Sheila caderno final

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ESCOLA DA CIDADE Curso de Arquitetura e Urbanismo Sheila Santos Altmann

REQUALIFICAÇÃO DA AVENIDA CRUZEIRO DO SUL - São Paulo - SP

São Paulo 2007


ESCOLA DA CIDADE Curso de Arquitetura e Urbanismo Sheila Santos Altmann

REQUALIFICAÇÃO DA AVENIDA CRUZEIRO DO SUL - São Paulo - SP

Trabalho Final de Graduação - Caderno Final apresentado à Coordenação de Arquitetura e Urbanismo da Escola da Cidade como requisito para a Conclusão do Curso de Arquitetura e Urbanismo. Orientador: José Armênio Brito Cruz

São Paulo 2007



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ÍNDICE

1 - Introdução

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2 - Estudo histórico e físico da área

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3 - Processo de ocupação da região

11

4 - Projeto CURA

17

5 - Operação Urbana Carandiru-Vila Maria

20

6 - Análises da área - existente

22

7 - Levantamento fotográfico

33

8 - Descrição - Problemática

37

9 - Proposta Urbana

42

10 - Análises da proposta urbana

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11 -Ensaios - Proposta quadra

54

12 - Projeto

57

13 - Bibliografia

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INTRODUÇÃO “resgatar fragmentos perdidos da cidade, descobrir as oportunidades latentes em funções já obsoletas, valorizar a rua, a praça e os vazios urbanos, mudar a imagem das áreas poluídas esteticamente pela iniciativa privada e transformar o anonimato da periferia” (Eduardo Leira, PROJETODESIGN Edição 277 Março 2003).

ÁREA DE INTERVENÇÃO

O grande surto de crescimento da cidade de São Paulo no período 19001935, em população e em área ocupada, faz a área urbana se expandir para quase todos os quadrantes, mas de maneira fragmentada, acompanhando sobretudo o eixo das ferrovias instaladas no último quartel do século XIX. Neste período, a população do município salta dos aproximadamente 240 mil para perto de 1.120 mil habitantes. Numa aproximação grosseira, poderíamos dizer que a cidade ganhava em média 25 mil habitantes por ano. (SCHUTZER,Gilherme, Núcleo de Aplicação - AEAU-sp, 2005).

Em relação à sua condição periférica, São Paulo viveu transformações semelhantes aos processos urbanos relacionados às de ordem econômica. Qualquer reflexão sobre São Paulo, cai necessariamente na questão da dimensão e do seu ritmo de crescimento. Essa expansão periférica, num período de 50 anos, transformou a área urbana de 180 km² (1930) para 900 km² (1988).O ritmo desse crescimento foi associado a uma profunda desorganização espacial gerado pelos anos desenvolvimentistas

Mapa1: Municipio de São Paulo Fonte: Geolog, 2004.

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da década de 50 que hoje é um grande problema devido aos elevado custo social e econômico. `Nos últimos 20 anos enquanto organiza-se a megametrópole com o afastamento das industriais para regiões distantes, entre 100 e 200 km dos limites do município, o Centro é a referência funcional e espacial de uma mancha que cresce em extensão e complexidade. Nesta trajetória existe um evidente interesse mercadológico. Sendo áreas sempre ocupadas pelo deslocamento das atividades periféricas apontando para um uso sem controle de áreas onde houve um importante investimento do poder público, como por exemplo o metrô, o equipamento urbano mais oneroso para os cofres públicos. A questão principal é como evitar que esse permanente processo de descentralização crie um centro totalmente vazio, resultando no abandono ou o uso indevido do potencial funcional. E essa é uma das questões abordadas pelo Trabalho Final de Graduação Requalificação da Av. Cruzeiro do Sul (e, conseqüentemente, do seu entorno). O fato é que as cidades não devem mais crescer para fora e sim para dentro. no caso da cidade de São Paulo, o adensamento do centro e centro expandido é fundamental, porém, com planejamento adequado e instrumentos operacionais que funcionem.

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ESTUDO FÍSICO-HISTÓRICO DA ÁREA “São Paulo, durante o século passado, experimentou não apenas um crescimento desmesurado em direção à periferia, mas também um processo contínuo de criação e abandono de centralidades, a partir da função desempenhada pela metrópole, ao longo das décadas, na economia brasileira e nas conexões desta com o mundo.” (ROLNIK, 1988; FRÚGOLI, 2000)

O bairro de Santana é o mais antigo núcleo de povoamento situado na periferia, na zona norte de São Paulo, onde os jesuítas

Mapa2: Primeiro mapa da capital onde aparece o inicio do bairro de Santana, 1897. Fonte: IDOETA, Irineu. São Paulo vista do alto: 75 anos de aerofotogrametria: Érica Ltda. São Paulo, 2004.

aumentaram suas propriedades organizando a fazenda Santana, lá produziam e forneciam leite, mandioca, legumes e frutas. A fim de facilitar o contato e o transporte de materiais para construção da adutora, no reservatório de Água da Serra, em 1893 é implantado o Tramway da Cantareira, considerado o primeiro transporte coletivo de Santana. A princípio apenas transportava passageiros nos finais de semana, a passeio, e com o tempo o bonde passou a ser transporte diário de passageiros, dado pelas famosas “caronas”. O bonde saía da Estação Areal (figura 1) e na Rua João Teodoro, que era considerada longe do centro, prolongou-se em 1907 os trilhos até o atual parque Dom Pedro II. 07


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Em 1908 iniciou-se a construção do ramal para Guarulhos. Em 1928, a transformação da linha do bonde por linha metropolitana eletrificada já era sugerida. Hoje é a Linha 1 ocupada pelo metrô nesse trecho ela é elevada, implantado no canteiro central da antiga Rua da Cantareira e atual Avenida Cruzeiro do Sul. No entanto, nessa mesma época, o engenheiro-arquiteto Prestes Maia fez uma série de estudos sobre a mobilidade na cidade de São Paulo e 1929 apresentou um estudo do Plano de Avenidas, solicitado pelo prefeito Pires do Rio. O estudo consistia basicamente em um plano de transporte, na reestruturação do tecido urbano da cidade através de algumas construções de avenidas, o alargamento de outras e no transporte público sobre pneus.

Figura1: A Estrada de ferro da Cantareira. Fonte: MUNIZ, Cristiane. A Cidade e os Trilhos: o metrô de São Paulo como desenho urbano.2005. Dissertação – Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, São Paulo.

O Rio Tietê é o elemento mais forte de desenvolvimento do bairro de Santana, e sua canalização, em 1940, trouxe a minimização das enchentes no bairro - área de várzea facilmente inundável e vasta (figura 3) - e a partir do séc. XX, Santana passa a experimentar um lento crescimento populacional e urbano para na década de 50,

Figura2:Av. Cruzeiro do Sul com os trilhos do trenzinho ao Centro e a Fábrica Klabin à direita, 1963. Fonte: Arquivo A Gazeta da Zona Norte

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consolidar-se como bairro residencial de classe média, com 140 mil habitantes. Essa consolidação inicia-se nos arredores da Rua Voluntários da Pátria (figura 4) – local onde se localizava o comércio e lazer, além de indústrias como a Klabin. Até hoje, a principal artéria de caráter econômico (comércio popular) e de transporte.

“Em 1963, o prefeito Prestes Maia acabou pedindo ao governador a paralisação do tráfego (do tramway da Cantareira) da Rua João Teodoro, justamente o ponto de partida do trenzinho, até o Tietê. O prefeito queria começar logo as obras da nova ponte da Avenida Cruzeiro do Sul” (MUNIZ, Cristiane.2005).

Em 1966 foi criado o GEM

Figura3: área de várzea do Rio Tietê Fonte: SEMPLA

(Grupo Executivo Metropolitano) na

gestão Faria Lima e foi feita uma concorrência com organizações técnicas internacionais e nacionais para selecionar a empresa encarregada de elaborar os estudos econômico e financeiro, assim como o pré-projeto de engenharia. O vencedor, em ambos os casos, foi o consórcio HMD, uma associação de duas empresas alemãs (Hochtief e Deconsult) e a brasileira Montreal.

Figura4:Rua Voluntários da Pátria - eixo importante da zona norte, 1928. Fonte: Arquivo A Gazeta da Zona Norte

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Porém, o projeto inicial da HMD não considerava o metrô como estruturador do transporte na cidade e não integrava suas várias modalidades. O transporte viário, mais especificamente o ônibus, era considerado o melhor meio de locomoção público por ser mais flexível e priorizar o Plano de Avenidas e o sistema rodoviarista de Prestes Maia. Em 26 de setembro de 1975, a Linha 1-Azul com 16,7 quilômetros de extensão (de Jabaquara à Santana) começou a funcionar (figura 6). O projeto das estações em elevado, situadas na extremidade norte da Linha 1-Azul, explorou as potencialidades estruturais e plásticas

Figura5:Inauguração da Nova Pte. Grande, 1942. Fonte: Arquivo A Gazeta da Zona Norte

Figura6:Obras do metrô em fase final, 1973. Fonte: Arquivo A Gazeta da Zona Norte

do concreto, integrando, com qualidade estética, as estruturas de sustentação das vias e plataformas e as demais dependências da estação, tais como: salas técnicas e operacionais, acessos e passarelas de travessia do sistema viário (www.metro.sp.gov.br). A extensão da Linha 1-Azul efetivou-se em 1998 com a inauguração das estações Jardim São Paulo, Parada Inglesa e Tucuruvi. No processo de urbanização de Santana atuaram fatores positivos e 10


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negativos, o que explica a lentidão com que o bairro chega a se integrar dentro do núcleo urbano da capital. Nas próximas páginas é possível observar a ocupação urbana e a implantação,

ao

longo

dos

anos,

de

novos

equipamentos

metropolitanos de grande porte e da infra-estrutura na região.

PROCESSO DE OCUPAÇÃO DA REGIÃO

No Mapa topográfico da cidade de São Paulo (Mapa 3), percebe-se a grande área desocupada da várzea do Rio Tietê e uma ocupação de lotes bem dispersa pelo bairro de Santana, porém com maior concentração ao redor da rua Voluntários da Pátria. A várzea do rio era considerada uma área inóspita, alagadiça e insalubre, portanto, sem pretensão de ser ocupada pelos moradores, até porque estas áreas pertenciam ao município, que muitas vezes eram doadas pelos fazendeiros, posseiros e pelo Estado, como por exemplo as áreas ao redor da Ponte Pequena e do Clube Espéria.

Mapa 3: Mapa Topográfico de São Paulo, 1930. Fonte: IDOETA, Irineu. São Paulo vista do alto: Érica Ltda. São Paulo, 2004. 1 - Campo de Marte 2 - Penitenciária, 1921 3/4 - Traçado sinuoso do Rio Tietê 5 - Ilha da Coroa

6 - R. da Cantareira - atual Cruz do Sul 7 - Ponte Grande 8 - Clube Espéria 9 - Clube de Regatas Tietê

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Alguns terrenos da prefeitura, no entanto, foram cedidos e reconhecidos legalmente para construções privadas pelo uso da área por mais de trinta anos. Estes, na maioria das vezes eram vendidos para empresários e grandes fábricas, que posteriormente lotearam toda a área e venderam, segundo a legislação. Pode-se perceber na foto onde o traçado é mais regular. Os lotes eram estreitos e compridos, sem recuos laterais e frontais. Em outros casos porém, algumas empresas loteavam as áreas visando lucro fácil, sem nenhuma preocupação urbanística. Os loteamentos traziam melhorias como asfalto, luz e água, por isso eram bem vistos pela prefeitura e pelos moradores da região, fato importante para o progresso do bairro, que por alguns anos era conhecido apenas por abrigar hospitais e cemitérios principalmente na crise de varíola que afetou a cidade. Em 1930 é autorizada a cessão de uso do terreno para o Clube de Regatas Tietê, assim como para outras empresas, pois a ocupação da várzea trazia vitalidade à área. O bairro de Santana passa a ser procurado por pessoas de classe

Foto aérea 1: Mosaico da área norte, 1945. Fonte: IDOETA, Irineu. São Paulo vista do alto: Érica Ltda. São Paulo, 2004. 1 - Penitenciária do Estado 2 - Ponte das Bandeiras 3 - Demolição da Pte. Grande

4 - Terreno aterrado do Clube Espéria 6 - Edifícios da Aeronáutica 7 - Pista de pouso do aeroporto

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Foto aérea 2: Mosaico da área norte, 1958. Fonte: IDOETA, Irineu. São Paulo vista do alto: Érica Ltda. São Paulo, 2004.

Foto aérea 3: Mosaico da área norte, 1968. Fonte: IDOETA, Irineu. São Paulo vista do alto: Érica Ltda. São Paulo, 2004.

1 - Constr. da Casa de Detenção 2/3/4 - Ampliação do Centro Aeronáutico 5 - Avanço da av. Santos Dumont

1 - Prédio da Secr. Transportes 2 - Traçado da futura Pça. Campos de Bagatelle 3 - Prédios da Casa de Detenção

6 - Grande área aterrada 7 - Marginal Direita já construida 8 - Ocupação da parte da Coroa

4 - As Marginais do Tietê 6 - Construção da av. Cruzeiro do Sul 7 - Inicio da abertura da av. Brás Leme 5/8 - Ocupação do Aterro

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ESCOLA DA CIDADE . TFG 2007 REQUALIFICAÇÃO DA AVENIDA CRUZEIRO DO SUL média e alta, sendo os primeiros, em busca de terrenos baratos e os outros em busca de grandes áreas para veraneio. Após o Plano de Avenidas, Prestes Maia - 1930, na foto de 1945 aérea 1)

(f.

vê-se a Ponte das Bandeiras , construída em 1942, com três

vãos, 120 metros de comprimento e 32 metros de largura. Nos encontros dos vãos foram alojadas instalações sanitárias, depósitos e a secção fiscalizadora do rio. Seus pilones de 25 metros de altura consistiam em tornar a Ponte um marco na cidade de São Paulo (f.5, p.8).

Nota-se também o terreno onde encontra-se o Clube Espéria já

aterrado e a retificação do rio Tietê já concluída até a ponte das Bandeiras. Em 1948 o bairro já estava praticamente todo tomado por residências, comércios etc. As ruas que eram arborizadas, já não eram mais, e as grandes áreas começaram a ser aterradas para serem ocupadas. Na foto aérea 2, 1958, já é notável a ligação viária das ruas Olavo Fontoura e Voluntários da Pátria; a marginal direita do rio concluída e a ocupação da área da coroa adensada (8) - que mais tarde se tornará os acessos às marginais e a ponte da Cruzeiro do Sul.

Foto aérea 4: Mosaico da área norte, 1974. Fonte: IDOETA, Irineu. São Paulo vista do alto: Érica Ltda. São Paulo, 2004. 1/ 2 - Centro de Convenções Anhembi 3 - Traçado viário concluído 4/5 - Metrô com suas estações elevadas já construídas

6 - Penitenciária Feminina 7 - Erosões no aterro e construção 8 - Ginásio da Portuguesa em construção

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Inicia-se também as obras do Complexo do Carandiru (Casa de Detenção) perto da Penitenciária do Estado, no eixo que se consolidaria mais tarde como o maior eixo de transporte e equipamentos da zona norte. Na foto aérea 3,de 1968 percebe-se um primeiro alargamento da Rua da Cantareira (atual av. Cruzeiro do Sul) concluído em 1963, já com a intenção de implantação do futuro metropolitano. Os trilhos do trenzinho da Cantareira são retirados e dão lugar a ponte e a novas obras viárias que se iniciam, como a av. Brás Leme. “Quem passar atualmente pela avenida Cruzeiro do Sul, depois de atravessar a ponte do mesmo nome não reconhecerá a antiga via junto ao leito da Cantareira. No momento, em virtude das desapropriações para o alargamento da via, o aspecto ainda é de uma rua com habitações relativamente modestas, construções mais ou menos antigas ao longo da antiga via férrea, resto de construções demolidas. Naturalmente, a tendência é a valorização dos terrenos, em virtude dos melhoramentos já realizados e por realizar, o que, forçosamente, irá contribuir para a construção de prédios de padrão mais elevado, ou para residências ou para casas de comércio. Também, as obras da Metropolitano constituirão um novo aspecto que, não obstante a sujeira, o barulho e as possíveis dificuldades, é bastante promissor” (TORRES, 1970).

Segundo Torres, com a vinda do metrô e o acesso mais fácil à zona norte, a tendência seria a área sofrer uma valorização intensa. Porém, especificamente no caso da av. Cruzeiro do Sul, não foi isso

Foto aérea 5: Mosaico da área norte, 1980/81. Fonte: IDOETA, Irineu. São Paulo vista do alto: Érica Ltda. São Paulo, 2004. 2 - Construção de um grande dreno para evitar inundações 3 - Rodoviária ao lado da estação do Tietê 4 - Abertura de avenidas

5 - Completa-se a urbanização do viário 6 - Completa-se a construção do Ginásio da Portuguesa

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Foto aérea 5: Mosaico da área norte, 1986. Fonte: IDOETA, Irineu. São Paulo vista do alto: Érica Ltda. São Paulo, 2004.

Foto aérea 6: Mosaico da área norte, 1997. Fonte: IDOETA, Irineu. São Paulo vista do alto: Érica Ltda. São Paulo, 2004.

1 - Adensamento da av. Brás Leme 2 - Rodoviária completada 3/4 - Implanta-se o Center Norte, Expo e o Lar Center

1 - DEIC 2 - Novotel 3 - Secretaria Mun. de Abastecimento

5 - Oito grandes edifícios dentro da área do Campo de Marte

4 - Cinga Pura na av. Zaki Narchi 5 - UNIBAN - av. Brás Leme 6 - Expo Center Norte 7 - Shopping D

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que

aconteceu.

Enquanto

o

Metrô

era

responsável

pelo

planejamento das linhas e pelo projeto das estações e demais equipamentos operacionais, a EMURB (Empresa Municipal de Urbanização) se ocupava de planos de reurbanização das áreas diretamente servidas pela rede. A despeito dos vários projetos realizados nessa época por essas empresas, poucos foram implementados, restando em seu lugar chagas urbanas ainda hoje abertas. O que aconteceu é que a área sofreu sim uma valorização rápida e logo depois um abandono. O metrô, elevado, não se relaciona com a rua e com as calçadas. O projeto CURA Santana abrangia uma área de quatorze mil e setecentos metros quadrados. Mas seis quadras de intervenção direta, o plano previa a construção do terminal de ônibus urbano conectado por corredor subterrâneo à estação e o desenvolvimento de um novo tipo de quadra que superasse os limites dos pequenos lotes existentes.

Foto aérea 7: Mosaico da área norte, 2001. Fonte: IDOETA, Irineu. São Paulo vista do alto: Érica Ltda. São Paulo, 2004. 1 - Conjunto da Faculdade Santana 2 - Sambódromo 3 - Alargamento do Tamanduateí

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No lugar de uma renovação urbana espontânea, que naturalmente

Em 1974 (foto aérea 4), percebe-se o surgimento de

ocorreria pela valorização da área, o adensamento vertical da

muitos equipamentos metropolitanos de grande

reurbanização planejada combinaria a liberação de mais áreas

porte, como o Centro de Convenções do

verdes para uso coletivo com a organização da circulação e dos

Anhembi, as Estações de metrô, a Pça. Campos

estacionamentos de modo a eliminar conflitos de fluxos. Em 1973

de Bagatelle e a Penitenciária Feminina do

um conjunto de leis regulamentou esses projetos de reurbanização,

Estado. Os terrenos entre a av. Santos Dumont e

permitindo

a rua Voluntários da Pátria se consolidaram

à

EMURB

agir

na

desapropriação

dos

imóveis

abrangidos. Os recursos vinham do BNH e ficariam disponíveis até 1979.

completamente com a conclusão das obras na

Em Santana, três mandatos de segurança impetrados pelos

Santos Dumont e na Marginal.

moradores e proprietários contra a EMURB sustaria a continuidade

O Campo de Marte, conseqüentemente, se

de todo o projeto, restringindo a implantação à estação do Metrô, ao

configurou cada vez mais como aeroporto e com

terminal de ônibus e a uma quadra modelo, a quadra 46.

mais

A única quadra na qual o plano urbanístico da EMURB se concretizou, a

militares e o setor privado, como visto na foto

quadra 46 não apresenta qualidades que a distinga dos projetos do mercado

aérea 4. Na mesma, vê-se um grande dreno

imobiliário da época. Entretanto, o adensamento da região acabou ocorrendo

construído para escoar a água de toda a área

fora do polígono “congelado”. A verticalização da região ocorreu a norte da estação, atingindo um perfil de renda muito mais elevado do que aquele visado pelo programa CURA.

construções

de

hangares,

moradias

aterrada da várzea até o rio, e a construção da Rodoviária ligada à estação de metrô Tietê numa área de 40 mil m2. 18


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O complexo do Center Norte e Lar Center já é percebido na imagem de 1986

(foto aérea 5),

com toda a área já aterrada, novas vias de

acesso construídas e outras alargadas. É interessante notar que todas as mudanças viárias no bairro tinham a finalidade de desafogar o trânsito em direção ao centro da cidade, sendo que, desde sempre, a melhor opção seria investir em transportes

1

públicos como o trem e o metrô.

2

Percebe-se também, a favela da Zaki Narchi, ao lado do córrego dos Carajás, muito densa na frente do terreno que, até 1997 (foto aérea 6), investiu-se em equipamentos como a SEMAB (Secretaria Municipal de Abastecimento, o DEIC, o Novotel e o Cinga Pura. Surgiu também novas Faculdades e o Shopping D do outro lado do rio. Em 2001

(foto aérea 7),

construiu-se o Sambódromo ao lado do

Anhembi e terminou-se de consolidar toda a área de várzea do rio. O

3 4

Tamanduateí sofreu um alargamento na sua calha para melhorar a vazão do rio. Em 2003 (foto aérea 8), inicia-se a implosão do Complexo do Carandiru para a implantação do Parque da Juventude.

Foto aérea 8: Mosaico da área norte, 2003/05. Fonte: IDOETA, Irineu. São Paulo vista do alto: Érica Ltda. São Paulo, 2004. Google Earth, 2007. 1 - Parque da Juventude 2 - Demolição da Casa de Detenção e implantação do Centro cultural

3 - Estacionamento 4 - Implantação Centro de Midia

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Em 2001 também inicia-se pela SEMPLA (Secretaria Municipal de Planejamento) a Operação Urbana Carandiru-Vila Maria. A OUC (Operação Urbana Consorciada) é o mecanismo pelo qual são criados estímulos a investimentos em determinada região da cidade, aproveitando-se do solo. Os recursos arrecadados devem ser revertidos em benefícios para essa região, e aplicados apenas nela, segundo o que determina o Estatuto das Cidades.

Figura 9: Croqui da Operação Urbana Carandiru - Vila Maria. Fonte: www.vitruvius.com.br, 18/04/07.

A Operação Urbana Carandiru - Vila Maria abrange um trecho do Bom Retiro, Ponte Pequena, Pari, Vila Maria, Vila Guilherme e Santana, com o objetivo de atrair investidores, requalificar e adensar a região. Alguns aspectos peculiares a estimular sua transformação: 1. Concentração de equipamentos de caráter metropolitano de intensa atividade; 2 - A potente infra-estrutura instalada, subutilizada, como o metrô; 3 - A disponibilidade de larga extensão de áreas públicas ainda que em parte mal utilizadas ou fragmentadas dissolvidas da trama

Figura 10: Plano-Referência de Intervenção e Ordenação Urbanística. Fonte: www.vitruvius.com.br, 18/04/07.

urbana. 20


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Programa de intervenções - PRIOU: 1 - Intervenções diretas estruturais ou locais; 2 - Programas de indução, voltados para as ações setoriais, calçadas no projeto urbanístico, remanejamento de moradia precária, transferência de atividades impróprias (uso e ocupação do solo); 3 - Parâmetros urbanísticos, setorização do projeto, coeficiente máximo de aproveitamento, taxa máxima de ocupação e mínima de permeabilidade do solo, recuos obrigatórios e gabaritos máximos;

Figuras 11, 12 e 13: Fotos da Maquete. Fonte: www.vitruvius.com.br, 18/04/07.

4 - Modelos de ocupação, faixas de adensamento, definição de tipologia etc. O Projeto foi desenvolvido com enfoque em três principais temas: 1 -Alcançar maior adensamento da ocupação territorial; 2 - Regenerar o ambiente e a paisagem; 3 - Adquirir mobilidade no interior da região da Operação Urbana. Os recursos originados da Operação se destinam também a erradicação da habitação subnormal, como as favelas, os cortiços e os moradores de rua. 21


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Land Readjustment -workshop realizado em maio/julho 2005,

prietários e inquilinos, para alcançar o consenso

Japão.

e o acordo entre todos os envolvidos diretos e

Planejamento e desenvolvimento urbano aplicadas no Japão. A

indiretos da área.

Operação urbana Carandiru-Vila Maria está passando por uma

3- Técnica de reparcelamento fundiário: duas

reformulação dos moldes da OUC utilizando-se dos instrumentos

etapas:

ooperacionais previstos pelo método do LR.

benefícios do projeto de desenvolvimento.

Propósito do LR: provisão de lotes para a habitação em zonas

segunda- distribuir a carga e os benefícios entre

periféricas

os proprietários e inquilinos. O reparcelamento

e

desenvolvimento

de

infra-estrutura

em

zonas

intensamente urbanizadas. Aplicação dos conceitos do LR para a facilitação da execução dos projetos na operação urbana:

primeira-

definição

dos

custos

e

é o redimensionamento e reposicionamento dos antigos lotes em novos e ajustados. O projeto estipularia,

previamente,

o

pagamento

e

reajuste dos lotes, a localização e o tamanho 1-Plano da Operação Urbana: consideração das opiniões de proprietários e inquilinos no plano urbano. Instauração de um

dos

terrenos,

o

que

desencorajaria

a

especulação fundiária.

conselho que teria autoridade sobre diversos assuntos, constituído por membros eleitos pelos envolvidos.

4-Sistema de avaliação fundiária: todo o levantamento da área estaria disponível para

2-Agência de Implementação: a condução do projeto seria feita por esta agência designada pela Prefeitura, com a participação de pro-

facilitar a manutenção da titularidade. Regras de avaliação seriam operadas pelo mercado

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imobiário que o as operassem.

Após

5- Direito de Propriedade: o proprietário não seria realocado para

lotes/terrenos com o projeto executado, é

outros bairros, durante o reposicionamento os direitos de

maior

propriedade seriam regularizados, inclusive no caso de favelas e

valorização da área inteira: “acrescentar do

cortiços.

valor

6- Plano de execução: a estimativa do tempo de duração entre

o

reparcelamento,

do

do

que

uso

antes

do

do

solo”.

o

valor

processo,

Entre

lote

dos

pela

pré-

desenvolvido e pós-desenvolvido.

projeto e execução seria de 25 anos, baseada nas experiências do

Maiores

benefícios:

Japão.

sobrevalorização das propriedades.

7- Custos da operação: a agência de implementação teria um fundo

A Lei do Readjustment garante os direitos dos

específico, contando com financiamento federal para infra-

proprietários

estruturas e com a venda dos terrenos reservas; e a dívida seria

implementação.

e

melhoria

das

ambiental

agências

e

de

eliminada com as contrapartidas do potencial adicional para o direito de construir. Para efetivar as diretrizes estipuladas pelo projeto, é fundamental o reparcelamento do solo, assim como uma garantia de execução das prioridades sociais, como a construção das habitações, de parques, infra-estrutura urbana etc. 23


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ANÁLISES ÁREA Delimitação da área de estudo Mapa Hipsométrico Mapa hídrico Mapa viário estrutural e local Mapa de densidade Mapa de Uso e ocupação do solo Mapa de Vazios e Imóveis sub-utizados Mapa com a área de aproximação do aeródromo Campo de Marte em relação a cidade de SP A área de aproximação na área estudada Cortes de alturas máximas permitidas Cortes transversais e longitudinais da Avenida cruzeiro do Sul

LEV. FOTOGRÁFICO

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No primeiro -ver anexo1-, podemos perceber a influência das águas de chuva e de possíveis alagamentos. O antigo traçado do Rio Tietê realça sua vasta várzea e a quão plana ela é. Podemos observar também a quantidade de córregos canalizados, um deles, inclusive, sob a Av. Cruzeiro do Sul, o que leva a outra conclusão: o porquê do metrô ser elevado. E ainda, em conjunto com o mapa hipsométrico, notamos o caminho das águas na descida das colinas de Santana. Outro problema estudado e a ser resolvido é o sistema viário e de pedestres. Os eixos estruturais não se conectam e as ligações da zona norte com o centro da cidade não são suficientes. A concentração de grandes equipamentos também impossibilita a implantação de novas vias, fazendo com que o fluxo viário seja cortado. A av. Cruzeiro do Sul não permite a relação dos pedestres e do viário com o comércio local e com o outro lado da avenida, o tipo de serviço não corresponde aos pedestres e por não ter uma via de desaceleração, o acesso de carros fica debilitado.

Foto 9: Vista aérea da Avenida Cruzeiro do Sul. Fonte: SÃO PAULO vista do céu. São Paulo: Caras S.A., 2004.

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O metrô, por estar elevado, não colabora com a integração dos dois

Figura14: a lógica dispersiva do carro com acentuada hierarquia viária

lados da avenida e, ainda por cima, o canteiro central, perto das estações - onde a transição de pedestres é intensa - é gradeado para evitar a permanência dos ambulantes, fazendo com que as pessoas tenham que andar por calçadas mínimas. Além disso, as calçadas de grande comércio nas ruas transversais à avenida são precárias e muito estreitas, o que impossibilita uma vida cotidiana pública decente. A seguir, alguns croquis ilustrativos de como o viário influencia na

Figura 15: a lógica dispersiva do carro já sem hierarquia viária

qualidade de vida da população e o que deve ser priorizado quando se pensa na cidade. As áreas voltadas a residências tendem a ser mais calmas e com algum isolamento de grandes avenidas e grande fluxo de automóveis, porém, enquanto o carro não deixar de ser elemento fundamental no planejamento, as ruas - locais e de acesso a moradia - terão cada vez mais intenso seu fluxo. Quando se pensa em costurar o tecido urbano, pensa-se não só na mobilidade do carro, mas também do pedestre e como forma de facilitar o acesso ao comercio local e aos eixos estruturais do bairro.

Figuras 14 e 15: Croquis situação viária tópica Fonte: CAMPOS Filho, Candido Malta. Reinvente seu Bairro. São

Paulo: Ed. 34, 2003.

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Como proposta, a implantação de mais duas pontes transversais ao Rio Tietê e a costura do tecido proporcionando fluidez no trânsito – assim evita-se o

Figura16: centralidade linear- são formados pelos subúrbios ferroviários, concentram comércio e serviços no entorno das Estações. É o caso da Av. Cruzeiro do Sul.

atolamento de automóveis e ônibus nas principais avenidas de acesso às pontes, assim como a costura leste-oeste do tecido viário. Como pode-se perceber, pelo mapa de uso e ocupação do solo, a maior parte dos imóveis tem uso comercial e/ou de serviços ao longo dos eixos da Av. Cruzeiro do Sul e Rua Voluntários da Pátria. Mais para o Alto de Santana, notamos uma significativa mudança de uso, em que a maior parte é residencial. Há também um número bom de escolas e vazios urbanos, como

Figura17: proporção entre ônibus e automóveis e as mudanças da capacidade de suporte para um mesmo sistema viário. A primeira imagem: se o uso dela for mais por carros ela suporta prédios baixos distantes entre si. A mesma avenida, se o uso for mais por ônibus ela suporta prédios mais altos e mais juntos entre si.

estacionamentos – áreas com grande potencial de uso como praças, prédios etc. Já na análise dos vazios urbanos, percebemos muitos imóveis sub-utilizados e/ou abandonados. Grande parte esperando uma valorização imobiliária ou imóveis que, pelo Plano Regional e Operação Urbana, terão de ser demolidos para a construção de novas ruas ou alargamento de outras, como o caso das casas no final da avenida, onde cruza com a rua Conselheiro Saraiva, e que será implantada uma nova via de conexão da Cruzeiro do Sul

Figuras 16 e17: Croquis situação viária tópica Fonte: CAMPOS Filho, Candido Malta. Reinvente seu Bairro. São

Paulo: Ed. 34, 2003.

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Um equipamento que não se tem dados e previsão de ser demolido ou de

E de qualquer forma, o adensamento a ser trabalhado

provável mudança de uso, é a Penitenciária do Estado. Equipamento este

na proposta do TFG é de 400 hab/ha no entorno da

que não tem lógica permanecer onde está, em uma zona tão central e nobre

avenida, sendo um pouco mais adensado nas

da cidade de São Paulo.

estações de metro – 500 hab/ha. O Conjunto

A área ocupada pelos shoppings Center Norte e Lar Center também é muito

Habitacional Zezinho Magalhães, para poder de

grande para o uso que tem e para uma população tão especifica. Só o

comparação,

estacionamento tem vaga para 12 mil carros.

(dens. bruta).

Isso mostra, mais uma vez, a baixa densidade na região. Pela análise de

Pelo Plano Regional da Sub-Prefeitura de Santana e Tucuruvi, no entorno da avenida, Zona de Centralidade Pola B06:

densidade podemos notar a predominância de imóveis de 0-2 andares, e ainda muitos deles comerciais, em um eixo de infra-estrutura riquíssima – três estações de metrô, aeroporto, rodoviária, terminal de ônibus etc, e a predominância de prédios mais altos no Alto de Santana - área em que se permite um maior gabarito pela zona de aproximação do Campo de Marte –

tem o adensamento de 300 hab/ha

o coeficiente de aproveitamento máximo é 4 taxa de ocupação do terreno é de 0.5. Taxa de permeabilidade de 0.15 Lote mínimo de 125m2 Recuo frontal de 5m Zona de Centralidade Pola B04, perto da cabeceira da pista do Campo de Marte:

ver mapa de análise. Por outro lado, ao contrário do que eu afirmava no relatório anterior, apenas uma pequena área muito perto da cabeceira de pista do aeródromo não pode ser adensada – ver cortes esquemáticos do cone de aproximação.

o coeficiente de aproveitamento máximo é 2.5 taxa de ocupação do terreno é de 0.5. Taxa de permeabilidade de 0.15 Lote mínimo de 125m2 Recuo frontal de 5m 40


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A carência por espaços abertos e, principalmente, arborizados, na cidade é muito grande. Essa região é preciso ser densa, porém necessita de verdes e de lazer também. Um bom projeto é conhecer os problemas, propor soluções, porém tentando conciliar e equilibrar todos eles. O adensamento trás uma questão forte na realidade do bairro - mais especificamente nessa situação. A requalificação da Cruzeiro do Sul não seria uma requalificação se não pensássemos em meio ambiente, ou seja, na despoluição total dos córregos, e consequentemente, do rio Tietê; em arborizar as ruas, as praças e os lotes

Foto 10: Puerto Madero, Buenos Aires, Revista Habitare nº 342 Foto 11: Champs Élysée, Paris, Revista Domus, nº 754, 1993.

etc. Não se pode pensar em arquitetura e urbanismmo hoje sem as questões da cidade construída x o meio urbano, as questões climáticas e ambientais. A requalificação da avenida é muito maior do que um novo desenho de calha viária. Ela parte de uma remodelação de bairro, de novos conceitos de economia da região quando falamos de comércio e serviços; trata-se de gerar moradia, espaços públicos e maior conectividade entre os pedestres e o transporte. 41


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PROPOSTA Com base em todas as análises dos aspectos existentes da região, a primeira proposta elaborada para o TFG foi um plano urbano dentro da área da Operação Urbana, porém com um limite de intervenção bem menor - como pode-se ver na figura abaixo, em laranja. A avenida é desenhada com o objetivo de separar o fluxo viário - uma via expressa e uma local - que facilita o acesso ao comércio, gera espaços de

estacionamento; assim possibilita uma organização com canteiros para a implantação da ciclovia ao longo de toda a avenida e dos pontos de ônibus. O novo desenho mudará o alinhamento das construções deixando calçadas mais largas e fazendo com que o passeio dos pedestres se torne mais agradável. As análises realizadas do existente foram essenciais para a elaboração da proposta, começando pelo mapa hídrico. A extensão do Parque e o desenho de um lago como uma bacia de retenção dentro dele partiram principalmente do entendimento do sistema de drenagem e das áreas de preservação dos córregos existentes. A avenida Zachi Narchi corta o parque e o lago - o qual se comunica através de um vaso comunicante e possui uma estação de flotação para manter a água do córrego e do lago limpa. O córrego

Fig 18: Plano-Referência de Intervenção e Ordenação Urbanística + área de intervenção do projeto

dos Carajás faz parte do projeto piloto da Sabesp de 42


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despoluição dos córregos de São Paulo. A água já está 90% despoluida

provenientes do Shopping Center Norte - a ser retirado

desde o início do projeto. A extensão do Parque se fundamenta também pela

no projeto - e para a recuperação do comércio de rua

falta de equipamentos de lazer públicos na região e a saturação dos

do bairro.

existentes.

A decadência da Rua Voluntários da Pátria começa a

O adensamento é fator principal de projeto para a recuperação da vida

partir do momento em que o shopping se estabelece

urbana, com a otimização da infra-estrutura local e com a garantia de

na região como centro comercial, e esse é o motivo

circulação segura durante a noite. A partir de um mapa de elementos fixos -

pelo qual a desconstrução desse mega

construções que permanecerão no plano e do mapa da área de aproximação

empreendimento é essencial para a cidade.

do aeroporto Campo de Marte - surgem os critérios de implantação dos novos

A Av. Cruzeiro do Sul é uma centralidade polar quando

prédios. Os gabaritos são dados pelo máximo de altura que a ANAC (Agência

pensamos nas estações de metrô e nos grandes

Nacional de Aviação Civil) permite, os térreos são sempre que possível

equipamentos nela instalados, e uma centralidade

públicos, com comércios e serviços que atendem a população em geral. As

linear por se tratar de um eixo de conexão da zona

sobrelojas dos edifícios já abrigam comércios e serviços mais relativos as

norte da cidade com o centro.

habitações.

Outro critério utilizado para a elaboração da proposta é

As galerias são de extrema importância na implantação do projeto para

a implantação de estacionamentos como

receberem lojas, restaurantes, cafés, centros de cultura, cinemas etc

equipamentos públicos sempre vinculados as 43


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estações de metrô. O sistema viário, atualmente caótico, é alterado juntamente com os novos desenhos de quadras e o alargamento de muitas ruas. O fluxo leste-oeste é completamente travado, e as transposições do rio Tietê insuficientes. O alargamento das vias e a conexão delas geram um sistema viário bem mais eficiente, assim como uma nova transposição da Av. Otto Baumgart com a Rua Azurita. - ao lado do Estádio da Portuguesa - conectando Santana diretamente ao Pari. A proposta não deixa de levar em consideração o Plano Diretor Estratégico para a cidade de São Paulo e as diretrizes da Operação Urbana Carandiru-Vila Maria, porém consiste em um desenho mais concreto de cidade e gestão pública e privada. Fig 19e20: Maquete eletrônica da proposta urbana - Av. Cruzeiro do Sul

44


PLANTA ANALÍTICA DE PROPOSTA

O fluxo separado de veiculos na avenida faz com que o comércio tenha mais relação com a rua, de fácil acesso e com vagas para parar o carro. O corredor de ônibus e bicicleta se justificam por fazerem um caminho diferente do do metrô.

VIÁRIO

integração do comércio da Rua Voluntários

COMÉRCIO

a Penitenciária do Estado se

da Pátria com o comércio da Av. Cruz. do Sul

enquadra mais no bairro, a proposta é de uso dos prédios

canteiro central passa a ser mais estreito,

como Escolas Técnicas ou

PENITENCIÁRIA

com vagas para estacionar os carros e

Museu.

CANTEIRO

alguns pontos de feira permanente perto

A extensão do parque se afirma pelo atual

das faixas de pedestres comércios e serviços propostos na Cruzeiro do Sul -

COMÉRCIO

uso

PARQUE

da

área,

das

quadras

e

dos

lojas que estavam no shopping center, restaurantes,

equipamentos de lazer. O Parque da

cafes, cinemas, escritórios etc.

Juventude é freqüentado por pessoas de todas as idades em todas as horas do dia. ADENSAMENTO

densidade proposta de 400hab/ha

é necessário uma Estação de

em todo entorno das estações de EST. FLOTAÇÃO

metrô e perto do parque adensamento proposto conforme limitações

Flotação para manter o lago e os córregos limpos.

AEROPORTO LAGO DRENAGEM

da área de aproximação do Campo de Marte

O lago é inserido principalmente como solução de drenagem das áreas sujeitas a

Alargamento de diversas vias para maior

VIÁRIO

alagamentos e como desenho de parque

fluidez por conta do adensamento. urbano - relação com a água.

Proposta de túnel na Av. Santos Dommount no eixo

VIÁRIO ECONOMIA

norte-sul (maior fluxo)

A maior parte da área do complexo do center Norte se configurava em estacionamento. por

METRÔ ACESSOS

ser uma área de várzea, e o comércio ter sido transferido todo para a Avenida, a proposta é

proposta de alguns prédios de estacionamento perto

das

estações

de

metrô

e

ESTACIONAMENTO

de continuar o Parque da Juventude até a Marginal do Tietê. A avenida suporta 50 mil

alguns

subterrâneos

m2 contra 14 mil m2 do Center Norte, além de TRANSPOSIÇÃO

galerias internas nas quadras

Fig 21: Proposta urbana - Área de intervenção TFG

proposta de nova transposição do rio até a av. do Estádio da Portuguesa, em direção ao Pari


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ANÁLISES PLANO URBANO Implantação Mapa hídrico Mapa viário estrutural - cheios e vazios Mapa de densidade Mapa de Uso e ocupação do solo Mapa Tipologico Desenho nova avenida Cortes típicos avenida - novo alinhamento

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PROPOSTA - ENSAIOS DE QUADRAS A seguir, um ante-projeto realizado em uma das quadras dentro da área de intervenção, ao lado da Estação Carandiru do Metrô e do parque da Juventude que estuda possibilidades de implantação, ocupação do solo, gabaritos e afirma a densidade proposta. Esse exemplo é de densidade baixa porque é o quanto o cone de aprox. do Campo de Marte permite. Em compensaçào, a quadra ao lado chega a uma densidade de 500 hab/ha. DADOS DO PROJETO URBANO: ÁREA TOTAL INTERVENÇÃO - 2.601.319,40 m2 PARQUE DA JUVENTUDE - 952.782 m2 DENSIDADE EXISTENTE: 98 hab/ha DENSIDADE PROPOSTA: 400 hab/ha EXTENSÃO AVENIDA - 2,2 km USO MISTO VALOR MÉDIO TERRENO - R$ 1000 A 1500,00/m2 QUADRA PROPOSTA: ÁREA:22.409 m2 DENSIDADE:250 hab/ha QTDADE APTOS.: kitinetes - 14 1 dorm. - 24 2 dorm. - 8 3 dorm. - 6 USO MISTO - TÉRREO/ SOBRELOJA/4 AND Apto.

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O projeto, ainda inacabado, ensaia possibilidades de implantação do plano

entre dois prédios e permite a menor distância possível

urbano estudado. A quadra demonstrada a seguir foi escolhida baseada em

a ser percorrida pelo morador.

alguns critérios como:

O partido estrutural trata-se de pilares de concreto de

1 - proximidade com a Estação Carandiru do metrô

0,70 x 0,20cm em vaos de 6 e 8m compondo um ritmo

2 - proximidade com o Parque da Juventude

na fachada e vãos transversais de 10m. A laje é

3 - a limitação de gabarito devido a proximidade com o Campo de Marte

alveolar pela facilidade de montagem,

4 -a localização das quadras em relação a avenida e aos equipamentos

obra e por não requerir mão-de-obra especializada.

instalados ao redor

O acesso aos apartamentos dá-se por escadas

5 - a existência de elementos fixos - edificios consolidados

externas, elevadores (nas sobrelojas) e escada de

6 - a comprovação de uma densidade de até 400 hab/ha

emergência.

limpeza na

O desenho dos edificios surge pela vontade de gerar espaços públicos, ora abertos e cobertos, ora fechados, no térreo e que possibilitasse o uso do subsolo também como galeria, assim como as sobrelojas e uma quantidade rezoável de apartamentos. Os edifícios tem orientação leste-oeste, por isso necessitam de brises externos principalmente na fachada oeste; tem circulação vertical sempre 55


ESCOLA DA CIDADE . TFG 2007 REQUALIFICAÇÃO DA AVENIDA CRUZEIRO DO SUL

O térreo configura-se como uma galeria permeável com lojas de comércio e

A implantaçào das novas quadras com uso misto é

serviços ligados diretamente ao público. Já a sobreloja admite escritórios e

primordial no projeto porque também garante, além de

restaurantes com acesso por escadas rolantes.

moradia, o trabalho. A requalificação da Avenida,

No centro da quadra, numa área arborizada e rebaixada 1m, localizam-se um

assim como todo seu entorno, não faz com que os

restaurante e um café; assim como quando necessário, a praça configura-se

antigos moradores da região saiam de onde viveram

num anfiteatro ou numa praça de eventos.

suas vidas. Os comerciante e atuais moradores da

Localizam-se também sanitários sempre com bebedouros e telefone públicos

região, com a despropria;ção da área, tem prioridade

ao lado das escadas de emergência do prédio, como um ponto de apoio ao

nas aquisições dos pontos de comércio e de

comércio e a população.

apartamentos.

A proximidade com o Parque o metrô ajudam no desenho da quadra, que é

A existe\ência das galerias no térreo e na sobreloja

permeável tanto na sua configuração quanto no próprio piso, pensado como

permite que o valor do aluguel vindo dos pontos

uma continuação do piso do parque.

comerciais revertam-se em manutenção do

Nas calçadas alargadas da avenida encontram-se os bicicletários e os

condominio (elevadores, limpeza, arborização, água

acessoas aos estacionamentos ligados diretamente às sobrelojas dos

etc) e, mesmo com a região valorizada, os custos de

prédios. Com isso, facilita-se o acesso ao metrô, por ser no mesmo nível, e

moradia não sejam excessivos, o que garante a

garante uma circulação permanente de pedestres nas lojas e restaurantes.

diversidade das pessoa. 53 56


ESCOLA DA CIDADE . TFG 2007 REQUALIFICAÇÃO DA AVENIDA CRUZEIRO DO SUL

PROJETO QUADRAS Implantação Planta subsolo Planta sobreloja Planta habitações Planta habitações/cobertura Cortes

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PLANTA ANALÍTICA DE PROPOSTA VIÁRIO

COMÉRCIO

integração do comércio da Rua Voluntários da Pátria com o comércio da Av. Cruz. do Sul

a Penitenciária do Estado se enquadra mais no bairro, a proposta é de uso dos prédios

PENITENCIÁRIA

canteiro central passa a ser mais estreito, com vagas para estacionar os carros e alguns pontos de feira permanente perto das faixas de

como Escolas Técnicas ou Museu.

CANTEIRO

pedestres

A extensão do parque se afirma pelo atual uso da área, das quadras e dos equipamentos de lazer. O

comércios e serviços propostos na Cruzeiro do Sul - lojas que estavam

no

shopping

center,

restaurantes,

cafes,

COMÉRCIO

cinemas,

PARQUE

Parque da Juventude é freqüentado por pessoas de todas as idades em todas as horas do dia.

escritórios etc.

ADENSAMENTO

densidade proposta de 400hab/ha em todo entorno das estações de metrô e perto do parque

é necessário uma Estação de Flotação para

EST. FLOTAÇÃO adensamento proposto conforme

manter o lago e os córregos limpos.

AEROPORTO

limitações da área de aproximação

LAGO DRENAGEM

do Campo de Marte

O lago é inserido principalmente como solução de drenagem das áreas sujeitas a alagamentos e como desenho de parque

Alargamento de diversas vias para maior fluidez por conta do

urbano - relação com a água.

VIÁRIO

adensamento.

Proposta de túnel na Av. Santos Dommount no eixo norte-sul (maior fluxo)

A maior parte da área do complexo do center Norte se configurava em

VIÁRIO

estacionamento. por ser uma área de várzea, e o comércio ter sido transferido todo para a Avenida, a proposta é de continuar o Parque da

O metrô, por estar elevado, não colabora com a integração dos dois

Juventude até a Marginal do Tietê. A avenida suporta 50 mil m2 contra

METRÔ ACESSOS

lados da avenida, alé de estar sub-utilizado

14 mil m2 do Center Norte, além de galerias internas nas quadras

ESTACIONAMENTO proposta de alguns prédios de estacionamento perto das estações de metrô e alguns subterrâneos

TRANSPOSIÇÃO projeto do Arq. Paulo Mendes da

proposta de nova transposição do

Rocha para as Olimpiadas

rio

até

a

av.

do

Estádio

da

Portuguesa, em direção ao Pari

PROPOSTA

ÁREA DE INTERVENÇÃO IMPLANTAÇÃO . MAQUETE ELETRÔNICA

SHEILA SANTOS ALTMANN . ESCOLA DA CIDADE - TFG2007 ORIENTADOR: JOSÉ ARMÊNIO DE BRITO CRUZ REQUALIFICAÇÃO DA AVENIDA CRUZEIRO DO SUL - SÃO PAULO

FOLHA

4/8





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62


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