Baba Yaga

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Niel Philip

Escrito por Niel Philip

Baba Yaga

Ilustração por Dante Martins

Uma lenda russa

Escrita por Neil Philip Ilustrada por Dante Martins Traduzida por Hildegard Feist Adapitada por Dante Martins

Era uma vez um viúvo que se casou com uma mulher muito malvada, que odiava a filha dele. Um dia, estando sozinha com a enteada, a madrasta lhe ordenou:

“Vá até a casa de minha irmã e peça emprestado um carretel de linha”.

“Mas eu não sei chegar lá!” respondeu a menina, preocupada.

“Siga seu nariz e você vai encontrar uma cabana com pernas, lá mora minha irmã. Agora vá, suma daqui!” disse a madrasta, bufando.

E assim a menina fez.

Seguindo o próprio nariz, adentrou a floresta escura até encontrar uma cabana sustentada por pernas de galinha.

Nela vivia Baba Yaga, uma bruxa poderosa.

Quando a menina chegou lá e pediu o carretel, Baba Yaga falou:

“Vou procurar em meus guardados. Enquanto isso, teça um pouco para mim”.

A filha do viúvo se pôs a tecer. Um segundo depois percebeu a presença de um gato magrelo, que a encarava.

“Pobre gatinho, deve estar com fome.” disse a menina, tirando de sua bolsa pão e um pedaço de salame que havia levado para lá, caso sentisse fome em seu caminho.

A garota, gentil, deu ao gato o salame, comeu o pão e voltou a trabalhar.

Pouco depois a menina escuta Baba Yaga ordenando ao gato: “Arranque os olhos da minha sobrinha e ferva a água, pois vou devorá-la no jantar”.

Esforçando-se para não perder a calma, a menina esperou o gato voltar para a varanda e lhe suplicou que não fervesse a água e poupasse seus olhos.

O gato lhe deu um pente e uma toalha.

"Fuja", falou. “Se perceber que Baba Yaga está em seu rastro, jogue essas coisas para trás.”

A filha do viúvo saiu correndo.

Chegando ao portão, só conseguiu abri-lo depois de despejar algumas gotas de óleo nas dobradiças.

Ao sair, viu-se presa nos galhos de um velho pinheiro, afastou-os com determinação e os amarrou com uma fita para que a deixassem passar.

Enquanto isso, o gato trabalhava no tear. “Você está tecendo?”, Baba Yaga perguntava a todo instante e, lá de dentro: “sim, titia”, o bichano respondia.
Desconfiada, a bruxa foi ver o que estava acontecendo na varanda. Ao perceber que a menina escapara, começou a dar vassouradas no gato. “Você nunca me deu sequer uma espinha de peixe, mas sua sobrinha me presenteou com um pedaço de salame", disse ele.

Espumando de raiva, Baba Yaga bateu no portão e no pinheiro, que também afirmaram que sua sobrinha os tratara muito melhor que ela.

Cansada de ouvir essa mesma história, a bruxa montou seu pilão mágico como se fosse uma canoa flutuante e, usando o socador como remo, partiu à caça da fugitiva.

A menina percebeu sua aproximação e jogou para trás a toalha que, no mesmo instante, se transformou num rio turbulento.

Mais furiosa ainda, pois bruxas não podem atravessar água corrente, Baba Yaga transformou pedras em bois e mandou que bebessem toda a água do rio.

Feito isso, passou para o outro lado e continuou em sua feroz perseguição.

Ouvindo-a bufar em seu rastro, a fugitiva jogou para trás o pente, que se converteu numa densa floresta.

Estimulada pela raiva, a bruxa tratou de abrir caminho com os próprios dentes, roendo troncos e galhos.

De nada lhe valeu o esforço, pois, quando conseguiu sair da floresta, a menina já estava em sua casa, com a porta bem trancada.

Ao escutar a história, o viúvo expulsou a esposa malvada e viveu em paz com sua filha até o fim de seus dias.

Fim.

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