Jantar Conferência D. Dinis Business School

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Jornal de Leiria 29 de Setembro de 2016 23

Economia

Presidente da EDP em jantar-conferência em Leiria

Electricidade não pode ser “bode expiatório” da falta de competitividade Raquel de Sousa Silva raquel.silva@jornaldeleiria.pt T Portugal tem um índice energético competitivo e o custo da electricidade não pode ser o “bode expiatório” para a falta de competitividade das empresas. A afirmação é de António Mexia, presidente executivo da EDP, que falou num jantar-conferência em Leiria, quinta-feira passada. “Sejamos muito claros, a energia em Portugal, para os industriais, é em média mais baixa do que na União Europeia. Uma indústria portuguesa, em média, paga abaixo do valor da Europa. Isso é muito claro na comparação com Espanha, em particular para as PME [pequenas e médias empresas]”, disse o gestor durante o jantar promovido pela D. Dinis Business School. Para António Mexia, a “narrati-

va da energia deu jeito a muita gente” e acabou por servir como “bode expiatório”, quando “o custo da energia não tem a ver com a falta de competitividade das empresas”. O responsável defendeu que “ninguém pode dizer que tem um problema de competitividade por causa do preço energético, quando a energia tem um peso de 8% [nos custos das empresas]”. Para a competitividade, o gestor considerou que as “duas coisas fundamentais” são o conhecimento e a eficiência. Mas admitiu que não é de prever uma evolução em baixa dos preços da electricidade. “A descarbonização da economia não é compatível com uma descida dos custos energéticos”, explicou. O presidente da EDP falou ainda daquilo que considera deverem ser as três principais prioridades no País: “capital, capital, capiLUÍS MENDES

António Mexia falou de custos energéticos e de liderança

Investimentos Aplicados 200 milhões em Leiria Reconhecendo a “importância” de Leiria no panorama nacional, por ser uma região que “traduz aquilo que é o conceito de empreendedorismo e de risco”, e onde existe uma grande componente industrial, “fundamental” para a economia, António Mexia lembrou os 200 milhões de euros investidos nos últimos quatro anos na zona pela EDP. Com isso, a qualidade do serviço melhorou entre 75% e

80%, referiu no jantar conferência. Embora tenha reconhecido que cabe à empresa fazer este tipo de investimentos, o gestor frisou que “o trabalho [para evitar os problemas decorrentes de micro-cortes] é de toda a gente”, ou seja, também dos empresários. “À medida que a parte electrónia das empresas se torna mais sofisticada, torna-se igualmente mais sensível”, lembrou.

tal”. Depois aponta a gestão e o processo mental. Na sua opinião, só se consegue mais produtividade com mais investimento, e este depende do capital. “Temos um problema enorme de ausência de capital. Somos uma economia descapitalizada”, disse no evento António Mexia, criticando ainda o sistema tributário português, que “não está feito para o investi-

mento”. “Se me esmifram aqui, vou investir noutro sítio”. A “falta de liderança” foi outro dos aspectos abordados pelo gestor: “o problema não está nunca em quem trabalha nas empresas, está é nas chefias e, em Portugal, isso está bastante claro, sobretudo nas grandes empresas. Temos falta de capital, mas também falta de competências”. Disse ainda

que “somos uma sociedade pequena, que tem um enorme horror à diferenciação”, cujas empresas e cidadãos têm “muito mais facilidade” em juntar-se a parceiros no estrangeiro do que a quem está do outro lado da rua, onde existe uma “ausência total” de cooperação. “Somos uma sociedade invejosa. Isto tem de ser tratado”. PUBLICIDADE


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