Copyright © 2020 Enéias Tavares Todos os direitos reservados crédito das ilustrações :
Ana Luiza Koehler © pgs. 13-24️ / Karl Felippe © pgs. 26-32 / Alamy © / Gettyimages © / 123RF © / Stockphotos ©
Diretor Editorial Christiano Menezes Diretor Comercial Chico de Assis Gerente Comercial Giselle Leitão Gerente de Marketing Digital Mike Ribera Editor Lielson Zeni Capa e Projeto Gráfico Retina 78 Coordenador de Arte Arthur Moraes Designers Assistentes Guilherme Costa Sergio Chaves Finalização Sandro Tagliamento Preparação Guilherme Kroll Retina Conteúdo Revisão Lauren Nascimento Maximo Ribera Impressão e acabamento Gráfica Geográfica
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (cip) Angélica Ilacqua CRB-8/7057 Tavares, Enéias Parthenon místico : um romance de Brasiliana Steampunk / Enéias Tavares ; ilustrado por Ana Luiza Koehler. — Rio de Janeiro : DarkSide Books, 2020. 352 p. : il. ISBN: 978-65-5598-030-1 1. Ficção brasileira 2. Ficção científica I. Título II. Koehler, Ana Luiza 20-3531
CDD B869.3 Índices para catálogo sistemático: 1. Ficção brasileira
[2020] Todos os direitos desta edição reservados à DarkSide® Entretenimento LTDA. Rua Alcântara Machado 36, sala 601, Centro 20081-010 – Rio de Janeiro – RJ — Brasil www.darksidebooks.com
“Desefazerlivrosnãoháfim “OBrasiltemumgrande “Entreaescoladaleieo Emuitadedicaçãoaeles Passadopelafrente.” arquipélagododesejo.. Éprazerparaacarne.” oParthenonMístico.” MILLÔR FERNANDES ECLESIASTES SERGIO 12:12 POMPEU
S
U M
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I
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• parte i •
Cartas Apaixonadas & Investigações Arriscadas 39.
• parte ii •
105. Noitários
Arcanos & Encontros Profanos
• parte iii •
155. Murais Historiográficos
& Panfletos Anárquicos
• parte iv •
Oráculos Trágicos & Segredos Nefastos
197.
• parte v •
Missões Incríveis & Decisões Impossíveis 241.
• parte vi •
Lembranças Instáveis & Despedidas Inevitáveis
307.
SERGIO POMPEU
estudioso occultista
BENTO ALVES
P E R
S O N A E
aventureiro místico
DOUTOR BENIGNUS
inventivo scientista
VITORIA ACAUA
médium indígena
SOLFIERI DE AZEVEDO imortal satanista
ANTOINE LOUISON médico renomado
BEATRIZ DE ALMEIDA & SOUZA enigmática escritora
GIOVANNI FELIPPETO
violinista foragido
GEORGINA MAGALHAES
espectro amaldiçoado
TROLHO (MODELO B215)
secretário robótico
policial azarado
D
R
M
ANTUNES PEIXOTO
policial corrupto
A
A T I
S
REVOCATO PORTO ALEGRE
agente duplo
ALVARENGA DA SILVA NIOKO TAKEDA
agente positivista
DOUTOR SIGMUND MASCHER frenologista sádico
AUTOMATO E564
guarda-costas robótico
GRAO-ANCIAO POSITIVISTA grande vilão da estória
AVISO IMPORTANTE Esta narrativa se passa quinze anos antes do folhetim publicado sob o título A Lição de AnatomiadoTemívelDr.,Louison não sendo, porém, necessário que você tenha lido o volume anterior para acompanhar as aventuras que se seguem ou vice-versa. Naquela narrativa, o destino do doutor do título é colocado em risco e a existência do Parthenon Místico é apresentada como certa e conhecida, bem como suas duas gerações de heróis libertários. Nesta prequela, portanto, veremos a origem, os dramas e as aventuras prévias do grupo fora da lei. Quanto às demais informações, situações, personagens e diálogos aqui dramatizados, não passam de mera ficção sem quaisquer relações diretas ou manifestas com a insólita realidade do país do futuro. Que o leitor audaz & a leitora atenta usem de discernimento, em especial quanto aos atuais estados da educação e da cultura em nosso Brasil, terra mui vasta e rica que os nativos chamavam de Pindorama, isso antes dos europeus aqui chegarem e darem início à balbúrdia que aí está!
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O qu e ou vi mos do ve nt o são os ph a nt a s m a s d e out rora . O u e nt ão os bra mi dos d e dor da s mor t es rece nt es. C onduzi dos pel a ve nt a ni a qu e nos e mpur ra , ch e ga mos aos d S e r g i o P o m p e u a b r a ç a o c o r p o f r á g i l d o D r. B e n i g n u s . Ao l a d o d el es , u m a va r i a d o a ut ô m at o obse r va e re g i st ra . Os olhos do velho scientista estão embaçados. D epoi s de e nxugá-los com um l e nço imundo, el e o de ixa c O vento selvagem açoita o tecido manchado de sangue e o f D ua s pá s e nfe r r uja da s , cra va da s na t e r ra m a ci a da Ilh a do D ese n separa m dos cinco t ú mulos recé m-ca va dos. No inter ior deles, corpos jazem quedados. Acima , lápides improvisadas signalizam seus nomes. L ouison Beatriz Solf ieri Bento Vitória
A ve ntania uiva sobre o pântano, des viando dos escombros do lugar conhecido pelos pescadores locai s como a Man são d A s pe r na s fe r i da s d e S e rg i o f raqu e ja m . O jo ve m d espe n ca e n qu a nt o s u a s l á g r i m a s m i st u ra m-se à l a m a . S onhos & pesadelos o faze m voltar no te mpo.
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Dos apontamentos de Solfieri de Azevedo. Eu não gosto de noitários. Eles são pesados, chamativos e desengonçados. Além disso, grossos volumes manuscritos são coisa de pessoas que não têm tempo. Eu tenho. Todo o tempo do mundo. Literalmente. Pronto, de saída entreguei-vos meu segredo. Eu não morro. Exceto por água, fogo ou faca. Por isso sou tão cuidadoso. Quanto à Morte em si, aprendi a fugir dela. Como isso aconteceu, não me pergunteis. Não espereis que eu conte tudo assim, de lambuja, não é mesmo? Como disse, não tenho noitários. Mas adoro cadernetas de bolso nas quais posso anotar o mais importante. Ademais, sorumbático como sou, gosto de anotar reflexões. Além de, claro, produzirem bela figura: o sujeitinho com roupa empoeirada, olhar indecente, cara de anjo e coração de larápio, fazendo pose com seu livreto! Agora, por exemplo, estou na Ilha do Desencanto, no alto duma das Torres Guardiãs. Gosto de espiar o pôr do sol daqui. Mas nesta noitinha, há outro evento ocorrendo. A barcarruagem de Benignus chegou meio avariada. Pelo visto tiveram problemas. Giovanni pareceu preocupado e a lataria velha perdeu um braço. Possivelmente foram acossados pelos positivistas.
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Na sala ao lado, um grupo estava reunido. A iluminação desse segundo cômodo era feita de múltiplos candelabros espalhados nas paredes. Na parede principal da sala, uma imagem feminina nos observava de uma grande pintura. Aquele lugar era um império de perfumes, texturas e sons, como se fosse o próprio Reino da Decadência do qual eu lera nos livros. “Você deve ser Sergio!”, disse animadamente um velho corpulento, que supus ser Benignus. Ele veio em minha direção e abraçou-me como se fosse seu íntimo. Era um sujeito de altura média, em tudo enérgico e vivaz, que lhe dava a aparência de um surrado Sancho Pança possuído pelo espírito de um insano Quixote. Seus membros eram um tanto flácidos, porém fortes. Suas roupas, farrapos de laboratório com mil bolsos, de onde saíam chaves de fenda, lamparinas, fios descobertos e outras quinquilharias. Sobre o armarinho humano, uma sobrecasaca que teria sido elegante, décadas antes. “Amigo de Bento é amigo meu. Tome, eis aqui meu cartão, caso precise de qualquer auxílio, mechânico ou mágico”. Não segurei um sorriso ao estudar o papel encardido. Nele, lia-se o seguinte:
Doutor Benignus Especialista em ter modinâmica, astrosophia e robótica. Mestre em navegação marítima, viagens aéreas e exploraçõ es terrestres. Doutor em engenharia, machinaria e cartomancia. Outras áreas de interesse: botânica, zoologia, telegraphi espectrographia, meteorologia & alchimia. Agradeci pelo cartão, guardando-o. Só então, atentei aos demais ocupantes do salão noturno. Além das velas, a luz vinha das achas que ardiam na lareira. Sobre um divã, estava uma mulher negra imperiosa e enigmática que julguei ser Beatriz, a esfinge daquele mundo de oráculos futuristas. Ela vestia um incomum terno masculino, com os fartos cabelos crespos caindo sobre os ombros. Ao seu lado, ereto e elegante, como um monarca sem reino, estava um homem de altura e idade medianas, vestido como um cavalheiro. Sua barba escura bem aparada combinada com o cabelo impecável. Seria ele o doutor que havia cuidado de Bento? Imaginei Beatriz e Louison diferentes. Mas agora, via que minha imaginação não lhes fizera justiça. “Penso que as apresentações são desnecessárias”, disse o homem, com uma voz na qual não se percebia o carregado sotaque sulista. Veio em minha direção e estendeu sua mão. “Muito prazer, caro amigo. Seja bem-vindo à nossa fraternidade. Bento Alves mal pode esperar para reencontrá-lo.”
“Somos um grupo de aventureiros libertários em busca de causas perdidas, avanços tecnológicos e milenares segredos. E quanto a você, está em busca do quê?” Doutor Benignus
Em março de 1896, o caçador de recompensas Bento Alves se une a uma liga de exploradores do oculto para resgatar a jovem médium Vitória Acauã de torpes experimentos nas mãos da Ordem Positivista Nacional. Agora, a Ordem coligará forças para aniquilar seus inimigos: uma sociedade secreta conhecida no sul do Brasil como Parthenon Místico!