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EXPEDIENTE Nossa equipe
Expediente DAMHA URBANIZADORA Diretores e Gerentes Akira Wakai Andreia Barbon Caio Condi Carlos Eduardo Freire Edio Moraes Edílson Gonçalves Fernanda Toledo Francisco Ivo Prado Juliana Liberati Leandro Gonçalves Luiz Lissner Nelio Galvão Vitor Knop REVISTA ESTILO DAMHA Daniele Globo Editora Chefe Thatiana Miloso Editora Assistente MTB 46.897
Quem somos? A Damha Urbanizadora é uma empresa parte do Grupo Encalso Damha, conglomerado empresarial fundado em 1964, que atua nos segmentos de Engenharia Civil, Agronegócios, Shopping Center, Concessão de Rodovias, Energia e Empreendimentos Imobiliários. Presente no cenário nacional desde 1979, a Damha desenvolve e executa loteamentos fechados e condomínios residenciais horizontais, reconhecidos pela alta qualidade urbanística e construtiva. Em seus projetos, aplica o que há de melhor em conceito de urbanismo no País e infraestrutura qualificada, sempre com respeito às normas ambientais. A Damha Urbanizadora conta atualmente com 58 empreendimentos lançados, mais de 20 mil unidades comercializadas e está presente em 17 Estados brasileiros além do Distrito Federal. Seu land bank total é de mais de 100 milhões de m², que representam um VGV potencial superior a R$ 7 bilhões. Números que refletem o compromisso com a qualidade e a seriedade da empresa com o melhor conceito de urbanismo do Brasil.
Edson Suguihara Nicole Thomaso Assistentes Fotos: Bruno Pinheiro, Bruno Rego, Claudio Gatti, Ezyà Fotografia, Fabiana Costa/SecultSE, Gabriel Fialho/Portal da Copa, Jefferson Gonzalez/Patagonia Experience, J.Helicóptero, Paulo Valente, Peixe Urbano, Romulo Fialdini, Sting Tung, Ulisses Neto, Willy Ertel Textos e revisão: Editora 10 (Dirlene Ribeiro Martins, Maysa Rodrigues e Thatiana Miloso), Ana Priscila Donato Capps, Décio Junior, Henrique Fruet e Martha Mendonça
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Alex Souza, Aline Angeli, Daniele Globo, Henrique Fruet, Lila Campos, Nicole Thomaso e Paulo Montini Tiragem: 20.000 unidades Foto Capa: Cláudio Gatti As colunas assinadas são de inteira responsabilidade de seus autores, não expressando necessariamente o pensamento do corpo editorial. A revista Estilo Damha é uma publicação bimestral da Damha Urbanizadora e distribuída gratuitamente a todos os clientes e moradores dos empreendimentos Damha, além de mailing direcionado.
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Auditado pela São Carlos (SP) - Fone (16) 3413 4637
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SELO FSC
EDITORIAL Daniele Globo
“MEU DEUS, MAS QUE CIDADE LINDA” Daniele Globo Editora
A
o chegar à rodoviária de Brasília, “com ou sem luzes de Natal”, fica impossível não se lembrar da banda Legião Urbana e de suas músicas, que são praticamente um guia turístico da cidade. Planejada por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, construída por JK e imortalizada nas canções de inúmeras bandas que nasceram da poesia concreta de suas linhas retas, a capital federal é única. Quando estive lá pela primeira vez, cada esquina de suas intermináveis quadras, cada placa informativa com nomes que mais pareciam saídos dos encartes dos meus vinis da Legião ou Capital Inicial, me transportavam para a década de 80. A sensação era que a qualquer momento encontraria Renato Russo compondo pelo Parque da Cidade ou “curtindo uma festa legal e querendo se divertir”. E essa sensação gostosa e saudosista me acompanhou durante toda esta edição da Estilo Damha, desde o momento em que escolhemos Brasília para estrear a seção Cidades. São nove páginas com o melhor da capital federal, uma reportagem sob medida para quem gostaria de conhecer melhor a cidade ou simplesmente redescobrila. Para os que foram adolescentes nos anos 80, vale a pena matar a saudade das sensações antigas que só Brasília tem o poder de provocar. Em meio a esse turbilhão chamado Copa do Mundo, parecia quase uma obrigação falar do evento que está mexendo com as estruturas de nosso país – ou deveria mexer pelo menos com a infraestrutura das cidades que estão sediando os jogos. Como brasileiros, vibramos na frente da TV, com o coração em campo, torcendo muito para que nossos meninos resgatem o futebol arte que fez do Brasil o maior nome do esporte. Mas também temos de aprender com as
lições deixadas pelo Mundial. O que poderia ser uma grande vitrine para o Brasil, acabou evidenciando nossa incapacidade de planejamento e execução. Legado? Sem dúvida, essa Copa deixará um grande legado. O evento bilionário parece ter despertado os brasileiros, que agora clamam por uma saúde nos padrões FIFA, educação nos padrões FIFA, transporte nos padrões FIFA. Enquanto produzíamos esta edição da Estilo Damha, vivemos um verdadeiro dilema: como abordar o assunto, uma vez que a revista chegaria às mãos dos leitores exatamente no meio da competição? Será que o Brasil estará classificado? Será que os meninos farão um bom campeonato, com garra, coragem e determinação? Será que os gargalos de infraestrutura irão explodir e estragar a beleza da festa? Foram tantas as dúvidas que decidimos conter a euforia – e a paixão – e abordar o tema de maneira mais serena, por isso a escolha do jornalista esportivo João Carlos Albuquerque, apresentador da ESPN Brasil, para ser nosso entrevistado. Também pensamos em uma maneira de mostrar o lado solidário do futebol, que realmente ajuda e transforma a vida das pessoas, elegendo o esporte como tema da seção Faça o Bem. E em uma época em que nossa sociedade está em ebulição, nada melhor que personificar em nossa capa a raça, a coragem, a alegria e a determinação do povo brasileiro. Foram essas virtudes que nos levaram, então, a escolher a apresentadora Astrid Fontenelle, que transformou sua luta diária contra o lúpus em uma bela história de superação, força e motivação. Espero que gostem do resultado. Boa leitura!
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ÍNDICE Confira tudo desta edição
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Cidades: Brasília /DF Eu Quero: Para esquentar o inverno
Gastronomia: Comfort Food
Comportamento: Como se Libertar do Ex Coluna Comportamento: Você acha que decide mesmo? Coluna Ser Mãe: Criando irmãos que se amam Coluna moda: Troque escassez por abundância Coluna Gastronomia: Salsichas gourmets, perfeitas no inverno
66 70 72 75 78 86 92
Coluna Automóveis: V40 cross country Negócios: Ambientes Inovadores Perfil: Douglas Duran Coluna Turismo: Aplicativos de viagens Turismo: Patagônia
Viagem do leitor: Tailândia Coluna Economia: Não economize no cafezinho Entrevista: João Carlos Albuquerque Cultura: Aracaju /SE Varal Cultural: O que vem por aí Arquitetura: Home Office My Pet: Cachorros Superstar
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Especial Capa: Astrid Fontenelle
96 100 103 6 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
Faça o Bem: ONG Futebol de Rua Coluna Condomínio: Condomínio Laico Damha News: Tudo que acontece na Damha Urbanizadora
OPINIÃO DOS LEITORES Gostou? Tem sugestões? Envie para estilodamha@estilodamha.com.br “Sou cliente Damha, possuidor de lote no Village Damha I, em Feira de Santana. Sou um leitor assíduo da Estilo Damha. Gosto muito das entrevistas e da riqueza dos conteúdos que tratam das várias regiões do Brasil. Por ter acesso a toda essa gama de conteúdo e me sentir satisfeito com essas publicações, coleciono a Estilo Damha e faço questão de tê-las em minha biblioteca. Damha já faz parte da minha família.” Jean L. Nonato – Militar e Professor de Inglês, Feira de Santana (BA) “Foi com muito prazer que vi e apreciei a publicação da revista que destacou Conde (PB) e o litoral desta cidade. A abordagem, as fotos e as entrevistas retrataram bem o que é esta região que, para mim, é uma das mais lindas da costa brasileira e que ainda guarda a simplicidade da vida no interior mesmo estando tão próxima à capital João Pessoa. A região na qual o condomínio se instalou é realmente privilegiada, com vias de fácil acesso e fartura de brisas frescas tão agradáveis e preciosas no Nordeste brasileiro. Parabéns!” Claudia Tombalato Prashanti – Diretora da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Conde (PB) “A revista segue um layout bonito e de boa leitura, parabéns. Gostei muito da matéria sobre o Vitorino Campos, por ser meu conterrâneo de Feira de Santana e por saber que de lá saiu um grande talento da moda brasileira, um exemplo para tantos outros jovens.” Marcos Vinicius – Designer Gráfico, Feira de Santana (BA)
“Fiquei muito contente e satisfeita com a qualidade da reportagem sobre meu novo CD. Um texto consistente, objetivo e diferenciado, sem contar a estética apurada e elegante. Tenho muito a agradecer, senti-me extremamente privilegiada, valorizada e brindada com o apreço da revista. Obrigada!” Regina Dias – Cantora, São Carlos (SP) “Estou grávida e, durante um passeio por Paraty (RJ), uma amiga, que é jornalista, me mostrou a matéria da última edição que fala do slow parenting (‘Tempo para Ser Apenas Criança’). Ela acertou em cheio, pois, como as mães entrevistadas na matéria, também quero que meu filho possa aproveitar cada minuto da sua infância sem se preocupar com o que vai ser no futuro.” Cristiana Araújo – Bióloga, Campinas (SP) “Tive a oportunidade de ler a Estilo Damha no salão da minha cabeleireira em São Carlos (SP) e fiquei impressionada com a qualidade da revista: a começar pela escolha das matérias. Gostei especialmente da Coluna Comportamento, pois, como professora, acho que a falta de foco é um grande problema nos dias atuais. Parabéns à Mara Behlau, parabéns a toda a equipe!” Helena Wenzel – Professora, São Carlos (SP)
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CIDADES Brasília /DF
CÉUS DE
BRASÍLIA Muito além do noticiário político, a capital federal alia características de grandes centros, como a vida urbana agitada, à tranquilidade do interior do Brasil, com verde preservado e céu inigualável Texto: Ana Priscila Donato Capps Fotos: Bruno Pinheiro
Vista da Torre de TV para o Eixo Monumental de Brasília 8 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
CIDADES Brasília /DF
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or trás das linhas frias de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa pulsa um coração. Os blocos de concreto dominam o skyline de Brasília, mas contrastam com um céu maravilhoso, de um azul encantador, que se encontra no horizonte com o verde da natureza preservada. A capital federal é um caldeirão cultural, com influências de todos os cantos do Brasil e também do mundo. Essa diversidade se reflete diretamente no dia a dia da cidade e em suas opções de lazer, cultura e gastronomia. Aqui você pode conhecer um pouquinho de cada canto do Brasil. Brasília em si é uma atração turística, pois foi projetada pelo urbanista Lúcio Costa e diversos prédios e monumentos são obra do arquiteto Oscar Niemeyer. Seu
conjunto arquitetônico e urbanístico lhe rendeu o título de Patrimônio Mundial da Unesco. O concreto transformado em arte atrai olhares curiosos e estupefatos com o caráter único da cidade. Toda essa grandeza é traduzida no Eixo Monumental, ao longo do qual se situam diversos símbolos do Distrito Federal, como o Itamaraty, o Congresso Nacional, a Praça dos Três Poderes, o Palácio da Alvorada e a Esplanada dos Ministérios, além da Torre de TV, o Memorial JK, o Panteão da Pátria, o Museu, a Biblioteca Nacional e a Catedral. Descendo ou subindo o Eixo Monumental, a Catedral Metropolitana de Brasília salta aos olhos com sua arquitetura inusitada e o espelho d’água que a circunda. Para quem não conhece, somente a cruz no topo do prédio indica que ali fica uma igreja. Oscar Niemeyer fez o templo em formato circular, e o acesso a ele é por meio de passagem subterrânea, um corredor estreito com piso e paredes negros que contrastam com o branco e a luminosidade da nave central. A catedral possui um belo acervo de obras de arte: na praça onde a igreja está instalada ficam as esculturas dos quatro evangelistas, obras de Alfredo Ceschiatti, e os sinos doados pelo governo espanhol. No interior do prédio estão os anjos de Ceschiatti, a Via Sacra de Di Cavalcanti, os vitrais de Marianne Peretti e um painel em cerâmica de Athos Bulcão, no batistério.
A Catedral Metropolitana de Brasília está entre as belezas arquitetônicas projetadas por Oscar Niemeyer 9 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
CIDADES Brasília /DF
Apreciar o pôr do sol no Lago Paranoá é um belo passeio
Já o Eixo Rodoviário, mais conhecido como Eixão, liga as “asas” do Plano Piloto às regiões norte-sul. Aos domingos, parte dessa avenida é parcialmente fechada para a prática de esportes e lazer. A propósito, exercitarse ao ar livre, ou simplesmente relaxar nos parques da cidade, é uma das atividades preferidas dos brasilienses. Um dos locais favoritos da população é o Parque da Cidade (Asa Sul), a maior área verde da América Latina dentro de uma metrópole. O espaço é usado não só para atividade física, mas para apresentações de chorinho aos domingos, shows gratuitos e feiras, além de ter seu próprio parque de diversões, o Nicolândia, que recentemente inaugurou uma nova roda gigante de 40 m de altura que oferece vista panorâmica da cidade. O Parque da Cidade ganhou fama nacional com a música Eduardo e Mônica, da Legião Urbana, o que motivou a criação de uma praça de mesmo nome na área verde. Outros points para curtir a natureza em Brasília são o Parque Olhos D’Água (Asa Norte), a Ermida Dom Bosco (Lago Sul) e o Parque do Lago Norte, além de calçadões e da própria orla do Lago Paranoá. Com verões úmidos e invernos muito secos, o lago foi criado para aumentar a umidade nas proximidades. O majestoso Paranoá, no entanto, ultrapassou essa função e hoje é protagonista de uma série de atividades de lazer, entretenimento e até compras, atraindo principalmente pela beleza de sua vista. Ao redor dos seus 48 km² há todo tipo de serviços, desde bares e restaurantes
Brasília e as 30 cidades satélites na verdade não são cidades até shoppings e academias de ginástica, além, é claro, de clubes: são 32 deles! O principal local gastronômico e de lazer é o Pontão do Lago Sul, um parque urbano que oferece excelentes opções de restaurantes, bares e quiosques; além do Pier 21: um shopping à beira do lago com diversas lojas, fast food e até cinema. A noite também acompanha o Paranoá, que é cercado de casas noturnas com música animada e bons drinks. Para aproveitar o lago de forma mais tradicional, a opção é o Calçadão da Asa Norte, onde é possível alugar caiaques e pedalinhos para um passeio, além de ser muito procurado para pesca – peixes como tilápias, carás, carpas e bagres são encontrados no lago artificial – e piqueniques. O local, inclusive, sedia ocasionalmente o Picnik, evento gratuito que reúne nas tardes de domingo feirinha com lojas descoladas, artesanato, comidinhas e DJs. Outra opção é aproveitar as águas calmas para praticar canoagem, a velejada, o stand up paddle, o wakeboard e o windsurfe, além de navegar. Embarcações particulares trafegam diariamente pelo Lago Paranoá, onde também é possível alugar um barco para passar o dia ou mesmo estar a bordo de alguma festa. Da beira do Lago Paranoá ou da janela de um apartamento, poder olhar os confins do Planalto Central proporciona uma sensação libertadora. A espacialidade de Brasília admite que tanto o nascer quanto o pôr do sol sejam admirados de diversos e particulares pontos de vista.
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CIDADES Brasília /DF
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Cinquentona Brasília
omo é sabido, Brasília é uma cidade jovem e planejada. Apesar de a primeira Constituição Republicana (1891) já prever a mudança da capital federal do Rio de Janeiro para o interior do País, a transferência só começou a se tornar realidade em 1956, quando Juscelino Kubitschek assumiu a Presidência da República. Naquele ano, o governo federal abriu concurso público nacional para a elaboração do Plano Piloto, e os arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer começaram a dar forma à “capital de todos os brasileiros”. Lúcio Costa foi responsável pelo urbanismo e Oscar Niemeyer, pelos principais prédios: Congresso Nacional, Palácio da Alvorada, Palácio do Planalto, Itamaraty, Catedral e outros mencionados. Já o paisagista Roberto Burle Marx projetou os jardins modernistas de alguns dos principais edifícios da cidade. Construída em tempo recorde, Brasília foi inaugurada no dia 21 de abril de 1960 e chegou a ter 30 mil operários nas obras. Os candangos, como eram chamados os migrantes que chegavam para trabalhar na construção civil, foram personagens essenciais para o desenvolvimento da nova capital, tanto que o principal acampamento deles, a Cidade Livre, ou Núcleo Bandeirante, abriga hoje o Museu Vivo da Memória Candanga, com sua característica alameda de casas de madeira coloridas.
Aos poucos, os migrantes foram povoando não somente o Plano Piloto, mas as cidades-satélites do Distrito Federal. Hoje, conforme dados do Censo 2010, Brasília tem população superior a 2,5 milhões de habitantes, 3,7 milhões em sua área metropolitana, tornando-a a quarta cidade mais populosa do Brasil. O Distrito Federal é sui generis em relação ao resto do País, pois não é nem estado, nem município, mas um ente especial que acumula as competências legislativas reservadas aos estados e aos municípios. Assim, as 31 regiões administrativas do DF – Brasília e as 30 cidades satélites – na verdade não são cidades. Outra questão que provoca confusão nos visitantes é a dinâmica da cidade. O Plano Piloto, comparado a um avião, é formado pelo Eixo Rodoviário (Eixão) no sentido norte-sul e pelo Eixo Monumental no sentido lesteoeste. Em princípio, essa logística parece complicada, mas na verdade é muito organizada. O Eixo Rodoviário é formado pelas asas Sul e Norte e pela parte central, onde as asas se encontram sob a rodoviária. As asas são áreas compostas basicamente pelas superquadras residenciais, quadras comerciais e entrequadras de lazer e diversão. O Eixo Monumental tem, a leste, a Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes; ao centro, os setores de autarquias, comerciais, de diversão e hoteleiros; e, a oeste, a Torre de TV e o setor esportivo.
Congresso Nacional, obra do arquiteto Oscar Niemeyer, um dos principais cartões postais de Brasília
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CIDADES Brasília /DF
Guitarra na mão e bola no pé
A
capital, que tinham acesso às tendências musicais internacionais, deram luz a um rock politizado e visceral, inédito no Brasil, muito bem retratado no filme Faroeste Caboclo (2013), de René Sampaio. Nas superquadras, nos bares e nas boates ecoavam os primeiros acordes de bandas que se tornariam referência nacional, como Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude, além de, mais tarde, Natiruts e Raimundos, grupos que se destacaram em seus respectivos estilos. Essa efervescência cultural resultou na consolidação e criação de diversos espaços voltados às artes, como o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), que sedia exposições nacionais e internacionais, mostra de filmes e peças teatrais; o Teatro Nacional, o Sesc, a Caixa Cultural, o Museu de Arte de Brasília, o Museu Vivo da Memória Candanga, a Funarte, o Clube do Choro e o Cine Brasília, que abriga anualmente o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, um dos mais tradicionais do País.
Foto: Gabriel Fialho - Portal da Copa
pesar de sua pouca idade (54 anos), Brasília tem seus cidadãos ilustres, destacando-se como celeiro de artistas e esportistas de renome internacional. No mundo dos esportes, destacam-se os jogadores de futebol Kaká, Lúcio e Amoroso, os quais vestiram a camisa da Seleção Brasileira, o jogador de vôlei Tande, também campeão defendendo as cores do Brasil, e o maratonista Marilson Gomes dos Santos. No universo musical, Brasília foi palco para o surgimento de diversas bandas de rock, especialmente nos anos 80, quando um grupo de amigos intitulado Turma da Colina colocou o rock brasiliense na cena nacional. A Turma da Colina era o apelido do condomínio que reunia os quatro prédios que serviam de moradia para alunos, professores e funcionários da Universidade de Brasília (UnB). Esses personagens, ao lado dos filhos de funcionários das mais de cem embaixadas localizadas na
Estádio Mané Garrincha, uma das sedes dos jogos da Copa 12 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
CIDADES Brasília /DF
Pontão: além da bela vista do Lago Paranoá, o local concentra ótimas opções de bares e restaurantes
Falando em cinema, também são brasilienses os atores Murilo Rosa, Patrícia Pillar e Maria Paula, além da jornalista Ana Paula Padrão. E Brasília tem um cinema único, o Cine Drive-In (Asa Norte), considerado o maior cinema ao ar livre do mundo, com uma tela de concreto de 312 m². Inaugurado em 1973, o Cine Drive-In disponibiliza programação atual de filmes e tem 500 vagas de estacionamento disponíveis. Para assistir a um filme, basta pagar ingresso e sintonizar o rádio do automóvel na estação indicada. O local oferece, ainda, um cardápio típico, que inclui sanduíches, porções, bebidas, doces e a tradicional pipoca. Para fazer o pedido, basta ligar o farol do carro. Nos esportes, o destaque fica para o Complexo Poliesportivo Ayrton Senna, onde está localizado o Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, campo que sedia-
rá sete jogos da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014. O complexo fica na Asa Norte e conta, ainda, com o Ginásio de Esportes Nilson Nelson – que já recebeu partidas da Seleção Brasileira de Vôlei e o Campeonato Mundial de Futsal de 2008 – e o Autódromo Internacional de Brasília Nelson Piquet, entre outras estruturas. Para poder participar do Mundial, o estádio teve sua capacidade dobrada e hoje atende a um público superior a 70 mil pessoas. O Mané Garrincha recebeu a abertura da Copa das Confederações no ano passado e, neste ano, será palco do jogo decisivo da fase de grupos da Copa do Mundo, no dia 23 de junho, em que a Seleção Brasileira vai entrar em campo. Além disso, sediará um confronto das oitavas de final (em 28 de junho), um das quartas de final (5 de julho) e a decisão do terceiro e quarto lugares.
Ponte JK, uma das belas obras arquitetônicas da capital federal 13 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
CIDADES Brasília /DF
Babel gastronômica
Prato típico do Centro-Oeste, o arroz com pequi é um clássico do Distrito Federal
O
s candangos não trouxeram para Brasília apenas sua força de trabalho, mas seus costumes, cultura e culinária. Aliado aos sabores do mundo inteiro trazidos pelas embaixadas sediadas na capital federal, o resultado é um tempero diversificado, que agrada a todos os paladares. A culinária brasileira está em todo lugar: restaurantes mineiros, goianos, gaúchos e, principalmente, nordestinos são facilmente encontrados, além da culinária internacional, com representantes alemães, italianos, franceses, peruanos, portugueses e argentinos. Toda essa diversidade faz da cidade o terceiro polo gastronômico do País, atrás somente de São Paulo e Rio de Janeiro. O Mangai, próximo à Ponte JK, é uma folia gastronômica, um buffet por quilo com mais de 200 opções, com destaque para pratos nordestinos e para a saborosa carne de sol, servida das mais variadas formas. Já o Ares do Brasil, no Lago Sul, faz uma releitura de pratos clássicos brasileiros, como a galinhada com crocante de couve e o creme brûlée de milho verde. A pluralidade brasiliense também está nas comidi-
nhas. Com sotaque francês tem-se a La Boulangerie, padaria localizada na Asa Sul recheada de baguetes, brioches e croissants. Já a Daniel Briand Pâtissier & Chocolatier, na Asa Norte, é enfeitada pelos sortidos e coloridos macarons, além de ser conhecida pela famosa torta de crème brûlée e framboesa sobre massa de amêndoas. Para os mais boêmios, a preferência são os bares, e em praticamente todas quadras das Asas Sul e Norte tem um. Do popular ao “pé sujo”, o que importa é a cerveja gelada, item sempre presente no tradicional Beirute. Com matriz na Asa Sul e filial na Asa Norte, o famoso Beira é praticamente uma atração turística brasiliense, assim como seu kibeirute, quibe recheado com queijo prato e servido com molho tártaro. Na happy hour um choppinho também vai bem, e nada melhor que um ambiente tipicamente carioca para relaxar. O Bar Brasília, apesar do nome, tem decoração que evoca os famosos botequins dos tempos em que o Rio de Janeiro era a capital federal e tem o chopp mais premiado da cidade.
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CIDADES Brasília /DF
Muitas compras
E
m vista de sua função administrativa, a vida econômica de Brasília gravita em torno do serviço público. A construção civil e o varejo, no entanto, também têm destaque na economia local, cujo Produto Interno Bruto (PIB) per capita é de R$ 63 mil, conforme dados de 2011 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desde sua concepção, a cidade e sua região metropolitana se apresentam como verdadeiros canteiros de obras, demandadas pelo constante crescimento populacional, bem como o desenvolvimento do setor terciário, principalmente com a criação de centros de compras de todos os tamanhos, desde pequenas opções nos pisos térreos dos edifícios até os grandes e luxuosos shopping centers. Destaque para o Shopping Conjunto Nacional, o Brasília Shopping, o Boulevard Shopping Brasília, o Pátio
Brasil, o Shopping Iguatemi e o Park Shopping, que têm lojas de grifes nacionais e internacionais. Para quem prefere um comércio mais alternativo, a Feira da Torre ocorre ao redor da Torre da TV, desde a década de 1970, todos os finais de semana e feriados, das 8h às 18h. Os expositores disponibilizam artesanatos com materiais do cerrado e capim dourado, além de guloseimas que representam bem a diversidade brasiliense. Ali tem desde o pastel com caldo de cana até acarajé e pratos típicos do Pará e Maranhão. Outra opção muito popular em Brasília é a Feira dos Importados, situada ao lado do Ceasa. São mais de duas mil lojas de produtos nacionais e importados, desde eletroeletrônicos até artesanato, confecções, brinquedos e objetos de decoração. O horário de funcionamento é das 9h às 18h, de terça a domingo.
Vida noturna de Brasília é agitada e tem ótimas opções de entretenimento 15 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
CIDADES Brasília /DF
A Damha está presente na região de Brasília com dois grandes empreendimentos, Damha I (totalmente vendido) e Damha II
Damha em Brasília
N Obras em estágio avançado (fotos do local)
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Fotos: J.Helicóptero
as imediações desta cidade repleta de história e ótimas opções, a Damha Urbanizadora conta com dois empreendimentos que fazem jus a toda sofisticação brasiliense: os Residenciais Damha I e Damha II. Localizados em Cidade Ocidental, os condomínios foram projetados para garantir os prazeres de uma vida tranquila, a poucos passos do agito de uma grande capital. Mais um bom motivo para visitar a bela e incomparável Brasília.
CIDADES BrasĂlia /DF
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ESPECIAL CAPA Astrid Fontenelle
ASTRID, A DONA DO JOGO Considerada uma das jornalistas mais versáteis do país, Astrid Fontenelle alcançou a fama como a irreverente VJ da MTV Brasil, no início da década de 1990. De lá para cá, ela se transformou num dos nomes mais respeitados do entretenimento nacional, mas um diagnóstico de lúpus quase a afastou das telas. Com uma força comum às grandes mulheres, ela encontrou no filho Gabriel a motivação de que precisava para driblar a doença. A volta por cima foi coroada com o atual momento profissional: a apresentadora comanda hoje dois dos programas de maior audiência do canal GNT. Poderosa, ela mostra porque é a dona do jogo
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ESPECIAL CAPA Astrid Fontenelle
O
i, eu sou a Astrid, e é com o maior prazer que eu estou aqui, anunciando para vocês que está no ar a MTV Brasil.” Era outubro de 1990 e, com essas palavras, a jornalista Astrid Fontenelle, então com 29 anos, colocava no ar, literalmente, a versão brasileira do canal Music Television, mais conhecido como MTV. Para quem era adolescente na época, aquele momento ficaria para sempre registrado na memória. Ele significaria, para muitos representantes da geração Y, o início de uma nova relação com a música. Uma relação embalada por hits de bandas como Nirvana, Soundgarden, Pearl Jam, R.E.M., Red Hot Chili Peppers, Chico Science, entre tantas outras que nada tinham em comum com o estilo musical predominante nas paradas de hoje. O que muitos não sabem é que a chegada de Astrid à MTV se deu graças a sua performance como apresentadora do TV Mix, programa da TV Gazeta criado pelo diretor Fernando Meirelles, que anos mais tarde se tornaria um dos cineastas mais respeitados do mundo. “O Mix foi tão legal que logo começaram a surgir propostas de outras emissoras, até mesmo da Globo. Mas, quando fui procurada pela MTV, vi a oportunidade de colocar uma televisão no ar e fiquei apaixonada pela ideia. Eu nem era tão ligada assim em música, mas fiquei obcecada com a oportunidade de poder colocar uma emissora para funcionar”, relembra a jornalista. Astrid confessa que quando aceitou trabalhar na emissora não imaginava que a MTV viesse a se tornar a voz de uma geração – e que, inevitavelmente, ela ocuparia um lugar central nesse processo. Embora não entendesse muito de música, sua experiência acumulada na TV já era maior que a da maioria dos integrantes da emissora, e suas ideias arrojadas acabaram caindo como uma luva para os programas do canal. Com isso, a empatia com os jovens foi instantânea. “Eram os adolescentes que pautavam a MTV. A gente ia atrás do que eles estavam lendo e vestindo, os produtores ficavam de olho no que eles faziam nas ruas e assim pautávamos a nossa vida no canal. Era algo supernatural, por isso era tão aceito pelo público. De repente vimos milhares de jovens querendo aprender a tocar música inspirados pela MTV. Foi sensacional fazer parte disso”, recorda.
“
Texto: Thatiana Miloso Fotos: Claudio Gatti e arquivo pessoal
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ESPECIAL CAPA Astrid Fontenelle Em pouco tempo, ela havia se tornado uma especialista em jovens, sem tentar impor novos padrões, apenas observando o comportamento das ruas. “Hoje vejo a TV procurando audiência. Ela se comunica com uma porção muito pequena do que representa a juventude. E isso é feito com pouca transmissão de cultura e conhecimento. A informação que se passa hoje é rasa, além do que há muita esculhambação”, critica. Após uma passagem de seis anos pela TV Bandeirantes, onde apresentou atrações como o Programaço e Melhor da Tarde, ela voltou a se encontrar, em 2007, com seu antigo público da MTV – agora já adulto – no canal GNT. Depois de comandar o Happy Hour, primeiro programa ao vivo e diário do canal, ela estreou em 2011 o Chegadas e Partidas. Um ano após a estreia, esse
docu-reality recebeu da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) o prêmio de “Melhor Programa” do ano. Gravado no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), ele conta histórias de pessoas que aguardam nos terminais de embarque e desembarque a chegada e partida de pessoas queridas. “O programa é um formato holandês. Quando a equipe do GNT me apresentou a ideia, respondi na hora que não conseguiria fazer porque iria chorar pra caramba. Foi então que a diretora do canal disse que era exatamente isso o que eles queriam, dar um toque brasileiro ao reality. Estamos gravando a sexta temporada [que estreia em setembro], e em quase toda gravação eu me acabo de chorar. Houve até uma vez em que eu chorava e a entrevistada não”, conta às gargalhadas.
A oportunidade de colocar uma televisão no ar foi o que atraiu Astrid para a MTV. No canal, ela foi uma das vozes da geração Y 20 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
ESPECIAL CAPA Astrid Fontenelle
Para a jornalista, hoje em dia as TVs se comunicam com uma parcela pequena dos jovens; a informação é rasa, sem transmissão de conhecimento
C
Histórias que emocionam
omo ela mesma reconhece, os grandes protagonistas deste são os personagens das histórias contadas. Astrid diz que as pessoas são escolhidas no dia da gravação, de acordo com alguns “sinais” dados, como presentes que carregam nas mãos, o fato de estarem chorando, entre outras expressões corporais que possam indicar alta ansiedade e, consequentemente, boas histórias. Entre tantas passagens inusitadas e até mesmo tristes pelos corredores de Cumbica, a que mais marcou a apresentadora foi a de um rapaz moçambicano que estava no país à procura de um tratamento para a filha, de apenas um ano e quatro meses. A menina havia sido desacreditada pelos médicos africanos e o Brasil era sua última esperança. “Quando vimos que aquele jovem segurava um ursinho de pelúcia nas mãos, fomos correndo até ele, que nos contou toda sua luta para salvar a garotinha. Foi então que percebemos que a última esperança daquele pai era o tratamento no Brasil. Mas a menina, que estava vindo com a avó materna, morreu no meio do voo. E naquele instante eu quase morri junto. Foi horrível.”
Sem saber administrar o problema, a companhia aérea não conseguia dar a notícia ao homem. Depois de horas passando de sala em sala sem ter a confirmação do que havia ocorrido, ele foi levado para um prontosocorro, onde a notícia da morte da filha foi dada pela avó. “Esse rapaz apenas chorava. Ele não gritava, não brigava, apenas chorava. Naquela altura, o programa não importava mais, todo o resto ficou pequeno. Mas ele queria que eu ficasse ao seu lado, e então percebi que ele realmente precisava de mim ali.” Foi um episódio que não só ficou para a história do programa como também mostrou que é possível abordar um drama da vida real sem apelação. Toda a angústia e tristeza do moçambicano foram retratadas com dignidade, sem aquele ímpeto de querer mostrar tudo, comum aos programas que apelam para o sensacionalismo. Respeitosamente, o reality foi encerrado sem exibir o momento em que o homem recebeu a confirmação da morte da filha. “Naquele instante, consegui ouvir a sogra falando baixinho no ouvido dele: ela quase conseguiu. Foi forte demais.”
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ESPECIAL CAPA Astrid Fontenelle
Para comandar o Saia Justa, a apresentadora confessa que precisa estudar muito: “Não falamos baseadas em achismos ou googleismos (sic)”
Debates e polêmicas
S
e no Chegadas e Partidas Astrid pode soltar à vontade suas emoções, na outra atração que comanda no GNT, o elogiadíssimo Saia Justa, ela é obrigada a manter, na medida do possível, a imparcialidade, além de exercitar muito o conhecimento. Desde março de 2013 ela está à frente do programa comandando o time reforçado por Barbara Gancia, Maria Ribeiro e Mônica Martelli. “São quatro temas por semana, isso exige um trabalho de pesquisa muito intenso: vou buscar informações na literatura, em filmes, documentários e muitas outras fontes de informação. Muitos assuntos que abordamos no Saia Justa são verdadeiros tabus, e nada melhor que o conhecimento para lidar com eles. Não falamos baseadas em achismos ou googleismos (sic)”, revela a apresentadora. Mais que abordar temas polêmicos com convidados que muitas vezes tiram o quarteto do sério, como Paula Lavigne – convidada para falar da questão das biografias não autorizadas –, Astrid gosta de levar
para a “mesa-redonda” temas quentes, que estão na pauta cotidiana. Mas como o programa é gravado às segundas-feiras e exibido às quartas, o gap de dois dias existente entre gravação e exibição faz com que o tratamento dado a esses temas seja muito mais cuidadoso. “Parece que hoje em dia as pessoas têm uma pressa danada de estarem up to date; acontece alguma coisa e elas vão correndo para uma hashtag. A história do Eu Sou Macaco ilustra bem isso. As pessoas compraram a ideia sem pensar o que havia por trás dela, sem saber o que o movimento negro achava disso. Muita gente que é arrogante com os negros estava nas redes usando essa hashtag. E no calor dos acontecimentos podemos errar igual a essas pessoas. Então, a nosso favor, quando abordamos temas da semana, temos esse tempo que nos permite estudar. Mas o tempo também age contra, porque o que gravamos na segunda pode estar velho na quarta.”
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ESPECIAL CAPA Astrid Fontenelle
Encontro de vidas
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ntes de comandar o Saia Justa e estrear o Chegadas e Partidas, Astrid andava sem motivação para o trabalho e outras coisas que adorava em sua rotina, como ler e estudar. Ela acabou percebendo que sua busca era por alguém a quem pudesse repassar seus conhecimentos, seus valores, sua fé. Foi então que Gabriel entrou em sua vida, em 2008. Ela conheceu o filho em uma de suas tantas idas a Salvador (BA), após uma conversa com o juiz da Vara da Infância da cidade. Na época, ele era um bebê de pouco mais de dois meses. “Foi um encontro de vidas, no momento em que peguei o Gabriel no colo sabia que seria meu filhinho. Depois dele, me transformei. Fiquei mais educada, mais generosa, mais gentil. Aprendi que para educar um filho você tem que viver a educação, caso contrário isso não funciona.” Tão acostumada a falar na TV sobre assuntos polêmicos, Astrid agora está sentindo na pele o que é conviver com um dos temas que já abordou tantas vezes na televisão: o preconceito. Gabriel é negro, e a apresentadora não esconde que já viu o filho sendo vítima de racismo. “Estávamos na saída da escola e um colega o chamou de pretinho, num tom pejorativo. Aquilo doeu profundamente em mim. Só então me dei conta do quanto ele iria sofrer na vida. Aí fui buscar ajuda. O que faço hoje é, sempre que possível, ir para Salvador, para que ele possa ver esse colorido de gente, além de fortalecê-lo como negro. O chamo de negro lindo, mantenho seus dreads no cabelo, enfim, estou preparando o Gabriel para uma sociedade que olha para ele na rua e o acha lindo, desde que ele não seja o namorado da filha”, desabafa Astrid. Ter Gabriel a seu lado também ajudou a lidar com um dos maiores desafios de sua vida: a descoberta do lúpus, doença autoimune que pode atacar órgãos vitais do corpo. Quando descobriu ser portadora da doença, no início de 2012, seu organismo já estava bastante debilitado. “Não sabia nada sobre lúpus. Hoje a doença está controlada, tenho minha fórmula contra ela, mas sei que a qualquer momento posso ser surpreendida”, revela. Embora sua rotina já tenha voltado ao normal, os cuidados adotados após a descoberta da doença são visíveis. Em seu apartamento, onde Astrid recebeu a equipe da Estilo Damha, as visitas são convidadas a deixar os sapatos na porta e a limparem as mãos com álcool em gel. Toda água que sai das torneiras do duplex é filtrada, para eliminar o risco de bactérias. “Vou levando dessa forma, mas a qualquer sinal de que há algo errado passo na hora um WhatsApp up para o meu médico.” Com a força típica das mulheres guerreiras, Astrid assumiu o controle da doença e mostrou que é a dona do jogo. Feliz com a carreira e com a vida pessoal, ela segue com o mesmo astral de quando era aquela jovem que encantou o Brasil na MTV. Sempre pra frente.
23 | Estilo Damha - Julho | AgostoMais 2014uma torcedora apaixonada pelo Corinthians
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EU QUERO! Para esquentar o inverno
A estação mais elegante do ano acaba de começar! Seja tomando um bom vinho, curtindo a dois em frente à lareira ou se aninhando no sofá, o que vale é manter o corpo quente sem deixar se abater pelas baixas temperaturas. Confira as dicas da Estilo Damha para espantar o frio com estilo e aproveitar todo o charme da estação.
QUE VENHA O INVERNO!
Cachecol de lã Missoni, em padronagem azul, para enfrentar o frio com estilo e elegância. R$ 455,00, na Farfetch
Salamandra Temeo, de ferro fundido e potência de 10.000 W, importada da França. R$ 4.200,00, na Delapraz Minicafé Expresso para dois. R$ 119,00, na Imaginarium
Calça de pijama H&M, em tecido tipo “polar”, perfeita para noites frias. R$ 61,70, nas lojas da multimarcas
Fotos: Divulgação
Xale Pashmina R$ 180,00, no elo7.com
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EU QUERO! Para esquentar o inverno
Lareira ecológica Construflama, portátil. Preço sob consulta Kit para fondue My Lovely Kitchen, da Tramontina, para um jantar cheio de personalidade. R$ 207,83, na Via Inox
Adega climatizada dupla Electrolux, para 28 garrafas e com dois compartimentos que permitem armazenar vinhos em diferentes temperaturas. R$ 1.411,20, no Walmart.com
Chaleira elétrica preta, da Kenwood. R$ 469,00, no Submarino.com
Luvas com USB, ideais para manter as mãos quentinhas no trabalho. Conectado ao computador, o USB aquece as luvas. Preço sob consulta
Manta Atacama, 100% lã de baby Alpaca Premium (1,30 x 1,80). R$ 832,00, na Trousseau
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Sopeira de vidro com concha e tampa de inox. R$ 341,05, no Centro Comercial Tiradentes
Foto: Sting Tung
COMPORTAMENTO Como se Libertar do Ex
EA RELAÇÃO ACABOU... Apesar do sofrimento envolvido, o fim de um relacionamento traz a oportunidade de olhar melhor para si mesmo Texto: Dirlene Ribeiro Martins
E
le tinha 33 e eu 21, começando a vida, bastante imatura. Eu o admirava, e essa convivência me fez evoluir em diversos aspectos. Mas terminamos por conta de traição. Ele era extremamente galanteador, mantinha contato com ex-namoradas, e eu não conseguia suportar esse comportamento. Porém, entre descobertas de traições, pedidos de nova chance e muito amor envolvido, seguimos com nossos projetos e marcamos a data do noivado. Mas foi então que uma ex (prima distante dele), que já estava casada e com filho, jogou tudo para o ar e foi em busca de resgatar esse amor. Eles tinham muitos amigos em comum, e o contato, cada vez mais forte, tinha a ajuda de várias pessoas. Fui me sentindo cada vez mais preterida e humilhada, até que decidi dar um basta. A separação foi extremamente difícil e demorada, mantínhamos contato com o intuito de atenuar a dor, mas isso surtia efeito contrário.” Assim Jaqueline, que preferiu não revelar o sobreno-
“
me, descreve como se deu a separação do namorado. O rompimento ocorreu em 2008, mas foi preciso um ano para que se separassem de fato. O psicólogo clínico Frederico Mattos, a despeito da profissão, também não passou ileso por uma separação traumática: “Meu orgulho pessoal disfarçado de amor me levou a fazer coisas de que até Deus duvida. Passei por humilhações, brigas, vexames, fossas, mudanças de humor e exposições sociais completamente desnecessárias, simplesmente pela vaidade de não querer largar o osso ou ficar por baixo”. Foi a partir dessa experiência que ele começou a escrever um blog (www.sobreavida. com.br), para compartilhar muitas das coisas que aprendeu e desaprendeu do episódio. Mais recentemente, lançou um livro emblemático sobre o assunto, Como se libertar do EX, no qual traz alguns dos ingredientes dessa questão complicada que é o término de um relacionamento amoroso e mostra que, por pior que tenha sido o momento da separação, é possível seguir em frente.
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COMPORTAMENTO Como se Libertar do Ex
Foto: Arquivo Pessoal
Jaqueline conta que, após o término oficial, o ex se casou com a antiga namorada, mas eles ainda ficavam juntos. “Era como uma vingança. Era um resgate da sensação de capacidade. Eu entendia assim à época. Mas a dor continuava ali, presente, e a sensação de diminuição não passava.” De acordo com o que Frederico coloca em seu livro, Jaqueline provavelmente caiu numa artimanha do ex, que, embora não quisesse nada mais sério, continuava testando a capacidade dela de ficar longe e se recuperar emocionalmente. “Essa é a fase mais difícil, pois você precisa de tempo, distância e boas práticas para conseguir se recompor completamente.”
O psicólogo Frederico Mattos, que recentemente lançou o livro Como se libertar do EX
N
Quando o outro é a razão de tudo
o caso de Jaqueline, ainda não havia filhos envolvidos na história, o que, ao lado de um relacionamento conjugal longo, pode aumentar os desafios de refazer todas as rotinas. Para a psicóloga e terapeuta de família Rosana Rapizo, uma separação traz uma transformação na identidade. “Ao nos separarmos, nos separamos de maneiras de viver, de relações com amigos, familiares, às vezes dos espaços onde morávamos, de nós mesmos. Por isso eu considero que uma separação é muito mais do que a perda de um amor ou de uma pessoa, embora isso possa ser o começo de tudo”, diz. Frederico e Rosana concordam que as pessoas
que têm mais dificuldade em seguir em frente após a separação são aquelas que depositaram toda sua vida na relação. “Quando idealizamos o estar com alguém como a única forma para a felicidade, misturamos o amor com a realização social que uma relação pode trazer. Quando o outro é a razão de tudo, ficamos mais presos no porquê da separação, no que poderia ser diferente. Ficamos parados na dor”, explica Rosana. “Na minha experiência já vi pessoas que depois de mais de dez anos de separação ainda falam do ex, ou da própria separação, e você tem a impressão de que isso ocorreu há três meses, tamanha a intensidade da emoção.”
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Rosana Rapiso: “Todo fim é sempre um começo”
Foto: Paulo Valente
Frederico também destaca o fato de que algumas pessoas são mais resistentes a mudanças, mais orgulhosas e não aceitam a rejeição. “Não aceitamos ser trocados, deixados, passados para trás ou feitos de bobos. Esse é o nosso mal, tornamos tudo pessoal e ofensivo”, escreve o psicólogo em seu livro. “Vemos o relacionamento como uma representação de sucesso pessoal e ser rejeitado é sentido como uma demissão.” A resistência em aceitar o fim do relacionamento, porém, pode deixar passar a grande oportunidade de descobrir as próprias limitações pessoais e as pendências emocionais. “De forma geral, as pessoas que se separam melhor usam a separação para se olhar como pessoas, para momentos de reflexão sobre si e sobre suas formas de estar no mundo. São pessoas que conseguem não ficar paradas na dor, mas, como todo fim é sempre um começo, se abrem para isso”, afirma Rosana.
Foto: Arquivo Pessoal
COMPORTAMENTO Como se Libertar do Ex
Frederico gosta de comparar o término de um relacionamento com uma “desintoxicação amorosa”, pois é uma fase propícia para passar por uma metamorfose saudável, chacoalhar a poeira do relacionamento e ver o que se tirou de bom daquela história. “Muitos casais anulam as individualidades e perdem o eixo do que eram. No final, a pessoa se vê completamente desfigurada e irreconhecível para si mesma”, coloca. E enfatiza: “A melhor maneira de se libertar do ex é conquistar a si mesma”. Já Jaqueline, para superar o sofrimento, fez um tempo de terapia e iniciou meditação e ioga. “Posso dizer que superei a dor da separação e todo o sofrimento que estava envolvido nesse relacionamento. Mas, como nenhuma relação termina de fato, ele ainda se faz muito presente em minha vida. Ficaram as lembranças boas, as qualidades positivas que eu admirava, a inteligência, a sabedoria de vida...” “A melhor maneira de se libertar do ex é conquistar a si mesma” 30 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
COMPORTAMENTO Como se Libertar do Ex
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COLUNA COMPORTAMENTO Mara Behlau
VOCÊ ACHA QUE DECIDE MESMO? Aprender a persuadir, ou conseguir bloquear alguém que tenta nos manipular por meio de técnicas de persuasão, é algo que pode ser treinado Mara Behlau
PhD, Fonoaudióloga e doutora em Distúrbios da Comunicação Humana, consultora e coach certificada pelo Neuroleadership Group (NLG). Professora de Comunicação para Negócios no INSPER e também docente do Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana na UNIFESP, São Paulo. Presta consultorias sobre comunicação, liderança e negociação para diversas empresas.
Foto: Divulgação
P
ersuasão vem do latim persuadere e significa aconselhar, com o objetivo de que o outro concorde conosco! Persuadir é algo que se faz todos os dias, geralmente de forma inconsciente, mas isso pode ser feito usando recursos racionais e emocionais. Para persuadir é preciso arte e ciência. A arte de persuadir envolve uma forma elegante de se comunicar e um tom de voz agradável. Já a ciência de persuadir requer elementos técnicos mais complexos, como seleção adequada de argumentos, conteúdo, empatia e credibilidade, embora se possa
persuadir mesmo sem razão. Há muitas pesquisas sobre persuasão e inúmeras histórias do mundo corporativo sobre as “mágicas” feitas por profissionais, especialmente os de marketing, que conseguem resultados impensáveis em momentos de crise. Aprender a persuadir, ou conseguir bloquear alguém que tenta nos manipular por meio de técnicas de persuasão, é algo que pode ser treinado com base nos seis princípios psicológicos do comportamento humano que governam a tomada de decisão. Tais princípios, descritos no livro de Robert Cialdini (As armas da persuasão. Como influenciar e não se deixar influenciar, Editora Sextante, 2012), são acompanhados de pesquisas que os validam. Vejamos quais são: Reciprocidade: este princípio está condensado no velho ditado “é dando que se recebe”. Pesquisas sociológicas e antropológicas indicam que recebemos muito mais do que imaginamos, já que normalmente as pessoas retribuem de forma automática o que o outro lhe proporcionou, mesmo que sem vantagens pessoais! Subentendemos que quem recebe algo tende a retribuir no futuro, o que nos oferece a garantia de se dar alguma coisa sem sair perdendo. 32 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
Compromisso e coerência: esta regra diz respeito ao desejo de ser (e parecer) coerente e consistente com os atos e compromissos assumidos no passado. O desejo de coerência é uma motivação poderosa e central na mente e no comportamento humano, pois as respostas automáticas ajudam a simplificar o processo decisório e economizam tempo. Aprovação social: viver em sociedade exige o apoio dos outros, e os comportamentos vistos como mais adequados por determinado grupo são rapidamente mantidos. Muitas vezes decide-se o que é certo ou errado descobrindo-se o que os outros acham sobre isso. As pessoas moldam suas crenças e ações pelo processo de imitação, o que lhes dá maior segurança, pois sentem que não estão sozinhas e que não são diferentes dos outros. Afeição: é fácil observar que praticamente todas as pessoas preferem dizer sim e atender aos pedidos de quem elas gostam. Desta forma, fazer amigos para influenciar pessoas é uma estratégia eficaz. Há uma atração imediata entre pessoas que se identificam, que são e parecem familiares e semelhantes ou a quem gostariam de estar associadas. O efeito
dessas conexões simples para favorecer decisões é muito grande e transforma a afeição em uma poderosa forma de persuasão. Autoridade: responde-se de modo automático a qualquer forma de autoridade. O poder de persuasão da autoridade é enorme e, a menos que conscientemente se dê um tempo para avaliar a situação, a tendência humana é reagir com obediência a todos que tenham autoridade. Essa tendência é reforçada pelo acordo social de que isso é o correto a ser feito. Escassez: tudo tem mais valor quando é raro, e a perspectiva de não conseguir obter para si algo limitado dispara mecanismos imediatos de desejo. Valoriza-se o que não é comum, por acreditar que aí resida maior qualidade. Dessa
forma, uma importante técnica de persuasão é limitar as informações sobre alguma coisa, pois o princípio da escassez também se aplica ao modo pelo qual as informações são avaliadas. Limitar o acesso a uma mensagem ou informação aumenta a vontade de conhecêla e aumenta o poder de quem a controla. O uso desses princípios quase sempre produz uma resposta previsível, gerando um consentimento automático, rápido e irracional, ou seja, dispara nas pessoas uma tendência de dizer “sim” sem avaliar a qualidade dos argumentos. Estar consciente desses princípios de persuasão é uma estratégia de qualidade de vida para conseguir o que se quer e bloquear o que não se deseja, pois a persuasão tanto pode ser utilizada de forma consciente e ética, para obter 33 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
benefícios, quanto pode ser usada de forma desumana, para manipular pessoas e situações. Por isso, é importante estar alerta sobre o que se usa na comunicação com o outro e como se é influenciado pelos recursos utilizados pelos outros. O processo de tomada de decisão é apoiado em elementos racionais e emocionais. Normalmente há um reforço para que se tomem decisões de forma racional e pode até parecer um contrassenso usar a emoção nesse processo. Mas, na verdade, quando utilizamos os dois elementos, a qualidade dos resultados é melhor, pois se avalia o impacto de nossas decisões sobre os outros. Portanto, antes de tomar decisões importantes, aperte o pause e reflita sobre o que e quem está envolvido na situação.
Foto: Divulgação
COLUNA COMPORTAMENTO Mara Behlau
COLUNA SER MÃE Sofia Benini
CRIANDO IRMÃOS QUE SE AMAM O segundo filho está prestes a nascer e você está morrendo de medo da reação do primeiro? Relaxa. Uma hora ou outra, eles se dão conta de que ter irmão é a melhor coisa do mundo. Os pais só precisam ter paciência e dar tempo ao tempo
Sofia Benini
É mãe da Mabi e do Alfonso, dois bebês que todos os dias lhe ensinam algo novo sobre a deliciosa – e também difícil e cansativa – arte de ser mãe. É jornalista e já foi editora da revista Pais e Filhos. Mora com a família no residencial Damha III de São José do Rio Preto e divide suas peripécias como mãe de dois em oblogdasofia.com.
Foto: Divulgação
T
enho três irmãs. Não há lembrança minha em que elas não estejam presentes. Com elas compartilhei toda a minha vida: desde atenção de meus pais até quarto, roupas, amigas. Sempre estivemos juntas e ainda estamos. É como se elas fossem um pedaço meu – pedaço este que de vez em quando eu xingo, brigo, quero matar, fuzilar, mas está sempre junto a mim. Por isso sempre me incomodei quando, grávida do Alfonsinho, me falavam: “Ih, a irmãzinha vai ter ciúme”. Depois que ele nasceu, bastava eu sair de casa com os dois que as pessoas pediam pra Mabi dar um beijo no irmão. Na primeira vez ela dava. Na segunda também. Na terceira demorava um pouco (alguém aí passa o dia beijando o irmão? Não, né. Então, tá), mas ia. Na quarta ela já fingia que não ouvia. Para deleite do intruso, ele falava bem alto, como se a criança fosse surda: “Nossa, gente, olha lá que ciúme!”. Mas que obsessão é essa com ciúme, pessoal? Desde a gravidez sempre fui bem
tranquila em relação a isso. Sabia que a Mabi sentiria ciúmes, mas que o curso natural da vida seria ela se acostumar com o fato de que existe um segundo filho dentro de casa, com os mesmos direitos que ela. Achava que, quanto mais naturalidade de nossa parte, menos ela sofreria e mais rápido se adaptaria à nova realidade. Acreditava piamente que demonstração de pena só faria com que ela interpretasse que algo ruim estava acontecendo. E não estava, pelo contrário. Ela estava a ponto de ganhar um amigo. Um companheiro pra toda vida. Esse era meu espírito, meu e de Javi, meu marido: confiantes e otimistas de que tudo daria certo. E aí o Alfonsinho nasceu. Na verdade, o cenário idealizado por mim era mais tranquilo do que o que de fato aconteceu, mas tudo bem. No primeiro mês, ela sentiu ciúmes, sim, e muito. E fez chilique, e começou a acordar pela noite novamente, e tinha ataques de choro e de birra. O interessante era que com o irmão ela sempre foi muito carinhosa, desde o começo. Depois de algumas semanas, ela quis segurá-lo no colo – e voltou a querer todos os dias por um bom tempo. E lhe fazia carinho na cabeça (de vez em quando vinha acompanhado de uma dedada no olho, claro, seguida de uma boa bronca da mamãe) e perguntava por ele ao acordar. Assim fomos por um ou dois meses. Nem sei dizer em que momento essa crise passou, mas passou rápido. Talvez porque lidamos bem com a situação, talvez porque ela passaria de qualquer forma, independente de interferências externas. Eu sabia que passaria, e passou. E hoje eles 34 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
têm uma relação das mais saudáveis que já vi. Alfonsinho vê a irmã e abre um sorriso de orelha a orelha. Não importa se ele tem fome, sono ou está malhumorado, basta sentar no chão ao lado de Mabi que o choro cessa. Ela, por sua vez, sabe muito bem que é a musa inspiradora do irmão e faz jus ao cargo. Não lhe dá muita bola, mas nunca fica longos períodos sem lhe dar um beijo, fazer um carinho ou uma palhaçada. Meu coração se enche de ternura quando percebo, ao observá-los juntos, que já entendem que um faz parte da vida do outro. Os chatos de plantão continuam me importunando pela rua com o ciúme. Quando vamos ao shopping ou a um restaurante, basta Mabi dar um grito que algum oráculo sempre vem com uma conclusão sábia: “Não liga, é ciúme do irmão”. Também sempre tem um infame me contando as mais cabulosas histórias, de como a sobrinha da prima ficou transtornada quando o irmão nasceu e a mãe começou a esconder o bebê dela (oi?). E da outra que com cinco anos voltou a chupar chupeta. Afe, sai pra lá! A conclusão que chego, portanto, é que a criança se acostuma rapidinho com o irmão. E se acostuma a dividir, a tê-lo por perto, como amigo e como companheiro. Até chegar a um ponto de não se ver mais sem o irmão do lado. Medo da reação da criança ao irmão nascer? Oras, por que haveríamos de ter? É tão normal e bonito ter um irmão! Chiliques e ataques de birra são típicos de crianças – e com irmão ou sem irmão eles existirão. Pronto, é isso. Falei e disse! Um beijo com carinho.
COLUNA SER Mテウ Sofia Benini
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COLUNA MODA Juliana Cordeiro
DESAPEGUE: TROQUE ESCASSEZ POR ABUNDÂNCIA O desapego abre espaço mental e físico para o novo
Juliana Cordeiro
Consultora de estilo pessoal e especialista em compras personalizadas. Escreve no blog Sem Espartilhos (semespartilhos.com.br). Visite a fanpage: Facebook/semespartilhos e o instagram: julianaguisilincordeiro.
Fotos: Divulgação
A
pego sempre soou para mim como dependência. Toda vez que tento fazer uma imagem mental do apego, eu vejo uma bengala. E a sensação é de amparo, ou de falso conforto. Antes de escrever este texto, queria entender qual a definição psicológica de APEGO e DESAPEGO e como eu poderia fazer minhas clientes de consultoria de estilo pessoal e as leitoras da Estilo Damha e do blog Sem Espartilhos entenderem o benefício do desapego. Aproveitei, então, para consultar o psicólogo Frederico Mattos, sobre o assunto. Desta conversa entendi que o apego é um tipo de fixação que pode se dar em relação a um objeto e uma pessoa, e este objeto ou essa pessoa passa a ser a concretização do seu senso de eu. E quanto mais frágil nossa percepção de nós mesmos, mais nos apegamos. Levando isso para a moda, que é o nosso assunto, sabemos que uma peça em si não carrega emoção alguma. Nós é que projetamos sensações
e sentimentos sobre ela. Quanto mais gostamos de uma peça, mais ela nos faz sentir bela, segura ou poderosa, por exemplo. Para outras pessoas, quanto mais peças elas têm no guarda-roupa, mais status elas obtêm ou mais poderão variar ou menos precisarão repetir combinações, o que para elas pode significar fraqueza. Fato é que, quanto mais fortalecidos estamos, quanto mais significativa é nossa existência, quanto mais apreciamos a nós mesmos, menos apegados ficamos. O desapego é dolorido exatamente porque deixa para trás boas lembranças e sentimentos que a peça lhe proporcionou. Desfazer-se de algo desencadeia no cérebro um processo associado à dor física mesmo. E todos somos mais movidos pelo medo de perder do que pela chance de ganhar. Alguns fatores que dificultam o desapego quando se trata do guarda-roupa: 1. Valor monetário pago pela peça: enxergar-se como alguém que gasta mal o dinheiro. 2. O vai que: vai que eu preciso, vai que eu emagreço, vai que volta a moda, vai que... “Vai que eu preciso” é a ideia de que se passar aquela peça para frente irá precisar dela, ainda que ela estivesse sem uso há muito tempo. “Vai que eu emagreço”, via de regra, só vale para pequenas oscilações de peso. Não dá para voltar a vestir roupas que cabiam no seu corpo de dez anos atrás. 36 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
“Vai que a moda volta”: a moda é realmente cíclica, mas a cada retorno as peças ganham novas informações, descaracterizando aquela peça que você comprou anos antes. Isso não se aplica às peças clássicas: uma camisa de alfaiataria branca, um tubinho preto, uma boa calça de alfaiataria sem muitos detalhes, etc. 3. Quem ganha a peça fica mais bonita nela do que eu. É bem possível que isso aconteça, principalmente se tiver sido uma compra errada. Você vai ter de lidar com sua inveja. Por outro lado, o desapego abre espaço mental e físico para o novo, quer seja um novo eu mais fortalecido, quer sejam novas escolhas para um guarda-roupa mais maduro e mais ajustado ao seu estilo de vida. Um armário menos entulhado e mais enxuto nos dá a possibilidade de criar mais, otimizar o uso de cada peça, nos permite uma visão global. Nenhuma peça fica esquecida. E ainda abrimos espaços para as que estão em nossa lista de compras e de desejo. As pessoas que já fizeram esse processo comigo descrevem a sensação como de leveza e alívio. Felicidade no lugar de culpa. Outro benefício do desapego é a boa ação. Suas roupas passarão a vestir outras pessoas. Toda vez que eu tenho dúvidas sobre dar ou não uma peça, eu me lembro da expressão de felicidade e gratidão no rosto das pessoas que a recebem. Com o desapego, sai a mente de escassez e entra a mente de prosperidade.
COLUNA MODA Juliana Cordeiro
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Foto: Romulo Fialdini
GASTRONOMIA Comfort Food
ACONCHEGO para o corpo e para a alma Comfort food: receitas simples que remetem às experiências mais deliciosas da vida Texto: Dirlene Ribeiro Martins
O
conceito de comfort food – pratos simples que aguçam a memória afetiva – surgiu nos anos 70, quando ganhou espaço no dicionário norte-americano. No comfort food não se economiza tempo e carinho na hora de cozinhar. Tranquilidade no momento de fazer e de sentar à mesa para comer, além do sabor e da simplicidade das receitas, são essenciais. É uma tendência que, na verdade, nunca saiu de moda. Quem não aprecia “a comida lá de casa”, da mãe, da avó e da tia, aquela que remete à infância e às coisas mais simples e deliciosas da vida? Aliás, o nome diz tudo: comfort, de confortável, lembra aconchego, aquele cheirinho especial que vem da cozinha, invade os outros cômodos da casa e acaba ficando para sempre em nossa lembrança. Esse tipo de comida, que mexe com as memórias e traz a sensação
de bem-estar, de ser cuidado, está totalmente ligado à infância e não faltam apreciadores. Para esta edição da Estilo Damha selecionamos dois espaços que traduzem bem o conceito de comfort food. Um fica na capital paulista e outro no interior, e ambos têm em comum a atenção aos detalhes, tanto na hora de escolher os pratos que farão parte do cardápio quanto nos pequenos objetos que compõem a decoração, sem falar nos ingredientes que entrarão na cozinha. O Lá da Venda, localizado na Vila Madalena, em São Paulo, é um lugar aconchegante e acolhedor, onde dá vontade de ficar e deixar o tempo passar. Pode-se sentar no meio do armazém ou no quintal, ao lado dos vasos de latinha que preenchem as paredes, e a sensação é de que se está numa casa em uma pequena cidade do interior. Música brasileira, sucos orgânicos e doces caseiros agradam não só o estômago, mas também a alma.
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Foto: Romulo Fialdini
GASTRONOMIA Comfort Food
Foto: Romulo Fialdini e Divulgação
O cheirinho do café passado na hora toma conta do ambiente
O prato mais pedido, porém, é o estrogonofe, receita que foi passada à proprietária Heloísa Bacellar pela mãe, que, por sua vez, aprendeu com a avó de Helô, apelido pelo qual a chef é conhecida no Lá da Venda. “Comecei a preparar a receita que comi na minha casa a vida inteira, feita por minha mãe, que, por sua vez, aprendeu com a minha avó, antes de casar. É o prato mais procurado no Lá Venda. E os que o comem se lembram de muitas histórias e ocasiões envolvendo o prato”, conta. Tomar um cafezinho no Lá da Venda evoca lembranças únicas. O café, assinado por Heloísa, vem de uma plantação pequena de Minas Gerais e conta com uma torra especial. A bebida é preparada na mesa, na frente do cliente, e o cheirinho do café passado na hora toma conta do ambiente. É o comfort food levado ao seu mais alto grau! Heloísa também é muito criteriosa na escolha dos ingredientes. A farinha de trigo é comprada de um moinho do Sul do Brasil. Ovo, só o caipira. Folhas para a salada e o frango, sempre orgânicos. Para o pão de queijo, ela usa queijo mineiro que vem da Serra da Canastra e polvilho artesanal. E por aí vai...
A chef Helô Bacellar e o livro que acaba de lançar na França: exportando o jeitinho brasileiro de fazer gostosuras 39 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
GASTRONOMIA Comfort Food
Como na casa da “nonna”
N
a casa do artista plástico e chef Ricardo Lobo e Silva, a tradicional macarronada de domingo era sagrada, então, não é de se estranhar que justamente esse prato seja um dos mais solicitados no Café Sete, que fica em São Carlos (SP). “Muitas vezes os clientes, quando comem um prato de massa, comentam que lembraram de quando eram pequenos e comiam massa caseira na casa da ‘nonna’”, conta Ricardo. A massa usada para fazer o prato é artesanal, produzida por ele mesmo a partir de ingredientes que Ricardo faz questão de comprar pessoalmente. “Acredito que o fato de as compras serem feitas pela pessoa que
cozinha tem um reflexo muito positivo no resultado final. Procuro selecionar os melhores fornecedores de cada produto. Utilizar tudo fresquinho é sempre melhor. Esse cuidado requer que as compras sejam feitas quase diariamente. A mandioquinha, por exemplo, tem dias certos para ser distribuída”, explica. Mandioquinha que é usada no purê que também faz parte do cardápio, ao lado do creme de milho com cambuquira, da canja, do omelete, do escondidinho, do bobó de camarão, do quindim e outras delícias mais.
Foto: Café Sete
“Utilizar tudo fresquinho é sempre melhor. Esse cuidado requer compras diárias.”
O chef Ricardo no arborizado quintal do Café Sete
Os adeptos do comfort food acreditam que não só aquilo que se come, mas também a forma como se come e o local onde se está podem ter grande influência na saúde. Assim, por exemplo, comer rápido demais pode não ser saudável e trazer desconfortos, como também não prestar atenção à comida e ao próprio ato de se alimentar. O Café Sete foi montado em uma casa cuja estrutura
foi pouco modificada; foram feitas somente algumas aberturas para conectar um pouco melhor os ambientes. No enorme quintal, algo raro nos dias de hoje, mesinhas aconchegantes ficam sob grandes árvores que, além de embelezarem o local, parecem dar proteção aos que ali estão. A receita que a Estilo Damha selecionou para esta edição foi cedida pelo chef Ricardo e escolhida a dedo para reunir a família em volta da mesa.
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GASTRONOMIA Comfort Food
Bobó de camarão do Café Sete Ingredientes: • 1 kg de camarão • 1 litro de água • 1 kg de mandioca descascada • 200 g de cebola picada • ½ xícara de molho de tomate • 6 dentes grandes de alho picado • 1 pimenta dedo-de-moça grande picada • 1 colher de chá de pimenta-do-reino moída • 300 ml de leite de coco • 100 ml de azeite de dendê • 2 colheres (sopa) cheia de coentro picado • 3 folhas grandes de louro • 2 colheres (sopa) de azeite • 1 limão • Sal
Modo de fazer: Importante: O objetivo é que o sabor do camarão seja levado para o bobó. Se estiver usando um camarão já limpo, tenha o cuidado de ferver rapidamente o camarão na água em que for cozinhar a mandioca. Se comprar o camarão inteiro, separe a casca do corpo, cozinhe a casca na água, coe essa água e depois cozinhe rapidamente o camarão. Podemos também assar as cascas e as cabeças no forno até ficarem sequinhas, bater no liquidificador e depois passar pela peneira. Uso essa farinha para dar sabor a pratos de peixe, arroz, bobó, etc. Ferva a água (com as folhas de louro e 1 colher de sobremesa de sal) e adicione os camarões. Logo que mudar de cor e parecer cozido, retire, separe e tempere com limão e sal. Coloque os pedaços de mandioca nessa água (não esqueça de retirar o fio central da mandioca) e cozinhe até que fiquem macios. Bata no processador com o líquido que sobrou na panela. Cuidado somente para que não fique muito mole. Reserve a pasta de mandioca. Numa panela, frite a cebola e o alho no azeite até começar a dourar. Junte a pimenta, frite mais um pouco e adicione o camarão reservado. Quando começar a ferver, adicione o coentro, espere um minutinho e junte a massa de mandioca e o molho de tomate. Quando começar a ferver novamente, despeje o leite de coco, o azeite de dendê e a pimenta do reino moída na hora. Espere ferver e cozinhe por aproximadamente 5 minutos em fogo baixo. Observações: 1. Depois de colocar a mandioca, fique de olho para que não comece a grudar no fundo. O melhor seria usar fogo médio ou baixo. 2. Apesar de tradicional, não colocamos pimentões no bobó do Café. Caso queira, recomendo usar 1 pimentão médio para esta receita.
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COLUNA GASTRONOMIA Marcio Moreira
SALSICHAS GOURMETS, PERFEITAS NO INVERNO É difícil encontrar quem não goste
Marcio Moreira
Destacou-se durante 7 anos como coordenador e chef de cozinha da culinária do programa Mais Você da Rede Globo, pela sua capacidade de criar pratos com sabores do nosso Brasil. Hoje presta serviços pela empresa 2M Soluções Gastronômicas para restaurantes e rede hoteleira, ministrando palestras e oficinas em boa parte do país.
Foto: Divulgação
O
inverno chegou e é impossível não nos rendermos aos quitutes desta temporada. Racletes, caldos, fondues, ai, meu Deus, só de pensar já engordei alguns quilos! Então, resolvi escrever sobre uma iguaria um tanto comum: SALSICHAS. Sempre que posso vou visitar meus grandes amigos, Harry e Miriam Pisek, que residem na charmosa e fria cidade de Campos do Jordão (SP). Harry é mestre salsicheiro e Miriam é daquelas chefs de cozinha de mãos cheias. Juntos, eles comandam o estrelado restaurante Harry Pisek, cuja gastronomia mistura receitas com salsichas gourmets e receitas contemporâneas da culinária alemã. Produzi-
das pelo próprio Harry, as salsichas podem ser saboreadas com mostardas artesanais ou em receitas como o salsichão de alho com brie e risoto de alho-poró. Também fazem sucesso o eisbein (joelho de porco) com chucrute e o kassler (bisteca suína) com spätzle, tipo de nhoque alemão. A salsicha é um dos enchidos mais conhecidos e apreciados do mundo. Já faz muito tempo que, na Europa, a carne de porco é comida com regularidade, mas é preciso dizer que, se compararmos os dias atuais com os tempos antigos, há algumas coisas que valem a pena saber: • ter animais e criá-los não era para todos, era só para as pessoas mais ricas; • a carne – neste caso, o porco – era uma refeição preparada em dias de festa, pois o porco demorava cerca de seis meses até estar pronto para ser comido. Não havia meios de conservar a comida como hoje, já que não existiam frigoríficos. Para conservar a comida, salgava-se ou faziam-se enchidos que eram conservados com o fumo das lareiras, onde também se cozinhava a carne. Com diferentes tipos de carne, temperos e misturas, os europeus obtinham enchidos variados e muito saborosos! A salsicha é feita de carne de porco moída, temperada e fumada, colocada em tripa. Diz a lenda que as primeiras versões desse prato foram produzidas na cidade alemã de Frankfurt e foi daí que surgiu a salsi42 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
nha Frankfurt, tipo mais comum da iguaria. Ela foi levada para os Estados Unidos pelos emigrantes alemães, que passaram a usar as salsichas para refeições rápidas. Versátil, o alimento pode ser comido cru, cozido, grelhado ou frito. Mas foi com o cachorro-quente que as salsichas ganharam o mundo. Antes de se chamar hot dog, o pão com salsicha levava o nome de frankfurter, em homenagem ao seu lugar de origem. As pessoas chamavam de dachshund sausage, devido à semelhança com a raça canina dachshund. Nos Estados Unidos, essa salsicha alemã era popular principalmente em Nova York, onde podia ser comprada de vendedores ambulantes que gritavam: “Comprem as ‘dachshund sausages’ enquanto elas estão ‘red hot’ (aquecidas ao rubro)”! Um cartunista,Ted Dorgan, achava-os tão divertidos que os desenhou vendendo cães salsicha verdadeiros no pão, gritando: “Comprem hot dachs!”, uma abreviação de dachshund. “Dachs” (dito à americana) deu em “dogs”... E o nome pegou. O que muitos não sabem é que há uma enorme variedade de salsichas, são mais de 1.500 tipos diferentes, e cada região, além de ter a sua própria, até elege a salsicha favorita do pedaço. Quando se pensa em culinária alemã, a salsicha é um dos pratos sempre lembrados. Branca, vermelha, crua, cozida ou assada, diversas regiões da Alemanha preparam a
COLUNA GASTRONOMIA Marcio Moreira especiaria de forma diferente, adaptando-a a seu gosto ou seguindo a receita de seus antepassados. A salsicha vermelha da Turíngia (Thüringer Rostbratwurst), por exemplo, tem gosto picante e é servida assada com orégano. Em Berlim, come-se a Berliner Wurst com ketchup e muito curry. Em Frankfurt, as Frankfurters são feitas com sal, bacon, diversos tipos de temperos e têm um tom amarelado, em consequência do processo de defumação. A Francônia também tem sua Frankenwurst. Existe até a Käsekna-
cker, com recheio de queijo derretido. Na Baviera, a favorita é a salsicha branca (Weisswurst), que é aferventada e servida com mostarda doce picante e Bretzeln, uma variedade de pão. Os suábios, no sudoeste do país, preferem a salsicha escura, temperada com tomilho, cravo e noz-moscada. O alimento é levado tão a sério que em algumas regiões do país promove-se anualmente um concurso para eleger a rainha das salsichas, cuja tarefa é promover o produto nas feiras e exposições do
ramo por toda a Alemanha. Para encerrar essa coluna com chave de ouro, ensino os leitores da Estilo Damha a prepararem uma das especialidades do restaurante dos queridos amigos Harry e Miriam Pisek, a salsicha Frankfurt com nhoque frito ao molho de gorgonzola. E para quem for passear em Campos do Jordão nesta temporada de inverno, vale a pena conhecer o restaurante que leva o nome de seu dono, Harry Pisek. Ele fica na Av. Pedro Paulo (Estrada do Horto), 857, no Jardim Embaixador. Até a próxima!
SALSICHA FRANKFURT COM NHOQUE FRITO AO MOLHO DE GORGONZOLA Ingredientes para o nhoque: • 500 g de batatas cozidas e espremidas • 110 g de farinha de trigo • 1 gema • 100 g de queijo parmesão ralado • 50 g de queijo mussarela ralado • Sal e pimenta a gosto Modo de preparo do nhoque: Misture todos os ingredientes. Faça uma massa bem macia, se precisar acrescente um pouco mais de farinha de trigo, dependendo do tipo de batata. Enrole feito um cordão grosso e corte os nhoques do tamanho que desejar. Coloque os nhoques em uma panela com água fervente e deixe-os até subir à superfície. Retire-os da água e coloque-os em uma vasilha com azeite para não grudar. Frite-os em uma frigideira antiaderente. Pode ser congelado em porções individuais.
Ingredientes do molho: • 50 ml de creme de leite fresco • 300 g de queijo gorgonzola • Sal e pimenta a gosto Modo de preparo do molho: Em uma panela, leve os ingredientes ao fogo até esquentar, retire-os e bata no liquidificador. Coloque na salsicha e no nhoque. Esta receita serve quatro pessoas. Foto: Divulgação
Ingredientes: • 8 salsichas Frankfurts
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COLUNA AUTOMÓVEIS Joel Silveira Leite
V40 CROSS COUNTRY: PARA CONQUISTAR O CANDIDATO A RICO Esse Volvo charmoso e com aspecto aventureiro oferece adrenalina e alta tecnologia
Joel Silveira Leite
É jornalista e pós-graduado em Semiótica e Meio Ambiente. É diretor da Agência AutoInforme, que mantém os sites Autoinforme (carros) e Ecoinforme (meio ambiente). Assina o blog O Mundo em Movimento, no UOL, e apresenta o programa AutoInforme na Rede Bandeirantes de Rádio.
Foto: Divulgação
A
s marcas de luxo estão de olho no consumidor do futuro e por isso preparam opções de carros de entrada na categoria, com estilo, design arrojado e muuuita tecnologia. O resultado é um carro que oferece tudo o que há de mais moderno a um preço relativamente baixo, considerando o que é praticado no segmento: R$ 141,5 mil. O Volvo V40 Cross Country é uma dessas portas de entrada no mundo do luxo sobre rodas (veja adiante). Lançado este ano no Brasil, o carro oferece um excepcional upgrade em relação ao modelo tra-
dicional. Sua suspensão foi recalibrada, ficando 40 mm mais alta, o que proporciona melhor desempenho nas estradas não pavimentadas, onde é possível rodar com segurança e conforto. O objetivo da empresa foi dar ao carro um aspecto mais arrojado, mais aventureiro; para isso colocou proteção lateral preta, moldura nas janelas, para-choque com difusor na cor prata, escapamento duplo e teto panorâmico. Na frente, grade ampla, o que dá ao carro um aspecto mais robusto. Além da luz sinalizadora de led e rodas aro 18. O interior é requintado, elegante, com detalhes de couro e de alumínio. Entre os diferenciais, a tração integral e o controle de frenagem em descida. O sistema distribui a tração entre as rodas dianteiras e traseiras automaticamente; transfere a força de uma roda para outra quando detecta alguma perda de tração em superfícies escorregadias. A frenagem em descida é feita automaticamente em caso de baixa aderência, dando mais segurança no uso do carro fora de estrada. Com o motor 2.0 turbo, 5 cilindros de alumínio de 220 cavalos de potência e alto torque (a partir de 2.700 rpm), o carro apresenta boa aceleração a qualquer tempo. Possui também o sistema para e anda, que desliga o motor quando para e 46 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
está em ponto morto, e câmbio automático de seis marchas. O sistema de som tem o suporte de oito alto-falantes. O carro conta com sensores de chuva e de luminosidade, sem falar em alguns equipamentos exclusivos: além dos sete airbags que os demais modelos da marca já têm, o Volvo V40 Cross Country possui o airbag para pedestre, que dispara em caso de atropelamento: a bolsa de ar é estendida sob o capô, reduzindo o impacto e as consequências da batida no corpo do pedestre. A estrutura do carro é feita com alta tecnologia, produzida com uma combinação de vários tipos de aço: um mais macio para absorção do impacto, outro mais resistente para a proteção do habitáculo. A tecnologia dissipa a energia de uma batida por toda a carroceria, distribuindo o impacto de forma a reduzir o estrago num ponto específico e o ferimento do ocupante. Outro sistema freia o carro quando o sensor detecta um obstáculo à frente, mesmo de pequeno porte, como um cachorro que cruza a via ou uma bola de futebol atravessando na frente do carro. O sistema é acionado automaticamente até uma velocidade de 50 km/h. O carro tem três painéis. Calma lá: são virtuais, você vai usar só um de cada vez. O Elegance é digi-
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O airbag para pedestre é equipamento exclusivo
cionais: o kit Hitec, com assistência de estacionamento, navegação, leitor de DVD e câmera de estacionamento; e o kit Segurança, que, além do airbag de pedestre, tem alerta de tráfego lateral, de ponto cego, piloto automático ACC, detector de pedestre com frenagem de emergência, leitura de placas nas ruas e alerta do
motorista que dorme ao volante. O candidato a rico que tem uma experiência com um carro carregado de tecnologia como o V40 Cross Country, certamente não abrirá mão da qualidade nas etapas seguintes de sua vida sobre rodas. Assim, estará pronto para dar um passo à frente no mundo dos automóveis de luxo.
O V40 Cross Country tem tração integral e controle de frenagem em descida. Em destaque, o interior requintado, com detalhes de couro e de alumínio 47 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
Fotos: Divulgação
tal, tem 120 funções e é o clássico. O Eco é usado quando você quer uma condução econômica, é verde e, dentre outras coisas, lhe permite acompanhar o consumo de gasolina. Já o Performance é usado quando você quer uma condução esportiva: o conta-giros passa a ocupar lugar de destaque nessa configuração e você tem também relógios que indicam performance, como velocidade e potência instantânea (mostra quanto você tem de reserva para fazer uma ultrapassagem ousada, por exemplo). O carro possui direção elétrica especial, que não permite que o motorista saia da faixa de rolamento. Trata-se, na verdade, de um importante equipamento do sistema de carro autônomo, que anda sozinho e está bastante avançado na empresa. Por sua vez, o sistema de qualidade atmosférica garante ar puro dentro do carro, eliminando a poluição. O V40 tem dois pacotes de op-
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O BMW X1 é um crossover, com motor 2.0 e câmbio de seis marchas
Porta de entrada para o mundo do luxo
Fotos: Divulgação
O O Audi Q3 tem tração total, controle eletrônico e câmbio automatizado de sete marchas
s concorrentes diretos do Volvo V40 Cross Country são dois alemães com estilo fora de estrada, o BMW X1 e o Audi Q3, utilitários esportivos de entrada no segmento de luxo. O BMW X1 é um crossover, com um motor 18i 2.0 de 150 cavalos e câmbio de seis marchas. A versão superior é mais potente, tem 184 cavalos e o câmbio é de oito marchas. O preço vai de R$ 128 mil a R$ 145 mil. O Audi Q3 está disponível em três versões de acabamento, todas com 48 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
motor 2.0 que gera 170 cavalos (211 cv na versão Ambition). Todos são equipados com direção eletro-hidráulica, tração nas quatro rodas com controle eletrônico e transmissão de sete marchas automatizada. Custa de R$ 135,6 mil a R$ 168,8 mil. Além dos dois concorrentes diretos, a entrada no segmento de luxo tem outras opções, como a linha Audi A3, a BMW 118 e o Mercedes-Benz A200, além da própria família V40, com opções a partir de R$ 123 mil.
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rimeiro Nissan fabricado no Brasil, o March é o pontapé inicial do projeto que prevê a conquista de 5% do mercado nos próximos cinco anos. O carro se chama New March (1.0 e 1.6). Tem a cara da versão europeia, mas com detalhes tupiniquins, como o desenho do volante, pneus especiais, suspensão mais alta, direção mais pesada em alta velocidade e maior isolamento acústico. Coisas que o consumidor brasileiro valoriza. O ABS (obrigatório) vem com EBD, o sistema de distribuição eletrônica da força de frenagem, e BAS, equipamento que auxilia o motorista em frenagens de emergência. Já vem com ar-condicionado e direção elétrica. Mas a empresa economi-
zou com ninharia: a versão básica, mesmo com todos esses equipamentos, não tem nem travas, nem vidros elétricos. Como opcionais, o carro pode ter ar-condicionado digital, que desliga automaticamente quando o ambiente atinge a temperatura planejada, navegador, câmara de ré integrada e entrada USB. Pode ser equipado também com comando de áudio no volante. Perceba que o que vale agora é oferecer tecnologia, equipamentos de conforto e segurança, mesmo em carros pequenos, única forma de se diferenciar dos tradicionais campeões de venda. Eu andei no novo carro pequeno do mercado na cidade de Resende, no Rio de Janeiro, onde fica a fábrica
da Nissan, que recebeu investimento de R$ 2,6 bilhões. O New March deve agradar o consumidor. Tem uma direção leve, é esperto, ágil e muito fácil de manobrar; as rodas posicionadas nas extremidades do carro facilitam essa operação: ele faz uma manobra num raio de 5,1 m (ou um círculo de 10,2 m de diâmetro). É a melhor performance na categoria: o Etios faz um diâmetro de 9,6 m; o Uno, 9,8 m; o HB20 e o Gol, 10,2 m. O March novo ficou mais robusto; os projetistas conseguiram criar um desenho que dá a impressão de um carro mais alto, mais imponente, embora as medidas sejam exatamente as mesmas do modelo velho. O velho, a propósito, continua sendo importado do México.
O carro tem ABS com EBD e BAS, equipamentos que trazem mais segurança ao motorista. No interior, detalhes que agradam o consumidor brasileiro 49 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
Fotos: Divulgação
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Conheça o March “brasileiro”: bem equipado e espertinho
Foto: Ezyà Fotografi a
NEGÓGIOS Ambientes Inovadores
Sala de descompressão da Riot: pufes para descansar e, também, discutir novas ideias
DESCONTRAÇÃO QUE TRAZ RESULTADOS Com uma política de RH baseada no modelo Google, empresas encontram na criação de ambientes de trabalho inovadores uma ferramenta eficiente na busca pelo aumento da produtividade Texto: Thatiana Miloso
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uando os estudantes Larry Page e Sergey Brin, da Universidade de Stanford (EUA), revolucionaram o mundo com a criação da Google, eles não apenas chamaram a atenção do planeta pela ideia do negócio em si, mas também pelo modelo de gestão inovador implementado pela empresa. Naquela que se tornaria a gigantesca corporação do Vale do Silício, colaboradores não seguiam horários, era permitido vestir trajes como bermudas e chinelos e, em meio a uma atividade e outra, os funcionários podiam dar uma pausa no trabalho para jogar uma partida de videogame. Na época, especialistas em Recursos Humanos ficaram de cabelo em pé, inseguros com os resultados que uma rotina tão flexível poderia trazer para o ambiente corporativo.
Mas o tempo passou e o modelo de gestão Google se consolidou como uma ferramenta estratégica na obtenção de bons resultados, inspirando empresas do mundo todo a criarem suas próprias políticas voltadas ao bemestar dos colaboradores. No Brasil, o modelo começa a se espalhar principalmente nas grandes capitais. A Riot, especializada em mídia digital, é uma delas. Na agência comandada pelo chairman Alberto Blanco, os 250 funcionários são responsáveis pelos resultados, “cada um com seu pedaço”, como conta o próprio Blanco. “Incentivamos todos a participarem ativamente dos projetos. Várias salas são estrategicamente posicionadas para que qualquer colaborador possa opinar sobre o que está acontecendo”, relata.
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NEGÓCIOS Ambientes Inovadores “Em breve também teremos aulas de ginástica e yoga, ambas sugeridas por nossos colaboradores. Ações como essas resultam em um ambiente de trabalho leve, no qual as pessoas são próximas e mais amigas. Quando nos perguntam se esses investimentos valem a pena, a resposta é uma só: a produtividade aumenta e todos têm muita vontade de vir trabalhar”, revela Alberto Blanco.
Foto: Ezyà Fotografi a
Ao lado dessa gestão menos verticalizada, a Riot conta com um amplo cronograma de atividades internas que vão desde sessões de massagem a partidas de videogame e happy hours, sempre com o intuito de relaxar e aproximar a equipe. A empresa também possui uma sala de descompressão e um acervo interessante de bicicletas, para que o time possa se deslocar até o Parque do Ibirapuera e, assim, dar uma esfriada na cabeça.
Uma das salas da Riot: mesas integradas ajudam na interação dos colaboradores; roupas descontraídas contribuem com o quesito “conforto”
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Bom pra peixe
ara o gerente de Recursos Humanos do site de compras Peixe Urbano, Anderson Valverde, essas ações devem ser tratadas como um investimento na equipe, considerada por ele o maior ativo da empresa. No caso do Peixe Urbano, muitas das iniciativas que fazem parte da cultura corporativa da empresa foram trazidas diretamente de Stanford, onde o CEO Julio Vasconcellos e o co-
fundador Emerson Andrade fizeram um MBA juntos. “Desde o início da empresa cultivamos um ambiente de trabalho descontraído e uma gestão participativa e meritocrática, similar ao que é visto em muitas startups do Vale do Silício. No Peixe Urbano trabalhamos muito, porém também nos divertimos e prezamos por uma boa qualidade de vida”, ressalta o gerente de RH.
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NEGÓGIOS Ambientes Inovadores
Fotos: Divulgação/Peixe Urbano
No último Carnaval, colaboradores do Peixe Urbano foram trabalhar fantasiados
O mesmo no Haloween: funcionários vestidos a caráter
Na empresa sediada no Rio de Janeiro, frutas da estação e barrinhas de granola são oferecidas aos colaboradores na hora do lanche. Grupos de corrida e times de futebol formados pelos funcionários costumam participar de eventos beneficentes. Não há regras para o traje; aliás, em datas como Halloween e Carnaval, a equipe é estimulada a usar fantasias. No quesito bonificação, o Peixe Urbano também mostra por que é considerada uma empresa inovadora. Além de contar com um Programa de Sócios, o site implementou uma política de bonificação atrelada ao desempenho de cada colaborador. “O percentual de remuneração variável depende da nota recebida durante a avaliação semestral e tem base no atingimento de metas individuais e metas da área. Também fazemos periodicamente uma Pesquisa de Clima que leva em consideração a avaliação de cada funcionário em relação a diferentes áreas da empresa, tornando esse processo de avaliação de desempenho ainda mais completo e meritocrático”, explica Valverde. Assim como o chairman da Riot, o gerente de RH do Peixe Urbano garante que o investimento nesse modelo de gestão tem retorno garantido. “Como resultado, os profissionais tendem a se engajar mais e a vestir a camisa da empresa. Um ambiente de trabalho agradável também favorece o aumento da satisfação, da produtividade e da criatividade do time”, finaliza.
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PERFIL Douglas Duran
DOUGLAS DURAN:
muito a ensinar para
as novas gerações
Texto: Dirlene Ribeiro Martins
Ele já foi engraxate, açougueiro, marceneiro, boia-fria, caminhoneiro, garçom. Mas isso ficou no passado, pois, hoje, o nome Douglas Duran remete imediatamente ao bemsucedido vice-presidente de Finanças da Editora Abril. Sua interessante e inspiradora trajetória agora pode ser conhecida no livro Douglas, editado pela Insular. Segundo o autor, a obra foi a forma que encontrou para falar com as novas gerações, nelas incluídas seus quatro filhos. Em entrevista exclusiva para a Estilo Damha, o empresário conta um pouco sobre seu percurso e sobre como foi resgatar diversos momentos de sua vida, alguns particularmente sensíveis, para poder escrever sua autobiografia
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PERFIL Douglas Duran Estilo Damha – Você começou a trabalhar muito cedo, aos oito anos, como vendedor de frutas. Com que idade acreditou que seria possível chegar aonde chegou? Douglas Duran – Aos oito anos, a gente não tem ideia de aonde pode chegar. Mas, já naquela idade, eu sabia – mesmo sem perceber – que o único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário. E assim fui caminhando em várias profissões. Tenho o hábito de fazer autoanálise desde pequeno, converso muito comigo mesmo. Com o avançar da idade, sempre fazia um balanço de como era antes e de onde estava naquele momento. Assim, percebia claramente que seguia de forma correta. A cada trabalho incorporava um aprendizado que uso até hoje: não importa o trabalho, se você se destaca dos outros, você obterá sucesso. Tudo isso relato no livro. Com 18 anos me percebi preparado para vir a São Paulo tentar algo muito maior, porque tinha uma característica que me diferenciava. Era um trabalhador otimista, mas humilde pelas minhas raízes, o que facilitava o relacionamento interpessoal, porque respeitava as pessoas. Já sabia que queria ser um líder no topo da pirâmide de uma grande empresa, e sabia que isso levaria ainda muitos anos. Mas tinha algo que me ajudava: a paciência. Afinal de contas, o mais importante é subir um degrau de cada vez para, quando estiver no topo, se sentir preparado para enfrentar as mais diversas situações. ED – São poucos os altos executivos que podem se gabar de manter um equilíbrio entre família e trabalho. Como você conseguiu essa façanha? DD – Quando tinha meus 30 anos, trabalhava muito, mas já fazia um esforço grande para separar os problemas do trabalho e para não contaminar a família com o que acontecia no ambiente profissional. Desde cedo aprendi que a família vem sempre em primeiro lugar. As empresas já não gostam de ter executivos que trabalham todos os dias depois do horário; não gostam daqueles que trabalham aos sábados e domingos e fazem da empresa seu objetivo de vida. Tem que existir um equilíbrio entre família e trabalho. ED – Você é um madrugador, acorda às 4h. Será que realmente “Deus ajuda quem cedo madruga”? DD – Com certeza. Durmo só cinco horas por noite. Ao acordar às 4h acabo levando uma grande vantagem sobre as pessoas que acordam às 7h. Nessas três horas, faço minhas reflexões, gosto de escrever, e no silêncio da madrugada a mente fica criativa.
Quando chego ao trabalho, metade das minhas decisões já está definida, e no tempo que tenho livre durante o expediente aproveito para conversar com as pessoas. Gosto de conversar com todo mundo. Circulo, converso com o guarda, com as faxineiras, brinco com as pessoas. Com isto, tenho a clareza de como é o mundo real. A gente aprende muito com as pessoas mais simples. ED – Numa época em que se valoriza tanto o currículo, você prefere enaltecer a experiência de vida, a determinação e a criatividade. Como estes requisitos podem ajudar quem quer ser bem-sucedido profissionalmente? DD – Defendo a tese de que a boa formação escolar é necessária. Falar a língua inglesa também é fundamental. Mas só isto – que é o “ativo mais valioso” da geração Y – não garante o sucesso de ninguém. Um indivíduo com “garra”, criatividade, sempre levará vantagem sobre aquele que estudou nas melhores faculdades e desde cedo aprendeu o segundo idioma. Você pode sempre melhorar a qualidade da educação depois que começar a trabalhar. Agora, se deixou de aprender aqueles requisitos que só a vida poderia lhe ensinar, passou. Nunca mais! A experiência de vida você aprende desde criança, e ela demora uns 20 anos, enquanto melhorar sua instrução e aprender um idioma você consegue em cinco anos. Não quero dizer que é preciso colocar os filhos para trabalhar com oito anos de idade. O importante é que o ambiente familiar prepare-os para a realidade da vida. O jovem tem que aprender a valorizar suas conquistas e a trabalhar em equipe. Caso contrário, vai passar a vida reclamando e mudando de emprego a cada dois anos. Filho criado como um “ser diferenciado”, ganhando tudo fácil, acaba criando uma expectativa muito grande que a vida real não lhe dará. Aí vem a frustração, depressão mais tarde e, em alguns casos, envolvimento com drogas. ED – O que você acha do discurso “faça o que você ama”, tão difundido hoje em dia, principalmente nas redes sociais? DD – Acho muito legal. O problema central é saber o que ensinaram para esta pessoa que ela deve amar. O ideal é “faça o que você ama e ganhe dinheiro com isto”. Sem dinheiro, você não vive. Não precisa ser muito. Apenas o suficiente para ser feliz. Conheço pouquíssimas pessoas que são bem-sucedidas e dizem que odeiam o que fazem. Aliás, “faça o que você ama” pode muito bem estar ligado a curtir uma praia, ir passear nos finais de semana, curtir a internet e tantas outras coisas. Agora, tudo isso precisa ter equilíbrio. Dizer que o dinheiro não traz felicidade é conversa fiada. O dinheiro não traz felicidade quando não é suficiente para você fazer as coisas que ama.
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“ PERFIL Douglas Duran
Um indivíduo com “garra”, criatividade, sempre levará vantagem sobre aquele que estudou nas melhores faculdades
”
ED – Você é grato às pessoas que o ajudaram, chamando-as de “anjos”. Você acredita que a gratidão seja um dos requisitos para o sucesso? DD – Ser grato às pessoas que contribuíram para você ser um bom profissional ou um bom cidadão é extremamente necessário. Com essa atitude, você acaba retribuindo para esses “anjos” aquilo que eles um dia lhe deram. No meu livro, conto a história do Sr. Arnaldo Rossolen, que me ajudou num momento crucial da minha vida. Ao encontrá-lo, depois de 40 anos, ele estava com depressão. Ao ver minha gratidão contada em livro sentiu-se valorizado e com a certeza de que fez tudo certo na vida. Eu sou grato a várias pessoas. Quando você pede uma orientação, você está reduzindo o tempo do “aprendizado”. Portanto, encontrando um “anjo”, ‘encoste-se’ nele e nunca se esqueça de agradecer pelo aconselhamento. ED – No livro você enfatiza a importância de as empresas valorizarem os relacionamentos. Como elas podem fazer isso? DD – Ninguém nasce sabendo tudo. O maior aprendizado vem dos relacionamentos. As empresas gostam de executivos que se relacionam inclusive com o trabalhador que fica lá no “chão da fábrica”. Eu não acredito em líder que fica sentado na sala fechada conversando com seus subordinados diretos. O bom líder circula, abre as portas para todo mundo. No meu caso, gosto de conversar com todo mundo e posso atestar que aprendo muito quando circulo. O funcionário se sentirá muito mais valorizado quando perceber que também pode ser ouvido pelos chefes e outras pessoas da organização. A empresa é uma fotografia de uma comunidade onde trabalham pessoas de diferentes perfis e competência.
Douglas Duran e a irmã, Sandra, durante lançamento do livro
ED – Para escrever Douglas, você precisou resgatar diversos momentos de sua vida. Ao revisitar esses momentos anos depois, você os interpretou de maneira diferente? DD – Quando a gente fica mais experiente, consegue enxergar os fatos passados de forma mais justa. Conseguimos aprender a ver o lado bom. Passei quase 40 anos com certas mágoas do alcoolismo do meu pai e isto, às vezes, me corroía. Só enxergava o momento em que ele estava alcoolizado e nunca me lembrava de tantas coisas lindas que me proporcionou e que de certa forma ajudaram a moldar a pessoas que sou hoje. Somente quando escrevi o livro, quando precisei fazer uma autorreflexão, foi que visualizei coisas que me fizeram muito feliz. Recordei que, mesmo alcoolizado, ele nunca deixou de me trazer uma bala. Lembrei que meu sonho era conhecer Pelé e, com apenas oito anos de idade, ele me levou ao estádio do América de São José do Rio Preto para assistir ao jogo do Santos. Veio à memória, também, que na Copa do Mundo de 1958 meu pai me colocou no pescoço e ficamos no meio da multidão vendo, da calçada, o jogo Brasil e Suécia, na única TV em preto e branco que havia num bar em frente à praça de Mirassol. Quando terminei o livro, tirei de dentro de mim algo que não sabia que me incomodava e aprendi a amá-lo mais ainda. Pena que ele se foi antes de eu escrever este livro. Recomendo a todas as pessoas esse exercício de reflexão. Faz bem para a alma e você se transforma numa pessoa melhor.
56 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
implante mamário é um dos procedimentos mais procurados pelas mulheres nas clínicas de cirurgia plástica. Mas, antes da ida ao cirurgião, muitas pacientes passam por um turbilhão de emoções e expectativas, desde o momento em que a silhueta no espelho já não agrada até a decisão final de se submeter ao procedimento. E, como superar isso? Informando-se.
SILICONE A cirurgia do aumento de mamas é definida pela colocação de implantes, que podem ser de silicone, na região mamária e poderá ainda, melhorar o equilíbrio do corpo e a autoestima da paciente. A cirurgia ainda é indicada em casos de reconstrução da mama, após lesão ou mastectomia. QUANDO OPTAR PELA CIRURGIA PLÁSTICA? Inúmeros fatores levam à busca pelo Implante Mamário. É importante entender que este tipo de cirurgia deve ser feito para atender a necessidade individual da paciente, e não por uma pressão externa. O procedimento é uma opção válida para a paciente fisicamente saudável e que já possua as mamas totalmente desenvolvidas. A insatisfação real com os tamanhos dos seios, a perda da forma devido à gra-
Informação traz tranquilidade na busca pela harmonia
videz ou envelhecimento e o não desenvolvimento normal das mamas são alguns dos incômodos que levam pacientes a procurarem a cirurgia. É necessário que as expectativas sobre a cirurgia sejam as mais realistas possíveis, além disso, o amadurecimento emocional é fator decisivo para que a paciente tenha em mente o real motivo da sua decisão.
Informe publicitário / Bentom Publicidade
IMPLANTE MAMÁRIO O
O PROCESSO NA BUSCA PELA HARMONIA A colocação do implante mamário é uma cirurgia como qualquer outra, sendo passível de riscos e complicações. Ela deve ser encarada com seriedade, tanto pelo paciente quanto pelo cirurgião, por isso, é imprescindível escolher um cirurgião plástico que seja especialista pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, para que se desenvolva uma relação de confiança. Na consulta, deve-se expor os desejos, aflições, expectativas, dúvidas e responder, com sinceridade, todos os questionamentos feitos, isto dará tranquilidade à paciente e permitirá ao cirurgião e a toda a sua equipe escolher a melhor técnica cirúrgica a ser empregada. “Hoje existem diversos tipos e tamanhos de implantes e devemos, portanto escolher os mais harmoniosos e adequados ao corpo da paciente”, diz o Dr. Fábio Biazotti. Durante todo o processo, é imprescindível seguir à risca as orientações pré e pós-cirúrgicas do cirurgião, para que o procedimento ocorra com o máximo de segurança. A decisão pelo procedimento é pessoal, cabendo exclusivamente à paciente a opção de se realizar ou não a cirurgia – após toda a informação obtida e sabendo dos riscos e benefícios. Lembre-se: a busca pela harmonia deve ser feita com tranquilidade, desta forma, ela trará bem-estar, qualidade de vida, autoestima e autoconfiança.
SAIBA MAIS:
Cirurgia Plástica e Estética Biazotti Av. Pedro Galeazzi, 825, Vila Harmonia, Araraquara/SP Telefones: (016) 3461 0735 e (016) 99702 9233 www.clinicabiazotti.com.br Facebook.com/Clínica-Biazotti Diretor Técnico: Dr. Fábio Biazotti - CRM 129.064 57 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
COLUNA TURISMO Alex Souza
APLICATIVOS DE VIAGENS Três dicas de aplicativos gratuitos para smartphones que vão facilitar sua próxima viagem
Alex Souza
É jornalista de viagens há nove anos, período em que visitou mais de 15 países e boa parte do Brasil. Produz e edita conteúdos de texto e foto relacionados a turismo. Em 2013 foi premiado na categoria “Jornalista Revelação” pela Comissão Europeia de Turismo.
Foto: Divulgação
N
otícias, vídeos, podcasts, posts, mensagens... O bombardeio de informações e de formatos pelos quais elas nos alcançam hoje em dia é tal que, às vezes, quando nos distraímos e não impomos resistência a essa onda tsunâmica de novidades, nos sentimos um pouco down por imaginar que talvez não estejamos “por dentro” de tudo o que em tese deveríamos estar, ou que não estejamos acompanhando a suposta evolução das coisas. Logo em seguida, quando recobramos a consciência, lembramos que, definitivamente, ninguém precisa estar antenado a tudo, abraçar o mundo, embora o sistema imponha essa “ordem” a todos nós. Temos de ser práticos e selecionar, filtrar as novas tecnologias e os conteúdos que chegam a nós para aplicá-los em situações que realmente fazem diferença em nosso dia a dia. O setor de viagens e turismo, por exemplo, tem se beneficiado
bastante de uma tecnologia recente e cada vez mais popular no Brasil e no mundo: os aplicativos para smartphones. Provavelmente você, que viajou nos últimos tempos ou que está planejando uma viagem, já tenha baixado ao menos um APP, que pode ser de companhia aérea para fazer check-in mobile, de guias e mapas, de conversão de moedas. Se não baixou, vamos agora dar três dicas de aplicativos gratuitos realmente práticos que não vão apenas fazer volume na tela inicial de seu smartphone. Voopter – Uma das primeiras etapas de uma viagem, logo após a escolha do destino, é a pesquisa dos melhores e mais convenientes horários de voo. É aí que o Voopter entra em ação. Trata-se de um metabuscador de voos, ou seja, uma ferramenta que vai a todos os portais de venda de viagens na internet (sites de companhias aéreas e agências de viagens on-line, entre outros) e traz os melhores preços encontrados na web. O usuário escolhe a data, o destino de embarque e o de chegada e o Voopter se encarrega do resto: você não precisará mais ficar com diversas abas abertas no navegador para comparar os preços. Nativoo – Encontrou a melhor
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opção de passagem aérea? Comprou e garantiu a viagem? Ótimo. Agora chegou a hora de montar o roteiro na cidade para a qual você vai viajar. Quem vai ajudar nisso é o Nativoo, um aplicativo que possibilita criar um roteiro próprio, a partir de informações sobre as atrações da cidade ou, então, “se apropriar” do roteiro já criado e compartilhado por alguém. Em suma: o Nativoo traz os principais atrativos turísticos de um destino (com preços e horários), as tarifas de hotéis, junta todas essas informações e monta um roteiro de acordo com o seu perfil. Wi-Fi Finder – Você comprou a passagem, montou o roteiro e viajou. Chegou àquele lugar incrível que o Nativoo indicou e faz o quê? Primeira coisa: pega o celular, tira uma foto e compartilha no Instagram e no Facebook. Quem pode lhe ajudar com esta última fase do processo é o Wi-Fi Finder, que encontra pontos pagos e gratuitos de wi-fi nas redondezas de onde você se encontra. Eu, particularmente, acho esse aplicativo demais e uso inclusive na cidade onde moro. Há ainda a opção de filtrar a busca por provedor de internet e por tipo de local, como cafés e restaurantes.
TURISMO Patagônia
SEGREDOS DA
PATAGÔNIA Seja como expectador da dança das baleias na Península de Valdés, como esquiador das montanhas nevadas dos Andes ou explorador de uma das geleiras mais imponentes do planeta, o visitante da Patagônia argentina terá motivos de sobra para querer voltar. Terra de paisagens exuberantes e natureza em constante mutação, essa porção idílica do continente sul-americano reserva grandes surpresas Texto: Thatiana Miloso Fotos: Jefferson Gonzalez/Patagonia Experience
Localizado na porção andina da Patagônia, o lago Nahuel Huapi reserva uma das melhores vistas da região
D
e um lado, a imensidão da Cordilheira dos Andes pontua o cenário com picos nevados e caminhos tortuosos margeados por lagos em tons azul-esverdeado que colorem a paisagem dominada pelo marrom das montanhas. Do outro, as águas geladas do Oceano Atlântico, se não são convidativas para o banho, são o lar de uma rica e peculiar fauna marinha que se exibe majestosa para turistas do mundo todo que visitam anualmente a região.
Como se isso já não bastasse para encher os olhos dos viajantes, acrescente a esses cenários regiões áridas, florestas e a grandiosidade do glaciar de Perito Moreno, uma das reservas de água doce mais importantes do mundo. Essa mescla de paisagens cheias de nuances é apenas uma pequena amostra do que é a Patagônia argentina, terra de superlativos e natureza selvagem localizada em um dos lugares menos povoados do continente sul-americano.
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TURISMO Patagônia
Puerto Madryn e Valdés, santuário de baleias
M
Se conhecer a Patagônia está em seus planos, a dica é pesquisar bastante antes definir o roteiro, pois a vastidão geográfica da região exige grandes deslocamentos, o que dificulta visitar todas as atrações em uma única viagem. Para os aventureiros que dispõem de pelo menos 20 dias para viajar sem pressa, uma boa forma de explorar os diferentes pontos turísticos é alugar um carro com tração nas quatro rodas e se preparar para dias inesquecíveis em terras hermanas.
uita gente acha que o nome Patagônia refere-se a um estado ou província do território argentino. Na verdade, a região é formada pelas províncias de Rio Negro, Neuquén, Chubut, Santa Cruz e Terra do Fogo, e seu nome significa pé grande, uma alusão aos nativos que eram confundidos com gigantes. Um bom ponto de partida para começar a expedição patagônica é Puerto Madryn (1.382 km ao sul de Buenos Aires), localizada na província de Chubut a apenas 50 km de Trelew, onde fica o aeroporto mais próximo. Destino ainda pouco difundido entre os turistas brasileiros, a cidade tem ótima infraestrutura de hotéis e restaurantes, além de preços incrivelmente razoáveis. Porta de entrada da Península de Valdés, o município serve de base para os turistas que anualmente vão até essa porção do continente para verem de muito, muito perto, o ritual de acasalamento da baleia franca-austral, um dos espetáculos mais belos da natureza. Uma das maneiras de conferir de perto essa espécie de “dança” das baleias é das areias da praia de El Doradillo, localizada a poucos quilômetros do centro de Puerto Madryn. Entre os meses de junho e setembro, centenas de fêmeas vão até as águas rasas para acasalar. Enquanto elas se aproximam da praia, os machos, na tentativa de chamarem a atenção e serem escolhidos para o ato, dão início a uma exibição incrível de saltos que deixam os turistas boquiabertos e emocionados com a beleza do ritual. É um daqueles instantes que ficam para sempre registrados na memória, um momento sublime em que a força da natureza mostra sua cara e reina soberana sobre nós. Ao sul de Puerto Madryn, novas surpresas. Entre os meses de setembro e março, a praia de Punta Tombo é o local escolhido por cerca de 800 mil pinguins de Magalhães, que se deslocam até lá para acasalar e trocar a pelagem.
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TURISMO Patagônia A colônia é tão grande que deixa os visitantes atônitos, maravilhados em ficar cara a cara com essa ave exótica e ao mesmo tempo tão familiar. Para os que preferem ver pinguins e baleias em um único lugar, a 77 km de Puerto Madryn está a Península de Valdés, santuário ecológico reconhecido pela Unesco como Patrimônio da Humanidade. As praias recortadas por enormes falésias servem de habitat para orcas, baleias austrais, pinguins, leões e elefantes-marinhos, além dos terrestres guanacos, avestruzes e milhares de
aves que ajudam a compor a fauna mais rica e espetacular da Patagônia. Nem mesmo as baixas temperaturas e o vento gelado, carregado com o ar polar vindo da Antártida, intimidam os visitantes. Atividades como trekking, mountain bike, cavalgadas, visita às pinguineiras, pesca e passeio de barco para a observação das baleias são as preferidas dos turistas, que saem do santuário extasiados com as sensações provocadas por essa imersão tão íntima e intensa em território patagônico.
Baleia se exibe para visitantes da Península de Valdés: Patrimônio da Humanidade, parque concentra a fauna mais rica e espetacular da Patagônia
Paisagens esculpidas pelos Andes
D
o outro lado do continente, pertinho da fronteira com o Chile, está a chamada Patagônia andina, região que tem como principal expoente a cidade de Bariloche, velha conhecida dos turistas brasileiros e que conta com um aeroporto internacional. Para quem preferir cruzar a Patagônia de oeste a leste saindo de Puerto Madryn, são 955 km de paisagens de tirar o fôlego. Com suas badaladas pistas de esqui e snowboard, excelentes opções de hospedagem, gastronomia de primeiríssima qualidade (um pouco cara, é verdade) e toda a suntuosidade do lago Nahuel Huapi, Bariloche merece cada
centímetro quadrado de sua fama. Mas se a ideia é procurar o lado B da Patagônia andina, duas cidades que não podem faltar no roteiro são Villa La Angostura e Esquel. Villa La Angostura está localizada a apenas 82 km ao norte de Bariloche e é considerada pelos exploradores da região uma das cidades mais bonitas de toda a Patagônia. Romantismo à parte, eles têm toda razão: encravada no meio de lagos e montanhas, essa vila com arquitetura alpina é rodeada pelos parques nacionais Nahuel Huapi e Arrayanes e tem como pano de fundo a magnitude dos Andes.
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TURISMO Patagônia Com um visual tão inspirador, a cidade acabou se especializando no turismo ecológico, oferecendo aos visitantes opções que incluem caminhadas por seus bosques tons de canela, cavalgadas e passeios de bicicleta ao redor dos lagos e rios que formam o Caminho dos Sete Lagos, passeios de catamarãs e veleiros pelas águas geladas do Nahuel Huapi, além da pesca esportiva de fly casting, modalidade que atrai, todos os anos, centenas de turistas europeus e norte-americanos que se aventuram pelos rios em busca da truta patagônica. Villa La Angostura também abriga o Cerro Bayo, único centro de esqui boutique da Argentina, dotado de uma área comercial com marcas consagradas, hotelaria estrelada e ótima gastronomia. Para quem procura um destino um pouco mais alternativo, a dica é dar uma esticadinha até Esquel, 282 km ao sul de Bariloche, no caminho para a Terra do Fogo. Com aeroporto e infraestrutura turística completa, a ci-
dade é a porta de entrada para o Parque Nacional Los Alerces, uma área de 263 mil hectares pontuada pelo verde dos alerces milenários (árvore também conhecida como cipreste da Patagônia), pelo branco dos picos nevados e pelo azul dos lagos que completam a paisagem. O mais incrível nesse parque é que suas cores mudam conforme a iluminação do céu, dando ao visitante a sensação única de estar em um daqueles documentários da National Geographic ou Discovery Channel.
Encravada entre lagos e montanhas, Vila La Angostura, com sua arquitetura alpina, é o destino mais charmoso da Patagônia andina. No destaque, lago do Parque Los Alerces, em Esquel 63 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
TURISMO Patagônia Mais que belas paisagens e ótimas atrações, Esquel também se destaca por ser um destino turístico ainda não explorado pela maior parte das agências de viagens. Em outras palavras, a cidade nunca está abarrotada de gente: é possível aproveitar toda a sua infraestrutura gastronômica – o que inclui os melhores vinhos argentinos e trutas fresquíssimas das águas geladas da região – sem filas nem preços inflacionados. Para arrematar a estada nesse pueblo, a simpatia de seus habitantes desmistifica a lenda de que o povo argentino é arrogante; desde que o assunto não seja futebol, os hermanos são um povo extremamente acolhedor e que adora os turistas brasileiros. Olé!
Próximo a El Calafate, o Parque Nacional Los Glaciares abriga o gigantesco glaciar Perito Moreno, maior geleira em extensão horizontal do mundo
O trekking pelo glaciar Perito Moreno só é possível com o acompanhamento das agências de viagem que atuam no Parque. A grandiosidade do paredão de gelo impressiona os visitantes
O fim do mundo é aqui
A
pós essa imersão pelos cenários arrebatadores da Patagônia andina, a dica é seguir para El Calafate, localizada na província de Santa Cruz, a 1.161 km de Esquel. Para sorte dos viajantes que pretendem encurtar a enorme distância, a cidade também conta com um aeroporto internacional, já que é um dos destinos turísticos mais procurados de toda a Patagônia. O motivo? A cidade é a base para os visitantes do Parque Nacional Los Glaciares, que abriga o famoso glaciar Perito Moreno, maior geleira em extensão
horizontal do mundo. Como é de praxe em toda a Patagônia, El Calafate conta com ótimas opções de hospedagem e alimentação. Iguarias como o cordeiro assado em fogo de chão e as tradicionais empanadas são ótimas pedidas para ajudar a manter o corpo aquecido, já que a temperatura média da cidade é de 7°C. Aliás, evite esse destino nos meses de junho e julho, pois no auge do inverno as temperaturas negativas e o vento cortante desencorajam até mesmo os mais aventureiros.
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TURISMO Patagônia O Parque Nacional Los Glaciares fica a apenas 80 km de El Calafate. Impossível não ficar extasiado com a grandiosidade do glaciar Perito Moreno, geleira com 250 km² de superfície e 30 km de extensão. A sensação de estar ao lado dessa enorme fortaleza de gelo é realmente indescritível, e os turistas que quiserem absorver ao máximo essa experiência ainda têm a chance de caminhar sobre o glaciar, acompanhados, claro, pelos guias das agências especializadas. Depois de tantos lugares incríveis e tantas histórias para levar na bagagem, a incursão pelas geladas terras patagônicas não poderia deixar de ter como destino final a charmosa Ushuaia, localizada na ilha da Terra do Fogo e com o status de ser a cidade mais austral do mundo. Distante 869 km de El Calafate, Ushuaia também conta com um aeroporto internacional e uma infraestrutura turística top. Para os que adoram explorar a gastronomia local, a dica é saborear a centolla, caranguejo gigante que
se assemelha ao king crab do Alasca. Neste pedacinho do “fim do mundo”, os exploradores têm a opção de navegar pelo Canal de Beagle e fazer atividades como trekking, canoagem, trenó com cães, esqui, entre muitas outras. Para quem realmente pode gastar alguns milhares de dólares em um único passeio, entre os meses de outubro e março é possível fazer passeios de barco para a misteriosa Antártida. Obviamente, um passeio tão exótico não poderia ser barato: não sai por menos de US$ 4.500 por pessoa, mas quem já foi garante que é uma aventura indescritível. São tantos lugares maravilhosos que seria difícil eleger o melhor destino da Patagônia argentina. A cada lugar, a diversidade e a beleza estonteante das paisagens, a infraestrutura turística de primeiríssima qualidade, a simpatia do povo e o contato estreito com a natureza selvagem deixam sempre um gostinho de quero mais. E mais e mais...
A Patagônia arg dos destinos turí entina foi um dos pela Damhasticos escolhipara premiar os Urbanizadora Programa de R vencedores do elacionamento Damha Para Voc no Damha News. ê. Veja mais
Ushuaia, a cidade mais austral do continente, também é conhecida como terra do fim do mundo
Colaboração: As fotos desta reportagem foram cedidas por Jefferson Gonzalez, fotógrafo, aventureiro e criador da agência de viagens Patagonia Experience, especialista nos melhores roteiros para a Patagônia argentina e chilena. 65 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
VIAGEM DO LEITOR Tailândia
TAILÂNDIA , beleza rara Mar azul-turquesa e enormes paredões de rocha que emergem do Oceano Índico compõem a paisagem mágica da Tailândia
Quem?
BEATRIZ LUZ VAZ O que faz? Professora de inglês Onde mora? Jaú (SP)
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VIAGEM DO LEITOR
Dicas e roteiros de viagens dos leitores da revista Estilo Damha. A próxima dica pode ser a sua. Fale conosco: estilodamha@estilodamha.com.br
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VIAGEM DO LEITOR Tailândia
N
ão me lembro de quando me dei conta da existência da Tailândia. Provavelmente ouvi falar dela pela primeira vez ainda pequena, em uma das aulas de geografia dos tempos de escola. Mas o fato é que nunca havia pensado no país como um roteiro turístico. Foi então que, no início de 2013, quando ainda morava em Londres, comecei a pesquisar destinos paradisíacos que tivessem um bom custo-benefício. Quando vi as fotos de Ao Nang, foi paixão à primeira vista: naquele instante tive a cer-
teza de que era pra lá que eu iria, na distante e exótica Tailândia. Muitos viajantes desistem de ir até esse pedaço de paraíso porque o custo da passagem aérea não é dos mais baratos. Mas o que eles não sabem é que, uma vez lá, os serviços e passeios são bem mais baratos se comparados aos roteiros tradicionais mundo afora. Após 13 horas de viagem de Londres a Bangcoc, pegamos um voo de uma hora e meia até a cidade de Krabi e, de lá, um táxi nos levou até Ao Nang, nossa parada final.
Maya Bay: foi neste lugar paradisíaco que o filme A Praia, com Leonardo Di Caprio, foi gravado
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VIAGEM DO LEITOR Tailândia
Barcos na orla de Railay Beach, prontos para levarem os turistas aos passeios pelas ilhas da região de Ao Nang
Embora já tivesse visto diversas fotos da cidade e das dezenas de ilhas situadas em seus arredores, fiquei completamente paralisada com a beleza do local. Não imaginava que as praias poderiam ser ainda mais bonitas ao vivo. A areia branca, o mar ora verde, ora turquesa e os paredões de rocha que emergem no meio do oceano formam o cenário perfeito, típico dos filmes hollywoodianos. São tantas ilhas para visitar que vale a pena fazer os passeios oferecidos pelos simpáticos guias locais. Um deles é o Four Islands: pela bagatela de US$ 14 por pes-
soa, com almoço incluso, as lanchas levam os turistas até Tup Island, Poda Island, Chicken Island, Phra Nang Island e Sii Island. No caminho entre uma e outra, o barco para no meio do Oceano Índico a fim de que os viajantes mergulhem e confiram de perto o incrível colorido da vida marinha. Para os casais, a dica é alugar os pequenos barcos e fazer passeios “customizados”, com a liberdade de escolher os destinos e decidir quanto tempo ficar em cada uma das ilhas.
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VIAGEM DO LEITOR Tailândia
Junto com as paisagens de arrepiar, o que mais me impressionou foi a simplicidade do povo tailandês. Dos pescadores que vivem em cavernas aos funcionários do setor de serviços, eles são extremamente gentis e confiáveis. A comunicação, aliás, é toda em inglês, língua que acabou se transformando no idioma universal da região.
mia internacional, como a boa e velha pasta. Uma dica importante é não consumir bebidas com gelo. A água da Tailândia não é das melhores e nunca se sabe a procedência dos cubos gelados. O mesmo vale para a escovação de dentes, substituindo a água da torneira pela mineral. O risco de uma intoxicação alimentar,
Vendedor de noodles em Ao Nang: simpáticos e muito confiáveis, habitantes aprenderam o inglês para se comunicar com turistas
Por ser um país tão distante e com costumes tão diferentes dos nossos, muitos amigos me perguntam sobre a alimentação na Tailândia. Como está rodeada pelo Oceano Índico, a base da alimentação são os frutos do mar, além do tradicional noodles com castanha de caju. Para quem não gosta desse tipo de comida, a cidade também conta com vários restaurantes que servem pratos da gastrono-
aliás, faz com que muitos turistas viajem para lá com seguro de saúde. Vale pagar, já que a assistência médica privada em Ao Nang é bastante cara, apesar de eficiente. Há muito mais a falar e conhecer sobre esse destino de beleza tão rara. Sem dúvida, a Tailândia foi o lugar do mundo mais mágico e incrível em que eu já estive. Vale a pena conhecer!
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COLUNA ECONOMIA Eduardo Amuri
NÃO ECONOMIZE NO CAFEZINHO Não devemos parar de olhar para os gastos menores, verdadeiros ralos, mas a solução não está no corte do café
Eduardo Amuri
Formado em psicologia econômica, escreve sobre finanças e comportamento também no PapodeHomem (papodehomem. com.br) e no Dinheirama (dinheirama.com).
Foto: Divulgação
A
educação financeira está na moda. Ganhou seção própria nas livrarias, blogs especializados, autores focados no tema e até mesmo uma seção na Estilo Damha. Não é pra menos, o assunto é de utilidade pública e é chave para que a gente viva bem, podendo dar foco ao que realmente importa. Há, porém, uma série de armadilhas bastante capciosas. Realmente tudo parece simples. Você poupa e acumula. Você investe e o dinheiro rende. Você se prepara e consegue se aposentar tranquilamente. Alguns conceitos são realmente bastante elementares, mas – me incluo no barco! – muitas vezes, na ânsia de mantê-lo assim, fácil, pecamos de maneira bem inocente. Vou usar o exemplo mais comum como plano de fundo: o cafezinho e a tabela de juros compostos. A lógica é bastante direta. Você deixa de tomar cafezinho na padaria, junta
esse dinheiro, investe mensalmente e assiste aos juros compostos transformarem suas moedinhas em verdadeiras fortunas. Cinco reais por dia, cento e cinquenta reais por mês, soma-se com um ou dois jantares economizados... e pronto: chegamos a duzentos e cinquenta reais de economia por mês. Em um ano, três mil reais. Em trinta anos, mais de trezentos mil reais (considerando que o dinheiro permaneça aplicado em um investimento conservador). Isso economizando apenas o cafezinho e um jantar, coisa rápida, nada drástico. Esse número seduz. São trezentos mil reais guardados, em um país onde 64% das famílias estão endividadas. De fato, os pequenos gastos realmente são uma das principais causas do fracasso financeiro, especialmente por parecerem inofensivos, mas temos de ponderar. Na melhor das intenções (causar impacto), ou apenas por conta da ingenuidade, o exemplo aborda o cenário de maneira extremamente simplista, por dois motivos principais. O primeiro é a inflação. O rendimento que faz a mágica dos juros compostos não leva a inflação em consideração. Trezentos mil reais daqui a trinta anos não terão, nem de longe, o mesmo valor que têm hoje. A inflação desvaloriza o dinheiro, perdemos poder de compra. O segundo ponto, mais importante, é o quanto o exemplo subes70 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
tima o valor intrínseco da pausa para o café. Muitas vezes, a interrupção é muito necessária. Para os que trabalham em grandes empresas, é o momento de tirar um pouco o crachá. É lá que serão travadas relações de confiança importantes, que determinarão decisões fundamentais. Quando um chefe promove um funcionário, ele não promove apenas por conta das atividades que o funcionário desempenha. Ele promove o conjunto, a personalidade, a capacidade de abstração e aprofundamento. Para os que trabalham por conta e que, portanto, são dependentes do processo criativo, a pausa é ainda mais necessária. Com uma rotina estável e com períodos de respiro, fica muito mais fácil construirmos um padrão de vida equilibrado, que viabiliza a criação de uma relação saudável com nossas finanças. Parece uma dieta alimentar. As que são demasiadamente restritivas apresentam um resultado incrível no curto prazo, mas não se sustentam, e muitas vezes, após certo período, tornam a situação ainda pior do que era no início. A solução não está no corte do café, o que não significa que devemos parar de olhar para os gastos menores, verdadeiros ralos. Como sempre, vale a reflexão. A vida está curta para deixar a sobremesa de lado todo dia.
71 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
ENTREVISTA João Carlos Albuquerque
A PÁTRIA de chuteiras, mas nem sempre
TITULAR
Em entrevista a revista Estilo Damha, o apresentador da ESPN Brasil, João Carlos Albuquerque, fala da adaptação dos nossos jogadores ao futebol europeu e relembra que nem todos da Seleção são unanimidades. Em meio a onda de protestos desencadeados pela Copa, ele mostra sua esperança por um país melhor Texto: Décio Junior Fotos: Willy Ertel
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ENTREVISTA João Carlos Albuquerque
O
futebol brasileiro tem grande credibilidade mundial, história e moral diante dos adversários. Não é à toa que o Brasil coleciona cinco títulos mundiais [esta edição foi publicada no início da Copa] e hoje é o país que mais exporta jogadores. Prova disso é o resultado de um levantamento feito pelo Centro de Pesquisa sobre o Esporte (CIES), que em 2013 registrou 515 atletas brasileiros jogando na Europa. E além de na Espanha, Inglaterra, Itália, França e Portugal, nossos compatriotas estão também nos campeonatos da Turquia, Bélgica e Chipre. Tudo isso sem contar os clubes de outros continentes. No entanto, apesar de todo nosso prestígio, malícia e agilidade com a bola nos pés (e nas mãos, como é o caso do goleiro Gomes, que deixou o Cruzeiro em 2004 para jogar no PSV Eindhoven, da Holanda, e até hoje continua no exterior), nossos craques não são unanimidades. Um bom exemplo foi dado por Neymar, que chegou ao Barcelona com status de estrela, mas esquentou o banco algumas vezes. Outros jogadores de renome passaram por situação semelhante e fizeram com que o técnico Luiz Felipe Scolari convocasse para a seleção mais temida do mundo, jogadores que amargam a reserva em seus clubes, ou que estão em equipes de baixo
nível de competitividade. Quem chama a atenção para isso é o jornalista e apresentador da ESPN Brasil, João Carlos Albuquerque. “Eu já disse no Bate-Bola (programa esportivo que ele apresenta) que o Júlio Cesar, por exemplo, era o melhor goleiro do mundo. Mas isso foi antes da Copa do Mundo da África do Sul, quando ele estava no auge. Qualidade ele tem, mas disputa um campeonato fraco na liga americana pelo Toronto do Canadá e antes disso estava na reserva do Queens Park Rangers, da Inglaterra. Mesmo assim começou a Copa como o goleiro de confiança de Felipão”, lembrou. O baixo desempenho do volante Paulinho no inglês Tottenham, que o levou ao banco de reservas e o coloca na lista de jogadores do time inglês que podem ser negociados, também não foi problema para que ele viesse a fazer parte da família Scolari. “Era o craque do Corinthians, mas caiu muito de rendimento na Inglaterra”, reforça João Albuquerque. Ele lembra que o nosso principal atacante, Fred, que já jogou na Europa e hoje defende o Fluminense, foi convocado por falta de opção. “Não temos mais um craque como o Ronaldo ou o Romário.”
“É preciso aprender a manifestar, elevar o nível do debate e saber exigir mais educação, saúde e oportunidade de esporte” 73 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
ENTREVISTA João Carlos Albuquerque Para o apresentador, o fato de a maioria dos jogadores brasileiros disputar os grandes campeonatos do mundo na Europa, inclusive a Champions League, o maior de todos eles, faz com que a Seleção Brasileira, independente de qualquer desempenho que esteja tendo na Copa, carregue uma característica do futebol europeu. No entanto, a estatura física dos nossos jogadores nos coloca em situação de risco para um futebol aéreo. “Veja os jogadores da nossa Seleção: Júlio Cesar é o mais baixo entre os goleiros convocados, e o lance contra o jogo da Holanda na Copa de 2010 já mostrava a sua fragilidade com o futebol aéreo. Marcelo e Daniel Alves são excelentes laterais, mas diminuem a média de altura da nossa
zaga. O mesmo acontece no meio de campo com Luiz Gustavo, Ramires ou Hernanes. E contra isso temos enfrentado atacantes de 1,90 m.” Mesmo assim o futebol brasileiro ainda tem arte. Enfrentamos e perdemos para a Itália em 1982, com aquela que é considerada por muitos a melhor Seleção de todos os tempos. Batemos a Alemanha na final de 2002 com um time que gerava desconfiança em muitos. E com o Hexa ou sem o Hexa, o Brasil, no futebol, será sempre o Brasil, com milhões de técnicos espalhados pelos quatro cantos do país. “Nossos futebol é diferente, mas temos que ter a mesma determinação durante os 90 minutos, como fazem os alemães. Temos raça e os nossos jogadores são capazes, sempre.”
“Vivíamos uma democracia tímida em que as pessoas não tinham coragem de falar”
O legado O apresentador João Carlos Albuquerque também acredita no Brasil fora dos campos. “Nosso país é um gigante adolescente e estamos vivendo um aprendizado em termos de cultura e civilidade. Acabamos de inserir socialmente milhares de pessoas que antes estavam marginalizadas, longe da classe média e longe de poder consumir produtos e exigir serviços do Estado. Vivíamos uma democracia tímida em que as pessoas não tinham coragem de falar, frente a uma elite muitas vezes corrupta. Mas é preciso aprender a manifestar, elevar o nível
do debate e saber exigir mais educação, saúde e oportunidade de esporte”, lembrou. Para ele, os brasileiros têm o desafio de não permitir que, após uma Copa do Mundo, o país conviva com altos índices de violência, baixos níveis de educação, obras inacabadas e corrupção. “Não podemos pensar apenas no legado pessoal, no carro com essa ou aquela tecnologia, ou no último modelo de celular. Temos que pensar na sociedade como um todo, naquilo que pode ficar e ser melhorado para uso do povo brasileiro”, finaliza o apresentador.
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CULTURA Aracaju /SE
SERGIPE
une multiculturalidade e tradição nos
FESTEJOS JUNINOS Texto: Martha Mendonça Fotos: Fabiana Costa/SecultSE
Desde o primeiro dia do mês, o Nordeste já se transforma e encanta quem chega com cores, sabores e sons característicos
Q
uando o calendário indica o fim de maio, não é só um mês que se altera. No Nordeste brasileiro, e Sergipe não é exceção, basta começar junho para que a população entre no clima do período mais alegre e colorido do ano. Em Aracaju, já no 1º dia do mês, uma salva de fogos de artifício lembra que já é hora de preparar o repertório musical e a decoração, que, juntos com as comidas, brincadeiras e vestimentas, ajudam a compor a tradição dos festejos juninos. O dia de São João é comemorado no dia 24, mas muito antes disso o santo católico começa a ser lembrado, pois os preparativos para a festa exigem muito tempo de antecedência. Mal inicia o mês e os arraiás co-
meçam a ser construídos, os ensaios das quadrilhas se intensificam e os trajes que serão utilizados durante as apresentações entram na fase de ajustes, tudo para garantir a manutenção do encanto que compõe o período. Cada região de Sergipe apresenta características que tornam seus festejos juninos únicos. Localizada a cerca de 70 km de Aracaju, a cidade de Estância, por exemplo, constrói sua originalidade a partir dos fogos de artifício. Ainda que eles façam parte da brincadeira de todas as regiões, é apenas em Estância que são elevados à categoria de atores principais, com exibições das espadas e barcos de fogo que prendem a atenção de turistas e moradores locais.
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CULTURA Aracaju /SE Outras cidades interioranas podem ser destacadas, a exemplo de Capela e de sua festa do mastro, realizada no dia de São Pedro, 29 de junho. Mas a maior atração do São João no interior do estado são as festas familiares e comunitárias, que garantem a reunião em torno da fogueira que aquece as noites amenas de junho e costuma se manter até o dia seguinte. Em muitas cidades é comum que cada família construa sua fogueira na porta de casa, assim, ruas inteiras ficam enfeitadas para o festejo. Na capital sergipana e na região metropolitana, além das reuniões familiares, recebem destaque os grandes eventos, como o Forró Caju, uma das maiores festas de São João do país. Em Aracaju, os muitos dias de festa são responsáveis por levar ao público um grande número de artistas locais e de renome nacional. O Forró Siri, realizado na cidade de Nossa Senhora do Socorro, que compõe a região metropolitana de Aracaju, segue um formato semelhante e garante a continuidade da festa. Também são destaque do São João aracajuano o Arraiá do Povo, geralmente localizado na Orla da Atalaia, e a Marinete do Forró, ônibus que leva visitantes para conhecer a cidade, sempre animados por trio pé de serra e orientados por um guia turístico. A variedade de expressões faz do São João sergipano um dos mais ricos e diversificados do Brasil. Na capital ou no interior, o que não muda são as músicas e danças, as comidas e as características decorativas.
Forró, xaxado, xote e baião são alguns dos ritmos contagiantes
Música e dança
A
Músicos de todo o estado participam das festas da capital sergipana
animação do período fica por conta de muitos ritmos, entre eles o forró, o baião e o xaxado, expressões imortalizadas em vozes como as de Luiz Gonzaga e Dominguinhos e reproduzidas por inúmeros trios pé de serra que utilizam sanfona, zabumba e triângulo para não deixar ninguém parado. Além da dança individual e em dupla, faz parte das características mais marcantes as quadrilhas, nas quais grupos de dançarinos seguem um marcador no desenvolvimento de espetáculos que unem música e dança ao desenrolar de uma história. As expressões musicais também ganham versões mais atuais, a exemplo do forró eletrônico, que, diferentemente do trio pé de serra, utiliza uma grande variedade de instrumentos musicais como guitarras, baterias e teclados. Este som geralmente é apreciado em grandes festas, a exemplo dos citados Forró Caju e Forró Siri.
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CULTURA Aracaju /SE
Comidas
A
s comidas são um capítulo à parte e, dentre elas, o milho reina soberano, tanto que na intenção dos festejos juninos a plantação é iniciada meses antes, no dia 19 de março, dia de São José, santo protetor dos agricultores, a fim de garantir uma colheita farta em junho. Além de poder ser provado cozido ou assado na própria espiga, o milho é utilizado para produção de iguarias muito apreciadas como canjicas, pamonhas, mungunzás, bolos e broas.
A tapioca, a macaxeira e o coco também participam de maneira decisiva na composição das comidas que enriquecem ainda mais a culinária sergipana. O amendoim, ainda que seja apreciado em todos os meses do ano, é outro destaque das comidas juninas. A forma de produzir o amendoim, cozido na própria casca em água, sal e limão, é exclusivamente sergipana e ganhou tanto significado que em 2013 passou a ser reconhecida como Patrimônio Imaterial de Sergipe.
As quadrilhas juninas são verdadeiros shows de ritmo e animação
O
Decoração
cenário onde tudo acontece não poderia ser melhor, isto porque o azul do céu junino sergipano se faz acompanhar do vermelho, amarelo, verde e muitas outras cores nas bandeirinhas utilizadas para enfeitar ruas, casas e espaços comerciais. Ao lado das bandeirinhas estão os balões decorativos, os estandartes com motivos religiosos, os arraiás e as fogueiras, estas acesas apenas às vésperas de São João e de São Pedro.
As roupas fazem parte da composição visual do período e vão de peças que utilizam retalhos de pano, com destaque para os tecidos xadrez e florais, até sofisticados vestidos, específicos para as grandes competições de quadrilha. Os trajes, que lembram tipos relevantes para a cultura nordestina, ainda prestam homenagem ao sertanejo, no couro das sandálias, dos coletes e chapéus, e ao trabalhador rural, com as peças à base de palha.
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O MUNDO DE SOFIA
O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON
CORAL DA CIA MINAZ
É um romance escrito por Jostein Gaarder, publicado em 1991, que faz sucesso até hoje. Esta obra se transformou rapidamente em um clássico da história da filosofia, talvez justamente por mesclar ficção e dados históricos, tornando acessíveis ao leitor comum os meandros mais complexos da reflexão filosófica. De uma forma genial, o autor contrapõe as estritas leis naturais da Filosofia à aventura fantástica vivenciada por Sofia e seu professor, quase como se esboçasse uma relação dialética entre imaginação e realidade, Eros e Logos. É fascinante perceber como, pouco a pouco, as dimensões paralelas se entrecruzam e interagem, às vezes de forma bem sutil, outras mais explicitamente.
O Curioso Caso de Benjamin Button é um filme impecável, daqueles que não ficam com nenhuma ponta solta. Tudo tem uma razão de ser: cada cena, cada fala, cada olhar. Para você entender toda a profundidade do filme, não pode assisti-lo uma só vez. O ideal é ter o DVD para saboreá-lo com calma e captar todas as suas mensagens. Pensamentos interessantes como: “Você nunca sabe o que está vindo para você” ou “Estamos destinados a perder as pessoas que amamos. De que outra forma saberíamos o quanto elas foram importantes?”. Ou ainda: “Nossas vidas são definidas por oportunidades, mesmo as que perdemos”. Enfim, o filme é uma lição de vida do início ao fim, que nos faz pensar e refletir.
Minha indicação é referente a uma apresentação de um Coral da Cia Minaz, muito bom, de Ribeirão Preto (SP). É para quem gosta de ouvir uma boa música representada por 80 integrantes. Destaco especialmente o espetáculo Minaz Rock, que apresenta os repertórios das bandas inglesas The Beatles, Queen e Hair interpretados pelos solistas do coral. São 16 vozes que se intercalam entre coros e solos em um espetáculo emocionante, com figurinos temáticos para cada um dos repertórios que ilustram símbolos de cada banda: as roupas coloridas do disco Sgt. Peppers Lonely Heart Club Band, a regata branca de Freddy Mercury e o figurino hippie do Hair.
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Fotos: Divulgação
LER, VER e OUVIR Dicas de quem faz parte do dia a dia da Damha
Fábio Renato Honorato de Oliveira Coordenador Comercial
Hélio Marques Administrativo/Financeiro
Josiani Mara Miranda Engenheira de Planejamento
Fotos: Divulgação
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JUNTOS E MISTURADOS
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epois dos sucessos Como se Fosse a Primeira Vez e Afinado no Amor, Adam Sandler e Drew Barrymore voltam a trabalhar juntos nas telonas, agora na comédia romântica Juntos e Misturados, dirigida por Frank Coraci, que estreia em agosto. Depois de um desastroso encontro às cegas, os pais solteiros Lauren e Jim concordam em uma coisa: nunca mais querem ver um ao outro. Mas quando cada um deles se inscreve separadamente para curtir as férias de verão com os filhos, acabam sendo obrigados a dividir uma suíte em um luxuoso safári resort africano durante uma semana. A atração entre eles cresce à medida que os filhos começam a gostar da relação dos dois.
LEMBRANÇAS DE LEMINSKI
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omingos Pellegrini, autor de mais de 30 obras e vencedor de seis prêmios Jabuti, já teve contos publicados em antologias de diversos países. Agora acaba de lançar Minhas Lembranças de Leminski, livro baseado em uma amizade com o escritor do título que durou duas décadas. A obra é uma biografia altamente poética, em que o enfoque não são as ações, como a narrativa da vida do biografado, mas seus pensamentos. Pellegrini traz Leminski à vida a partir do que viveu com ele, suas constantes e intensas conversas, ao mesmo tempo em que mostra o Leminski da mídia, famoso e cultuado escritor da poesia concretista. Ele interpreta com humor uma biografia nada convencional.
PRO DIA NASCER FELIZ
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ão quero que me imitem.” Nesta declaração de 1988, Cazuza já profetizava o inevitável. O talento instintivo e avassalador, o temperamento explosivo, a linguagem única e libertária fizeram do cantor e compositor um ícone sem precedentes na cultura contemporânea brasileira. E, pela primeira vez, sua trajetória é contada nos palcos, em Cazuza – Pro Dia Nascer Feliz, o Musical. O espetáculo, que acontecerá de 11 a 13 de julho no Citibank Hall, foi concebido por Aloísio de Abreu e tem João Fonseca na direção. A apresentação de 135 minutos, contando o intervalo, reúne alguns dos maiores clássicos de Cazuza em carreira solo ou no Barão Vermelho, como “Pro Dia Nascer Feliz” e “Codinome Beija-Flor”. Canções como “Bete Balanço”, “Ideologia”, “O Tempo Não Para”, “Exagerado”, “‘Brasil”, “Preciso Dizer Que Te Amo” e “Faz Parte do Meu Show”’ também estão presentes no roteiro, que reserva espaço ainda para composições de Cazuza que ele nunca chegou a gravar, como “Malandragem”, “Poema” e “Mais Feliz”. O espetáculo dá vida a nomes como Lucinha e João Araújo , Ney Matogrosso, Bebel Gilberto, Frejat, Caetano Veloso, Dé Palmeira, entre vários outros personagens do universo desse grande artista. Assistir ao musical é levar a vida do cantor adiante, afinal a história é contada por meio das letras e da poesia dele. Tudo no texto “faz parte do show”. “
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Fotos: Divulgação
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CHEF
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comédia Chef, escrita, dirigida e protagonizada por Jon Favreau, diretor de o Homem de Ferro, promete dar água na boca. O filme mostra um chef de cozinha que tenta inovar no menu do restaurante onde trabalha, mas acaba sendo demitido e recebendo críticas em redes sociais. Ele então resolver comprar um caminhão para vender sua comida, reencontrando a felicidade ao preparar seus próprios cardápios. Também estão no elenco nomes como Sofia Vergara, Scarlett Johansson, John Leguizamo e Robert Downey. O filme estreia em julho e, por conta do vasto cardápio gastronômico, recomenda-se que não seja visto de estômago vazio.
O
COISAS AUSENTES
Inventário das Coisas Ausentes é um romance de Carola Saavedra. Tomando um rumo um pouco diferente dos livros anteriores, Carola investe, agora, numa investigação mais próxima da família e da política, propondo-se a sondar, tanto no aspecto da intimidade quanto no âmbito coletivo, o impacto de certas ausências. O sumiço de um pai ou até mesmo a evasão de um amor. O livro reúne, na primeira parte, as anotações de um escritor para um futuro romance, realizado na segunda parte, que tem o sugestivo título “Ficção”. A ficção dentro do romance é uma busca do personagem pela própria identidade, é a tentativa de ficcionalizar uma relação conturbada com um pai que, já próximo da morte, tenta a reaproximação dolorosa com o filho distante. Com uma abundância de tramas paralelas que por vezes se entrelaçam e por vezes seguem independentes, o romance de Carola Saavedra investiga o fazer literário, a memória, o amor e as marcas deixadas pela ausência do outro.
CALMA AÍ, CORAÇÃO
O
sétimo e recém-lançado CD e DVD de Zeca Baleiro em dez anos, o ao vivo Calma Aí, Coração, está recheado de participações especiais. São 12 canções e 15 produtores diferentes, dentre elas a faixa “Nada Além”, que é uma composição com Frejat, e “Calma Aí, Coração”, com Hydlon. Gravado durante duas horas no espaço Vivo Rio, o novo DVD do cantor e compositor apresenta regravações de Martinho da Vila, Raul Seixas, Adriana Calcanhoto e outros. São 14 faixas que compõem o DVD que ainda reúne clipes e entrevistas com compositores parceiros como Frejat e Wado. Entre as músicas do disco está “Price Tag”, uma nova versão para a canção da americana Jessie J. O cantor maranhense passeia do pop ao rap sempre com sua peculiaridade e intervenções poéticas. 81 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
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INSPIRAÇÕES
DA VIDA
Uma cor, um sentimento, uma forma. Tudo o que se movimenta, respira e irradia. Todas as impressões do universo como fonte de inspiração Texto: Thatiana Miloso Foto: Ulisses Neto
A artista plástica Cristina Fagundes em uma de suas exposições na capital paulista
I
mpossível olhar para uma das telas da artista plástica Cristina Fagundes e não esboçar um sorriso. As cores, traços, formas e figuras formam um conjunto tão harmonioso e alegre que o primeiro impulso de quem se depara com um de seus quadros é querer se transportar para dentro deles. Nascida em Jaú (SP) e residente na também paulista Catanduva, Cristina sempre esteve envolvida com a arte. De professora de educação artística a proprietária de escola de arte, ela já se aventurou pelo papel machê, rendeu-se às técnicas da pintura em seda e chegou a se especializar na criação de esculturas. Mas foi entre pincéis e telas que ela se reinventou como artista e, sem qualquer pretensão, viu seu trabalho ganhar projeção nacional. Com um domínio peculiar do acrílico sobre tela, os quadros de Cristina são uma verdadeira aula de sobreposições e técnicas como o efeito de transparência. A composição de cores e as camadas executadas com perfeição são tão entusiasmantes que é impossível não perguntar onde ela busca tamanha inspiração. “Vem de todos os lu-
gares: da moda, de viagens, de sentimentos, cores, movimento. Tudo está interligado. Ando sempre com o celular em mãos, sempre que vejo algo de que gosto fotografo e armazeno no computador”, revela. Seu debut nas galerias ocorreu no final de 2013, após ser descoberta pelo curador e crítico de arte Emanuel Massarani. Desde então, Cristina passou a experimentar algo que nunca havia vivenciado como artista: o gostinho de ver de perto as sensações despertadas por seus quadros. “Percebi que as pessoas não gostam apenas da arte; elas gostam de olhar para uma tela e enxergar sentimentos. E aí elas acabam se deixando levar pelas emoções.” O sucesso tem sido tão grande que convites para novas exposições não param de chegar. Neste mês de julho, Cristina expõe seu trabalho no Circolo Italiano, em São Paulo, e atualmente estuda propostas para levar suas obras a galerias de Veneza e Nova York. Nada mal para quem acaba de estrear – oficialmente, diga-se de passagem – no seleto mundo das artes.
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ARQUITETURA Home Office
CASA
ESCRITÓRIO, ESCRITÓRIO
CASA
Tendência absoluta em um mundo onde as pessoas trabalham cada vez mais, ter um office em casa deixou de ser luxo para se tornar um requisito indispensável nos projetos contemporâneos. Nesta residência na capital paulista, o escritório ganha status de protagonista 86 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
ARQUITETURA Home Office Texto: Thatiana Miloso Fotos: Bruno Rego
P
ara o casal de proprietários desta casa no Butantã, São Paulo, a reforma precisava adequá-la às demandas da vida moderna. Em outras palavras, eles precisavam de um espaço onde pudessem trabalhar sem que isso interferisse na dinâmica cotidiana do lar, aproveitando a estrutura de concreto já existente no projeto original, mas adaptando-a a uma linguagem arquitetônica contemporânea. A solução encontrada pela dupla Eliana Corsini e Rogério Shinagawa, sócios do escritório Corsini & Shinagawa Arquitetos, foi remodelar totalmente os espaços internos da casa, começando pela edícula, que antes abrigava dependências de empregados, lavanderia e dispensa. Com isso, a antiga área de serviços foi transformada em um grande e sofisticado office, que recebeu pé direito duplo e ganhou, além da sala de trabalho e do lavabo (construídos no pavimento superior), uma sala para reuniões e uma copa para dar apoio às atividades profissionais. Na parte externa do terreno, entre a área da residência e a antiga edícula, os arquitetos projetaram um pátio com jardim e um espelho d´água ao longo de toda a fachada do escritório. Mais que funcionar como um espaço para relaxar ao ar livre, a área acabou sendo estratégica para desvincular os diferentes usos (moradia e trabalho) da casa. O charme do ambiente é completado pelo deck em madeira, no qual móveis em design moderno arremataram o ar contemporâneo do pátio. Com a criação do escritório e sua ligação com a casa solucionadas, o desafio dos arquitetos seria reorganizar a área habitável da residência para que ela recebesse os espaços de serviço que antes funcionavam na antiga edícula. Dessa forma, ampliou-se a garagem e a parte térrea da casa foi reformulada, dividindo-se entre a cozinha e as amplas salas de estar e jantar. Para reforçar o estilo contemporâneo, uma escada metálica foi incorporada ao projeto, ligando o térreo ao piso superior, onde foram construídas três suítes. “Em ambos os espaços, tanto na casa quanto no office, as aberturas foram repensadas para garantir a entrada de luz natural e favorecer a integração dos ambientes internos e externos. Outro ponto forte foi a preocupação com a sustentabilidade. Como utilizamos ao máximo a estrutura do antigo projeto, a geração de resíduos foi pequena”, explicam os arquitetos. Fachada do escritório projetado por Eliana Corsini e Rogério Shinagawa: moderno e amplo, ele foi construído no local onde funcionava a antiga edícula da casa
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ARQUITETURA Home Office
Moderno e clean, o escritório ganhou uma escada que reforça o estilo contemporâneo do ambiente e liga a sala de reunião, living e copa ao piso superior. No pavimento de cima, o destaque é a passarela em estrutura metálica que conecta a sala de trabalho ao lavabo.
Um dos destaques do escritório é a grande estante que vai do pavimento térreo até o primeiro piso. Neste último, o acesso à estante se dá pela passarela em estrutura metálica 88 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
ARQUITETURA Home Office
Projetados pelos arquitetos, os jardins que compõem o pátio e o espelho d’água entre o escritório e a casa, ao mesmo tempo que desvinculam, servem como ponto de integração entre os dois ambientes. O sofá e pufes Tidelli e as poltronas Dpot do deck são um convite para relaxar em meio ao verde do ambiente.
As portas do pavimento inferior do office têm a altura do pé direito duplo. Quando abertas, elas integram totalmente o escritório ao jardim externo 89 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
ARQUITETURA Home Office
Na sala de estar, os arquitetos também mantiveram o estilo contemporâneo, sem carregar na decoração. O sofá Decameron, as poltronas, mesas laterais e banco Dpot, o banco A Lot Of e o tapete Oka Design formam um conjunto harmonioso e sofisticado.
Discreta, a lareira a gás Construflama também mantém o estilo clean dos ambientes 90 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
ARQUITETURA Home Office
Integrada à sala de estar, a sala de jantar recebeu cadeiras Artesian e banquetas Micasa. Este ambiente também está integrado à cozinha, através de um passa-prato feito em vidro leitoso.
A cozinha e as salas de estar e jantar receberam piso de limestone, que ajuda a manter a integração dos ambientes
Serviço: Corsini & Shinagawa Arquitetos Rua Gaspar Moreira 453, São Paulo, SP Tel.: (11) 3812-6940 www.cesarquitetos.com.br 91 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
MY PET Cachorros Superstar
SEU
BICHO
SUPERSTAR Texto: Maysa Rodrigues Fotos: Divulgação
Thor: de estrela do calendário Celebridade Vira-Lata a garoto propaganda da grife Wouf
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ma foto e um petisco, vida de cão famoso é assim. Hoje, é fácil ver cães roubando a cena em propagandas, filmes e desfiles; os cães superstar conseguiram esse espaço por esbanjarem charme. Estopinha, por exemplo, a talentosa assistente canina de Alexandre Rossi, conhecido como Dr. Pet, pode ser acompanhada por meio de seu blog. E ela também tem uma página no Facebook em
que mostra seu dia a dia, conversa com os seguidores, apresenta suas peripécias e a vida boa que leva. E quando se fala em filmes, impossível não se lembrar do pior cão do mundo, Marley, um labrador teimoso, bagunceiro, mas muito carinhoso, que encantou mais de um milhão de pessoas no filme Marley e Eu, baseado na obra de John Grogan. Marley representou muito bem o papel e fez pessoas do mundo inteiro rir e se emocionar.
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MY PET Cachorros Superstar Os cachorros famosos, em muitos casos, não têm uma raça definida e possuem uma pelagem rebelde, mas esbanjam charme e alegria diante dos holofotes. A agenda está sempre lotada com entrevistas, cuidados com o peso, e até precisam reservar um horário para a aula de natação. É assim que anda a vida de Thor, que nasceu em julho de 2012 em uma ONG na cidade de Novo Horizonte, interior de São Paulo. Thor, para lá de carismático, encantou a empresária Aline Manfrim, que o adotou um mês depois de seu nascimento. “Quando o vi, me apaixonei por ele, e ele se aconchegou no meu ombro e não saiu mais”, conta Aline. Thor faz parte de uma ninhada de dez filhotinhos. Sua mãe havia sido resgatada à beira da estrada quando estava prestes a dar à luz! Desde então a vida de ambos mudou. Thor mudou-
Ficou famoso primeiramente por participar do calendário Celebridade Vira-Lata, no qual a cada mês um vira-lata é estrela! Um trabalho muito importante de conscientização de adoção de vira-latas, em que a renda é revertida para mutirões de castração. Hoje, Thor tem uma família e se diverte enquanto ajuda centenas de animais apenas por ser um cão superstar. Mas nem sempre a fama vem de maneira fácil e natural para esses cachorros; isso pode acontecer a partir de uma história trágica. Titã, um vira-lata que também tem ajudado muitos na conscientização contra o abandono e maus tratos, virou modelo e símbolo da campanha Crueldade Nunca Mais. E representante melhor não haveria, afinal, Titã, um cachorrinho de pequeno porte, foi enterrado vivo na mesma cidade onde Thor foi encontrado, em Novo Horizonte.
Correndo no parque, é assim que Thor gasta as energias
se para São Paulo e ganhou uma família. Aline leva-o ao Parque do Ibirapuera, onde ele brinca e se socializa com outros cachorros. Ele sempre se mostrou um companheiro para todas as horas, até faz rafting com a família e amigos. Para ajudar a gastar sua energia, ele frequenta uma creche para cachorros, onde faz muitas atividades durante o dia. Além de amor, Thor despertou em Aline o interesse em trabalhar com cachorros. Ela percebeu que poderia passar mais tempo fazendo o que realmente gostava e sentia prazer. Lançou uma grife, a Wouf, que nasceu da necessidade de encontrar produtos que ofereçam conforto para os cachorros. Obviamente, Thor virou modelo oficial do site! E ele é um modelão, pois ama participar de ensaios fotográficos. Muito à vontade, quando vê uma câmera, logo fica paradinho à espera do comando do fotógrafo.
Tudo aconteceu em uma manhã chuvosa do dia 7 de dezembro de 2011, quando Marco Antônio Rodrigues, protetor de animais, recebeu a denúncia de um vizinho de que um cachorro acabara de ser enterrado vivo no quintal de uma casa. O animal foi desenterrado e levado às pressas para a veterinária Viviane Silva, que não conseguia acreditar no que via. O cachorro estava desnutrido, desidratado, com o corpo coberto por terra e a pele tomada pela sarna. Viviane imediatamente começou os cuidados; o primeiro passo foi dar um banho e aquecer o animal. Em seguida, ele foi alimentado e depois dormiu. Daí para frente tudo se tornou mais difícil. Ele não se alimentava e mal conseguia andar. O nome que recebeu, Titã, vem da mitologia grega. Zeus, o Deus do Céu, e Gaia, a Deusa da Terra, tiveram 12 filhos, os 12 Titãs. Então, Titã é o filho do Céu e da Terra!
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MY PET Cachorros Superstar
Na primeira noite na clínica, a úlcera que ele apresentava no olho direito se rompeu, e a veterinária chorou junto com o cachorro. Naquela hora, Viviane sentiu muito medo, pois desde o primeiro contato até aquele momento ele só havia piorado, seu quadro clínico era para lá de desanimador. Mas ele ainda era um Titã. Três dias depois da internação, ele recebeu uma transfusão sanguínea. Foi um sábado de muita apreensão, porém com resultados animadores. No domingo, Titã já passeava e se alimentava. A melhora era visível a cada dia. A córnea cicatrizou e a pele já não apresentava lesões, embora ainda não tivesse pelos. Passado um tempo, Titã já estava pronto para a adoção, mas, depois de tudo que passaram juntos, Viviane percebeu que não conseguiria mais se separar dele. O apego de um pelo outro era nítido; não sabia se era só pretexto, mas ela sentia que Titã dependia dos seus cuidados.
Thor participando do calendário Celebridade Vira-Lata
Titã, Viviane e os irmãozinhos, em um momento “ foto família”
Titã brincando e usando a camisa personalizada que ganhou da apresentadora Ana Maria Braga
Marco Antonio Rodrigues, protetor de animais, recebe o agradecimento do Titã
Viviane foi presenteada com o amor de um cachorro e muitas histórias. O resgate ganhou repercussão nacional, e o caso não saiu da cabeça dos moradores da cidade, que ainda visitam Titã diariamente e o tornaram uma celebridade local. Só se falava dele na cidade! Todos queriam vê-lo, verificar se estava bem. Aparentemente, a fama não agradou Titã logo de início, pois fez com que ele ficasse “bravinho”, mordendo a canela das pessoas ansiosas por saberem como estava o cachorro mais famoso da cidade. Mas aos poucos foi se acostumando e gostando da ideia de ser um cão celebridade. Mostrou-se mais calmo quando participou do programa Mais Você, de Ana Maria Braga, na TV Globo. Enquanto Viviane contava sua história, ele passeava calmamente pelo palco. Ganhou até uma cesta cheia de brinquedinhos da apresentadora, que incluía uma camisa personalizada da Seleção Brasileira. Hoje, Titã é famoso, extremamente saudável e, segundo Viviane, o “coitadinho” da casa! É fácil prestigiar e admirar esses queridos famosos. Amam seu trabalho, é nítido, adoram fotos, até sorriem enquanto posam. Nem se importam com tantas pessoas implorando um pouco de atenção. Mas o melhor é, que são felizes e amados, e também têm um horário na lotada agenda para passear, brincar e abanar o rabo; afinal é isso que lhes renderá uma sessão de carinhos.
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FAÇA O BEM ONG Futebol de Rua
CRAQUES DENTRO E FORA DO CAMPO Texto: Dirlene Ribeiro Martins Fotos: Divulgação
Uma paixão nacional a serviço da cidadania
Pelada é o futebol de campinho, de terreno baldio. Mas existe um tipo de futebol ainda mais rudimentar do que a pelada. É o futebol de rua. Perto do futebol de rua qualquer pelada é luxo e qualquer terreno baldio é o Maracanã em jogo noturno. Se você é homem, brasileiro e criado em cidade, sabe do que eu estou falando. Futebol de rua é tão humilde que chama pelada de senhora. Não sei se alguém, algum dia, por farra ou nostalgia, botou num papel as regras do futebol de rua. Elas seriam mais ou menos assim: DA BOLA – A bola pode ser qualquer coisa remotamente esférica. Até uma bola de futebol serve. No desespero, usa-se qualquer coisa que role, como uma pedra, uma lata vazia ou a merendeira do seu irmão menor, que sairá correndo para se queixar em casa. (...) DO CAMPO – O campo pode ser só até o fio da calçada, calçada e rua, rua e a calçada do outro lado e – nos clássicos – o quarteirão inteiro. O mais comum é jogar-se só no meio da rua. (...)
DA DURAÇÃO DO JOGO – Até a mãe chamar ou escurecer, o que vier primeiro. Nos jogos noturnos, até alguém da vizinhança ameaçar chamar a polícia. (...) DA TÁTICA – Joga-se o futebol de rua mais ou menos como o Futebol de Verdade (que é como, na rua, com reverência, chamam a pelada), mas com algumas importantes variações. O goleiro só é intocável dentro da sua casa, para onde fugiu gritando por socorro. É permitido entrar na área adversária tabelando com uma Kombi. Se a bola dobrar a esquina, é córner. DAS PENALIDADES – A única falta prevista nas regras do futebol de rua é atirar um adversário dentro do bueiro. É considerada atitude antiesportiva e punida com tiro indireto. DA JUSTIÇA ESPORTIVA – Os casos de litígio serão resolvidos no tapa.
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FAÇA O BEM ONG Futebol de Rua
O
divertido texto que abre esta matéria foi escrito por Luis Fernando Veríssimo e se chama O Futebol de Rua. “Se você é homem, brasileiro e criado em cidade”, deve saber bem do que ele está falando e, com certeza, sentiu certo saudosismo. Então, por que não unir o útil ao agradável e transformar essa gostosa prática em uma forma de inclusão social? Bem, foi exatamente isso que a ONG Futebol de Rua se propôs e tem levado adiante com muito sucesso.
a bola vai sendo controlada com os pés – é até mesmo mais importante do que o gol em si. Outra regra fundamental, inclusive mais enfatizada que o drible, é o fair play, o jogo limpo, sem faltas. É proibido colidir com o adversário, ofendê-lo ou executar qualquer tipo de jogada perigosa. Característico do futebol freestyle é também o tamanho reduzido das equipes e a inexistência do goleiro. Cada time conta com somente três jogadores.
Meninos do núcleo em Heliópolis, em São Paulo: o drible e o fair play são mais importantes que o gol
A Futebol de Rua oferece a crianças e adolescentes entre 8 e 17 anos, de ambos os sexos, em situação de risco e exclusão social, a possibilidade de entrar em contato com uma prática de futebol diferente. A ONG difunde o freestyle, também conhecido como futebol-arte, e nele o drible – esse desvencilhar-se do adversário gingando, dançando, enquanto ao mesmo tempo
O único pré-requisito para poder participar do projeto é que a criança esteja matriculada em uma escola da rede pública. E importante: ninguém pode faltar às aulas para jogar bola e o bom rendimento escolar é exigido. O respeito às diferenças também é ressaltado, além da valorização da cultura local e das próprias raízes. E tudo isso é ensinado de forma lúdica por meio do futebol de rua.
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FAÇA O BEM ONG Futebol de Rua
Uma paixão que une
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udo começou em 2006, com a criação da ONG, a implantação do projeto Craques por Natureza na comunidade de Heliópolis, em São Paulo, e com o primeiro Campeonato de Futebol de Rua. A partir de 2008, a ONG deu início ao projeto Craques na Escola, uma parceria com escolas públicas municipais em Curitiba (PR) que tem o apoio das Secretarias Municipais de Educação e Esportes da cidade. Também na capital paranaense, foram abertos oito núcleos de Futebol de Rua em comunidades carentes em que crianças e adolescentes vivenciam situações de risco. A organização integra ainda o Projeto Futebol para o De-
senvolvimento (FpD), da Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ). “Desde o primeiro dia, o objetivo do Futebol de Rua tem sido representar o que é um verdadeiro jogador de futebol, dentro e fora do campo. O fator unificante desta equipe foi, é e sempre será a paixão pelo futebol”, explica o advogado Alceu de Campos Natal Neto, fundador da ONG Futebol de Rua. “A ideia central da ONG é fazer com que o maior número possível de pessoas tenha consciência de que é possível jogar um jogo agradável e plástico, de que todos podem participar, tendo sempre a responsabilidade civil e a cidadania como objetivos principais.”
O advogado Alceu Natal Neto em encontro com meninos que são atendidos pela ONG Futebol de Rua
Atualmente, a ONG atende a 300 crianças, distribuídas em núcleos em Curitiba, Londrina (PR), Heliópolis e Rio de Janeiro. Para isso, é disponibilizada uma rede que conta com 30 profissionais, entre eles professores de educação física, pedagogos, assistentes sociais, psicólogos, administradores e advogados. A
Futebol de Rua ganhou reconhecimento, prêmios de Empreendedorismo Social e, principalmente, o respeito das comunidades onde atua. “Tudo isso nos faz sentir muito orgulho, mas, ao mesmo tempo, mostra a responsabilidade que temos agora e no futuro”, diz Alceu.
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FAÇA O BEM ONG Futebol de Rua Aos sábados e domingos, a Futebol de Rua oferece clínicas e palestras educativas, de saúde pública e orientação sexual, além de atividades culturais, que envolvem visitas a museus, teatros infantis, parques, etc. A ONG tem buscado aumentar a oferta cultural, já que as crianças e adolescentes do Projeto têm demonstrado “sede” por informações e oportunidades. Em 2010, por exemplo, o Instituto Bola pra Frente organizou uma Semana da Leitura, e o evento foi um sucesso.
Para 2014, ano da Copa, cada núcleo adotará uma seleção e estudará sua cultura, costumes e outros aspectos do país que o time representa. “A proposta é ampliar o repertório dos educandos, promovendo, assim, a inclusão cultural”, ressalta o advogado. A despeito dos embates que a Copa realizada no Brasil tem suscitado, é sempre muito bom quando uma paixão nacional pode se transformar em ferramenta de inclusão.
As meninas, embora minoria, também sabem como dominar a bola
Como ajudar: Se você quiser apoiar a ONG Futebol de Rua, entre em contato com Alceu Campos Natal Neto pelo e-mail: contato@futebolderua.org ou pelo tel.: (41) 3042-2261. Também pode ajudar por meio de depósito no Bradesco: Agência 2559, Conta: 9772-1. CNPJ: 08.607.847/0001-40.
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COLUNA CONDOMÍNIO Marcio Rachkorsky
CONDOMÍNIO LAICO Incrível como as questões de convivência nos condomínios e loteamentos tornam-se cada vez mais delicadas e complexas, e até o credo religioso pode gerar conflitos e ações judiciais Marcio Rachkorsky
Advogado especializado em condomínios há mais de 20 anos, comentarista e apresentador da TV Globo/SP e comentarista na Rádio CBN. Escreve também no caderno de Imóveis da Folha de S. Paulo, aos domingos.
Foto: Divulgação
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odos os condomínios e loteamentos proíbem a realização de eventos políticos ou religiosos nas áreas comuns. As convenções e estatutos costumam ser bem taxativos e não deixam margem para discus-
são. O Brasil é um país laico e, nos condomínios, geralmente a diversidade religiosa é encarada com naturalidade e o convívio costuma ser respeitoso e harmonioso. Recentemente, atendi no escritório a dois casos interessantes e curiosos sobre o tema e, ao conversar com outros colegas de profissão, fiquei surpreso ao descobrir que o assunto é polêmico e os conflitos estão aumentando. No primeiro caso, uma senhora de mais de 60 anos foi eleita síndica do condomínio e, com total boa intenção, instalou no hall de entrada um pequeno altar, com a imagem de uma santa e um crucifixo. A ideia foi criar uma área para reflexão, proteção e pequenas preces. Os moradores aprovaram a iniciativa, mas um único vizinho, de outra religião, se incomodou bastante e solicitou a retirada dos objetos. A síndica ficou bastante chateada, mas aceitou minha orientação e retirou os objetos. Já o segundo caso foi mais complicado. Trata-se de uma família que aluga o salão de festas habitualmente e lá realiza pequenos cultos para alguns convidados. Eles não fazem muito barulho e respeitam os horários, mas a convenção proíbe expressamen-
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te tal prática religiosa. O síndico já conversou diversas vezes com a família, mas não há acordo, pois eles entendem que, ao reservarem a área, pagarem o aluguel e respeitarem as normas de utilização, têm plena liberdade para orar com os filhos e demais convidados. Em razão do impasse jurídico, o síndico foi orientado a notificar o condômino e, se necessário, buscar o Judiciário. Incrível como as questões de convivência nos condomínios e loteamentos tornam-se cada vez mais delicadas e complexas, e até o credo religioso pode gerar conflitos e ações judiciais! Mais uma vez, o papel do síndico e da diretoria é fundamental para orientar os moradores e fazer cumprir o regulamento. Vale reforçar três dicas importantes sobre o tema: • evitar qualquer decoração de natureza religiosa nas áreas comuns; • evitar qualquer evento de cunho religioso nas áreas comuns, inclusive no salão de festas; • evitar qualquer organização de evento coletivo no condomínio para comemorar datas religiosas festivas.
Programa “Damha para Você” premia vencedores Ganhadores da 1ª edição do programa de relacionamento são recebidos com almoço no Damha Golf Club
DAMHA
NEWS Tudo que acontece na Damha Urbanizadora você fica sabendo aqui
Mais informações, visite nossos perfis: Instagram/damhaurbanizadora Facebook/damhaurbanizadora
Design que valoriza
Fotos: Divulgação
Com design inovador e personalizado, novos empreendimentos entregues em São Carlos conquistam clientes
Damha na Copa
Guy Perry em Sergipe
Estandes da empresa em Barra dos Coqueiros, Conde e Feira de Santana distribuem prêmios alusivos ao Mundial
Franco-inglês que projetou Residencial Damha Sergipe apresenta empreendimento para arquitetos
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DAMHA NEWS
Design personalizado
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onstruídos com os mais altos padrões construtivos, os novos empreendimentos entregues pela Damha Urbanizadora na cidade de São Carlos (SP), Damha III e Village III, não chamaram a atenção apenas pela qualidade urbanística: no evento que marcou a conclusão das obras, também foram protagonistas a decoração e o designer de interiores das áreas de convívios, assinados pela arquiteta da Damha Urbanizadora, Amanda Damha. Para poder projetar os espaços, Amanda analisou o entorno dos empreendimentos e o perfil dos moradores dos novos residenciais. “Para criar o design de interiores de um empreendimento, estudo o perfil do lugar e do cliente. A partir dessa análise, tenho o básico para criar e escolher principalmente as cores, acabamentos, tecidos,
mobiliário, detalhes e objetos”, revela a arquiteta. Amanda conta que, no Damha III e no Village III, a madeira foi usada como ícone de todo o projeto, respeitando as mesmas características dos empreendimentos Golf e Mall, também construídos na cidade. “O projeto buscou o equilíbrio. A missão é criar ambientes personalizados com bom gosto, pensando na sofisticação, qualidade e conforto”, destaca a arquiteta. Luxuosos e aconchegantes, os ambientes criados por Amanda acabaram se tornando um atrativo a mais nos residenciais, um verdadeiro convite para o usufruto das áreas de convívio. “A escolha do mobiliário foi pensada e projetada para trazer aos frequentadores não só um ambiente bem decorado e aconchegante, mas também uma viagem sensorial de diferentes texturas e cores”, finaliza Amanda.
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Foto: Divulgação
Uma vida mais quente pede cores mais quentes
DAMHA NEWS
O toque de sofisticação vem da assossiação da mistura de cores e texturas, dando ao ambiente identidade
SERVIÇO : Saccaro www.saccaro.com.br Telefone: (11) 3062-6297 Elementar Serviços elementarservicos@yahoo.com Telefone: (16) 3376-0004 Spagnhol Plantas Ornamentais www.spagnhol.com.br Telefone: (16) 3419-0820
Fotos: Divulgação
Laços e Abraços lojalacoseabracos@hotmail.com Telefone: (16) 3364-5232
Cores neutras e aconchegantes no salão de festas, destacam a beleza do mobiliário escolhido 103 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
DAMHA NEWS
Damha entrega novos residenciais
Entrega do Damha III em São Carlos
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Damha Urbanizadora comemorou o sucesso da entrega de mais três empreendimentos que levam a assinatura da empresa: os Residenciais Damha III e Village Damha III, em São Carlos (SP), e o Residencial Village III, em São
Entrega do Village III em São José do Rio Preto
José do Rio Preto (SP). Com a conclusão das obras, a Urbanizadora transferiu a gestão administrativa dos condomínios às Associações de Moradores, que passaram a ser responsáveis pelas decisões gerenciais de cada empreendimento.
Vitor Guaraldo, destaque no Troféu Maria Lenk
Vitor e seu técnico do Clube Pinheiros, Marco Veiga, recebendo o Troféu Eficiência 104 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
Fotos: Divulgação
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itor Guaraldo, atleta patrocinado pela Damha Urbanizadora, é uma das grandes revelações da natação brasileira em 2014. Além de conquistar a vaga para os Jogos Olímpicos da Juventude, no Campeonato Brasileiro Júnior, Vitor participou, em maio, do Troféu Maria Lenk de Natação. Na competição, que aconteceu no complexo aquático do Ibirapuera, em São Paulo, Vitor conquistou quatro medalhas de ouro e também bateu o recorde do campeonato e o recorde paulista. Ele ainda participou de dois revezamentos, onde ajudou sua equipe a conquistar mais duas medalhas de ouro, além de um novo recorde para sua carreira. Com esses resultados, Vitor levou o Troféu Eficiência na categoria Junior 2 – Masculino, por ter sido o atleta que mais pontuou no campeonato.
DAMHA NEWS
Damha promove Festival de Chocolates em Feira de Santana (BA) e Barra dos Coqueiros (SE)
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Damha Urbanizadora aposta em ações de relacionamento para fidelizar os clientes. No domingo, 18 de maio, aconteceu um festival de chocolates totalmente voltado à integração da Damha com os proprietários que já garantiram seus lotes nos empreendimentos de Feira de Santana (BA) e Barra dos Coqueiros (SE). Os clientes Damha também tiveram a oportunidade de levar familiares e amigos para conhecerem os diferenciais dos loteamentos Damha, reconhecidos pela alta qualidade construtiva e total integração com a natureza, além de degustar diversos tipos de chocolates. O sucesso da iniciativa foi tamanho que Luiz Lissner, diretor comer-
cial da empresa, já pensa em novas estratégias, com a ampliação de formato e diversidade de temas, para aplicar em outras cidades. “A Damha busca, desde o primeiro contato, estabelecer um relacionamento de longo prazo com seus clientes. Queremos que eles percebam a nossa preocupação e cuidado com nossos compradores, pois eles são fundamentais e a base para a continuidade da nossa história de sucesso”, finaliza Lissner.
Seleção Damha
Seleção Damha em Barra dos Coqueiros (SE)
Fotos: Divulgação
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Damha Urbanizadora iniciou uma campanha embalada na temática do campeonato que está agitando o Brasil nestes meses de junho e julho. Nas cidades Barra dos Coqueiros (SE), Conde (PB) e Feira de Santana (BA), a empresa reforçou seus estandes de vendas com prêmios alusivos ao Mundial: camisas da seleção brasileira, frigobar completo com bebidas e churrascos para 30 pessoas e viagens internacionais para países da Eu-
Seleção Damha em Feira de Santana (BA)
ropa e América Latina que estarão representados na competição estão entre os prêmios. A dinâmica da campanha foi apresentada aos corretores de imobiliárias parceiras da Damha, que ficaram satisfeitos com a estratégia. Dividida em três etapas – Urna Prata, Urna Ouro e Bola de Ouro –, a campanha permitirá que todos os corretores ganhem cupons em ações como a movimentação do produto, vendas e repercussão para a marca. Mais um golaço da Damha!
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DAMHA NEWS
Vencedores do Programa “Damha Para Você” são premiados
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Damha Urbanizadora promoveu, no dia 24 de maio a entrega dos prêmios da primeira edição do Programa de Relacionamento “Damha Para Você”. Os cinco vencedores foram recepcionados com almoço no restaurante do Damha Golf Club, em São Carlos. Iniciado em abril de 2013 e encerrado em abril de 2014, o Programa foi criado com a proposta de estreitar ainda mais o relacionamento da Damha com alguns de seus principais públicos-alvo, como clientes, imobiliárias, corretores e outros parceiros. Durante esse período, mais de 4 mil pessoas participaram das ações propostas, que incluíram desde a leitura de comunicados e newsletters até o preenchimento das pesquisas de avaliação trimestral. Na Categoria Cliente, Antonio Carlos Mathias, Paulo Grillo Barnabé e Alice Medeiros de Lima ganharam uma viagem para um dos três destinos oferecidos: Deserto do Atacama (Chile), Patagônia Argentina e Cartagena e San Andres (Colômbia). Já os vencedores da Categoria Geral, Jussara de Carvalho Issa Cardozo e Danilo Borges, foram premiados cada um com um iPad. “O Programa foi uma grande iniciativa da Damha
Urbanizadora. Através dele pudemos conhecer empreendimentos e ações da empresa por todo o Brasil. Ele também teve um caráter educacional, principalmente ao abordar questões relacionadas à sustentabilidade dos residenciais e ao trabalho da Associação Bairro Sustentável”, destacou Antonio Carlos Mathias, morador do Village Damha II São Carlos. Já o vencedor Paulo Barnabé enfatizou o fato de o Programa permitir aos participantes o contato com um outro lado da empresa. Ele conta que, antes do “Damha Para Você”, conhecia apenas o viés empresarial da Urbanizadora. “Passei a acompanhar o trabalho da Associação Bairro Sustentável, entidade da Damha que realiza melhorias nas cidades onde a empresa possui empreendimentos. Assim, pude conhecer a preocupação social da empresa.” Tanto Mathias quanto Barnabé, junto com suas respectivas esposas, Lucia Helena e Catia, escolheram como destino as cidades de Cartagena e San Andres, na Colômbia Tropical. A terceira vencedora da Categoria Clientes, Alice, escolheu visitar as cidades de Ushuaia e El Calafate, na Patagônia Argentina.
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Foto: Divulgação
A gerente de Relacionamento Fernanda Toledo entregou os prêmios aos vencedores do Programa “Damha Para Você “
DAMHA NEWS Para a gerente de Relacionamento da Damha Urbanizadora, Fernanda Toledo, mais que estreitar o relacionamento da empresa com os mais de 4 mil participantes, a primeira edição do Programa também fez com que a Urbanizadora conhecesse melhor seus clientes. “Procuramos incluir nas enquetes perguntas que nos permitiram conhecê-los um pouco mais. Com isso, a empresa poderá corresponder a seus anseios de maneira mais eficiente. Um exemplo disso é que as sugestões dadas por eles já serão incorporadas na segunda edição
do Programa”, revela Fernanda. Ela destacou ainda que o Programa ampliou os canais de comunicação da empresa com clientes e parceiros, pois o site www.damhaparavoce.com.br também passou a ser usado como uma plataforma para o envio de dúvidas e sugestões. Segundo a gerente de Relacionamento, a segunda edição do Programa deverá ser lançada até o final deste ano. “Enquanto isso, continuaremos enviando newsletters com as novidades da empresa”, finaliza Fernanda Toledo.
Paulo Barnabé e a esposa Catia
Jussara Cardozo
Antonio Carlos Mathias e a mulher Lucia
Vanda e Marcos Nakano, representantes de Alice Lima
O apresentador Amaro Jr. com a editora da Estilo Damha, Daniele Globo
Fotos: Divulgação
Danilo Borges e a namorada Cristiane Penhalver
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DAMHA NEWS
Corretores de Brasília e São Carlos recebem treinamento
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Damha Urbanizadora, com o objetivo de investir cada vez mais para atender às expectativas de seus clientes, disponibilizou um curso de capacitação profissional para os corretores responsáveis pela apresentação e venda de seus empreendimentos em Brasília (DF) e São Carlos (SP). Realizado em ambas as cidades, o curso contou com a presença de profissionais das principais imobiliárias locais e foi absoluto sucesso de público.
Workshop São Carlos
Workshop em Brasília
Guy Perry participa de encontro com arquitetos
O
renomado arquiteto franco-inglês Guy Perry, responsável pelo projeto arquitetônico do Residencial Damha Sergipe, esteve no último mês de maio na capital Aracaju para um encontro com arquitetos sergipanos que participam da criação do book Damha Sergipe, o Melhor da Arquitetura e Design. Além de debaterem temas relacionados à arquitetura mundial, os profissionais também foram orientados sobre os próximos passos na produção do primeiro anuário de arquitetura desenvolvido pela Damha Urbanizadora. A publicação, que irá trazer projetos exclusivos dos arquitetos selecionados, deverá ser lançada no final deste ano e representará um marco na comunicação institucional da empresa.
Guy Perry no Damha Sergipe
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DAMHA NEWS
Damha constrói Centro de Distribuição Agrícola no Conde
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Comunidade em ação nas obras do Centro de Distribuição Agrícola do Conde
Mutirão em Capim-Açu nas obras do Centro de Distribuição Agrícola
os dias 26 e 27 de abril, a Associação Bairro Sustentável (ABS) realizou o primeiro mutirão para a construção do Centro de Distribuição de Produtos Agrícolas na região do Conde, na região metropolitana da capital da Paraíba, João Pessoa. O Centro irá beneficiar, diretamente, 40 famílias da comunidade Capim-Açu, que fica próxima ao
empreendimento da Damha Urbanizadora no estado. Além de fornecer todo o material para a obra, a empresa também orientou a formação dos grupos de trabalho, compostos por moradores da própria comunidade. Para a Associação Bairro Sustentável, a construção deste espaço representa a concretização de mais um grande projeto em prol da sustentabilidade na região do Conde.
Reconhecimento Público
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Associação Bairro Sustentável (ABS) recebeu da Fundação Vanzolini, no dia 17 de março, um diploma de Reconhecimento Público pela contribuição da entidade no desenvolvimento de projetos de urbanização sustentável. A empresa foi homenageada pela conquista da certificação AQUA (Alta Qualidade Ambiental), que prevê a adoção de uma série de medidas capazes de garantir a sustentabilidade dos empreendimentos. Durante o evento, foi feita a fusão do selo AQUA com o HQE (França), mudando o caráter da certificação para internacional.
Fernanda Toledo, presidente da Associação Bairro Sustentável, recebendo o prêmio da Fundação Vanzolini 109 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
DAMHA NEWS
Damha leva o golfe para escolas de São Carlos Texto: Henrique Fruet
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Damha Golf Club, um dos principais campos de golfe do país, deu continuidade ao programa Golfe nas Escolas, que visa levar o esporte até instituições de ensino de São Carlos (SP), onde o clube está localizado. O instrutor Ricardo Salinas e os juvenis Gustavo Aguiar, Allan Freire e Wilkar visitaram, no final de abril, a escola Sesi 106, de São Carlos, onde apresentaram o golfe de forma lúdica a 80 alunos de 11 a 14 anos. A iniciativa tem o apoio da Federação Paulista de Golfe. “Fomos muito bem recepcionados. Nessa idade, é muito importante mostrar às crianças que o golfe é um esporte muito divertido”, relata Salinas. O projeto Golfe nas Escolas foi lançado em 2012 e faz parte da Academia de Golfe Dr. Anwar Damha, uma iniciativa pioneira do clube de São Carlos para o desenvolvimento do golfe infantil e juvenil. A Academia, dirigida por Salinas, é responsável pela premiada equipe juvenil do Damha, que tem dominado
os rankings brasileiros e estaduais da categoria. Por trás do projeto Golfe nas Escolas e da Academia está toda a estrutura profissional do Damha Golf Club, que já foi eleito, pela revista americana Golf Digest, o 4º melhor campo de golfe do país e, pela revista Exame, um dos melhores do Brasil. Depois do primeiro contato com o esporte na própria escola, o Damha agenda uma visita dos alunos ao campo, onde terão aulas teóricas e práticas numa das melhores áreas de treinamento de golfe do Brasil. “O desenvolvimento do golfe entre os jovens é a bandeira principal do Damha Golf Club. Não medimos esforços para divulgar esse esporte maravilhoso entre crianças e adolescentes, que têm muito a aprender. O golfe proporciona noções de respeito e etiqueta e aumenta a concentração, além de ensinar a lidar com as próprias frustrações e limites e a respeitar a natureza e os adversários, além de muitos outros benefícios”, diz Carlos Gonzalez, presidente do Damha Golf Club.
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Foto: Divulgação
Programa Golfe nas Escolas da Academia Dr. Anwar Damha visa difundir a prática do golfe entre os jovens do interior paulista
DAMHA NEWS
Concurso
“PROFISSÃO: FOTÓGRAFO”
Denize Gonçalves Dionisio São Carlos/SP
Fotos: Divulgação
Claudio Luiz São José do Rio Preto/SP
Olga Ferrarin São Carlos/SP
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ais uma vez, nossos leitores capricharam, enviando fotos de jardins inspiradores e muito bem cuidados! Para a próxima edição da Estilo Damha o tema do Concurso Fotográfico será “Minha Viagem Inesquecível”. Vasculhe seus álbuns de viagens e envie para o e-mail estilodamha@estilodamha.com.br uma foto que traduza um momento especial. Afinal, recordar é viver!!
Raquel Arantes Ceresa Carvalho Brasília/DF
Leila Lavezzo Batista São Carlos/SP
Elissandra Melito São Carlos/SP
O Concurso Fotográfi co “PROFISSÃO: FOTÓGRAFO”, desenvolvido pela Revista Estilo Damha, tem como objetivo incentivar a arte da fotografi a e interação dos moradores dos residenciais Damha com a revista. Ao enviar sua foto, o leitor concorda que: Artigo 1º: Todas as fotos enviadas são automaticamente autorizadas nas publicações da Damha Urbanizadora. Artigo 2º: A partir do envio da foto, menores de 18 anos, estão automaticamente autorizados a terem sua imagem veiculada pelos seus responsáveis que as enviaram. Artigo 3º: Fica ainda autorizada, de livre e espontânea vontade, a cessão de direitos da veiculação das imagens não recebendo qualquer tipo de remuneração. Artigo 4º: Serão selecionadas as 6 melhores fotos, de acordo o corpo de jurados de editores da Revista Estilo Damha e que estejam de acordo com o tema divulgado.111 | Estilo Damha - Julho | Agosto 2014
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