CASA DE REPOUSO PARA IDOSOS
CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC DANIELA GABRIEL DE PAULA
CASA DE REPOUSO PARA IDOSOS
Trabalho apresentado como exigência parcial para o TCC 1, do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Senac, sob a orientação do Prof. Ralf José Castanheira Flôres.
São Paulo 2014
P324c Paula, Daniela Gabriel de Casa de repouso para idosos/ Daniela Gabriel de Paula – São Paulo, 2014. 37 f.: il. color. Orientador: Ralf José Castanheira Flôres Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Arquitetura e Urbanismo) – Centro Universitário Senac, São Paulo, 2014. 1. Casa de repouso 2. Idoso 3. Envelhecimento 4. Cultura 5. Sociedade. I. Flôres, Ralf José Castanheira (Orient.) II.Título CDD 720
RESUMO
ABSTRACT
O objetivo desse trabalho em Arquitetura e Urbanismo é desenvolver uma proposta para uma casa de repouso que atenda as necessidades do idoso, com ambientes bem iluminados, arejados e confortáveis. Num primeiro momento, entender como era envelhecer antes e depois da industrialização, a maneira que os idosos são tratados em diferentes culturas e como surgiram as casas de repouso. Num segundo momento, estudos de casos realizados a partir de visitas técnicas em espaços que hospedam idosos. Num terceiro momento, estudos no terreno, para entender o entorno, a insolação e os fluxos, que o ambiente permite, chegando em um possível diagrama de implantação. E por último, desenvolver um projeto que leve em consideração as análises estudadas.
The aim of this study in Architecture and Urbanism is to develop a proposal for a nursing home that meets the needs of the elderly, with bright, airy and comfortable spaces. At first, we have to understand how aging was before and after industrialization, the way the elderly are treated in different cultures and how nursing homes emerged. With this, we get case studies conducted from technical visits in spaces that keeps the elderly. After that, field studies, to understand the surroundings, heat stroke and creation of passages which the spaces allow, reaching at a possible deployment diagram. And Finally develop a plan that aim to focus on the indicated analyzes.
Palavras-chave: Casa de repouso, Idoso, Velhice, Envelhecimento, Cultura, Sociedade.
Keywords: Retirement home, old, Elderly, Aging, Culture, Society.
Daniela Gabriel de Paula Casa de Repouso para Idosos Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac – Campus Santo Amaro, como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador Profº Ralf José Castanheira Flôres A banca examinadora dos Trabalhos de Conclusão, em sessão pública realizada em / / , considerou o(a) candidato(a):
______________________________________________ Avaliador 1
______________________________________________ Avaliador 2
_____________________________________________ Avaliador 3
SUMÁRIO APRESENTAÇÃO 3 INTRODUÇÃO 1. A VELHICE E A SOCIEDADE 2. O ENVELHECIMENTO E A CULTURA 3. A CASA DE REPOUSO
5 7 11 15
4. ESTUDOS DE CASO 1 HOSPITAL PREMIER 17 5. ESTUDOS DE CASO 2 CASA DE REPOUSO POR DO SOL 28 6. ESTUDO DE CASO 3 CASA DE REPOUSO AZALÉA 32 7. ESTUDO DE CASO 4 CASA DE REPOUSO BETEL 36 8. ESTUDO DE CASO 5 RES. GERIÁTRICA MELHOR IDADE 9. ANÁLISE DO PROGRAMA 10. PROJETO 11. ED. ADMINISTRATIVO
39 42 49
12. ED. ECUMÊNICO
51
13. ED. DE LAZER
53 55
14. ED. RESIDENCIAL 57 15. ED. ESPORTIVO 16. CONSIDERAÇÕES FINAIS 17. BIBLIOGRAFIA 18. LISTA DE IMAGENS
59 61 63 65
APRESENTAÇÃO A ideia do tema surgiu quando uma amiga me convidou para ajudar com doaçõe a Casa de Repouso Por do Sol. Inicialmente esse trabalho foi idealizado para o grupo de idosos, que moram nesta Casa de Repouso, localizada em Embu-Guaçú. A falta de atividades, de lazer e de conforto que os idosos vivem me incomodou bastante. Surgiu a ideia de projetar um espaço confortável, aconchegante e pensado para idosos. O público alvo são os idosos que tem dificuldade motora e necessitam de cuidados e atenção 24 horas por dia e problemas de saúde, para aqueles que a família não tem condições/tempo de cuidar, mas nada impede de acolher os idosos que querem ir por conta própria e estão bem de saúde.
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INTRODUÇÃO O idoso é respeitado? Ele tem voz perante a nossa sociedade? Antes da industrialização ele era ouvido pelos familiares, devido sua experiência, e como trabalhava em casa, não tinha patrão e fazia trabalhos manuais. Depois, com as máquinas eles foram descartados das indústrias porque não tinham força, nem a agilidade e produziam menos.
O idoso que tem ou que quer morar em uma casa de repouso tem que ter uma rotina ativa, que possibilite o exercitar, o descansar e o bem estar.
O capítulo 1 fala da maneira como o idoso é tratado em diferentes culturas, cada país tem uma maneira de olhar a velhice. O capítulo 2 explica o que é uma casa de repouso e por que ela passou a existir. Em seguida estão os estudos de caso com análises dos espaços. Depois uma análise do terreno e do entorno, finalizando com o projeto. A ideia da idade avançada precisa se desprender da ideia do deficiente, não sendo tratado com diferença, que gera o sentimento de inutilidade e de supressão. Eclea Bosi (2010) acredita que durante a velhice deveríamos estar engajados em coisas que não envelhecem, como atividades físicas e mentais. Apesar da distração e da dificuldade em algumas atividades, ele tem a necessidade de viver, se alegrar, se exercitar, interagir e se divertir como qualquer pessoa, a idade não tem que ser, e não é, um empecilho. O espaço tem que proporcionar ambientes aconchegantes, onde o idoso possa descansar, se reunir com os amigos e familiares, participar de atividades, rearriscar e redescobrir. Aproveitar as experiências novas e fazer coisas que sempre tiveram vontade, mas não tinham tempo.
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1. A VELHICE E A SOCIEDADE Quem pode penetrar na gruta da velhice? Imaginamos que os velhos se expatriaram do mundo, e o contemplam do alto de uma colina onde chegam, apenas as andorinhas. Lá estão eles ao Sol! Imunes à nossa agitação e ao nosso carinho. Olham para um ponto no espaço, e se contentam em olhar. Vivem com um mínimo de respiração. Difícil saber se estão alegres ou tristes. Se tiverem lembranças deverão estar tristes. Mas quem pode garantir que tenham lembranças? Nossos nomes já não lhes interessam, nem lhes interessam o nome das coisas. Por que vivem então? Eis uma questão a que os vivos não sabem responder, e os mortos já responderam. Os velhos, a rigor, não têm obrigação de responder. A sua existência é uma resposta. Uma resposta aos que pensam que o tempo é um cavalo sem freio, e que os seus relinchos o acompanham. Ninguém responde aos velhos sobre a única coisa Que lhes interessa: viver! Viver mesmo à beira De uma vida recém –nascida a cada suspiro, a cada pílula engolida.
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Armindo Trevisan (SEIBERT, 2006 p.7)
O homem passa por fases em sua vida (criança, jovem, adulto e idoso), em cada uma delas vive e passa por experiências diferentes. A criança busca aprender, não tem responsabilidades. O jovem está começando a trabalhar, buscando condições de se sustentar sozinho. O adulto já trabalha, sustenta a família, está buscando sempre o melhor, pensando no futuro, atrás de melhores condições de vida. E o idoso que já passou por tudo isso, não precisa se preocupar em manter a casa, agora com tempo para si e para refletir. Antigamente os idosos eram respeitados, pelo fato deles terem mais experiência, suas opiniões importavam, tinha voz perante a família, hoje em dia, sua opinião não é levada em consideração, já escutei muito "ele está gagá" ou "ele está velho". Essa mudança começou com a industrialização, antes da máquina o homem trabalhava e produzia em casa, ele mesmo fazia seu horário de trabalho. Mas com a industrialização, é perdido o trabalho artesanal e o trabalho em casa, o homem tem que ir até o trabalho, produzir a maior quantidade de peças iguais possível, mexer em máquinas pesadas e aguentar o trabalho duro. O idoso não tinha essa força exigida, por isso ele foi deixado de lado, virou um fardo e aos poucos foi separado dos familiares, indo para asilos ou hospitais. Valéry lembra os tempos em que o tempo não contava, em que o artesão ia entalhando, esculpindo como se imitasse a paciente obra da natureza, obtendo tonalidades novas com uma série de camadas sutis e transparentes. O homem moderno não cultiva o que ele pode simplificar e abreviar. (BOSI, 2010 p.88)
Nas antigas sociedades um homem de oitenta anos começava a construir uma casa, plantar na horta, entre outras atividades, sem se preocupar com o futuro (com a morte) porque seu filho continuaria qualquer obra iniciada por ele, o filho seguia os passos do pai, continuava e mantinha a casa e o trabalho dele. Porém com as máquinas, o avanço da sociedade e a divisão entre as classes sociais, se cria um novo pensamento, a continuidade não importa, fazendo com que a sociedade rejeite o idoso. O jovem e o adulto têm mais força e rapidez para o trabalho pesado. Para que investir no idoso, se ele já está no fim da vida? Esse é o tipo de pensamento egoísta que algumas pessoas têm. Eclea Bosi fala que os adultos ao cuidar das crianças investem no futuro, mas quando se trata dos idosos eles agem com duplicidades e má-fé. O idoso faz parte da sociedade, mas em algumas situações ele se sente excluído e esquecido, o intuito dessa casa de repouso é proporcionar um espaço onde o idoso se sinta incluído na sociedade e não esquecido. No filme O exótico hotel marigold1 , os idosos estão cansados de serem controlados pelos filhos e familiares, se sentem sozinhos e inúteis, querem liberdade e independência, por isso viajam para a Índia em busca de tranquilidade e independência. Aos poucos vão se adaptando com a cultura, criando vínculos e amizades. Passam a ter uma vida mais ativa e independente, se sentem úteis e livres. Eclea Bosi (2010) fala sobre os familiares que querem: 1O EXÓTICO HOTEL MARIGOLD. Direção: John Madden. Índia, 2011. DVD, 124 min.
[...] privá-los da liberdade de escolha (...) torná-los cada vez mais dependentes 'administrando' sua aposentadoria, obrigando-os a sair de seu canto, a mudar de casa (experiência terrível para o velho) e por fim, submetendo-os à internação hospitalar (BOSI, 2010 p.78).
Talvez a maneira de não atrofiar na velhice é manter uma vida ativa. Antes a rotina do idoso era trabalhar, cuidar da casa e da família, mas quando ele muda para uma Casa de repouso não tem mais essas responsabilidades, o jeito é preencher o dia com atividades diferentes e pensadas para uma pessoa na terceira idade. Claro que isso depende de cada um, mas o idoso tem que fazer um esforço, se dedicar para não desanimar, porque "é possível (...) chegar na velhice, com uma espantosa resistência às doenças e muita alegria de viver, apesar da idade." (RIEMANN, 1990 p.65-66)
Uma das atividades favoritas do idoso é passar a diante seu conhecimento e contar suas histórias. Quando eu era criança, minhas avós adoravam que, meus primos e eu, ajudássemos na cozinha. Elas ensinavam passo a passo das receitas, eu sentia que elas ficavam felizes com o nosso interesse em aprender, apenas porque estávamos escutando elas. A troca de experiências é uma forma de estar sempre ativo e atualizado, mas com o tempo esse costume, de passar de pai pra filho e de avô pra neto, não existe mais, talvez pelo fato das avós/bisavós não serem apenas avós/bisavós. São elas que criam os netos/bisnetos (o que tinha que ser responsabilidade da mãe), não têm mais tempo para elas mesmas, nem para sentarem e contarem uma história. Cenir Tier fala que a vida moderna pode favorecer para o surgimento da solidão na velhice, porque a estrutura familiar e o estilo de vida das pessoas mudaram intensamente. Em uma visita técnica, em março de 2014, ao Sesc Pompéia, percebi ao entrar nos galpões que havia muitos idosos sentados (em cadeiras de madeira, individuais e com encosto) fazendo diversas coisas, entre elas: conversar, ler, dormir, jogar xadrez. Não estavam preocupados com as horas, nem com o tempo. Já os adultos e jovens estavam andando rápido, com pressa, olhando para o relógio e quando paravam para sentar, ficavam poucos minutos. Talvez estavam apenas esperando a chegada de um amigo ou o começo de alguma aula ou atividade no Sesc (figura 1).
Figura 1 - Sesc Pompéia (foto da autora)
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Talvez a velhice seja aproveitar o tempo que não se tinha antes, o tempo para o laser, o tempo para si. Poder sentar em uma praça e olhar os pássaros sem se preocupar com nada, poder ir para o Sesc e jogar, ler e conhecer outras pessoas, poder usufruir, muito mais, da cidade que moramos. Os jovens/adultos não têm tempo para isso, andam tão rápido e focados em algo que nem reparam ao seu redor, muito menos nas pessoas. a idade avançada pode nos oferecer a liberdade necessária para outras coisas, pelas quais ansiamos em nosso íntimo mas que nunca antes tivemos tempo de realizar. O importante não é criarmos algo significativo, e sim reencontrar o caminho para uma espécie de atividade lúdica que pode nos proporcionar muita alegria; justamente por ser destituída de finalidade ela poderá significar muito para nós; isso vale para todas as possibilidades de expressão, como a música, a pintura, os trabalhos com madeira ou atividades de arte aplicada (...) descobrindo assim o nosso relegado mundo interior. (RIEMANN, 1990 p.56-57)
É agressivo tirar o idoso de sua casa e leva-lo para um asilo, mesmo se ele estiver de acordo, porque a casa é carregada de memórias com os familiares, nela eles já passaram a vida toda e tem a vivência com os vizinhos que também fazem parte das lembranças. Quando mudam pra um asilo, o lugar, os vizinhos e a casa mudam, criando um choque e um desconforto no idoso. Por isso tenho que fazer uma Casa de repouso onde o idoso se sinta em casa e aconchegado, para que esse choque seja menor e não traga consequências ruins ao idoso.
2. O ENVELHECIMENTO E A CULTURA A quantidade de idosos vem aumentando a cada dia, a sociedade tem que estar preparada para quando a porcentagem de idosos for maior que a de jovens/adultos. É uma questão que, principalmente, o Brasil não está preparado para lidar, devido o desrespeito ao idoso que todos estão acostumados, mudar hábitos é difícil, mas não é impossível. Se as pessoas estão tentando readequar o uso da água (economizando), porque isso não acontece em relação ao idoso? O idoso é tão importante quanto a água, no Brasil os problemas chegam no limite, só quando não tem mais o que fazer é que começam a pensar em alguma solução. Para Ana Guerra os aspectos culturais interferem na maneira de olhar o envelhecimento e na maneira como a pessoa idosa vai se constituir nesse meio.
Figura 2 - Refeitório da Casa de Repouso Azaléa (foto da autora)
A cultura influencia muito no modo de agir das pessoas, na educação, nos costumes e na maneira que as pessoas olham para os idosos. Neste capítulo vou analisar como o Brasil, os Estados Unidos e o Japão/China olham para o idoso, a maneira que eles são tratados, nessas diferentes sociedades. No Brasil cada idoso tem uma maneira de envelhecer, cada um cresce em um tipo de ambiente e cultura, as condições socioeconômicas variam bastante, o que influencia na moradia, na educação e no acesso a informação. Cada idoso tem a sua maneira de agir e de pensar. Aqui os idosos são esquecidos, tanto que as casas de repouso são edificações adaptadas, lugares sem condições de abrigar o idoso de uma maneira digna. Mais pra frente, vou mostrar imagens de algumas casas de repouso que eu visitei e a conversa que eu tive com os diretores/funcionários, mas só para ilustrar a diferença entre os países, segue uma imagem da Casa de Repouso Azaléa (figura 2). Observando a imagem se percebe que não existe um padrão das mesas e cadeiras, que as coisas foram se acomodando do jeito que deu. Nos Estados Unidos existem leis pensadas para os idosos, o governo se preocupa e dá condições para eles trabalharem e sentirem-se respeitados, independente da idade, o que no Brasil é o oposto. Lá eles tentam disfarçar a idade usando a tecnologia, desde cosméticos até cirurgias plásticas, semelhante ao Brasil.
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Outra coisa em comum entre Brasil e Estados Unidos é evitar ao máximo pensar a respeito da velhice e da morte, têm 'medo' da morte e a estão sempre na busca de métodos para disfarçar a velhice. Nos Estados Unidos as casas de repouso normalmente são 'vilas', praticamente pequenas cidades, que acomodam os idosos de uma maneira agradável, visando o bem estar deles. Um exemplo é a Windsor Park: a covenant retirement community, que abriga aposentados.
Figura 3 - Entrada principal do Windson Park2
Na implantação (figura 4) observamos que a área administrativa e a área de convívio ficam próximas a entrada, já as casas ficam em um lugar mais isolado, proporcionando mais privacidade e menos ruídos externos. Os idosos ficam hospedados em casas individuais, como se eles ainda estivessem inseridos na vida urbana, podendo receber visitas e hospedes. Nas plantas abaixo vemos que há vária opções de casas: estúdio, 1 quarto, 2 quartos e duplex. Que todas são estruturadas com elementos residenciais, com cozinha, banheiro, quarto e sala, ou seja o idoso se sente em casa e tem liberdades (isso não acontece nas casas de repouso do Brasil).
Figura 4 - Planta de implantação do Windson Park3
1Disponível em: <www.windsorparkillinois.org>. Acesso em: abr. 2014 3Disponível em: <www.windsorparkillinois.org>. Acesso em: abr. 2014
Figura 5 - Planta da opção estúdio4
Figura 6 - Planta da opção de 1 quarto4
Figura 7 - Planta da opção de 2 quarto4
13 Figura 8 - Planta da opção de duplex4
4Disponível em: <www.windsorparkillinois.org>. Acesso em: abr. 2014
instalações, com os apartamentos, os jardins e o estacionamento.
Figura 11 - Vista do jardim6
Figura 9 - Vista interna da casa5
Figura 12 - Vista externa6
Figura 10 - Vista externa da casa5
No Japão/China envelhecer não é vergonhoso, o cidadão não passa a ser desrespeitado na velhice, e sim, mais respeitado, pelo fato deles terem experiência de vida, e continuam tendo uma vida ativa. O Japão é um país com maior número de idosos. Como exemplo, existe uma casa de repouso no Canadá, Keiro Senior HealthCare, voltada para idosos japoneses ativos, visando o bem estar, qualidade de vida, trazendo a cultura tradicional japonesa fazendo com que o idoso volte/continue as tradições. Com quartos individuais que permitem independência. Parece um condomínio com as
Figura 13 - Vista do refeitório6
Nossa vida não termina na velhice, continuamos conhecendo novas pessoas, aprendendo e tendo experiências diferentes. Talvez o modo de evitar o descaso com os idosos comece na educação de crianças/jovens, ensinando as dificuldades e a importância dos idosos para a sociedade. Temos medo de envelhecer, mesmo sabendo que é inevitável, todos vamos passar por isso, mas não precisa ser uma fase da vida traumática.
5Disponível em: <www.windsorparkillinois.org>. Acesso em: abr. 2014 6Disponível em: <www.keiro.org>. Acesso em: abr. 2014
3. A CASA DE REPOUSO Segundo Luna Rodrigues Freitas Silva (2008), antes do século XIX, não existia diferenciação entre as idades, nem um tempo específico para o lazer e o trabalho. A partir do século XIX (começo da industrialização) aparecem as segregações entre idades, funções e hábitos. A velhice dos trabalhadores foi assimilada à invalidez, ou seja, a incapacidade de produzir. Desse ponto de vista, a velhice passava a ser confundida com todas as formas de invalidez que atingiam a classe trabalhadora, passando a ser utilizada para identificar todos aqueles que, ao fim de sua vida, não estão mais aptos para o trabalho. Essa lógica que atrela velhice e invalidez inspirou a criação dos sistemas de aposentadoria pelos chefes de empresas. (SILVA, 2008 p.160)
manicômios e orfanatos. Assim, no século XX o termo asilo passou a ser destinado somente para as instituições que abrigavam velhos passando a simbolizar um local de tristeza, abandono e decadência. (MEDEIROS, 2012 p.446)
Casa de repouso, asilo, clínica geriátrica, ILPI (Instituição de Longa Permanência para Idosos), etc. são termos usados para definir locais de assistência a idosos dependentes, independentes ou que precisem de atendimento integral. No Brasil a primeira instituição para idosos foi o Asilo São Luiz, criada em 1890 no Rio de Janeiro (figura 14).
Surge, então, o termo 'velho' que significa decadência física e incapacidade produtiva, era um modo ofensivo de chamar, em especial, os velhos pobres. Na década de 60 o termo é substituído pelo termo 'idoso' ao mesmo tempo que o estilo de vida da classe médias começa a se espalhar para todas as classes de aposentados, substituindo o termo por 'terceira idade', uma forma de não diferenciar as classes sociais. Entretanto o termo 'velho' continua sendo usado para falar dos idosos da classe baixa e o termo 'idoso' para os da classe média/alta. Figura 14 - Pátio interno do Asilo São Luiz7 A criação dos asilos foi uma necessidade que surgiu no passado com o intuito de solucionar problemas gerados pelas doenças, pobreza e mendicância e afastá-los da sociedade. Com o tempo, as pessoas que eram abrigadas nesse tipo de local, ou seja, os pobres, mendigos, loucos, doentes, velhos e crianças foram tratadas de forma diferente e separadas em outros espaços como hospitais,
15 7Disponível em: <www.fotolog.com/tumminelli/10407906/#profile_start>. Acesso em: abr. 2014
No Brasil as casas de repouso normalmente são edificações adaptadas, ou seja, lugares destinados a outros usos, proporcionando acomodações ruins e precárias para os idosos. A casa de repouso é, ou deveria ser, como o próprio nome já diz, um lugar para repousar. Já que o idoso está lá, abandonado ou por vontade própria, que ele seja tratado bem. É importante que o espaço abrig ue tanto os idosos, quanto os funcionários, para ambos se sentirem confortáveis e não terem a sensação que estão aprisionados. Paulo Medeiros fala das três características das instituições para idosos, são elas: a segregação (isolamento físico e uma política segregadora), tratamento igualitário e simultâneo para todos os residentes (política congregadora) e um grau acentuado de controle (limitação da autonomia permitida). A casa de repouso é o novo lar dos idosos, ela tem que oferecer ambientes aconchegantes, tranquilos, que sejam acomodações caseiras.
4. ESTUDOS DE CASO 1 HOSPITAL PREMIER
Figura 15 - Vista externa do Hospital (foto da autora)
O Grupo MAIS (Modelo de Atenção Integral à Saúde), que começou em 2003, tinha uma empresa que atendia pacientes idosos com doenças crônicas em domicílio. Com uma oportunidade ele construiu um prédio. Em 2004 passa a se chamar Hospital Premier, tinha apenas 20 leitos. A ideia era ter uma espaço onde os idosos não ficassem jogados e esquecidos, mas que fossem bem tratados. O Hospital trata pacientes crônicos usando a filosofia dos cuidados paliativos, a maior parte dos paciente são idosos. "Segundo definição da Organização Mundial de Saúde (OMS) (...) Cuidado Paliativo é 'uma abordagem que promove a qualidade de vida de pacientes e seus familiares, que enfrentam doenças que ameacem a vida, por meio da prevenção e do alívio do sofrimento.
Requer identificação precoce, avaliação e tratamento da dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual." (MATSUMOTO, 2013 p.35) Umas das ideias é humanizar o ambiente hospitalar, tirar aquele ar pesado de hospitais. Desde 2010 integra paciente e comunidade através das atividades disponíveis no Hospital, como: aulas de inglês, de yoga, de dança, de música, de pintura, sessões de filmes, entre outras. Em parceria com a Subprefeitura de Pinheiros, a calçada na frente do Hospital foi ampliada e construíram uma praça, criando uma pequena área verde, com equipamentos de exercício, que é usada pelos moradores e pelos pacientes. Hoje o Hospital está passando por uma reforma de ampliação, para aumentar a quantidade de leitos e a área administrativa.
17
70 Leitos
60 Pacientes
243 Funcionários Funcionários com circulação pelo hospital:
Setores Auxiliares:
Setores de Saúde:
Fluxo médio de circulação no Hospital:
Na conversa com Admir Salman, um dos sócios, durante a visita ao Hospital, pude observar que os ambientes são bem iluminados (figura 21) e que os pacientes e familiares tem liberdade para locomoção, dentro do hospital, e o horário de visita também é flexível. Mesmo com espaços externos pequenos, há uma preocupação paisagística onde os pacientes/familiares podem descansar, sair um pouco do quarto, ficando em espaços agradáveis e mais arejados. O auditório não tem uma mega estrutura, mas atende as atividades propostas pelo Hospital. As obras do monotrilho já começaram perto do Hospital, pergunto qual a opinião do Admir em relação a isso: "Vai até valorizar a região, vai dar mais visibilidade pra região, não vejo como um empecilho." Ele também fala que futuramente o Hospital tem a ideia de instalar uma piscina, para ser usada como um método de terapia.
Limpeza – 20 Funcionários Recepção – 3 Funcionários Cozinha – 12 Funcionários Rouparia – 1 Funcionário Manutenção – 15 Funcionários Portaria – 4 Funcionários Fisioterapia – 16 Funcionários Enfermagem – 136 Funcionários Terapia Ocupacional/Fono/Psicólogo – 6 Funcionários Funcionários Internos – 150 pessoas/dia; Acompanhantes – 40 acompanhantes/Dia; Visitas – 30 visitas/Dia; Público Externo (Moradores do Bairro) – 20 moradores/Dia;
O hospital está localizado no bairro Vila Cordeiro, próximo a Ponte Estaiada. Como a vizinhança é predominantemente residencial as ruas não são muito movimentadas, evitando a poluição sonora. Porém há muitos carros estacionados na rua e o Hospital se esconde atrás dos muros (figura 15), demorei para localizar a entrada. Admir disse que a intenção é tirar o muro da frente, ampliando a praça e abrindo o hospital para a rua, ficando mais convidativo. As imagens, a seguir, ilustram melhor a localização e os ambientes citados acima.
8Disponível em: <www.google.com.br/maps/>. Acesso em mai. 2014
19 Hospital Premier
Figura 16 - Planta de implantação8 Fonte: Google maps
Figura 17 - Planta do térreo (foto da autora) Fonte: Planta fornecida pela direção do Hospital
21 Figura 18 - Planta do térreo (fotos da autora) Fonte: Planta fornecida pela direção do Hospital
Figura 19 - Planta do térreo (fotos da autora) Fonte: Planta fornecida pela direção do Hospital
23 Figura 20 - Planta do 1º andar (fotos da autora) Fonte: Planta fornecida pela direção do Hospital
Figura 21 - Planta do 1º andar (fotos da autora) Fonte: Planta fornecida pela direção do Hospital
25 Figura 22 - Planta do 2º andar (fotos da autora) Fonte: Planta fornecida pela direção do Hospital
Figura 23 - Diagrama de insolação, circulação e ruído Fonte: Planta fornecida pela direção do Hospital
Na figura 13 notamos que alguns quartos, o solário e o jardim estão voltados pro lado norte, favorecendo a iluminação, alguns com a luz matutina e com a luz vespertina. Porém há alguns quartos voltados pro lado sul, desfavorecendo alguns pacientes. A área dos funcionários também é bem iluminada. Os quatro lados do Hospital estão voltados pra rua, trazendo ruídos para todos os ambientes, exceto para os que se localizam no centro. O Hospital contém muitos espaços para convivência, mas estão muito vazios, sem mobiliário, falta lugares para sentar (figuras 9 e 10).
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5. ESTUDOS DE CASO 2 CASA DE REPOUSO POR DO SOL Localizado em Embu-Guaçú, de esquina com ruas movimentadas, trazendo ruídos desagradáveis. É um lugar carente, que depende de doações para se manter. Abriga 34 idosos que raramente recebem visitas de amigos/familiares. A dona da Casa (uma Senhora de 70 anos) é responsável por tudo (administração, lavanderia, cozinha, etc.), ela fica o dia inteiro na Casa de Repouso, das 6h às 20h, de segunda a segunda. Com relação as atividades da Casa, ela tem ajuda da própria família (filhos e netos), cada um tem suas tarefas diárias. No total são 11 funcionários contando com médicos/enfermeiros (não trabalham voluntariamente). Os idosos ativos ajudam em algumas atividades, como: dobrar roupas e arrumar as camas. Os demais ficam no jardim ou assistindo televisão, não tem atividades diferentes (aulas de pintura, dança, música, etc.). Eles não podem sair sozinhos, até porque se acontecer alguma coisa, a responsabilidade é da Casa. As roupas são lavadas fora, são separadas por tamanho e são compartilhadas pelos idosos (não têm dono). Os quartos são separados por sexo, por acamados e não acamados. Por ser uma casa adaptada, não há uma estrutura adequada para abrigar os idosos. Nem estão preparados para casos de emergência, apesar de ter uma sala de enfermagem com poucos equipamentos (figura 32). As fotos, tiradas pela autora, ilustram melhor os ambientes.
A cozinha é pequena e não tem armários suficientes (figura 24), a despensa e a rouparia são escuras e apertadas (figuras 25, 26 e 27), as divisórias de madeira atraem animais indesejáveis, na minha opnião. Os Quartos são escuros e estreitos, com as camas os corredores ficam menores ainda (figura 28 e 29). Na sala de estar há apenas um sofá, se mais de cinco idosos quiserem assistir televisão não cabem (figuras 30 e 31). A sala de enfermagem também é pequena, sem estrutura para atender dois idosos ou mais (figura 32). Os ruidos externos incomodam bastante, não há nenhum tipo de isolamento acustico nos ambientes.
Figura 24 - Cozinha
Figura 25 - Dispensa
Figura 27 - Rouparia
Figura 28 - Quarto
Figura 26 - Dispensa
Figura 29 - Quarto
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Figura 30 - Sala de estar
Figura 31 - Sala de estar
Figura 32 - Sala de enfermagem
Figura 33 - Diagramas de usos e insolação Sem escala
Fiz as plantas esquemáticas de acordo com o que recordava das casas de repouso, para entender melhor os espaços (não está com proporção, nem com escala), a partir disso desenvolvi esses diagramas que permitem a percepção da distribuição dos cômodo, da circulação, da insolação e dos ruídos externos. Os quartos estão voltados pro lado norte, favorecendo a iluminação, alguns com a luz matutina e com a luz vespertina (figura 33). A despensa esta do lado sul, isso ajuda a conservar os alimentos. Dois quartos e o jardim estão voltados para a rua, um dos lugares mais barulhentos da Casa (figura 34).
31 Figura 34 - Diagrama de circulação e ruído Sem escala
6. ESTUDOS DE CASO 3 CASA DE REPOUSO AZALÉA Localizada no Campo Belo, na frente de uma rua bem movimentada, é uma Casa de Repouso particular, não recebe doações, normalmente os familiares que levam os idosos. Conversei com duas enfermeiras, que trabalham das 7h às 19h, com duas folgas de três dias por mês. Elas têm que dar toda a assistência necessária para os idosos (como banho, medicamentos, alimentação, etc.), são 4 enfermeiras e 1 médico por dia. Atualmente abriga 35 idosos, mas tem vaga para 45. A maioria dos idosos, tem alzheimer e recebem visita dos amigos/familiares. Eles têm várias atividades durante o dia, duas vezes por semana fazem terapia, fisioterapia e aulas de música, de desenho, etc. Eles não podem sair sozinhos, mas os familiares têm costume de pegá-los em alguns finais de semana.
Figura 35 - Quarto triplo
Os quartos são escuros com armário altos, o que dificulta o acesso para os idosos, as camas não são bem espaçadas (figura 35, 36, 37 e 39). Os banheiros são adaptados e estreitos (figura 38). Todos tem campainha de emergência e luz externa (sobre a porta) para chamar os enfermeiros. Há corrimão em todos os corredores e na áreas externas, que são grandes, mas deixam com vontade de permanecer nelas (figura 41, 42, 44, 45 e 46). A sala de televisão é pequena e escura, mas aparentemente os idosos gostam de ficar nela, ou não tem outro lugar mesmo. Os ruídos externos, dá para ouvir os barulhos dos carros, incomodam bastante. Não tem isolamento acustico nos ambientes. Como nessa casa não teve ninguém que me mostrasse os cômodos, não tenho certeza se eles têm uma sala de enfermagem. As fotos, tiradas pela autora, ilustram melhor os ambientes.
Figura 36 - Quarto individual
Figura 37 - Quarto duplo
Figura 38 - Banheiro
Figura 41 - Área externa
Figura 39 - Quarto duplo
Figura 42 - Refeitório
Figura 40 - Quarto triplo
Figura 43 - Sala de televisão
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Figura 44 - Área externa
Figura 45 - Área externa
Figura 46 - Corredor interno
Figura 47 - Diagramas de usos e insolação Sem escala
Apenas dois quartos estão voltados pro lado norte, os demais estão em áreas escuras, o que fazem deles desconfortáveis e desaconchegantes (figura 47). O refeitório e a área de fisioterapia estão do lado sul, desperdício de dois espaços que poderiam ser usados para os idosos tomarem sol, porém estão mal localizados (figura 47). Um quarto e a sala estão voltados para a rua, um dos lugares mais barulhentos da Casa (figura 48).
35 Figura 48 - Diagrama de circulação e ruído Sem escala
7. ESTUDOS DE CASO 4 CASA DE REPOUSO BETEL Localizada na Cidade Dutra, na frente de uma avenida bem movimentada, é uma Casa de Repouso particular, que não recebe doações. Conversei com a enfermeira responsável técnica, que cuida dos medicamentos, exames físicos, coordena a equipe de enfermagem e com a organização da casa. Atualmente abriga 24 idosos com alzheimer, que têm diversas atividades durante o dia, dentre elas: fisioterapia, pintura em desenhos, colagem, jogos com baralhos, etc. Todos recebem visitas de amigos/familiares, que acontecem de sábado à quarta-feira das 13:30h às 16:30h. Eles só podem sair da Casa acompanhados dos familiares. Em caso de emergência a família é avisada imediatamente, a Casa não se responsabiliza em levar o idoso para o hospital (tem que estar acompanhado pelo familiar). Para casos menos graves, a casa conta com um médico quinzenal, uma técnica de enfermagem, duas auxiliares de enfermagem, uma cuidadora e duas ajudantes geral. Para as demais atividades há uma cozinheira e uma lavadeira. Infelizmente não pude tirar fotos dos espaços, por isso vou tentar descrevê-los. Apesar de ser uma Casa adaptada, os quartos são grandes e pouco iluminados, no total são 11 dormitórios, de duplos à quíntuplos e um individual, e 6 banheiros, com um tamanho razoável. Há um espaço onde é feita a higienização dos materiais usados nos pacientes, mas não lembro ao certo onde fica.
37 Figura 49 - Diagramas de usos e insolação Sem escala
Todos os quartos estão voltados pro lado norte, todos são iluminados (figura 49). Um quarto e a sala estão voltados para a rua, os lugares mais barulhentos da Casa (figura 50). A única área verde da Casa, o jardim, é gradeado, perguntei para enfermeira se é usado, ela disse que sim, Não vi ninguém usando.
Figura 50 - Diagrama de circulação e ruído Sem escala
8. ESTUDOS DE CASO 5 RES. GERIÁTRICA MELHOR IDADE Localizada em Santo Amaro, na frente de uma avenida movimentada, é uma Casa de Repouso particular, que pede doações quando recebe visitas de grupos escolares. Conversei com a proprietária, que é enfermeira, antes ela trabalhava na área hospitalar e sentiu a falta e a necessidade de estar mais próxima dos pacientes, por isso decidiu abrir uma casa de repouso. Sua rotina é preparar medicações, examinar os idosos e administrar a Casa. O idosos só podem sair acompanhado de um familiar. Atualmente a Casa está com 13 idosos, mas tem capacidade para 15. Todos recebem visitas de amigos/familiares e fazem atividades com leitura, desenhos, música, jogos do vídeo game wii e exercícios que estimulem a memória. Para situações de emergência de baixo grau, a Casa conta com uma caixa de emergência e oxigênio, enfermeira padrão, cinco auxiliares de enfermagem (dia sim, dia não), duas cuidadoras, em casos mais graves é chamado a ambulância e avisado os familiares. Par as demais atividades: uma cozinheira, uma faxineira e uma lavadeira. Na Casa há um quarto individual, um duplo, três triplos e um quádruplo, todos com campainha, não me recordo muito bem dos cômodos e infelizmente não pude tirar fotos. A proprietária se preocupa em racionar água e armazenar água da chuva para usar na limpeza.
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Figura 51 - Diagramas de usos e insolação Sem escala
Dois quartos, o jardim e a garagem, que não precisava, estão voltados pro lado norte, são os ambientes mais iluminados. A cozinha e outros dois quartos estão voltados pro lado sul, muito escuros (figura 51). A garagem e o jardim estão voltados ara a rua, o que não é um problema já que ficar no jardim é opcional, vai para lá o idoso que quer olhar pra rua, pra cidade (figura 52).
41 Figura 52 - Diagrama de circulação e ruído Sem escala
9. ANÁLISE DO PROJETO Terreno localizado no bairro Santo Amaro, entre as ruas Henri Dunant, Thomas Deloney, Dr. José Áureo Bustamante e Chafic Maluf, próximo ao Shopping Morumbi. Com uma área de 18.910 m². Entorno predominantemente residencial, com algumas empresas e restaurantes, ruas tranquilas com pouco tráfego de carros (figura 53). As fotos ilustram o entorno, exceto o terreno porque atualmente está sendo construido um condominio no mesmo. Com os estudos de caso notei que boa parte dos espaços são pequenos, desconfortáveis, escuros e as áreas de jardim são esquecidas. Nesse projeto haverá espaços sociais, de descanso, de entretenimento e jardins, destinados para 40 idosos. Os quartos serão duplos com banheiro, talvez alguns quartos individuais e para casais. Como funcionário não podem ficar longe dos idosos, a área destinada pra eles está próxima dos quartos e das áreas sociais. A área da ambulância tem que ficar em um lugar estratégico, isolado e perto da edificação, porém evitando que um idoso veja o outro sendo colocado na ambulância. O diagrama de uma possível implantação foi pensado levando em consideração os ruídos externos, o entorno e a insolação.
Figura 53 - Entorno
20 Quartos (30m²)
Sala de fisioterapia (50m²)
Piscina (1000m²)
10 Banheiros de pacientes (6m²)
Cozinha (100m²)
Solário (200m²)
Sala de estar (50m²)
Lavanderia (50m²)
Enfermaria (50m²)
Refeitório (50m²)
Rouparia (50m²)
Depósito/almoxarifado (50m²)
Sala de jogos (50m²)
Espaço ecumênico (100m²)
Depósito/limpeza (30m²)
Sala de leitura (50m²)
Horta (50m²)
Banheiros de funcionários (20m²)
Sala de música (50m²)
Ateliê (100m²)
Copa (100m²)
Sala de TV (50m²)
Jardim de inverno (50m²)
Sala de reuniões (30m²)
Administração (40m²)
Jardim/caminhada (100m²)
Vestiário para funcionários (100m²)
Recepção (20m²)
Sala de ginástica (100m²)
Vestiário para pacientes perto da piscina (100m²)
Diretoria (30m²)
Sala de informática (50m²)
Sala de psicologia (10m²)
Secretaria (20m²)
Sala de dança (100m²)
Lixo (20m²)
Programa desenvolvido com base nos estudos de caso.
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Figura 54 - Inserção regional
45 Figura 55 - Diagrama de insolação
Figura 56 - Diagrama do entorno
47 Figura 57 - Diagrama de usos possíveis levando em conta a implantação, os fluxos, relação entre as áreas e o entorno
Figura 58 - Diagramas nos cortes do terreno
10. PROJETO A idéia era fazer volumes simples com estrutura independente, criar diversos ambientes que proporcionem sensações diferentes e conforto. As edificações têm uma circulação central que permite a distribuição do programa, com ambientes iluminados e arejados proporcionando conforto e bem estar.
iluminação e a ventilação são feitas por janelas basculante. Há diversos espacos que proporcionam atividades para os idosos durante o dia. Também há uma Área de descanso para funcionários e áreas externas que permite a convivência entre eles, amigos e familiares, que permitem o olhar para o que que lá fora.
Nos quartos, nos banheiros e nas cozinhas a
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O visitante entra na portaria ou pelo estacionamento e anda até a recepção. Tem uma entrada para os funcionários. A ambulância entra para buscar o idoso na sala de emergência, mas existe a possibilidade dela percorrer os caminhos em caso de emergência.
O estacionamento, contém 60 vagas para carros e 14 vagas para moto/bicicleta, é para funcionário e visitantes.
11. ED. ADMINISTRATIVO
51
12. ED. ECUMÊNICO
53
13. ED. DE LAZER
55
14. ED. RESIDENCIAL
57
15. ED. ESPORTIVO
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16. CONSIDERAÇÕES FINAIS Inicialmente pesquisei sobre como o idoso era visto na sociedade, sobre como e porque aos poucos ele foi deixado em segundo plano e que consequentemente foi necessário a abertura de casas de repouso. Depois visitei algumas casas de repouso, onde percebi tal descaso aos idosos, com relação a condição que vivem, ou que, são obrigados a viver. Percebi que há poucas áreas de lazer e para exercício. Esses estudos de caso me ajudaram a criar um programa para o projeto. Com isso, começou o desafio de projetar, levar em consideração as necessidades dos idosos e dos funcionários, pensar no conforto térmico no verão e no inverno, em espaços aconchegantes. Esse cliente específico limitou algumas coisas e algumas escolhas. O intuito desse projeto é trazer conforto, bem estar, a possibilidade de uma rotina preenchida de diversas atividades e sensações diferentes em cada espaço.
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17. BIBLIOGRAFIA ARAÚJO, CLO; SOUZA, LA; FARO,ACM. Trajetória das instituições de longa permanência para idosos no Brasil. p.250-262. BOSI, Eclea. Memória e sociedade: lembranças de velhos. 16. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. 484 p. BRAGA, Pérola Melissa Vianna. Envelhecimento, ética e cidadania. Disponível em: < http://jus.com.br/artigos/2389/envelhecimento-etica-e-cidadania >. Acesso em: mar. 2014. BRAGA, Pérola Melissa Vianna. Os cuidados com os idosos na cultura norte-americana. Disponível em: < http://jus.com.br/artigos/3036/os-cuidados-com-os-idosos-na-cultura-norte-americana >. Acesso em: mar. 2014. GARBIN, CAS et at. O envelhecimento na perspectiva do cuidador de idosos. Ciência & Saúde Coletiva, v.15, n.6, p.2941-2948. 2010. GUERRA, ACLC; CALDAS, CP. Dificuldades e recompensas no processo de envelhecimento: a percepção do sujeito idoso. Ciência & Saúde Coletiva, v.15, n.6, p.2931-2940. 2010. HERTZBERGER, Herman. Lições de arquitetura. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, c1999. 272 p. Keiro, Senior HealthCare. Disponível em: < http://www.keiro.org >. Acesso em: abr. 2014. MAYA, Antonio Carlos de Oliva. Asylo São Luis. Disponível em: < http://www.fotolog.com/tumminelli/10407906/#profile_start >. Acesso em: mar. 2014. Acesso em: abr. 2014. MEDEIROS, Paulo. Como estaremos na velhice? Reflexões sobre envelhecimento e dependência, abandono e institucionalização. Rio de Janeiro, v.11, n.3, p.439-453, jul.-set. 2012. MIYAGI, Daniel. Os desafios dos idosos no Japão. Disponível em: < http://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/os-desafios-dos-idosos-no-japao >. Acesso em: abr. 2014. Prata da casa 6. Disponível em: < http://www.premierhospital.com.br/site/anexo/prata_6.pdf >. São Paulo: Oboré, 2013.
63
Premier Hospital. Disponível em: < http://www.premierhospital.com.br/ >. Acesso em: abr. 2014. RIEMANN, Fritz; STUDACHER, Dorit; ARANYI, Gabor. A Arte de envelhecer. São Paulo: Veredas, 1990. 145 p. Windsor Park, A Covenant Retirement Community. Disponível em: < http://www.windsorparkillinois.org >. SEIBERT, Elen Simone. Memória, velhice e representações de identidade. Novo Hamburgo, nov. 2006. 61 p. SILVA, Luna Rodrigues Freitas. Da velhice à terceira idade: o percurso histórico das identidades atreladas ao processo de envelhecimento. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.15, n.1, p.155-168, jan.-mar. 2008. TIER, CG; FONTANA, RT; SOARES, NV. Refletindo sobre idosos institucionalizados. Rev. Bras. Enferm., Brasília, v.57, n.3, p.332-335. mai.-jun. 2004.
18. LISTA DE IMAGENS Figura pós Capa dura - Croqui baseado na foto 59 do livro Lições de arquitetura, p. 34. HERTZBERGER, Herman. Lições de arquitetura. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, c1999. 272 p. Figura 1 - Sesc Pompéia.....................................................................................................................
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Figura 2 - Refeitório da Casa de Repouso Azaléa................................................................................
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Figura 3 - Entrada principal do Windson Park...................................................................................
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Figura 4 - Planta de implantação do Windson Park............................................................................
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Figura 5 - Planta da opção estúdio do Windson Park.........................................................................
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Figura 6 - Planta da opção de 1 quatro do Windson Park...................................................................
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Figura 7 - Planta da opção de 2 quartos do Windson Park..................................................................
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Figura 8 - Planta da opção de duplex do Windson Park......................................................................
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Figura 9 - Vista interna da casa do Windson Park.............................................................................
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Figura 10 - Vista externa da casa do Windson Park...........................................................................
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Figura 11 - Vista do jardim do Keiro..................................................................................................
14
Figura 12 - Vista externa do Keiro.....................................................................................................
14
Figura 13 - Vista do refeitório do Keiro.................................................................................................... 14 Figura 14 - Pátio interno do Asilo São Luiz........................................................................................
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Figura 15 - Vista externa do Hospital Premier......................................................................................
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Figura 16 - Planta de implantação do Hospital Premier........................................................................... 19
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Figura 17 - Planta do térreo do Hospital Premier.................................................................................
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Figura 18 - Planta do térreo do Hospital Premier..............................................................................
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Figura 19 - Planta do térreo do Hospital Premier..............................................................................
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Figura 20 - Planta do 1º andar do Hospital Premier..........................................................................
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Figura 21 - Planta do 1º andar do Hospital Premier..........................................................................
24
Figura 22 - Planta do 2º andar do Hospital Premier..........................................................................
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Figura 23 - Diagrama de insolação, circulação e ruído do Hospital Premier.......................................
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Figura 24 - Cozinha da Casa de Repouso Por do Sol.........................................................................
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Figura 25 - Despensa da Casa de Repouso Por do Sol.......................................................................
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Figura 26 - Despensa da Casa de Repouso Por do Sol.......................................................................
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Figura 27 - Rouparia da Casa de Repouso Por do Sol.........................................................................
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Figura 28 - Quarto da Casa de Repouso Por do Sol...........................................................................
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Figura 29 - Quarto da Casa de Repouso Por do Sol..........................................................................
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Figura 30 - Sala de estar da Casa de Repouso Por do Sol.................................................................
29
Figura 31 - Sala de estar da Casa de Repouso Por do Sol.................................................................
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Figura 32 - Sala de enfermagem da Casa de Repouso Por do Sol......................................................
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Figura 33 - Diagramas de usos e insolação da Casa de Repouso Por do Sol......................................
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Figura 34 - Diagrama de circulação e ruído da Casa de Repouso Por do Sol.....................................
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Figura 35 -Quarto triplo da Casa de Repouso Azaléa.......................................................................
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Figura 36 - Quarto individual da Casa de Repouso Azaléa.................................................................
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Figura 37 - Quarto duplo da Casa de Repouso Azaléa.......................................................................
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Figura 38 - Banheiro da Casa de Repouso Azaléa..............................................................................
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Figura 39 - Quarto duplo da Casa de Repouso Azaléa.......................................................................
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Figura 40 - Quarto triplo da Casa de Repouso Azaléa.........................................................................
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Figura 41 - Área externa da Casa de Repouso Azaléa........................................................................
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Figura 42 - Refeitório da Casa de Repouso Azaléa.............................................................................
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Figura 43 - Sala de televisão da Casa de Repouso Azaléa..................................................................
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Figura 44 - Área externa da Casa de Repouso Azaléa........................................................................
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Figura 45 - Área externa da Casa de Repouso Azaléa........................................................................
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Figura 46 - Corredor interno da Casa de Repouso Azaléa..................................................................
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Figura 47 - Diagrama de usos e insolação da Casa de Repouso Azaléa.............................................
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Figura 48 - Diagrama de circulação e ruído da Casa de Repouso Azaléa...........................................
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Figura 49 - Diagrama de usos e insolação da Casa de Repouso Betel...............................................
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Figura 50 - Diagrama de circulação e ruído da Casa de Repouso Betel..............................................
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Figura 51 - Diagrama de usos e insolação da Residencial Geriátrica Melhor Idade.................................. 40 Figura 52 - Diagrama de circulação e ruído da Residencial Geriátrica Melhor Idade.........................
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Figura 53 - Entorno do terreno.........................................................................................................
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Figura 54 - Inserção regional do projeto...........................................................................................
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Figura 55 - Diagrama de insolação do projeto...................................................................................
45
Figura 56 - Diagrama do entorno do projeto........................................................................................
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Figura 57 - Diagrama de usos possĂveis do projeto................................................................................. 47 Figura 58 - Diagramas nos cortes do projeto.....................................................................................
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