Catalogo arte pará 2016

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ARTE PARÁ ANO 35 Curador Paulo Herkenhoff

Espaço Cultural Casa das Onze Janelas Museu da Universidade Federal do Pará Museu Paraense Emílio Goeldi FUNDAÇÃO ROMULO MAIORANA

8 de outubro a 8 de dezembro de 2016 Belém-Pará 2017


GRATULIANO BIBAS Ancoradouro Fotografia Belém - Pará


A 35ª Edição do Arte Pará acontece num momento em que desafios se apresentam à economia brasileira. Neste contexto, ressaltamos o empenho da Fundação Romulo Maiorana (FRM) em apostar no crescimento de novos públicos para a arte; uma vez que as gerações futuras são pontuais em vivenciar os espaços expositivos do Salão. É Missão da FRM educar as crianças, a fim de que desenvolvam o gosto e apreciem as artes e a cultura. O curador Paulo Herkenhoff articula, nos museus de Belém, um clima propício para a produção contemporânea, estimulando e refletindo sobre a arte com os convidados, homenageados e selecionados da mostra. Agradecemos à Faculdade Integrada Brasil Amazônia (FIBRA), que consolidou a edição como patrocinadora máster. Assim, esperamos ampliar o Arte Pará no circuito brasileiro, mantendo referências das diversas etapas vivenciadas ao longo da história.

Lucidéa Maiorana Presidente Fundação Romulo Maiorana


LETĂ?CIA LAMPERT Random City Fotografia - Colagem Porto Alegre-RS


A escolha da Casa das Onze Janelas, como espaço expositivo do Arte Pará 35 anos, não foi aleatória. E sim, a insistência do existir, da permanência de um Museu que merece ser de Arte. Estamos nos arriscando ao fazer o Salão num espaço que querem deixar órfão. Não queremos nos despedir dele nesta edição. O que desejamos é fortalecer – com o Museu – o propósito de que a Casa das Onze Janelas prossiga sendo um espaço de arte e educação. Lutamos muito para chegar até a maturidade, dos 20 aos 30 anos, de um Salão que virou Projeto Arte Pará. E, agora, aos 35, nos sentimos maduros, sem prepotência ou arrogância, por meio da arte e da educação, fomentar esse desejo de permanência. Essa vista que nos permite continuar nosso olhar para o rio, o rio que segue com a arte. Paulo Herkenhoff, quando desenha a curadoria, as divide em núcleos: Humanimalidade, Corpo e Política, Acumulações e Cidade. Essa construção insere a todos nós que, com a arte, ficamos ou partimos. Essas 11 janelas – que são a entrada da arte, as salas Valdir Sarubbi, Gratuliano Bibas e Laboratório das Artes – não estão por acaso entre a discussão da vida e o respiro da esperança. O Museu da Universidade Federal do Pará abriga artistas paraenses como homenageados e o Museu Paraense Emílio Goeldi confirma a parceria de uma década. Permanecemos! Roberta Maiorana Diretora Executiva Fundação Romulo Maiorana


Em tempos de profundas crises política, social e financeira do país, o Arte Pará 35 reaviva a tarefa de mobilizar Belém em torno da produção simbólica da cultura e de suas possibilidades de pensar a sociedade. Em tempos de crise, proclama o crítico Mario Pedrosa: “é preciso estar com os artistas”. O Arte Pará foi criado por Romulo Maiorana para dar visibilidade à arte paraense. Ao longo de mais de três décadas, essa tarefa tem se aprofundado de acordo com as transformações da arte e das necessidades da sociedade. Afinal, o Arte Pará foi o grande porta-voz nacional da arte paraense e o ponto de contato mais estável entre Belém e a arte do Brasil. O Arte Pará é a mais antiga organização do gênero no país promovida por uma empresa privada. É o evento paraense de arte mais conhecido nacionalmente. É uma referência histórica pela qual passou a arte do Pará. Uma das forças do Arte Pará, conduzido por Roberta Maiorana, é a crença no artista paraense e no papel da arte na educação. Empresários modernos sabem reconhecer a importância da arte para a cultura, não confundindo com o aventureirismo de certas iniciativas tão vazias quanto cínicas. Empresários modernos apoiam manifestações da arte e de sua intersecção com a escola. Outro fator dinâmico do Arte Pará é a permanente disposição em transformar o modelo de organização, escapando de virar um processo burocrático. Escolhe o experimental da arte e sempre repensa a maneira


de organizar-se. Em 2016, um Arte Pará mais enxuto traz um desenho mais potente, com um grupo de artistas convidados ou selecionados por Marcelo Campos e Walda Marques. O processo educacional, sob a orientação de Vânia Leal, prepara um programa de mediação, que também tem se distinguido no contexto nacional. Este ano, o Arte Pará aprofunda as alianças intelectuais com a inestimável cooperação do Museu Goeldi, do Museu Casa das Onze Janelas e do Museu de Arte da UFPA. Em tempos de crise, o Arte Pará, tanto quanto o próprio Museu da Casa das Onze Janelas, bordejam a ameaça de interrupção. Com os apoios político e financeiro adequados, o Museu das Onze Janelas foi reconhecido como um dos quatro mais importantes do Norte/Nordeste, suando o Pará, ao lado da Bahia, Ceará e Pernambuco. A presença do Arte Pará 35, no Museu das Onze Janelas, comprova a vitalidade das duas instituições. Essa aliança constitui um farol de luzes vivas para a Feliz Lusitânia. Com os apoios político e financeiro, o Onze Janelas retoma a plena potência. Que este Arte Pará seja uma conclamação aos diálogos sereno e democrático. E, que pense o futuro da cultura paraense e situações, como: a valorização da própria história do Pará. A luz da arte é insubstituível em todas as sociedades e em todos os tempos. Paulo Herkenhoff Curador Arte Pará


Um espaรงo ampliado na linha do tempo


Quando o Arte Pará completou 30 anos, foi construída uma linha do tempo dessa trajetória. Percebeu-se, na pesquisa esmiuçada, que o Salão é peça de apreço de um projeto muito maior, que busca sempre transformar Belém em um polo brasileiro de arte e nos dá a conhecer para a cena artística no trajeto de curadores, artistas e galeristas do circuito nacional. No conjunto dos bastidores, cultiva – ao máximo – as potencialidades singulares do salão: encontro e troca entre artistas convidados e selecionados, reflexão e intercâmbio entre o público, especialistas e estudantes com ações de pensamentos, compartilhamentos, viagens, resistências, oposições, fóruns, autocrítica e, fundamentalmente, com a não pactuação com o monopólio cultural. Nesse percurso, a 35ª edição tem como proposição situar a arte produzida em Belém com os artistas homenageados e convidados, no atravessamento com o Salão e a arte brasileira por meio de suas trajetórias bem constituídas. Os artistas selecionados articulam ações na cidade, humanimalidade, crítica institucional, política e história, corpo, acumulações e outras recombinações e conceitos que se interligam com culturas e manifestações artísticas. A experiência de caminhar ao lado de Paulo Herkenhoff entre espaços de artistas, permite-nos construir conteúdos, que nos fazem olhar atentamente aos aspectos mais desafiadores e particulares da arte produzida hoje: o fluxo entre linguagens, o rizoma de individualidades, a singularidade política de se viver na Amazônia, entre tantas outras direções desambiciosas da arte produzidas, aqui e agora. Mas, sobrepõe ao espírito construtivo dos artistas que levam a ampliar a linha do tempo do Arte Pará na perspectiva de encontro e confronto de culturas distantes, diferentes. Uma aproximação dos que participaram, dos que participam e dos que ainda estão por vir. Um espaço aberto de diálogo com a cidade e, ao mesmo tempo, com o desejo de expandi-lo para o mundo.

Vânia Leal Machado Curadora Adjunta


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Berna Reale


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Cantando na Chuva 04’:12”- 2014 Produção Berna Reale Victor Reale Câmeras Anderson Batista (“Bigurrilho”) Diego Feitosa Edson Feitosa Edição Berna Reale Carla Reale Diego Feitosa

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BRICS 2015 | 05’:05” Câmeras Diego Feitosa Manuella Reale

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Americano – Edição Especial (3:42) Produção Berna Reale Victor Reale Câmeras Anderson Batista (“Bigurrilho”) Diego Feitosa Assistentes Carlos Meiguins Clodoaldo Martins Marcus Leal (“Sapo”) Edição Berna Reale Diego Feitosa

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Humanimalidade


ocuparam de temas religiosos, ao longo da história. Tanto a civilização ocidental como outras trataram a espiritualidade por meio de pinturas. Seja pela simples representação de ícones ou de narrativas metafóricas de cada religião, crescemos cercados por essas imagens, que influenciam nossas vidas de forma direta ou indireta. Por muitas dessas metáforas serem interpretadas de forma literal, um grande ódio cresceu

PREMIADO

porque é uma das formas de arte que mais se

Arthur Arnold

O artista escolhe a pintura para realizar o trabalho

entre os povos pelas mãos das religiões.

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Parto Natural Simultâneo das Virgens Pintura São Paulo – SP

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Toda existência será abençoada Pintura São Paulo – SP

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LesĂŁo Pintura Rio de Janeiro (RJ)

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ritmos díspares dos quais não consegue especificar o que é causa do quê. De um lado, a intensidade impulsiva de me ver motivado com mínimos detalhes, como um amontoado de folhas secas no canto de uma sala. Do outro, a lentidão e o labor requeridos pela pintura a óleo. No processo, busca preservar a intensidade do impulso, durante todas as horas e mais horas debruçadas em observações de folhas secas, cantos empoeirados, árvores, paredes, baratinhas estateladas e tudo mais que prende a atenção do olhar como artista. No casamento entre impulso e lentidão, busca, ainda, o desprendimento nos

Bruno Drolshagen

O trabalho do artista brota do choque entre dois

trabalhos. Desprendimento em sabotar as próprias telas em prol de uma curiosidade destrutiva da qual a lentidão do processo, normalmente, se aprontaria em espantar. O interesse é apontar o que há de abstrato nas observações realistas do cotidiano.

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Catadores Fotografia - ImpressĂŁo com pigmento mineral em papel algodĂŁo Belo Horizonte - MG

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As imagens que formam o políptico “Catadores” não ilustram estas relações. Elas fazem sentir. As fotografias, apresentadas no contexto da obra, tencionam e remetem sobre as fronteiras que dividem o conceito estabelecido entre homem e bicho. O políptico “Catadores” dialoga com indivíduos que, recortados da paisagem cotidiana, induz a uma linha tênue de percepção definidora das noções de ficção e realidade.

Daniel Moreira

Homem-motor, homem-tração, homem-animal.

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Articulando Princípios 1, 2 e 3 Colagens São Paulo – SP

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também volumes espaciais e ironizam os rumos tomados pelas teorias econômicas de adam Smith e Karl marx. a série transforma em objeto de arte trecho dos dois marcos fundadores da economia moderna: riqueza das Nações e o Capital, fazendo da teoria um corpo consumível nesse mundo de padronizações e simulacros políticos.

ricardo Villa

“articulando Princípios” consiste em uma colagem em padrões geométricos que, formalmente, sugerem

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Corpo e PolĂ­tica


portanto uma denegação de moral. Do contato furtivo: de segredos que não podem ser confessados, a versão espanhol dos fatos. Não me peça explicações, já contei coisas aos teus ouvidos sobre a fraude. Sexo anal fraudulento, não houve resultados fraudados. Eu fui enrabado. DELICIA. e tinha pelos, muitos deles em minha boca. boca de lixo. Engasgo-me-meme-me-me and you. ops eu errei, ele falava Español, eu ouvi inglês? cama de parquet de fuente amarilla. Não haverá narração do banquete. Eis a pequena saga de linguistica recalcada e pobre do artista putinho e seu curador cafetão. E para apenas

encerrarmos possíveis perguntas sobre o

sistema de arte: eu não usei camisinha e ele gozou dentro.

PREMIADO

Assumo contra tudo e todos uma recusa de coragem, e

Victor De La Rocque

Artista Putinho / Curador Cafetão

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Artista Putinho / Curador Cafetão Fotografia Camisa social para pessoas com dificuldade de distinguir a esquerda da direita, da série “Para entender Política brazileira” Instalação Belém - Pará

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Camisa social para pessoas com dificuldade de distinguir aesquerda da direita, da série “Para entender Política brazileira” (camisa social100% algodão e bordado, 2016). O artista fracassado possui um defeito de nascença, não consegue identificar as direções, várias tentativas de treino e aprendizado foram realizadas desde a infância, porém como de costume, não obteve sucesso. Sete camisas sociais são confeccionadas (uma para cada dia da semana) com um bordado no punho escrito DIRETA, ao lado direito e ESQUERDA ao lado esquerdo. As camisas fazem parte do primeiro processo de exercícios de treinamento para capacidade do indivíduo de se autodeterminar, afinal a dificuldade do artista fracassado em não saber identificar é real. Esse processo requer uma grande atividade neuropsicológica que envolve diversas funções, entre elas a habilidade de integrar informações sensoriais e visuais, a linguagem e a memória. O ato de distinção entre direita e esquerda diligencia uma boa quantidade de raciocínio daqueles que possuem esta dificuldade, ele também exige concentração e paciência.

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Eu achava que era amor, mas era outra coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. coisa. as 240 coisas que podem te afagar.

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Eu achava que era amor, mas era outra coisa barata Fotografia BelĂŠm - ParĂĄ

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Ciclo Vídeo. Animação pixilation (sem CGI) Brasília – DF

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Quadros”. Esse trabalho explora o gesto de animar incorporando uma ação no tempo do obturador aberto e também faz uso da substituição de objetos no espaço temporal, entre um quadro e outro, da sequência de imagens que estruturam a animação. Totalmente artesanal, gera efeitos visuais sem a necessidade de computação e propõe conceitos pelas diferentes representações temporais apresentadas nos seus vídeos: a sequência de imagens congeladas

João Angelini

A animação pertence à série de pesquisa “Entre-

e o rastro de movimento em cada quadro.

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Não fosse o rio... Fotografia - Site Specific Belém - Pará

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O escalpelamento – perda parcial ou total do couro cabeludo – é um fenômeno recente nas comunidades ribeirinhas da Amazônia. Os primeiros registros desses acidentes foram identificados a partir de 1960, quando os ribeirinhos começaram a substituir os barcos à vela por aqueles movidos por um motor rotativo. Esses barcos são meios de transporte e de sobrevivência para as famílias que habitam as margens dos rios, igarapés, furos e lagos dessa região e vivem da comercialização de

Nailana Thiely

Proposta para o site specific “Não Fosse o Rio...”

produções agrícolas, agropecuárias, pesca, extrativismo vegetal, entre outros. A escolha se dá pelo tipo de motor, de centro e baixo custo, por ser mais econômico e funcionar a diesel; bem como pelas proporções, que permitem a navegação por pequenos igarapés. A Organização dos Ribeirinhos Vítimas de Acidentes de Motor (ORVAM) completou, em janeiro deste ano, cinco anos de atuação no Pará e 120 integrantes registradas. A missão é trabalhar a autoestima das vítimas, reduzir o preconceito da população e promover a capacitação e inserção no mercado de trabalho. Ao fotografar - para o calendário anual da ORVAM - as mulheres atendidas pela ONG, a artista percebeu o quanto a autoestima delas é abalada pela perda dos fios, o preconceito social que ainda vivem e o quanto o acompanhamento psicológico é libertador para que enxerguem o acidente com outros olhos. Para esta edição, a artista propõe a inserção desse ensaio, composto por oito retratos de mulheres atendidas pela ONG, em barcos que circulam no mercado do Vero-Peso, em Belém. Impressas em lonas e madeiras próximas ao motor, a inserção busca criar uma reflexão sobre a realidade destas mulheres, utilizando a estrutura de material resistente de embarcações como metáfora da proteção que eles oferecem.

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Sala vermelha

Éder Oliveira


Éder Oliveira parte da relação imagem-mídia. Se apossa de imagens publicadas em jornais de vítimas de violências, marginais, marginalizados; para pintálos em grandes dimensões, na perspectiva da pintura mural. Oliveira torce a lógica das imagens feitas para serem vistas à distância. Não apresenta políticos ou celebridades, mas sim, ilustres desconhecidos, excluídos, reproduzidos em cores fortes de sua cartela particular, constituída no daltonismo. O que poderia ser um limite é esgarçado na diferença da exclusão. Orlando Maneschy Amazônia, A Arte [2010]

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Da sĂŠrie cotejo Colagem

ampliados em processos de impressĂŁo fotogrĂĄfica

Fortaleza - CE

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Denominador comum Colagem

ampliados em processos de impressão fotográfica

Fortaleza - CE Leviatã Colagem

ampliados em processos de impressão fotográfica

Fortaleza - CE

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procedimentos

de

colagem,

utilizando

imagens

retiradas de revistas e livros originais e ampliadas em processos de impressão fotográfica. Deslocando e ressignificando imagens já existentes, faz um resgate de impressões sociais que são raízes de nossa formação pessoal; transformando-as em algo novo, configurando novas relações discursivas. Por meio de recortes e encaixes precisos, o conjunto dos trabalhos propõe um olhar mais astuto sobre os

Célio Celestino

Denominador Comum* (2014), Cotejo (2015) e Leviatã (2016) são trabalhos feitos por meio de

limites entre identidade e território, estabelecendo sempre contrapontos entre a figura humana e a paisagem; mostrando a divergência (velada) entre as imagens que já existem, tirando-as do local de origem e imbricando-as.

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de vir, de ruptura onde explodem contingência e liberdade. Lugar de transição e controle. Essa liberdade

sublimada

recai,

elipticamente,

numa

constante dessublimação repressiva, suave, total. O movimento não realiza a liberdade. Uma condição de movimento, de passagem. Um limiar que se faz por meio de uma tensa coreografia de controle dos corpos. Uma coreografia também de obscuridade, com

PREMIADO

específica dos trabalhadores, espaço de fronteira,

Virgínia Pinho

A porta da fábrica é um espaço de coreografia

pontos cegos, opacidade. Fronteira entre essência e aparência, entre a esfera da produção e da circulação.

A saída da Fábrica Cione Videoarte Fortaleza - Ce.

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Cabanagem (díptico I) Cabanagem (díptico II) Cabanagem (tríptico I) Fotografia São Paulo –SP

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Penteado investiga, fotograficamente, fatos relevantes da história brasileira, que aconteceram antes da chegada da fotografia no local em que se deram. ou seja: não possuem iconografia fotográfica. Não é um projeto documental e não pretende explicar os fatos de que trata, mas sim, possibilitar uma reflexão sobre o impacto deles na psique nacional e, consequentemente, sobre o Brasil de hoje.

andré Penteado

o ensaio Cabanagem é a primeira parte do projeto “rastros, traços e Vestígios”. Nele, o artista andré

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Acumulações


os

rádios

a

qual

os

comunicadores

como uma interface para alterar o ambiente do espaço expositivo. Foram produzidas outras formas de comunicação que não passaram pela habitual transmissão realizada na prática da segurança, como: informações longas e pouco precisas, conversas sobre o campo da arte e ruídos sonoros. Os rádios estavam em volume máximo para possibilitar uma escuta amplificada no espaço.

PREMIADO

utilizaram

durante

Segurança Patrimonial Ltda

seguranças

performática

Amador e Jr.

Proposta

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5.5 Performance - Duração variável Rio de Janeiro -RJ

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(que dias-que mundo!)

Expulso o que encontro dentro de mim. Me livro! Esses tais sentimentos que me habitam e que estão também aí, em ti. Compartilho minha tristeza, meu lugar, na contradição do que é real, nas tensões provocativas do viver. Esse rio-floresta. A palavra tradutora da dor. A paisagem-sentimento.

Geografia-sentimento.

Keyla Sobral

Meu rio é um lamento. Minha geografia é da tristeza.

Que

palavras são essas? Um rio de metáforas. É o que me habita. E o que me habita, afinal? Um rio infinito castanho que, de repente, se une com a cor dos meus olhos. Que paisagens são essas das quais me embriago? Paisagens essas que modificam um pouco entre o verde-limão e o verde-musgo. É tanto verde que me emociona e eu que nem tenho tanta esperança assim.

Eu Chorei Rios Instalação de parede em neon Belém – PA

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beleza, floriculturas e comércios, em geral, sempre trazem um apelo popular e uma informação verbal, na maioria das vezes, com duplas interpretações. Os painéis surgiram após uma pesquisa nas periferias e, principalmente, nas feiras da cidade; associando

PREMIADO

nas periferias. Propagandas de barbearias, salões de

Jair Júnior

As propagandas populares de Belém são comuns

o local da pesquisa com os produtos e personagens dos mercados e o comércio. As impressões em offset foram fixadas nas feiras de Belém: Ver-o-Peso, 25, Bandeira Branca, São Brás, Icoaraci, Bengui, Jurunas e Guamá. No espaço expositivo, foram expostos 10 painéis de propaganda.

Voltando para a feira Pintura Belém - PA

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Monstera Deliciosa Instalação São Paulo - SP

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Tigre, 1984) abarca, desde vídeos e performances até oficinas colaborativas; passando pelo desenvolvimento de estampas, peças de design gráfico e ilustrações. Nessas diferentes frentes, recorre, sistematicamente, a princípios de colagem, ruptura e embaralhamento da unidade espacial, contextual e semântica de imagens de procedências distintas. Ultrapassar as bordas de um suporte e ampliar o seu quadro - até que ele coincida com o espaço inteiro - é uma estratégia latente nas propostas mais recentes de Eichner. Os experimentos, realizados em seus projetos, extrapolam o plano para

Manuela Eichner

Múltipla, a produção de Manuela Eichner (Arroio do

invadir o espaço com colagens tridimensionais, em que as imagens de corpos e objetos emaranhados ganham uma escala imersiva. A presença dessa massa híbrida, estranha e monstruosa - em sua convergência de materiais impressos, plantas e objetos -, interpela o espectador e suas presunções sobre corpo, espaço e natureza.

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Como quebrar pedras Vídeoinstalação Rio de Janeiro - RJ

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e Romain Dumesnil, consiste em uma espécie de máquina de erosão que, acionada pela força do vento, provoca microalterações no território onde ela está instalada. Ao mimetizar os processos eólicos naturais de erosão, a estação de quebrar pedras torna-se um instrumento que tangencia a ambiguidade das lógicas de produtividade e das temporalidades humanas em relação à natureza.

Manoela Medeiros e Romain Dumesnil

Apollo 3000, formada pelos artistas Manoela Medeiros

Apollo 3000

A videoinstalação “Como Quebrar Pedras”, da dupla

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Miguel Chikaoka


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Cidade


q.u.a.r.k, projeto realizado em janeiro de 2016 e que teve, como ponto de partida, produzir um inventário fotográfico dos laboratórios do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A intenção é proporcionar uma aproximação entre arte, ciência e fotografia; bem como refletir sobre a influência da tecnologia na contemporaneidade. A partir dos deslocamentos estéticos e conceituais de procedimentos clássicos empregados

nas

documentações

científicas

e

André Hauck

As obras apresentadas fazem parte da série

industriais para o campo das artes, instiga novas interpretações sobre o conteúdo das imagens.

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q.u.a.r.k #001 Fotografia Belo Horizonte - MG

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q.u.a.r.k #002 Fotografia Belo Horizonte - MG

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série

Monumento

ao

Risco

desenho

instalado, realizado diretamente sobre a parede da galeria –, o artista utiliza carvão na realização de desenhos efêmeros que representam automóveis carbonizados; remetendo-se a questões relacionadas à violência urbana, à inerência da morte, às incertezas contemporâneas. Aproxima a busca poética com a polissemia da palavra risco, enquanto traça sobre uma superfície ou como possibilidade de perigo iminente.

Zé da Rocha

Na

Essa aproximação, que estabelece o Risco como princípio criador na instauração do trabalho gráfico, configura-se como uma estratégia, no sentido de uma tomada de posição; visto que se vincula mais à ação de desenhar do que ao próprio desenho. Essa estratégia leva a imagem a dialogar com o material com o qual foi construída, cujas características e tendências, por relações simbólicas ou associações de causa e efeito, remetem ao imaginário do risco.

Monumento ao Risco Desenho instalado, realizado com carvão, pelo artista, diretamente sobre a parede da galeria. Salvador - BA

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... e foram muito felizes Fotografia BelĂŠm - ParĂĄ

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Gratuliano Bibas


Colecionador de Esperas O

paraense

Gratuliano

Bibas

foi

um

incansável produtor de esperas. Dito de outra forma, foi um artista que usou o poder de modelar o tempo, próprio da fotografia, em favor de um trabalho pessoal voltado à experimentação pós-fotográfica, sem pressa. Da

fotografia,

não

lhe

interessava

o

momento decisivo; embora o tenha encontrado algumas vezes. Sabia esperar horas a fio pela luz, grande aliada, seja de pé em longas tomadas da cidade, seja no escuro do laboratório químico; Reflexão (estudo) Fotografia Belém - Pará

redefinindo sombras e contrastes em negativos

Composição com Linhas Fotografia Belém - Pará

não desistia de uma imagem até que, sobre ela,

e papéis. O interesse indisfarçável estava no que se processava depois do disparo da câmera e se depositassem novas camadas de memórias, que o ato fotográfico em si não parecia capaz de lhe oferecer. Mais que fotógrafo, foi um desenhador fotossensível. Produziu, com um discreto perfeccionismo, uma obra enxuta, desdobrada em múltiplos como se repetisse, de diferentes formas, movimentos de uma partida de xadrez infinita. Gratuliano, aliás, foi enxadrista e profícuo jogador epistolar, modalidade rara praticada por quem tinha com o tempo uma relação estável e sabia se corresponder à distância. Talvez, venha da persistência e da vocação para interlocuções sossegadas, a participação ativa no Foto Clube do Pará, entidade não governamental e sem fins lucrativos que reuniu amantes da fotografia em nosso Estado, em meados de1950 e 1970.

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Madrugada Fria Fotografia BelĂŠm - ParĂĄ

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Barqueiros Fotografia Belém - Pará

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Andaimes (Retrato) Fotografia BelĂŠm - ParĂĄ

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O Pará tem sido generoso em reunir adestradores de imagens. Se há um traço marcante na produção paraense, é certa camaradagem recorrente entre os artistas, que torna a fotografia local um dialeto familiar que atravessa décadas. Como um gesto cultural agregador, fotografar, por aqui, se repete como um ato de resistência criadora de espaços de convívio democrático. Gratuliano Bibas é um legítimo representante desse caldo em constante ebulição e diversidade. A chance de (re)ver a obra desvinculada de rótulos acadêmicos, confirma a importância da arte como um livre exercício do senso crítico, estético e cidadão. Num momento onde a sociedade brasileira se divide na incerteza de uma crise de valores éticos, o olhar de Gratuliano Bibas sobre os temas banais do cotidiano da cidade, da família e de si mesmo, soa como uma mensagem de quem continua se correspondendo à distância. Parece dizer que nenhum ponto de vista, mesmo o dele, é definitivo. Sob as aparências de uma fotografia, há sempre formas e significados ocultos, em estado de latência e espera de revisões. Como uma coleção de experiências, permanentemente, incompleta.

Flavya Mutran

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A fotografia, como desenho ou pintura, feita de memória. Uma cidade-colagem que já não sabemos se é real ou inventada, desconstruída pela memória ou construída pela imaginação. Na série “Random City”, a artista retoma um processo de colagem desenvolvido em trabalhos anteriores, no qual diferentes partes de diferentes cidades são justapostas numa tentativa de criar uma paisagem improvável, mas possível. Carregada das idiossincrasias de tantas cidades que passaram por períodos de colonialismo e, depois, um autocolonialismo tardio e voluntário, visível pela

Letícia Lampert

Random City Fotografia – Colagem Porto Alegre - RS

arquitetura. Enquanto a escala humana se torna, cada vez menor, as cidades crescem numa desordem apressada. Produzidas de forma modular, as imagens dessa série podem ser conectadas lado a lado, criando um panorama que cresce ao infinito.

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Orlando Maneschy

“Algures, ou o Primeiro Beijo”

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Gerânio Fotografia Lisboa

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um viajante da aldeia Brasilis Na arte, a geografia já não consegue delimitar territórios e tudo pode ocorrer em sucessivos tempos imaginários. os primeiros viajantes, em terra Brasilis, ajudaram a construir mapas, teceram relatos de viagens nos quais um fantástico mundo e o perigo povoaram

histórias.

Foram

responsáveis

pelas imagens de riqueza abundante cercadas por monstros e selvagens antropófagos. o

Novo

mundo

envelheceu.

outros

viajantes cruzaram céus e mares, entre vestígios de imagens não totalmente apagadas, deixadas de herança pelos primeiros colonizadores. Nestes tempos de culturas entrelaçadas, o artista viajante se fez presente no além-mar e, numa viagem inversa, seguiu

Portal Fotografia impressa em papel dourado Lisboa/Belém-Pa

rumo a Portugal. o que trouxe? o que levou? em que cais aportou? a experiência desprendeu-se dos mapas para integrar-se aos fenômenos, deixar-se penetrar pelos cheiros, por novas percepções e fluir em um conhecimento, até então, não navegável. orlando maneschy coleciona o não palpável e a matéria da experiência vivida. deixa suspensas as partículas recolhidas no trajeto da arte. os lugares se confundem ou tornam-se uma única paisagem. em um hábito recorrente, desaparece. Surge na floresta amazônica, em outras florestas. e, agora, ele segue o xamã nas caminhadas pelos bosques de Sintra. o que era já não é mais, se transformou. tantos tantras e faróis de estrelas iluminam o caminho. Na tormenta dos mares navegáveis, o artista resiste e assume a incerteza do círculo mágico. um museu da existência emerge maleável e penetrável como o viver. o poético se firma no imponderável, na experiência que segue. Marisa Mokarzel 93


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Cocar do Xamã Objeto Lisboa Da série Desaparições Costa Caparica #01 e #02 Video Lisboa

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Um Ă?ndio Fotografia em suporte de vidro Lisboa

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Lanterna dos Afogados (ação colaborativa com Cláudia Leão e colegas de Artes Visuais - turma 2010)

Duração: 9’30 2013

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Armando Queiroz


_QUÃO LONGE, QUÃO PERTO Caminhos improváveis nos levam a Munique. Quão longe é longe? Corpos repletos. Corpos encharcados. Corpos ensopados de suor da mata. Ophelia afogara-se por amor? A tragédia inexplicável assombrada pela loucura. O abandono do amor, o corpo abandonado por amor. Corpos-copos-d’água. Potes d’água. Reflexos de fundo de poço de água transparente. Fundo de poço branquinho, habitado por um único peixe negro colocado ali para a limpeza de detritos. O longe, o perto. A choupana-moradia de panelas que brilham com dignidade. Tudo flutua sobre as águas crescentes. O machado marajoara muito bem afiado para retirar turus de lenho rijo dos mangues. Olhos d’água que nos alumiam no clarão da noite. A menina Clara vive entre peixes e jacarés. A ilha grande de Joannes, a barreira do mar. Sou um estrangeiro no meu próprio país. O distante está em casa. Na casa-chão-umbigo de águas tumultuadas. Nos caminhos de igarapés, no corpo quente de costas ardentes, nas pernas geladas que afastam peixes e mururés. Mururés que se tornam joias: colares, pulseiras, adornos de cabeça na imaginação fértil das crianças ribeirinhas. Clara-Ophelia sob a luz do sol que bruxuleia, entre vazios e cheios da densa floresta. O eco de sua própria voz no silêncio intermitente de cigarras. Um grito na escuridão das matas. Uma borboleta, cintilante em seus azuis metálicos, acaricia seu-meu rosto. O abandono do amor. Uma brisa que passa. Os pés descalços. A fome de verde que não sacia. A menina-moça entre folhagens e a boca que exala a sensualidade das misturas dos frutos verdes e maduros. Alfredo menino, Alfredo-menino. Menino Armando, Armando-menino. Rio Araguari, um gigante de águas tépidas. Meu primeiro banho de rio, aos dois anos de idade, na imensidão das águas de margens longínquas. Colo seguro de quem ama aquele lugar. O vaqueiro e sua sabedoria de beira de rio. Os búfalos em manada que espantam as serpentes em retira. O trotar dos cavalos com água pela cintura nos campos de Cachoeira. Sim, ainda possuo na boca aquela semente de tucumã. Sim, ainda chove nos Campos de Cachoeira. A plenitude do banho esvai qualquer nota de exotismo do lugar. Meu sentimento está em casa. A razão sempre dirá que não.

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Lanterna dos Afogados para corpos, potes d’água Objeto 2016

Um cheiro de café torrado invade minha lembrança. A fazenda Nova Califórnia e dona Amada: Ophelias e Claras da beira do rio. As mãos alvas e seguras moem aqueles

grãos,

pacientemente.

O feijão está no fogo. O rádio, eternamente ligado, dá notícias de Belém para toda a planície amazônica. O longe, o perto. Pelos campos alagados, chegam homens a cavalo. Trazem consigo uma lontra amarrada pelo dorso. Num gesto de nobreza e compaixão, necessárias do humano, ela pede que, imediatamente, o animal seja solto. É atendida e o bicho escorrega para a liberdade do ontem-dontem. Assim, foi e sempre será a vida vivida em inteireza ribeirinha; tal qual a sementefruto do pé de café a transformar-se em aroma de café bem feito. Assim, foi e sempre será a lida diária de uma fazenda que exige dureza e objetividade. Curioso notar que estes predicados, tão exigidos pela sobrevivência num ambiente tão inóspito, só fizeram acentuar a delicadeza e a placidez desta mulher de muitos filhos e marido muito amado, seu Manézinho. Um casal e a vastidão da Amazônia. É a Amazônia parideira e constante. Suas vidas, um testemunho. A imagem que permanece são de seus olhos muito claros e sua risada silenciosa. Segura, foi o esteio de uma vasta família. Exemplificada e adorada pelos seus. Em dona Amada, Nova Califórnia nunca sairá dos meus pensamentos. Da gratidão de tudo que me sensibilizou e aprendi naquele silêncio repleto de altivez e compreensão das águas. Que desde sempre me fez duvidar quem eram, verdadeiramente, os donos daquela fazenda, daquele lugar. Gente repleta de água. Corpos repletos. Corpos encharcados. Corpos ensopados de suor da mata. Corpos-copos-d’água. Potes d’água.

Armando Querioz, 2016

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Lúcia Gomes


Pequeno mapa para encontrar a sutil criação de Lucia Gomes Lucia Gomes faz arte contemporânea, arte pública, arte que se pode pegar, montar e desmontar. Ela nasceu, em 1966, em Belém do Pará/Brasil. Descobriu Che Guevara na ditadura, quando foi militante. Hoje, é apenas uma artista defensora da cidadania e fez vários trabalhos que dialogam com sua memória, que também é a memória de uma geração. Entre as apresentações neste Arte Pará, merece destaque a edição especial da performance criada pelo fim da segunda guerra, que trata-se de uma guerra de travesseiros recheados de balões. O travesseiro é feito de fronha marcada com um coração de cabeça pra baixo. A performance foi encenada, em 8 de março de 2012, com prostitutas da Rua Riachuelo. Os monitores prometem ter cuidado com visitantes de óculos e recomendar a retirada também de brincos, relógios e outros objetos que, no calor da guerra, possam causar ferimentos aos convidados. Mas, a exposição trata - com ênfase em Che Guevara – de uma proposição a revolucionar todos os sentidos: audição, visão, tato e paladar. A série sobre Che dialoga com imagem do revolucionário traduzido pela tatuagem de ex-parceiro. Trata-se da imagem de Che, retirada da memória afetiva, com impressões e descobertas da juventude. A artista considera que, apesar da escolha em trabalhar com Che Guevara, não está fazendo política; mas trabalhando a questão estética, onde a intenção é o gesto. As performances dialogam com temas polêmicos da existência atual e misturam questões locais e globais, vivências “pós-modernas” com práticas tradicionais: pokemons, turus e tapiocas. Mas, o jogo de caçar Pokémon, que se tornou prática e desejo mundial, realizado por meio do uso da tecnologia da realidade aumentada em celular, vira POKECHE, POKESOL, POKELUA, POKENUVEN e, genialmente, vira o Poke do caboclês. O Happing POKECHE, após visita ao Prédio da Roçinha, apresenta “novos desafios e olhares”. Propõe, entre outros temas, POKE SOL; a fim de que o visitante pare e aprecie o céu, as árvores, a natureza. E, venha desenhar, relembrar brincadeiras e a infância e se permitir redescobrir formas; ligando e preenchendo pontos. Reviver as brincadeiras de rodas e deixar o celular e o cyber pokemon para trabalhar a fantasia e capacidade de abstração. Outro tema que inspirou a artista foi a amamentação. Aliás, a proibição da amamentação em locais públicos, a falta de afetividade, ressignificações e

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reciclagens. LeiCHE será um Espaço prá amamentação, espaço de resistência contra a proibição de amamentação. Um convite para transgredir e questionar por que não podemos mais viver a amamentação em público. Lúcia pega elementos locais e propõe reflexões universais sobre a vida, o afeto, a infância, cidadania e liberdade. Com gestos delicados, a performance pode passar despercebida; assim como as montanhas de caroço de açaí que ficam jogadas em enormes sacos nas frentes das casas que batem e vendem nosso gostoso açaí. A artista retira a semente do lixo e lhe devolve a dádiva da vida. Trata-se da performance BabyCHE, onde mudinhas e sementes de açaí serão distribuídas para os visitantes propondo um novo germinar, um futuro. A decisão de entrar na performance fica nas mãos dos receptores que recebem ora semente, ora um beijo, ora a chance de regar uma vida e são convidados a escolher um novo destino. A brincadeira inclui montar um acampamento dentro do museu e transformar os visitantes em assentados, num jogo de montar e desmontar barracas. Trata-se de Galeria Camilo Ciemfuegos. Camilo é verbete extenso na Wikipédia. Em outra performance, a artista distribui folhas secas carimbadas com Che: trata-se de um passe livre para fazer circular beijocas. Ninguém é obrigado a beijar ou ser beijado. O não é super importante para a performance, assim como o sim. O toque, a reação, o inesperado, o afeto ou desafeto, a reflexão. A arte é uma oferenda, prática gratuita em meio ao consumismo impiedoso, por onde nós organizamos nossa existência sem questionamentos. A performer aceita de forma incondicional e resignada qualquer interação com o público. Pede delicadeza, mas, se alguém se recusar a vivenciar as experiências, ela orienta os monitores a aceitarem as diferenças e agradecer tanto o sim quanto o não; que já vale como experiência, como diálogo. Diálogos inesperados, inusitados como em ForCHE, que acontecerá na vernissage, na Casa das Onze Janelas; quando irá intermediar - junto aos visitantes do Museu -, a oportunidade de superar preconceitos e reencontrar repertórios ribeirinhos como o inusitado degustar dos sabores locais, de uma tapioca recheada de Turu. Trata-se das vanguardas em diálogo com a indústria cultural, a tradição, a cultura do povo amazônico, com modos de ser caboclo e ser urbano.

Vivi Menna

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“Eu Sempre Vou CHE Amar - 150 anos Museu Emílio Goeldi”

Título: Galeria Camilo Ciemfuegos

Título: BabyCHE

Autora: Lúcia Gomes

Autora: Lúcia Gomes

Ano: 2015

Ano: 2016

Técnica: Site Specific (Brincar de Acampamento...)

Técnica: Performance (oferta de sementes de açaí

Material: Madeira, Plástico, Sisal e voluntários

germinando...)

Dimensão: Polidimensional

Dimensão: Polidimensional

Título: LeiCHE

Título: Resistência

Autora: Lúcia Gomes

(Edição Especial em comemoração aos 71

Ano: 2016

Anos do Fim da II Guerra Mundial)

Técnica: Happing

Autora: Lúcia Gomes

Material: Esteiras e voluntárias...

Ano: 2012

Dimensão: Polidimensional

Técnica: Performance (“guerra de travesseiros” com enchimento de balões...)

Título: POKECHE POKESOL

Material: Fronhas e balões Dimensão: Polidimensional

POKELUA POKENUVEM

Título: Há Muitos Verões Atrás

Autora: Lúcia Gomes

Autora: Lúcia Gomes

Ano: 2016

Ano: 2014

Técnica: Happing (Brincar livremente com outras

Técnica: Performance

tecnologias... olhar, cheirar, sentir...)

Material: Sacolés (chope) de frutas; gravura da icônica

Material: papel, lápis, bolas de gude, gravetos,

foto feita por Alberto Korda de Ernersto Guevara de la

folhas encontradas no chão, areia, etc.

Serna – El Che ; isopor para acondicionar sacolé, lenço

Dimensão: Polidimensional

de papel Dimensão: Polidimensional

Título: KnutsCHE Autora: Lúcia Gomes Ano: 2016 Técnica: Performance (distribuir “senhas”, “passes” de beijinhos...) Material: Gravura com carimbo com a imagem do CHE e voluntários... Dimensão: Polidimensional

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Artitas homenageados

Museu da UFPA


O que vejo a cada momento.

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Tenho o costume de andar pelas estradas Olhando para a direita e para a esquerda , E de vez em quando olhando para trás”

O poema de Fernando Pessoa segue dizendo que o que ele vê, a cada momento, é aquilo que antes nunca tinha visto. Essa reflexão parece muito oportuna quando o Salão Arte Pará volta-se sobre si mesmo e lança um novo olhar em obras emblemáticas de seus trinta e cinco anos de duração. Reunimos na mostra artistas premiados em varias das edições do Salão com trabalhos que foram balizadores de diferentes períodos das artes no Pará no século XX e inicio do XXI. Há também obras das Coleções de dois Museus, da UFPA e das Onze Janelas além das da Fundação Romulo Maiorana. Mais que tudo há trajetórias sendo mostradas, com suas cicatrizes e marcas do tempo. Algumas obras restam apenas na memória, intocadas, como a torre de Vigia de Armando Queiroz, transformada no vídeo Desapego. Os murais de azulejo e os bancos de Geraldo Correa trazem um tempo que poucos de nós viveram, numa nostalgia que mesmo sem ter conhecido nos pertence. A escultura de Klinger se depura, volta à essência e mostra a espiral pura que a gerou. Geraldo Teixeira, Emanuel Franco e Marinaldo mostram, em “estradas” diferentes, as possibilidades de produzir ancorados em sua região, em seus valores e ainda assim inseridos na contemporaneidade. Trabalhos de diferentes períodos foram reunidos pela primeira vez nessa mostra nos permitindo, ao olhar para trás, mostrar aquilo que nunca tinha sido visto antes. Olhar para trás, como indica o poema, é o que nos faz entender a novidade de cada momento. Jussara Derenji

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Emanuel Franco


Série Sapo Moço, Esfirra Florida e Normalista Lona e metal Composição: 5 obras 2011 Paranatinga ao Ruy Barata Mista s/ madeira 2007 Casulo Sucata de ferro soldada 2005

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Geraldo Teixeira

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Tempo/Montenegro mista s/ madeira 2010 Asas mista s/ tela 1994 MemĂłria Vedada I acrĂ­lica s/ tela 1992

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Revoada mista s/ madeira 2013

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Marinaldo Santos

Varas Mista 2002

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Ação entre Amigos acrílica sobre tela 1994

Vitrine mista 1994

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Armando Queiroz


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Ymá Nhandehetama (Antigamente fomos muitos) Ano de produção: 2006 Proposição: Armando Queiroz (ação colaborativa com Almires Martins e Marcelo Rodrigues) Duração: 8’20”

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YMÁ NHANDEHETAMA (Antigamente fomos muitos)

Nós sempre fomos invisíveis... o povo indígena... os povos indígenas... eles sempre foram invisíveis... pro mundo! Aquele ser humano... que passa fome... que passa sede... que é massacrado, que é... perseguido, morto... lá na floresta, nas estradas, nas aldeias... esse não existe! Pro mundo aqui fora existe o... aquele indígena... exótico... o que usa cocar, colar, que dança, que canta... Coisa pra turista ver. Mas aquele outro que tá lá na aldeia... esse... sofre de uma doença que é... a doença de ser invisível... de desaparecer. Ele quase não é visto. Tanto pro mundo do direito, principalmente pro mundo do direito... como ser humano. Ele desaparece... Ele se afoga nesse mar... de burocracia... no mar de teorias da academia. Ele é afogado no meio das palavras... Quando... a academia, os estudiosos entendem mais de indígena... de índio... do que o próprio índio... Ele é... invisibilizado... Pela própria academia. Ele deixa... ele perde a voz, ele perde o foco, ele perde a imagem. Ele some, ele desaparece... Ele volta novamente quando... quando tem o conflito. Quando a mídia procura a notícia pra vender jornal... mostra o índio morto, o índio... bêbado... o índio preguiçoso como... como se vê em todos os livros... O índio que quer muita terra... o índio que tem muita terra... esse aparece. E aquele índio como ser humano, aquele que têm direitos... esse, desaparece. Sempre desapareceu... Ele vai sumindo aos poucos. Dizem que... nós vivemos na era do direito, que o Brasil é um estado democrático de direito... Mas se o indígena, os povos indígenas... que vivem no Brasil... é o mesmo Brasil que dizem que é um estado democrático de direito... pro indígena esse estado não existe! Ele ainda é como ser humano... ele é invisível pra esse mundo... esse direito não existe! A nossa história sempre foi escrita com muito... muito sofrimento, com muita dor, com muito sangue... no passado e no presente. Mesmo que seja sangue inocente. A história tem escrito as suas linhas em vermelho... sangue vermelho, sangue indígena. Assim como foi de outros também... como do negro. Mas, no nosso caso... ainda se mata muito índio... nas aldeias aí que existe pelas florestas... e esse... ele não existe! Não existe pro mundo, não existe pro direito, não existe pras pessoas... É um índio invisível... (pausa longa) Ele é como um grito no silêncio da noite... Ninguém sabe da onde veio... o que foi que aconteceu... e ninguém sabe onde encontrar...

Almires Martins Belém, 2009

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Francisco Klinger Carvalho


Formas Navegatรณrias Madeira entalhada. 2005

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Painel de Cimento e Azulejo I II e III Cimento e azulejo. S/D

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Geraldo CorrĂŞa

Banco de jardim Ferro, cimento e azulejo 2010

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ARTE PARÁ 2016 ARTISTAS

AMADOR E JR. SEGURANÇA PATRIMONIAL LTDA. Rio de Janeiro – RJ Artistas Premiados mailexpressivo@gmail.com 55 Performance /2016 Duração variável ANDRÉ HAUCK Belo Horizonte – MG Artista Selecionado andrehauck@gmail.com q.u.a.r.k #001 q.u.a.r.k #002 100 x 125 x 05 cm Fotografia / 2016 Impressão s/papel de algodão adesivadas em alumínio. ANDRÉ PENTEADO São Paulo – SP Artista Selecionado andre@andrepenteado.com Cabanagem (díptico I) Cabanagem (díptico II) Cabanagem (tríptico I) 80x100 Fotografia / 2016 APOLLO 3000 - MANOELA MEDEIROS E ROMAIN DUMESNIL Rio de Janeiro – RJ Artistas Selecionados 3000apollo@gmail.com Como quebrar pedras (briser la pierre) Vídeoinstalação/2016 3’4’’ ARMANDO QUEIROZ Belém - PA Artista Convidado alfaquebec@gmail.com Lanterna dos Afogados Ano de produção: 2013 Proposição: Armando Queiroz (ação colaborativa com Cláudia Leão e colegas de Artes Visuais - turma 2010)

Fotografia: Lucas Gouveia Edição: material bruto Duração: 9’30 Lanterna dos Afogados para corpos, potes d’água. Ano de produção: 2016 Autor: Armando Queiroz Objeto Ymá Nhandehetama (Antigamente fomos muitos) Ano de produção: 2006 Proposição: Armando Queiroz (ação colaborativa com Almires Martins e Marcelo Rodrigues) Duração: 8’20” Desapego Ano de produção: 2010 Proposição: Armando Queiroz (ação colaborativa Marcelo Rodrigues) 3:20 minutos 2010 Acervo MUFPA ARTHUR ARNOLD São Paulo – SP Artista Premiado carvalhoarnold@yahoo.com.br Parto Natural Simultâneo das Virgens Toda existência será abençoada 110x170cm 135x170cm Óleo sobre tecido Pintura/2016 BERNA REALE Belém – PA Artista Convidada bernareale@hotmail.com Americano – Edição Especial (3:42) Produção Berna Reale Victor Reale Câmeras Anderson Batista (“Bigurrilho”) Diego Feitosa Assistentes Carlos Meiguins Clodoaldo Martins Marcus Leal (“Sapo”)

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Edição Berna Reale Diego Feitosa Cantando na Chuva 04’:12”- 2014 Produção Berna Reale Victor Reale Câmeras Anderson Batista (“Bigurrilho”) Diego Feitosa Edson Feitosa Edição Berna Reale Carla Reale Diego Feitosa BRICS - 2015 05’:05” Câmeras Diego Feitosa Manuella Reale BRUNO DROLSHAGEN Rio de Janeiro – RJ Artista Selecionado brunohagen@gmail.com Lesão 110 x 80 cm Pintura/2014 Rio de Janeiro – RJ

Série Sapo Moço, Esfirra Florida e Normalista. Lona e metal. Composição: 5 obras 2011 Paranatinga ao Ruy Barata 350 x 75 x 20 cm Mista s/ madeira. 2007 Shirley 70 x 141 cm. Acrílica s/ tela. 1987 Casulo (2,50 x 4,50 m), (5,32 x 2,66m), (0,90 x 1,31m). Sucata de ferro soldada 2005 EDER OLIVEIRA Belém – PA Artista Convidado Contato@ederoliveira.net Sala Vermelha

CÉLIO CELESTINO Fortaleza – CE Artista Selecionado cliocavalcante@gmail.com

FRANCISCO KLINGER CARVALHO Belém – PA Artista Homenageado info@franciscoklingercarvalho.com

Denominador Comum Série Cotejo

Formas Navegatórias 2,84 x 4,20 m Madeira entalhada. 2005

Leviatã 160 x 107 cm 80 x 53 cm (cada trabalho / série com sete imagens) 160 x 107 cm Colagem / Ampliação Fotográfica Papel 100% Algodão/2016 DANIEL MOREIRA Belo Horizonte – MG Artista Selecionado contato@danielmoreira.art.br Catadores 70 x 90 Impressão com pigmento mineral em papel algodão Fotografia médio formato/2012

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EMANUEL FRANCO Belém – PA Artista Homenageado emanueljff@yahoo.com.br

GERALDO CORRÊA Belém – PA Artista Homenageado Banco de jardim Ferro, cimento e azulejo. 20,5 x 34 x 56 cm. 2010 Acervo MUFPA Doação Família Corrêa Painel de Cimento e Azulejo I II e III Cimento e azulejo. 143 x 101 cm S/D Acervo MUFPA Doação Família Corrêa


GERALDO TEIXEIRA Belém – PA Artista Homenageado geraldoteixeira1@hotmail.com

Andaimes (Retrato) Participação: Foto Clube do Pará; Salão Nacional de Arte Fotográfica de Poços de Caldas em Poços de Caldas, Minas Gerais, Brasil Processo: Normal Tamanho: 30 x 40 cm

Laçante 282 x 400 cm Peças de madeira montadas. 2005

Ancoradouro Participação: Foto Clube do Pará; I Salão Paraense de Arte Fotográfica em 1965; 5º Salão Nacional de Arte Fotográfica de Volta Redonda-CFFNVR em 1965 (MENÇÃO HONROSA); Processo: Normal Tamanho: 30 x 40 cm

Tempo/Montenegro 150 x 140 cm Mista s/ madeira. 2010 Revoada 160 x 160 cm Mista s/ madeira 2013 Asas 80 x 100 cm Mista s/ tela 1994 Memória Vedada I 200 x 140 cm Acrílica s/ tela 1992 Acervo MUFPA Obra premiada: Salão Arte Pará GRATULIANO BIBAS Belém – PA Artista Convidado (in memória (1917-1997) lucianabibas@gmail.com (contato) ... e foram muito felizes Participação: Foto Clube do Pará; I Salão Paraense de Arte Fotográfica em 1965 Processo: Br. Tamanho: 40 x 30 cm Arquivo: 600 dpi / JPG / dimensão 6968 x 9376 / 1,79 MB Madrugada Fria Foto Clube do Pará; 1a. Mostra Fotográfica Foto Clube do Pará em 20 de abril de 1964, em Belém-PA; 1º Salão Mundial de Arte Fotográfica, Circuito Cruzeiro do Sul, CFFNVR-Clube Foto – Filatélico Numismático de Volta Redonda em Julho de 1964; Salão Internacional de Arte Fotográfica p/ Centenário da Cidade do Rio de Janeiro, Rio Foto Grupo; Processo: Br. Tamanho: 40 x 30 cm Arquivo: 600 dpi / JPG / dimensão 6968 x 9456 / 2,33MB Composição com Linhas Participação: Foto Clube do Pará; Foto Clube do Jaú; XIX Salão, Sociedade Fluminense de Fotografia em 1967 Processo: Eliminação de tons Tamanho: 40 x 30 cm

Barqueiros Participação: Foto Clube do Pará; XVIII Salão Capixaba de Arte Fotográfica (FIAP) Internacional, Foto Clube do Espírito Santo, Vitória-ES, Brasil em 1965; Biennale Internazional di Modena di Arte Fotográfica em Modena, Itália; CFFNVR-Volta Redonda-RJ em 1967; Processo: Solarização do Negativo Tamanho: 40 x 30 cm Reflexão (estudo) Participação: Foto Clube do Pará; II Salão Paraense de Arte Fotográfica em Belém 1966; 5º Concurso Nacional de Arte Fotográfica, Meira S.A. em 1966; III Salão de Arte Fotográfica (Nacional), Biblioteca Pública Municipal de Londrina, em 03 de Dezembro de 1966; XIX Salão Capixaba de Arte Fotográfica, Foto Clube do Espírito Santo, Vitória, Brasil em 1966; Salão Nacional de Arte Fotográfica de Poços de Caldas Processo: Separação de tons Tamanho: 40 x 30 cm Fotografias. JAIR JÚNIOR Belém - PA Artista Premiado jairtagorejr@yahoo.com.br Voltando para a Feira Pintura/2016 JOÃO ANGELINI Brasília-DF Artista Selecionado mailexpressivo@gmail.com Ciclo Vídeo. Animação pixilation (sem CGI) /2015 Duração: 03:09 minutos Edição: Vídeo 1/6 KEYLA SOBRAL Belém - PA Artista Selecionado keylasobral@msn.com Eu Chorei Rios 13cmx1,50cm Neon/2016

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LETÍCIA LAMPERT Porto Alegre – RS Artista Selecionado contato@leticialampert.com.br

MARINALDO SANTOS Belém - PA Artista Homenageado marinaldo.artes@hotmail.com

Random City – Série Colorida #1 Random City – Série Colorida #4 Random City – Série Colorida #5 Fotografia, colagem / 2016 160cmx100cm

Ação entre Amigos 68 x 107 cm. Acrílica s/ tela. 1994

LÚCIA GOMES Belém - PA Artista Convidada estudadireitoartigo3@gmail.com Eu Sempre Vou CHE Amar Galeria Camilo Ciemfuegos Site Specific /2015 Dimensão: Poli LeiCHE Happing /2016 Pokeche Pokesol Pokelua Pokenuvem Happing /2016 ForCHE Performance/2016 KnutsCHE Performance/2016 BabyCHE Performance/2016 PsiCHE EurÓpera Happing/2016 BeijoCHE Performance/20007/2015 Resistência Performance/2012 Louca Por CHE Performance/2014 MANUELA EICHNER São Paulo - SP Artista Selecionada manueichner@gmail.com Monstera Deliciosa Colagem tridimensional, dimensões variáveis, 2016 Instalação

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Vitrine Mista 60 x 170 cm 1994 Varas longas: 220cm - médias: 170cm - curtas: 110cm Mista Prêmio vencedor da 21ª edição do Arte Pará, em 2002. MIGUEL CHIKAOKA Belém - PA Artista Convidado mchikaoka@gmail.com Hagakure (Glossário) Instalação/2016 NAILANA THIELY Belém - PA Artista Selecionada nailanathiely@gmail.com Não fosse o rio... Site Specific , 2016 ORLANDO MANESCHY Belém - PA Artista Convidado orlando.maneschy@gmail.com Estranho, (linho bordado), na instalação “Algures, ou o Primeiro Beijo”, Orlando Maneschy, 2016, Belém do Pará. Acervo Orlando Maneschy. Ele, o Outro, (desenho sobre quadro de pedra), “Algures, ou o Primeiro Beijo”, Orlando Maneschy, 2016, Lisboa/Belém do Pará. Acervo Orlando Maneschy. Portal, (fotografia impressa em papel dourado), parte da instalação “Algures, ou o Primeiro Beijo”, Orlando Maneschy, 2016, Lisboa/Belém do Pará. Acervo Orlando Maneschy. “Algures, ou o Primeiro Beijo”, (instalação), Orlando Maneschy, 2016, Lisboa/Belém do Pará. Acervo Orlando Maneschy. Enraizamento, (fotografia), parte da instalação “Algures, ou o Primeiro Beijo”, Orlando Maneschy, 2016, Lisboa. Acervo Orlando Maneschy.


O Amor não se Impõe, (adesivo reflexivo e pena), na instalação “Algures, ou o Primeiro Beijo”, Orlando Maneschy, 2016, Lisboa/Belém do Pará. Acervo Orlando Maneschy.

VIRGÍNIA PINHO Fortaleza - CE Artista Premiada virginiapaulapinho@gmail.com

Cocar do Xamã, (objeto), instalação “Algures, ou o Primeiro Beijo”, Orlando Maneschy, 2016, Lisboa. Acervo Orlando Maneschy.

A Saída da Fábrica Cione. Videoarte, 8’ loop, / 2015

Um Índio, (fotografia em suporte de vidro), Orlando Maneschy, 2016, Lisboa. Acervo Orlando Maneschy. Impermanência, (fotografia), parte da instalação “Algures, ou o Primeiro Beijo”, Orlando Maneschy, 2016, Lisboa. Acervo Orlando Maneschy. “Algures, ou o Primeiro Beijo”, Orlando Maneschy, 2016, Lisboa/Belém do Pará. Acervo Orlando Maneschy “Algures, ou o Primeiro Beijo”, Orlando Maneschy, 2016, Lisboa/Belém do Pará. Acervo Orlando Maneschy.

ZÉ DA ROCHA (JOSÉ RAIMUNDO MAGALHÃES ROCHA) Salvador - BA Artista Selecionado zederocha@gmail.com Monumento ao Risco Desenho instalado, realizado com carvão, pelo artista, diretamente sobre a parede da galeria. 2metros x 3metros

Da série Desaparições – Costa Caparica #02, video, na instalação “Algures, ou o Primeiro Beijo”, Orlando Maneschy, 2016, Lisboa. Acervo Orlando Maneschy. Da série Desaparições – Costa Caparica #01, video, na instalação “Algures, ou o Primeiro Beijo”, Orlando Maneschy, 2016, Lisboa. Acervo Orlando Maneschy. Gerânio, (fotografia), Orlando Maneschy, 2016, Lisboa. Acervo Orlando Maneschy. RICARDO VILLA Belém - PA Artista Selecionado dinhohc@hotmail.com Articulando Princípios #8 Articulando Princípios #9 Articulando Princípios #10 Trechos de “O Capital” MARX, Karl e a “A Riqueza das Nações” ADAM, Smith s/papel 50x50cm Colagens, 2016 VICTOR DE LA ROCQUE Belém - PA Artista Premiado victordelarocque@gmail.com Artista Putinho / Curador Cafetão Eu achava que era amor, mas era coisa barata Camisa social para pessoas com dificuldade de distinguir a esquerda da direita, da série “Para entender Política brazileira” 40x40 cm 1Mx80cm Frase impressa em acrílico, 2016 Fotografia, 2015 Instalação - Sete camisas social 100% algodão e bordado), 2016

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ARTE PARÁ 2016 EXPOSIÇÃO

Curadoria Paulo Herkenhoff Curadoria Adjunta e concepção Roberta Maiorana Vânia Leal Machado Júri de seleção Marcelo Campos Paulo Herkenhoff Walda Marques Coordenação Geral Roberta Maiorana Vânia Leal Machado Assistente de Coordenação Fabrícia Sember Curadoria Educacional Luana Machado Vânia Leal Machado Criação Mídia TV Marco Del Fiol – Mão Direita Criação Site Estevão Acioli da Silva Coordenação de suporte de inscrição Arte Pará 2016 Diandra Suely Lavareda Mendes Morais Multimídia Yan Belém Assistente Larissa Gabrielle Pontes de Moraes Criação Logomarca Arte Pará 2016 Maria Alice Penna Programação Visual Maria Alice Penna Plotagem Rodolfo Cerveira Assessoria de Imprensa Clara Costa Marcia Mendes Yáskara Cavalcante

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Projeto de Expografia Maria Alice Penna Roberta Maiorana Coordenação de Engenharia Luiz Brasil Produção e Coordenação de Montagem Marcus Reynaldo Dos Anjos Moreira Equipe Montagem Agildo Barroso da Fonseca Cristiano da Conceição Damasceno Jhon Marley Pereira de Brito João Paulo Carvalho do Amaral Jorge Costa Barbosa Mario Kelsen Soares Favacho Equipe Elétrica Luiz Gonzaga Marques de Souza Domingos Louredo dos Santos Júnior Equipe de Pintura Arquiteto Responsável Luiz Brazil Pintores Paulo César Laurentino Felício Laurentino Mauro Laurentino Raimundo Barroso João Ribeiro Marcos Alexandre Equipe de apoio Espaço Cultural Casa das Onze Janelas Museu da Universidade Federal do Pará – UFPA Museu Paraense Emílio Goeldi - MPEG Estrutura Aureliano Lins


CATÁLOGO

Curadoria Geral do Arte Pará Ano 35 Paulo Herkenhoff Curadoria Adjunta Arte Pará Ano 35 Roberta Maiorana Vânia Leal Machado Coordenação Editorial Vânia Leal Machado Projeto Gráfico Maria Alice Penna Editoração Eletrônica Ezequiel Noronha Jr. Fotografias Valério Silveira Octavio Cardoso Acervo Museu UFPA Tratamento de Imagens Valério Silveira Alexsandro Cardoso Santos Textos Armando Queiroz Flavya Mutran Lucidéa Maiorana Marisa Mokarzel Miguel Chikaoka Orlando Maneschy Paulo Herkenhoff Roberta Maiorana Vânia Leal Machado Vivi Menna Revisão de textos Fabrícia Sember Ficha catalográfica Cleide Oliveira Impressão RM Graph Todas as imagens e informações contidas nos textos são de inteira responsabilidade de seus autores.

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CURADORIA EDUCACIONAL

CURADORIA EDUCACIONAL Concepção Vânia leal machado Curadora adjunta Luana Machado EDUCADORES Espaço Cultural Casa das Onze Janelas Andreia Souza da Silva Erica Oliveira Larissa Leal Mariana Alencar Renato Revis Bonfim Pereira Museu da Universidade Federal do Pará Lucas da Silva Negrão Raul de Azevedo Carvalho SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO E ARTE 35ª EDIÇÃO ARTE PARÁ Projeto Arte Pará e ações educativas Vânia Leal Machado Ações Integradas no Espaço Cultural Casa das Onze Janelas Márcia Helena Pontes A Mediação Cultural na Arte Contemporânea Vânia Leal Machado Conversa aproximada dos artistas com o público no Espaço Cultural Casa das Onze Janelas Berna Reale Eder Oliveira Jair Junior Keyla Sobral Lucia Gomes Miguel Chikaoka Orlando Maneschy

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AGRADECIMENTOS

Ademar Queiroz Junior, Alison Borges, Andrei Duarte, Ana Cristina Chaves, Any Andrade, Armando Queiroz, Carmem Peixoto, Carol Abreu, Denise Benassuli, Doraly Amaro, Erica lima, Gilberto Massoud, Glenn Harvey Shepard Jr, Heldilene Reale, Horácio Higuchi, Ian Ferreira, Iris Letiere, João Duarte, Juliana Macêdo, Luciano Dias, Mariana Sampaio, Marcelo Serveira, Márcia Helena Pontes, Marcus Moreira, Marisa Mokarzel, Michelle Queiroz, Milena Claudino, Milton Soeiro, Nelson Rodrigues Sanjad, Nilson Damasceno, Nilson Gabas Junior, Norberto Tavares Ferreira, Paulo Chaves Fernandes, Padre Ronaldo Menezes, Renata Maués, Samuel Sóstenes, Sâmia Lopes, Solange Cassundé, Samuel Sóstenes, Simão Robison Oliveira Jatene, Wanda Okada, Zenaide Pereira de Paiva.

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AGRADECIMENTOS INSTITUCIONAIS

Círculo Engenharia Coordenação de Educação e Extensão do SIM Coordenação de Montagem e Curadoria do SIM Coordenação de Educação e Extensão do Museu da UFPA Coordenação de Montagem do MUFPA Coordenação de Montagem do MPEG Empresas terceirizadas (Araújo Abreu, Security Amazon, Service Amazon e Look Engenharia) Espaço Cultural Casa das Onze Janelas Granero Transportes Museu Paraense Emílio Goeldi Museu da Universidade Federal do Pará Projeto O Liberal na Escola Restaurante Pomme D’Or RM Graph Secretaria Executiva de Cultura – SECULT Sindicato das Empresas de Transportes de passageiros de Belém – SETRANSBEL Sistema Integrado de Museus e Memoriais – SIM Sol Informática

A todos os artistas selecionados e convidados, pesquisadores, curadores, fotógrafos, colaboradores e a equipe das ORM que contribuíram para a realização deste projeto.

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Lucidéa Maiorana Presidente Roberta Maiorana Diretora Executiva Romulo Maiorana Jr. Rosângela Maiorana Kzan Fernando Nascimento Conselho Consultivo Fabrícia Sember Assistente Executiva Aureliano Lins Estrutura da FRM

Fundação Romulo Maiorana Av. Romulo Maiorana, 2473 – Marco – CEP: 66.093-055 Fones: (91) 3216.1142 3 3216.1125 – Fax: (91) 3216.1125 E. mail: fundrm@oliberal.com.br Telegramas: jornal O Liberal Belém – Pará – Brasil website: www.frmaiorana.org.br


Dados Internacionais de Catalogação da Publicação (CIP) Cleide Oliveira

A 786 Arte Pará 2015 ano 35. / – Paulo Herkenhoff (Curador), Roberta Maiorana (Coordenação geral), Vânia Leal Machado (Organização editorial). Belém: Fundação Romulo Maiorana, 2017 142 p. il.. ISBN: 978-85-62-494-12-13 1. Arte. 2.Artes Plásticas. I. Título CDD 730.81

Este catálogo foi impresso pela RM Graph, no papel Couché fosco 150 g/m2 para o miolo e no papel Cartão Supremo Duodesign 350 g/m2 para a capa. Foi utilizada a tipologia Open Sans. A tiragem inicial foi de 300 exemplares.


PATROCÍNIO MASTER



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