Revista da Feira Cultural de 2019 sobre a Agenda 2030

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Objetivos

do

Desenvolvimento Sustentรกvel

FEIRA CULTURAL 2019



Trabalhos elaborados pelos alunos do 3Âş ano do Ensino MĂŠdio para a

FEIRA CULTURAL novembro

2019



Sumário

A Luta Antimanicomial brasileira Julia Cariatti; João Pedro Mattos; Tainá Bighetti

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Animações sob a ótica do Niilismo e Existencialismo José E. F. Rosmaninho; Luiz F. C. Marcondes; Vinicius M. B. Simão

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Tapete Mágico Leonardo E. B. Pagliari, Luiz F. M. Godinho; Nicollas Retief

p.15

Moradia Sustentável Rafael Camargo Witzel; Susan Kim Oei

p.21

A Indústria da Moda e o Desafio da Moda Sustentável Catherine B. Zabeu; Érica Fiadi; Lis R. Vettorello.

p.27

Os Impactos Socioambientais do Consumo de Carne Álvaro Cardoso; Maya Janeiro; Maria Eduarda Gaia

p.35



A Luta Antimanicomial brasileira

Julia Cariatti João Pedro Mattos Tainá Bighetti

Introdução O objetivo do trabalho é mostrar com argumentos e fatos a extrema importância dessa luta que assola tantas famílias pelo Brasil. A luta antimanicomial no Brasil é vista com importância pelo mundo todo e um avanço para a humanização do tratamento de doenças psicológicas. Tal reforma humanista, mostrou uma nova forma, mais eficaz e consciente de tratar os doentes psíquicos, dessa vez com dignidade, revolucionando a medicina psicológica de maneira saudável e compreensiva, a luta com o decorrer do tempo conseguiu diversas vitórias e alcançou muitos objetivos, tornando reconhecida internacionalmente. Porém, como toda conquista defensora dos direitos humanos, o modelo atual de políticas da saúde mental é frágil; basta uma crise ideológica, política ou econômica para que a psiquiatria seja questionada e colocada em debate novamente. Portanto a luta de mais de 30 anos não teve fim na sociedade atual e ainda existe muito que melhorar, tal melhora virá através do respeito aos especialistas no assunto e da informação que é o nosso principal objetivo nesse trabalho, além de homenagear os grandes nomes dessa luta como Nise da Silveira e Franco Basaglia.

Desenvolvimento A HISTÓRIA DOS MANICÔMIOS NO BRASIL

O nome manicômio surge no século XIX, o termo é utilizado para falar de hospitais psiquiátricos especializados no tratamento de doenças mentais, e durante a história esse estabelecimento recebeu diversos nomes, dependendo do contexto histórico que foi criado. De origem árabe, a segregação de pessoas com distúrbios mentais começa no século VII, onde é criado um protótipo de hospício, depois disso surgem os primeiros hospícios na Europa no século VIII durante a ocupação árabe. Em julho de 1840 foi anunciada a fundação do primeiro hospício brasileiro, o hospício Pedro II e em 1852 surge o segundo, em uma chácara afastada construído nos moldes franceses com luxuosas decorações, que ficou conhecido como o palácio dos loucos e marcaram a história da psiquiatria brasileira. Os hospícios de todo o mundo abrigavam além de doentes mentais os marginalizados da sociedade, juntamente com um diagnóstico de doença mental, cada vez mais vago, a população dos hospitais psiquiátricos aumentou muito em pouco tempo, consequentemente, os descuidos e maus tratos também aumentaram. O exemplo mais claro dos tratos desumanos é o do Hospital Colônia de Barbacena, localizado em Minas Gerais, que foi apelidado pelo psiquiatra italiano Franco Basaglia como o Campo de Concentração responsável por 60 mil mortes causadas pelas péssimas condições de tratamento. A instituição era dividida em alas, a de mulheres indigentes, homens indigentes e as alas Afonso Pena, Milton Campos, Rodrigues Caldas e 7


Júlio Moura recebiam todo tipo de gente, a qual 70% não possuíam diagnóstico médico de nenhuma doença mental. Das mulheres internadas a maioria era colocada lá pela própria família por não quererem casar, questionarem sua posição na sociedade ou por serem prostitutas. Na ala masculina estavam presentes em sua maioria alcoólatras, homossexuais e mendigos, além da presença de crianças que recebiam os mesmos tratamentos de adultos. O hospital de Barbacena está longe de ser um caso isolado, assim como os tratamentos nele utilizados. Os métodos serviam apenas para controlar o paciente para que ele desse o mínimo de trabalho dentro do hospital, nunca visando dar alta, curar, reduzir danos ou ao menos ouvi-lo, nas políticas de saúde mental da época quanto mais silenciado melhor. A partir dessa lógica é legal e necessário o uso de medicamentos, choques elétricos e de lobotomia em casos mais extremos. O cotidiano nos manicômios já era em si uma tortura, os pacientes despejados nus nos pátios ou em celas extremamente apertadas e solitárias, viviam em meio aos ratos e baratas, passando fome e sede extrema que os fazia beber o próprio xixi em alguns casos. Em quartos escuros, tomavam banhos de água fria e utilizavam um aparelho que os faziam rodopiar em uma cadeira ou maca por horas até que perdesse sua consciência. Partindo desse cenário, o pedido de uma reforma psiquiátrica nas leis de saúde mental foi manifestado pela população a partir da década de 80. O MOVIMENTO ANTIMANICOMIAL

O movimento antimanicomial teve seu início, principalmente, com o ativismo do psiquiatra italiano Franco Basaglia. Durante a década de sessenta, testemunhou muitos abusos e negligências com os pacientes no Hospital Psiquiátrico da Gorizia, na Itália, onde era diretor. A partir de então, trabalhou ativamente contra o tratamento psicológico em manicômios; Basaglia lutava pela criação de tratamentos menos agressivos, já que em sua opinião a internação apenas agravava o quadro dos pacientes. Ele criou então a Psiquiatria Democrática, que mais tarde deu início a luta antimanicomial e concluiu que o mais adequado seriam tratamentos terapêuticos em centros de convivência comunitária. Finalmente, em 1978 foi aprovada na Itália a Lei da Reforma Psiquiátrica Italiana, que serviu de referência para o resto do mundo. Franco também critica o modelo capitalista, de acordo com ele “O hospício é construído para controlar e reprimir os trabalhadores que perderam a capacidade de responder aos interesses capitalistas de produção.”. Isso é mostrado também por Michael Fourcault, segundo o trabalho de conclusão de curso da estudante Ana Laki sobre as sociedades industriais. A primeira caracterização de uma pessoa louca é sua inaptidão para o trabalho, pois o sistema capitalista opera essencialmente na lógica da produtividade. Um dos grandes pioneiros da luta contra o abuso manicomial no Brasil foi Paulo Amarante. Como Paulo explica em uma entrevista para o Fiotec, tudo começou enquanto ele trabalhava na Divisão Nacional de Saúde Mental, onde gerou a “crise da Dinsam”. Paulo fizera uma denúncia contra a negligência da instituição, que incluía a falta de médicos, violência, mortes e subnutrição dos internos, o que gerou sua demissão e de mais dois colegas. Em consequência, um abaixo-assinado foi feito, culminando em uma demissão em massa de mais de 260 pessoas. Essa corrente de acontecimentos desencadeou uma onda de solidariedade que mais tarde se torna o Movimento dos Trabalhadores da Saúde Mental (MSTM). “A reforma psiquiátrica brasileira começou nos anos 70 e eu participei desde o primeiro momento. É o projeto mais importante da minha vida”, diz Paulo, “o tempo todo eu me dediquei a isso, enquanto formador, enquanto pesquisador e enquanto militante. Dediquei-me exclusivamente a formar profissionais nesse novo cenário, a formar conhecimento e a produzir pesquisas.” Com o MSTM em evidência, que contava com o apoio tanto de profissionais da área quanto das famílias afetadas pela precariedade das instituições psiquiátricas, a Reforma Sanitária, após inúmeras conferências realizadas se populariza. “Uma sociedade sem manicômios”, é um lema finalmente proposto pela Rede de Alternativas à Psiquiatria. A partir disso, o movimento torna-se agora popular, e não diz respeito apenas aos “loucos” e suas respectivas famílias, pois agora não exige apenas o fim da violência e segregação, mas uma reforma estrutural no sistema de tratamento psiquiátrico. Logo, todos aqueles que se diziam defensores 8


dos direitos humanos passam a lutar pela extinção das instituições manicomiais, e assim se transforma em Luta Antimanicomial. “O coletivo passou a organizar núcleos nas capitais e em praticamente todas as grandes cidades do país”, escreve Paulo Amarante em um artigo, “Elemento decisivo para esta ampliação foi a criação, em Bauru, do Dia Nacional da Luta Antimanicomial. O dia 18 de maio serviria para despertar o pensamento crítico na sociedade sobre a violência institucional da psiquiatria e a exclusão das pessoas em sofrimento psíquico”. Depois disso, Maio também passou a ser considerado o Mês da Luta Antimanicomial. Em maio de 1987, finalmente, surge um projeto de lei proposto pelo Deputado Paulo Delgado e apresentado ao Congresso Nacional. O mesmo propunha a extinção das instituições manicomiais em até cinco anos, além de proibir novas internações. O projeto, porém, demorou 12 anos no Senado e passou por diversas modificações até ser aprovado em 2001, sendo chamado de Lei Paulo Delgado. Apesar da Reforma Psiquiátrica, até hoje existem adeptos ao retorno dos hospitais psiquiátricos e da segregação de “loucos”. A SITUAÇÃO ATUAL

A reforma psiquiátrica brasileira é um grande passo internacionalmente reconhecido pela comunidade científica, profissionais da saúde, universidades e estudiosos. Tal avanço se demonstrou eficaz, a partir da década de 80 foram construídos os CAPS (Centros de atenção psicossocial), revolucionário no tratamento psicossocial, pois diferente dos manicômios, não isola seus paciente e nem os trata como animais repugnantes que jamais voltariam a ser normais. Também não irá mais realizar uma simples prescrição médica tornando os doentes incapazes de conviver em sociedade. Os estudos sobre comportamento social, analisando a situação dos pacientes passaram a embasar a internação. Diferente do que muitos acham a reforma antimanicomial não é contra a internação, mas sim contra os tratamentos abusivos e o sistema de segregação e distinção social imposto por manicômios e hospícios. No CAPS ocorre um tratamento intensivo de acordo com a necessidade de cada paciente, buscando sempre a melhoria para adaptação ao convívio social. Atualmente ainda existe muito preconceito voltado aos pacientes e pessoas com transtornos psíquicos, toda transformação cultural é difícil, e essa reforma fora uma grande transformação, não tão bem aceita pela população, pois ainda há quem defenda a volta de hospícios e internações a força, tanto para pessoas com transtornos psíquicos quanto para dependentes químicos. Em dezembro de 2017, no governo de Michel Temer, foi aprovada a reformulação política de saúde mental do país, incentivando a volta de hospitais psiquiátricos (hospícios), que voltaram a fazer parte da rede de atendimento. Tais medidas são julgadas como um retrocesso à luta antimanicomial, pois a reformula as leis de 2001 que haviam extinguido o atendimento de redes centradas a dar um novo sistema ambulatorial. Recentemente, no mandato do presidente Jair Messias Bolsonaro (PSL), houveram diversas discussões sobre a retomada de manicômios, no dia 6 de fevereiro de 2019, o ministério da Saúde lançou uma nota técnica, qual desviou as diretrizes políticas de Saúde Mental. Entre todas as mudanças se encontram a compra de aparelhos de eletroconvulsoterapia-eletrochoques para o SUS (Sistema Único de Saúde), internação de crianças em hospitais psiquiátricos e de dependentes químicos. Essas alterações nas diretrizes foram extremamente criticadas por retirarem o protagonismo da política de redução de danos, implementada a mais de 15 anos no país. A comunidade que luta contra o sistema de rede centrada coloca essas decisões como erradas e que devem ser combatidas.

Conclusão É possível notar, a partir desse trabalho, a crueldade e displicência presente nas instituições manicomiais, cuja existência durou muitos anos no Brasil. Com um histórico de tortura, descuido e segregação, os manicômios não serviam apenas para “tratar” a doença mental de muitas pessoas, mas também para isolá-las 9


do convívio social, estando de fato doentes ou não. Tudo isso é muito bem retratado no filme “Bicho de Sete Cabeças”, de Laís Bodanzky, produzido em 2000. O filme retrata a história de vida de um adolescente chamado Neto que é internado em uma clínica de reabilitação pelos pais. Ele passa meses na clínica e futuramente em hospitais psiquiátricos, mesmo sem nenhum indício de dependência química ou distúrbio psicológico. A principal intenção do filme é mostrar os abusos morais, físicos e psicológicos que ocorrem dentro dos manicômios, e como muitas vezes o paciente sai em piores condições do que quando entrou. O longa-metragem conta a história real de Austregésilo Carrano Bueno, que depois dos acontecimentos relatados no filme se torna um grande ativista da Luta Antimanicomial, denunciando todos os absurdos que vivenciou durante sua estada em hospitais psiquiátricos em seu livro “Canto dos Malditos”. Outro ponto muito bem explorado é a adaptação de Neto na sociedade após a saída da primeira clínica. A dificuldade que o protagonista encontra em se relacionar com as outras pessoas e retornar a sua vida cotidiana é muito bem retratada, devido a sequela que a estada na clínica deixa em seu psicológico. Essa experiência não só deixa Neto com muitos traumas, mas também resulta em sua segunda internação, dessa vez num hospital psiquiátrico. É lá que ele presencia os piores tipos de tratamento, como a eletrocunvulsoterapia e dias na cela solitária. Por não ser uma clínica de reabilitação e sim um manicômio, os tratamentos usados são muito mais agressivos, o que torna Neto muito diferente do personagem mostrado ao público no início. Todos esses fatores trazidos no texto são muito bem retratados, principalmente pelo fato de ser baseado em fatos reais. O trabalho se relaciona diretamente com a ODS número 3, chamada Saúde e Bem-Estar. Foi através da Luta Antimanicomial que o termo “saúde mental” foi criado e a sociedade passou a dar mais atenção as doenças e transtornos psicológicos. Além disso, a própria preservação da saúde física e mental dos internos foi uma das principais motivações do Movimento Antimanicomial. Essa luta foi responsável por promover desde melhora nas condições sanitárias até o fim de abusos psicológicos, e principalmente por dar um fim no ambiente de segregação social que os manicômios haviam se tornado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMARANTE, Paulo. DE OLIVEIRA NUNES, Mônica. A Reforma Psiquiátrica no SUS e a luta por uma sociedade sem manicômios. BRASIL. Lei N° 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001. DE MEDEIROS LAKI, Ana Carolina. A Reforma Psiquiátrica Brasileira e Italiana: Um Relato de Experiência. DOTTA, Rafaella. Luta contra manicômios combate a indústria lucrativa da loucura. GOMES, Suelen. Reforma Antimanicomial no Brasil: do horror aos dias de hoje. ITÁLIA. Lei 180, DE 13 DE MAIO DE 1978. ROLLEMBERG, Márcia. ALVES, Jussara. Memória da Loucura. RONCOLATO, Murilo. Manicômios: Porque eles ainda são um problema no Brasil. RIBAS, Marina. Manicômio de Barbacena: Holocausto Brasileiro. SANCHEZ, Fábio. Reforma Manicomial: História.

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Animações sob a ótica do Niilismo e Existencialismo

José E. F. Rosmaninho Luiz F. C. Marcondes Vinicius M. B. Simão

Introdução No trabalho debateremos questões filosóficas inseridas nas animações, focando em temas como o existencialismo e o niilismo, discutindo como as animações transmitem essas teses, e como diferentemente de obras escritas, elas transmitem esses temas com uma maior capacidade de entendimento, além de estarem ligadas ao entretenimento. Destaca-se que geralmente essas animações dialogam com um público mais velho, desconstruindo essa imagem de que “desenho é para criança”, mas ao mesmo tempo temos animações que conversam com o público infantil de forma muito consciente. O trabalho pretende incentivar o leitor a pesquisar mais sobre filosofia e ao mesmo tempo apresenta excelentes meios para isso.

Desenvolvimento A importância e influencia da filosofia em nossa historia e dias atuais é algo facilmente notável, a sede de conhecimento impregnada no ser humano existe desde o começo da existência da nossa espécie e nos permeia até hoje. O ser humano busca explicar qualquer acontecimento ou fato de alguma forma, seja essa explicação logica ou não, ela se associa a vontade de criar pensamentos para explicar fatos, seja isso para satisfazer nossa vaidade, completar a nossa fragilidade humana, por medo do inexplicável, ou para tentar preencher uma lacuna que contemos em nossa mente. A filosofia nos obriga certas vezes a conter um pensamento critico, e até nos desafia fazendo com que esses pensamentos sejam voltados para nós mesmos, dando um convite de uma viagem para dentro do nosso próprio corpo e mente para refletir, criticar ou apenas compreender mais sobre sí, seja no âmbito individual ou coletivo. A filosofia esta em todos os lugares e em todos os momentos, muitas vezes não é algo concreto, algo que pode ser visto, mas ela esta alí, pronta para ser aproveitada e usufruída pela mente humana, desde as pequenas coisas ou até coisas gigantescas que beiram a loucura. Diferente da filosofia em forma escrita, que muitas vezes pode confundir ou tornar mais difícil o entendimento para o interlocutor, em razão de palavras de difícil compreensão que acabam elitizando a própria filosofia e entendimento do texto por ser necessário conter uma bagagem intelectual para compreensão, a forma que trazemos a filosofia neste trabalho pode ser compreendida como de mais fácil absorção e entendimento, pois é retratada de forma não só escrita como visual, além de ser mais convidativa a um publico mais amplo. A animação digital traz a filosofia na forma de uma real obra de arte, ela pode ser discreta, repleta de entrelinhas, espaços vazios, preenchidos de forma visual, com o intuito de ser apenas um subtema que

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irá causar sensações a aquele que assiste a animação de uma forma leve e imperceptível, direcionada ao subconsciente; ou de uma forma menos discreta, como tema principal retratado na obra, criando uma história em volta disso e empurrando goela abaixo temas filosóficos específicos ou pensamentos do criador da obra de forma mais direta sem tantas sutilezas estéticas. Tais diferenças e temas filosóficos podem ser evidenciados nas obras BoJack Horsman, de Raphael Bob-Waksberg, Rick and Morty de Justin Roiland e Dan Harmon, e Vidas ao vento do estúdio Ghibli com a direção de Hayao Miyazaki. Vidas ao Vento é uma animação produzida pelo estúdio Ghibli, escrito e dirigido por Hayao Miyazaki, sendo seu ultimo filme antes e se aposentar. Parcialmente baseado em uma historia real, a animação conta a jornada de Jiro Horikoshi, um jovem que tem um enorme desejo de se tornar piloto de avião que entende porém a inviabilidade de seu sonho, pois sabe que é míope. Em uma noite, Jiro sonha com Giovanni Caproni, um engenheiro aeronáutico italiano que lhe introjeta o desejo de projetar um avião por inteiro e velo voar aos céus. Caproni diz uma frase que pode-se dizer motivacional, ‘’sonhadora’’ ou ‘’mágica’’ para Jiro, e que causa grande impacto no personagem e no telespectador: ‘’Aviões não são armas ou dinheiro, aviões são sonhos e engenheiros transformam sonhos em realidade.’’ Porém, tal frase causa estranhamento pelo fato da história se passar em meio a uma guerra. O filme então gira em torno do sonho de Jiro e sua atenção dividia entre a construção do avião e o amor pela nova personagem chamada Naoko, uma jovem que Jiro encontra em uma viagem de trem a Tóquio, lugar onde iria para estudar engenharia. Miyazaki cria um roteiro onde temos um rapaz com um sonho e paixão em criar aviões que seriam usados para bombardeio na guerra, assim como a indústria italiana de Caproni também vinha se dedicando de aviões bombardeiros. Vidas ao vendo chegou a ser muito criticado por praticamente ignorar a destruição em massa que tal objeto romantizado no filme pode causar. Miyazaki ignora todos os crimes e mortes causados pelo Japão na guerra para criar um a história introspectiva dentro de um personagem que teoricamente teria apenas um sonho como qualquer outro, pois o mesmo não percebe a imensidão e crueldade de suas criações até o final do filme. Hayao faz a história ser tão voltada ao personagem, desprendido do resto do mundo e dos problemas a sua volta, que todas essas coisas são esquecidas e a história gira apenas envolta de uma superação individual, colocando de lado qualquer outra questão moral que não esteja ligada ao personagem, ou seja, o sonho de Jiro de criar um avião mais rápido ou eficiente é indiferente a guerra, mesmo estando nela, pois não se vê um julgamento do personagem sobre isso ou um julgamento da própria filmagem, o personagem está preso em uma bolha criada por ele mesmo onde é livre de qualquer julgamento. Em meio a essa jornada de Jiro, Naoko contrai tuberculose e morre, sua morte, porém, já era algo que previsto desde que a personagem havia sido apresentada. O filme trás essa sensação desde o início talvez pelo fato de se passar em meio a guerra onde catástrofes já são algo esperado, e isso vale para tudo, é mais um motivo para se prender a uma viagem introspectiva de um personagem específico num contexto de guerra e destruição já se sabe o que está por vir e não existe solução para isso. Resta apenas o apego as pequenas coisas que são palpáveis e podem ser mudadas, ignorando o que não está ao nosso alcance. Essa seria a “beleza” e o “niilismo” de Vidas ao Vento, numa visão ampla do mundo retratado onde tudo é desprovido de significado e sentido, nada é realmente palpável, mas mesmo assim a história segue, de certa forma ignorando esses fatos, ou apenas aceitando que não podem ser mudados. A continuidade da concretização do sonho de Jiro em meio a guerra faz com que ao final ele seja também desprovido de sentido ou realidade no âmbito geral e amplo, trazendo ainda mais o sentimento de impotência e niilismo a tona. Tal desapropriação de sentido do sonho pode ser mostrada na última cena onde Jiro concretiza seu sonho de criação do caça, porém, ao velo voar não pensa em absolutamente nada e nem fala nada, sendo a cena basicamente uma representação do vazio absoluto onde nada pode ser visto além de Jiro observando o ar e um silêncio interrompido pelo som do vento. Já A série “BoJack Horseman”, original da Netflix, conta a história de BoJack Horseman uma estrela de Hollywood, que fez muito sucesso durante os anos 90 com a sitcom “Horsin Around”, entretanto, a 12


carreira de BoJack não é mais profunda do que apenas àquela única atuação de sucesso, sendo o motivo da personagem apresentar diversos vícios como o alcoolismo, o fumo compulsivo, uso exagerado de drogas, além de apresentar comportamentos viciosos, e ter uma personalidade amarga e pessimista que afasta todos que o amam. Apesar disso de tudo isso, BoJack se mantém como o “herói” da série e o personagem não perde o carisma e o vínculo com o espectador, que não deixa de torcer por ele. BoJack é retratado como um cavalo, assim como diversos personagens figuram como animais, interagindo normalmente com o “mundo humano”, pois em nenhum momento a serie se propõe explicar essa relação e nem é necessário que ela seja explicada. Sendo uma estrela milionária e um cavalo, torna-se difícil ao público uma identificação com BoJack, contudo o personagem se prova o mais “humano” possível ao apresentar angustias comuns a todos, além da luta para nos tornarmos alguém melhor que nos mesmos. Dessa forma, paira uma ansiedade para responder a pergunta que centraliza a 1º temporada “eu sou uma boa pessoa?” Nessa temporada somos apresentados a um BoJack muito raso e vazio, uma vez que não trabalhava com entretenimento há anos, mas possuia a missão de escrever sua autobiografia. Ao falhar em suas primeiras tentativas, BoJack contratada uma escritora profissional para acompanha-lo e escrever seu livro, Diane Nguyen é uma personagem que parece ser introduzida apenas para interagir com BoJack. Na verdade todo o núcleo dos personagens principais estão ali apenas epara interagir com o cavalo niilista. Todd Chavez, Pincess Carolyn e Mr. Peanutbutter não possuem propósitos maiores do que serem mecanismos para a história se desenvolver em volta de BoJack. Porém, ao desenrolar da série, cada um desses personagens passa a possuir seu núcleo e existência orgânica, com toda a ambientação e o clima da série se construirem dessa mesma forma. A sua simplicidade, quando comparada a títulos similares como “Rick and Morty”, gera seu charme. Toda a série BoJack fala sobre desenvolvimento humano, e isso é feito pela apresentação dos próprios conflitos do personagem, que “vivia” em sua sitcom uma vida de soluções fáceis e linhas simples de acontecimentos. Na vida real, porém, BoJack precisa enfrentar seus problemas entendendo que serão processos, e de que ao invés de linhas simples as vezes serão ciclos viciosos. A série em sua essência é bastante existencialista, todas as boas intenções e problemas de BoJack não eliminam os erros que ele comete aos outros, e a maneira com que ele age o “define”, pois seus atos representam suas interações com o meio. Assim como próprio Todd diz em uma discussão com BoJack “você é o que há de errado com você, não é o álcool, nem as drogas, nem nenhumas das merdas que aconteceram na sua infância. É você.” Por fim, temos Rick and Morty, uma serie animada de (até o momento) 3 temporadas, que conta sobre as diversas aventuras de um gênio cientista e seu neto, um garoto normal de 13 anos. A série se passa em um “multiverso”, ou seja, em dimensões onde não existem apenas um universo, e sim infinitos, variando tanto entre universos idênticos ou completamente diferentes um do outro. Rick, assim como Morty, sabe disso, e é justamente por compreender o fato de que há infinitos universos com infinitas possibilidades, que ambos compreendem o quão pequeno e insignificante é a sua e nossas vidas, tendo assim uma visão niilista sobre a vida, como pode ser visto na frase de Morty para sua irma Summer: “Ninguém existe de propósito. Ninguém pertence a qualquer lugar. Todo mundo vai morrer... Venha assistir TV”, Morty ainda argumenta que nessa existência, tudo o que podemos fazer é encontrar alegria nas coisas simples, como na televisão. E assim a serie retrata temas filosóficos como o niilismo e o vazio existencial. Ao mesmo tempo, a serie mostra como a ignorância pode ser uma bênção, retratando a personagem do Jerry, que é o pai de Morty, um homem comum, e que pode ser considerado o mais ignorante da família, mas ao mesmo tempo, acaba se encontrando feliz na grande maioria das vezes, enquanto Rick se mostra triste e depressivo, justamente por saber que sua vida não tem realmente um sentido. Temos então dois extremos e um meio termo nessa diversidade da forma em que a filosofia é aplicada nas animações, em Vidas ao Vento mal temos frases que possam ser chamadas ‘’filosóficas’’, mas temos uma grande representação de um niilismo na forma de imagem e ambientação em si, trazendo uma forte emoção conhecendo ou não o assunto, mas claramente podendo ser mais absorvido e evidenciado para quem já possui uma noção sobre o mesmo. Além do niilismo, que nesse caso pode ser considerado mais como um niilismo de Nietzsche, ou como o niilismo passivo descrito por Deleuze, que envolve a morte de deus e do sentido do mundo, destruindo a possibilidade de um futuro ideal, gerando a necessidade do mundo ser visto como 13


sendo somente o presente da ação do o indivíduo sobre o planeta. Assim, a existência torna-se desprovido de sentido. Aí temos também uma grande representação do vazio durante todo o filme, tal representação é muito bem elaborada e pode ser vista como uma marca da perspectiva artística de Hayao, mostrada em quase todos seus filmes de formas semelhantes e naturais. Vidas ao Vento retrata então a filosofia de uma forma mais ‘’natural’’, ‘’elegante’’ ou simbólica, utilizando principalmente a imagem. No meio termo dos extremos temos BoJack Horseman, a série possui tanto uma ambientação que traz sensações também niilistas ou existenciais, quanto frases que se podem dizer filosóficas ou que causam um pensamento critico. Há ainda momentos específicos de surtos, catástrofes, crises existenciais e muita ansiedade que trazem um ar diferente a serie e trata desses temas de uma maneira mas comum para o público. Em BoJack se utilizam ambas as ferramentas, tanto a imagem como os diálogos para passar sua mensagem ou ‘’sensação’’. No ponto extremo temos Rick and Mory, que ao contrario de Vidas ao Vento, utiliza muito mais a pratica da linguagem escrita do que a linguagem visual, a serie aborda assuntos como depressão, crises existências e também um niilismo, porém agora numa linguagem extremamente direta e com o intuito de ser vista como algo insano, caótico e um tanto quanto aleatório. Rick and Mory consegue trazer a tona os temas que tem vontade de uma forma muito certeira por ser mais direta, o que torna o assunto de mais fácil entendimento para todos por não ser necessária uma absorção de todo um contexto e situação.

Conclusão Abordar esse tipo de tema, acaba dando à essas animações, um ar bem mais intenso. Trazendo não só temas intrigantes, mas personagens mais complexos, e até problemáticos, o que pode acabar levando, de um modo mais indireto, a debates em relação à saúde e bem estar (tema da terceira ODS da agenda 2030). Com personagens tendo pensamentos tão pessimistas, acaba sendo inevitável que a maioria deles sofressem de depressão, além de diversos problemas com drogas, abrindo espaço para uma porção de análise em relação à saúde e o bem estar desses personagens. Contudo, existem muitas animações que abordam esse tipo de tema, tanto de maneira direta e clara, quanto de modo sutil, e podem tornar esses temas muito mais compreensíveis, uma vez que podemos acompanhar esses problemas de fora da vida dos personagens que possuem esses pensamentos. Referências Bibliográficas

Rick & Morty. Justin Roiland, Dan Harmon. 2013 BoJack Horseman. Raphael Bob-Waksberg. 2014 Vidas ao Vento. Hayao Miyazaki. 2014 NASCIMENTO, Valter do; AMORIM, Wellington Lima. Vida e sofrimento Nietzche.

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Tapete Mágico

Leonardo E. B. Pagliari Luiz F. M. Godinho Nicollas Retief

Introdução Com a corrida para desenvolver formas de energia sustentáveis e renováveis, muitos projetos e ideias surgiram. Os mais comuns são as energias eólica e solar pela sua capacidade de gerar energia sem grandes impactos no ambiente, comparado às outras energias, e por sua praticidade em gerar energia com o uso de fenômenos climáticos. Contudo essa é a sua desvantagem: ao gerar energia com fenômenos climáticos são, logicamente, dependentes dos mesmos para cumprir com sua função, o que as torna inúteis na sua falta. Com base nessa deficiência, o grupo se dispôs a buscar uma forma alternativa de gerar energia que pudesse ser universal, isto é, aplicável a todas as sociedades, cumprindo assim a meta do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS 7): Energia limpa e acessível. O projeto desta pesquisa consiste na criação do apelidado “Tapete mágico”. Após muitas buscas foi possível encontrar o projeto PAVEGEN, um piso que gera energia com algo comum a todas as comunidades: pessoas.

Desenvolvimento O ser humano depende completamente da energia elétrica nos dias de hoje. Vivemos por base de energia elétrica todos os dias. Quando ligamos uma luz para poder enxergar no escuro, ou quando usamos o celular, simples ações como estas também dependem da eletricidade. Máquinas cirúrgicas e outros equipamentos medicinais fazem uso da eletricidade também. Toda energia tem uma fonte. Antigamente usava-se combustíveis fósseis e reatores nucleares para geração de energia elétrica, mas como são muito prejudiciais ao meio ambiente, geraram a necessidade de ser trocadas por meios mais sustentáveis. As principais fontes de energia sustentável que temos atualmente são: A energia eólica, solar e hidrelétrica. Todas elas dependem de fenômenos climáticos que em sua falta as torna inúteis.

• Energía Eólica

A energia eólica é gerada por meio de aerogeradores, nas quais a força do vento é captada por hélices ligadas a uma turbina que aciona um gerador elétrico. Com essa tecnologia a geração de energia fica à mercê do vento, isto é, se torna necessária uma corrente de ar para rotacionar as hélices. Como as correntes de ar não tem uma força constante, a energia gerada varia de momento para momento - chegando a ser nula quando não há vento - tornando essencial a criação de um campo enorme de geradores eólicos, com várias turbinas. Como o ar precisa empurrar as hélices, ele muda sua direção, causando uma leve mudança na corrente aérea. Ao ter um campo com várias turbinas, a massa de ar se desloca significativamente de sua direção

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natural. Essa mudança pode ocasionar vários problemas como secas.

Usina eólica em grande escala (imagem: https://jornalggn. com.br/eolica/desenvolvimento-da-energia-eolica-no-brasil-estimula-industria-nacional/)

• Energía Solar

A energia solar como a do vento também depende de um fenômeno natural: o Sol. A forma de captá-la é através de placas solares, que armazenam a energia calorífica dos raios solares e as transformam em energia elétrica. As placas solares tem se tornado um dos símbolos de energia sustentável ao longo dos anos. Contudo não são todos os lugares que incentivam a sua utilização. Um dos principais fatores por isso é pelo seu preço. A energia solar é cara quando comparada com outras fontes de energia, tanto para seu preço de fabricação quanto para seu preço de armazenamento. Ela utiliza sistemas de armazenamento como baterias que são mais eficientes, porém também são caras. Embora a energia solar certamente seja menos poluente que os combustíveis fósseis, existem alguns problemas. Alguns processos de fabricação estão associados a emissões de gases de efeito estufa. O trifluoreto de nitrogênio e o hexafluoreto de enxofre foram rastreados até a produção de painéis solares. Esses são alguns dos gases de efeito estufa mais potentes e têm milhares de vezes o impacto no aquecimento global em comparação ao dióxido de carbono. O transporte e a instalação de sistemas de energia solar também podem indiretamente causar poluição.

Placas solares instaladas em uma residência. (imagem: https:// g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/especial-publicitario/ envo/noticia/2019/05/13/ energia-solar-residencial-descubra-10-motivos-para-investir. ghtml

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• Energía Hidrelétrica

As usinas hidrelétricas capturam a energia da queda de água para gerar eletricidade. As usinas usam a água como bateria de energia gravitacional captando a água corrente de rios em represas e então é liberada em cascatas. Uma turbina converte a energia cinética da queda de água em energia mecânica. Então, um gerador converte a energia mecânica da turbina em energia elétrica. Contraponto: As usinas hidrelétricas, ao interromper o fluxo do rio, inundam uma área e com isso destroem a biodiversidade daquele lugar. Em alguns casos, a hidroeletricidade pode prejudicar o habitat da vida selvagem. As usinas hidrelétricas podem causar perda ou modificação do habitat dos peixes, além de levá-los ao aprisionamento com a restrição de suas passagens. Em alguns casos, a hidroeletricidade pode causar alterações na qualidade da água do reservatório e do córrego.

Usina hidréletrica (imagem:https:// www.guiaestudo.com.br/usina-hidreletrica)

PROJETO PAVEGEN

O tapete elétrico criado pela empresa tecnológica “Pavegen Systems” em 2009 foi a principal inspiração na produção desse trabalho. A ideia de poder captar energia de uma forma sustentável e eficiente através de passos é simplesmente magnífica. A Pavegen oferece energia limpa e acessível a comunidades mais carentes de um modo criativo e inovador, podendo ter um grande impacto no movimento sustentável ajudando o planeta a se tornar um lugar mais saudável para gerações futuras. O piso Pavegen consiste em uma placa quadrangular com um círculo no centro. O círculo no centro possui flexibilidade de modo que aproveita a maior parte da energia de cada pisada. Ao pisar no círculo, o mesmo se flexiona para baixo acionando um sistema eletromagnético que gera energia elétrica. Cada passo é capaz de gerar ao menos 3 watts. Com dois passos é possível ligar um LED. Um piso gerador de energia, como o Pavegen, é capaz de reaproveitar a energia utilizada por uma pessoa quando anda, gerando energia através da locomoção. É possível também posicionar essas placas por baixo de ruas e estradas, gerando energia através de veículos automobilísticos.

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Imagem mostrando o projeto Pavegen (imagem: https://www. smart-energy.com/renewable-energy/uks-pavegens-footfall-capture-generation-secures-crowd-funded-future/) PISO PIEZOELÉTRICO

O piso piezoelétrico é uma alternativa mais antiga, porém ainda em desenvolvimento, para a geração de energia através de movimento. Seu funcionamento consiste em aproveitar uma característica presente em alguns cristais, como o Quartzo, a piezoeletricidade. Piezoeletricidade - é uma característica presente em alguns cristais graças a sua estrutura molecular. Estes contêm íons positivos e negativos separados de seus semelhantes, mas que, ao serem pressionados, se aproximam. Pela lei da atração, cargas opostas se atraem, enquanto as iguais se repelem. Isso faz os íons positivos dos cristais se repelirem criando um campo eletromagnético e gerando energia.

Estrutura molecular do cristal de quartzo

Graças a sua capacidade peculiar, os cristais piezoelétricos são capazes de gerar energia quando pressionados e movimento quando recebem uma carga de energia. 18


O principal problema dos cristais piezoelétricos está na dificuldade de armazenar energia. Diferente do sistema Pavegen, o piso piezoelétrico gera uma corrente alternada, portanto mais difícil de ser armazenada.

Conclusão Essa forma de gerar energia com os passos é extremamente útil, especialmente nos dias de hoje onde a produção de projetos sustentáveis está se tornando cada vez mais importante. A sua eficiência e dinâmica se mostram prometedoras, trazem consigo diversos benefícios como: A preservação de recursos naturais, preço mais barato que outras fontes de energia sustentáveis, criação e desenvolvimento de novas tecnologias e também o incentivo governamental.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PAVEGEN: https://pavegen.com/ ENERGIA HIDRELETRICA: http://www.wvic.com/content/how_hydropower_works.cfm#targetText=Hydropower%20plants%20capture%20the%20energy,the%20turbine%20into%20electrical%20energy. ENERGIA SOLAR: https://www.ecycle.com.br/2890-energia-solar ENERGIA EÓLICA: https://www.portal-energia.com/vantagens-desvantagens-da-energia-eolica/ PIEZOELETRICIDADE: Evelise de Godoy Antunes, eveliseantunes@gmail.com; Maíra Nunes de Sousa, mairansousa@hotmail.com; Marina Neubauer da Costa Schertel, marinancs@hotmail.com “PISO QUE TRANSFORMA ENERGIA MECÂNICA EM ELETRICIDADE”

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Moradia Sustentável

Rafael Camargo Witzel Susan Kim Oei

Introdução Os “Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis” foram metas criadas em setembro de 2015 pelos 193 Estados-membros da ONU com o objetivo de prevenir um colapso global, erradicando a pobreza e promovendo uma vida decente a todos até 2030. Essas metas são divididas em 17 objetivos, das quais será trabalhado o ODS 11: Cidades e Comunidades Sustentáveis. Dentro dessa ODS, o foco será a criação e reunião de projetos sustentáveis fáceis e baratos para fazer-se em casa, como: hortas verticais, sabões feitos com óleo de cozinha e cisternas para reutilização da água da chuva. Dessa forma, o projeto estará contribuindo com o primeiro tópico da ODS 11: “Até 2030, garantir o acesso de todos a habitação segura, adequada, a preço acessível, e com serviços básicos.” Através da divulgação desses projetos sustentáveis para que ninguém deixe de executá-los por falta de informação. A humanidade já consome excessiva quantidade de recursos naturais na construção de suas casas, produtos, produção de alimentos e em na reprodução da sociedade em geral. Com a destruição dos habitats terrestres e marinhos, o esgotamento dos recursos naturais, a introdução de espécies invasoras e a poluição causada pelo homem, o planeta terra não durará muitas gerações. Por isso, é de extrema urgência que a sociedade tome consciência desse fato e torne-se mais ecológica. No desenvolvimento deste trabalho, será apresentada uma série de projetos com o objetivo de reduzir o impacto ambiental do ser humano de forma que o indivíduo também economize dinheiro e torne sua subsistência mais independente, passando a depender menos, por exemplo, da disposição de produtos orgânicos no mercado com um preço acessível.

Desenvolvimento Desde a Revolução Industrial têm-se observado diversos desastres ambientais que estão se intensificando, principalmente, nos últimos anos. Apesar de o aquecimento global ser, de fato, um fenômeno natural, não é coincidência este ter sido agravado justamente em um período em que mais se tem indústrias que eliminam gases estufas na atmosfera. Segundo a matéria “Rio Atibaia tem vazão reduzida em mais de 50% no período de um ano em Campinas” do site de notícias Portal da RMC: “todos os anos nesta época da estação, o volume de chuva abaixo da média fez a vazão do Rio Atibaia cair mais de 50% em Campinas (SP), no período de um ano. O valor registrado nesta semana (11/10/2019) foi de 11 m³/s, enquanto no mesmo período do ano passado estava em 26,8 m³/s.” Além disso, o texto explica: “Segundo o Cepagri, como a chuva caiu muito concentrada, ela 21


não penetrou no solo. Ela não recarregou de maneira adequada os lençóis freáticos, em razão dessa água ter na sua grande maioria escoado para os rios diretamente, os rios vão ter nesse período de menos chuvas uma vazão menor do que o normal.” Este foi apenas um exemplo do cenário cada vez mais presente na vida das pessoas e tem previsão apenas para piorar. Segundo um vídeo promovido pela ONU intitulado “Ouse beber o futuro. Ouse não desperdiçar uma só gota”: “Nem todas as pessoas têm acesso à água potável segura. No semiárido brasileiro, essa é uma das principais causas da mortalidade infantil.” Entretanto, com o acesso à internet sendo cada vez mais acessível, pessoas do mundo todo podem desenvolver suas ideias para ajudar o meio ambiente e disponibilizar para que qualquer um possa realizá-las. Entretanto, por conta da falta de iniciativa individual para buscar esses projetos, poucos são, de fato, efetivados. Por isso, reunidos alguns projetos fáceis e extremamente úteis para incentivar os leitores a realizá-los ou se interessarem a procurar mais projetos desse tipo que correspondam com suas necessidades. CASAS SUSTENTÁVEIS

As casas sustentáveis, também chamadas de casas ecológicas, são aquelas criadas e construídas com o objetivo de causar o menor impacto ambiental, seguindo os conceitos de sustentabilidade e tentando deixar a resistência o mais confortável possível para os seus moradores. Sabe-se que muitas casas construídas até hoje não foram projetadas de maneira que respeite o ambiente no qual foram construídas, entretanto, isso não significa que aprimoramentos não possam ser feitos. Portanto uma maneira de reduzir uma pequena parcela dos impactos causados no passado seria a construção dos projetos apresentados a seguir. PROJETO DE HORTA VERTICAL AUTO IRRIGÁVEL

Materiais: • 1 suporte de madeira para prender e sustentar a horta • 5 conexões T 50mm de PVC • 2 conexões L 50mm de PVC • 1 m de cano 50mm de PVC • 1 cola para PVC • 1 lixa • 1 m de barbante Poliéster • 2 abraçadeiras de aço • 4 parafusos 4mm com porca • 3 Mão Francesa de ferro • 7 garrafas pet de 2L • 6 hortaliças de sua escolha

Primeiro, corte o cano PVC em 10 pedaços de 10cm e junte as outras peças para formar a imagem acima, deixando as estruturas em L nas pontas. Use uma lixa caso necessário. Em seguida, prenda as Mãos Francesas no suporte de madeira e firme a estrutura sobre ela com ajuda das braçadeiras de aço e os parafusos.

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Terminando isso, recorte a parte superior de 6 das garrafas de 2L fazendo um furo na tampinha do tamanho suficiente para passar 15cm do barbante Poliester. É recomendado o uso de uma furadeira elétrica nessa etapa. Por fim, plante as hortaliças desejadas fazendo com que o barbante esteja em contato direto com a terra e a água que passará no cano. Posicione as hortaliças na estrutura e encha a garrafa restante com água e vire sem a tampa em uma das aberturas das pontas. Esse mecanismo faz com que a água no cano seja levada até as hortaliças através do barbante, levando apenas a água suficiente para seu desenvolvimento. Recomenda-se trocar a água da garrafa apenas uma vez por semana. PROJETO DE CISTERNA

O projeto de uma unidade de captação e armazenamento da água da chuva servirá para economizar água que anteriormente seria usada para as seguintes atividades: lavar o chão, lavar roupa, regar as plantas, limpar casa, lavar o carro, lavar o quintal e outras atividades do cotidiano. A unidade de captação funcionará da seguinte maneira: o telhado da residência funcionará como a parte de captação, ou seja, captaria a água da chuva e levaria para uma espécie de tanque. Esse primeiro tanque seria responsável por armazenar os primeiros litros da chuva, ou seja, a água que não seria boa para uso, pois os telhados são bem sujos (poeira, plantas, limo, entre outras sujeiras). Após essa etapa a água passaria por um filtro que tiraria as sujeiras maiores, depois disso a água já pode ser armazenada nos galões acoplados ao sistema e com isso posteriormente já poderá ser usada.

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PROJETO DE SABÃO CASEIRO COM ÓLEO USADO

Projeto do blog “receita toda hora” Ingredientes: • 5 litros de óleo usado • 500ml de detergente (1 embalagem inteira) • 1 copo americano de sabão em pó • 1 litro de água quente (sem ferver) • 1 litro de soda cáustica líquida Materiais: • 1 funil • 1 pedaço de esponja de aço • 1 recipiente para filtrar o óleo • 1 balde grande de plástico para fazer a mistura • 1 misturador de madeira (pode ser um cabo de vassoura) • formas de alumínio forradas em sacos plásticos • 1 faca bem amolada (para cortar o sabão em pedaços) • luvas de borracha Modo de preparo: • Vista as luvas. • Use o funil e a esponja de aço para filtrar o óleo e se livrar daquelas “sujeirinhas” que sobram das frituras. Reserve. • Despeje no balde a soda cáustica e a água quente e misture por cerca de 3 minutos. • Em seguida, junte o óleo filtrado, o detergente e o sabão em pó, misturando sem parar por uns 40 minutos até dar o ponto (quando você levanta o misturador e o líquido demora a escorrer). • Então despeje a mistura sobre a forma e aguarde por até 2 dias em local fresco e seco para ele secar bem. • Depois que endurecer, corte o sabão e use à vontade para lavar louças e roupas. ATENÇÃO: • Utilize a soda cáustica líquida porque ela não é tóxica. • Não utilize misturadores de metal, porque a soda cáustica irá corroê-lo. • Nunca entre em contato com a soda cáustica ou com o sabão antes de ele estar endurecido

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PROJETO DE COMPOSTEIRA DE MINHOCAS

Projeto do blog “Uma vida sem lixo”

Por essa composteira ser muito pequena pode ser colocada tanto em apartamentos ou em residências, pois não exala nenhum odor desagradável, e a mesma produzirá adubo para ajudar no crescimento de plantas de decoração ou até mesmo de hortas caseiras. Para construção da composteira será necessário três caixas que encaixem uma em cima da outra (pode ser substituído por baldes que também encaixem um em cima dos outros), na primeira e na segunda caixa deverão conter pequenos furinhos no fundo para a passagem das minhocas, porém a terceira caixa que ficará no fundo não deverá conter furinhos, pois a mesma servirá para armazenar o líquido resultante da decomposição (mais comumente chamado de chorume). Com as três caixas posicionadas, na segunda caixa deverá conter terra para as minhocas e na primeira caixa (de cima) é onde deverá ser colocado o resto de materiais orgânicos, ou seja, casca de batata, restos de vegetais, cascas de frutas exceto as frutas cítricas e entre outros. É muito importante que na primeira caixa, junto com os restos de materiais de matéria orgânica, adicione-se também alguma matéria seca como, por exemplo, serragem (deve se tomar cuidado com serragens que possam conter veneno anteriormente presentes na madeira), papel ou folhas secas para balancear a terra e ajudar na respiração da matéria orgânica, fator muito importante para a decomposição. Após algum tempo será necessário trocar a terra presente na caixa dois, pois a mesma já terá virado húmus que posteriormente pode ser usado em plantas. É recomendável que se troque a caixa dois pela caixa um, ou seja, tirar a terra da caixa dois, separar as minhocas e adicionar terra na caixa um para que elas possam decompor a matéria orgânica que sobrou.

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Conclusão Apesar das maiores responsáveis pela degradação ambiental serem as grandes empresas, não se deve esquecer que estas empresas são controladas por pessoas e que se a sociedade mudar sua percepção sobre o ambiente e deixar de ver o mundo apenas como uma fonte de recursos as empresas, por consequência, também mudarão. Ações simples e práticas como as apresentadas acima são exemplos de como é possível contribuir para uma comunidade mais ecológica. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CRISTAL MUNIZ. Como fazer uma composteira em apartamento. Disponível em: https://umavidasemlixo.com/2017/05/como-fazer-uma-composteira-em-apartamento/ CAROLINE DONATELLI. Sabão Caseiro com Óleo Usado. Disponível em: https://receitatodahora.com. br/sabao-caseiro-com-oleo-usado/ PORTAL DA RMC. Rio Atibaia tem vazão reduzida em mais de 50% no período de um ano em Campinas. Disponível em: https://portaldarmc.com.br/noticias-da-regiao/2019/10/rio-atibaia-tem-vazao-reduzida-em-mais-de-50-no-periodo-de-um-ano-em-campinas-veja-previsao-do-tempo/ ONU. Ouse beber o futuro. Ouse não desperdiçar uma só gota. Disponível em: YouTube

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A Indústria da Moda e o Desafio da Moda Sustentável Catherine B. Zabeu Érica Fiadi Lis R. Vettorello

Introdução A Indústria têxtil é hoje a segunda maior responsável pela poluição ambiental, per-dendo apenas para a indústria do petróleo. Somado ao problema da poluição está o do es-gotamento de recursos naturais e o das péssimas condições de trabalho nas fábricas de produção de artigos do vestuário, que juntos resultam em um quadro degradante que cresce assustadoramente a cada dia. Viemos por meio deste na tentativa de explicitar a lógica por trás da indústria da mo-da, bem como suas consequências, diretas e indiretas. Ainda buscamos fazer compreender a função social da moda e por que esta se tornou uma parte tão significativa da vida da es-magadora maioria das pessoas que vivem na contemporaneidade. Por fim, trouxemos algu-mas soluções práticas e alguns possíveis modelos a se seguir quando se deseja reduzir seu próprio impacto na sociedade e na natureza. Tendo em mente a urgente necessidade de um mudança comportamental generaliza-da, objetivamos alcançar um público que venha a revisar seu consumo e sua relação com a moda, buscando caminhos para reduzir seu impacto no âmbito socioambiental.

Desenvolvimento

A INDÚSTRIA DA MODA

Anteriormente ao surgimento do capitalismo, os padrões de vestimenta mudavam de forma lenta e gradual, seguindo tradições que podiam durar séculos. Com o capitalismo e uma burguesia ascendente em busca de diferenciação, aliados ao surgimento das cidades, nasce a moda. A roupa é tida como essencial na imensa maioria das sociedades, e se tornou parte do código de comunicação entre os indivíduos. Com o passar dos anos e das Revoluções Industriais, a produtividade em geral aumentou exponencialmente, o que não foi diferente no caso das roupas. Visando sempre acumular mais lucro, a indústria da moda adotou uma série de estratégias para estimular a produtividade e o consumo, bem como para diminuir seus gastos. Nesse intuito, as indústrias globalizam a produção, terceirizando-a para economias de menor custo e mão de obra mais barata, onde as leis trabalhistas também são mais flexíveis. É como explica John Hilary, diretor executivo da “War on Want”: “O que isso significa é que aqueles que estão no topo da cadeia de valor podem escolher onde os produtos são feitos e podem mudar caso uma fábrica diga “não podemos fazê-lo tão barato.” 27


Contudo, aumentar a produtividade e reduzir os custos não basta. É preciso ter um mercado consumidor capaz de receber toda essa produção. É pensando nisso que as empresas fazem uso da publicidade para seduzir seus consumidores. A partir daí, a moda passa a ser apresentada como uma forma de resolver problemas, de se comprar a felicidade, sendo que esta última estaria baseada no poder de compra e no acúmulo. A indústria da moda cria necessidades ao consumidor, e se apressa em oferecer a solução imediata para satisfazê-las, impulsionando o consumismo. Outra estratégia é o fenômeno da fast fashion, a moda rápida, caracterizada pelo aumento no número de estações em um ano. Assim, como afirma Lucy Siegle, jornalista e apresentadora no Reino Unido, o ciclo de duas temporadas por ano foi substituído por outro de quase 52 estações. Dessa forma, a indústria da moda não só cria a necessidade de consumir seus produtos, mas a recria até 52 vezes por ano. Esse consumo desenfreado não seria possível se não fosse pelo fetichismo da mercadoria, e pelas obsolescências programada e perceptiva. O fetichismo da mercadoria consiste na atribuição de um valor simbólico a determinado objeto, valor este que extrapola o de uso. Consequentemente, o objeto passa como que a ter vida própria, tornando-se independente do trabalho que nele resultou. O fetichismo é muito presente na moda, pois as peças já não se atêm a sua função primordial de cobertura e proteção corporal, mas passam a significar status, personalidade e posição social. Já as obsolescências carregam outra função. Ao invés de incentivarem diretamente o consumo, estimulam o desuso ou descarte daquilo que já foi anteriormente adquirido, gerando a necessidade de consumir novas mercadorias. A obsolescência programada consiste em dar um tempo de vida útil determinado ao produto, sendo este mais curto do que o necessário. Já a perceptiva é mais sutil, e se manifesta por meio do lançamento de novos produtos ou modelos de um produto, que fazem com que o anterior pareça desatualizado, e se torne obsoleto antes do fim de sua vida útil. Finalmente, a indústria da moda utiliza todos esses recursos e estratégias para criar um ciclo, pelo qual os produtos que dela provém passam. Na primeira etapa está a criação de uma mercadoria nova, que tem alto custo e é destinada quase que exclusivamente a uma elite. Com o ideal da sociedade de consumo estabelecido nas classes de maior poder aquisitivo, o produto destinado à elite logo desperta o interesse das massas. Este então, por não ser mais uma novidade, tem seu preço reduzido, passa a ser acessível para camadas um pouco mais baixas e, assim, consecutivamente, até chegar às massas (muitas vezes o produto chega na forma de simulacros, ou seja, cópias do produto originalmente destinado à elite). No momento em que o produto se torna de domínio comum, a elite perde o interesse, já que esse não carrega mais nenhum valor de status. Fecha-se então o ciclo, com o lançamento de um novo produto, acessível a uma pequena parcela da população. IDENTIDADE E PERTENCIMENTO

Após a Revolução Francesa, quando houve uma quebra no sistema estamental que organizava a sociedade até então, esta se tornou, de certa forma, homogênea. Em resposta a essa “sociedade de rebanho”, surge uma necessidade de reafirmação e diferenciação social. Esse desejo perdura até hoje, fazendo com que os indivíduos busquem na moda uma forma de expressar sua identidade. Esta, por sua vez, é formada a partir da junção de uma série de fatores, que vão sendo construídos através de experiências que se tem no decorrer da vida. Fazendo uma análise a partir disso e do desenvolvimento da moda, que ocorre de forma paralela ao da sociedade, pode se dizer que através da moda é possível saber muito sobre uma pessoa, por estar sempre espelhando seus traços, características e de forma mais profunda, sua história. A indústria da moda, que está em constante evolução, se aproveita dessa necessidade de pertencimento para criar produtos que atendam a grupos específicos da sociedade (como tribos urbanas, ou admiradores de alguma banda, série etc.). Com isso, os consumidores têm a ilusão do produto feito sob medida, quando na verdade não passa de mais uma estratégia para estimular a compra.

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Prédio Rana Plaza após acidente em Dhaka, Bangladesh. Disponível em: https://abcnews.go.com/US/sustainable-brands-turning-backs-fast-fashion-trend/ story?id=39590457\ CONSEQUÊNCIAS SOCIOAMBIENTAIS

Com as lojas competindo entre si nos países de primeiro mundo, os fabricantes (geralmente situados em países de terceiro mundo) são coagidos a reduzir seus preços cada vez mais. Caso contrário, não conseguem fechar nenhum negócio, e dependem disso para a sobrevivência de suas produtoras. Em algum ponto, o preço foi reduzido a tão pouco que restam três opções: aumentar novamente os preços, fechar a fábrica ou cortar gastos. O corte de gastos geralmente implica ignorar medidas de segurança, e isso já se tornou comum e aceitável no novo modelo de produção em massa. Como consequência disso, temos acidentes gravíssimos que tomam a vida de muitos trabalhadores, como o prédio de oito andares que desabou próximo a Dháka, capital de Bangladesh, matando mais de mil pessoas em 2013. Foi o maior desastre da indústria têxtil da história. Diante de situações como essa, percebe-se que o maior risco sempre cai sobre os mais vulneráveis e mal pagos. Apesar de os funcionários já terem alertado seus superiores sobre rachaduras no prédio, foram coagidos a retornar ao trabalho e, horas depois, morreram no desabamento. Outra questão é a agricultura ligada à indústria têxtil. A maioria das peças dependem da produção de tecidos como lã, seda, algodão, fibras artificiais ou sintéticas. O conjunto formado pela plantação, extração, produção e transporte, possuem inúmeras possibilidades para que o meio ambiente saia prejudicado. Antigamente, os produtos têxteis eram extremamente valorizados e preservados de forma muito cautelosa, por serem caros e raros, mas a partir do século vinte, se tornaram abundantes e o tratamento passou a ser outro. A produção de algodão, por exemplo, teve que ser mecanizada e a planta modificada geneticamente para acompanhar a rápida produção. Passou-se a utilizar aviões para pulverizar agrotóxicos sobre as plantações, e cada vez mais a terra vem se assemelhando a uma fábrica, ao passo que o solo e a microflora são gravemente afetados. Outro exemplo que pode ser dado é o do estado de Punjab, onde é cultivada a maioria do algodão Indiano, e que é, consequentemente, o maior consumidor de pesticidas no país. Estudos realizados pelo Dr. Pritpal Singh (Diretor do Faridkot Center) mostram que houve um grande aumento no número de morado-

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res das vilas de Punjab com defeitos congênitos, cancros, doenças mentais e deficiências físicas, efeitos clássicos de toxidade, segundo o Doutor. Essas patologias causadas pelo uso de fertilizantes e pesticidas atingem quase que exclusivamente os camponeses e trabalhadores rurais, que não podem pagar o tratamento para tais doenças. Uma consequência gravíssima da produção em massa para o meio ambiente é a poluição. Uma peça adquirida da fast fashion é usada em média cinco vezes para depois ser esquecida e eventualmente descartada. Estima-se que nos Estados Unidos se produz 11 milhões de quilos de lixo têxtil todo ano, do qual quase nada é biodegradável, podendo permanecer por mais 200 anos na natureza. Mais dados provenientes do “Institute for Sustainable Communication World Wildlife Fund” e do documentário “True Cost” informam que a indústria têxtil é responsável por 20% da poluição industrial da água, 18% do uso de pesticidas e 25% do uso de inseticidas no mundo todo. Além disso, é a segunda maior indústria poluidora de água limpa, e gasta cerca de 2100 litros de água para produzir uma camiseta. MUDANÇAS FUNDAMENTAIS

Às empresas que se interessam em reduzir seu impacto socioambiental e assumir sua responsabilidade para com seus consumidores, trabalhadores e o planeta, cabe uma série de mudanças de atitude. Entre elas, pode-se destacar o aproveitamento máximo da matéria-prima, reduzindo assim a quantidade de material utilizado e evitando a produção desnecessária de lixo. Deve-se também, para os resíduos inevitáveis, ter um plano de gestão, revisando a possibilidade de reaproveitar ou reciclá-los dentro da empresa, ou garantir que este chegue a um destino adequado como um centro de triagem. Indo um pouco além, é importante que as empresas busquem parcerias e fornecedores sustentáveis, exigindo que estes também desempenhem o mesmo esforço. Podem, então, começar a substituir seus tecidos pelos “ecofriendly”, como os feitos de algodão orgânico e tingidos com corantes naturais. No âmbito social, faz-se necessária a valorização do trabalhador, sempre garantindo boas condições salariais e no local de trabalho. Outra mudança positiva é deixar de incentivar o consumo descontrolado, e buscar produzir peças mais duráveis, para que não precisem ser substituídas tão rapidamente. Aos consumidores cabe em primeiro lugar uma revisão de valores. Inseridos na chamada sociedade de consumo, esses estão habituados a comprar produtos de baixa durabilidade, e a substituí-los assim que uma nova tendência surge. Não só se tratando de roupas, mas também de acessórios, eletrodomésticos, calçados, etc., os indivíduos deixam-se seduzir pela mercadoria, que passa a ser sinônimo de status e felicidade. É preciso compreender que o valor simbólico atribuído a esses produtos não condiz com seu valor de uso, sendo fundamental repensar a necessidade de determinada mercadoria antes de adquirí-la. Feita essa reflexão, quando o consumidor decidir efetuar uma compra, deve dar preferência a peças de qualidade e duráveis quanto for possível, tanto em termos de materiais quanto de moda, ou seja, peças mais versáteis, atemporais, evitando tendências passageiras), mesmo que sejam mais caras, o que compensará a longo prazo. Conhecer o fabricante do qual se compra é outra atitude essencial, uma vez que este carrega grande parte da responsabilidade socioambiental atrelada ao produto. A internet é uma ferramenta que torna simples essa pesquisa, e auxilia o interessado a encontrar empresas alinhadas ao seu novo perfil de consumo sustentável. Um ótimo método utilizado pela universitária e dona do blog RepeteRoupa, Meloddy Erlea, com o objetivo de diminuir o consumo exagerado de peças de vestuários, foi escolher uma peça semanalmente e usá-la de diversas maneiras pelo maior prazo possível, criando o hábito de repetir roupas, que não é comum entre os consumistas. Ela também criou uma lista anual de produtos que necessitava comprar, e se controlou o máximo para não descumprir com o seu combinado. Hoje em dia, a blogueira se tornou referência na moda jovem minimalista brasileira. Para que o impacto ambiental seja diminuído é necessário que se tenha uma transição para que as inovações rumem à sustentabilidade. Principalmente, procurando retardar o esgotamento dos recursos naturais

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Vendido por: R$767,90 Disponível em: https://www.amissima.com.br/vestido-chemise-tence

e a poluição através do aumento do lixo, causados por todo processo de produção dessa indústria. Existem algumas alternativas de negócios, nas quais se pode investir para adotar uma pegada sustentável, como por exemplo: serviços de reparos e aluguel, design e ‘open source’, em que os moldes de diferentes peças são disponibilizados para usuários confeccionar em suas próprias casas. Nos serviços de reparo, uma pessoa renova suas roupas, deixando-as em melhores condições para continuarem sendo usadas ao invés de serem descartadas, cobrando pelo serviço. A Social Fabric Collaborative de São Francisco, serve de exemplo, por já estar apostando nessa opção, a partir de oficinas onde designers que já são profissionais ajudam os que ainda nao são a arrumarem e fazerem suas próprias peças. Porém, ainda há a possibilidade de já confeccionar as roupas mais resistentes, a fim de facilitar reparos futuros. Sobre o aluguel de roupas, é possivel reduzir a quantidade de materiais consumidos sem deixar a desejar pelo lado do consumidor, transformando o modelo tradicional de compra pelo de aluguel, o uso compartilhado tem potencial para reduzir o número de peças desenvolvidas. MARKETING E SUSTENTABILIDADE

O marketing é composto por estratégias de oferta empresariais que visam o lucro por meio da adaptação dos produtos para agradar os consumidores. Com os diversos problemas ambientais vividos atualmente, e o interesse da população (sobretudo mais jovem) pelas causas ambientalistas, muitas empresas começaram a fazer propaganda do uso de matérias primas recicladas e da fabricação sustentável de diversos produtos. Essa estratégia de venda pode ser identi31


ficada claramente na indústria da moda. Com o passar dos anos, os consumidores exigem cada vez mais a responsabilidade da empresa para com o meio ambiente, e essas acabam, em resposta, criando produtos que alegam ser fruto de materiais reciclados (como um tênis de corrida feito com plástico retirado do oceano). Porém, esses produtos são vendidos a preços altíssimos, de forma que nem todos podem ter acesso a eles. Além disso, muitas dessas empresas usam mão de obra explorada. Como exemplo explícito desses episódios, pode-se observar a marca Amissima (moda de grife) que lançou sua coleção de outono/inverno de 2019 com tecidos sustentáveis, porém em novembro de 2018 o Ministério do Trabalho estava fazendo uma fiscalização nas oficinas da marca e identificaram 14 costureiros escravizados. Por outro lado, pequenas empresas estão utilizando medidas sustentáveis de produção que beneficiam a própria marca, o consumidor e principalmente o planeta. Sem alterar o lucro empresarial brutalmente, ela cria o status de sustentável (por realmente ser) e agrada os seus consumidores. Entretanto, as multinacionais, que mais destroem o meio ambiente, ainda não utilizam de forma eficaz essas soluções sustentáveis, porque ainda visam o lucro acima de todos os demais fatores. MODA LIVRE

O aplicativo “Moda Livre” foi lançado em dezembro de 2013 e criado pela ONG Repórter Brasil, fundada em 2001, em São Paulo. A principal função dessa obra, lançada em diversas plataformas digitais, é avaliar as principais marcas varejistas do país, apontando o seu histórico e contendo uma classificação para cada uma delas. Assim o consumidor da moda poderá vestir-se bem, da maneira que gosta, com consciência da produção dos materiais e dos mecanismos utilizados nas vendas dos tais. Além disso, como dito pelos próprios criadores na descrição do aplicativo “Todas as companhias listadas neste app foram convidadas a responder um questionário (...)”, ou seja, essas estão conscientes de que participam dessa exposição.

Disponível gratuitamente para Android e Iphone, em suas plataformas de aplicativos.

Conclusão Pode-se afirmar que a rápida expansão da indústria da moda tem causado sérias consequências socioambientais. O papel do próprio consumidor é essencial nessa luta, já que tem o poder de determinar o rumo da produção pelas empresas da moda. Para que ocorra uma produção consciente, a fiscalização feita pelo Ministério do Trabalho precisa ser mais ativa e rígida, já que ainda existem diversos casos de mão de obra escrava e infantil que são denunciados, relacionados aos trabalhos realizados nessas indústrias. Relacionado com o ODS (Objetivo do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas) 12: “Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis”, compreendemos que tomar medidas para reduzir o impacto da moda no planeta resultaria em uma diferença mais que significativa, considerando a proporção de seus efeitos para o meio ambiente e a sociedade. Ademais, o item 12.2 visa, até 2030, alcançar a gestão sustentável e o uso eficiente dos recursos naturais, o que está alinhado com as intenções das empresas que buscam ampliar sua responsabilidade socioambiental. Concluímos, portanto, que para atingir essa meta do desenvolvimento sustentável, a questão da indústria da moda não pode ser desconsiderada, sendo condizente o emprego de energia e recursos a fim de combater a produção desenfreada, que tem como único propósito verdadeiro o de gerar lucro aos grandes empresários

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMISSIMA BLOG. Aposte nos Tecidos Naturais. Disponível em: https://blog.amissima.com.br/aposte-nos-tecidos-naturais/ ETIQUETA ÚNICA BLOG.The True Cost: O documentário que revela a indústria da moda. Disponível em: https://www.etiquetaunica.com.br/blog/the-true-cost FEBRATEX GROUP. Indústria Têxtil e seus processos de produção . Disponível em: https://fcem.com. br/noticias/processo-produtivo-da-industria-textil-como-manter-a-qualidade G1.Globo. Os desafios da indústria da moda para diminuir o impacto ambiental. Disponível em: https:// g1.globo.com/sc/santa-catarina/especial-publicitario/falando-de-sustentabilidade/noticia/2019/01/07/ os-desafios-da-industria-da-moda-para-diminuir-o-impacto-ambiental.ghtml JACOBO, Julia. How Sustainable Brands Are Turning Their Backs on Fast Fashion Trend. Disponível em: https://abcnews.go.com/US/sustainable-brands-turning-backs-fast-fashion-trend/story?id=39590457 MELODY ERLEA. BLOG REPETE ROUPA. “Moda e Sustentabilidade: é possível juntar os dois?” Disponível em: https://www.repeteroupa.com/post/moda-e-sustentabilidade-possivel-juntar-os-dois MORGAN, Andrew. The True Cost. Disponível em: https://www.dailymotion.com/video/x3aztjb REPÓRTER BRASIL. Moda Livre passa a monitorar 77 grifes e varejistas. Disponível em: https://reporterbrasil.org.br/2016/04/moda-livre-passa-a-monitorar-73-grifes-e-varejistas/ The Next Black- A film about the future of clothing https://www.youtube.com/watch?v=XCsGLWrfE4Y

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Os Impactos Socioambientais do Consumo de Carne

Álvaro Cardoso Maya Janeiro Maria Eduarda Gaia

Introdução Neste trabalho o leitor irá se deparar com informações assombrosas sobre a indústria da carne que não são comumente difundidas. O texto aborda a relação que a agropecuária tem com o meio ambiente e outros aspectos da sociedade, como o consumo da carne influencia nas mudanças climáticas em decorrência do desequilíbrio ambiental, tal como a crise hídrica, o aquecimento global e as queimadas na Amazônia.

Desenvolvimento Movimentos em defesa do meio ambiente vêm crescendo cada vez mais nos últimos anos e a população está se juntando a essa grande onda, como nos mostrou a Greve Mundial Pelo Clima, que aconteceu em 20 de setembro de 2019. As campanhas de conscientização promovidas por diversas ONGs, pelo Governo Federal e órgãos estaduais falam muito em tomar banhos curtos, usar menos eletricidade, andar mais de bicicleta e não usar canudo, mas existe um fator que é de extrema importância no debate ambientalista, já que é uma das principais causas de degradação ambiental no planeta: o consumo da carne. Entretanto, esse fato não recebe os holofotes da grande mídia ou as campanhas de conscientização do governo, e raramente é pautado pelos movimentos ambientalistas. É muito comum ver campanhas da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) sobre uso consciente da água, com o famoso lema “se economizar não vai faltar”. No site da companhia tem a seguinte orientação: “O banho deve ser rápido. Cinco minutos são suficientes para higienizar o corpo. A economia é ainda maior se, ao se ensaboar, você fechar o registro.” Segundo o site, um banho de 15 minutos gasta em média 135 litros de água. Acontece que, segundo o relatório da UNESCO para o Fórum Mundial da Água em 2004, 1kg de carne consome 15000 litros de água para ser produzido, que equivale à mais ou menos 111 banhos de 15 minutos, ou seja: comer um hambúrguer – que tem em média 250g – gasta a mesma quantidade de água que tomar 27 banhos de 15 minutos - quase um mês tomando banho todos os dias! Uma outra questão importantíssima, é que a produção da carne é responsável pela maior parte da emissão de gases poluentes que causam o buraco na camada de ozônio e o efeito estufa. Segundo o site da Greenpeace “A produção de carne emite o mesmo volume de Gases do Efeito Estufa (GEEs) de que todos os carros, caminhões, aviões e navios do planeta juntos.” Dentre os GEEs está o metano, um gás que mesmo em menor quantidade na atmosfera que o CO2 (dióxido de carbono) causa um efeito estufa mais destrutivo, já que captura o calor emitido pelo Sol de forma 30 vezes mais eficiente que o CO2. Esses dados foram tirados de uma matéria da CETESB que tem por base dados de uma pesquisa realizada pela NASA e pelo 35


Instituto Conjunto de Pesquisa de Mudanças Globais (JGCRI), e essa pesquisa revela que 95% do problema dos gases do efeito estufa na atmosfera são decorrentes do metano produzido pelo gado, sobretudo bovino, em decorrência dos puns, fezes e arrotos dos animais, fazendo com que a quantidade de metano liberado pela pecuária só cresça com o passar dos anos. Segundo o documentário brasileiro “A Carne é Fraca” de 2005, fonte de informação muito valiosa para o debate sobre o consumo de carne, a pecuária foi a principal responsável pelo desmatamento da Mata Atlântica, da Caatinga, do Cerrado, e está sendo da Amazônia. Ainda sobre o CO2, uma das falas de Washington Novaes no documentário nos alerta que: “O desmatamento e as queimadas na Amazônia em decorrência do avanço da fronteira agropecuária já respondem pela emissão de 200 milhões de toneladas anuais de dióxido de carbono. Isso significa dois terços das emissões brasileiras de gases que intensificam o efeito estufa.” Existe uma crença popular de que a carne alimenta muita gente por causa de sua produção em escala, mas a indústria da carne não alimenta a população brasileira, pelo contrário: 70% do abastecimento alimentar interno no Brasil são realizados pela agricultura familiar. E ao contrário das grandes produções do agronegócio, que promovem o acúmulo do capital na mão de pouquíssimas pessoas e não geram tantos empregos por causa da forma de produção, a agricultura familiar (constituída por pedaços de terra menores na mão de mais pessoas) faz com que haja uma melhor distribuição de renda, com menor índice de desigualdade social. Outra grande diferença nos dois métodos de cultivo é que o primeiro é absolutamente destrutivo para o meio ambiente, enquanto o segundo promove uma harmonia entre produtividade e ecologia. Atualmente, apenas 2,4% da água do planeta é doce, sendo 2,08% dela encontrada nas calotas e geleiras polares que estão derretendo e se misturando à água salgada por causa do aquecimento global, somente aproximadamente 0,02% da água está acessível para o consumo humano. Entretanto, segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), 70% de toda a água consumida no mundo é usada na irrigação das lavouras, na pecuária e na aquicultura (criação de animais marinhos – geralmente em local confinado – para consumo humano), e no Brasil, 72% da água potável é utilizada para a agropecuária. Mas além de destinar quase toda a água potável do planeta para o mercado da pecuária, o ser humano também contamina as outras fontes de água que restam em decorrência dessa indústria, que gera a poluição de lençóis freáticos e aquíferos subterrâneos pela infiltração dos medicamentos e hormônios usados nas criações animais. O Brasil é o maior país consumidor de agrotóxico do mundo. Existem diversas pesquisas onde se comprova que os agrotóxicos são maléficos para a saúde animal e humana. Os animais sofrem diariamente com maus tratos e inserção de anabolizantes, antibióticos e hormônios que são considerados maléficos. As grandes quantidades de hormônios ingeridas pelos animais antes do abate são utilizadas para o crescimento do animal em larga escala, também acabam sendo ingeridas pelos consumidores, que fazem com que a captação de bactérias seja facilitada. Existem países que não aceitam a entrada de carne com anabolizantes dentro do país para precaver a saúde de sua população. Um exemplo disso é o continente europeu, como alega a folha londrina. As situações a que os animais são submetidos fazem com que eles passem por picos de estresse interferindo diretamente na qualidade da carne. Além de todos esses problemas, o consumo de carne também pode causar contaminação química por defensivos agrícolas, falta de biodiversidade, desmatamento, uso abusivo de água e, por fim, a contaminação dos produtos de origem animal devido ao uso inadequado de produtos veterinários para o tratamento de enfermidades dos animais e de agrotóxicos e fertilizantes químicos nas pastagens. Após a produção da carne, o produto é conduzido até os seus consumidores. A carne vermelha possui toxinas como cadaverina, fenol, putrescina, indol e escantol, o que caracteriza o alimento como mais maléfico do que benéfico. O alimento pode causar prisão de ventre, leva a uma maior tendência a inflamações e infecções diversas, como colite, dermatoses, apendicite, amidalite, fluxos e corrimentos. As existências das toxinas dão resistência maior a bactérias patogênicas, além de ser um alimento altamente cancerígeno. É importante citar que no grupo vegetariano quase não existem pessoas com câncer. Além do que a carne também pode ser considerada supracitada, como um alimento ainda menos saudável pelos produtos químicos introduzidos durante o seu processamento. O Sulfito de sódio, o nitrato de potássio, e o dietilbestrol 36


são produtos químicos ligados a diversos problemas de saúde com consequências imprevisíveis de médio e longo prazo. O organismo humano não é adaptado para o consumo regular da carne, pois possui músculos de difícil digestão, podendo ser comprovado pelo tamanho dos nossos dentes e do tubo digestivo. Não é possível negar que a carne possui um alto valor nutritivo e proteico, porém os produtos químicos, antibióticos e outros elementos da carne fazem com que ela seja considerada o alimento não tão saudável, além de sua produção interferir drasticamente no meio ambiente e na vida humana. Como já menciondo acima, a indústria pecuária utiliza-se de hormônios prejudiciais à saúde humana para acelerar e maximizar a produção de carne e isso é um de diversos artifícios utilizados por essa indústria para manter o monopólio alimentício mundial. Outra manobra usada é a criação de animais em países com pouca regulamentação para questões ambientais, pois isso reduz o preço de produção da carne barateando o preço. O Brasil, por exemplo, é um dos maiores produtores de carne no mundo, além disso, a indústria pecuária também é uma das maiores culpadas em relação à fome mundial, já que os cereais que servem de alimento para gado poderiam ser destinados à população. É importante deixar claro que a indústria pecuária apenas supre 30% da demanda de carne no Brasil, o resto é provido pela agricultura familiar. Além desses problemas existem também as péssimas condições que os animais vivem, já nascidos para o abate, poucos têm a chance de ter um contato materno, muitos deles considerados defeituosos para o consumo já são sacrificados ao nascer, o resto é trancafiado em jaulas minúsculas não lhes é permitido movimento, para que estes não desenvolvam músculos deixando a carne mais mole para o consumo. Esses animais vivem sem higiene nenhuma e seus dejetos são despejados em lagos e rios, com todo esse stress diário a imunidade desses animais cai, fazendo com que tenha a necessidade do uso antibióticos, anabolizantes e toxinas extremamente prejudiciais à saúde deles. No caso da indústria bovina as fêmeas são obrigadas a produzir dez vezes mais leite do que o natural, gerando diversas doenças, enquanto os machos ao nascerem são separados de suas mães e já presos sendo alimentados por leite com diversas toxinas, ao crescerem são levados para o abatedouro, onde por desespero, o boi dilata sua pupila e libera substâncias tóxicas em seu sangue e isso é passado para a carne que nós comemos. Tanto o mau trato dos animais tanto a destruição do meio ambiente para a produção de carne fez com que diversas ONG’s surgissem para combater essas situações, como, por exemplo, o instituto Nina Rosa que além de gerar conscientização através do documentário “a carne é fraca” também luta pelos direitos dos animais, pregando o veganismo e o vegetarianismo, que ao contrário do que o senso comum diz, nós não precisamos da carne para viver, ela mais prejudica do que ajuda.

Conclusão As soluções para os problemas que a indústria da carne gera não são tão simples, mas para começar a resolvê-los, o primeiro e talvez mais importante passo é parar de comer carne, mesmo que não completamente. Outro passo para tentar mudar a situação que a ganância do homem capitalista colocou o planeta, é difundir essas informações, tentar inserir nas pautas ambientais essa questão que é tão pouco discutida comparada à sua relevância, ter sempre em mente que todas as outras pautas e medidas de proteção ao meio ambiente, apesar de muito importantes, nem se comparam ao impacto ambiental que a carne gera no Planeta Terra. E isso não significa que essas questões devam ser esquecidas, mas sempre lembrar que o consumo da carne deveria ser uma das pautas centrais do ambientalismo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

https://www.greenpeace.org/brasil/participe/reduza-seu-consumo-de-carne/ http://site.sabesp.com.br/site/Default.aspx https://cetesb.sp.gov.br/biogas/2017/10/01/o-papel-da-flatulencia-dos-bovinos-no-aquecimento-global-e-largamente-subestimado/ https://www.menos1lixo.com.br/posts/a-industria-que-mais-consome-agua-no-mundo Documentário “Cowspiracy” Documentário “A Carne é Fraca” https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/2619438/prosa-rural---uso-correto-dos-agrotoxicos-na-pecuaria https://www.beefpoint.com.br/efeitos-do-estresse-pre-abate-na-qualidade-da-carne-4958/ https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/nutricao/carne-vermelha/50336

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