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Lagoa Cidade Educadora

LAGOA DEDICOU UM DIAÀS CIDADES EDUCADORAS

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

No dia 30 de novembro, data em que se comemora o Dia Internacional das Cidades Educadoras, foi palco de um amplo espaço de reflexão em Lagoa, por via do colóquio «Aprender a ser para melhor aprender» organizado pela Câmara Municipal de Lagoa. Sandra Barão Nobre, Dina Mendonça, Magda Gomes Dias, Lourdes Mata, Maria Helena Horta, Patrícia Constante e João Canossa Dias proporcionaram, no Auditório Municipal Carlos do Carmo, um enriquecedor debate em torno de temas como Educação e Pedagogia e, para além das competências cognitivas – com destaque para a aprendizagem da leitura e da escrita – falou-se da importância do desenvolvimento das competências emocionais e da promoção da capacidade de reflexão, questionamento e resolução de problemas na formação de crianças e jovens. «Como criar experiências de literacia (emergente) para todos?», «Quais os benefícios da leitura em voz alta para bebés?», «Como interagem mães, pais e filhos dentro do conceito de parentalidade positiva?» foram outros dos desafios lançados a uma plateia atenta e numerosa que obrigou, inclusive, à mudança de local, uma vez que o colóquio estava inicialmente previsto acontecer no Convento de S. José.

As boas-vindas aos palestrantes e público foram dadas pelo Presidente do Município, Francisco Martins, que lembrou que Lagoa elegeu a Cultura e a Educação como bases da sua estratégia. “Mais do que aderirmos a redes ou termos mais uma bandeira ou uma chapa para colocar na fachada dos edifícios, sentimos realmente a Educação e a Cultura como pilares da formação da nossa sociedade, esses são os nossos maiores investimentos”, frisou o edil lagoense. “Na minha época tínhamos tempo para sermos crianças, agora, os jovens têm tantas atividades que não é fácil gerir a agenda. E isso forma os nossos jovens de uma maneira diferente para o dia de amanhã”, reconheceu Francisco Martins.

«Aprender a Ser para Melhor Aprender» é algo que deve a todos mobilizar, concordou Paulo Águas, Reitor da Universidade do Algarve, defendendo que é necessário “estar num permanente desassossego para podermos fazer mais e melhor”. “A Universidade do Algarve procura sempre, dentro das suas possibilidades, ser parceira da região, embora não se confina apenas ao Algarve nos seus impactos, na captação de estudantes e na transferência de conhecimento”, indicou, antes de referir que Portugal está classificado pelas Nações Unidas como um país muito desenvolvido. “No Índice de Desenvolvimento Humano, que assenta na esperança média de vida, os anos de escolaridade e o rendimento per capita, somos 41.º e, como é obvio, queremos progredir e julgo que temos condições para tal”.

De acordo com o Índice, Portugal é 22.º em termos de esperança média de vida, que irá aumentar ainda mais nos próximos anos, e está em 43.º lugar no rendimento per capita. Adivinha-se, por isso, que a componente dos anos de escolaridade não será tão positiva no contexto nacional e, de facto, o nosso país está em 87.º, com 9,2 anos de escolaridade. “Todos sabemos que isso resulta da substituição de gerações, da fatura que foi contraída há 50, 60 ou 70 anos, quando Portugal não investiu nas pessoas. No Algarve, em 2015/2016, a taxa real de pré-escolarização foi de 85,6 por cento e temos que ficar muito insatisfeitos. A média nacional está nos 88,4 por cento e só a Área Metropolitana de Lisboa é que tem um valor inferior ao Algarve. E, se olharmos à taxa de desistência dos alunos do 1.º, 2.º e 3.º ciclos, a quantos concluem o ensino básico, também estamos abaixo da média nacional e pior do que nós só está a Região Autónoma dos Açores”, evidenciou Paulo Águas, mostrando-se, porém, convicto de que a situação se pode inverter caso os territórios se comprometam mais com a Educação.

Paulo Águas, Reitor da Universidade do Algarve

Depois da sessão de abertura, o colóquio prosseguiu com Lourdes Mata, do Instituto Superior de Psicologia Aplicada, especializada no estudo da literacia familiar, que falou sobre «As emoções na sala de aula - conhecer, reconhecer e gerir para Aprender a Ser». Depois, foi a vez do painel «Contribuição da Literacia Emergente para o desempenho em leitura no 1.º CEB», apresentado por Patrícia Constante, psicóloga na Câmara Municipal de Matosinhos e mentora de projetos escolares promotores de competências matemáticas e de literacia emergente. A manhã ficou ainda marcada pelas intervenções de João Canossa Dias, Diretor Técnico da Associação para a Recuperação de Cidadãos Inadaptados da Lousã – ARCIL, com «Livros para a participação, histórias sobre inclusão!»; e da biblioterapeuta Sandra Barão Nobre, com «Ler faz bem... aos Bebés XXS também!».

Francisco Martins, presidente da Câmara Municipal de Lagoa

Após o almoço, Dina Mendonça, investigadora na área da Filosofia das Emoções do Instituto de Filosofia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, fez uma intervenção sobre «Filosofia para Crianças e Jovens: alguns aspetos fundamentais», área na qual tem vasta obra publicada. Seguiu-se Magda Gomes Dias, autora do blog «Mum’s the boss» e de best sellers na área da pedagogia, com «Quem tem medo da Parentalidade Positiva? Os cinco pilares» da Escola de Parentalidade e Educação Positivas, da qual é fundadora. A tarde foi ainda preenchida com três workshops: «Redescobrir e Reconstruir a Comunicação» (João Canossa Dias), «A filosofia para crianças e jovens: O que fazemos com as nossas perguntas?» (Dina Mendonça) e «Desafios para a avaliação e intervenção nas dificuldades de aprendizagem no 1.º CEB» (Patrícia Constante).

As conclusões do colóquio foram elaboradas por Maria Helena Horta (Escola Superior de Educação e Comunicação da UAlg) e o encerramento coube à Vereadora Ana Martins e ao Delegado Regional de Educação do Algarve, Alexandre Martins Lima. «Tecendo uma rede de cumplicidades» foi o título do espetáculo com que o Município de Lagoa concluiu o Dia Internacional das Cidades Educadoras, no Centro de Congressos do Arade, no Parchal, durante o qual foram lidos os 12 princípios do Direito a uma Cidade Educadora e foi enfatizado o compromisso da cidade de Lagoa nesta matéria por todos os elementos do executivo municipal liderado por Francisco Martins.

Recorde-se que a Autarquia de Lagoa declarou 2018 como o ano da «Cidade Educadora» e em todos os quadrantes da sua programação tem tido na Educação um dos grandes focos de interesse, na cultura, no desporto, na pedagogia, na cidadania, na igualdade de género. A vida do concelho tem, por isso, vindo cada vez mais a inspirar-se nos princípios da Carta das Cidades Educadoras e o programa «Lagoa, Cidade Educadora 2018» encontra-se em curso desde setembro, trazendo desafios à população através de um conjunto de atividades como apresentação de livros, leituras, colóquios, espetáculos, desporto, valorização do património local, capacitação de recursos humanos e gastronomia.

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