Parque Urbano e Temático da Cultura Popular Cearense

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DANIEL DA SILVA LEAL MEDEIROS

PARQUE URBANO E TEMÁTICO DA CULTURA POPULAR CEARENSE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Fortaleza como requisito parcial para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista Orientadora: Profª Me Maria Christina

FORTALEZA 2018


Ilmo(a) Arquiteto(a) e Urbanista, É com grande satisfação que o recebemos como convidado a membro da banca de avaliação do Trabalho de Conclusão de Curso intitulado ____________________________________________________________________________________ de autoria do(a) formando(a) ____________________________________________________________________________________ Você receberá junto a esta carta de apresentação, um caderno de volume único que deverá conter relatório de pesquisa, com contextualização/justificativa do tema, referencial teórico/conceitual, referencial técnico/projetual, e proposta de projeto apresentado em memorial justificativo. O caderno é de diagramação livre, sendo o trabalho de comunicação visual parte de seu escopo. Assim, os desenhos técnicos podem ser apresentados ao longo do material textual, respeitando as normas técnicas próprias do campo de atuação da Arquitetura e Urbanismo. No verso desta página, encontra-se uma Ficha de Avaliação Individual com critérios que norteiam a aferição da nota do trabalho. A nota final (mínima de 6,0 para aprovação) será composta pela média das notas dos membros da banca. As apresentações orais são abertas ao público. O formando tem tempo de 20 minutos para defesa do trabalho, com acréscimo de 10 minutos de tolerância. Após sua conclusão, prosseguem as considerações dos membros da banca. Este trabalho será apresentado às ____ horas do dia ______/______/_____, na sala ______. Para localizar a sala, visualize abaixo o mapa do nosso campus. As bancas de TCC acontecem nas edificações em destaque. A citar: blocos A, B, C, J e 6 (Centro de Convivência, onde se encontra a Videoteca). Desejamos que tenha um momento rico de trocas de conhecimentos. Cordialmente, A Coordenação de Arquitetura e Urbanismo.


FICHA DE AVALIAÇÃO INDIVIDUAL TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Nome do(a) aluno(a):_____________________________________________ Data da defesa:________/________/________ CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO LEVANTAMENTO, ANÁLISE E SÍNTESE CONCEITUAL E TÉCNICA Vale 3,0 S* P* N* Aspectos conceituais: pertinência e relevância dos referenciais conceituais. Levantamento, leitura e análise: aplicação da metodologia e coerência na análise das informações levantadas como suporte ao desenvolvimento do plano e/ou projeto. Análise técnica: análise crítica da legislação vigente e dos referenciais projetuais. PROJETO Vale 6,0 Coerência da proposta: plano urbano e/ou programa de necessidades desenvolvido em conformidade com o tema escolhido e com os aspetos conceituais e técnicos apresentados. Coerência das soluções quanto aos condicionantes sociais, históricos e físicoambientais (conforto) do lugar proposto para o projeto. Articulação dos espaços propostos: coerência na organização, funcionalidade, acessibilidade, dimensionamento e interação entre espaços e seus fluxos. Implantação: adequação da proposta à legislação vigente, incluindo a consideração das áreas livres e sua relação entre volumes da topografia, das edificações e das vegetações. Aspectos técnicos e construtivos: exequibilidade e coerência da proposta na definição de infraestruturas, sistemas construtivos, sistemas estruturais, instalações, vedações, drenagens etc. Exequibilidade e coerência da proposta em definição dos elementos de urbanização, como mobiliário urbano, pavimentação, iluminação pública, sistemas de acessibilidade em todas as suas dimensões, entre outros indicativos do projeto urbanístico. Resultado formal: relação de composições, de escalas, de volumetrias, cores, texturas e contrastes. Representação gráfica: diagramação e desenho técnico apresentados com qualidade visual, organização lógica e clareza das informações do projeto. Este critério deve ser cumprido no caderno final, na apresentação de slides e nos painéis de exposição. APRESENTAÇÃO Apresentação oral: uso de linguagem adequada e dos recursos audiovisuais disponíveis, organização coerente, clareza e capacidade de síntese, cumprimento do limite de tempo de 20min (com tolerância de + 10min). QUALIFICAÇÃO O(a) aluno(a) apresentou o trabalho em evento das Qualificações e foi considerado apto a continuar? NOTA S* Sim P* Parcialmente N* Não

Vale 0,5

Vale 0,5

Nome do(a) avaliador(a):_______________________________________________________ Assinatura:__________________________________________________________________


Este trabalho é dedicado primeiramente à minha família, cujo tempo, dedicação, carinho aliados à uma eterna crença e determinação quanto o meu potencial foram fundamentais na minha caminhada acadêmica e profissional. Desde os dias de pura escassez produtiva e carência criativa até os dias mais difíceis onde o projeto parecia não prosseguir. Eu jamais esquecerei e sou eternamente grato por todo o apoio absolutamente incodicional que tive.

Em segundo lugar, agradeço aos meus amigos mais próximos e aos irmãos que a vida me deu como dádiva. Desde os eternos amigos de infância Adauto Bezerra, Gustavo José, Sérgio Aguiar, Danilo Nunes até àqueles que guardo todos os dias no coração Leonardo Marinho, Emídio Soares e Johnny Freitas, além de tantos outros que possibilitaram, acreditaram e me ajudaram a perseguir os meus objetivos durante todo o processo acadêmico, profissional e pessoal além do sonho de realizar o projeto de um parque.

Em terceiro lugar, gostaria de agradecer à todos os profissionais Arquitetos e Urbanistas além de outros que atuam em áreas distintas os quais contribuíram de alguma forma na convivência diária na Academia. Aos profissionais da área, professores atuantes nos cursos de capacitação para arquitetos e estudantes, em especial o Escritório Diorama, e os mais distintos mestres da Universidade de Fortaleza cuja capacidade de transmitir as mais diversas vertentes da Arquitetura e Urbanismo desde os princípios vitruvianos até as diretrizes urbanísticas permitiram ter uma nova visão acercas das problemáticas da profissão no cotidiano e da necessidade de sempre buscar melhorá-las. Dentre os profissionais da área dedico um parágrafo especial ao escritório Estar Urbano que me fez acreditar novamente no poder de transformação que os cidadãos possuem de transformar as suas cidades, sejam com pequenas intervenções ou com projetos mais ambiciosos. Tal poder de transformação também me despertou a necessidade de cuidado e atuação na vida das pessoas, como um todo, não somente no profissional. Às Arquitetas e Urbanistas Laura Rios e Liana Feingold que me possibilitaram exercer o meu trabalho de forma honesta, transparente e da qual eu pudesse atuar sistematica e integralmente em diferentes vertentes inerentes à atuação do profissional. Ao Estar Urbano, todo o meu amor, carinho e afeto não seriam o suficiente para expressar a gratidão de ter me renovado como estudante, profissional e ser humano. Deixo aqui o meu humilde: “muito obrigado”

Por fim, agradeço à minha orientadora, a Professora Me Maria Christina dos Martins Coelho Bessa cuja dedicação, paciência, carinho e determinação desde os primeiros passos e aceitação do tema, no ano de 2016, passando por todo o processo de estudo da área, problemáticas, projetos de referência até os percursos de desenho paisagístico, implantação, áreas a serem utilizadas. Sem o seu apoio incondicional não chegaria perto sequer de onde almejei chegar. Minha eterna gratidão.


Ficha catalográfica da obra elaborada pelo autor através do programa de geração automática da Biblioteca Central da Universidade de Fortaleza

Medeiros, Daniel da Silva Leal . Parque Urbano e Temático da Cultura Popular Cearense / Daniel da Silva Leal Medeiros. - 2018 88 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade de Fortaleza. Curso de Arquitetura E Urbanismo, Fortaleza, 2018. Orientação: Maria Christina dos Martins Coelho Bessa. 1. Parque. 2. Urbano. 3. Temático. 4. Ceará. I. Bessa, Maria Christina dos Martins Coelho. II. Título.


DANIEL DA SILVA LEAL MEDEIROS

PARQUE URBANO E TEMÁTICO DA CULTURA POPULAR CEARENSE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Fortaleza como requisito parcial para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista.

Aprovado em: ____/____/____

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________ Profª Me Maria Christina dos Martins Coelho Bessa Universidade de Fortaleza

_________________________________________________________ Profª Me Bruna Gripp Ibiapina Universidade de Fortaleza

__________________________________________________________ Profª Me Roberta Vastro Aguiar Tomaz


RESUMO Este trabalho é um projeto de pesquisa acerca da implantação de um novo equipamento urbano para a cidade de Fortaleza: o Parque Urbano e Temático da Cultura Popular Cearense. Desta maneira, o estudo é desenvolvido a partir da justificativa de implementação deste tipo de empreendimento na capital cearense pautando-se em objetivos que possuem como finalidade, sobretudo, incentivar a cultura popular, o consciente uso e preservação do meio ambiente natural em um parque urbano além de propor um novo pensamento e reformulação da questão dos parques temáticos no Brasil.

Palavras-chaves: Parque temático; Parque Urbano; Cultura; Ceará


ABSTRACT This work is a research project about the implantation of a new urban equipment for the city of Fortaleza: the Urban and Theme Park of Popular Culture of Cearรก. In this way, the study is developed from the justification of implementation of this type of enterprise in the capital of Cearรก based on objectives that aim, above all, to encourage popular culture, the conscious use and preservation of the natural environment in an urban park besides proposing a new thought and reformulation of the theme parks in Brazil.

Keywords: Theme park; Urban Park; Culture;


Lista de figuras Figura 1 - Fotografia interna do Parque Tivoli Gardens na cidade de Copenhagen, Dinamarca. . ............................................................................12 Figura 2 - Fotografia tirada dentro do Central Park o qual ilustra o setor temático Victoria Gardens na localizado dentro do parque.....................12 Figura 3 - Infográfico gerado pelo site G1 com dados retirados da TEA (Themed Entertainment Association).......................................................13 Figura 4 - Imagem ilustrativa retirada do Ministério do Turismo o qual busca incentivar e reiterar a contribuição dos parques temáticos brasileiros para a economia do País..............................................................................................................................................................................................14 Figura 5 - Fotografia tirada no dia do “opening day”, isto é, o dia da abertura cuja data é o dia primeiro de outubro de 1971. Neste dia, o complexo Disney foi inaugurado com o seu parque mais conhecido o Magic Kingdom além de três resorts. Nos anos seguintes deste mesmo dia novos parques e resorts foram inaugurados tanto em Orlando quanto em outras partes do mundo...........................................................................14 Figura 6 - Monumento que ilustra os personagens do clássico literário “Alice no País das Maravilhas”..................................................................15 Figura 7 - Novos voos para a cidade geram ainda mais turismo urbano e consequente colocam a cidade de Fortaleza no panorama de investidores internacionais..............................................................................................................................................................................................................16 Figura 8 – Os parques de diversão possuem alta popularidade em diversos países desenvolvidos como os Estados Unidos. Abaixo a fotografia de um parque temático de escala megaparque.................................................................................................................................................................20 Figura 9 – Imagem retirada do site oficial do Parque da Mônica o qual ilustra valores de ingressos, segundo pesquisa feita pelo autor em agosto de 2018........................................................................................................................................................................................................................21 Figura 10 – Imagem retirada do site oficial do Beach Park o qual ilustra valores de ingressos, segundo pesquisa feita pelo autor em agosto de 2018............................................................................................................................................................................................................................22 Figura 11 – Imagem retirada do site IBGE Cidades onde demonstra o panorama relacionado ao Trabalho e Rendimento da população Aquirazense............................................................................................................................................................................................................................22 Figura 12 – Os arquitetos responsáveis pelo projeto das instalações do Google em Zurique utilizaram como partido ambientes pautados essencialmente na Arquitetura Lúdica como forma de estimular a criatividade dos seus funcionários...................................................................................23 Figura 13 – A imagem evidencia a Praça das Flores, revitalizada por meio de uma política público-privada entre prefeitura e incorporadora cearense em 2016.............................................................................................................................................................................................................24 Figura 14 – A Arquitetura Lúdica é presente não apenas nos escritórios, mas principalmente nos parques europeus como forma de incentivo a diversão e estímulos sensoriais. Na imagem, o mobiliário fica presente no parque Bijlmerpark em Amsterdam.....................................................24 Figura 15 – Reportagem retirada do site do Jornal O Povo a qual noticia a implantação da roda-gigante em Fortaleza, equipamento cuja altura ultrapassa ícones arquitetônicos brasileiros como o Elevador Lacerda, em Salvador e o Cristo Redentor, no Rio de janeiro..................................25 Figura 16 – Fotografia área de 1972 a qual demonstra a comunidade do Serviluz com vasta ocupação em relação ao seu entorno........................26 Figura 17 - A praia do Titanzinho, em Fortaleza, por exemplo, é um local onde a paisagem simbólica se faz presente não apenas para os moradores das comunidades locais como também é considerada um patrimônio cultural para os usuários das práticas locais do surf...........................26 Figura 18 - A imagem abaixo demonstra as ligações de pontos, linhas e superfícies que nortearam o projeto do Parc de La Villette. Desta maneira os arquitetos construíram em suas convergências edifícios e jardins temáticos para que servissem de pontos de referência aos visitantes do parque

30 Figura 19 - Parque itinerante Europa Kids o qual demonstra a utilização da área de eventos para a locação de um parque itinerante....................31 Figura 20 – A Arquitetura Lúdica é presente não apenas nos escritórios, mas principalmente nos parques europeus como forma de incentivo a diversão e estímulos sensoriais. Na imagem, o mobiliário fica presente no parque Bijlmerpark em Amsterdam.....................................................31


Figura 21 – Fotografia retirada no Jardim dos Ventos e Dunas. As arquitetas paisagistas Isabelle Devin e Catherine Rannou utilizaram-se de estruturas diversas para compor o espaço infantil, como postes em formato de estrutura eólica além de percursos que se assemelham ao formato de dunas...........................................................................................................................................................................................................................32 Figura 22 - Planta humanizada do Parc de La Villette com lista dos diversos equipamentos artísticos presentes no parque além da localização dos jardins temáticos dispostos na malha desenhada pelos arquitetos responsáveis pelo projeto....................................................................................32 Figura 23 – Perspectiva do edifício do Grande Halle, no Parc De La Villette...........................................................................................................33 Figura 24 – Fotografia do labirinto, espaço localizado em um dos três jardins do Parc De Bercy............................................................................34 Figura 25 – Fotografia da planta humanizada presente próximo ao Parc De Bercy. No mapa é possível perceber a presença das edificações que foram preservadas como a Maison Du Jardinage e a Maison Du Lac, as quais, respectivamente, funcionam uma biblioteca e o escritório da Agência Parisiense de Clima...............................................................................................................................................................................................34 Figura 26 – Mapa humanizado do Central Park o qual demonstra as mais de trinta atrações que o parque oferece.................................................35 Figura 27 – Fachada do Museu Metropolitano de Arte localizado na porção leste do Central Park..........................................................................36 Figura 28 – Mapa-formiga detalhando localização do bairro do Cais do Porto no município de Fortaleza.............................................................40 Figura 29 – Reportagem do site do Jornal O Povo demonstrando a importância do novo Porto do Pecém para a economia do Estado..................41 Figura 30 – Reportagem retirada do site do Jornal O Povo o qual informa “Os prédios na área de alcance do facho de luz poderão ter limite de altura, no mínimo, 30% maior do que o atua. Isso ocorre porque a altura do farol limita a altura das construções da região˜. Tal fato corrobora a possibilidade de especulação imobiliária intensa na região........................................................................................................................................41 Figura 31 – Mapa da população total segundo bairros de Fortaleza. ........................................................................................................................42 Figura 32 – Mapa de usos do solo do bairro Cais do Porto........................................................................................................................................42 Figura 33 – Mapa do percentual da população extremamente pobre de Fortaleza mostra a região do Cais do Porto como o segundo pior índice..43 Figura 34 – Mapa em percentual da distribuição de homicídios por bairros de Fortaleza.........................................................................................43 Figura 35 – Mapa de relações ambientais e sócio-infra-estruturais foi produzido para analisar a região em diferentes espectros tais como a relação entre a topografia, o mapeamento das ZEIS segundo o PDP-FOR (2009), as Áreas de Proteção Permanentes (APPs) e a drenagem urbana nos anos de 1990 e 2010....................................................................................................................................................................................................44 Figura 36 – Mapa de contextualização do Plano Diretor Participativo (2009) de Fortaleza, o qual denota a relação entre os o que existe na área atualmente e o que está proposto na lei......................................................................................................................................................................45 Figura 37 – Mapa conceito da intervenção da área em forma de aplicação da OUC.................................................................................................46 Figura 38 – Mapa contendo o plano de mobilidade urbana proposto para o perímetro da OUC...............................................................................47 Figura 39 – Mapa contendo o plano de sistema de espaços livres proposto para o perímetro da OUC.....................................................................48 Figura 40 – Mapa contendo a localização do terreno do Parque Urbano e Temático da Cultura Popular Cearense..................................................49 Figura 41 – Primeiro estudo do diagrama conceitual paisagístico do Parque Urbano e Temático da Cultura Popular Cearense..............................50 Figura 42 – Diagrama conceitual dos setores do parque............................................................................................................................................50 Figura 43 – Estudo paisagístico para a complementação do partido, a partir da designação consecutiva dos setores interligada pelo grande percurso central.....................................................................................................................................................................................................................51 Figura 44 (à esquerda) – Imagem área feita em 2014 a partir de fotografia gerada pelo Google Earth;....................................................................52 Figura 45 (à direita) - Edição feita pela autor ilustrando os armazéns que seráõ mantidos para a execução do projeto............................................52 Figura 46 – Perspectiva aérea ilustrando parte do terreno de implantação do parque, demonstrando, mais a frente na imagem, o armazém A-3...52


Sumário 1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................................................................................................14 1.1 Justificativa e contextualização.............................................................................................................................................................................14 1.2.Objetivos de pesquisa...........................................................................................................................................................................................18 1.2.1.Objetivo geral:...................................................................................................................................................................................................18 1.2.2.Objetivos específicos:........................................................................................................................................................................................18 1.3.Procedimentos de pesquisa...................................................................................................................................................................................18

2 REFERENCIAL CONCEITUAL............................................................................................................................................................................22 2.1.Espaços públicos e parques temáticos..................................................................................................................................................................22 2.1.1.Parques de diversão e entretenimento................................................................................................................................................................22 2.1.2.Relações entre parques temáticos e a segregação urbana nas cidades...............................................................................................................23 2.2.O lúdico como ferramenta para Arquitetura e o lazer urbano...............................................................................................................................25 2.3.Crescimento e turismo urbano de Fortaleza..........................................................................................................................................................27 2.4.Paisagismo como ferramenta para criação de espaços com valor simbólico de paisagem...................................................................................27

3.REFERENCIAL PROJETUAL...............................................................................................................................................................................32 3.1.Parc De La Villette, Paris - França........................................................................................................................................................................32 3.2.Parc De Bercy, Paris - França...............................................................................................................................................................................35 3.3.Central Park, Nova Iorque - Estados Unidos........................................................................................................................................................37

4.REFERENCIAL CONCEITUAL E PROJETUAL.................................................................................................................................................42 4.1.Diagnóstico e análise da área................................................................................................................................................................................42 4.1.1.Apresentação e informações gerais acerca da região.........................................................................................................................................42 4.1.2.Aspectos socioeconômicos da região.................................................................................................................................................................44 4.1.3.Relação dos aspectos infra estruturais e ambientais da região..........................................................................................................................46 4.1.4.Análise dos aspectos da região, segundo o Plano Diretor Participativo (2009)................................................................................................47 4.1.5.Elaboração do plano conceito com base em uma delimitação de Operação Urbana Consorciada para a região..............................................48 4.1.6.Plano de mobilidade urbana proposto para a região delimitada da Operação Urbana Consorciada.................................................................49


4.1.7.Plano do sistema de espaços livres proposto para a região delimitada da Operação Urbana Consorciada.......................................................50 4.2.Escolha do terreno de projeto...............................................................................................................................................................................51 4.2.1.Justificativa da escolha.......................................................................................................................................................................................51 4.2.2. Diagrama Conceitual Paisagístico....................................................................................................................................................................51 4.2.4. Memorial descritivo - Retrofit dos armazéns....................................................................................................................................................54 4.2.5. Setorizaçao dos armarzéns................................................................................................................................................................................55

5. O PROJETO............................................................................................................................................................................................................58 5.1 Implantação na cidade e relações com entorno.....................................................................................................................................................60 5.2 Planta de acessos...................................................................................................................................................................................................62 5.3 Planta de situação..................................................................................................................................................................................................64 5.4 Planta de setorização do parque............................................................................................................................................................................66 5.4.1 Setor - Sertão......................................................................................................................................................................................................68 5.4.2 Setor - Serra.......................................................................................................................................................................................................70 5.4.3 Setor - Litoral.....................................................................................................................................................................................................72 5.5 Programa de necessidades de outros projetos propostos para o parque................................................................................................................ 74 5.6 Perspectivas........................................................................................................................................................................................................... 79 5.7 Cortes Gerais.........................................................................................................................................................................................................82

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................................................................................................84 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................................................................................................82


Introdução


Artesanato em redes de Irauçúba, no Ceará Fotografia: Silvana Tarelho


1. INTRODUÇÃO

Pretende-se neste trabalho elaborar o projeto de um novo parque urbano, lúdico e popular cujo nome é Parque Urbano

e Temático da Cultura Popular Cearense que apresentará, desenvolverá e perpetuar a história e cultura popular do povo do Ceará, por meio de atrações que privilegiam a convivência pública na cidade de Fortaleza.

1.1 Justificativa e contextualização Este trabalho possui pautas problemáticas como: a ausência de espaço públicos efetivamente utilizados pela população dentro do contexto urbano da cidade; insuficiência de áreas urbanas com áreas verdes significativas que auxiliem na diminuição dos impactos gerados pelas ilhas de calor locais, de espaços públicos que possam incentivar, informar e divulgar a população acerca de temas ligados à cultura popular do Estado. Figura 1 - Fotografia interna do Parque Tivoli Gardens na cidade de Copenhagen, Dinamarca.

Fonte: Complex Mania, 2018

Pensa-se que a aplicação de um parque público e temático é notável quanto a sua eficácia na solução e amenização dos problemas acima citados visto que a construção de um espaço público arborizado, acessível economicamente e com espaços os quais incentivam a cultura local e a apropriação do espaço público possuem precursores em todo o mundo. Parques como o Tivoli Gardens, em Copenhagen (Fig. 1) e o Central Park, em Nova Iorque (Fig. 2) são exemplos de espaços que dialogam o público e o privado de maneira sustentável e acessível à população, não somente aos turistas, como veremos abaixo. Figura 2 - Fotografia tirada dentro do Central Park o qual ilustra o setor temático Victoria Gardens na localizado dentro do parque.

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Fonte: NYC loves NYC, 2012


Afim de gerar conhecimento sobre a história do povo cearense, resolver a ineficácia dos espaços públicos em relação ao entretenimento e lazer da população fortalezense no que tange, a escassez de espaços acessíveis economicamente por parte dos cidadãos. No que tange ao entretenimento nos diversos espaços na cidade de Fortaleza, temos uma carência quanto ao acesso financeiro por parte da população em relação à utilização de espaços privados. Locais como shopping centers, por exemplo, têm sido o principal uso da população em geral para diversas atividades relacionadas ao consumo, e não somente ao lazer. Nestes espaços, então, temos uma apropriação mercantilista do lazer ao restringir o uso apenas às pessoas as quais possuem poder aquisitivo para acessá-lo. Trazendo tais problemáticas para o setor de parques temáticos, especialmente no Brasil, temos uma comprovada crise decorrente não apenas do modelo de negócio empregado por este tipo de espaço voltado ao entretenimento como também da insuficiência de uso por turistas nacionais, internacionais e moradores locais. Dentre os motivos que corroboram o fato citado acima pela reportagem do site G1 temos, por exemplo, problemas administrativos do negócio, gastos elevados pela compra e manutenção das atrações do parque, oferta de experiência e serviços inferiores aos padrões de outros parques internacionais, fracasso de atração de turistas locais e de outras cidades brasileiras e número de visitantes abaixo da expectativa financeira do parque. O infográfico (Fig. 3) presente na mesma reportagem, o qual analisa o crescimento do número de visitante no período entre 2015 e 2016, permite analisar que certos parques sofreram diretamente com a queda do número de visitantes, entretanto, outros parques conseguiram ter um aumento no índice de usuários (TEA, 2015). Dentre os parques os quais obtiveram saldo positivo de visitantes no período relacionado, como o Beach Park, no Ceará, e o parque Thermas dos Laranjais localizado em Olímpia no Estado de São Paulo, podemos perceber que a maioria está enquadrada na categoria de parques aquáticos e que tais atrações se encontram em cidades que possuem forte poder turístico e econômico por si só em questão de atrair novos turistas. Assim, é possível inferir que existe uma forte interdependência das cidades turísticas e de seus parques temáticos locais, como é possível notar na presença e influência destes espaços construídos presentes em Orlando, na Flórida, por exemplo. Então, pode-se concluir que o parque temático exclusivamente privado não é dependente e não é uma atração turística por si só suficiente para ser sustentável e ser mantida a longo prazo pois está intrinsecamente ligada à cidade a qual está implantado (ALVARENGA, 2017). Figura 3 - Infográfico gerado pelo site G1 com dados retirados da TEA (Themed Entertainment Association).

Fonte: Site G1, 2017

Tais fatores acima citados podem ser relacionados com os dados listados na imagem a seguir (Fig. 4) retirada do site do Ministério do Turismo em matéria publicado no ano de 2017. É importante ressaltar que em tais dados não constam valores os quais são gastos com publicidade, manutenção e outros fatores financeiros os quais são citados como motivos do encerramento nas atividades de diversos parques temáticos brasileiros, incluindo o PlayCenter e o Hopi Hari em São Paulo, cujas atividades foram suspensas no ano passado e têm aguardado desde então uma recuperação judicial para assim evitar a falência. A Associação dos Parques de Diversões do Brasil (ADIBRA), entretanto, reconhece que o setor de parques de diversões ainda está em ascensão no País e assim conta com o Ministério do Turismo, Instituto Brasileiro de Turismo e outros órgãos e instituições tais como a International Association of Amusement Parks and Attractions (IAAPA) para que, em parceria, possam consolidar e incentivar o mercado do setor no Brasil (ADIBRA, 2015).

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Figura 4 - Imagem ilustrativa retirada do Ministério do Turismo o qual busca incentivar e reiterar a contribuição dos parques temáticos brasileiros para a economia do País.

Fonte: Ministério do Turismo, 2015

Pode-se notar também que a correspondência entre quantidade de parques e a escala de sua construção em relação à cidade de implantação pode gerar, dependendo do nível de infraestrutura do município, áreas de especulação imobiliária além de possivelmente ocasionar um forte conflito socioeconômico de dependência do equipamento em relação à cidade no que tange a geração de renda e emprego por meio do Turismo, por exemplo. Cidades como Orlando nos Estados Unidos e, em menor escala, Gold Coast na Austrália tornaram-se bastante famosas principalmente pela implantação de diversos megaparques que atraem milhões visitantes todos os anos e basicamente utilizam-se do Turismo como principal ferramenta econômica. Assim, estas cidades receberam elevados investimentos públicos e privados em infraestrutura urbana e hoteleira para que pudessem comportar a quantidade de turistas também de forma a aliar e sustentar a economia local existente de maneira a torná-la promissora ao longo dos anos. Figura 5 - Fotografia tirada no dia do “opening day”, isto é, o dia da abertura cuja data é o dia primeiro de outubro de 1971. Neste dia, o complexo Disney foi inaugurado com o seu parque mais conhecido o Magic Kingdom além de três resorts. Nos anos seguintes deste mesmo dia novos parques e resorts foram inaugurados tanto em Orlando quanto em outras partes do mundo.

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Fonte: Disney Park Blog, 2010


Desta maneira é possível perceber que o modelo exclusivamente de acesso privado ao parque temático está em lenta ascensão no País e que tal conceito pode e deve ser recriado de modo que busque ser sustentável financeiramente para garantir longevidade econômica e o acesso pelos moradores locais tornando possível, sobretudo, além do incentivo à cultura local, o qual podemos também aliar aos fatores de apropriação do espaço pela população turística local e de outras cidades brasileiras. Tal fato mostra-se em segundo plano no que pode-se notar que alguns dos parques temáticos brasileiros citados, pois estes não optam por ter vínculos com a cultura local e são, por si só, ambientes lúdicos criados com o objetivo exclusivo de ter um ambiente fantasioso dentro do parque com histórias e temas que os quais nem sempre dialogam com a cultura do povo a qual o equipamento está inserido, sendo a Disneylândia um parque que dialoga bem com a cultura norte americana nos seus espaços internos. Em contrapartida aos parques exclusivamente privados apresenta-se o Central Park, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Criado em 1858, recebe cerca de 30 milhões de turistas por ano, sendo um dos parques urbanos mais visitados do mundo. Fruto do projeto dos arquitetos paisagistas Frederick Law Olmsted e Calvert Vaux este parque dialoga não somente com a história da cidade e da cultura local e mundial, como o marco “Imagine” em memória ao falecido cantor John Lennon e a escultura de Alice da clássica literatura “Alice no País das Maravilhas”, mas também com o contexto urbano do seu entorno, sendo um espaço que traz ruptura ao caos urbano da cidade de Nova Iorque. Além de tais marcos citados acima, o parque também possui atrações turísticas pagas como o Museu Americano de História Natural, o Castelo de Belvedere e o Parque sazonal Victoria Gardens. Figura 6 - Monumento que ilustra os personagens do clássico literário “Alice no País das Maravilhas”.

Fonte: Centralpark.com, 2018

Diante do panorma apresentado, área de estudo deste trabalho, a cidade de Fortaleza, no entanto, é considerada como um dos municípios que mais investem em Turismo no Brasil, seja o urbano ou o natural. Desta maneira a cidade recebe milhões de turistas todos os anos e recebe investimentos, assim como outras metrópoles acima citadas, para comportar e acolher os visitantes adequadamente. A cidade, entretanto, sofre de problemas socioeconômicos e infra estruturais bem mais graves que os outros centros urbanos acima citados, culminando num desequilíbrio entre as classes sociais. Tais problemáticas são características da produção do espaço urbano brasileiro as quais também estão presentes em outras cidades brasileiras, porém, o que deve ser ressaltado é que a cidade de Fortaleza, por possuir local geográfico estratégico em relação aos países desenvolvidos, clima estável e constante durante o ano e atração gerada pelo poder público para investidores, torna-se um munícipio favorável para investimentos externos em diversos tipos de equipamentos turísticos. Tais fatores já estão sendo conjugados e consequências já estão acontecendo como a chegada de HUBs (Fig. 7) internacionais nos ramos da aviação o que vai ocasionar a chegada e o trânsito de visitantes das mais diversas partes do mundo. Isto demonstra ainda mais que a cidade pode ficar vulnerável a investimentos privados e que é preciso, por parte do poder público, fiscalizar e gerenciar tais investimentos de modo a gerenciar os espaços de potenciais construtivos e de espaço urbano de acordo com as necessidades da população a qual está disposta em tais locais de investimento.

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Figura 7 - Novos voos para a cidade geram ainda mais turismo urbano e consequente colocam a cidade de Fortaleza no panorama de investidores internacionais.

Fonte: Jornal O Povo, 2018

1.2. Objetivos de pesquisa 1.2.1. Objetivo geral: Frente às problemáticas apresentadas, este trabalho tem por objetivo geral criar um Parque Temático da Cultura Popular Cearense. Será um novo espaço público de lazer que dialogue com a cidade e com a população de forma a promover a cultura popular cearense de forma temática com objetivo de ensino, educação e informação além de apenas um espaço para lazer para os cidadãos da cidade de Fortaleza.

1.2.2. Objetivos específicos: 1.2.2.1.

Criar novo espaço público que utilize atrações gratuitas e pagas como forma de diversificar o entretenimento na cidade;

1.2.2.2.

Utilizar a Arquitetura e Paisagismo com linguagem lúdica como forma de prover a popularização do conhecimento acerca da cul-

tura popular cearense aos cidadãos e turistas; 1.2.2.3.

Conceber um parque dentro da cidade de Fortaleza que possibilite a apropriação dos espaços;

1.2.2.4.

Utilizar os espaços livres como maneira de amenizar a possível especulação imobiliária a qual a zona está proposta.

1.3. Procedimentos de pesquisa Para o desenvolvimento deste trabalho foi desenvolvida uma pesquisa bibliográfica e documental em livros, sites de internet, dados de pesquisa do ministério e secretaria de turismo. Foi feita uma pesquisa de campo para compreender assim como a visita aos espaços públicos da cidade, tais como o Parque Botânico do Ceará. Depois foi feita uma análise de projetos em relação com outros espaços mundialmente conhecidos com alto índice de utilização além da relação com destes locais com os parques temáticos e, por sua vez, a possibilidade de relação com a cidade, possibilitando uma compreensão ampla do assunto. Elaborar um programa de necessidades das áreas livres e construídas; e escolher terreno que se adeque ao tema.

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Referencial conceitual


A canjica é um das principais comidas típicas do região nordeste e do Ceará Fotografia: Deposit Photos


2. REFERENCIAL CONCEITUAL Este capítulo abordará aspectos conceituais sobre os parques temáticos. Sua importância se dá pela compreensão e explicação dos termos citados anteriormente e importantes para a compreensão do tema, como por exemplo o que é cultura, as classificações dos parques temáticos e suas e as relações que esse tipo de equipamento promove na cidade.

2.1. Espaços públicos e parques temáticos 2.1.1. Parques de diversão e entretenimento As definições de parques de diversão, no que tange a bibliografia brasileira, aos termos econômicos e sociais utilizados no Brasil foram definidas pelos institutos do Serviços Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e Instituto Paulista de Ensino e Pesquisa (IPEP) de modo que tal classificação destes espaços são obedecidas seguindo três tipos: 1) pelo tipo de uso do parque, 2) pela classificação de localização; 3) pela escala sócio espacial. (SEBRAE, 2011) A primeira classificação diz a respeito se o parque de diversão é temático, aquático ou de diversão tradicionais. a) O parque temático se utiliza propriamente de linguagem arquitetônica lúdica e nos seus espaços internos para formarem um contexto e atmosfera fantasiosa para seus usuários de modo a contarem uma ou mais histórias a partir de um tema abordado. b) O parque aquático segue a abordagem de ambientes pautadas na utilização de piscinas naturais ou artificiais para fins de lazer de modo a utilizar de tobogãs e outros equipamentos envolvendo o uso da água para lazer e diversão. c) Os parque de diversão tradicionais não apresenta quaisquer temáticas sendo como de simples intuito a adequação dos brinquedos existentes ao local os quais estão sendo implantados. A segunda tipologia diz a respeito sobre a localização, podendo um parque ser indoor ou outdoor, os quais são parques construídos em áreas fechadas, ou outdoor, cujo parque é ao ar livre. A terceira classificação diz respeito à escala de um parque: 1) Megaparques, os quais possui o maior investimento financeiro dentre os parques de diversão e tendo um público de abrangência nacional e internacional; 2) Grande, tendo investimento, alcance de público e, consequentemente, tamanho menor; 3) Pequeno, a qual possui poder de alcance reduzido à população localizada no entorno do parque e não tendo capacidade de atração turística suficiente senão pela própria cidade a qual está localizado o parque (VANUCCI, 1999). Figura 8 – Os parques de diversão possuem alta popularidade em diversos países desenvolvidos como os Estados Unidos. Abaixo a fotografia de um parque temático de escala megaparque.

Fotografia: Montreal Visitors Guide, 2016

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2.1.2. Relações entre parques temáticos e a segregação urbana nas cidades A análise acerca do debate acadêmico entre a construção de parques temáticos e segregação urbana parte do pressuposto que estes espaços possuem diretrizes voltadas ao teor socioeconômico e territorial, visto que são locais cuja acessibilidade econômica torna-se inviável por maior parte da população a qual acabam não usufruindo tais espaços. Por conseguinte, temos a questão territorial a qual é explícita por (Caldeira, 2000, p.258) ao colocar tal classificação de parque como “enclaves fortificados” cuja definição “são propriedades privadas para uso coletivo e enfatizam o valor do privado ao mesmo tempo em que desvalorizam o que é público e aberto na cidade”. Desta maneira, a questão territorial torna-se um fator agravante e que consolida a segregação urbana aliando aos fatores sociais e econômicos. Partindo de tal definição podemos citar os enclaves como o não-diálogo de espaços privados com a cidade, tendo como principal intuito o isolamento desses locais com o espaço público. No entanto, e como foi mostrado no desenvolvimento deste trabalho, é possível encontrar projetos mundialmente conhecidos cuja solução de relação público-privada foi feita com sucesso, sendo acessível economicamente e aceita socialmente pela população, como é notado no Parc De La Villette, em Paris. É possível traçarmos também um panorama acerca da implantação de parques temáticos em shoppings centers brasileiros e a segregação sócioeconômica. O Parque da Mônica, por exemplo, cuja concepção está localizada no Shopping SP Market, na cidade de São Paulo, é um parque temático relacionado à série de história e quadrinhos “Turma da Mônica”. O parque possui direcionamento principal ao público infantil, entretanto, as histórias de Mõnica e sua turma alcançam pessoas de todas as idades, o que leva ao empreendimento um alcance maior no seu público alvo e maior empatia do público brasileiro. Pela escolha de sua localização ser em um shopping center, o Parque da Mônica possui encargos mais elevados de aluguel do que em um espaço público ou terreno externo, além do valor de manutenção elevado de suas atrações, o que reflete consequentemente em um alto preço de seus ingressos. Na tabela a seguir (Fig. 9) temos os valores de entrada do parque segundo pesquisa em agosto de 2018. Estabelecendo como base, em agosto de 2018, o salário mínimo de R$954,00 e para efeito de parâmetro um passeio de um adulto, o valor seria de R$154,00, o que corresponde à aproximadamente 16,75% da renda mínima brasileira. Tal porcentagem denota, assim, uma segregação econômica, visto que corresponde à um alto valor ser pago para fins de lazer e fruição no qual maior parte dos brasileiros, sobretudo na cidade de São Paulo, não possui condições econômicas para desembolsar. Figura 9 – Imagem retirada do site oficial do Parque da Mônica o qual ilustra valores de ingressos, segundo pesquisa feita pelo autor em agosto de 2018.

Fonte: Site Oficial do Parque da Mônica, 2018

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Em um exemplo fora dos centros comerciais e na realidade sócioeconômica do Estado do Ceará, temos o parque aquático Beach Park, localizado no município de Aquiraz. Este parque de diversão, assim como o exemplo anteriormente citado, também abrange atrações para públicos de todas as idades. Para fins de classificação do parque, discriminados no item 2.1.1 deste trabalho, o Beach Park possui escala de “megaparque”, sendo um empreendimento o qual possui estrutura de alto nível e que recebe turistas de várias partes do Brasil e do mundo. Na Figura 10, é possível perceber que o ingresso é variável, possuindo opções para até 7 dias de uso contínuo do parque. Dispondo novamente como base o salário mínimo de R$954,00 referente ao mês de agosto de 2018 e utilizando o parâmetro do exemplo anterior do Parque da Mônica de 1 (hum) ingresso para um adulto, podemos perceber que o valor total da entrada para um dia no parque seria de R$225,00. Tal valor acarreta numa porcentagem de 23,58% da renda mínima mensal estabelecida no país, sendo um valor muito alto apenas para o ingresso no parque, ou seja, sem considerar o valor gasto em alimentação e transporte, por exemplo. Figura 10 – Imagem retirada do site oficial do Beach Park o qual ilustra valores de ingressos, segundo pesquisa feita pelo autor em agosto de 2018.

Fonte: Site Oficial do Beach Park, 2018

Ao analisarmos a realidade econômica do município de Aquiraz temos, segundo o IBGE Cidades (2010), um dado de 44,9% como percentual da população com rendimento nominal mensal per capita de até 1/2 salário mínimo (Fig. 11),. Tal dado demonstra que menos da metade da população aquirazense poderia usufruir do Beach Park e seus serviços, entretanto, seria um valor ainda muito alto apenas para lazer e que comprometeria o orçamento para serviços básicos como moradia, transporte e alimentação. Figura 11 – Imagem retirada do site IBGE Cidades onde demonstra o panorama relacionado ao Trabalho e Rendimento da população Aquirazense.

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Fonte: IBGE Cidades, 2018


Finalmente, é possível analisarmos acerca dos exemplos citados do Parque da Mônica e Beach Park como um lazer direcionado a um público de poder aquisitivo médio a elevado, tendo em vista que ocupa uma porcentagem significativa em relação ao salário mínimo mensal instituído no Brasil. Desta maneira, tais parques produzem uma segregação sócioeconômica, pois apenas parcela menor da população além de turistas advindos de outras partes do Brasil e do mundo podem usufruir dos equipamentos e de seus serviços.

2.2. O lúdico como ferramenta para Arquitetura e o lazer urbano A Arquitetura Lúdica possui seus conceitos baseados em intervenções no ambiente arquitetônico ou de áreas comuns internas ou externas com base no pretexto de estimular os cinco sentidos, a criatividade das pessoas que usam aquele espaço e acentuar a produtividade dos usuários daquele espaço. A atividade da Arquitetura Lúdica é comumente direcionada ao público infantil por possuir como conceitos de suas intervenções a utilização de diversas cores como estímulo não apenas visual como também de comunicação. Entretanto, existem ambientes como os escritórios da empresa Google, por exemplo, que se utilizaram da Arquitetura Lúdica para estimular o pensamento criativo e a aumentar a produtividade dos seus funcionários aplicando não apenas paletas de cores diversas como também mobiliários e equipamentos para lazer como piscina de bolinhas, salões de jogos, entre outros. Desta maneira, o Google alega que a produtividade e a criatividade de seus funcionários aumentaram consideravelmente depois das intervenções lúdicas realizadas nos diversos escritórios espalhados pelo mundo. Figura 12 – Os arquitetos responsáveis pelo projeto das instalações do Google em Zurique utilizaram como partido ambientes pautados essencialmente na Arquitetura Lúdica como forma de estimular a criatividade dos seus funcionários

Fonte: Divulgação Google, 2012

Nos espaços públicos de Fortaleza temos poucas intervenções de Arquitetura Lúdica visto que são equipamentos os quais os investidores e a prefeitura possuem receio de aplicar por possuírem manutenção consideravelmente alta e também pelos diversos atos de vandalismo os quais estão submetidos outros equipamentos já existentes. Em Fortaleza, por exemplo, temos como objeto de análise equipamentos urbanos como a Praça das Flores, localizada no bairro Aldeota, área nobre do município. Tal construção paisagística possui equipamentos diversos para a população, oferecendo espaços designados para o serviço de floricultura o qual é gerenciado por comerciantes locais, além de possuir quadra poliesportiva, playground e um largo passeio externo circundante onde os usuários praticam corrida aeróbica. Entretanto há de se observar que não houve quaisquer preocupações com elementos de paisagem enquadrados no direcionamento lúdico do paisagismo. Tal fato pode ser corroborado pela ausência de diversos elementos que pudessem estimular os sentidos humanos, deixando a cargo apenas à ocasional presença do mercado de floricultura presente na praça que não possui papel efetivo estimulante aos passeantes.

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Nos espaços públicos de Fortaleza temos poucas intervenções de Arquitetura Lúdica visto que são equipamentos os quais os investidores e a prefeitura possuem receio de aplicar por possuírem manutenção consideravelmente alta e também pelos diversos atos de vandalismo os quais estão submetidos outros equipamentos já existentes. Em Fortaleza, por exemplo, temos como objeto de análise equipamentos urbanos como a Praça das Flores, localizada no bairro Aldeota, área nobre do município. Tal construção paisagística possui equipamentos diversos para a população, oferecendo espaços designados para o serviço de floricultura o qual é gerenciado por comerciantes locais, além de possuir quadra poliesportiva, playground e um largo passeio externo circundante onde os usuários praticam corrida aeróbica. Entretanto há de se observar que não houve quaisquer preocupações com elementos de paisagem enquadrados no direcionamento lúdico do paisagismo. Tal fato pode ser corroborado pela ausência de diversos elementos que pudessem estimular os sentidos humanos, deixando a cargo apenas à ocasional presença do mercado de floricultura presente na praça que não possui papel efetivo estimulante aos passeantes. Figura 13 – A imagem evidencia a Praça das Flores, revitalizada por meio de uma política público-privada entre prefeitura e incorporadora cearense em 2016.

Fotografia: Revista Vós, 2016.

Desta maneira é notável observar que a Arquitetura Lúdica possui diversas ferramentas de intervenção nos espaços públicos e privados de maneira a considerá-los ambientes mais criativos, divertidos e que criam, sobretudo, uma atmosfera para seus usuários. No caso da cidade de Fortaleza, é importante salientar que tais intervenções lúdicas devem aplicadas com mais veêmencia e serem acompanhadas também pela população de maneira que se utilizem da apropriação do espaço e da identificação social geradas por estas intervenções como maneiras fundamentais a dar longevidade a estes equipamentos. Figura 14 – A Arquitetura Lúdica é presente não apenas nos escritórios, mas principalmente nos parques europeus como forma de incentivo a diversão e estímulos sensoriais. Na imagem, o mobiliário fica presente no parque Bijlmerpark em Amsterdam.

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Fotografia e projeto: Carve Landscape Architecture


2.3. Crescimento e turismo urbano de Fortaleza A cidade de Fortaleza possui crescimento e produção do espaço urbano semelhante às diversas cidades brasileiras. Características como a desigualdade na balança socioeconômica, desrespeito às questões ambientais, produção mercantilista e imobiliária desenfreada e desregulada, estado ineficiente em tratar as questões sociais econômicas de forma a amenizar as diferenças entre as classes sociais e os atores de produção do espaço urbano, entre outros fatores, são apenas algumas causas e consequências do que hoje se tornou a cidade. Além disso, Fortaleza é tida como uma cidade de potencial turístico altíssimo sendo definida como “A” no estudo feito pelo Ministério do Turismo. Sendo tal classificação a mais alta por gerar um trânsito de turistas nacionais e internacionais a cidade também se tornou a ficar vulnerável a investimentos privados internacionais em equipamentos urbanos, como é o caso da construção do Oceanário e do novo equipamento de “roda-gigante” que será localizado em um dos espigões da Praia da Beira-Mar. O que é importante salientar é que tais investidores externos, sendo nacionais de outros estados brasileiros ou internacionais possuem maior liberdade em relação à Prefeitura para aprovação e execução de tais equipamentos pois possuem índice de captação de renda alto para cidade e poder público, pondo o turismo como principal fonte econômica do município. Figura 15 – Reportagem retirada do site do Jornal O Povo a qual noticia a implantação da roda-gigante em Fortaleza, equipamento cuja altura ultrapassa ícones arquitetônicos brasileiros como o Elevador Lacerda, em Salvador e o Cristo Redentor, no Rio de janeiro.

Fonte: Jornal O Povo, 2018.

Desta maneira, a “vulnerabilidade” da cidade em relação a esses investimentos torna-se evidente a partir do ponto que acabam não somente por acentuar a desigualdade sócio-econômica-espacial, visto que geralmente são localizados em terrenos próximos a comunidades de baixíssimo poder aquisitivo, levando ao processo de gentrificação também comum na produção do espaço urbano brasileiro, como também pode acentuar ainda mais densidade de grupos de alto poder aquisitivo no entorno destes equipamentos.

2.4. Paisagismo como ferramenta para criação de espaços com valor simbólico de paisagem O Paisagismo, segundo o dicionário, é a “ciência que envolve a arte e a técnica de planejar e organizar a paisagem para possibilitar ao homem maior aproveitamento e fruição de grandes espaços externos de uso coletivo” (MATTIUZ, S/D). Como é implícita em sua definição, o Paisagismo encontra-se na aplicação de espaços como jardins e parques no intuito de fazer uso de métodos e de diversos elementos para a composição de um projeto paisagístico . Podemos citar, por exemplo, a pavimentação, equipamentos urbanos, elementos de projeção artística, a arborização além da composição em planos e estudos de análise sensorial e topoceptiva fim de obter-se objetivo a qual o Arquiteto-Paisagista se propõe a apresentar para aquele projet O Paisagismo também é aplicado de maneira que procura, a partir da paisagem simbólica, relações intrínsecas entre as os habitantes de um lugar, local que frequentam e as atividades que exercem. Elementos da paisagem como a natureza, a cultura, economia, história, as dinâmicas, percepções e os elementos antrópicos se misturam resultando no valor simbólico de cada espaço. A paisagem simbólica, por sua vez, constitui-se de aspectos que incorporam o cotidiano, os costumes e a cultura, compondo os elementos da

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paisagem. Desta maneira, uma paisagem simbólica representa necessariamente não uma composição as quais estejam edifícios enquadrados como patrimônio aquitetônicos em um espaço, mas sim um local que, por meio das vivências, crenças, hábitos e diversos costumes culturais transmitidos adquirem uma característica de lugar definida como uma paisagem vernacular. Este tipo de denominação comumente não é legimitada como patrimônio histórico, entretanto, pode-se dizer que as relações feitas pelo sujeito em um espaço e seu entorno permitem traçar memórias as quais designam um lugar, desta maneira, assim, a paisagem além de vernacular também é uma “paisagem-memória”(COSTA, 2008). Estas construções e designações simbólicas dos territórios também podem ser classificadas, segundo Cosgrove (1989), como: paisagens da cultura dominante, alternativas, emergentes, residuais e excluídas. Atendo-se à ultima classificação, temos na cidade de Fortaleza, a área do Titanzinho, a qual possui uma paisagem simbólica excluída em relação ao contexto geral do município e da região a qual está inserida. A localidade fica na comunidade de baixo poder aquisitivo do Serviluz a qual assim como outros assentamentos precários é naturalmente segregada ao contexto da cidade formal. Entretanto, a praia do Titanzinho apresenta um valor simbólico não só pelos moradores que residem há décadas na comunidade, mas também por parte do entornos e de moradores de outras localidades os quais, pela prática cotidiana do surf, por exemplo, construíram relações cognitivas com a comunidade e sua paisagem natural. Figura 16 – Fotografia área de 1972 a qual demonstra a comunidade do Serviluz com vasta ocupação em relação ao seu entorno.

Fonte: Autor desconhecido, 1972.

É importante ressaltar que, como cita Costa (2008, p.149) “As paisagens excluídas que muitas vezes são marginalizadas, por não conterem um aspecto estético que justifiquem como tal, também trazem consigo um forte poder simbólico”, ou seja, mesmo os assentamentos tidos como precários e excluídos possuem papel fundamental na produção do espaço urbano de um município, pois contam a história não apenas de seus moradores como também de toda a cidade, como acontece na relação do Titanzinho. Figura 17 - A praia do Titanzinho, em Fortaleza, por exemplo, é um local onde a paisagem simbólica se faz presente não apenas para os moradores das comunidades locais como também é considerada um patrimônio cultural para os usuários das práticas locais do surf.

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Fotografia: Fortaleza em fotos, 2014.


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Referencial projetual


Artesanato cearense em areias coloridas CrĂŠditos: egrou.net.br


3. REFERENCIAL PROJETUAL

3.1. Parc De La Villette, Paris - França Temos como exemplo de projeto de referência principal o Parc de La Villette em Paris. Construído em 1987, o parque é fruto de um programa de revitalização de áreas abandonadas e o projeto vencido pelos arquitetos do escritório Bernard Tschumi Architects traz um espaço público recheado de atrações e que dialoga bem com a cultura. Como escreve Eduardo Souza (2013) em artigo pelo site Arch Daily: “Ao contrário das outras propostas na competição, o projeto vencedor não seguiu uma mentalidade tradicional com a paisagem e a natureza como forças dominantes. Ao contrário, o Parc de La Villette foi imaginado com um lugar de cultura onde o natural e o artificial se mesclam em um estado de constante reconfiguração e descoberta.” Figura 18 - A imagem abaixo demonstra as ligações de pontos, linhas e superfícies que nortearam o projeto do Parc de La Villette. Desta maneira os arquitetos construíram em suas convergências edifícios e jardins temáticos para que servissem de pontos de referência aos visitantes do parque

Fonte: Site ArchDaily

O parque, então, abriga diversas atividades e edifícios de incentivo à cultura, seja por meio da música e cinema, como também ofertando espaços para grandes eventos. Desta maneira, o equipamento urbano possui eventos e programação durante diversos dias e meses do ano, incentivando o uso do espaço público dentro da cidade além de oferecer serviços e outras atrações como museus, teatros, por exemplo. Sendo assim, a disponibilidade dos equipamentos presentes no parque em diversos horários do dia estimula a utilização pela população parisiense e turistas de maneira homogênea tanto no período diurno, com a oferta de exposições nos museus, eventos infantis nos espaços multifuncionais, quanto no período noturno em que os bares, cafés e restaurantes abrem para ofertar os seus serviços aos visitantes que vêm ao parque para os diversos shows, concertos e outros eventos que acontecem no

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período da noite.


Figura 19 - Parque itinerante Europa Kids o qual demonstra a utilização da área de eventos para a locação de um parque itinerante.

Fonte: Site Europa Kids

Nos seus 135 hectares de área, dos quais 85 são ocupados por áreas verdes, o parque preocupa-se também em agregar espaços reservados à manutenção da flora e fauna locais. Desta maneira, os arquitetos responsáveis pelo projeto demonstraram cuidado não somente em incentivar a preservação como também de disponibilizar espaços que pudessem ser pensando afim de relacionar os visitantes com o meio ambiente natural. Para que tais ações fossem contempladas arquitetos paisagistas foram contratados para projetar os 12 jardins temáticos dos quais estão espalhados nos pontos de referência diversos citados anteriormente na Figura 17. Figura 20 – A Arquitetura Lúdica é presente não apenas nos escritórios, mas principalmente nos parques europeus como forma de incentivo a diversão e estímulos sensoriais. Na imagem, o mobiliário fica presente no parque Bijlmerpark em Amsterdam.

Fotografia: Site Le Paris des Petits

Tais jardins possuem entre si diferenças na vegetação aplicada, nas ações para tornar a paisagem produtiva, nos mobiliários e outros elementos lúdicos, em táticas do Paisagismo para estimular os sentidos humanos, entre outras aplicações. A maneira que estes elementos são inseridos em cada jardim denomina basicamente a predominância de cada espaço, como por exemplo, o Jardim da Treliça, o qual segundo o site do Parc de La Villette (2018) o descreve como “As trepadeiras montadas em uma grande treliça formam um teto para o jardim sombreado projetado por Gilles Vexlard. As plantas trepadeiras e as 90 pequenas fontes que correm pelos terraços fazem dela um pequeno pedaço do paraíso das plantas. Sete esculturas de bronze, arranjadas pelo artista Jean-Max Albert, dominam esta decoração do Éden e oferecem um enquadramento particular. No outono, as uvas são colhidas para fazer o vinho da videira”. O Jardim do Dragão, por exemplo, possui este nome devido a presença de um escorregador de 80 metros de comprimento feito de metal no formato de um Dragão colorido além de possuir uma variedade de vegetações e outros mobiliários lúdicos para voltado para o público infantil. É importante ressaltar que o parque se utiliza de aplicações embasadas na Arquitetura Lúdica como ponto de interação dos visitantes seja por meio de esculturas ou por atrações itinerantes do parque.

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Figura 21 – Fotografia retirada no Jardim dos Ventos e Dunas. As arquitetas paisagistas Isabelle Devin e Catherine Rannou utilizaram-se de estruturas diversas para compor o espaço infantil, como postes em formato de estrutura eólica além de percursos que se assemelham ao formato de dunas.

Fonte: Site oficial do Parc de La Villette Figura 22 - Planta humanizada do Parc de La Villette com lista dos diversos equipamentos artísticos presentes no parque além da localização dos jardins temáticos dispostos na malha desenhada pelos arquitetos responsáveis pelo projeto

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Fonte: Site do parque de La Vilette


O Parc de La Vilette possui equipamentos diversos tais como a Cidade da Música, a qual possui duas salas de concerto, o Conservatório da Música, a Filarmônica de Paris, Museu das Ciências e da Indústria, entretanto, o que merece um maior destaque é o “Grande Halle”, em português Grande Salão, cuja data de construção é do ano de 1865. Este edifício projetado pelo arquiteto Jules de Mérindol antes era um mercado de carne e foi retrabalhado de maneira a atender as necessidades quando o terreno de abatedouro encerrou suas atividades, em 1974. Atualmente, o edifício, que possui a mesma estrutura arquitetônica de ferro e vidro de antes, hoje cumpre o uso de ser um espaço de eventos que possui foco em eventos culturais e que estimulem a diversidade social. Por meio da boa aplicação e instrumentalização dos equipamentos existentes ou trazendo aos visitantes o diálogo constante entre o meio ambiente e meio construído, o Parc De La Villette é capaz de fornecer aos usuários que o frequentam diversas experiências, sejam sensoriais, gastronômicas, artísticas, culturais e de interação social. O projeto do parque em si é um bom exemplo da possibilidade de integração dos usos privados em um ambiente predominantemente público. Figura 23 – Perspectiva do edifício do Grande Halle, no Parc De La Villette

Fonte: Site Seine-Saint-Denis Tourisme

3.2. Parc De Bercy, Paris - França Este parque, assim como o Parc de La Villette, surgiu a partir da ocupação de um local onde ficavam armazéns de vinho, cujo comércio fazia da região um pólo importante no mundo. A atividade após muito tempo de sucesso, porém, teve seu declínio por volta da década de 1920 e teve como um dos motivos, por exemplo, a evolução nas técnicas de armazenamento dos vinhos. Com o passar do tempo, na década de 1970, os armazéns foram demolidos até a prefeitura de Paris decidir que o espaço seria utilizado um parque de 13 hectares. Em 1987, de maneira semelhante ao Parc De La Villette, houve um concurso público para o parque o qual foi vencedor o projeto dos arquitetos paisagistas Bernard Huet, Madeleine Ferrand, Jean-Pierre Feugas Bernard Leroy e também pelos profissionais Ian Le Caisne e Philippe Raguin. Com o intuito de preservar a memória e a paisagem simbólica dos antigos armazéns de vinho foram preservadas diversas árvores, os trilhos da antiga ferrovia que percorriam o local para abastecer e escoar a produção além de incentivar a fim de manter a cultura do vinho foram implantados vinhedos para que houvesse uma colheita sazonal do vinho, remetendo aos antigos usos que o espaço era designado.

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Figura 24 – Fotografia do labirinto, espaço localizado em um dos três jardins do Parc De Bercy.

Fotografia: Site Direto de Paris, 2015

O parque, então, é composto por três jardins: o jardim romântico, o qual possui fontes, esculturas e presença de diversos tipos de vegetações que percorrem os caminhos internos do parque; o Pélouse (gramado), é onde fica localizado uma obra do arquiteto Frank Gehry a qual foi destinada inicialmente ao uso do Centro Cultural Americano, entretanto, atualmente é utilizada pela Cinemateca Francesa; e, finalmente, os Canteiros, onde estão localizados o pomar, a Casa de Jardinagem e Estufa, o jardim de rosas, o labirinto e o jardim de aromas. Figura 25 – Fotografia da planta humanizada presente próximo ao Parc De Bercy. No mapa é possível perceber a presença das edificações que foram preservadas como a Maison Du Jardinage e a Maison Du Lac, as quais, respectivamente, funcionam uma biblioteca e o escritório da Agência Parisiense de Clima.

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Fotografia: Site EUtouring.com, 2018.


3.3. Central Park, Nova Iorque - Estados Unidos Este parque, considerado ícone de uma das principais cidades do mundo, surgiu de um projeto ganhador de uma competição em 1858 para um equipamento que buscasse não apenas a melhora da saúde pública como também contribuísse de forma grandiosa para a formação da sociedade local nova iorquina. Figura 26 – Mapa humanizado do Central Park o qual demonstra as mais de trinta atrações que o parque oferece.

Fonte: Open Street Map, 2018

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Desta maneira, o jornalista e agricultor de Frederick Law Olmsted (1822-1903) e o arquiteto nascido inglês Calvert Vaux (1925-1895) criaram para o espaço de aproximadamente 303 hectares um plano chamado “Greensward” cujo intuito era projetar o parque de modo que ele fosse vasto como as grandes pradarias norte-americanas, sendo coberto por vegetações de grande porte e buscando o objetivo do visitante em sentir-se no meio natural em plena área urbana. Atualmente, a visão dos responsáveis pelo projeto é mantida na preservação e conservação realizadas pelo Instituto de Conservação do Central Park o qual também realiza consultoria para administrações públicas a manterem a integridade histórica e natural dos seus parques. Desta maneira, o Central Park foi pensado para relacionar o ambiental natural com espaços urbanizados que pudessem ser aproveitados de modo a incentivar a preservação da história, atividades lúdicas além de eventos culturais que o parque possui atualmente. Sendo assim, o parque possui diversos equipamentos que provém tais atividades, como por exemplo o Museu Metropolitano de Arte, cujo espaço é considerado uma das maiores galerias de arte do mundo, abrigando obras de diversas épocas da História. Figura 27 – Fachada do Museu Metropolitano de Arte localizado na porção leste do Central Park.

Fonte: Reserve New York City

Além de todas as suas atrações arquitetônicas e marcos esculturais, como memorial em homenagem ao cantor John Lennon, o parque também oferece atividades diversas como passeios à cavalo, cinemas e shows ao livre, buscando mesclar as atividades voltadas ao meio privado e também de forma gratuita, fornecida pelo poder público. Desta maneira o Central Park busca equalizar o convívio urbano com o meio natural sem fugir da proposta inicial de seus idealizadores e promovendo o incentivo à cultura e atividades locais.

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Referencial conceitual e projetual


AMANHÃ

Amanhã, ilusão doce e fagueira, Linda rosa molhada pelo orvalho; Amanhã, findarei o meu trabalho, Amanhã, muito cedo, irei à feira. Desta forma, na vida passageira, Como aquele que vive do baralho, Um espera a melhora no agasalho E outro, a cura feliz de uma cegueira. Com o belo amanhã que ilude a gente, Cada qual anda alegre e sorridente, Como quem vai atrás de um talismã. Com o peito repleto de esperança, Porém, nunca nós temos a lembrança De que a morte também chega amanhã.

Patatitva do assaré

IMAGEM: REPRODUÇÃO/JOSÉ SOARES DA SILVA (MESTRE DILA) Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/especial/2017/05/03/Os-versos-e-tra%C3%A7os-da-literatura-de-cordel 2018 | Todos os direitos deste material são reservados ao NEXO JORNAL LTDA., conforme a Lei nº 9.610/98. A sua publicação, redistribuição, transmissão e reescrita sem autorização prévia é proibida.


4. REFERENCIAL CONCEITUAL E PROJETUAL

4.1. Diagnóstico e análise da área 4.1.1. Apresentação e informações gerais acerca da região A área escolhida para a implantação do projeto partiu essencialmente dos pontos propostos nos objetivos gerais e específicos de pesquisa. Além disso, fora determinado que o perímetro do entorno estivesse inserido em zona urbana de potencial paisagístico para que fosse contemplada os propósitos citados no capítulo um deste trabalho. Figura 28 – Mapa-formiga detalhando localização do bairro do Cais do Porto no município de Fortaleza

Fonte: Google Maps, 2018 (edição feita pelo autor)

Em aspectos geográficos a área escolhida compreende a região do Cais do Porto de Fortaleza, a qual está localizada na região nordeste da cidade e compreende-se entre os bairros da Praia do Futuro, ao sudeste, e Mucuripe ao sudoeste. Estando localizado na Regional II na distribuição administrativa da cidade de Fortaleza, o bairro possui, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010), população total de 22.382 habitantes distribuídos em uma área de 2,56 km² e um IDH de 0,223. Esta região possui alta incidência de ventos devido à sua localização e a proveniência de ventos advindos nos sentidos leste-oeste e sudeste-noroeste, entretanto, há baixo aproveitamento pela população local pois o bairro encontra-se pouco ocupado por habitações sociais devido à grande incidência de indústrias na região, que aproveitam os grandes terrenos para exercer atividades diversas. Na região do bairro existe a presença de empresas que exercem a indústria de base e da construção civil as quais ocupam glebas consideráveis dos terrenos do bairro por motivos de facilitação no escoamento da produção e dos produtos advindos dos contêineres que chegam nos cargueiros devido à localização do Porto do Mucuripe. Entretanto, com a construção do Porto do Pecém há fortes indícios que estas empresas saiam da região para a nova angra devido às diversas limitações de logística os quais o atual porto sofre. A sua posição estratégica e a movimentação maior de navios e consequentemente fluxo elevado de contêineres, como cita Varela (2017), além da intenção de transformá-lo em um HUB para cargas marítimas, confere ao Porto do Pecém a grande possibilidade de possuir ocupação das empresas cearenses e nacionais que ocupam atualmente o Porto do Mucuripe.

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Figura 29 – Reportagem do site do Jornal O Povo demonstrando a importância do novo Porto do Pecém para a economia do Estado.

Fonte: Jornal O Povo, 2017

Desta maneira, a saída das empresas hoje localizadas no Cais do Porto acarretará uma forte e elevada mudança no panorama geográfico da região. Tal movimentação ao Pecém ocorrerá de forma gradativa e tornará diversos terrenos vazios urbanos e sujeitos à uma forte especulação imobiliária, visto que a região tem um potencial paisagístico, construtivo e uma das zonas restantes as quais são pouco urbanizadas e que se encontra próxima a outros bairros bem infra estruturados na capital cearense, como o Meireles. Tal expansão imobiliária futura na região é iminente não somente devido aos novos vazios urbanos que surgirão, mas também à implantação do novo farol de 72 metros de altura (Fig. 29), o qual possibilita a construção de edificações com gabarito máximo segundo o Plano Diretor Participativo de Fortaleza (2009) e que pode acarretar também no fenômeno da gentrificação de comunidades carentes locais, como o Serviluz e morro Santa Teresinha. Figura 30 – Reportagem retirada do site do Jornal O Povo o qual informa “Os prédios na área de alcance do facho de luz poderão ter limite de altura, no mínimo, 30% maior do que o atua. Isso ocorre porque a altura do farol limita a altura das construções da região˜. Tal fato corrobora a possibilidade de especulação imobiliária intensa na região.

Fonte:– Jornal O Povo, 2017.

45


4.1.2. Aspectos socioeconômicos da região A partir dos dados do IBGE e do Instituto de Pesquisa Econômica do Ceará (IPECE) temos a região do Cais do Porto como um dos bairros mais populosos da capital cearense. Tal panorama ao ser relacionada com a baixa predominância de habitações de interesse social na região, como mostra o mapa de uso do solo abaixo, permite inferir que exista uma forte incidência de coabitações e densidade populacional na região das comunidades, onde existe o uso majoritariamente habitacional da região. Figura 31 – Mapa da população total segundo bairros de Fortaleza.

Fonte: IBGE | IPECE, 2010. Figura 32 – Mapa de usos do solo do bairro Cais do Porto.

46

Fonte: Prefeitura de Fortaleza, 2007.


O bairro possui um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) igual a 0,223 o que coloca o bairro como um dos piores índices da capital cearense. Tal fato pode ser atribuído a ausência de muitos equipamentos urbanos essenciais à serviço dos moradores locais, baixo nível de infraestrutura básica voltada à habitação social, homogeneização no uso do solo, entre outros fatores. Além de tais problemáticas, a região está, segundo o IBGE (2010), com segundo pior percentual referente à população extremamente pobre da capital cearense, como é mostrada na imagem abaixo. A região consta, nos dados da mesma pesquisa, com uma renda salarial média de R$393,02, o que denota também as condições precárias as quais os habitantes da região estão sujeitos. Figura 33 – Mapa do percentual da população extremamente pobre de Fortaleza mostra a região do Cais do Porto como o segundo pior índice.

Fonte: IBGE | IPECE, 2010.

Sendo assim, é possível inferir que a região esteja sujeita à problemas sociais comuns a espaços urbanos segregados e excluídos socialmente. Tal fato pode ser conferido no mapa abaixo, o qual coloca a região e os bairros adjacentes, como o Vicente Pinzón e Praia do Futuro, com índices elevados em crimes de homicídio ao mesmo tempo que se encontra segregado em relação ao bairro do Mucuripe, cujo índice é positivo. Figura 34 – Mapa em percentual da distribuição de homicídios por bairros de Fortaleza

Fonte: IBGE | IPECE, 2010.

No que tange os aspectos sócio econômicos gerais a região possui diversas problemáticas quanto à renda, violência social e além da elevada densidade populacional presentes nas comunidades carentes locais. O bairro possui potencial de tornar-se mais equilibrado economicamente com outras regiões da cidade desde que possua investimentos em educação, além de equipamentos urbanos que possam promover capacitação profissional aos moradores locais que existem na área afim de alavancar a renda, escolaridade e níveis de desenvolvimento humano ideais.

47


4.1.3. Relação dos aspectos infra estruturais e ambientais da região A partir do cruzamento de informações advindas dos dados fornecidos pela Prefeitura de Fortaleza e da correlação entre pontos os quais dizem respeito à topografia, localização das comunidades que estão enquadradas como Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS), às Áreas de Proteção Permanente (APPs) e a drenagem urbana, foi observado os seguintes pontos: 1. É notável a ausência de vegetação de ciliar ou de infraestrutura verde no entorno imediato de recursos hídricos cuja localização encontra-se nas APPs. Tal fato entre em desacordo com os artigos 64 e 65 do Código Florestal brasileiro; 2. É possível observar a insuficiência de sistemas de drenagem na região, sobretudo na região central e nas regiões onde se localizam as comunidades (ZEIS) e também nos recursos hídricos da região. Desta maneira é possível inferir diversos pontos de alagamento principalmente em regiões próximas à grandes declividades no terreno; 3. Tendo como parâmetros a topografia acentuada, regiões onde há altíssima densidade construtiva e relacionando-os com a insuficiência de sistemas de drenagem da região é possível também obtermos um panorama em relação às áreas de risco para ocupação. É importante ressaltar que as áreas de APP são impróprias potencial habitacional ou de outro uso do solo; 4. Podemos observar que além da infraestrutura carente nas regiões das ZEIS (zonas vermelhas) encontramos casas em áreas de risco tanto próximas às grandes declividades quanto às zonas de alagamento próximas à ZPA 2 - Faixa de praia (Zona de proteção ambiental); Figura 35 – Mapa de relações ambientais e sócio-infra-estruturais foi produzido para analisar a região em diferentes espectros tais como a relação entre a topografia, o mapeamento das ZEIS segundo o PDP-FOR (2009), as Áreas de Proteção Permanentes (APPs) e a drenagem urbana nos anos de 1990 e 2010.

48

Fonte: Mapa produzido pelo autor com dados da Prefeitura de Fortaleza em diferentes anos, 2018.


4.1.4. Análise dos aspectos da região, segundo o Plano Diretor Participativo (2009) Na elaboração de parâmetros acerca das relações entre os parâmetros existentes na lei principal do município de Fortaleza, fora observados os seguintes pontos: 1. É possível observar a existência de edificações em destaque (ZPA 2 - Faixa de praia). Tais edificações, segundo o PDP-FOR (2009), não deveriam existir na região; 2. A partir da relação entre a delimitação da ZIA-Praia do Futuro e o atual panorama de lotes na área é necessário repensar o PDP-FOR de modo a proteger as áreas de dunas devido a sua importância ambiental e de manutenção do lençol freático; 3. Com a potencial saída do Porto do Mucuripe demonstra-se viável e ambientalmente favorável a recuperação da faixa de praia anteriormente existente na área; 4. A área a qual compreende o Terminal Marítimo de passageiros fora adicionada ao Plano Diretor de Fortaleza (PDP-FOR | 2009) de modo que sua construção fosse viabilizada na ZO 6 (Zona de Orla 6. O edifício pode ser considerado de impacto ambiental negativo visto que descontinua a ZPA 2 Faixa de Praia na parte nordeste da região; 5. Pode-se observar com o mapa acima a importância da regularização das ZEIS de Ocupação presentes nas áreas das comunidades do Serviluz, Titanzinho e Morro Santa Teresinha, visto que com a prevista expansão imobiliária para essa região da cidade de Fortaleza torna-se necessária proteger o patrimônio presentes na forma das comunidades; Figura 36 – Mapa de contextualização do Plano Diretor Participativo (2009) de Fortaleza, o qual denota a relação entre os o que existe na área atualmente e o que está proposto na lei.

Fonte: Mapa produzido pelo autor com dados da Prefeitura de Fortaleza em diferentes anos, 2018.

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4.1.5. Elaboração do plano conceito com base em uma delimitação de Operação Urbana Consorciada para a região No projeto da OUC o conceito foi baseado no plano de sistema de espaços livres integrando-o por meio da mobilidade urbana. Para tal integração dos espaços livres fora utilizada a delimitação de zonas de incentivo e preservação predominantes das quais foram divididas em três pontos estruturantes de conceito: ecologia, história e cultura, as quais se tornariam, respectivamente, nas Área de Incentivo Ecológico, Área de Turismo e História e Área de Patrimônio Industrial. Desta maneira, busca-se a inclusão dos três pontos para que sejam levados em contas programas de necessidades dos espaços livres voltados para tais temas abordados. Tal conceito fora baseado em um fluxograma que integra os espaços livres de modo que estejam baseados no programa de necessidades de cada área proposta, propondo atrações, equipamentos e investimentos que estejam relacionados com cada zona de maneira a incentivar cada fundamento-base do sistema. Figura 37 – Mapa conceito da intervenção da área em forma de aplicação da OUC.

50

Fonte: Mapa produzido pelo autor com dados da Prefeitura de Fortaleza em diferentes anos, 2018.


4.1.6. ciada

Plano de mobilidade urbana proposto para a região delimitada da Operação Urbana ConsorO plano de mobilidade urbana acima baseia-se, principalmente, nas diretrizes propostas na Política Nacional de Mobilidade Urbana na forma

da Lei nº 12.587/2012, a qual institui prioridades nos modais como forma de melhorar a qualidade de vida das pessoas nas cidades e do transporte público como um todo. Sendo assim, este plano distribui as hierarquias de maneira a buscar privilegiar a ordem de prioridade proposta na lei, sendo ela: transportes não-motorizados, transportes públicos, transportes de carga e transportes individuais motorizados. Com estas diretrizes como bases o plano também incorpora a comunidade do Serviluz e suas vias internas como pontos de restruturação e requalificação urbana de modo à respeitar ao máximo o tecido urbano existente da comunidade. Como ponto de diminuir o fluxo próximo à região de espaços livres propostos na área localizada na Área de Patrimônio Industrial, fora proposta uma amenização dos fluxos na forma de fluxos compartilhados de maneira a propor vias de priorização de afim de beneficiar pedestres e ciclistas. Figura 38 – Mapa contendo o plano de mobilidade urbana proposto para o perímetro da OUC.

Fonte: Mapa produzido pelo autor com dados da Prefeitura de Fortaleza em diferentes anos, 2018.

51


4.1.7. Plano do sistema de espaços livres proposto para a região delimitada da Operação Urbana Consorciada Neste sistema fora proposto uma integração por meio da mobilidade urbana como eixo de ligação entre os diversos espaços livres novos e existentes de maneira que interligassem não somente as distintas classes econômicas encontradas na área, como também propor nos limites do perímetro da OUC, novas áreas livres de modo a propor inclusão de novos e nas suas adjacências e, em escala geral, da cidade de Fortaleza. Como eixo de integração, também foi incluso um parque urbano como proposta de requalificação para a área do porto do Mucuripe e como ponto final do sistema de mobilidade para a área da OUC e de término do calçadão da Beira-Mar. Tais espaços livres, como já fora citado, serão implantados equipamentos diversos de predominância com acordo a área a qual está inserido além de contar com elementos presentes em sistemas de infraestrutura verde e as intenções propostas em seus elementos, sendo elas: a paisagem produtiva, mobilidade, vegetação e hidrografia. Figura 39 – Mapa contendo o plano de sistema de espaços livres proposto para o perímetro da OUC.

52

Fonte: Mapa produzido pelo autor com dados da Prefeitura de Fortaleza em diferentes anos, 2018.


4.2. Escolha do terreno de projeto 4.2.1. Justificativa da escolha

Como pautado no item 4.1.7 do capítulo anterior, o terreno escolhido para a implantação do parque compreende parte das instalações do atual Porto do Mucuripe. Com o total de 167.780,22 metros quadrados, isto é, 16,7 hectares, o terreno possui galpões utilizados para armazenamento de contêneires e outros produtos pertencentes ao Porto, o que torna possível a execução de retrofit para que sejam reutilizados com novos usos dentro do parque, tendo como base também os projetos de referência citados no Capítulo 3. Desta maneira também, o terreno escolhido possui localização estratégica por estar próximo às comunidades carentes localizadas nas zonas de ZEIS da região afim de haver a possibilidade de oferta em equipamentos que possam ser utilizados para capacitação profissional dos moradores da região e de modo a ser incentivada a utilização de espaços que possam vir a tornar-se apropriados pelos habitantesm além de buscar a preservação das atividades já existentes na comunidade. Figura 40 – Mapa contendo a localização do terreno do Parque Urbano e Temático da Cultura Popular Cearense.

Fonte: Mapa produzido pelo autor a partir da base cartográfica de Fortaleza do ano de 2010, 2018.

4.2.2. Diagrama Conceitual Paisagístico A elaboração do conceito do parque fora embasada, sobretudo, em promover o programa de Mapa Cultural do Ceará criado pelo Governo do Ceará e incentivar as diretrizes propostas no Plano Conceito (Figura 36), contudo, adaptada de forma que fosse atingida os objetivos propostos para o equipamento. Desta maneira e após a observação da disposição física do terreno na região optou-se por uma disposição linear dos espaços de modo que fosse embasada na criação de jardins lúdicos, temáticos e que possam promover o incentivo e a preservação destes. Por conseguinte, o primeiro estudo do diagrama conceitual se baseou em um eixo de incentivo e promoção da Históriao qual tornar-se-ia complementar ao Eixo Cultura do Ceará, desta maneira integrando o patrimônio existente do terreno e buscando a comunidade e outros habitantes locais a fazer do espaço com equipamentos que incentivem a cultura, história e ecossistema cearense como um todo.

53


Figura 41 – Primeiro estudo do diagrama conceitual paisagístico do Parque Urbano e Temático da Cultura Popular Cearense.

Fonte: Mapa produzido pelo autor, 2018.

No intuito de englobar a região do Ceará de maneira mais plena por meio das características culturais, históricas e vegetativas de suas respectivas regiões optou-se realizar a divisão do parque em três setores os quais demonstrariam particularidades referentes os principais espaços geográficos existentes no Estado, sendo eles: o Sertão, as Serras e o Litoral. Figura 42 – Diagrama conceitual dos setores do parque.

Fonte: Mapa produzido pelo autor, 2018.

54


Com o diagrama formado, o partido paisagístico do parque foi complementado com um grande passeio que previlegiaria pedestres e ciclistas de modo que percorreria todo a extensão maior do parque, sendo ele o sentido sudoeste-nordeste. Para a execução, influência e partido conceitual do desenho deste percurso remeteu-se ao caminho percorrido por inúmeros cearenses advindos do sertão, passando pela região serrana em direção ao litoral cearense vindo, muitos deles, de transporte ferroviário. Desta maneira, a paginação de piso deste trecho fora desenvolvida com base em tiras de madeiras horizontais remetendo aos trilhos de trem onde parte central deste passeio encontra-se a ciclovia que percorre também outros pontos do perímetro interno do parque, conectando-se também à uma ciclovia proposta nos pontos de vias arteriais próximas ao entorno do equipamento urbano. Figura 43 – Estudo paisagístico para a complementação do partido, a partir da designação consecutiva dos setores interligada pelo grande percurso central.

Fonte: Digitalização feita pelo autor, 2018t

55


4.2.4. Memorial descritivo - Retrofit dos armazéns Desta maneira, o estudo inicial de implantação e do diagrama conceitual seguiu alguns preceitos estabelecidos pelos projetos de referência citados no Capítulo 3, como o reaproveitamento de elementos construídos, no caso do terreno analisado, optou-se utilizar a estrutura dos armazéns existentes. Sendo assim, tais elementos foram estudados de acordo com questões de conforto ambiental, estruturais e de partido arquitetônico de modo que a síntese de análise levou a decisão projetual de executar o processo de retrofit nos armazéns A-3 e A-4, com área de 6.200 m² cada, além de manter metade da estrutura existente do armazém C-5. Tal medida de retrofit dos primeiros armazéns deveu-se não somente à necessidade de dar um novo uso aos armazéns mais antigos compreendidos pelo perímetro do parque cuja arquitetura de concreto maciço percorre todo o perímetro do edifício para suportar as pesadas cobertas de mesmo material, como também ao fato de serem os elementos construídos mais próximos do mar, alavacando questões de conforto térmico, visual, entre outros fatores favoráveis à tal execução. Quanto ao armazém C-5, metade da sua estrutura já seria suficiente para abrigar diversas atividades, sendo sua área útil final de 3.200m². Figura 44 (à esquerda) – Imagem área feita em 2014 a partir de fotografia gerada pelo Google Earth; Figura 45 (à direita) - Edição feita pela autor ilustrando os armazéns que seráõ mantidos para a execução do projeto

Fonte: Imagens retiradas do documento “Plano Mestre do Porto do Mucuripe” idealizado em 2015 pelas instiituições SECRETARIA DE PORTOS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA – SEP/PR ; UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC LABORATÓRIO DE TRANSPORTES E LOGÍSTICA – LABTRANS. Figura 44: edição feita pelo autor Figura 46 – Perspectiva aérea ilustrando parte do terreno de implantação do parque, demonstrando, mais a frente na imagem, o armazém A-3.

Fonte: http://www.hoteis-em-fortaleza.com/porto-do-mucuripe

Para a execução do projeto de retrofit dos armazéns citados, optou-se a pela demolição de todo o perímetro de alvenarias externas reduzindo-as a uma altura de 40cm, de modo a ser utilizado como batente na intenção de remeter aos antigos alpendres das casas do interior cearense. Desta maneira, a estrutura se fez com malha de 5x5m de pilares metálicos adaptando os propostos no perímetro de maneira a recuar 50cm para colocação de redes para descanso. Dispostos os pilares, a estrutura horizontal do armazém seria reforçada com tesouras metálicas dispostas de 5 em 5 metros interligadas com

56

vigas de aço que estariam dispostas em pontos estratégicos da estrutura da treliça metálica.


4.2.5. Setorizaçao dos armarzÊns

57


O projeto Parque Urbano e Temรกtico da cultura popular cearense



5. O projeto 5.1 Implantação na cidade e relações com entorno

60


61


5.2 Planta de acessos

62


63


5.3 Planta de situação

64


65


5.4 Planta de setorização do parque

66


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5.4 Planta de setorização do parque 5.4.1 Setor - Sertão

68


69


5.4.2 Setor - Serras

70


71


72


73


5.5 Programas de necessidades de outros projetos propostos para o parque

74


2

3

2

6

4

1

Gerência

Administração

Espaço para oficinas

Banheiros

Restaurantes/Bares

Sala de segurança e monitoramento

30 30

1

1

1

Doca de carga/descarga

50

10 10

1 1

0

-

10 10 Área total da edificação atual:

Área total da edificação atual:

15

40

-

45

15

15

10 10 10

8

Gás Lixo Área de descanso e convivência para funcionários Sala de máquinas

Pré dimensionamento:

Box com depósitos individuais Banheiros Sala da sub-gerência

882

1 1 1

Lixo (externo) Gerador (externo) Gás (externo)

Pré dimensionamento:

ÁREA UNITÁRIA (m²) TOTAL

ARTIGO(S) CORRESPONDENTE(S) - COP

50

30

30

10 20

3200

0 0

6200

15

160

-

90

45

30

10 10 10

512

-

-

Art. 446 – Os pátios de carga e descarga deverão observar as seguintes disposições: V. Terão plataforma para operações de carga e descarga, com extensão, pelo menos, correspondente a 10,00m para cada 400,00m2 ou fração da área total de construção, respeitada a extensão mínima de 100,00m;

Serviços

Pavilhão multieventos

Art. 391 – As edificações para escolas deverão ter, ainda, com acesso pelas áreas de uso comum ou coletivo, as seguintes dependências: II. Compartimentos para administração, portaria, secretaria, contabilidade e outras funções similares. A soma das áreas desses compartimentos não deverá ser inferior a 30,00m2, devendo cada um ter a área de 8,00m2, no mínimo;

Art. 286 – Nos restaurantes, os compartimentos destinados à consumição deverão apresentar área na relação mínima de 1,20m2 por pessoa. A soma da áreas desses compartimentos não poderá ser inferior a 40,00m2, devendo, cada um, ter área mínima de 8,00m2. ; Art. 287 – Além da parte destinada à consumição, os restaurantes deverão dispor de cozinha, com área correspondente, no mínimo, à relação de 1:15 da área total dos compartimentos que possam ser utilizados para consumição e que não será inferior a 10,00m2. ; Art. 288 – Havendo copa em compartimento para a despensa ou depósito de gêneros alimentícios, deverá estar ligado diretamente à cozinha e ter área mínima de 2,00m2.

"SEÇÃO III - ENSINO DE 1º GRAU E PROFISSIONAL - Art. 402 - IV. As salas especiais ou laboratórios terão área correspondente a 2,40m2 por aluno, com o mínimo de 43,00m2;" -

Art. 391 – As edificações para escolas deverão ter, ainda, com acesso pelas áreas de uso comum ou coletivo, as seguintes dependências: II. Compartimentos para administração, portaria, secretaria, contabilidade e outras funções similares. A soma das áreas desses compartimentos não deverá ser inferior a 30,00m2, devendo cada um ter a área de 8,00m2, no mínimo;

VII. As bancas ou boxes para comercialização dos produtos, bem como os eventuais compartimentos com a mesma finalidade deverão ter: a) área mínima de 6,00m2 e conter, no plano do piso, um círculo de diâmetro mínimo de 2,00m; -

Layout comum para o Mercado Gastronômico e Mercado das Artes ( CAP. XXII - Subseção VI - Mercados e supermercados)

QTD

64

SETORES

Box de vendas

75


43

4

10 10

1

Sala de som (auditório)

12

350

2

1

Recepção (auditório)

Sala de coordenação (SETOR DE CURSOS E PROFISSIONALIZAÇÃO) Salas de aula/oficina/multiusos (SETOR DE CURSOS E PROFISSIONALIZAÇÃO)

1

100

1

Auditório (plateia +palco)

Local de espera - Recepção Recepção Salões de exposições Banheiros () Salão da memória e história do Mucuripe (patrimônio material e imaterial) Salão da memória da cultura cearense (patrimônio material e imaterial)

10

100

1

Enfermaria

-

1

-

Vestiário (mas e fem)

10 5

20 20 50 -

1 1

Triagem Controle e revista

10

10

80

1 1 2 -

1

Almoxarifado

255

1

DML Central

Pré dimensionamento:

1

Cozinha/Refeitório

76 172

20

10

12

350

100

100

20 20 100 -

10

-

10 5

10

10

80

-

-

IV. Contíguo à cabina para projeção, haverá um compartimento destinado à enroladeira de filme, com dimensões mínimas no plano horizontal, de 1,00m x 1,50m e pé-direito mínimo de 3,00m; "SEÇÃO III - ENSINO DE 1º GRAU E PROFISSIONAL - Art. 402 - IV. As salas especiais ou laboratórios terão área correspondente a 2,40m2 por aluno, com o mínimo de 43,00m2;" "SEÇÃO III - ENSINO DE 1º GRAU E PROFISSIONAL - Art. 402 - IV. As salas especiais ou laboratórios terão área correspondente a 2,40m2 por aluno, com o mínimo de 43,00m2;"

Art. 376 – As edificações deverão satisfazer, além das exigências para a categoria, constantes da Seção I do presente Capítulo, aos requisitos seguintes: I. Próximo à porta de ingresso haverá um compartimento ou ambiente para recepção, ou sala de espera, com área correspondente à da sala de espetáculos (platéia), e que deverá ser obrigatoriamente na proporção mínima seguinte: b)para teatro, auditórios e outros; 12%;

Art. 356 – Os compartimentos ou recintos destinados à platéia, assistência ou auditório, cobertos ou descobertos, deverão preencher as seguintes condições: VII. A área mínima do recinto será de 80,00m2 e a menor dimensão no plano horizontal não será inferior a 6,00m;

Museu - Cultura (Espaço de exposições)

Art. 391 - IV. compartimentos para ambulatório, exames médicos, curativos e primeiros socorros. A soma das áreas desses compartimentos não deverá ser inferior a 12,00m2, devendo cada um, Ter a área de 4,00m2, no mínimo

Art. 390 - III. Vestiário para os empregados, com área na proporção mínima de 1,00m2 para cada 80,00m2, ou fração, da área total mencionada no item I, observada a área mínima de 4,00m2

Art. 390 - II. Despensa ou depósito de gêneros, com área na proporção mínima de 1,00m2 para cada 60,00m2, ou fração, da área total mencionada no item I, observada a área mínima de 4,00m2; -

Art. 390 - II. Despensa ou depósito de gêneros, com área na proporção mínima de 1,00m2 para cada 60,00m2, ou fração, da área total mencionada no item I, observada a área mínima de 4,00m2;

Art. 287 – Além da parte destinada à consumição, os restaurantes deverão dispor de cozinha, com área correspondente, no mínimo, à relação de 1:15 da área total dos compartimentos que possam ser utilizados para consumição e que não será inferior a 10,00m2.; Art. 390 – As edificações de que trata este Capítulo deverão conter com acesso pelas áreas de uso comum ou coletivo, pelo menos, os seguintes compartimentos: Art. 390 - I. Refeitório (quando houver internamento), lanchonete, copa e cozinha, tendo, em conjunto, área na proporção mínima de 1,00m2, para cada 40,00m2, ou fração, da área total dos compartimentos que possam ser utilizados para aulas, trabalhos, laboratórios, leituras e outras atividades similares. Em qualquer caso, haverá, pelo menos, um compartimento com área de 8,00m2;


3

1

3

3

3

1

Sala de administração geral

Sala de segurança e monitoramento

Copa

Gerência

Gerente geral

Sala de marketing/reservas

10

15

20

10

20

10

10

-

1

-

12

Sala de finanças

-

4

Espaços culturais multiuso para eventos Jardins temáticos, sensoriais ou lúdicos que podem ou não conter aplicações produtivas da paisagem. Utilização exclusiva de vegetação nativa; Banheiros (cada) Pré dimensionamento:

588

-

12

49

200

50

Quiosques de alimentação

1304

1

Biblioteca

Pré dimensionamento:

4

Espaços culturais multiuso para menores eventos ou exposições

77

10

45

60

30

20

30

10

-

?

-

588

200

200

Art. 391 – As edificações para escolas deverão ter, ainda, com acesso pelas áreas de uso comum ou coletivo, as seguintes dependências: II. Compartimentos para administração, portaria, secretaria, contabilidade e outras funções similares. A soma das áreas desses compartimentos não deverá ser inferior a 30,00m2, devendo cada um ter a área de 8,00m2, no mínimo;

Art. 391 – As edificações para escolas deverão ter, ainda, com acesso pelas áreas de uso comum ou coletivo, as seguintes dependências: II. Compartimentos para administração, portaria, secretaria, contabilidade e outras funções similares. A soma das áreas desses compartimentos não deverá ser inferior a 30,00m2, devendo cada um ter a área de 8,00m2, no mínimo;

Art. 391 – As edificações para escolas deverão ter, ainda, com acesso pelas áreas de uso comum ou coletivo, as seguintes dependências: II. Compartimentos para administração, portaria, secretaria, contabilidade e outras funções similares. A soma das áreas desses compartimentos não deverá ser inferior a 30,00m2, devendo cada um ter a área de 8,00m2, no mínimo;

SEÇÃO II HOTÉIS Art. 319 – Os hotéis com área total de construção superior a 750,00m2 deverão satisfazer, além das exigências para a categoria, constantes da Seção I do presente Capítulo, aos seguintes requisitos: II. Os compartimentos para copa, despensa a área de serviço terão, cada um, área mínima de 6,00m2, a qual será também acrescida de 1,00m2 para cada 50,00m2 ou fração da área total dos compartimentos para hospedagem, que exceder de 250,00m2;

Art. 391 – As edificações para escolas deverão ter, ainda, com acesso pelas áreas de uso comum ou coletivo, as seguintes dependências: II. Compartimentos para administração, portaria, secretaria, contabilidade e outras funções similares. A soma das áreas desses compartimentos não deverá ser inferior a 30,00m2, devendo cada um ter a área de 8,00m2, no mínimo;

Art. 391 – As edificações para escolas deverão ter, ainda, com acesso pelas áreas de uso comum ou coletivo, as seguintes dependências: II. Compartimentos para administração, portaria, secretaria, contabilidade e outras funções similares. A soma das áreas desses compartimentos não deverá ser inferior a 30,00m2, devendo cada um ter a área de 8,00m2, no mínimo;

Art. 391 – As edificações para escolas deverão ter, ainda, com acesso pelas áreas de uso comum ou coletivo, as seguintes dependências: II. Compartimentos para administração, portaria, secretaria, contabilidade e outras funções similares. A soma das áreas desses compartimentos não deverá ser inferior a 30,00m2, devendo cada um ter a área de 8,00m2, no mínimo;

Administração

-

-

QUIOSQUES: Art. 289 – Nos bares e lanchonetes, a soma das áreas dos compartimentos destinados à exposição, venda ou consumo, refeições ligeiras, quentes ou frias, deverá ser igual ou superior a 20,00m2, podendo cada um desses compartimentos ter a área mínima de 10,00m2. -

Espaços livres

SEÇÃO IV - ENSINO DE 2º GRAU E TÉCNICO-INDUSTRIAL - Art. 402 | V. A biblioteca terá área mínima de 36,00m

-


PRÉ DIMENSIONAMENTO BANHEIROS Área total construída Pré dimensionamento TOTAL: *A.U. = Área útil *A.T. = Área terreno

Banheiros (cada) Pré dimensionamento:

Setor de contabilidade/RH/treinamento/seleção

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225

-

3

0 3254 4230,2

-

10 -

30 -

Art. 391 – As edificações para escolas deverão ter, ainda, com acesso pelas áreas de uso comum ou coletivo, as seguintes dependências: II. Compartimentos para administração, portaria, secretaria, contabilidade e outras funções similares. A soma das áreas desses compartimentos não deverá ser inferior a 30,00m2, devendo cada um ter a área de 8,00m2, no mínimo;


Perspectiva da área de eventos no setor do Sertão, que ilustra a disposição das casas. Tais elementos arquitetônicos possuem 15m² e podem ser utilizados tanto como espaços de exposição como pequenos quiosques.

Perspectiva do playground lúdico no setor do Sertão o qual ilustra a disposição dos pisos monolíticos além de mostrar sua relação com Mercados Gastrônomico e Mercado das Artes

5.6 Perspectivas

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Perspectiva da área de redário no setor Serras, o qual ilustra a utilização da topografia para remeter as curvas e declividades das regiões serranas além de mostrar sua relação com a área de redes como forma de buscar um ambiente mais intimista

Perspectiva interna do layout comum dos Mercados demonstrando a priorização da circulação interna, seja nas questões de conforto ambiental, deixando o espaço livre com a abertura dos vãos ou no que tange aos percursos internos dos visitantes do parque.

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aqueles que estarem utilizando o serviços do mercado.

A perspectiva externa acima ilustra a relação dos calçadão proposto a região próxima aos mercados, priorizando percursos de pedestres e ciclistas por meio de uma arborização constante e eficiente que possa não somente privilegiar os passeantes como também

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5.7 Cortes gerais /

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Consideraçþes finais


Há para o bairro do Cais do Porto um potencial paisagístico, construtivo, histórico e, sobretudo, simbólico a ser preservado, respeitado e mantido, seja em relação aos edifícios da empresa Grande Moinho Cearense quanto às apropriações do espaço realizadas pelas comunidades carentes locais. Para que isso torne-se possível é necessário que haja um plano operacional que esteja de acordo com a realidade local da área, que leve em conta a importância histórica da região para a cidade de Fortaleza, que possa ser mantido e apropriado regularmente por todos os agentes produtores do espaço seja o poder privado, público ou a população local, associação de moradores e os diversos movimentos sociais atuantes e presentes na região.


7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS TURISMO, Ministério do. Parques temáticos são opções de lazer para as férias. 2017. Disponível em: <http://www.turismo.gov.br/ ultimas-noticias/7936-parques-temáticos-são-opção-de-lazer-para-as-férias.html>. Acesso em: 05 jul. 2017;

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