Educação Básica – 3.ºAno 2017/2018
Artes, Criatividade e Desenvolvimento
Docente Ana Margarida Pinto Basto Carreira Discentes Bibiana Costa – 1150463 Catarina Costa – 1150461 Delfina Daniela Silva – 1150842 Joana Primor - 1150478
Leiria, 2017
Introdução No âmbito da disciplina de Artes, Criatividade e desenvolvimento, na componente musical foi-nos proposto a realização de um trabalho com o objetivo de criar uma música que pudesse ser utilizada com crianças. Para a elaboração deste trabalho, foi necessário pensar para que idades, o ano de escolaridade a que esta se adequa e o tema nela a ser trabalhado. Este trabalho vai ser entregue em duas fases. Primeiramente vamos entregar o nosso processo criativo, no qual, teremos de apresentar todo o nosso processo de criação até chegar a nossa composição musical. E posteriormente iremos apresentar a nossa música gravada com o programa Audacity. No presente documento, estaremos assim, a explicar todo o nosso processo criativo inicial. Para tal, organizamos o documento de forma a responder às seguintes questões: “Qual o tema escolhido? E motivo.”; “Para que ano está direcionada a música? “; “Esta aborda um conteúdo programático? Se sim, qual?”. Seguidamente, explicamos de forma mais sucinta as nossas escolhas, conjugando posteriormente com a explicação dos conteúdos da nossa composição musical.
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Processo Criativo O processo criativo é visto de maneiras diferentes por diversas escolas é muito complicado encontrar uma definição de processo criativo. Vários autores têm ideias diferentes mas todos defendem que o processo criativo não acontece subitamente, pois ideias criativas não surgem ao acaso, não têm origem numa inspiração divina ou de um estado mental alterado. As ideias exigem um enorme esforço para obter um trabalho competente e criativo. Fayga Ostrower foi uma artista plástica que não subdivide o processo criativo em fases ou etapas. Para Ostrower o processo criativo abrange o pensar e o sentir, o consciente e o inconsciente e também a intuição. “Em todo ato intuitivo entram em ação as tendências ordenadoras da percepção que aproximam, espontaneamente, os estímulos das imagens referenciais já cristalizadas em nós (…) (…) Parte-se, no fundo, de uma ordem semelhante, uma vez que se indaga sobre os acontecimentos segundo um prisma interior, uma atitude, por mais aberta que seja, já orientada e, portanto orientadora. Nessas ordenações, certos aspectos são intuitivamente incluídos como “relevantes”, enquanto outros são excluídos como irrelevantes. Selecionados pela importância que têm para nós, os aspectos são configurados em uma forma. Nela adquirirão um sentido talvez inteiramente novo.” (Ostrower, 1987, p. 67) Ostrower defende a existência de três momentos no processo criativo. O Insight (primeira fase) é um processo de estruturação de todos os pensamentos e sentimentos, é a configuração entre as ideias atuais e as anteriores. “É trazer para dentro aquilo que é externo a si.” (Panizza, 2004, p. 174) A elaboração (segunda fase) acontece quando se questiona, o sujeito pensa no que imagina, existindo uma distância entre o imaginativo e o real. Com isto uma
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elaboração não poderá ter uma direção certa e específica, pois vai mudando ao longo do processo. A inspiração (terceira fase), não se trata do momento final, pois o processo criativo não tem um fim, podem sempre perdurar perguntas e ocorrer novas ideias, daí o processo criativo estar sempre em desenvolvimento. São momentos bastante flexíveis que variam de pessoa para pessoa. “Cada um parte de dados reais; apenas, o caminho há de lhe ensinar como os poderá colocar e com eles irá lidar. Caminhando saberá. Encontrando, saberá o que buscou” (Ostrower, 1987, p. 76) Graham Wallas desenvolveu o primeiro modelo de pensamento criativo em 1926 e dividi-o em quatro fases:
Preparação: para Wallas preparação é um estágio preparatório em que o indivíduo criador acumula as ferramentas técnicas e conceituais das quais fará uso futuramente. O sujeito investiga, explora, pede sugestões e permite à mente imergir nas possibilidades da problemática a ser desenvolvida.
Incubação: A incubação é a segunda fase, onde o subconsciente procura ligações para a resolução das ideias. Nesta fase o indivíduo criador sente uma insatisfação e tensão relacionadas com a ideia de algo que tem de se completar. Trata-se de um período em que nenhum esforço direto é empregado sobre o problema.
Iluminação: A iluminação é o momento em que o agente criador chega a solução do seu problema.
Verificação: é o momento em que o agente criador verifica as suas ideias a fim de avaliar a sua solução.
Ellis Paul Torrance define o pensamento criativo como sendo um “processo de perceber lacunas ou elementos faltantes perturbadores; formar ideias ou hipóteses a respeito deles; testar estas hipóteses; e comunicar os resultados, possivelmente modificando e retestando as hipóteses” (Torrance, 1976, p. 34) George Frederick Kneller filósofo da educação defende que o processo criativo é um processo mental e emocional. Depende do sujeito criador e passa por cinco fases: “ 1- Primeira apreensão: de uma ideia a ser realizada ou um problema a ser resolvido.
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2- Preparação: a partir de rigorosa investigação das potencialidades da ideia germinal. 3- Incubação: após o período de preparação consciente, segue-se um tempo de atividade não-consciente onde são criadas as conexões que constituem a essência da criação. 4- Iluminação: clímax do processo criativo, é onde o criador percebe a solução de seu problema. 5- Verificação: a partir da matéria-prima (idéia) é necessário verificar se a intuição estava correta, levando o resultado obtido a julgamento perante o intelecto.” (Panizza, 2004, p. 177) Para Kneller a divisão de processo criativo dá-se devido a pesquisa, pois estas fases juntas formam um ciclo criador. A fase germinativa e a fase prática tiveram origem de um trabalho de Roger Von Oech. A fase germinativa ergue-se quando surgem as ideias e estas mesmas são manipuladas. A fase prática para Roger Oech é apenas quando as ideias surgidas são avaliadas e postas em prática. “Ambas as fases são importantes para o processo criativo e, se durante a fase germinativa existe uma maior ênfase no pensamento difuso, abstrato, na fase prática é o pensamento concreto que predomina” (Panizza, 2004, p. 178) Alex Osborn foi o autor de uma importante técnica de criatividade denominada de Brainstorming. Para Osborn nunca se irá explicar perfeitamente o processo criativo, mas mesmo assim defende que existem sete fases que poderão ou não estar presentes no processo criativo. 1- Orientação: assinalar o problema. 2- Preparação: reunião dos dados pertinentes ao problema. 3- Análise: Decomposição do material de importância. 4- Ideação: acúmulo de alternativas por meio de ideias. 5- Incubação: descanso, para produzir iluminação.
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6- Síntese: reunião dos elementos. 7- Avaliação: julgamento das idéias resultantes.” (Panizza, 2004, p. 179) Estas fases não são seguidas de forma linear, podendo avançar e recuar inúmeras vezes. Para Wilferd Peterson o processo criativo pode ser um trabalho bastante fragoso e composta por quatro etapas. 1- Saturação: junção de informações para o surgimento de soluções. 2- Incubação: surge de forma fluente através do subconsciente. 3- Iluminação: é quando se dá o dito “flash” criativo, onde surgem as ideias promissoras às mais banais, todo este resultado deve de ser aproveitado. 4- Verificação: fase onde se separam as ideias boas das ideias que não interessam. Para Mauro Rodriguez Estrada existem seis etapas fundamentais no processo criativo. 1- Questionamento: percepção do problema. 2- Acúmulo de dados: busca por material. 3- Incubação e 4- Iluminação: estreitamente relacionadas, são consideradas juntas. Incubação seria um período silencioso, porém de intensa atividade que culmina com a iluminação, ou manifestação da inspiração. 5- Elaboração: a solução para o problema deixa o mundo das ideias para tomar forma real. 6- Comunicação: é a fase crítica do processo, onde a idéia passa por julgamento que a valide.” (Panizza, 2004, p. 181) São diversas as definições de processo criativo e desde muito tempo que a criatividade tem sido objeto de estudo das mais diversas áreas, não apresentando uma definição única, mas uma gama de ideias. Contudo observando o processo criativo de cada autor, conclui-se é que a maioria dos autores defendem uma etapa inicial de descoberta da problemática, junção de
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dados, tratamento dos dados, um momento de insight e uma etapa final de crítica e averiguação da solução mais indicada.
Brainstorming O “Brainstorming” foi criado por Alex F Baickney Osborn em 1939. Iniciou-se em 1955 nas universidades de Akron, de Búfalo e de Pitsburgo. Esta assentava numa ideia em que quantas mais ideias existissem melhor uma vez que a quantidade contribui para uma melhor qualidade. Foi nesta estratégia que nos baseamos para o nosso trabalho. Realizamos o “Brainstorming” durante 2 minutos, onde os quatro elementos do grupo iam dizendo palavras soltas do que nos lembrássemos no momento. No final chamou a nossa atenção as palavras como “microfone”, “giro”, “cantares”, “trajes”, “música”, “som”, “regiões” e “Portugal”. As duas primeiras palavras quando fundidas deram origem à personagem que criámos para percorrer as diversas regiões de Portugal. Esta personagem ficou com o nome de “Microgiro” e é ela que vai iniciar o trajeto que tem inicio em “Trás-os-Montes”. Como metodologia usámos o processo criativo, este encontra-se estruturado em três princípios: atenção, fuga e movimento. O nosso trabalho tem como tema “À Descoberta dos Cantares Portugueses”. Este tema suscitou-nos interesse, visto que hoje em dia não é um tema muito comum e não é abordado nas escolas, faz parte da tradição de Portugal e é um elemento que nos representa, dado que é um tema pouco abordado no ensino achámos por esse motivo interessante criar uma música com cantares das regiões principais do nosso país. A divisão nacional foi feita com base no agrupamento de diversas regiões. Optamos por selecionar o mapa cartográfico mais antigo, onde são agrupados os distritos de modo a diminuir a quantidade de zonas de passagem. Assim sendo optamos por 10 regiões, sendo elas Trás-os-Montes, Minho, Douro, Beira Alta, Beira Baixa, Estremadura, Alentejo, Algarve, Açores e Madeira. Surgiu-nos a ideia de recorrermos aos meios de transporte, uma vez que este é um conteúdo já aprendido pelos alunos, como modo de nos deslocarmos entre as diversas regiões, assim conseguimos relembrar as crianças do transporte que estão a utilizar bem como o meio onde se deslocam.
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O nosso tema de trabalho está inserido nos conteúdos programáticos a lecionar no 3.ºAno da área curricular de Estudo do Meio. Este modulo inicia os manuais escolares dando a conhecer ás crianças como é constituido o território Português, bem como, a noção de freguesia, concelho, distrito, arquipélago, entre outros. Achamos esta ideia/tema pertinente, na medida em que a criança deve sempre de deixar a sua criatividade ser mostrada, não basta simplesmente a utilização dos membros para fazer som. Por natureza ela começa desde cedo à procura de instrumentos que lhe transmita um som agradável, tal como afirma, CEREZO, Sérgio, “recomenda-se que se comece pelos instrumentos de percussão mais simples de som indeterminado como o pandeiro ou as pandeiretas,” é neste sentido que ao longo da nossa criação musical vão surgindo diferentes sons, pois vamos recorrer à utilização de ritmos corporais e instrumentais. Esta é uma ideia muito criativa uma vez que tem consigo sons naturais e sons artificiais e leva a criança a enriquecer-se culturalmente, a nível musical e patriota. O processo de criação da música iniciou-se com a escolha do tema, tal como já referimos este advém do facto de não ser um tema trabalhado em contexto sala de aula aquando da transmissão de valores e representações da nossa história portuguesa. É neste sentido que como futuras professoras/educadoras achámos importante dar aos nossos alunos momentos que os façam imaginar ou vontade de visitar locais onde estas tradições são visíveis e encaradas pelas pessoas que o fazem com grande empenho como modo de representar uma nação. Escolhemos a métrica de uma canção portuguesa para dar harmonia à nossa criação musical. Esta música é tradicionalmente conhecida por “Ó Laurindinha”. A nossa criação tem os seguintes conteúdos: Forma - tem uma pequena introdução instrumental, composta por 11 quadras, no qual as frases incluem diferentes repetições, é cantado em coro por todos os elementos do grupo. Competências Cantar e Tocar
- Vai ser tocada uma introdução instrumental ≈ 10 segundos;
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- Nas várias estrofes, está presente a repetição do verso; - Toda a música vai ser cantada em coro; - Vamos inventando sons ao longo da canção que sirvam para traduzir os sons
Inventar
das palavras que vão sendo ditas, bem como, para dar ambiente à música; - Na nossa música vai ter presente excertos das cantigas populares, que não vão ser produzidos por nós. Estas são
Ouvir
cantigas tradicionais das várias regiões que mencionámos;
Harmonia - na nossa música não temos uma harmonia criada por nós, mas sim uma harmonia de acompanhamento rítmico, ou seja, a harmonia presente na nossa música vem da música gravada dos vários cantares de cada região. Competências Ouvir
- Vamos ouvir a harmonia de músicas que são características de determinadas regiões, como modo de identificar estas mesmas;
Ritmo – pretendemos acompanhar uma pulsação regular presente na métrica da música “Ó Laurindinha”. Em relação aos padrões rítmicos pretendemos inseri-los com instrumentos e com o nosso corpo, desenvolvendo assim várias formas de tocar os instrumentos e explorar a nossa voz. Competências Tocar
- Vamos reproduzir padrões rítmicos com o corpo e com instrumentos da sala de aula;
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- Vamos ter sons de curta e longa duração; - Iremos desenvolver algumas técnicas de tocar instrumentos; Movimentar
-
Vamos
explorar
o
movimento
locomotor axial; Inventar
- Vamos explorar movimentos para ilustrar tempos;
Ouvir
- Vamos reconhecer sons longos e curtos;
Melodia – a nossa criação apresenta diversos movimentos sonoros, de subida e descida de tom, ao cantar e tocar. Em relação aos padrões melódicos apresentamos, padrões simples e repetitivos ao nível frásico. Competências Cantar
- Vamos melhorar a afinação e aumentar a extensão vocal tanto como possível;
Movimentar
- Vamos dramatizar canções/histórias;
Ouvir
- Vamos escutar padrões melódicos repetidos;
Timbre – temos como objetivo apresentar sons do meio ambiente, explorando diversas maneiras de usar a voz e instrumentos. Os sons vocais, vão ser trabalhados essencialmente em grupo e por mulheres. Os sons instrumentais, vão ser criados por nós, utilizando o corpo e instrumentos musicais, como a pandeireta, o reco reco, ferrinhos etc. Competências Cantar
- Vamos explorar várias maneiras de usar a voz, como cantar, assobiar, tossir, etc;
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Tocar
-
Vamos
explorar
o
timbre
de
instrumentos; Ouvir
- Vamos explorar timbres e as fontes sonoras do ambiente, do desperdício, do vocal e do instrumental;
Qualidades Expressivas – a nossa canção apresenta um estilo alegre, com um controlo da dinâmica forte/regular e com um andamento regular a rápido, conforme o presente na métrica “Ó Laurindinha”. Competências Cantar
- Vamos exprimir ao cantar, o carater divertido e enriquecedor do texto; - Vamos cantar expressivamente e com um estilo alegre;
Tocar
- Vamos escolher como instrumento principal a concertina, devido a ser um instrumento representativo da tradição do país;
Ouvir
- Vamos identificar o caráter ou estilo das músicas presentes na nossa canção;
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Bibliografia Estrada, M. R. (2004). Metodologia e Processo criativo em projetos de comunicação visual. Obtido em Novembro de 2017, de http://corais.org/sites/default/files/metodocriatividade_0.pdf Kneller, G. F. (2004). Metodologia e Processo Criativo em projetos de comunicação visual. Obtido em Novembro de 2017, de http://corais.org/sites/default/files/metodocriatividade_0.pdf Oech, R. V. (2004). Metodologia e Processo criativo em projetos de comunicação visual. Obtido em Novembro de 2017, de http://corais.org/sites/default/files/metodocriatividade_0.pdf Osborn, A. (2004). Metodologia e Processo criativo em projetos de comunicação visual. Obtido em Novembro de 2017, de http://corais.org/sites/default/files/metodocriatividade_0.pdf Ostrower, F. (1987). Metodologia e Processo criativo em projetos de comunicação visual. Obtido em Novembro de 2017, de http://corais.org/sites/default/files/metodocriatividade_0.pdf Panizza, J. F. (2004). Metodologia e processo criativo em projetos de comunicação visual. 173. São Paulo, Brasil. Panizza, J. F., & Ostrower, F. (s.d.). Metodologia e Processo Criativo em projetos de comunicação visual. Peterson, W. (s.d.). Santos, O. L. (Novembro de 2017). As etapas do processo criativo propostas por Graham Wallas. As etapas do processo criativo propostas por Graham Wallas identificadas em processos de criação em ambientes digitais. Obtido em 2017, de http://anppom.com.br/congressos/index.php/27anppom/cps2017/paper/viewFile/49 11/1644 Torrance, E. P. (1976). Metodologia e Processo criativo em projetos de comunicação visual. Obtido em Novembro de 2017, de http://corais.org/sites/default/files/metodocriatividade_0.pdf
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