquecer que a boa iluminação também tem parte da sombra e da escuridão. O espaço é domínio privado de expressão da arquitetura.
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1.3 PERCURSO DO CORPO - ARQUITETURA SENSORIAL A arte de projetar para todos os sentidos vai além de só projetar para a visão, porque nós fomos mecanizados para construir somente o que nos enriquecem os olhos. Ou quando falamos "projetar para todos os sentidos" pensamos em projetar para deficientes visuais, e essa arquitetura não se baseia somente a isso. A Obra Thermal Baths de Peter Zumthor é um hotel spa, construído em um vilareijo na Suíça, sobre camadas de quartzito, nas únicas fontes termais do Cantão de Grisões, feito para explorar os sentidos sensoriais.
Fig 1.3 ( 17 e 18) Thermal Baths, Peter Zumthor, 1996.
Para chegar ao Thermal Vals, o visitante percorre uma sinuosa estrada montanha acima, ao chegar, a construção não é percebida de imediato, pois Peter Zumthor a esculpiu na montanha, ofuscando a fronteira entre o natural e construído. O teto verde, coberto por grama, também contribui para tal desfoque. “Montanha, pedra, água -construindo na pedra, dentro da montanha, brotando da montanha, pertencendo à montanha-, como as implicações e a sensualidade das associações entre essas palavras podem ser interpretadas, arquitetonicamente?” Peter Zumthor, 1996. As combinações de luz e sombra, espaços abertos e fechados, elementos lineares criam uma experiência unicamente sensitiva, diferente do que só sentir com os olhos, Zumthor enfatiza em todos os seus projetos minuciosos e minimalistas o que de fato é essencial: a atmosfera. Ele se preocupa em empregar os materiais na ordem e no momento corretos, para que a experiência final seja a mais agradável possível.
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Segunda Leandra Costa, 2013, a percepção visual do espaço deriva de acordo com todas as sensações que a luz desperta no homem, pois a percepção de um espaço não é feita isoladamente, e sim em função das características anteriormente memorizadas. Toda a informação sensorial que a mente humana recebe, está programada para "procurar" um sentido e significado. Desde sempre os sentidos da mente estão orientados para a percepção de todas as alterações à sua volta. Sendo assim, tudo o que presenciamos está baseado no conhecimento do homem. Outro exemplo de arquitetura sensitiva, é o edifício Blur Building, do arquiteto Diller Scofidio.Um pavilhão de exposições temporário, construído para Expo 2002, na Suíça. O objetivo da feira era lidar com questões relacionadas ao futuro, ao novo milênio, e formular considerações duradouras no âmbito cultural, social e econômico.
No café, os visitantes podiam beber o edifício (e, portanto, o local) na forma de água embalada. Em vez de um ambiente visual de alta Fig (19 e 20) Thermal definição rico em mídia, ao entrar no borrão, não se Baths, Peter Zumthor, pode ver nada e não ouvir nada. O som do edifício 1996. sendo perpetuamente refeito através de 30.000 bicos de névoa de alta pressão era dominante. A visão foi destacada como o sentido primordial por meio de sua repressão. Charles Renfro, 2012.
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Fig ( 21 e 22) Think Space, Switzerland, Charles Renfro, 2002.
Segundo Diller Scofidio, a premissa principal do projeto foi a criação de um espaço constituído somente de água; uma edificação ausente, livre de arquitetura. No livro Blur: The Making of Nothing detalha a ideia: "Sem escala, sem forma, sem massa, incolor, sem dimensão, sem peso, inodoro, sem centro, sem aspecto, sem profundidade, sem sentido, sem espaço, sem tempo, sem superfície, um clarão e um ruído branco". (Arquitetura Sensorial/apud Juliana Duarte 2017) Diller explicou que queria usar a água não somente como um contexto, mas como o material de construção primário. Ao eliminar a visão através do clarão, Diller planejou enaltecer todos os outros sentidos, sem nada para ser visto, apenas sentido. Juliana Duarte em Arquitetura Sensorial (2017), descreve ao longo do livro os canais sensoriais e sua relação com a arquitetura. O sistema paladar-olfato, é considerado o mais difícil para se projetar. Ela associa o paladar ao seu significado latino, que quer dizer compãniõ - o que come pão com o outro. Ou seja, a comida está diretamente associada a comemorações e em uma mesa farta. No entanto, o que causa o prazer em comer, são as companhias. O olfato está diretamente ligado ao paladar, sendo tão importante quanto, pois ele é o nosso primeiro contato com a comida. “O nariz capta, à distância, os aromas que estão dentro e fora da boca. Já o paladar precisa que o alimento (ou o que for) seja encostado nas papilas gustativas da língua para que sintamos seu gosto.” (DUARTE, 2017, p 50). O paladar é um sentido voluntário, mas o olfato é involuntário, significando que só sentimentos gosto do que levamos à boca. Odores são capazes de despertar emoções e sentimentos inconscientes, e a autora relata que também não esquecemos um aroma ao qual fomos expostos, mesmo que não lembremos de tal contato. O olfato é o sentido que possui a ligação mais direta com a nossa memória. Esse sistema pode resgatar memórias, promover socialização, influenciar associações emocionais, dar vida a um lugar neutro e nos conectar com o mundo.
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Tato ou sistema háptico, vem do grego haptikos, que significa toca. Quando algo entra em contato com a nossa pele, nosso sistema háptico é ativado e percebe a textura e a temperatura do objeto. A autora diz que o tato é o sistema mais íntimo dos sentidos e usa como exemplo Lisa Heschong que afirma ser necessário tocar em algo para saber se esse algo é real. Pallasmaa (2009) acredita que o sistema háptico nos conecta com o restante do corpo, como se a sola do pé mediasse o peso e a força da gravidade. Temperatura e umidade, as duas são percebidas pela nossa pele, "assim como nos habituamos ao cheiro de um ambiente, só percebemos o quão quente ou fria uma sala está quando nela entramos." (DUARTE, 2017, p 60) A autora argumenta que ambientes com temperaturas padronizadas poupam as pessoas do esforço de adaptação. Ela afirma que a experiência térmica é associada à socialização, como quando conversamos em frente à lareira, desfrutando de grande prazer sensorial, como no ato de comer. E também afirma que nos sentimos bem junto a uma pessoa. A experiência térmica, além disso, não pode ser isolada da experiência geral, na medida em que não podemos "fechar" nossa pele como fechamos nossos olho. A percepção da temperatura e da umidade de um ambiente é sempre uma experiência passiva. Quando nossos sensores térmicos nos dizem que um objeto é frio, esse objeto traz um efeito direto. Em contrapartida, quando vemos que um objeto é de uma determinada cor - vermelho ou amarelo, por exemplo -, ele não apresenta um efeito direto e não nos faz ficar vermelhos ou amarelos. Isso porque nossos sensores térmicos não são receptores distantes como nossa visão: precisamos tocar um objeto ou ser tocados por ele para aferir sua temperatura. Juliana Duarte, 2017
As pistas deixadas pelos outros sentidos substituem a experiência térmica em si, como por exemplo; aromas relacionados ao preparo de alimentos nos remetem a cozinha, temperos. A cor é outro fator fundamental para a composição de um ambiente, a autora explica que podemos usar um mesmo tipo de lâmpada, com potência equivalente (essa variação na cor da luz impacta a atmosfera do ambiente). Já a percepção da umidade acontece de forma mais sutil, podendo aumentar ou diminuir propositalmente a umidade do ambiente, para causar sensações de percepção rápida. O sistema auditivo é responsável por nos direcionar através de sons e barulhos do espaço. De acordo com a autora, nós não conseguimos nos conectar ao mundo sem os sons, pois perdemos os sentidos. Para ela, um cego pode compreender o mundo, mas, com a perda de audição "uma ligação crucial é dissolvida e a lógica da vida para de fazer sentido". A audição é diretamente associada à passagem de tempo. Já para Juhani Pallasmaa "a visão é o sentido do observador solitário, enquanto a audição cria conexão e solidariedade", ele explica que a audição é o sentido capaz de criar conexão entre as pessoas e ambientes. Ao projetar um ambiente, é interessante fazer com que o espaço auditivo se espalhe por todo o ambiente, em todas as direções, permitindo que as pessoas possam ter uma percepção global do local. Porque segundo Juliana Duarte, a audição é nosso segundo sentido mais relevante, ficando atrás somente da visão. A visão é relatada pela autora como o sentido mais confiável pelo homem, desde a Antiguidade. Ela associa a visão às sombras, formando uma arquitetura surpreendente e reveladora ao longo do dia, dependendo exclusivamente da luz, sendo ela natural ou artificial. No livro Jardins de Burle Marx (1996) o autor Jacques Leenhardt, relata como o olhar pode se conectar com o meio; o ritmo por ciclos de floração, variação de luz, de ruídos, movimentos e odores, construía todo um repertório para marcar as estruturas de percepção, assim os percursos se configuravam por sucessões de enquadramento com vários pontos de fuga. O corpo carrega em si todos esses sentidos sensoriais e o que é mais surpreendente na concepção dessa arquitetura é o visitante ser guiado pelos percursos de descoberta do olho. Ao longo dos anos o corpo que é a base para a experiência e recepção dos espaços construídos vem estabelecendo com este diferentes contatos.
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LEITURAS PROJETUAIS
Este capítulo apresenta uma metodologia de análise projetual, com base na documentação de obras, a leitura e interpretação através de plantas, mapas e fotografias. As leituras projetuais foi um metódo utilizado para auxiliar na criatividade do projeto, como na organização espacial e flexibilidade dos espaços, para alcançar os objetivos que foram traçados como meta de projeto.
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CAPÍTULO 2 | ARQUITETURA SAGRADA As obras a seguir apresentadas, são edifícios construídos de forma a acrescentar valores na sociedade que procura relacionar a configuração e morfologia espacial a fenômenos sociais, ambientais e culturais. Elas são um conjunto de edifícios em diferentes partes do mundo que estão interligadas por algo em comum. São relatadas por fotos, plantas, descrição da obra, localização e desenhos técnicos. A escolha dos projetos são fundamentais no embasamento da leitura da luz natural e artificial, na forma, na disposição dos espaços e em como o corpo e o olhar se movimentam na obra.
2.1 VOLUME E A SUPERFÍCIE DE LUZ Construções de volumes que diferenciam as maneiras de pensar a luz na superfície e conversa com o meio externo de maneiras diferentes - através de rasgos e perfurações no volume. As três capelas têm o mesmo objetivo: manifestar a luz em sua superfície, de modo a surpreender o visitante. Cada uma com seu objetivo, a Valleaceron é composta por rasgos em suas dobras, de modo que a luz se revele diferentemente durante o dia. A Capela Santa Ana é composta por perfurações em formato de cruz e retângulos, que por dentro acompanham as superfícies curvas e planas de acordo com sua construção. E a Capela do Creu é completamente aberta em uma única superfície de vidro para recepção de luz natural.
Fig (23 e 24) Capela em Valleaceron, Sancho Madrilejos, 2001
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Fig (25 e 26) Capela Santa Ana, e|348 arquitectura, 2009
Fig (27 e 28) Capela do Creu, Nuno Valentin, 2000
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2.2 PLANO PERMEÁVEL - DOBRA As obras a seguir são constituídas de volumes dobráveis para construção da que da origem à cobertura, sendo assim o espaço se torna aberto/coberto/vazado, os espaços internos com o externo (paisagem) e possibilitando a proteção do corpo coberta. Por ser um espaço permeável existe a extensão/ fluidez da visão de um lado
superfície integrando na parte ao outro.
Fig (29 e 30) Capela Maria Magdalena, Gerhard Sacher, 2014
Fig (31e 32) Capela Nossa Senhora de Fátima CNAE, Plano Humano, 2017
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2.3 PLANO PERMEÁVEL - REPETIÇÃO Nas duas primeiras referências, elementos como a água se faz presente em volta da construção e a superfície elevada dão idéia de refúgio. A sombra do edifício é refletida na água e o percurso do olhar atravessa o espaço plano constituído por repetições (pilares e pergolado) na construção. Na terceira obra; Reding Between the Lines a maneira como os elementos (linhas) são dispostos um sobre o outro para dar forma a capela, dão efeito de repetição. Ideia de refúgio é um volume no meio de um campo, tem contato direto com o meio externo e sendo um local totalmente permeável.
Fig (33 e 34) Capela do Lago, Divece Arquitectos, 2010
Fig (35 e 36) Capela Joá, Bernardes, 2014
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Fig (37 e 38) Capela Reading Between the Lines, Gijs Van Vaerenbergh, 2011
FICHA TÉCNICA Localização: Espanha Ano: 2001 Arquitetos responsáveis: Sol Madrilejos e Juan Carlos Sancho
2.1.1 CAPELA EM VALLEACERON
DESCRIÇÃO O projeto da Capela em Valleaceron está situado ao Norte, no alto de uma colina que tem diferentes limites de paisagem: o lugar, os valores e o horizonte. O acesso vem de uma cota mais baixa, a dois quilômetros de distância, ao chegar, a pessoa é obrigada a rodear a capela antes de entrar pela fachada oeste. As peças chamam atenção para o lugar, visão - ressaltando e ocultando algumas partes, para estabelecer novas relações. “Elas estão dispostas de tal forma que debatem entre uma dupla vertente paradoxa: a de completar o lugar em relação conjunta a ele ou a de ser independente como objetos móveis,
com escalas diferentes ou contraditórios entre si.” O conceito que unirá todas essas peças é a dobradura, ela será geradora dos diferentes espaços e objetos. “A peça da Capela se desenvolve por meio de estudos e manipulação de uma "caixa-dobradura" tensionada em pontos focais.” A capela foi pensada nua, sem luz artificial, somente com uma cruz, para que a relação espacial interno-externo chamasse atenção. Os materiais são; concreto – porque é capaz de capturar todas as nuances do edifício e a luz – se contrapondo ao concreto por ser mutante, instável e frágil.
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PLANTA
VISTA SUPERIOR
Construção isolada
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ELEVAÇÃO
CORTE
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Dobras que geram o vazio na superfície para entrada de luz natural
Dobras geométricas em relação ao entorno e os espaços
Vidro transparente, permitindo a entrada de luz natural e conectividade com o meio externo
Concreto de cor clara
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CONECTIVIDADE VISUAL
Lugar pequeno e fluído Acessibilidade visual por toda a edificação Espaço sagrado um pouco mais reservado Potencializa a unidade de espírito
Espaço coletivo Espaço sagrado, íntimo
INTEGRAÇÃO VISUAL
Zona de entrada um pouco delimitada Lugares obstruídos pela visão Máxima integração visual
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ORGANIZAÇÃO ESPAÇO 1 ponto de entrada Percursos e fluxos não fixos/definidos – flexibilidade no uso do espaço
FICHA TÉCNICA Localização: Portugal Ano: 2009 Arquitetos responsáveis: e|348 Arquitetos
2.1.2 CAPELA SANTA ANA
DESCRIÇÃO A capela foi construída para celebração da festa Santa Ana, realizada por todos os moradores de 26 de julho de cada ano, sendo apenas utilizada nessa ocasião. Trata-se de um volume com dimensões muito pequenas, marcado pelas linhas circulares e implantado na extremidade de uma pequena praça (e cruzamento de 5 ruas) em declive. Esta implantação permite que o restante espaço da praça seja utilizado como anfiteatro, condição pensada para a grande aglomeração de pessoas, por ocasião da festa. Existe também um púlpito exterior, acessível a partir das escadas interiores,
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para que o celebrante possa ser visto por todos. Interiormente, trata-se de um espaço marcado pela simplicidade e pelo branco, organizado de uma forma tradicional. Destaca- se o trabalho da luz realizado através dos inúmeros vãos retangulares, colocados de forma irregular ao longo da parede que define/limita o espaço de celebração. O vão em forma de cruz que serve de base ao crucifixo. Dada a sua pequena dispersão e dimensão, esses vãos permitem a entrada de luz difusa, o que torna o ambiente calmo e o espaço acolhedor
PLANTA
CORTES
PLANTA
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IMPLANTAÇÃO
Construção isolada, sobre superfície rebaixada, acessível por escadas
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CONECTIVIDADE VISUAL
Lugar grande, determinando o fluir do corpo e olho Acessibilidade visual por todo lugar, sem pilar ou recanto Espaço sagrado em todo o ambiente Sentido de unidade espacial que potencia a unidade de espírito Espaço oração coletiva Espaço reservado (altar) Espaço sem integração visual ou espaço íntimo
CONECTIVIDADE VISUAL Espaço subdividido – gerando pouco controle visual Espaço sagrado fechado sobre si mesmo Lugares com maior dificuldade de visualização do espaço Máxima integração visual
ORGANIZAÇÃO ESPAÇO
2 pontos de entrada Espaço e transição – percurso de descoberta Percursos e fluxo definidos
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Escadas, vigas, bancos e chĂŁo de madeira
Paredes brancas para tornar um ambiente harmĂ´nico e luz natural se dispersar com melhor qualidade
Muitos retângulos para entrar luz natural
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FICHA TÉCNICA Localização: Porto, Portugal Ano: 2000 Área: 45m² Arquitetos responsáveis: Nuno Valentin e Frederico Eça
2.1.3 CAPELA DO CREU
DESCRIÇÃO A Capela do Creu teve como cliente a Província Portuguesa da Companhia de Jesus. O projeto, com orçamento reduzido , nasceu da necessidade de dotar o Centro de Reflexão e Encontro Universitário – Inácio de Loyola de uma capela de maiores dimensões, aberta ao jardim. A capela encontra encontra-se implantada no interstício de dois edifícios do CREU, numa das extremidades do seu jardim privado. Trata-se de um
espaço com dimensões reduzidas e geometria trapezoidal. O vão espalhado é centro no projeto, tanto pela forte permeabilidade com o jardim, abrindo os limites do espaço da capela, como pelos reflexos e relações de visibilidade criadas. A capela caracteriza-se pela flexibilidade do seu uso, dado que a disposição da assembléia não são fixas e pela externa simplicidade.
PLANTA
CORTE
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ELEVAÇÕES
IMPLANTAÇÃO
Complexo aglomerado, sobre superfície plana, sem desnível
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CONECTIVIDADE VISUAL
Lugar pequeno Ponto de conectividade visual máxima Espaço sagrado junto com todo o ambiente Espaço oração coletiva junto com todo o ambiente Lugares obstruídos pela visão (pilar) Espaço sem integração visual
INTEGRAÇÃO VISUAL
Pilar obstruir visibilidade e delimita zona de transição/entrada Máxima integração visual na extremidade oposta ao vão Máxima integração visual Lugares com maior dificuldade de visualização do espaço Espaço pouca visualização espaço
ORGANIZAÇÃO ESPAÇO
1 ponto de entrada Percursos e fluxos pré definidos – flexibilidade no uso do espaço
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Vidro espalhado – vão Para iluminação natural penetrar
Parede cor clara
Inóx - caixilho
Chão cor clara, para receber melhor a luz natural
Luz natural se manifesta através de frestas na parede e vidro
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As quatro obras apresentadas a cima; Capela em Valleaceron, Capela Santa Ana e Capela do Creu estabelecem comparações como:
° Volume grande e bruto de concreto armado (Capela em Valleaceron e Santa Ana) ° Possuem cores claras em seu interior para que a claridade natural se disperse ° Com aberturas de vidro para entrada de luz natural ° Constituídas de formas geométricas ° O espaço sagrado conversa com o externo, mesmo sendo uma implantação isolada ° Incorporam a sombra na superfície, de maneira a estabelecer temporalidade do percurso do sol nas aberturas. ° Maneiras diferentes de pensar a entrada de luz em seu ambiente
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FICHA TÉCNICA Localização: Áustria Ano: 2014 Área: 27m² Arquitetos responsáveis: Gerhard Sacher
2.2.1 CAPELA MARIA MAGDALENA
DESCRIÇÃO A capela familiar Maria Magdalena, é um objeto escultural espetacular feito em concreto branco auto adensável. Os construtores provaram ter uma grande porção de coração, confiança e compreensão profunda da arquitetura, ao projetar esse espaço atemporal excepcional, onde cerimônias familiares e festividades acontecem e a tranquilidade, contemplação e recordação podem ser experimentadas numa configuração única. O branco brilhante do concreto é perfeito, a arquitetura harmoniosa e sem adornos, planície fértil
PLANTA
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com grande tradição cultural e histórica. O pátio de cascalho ligeiramente descendente espaçoso e redondo, através de uma rampa da acesso a capela. No pátio, implanta-se o edifício de concreto branco e vidro, e os elementos básicos interpretam uma capela clássica de forma contemporânea. Variadas luzes e as impressões da superfície brilhante a um azul fosco no amanhecer, através do qual existem inúmeras matizes e texturas.
CORTE
ELEVAÇÕES
IMPLANTAÇÃO
Construção isolada
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CONECTIVIDADE VISUAL Lugar pequeno, mas não atrapalha o fluir do corpo e olho Ponto de conectividade visual máxima Espaço sagrado em todo o ambiente
Cruz do lado de fora
INTEGRAÇÃO VISUAL
Máxima integração visual interna e externa Nenhum ponto obstruindo a visibilidade
ORGANIZAÇÃO ESPAÇO
1 ponto de entrada Espaço pequeno, prejudicando a flexibilidade do local Percursos e fluxo pré definidos
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Vidro transparente, permitindo a entrada de luz natural e conexão do corpo e olho com meio externo
Iluminação artificial
Bancos de madeiras, fixados na parede e abaixam quando necessário, facilitando o andar no local
Concreto branco
Luz natural invade toda a capela
Luz artificial a noite, com rasgos em sua superfície
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FICHA TÉCNICA Localização: Portugal Ano: 2017 Área: 100m² Arquitetos responsáveis: Plano Humano
2.2.2 CAPELA NOSSA SENHORA DE FÁTIMA CNAE
DESCRIÇÃO Em plena região centro de Portugal, no conselho de Idanha a Nova, a construção deste edifício surgiu da vontade de ter no Centro Nacional de Atividades Escutistas (CNAE). Acampamento Nacional de Escuteiros Católicos Portugueses. A localização escolhida é privilegiada, numa área de planalto, central no CNAE, em ambiente rural e natural, com um sistema de vistas extraordinário, que impulsionou a concepção do edifício. A vivência espacial inicia-se com o percurso de acesso à capela, um momento de passagem gradual para o ambiente mais recolhido deste recinto, criado por uma divisória em postes de madeira tratada, suficiente para delimitar o espaço, mas propositadamente aberta, mostrando uma capela disponível para todos os que passam. A luz, importante tema na arquitetura e na expressão religiosa, foi pensada de forma a realçar a expressividade
de todo o espaço, interior e exterior. Pela sua localização, em ambiente rural, e no centro da prática escultista, a iluminação artificial eleita é discreta, harmoniosamente distribuída, destacando e enquadrando o edifício com a natureza sempre que a noite cai, deixando contudo sobressair as estrelas. É uma iluminação que parte de baixo e se projeta no conjunto edificado, e na grande cruz, que valoriza as dimensões da arquitetura, conferindo-lhe também dimensões etéreas. Um único ponto de luz destacase da restante iluminação, e cai do alto do eixo da estrutura, no topo do altar, consagrando em reverência este elemento. O altar, a fonte e o caminho de percurso da água, são elementos fixos do edifício, e são constituídos em pedra, material natural e nobre.
PLANTA
ELEVAÇÃO
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IMPLANTAÇÃO
Construção isolada
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CONECTIVIDADE VISUAL Lugar grande, possibilitando o fluir do corpo e olho Acessibilidade visual por todo lugar, altar não atrapalha Espaço sagrado em todo o ambiente,não tendo diferenciação de coletivo e privado.
INTEGRAÇÃO VISUAL
Máxima integração visual – permitindo a integração visual com o restante da construção. Nenhum ponto (pilar, paredes) obstruindo a visão
ORGANIZAÇÃO ESPAÇO
Sem ponto fixo de entrada Espaço grande, com muita flexibilidade Percursos e fluxo não definidos
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Estrutura de madeira e zinco
Altar e fonte construído em pedra Caminho da água até o altar dando uma percepção de conexão com o divino. Bancos de madeira
Luz natural entra em toda a edificação, permitindo a fluidez do olho e corpo com meio externo
Luz artificial usada quando escurece, restringindo a conexão com o meio.
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As Capela Maria Magdalena e Capela Nossa Senhora de Fátima são relacionadas através de alguns pontos; ° ° ° ° ° ° °
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Passagem livre, de uma ponta na outra Elas são constituídas apenas por uma cobertura A conectividade visual máxima com o meio externo e interno A luz natural faz parte da sua essência, entrando em toda a edificação Em contato direto com a natureza Muita flexibilidade e permeabilidade de espaço, mesmo sendo capelas pequenas Implantação isolada
FICHA TÉCNICA Localização: Rio de Janeiro Ano: 2014 Área: 43m² Arquitetos responsáveis: Thiago Bernardes
2.3.1 CAPELA JOÁ
DESCRIÇÃO A implantação da Capela foi definida em função da topografia irregular do terreno e da busca por um local reservado e sem fluxo de pessoas. Era importante situá-la em um ponto onde a natureza do entorno – floresta, céu, mar – estivesse presente na experiência daquele espaço. A busca conceitual pela simplicidade norteou a concepção do projeto e possibilitou uma construção sistematizada. As duas vigas metálicas que sustentam o deque elevado estão apoiadas em dois únicos pontos - no caminho de acesso existente e no pilar que nasce na parte mais baixa do terreno. Sobre a estrutura principal se apoiam pórticos de madeira laminada, que ao mesmo tempo estruturam
e envolvem o espaço interno. Panos de vidro revestem a estrutura em madeira protegendo-a das intempéries ao mesmo tempo em que mimetizam o pequeno objeto à floresta através do reflexo das árvores. O grande pilar metálico que sustenta um dos vértices do deque eleva-se e transforma-se na cruz que surge emoldurada junto à paisagem. A Capela se faz presente entre as copas das árvores, a uma altura que permite a vista do infinito. É um espaço cuja simplicidade conceitual que perpassa sua materialidade e soluções construtivas, potencializa a experiência sensorial daqueles que buscam o silêncio e a reflexão.
PLANTA
CORTE LONGITUDINAL
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CORTE TRANSVERSAL
IMPLANTAÇÃO
Construção isolada
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CONECTIVIDADE VISUAL Cruz do lado de fora
Lugar pequeno, limitando o percorrer do corpo e olho Ponto de conectividade visual máxima Espaço sagrado em todo o ambiente
INTEGRAÇÃO VISUAL
Máxima integração visual no interior Nenhum ponto obstruindo a visibilidade Apesar de ser construída no meio natural, a capela se limita na conexão visual com o externo.
ORGANIZAÇÃO ESPAÇO
1 ponto de entrada Espaço pequeno, prejudicando a flexibilidade do local Percursos e fluxo pré definidos
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Cruz de aço, recebendo luz natural direta Vidro transparente para proteção do pergolado e limitando conexão com meio externo Pergolado de madeira
Luz natural com foco na cruz, , conectada diretamente com o meio externo
Luz artificial usada entre o pergolado de madeira
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FICHA TÉCNICA Localização: México Ano: 2010 Área: 384m² Arquitetos responsáveis: Divece
2.3.2 CAPELA DO LAGO
DESCRIÇÃO A Capela ecumênica foi construída como empreendimento de uma residência que está localizada ao fundo. Ela se localiza ao centro para enfatizar a importância da oração e que é um hábito útil. É uma estrutura leve e é habitada em quase todo o tempo. Seus limites são dissolvidos, e o
material é transparente para que o meio externo seja parte do interno. Local que funciona através do afeito de luzes e celebra sua missão de catalisador de atividades diárias ligada ao contexto residencial.
PLANTA
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CORTE AA
CORTE BB
Luz natural invade todo o ambiente, trazendo aproximação com o meio externo
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ELEVAĂ‡ĂƒO
Flexibilidade no percorrer do olho e corpo, tendo o altar e pilares como dificultores do olhar.
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CONECTIVIDADE VISUAL Lugar grande, possibilitando o fluir do corpo e olho Acessibilidade visual por todo lugar, maior no altar Espaço sagrado em todo o ambiente
INTEGRAÇÃO VISUAL
Pilares obstruem um pouco da visibilidade e delimita zona de transição Altar com maior visão do todo
ORGANIZAÇÃO ESPAÇO
1 ponto de entrada Espaço grande, com muita flexibilidade Percursos e fluxo definidos
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Concreto armado por toda a edificação, nos bancos, pilares e cruz
Luz natural penetra por toda parte durante o dia
Luz artificial para dar efeito de transparĂŞncia
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FICHA TÉCNICA Localização: Bélgica Ano: 2011 Arquitetos responsáveis: Gijs Van Vaerenbergh
2.3.3 READING BETWEEN THE LINE
DESCRIÇÃO 'Lendo nas Entrelinhas' é um projeto da dupla Gijs Van Vaerenbergh, uma colaboração entre os jovens arquitetos belgas Pieterjan Gijs (Leuven, 1983) e Arnout Van Vaerenbergh (Leuven, 1983). Desde 2007, eles realizam trabalhos em espaços públicos em que contribuem com seus conhecimentos arquitetônicos, mas
com intenções artísticas. Seus projetos não são originados da iniciativa de um cliente clássico, e carregam uma alta dose de autonomia. Suas primeiras preocupações são a experimentação, a reflexão, um envolvimento físico com o resultado final e a conexão do espectador.
Chapas de aço e fundamento de concreto
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Capela totalmente vazada, permitindo a entrada da luz natural por todo ambiente e conexão do olho e corpo com o meio externo
Dependendo da perspectiva do espectador, a igreja é percebida como um edifício massivo, ou dissolve-se - parcialmente ou completamente - pela paisagem. Quem a vê de dentro para fora, por sua vez, presencia-se um jogo abstrato de linhas que remodela a paisagem circundante. Dessa forma, igreja e paisagem podem ser consideradas partes do projeto - portanto, também o seu título, que implica que ao ler entre as linhas, deve-se ler também as próprias linhas. Em outras palavras: a igreja torna a experiência subjetiva da paisagem visível, e vice-versa.
O projeto pode ser lido como uma reflexão de assuntos arquitetônicos como escala, implantação, e outros conceitos. Mas o projeto enfaticamente também transcende o estritamente arquitetônico. Afinal de contas, a igreja não tem uma função bem definida e se concentra na experiência visual em si. Para além de que, a igreja não cumprindo sua função clássica, pode ser entendida como uma reflexão sobre o patrimônio relacionado com a ocupação atual das igrejas da região (e seu potencial de reuso artístico).
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As Capelas Joá, Capela do Lago e Reding Between the Lines são relacionadas através de; ° ° ° ° ° ° ° ° °
A conectividade visual máxima com o meio externo e interno A luz natural faz parte da sua essência, entrando em toda a edificação Em contato direto com a natureza Implantação isolada Percursos e fluxo definidos/pré definidos Elemento água é presente Construção elevada Percurso do olhar atravessa o espaço plano constituído por repetições Reding Between the Lines é totalmente permeável
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LEVANTAMENTO E DIRETRIZES
Este capítulo apresenta um traçado de estratégias, junto com um conjunto de instruções da área de intervenção, desde o estudo do solo até a escolha de materiais para o projeto, assim, definindo a necessidade e respeitando as características urbanas do local. Com o objetivo de agregar significado para o entorno do projeto.
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CAPÍTULO 3 | APRESENTAÇÃO DA ÁREA A área para implantação do Templo Ecumênico está localizada na cidade de São Joaquim da Barra São Paulo. No Parque dos Lagos Antônio Scarpellini, na rua Olivério Arantes, bairro Jardim Guarujá. A principal ideia é implantar o Templo em um lugar onde tenha fácil acesso a natureza, estimulando os sentidos sensoriais dos visitantes, com a luz natural e ausência dos ruídos da cidade. Como vimos na lista de obras, os templos são lugares de meditação, concentração, reflexão, celebração e encontro com o divino, colocando em questão os sentimentos pessoais e emoções. Sendo assim a presença da luz natural é primordial, pois é responsável por ligá-la com os demais itens - espaço, forma, corpo e ser superior. Tornando-se um espaço chamado de Templo a partir da sua qualidade de profundidade. O público alvo são moradores da cidade os quais procuram por um espaço onde possam estar em paz, pois é fundamental que o visitante se sinta seguro, a vontade e acolhido no local. Elevar o lado espiritual para busca da própria essência, descansar a alma, buscar a conexão com o ser superior e assim ser surpreendidos com a implantação do mesmo através dos sentidos que ele causa. O mesmo será mantido pela prefeitura da cidade, pois se
tornará um equipamento público, de interesse social dento do Parque dos Lagos que também é um lugar público. A área escolhida tem cerca de 37.000m², é um ponto positivo por ser um lugar próximo a cidade e com alta procura da população por ter um entorno imediato de perfil residencial predominante. No interior do bairro há ainda um pouco de comércio, sendo um local de muita procura pela população, principalmente nos finais de semana e feriados, para caminhada, passeios com bichos de estimação e crianças, encontros com amigos, pesca e piquenique. Há também estacionamentos gratuitos e no projeto da prefeitura existe a locação de guarita e banheiros, mas até o momento não foram implantados. O ponto negativo do local é que durante a noite há ausência de poste de luz e bancos, se tornando um lugar pouco procurado por causar insegurança a população e sendo um atrativo para os moradores de rua e ponto de encontro para consumo e venda de drogas. A rodovia Anhanguera passa em cima do Parque dos Lagos, mas não gera conflitos auditivos, por ter uma APP (área de preservação permanente) de grande largura que filtra os ruídos.
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APP (área de preservação permanente) acima do lago
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Fig (39, 40 e 41) imagens do fluxo no Parque dos Lagos nos finais de semana e feriados. FONTE: autora
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USO DO SOLO URBANO
Verde Área de lazer Corgo/água Área Institucional Vazio urbano Residência Comércio Serviço
Na área de estudo com predominância residencial, há também presença de usos institucionais, sendo eles; igrejas, teatro, rodoviária, cemitério e escola. Há forte predominância do uso comercial na entrada da cidade e nas marginais, que são vias de maior fluxo, sendo eles; concessionárias, supermercados, farmácias e lojas em geral. Alguns pontos de serviços como posto de gasolina, pizzaria, hotel, academia e empresa como cpfl. Notamos que as áreas de grande metragem quadrada permanecem vazias, não tendo função
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nenhuma para a população local, servindo para descarte de lixo, se tornando prejudicial para a cidade. Na área são localizadas quatro praças de convívio para a população, sendo uma delas tomada por moradores de rua e tráfico. A predominância de pavimentos na área é térreo, destacando somente um hotel com 3 pavimentos na rua a cima do Parque dos Lagos e uma igreja na parte de baixo do mapa, próxima a uma área de lazer.
INSOLAÇÃO E VENTILAÇÃO
SOL POENTE
As fachadas Sudoeste e Sudeste receberão a luz da manhã, a partir das 9h, ficando sombreadas no período da tarde. A fachada Nordeste receberá o sol praticamente
durante todo o dia, a partir das 17h o objeto não receberá mais luz solar, apenas iluminação. Ou seja, objeto implantado terá grande iluminação natural durante todo o dia.
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O vento predominante vem da região Leste, durante 9 meses do ano. Nos outros 3 meses ele vem do Norte.
3.2 | PROGRAMA RESTRIÇÕES URBANÍSTICAS Código de obras e 2017 dimensionamento
edificações de de ambientes
FONTE: Decreto nº 57.776 (2017)
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DIRETRIZES PROJETUAIS O programa do Templo ecumênico se fundamentará em três partes, sendo elas; convívio religioso - para o público, exercício religioso em salão mais reservado e apoio, se estruturando em espaços que incentivam a meditação e recebem os usuários.
APOIO Copa, sanitários e depósito
EXERCÍCIO RELIGIOSO Espaço mais reservado para meditação
CONVÍVIO RELIGIOSO Salão de meditação
QUADRO DE ÁREAS
73 |
3.3 | PARTIDO PROJETUAL CONCEITO DO PROJETO O Templo em si, possui uma característica fundamental, a função de acolher as pessoas, portanto esse caráter deve ser mantido e valorizado, fazendo com que os espaços sejam agradáveis para se permanecer. Então a proposta do espaço é pensada em função da meditação, oração e reflexão individual, desconexa de culto religioso, que pode ocorrer. Questões arquitetônicas importantes para a construção desse conceito são:
RELAÇÃO EXTERIOR E INTERIOR - distinção entre a construção de plano e volume
d e n t r o
fora
dentro
fora A relação entre externo e interno é pensada de forma que a pessoa seja parte do meio, envolvida pela edificação. A relação entre dentro e fora se torna fluida, tênue. Cheio e vazio, hora fazem parte do dentro, hora do fora, oscilando entre os dois.
PERCURSO DO CORPO O percurso na construção dos planos acarreta surpresa sobre o que encontrará do outro lado do plano e a linha reta que nos induz a sempre caminhar para frente, nos remete a essa busca pelo outro lado. Já no exemplo da construção de volume, a forma de pensar é diferente, pois sabemos perfeitamente onde é dentro e onde é fora, não havendo jogos de descoberta.
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RELAÇÃO LUZ / ÁGUA Como sabemos, a água é um plano refletor, ela baixa o céu no nível dos nosso olhos, isso acontece por causa da luz, que trabalha de forma a iluminar a atmosfera para que aconteça essa junção. O Templo terá um espelho d'água como continuidade do espaço, trazendo assim, o céu para perto de nós.
luz objeto refletor água
Sendo as paredes do objeto de cor branca, essa mesma cor servirá como um rebatedor de luz. Com texturas diferentes em cada parede, para que a arquitetura sensorial seja revelada a cada nova descoberta.
RELAÇÃO LUZ / PLANO DE SOMBRA A Luz será fundamental para o objeto, sendo grande parte gerada por luz natural, durante o dia, com aberturas e rasgos nas fachadas e no teto, para que as sombras e luz no interior do edifício se moldem nos planos. A noite o processo será ao contrário, ela será usada como fonte de luz artificial, gerando sombra para o meio e funcionando como luminária.
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MEMORIAL JUSTIFICATIVO O Templo é formado por um percurso linear, que vai aproximando o corpo do usuário do espaço interior do edifício. Esse percurso faz a interface entre exterior e interior criando um espaço intermediário de condução à instrospecção. As paredes brancas de concreto contrastam com a natureza e amplificam o poder da luz sobre a edificação ativando sensorialmente os visitantes. Rasgos contínuos das paredes até a cobertura conectam exterior e interior, e também permitem a dispersão da luz natural criando possibilidades de temporalidades diversas. O caminho do sol é percebido pelo jogo de sombras e feiches de luz no ambiente. Um plano desloca o fluxo internamente permitindo fendas de passagem entre os ambientes. O muxarabi foi usado para aproximar e separar os ambientes ao mesmo tempo, dando idéia de conexão entre eles. A laje é maciça de concreto armado e o restante do templo também são de concreto armado. O templo fica suspenso 0,50cm do chão, sobre um plato de concreto permitindo um contato mais sutil com o terreno do parque. Todo o edificio foi envolto com um plano permeavel de muxarabi, para criar instrospecção e e causar curiosidade das pessoas que estão passando pelo parque, porque vemos através do elemento, mas não completamente. Na entrada encontra-se um espelho d'água juntamente com uma rampa, que foi pensado de forma a distanciar o templo do entorno. Logo atrás do espelho d'água acontece um espaço mais reservado, ligado diretamente a meditação do indivíduo, com bancos, rasgos translúcidos nas paredes e visão para o lago, tendo total conectividade com o externo. No espaço ao lado está o convívio religioso, totalmente aberto, sem fechamentos e com livre acesso ao deck, com maior contemplação e máxima conexão interno/externo. No terceiro espaço está o de apoio, com banheiros, depósito e copa, juntamente com um segundo espelho d'água para afastar os ambientes de forma sutíl e juntar o todo através dos espelhos. Ao lado encontra-se uma segunda entrada por escadas. Ampliando assim o espaço de circulação.
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PROJETO
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IMPLANTAÇÃO
| 80
ESC 1:250
81 |
+0 ,5
TO
RE
NC
CO
,0
+0
DO
MA
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+0
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+0
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RA IN MP CL A IN = 6 AÇ , ÃO 00 M =8 ,33 %
CC
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+0
| 82 ESC 1:250 BB
+0 ,0
PÓ
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DE
AA
DD
EE
,5
+0
CC
,5
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AA
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+0
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+0
DD
,0
+0
RA IN MPA CL IN = 6 AÇ ,00 ÃO M =8 ,33 %
BB
EE
PLANTA
SI TO
CORTE AA
CONCRETO
LAJE PRÉ FABRICADA 0,10
+ 3,50
+ 0,50
AA
ESC 1:100 83 |
+ 3,50
CORTE BB
+ 0,50
AA
ESC 1:100
+ 4,00 + 3,50
+ 0,50 + 0,20
BB | 84
ESC 1:100
CORTE CC
+ 4,00 + 3,00
+ 0,50
CC + 4,50 + 4,00 + 3,50
ESC 1:100 85 |
CORTE DD + 4,00 + 3,00
+ 0,50
CC
ESC 1:100
+ 4,50 + 4,00 + 3,50
+ 0,50
DD | 86
ESC 1:100
CORTE EE
+ 4,50 + 4,00 + 3,00
+ 0,50
EE
ESC 1:100 87 |
ELEVAÇÕES
+ 4,50 + 4,00
+ 0,50 + 0,20
ELEVAÇÃO NORTE ESC 1:125
+ 4,50 + 4,00 + 3,50
+ 0,50
ELEVAÇÃO SUL ESC 1:125
| 88
+ 4,50 + 4,00 + 3,50 + 3,00
ELEVAÇÕES
+ 4,50 + 4,00 + 3,50 + 3,00
+ 0,50
ELEVAÇÃO LESTE ESC 1:125
+ 4,50 + 4,00 + 3,50 + 3,00
+ 0,50 + 0,20
ELEVAÇÃO OESTE ESC 1:125
89 |
| 90 ESC 1:250 C +0 RET ,5 O
ON
EC
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05
JE
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04
OS
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PLANTA FUNDAÇÃO
91 |
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LIVRO COMPLETO ABUMANSSUR, KAHN,
Louis.
ZUMTHOR,
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Silence
Peter.
a
and
Atmosferas.
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Sagrado. 1969.
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EditoraMüry Editora
2000,
Editora
Salzmann
Gustavo
Gili,
Bookman
2011
VerlagsGmb,
2011
Barcelona
2006
NEVES, Juliana Duarte. Arquitetura Sensorial, a arte de projetar para todos os sentidos. Editora Mauad X, Brasil, 2017 LAGE, Alberto, THENAISIE, Sofia. Desenhar a luz = Designing light,Faup Publicações, Porto, Portugal, 2009
CAPÍTULO DE LIVRO PENNICK,Nígel.GeometriaSagrada.Brasil1980-1.Osprincípiosdageometriasagrada.2.Asformas.14.Overificadordageometriasagrada. PALLASMAA, Julhani. Os olhos da pele a arquitetura e os sentidos. Brasil, 2009 - Parte 1: Os critérios da priorização dos olhos. Espaço oral versusespaço visual. Uma arquitetura de imagens visuais. Materialidade e temporalidade. Uma nova visão e o equilíbrio sensorial. O corpo no centro. Parte 2 completa TUAN, Yi-Tu. Espaço e lugar, a perspectiva da experiência. Editora Difel,1983. Capítulos 4. Corpo, Relações pessoais e valores espaciais, 5. Espaciosidade e Alinhamento, 6. Habilidade espacial, conhecimento e lugar, 7. Espaço mítico e lugar, 10. Experiências íntimas com o lugar, 12. Visibilidade: a criação do lugar, 13. Tempo e lugar. BACHELARD, Gaston. A Poética do Espaço. Editora Martins Fontes, 2003. Capítulo 9. A dialética do exterior e do interior. NORBERG-SCHULZ, Christian. O fenômeno do lugar. Cosac Naify, São Paulo, 2006. O fenômeno do lugar.
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Adriana. Os sentidos Humanos e (Mestrado Integrado em Arquitetura)
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Religiosos Faculdade
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do da
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2011. Interior.
GUEDES, Renata. Os cinco sentidos e a Arquitetura. 2012. Dissertação (Trabalho final de Graduação) Universidade de São Paulo. Disponível em: https://issuu.com/renatamcguedes/docs/caderno COSTA, Leandra 2013. Dissertação
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FLEURY, Luis César. A arquitetura do sagrado - o Graduação Stricto Sensu em ciências da religião) MOURÃO, Dissertação
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93 |
Templo da Água. Japão, Tadão Ando, 1989 Capela de Campo Bruder Klaus. Alemanha, Peter Zumthor, 1997 Capela do Creu. Portugal, Nuno Valentin, 2000 Capela Santa Ana. Portugal, escritório e|348 arquitectura, 2009 Templo da luz. Japão, Tadão Ando, 1999 Capela do Lago. México, Divece Arquitectos, 2010 MPGAA: Capela na Encosta. Rio de Janeiro, Miguel Pinto Guimarães, 2016 Capela de três retas. Minas Gerais, B&L Arquitetura, 2012 Capela Tatuí. São Paulo, Beatris Meyer, 2006 Templo Ecumênico - Caixa de luz. Curitiba, Manoel Coelho, 2002 Templo Bahá'ì. Chile, Justin Ford, 2016
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irreversível em:
corpo
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sobre
a
pesquisa
da
espacialidade
na
arquitetura,
2006.
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PERSPECTIVAS
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