Trocar de profissão ao longo da carreira requer coragem e determinação

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São Paulo, sábado a segunda-feira, 02 a 04 de novembro de 2013

Trocar de profissão ao longo da carreira requer coragem e determinação Após concluir o ensino médio, muitos jovens na faixa dos 17/18 anos de idade, eminentes a prestar vestibular, se veem diante de um dos maiores desafios de suas vidas: a escolha da profissão

A

lguns deles, com raras exceções, já sabem qual atividade querem seguir carreira, porém, a grande maioria, escolhe às escuras, sem o menor conhecimento das atribuições que a profissão envolve. De acordo com o empresário, escritor e especialista dos campos da Ciência e Espiritualidade, Daniel Kaltenbach (*), isso acontece, na maioria das vezes, porque existe pouca orientação por parte das escolas, do governo e até mesmo dos pais, a respeito da importância de uma correta escolha da profissão e do que deve ser analisado antes de escolhê-la. “É comum vermos adolescentes prestando vestibular para faculdades das mais diversas, de cursos dos quais eles não têm a menor ideia do que se tratam. Em geral, as escolhas têm como base motivos equivocados, como o preço do curso, a localização da faculdade, o suposto salário, ou até mesmo por influência da família. Raramente, esta decisão tem fundamentos sólidos e estudados”. Por mais difícil que pareça, o especialista sugere que o candidato leve em consideração alguns fatores, que certamente irão ajudá-lo na escolha. O mais importante deles, que deve vir na frente de qualquer outro é o “prazer”. “O candidato

Fotos: Divulgação/Imagem: Reprodução

Como mudar de profissão e ser mais feliz no trabalho? Segundo Kaltenbach, nunca é tarde para recomeçar, embora o mais difícil seja reconhecer para si mesmo a insatisfação com a profissão, largar tudo e começar praticamente do zero, para buscar algo que realmente gosta e proporciona mais prazer. “É muito comum, as pessoas considerarem a profissão que têm como um ativo pessoal que não pode ser modificado, mesmo que esta lhe esteja frustrando as expectativas e não esteja lhe trazendo felicidade, reconhecimento ou dinheiro esperados”. Kaltenbach explica: “Este apego à profissão tem várias origens psicológicas e algumas curiosas”. Dentre elas, destacase o EGO. Primeiro é necessário aceitar o erro na decisão da escolha, o que normalmente costuma ser muito difícil e, por isso, muitos preferem continuar insistindo naquilo que não agrada, do que assumir conscientemente um equívoco passado. VAIDADE - Mesmo quando se admite o erro e reconhece que é importante uma mudança de rota, muitas vezes a chance de desistir da ideia é quase 100%. Pelo fato de ter que reconhecer a falha, a alteração de carreira será notada por todos e, na maior parte das vezes, não fica claro para os terceiros se a mudança foi por escolha própria ou porque não se teve sucesso. “É quase como assumir, perante toda a sociedade, uma espécie de falência nos planos profissionais. Ficamos com receio de como isto será visto, o que será comentado pelos vizinhos, amigos, família, e até por aqueles menos próximos, com os quais podemos ter alguma diferença, imaginando que poderão rir de nós”; SENTIMENTO DE POSSE - A sensação de perda é difícil de superar, pois o caminho construído deverá ser abandonado. “Em algum momento, ele foi uma semente que plantamos com esperança, cuidamos, regamos, que vimos crescer (ou tentar crescer), sobre o qual investimos tempo e dinheiro e, agora, vamos simplesmente abandoná-lo? Não parece fazer sentido. Pior, com o tempo na atividade, acostumamos a confundir nossa própria personalidade com nosso labor. É como se a profissão fizesse parte de nós. Como podemos abrir mão de um pedaço da gente?”;

não pode se esquecer de que acordará a cada manhã de sua vida para exercer aquela atividade”, ressalta. Além disso, Kaltenbach explica ainda que o candidato deve analisar os seguintes aspectos: se terá prazer em desenvolver as tarefas que a profissão lhe exigirá; se entenderá os obstáculos que lhe esperam como um desafio saudável, como um meio de atingir um objetivo maior; se terá “desejo” de prosseguir neste ramo; se de alguma maneira, esta escolha pode levá-lo a concretização do seu sonho.

INSEGURANÇA - Superadas estas questões, ainda existe a chance de se deparar com o medo de estar errando de novo e receio de falhar. “Angústia de terminarmos pior do que estamos, de abrir mão de um salário (por menor que ele seja) e, às vezes, pavor até pela expectativa de perder um rendimento ou lucro que nunca sequer se concretizou e que, talvez, nunca venha a se concretizar”.

“Se a resposta for um “sim” a todas essas questões, então o candidato deve considerar a opção. Caso contrário, deve parar para pensar quais são os verdadeiros motivos que estão levando-o a este caminho e repensar a escolha”, orienta. O erro mais comum na hora de escolher a profissão é fazê-la com base em critérios como: status, dinheiro, visibilidade e respeito. “No final, o candidato irá perceber que qualquer profissão é capaz de dar tudo isto, ou nada disto. Estes fatores não dependem da profissão, mas da qualidade e força de vontade do candidato”.

Apesar de todos os medos e inseguranças, Kaltenbach faz uma ressalva: “Não podemos nos esquecer de que o mundo dá voltas, que a vida é dinâmica e nossa existência é única, e que muitas oportunidades que deixarmos passar podem não se repetir. Erro certo é ver a vida como um quadro estático, e por insegurança, ego, vaidade ou sentimento de posse não a modificarmos, em especial quando não estamos satisfeitos com ela. Precisamos nos movimentar, ousar, acreditar, buscar, viver, correr atrás. E saber, acima de tudo, que qualquer que seja a nossa escolha, não vivemos em um mundo de certezas. É preciso aprender a aceitar isto. Na hora que bater a insegurança e se perguntar: “Como ao menos minimizar o risco de errar? Saber se está fazendo uma loucura maior ainda?”, Daniel Kaltenbach dá a dica: “a mais importante é você se perguntar se aquilo que está pretendendo fazer será algo que te dará prazer em praticar todos os dias. Se a resposta for sim, 95% da questão está respondida: você deve trocar sua carreira, sua profissão, sua atividade, por outra que lhe dê prazer. Completando os 5% faltantes, confira se você leva consigo na bagagem: fé, autoconfiança, vontade e disposição verdadeira de trabalhar e construir”, conclui. (*) - É formado em direito pela USP. Ministrou aulas de Direito Civil e Direito Processual Civil para o exame da OAB, bem como para magistratura e procuradoria. É autor do livro “Sonhar É Magia da Vida”. Gerencia o website (www.danielkaltenbach.com) e ministra palestras sobre motivação, empreendedorismo, ciência e espiritualidade.


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