Arquitetura e Inclusão Social: Centro de Apoio para Pessoas em Situação de Rua

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CENTRO RENASCER ARQUITETURA E INCLUSÃO SOCIAL: CENTRO DE APOIO PARA PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA

DANIELLY CAROLINE DE FREITAS



ARQUITETURA E INCLUSÃO SOCIAL: CENTRO DE APOIO PARA PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA

Trabalho elaborado por exigência da disciplina Trabalho Final De Graduação II, pela Universidade Metodista de Piracicaba, campus de Santa Bárbara DʼOeste. Orientadora: Prof.ª Mônica Duarte Aprilanti

SANTA BÁRBARA DʼOESTE 2019



AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus por ter me proporcionado essa oportunidade de cursar arquitetura, que era meu sonho desde criança. Passei por diversas dificuldades durante a vida, principalmente quando iniciei o curso, e se não fosse Ele me dando forças, não teria conseguido concluir mais esse ciclo da minha vida. Em segundo lugar, agradeço a minha família, meu pai Josué, minha mãe Gislaine e meu irmão Bruno, que sempre me apoiaram e me motivaram a alcançar meus objetivos, estando do meu lado nos momentos mais difíceis. Também agradeço ao meu namorado Walison, que sempre me ajudou desde o início do curso, tanto com os estudos como também me apoiou emocionalmente nas minhas crises de ansiedade e depressão. Agradeço aos meus colegas de classe, principalmente minhas amigas Ana Carolina e Caroline, que se tornaram minha família. Compartilhamos todas as dificuldades do curso, mas também da vida pessoal. Gratifico também os meus professores do curso por terem compartilhado de suas habilidades e conhecimentos, principalmente minha professora orientadora Mônica Aprilanti, que foi muito contribuiu para a realização do meu Trabalho Final de Graduação I e II. E para finalizar, agradeço meu chefe, arquiteto Luciano, que me ensinou muitas coisas que contribuíram para a minha formação acadêmica.



ABSTRACT The target audience for this term paper is homeless people,

RESUMO Este trabalho tem como público-alvo as Pessoas em Situação de

with the objective of understanding the real needs of this public and

Rua, com o objetivo de compreender as reais necessidades desse público

this way, give a architectural project for a Support Center that meets

e assim trazer um projeto arquitetônico de um Centro de Apoio que

these needs, reconciling with permaculture, in order to collaborate

atenda essas necessidades, conciliando com a permacultura, afim de

with the society and the environment.

colaborar com a sociedade e o meio ambiente.

Through research and theoretical insights on the subject, the

Através de pesquisas e aprofundamentos teóricos sobre o tema, o

public that is being approached can be noticed in several localities of

público em questão pode ser observado por várias localidades do Brasil,

Brazil, as also in other countries, because inequality and vulnerability

como também em outros países, pois a desigualdade e a vulnerabilidade

are some of the biggest problems currently facing, especially in Brazil

são grandes problemas enfrentados atualmente, principalmente no Brasil

after the financial crisis of recent years. As a consequence of this fact,

após a crise financeira dos últimos anos. Como consequência deste fato,

remains for some people face the street the place of overnight stays

resta para algumas pessoas enfrentar a rua como local de pernoites e

and source of income, as parking attendants at the street, recyclable

fonte de renda, seja como “flanelinhas”, catador de material reciclável,

material collectors, panhandler, among others. The saddest thing of

pedintes, entre outros. O mais triste dessa realidade é ver pessoas

this reality is to see people turning waste to quench hunger. In order to reduce this fact, the project seeks to bring a place for these people to be able to reestablish and reintegrate into society without suffering from prejudice, overcoming the difficulties they face.

revirando lixos para saciar a fome. No intuito de diminuir este fato, o projeto busca trazer um local para que essas pessoas consigam se restabelecer e se integrar novamente na sociedade, sem sofrer com o preconceito, superando as

The project of this Center will be held in the neighborhood Água

dificuldades que enfrentam. O projeto deste Centro será realizado no

Branca, in the municipality of Piracicaba, a country town of São Paulo,

bairro Água Branca, no município de Piracicaba, interior de São Paulo,

to serve and support the target public of the municipality. Keywords: People in Street Situation; Homeless People; Social Assistance; Permaculture; Urban Permaculture; Sustainability;

para atender o público-alvo do município. Palavras-Chaves: Pessoas em Situação de Rua; Assistência Social; Permacultura; Permacultura Urbana; Sustentabilidade;


SUMÁRIO


1. INTRODUÇÃO 2. O MEIO URBANO 3. POLÍTICAS PÚBLICAS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL 4. SITUAÇÃO DE RUA - O INDIVÍDUO

4.1 PERFIL DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA NO BRASIL

5. PIRACICABA

5.1 PERFIL DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO EM PIRACICABA

5.2 ENTIDADES DE APOIO AS PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA EM PIRACICABA

6. PERMACULTURA

6.1 O QUE É A PERMACULTURA URBANA? 6.2

A RELAÇÃO DA PERMACULTURA COM AS PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA

7. REFERÊNCIAS PROJETUAIS 8. ÁREA DE INTERVENÇÃO 9. O PROJETO 10. CONCLUSÃO 11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 12. ANEXO

9 15 19 23 26 29 32 37 39 43 43 45 61 67 87 95 97



1. INTRODUÇÃO


PROBLEMA

JUSTIFICATIVA O interesse pelo tema surgiu a partir de um trabalho solidário, na cidade de

O principal problema abordado neste trabalho é a complexidade da vida nas ruas,

Piracicaba, efetuado por um grupo religioso, no qual o intuito era de levar café da manhã

como o preconceito da sociedade, a fome, o uso de substâncias psicoativas e a falta de

para as pessoas em situação de rua. Neste trabalho notou-se uma parcela da dificuldade que

oportunidade. Além disso, a população em situação de rua enfrenta a falta de apoio por

estas pessoas enfrentam em seu dia-a-dia, que infelizmente não são apenas estas, mas sim,

parte das entidades institucionais, por mais que elas existam, o apoio que lhes é oferecido

é possível encontrá-las por vários municípios, pois a vulnerabilidade está presente em

não é o suficiente para mudar a situação destes. Um dos principais motivos que ocasionam

diversos lugares.

essa realidade é o desemprego, pois muitos relatam que acabaram caindo no vício

A partir dessa experiência, foi elaborada a presente proposta com o intuito de trazer

decorrente da perda de seu emprego, outros também alegaram que a justificativa do vício

esperança para esta população em questão, a esquecida e menosprezada por muitos, as que

era por conta da realidade na rua, por esta ser tão cruel, só se consegue sobreviver sob

sofrem na pele o descaso da humanidade, as que são julgadas por muitos, mesmo sem

efeito de substâncias psicoativas.

saber ao certo qual o motivo de estarem nessa situação, poucos se solidarizam a estender a mão, a certeza que se tem é que a maioria não escolheu passar por isso, foi a vida que os levou a essa condição. Por mais que a maioria esteja pelo motivo do vício em substâncias psicoativas, algum motivo tivera para se viciar. A proposta tem como finalidade trazer a dignidade a esses cidadãos, com o mínimo que o ser humano precisa para viver adequadamente, como alimentação, higienização e local para passar as noites com decência. Porém, o foco não é achar uma solução para o problema social, que vai muito além do projeto de um centro de apoio, mas sim utilizar a arquitetura e o urbanismo como contribuição. Por mais que seja uma realidade muito cruel e difícil de lidar, o primeiro passo tem que ser dado, pois a mudança começa por nós.

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METODOLOGIA

OBJETIVOS OBJETIVO GERAL

Para compreender a atual situação da população em situação de rua, este trabalho se baseou em pesquisas tanto bibliográficas, como também visitas: as praças da cidade para se aproximar da

Propor o projeto de um centro de apoio às pessoas em situação de rua que ofereça

população em situação de rua, de consulta à Prefeitura e também as entidades institucionais do

um ambiente mais adequado em relação as entidades de apoio existentes em Piracicaba,

município de Piracicaba para compreender como funcionam. Além disso, também foram feitos

afim de amenizar os obstáculos enfrentados por estes, além de garantir os direitos básicos

estudos e pesquisas voltados ao tema da permacultura, possibilitando a integração desses dois

do ser humano. Para tanto, será abordado a questão da permacultura, que traz um estilo de

temas, tornando-o único.

vida e uma arquitetura que se enquadra na proposta deste novo centro de apoio.

A dificuldade de obtenção de bibliografias voltadas aos temas, trouxe a necessidade de pesquisas através de sites convencionais e institucionais, que traziam conteúdo de suma importância, além de livros, sendo dois principais, um em relação ao tema das pessoas em situação

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

de rua “Rua Aprendendo a contar - Pesquisa Nacional sobre a População em Situação de Rua” e o outro voltado ao tema da Permacultura “Permacultura: Princípios e caminhos além da

Utilizar materiais renováveis;

sustentabilidade”. Outra ferramenta utilizada para este trabalho foi o documentário “À Margem da

Oferecer um espaço de acolhida passageiro;

Imagem” gravado no ano de 2003, o qual é possível ver um pouco da rotina de sobrevivência das

Realizar triagem com cuidados específicos;

pessoas em situação de rua, que vivem na capital de São Paulo, além de abordar os temas que

Oferecer um espaço para atividade de capacitação possibilitando reintegração na

também são o foco deste trabalho, como a exclusão social, o desemprego, o vício e também a

sociedade;

religiosidade, que até hoje os mesmos relatos se repetem nas ruas por todo o país, assim como na

Oferecer um ambiente propício para atividades de convívio e trabalho com a terra,

cidade do projeto em questão, Piracicaba.

possibilitando a produção de alimentos;

Também foi utilizada para a base deste trabalho as entrevistas como método de pesquisa e

Propor um local que ofereça lazer e espaço para atividade física.

as visitas de campo, possibilitando sentir na pele um pouco da realidade dessas pessoas. É impossível dizer de fato o que eles realmente sentem, pois só quem vivencia essa realidade vinte e quatro horas por dia sabe.

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CRONOGRAMA

ETAPAS COLETA DE DADOS PESQUISA EM CAMPO FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ENTREVISTAS ESCOLHA DO TERRENO REFERÊNCIAS PROJETUAIS ESTUDO DA ÁREA BANCA I PROGRAMA DE NECESSIDADES VOLUMETRIA DESENVOLVIMENTO DO PROJETO ELABORAÇÃO DE PRANCHA SÍNTESE BANCA II

1º SEMESTRE FÉRIAS 2ºSEMESTRE FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO

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Fonte: http://cidadeembudasartes.sp.gov.br/embu/portal/noticia/ver/10041


2. O MEIO URBANO


Segundo Oliveira (2007), para se compreender a gestão do meio urbano é necessário

Na figura 2 é possível observar o processo do êxodo rural ao longo dos anos no Brasil

entender o conceito de zona rural e zona urbana, levando em consideração o tipo de

com base nos dados do Censo realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

atividade exercida por cada uma, como mostra a tabela 1.

Estatística).

Tabela 1: Caracterização de meio urbano e meio rural

Figura 2: Distribuição percentual da população Demográficos, no Brasil entre os anos de 1960 a 2010

nos

Censos

Fonte: Oliveira (2007)

Dessa forma, a expressão urbano pode ser considerada como um local em que se exercem os serviços secundários e terciários, ou seja, as cidades. Porém, com o passar dos anos, cada vez tem se complicado mais a distinção entre rural e urbano, pois antigamente quem vivia nas zonas rurais, sobreviviam de sua plantação e criação, já atualmente, cada vez mais tem se tornado comum pessoas morarem nas zonas rurais e não dependerem mais do campo e sim de atividades secundárias e terciárias. Ou por outras questões também, como é o caso de pessoas que buscam uma qualidade de vida melhor, fugindo do estresse do centro urbano. Sendo assim, as definições de meio urbano deixam de ser definidas de acordo com o contexto físico e passam a se basear conforme a prática econômica, como

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010.

ilustra a figura 1.

Porém, é necessário ressaltar que não foi apenas a atividade industrial que gerou esse interesse pelas cidades, mas também o desenvolvimento econômico, proporcionando maiores oportunidades de empregos, principalmente no setor terciário, ou seja, comércio e

Figura 1: Meio Urbano

serviço. No Brasil, como ilustra a figura 3 pode-se notar o volume populacional de cada região do país, estando a região sudeste com o maior número em relação as outras. Isso se justifica por questões históricas, sendo a região sudeste a mais urbanizada por ter as cidades que mais se industrializaram no decorrer dos anos, como é o caso de São Paulo e Rio de Janeiro. Figura 3: Distribuição da população nas grandes regiões em 2010

Fonte: Oliveira (2007)

Mas antes disso, é necessário compreender como se chegou a essa situação citada anteriormente. Para isso, será abordado o processo de evolução do meio urbano, que está diretamente ligado a industrialização, que se manifestou em diferentes ritmos e períodos entre os diversos países. Pode-se dizer que a industrialização serviu de atrativo para os migrantes do campo para as cidades, assim como a mecanização das atividades agrícolas, diminuindo a quantidade de trabalho manual e aumentando a quantia de maquinários.

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Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010.


Esse fato vem ocorrendo ao longo dos anos pelas mesmas questões de sempre,

Dessa forma, com todas essas questões decorrentes, acaba-se tendo uma drástica

sendo a principal delas o intuito de uma oportunidade de emprego, reconhecimento, entre

consequência, gerando assim as favelas, e ainda pior, levando pessoas à situação de rua.

outras questões. Segundo Oliveira (2007), esse fator gera uma nova configuração nas

Infelizmente, desde a antiguidade já existiam pessoas vivendo nas ruas, porém, atualmente, com

cidades metropolitanas, que agora são formadas por grandes e pequenas cidades

as crises financeiras das últimas décadas, esse problema só aumentou.

integradas.

Lamentavelmente, as pessoas que são destinadas a situação de rua acabam não recebendo

Porém, nos últimos anos essa realidade tem se complicado cada vez mais, pois a

o devido apoio do governo, mesmo existindo políticas públicas que defendem o direito de cada

demanda por emprego está cada vez maior em relação ao número de vagas oferecidas pelo

cidadão, inclusive as que estão em situação de rua, porém, não são vigoradas de maneira

mercado. Em outras palavras, a escassez de empregos e o elevado número de pessoas nas

necessária, como será relatado a seguir, pois com a falta de uma pesquisa de campo com pessoas

cidades acaba gerando um déficit nos serviços urbanos para atender as necessidades dessa

sem endereço fixo, a implementação de políticas públicas voltadas para este público são

população. Essa realidade é notada na maioria das cidades do Brasil, contudo, cada qual

prejudicadas, reproduzindo a invisibilidade social no âmbito das políticas sociais.

com suas necessidades e problemáticas, pois cada região tem suas necessidades específicas. De acordo com Peret (2019), o número de desempregados subiu nesses últimos tempos, chegando a 13,4 milhões de pessoas desempregadas no Brasil. A partir da figura 4 é possível notar que do ano de 2015 a 2019, a taxa de desemprego aumentou consideravelmente, o que antes representava 7,9% da população desempregada, agora passou para 12,7% da população sem emprego. Figura 4: Taxa de desocupação das pessoas de 14 anos ou mais (%)

Fonte: IBGE - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua mensal (2019)

Essa questão do desemprego está diretamente ligada as pessoas em situação de rua, pois segundo pesquisas que serão retratadas ao longo deste trabalho, apontam que uma das principais causas que levam as pessoas as ruas é o desemprego, que aumentou significativamente após a crise econômica que o país tem passado nestes últimos anos, como demonstra a figura 4.

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Fonte: https://pedefigo.com/caritas-e-unica-em-chamamento-paraservico-com-morador-de-rua/


3. POLÍTICAS PÚBLICAS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL


No Brasil, o direito a Assistência Social é recente, por muitos anos a questão social foi

econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.¹

ignorada pelas políticas nacionais; o que mudou esse fato foi a Constituição de 1988, porém a população em situação de rua continuou desprotegida, pois não há fiscalização para conferir se está sendo cumprida. A Constituição da República Federativa do Brasil (SENADO FEDERAL, 2016),

No Brasil, existem outras leis que são destinadas a garantir os direitos dos cidadãos,

foi promulgada em 5 de outubro de 1988, com alterações realizadas pelas Emendas

como a Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), em 1993, que anos seguintes foi incluído

Constitucionais de Revisão nº1 a 6/94, e pelas Emendas Constitucionais nº1/92. Dessa forma, são

na Seção III – Dos Serviços – Art. 23 a Lei nº 11.258, de 2005, a qual aborda às pessoas que

apresentadas algumas das leis que foram selecionadas porque deveriam garantir os direitos

vivem em situação de rua (FRANCO, 1993). No entanto, a principal em relação ao tema deste

mínimos do ser humano, que são as seguintes:

trabalho é a Política Nacional para a População em Situação de Rua, que foi instituída pelo

TÍTULO II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais CAPÍTULO I – Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (EC no 45/2004) CAPÍTULO II – Dos Direitos Sociais Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (EC no 26/2000, EC no 64/2010 e EC no 90/2015) TÍTULO VIII – Da Ordem Social CAPÍTULO II – Da Seguridade Social SEÇÃO I – Disposições Gerais Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. (EC no 20/98) Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (EC no 20/98, EC no 42/2003 e EC no 47/2005) Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e ¹ Livro da Constituição da República Federativa do Brasil (SENADO FEDERAL, 2016).

Decreto nº 7.053, de 23 de dezembro de 2009, pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Assim como as anteriores, esta também defende os direitos humanos, porém, esta é realmente voltada para os cidadãos em situação de rua. O decreto nº 7.053 tem como objetivo: tornar mais abrangente as políticas públicas de saúde, educação, previdência, assistência social, moradia, segurança, cultura, esporte, lazer, trabalho, etc.; instituir companhias de defesa dos direitos humanos para a população em situação de rua; incentivar a elaboração e divulgação de canais que possibilitem o recebimento de denúncias de violência contra a população em situação de rua, assim como propostas de me otimização das políticas públicas direcionadas a este segmento; entre outros. Nesse sentido, outros artigos que estão no decreto são de suma importância a ser considerado de forma meticulosa para a realização do projeto, pois se estas fossem seguidas conforme está redigido, a realidade do país seria outra. Outra lei que está relacionada a este tópico é o “Artigo 25: Direito a um padrão de vida adequado” da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), adotada em 10 de dezembro de 1948 (UNITED NATIONS HUMAN RIGHTS, 2008), sendo esta mundial: Artigo 25: 1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle. 2. A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozam da mesma protecção social.

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Como se pode observar pelo próprio nome, o Artigo 25, tem o intuito de garantir um padrão de vida adequado, com acesso aos itens mínimos, como uma alimentação adequada, água, vestuário, habitação etc., ou seja, “todos” têm direitos sociais e econômicos. Segundo as Nações Unidas (2018), no mundo é produzida uma quantia de alimentos capaz de atender toda a humanidade, porém, entorno de 815 milhões de pessoas enfrentam a fome crônica em detrimento a injusta distribuição de riqueza e recursos, por exemplo: não têm condição financeira para comprar o próprio alimento, não ter um espaço para plantar e produzir seu próprio alimento, entre outras barreiras que poderiam ter uma solução. Além da fome, outra dificuldade enfrentada é em questão da saúde, em decorrência a pobreza extrema, acabam não tendo condições a um tratamento digno, sendo que a pobreza extrema não está apenas relacionada a condição monetária e sim falta de oportunidades, falta de acesso a serviços básicos e direitos humanos, além da exclusão social, resultando em mais de 2,2 bilhões de pessoas que representam 30% da população mundial, vivendo ou perto de viverem nessas condições de pobreza. Na cidade de Piracicaba existem algumas entidades institucionais, que serão abordadas mais adiante, que dão assistência a essas pessoas, porém, através de visitas no local, algumas pessoas em situação de rua relataram que a realidade dessas instituições são precárias, principalmente na questão da higiene, sendo relatado por alguns a presença de algumas pragas urbanas, como ratos e baratas nos dormitórios, além do estado dos alimentos que são utilizados no preparo das refeições. Outra questão a ser melhorada é em relação ao tempo de permanência na Casa de Passagem, uma das entidades institucionais, a qual o tempo máximo é de noventa dias; pode até ser considerado um tempo razoavelmente bom por algumas pessoas, mas para quem está nessa situação, esse período é curto. Dessa forma, ao ler alguns dos direitos selecionados da Constituição, fica evidente como as pessoas em situação de rua são prejudicadas.

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4. SITUAÇÃO DE RUA - O INDIVÍDUO


Fonte: https://renanmaldonado.com/2012/02/14/morador-de-rua-e-condenado-a-prisao-domiciliar/


A rua por ser um espaço público, de convivência, ao qual se encontra uma certa

aparecer alguém bêbado ou drogado, alguém pode tacar uma pedra, uma paulada, ou seja, nem dormi nesse primeiro dia, apenas cochilei. Com o tempo você vai pegando o ritmo da rua, não se acostumando, pois quando se acostuma com a rua, a pessoa não quer mais sair, acaba se viciando em bebidas, e vai adquirindo pertences ao longo dos anos, quando se percebe já se passou anos e anos. ²

“liberdade”, pois nela se tem o direito de ir e vir, seja de automóvel ou pedestre, além de acolher os movimentos gerados pela população, como é o caso de manifestações, que dá ao povo o poder de mostrar sua força. Contudo a rua, além de local de passagem, pode também ser considerada por alguns como uma condição de permanência, por falta de opção. É muito comum se deparar com um “flanelinha” ou alguém pedindo ajuda nos semáforos ao transitar pelas cidades, ou ainda, ao andar pela área central, principalmente praças e debaixo de marquises de lojas, ver pessoas que vivem nas ruas sozinhos ou em grupos. Porém, ninguém que os olha sabe a história de cada indivíduo, sabe o motivo dele estar nesta situação. Infelizmente o número de pessoas que vivem nas ruas é alto, não só no Brasil, mas por várias partes do planeta, recorrente em especial pelo crescimento das metrópoles, conforme apresentado no anteriormente, sendo a maior parte homens e negros. A Política Nacional para a População em Situação de Rua, aderiu como definição para pessoas em situação de rua o seguinte: Grupo populacional heterogêneo que possui em comum a pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional regular, e que utiliza logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço de moradia e de sustento, de forma temporária ou permanente, bem como as unidades de acolhimento para pernoite temporário ou como moradia provisória (Decreto nº 7053/2009, art. 1º, Parágrafo Único).

O documentário dirigido por Mocarzel (2003), proporciona compreender a rotina enfrentada pelas pessoas nas ruas, que estas de certa forma acabam seguindo algumas regras que são necessárias para ter um convívio com outras pessoas dessa mesma situação, que a perda da privacidade e da individualidade fazem parte. Uma das principais dificuldades que eles enfrentam é a violência, seja ela por parte de comerciantes, policiais, que além de bater, acabam destruindo os barracos, e também das próprias pessoas das ruas, que por efeitos de substâncias psicoativas ficam alteradas. No primeiro dia, a primeira coisa que veio na minha mente foi como que eu iria fazer quando chegasse à noite, não me preocupei com comida nem banho. Posso estar dormindo e

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² No documentário À Margem da Imagem (2003), são feitos vários relatos da população em situação de rua, este foi um deles. O fato dele ter sido escolhido é referente a dúvida de muitas pessoas que se imaginam nesta situação.


4.1 PERFIL DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA NO BRASIL De um modo geral, ao se pesquisar pelo número de habitantes no Brasil, obtém-se o

Das cidades pesquisadas no censo, excluindo as capitais citadas, foram constatadas

resultado de 209,3 milhões, no ano de 2017, segundo o IBGE. Porém, quando se direciona a

aproximadamente trinta e duas mil pessoas acima de dezoito anos, em situação de rua,

pesquisa para a população em situação de rua, esse número não é possível de ser encontrado.

dormindo em locais públicos: calçadas, praças, viadutos, prédios abandonados, entre outros,

Esse fato ocorre porque as pesquisas são feitas através do número de residências, tornando-se

assim como também pernoitando em entidades públicas, como casas de passagem e

impossível de computar um número oficial. O que pode ser encontrado, são pesquisas com

albergues. Esse número representa 0,061% do total da população das cidades estudadas.

levantamentos não oficiais, dessa forma, a pesquisa publicada pelo IPEA – Instituto de Pesquisa Tabela 2: Percentuais de População de rua em relação à população de algumas capitais brasileiras. 2003/2005

Econômica Aplicada, no ano de 2015, resultou que há no país um número superior a cem mil pessoas vivendo nas ruas, sendo a maior parte de cidades grandes. Esse fato é decorrente ao

CIDADE

assunto relatado anteriormente, sobre o êxodo rural, o qual torna as cidades de grande porte um atrativo ilusório em busca de empregos ou uma melhora de vida, que acaba sendo um dos motivos que resulta nessa quantia de pessoas vivendo nas ruas. Entre o período de agosto de 2007 a março de 2008, foi realizado o primeiro censo nacional voltado para pessoas em situação de rua, que partiu do interesse do Ministério do

ANO

%

SÃO PAULO

2009

0,086

BELO HORIZONTE

2005

0,049

RECIFE

2005

0,059

Fonte: PMSP, 2003; Brasil, 2006 e Recife, (200-)

Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), abrangendo 71 cidades do país, sendo 23 capitais, exceto as cidades de São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre que já tinham feito

Um fato importante a ser mencionado desse levantamento é que 82% da população

esse levantamento de dados alguns anos anteriores por conta própria, e 48 cidades com uma

que estão em situação de rua são homens. Esse fato também se reflete na cidade de

população acima de 300 mil habitantes. Os dados referentes as capitais citadas seguem na tabela

Piracicaba, que será abordado mais adiante.

2³. Um fato interessante deste censo e o que o torna diferenciado é que não foi feito apenas um

Na tabela 3, estão 21 dos municípios do estado de São Paulo com o número de pessoas em

levantamento de dados para saber o número de pessoas em situação de rua, e sim um pequeno

situação de rua de acordo com o censo realizado entre os anos de 2007 e 2008, pelo MDS,

questionário para saber algumas características que convinham para direcionar políticas mais

incluindo a cidade de Piracicaba.

apropriadas para este público. Para essa pesquisa, foram feitas algumas considerações,

A partir da tabela 3, pode-se notar que o número total de pessoas em situação de rua

principalmente a idade, que era acima de 18 anos; outra questão importante foi o horário de

é bem elevado, porém ao ser comparado com a população de modo geral, esse número é

abordagem para não ser computado mais de uma vez a mesma pessoa, para isso foi escolhido o

baixo, isso justifica a falta de visibilidade destes perante ao poder público.

período noturno, levando uma noite para cada grande área de concentração de pessoas em

O Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Nacional

situação de rua.4

para a População em Situação de Rua (Ciamp-Rua), requisitou ao IBGE que fosse incluído no Censo de 2020 a população em situação de rua, porém, após pré-teste feito na cidade do Rio de Janeiro em 2014, aplicado pelo IBGE, foram encontradas várias dificuldades para incluir este público no próximo censo, pois os tipos de amostragem, logística de campo e

³ A tabela está disponível no livro “Rua Aprendendo a contar - Pesquisa Nacional sobre a População em Situação de Rua” (CUNHA e RODRIGUES, 2009), além de outros dados levantados no I CENSO sobre a População em Situação de Rua, explicados detalhadamente. As entrevistas não foram realizadas em datas festivas ou feriados, aos finais de seman a, no inverno e nem datas próximas ao fim do ano

abordagem dos entrevistados são diferentes do usual utilizado por esta instituição. Dessa forma o MDS optou pelo Censo Suas que é um instrumento eletrônico nacional que capta

4

anualmente informações institucionais de secretarias e conselhos estaduais e municipais de

26


assistência social, como os Centros de Referência da Assistência Social (Cras), Centros de

Tabela 4: Municípios com e sem levantamento de população em situação de rua informado no Censo Suas 2015 por porte populacional

Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e Centros de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centros POP). Dessa forma, são coletadas as informações disponíveis que o município têm sobre o número de pessoas em situação de

Não possui levantamento nem pesquisa Possui levantamento ou pesquisa

rua e como se obteve são esses dados (NATALINO, 2016). A tabela 4 apresenta o número de municípios que têm essas informações referente ao ano de 2015, de acordo com o porte populacional e o contingente que cada porte comporta. Tabela 3: Lista das cidades do estado de São Paulo computadas pelo I Censo - 2008.

MUNICÍPIOS Bauru Campinas

Nº DE POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA (CENSO) 152

TOTAL

MUNICÍPIOS QUE REALIZARAM PESQUISA PRÓPRIA

Pequeno Pequeno I II

Médio

Grande

Metrópole

TOTAL

3.231

781

193

100

4

4.309

688

262

132

166

13

1.261

3.919

1.043

325

266

17

5.570

Fonte: Ipea (2015)

A tabela 5 traz um levantamento do número de pessoas em situação de rua por porte de

1.027

Carapicuíba

189

cada região, assim com a tabela 4, sendo o tamanho do porte referente ao número de habitantes

Diadema

176

de cada município.

Franca

78

Guarulhos

130

Itaquaquecetuba

87

Jundiaí

139

Mauá

211

Mogi das Cruzes

310

Osasco

140

Piracicaba

192

Ribeirão Preto

441

Santo André

349

Santos

713

São Bernardo do Campo

558

São José do Rio Preto

149

São José dos Campos

1.633

São Paulo

13.666

São Vicente

180

Sorocaba

127

TOTAL

20.647

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (2008)

27


Tabela 5: Estimativa da população em situação de rua por porte municipal e grande região – Brasil

Fontes: Ipea (2015)

28


5. PIRACICABA


Fonte: Google Earth - Editado pela autora


O município de Piracicaba está localizado no interior de São Paulo, possuindo uma

Figura 6: Grau de urbanização no município de Piracicaba – 1980 a 2018

área territorial de 1.376,91 Km², sendo o 19° Município do Estado em Extensão, segundo dados do Censo do IBGE 2010. De acordo com a figura 5, é notável a discrepância em relação ao número de residentes entre a área urbana e rural, porém, mesmo a taxa populacional sendo muito superior a rural, em extensão de área territorial a situação é inversa, sendo a área urbana com 229,66 Km² e a rural com 1.147,25 Km², segundo o IPPLAP (Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba). Figura 5: População censitária residente por área de domicílio - 1980 A 2010 Percentual da população urbana em relação à população total.

Fonte: SEADE (2018)

A partir da figura 6, fica notável esse crescimento na região urbana ao longo desses últimos anos. É importante ressaltar esse fato para se compreender o tema central deste trabalho, pois esse crescimento gera uma situação crítica para algumas pessoas, dificultando a sobrevivência destas nas áreas centrais, destinando-as às vezes a situação de rua. Em relação ao desemprego, a partir da figura 7, pode-se notar através de dados fornecidos pelo IMP (Informações dos Municípios Paulistas), que as ofertas de empregos diminuíram a partir do ano de 2014, assim como no Brasil, que pode ser observado na figura 4.

Fonte: IBGE (2010)

Com base na figura 5, pode ser observado que ao longo dos anos o número da

Figura 7: Empregos formais oferecidos no município de Piracicaba – 1991 a 2017

população só aumentou nas áreas urbanas, segundo o IBGE, no ano de 2018 a população era de 400.949 habitantes em Piracicaba. Como esta é considerada uma cidade que tem se ampliado nos últimos anos, consequentemente torna-se um atrativo para as pessoas que buscam uma nova oportunidade na vida. Na figura 6, pode-se observar o percentual da população urbana em relação à população total com base nos dados levantado pelo SEADE (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados).

Fonte: IMP - Informações dos Municípios Paulistas (2017)

31


5.1 PERFIL DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO EM PIRACICABA Assim como no Brasil, os dados são desatualizados em relação as pessoas em situação de

4- Quanto tempo está na rua?

rua em Piracicaba, não há um registro específico do quantitativo existente atualmente. Mesmo

5- Pretende sair da rua?

visitando as entidades locais em busca de dados, os registros não são disponíveis ao público. O

6- Frequenta as entidades institucionais (Centro POP e/ou Casa de Passagem)?

único registro disponível encontrado foi no site do IPPLAP, fornecido pela Secretaria Municipal de

7- Qual região da cidade costuma passar a pernoite?

Desenvolvimento Social (SEMDES), sendo o número mais recente do ano de 2013, o qual se

8- Local habitual do pernoite?

encontra na tabela 6, que aborda a Casa de Passagem, local disponível para as pessoas em

9- Possui carteira de trabalho? É registrado?

situação de rua de Piracicaba passarem a pernoite, já o Acolhimento Institucional engloba p

10- Quanto tempo está desempregado?

Centro POP, Albergue Noturno, Abrigo Institucional “Novos Caminho”, ambos serão apresentados

11- Renda aproximada semanal, sem o bolsa família?

mais afdiante.

12- Qual sua fonte de sobrevivência? (Admite múltiplas respostas) 13- Possui algum problema de saúde? E deficiência física?

Tabela 6: Média de atendimento do serviço - Núcleo de Apoio Social Novos Caminhos no município de Piracicaba - 2006 a 2013

CASA DE PASSAGEM

ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL

2006

119

299

2007

107

302

2008

93

300

2009

107

309

2010

103

360

2011

129

136

2012

160

167

2013

231

120

14- Alimenta-se todos os dias? 15- Tem antecedentes criminais? 16- Sofre descriminação por morar na rua? (Admite múltiplas respostas) 17- Faz uso de substâncias psicoativas? (Admite múltiplas respostas)

Gráfico 1

Fonte: Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social – SEMDES (2013)

No intuito de se aproximar e ouvir um pouco sobre a história de vida dessa população, foi feita uma pesquisa de campo com algumas pessoas que estavam na área central, no dia 21 de abril de 2019, na parte da manhã, resultando em um número de 15 pessoas. De acordo com as perguntas abaixo, as respostas obtidas foram representadas nos gráficos 1 ao 17, desenvolvidos pela autora, de acordo com a ordem das perguntas. Fonte: Elaborado pela autora

1- Sexo e idade? 2- Cor de pele e grau escolar? 3- Por que está nesta situação? (Admite múltiplas respostas)

32


Gráfico 2 - Cor de pele

Gráfico 2.1 - Grau escolar

Gráfico 7

Gráfico 8

Fonte: Elaborado pela autora

Fonte: Elaborado pela autora

Fonte: Elaborado pela autora

Fonte: Elaborado pela autora

Gráfico 3

Gráfico 4

Gráfico 9 - Carteira de trabalho

Gráfico 9.1 - Registro

Fonte: Elaborado pela autora

Fonte: Elaborado pela autora

Fonte: Elaborado pela autora

Fonte: Elaborado pela autora

Gráfico 5

Gráfico 6

Gráfico 10

Gráfico 11

Fonte: Elaborado pela autora

Fonte: Elaborado pela autora

Fonte: Elaborado pela autora

Fonte: Elaborado pela autora

33


Gráfico 12

Gráfico 16

Fonte: Elaborado pela autora

Fonte: Elaborado pela autora

Gráfico 13 - Problema de saúde

Gráfico 13.1 - Deficiência física

Gráfico 17

Fonte: Elaborado pela autora

Fonte: Elaborado pela autora

Fonte: Elaborado pela autora

Gráfico 14

Gráfico 15

Fonte: Elaborado pela autora

Fonte: Elaborado pela autora

34


A partir desta pequena pesquisa, pode-se notar que a maior parte dos entrevistados são homens, com idades variadas, mas que no dia da entrevista tinha um número maior com idade entre 26 a 35 anos, que estavam bem alterados por conta de bebida alcoólica. Também foi feita uma entrevista com um ex-morador de rua via rede sociais, pois este reside no município de Sorocaba. Ele relata o motivo pelo qual foi parar nas ruas, descreve brevemente as dificuldades pelas quais passou e ainda deixa uma mensagem sobre o que é estar em situação de rua. Essa entrevista encontra-se em anexo ao final do trabalho. A partir de um trabalho solidário realizado aos domingos de manhã na cidade de Piracicaba, por um grupo religioso, pode-se dizer que a realidade presenciada é bem cruel, principalmente na Praça Takaki, localizada no bairro Paulista, o número de pessoas presentes é bem elevado, e se encontram sempre alterados pelo uso de substâncias psicoativas, alguns partem até mesmo para a violência, já na Praça José Bonifácio, localizada no centro, o número de pessoas é ainda maior, mas a maioria se encontra em estado sóbrio. Recentemente, a cidade de Piracicaba começou com um processo de higienização

5

social da área central e praças públicas, para isso estão fechando os sanitários públicos e fazendo ronda com a polícia, tanto que algumas pessoas relataram agressão por parte deste.

5

De acordo com Pena (2019), é o processo de gentrificação social, ou seja, expulsão das camadas mais pobres das zonas centrais.

35


MOTIVOS QUE OS LEVARAM A SITUAÇÃO DE RUA EM PIRACICABA: Fonte: "Tal liberdade" - Smads - Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social

SILVIO: DESEMPREGO

DAIANE: VÍCIO - DROGAS

LUIS: DESEMPREGO

ANDRÉ: DESEMPREGO E VÍCIO - BEBIDA ALCOÓLICA

VALDELI: VÍCIO - BEBIDA ALCOÓLICA


5.2 ENTIDADES DE APOIO AS PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA EM PIRACICABA O município de Piracicaba conta com algumas entidades de serviço social

Funciona de segunda à sexta-feira, das 8h às 14h.

administradas pela SEMDES (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social), como é o

caso do serviço de proteção social especial, o qual é dividido em dois tipos: o de média

acolhimento imediato e emergencial das pessoas em situação de rua de Piracicaba, de ambos os

complexidade e o de alta complexidade, como: o CREAS (Centro de Referência Especializado

sexos, sem condições de auto sustento. Os horários de funcionamento são das 19 horas até às 7

de Assistência Social) e o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) que oferecem

horas, oferecendo a janta, banho e café da manhã. A lotação máxima é de 45 pessoas, contudo,

serviços de assistência social de forma mais abrangente, mas neste trabalho será retratado

o número diário não passa de 35 pessoas. E um detalhe importante é que para frequentar esse

apenas os voltados para as pessoas em situação de rua, que serão explicados a seguir.

local, a pessoa tem que estar ciente (não ter feito uso de substâncias psicoativas), estar portando

Os serviços de média complexidade, oferece atendimento especializado a famílias e

CASA DE PASSAGEM: funciona em parceria com o Núcleo Espírita Vicente de Paula. Faz o

seus documentos e o tempo de permanência máximo é de 90 dias, após esse período a pessoa

indivíduos que convivem em situações de vulnerabilidade, normalmente no meio familiar,

volta a dormir nas ruas.

mas que tiveram seus direitos rompidos, ou seja, a família está mantida, mesmo com essa

união ameaçada. Dessa forma é exigido um acompanhamento regrado com a rede de

Paula. Faz o mesmo serviço da Casa de Passagem, porém, só recebe migrantes, trecheiros –

assistência social, além de outros órgãos públicos. Esse serviço também atende pessoas em

itinerantes, e imigrantes, de ambos os sexos ou famílias, em situação de rua e ausência de

situação de rua com o Centro Pop (Centro de Referência Especializado para população em

residência, ou, em trânsito no município e sem condição de auto sustento. O tempo de

Situação de Rua) e o Serviço Especializado em Abordagem Social (SEAS).

permanência máximo é de 3 dias, após isso, a pessoa pode retornar após 90 dias.

Já os serviços de alta complexidade são destinados as pessoas que estão correndo

ALBERGUE NOTURNO: também funciona em parceria com o Núcleo Espírita Vicente de

ABRIGO INSTITUCIONAL “NOVOS CAMINHOS”: é um serviço executado em parceria com

risco tanto pessoais como sociais, que não podem mais contar com o apoio de suas famílias.

a Associação de Assistência Social BETEL. Seus objetivos são bem próximos aos citados

Este visa propor um acolhimento e desenvolvimento da autonomia dessas pessoas, sejam

anteriores, porém, lá eles recebem pessoas que estão em uma situação mais debilitadas, sem

estas crianças, adolescentes, adultos ou idosos. As entidades que fazem esses serviços são a

condições de autossustento, como também de viver, pois possuem algum problema de saúde ou

Casa de Passagem , o Albergue Noturno e o Serviço de Acolhimento Institucional - Abrigo

outro empecilho.

6

Institucional Núcleo de Apoio Social "Novos Caminhos". 7

Abaixo segue a definição de cada entidade para melhor compreensão. •

SEAS (Serviço Especializado em Abordagem Social): é a entidade que vai até as ruas,

dividida em turnos, manhã, tarde e noite, afim de encontrar as pessoas que estão em situação de rua ou sofrendo algum tipo de exploração, então encaminhá-las para os serviços de assistência social oferecidos pelo município. O serviço é realizado de 2ª a 6ª feira, das 08h às 22h e aos sábados e domingos, das 9h às 18h, ou seja, estão oferecendo ajuda e aberto a denúncias todos os dias. •

CENTRO POP: é a entidade que oferece serviços destinados às pessoas que utilizam

as ruas como espaço de moradia e/ou sobrevivência. É o mais indicado de início as pessoas em situação de rua, pois lá eles tiram os documentos que são utilizados nas outras entidades, como a Casa de Passagem. Além disso, oferecem café da manhã de segunda à

6

sexta, e desenvolvem atividades que contribuam de forma gradativa a saída da rua.

7

37

A Casa de Passagem atende apenas adultos, em caso de crianças e adolescentes, são encaminhas para a Casa do Bom Menino, que trabalham em parceria. Serão retratadas as entidades dedicadas apenas as pessoas em situação de rua, as demais também cumprem o papel de assistência social, mas de modo mais abrangente e com outras prioridades.


Fonte: Google Earth - Editado pela autora


6. PERMACULTURA


Fonte: http://onda21.com.br/a-defesa-do-meio-ambiente-e-a-defesa-de-um-mundo-melhor-para-todos/


O tema da permacultura será abordado no intuito de inseri-lo no projeto do centro

Uma definição mais atual da permacultura, que reflete a expansão do foco implícito em Permaculture One, é “paisagens conscientemente planejadas que imitam os padrões e as relações encontrados na natureza, enquanto produzem uma abundância de alimento, fibra e energia para prover as necessidades locais”. As pessoas, suas construções e os modos como elas se organizam são centrais para a permacultura. Assim, a concepção de permacultura como agricultura permanente (sustentável) evoluiu para uma de cultura permanente (sustentável). (HOLMGREN, p.35, 2013)

de apoio as pessoas em situação de rua, por tratar de um estilo de vida e não apenas seguir princípios da sustentabilidade, mas sim o tripé ético e os princípios do design, os quais serão abordados mais adiante. Desta forma, Mollison faz um breve resumo conceituando a permacultura: Permacultura é o planejamento e a manutenção consciente de ecossistemas de agricultura produtivos, que tenham a diversidade, a estabilidade e a resistência dos ecossistemas naturais. É a integração harmoniosa das pessoas e a paisagem, provendo alimento, energia, abrigo e outras necessidades, materiais ou não, de forma sustentável. Sem uma agricultura permanente não existe a possibilidade de uma ordem social estável. O design na permacultura é um sistema para unir componentes conceituais, materiais e estratégicos em um padrão que opera para beneficiar a vida em todas as suas formas. A filosofia por trás da Permacultura visa trabalhar com a natureza e não contra esta. É um trabalho de observação do mundo natural, com conclusões transferidas para o ambiente planejado. Necessitamos observar os sistemas em todas as suas funções, ao contrário de exigir somente um produto destes. Para isto devemos permitir que estes sistemas produtivos desenvolvam-se nas suas evoluções próprias. (NEME, 2014, p. 11 apud MOLLSON, 1998)

Figura 8: Flor da Permacultura

A permacultura foi desenvolvida na Austrália, na década de 70, por Bill Mollison e David Holmgren, sendo o Mollison orientador do Holmgren. Após uma pesquisa profunda no intuito de encontrar uma agricultura sustentável, alternativa ao presente sistema de monocultura, uso de agrotóxicos e fertilizantes químicos;

estava gerando um dano

ambiental a Austrália, dessa forma eles conseguiram desenvolver um manual de melhores práticas através de um conhecimento ancestral, unindo a tecnologia ancestral e moderna no intuito de prosperar a nossa população com uma cultura da permanência. Após eles aperfeiçoarem e conceituarem de fato a permacultura, começaram difundi-la pelo mundo com o PDC (Permaculture Design Course, em português, Curso de Design em Permacultura), e desde então, esses cursos veem sendo produzidos, formando pessoas em permacultores. No Brasil, o primeiro PDC só aconteceu nos anos 80, e desde então vem crescendo o número de institutos de permacultura por várias regiões do país. No livro elaborado por Holmgren, ele faz uma breve definição de permacultura:

41

Fonte: http://permacultura.ufsc.br/o-que-e-permacultura/


De acordo com o documentário “Permacultura: Um novo estilo de vida” (2017), o qual faz

Figura 9: Esquema de reciclagem energética no local.

uma abordagem com alguns especialistas da área, a permacultura é sustentada por uma ética que se baseia em três pilares, conhecidos como tripé ético da permacultura, que são: o cuidado com a terra, cuidado com as pessoas, partilha justa dos excedentes e recursos. A partir deste tripé, existe uma série de princípios voltados para o design, que pode ser observado na figura 8. Já as técnicas construtivas são diversas, variando do pau-a-pique até as técnicas mais contemporâneas da biocontrução. Os matérias que podem ser utilizados estão presentes a milhares de anos na construção, como é o caso da pedra, madeira, terra, palha, até mesmo o gelo, no caso do iglu, ou seja, todo elemento direto da natureza. Um dos fatos dentro da bioconstrução é que não existe uma prática mais sustentável que a outra, procura-se trabalhar com um conjunto de práticas consideradas sustentáveis, que não agridam tanto o meio ambiente igual as convencionais. O projeto do centro de apoio será baseado principalmente nos fundamentos de design, o qual envolve a posição relativa, ou seja, elementos posicionados de forma estratégica para trazer benefícios ao edifício. Outra questão é em relação a energia elétrica e a construção; tendo o primeiro como opção a energia solar, já o segundo opta-se por materiais renováveis e de fontes biológicas, por exemplo: o bambu, que pode ser considerado o aço verde, junto do barro e cal. Esse fundamento também promove a reciclagem energética no local, como podemos ver na figura 9. A partir desta figura, pode-se idealizar a eficiência gerada por esse sistema, não há desperdício, como dizia o químico Antoine Lavoisier: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Em relação ao lixo seco, como garrafa, papelão, poliestireno expandido (isopor), entre outros, podem ter outros usos.

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=LIq0td2f34U

42


6.1 O QUE É A PERMACULTURA URBANA?

psicoativas. Então porque não unir o útil ao agradável, como diz o ditado? O próprio contato com a natureza pode ajudar essas pessoas a se afastarem do vício, é claro que também será preciso um acompanhamento psicológico, mas o fato é, a natureza por si só já traz um bem-estar ao ser humano, um exemplo disso é, ao parar para recordar os momentos mais felizes da vida, na

Segundo o documentário “Permacultura: Um novo estilo de vida” (2017), a

maioria dos casos está relacionado com a natureza, seja um piquenique, uma viagem ao campo

permacultura urbana, nada mais é do que prática da permacultura ajustada ao meio urbano

ou a praia, trilhas, enfim, essa resposta varia de pessoa para pessoa, cada qual com seu gosto e

e residencial, levando em consideração o clima, que é um dos principais fatores para ter um

estilo de vida, mas sempre haverá a natureza presente.

resultado eficiente.

Já em relação aos termos do design da permacultura, deve ser levado em consideração o

A princípio, um dos pontos importantes para se refletir é que a permacultura antes

planejamento de um local de apoio para essa parcela da sociedade, utilizando materiais

de mais nada, é um estilo de vida. Dessa forma, após a pessoa compreendê-lo, acaba

renováveis e a sua própria mão de obra, pois nas ruas se encontra muitas pessoas com

alterando seus hábitos, ou seja, basta adaptar os hábitos e costumes rotineiros para uma

experiência e mão de obra qualificada (pedreiro, carpinteiro, encarregado de obra, serralheiro,

vida mais simples e ecológica, além de analisar mais cada situação antes de assumir

pintor, etc.), mas que acabaram se perdendo na vida por questão do vício. Além disso, eles podem

qualquer atitude.

plantar seu próprio alimento, sem desperdício, além de aprender a conviver em harmonia com o

A permacultura também tem a ver com o meio urbano, por mais que sejam

meio ambiente, proporcionando-lhes maior bem-estar e motivação para sair dessa condição.

realidades diferentes, cada vez mais ela tem ganhado espaço nas cidades, pois muda-las é

Essa atitude não ajuda apenas as pessoas, mas também colabora com a preservação do

importante tanto quanto preservar os campos. No meio urbano, um dos principais fatores

meio ambiente. É claro que essa não é a solução de todos os problemas, as questões sociais vão

que mudam o ambiente são as ávores, mudam a qualidade de vida dos pedestres, dos

muito além disso, mas a mudança começa de baixo e aos poucos, se a mentalidade das pessoas

automoveis, principalmente do clima, causando maior bem-estar.

forem mudando, reconhecendo a importância da permacultura para o indivíduo e para o meio

Outras medidas que podem ser tomadas são: utilização de energias renováveis,

ambiente, as futuras gerações poderão desfrutar de um mundo melhor.

utilizar bicicletas quando possível, assim como transportes públicos, partilhar caronas, entre outras medidas que cada cidadão pode ter. Outras medidas possíveis e simples, são as hortas urbanas, que produzem alimentos orgânicos e mais saúdaveis, além de colaborar com a própria comunidade local, diminuindo a vulnerabilidade social.

6.2 A RELAÇÃO DA PERMACULTURA COM AS PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA Como dito anteriormente, a permacultura é sustentada pelo tripé ético, e um desses três itens está diretamente ligado ao foco principal deste trabalho, que é o de cuidar das pessoas. Segundo o autor (NEME, 2014), cuidar das pessoas é “preencher as necessidades básicas de alimento, abrigo, educação, trabalho e convivência, desestimulando a competição, que destrói, pela colaboração, que constrói.”, ou seja, são os itens principais que faltam para as pessoas em situação de rua. Essas pessoas além de sofrer com a carência desses itens, elas ainda enfrentam o desemprego, o preconceito da sociedade e principalmente, o vício em substâncias

43



7 REFERÊNCIAS PROJETUAIS


Fonte: https://www.overlandpartners.com/projects/the-bridge-homeless-assistance-center/


The Bridge Homeless Assistance Center ARQUITETURA: Overland Partners

Figura 10: Entorno do “The Bridge”.

LOCAL: Dallas, Estados Unidos ANO: 2010 ÁREA: Aproximadamente 23.000m² O projeto de Overland Partners, se tornou referência por diversos países, ganhando diversos prêmios internacionais. A princípio, os moradores locais não apoiavam a construção do projeto, pois acreditavam que a criminalidade local iria aumentar, por conta da presença de pessoas em situação de rua. Porém o efeito foi reverso, após o projeto executado, a criminalidade reduziu em 20% e o número de pessoas em situação de rua diminui mais que a metade. Está localizado no centro comercial de Dallas , ao lado de uma avenida movimentada e edifícios públicos. É composto por um conjunto de cinco edifícios interligados por uma praça central aberta, lembrando um campus universitário. O interessante desse projeto é o programa de necessidades, que é bem diversificado. Oferece unidade de apoio à saúde, pequenos nichos de dormitórios individuais, respeitando o uso pessoal do usuário, ambientes especiais para idosos e deficientes físicos, entre outros espaços. Esse projeto foi uma das referências escolhidas, não apenas pelo seu programa de

Fonte: Google Earth

necessidades, mas por questões ambientais, pois este favorece a sustentabilidade com características de um projeto verde, que é uma das bases para o projeto de centro de apoio em Piracicaba. Figura 11: Pátio principal

Fonte: https://www.overlandpartners.com/projects/the-bridge-homeless-assistance-center/

Figura 12: Dormitórios

Figura 13: Pátio principal

47


TÉRREO Figura 14: Planta Baixa - Térreo

16

1

13 14 18 5

17

21

15

12 2

3

6

20 7

19 21

10 9

8

2

4

11 11 Circulação

Fonte: https://www.archdaily.com/115040/the-bridge-homeless-assistance-center-overland-partners

PROGRAMA DE NECESSIDADES -

3- Escritórios

7- Dormitórios

11- Sanitários

15- Livraria

19- Pátio usuários

TÉRREO

4- Mecânica

8- Cozinha

12- Canil

16- Cuidados pessoais

20- Pátio principal

1- Segurança

5- Saúde psicológica

9- Refeitório usuários

13- Recepção

17- Atendimento à mulher

21- Circulação vertical

2- Almoxarifado

6-Saúde física

10- Praça de alimentação

14- Sala de treinamento

18- Hall de entrada

48


1º PAVIMENTO Figura 15: Planta Baixa - 1° Pavimento

22 24

23

21

21

Fonte: https://www.archdaily.com/115040/the-bridge-homeless-assistance-center-overland-partners

PROGRAMA DE NECESSIDADES - 1º PAVIMENTO 22- Oficinas 23- Serviços 24- Hall

49


2º PAVIMENTO Figura 16: Planta Baixa - 2° Pavimento

27 21 25 28

26 Fonte: https://www.archdaily.com/115040/the-bridge-homeless-assistance-center-overland-partners

21

Fonte: https://www.archdaily.com/115040/the-bridge-homeless-assistance-center-overland-partners

PROGRAMA DE NECESSIDADES - 2º PAVIMENTO 25- Administração 26- Quartos masculinos 27- Quartos femininos 28- Quartos PNE

50


Fonte: https://www.archdaily.com/189376/bud-clark-commons-holst-architecture


Bud Clark Commons

TIPO “SHELTER” - TÉRREO Figura 17: Planta baixa - Térreo

ARQUITETURA: Holst Architecture LOCAL: Portland , Estados Unidos ANO: 2011 ÁREA: Aproximadamente 10.000m² Figura 16: Entorno do Bud Clark Commons.

6

6

7

9

9

4

5 8

Fonte: Google Earth

O projeto de Holst Architecture buscou proporcionar um local digno e humano,

1

mesmo com um número elevado de usuários. Traz aspecto de uma residência familiar, com

10

o ponto de acesso principal no centro, ao nível do solo, onde os serviços de emprego e de bem-estar são fornecidos, imitando a sequência de espaços numa casa de família.

2

Fica localizado na entrada do centro de Portland, próximo a histórica “Union Station”,

3

indicada na figura 16. Por ser um bairro de alta renda, com uso misto, Bud Clark Commons equilibra o design e a construção sustentável. Esse projeto foi escolhido como referência por também ser um projeto que busca

Fonte: https://www.archdaily.com/189376/bud-clark-commons-holst-architecture

fornecer serviços de saúde, habitação e recursos de aprendizagem, possibilitando o indivíduo de se restaurar e ter uma condição de vida mais estável.

PROGRAMA DE NECESSIDADES - TÉRREO

O projeto traz três opções de programa, o primeiro eles chamam de centro de dia walk-in com acesso a serviços; um abrigo temporário com 90 leitos para homens sem-teto; e 130 apartamentos estúdio eficientes nos cinco andares superiores do prédio de oito andares. Os apartamentos são designados para mulheres de baixa renda ou homens que procuram moradia permanente. A partir das figuras 17 a 21 é possível obter maior compreensão.

52

1- Entrada do abrigo

6- Quarto com beliches

2- Entrada de funcionários

7- Cozinha

3- Entrada das habitações

8- Sala de exercícios

4- Área comum

9- Aconselhamento psicológico

5- Pátio privado

10- Carga e depósito


TIPO “DAY CENTER” - 1º PAVIMENTO

TIPO “DAY CENTER” - 2º PAVIMENTO Figura 19: Planta baixa - 2° Pavimento

Figura 18: Planta baixa - 1° Pavimento

4

1

2

3

2

1 5

3 6

4

Fonte: https://www.archdaily.com/189376/bud-clark-commons-holst-architecture

Fonte: https://www.archdaily.com/189376/bud-clark-commons-holst-architecture

PROGRAMA DE NECESSIDADES - 1º PAVIMENTO

PROGRAMA DE NECESSIDADES - 2º PAVIMENTO

1- Entrada

1- Estúdio de arte

2- Pátio público

2- Varanda no jardim

3- Área comum

3- Administração

4- Centro comunitário

4- Sala de audiências da comunidade

5- Centro de higiene 6- Aconselhamento psicológico

53


TIPO “HOUSING” - 3º PAVIMENTO

TIPO “HOUSING” - 4º AO 7º PAVIMENTO

Figura 20: Planta baixa - 3° Pavimento

Figura 21: Planta baixa - 4° ao 7° Pavimento

3

4

3

4

5

4

2

4

2 1

1

6

3

Fonte: https://www.archdaily.com/189376/bud-clark-commons-holst-architecture

Fonte: https://www.archdaily.com/189376/bud-clark-commons-holst-architecture

PROGRAMA DE NECESSIDADES - 3º PAVIMENTO

PROGRAMA DE NECESSIDADES - 4º AO 7º PAVIMENTO

1- Varanda compartilhada

1- Varanda compartilhada

2- Lavanderia

2- Lavanderia

3- Apartamento PNE

3- Apartamento PNE

4- Apartamento

4- Apartamento

5- Aconselhamento psicológico 6- Sala comunitária

54


Fonte: http://www.ecoeficientes.com.br/ecovilas-brasileiras/


Ecovilas

A Ecovila Clareando defende os seguintes valores: amorosidade, alegria, respeito, cooperação, simplicidade, autoconhecimento, espiritualidade, arte e beleza. E são justamente esse valores que o projeto do Centro de Apoio deve seguir.

As Ecovilas estão diretamente ligadas a sustentabilidade, envolvendo questões ambientais,

O discurso abaixo está na página virtual da Ecovila, e é válido trazê-lo pois está

sociais, econômicos e espirituais, ou seja, na maioria dos casos estão interligadas a permacultura.

totalmente de acordo com a proposta do projeto de Centro de Apoio a ser desenvolvido.

É uma comunidade de poucas pessoas, variando entre 50 a 2.000 pessoas, que se reunem com o mesmo propósito, que pode variar de local para local.

Por que queremos viver numa ecovila? Pelo AR de cultivar, partilhar, criar, renovar; Pelo ER de aprender, crescer, colher, proteger; Pelo IR de construir, despoluir, dividir, rir; Pelo OR de propor, repor, compor; Pela URgência de buscar novas alternativas de vida no planeta. (ECOVILA CLAREANDO)

Dão prioridades a alimentos orgânicos, produzidos no local, fontes de energias renováveis, construções ecológicas, apoiam a diversidade cultural, economia auto-sustentável, retomando os conceitos da simplicidade voluntária e também educação holística. É um estilo de vida bem ligado a natureza, simplicidade, uma realidade diferente ao habitual. Esse foi um dos motivos de escolher o estilo da permacultura para aplicar ao centro de apoio em Piracicaba, as pessoas em situação de rua não precisam de mais ninguém os julgando,

Figura 22: Ecovila Clareando

apenas precisam que lhes estendam a mão e os faça se sentir em casa, a base de carinho e amor ao próximo, coisas que eles não encontram nas ruas, mas podem mudar isso seguindo a metodologia usada nas ecovilas.

Ecovila Clareando A Ecovila Clareando está localizada na Serra da Mantiqueira, entre as cidades de Piracaia e Joanópolis, entre vales e montanhas da Mata Atlântica, em Área de Preservação Ambiental (APA)

Fonte: http://www.clareando.com.br/interno.asp?conteudo=album&pagina=1#

em uma zona rural de expansão urbana, a 14 km de distância do centro da cidade. É um condomínio rural, que possibilita pessoas com os mesmos objetivos de se reunirem,

Figura 23: Residência dentro do Ecovila Clareando

que é viver em prol a natureza. Para quem vive na loucura do dia a dia na grande São Paulo, esta ecovila está a apenas uma hora e meia de distância, considerando o carro como transporte. O loteamento foi aprovado com 97 lotes, no ano de 2004, com início das obras de infra-estrutura

logo

em

seguida,

como

a

drenagem

de

águas

pluviais,

cascalhamento/pavimentação com bloquetes ecológicos nas ruas e fornecimento de água, cuja rede de abastecimento é toda feita com canos verdes (PPR e PEAD), isenta de canos de PVC. Na entrada da Ecovila, encontra-se uma horta orgânica de uso coletivo, mais ao centro fica o Centro Comunitário para os encontros coletivos e atrações, além de pomares espalhados por todo o espaço e áreas verdes de preservação. Um dos quesitos para resedir nesse loteamento é optar por técnicas construtivas que preservem o ambiente, como tijolo de solocimento com mini-colunas embutidas, casa pré-fabricadas com madeiras de reflorestamento, entre outras opções.

Fonte: http://www.clareando.com.br/interno.asp?conteudo=album&pagina=1#

56


Fonte: http://www.clareando.com.br/interno.asp?conteudo=ecovila


Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/800279/em-detalhe-madeira-palha-e-adobe-centro-holistico-punto-zero/543e790bc07a80762d0002b3-em-detalhe-madeira-palha-e-adobe-centro-holistico-punto-zero-foto?next_project=no


Centro Holístico Punto Zero ARQUITETURA: Dio Sustentable

as questões da permacultura, além de suas técnicas construtivas, que também serão

LOCAL: Putaendo, Região V, Chile

implementadas no projeto do Centro de Apoio.

ANO: 2009 ÁREA DO TERRENO: 44.920m² ÁREA CONSTRUÍDA: 2.561m² O projeto preza por gerar o mínimo de impacto a natureza, para isso os arquitetos do .Dio Sustentable, utilizaram materiais ecológicos, sistema limpo de geração de energia e incorporaram a permacultura ao local. Além disso, foi implementado um sistema para fazer a reciclagem das águas residuais do projeto. O jardim têm papel fundamental para a caracterização do projeto como um todo. O conceito do projeto se desenvolveu a partir de um estudo feito da molécula da água, como pode ser observado na figura 24. Dessa forma, o projeto tomou forma e se baseou em hexágonos interligados, até o crescimento do padrão da molécula de água. O principal motivo pela escolha desse projeto como uma das refências foi por seguir

Figura 24: Estudo da evolução da molécula da água

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/800279/em-detalhe-madeira-palha-e-adobe-centro-holistico-punto-zero

59


Figura 25: Estudo da forma

Figura 26: Planta Baixa

1

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/800279/em-detalhe-m adeira-palha-e-adobe-centro-holistico-punto-zero

2 3 8

4

PROGRAMA DE NECESSIDADES 1- Doyo (Espaço de meditação)

6

5

7

2- Fonte 3- Recepção / Administração 4- Auditório 5- Refeitório 6- Área privada 7- Dormitórios 8- Zona de cura

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/800279/em-detalhe-madeira-palha-e-adobe-centro-holistico-punto-zero

60


8 ÁREA DE INTERVENÇÃO


Em relação ao uso dos lotes no bairro, de acordo com os mapas de geoprocessamento, disponibilizado pela Prefeitura de Piracicaba, o uso do solo é predominantemente residencial, porém também se encontram alguns pontos comerciais e industriais, principalmente na Estrada Francisco Luiz Rasera. Mas mesmo o bairro se expandido territorialmente nos últimos anos, contém ainda grandes vazios que são loteados ou pertencem a prefeitura, além de carecer de áreas institucionais e lazer. O terreno em questão está localizado na zona ZOCFA 3 (Zona de Ocupação Controlada por Fragilidade Ambiental), segundo o Art. 49. do Plano Diretor de Piracicaba, “é composta por áreas do território que embora possuam condições de infra-estrutura, apresentam fragilidades ambientais, com solo sujeito a altos índices de erosão, não recomendável para o adensamento

Piracicaba

populacional.”, os parâmetros urbanísticos dessa zona estão na tabela 7. Tabela 7: Parâmetros urbanísticos para a Zona de Ocupação Controlada por Fragilidade Ambiental (ZOCFA).

CA (coeficiente de aproveitamento)

1,4

TO (taxa de ocupação)

70%

necessita de um local que realmente apoie as pessoas em situação de rua. Por mais que já existem

TP (taxa de permeabilidade)

10%

outras instituições, cada qual com seus objetivos, ainda não há uma que ofereça de fato uma

tamanho mínimo de lote

250m2

Como pode ser visto a partir do desenvolvimento deste trabalho, a cidade de Piracicaba

condição para que essas pessoas realmente consigam sair das ruas.

Fonte: Plano Diretor de Piracicaba (2006)

A escolha do terreno foi um ponto que causou impasse, pois a cidade de Piracicaba é ampla e possuí alguns subcentros, ou seja, a concentração das pessoas em situação de rua se

Na parte inferior do terreno, passa uma das APPs (Área de Preservação Permanente)

localiza em alguns desses subcentros. Portanto, a decisão pelo terreno foi tomada pelos seguintes

do bairro, visto que para o objetivo do projeto, não é um problema, pelo contrário, essa área

pontos: o primeiro foi procurar um local afastado do centro, porém urbanizado, para atender

verde contribui para a proposta, mesmo não podendo ser construída em determinada área.

melhor as questões da permacultura, por mais que ela possa sim ser aplicada em área urbanizada,

Figura 27: Dimensões do terreno

como o centro da cidade, mas a proposta do centro de apoio não é essa, e sim afastar essas

Estrada Francisco Luiz Rasera

pessoas da área central, pois as recaídas para o uso de substâncias pscicoativas são facilitadas na área central; já o segundo ponto foi encontrar um terreno próximo das entidades existestes e

município de Piracicaba, considerado o maior em extensão territorial de todos os existentes da

194,19m

199,19

O resultado foi um terreno localizado no bairro Água Branca, localizado na região sul do região, porém seu adensamento populacional não corresponde a esse grande número. Próximo ao terreno estam localizados o SEAS (Serviço Especializado em Abordagem Social), a Casa de Passagem e o CAPS AD (Ambulatório de Saúde Mental Álcool e outras Drogas: Destinado ao

Rua Buenos Aires

141,20

agregá-las em um só.

126,88

atendimento de pessoas com transtornos decorrentes do uso abusivo de substâncias psicoativas. O bairro teve seu início em consequência do desmembramento de uma área da fazenda Água Branca, na década de 1980, de propriedade de Antônio Tomazella Filho. Ao longo das

Fonte: Ipplap. Editado pela autora.

62

ÁG

últimas décadas, o bairro cresceu de maneira significativa, e vem se desenvolvendo cada vez mais.


CASA DE PASSAGEM

ÁREA: 27.981,74m²

APP

Fonte: https://vittaresidencial.com.br/piracicaba/imoveis/vitta-agua-branca

SEAS


Figura 28: Mapa de situação do bairro Água Branca - Localização do terreno

Figura 29: Mapa de Uso e Ocupação do Solo

N Fonte: Ipplap. Editado pela autora.

Fonte: Desenvolvido pela autora.

Na figura 28 é possível localizar onde o terreno está inserido no bairro Água Branca. Em seguida, temos os mapas de uso e ocupação do solo e o de hierarquia viária. Como já

ÁREA VERDE

citado anteriormente, o entorno do terreno é predominantemente residecial e uma longa faixa de área verde por conta da APP.

RESIDENCIAL COMERCIAL SERVIÇOS INSTITUCIONAL LOTE VAZIO

64

TERRENO DO PROJETO

N


Figura 30: Mapa de Hierarquia Viária

Fonte: Desenvolvido pela autora.

Figura 30: Mapa de Vegetação

N

Fonte: Desenvolvido pela autora.

N

VIA LOCAL VIA COLETORA

A via que passa em frente ao terreno é coletora, ou seja, destinada a coletar e

A partir do mapa de vegetação, é notável que a maior concentração de ávores estão a

distribuir o trânsito que tenha necessidade de entrar ou sair das vias de trânsito rápido ou

margem da APP. De forma geral, a maioria das vias e lotes não possuem árvore, por essa e outras

arteriais, possibilitando o trânsito dentro das regiões da cidade.

questões ambientais, será reservada uma parcela do lote do projeto para a recuperação e preservação ambiental.

65



9 O PROJETO


H

CA AN BR UA

CONCEITO E PARTIDO O conceito que define o projeto do Centro Renascer, é baseado na permacultura e

Figura 31: Estudo de massas inicial, seguindo o ceonceito da flor da permacultura

seu estilo de vida. A intenção é trazer para as pessoas em situação de rua um acolhimento e ADMINISTRATIVO/ SERVIÇOS

uma estrutura que não são oferecidos nas ruas, as pessoas buscam sair dessa vida, mas para isso precisam de um apoio de fato. Esse apoio pode vir da permacultura, pois a pessoa pode

ALIMENTAÇÃO

plantar seu próprio alimento e conviver em harmonia com a natureza. Além disso, essa proposta defende a questão da sustentabilidade, portanto será utilizado materiais

EDUCACIONAL

renováveis, seguindo os hábitos de uma ecovila.

HORTA

Dessa forma, a proposta do projeto é trazer um local de apoio para as pessoas em situação de rua, propondo-lhes um espaço com atividades, suprindo as necessidades básicas que um ser humano precisa para viver com decência, retomando sua autoestima,

DORMITÓRIO FEMININO E PERMANENTE

além de lhe oferecer condições para que estes consigam voltar a viver em sociedade com capacitação para conseguir um emprego, pois uma das principais causas dessas pessoas

DORMITÓRIO MASCULINO

estarem nas ruas é o desemprego. Além deste local de apoio com as atividades, o intuito é trazer um espaço para que estes também convivam em harmonia com a natureza, produzindo seu próprio alimento, sem o desperdício de nada, além de os motivar a se afastar das substâncias psicoativas. Como o projeto é baseado na permacultura, sua forma também seguiu esse conceito, trazendo para a forma física a flor da permacultura, abordada anteriormente. Sendo assim,

Fonte: Desenvolvido pela autora.

o projeto foi dividido por blocos, remetendo as pétalas de uma flor, cada qual com sua

coletas nas ruas.

função. O resultado foi um bloco direcionado para as questões administrativas e para os

Por se tratar de um terreno com uma APP atravessando, a proposta é deixar uma

serviços, como consultório médico, enfermaria e aconselhamento psicológico; outros dois

parte destinada a uma área de recuperação ambiental, com mata preservada, além do

destinados as questões educacionais; um para a parte de alimentação e lavanderia; outros

pomar que rodeia todos os blocos com árvores frutíferas.

três para os dormitórios e por último os quiosques destinados ao esporte e lazer, além de

Em relação ao acolhimento, será oferecido três tipos de usos distintos, assim como o

uma quadra poliesportiva. E no centro a proposta é uma horta, que tem uma das principais

projeto do Bud Clark Commons (Portland), no qual o usuário poderá apenas frequentar as

funções do Centro, que é a produção do própio alimento, além disso, ela interliga todos os

aulas, se alimentar e tomar banho, já a segunda opção é fazer um uso temporário dos

blocos.

dormitórios, sendo que o usuário poderá decidir a hora de partir, não há um tempo mínimo

Outro ponto levado em consideração foi um canil, pois algumas pessoas que estão

assim como na Casa de Passagem (Piracicaba) e o terceiro são os dormitórios permanentes,

na rua não frequentam a Casa de Passagem para não abandonar seu companheiro, pois esta

designados a idosos ou pessoas com extrema necessidade. Os dormitórios femininos

não admiti a presença de animais, sendo que os cães além de fazer companhia, também os

seguem o mesmo padrão dos dormitórios permanentes, porém o feminino conta com duas

protegem contra os perigos que a rua oferece.

beliches, já o permanente com duas camas e um banheiro em ambos, já o masculino são

O projeto também conta com uma praça na entrada interligando a rua com o edifício,

apenas os quartos com duas beliches e o banheiro é coletivo. Ao todo são 14 dormitórios

além de estacionamento para os funcionários, bicicletário para os membros e um

masculinos, que atende até 56 homens; 6 dormitórios femininos, que atende até 24

estacionamento de carrinho de reciclagem para aqueles que tiram sua renda a partir das

mulheres, um quarto PCD, e 7 quartos permanentes, que atende até 14 pessoas.

68


PROGRAMA DE NECESSIDADES Í ¬ ­ ® ¯ ° ± ² ³ ´ ¬« ¬¬ ¬­ ¬® ¬¯ ¬° ¬± ¬² ¬³ ¬´ ­« ­¬ ­­ ­® ­¯ ­° ­± ­²

SDMCHLDMSN

T@QC@§ NKTLD @U@AN NO@ @MHS\QHN @MHS\QHN DLHMHMN @MHS\QHN @RBTKHMN RO@bN CD MSDFQ@b^N SHUHC@CDR ONHN HAKHNSDB@ @K@ CD MENQL\SHB@ @K@ CD TK@ ¬ @K@ CD TK@ ­ SDKHe RS@BHNM@LDMSN § @QQHMGN CD DBHBK@FDL DBDOb^N QH@FDL @K@ CD CN@b^N RO@bN CD RODQ@ QD@ CNR TMBHNM\QHNR @U@AN CNR TMBHNM\QHNR NO@ CLHMHRSQ@b^N @K@ CD DTMH^N KLNW@QHE@CN @MHS\QHN CLHMHRSQ@b^N

L¶ ²«~°« ¬°~´° ­~´° ¬«~²« °~®° ­­~«« ­­~«« ²¯~³° ´~­° ¯¯~¬° °¯~­« ¯±~²« ¯±~²« ³¯~³« ´­~±« ®¬~´« ²~³« ¬«~´° ®~­° ¬®~³« ´~®« ®~¬« ¬´~¯« ¯®~¯« ¬®~­« ¬­~®¯ °~°³

Í ­³ ­´ ®« ®¬ ®­ ®® ®¯ ®° ®± ®² ®³ ®´ ¯« ¯¬ ¯­ ¯® ¯¯ ¯° ¯± ¯² ¯³ ¯´ °« °¬ °­ °®

69

MEDQL@QH@ NMRTKSmQHN dCHBN BNMRDKG@LDMSN RBHBNKmFHBN @MHS\QHN @MHS\QHN DLHMHMN @MHS\QHN @RBTKHMN @MHK NQS@ DEDHSmQHN @MHS\QHN DLHMHMN @MHS\QHN @RBTKHMN NYHMG@ DRODMR@ @U@MCDQH@ THNRPTD CD NFNR B@CDLH@ T@CQ@ NKHDRONQSHU@ THNRPTD CD DCHS@b^N NF@ @K@ CD DFTQ@Mb@ T@QSNR BNL ­ DKHBGDR ¬¯ TMHC@CDR @MHS\QHNR DRSH\QHNR @K@ CD DFTQ@Mb@ T@QSNR TOKNR ² TMHC@CDR @KK CD MSQ@C@ T@QSN T@QSNR TOKNR MCHUHCT@HR ±TMHC@CDR QD@ CD DBTODQ@b^N

L¶ ­¯~«« ­¬~°« ¬²~­« ¯~¬° ³~¬° ¬¬~²­ ¬«­~«« °®«~´° ®¬­~«« ¬«~¬° ¬«~¬° ®¯~¯« ¬«~®« ­¯~°° ²¯~³° ¯®­~«« ­³~®« ­¬~°° ´~«« ¯«~±° ¬±~¬« ¬±~¬« ¬±~¬« ¬±~¬« ¬±~¬« ¬¬®³­~±«


FLUXOGRAMA GERAL

IMPLANTAĂ‡ĂƒO ORIENTAĂ‡ĂƒO SOLAR

RUA ESTACIONAMENTO FUNCIONĂ RIOS

O terreno possui uma årea total de 27.981,74m², sendo a årea construída de 1.878,76m², ou seja, a maior parte Ê

ESTACIONAMENTO FUNCIONĂ RIOS

destinada a ĂĄrea verde. O perfil natural do terreno (PNT) possuĂ­ um desnĂ­vel de 6 metros,

PRAÇA

de

acordo

com

o

geoprocessamento da cidade, porĂŠm, por ser um terreno privado, ele foi aterrado atĂŠ a margem limite da APP, como pode ser

ADMINISTRATIVO/ SEVIÇOS

observado na figura ao lado no corte do

EDUCACIONAL

ALIMENTAĂ‡ĂƒO

terreno.

ESTACIONAMENTO CARRINHO DE RECICLAGEM

O entorno do terreno Ê de lotes vazios. O acesso ao edifício só Ê possível pela fachada frontal, na qual se encontra uma praça que faz a ligação entre a Estrada Francisco Luiz Rasera e o edifício.

HORTA

Na parte oeste do terreno, buscou-se adicionar ĂĄrvores de grande e mĂŠdio porte para

DORMITĂ“RIO MASCULINO

um melhor conforto climĂĄtico.

LAZER/ ESPORTE

DORMITĂ“RIO PERMANENTE

DORMITĂ“RIO FEMININO

 ­ Ž ¯ ° ¹ ² ³ ´   ­ Ž ¯ ° ¹ ²

CANIL

Ă REA DE RECUPERAĂ‡ĂƒO AMBIENTAL

70

ÂŽ % %! ÂŽ 0 0 0 % 1 Â? %!


LOTE VAZIO

ACESSO PEDESTRE

11

3

5

1

12 9

1

14

8 10

2

13

17 7

4

12 6 5 ACESSO PEDESTRE

16

15

LOTE VAZIO

IMPLANTAÇÃO

N

PNT - PERFIL NATURAL DO TERRENO

PNT - PERFIL NATURAL DO TERRENO COM ATERRO

5

LOTE VAZIO

ACESSO PEDESTRE

ESTRADA FRANCI

SCO LUIZ RASERA

1


BLOCO ADMINISTRATIVO EDUCACIONAL ¬ ­ ® ¯ ° ± ² ³

§ §

8 5 1 6 2

7 3 4

PLANTA BAIXA - BLOCO ADMINISTRATIVO EDUCACIONAL

N

N

72


O bloco administrativo educacional tem o objetivo de facilitar a logística do Centro Renascer, pois as pessoas que estão interessadas em

TELHA ECOLÓGICA ONDULINE i=18%

apenas frequentar as aulas vão diretamente nele, fazem seu cadastro e tem o direito de assistir as aulas, participar de palestras e reuniões em grupo, seja religioso ou de apoio psicológico para aqueles que sofrem de dependência química. Além disso, o usuário pode utilizar o chuveiro do bloco para se banhar dignamente. Ao lado do bloco está o estacionamento de carrinho de reciclagem, com entrada independente, pois cada membro deverá solicitar a chave no atendimento do bloco para adentrar no Centro.

PLANTA DE COBERTURA - BLOCO ADMINISTRATIVO EDUCACIONAL

N

CORTE AA - BLOCO ADMINISTRATIVO EDUCACIONAL

73


BLOCO EDUCACIONAL

¬ ­ ® ¯ ° ±

2

4

3

5

( ¬ ­

1

N

PLANTA BAIXA - BLOCO EDUCACIONAL

6

N

74


CORTE BB - BLOCO EDUCACIONAL

CORTE CC - BLOCO EDUCACIONAL

TELHADO VERDE O bloco educacional oferece um ateliê para atividades variadas,

DOMUS i=10%

duas salas de aula para 15 alunos cada, uma sala de informática, uma biblioteca e uma sala de apoio para guardar os materiais necessários. Entre o bloco administrativo educacional e o educacional, há um quiosque destinado a um espaço de convivência, no qual as pessoas poderão de reunir para uma aula aberta, um debate, enfim, diversas possibilidades.

PLANTA DE COBERTURA - BLOCO EDUCACIONAL

N

75


BLOCO ADMINISTRATIVO

8

7 5 6 4 1

13

3

14

¬ ­ ® ¯ ° ± ² ³ ´ ¬« ¬¬ ¬­ ¬® ¬¯ ¬° ¬± ¬² ¬³

%! % %! %! ! %! 0 ' 0

2

16

10

15 11

18

17

9 12

PLANTA BAIXA - ADMINISTRATIVO

N

N

76


CORTE DD - BLOCO ADMINISTRATIVO

TELHADO VERDE DOMUS i=10%

CORTE EE - ADMINISTRATIVO

Este bloco é destinado a administração do Centro, e tem uma área destinada aos funcionários; uma copa, um espaço de descanso e um lavabo. Além disso, disponibiliza um setor para os cuidados com a saúde, tanto física, como

PLANTA DE COBERTURA - ADMINISTRATIVO

mental. Há uma enfermaria para atendimentos imediatos, seja um curativo, aferir

N

a pressão, receber algum medicamento via oral ou injeção. O bloco conta também com uma sala destinada a guardar as arrecadações de campanhas e doações.

PLANTA

77

PLANTA BAIXA - BLOCO

PLANTA BAIXA - BLOCO ADMINIST


BLOCO ALIMENTAÇÃO

¬ ­ ® ¯ ° ±

0

1

3

4

2

5 6 PLANTA BAIXA - ADMINISTRATIVO PLANTA BAIXA - BLOCO ADMINISTRATIVO EDUCACIONAL

N

N PLANTA BAIXA - REFEITÓRIO N AIXA - BLOCO ADMINISTRATIVO EDUCACIONAL PLANTA BAIXA - BLOCO ADMINISTRATIVO EDUCACIONAL

DMINISTRATIVO EDUCACIONAL

ATIVO EDUCACIONAL

N

N

N

N

N

78


O refeitório segue o conceito todo aberto, integrando a paisagem externa com a construção, causando uma sensação de bem-estar. O bloco possuí uma cozinha, uma despensa, sanitários e uma lavanderia, que funciona independente da cozinha

PLANTA BAIXA - DORMI

PLANTA DE COBERTURA - REFEITÓRIO

N

CORTE GG - DORMITÓRIO PERMANENTE E FEM

PLAN

CORTE FF - REFEITÓRIO

79

PLA


DORMITÓRIO PERMANENTE E FEMININO 3

6

4

6

6

3

5

6 1

6 5

6

5

6 3

N

N ÓRIO FEMININO

6

6

6

3

3 N

6 2

7

PLANTA BAIXA - DORMITÓRIO FEMININO

5

CORTE GG - DORMITÓRIO PERMANENTE E FEMININO

6 5

6

A BAIXA - BLOCO ADMINISTRATIVO EDUCACIONAL

¬ ­ ® ¯ ° ± ²

N

%

5

N

6 5

PLANTA BAIXA - DORMITÓRIO PERMANENTE

BAIXA - ADMINISTRATIVO TA BAIXA PLANTA - ADMINISTRATIVO N

N

N

N

NINO

3

7

80

PLANTA BAIXA - ADMINISTRATIVO PLANTA BAIXA - ADMINISTRATIVO N

N

PLANTA BAIXA - D


O dormitório permanente é destinado para idosos ou pessoas com extrema necessidade que não tem a possibilidade

SALA DE SEGURANÇA

de autonomia para conseguir seu sustento. O bloco segue a mesma tipologia do dormitório feminino, porém, o que os difirencia são o número de camas, o permanente atende de uma a duas pessoas, já o feminino, atende até quatro mulheres por quarto. No bloco do dormitório feminino está localizado um quarto especial para PCD. CORTE GG - DORMITÓRIO PERMANENTE E FEMININO A logística também é outro ponto que diferencia os dois blocos, apesar do mesmo formato. O dormitório feminino é de N

PLANTA BAIXA - DORMITÓRIO FEMININO

uso coletivo, portanto, para adentrar ao bloco é necessário

N

N

N PLANTA BAIXA - DORMITÓRIO FEMININO N N N FEMININO PLANTA BAIXA - DORMITÓRIO

PLANTA BAIXA - DORMITÓRIO FEMININO

SALA DE ESTAR

passar pela sala de segurança. Já o usuário do permanente tem sua chave do bloco, além do seu quarto, pois no lugar da sala de segurança há uma sala de estar com televisão.

N

PLANTA DE COBERTURA - DORMITÓRIO PERMANENTE E FEMININO

N

DORMITÓRIO PCD

PLANTA BAIXA - ADMINISTRATIVO

N

DORMITÓRIOS

PLANTA BAIXA - DORMITÓRIO PERMANENTE

N

PLANTA BAIXAE -FEMININO DORMITÓRIO PERMANENTE CORTE GG - DORMITÓRIO PERMANENTE

N

PLANTA BAIXA - ADMINISTRATIVO

RMITÓRIO PERMANENTE

PLANTA BAIXA - DORMITÓRIO PERMANENTE

N N

CORTE GG - DORMITÓRIO PERMANENTE E FEMININO PLANTA BAIXA - DORMITÓRIO PERMANENTE

81

N


DORMITÓRIO MASCULINO

2

2

¬ ­ ® ¯

2

2

2

2

% ÂŽ

2

DORMITÓRIO PERMANENTE E FEMININO

1

4 3

2

DORMITÓRIO PERMANENTE E FEMININO PLANTA BAIXA - ADMINISTRATIVO

2

2

2

2

2

N

N

N

PLANTA BAIXA - BLOCO ADMINISTRATIVO EDUCACIONAL PLANTA BAIXA - ADMINISTRATIVO N PLANTA BAIXA - DORMITÓRIO MASCULINO

LANTA BAIXA - ADMINISTRATIVO

2

N

PLANTA BAIXA - ADMINISTRATIVO

N

N

82


Assim como o dormitório feminino, o masculino também é de uso coletivo, porém os quartos não possuem sanitário, há apenas o de uso coletivo no bloco.

N

PLANTA DE COBERTURA - DORMITÓRIO MASCULINO

CORTE HH - DORMITÓRIO MASCULINO

CORTE II - DORMITÓRIO MASCULINO

83


QUIOSQUES DE ESPORTE E LAZER

2

1

3

PLANTA BAIXA - QUIOSQUES DE ESPORTE E LAZER

¬ %! ­ % ®

PLANTA DE COBERTURA - QUIOSQUES DE ESPORTE E LAZER

N

PLANTA DE COBERTURA - QUIOSQUES DE ESPORTE E LAZER

CORTE JJ - QUIOSQUES DE ESPORTE E LAZER PLANTA DE COBERTURA - QUIOSQUES DENESPORTE E LAZER N PLANTA BAIXA - DORMITÓRIO FEMININO PLANTA DE COBERTURA - QUIOSQUES DENESPORTE E LAZER PLANTA BAIXA - DORMITÓRIO FEMININO

84

N


CANIL

CORTE KK - CANIL CORTE HH - DORMITÓRIO MASCULINO

PLANTA BAIXA - CANIL

N

N N

N PLANTA BAIXA - DORMITÓRIO FEMININO DE COBERTURA - CANIL

N

85


REFERENCIAL TÉCNICO

Em relação cobertura, foram utilizadas três tipos, a telha ecológica onduline, como a padrão, pois uma de suas vantagens para o projeto é a inclinação mínima de 18%, além de ser super leve, garantir o conforto térmico, ter 15 anos de garantia e ser ecológica. Já o telhado verde foi utilizado em conjunto com o sistema de domus, para garantir um

O Centro Renascer busca atender ao máximo as questões da permacultura. Para tanto, o

ambiente mais iluminado e uma sensação térmica mais agradável. Outras vantagens que o

sistema construtivo se baseia no tijolo modular de solocimento estrutural, madeira certificada

telhado verde traz é o aumento da biodiversidade local, melhora o isolamento térmico e

para a estrutura da cobertura, telhado verde, telha ecológica onduline, telhado de sapé para os

acústico do edifício, entre outras vantagens. Abaixo segue um esquema do telhado verde

quiosques e domus, que proporciona iluminação natural para os blocos educacional e

utilizado no projeto.

administrativo, além de melhorar o sistema de ventilação do ar.

ESQUEMA TELHADO VERDE

O projeto utiliza um sistema de aquecimento solar e um sistema de ventilação cruzada nos dormitórios de todos os blocos, a partir de um determinado vão na parte superior da alvenaria com fechamento de bambu, permitindo a passagem do vento, como pode ser observado na figura abaixo.

GRAMA

SUBSTRATO

ESQUEMA DE VENTILAÇÃO

MANTA BIDIN

ARGILA EXPANDIDA

IMPERMEABILIZAÇÃO

LAJE

Vão com fechameto em bambu

MATERIAIS UTILIZADOS:

A escolha pelo sistema construtivo se baseou nas vantagens que o tijolo modular de solocimento oferece e também pelo seu sistema de fabricação, pois por ser ecológica evita o lançamento de resíduos no ar, como acontece com as olarias tradicionais; para a fabricação são necessários três elementos essenciais, que são: terra (solo), cimento e água. Outro ponto é a

Telha Ecológica (Onduline)

Sapé

Madeira Demolição

Madeira Certificada

questão estrutural, pois não é necessário a construção da grelha de pilares, evitando assim o uso em excesso da madeira e a mão de obra de carpinteiros. E como benefício as colunas embutidas ficam distribuídas pela edificação, evitando uma concentração de carga em determinado ponto.

86

Tijolo Solocimento


PLANTA BAIXA - ADMINISTRATIVO

N

PLANTA BAIXA - ADMINISTRATIVO PLANTA BAIXA - ADMINISTRATIVO

N

N

10 CONCLUSÃO


PLANTA BAIXA - ADMINISTRATIVO

N

O tema abordado neste trabalho foi um grande desafio pessoal e mental. A princípio, antes de iniciar as pesquisas e idas à campo, a ideia da realidade era outra, era sabido que a vida dessas pessoas eram complicadas, mas ao começar a escutar a verdade da boca deles, reconheceu-se que só quem realmente vive nas ruas sabe a batalha diária que é para sobreviver. Por mais que a realidade de modo geral seja muito complexa, a intenção com este trabalho não é a de mudar o mundo, mas sim trazer alguma esperaça para essas pessoas em Piracicaba, proporcionar um local que lhes façam se reconhecer como seres humanos, por isso o projeto se chama Centro Renascer, pois traz um novo estilo de vida, a intenção é abandonar o asfalto e abraçar a natureza. Porém, quem não quiser aderir esse estilo de vida, terá a opção apenas de frequentar o Centro durante o dia, participar das aulas e ter acesso a uma alimentação e um banho que são essenciais para garantir a dignidade. Desta forma, a chance desta pessoa se reintegrar a sociedade é bem alta.

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PLANTA BAIXA - DORMITÓRIO PERMANENTE PLANTA BAIXA - DORMITÓRIO PERMANENTE


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PLANTA BAIXA - DORMITÓRIO PERMANENTE





11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS À Margem da Imagem. Direção: Evaldo Mocarzel. Produção: Ugo Giorgetti. [S.l.]: [s.n.]. 2003. ARCHDAILY. The Bridge Homeless Assistance Center / Overland Partners. archdaily, 2010. Disponivel em: ps://www.archdaily.com/115040/the-bridge-homeless-assistance-center-overland-partners>. Acesso em: 01 jun. 2019. ARCHDAILY. Bud Clark Commons / Holst Arquitetura. archdaily, 2011. Disponivel em: <https://www.archdaily.com/189376/bud-clark-commons-holst-architecture>. Acesso em: 22 maio 2019. ARCHDAILY. O Centro de Assistência a Desabrigados da Bridge / Overland Partners. archdaily, 2011. Disponivel em: <https://www.archdaily.com/115040/the-bridge-homeless-assistance-center-overland-partners>. Acesso em: 22 maio 2019. CLAREANDO, E. O que é uma ecovila. Ecovila Clareando. Disponivel em: <http://www.clareando.com.br/interno.asp?conteudo=ecovila>. Acesso em: 30 maio 2019. CUNHA, J. V. Q. D.; RODRIGUES, M. Rua Aprendendo a contar - Pesquisa Nacional sobre a População em Situação de Rua. Brasília: [s.n.], 2009. FRANCO, I. LOAS ANOTADA - LEI ORGÂNICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL, 07 dez. 1993. Disponivel em: <https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Normativas/LoasAnotada.pdf>. Acesso em: 03 abr. 2019. FRANCO, J. T. Em Detalhe: Madeira, Palha e Adobe / Centro Holístico Punto Zero. archdaily, 2016. Disponivel em: <https://www.archdaily.com.br/br/800279/em-detalhe-madeira-palha-e-adobe-centro-holistico-punto-zero>. Acesso em: 14 out. 2019. HOLMGREN, D. Permacultura: Princípios e caminhos além da sustentabilidade. Tradução de Luzia Araújo. Porto Alegre: Via Sapiens, 2013. 413 p. HOLST. Anything but common. Holst, 2011. Disponivel em: <http://www.holstarc.com/portfolio/bud-clark-commons>. Acesso em: 22 maio 2019. IBGE. Piracicaba. IBGE, 2018. Disponivel em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/piracicaba/panorama>. Acesso em: 18 abr. 2019. IBGE. Sinopse do Censo Demográfico 2010 Brasil. IBGE. Disponivel em: <https://censo2010.ibge.gov.br/sinopse/index.php?dados=4&uf=00>. Acesso em: 05 abr. 2019. IMP. Piracicaba - Empregos formais. SEADE, 2017. Disponivel em: <http://www.imp.seade.gov.br/frontend/#/tabelas>. Acesso em: 01 maio 2019. IPEA. Pesquisa estima que o Brasil tem 101 mil moradores de rua. ipea - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 2017. Disponivel em: <http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=29303>. Acesso em: 15 abr. 2019. IPPLAP. População censitária residente por área de domicílio -1980 a 2010. IPPLAP, 2010. Disponivel em: <http://www.ipplap.com.br/docs/Populacao%20Censitaria%20Residente%20Domicilio%20-%201980%20a%202010.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2019. IPPLAP. Mapas. IPPLAP, 2012. Disponivel em: <http://ipplap.com.br/site/mapas/>. Acesso em: 01 jun. 2019. MARQUES, M. R.; LUPO, J. E. Programa A Gente Na Rua. Centro Social Nossa Senhora Do Bom Parto. São Paulo, p. 8. 2004. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME – MDS. Orientações Técnicas: Centro de Referência Especializado para. Brasília: Editora Brasil LTDA, v. 3, 2011. Disponivel em: <http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Cadernos/orientacoes_centro_pop.pdf>. NAÇÕES UNIDAS BRASIL. Artigo 25: Direito a um padrão de vida adequado. Nações Unidas Brasil, 2018. Disponivel em: <https://nacoesunidas.org/artigo-25-direito-a-um-padrao-de-vida-adequado/>. Acesso em: 29 mar. 2019. NATALINO, M. A. C. ESTIMATIVA DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA NO BRASIL. Brasília: [s.n.], 2016. Disponivel em: <http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/TDs/26102016td_2246.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2019. NEME, F. J. P. Permacultura Urbana. 1ª. ed. São Paulo: [s.n.], 2014. 72 p. Disponivel em: <http://permacultoresurbanos.com/wp-content/uploads/2014/12/permacultura-urbana-e-book1.pdf>. Acesso em: 01 maio 2019. OLIVEIRA, T. S. M. D. Gestão do Meio Urbano. 1ª. ed. Curitiba: IBPEX, 2007. OVERLAND. A COMMUNITY COMING TOGETHER TO ADDRESS HOMELESSNESS. Overland, 2010. Disponivel em: <https://www.overlandpartners.com/projects/the-bridge-homeless-assistance-center/>. Acesso em: 01 jun. 2019. PARTNERS, O. UMA COMUNIDADE SE UNINDO PARA LIDAR COM OS SEM-TETO. Overland Partners, 2010. Disponivel em:

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12 ANEXO Não ajuda muito! Apenas pernoite e alimentação no dia. Têm muitas regras e os horários não Entrevista com ex morador de rua:

ajudam.

1. Nome? Idade? Local? Profissão?

10.

Marcos Garcia, 42 anos. Moro atualmente em Sorocaba -SP. Sou técnico em Agropecuária,

Sim, amigos da igreja somente.

Alguém se propôs a ajudá-lo a sair dessa situação?

em Itapetininga-SP. 11.

Como conseguiu sair dessa situação?

2. Por qual motivo entrou nessa situação de rua? Quantos anos tinha?

Conheci igrejas e comecei a frequentar, os irmãos ajudaram em arrumar um lugar (quitinete) e

Tudo começou em 2014 na crise. Perdi o emprego, perdi a esposa e as dívidas foram se

roupas, para “mim” procurar com dignidade trabalho.

acumulando. Entrei em depressão e perdi tudo! “Caí” na rua! Tinha 38 anos. 12.

O que você tem a dizer para as pessoas que ainda estão nessa situação, qual seu conselho?

3. Quanto tempo ficou na rua?

Diria para procurar à Deus e todas as outras coisas vem aos poucos, mas vem! Aconteceu comigo

De fevereiro 2014 até dezembro 2018, 4 anos e 10 meses.

e com mais amigos meus que estava comigo na mesma situação que saiu dessa situação, casou, está trabalhando e está feliz.

4. Os anos que passou na rua foram em Sorocaba? Não, várias cidades, tanto São Paulo quanto no Paraná. Só no Paraná passei por 37 cidades

“Muitos estão na rua não por opção e sim falta de oportunidade! Mas infelizmente a sociedade e

diferentes, em São Paulo foram 18.

o governo incentivam a pessoa de rua a ficar na rua! Já presenciei amigos morrerem por frio, morrerem assassinados por policiais, assassinados por

5. E como você se transportava?

comerciantes e morrerem pelo excesso de uso de drogas e bebidas.

A pé ou carona, a maioria faz isso.

Por isso que muitos moradores de rua mentem sobre seu destino de origem e passam por várias cidades diferentes. Isso é mais para se proteger!”

6. E utilizava os albergues das cidades? Dependendo da cidade sim, pois têm albergues que não acolhe sem documento. E eu não tinha porque na caminhada se perdem. 7. Nesses anos, quais foram os maiores desafios que enfrentou na rua? Fome, frio e o desprezo da sociedade. 8. Você frequentou os abrigos/entidades oferecidos na sua cidade? Sim, frequentei! Tenho cadastro lá. 9. Como você descreveria esse local? Te ajudava no que era preciso?

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