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OrBlua
OrBlua - Um Folhetim Semanal que Celebra a sua Vida e o seu Final
Episódio 9
Texto: António Pires | Foto: Jorge Jubilot e OrBlua s OrBlua sempre foram mais que apenas e somente uma banda ou grupo musical. Antes de mais, foram e são um ferrenho grupo de bons amigos cujas vidas se cruzaram há dez anos e picos para criar música, mas não só. E que, ao longo desta década, lançaram pontes para muitas outras paisagens (não, não é piada) que não apenas as sonoras, melódicas, rítmicas, harmónicas e poéticas que criaram em disco ou em concerto.
Nesta história de que é feita, muito resumidamente, a história dos OrBlua já foram referidos outros nomes para além desse núcleo base, dessa família, dessa tribo que para além de Norton, Murta e Inês, que os ajudaram a trilhar um caminho único na música algarvia, portuguesa, universal. Já falámos dos Gaiteiros de Lisboa, de Janita, do Lobo Mau, de cineastas e fotógrafos que
foram seus companheiros de estrada. Mas falta ainda falar de muitos mais (e que me desculpem os que aqui são esquecidos): o Pedro Duarte, a Sónia Rosa e a Leila Leiras, da RUA – Rádio Universitária do Algarve, onde na realidade os OrBlua nasceram como banda, via colectânea «Sul Azul» e primeiro estúdio de gravações; a Ana Abrantes e o Joaquim Balas (Ocarina); ou o Tiago Pereira (através dos clipes para a su’A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria e para a parceria multimédia, com os OrBlua em palco e ele nas projecções improvisadas no festival Som Riscado); para os organizadores e equipas deste e dos outros grandes festivais em que a banda actuou: MED de Loulé, Festival F de Faro, Sons do Atlântico (Lagoa), Festival Sérgio Mestre (Tavira), Bons Sons (Cem Soldos, Tomar), Ciclo Exploratório de Música Tradicional (Teatro São Luiz, Lisboa), Artes à Rua (Praça do Giraldo, Évora) e Fusos (Alte), este último uma invenção da Fungo Azul, estrutura artística e editorial criada pelos elementos de OrBlua e que ainda hoje se mantém. Neste concerto especial que abriu a primeira edição do Fusos, em 2017, os OrBlua eram acompanhados por artesãos algarvios (ferreiro, oleiro, tear, esparto…) sendo os seus ritmos fundidos com a música dos OrBlua.
No cinema e afins, para além da banda-sonora inédita (embora bem resumida no seu álbum «Paisagens) construída para a anteriormente citada – ver Capítulo 8 – série documental sobre o Algarve, os OrBlua fizeram, em 2013, o tema de abertura do filme «Tesouras e Navalhas», de Hernâni Duarte Maria, e, em 2019, a bandasonora do filme «Actores!» de Carlos Norton. Ainda em contexto cinematográfico, todos os temas dos Orblua (excepto, logicamente, os de «Paisagens»), têm direito aos seus respectivos telediscos, numa aventura
contínua que começou pela experiência de Carlos Norton com o «Aviãozinho Militar», a que se juntou depois mais telediscos, partindo mais tarde para curtas de ficção, documentários e a longa-metragem documental «Terra que nos Acolhes», sobre o «Sul Azul». Nesta viagem cinematográfica embarcaram muitos amigos realizadores e em 2018 editaram o DVD «Movimentos Cinéticos», espelho visual e animado do álbum «Retratos Cinéticos», integralmente em telediscos, sendo os onze temas ilustrados por onze realizadores diferentes e que inclui ainda as canções do primeiro EP e temas gravados à parte, como o «Caixinhas» (a convite de João Carlos Callixto, da Antena 1, para a série «Os Dias Cantados») e «Terra Ardente» (incluído na colectânea «Terra», da Fungo Azul, para ajudar na reflorestação da serra de Monchique).
Mais recentemente, a parceria dos OrBlua com Tiago Pereira teve um novo capítulo: tocaram no Castelo de Aljezur com os Sampladélicos (duo de Tiago Pereira e Sílvio Rosado) num espectáculo intitulado «Quem Manda Aqui Sou Eu», inspirado pelo tema homónimo dos OrBlua e pelos bailes mandados tradicionais algarvios.
Finalmente, e também de extracção recente, à semelhança de filmes, séries, livros e bandas-desenhadas os OrBlua têm também um spin-off: os CAL, projecto que junta Carlos Norton e Inês Graça, feito à base da manipulação de samples vocais, guturais, experimentais, percussivos… criados e improvisados no momento.
Mas se são várias as vertentes artísticas que perdurarão como consequência dos OrBlua, por mão dos seus elementos, a banda não. Essa terminou de forma repentina e irreversível, como veremos no próximo (e final) capítulo .