A Tardinha - Como funciona uma carta?

Page 1

4e5

SALVADOR, SÁBADO, 5 DE ABRIL DE 2014

CAPA

Na ponta do lápis

No próximo dia 8, passe a mensagem adiante: escrever cartas também é coisa do nosso tempo

DARLAN CAIRES

Lápis e papel na mão, uma folha em branco diante dos olhos e pronto, só escrever. Uma mensagem de amor, um recado para um amigo, um registro do dia a dia. É assim que nascem as cartas. Esse meio de comunicação traz recordações e é bom para refletir e ler. Você já pensou em escrever uma? O desafio é transmitir as ideias. Depois, imagine receber a resposta? Isso inspira a criar outras. E, de

tanto praticar, você vai saber de cor o que toda carta deve ter: data, destinatário, texto, saudação de fechamento e a assinatura de quem escreve. Depois do e-mail, do SMS e do WhatsApp, é bem verdade que o envio de cartas diminuiu bastante. Hoje, 47% dos serviços destinam-se a mensagens, mas não é só cartas. Contam também telegramas e outros documentos. Segundo o pesquisador

André Lemos, uma das diferenças entre o SMS do celular e as cartas é a materialidade. Isso quer dizer que, além de um meio ser mais rápido que outro, na carta é possível tocar na mensagem com as mãos. Ao contrário do WhatsApp, que está no meio digital. As redes sociais também são uma opção para se comunicar. Às vezes, é preferível usar o Facebook ou Twitter pela rapidez oferecida. O que, no caso da carta, não acontece.

Tempo

Colecionador de selo

Uma carta demora até cinco dias úteis para chegar. Em um dia útil, não contamos fins de semana nem feriados. Por meio eletrônico, isso é resolvido em segundos. Mas, com a carta, comprovamos que o documento é verdadeiro e ainda dá para monitorar se ela chegou ao destino final. Importante saber: o conteúdo de uma carta é secreto. Ninguém pode abrir, a não ser a pessoa para quem ela foi escrita. Isso é lei.

O selo é a garantia de que a carta foi paga. Quando não existia, quem recebia pagava. Mas, como muita gente não aceitava, o correio ficava no prejuízo. Com o tempo, as pessoas passaram a colecionar os quadradinhos ilustrados. João Victor Silva, 11, gosta de selos por causa da mãe. Ela trabalha numa filatelia, onde colecionadores compram, trocam e expõem selos. “Gosto de esportes e animais”, contou João. Os de tiranossauro e dos jogadores Neymar, Messi e Cristiano Ronaldo são os preferidos.

Correio com asas Sabia que os pombos já foram correio? Na primeira e segunda guerras mundiais, os pombos-correio (Columba livia) carregavam recados amarrados nas pernas ou em uma mochila.

Ao contrário do que se pensa, eles não iam ao destino por vontade. Estavam apenas voltando para casa, e isso era tudo o que sabiam fazer. Hoje, os pombos-correio já não são mais usados como

mensageiros. Alguns criadores promovem competições entre eles. Cada criador leva os pombos para um lugar e, de lá, eles voam para casa. O que chegar mais rápido ganha.

Quem deu as informações: Wander Emediato, especialista em ciências da linguagem e professor do departamento de letras da UFMG; Luciana Moreno, professora do Departamento de Letras da Uneb; Heitor Japyassú, biólogo; Associação de Criadores de Aves, Correios e o livro A Origem das Datas e Festas, de Maurício Duarte.

Ilustração Bruno Aziz


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.