A Água e a Travessa - um projeto de valorização da água no urbano

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A ÁGUA E A TRAVESSA um projeto de valorização da água no urbano

Débora Loturco da Silva Orientadora | Marta Bogéa tfg| fauusp | julho 2017





a água e a travessa

um projeto de valorização da água no urbano

Débora Loturco da Silva Orientadora | Marta Bogéa tfg| fauusp | julho 2017


Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. e-mail da autora: debora.loturco.silva@usp.br

Loturco, Débora da Silva. A água e a travessa : um projeto de valorização da água no urbano / Débora Loturco da Silva ; orientadora, Marta Viera Bogéa. - 2017 152p : il. Trabalho final de graduação em arquitetura e urbanismo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017



Agradecimentos

À Marli, pelo amor e pelo cuidado de toda uma vida; Ao Godoy, por me ensinar força e determinação; Ao Felipe, por acreditar em mim; À Lydia, pelo carinho delicioso de vó; A Virgínia, Zé Márcio, Guida e José, pela presença, mesmo de longe; À Sayuri, por ser companheira para tudo e de todas as horas; À Giulia, por trazer espontaneidade e leveza para os meus dias; Ao Will, pela parceria sem fim; Ao Rafael, pela amizade doce e ajuda; Aos amigos da FAU, por enriquecerem meus anos de faculdade; Aos amigos da Química, pelas conversas sinceras regadas a cerveja; A Maína, Mariana, Paula e Marcella, pela amizade dos muitos anos que já foram e dos muitos que ainda virão; Ao time de Vôlei Feminino da FAUUSP, pelos bons momentos dentro e fora de quadra; À Jordana, Chris e Max (e Sayuri), que fizeram da minha casa nova um lar; À Paula, por ser uma chefe compreensiva e uma profissional que eu admiro; Ao Nicolas, pela conversa que me levou a encarar a água como elemento principal em torno do qual meu trabalho se desenvolveria;


À Giovanna, pela companhia na visita e registro fotográfico da travessa. À Mariana, Nívea, Gabriela, Rafael, Felipe, Gustavo, Patrícia Eiko, Patricia Miho, Sayuri, Giulia, Will e Marli pela força tarefa e apoio dos últimos dias; A todos que conheci durante esse trabalho e que se dispuseram a conversar comigo e compartilhar seus conhecimentos e opiniões: José Bueno, Luciana Cury, Adriano Sampaio, André Arem, Wellignton, Flavio Barollo; Ao Ocupe e Abrace, Rios e Ruas, Existe Água em SP e ao Bloco do Água Preta; Ao Professor Vladimir Bartalini, que se dispôs a conversar comigo no início desse processo, quando ainda não sabia como desenvolver o trabalho, e cujos estudos me serviram de base; Ao Arthur, pela generosidade com que me ouviu, me incentivou e me ajudou durante esse trabalho; Aos professores Lizete Rubano e Paulo Pellegrino por aceitarem participar da minha banca e a discutir meu trabalho comigo; À Marta, por me guiar com firmeza e delicadeza. Obrigada!


Resumo

O trabalho se desenvolveu a partir de dois grandes desejos: o de trabalhar com espaços na cidade destinados ao tempo livre e o de projetar de modo em que o construído e o natural se relacionassem de maneira mais harmônica. A partir dessas vontades iniciou-se a busca por espaços públicos que apresentassem oportunidades de se criar um espaço melhor. Nessa busca a água, com seu poder de atrair pessoas para atividades de lazer e ao mesmo tempo a potencialidade de provocar grandes transtornos urbanos, tornouse um elemento chave. O IX Festival da Praça da Nascente, localizada próxima à Av. Heitor Penteado, Perdizes, abriu caminho para conhecer o córrego Água Preta, sua história de canalização e os diversos grupos envolvidos na discussão sobre a relação água e cidade. Foi a partir daí que o trabalho tomou forma. Este caderno apresenta o registro do processo do trabalho, desde a identificação de conflitos e potencialidades ao longo do curso d’água até a elaboração de um projeto na chave averiguativa de um ensaio para a Travessa Roque Adóglio, por onde corre canalizado o Água Preta. Aflorando a água na travessa desvela-se o rio e se recupera a presença da água no meio urbano. O projeto usa infraestruturas cinzas e verdes para estabelecer uma relação positiva e de afeto com a água, que passa a ser um elemento que enriquece o espaço público e aumenta as possibilidades de encontro e socialização do qual ele pode ser palco (e ator).


abstract

Two great desires set the course of this work: the willing to work with spaces within the city destined to free time of its dwellers and the willing to think the architectural and urbanistic project as to conceive spaces in which natural and built environments relate in a more harmonious way. Bearing this in mind began the search for public spaces where this type of conflicts ocurred, and therefore the oportunity of creating better spaces presented itself. In this cenario, water, with the power to attract for leisure activities and at the same time the potential to become a severe urban problem, became a key element. The IX Festival of Praça da Nascente, a square located close to Heitor Penteado St., Perdizes neighborhood, paved the way to getting to know the Água Preta stream, its channeling and groups involved in discussion of water and city. The work than began to take form. This booklet registers the work process, from the identification of conflicts and potentialities along the course of the stream, to the elaboration of a project for Travessa Roque Adóglio, a bystreet, underneath which the Àgua Preta stream waters run totally channeled. The outburst of part of the stream waters, reveals the river and recovers the water presence in the urban environment. Using gray and green infrastructures, the project seeks to establish a positive relationship with the water, which becomes an element that enriches the public space and increases the possibilities of encounter and socialization of which it can be the stage (and actor).



Índice

1. Introdução ....................................13 intenções  a água e a praça

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2. a água ..................................................33 a água e a cidade  o água preta  o curso e o percurso

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3. a travessa..........................................61 intervenções

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4. o PROJETO...........................................79 primeiros ensaios  o afloramento  AS faixas longitudinais  as faixas programáticas

80 87 97 105

5. CONSIDERAÇõES FINAIS............137 6. rEFErÊNCIAS ..................................141



“Numa cidade entulhada e ofendida pode, de repente, surgir uma lasca de luz, um sopro de vento.�

Lina Bo Bardi, 198_



Introdução


intenções

Esse trabalho nasceu da vontade de trabalhar com espaços voltados para o uso no tempo livre na cidade. Os espaços que escolhemos para passar nosso tempo livre são os locais onde nos abrimos para momentos de prazer. Lugares onde nos sentimos seguros e que acreditamos que podem oferecer momentos bons, onde nos permitimos a convivência com os outros, com a cidade e com nós mesmos. A razão de escolhermos os espaços para nosso tempo livre está intimamente ligada às sensações que esses lugares nos proporcionam. É a boa relação das dimensões do espaço, a variedade de luz e sombra, sol e vento, silêncio e sons; e mais do que tudo, a presença de outras pessoas.

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‘Comer, sentar, falar, andar, ficar sentado tomando um pouquinho de sol ... a arquitetura não é somente uma utopia, mas é um meio para alcançar certos resultados coletivos. A cultura como convívio, livre-escolha, como liberdade de encontro e reuniões. Gente de todas as idades, velhos, crianças, se dando bem.’ BARDI,198_

Desse modo, o trabalho é resultado do interesse pelo entendimento da relação das pessoas com o espaço público, em especial o movimento atual de retomada dos espaços pela população como espaço de encontro e convivência. Há tempo fazemos cidades nas quais os espaços públicos não são desenhados para acolher pessoas em seu tempo livre, mas sim espaços em que o fluxo viário e o consumo são prioridades:

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‘The spaces full of people in the modern city are either spaces limited to and carefully orchestrating consumption, like the shopping mall, or spaces limited to and carefully orchestrating the experience of tourism.This reduction and trivializing of the city as a stage of life is no accident. (...) What is characteristic of our city-building is to wall off the differences between people, assuming that these differences are more likely to be mutually threatening than mutually stimulating. What we make in the urban realm are therefore, bland, neutralizing spaces, spaces which remove the threat of social contact; street walls faced in sheets of plate glass, highways that cut off poor neighborhoods from the rest of the city, dormitory housing developments.’ SENNETT, 1990 Nos últimos anos, tem-se visto uma retomada dos espaços públicos na vida cotidiana como espaços de socialização além do consumo e comercio. Iniciativas internacionais nas cidades de Copenhague, Melbourne, Nova York e Londres como explorados por Richard Rogers em Cidades para um Pequeno Planeta e Jan Gehl, em Cidades para Pessoas. (ROGERS, 1997 e GEHL, 2013). Em São Paulo também há exemplos, como o Centro Aberto e A Batata Precisa de Você. O segundo aspecto que orientou o desenvolvimento desse trabalho foi o interesse por projetos que possam colaborar para a construção de uma cidade em que ambientes naturais e construídos se relacionem de forma mais harmônica. Dessa maneira, é a busca por pessoas e os espaços na cidade.

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Foi a partir desses dois desejos que a água surgiu como o elemento principal em torno do qual o projeto se desenvolve. Sua capacidade de atrair pessoas para as mais diversas atividades lúdicas, contemplativas, de lazer, e até mesmo de melancolia, fizeram dela um elemento ideal, no que diz respeito a espaços destinados ao tempo livre. Por outro lado os diversos conflitos entre água e cidade presentes atualmente em São Paulo, como ocupações das várzeas, canalizações e retificações de rios e córregos, inundações e falta de abastecimento de água, também fizeram dela um elemento interessante a ser estudado pelo aspecto do confronto entre ambiente construído e natural.

a água e a praça 16

A partir dessas decisões veio a busca por um objeto de trabalho que reunisse os conflitos e as oportunidades em torno da água no meio urbano. Conversas inspiradoras e acasos fortuitos me levaram a conhecer um abaixo assinado movido pelo coletivo Ocupe & Abrace, envolvido na manutenção e revitalização da Praça Homero Silva. Localizada nas proximidadades do metrô Vila Madalena, a praça foi rebatizada por moradores do bairro como Praça da Nascente por possuir, dentro dos seus limites, oito nascentes do Córrego Água Preta Essas nascentes encontram-se hoje ameaçadas pela premente construção de um edifício de vinte e dois andares e três subsolos num terreno adjacente pela construtora EXTO. O coletivo Ocupe & Abrace, fundado por moradores da região e frequentadores da praça, tenta atualmente impedir através de pressão popular o licenciamento da construção, que não respeita os 50m de área preservada em torno de nascentes exigido pelo Código Florestal Brasileiro (Capítulo 2, Seção 1, Art. 4°, Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012).

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Av. Pompéia

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foto de satélite da região da praça da nascente com marcações da autora

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Praça da Nascente

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Metrô Vila Madalena

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google maps, 11.7.2016

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Características Físicas Área: com aproximadamente 12 mil m², a praça é o maior espaço público verde da Pompéia. Topografia: grande declive (variação de cota de 760 a 785m) a praça se organiza em patamares com caminhos compostos por escadas e rampas Hidrografia: A praça possui oito nascentes do córrego Água Preta, confirmadas e documentadas pelo IGC, Instituto Geográfico e Cartográfico Equipamentos: Presença de brinquedos infantis e equipamentes de ginástica da prefeitura, além de bancos e mesas de concreto com tabuleiro de xadrez.

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apresentação do bloco carnavalesco água preta no IX festival da praça da nascente acervo pessoal, 04.12.2016

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terreno da construtora exto e avenida pompéia à esquerda acervo pessoal, 04.12.2016

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mapa das nascentes na praça homero silva e arredores IGC, fornecido pelo coletico ocupe & abrace

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O conflito é um exemplo significativo de como temos colocado o ambiente natural e o construído como oponentes ao se fazer cidades. O coletivo Ocupe & Abrace tem como objetivo: “[...]fazer as pessoas se reconectarem com a natureza, as águas, criando um ambiente fértil para interações, onde todos se apropriam do espaço, se sentem afetivamente conectados a ele e passam a cuidar também, recriando o sentido de comunidade ao redor da praça. Um conjunto de pessoas que trouxeram seu tempo, interesses, talentos e forças para construir esse sonho, de forma horizontal em clima de diálogo e trocas de boas energias.” (trecho retirado da página da internet do coletivo)

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O conflito existente na praça e a organização civil entorno dela me motivaram muito e num primeiro momento a considerei para objeto do trabalho, realizando algumas pesquisas sobre a mesma e desenhando possíveis intervenções de melhoria do espaço.

lago da praça da nascente feito por iniciativa do coletivo ocupe & abrace a partir da captação das águas das nascentes da praça e na página ao lado croquis de leitura e proposta de intervenções acervo pessoal, 04.14.2016

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croquis da situação atual do lago da praça da nascente

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croquis de proposta para o lago da praça da nascente

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A continuidade da pesquisa me levou a frequentar eventos relacionados ao tema, como a visita à exposição Rios Des.Cobertos no SESC, expedição de reconhecimento do Rio Sapateiro com o coletivo Rios e Ruas, curso de Arborização Urbanana no Ponto de Economia Solidária e Cultura do Buntantã e o curso de Revitalização de Rios, ministrado por Juliana Alencar, doutora pela PoliUSP. Além disso, atividades como os festivais da Praça da Nascente foram vivências muito enriquecedoras.

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O evento Cachoeira Urbana (depois renomeado para Parque Aquático Móvel), organizado por Flavio Barollo do coletivo Se(cura) Humana também foi um marco nesse processo de aprofundamento no tema. A água de nascente que correria pela sarjeta até encontrar uma boca de lobo é coletada por mangueiras, acumulada em bombonas e caixas d’água, bombeada e lançada para o alto, fazendo uma cachoeira em meio à rua, onde as pessoas se reunem para se banhar e brincar sob as águas que caem do céu. É a água e as pessoas transformando o espaço público.

coleta, acúmulo e bombeamento da água para realização da cachoeira urbana acervo pessoal, 27.12.2017

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Mais do que tudo, foi ao realizar o percurso ao longo da canalização do Água Preta, juntamente com Adriano Sampoio, ativista ambiental e caçador de nascentes, que o trabalho tomou forma. A realização a pé desse percurso e conversas com Adriano foram fundamentais para minha compreensão da situação do córrego hoje e da identificação de oportunidades que os espaços por onde ele corre apresentam de se tornarem locais onde soluções de drenagem criam espaços de convivência e socialização. A praça foi, numa metáfora com o curso do próprio rio, onde esse trabalho nasceu; e o curso do rio, onde o trabalho criou volume e ganhou corpo. Desse modo, esse trabalho é na sua primeira parte (A Água), um registro do curso atual da canalização do córrego Água Preta, como um resgate da presença desse rio e da identificação do lugar. Ele é também um registro de algumas das muitas iniciativas e intervenções artísticas de moradores do bairro clamando pela água e por espaços de convívio (A Travessa). Na segunda parte (O Projeto), apresento uma proposta projetual a partir dessa leitura para a Travessa Roque Adóglio por onde o córrego passa canalizado. cachoeira urbana na bica do escadão da rua salto grande x rua dr. paulo vieira, ao lado da praça da nascente acervo pessoal, 27.12.2017

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cachoeira urbana na bica do escadão da rua salto grande x rua dr. paulo vieira, ao lado da praça da nascente acervo pessoal, 27.012.2017

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a água

“... mutreta, mutreta enterraram o Água Preta...”

Bloco do Água Preta marcha de carnaval , 2013


.19 o, aul 05.02 ão p 7, de s o, pág, lha n al fo ader jorn eiro c prim

Acervo Folha - Busca 'CÓRREGO ÁGUA PRETA POMPÉIA'

o ul pa 10, o . ã e s pág 963 a d no, 4.1 h l r e 07.0 fo al o cad n jor eir im pr

jornal folha de são paulo, primeiro caderno, pág,7, 05.02.1960

jornal folha de são paulo, caderno local , pág. 11, 10.05.1975

jor n pri al fo me lh iro a de cad sã ern o pa u 05 o, pá lo .04 g 8 .19 , 60

jornal folha de são paulo, primeiro caderno, pág. 26, 12.06.1961

60

jornal folha de são paulo, primeiro caderno, pag 12, 18.03.1960

jor n pri al fo me lha iro d cad e são ern pa ul o 28. , pág. o, 05. 4 196 , 0


a água e a cidade

Nossa cidade foi fundada com uma ligação muito próxima com as águas. Os rios Tamanduateí e Anhangabáu serviam, nos primeiros tempos da Vila de Piratininga, como circulação fluvial e fonte de água limpa. Com o crescimento da cidade os rios passaram a ser encarados como obstáculos ao seu desenvolvimento.

“Historicamente os rios e córregos das nossas cidades são vistos como incômodos e, por isso, afastados do olhar” BARTALINI, 2006

As várzeas dos rios, até então desocupadas ou pouco e irregularmente ocupadas, foram loteadas a partir de argumentos sanitaristas, hidraúlicos e financeiros. Muitas das áreas de várzea de São Paulo, desvalorizadas e consideradas locais de proliferação de doenças, tiveram seus córregos canalizados e transformaram-se em avenidas. Desse modo, o “espaço das águas transformou-se no espaço dos carros”, como é tão bem explicado no documentário Entre Rios, de direção de Caio Ferraz.

colagem de notícias, reportagens e notas do jornal folha de são paulo sobre a canalização do córrego água preta

É evidente que a relação conflituosa que vivemos hoje entre água e cidade foi resultado de políticas que priorizaram um urbanismo rodoviarista, com o carro ocupando um papel fundamental na modernização da cidade e na formação de sua identidade. Foi dentro desse modelo de urbanização que foi feita canalização e retificação do córrego Água Preta.

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o água preta

O córrego Água Preta localiza-se na zona oeste de São Paulo, correndo pelos distritos Barra Funda e Perdizes, na subprefeitura da Lapa. O córrego é afluente da margem esquerda do Rio Tietê e tem suas nascentes próximas a Av. Heitor Penteado e sua área de contribuição é de cerca de 4km2 (BONZI, 2015). Sua canalização teve início nos anos 60, a partir de licitações da prefeitura, que via no processo de retificação e canalização uma solução para os alagamentos e inundações na região. Alagamentos e inundações decorrentes de um processo de urbanização que ocupou as várzeas dos rios e córregos, impermeabilizou o solo e diminuiu a cobertura vegetal, resultando num aumento do pico de vazão das águas pluviais. Atualmente, o córrego é todo canalizado e sua presença pode ser percebida apenas por morfologias urbanas características como vielas e travessas, além de bocas de lobos e grelhas, que deixam entrever um grande volume de água correndo metros abaixo da superfície e ouvir seu barulho distante. O Água Preta é um dos muitos córregos ocultos da cidade de São Paulo (Bartalini, 2009). É possível observar a evolução da urbanização da região da bacia do Água Preta e sua consequente canalização nas próximas páginas, a partir da comparação dos mapas SARA, VASP e da ortofoto da região.

bacia do córrego água preta

O processo de canalização do Água Preta durou décadas, custou milhões de reais e, ainda assim, não foi suficiente para acabar com os problemas de inundações e alagamentos. Em dezembro de 2016, a prefeitura inaugurou obras de ampliação da capacidade das galerias do córrego, como parte da Operação Urbana Água Branca. Um quilômetro e meio de novas galerias, de mais de três metros e meio de secção, correndo paralalelamente à antiga canalização colaborou com a diminuição dos problemas de drenagem da região. No entanto, ainda acontecem alagamentos próximo ao SESC Pompéia, no cruzamento das Ruas Venâncio Aires e Barão do Bananal, como pode ser verificado no dia 06.04.2017, em visita à região após horas de chuva intensa. A ÁGUA | A ÁGUA E A TRAVESSA

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evolução da urbanização na região da bacia do água preta e retificação e canalização dos cursos d’água mapa sara, 1930 mapa vasp, 1954 ortofoto, 2004 geosampa

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o curso e o percurso

A partir de suas nascentes, localizadas próximas ao metrô vila madalena, até sua foz, no canal do rio Tietê, o córrego da Água Preta perfaz um trajeto de aproximadamente quatro quilômetros (BARTALINI, 2010). Parte desse percurso foi realizado com Adriano Sampaio, ativista ambiental fundador da iniciativa Existe Água em SP, em 04 de dezembro de 2016 como parte das atividades do IX Festival da Praça da Nascente. Durante o percurso foi possível conhecer e observar alguns dos indícios da presença de um córrego oculto e suas nascentes:

- Água correndo permanentemente na sarjeta com formação de musgo (a água da sabesp é tratada com cloro, o que impede esse crescimento);

- Grelhas e bueiros muito próximos e dispostos em linha 40

- Becos, travessas, vielas e escadarias (vestígios morfológicos de uma urbanização sobre córregos)

“As marcas que estes pequenos (nem sempre não tão pequenos) cursos d’água deixaram na paisagem não se limitam estritamente ao seu leito. (...) e podem ser percebidas no traçado de algumas ruas, no parcelamento do solo, na implantação das construções, nos expedientes esdrúxulos que a presença do córrego forçou. “ BARTALINI, 2010 Da foz até a linha de trem da CPTM tem-se um trajeto longo, de difícil acesso para o pedestre e com vestígios morfológicos menos evidentes da presença do córrego. Desse modo, o percurso foi feito a partir do SESC Pompéia

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croqui da da região dabacia do córrego água preta


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em direção à Praça da Nascente, subindo o rio. E é no SESC Pompéia que desvelam-se os primeiros indícios da presença do Água Preta. Dentro da fábrica, o espelho d’água serpenteia como um rio; na parte externa, o deck de madeira com chuveiros é espaço de banho de sol, como se as frequentadores estivessem beira d’água. Sob o deck uma calha trapezoidal marca o curso do Água Preta, a faixa non eadificandi que foi determinante na disposição dos novos volumes propostos por Lina Bo Bardi:

‘Uma galeria subterrânea de águas pluviais (o córrego das Águas Pretas) que ocupa o fundo da área da Fábrica da Pompéia, transformou a quase totalidade do terreno destinado à zona esportiva em área “non aedificandi”. Restaram dois pedaços de terreno livre, um à esquerda, outro à direita, tudo meio complicado.

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Mas, como disse o grande arquiteto norte-americano Frank Lloyd Wright: “As dificuldades são nossos melhores amigos.” Reduzida a dois pedacinhos de terra, pensei na maravilhosa arquitetura dos ‘fortes’ militares brasileiros, perdidos perto do mar, ou escondidos em todo o país, nas cidades, nas florestas, no desterro dos desertos e sertões. Surgiram, assim, os dois ‘blocos’, o das quadras e piscinas e o dos vestiários. No meio, a área “non-edificandi”. E… como juntar os dois ‘blocos’? Só havia uma solução: a solução ‘aérea’, onde os dois ‘blocos’ se abraçam através de passarelas de concreto protendido. BARDI, 198_

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A partir da Rua Barão do Bananal é possível observar a calha sob o deck e, praticamente acima dela uma placa advertindo sobre o risco de alagamentos. Do outro lado da rua, uma viela que se encontra hoje gradeada, indica o curso da canalização. Ao percorrer a Rua Venãncio Aires, percebe-se mais dois elementos indicativos da presença do Água Preta: degraus e comportas nas portas das casas para protegê-las da entrada das águas nas ocasiões de alagamento. Um pouco mais à frente, na praça Ilza Weltman Hutzler, é possível entrever entre grelhas as águas do córrego correndo sob o asfalto. O Água Preta segue cortando alguns quarteirões, por onde restaram faixas não edificadas. Chegando à praça Diogo do Amaral, que possuí grande declive, encontra-se

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um pequeno lago, próximo do cruzamento das ruas Bárbara Heliodora e Guiará. É o Lago das Cabritas, iniciativa do coletivo Hezbolago ao se recuperar uma nascente de um braço do Água Preta. O espaço logo se tornou foco de cuidado de moradores do bairro, que fizeram plantios de algumas espécies próximos ao lago, colocaram móveis de pallet e compraram peixes para habitar as águas do lago. Essas iniciativas demonstram uma forte simbiose entre a presença da água e espaços públicos de permanência, que é o grande interesse desse trabalho. Seguindo o curso da canalização, chega-se à Viela Estevam Garcia. Estreita e longa a viela é o curso de um outro braço do Água Preta. No dia em que foi feito o percurso, moradores faziam um mutirão de limpeza, cultivavam uma horta e haviam convidados grafiteiros para pintar os muros. 43

Andando-se mais alguns metros, chega-se à Travessa Roque Adóglio. Com cerca de seis metros de largura e pouco mais de duzentos metros de comprimento, a travessa é o local mais intrigante do percurso. As intervenções artísticas e iniciativas para torná-la um local de permanência, indicam as oportunidades que aquele espaço oferece como local de afloramento do Água Preta e lugar de encontro e socialização. Depois de conhecê-la não houve mais dúvidas com relação ao objeto de trabalho, decisão essa que só foi ganhando argumentos nas visitas seguintes. Continuando até a Praça da Nascente, o Água Preta percorre a Praça Rio dos Campos, antiga região de brejo (mapa SARA página 42) e a Travessa João Matias, um pouco mais estreita, cuja largura varia de 3 a 4 metros. A partir da travessa, avista-se por entre grelhas na Rua Pedro Lopes, o braço mais volumoso do Água Preta, que percorre a Rua Francisco Bayardo e cruza a Avenida Pompéia.

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placa na rua barão do bananal advertindo sobre o risco de alagamento da área acervo pessoal, 04.12.2016

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águas do córrego água preta escoando sob boca de lobo na mesma rua, praticamente sob a placa acervo pessoal, 04.12.2016

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a calha trapezoidal sob o deck do sesc pompéia marca o curso do córrego água preta acervo pessoal, 04.12.2016


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degraus e comportas nas casas da rua venâncio aires, servem de proteção contra alagamentos acervo pessoal, 04.12.2016

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água correndo constantemente nas sarjetas da rua venâncio aires indicam a presença do córrego acervo pessoal, 04.12.2016

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boca de lobo na praça ilza weltman hutlzer permite ver o água preta correndo abaixo do concreto. na mesma praça um novo lançamento imobiliário demonstra que continuamos construindo sobre nossos rios acervo pessoal, 04.12.2016

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‘Perguntei numa loja de animais quais eram os peixes adequados pro lago e comprei alguns para colocar aqui, hoje o lago está cheio deles’ Fernando Borges,

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morador do bairro em conversa no dia 04.12.2016

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lago das cabritas: nascente recuperada por iniciativa do coletivo hezbolago na praça diogo amaral, rua bárbara heliodora x rua guiará acervo pessoal, 04.12.2016

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viela estevam garcia acervo pessoal, 04.12.2016

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travessa joĂŁo matias acervo pessoal, 01.04.2017


beco próximo à rua dr. carlos rené egg, vestígios da presença do córrrego água preta acervo pessoal, 04.12.2016


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vista da travessa roque adóglio a partir da rua prof. ciridião buarque giovanna fluminhan, 01.04.2017

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a travessa “Tem muita água aqui em SP É a Sabesp que não sabe o que fazer Tem muita água aqui em SP É a Sabesp que não sabe captar O Água Preta vai cantar Pr´essa água aparecer”

Bloco do Água Preta marcha de carnaval , 2015


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vista da travessa roque adóglio a partir da rua dr. miranda de azevedo a mancha de tinta é uma sutil indicação da presença do rio canalizado acervo pessoal, 04.12.2016

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intervenções

A Travessa Roque Adóglio corta o quarteirão, unindo as Ruas Prof. Ciridião Buarque e Dr. Miranda de Azevedo. Ao longo de toda a travessa encontramse intervenções que sugerem a presença do rio. Há indicações sutis, como a mancha de tinta azul que perfaz parte do caminho; e também indícios explícitos: como o poço de blocos de concreto em torno de uma boca de lobo destampada e o vaso sanitário com lambes:“rio não é esgoto”. Bancos improvisados com materiais de construção espalham-se pela travessa, criando áreas de permanência. Entre elas destaca-se a gelateca, onde vigas apoiadas em vasos de plantas criam área de descanso e leitura em frente geladeiras usadas como estantes de livros. Também chama a atenção a cineviela, um pequeno palco feito de blocos de concreto para apresentações de música, dança e projeções. Próxima a ela uma porta dá acesso ao lote da casa do artísta plástico André Arem, que durante as noites de quarta a sábado funciona como um pequeno bar. Todas essas intervenções são em sua essência o que Harvey chama do exercício do poder coletivo e direito humano de criar a cidade em que se vive:

‘The right to the city is, therefore, far more than a right of individual access to the resources that the city embodies: it is a right to change ourselves by changing the city more after our heart’s desire. It is, moreover, a collective rather than an individual right since changing the city inevitably depends upon the exercise of a collective power over the processes of urbanization. The freedom to make and remake ourselves and our cities is, I want to argue, one of the most precious yet most neglected of our human rights’ HARVEY, 2003

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intervenções artísticas na travessa roque adóglio e suas localizaçoes acervo pessoal

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croqui da planta da travessa roque adóglio e intervenções

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“AtravessA é um lugar que por sua potência como espaço uniu/reuniu/ juntou um grupo de pessoas (e hoje já amigos) interessadas em tornala em local ainda mais abrangente. Aqui nada é simples de generalizar – assim como não o é uma cidade. Travessa: rua estreita, secundária e transversal a duas outras mais importantes – não caberia em AtravessA, já que não é estreita e nem secundária. Também não é só uma Viela: rua pequena, ou beco – nada ali é pequeno, e ao contrário de um beco existem ali muitas saídas (criativas). Uma geladeira não é entulho abandonado, em AtravessA é uma Gelateca = Geladeira + Biblioteca. Suas paredes chapiscadas e cinzas hoje são carregadas de letras, desenhos, riscos, marcas e memórias. O chão convida à amarelinha. Os bancos foram trazidos, convidando aos que passam que fiquem um pouquinho, as plantas tentam um dia crescer tanto a ponto de trazer a sombra agradável, o vergalhão é escultura, é árvore, é arte, ou estrutura. AtravessA é um lugar, mas é também um desejo individual e coletivo de ser muitos lugares diferentes, cabe o que nós desejamos e o que vocês também desejam. Para isto esta página é um convite, para que possamos atravessar mais este lugar, ficar um pouco, trazer novos olhares, novos agentes, personagens, sujeitos, e assim emprestar a vida para que este lugar permaneça sendo” Descrição do grupo AtravessA, responsável pelas intervenções na Travessa Roque Adóglio. em sua página no facebook

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travessa roque adรณglio acervo pessoal, 04.12.2016

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poço blocos de concreto cimentados em torno de uma boca de lobo destampada provocam a olhar o que existe embaixo dos nossos pés e a descobrir o rio acervo pessoal, 04.12.2016

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gelateca geladeira usada como estante de livros e bancos criando รกrea de descanso e leitura na travessa acervo pessoal, 04.12.2016

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lambe no muro da travessa gilberto tomé, projeto livrocidade giovanna fluminhan, 01.04.2017

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lambes autoria do artísta gráfico gilberto tomé de fotos antigas do água preta (projeto livrocidade) trazem a memória de um tempo anterior à canalização site do autor

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lambe próximo à rua prof. ciridião buarque denuncia a presença do água preta acervo pessoal, 08.06.2017

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poço um convite à descoberta visual da água sob o concreto e uma indicação de uma outra possível relação com essa água. acervo pessoal, 04.12.2016

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o PROJETO “se essa rua fosse minha eu mandava escavar liberava esse rio para o meu amor nadar.”

Bloco do Água Preta marcha de carnaval , 2013


primeiros ensaios

De todo curso do canal do Água Preta, o trecho da Travessa Roque Adóglio se destaca. Repleto de intervenções artísticas que revelam a presença da água e clamam pela sua volta, o local está se tornando um dos espaços públicos mais vibrantes do bairro, com shows e saraus durante as noites da semana e no fim de semana. Considerando que um dos pontos de partida desse trabalho era estudar espaços na cidade voltados para o tempo livre, a travessa se encaixa perfeitamente como objeto de trabalho. Nela está presente o conflito entre o natural e o construído e o desejo de um espaço de convívio.

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Além disso, a Travessa Roque Adóglio é mais larga do que as outras por onde correm a canalização do córrego Água Preta, como a Travessa João Matias e a Viela Estevam Garcia. Assim, ela é um dos poucos trechos de todo o curso do Água Preta em que a intervenção para aflorar o córrego seria menos drástica urbanísticamente. Desse modo, determinou-se que o recorte espacial da intervenção seria a Travessa Roque Adóglio. Uma vez decidido o recorte, apresentou-se a questão de como explorar esse espaço, não apenas a fim de atingir os objetivos os quais tinha me proposto no início do trabalho, mas também para ser sensível à vocação do próprio espaço e aos desejos das pessoas que já o estavam ocupando. A decisão projetual de aflorar parte do volume das àguas do córrego Água Preta na extensão da travessa é suportada não apenas pela demanda da população, expressa pelas intervenções artíisticas e ocupações ao longo da travessa, como também pelo estudo de mestrado de Ramón Bonzi, que apresenta um plano de diretrizes para a aplicação de infraestruturas

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mapa da microbacia do รกgua preta identificando as diretrizes de infraestuturas verdes a serem adotadas BONZI, 2015, pรกg 142

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verdes para a microbacia do córrego Água Preta (BONZI, 2015). O trabalho identifica a tanto a Travessa Roque Adóglio quanto a Travessa João Matias, como locais propício para a reabilitação do córrego. Começou-se, então, a ensaiar possibilidades para aflorar o rio, devolvendo a ele fragmentos de flora e fauna e também aproximando-o do convívio das pessoas.

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croquis de estudos

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croquis para a travessa roque adรณglio

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croqui: corte

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croqui: planta

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Uma primeira idéia foi a de trazer todo o volume de suas águas para a superfície, em um canal aberto pela travessa. Para que a travessa ainda fosse uma passagem de pedestres entre a Rua Prof. Ciridião Buarque à Rua Dr. Miranda de Azevedo, pensou-se numa passarela unindo as ruas, o que permitiria contato visual com o corpo d’água e também comportaria pequenos espaços de permanência com mobiliários urbanos.

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Analisando essa possíbilidade mais a fundo percebeuse que ela gerava alguns problemas. Em primeiro lugar, para que o leito comportasse eventos de chuva de 100 anos e não transbordasse, ele teria que ter uma profundidade exagerada já que não se considerou fazer desapropriações. Isso diminuiria a possibilidade de aproximação das pessoas com o rio, o que entra em confronto com o partido do projeto. Optou-se então por uma alternativa que não buscava a não a de uma renaturalização do rio, ou seja, assumiu-se que frente a densa urbanização da área uma tentativa de volta a um estado mais natural do rio envolveria um projeto de proporções dramáticas, com muitas desapropriações para dar espaço para o seu leito e margens. Sendo assim, a proposta de uma revitalização, mantendo parte do volume das águas ainda canalizadas e aflorando outra parte na travessa, é mais adequada ao propósito a que se dispôs o trabalho.

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croquis de ensaios projetuais para a travessa


o afloramento

Dentro dessa chave projetual, começcou-se a pensar em como viabilizar o afloramento dessas águas. A primeira ideia era fazer parte das águas da própria canalização que passa sob a travessa aflorarem. Para que isso fosse possível sem o uso de bombas, pensou-se em bifurcar a canalização numa cota mais elevada e separar o volume das águas em duas canalizações: a maior parte correria pela canalização existente e a outra passaria a correr por uma nova canalização, de menor diâmetro e com uma declividade menor do que a canalização pré-existente. Essa declividade mais suave ainda seria suficiente para a água escoar por gravidade. No entanto seria menor que a declividade natural do terreno, fazendo com que, após percorrida a distância necessária para superar a diferença entre as cotas, a água encontrasse a superfície e aflorasse na travessa roque adóglio. 87

croqui para afloramento de parte das águas da canalização do córrego

Devido à profundidade que a canalização se encontra, variando de 4 a 7 metros próximo a travessa (pelo que se pode ver pelas grades e bocas de lobo) e ao pouco declive natural que existe nessa região, conclui-se que a essa seria uma intervenção de grande escala, uma vez que seriam necessários muitos metros de nova canalização para vencer a profundidade.

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Além disso, deve-se considerar a quebra de asfalto e calçamento, a escavação e a nova tubulação, tanto antes quanto depois do afloramento, até que as canalizações estivessem na mesma cota e pudessem confluir, fazendo com que as águas voltassem a correr juntas novamente pela canalização existente.

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Uma outra dificuldade identificada nessa proposta de afloramento, era a qualidade da água a ser colocada em contato direto com seres humanos e animais. Certamente seriam necessários tratamentos fisico-químicos e biológicos para que ela não oferecesse riscos a saúde quando na superfície. Frente a essas dificuldades iniciou-se uma investigação de outras alternativas que pudesse trazer o rio para o convívio humano. Uma hipótese foi a de acumular águas de nascentes próximas e conduzí-las ao longo do curso da travessa. De maneira similar ao que foi feito na Praça da Nascente para a criação do lago. Foi-se então em busca dessas possíveis nascentes. Nessa área, não foi encontrado registro de mapeamento de nascents pelo IGC. Consultou-se

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croqui para afloramento de parte das águas da canalização do córrego


também o Coletivo Ocupe & Abrace, Adriano Sampaio, do Existe Água em SP e a Flavio Barollo, do Se(cura) Humana (que fez e ainda faz diversas intervenções relacionadas a àgua no meio urbano, inclusive na Travessa Roque Adóglio). Além disso, fez-se visitas de campo pelo bairro buscando indícios da presença de nascentes. Tanto as pessoas com quem entrei em contato, quanto as buscas feitas no entorno da travessa revelaram o mesmo resultado, que não há nascentes mais próximas e numa cota mais elevada que poderiam ser usadas para esse propósito. No entanto, foi durante uma dessas idas a campo, que surgiu uma terceira alternativa para o afloramento do córrego, a de usar a água de lençol freático, que é bombeada por prédios para evitar que seus pavimentos subsolos alaguem. Num lote lindeiro à travessa João Matias, há um edifício residencial azul e branco de vinte andares e dois subsolos, chamado “Spazio di Vivere”, que bombeia constantemente água do lencol freático. Aproximadamente a cada dez minutos é possível ouvir, e abaixando-se no meio-fio até mesmo ver, um grande volume de água sendo despejado diretamente pela boca de lobo. Antes do prédio ser obrigado pela prefeitura a despejar as águas na boca

croqui de bombeamento das águas de lençol freático feito por edifícios

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de lobo, elas eram lançadas diretamente na sarjeta. Moradores da região faziam filas para lavarem seus carros com as águas limpas que eram lançadas periódicamente durante o dia.

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Conversando diretamente com o zelador do prédio “Spazio di Vivere”, Odair, obteve-se informaçôes sobre como o sistema de bombeamento funciona. Para captar a água do lençol foram feitos drenos que conduzem a água até um reservatório de um metro de diâmetro por cinco de profundidade. Esse reservatório possui um conjunto de três bombas, acionadas por boias independentes localizadas em três diferentes níveis. Quando a água acumulada atinge o nível da primeira boia, a primeira das bombas é acionada e começa a bombear a água para a tubulação que leva à boca de lobo. Caso a vazão de água bombeada seja menor do que a que está sendo coletada pelos drenos, o volume de água continua a subir e atinge a segunda boia, acionando mais uma bomba, que passa a atuar concomitantemente com a primeira para drenar a água. O mesmo ocorre caso as duas bombas não sejam suficientes para dar vazão a água acumulada no reservatório, acionando então a terceira bomba. O rebaixamento do lençol freático, através do bombeamento da água a fim de evitar alagamentos de pavimentos localizados no subsolo é extremamente comum na cidade de São Paulo. É inclusive esse o conflito existente na Praça da Nascente com a construção do edifício da incorporadora EXTO. Desse modo, a proposta de projeto lida com um dos problemas iniciais da pesquisa: a do rebaixamento do lençol freático.

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travessa joão matias com edifício “spazio di vivere” ao fundo. acervo pessoal, 04.12.2016

stêncil sobre boca de lobo na rua estevão barbosa, onde a tubulação do edifício despeja águas do lençol freático acervo pessoal, 08.06.2017

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A proposta é uma alternativa ao despejo direto das águas limpas do lençol freático em galerias pluviais subterrâneas. Para não aforar a água com a pressão com que ela é bombead do subsolo ela seria acumulada num reservatório e então aflorada de modo a correr mais suave e constantemente através, primeiramente dos cerca de 100m do último trecho travessa joão matias. Chegando na Rua Pedro Lopes a água correria canalizada cruzando algumas vias, até atingir a Travessa Roque Adóglio e aflorar novamente. É nesse trecho de afloramento que o projeto se concentra.

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tr

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jo

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RUA ESTEVÃO BARBOSA

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esquema do bombeamento da água do lençol freático pelo edifício “spazio di vivere” e seu aproveitamento para aflorar as águas na travessa


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2 1

croqui e imagem aérea do google earth com localização das travessas roque adóglio e joão matias e destaque para o prédio cujo bombeamento de água será usado para o alforamento

1 TRAVESSA ROQUE ADÓGLIO

3 PRAÇA RIO DOS CAMPOS

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2 RUA CIRIDIÃO BUARQUE

4 TRAVESSA JOÃO MATIAS

6 EDIFÍCIO ‘SPAZIO DI VIVERE’

RUA ESTEVÃO BARBOSA

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conceitos do projeto O projeto foi desenvolvido a partir de dois conceitos: as faixas longitudinais e as faixas programáticas, que em conjunto criam espaços de permanência associados a uma aproximação das pessoas com a água e a soluções de drenagem na travessa.

EXISTÊNCIAS

as faixas longitudinais o percurso da travessa é separado em 3 faixas: água, passagem e vegetação

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A ÁGUA E A TRAVESSA | O PROJETO


as faixas programáticas acomodam os programas já existentes na travessa e criam novos espaços de permanência e possiblidades de aproximação com água

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ocorrem pontualmente oferecendo programas diferentes

o plano da faixa se dobra para formar os volumes do mobiliário urbano O PROJETO | A ÁGUA E A TRAVESSA


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A ÁGUA E A TRAVESSA | O PROJETO


AS faixas longitudinais

Praticamente da travessa possui as três faixas longitudinais. Nos últimos 40m a água se espraia criando um alagado construído, por cima do qual uma passarela dá continuidade ao caminho de pedestre.

água A água aflorada corre por um canal ao travessa cuja largura varia de 70 cm a 6m de largura da travessa, de acordo com programáticas propostas e espraiando-se para formar o alagado construído.

longo da quase os as faixas no final

passagem A passagem é feita de piso drenante a não ser nas travessias para lotes e na passarela sobre o alagado.

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vegetação

esquema da travessa com desenho das faixas longitudinais organizadas no trecho tipo e alagado construído

A faixa de vegetação responde à várias funções: ela compõe a ambientação paisagística, proporciona espaços mais agradáveis e exerce funções de drenagem. A faixa de vegetação é composta por biovaletas com 1,20m de largura, que recebem a água de escoamento pluvial,e fazem seu tratamento, através da filtração do solo e raízes as plantas. A água é então conduzida ao alagado construído dos últimos metros da travessa, onde deságua e cria um novo habitat. A faixa de vegetação a também responde à demanda da população, que ocupou a travessa com vasos e plantou pequenas árvores.

croquis dos primeiros estudos dos conceitos

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trecho tipo

Fazendo-se uma brincadeira com ‘pavimento tipo’ o trecho tipo ilustra a estrutura espacial base da proposta da travessa: as faixas da água, da passagem e da vegetação.

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A faixa mantem-s a Uma inclinação de 2% do piso em direção à biovaleta garante que a água da chuva que não infiltra pelo piso permeável, escoa para a biovaleta. Na biovaleta, que na verdae nada mais é do que croquis de planta e corte para o trecho tipo da travessa: canal, passagem e biovaleta

materiais

materiai usados no projeto da travessa piso permeável

A ÁGUA E A TRAVESSA | O PROJETO

madeira de reflorestamento 5cm x 2cm

perfil de alumínio 5cm x 4 cm


VEGETAÇÃO biovaleta permeabilidade atração de fauna

trecho tipo

PASSAGEM manuntenção do caminho de pedestre cortando a quadra

ÁGUA alforamento do córrego no canal que percorre toda a travessa

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TRAVESSIAS possibilidade de acesso direto dos lotes com a travessa, maior dinamismo

PISO PERMEÁVEL infiltração de parta das águas pluviais

O PROJETO | A ÁGUA E A TRAVESSA


alagado construído

Nos últimos 40 metros da travessa as águas do canal se espraiam ocupando praticamente todo o espaço delimitado pelos muros do lotes. Forma-se um alagado construído que recebe tanto as àguas do canal quanto da biovaleta.

100

O alagado funciona como uma infraestrutura verde de detenção de grandes volumes de água além do seu volume permanente. Desse modo, retarda-se o escoamento das águas pluviais para as galerias, diminuindo o pico de vazão durante eventos de chuva e, portanto, as possibilidades de enchentes e inunsações.

Oryza sativa

Scirpus lacustris

Isoetes lacustris

Zizaniopsis spp

Egéria sp

Elodea canadensis

Lobelia dortmanna

Phragmites australis

Typha latifolia

Eleocharis spp

Juncus spp

Eichornia crassipes

A manutenção de um volume permanente de água no alagado cria condições necessárias para o estabelecimento de um novo habitat, atraindo pássaros e insetos. Vertedores garatem o extravasamento da água para a galeria subterrânea quando atingido a capacidade máxima do alagado. Assim, estruturas verdes e cinzas se aliam pra A passagem de pedestre continua existindo na forma de uma passarela de 1,8m de largura, quase como um pier que avança em direnção à água. O espraiamento das águas nesse trecho faz uma analogia à foz de um curso d’água

A ÁGUA E A TRAVESSA | O PROJETO


VEGETAÇÃO plantas com funções de tratamento das águas e de ambientação paisagística

alagado construído

PASSARELA manuntenção do caminho de pedestre que corta a quadra

ALAGADO analogia à foz do rio recebimento das águas do canal e da biovaleta detenção de grandes volumes de água criação de habitat

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possibilidades de especificação de vegetação para o alagado construído (ALENCAR, 2017)

vertedor controle do nível da água em caso de cheias associação de infraestrutura cinza

O PROJETO | A ÁGUA E A TRAVESSA


legenda

planta geral 1

canal

4

piquenique

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cineviela

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banco

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travessia

5

sala

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gelateca

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passarela

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biovaleta

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apoio e ponte

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porta dos lotes

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alagado construído

r ua

l danie

cardo

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102 6

r ua prof.

1

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cirid ião buar que A ÁGUA E A TRAVESSA | O PROJETO

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O PROJETO0| A ÁGUA A TRAVESSA 5 E 10

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GELATECA BANCO

CINEVIELA

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SALA

APOIO & PONTE piquenique A ÁGUA E A TRAVESSA | O PROJETO


as faixas programáticas

As intervenções artísticas existentes na travessa foram encaradas como demandas das pessoas por determinados programas. Assim, decidiu-se por atender nas faixas programáticas essas atividades e situações criadas pelas intervenções. São locais de encontro e convívio, de atividades culturais e artísticas abarcadas pelo mobiliário urbano formado pelas ‘dobras’ do plano material da faixa programática, que envolve os planos vertical e horizontal da travessa. As faixas possuem larguras variando de 1,5 a 4m e ciram um espaço delimitado por outra materialidade, a da madeira de reflorestamento, cujas ripas são dispostas em nível com o piso permeável, a fim de garantir a acesibilidade. Quando necessária a estruturação das faixas se faz com perfis de alumínio com acabamento preto de seção retangular de 5 cm x 4m. 105

Além do programa adotado nas faixas a partir das intervenções, cada uma delas promove um tipo diferente de aproximação com a água, seja como lavapés, escadaria, ponte ou banco suspenso.

localização das faixas programáticas

Os espaços existentes que serviram de inspiração às faixas programáticas e as respectivas propostas de cada uma delas, segue nas próximas páginas.

primeiros croquis

O PROJETO | A ÁGUA E A TRAVESSA


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primeiro estudo para a faixa programรกtica da gelateca

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primeiro estudo para a faixa programรกtica da cineviela

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piquenique

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apoio travessa roque adรณglio giovanna flumingham, 01.04.2017

O PROJETO | A ร GUA E A TRAVESSA


Carretéis e bancos improvisados criam área de estar em frente ao bar e atelier Viela. 110

CORTE

Propõe-se uma faixa programática com um mobiliário que acomode o mesmo tipo de uso. Três faixas de madeira dobramse em alturas diferentes para criar a mesa e os bancos que a ladeiam. Um dergau alto e submerso por alguns centímetros de água convida a um lava-pés.

PLANTA

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piquenique MESA E BANCOS três planos se dobram em alturas diferentes para criar uma mesa ladeada por bancos

DECK plano abaixo do nível da água convida a um lava-pés

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sala

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bar, cine viela e gelateca travessa roque adรณglio, Giovanna Fluminhan, 01.04.2017

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Um tecido esticado entre os dois muros da travessa faz uma meia sombra para o ambiente com mesas e bancos Propõe-se manter o ambiente de estar com cobertura.

CORTE

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Dois bancos encostam-se nos muros da travessa e são sombreados por uma pergola com a mesma materialidade da faixa, mas com maior espaçamento entre as ripas de modo a criar uma meia sombra no espaço. Trepadeiras plantadas em canteiros nos cantos do banco estrelaçam-se entre as ripas integrando vegetação à faixa programática.

PLANTA

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ESTRUTURA metálica presente em todas as faixas programáticas é visível aqui

sala

PÉRGOLA sombreamento e suporte para trepadeira

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BANCOS frente a frente criando sala de estar

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apoio & ponte

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apoio travessa roque adรณglio acervo pessoal, 08.06.2017

O PROJETO | A ร GUA E A TRAVESSA


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Uma prateleira fixada com mão francesa no muro da travessa funciona como uma apoio. Instalada ao lado do bar e atelier Viela, a prateleira serve como local para deixar copos e bolsas tornandose ponto onde as pessoas se agrupam para conversar.

CORTE

Propõe-se atender a mesma função de um dos lados e no outro um prolongamento da faixa programática debruçase sobre o canal, criando um plano sobre a água. Quase como uma pequena ponte, é espaço que oferece uma nova aproximação com a água e cria uma linha direta entre o bar e o apoio. PLANTA

0

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APOIO plano criado a 1,10m de altura serve como apoio de copos e bolsas para pessoas em pé

apoio & ponte

PONTE prolongamento da faixa programática sobre o canal cria novo tipo de interação com a água, oferece local para sentar e serve de ponte entre o lote onde se localiza o atelier e bar viella

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BIOVALETA captação, tratamento, infiltração e condução da água pluvial

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cineviela

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cine viela travessa roque adรณglio, giovanna fluminhan, 01.04.2017

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Duas fiadas de blocos de concreto criam um volume elevado que funciona como palco. Atrás dele uma trla branca pode receber projeções de vídeo.

CORTE

Propõe-se manter a vocação artística do espaço fazendo com que o plano da faixa programática se dobre para criar os volumes do palco e de uma arquibancada. Os dois degraus da arquibancada elevam-se sobre o canal para acomodar os espectadores. Desse modo, a distância entre os dois volumes permite uma boa área para passagem.

PLANTA

0

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1

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TELA plano branco para projeção de vídeos

cineviela

PALCO espaço para apresentações artísticas

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ARQUIBANCADA dois grandes degraus acomodam os espectadores

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gelateca

gelateca acervo pessoal, 04.12.2016


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Duas geladeiras guardam livros em frente a bancos feitos de vigas pré-moldadas apoiadas sobre vasos de plantas. Cria-se um ambiente de estar e leitura, a gelateca.

CORTE

Propõe-se três diferentes ambientes para o sentar e ler: um banco com encosto e cobertura; um banco sem encosto; e um banco reclinado suspenso sobre as águas do canal. Uma árvore plantada no banco central promove meiasombra, oferecendo opções de conforto adaptativo. PLANTA

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gelateca GELADEIRA estante com livros para troca e doações

BANCO E ÁRVORE assentos à meia sombra

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ESPREGUIÇADEIRA banco reclinado e suspenso sobre o canal

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banco

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banco acervo pessoal, 08.06.2017

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Bancos improvisados com blocos de concreto como pés e portas como assentos se espalham pela travessa. 130

CORTE

Propõe-se para essa faixa programática uma área de descanso com duas opções para o sentar: Um banco encostado na parede e uma pequena escada que desce até a água do canal, convidando ao contado com a mesma. Entre essas duas áreas uma árvore fornece sombra e adquire caráter de um elemento contemplativo

PLANTA PLANTA

0

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ÁRVORE sombreamento elemento contemplativo atração de fauna

banco

DEGRAUS adaptação a diferentes volumes de água no canal e local para sentar

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CANAL

BIOVALETA

redirecionamento da água bombeada do lençol freático

captação, tratamento, infiltração e condução da água pluvial

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travessa roque adรณglio acervo pessoal, 08.06.2017

A ร GUA E A TRAVESSA | O PROJETO


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fotocolagem da travessa ilustrando a proposta de projeto para a faixa programรกtica do banco

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piquinique

APOIO & PONTE

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TRECHO TIPO

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SALA


GELATECA

alagado construído

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BANCO

CINEVIELA

0

5

10

25

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CONSIDERAÇõES FINAIS “É água que chega de todo canto É um canto que espalha por todo lado E o Água Preta acorda”

Bloco do Água Preta marcha de carnaval , 2014


Este trabalho é, antes de mais nada, o processo da busca pelos meus ideais como arquiteta e urbanista: a crença de que o espaço público tem potencial para ser um lugar mais estimulante do que ameaçador e, portanto, pode ser construído de modo a abarcar as diferenças (de pessoas, de programas, de atividades, de objetivos,...) e assim, ser palco de encontros e convivências. Projetar espaços para o tempo livre, como as faixas programáticas da travessa, é acreditar na riqueza desses encontros, não apenas com seus ganhos individuais, mas (e principalmente), nos ganhos coletivos que eles proporcionam, fomentando uma sociedade de fato.

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Um projeto de espaço que, para além da socialização, leva em conta o estabelecimento de uma relação simbiótica com o meio natural, projeta acreditando no longo prazo, projeta acreditando no futuro. Assim, o trabalho parte do reconhecimento de que em São Paulo existem grandes conflitos tanto no aspecto do público quanto no do ambiental e, portanto, muitas oportunidades de criar espaços que respondam melhor a essas questões. Se por um lado, estamos longe de um ideal, por outro é ao imaginá-lo que se começa a caminhar em sua direção. O primeiro passo é imaginar.

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acervo pessoal, 08.06.2017

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rEFErÊNCIAS Projetuais


praça das corujas Elza Niero Paisagismo e Paulo Pellegrino, 2008 São Paulo, Brasil

A água da chuva será escoada por biovaletas - nas quais será filtrada e limpa, por meio de raízes de plantas e pedras. Minilagos de pequena profundidade serão construídos para reter e retardar a velocidade da água, evitando possíveis alagamentos. A água limpa vai para o Córrego das Corujas, 142

A praça de 48 mil m2 com um sistema especial águas pluviais por biovaletas, que tratam a água antesdela desembocar no Rio Pinheiros. Minilagos de pequena profundidade retém e retardam a velocidade da água, evitando alagamentos. A praça possui passeio de caminhada com piso intervalado, um campo de futebol, playground com brinquedos feitos de madeira certificada, escadarias e um deck com visão para os jardins.

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Requalificação urbana de Banyoles MiAS Arquitectes, 2009 Girona, Espanha

A cidade de Banyoles cresceu em torno de uma rede de canais, construídos inicialmente para secar um pântano que ali existia e que depois, serviu para abastecer a indústria têxtil que chegou na região. Ao longo dos anos, seu centro histórico foi negligenciado e se tornou um espaço onde predominavam os carros. 143

O objetivo do projeto urbano foi de retomar a ideia do centro como um espaço para pedestres. Para tanto, o asfalto das ruas foi substituído por mármore Travertino, a circulação de veículos foi proibida e os canais, elementos estruturantes do traçado urbano original, tiveram trechos descobertos e alargamentos, a fim de criar poças e espaços lúdicos.

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PLAGE spmb, julho 2011 quebéc Canadá

Plage é o projeto de um jardim concebido para o Festival Ephemeral Gardens. O principal conceito aplicado no espaço é o diálogo entre as paisagens de praia e pradaria encontradas na cidade de Quebec.

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Muito além de um jardim típico, o espaço promove experiências multissensoriais – através de diferentes pisos, superfícies inclinadas, iluminação, sons – que remetem ao contexto festivo do Norte da cidade e a bela paisagem do Sul.

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LOOPED IN IS Architects, 2013 Filadélfia, EUA

Vencedor de um concurso para bancos temporários e compartilhados, este projeto brinca com a linguagem normativa dos bancos de parques urbanos, transformando-a em algo inesperado.

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As coberturas em arco proporcionam sombras e incentivam diferentes níveis de interação entre as pessoas que estejam sentadas em lados opostos de cada arco. A instalação ocupa locais de destaque no pátio adjacente à estação ferroviária central da cidade de Filadelfia (EUA), assim como nos parques Clark e Drexel.

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rEFErÊNCIAS


. HARVEY, David. The right to the City. New Left Review, New Left Review II, 2008. GEHL, Jan. Cidades para pessoas. Perspectiva, São Paulo; 1ª edição, 2013 original title: Cities for people translator: Anita di Marco. edition: hardcover 280 p ROGERS, Richard. Cidades para um pequeno planeta. Editorial, Gustavo Gili, SL, Barcelona, 2001, ed 1. original title: Cities fora a small planet. translator: Anita Regina Di Marco SENNETT, Richard. The Conscience of the Eye: The Design and Social Life of Cities, New York e London, W. W. Norton & Company, Revised ed. 1990

ARTIGOS BARTALINI, Vladimir. Os córregos ocultos e a rede de espaços públicos urbanos. Pós – revista do programa de pós-graduação em arquitetura e urbanismo da FAU-USP, n. 16, 2004, p. 82-96, e revisado em 2009 BARTALINI, Vladimir. Córregos Ocultos em São Paulo, simpósio ENAPARQ, 2010. 148

CABRAL, A. S. C.. Os córregos ocultos e seus resquícios nos espaços livres urbanos Os afluentes do córrego Mandaqui. Arquitextos (São Paulo), v. 177.03, p. 01-12, 2015.

Teses acadêmicas ALENCAR, Julinana C. Potencial de corpos d’água em bacias hidrográficas urbanizadas para renaturalização, revitalização e recuperação. Um estudo da bacia do Jaguaré. Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 2017. BONZI, Rámon Stock. Andar sobre Água Preta: a aplicação da infraestrutura verde em áreas densamente urbanizadas / Ramón Stock Bonzi. --São Paulo, 2015. 159 p. : il. FEDERIZZI, Carla Link. Design para inovação social: a cidade feita pelas pessoas / Carla Link Federizzi. - 2014. 128 f. : il. color; 30cm IKEDA, Eloisa Balieiro. São Paulo – Paris, metrópoles fluviais. Ensaio de projeto de arquitetura das orlas do canal Pinheiros inferior, córrego Jaguaré e córrego Água

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Podre / Eloisa Balieiro Ikeda. -- São Paulo, 2016. 316 p. : il. MELO, Berta de Oliveira. Águas errantes - uma narrativa sobre o rio Tamanduateí, a cidade e a arte. São Paulo, 2016. 140p: il

tfgs CABRAL, A. S. C.. À Beira do Urbano - o espaço das águas no norte de São Paulo. 2015. Christovam, Mariane Takahashi, Infraestrutura de drenagem e áreas verdes na bacia do Córrego Ponte Alta , 2013

vídeos Entre Rios, direção por Caio Ferraz, Senac, 2009 Disponível em: http://www.volumevivo.com.br/canal/ Acesso em: agosto de 2016 149

Guias e manuais Fay Jones School of Architecture University of Arkansas Press a Collaboration Fayatteville, UACDC, Fayetteville, Arkansas Low Impact Development: A Design Manual for Urban Areas, 2010 Disponível em: h t t p : // w w w . b w d h 2 o . o r g / w p - c o n t e n t /u p l o a d s / 2 0 1 2 / 0 3 / L o w _ I m p a c t _ Development_Manual-2010.pdf São Paulo. Secretaria de Estado de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento. Departamento de Águas e Energia Elétrica. Guia prático para projetos de pequenas obras hidráulicas. /// São Paulo, DAEE, 2005. 116 p. / // il. Disponível em: http://www.pliniotomaz.com.br/downloads/guiapratico_daee_2005.pdf

REFERÊNCIAS | A ÁGUA E A TRAVESSA


São Paulo, Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente Prefeitura de São Paulo. Manual Técnico de Arborização Urbana, 2ª edição, 2005. Disponível em: prefeitura.sp.gov.br/arborizacaourbana Prefeitura de São Paulo, Fundação Centro Tecnológico de hidráulica. Diretrizes Básicas para Projetos de Drenagem Urbana no Município de São Paulo. : Reedição eletrônica realizada em Abril/1999. Disponível em: http://www.fau.usp.br/docentes/deptecnologia/r_ toledo/3textos/07drenag/dren-sp.pdf

endereços da internet Portal Geosampa - Georreferenciamento de Informações, Prefeitura de São Paulo Disponível em: http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br Acesso em: abril, 2017 Mapas Coletivos Disponível em: http://www.mapascoletivos.com.br 150

Acervo Folha http://acervo.folha.uol.com.br/ Coletivo Ocupe & Abrace http://www.ocupeeabrace.com.br/ https://www.pracadanascente.minhasampa.org.br/ AtravessA https://www.facebook.com/pg/atravessa1/about/?ref=page_internal Gilberto Tomé https://gilbertotome.art.br/livrocidade-agua-preta/ Acesso em: maio, 2017 Se(cura) Humana http://securahumana.tumblr.com/ Acesso em: março, 2017

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Hezbolago https://hezbolago.wordpress.com/ http://www.archdaily.com.br/br/800460hezbolago-uma-nova-cartografia-fluvialde-sao-paulo Acesso em: março, 2017 Praça das Corujas http://pracadascorujas.blogspot.com.br/ http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/regionais/pinheiros/ noticias/?p=7405 Antonico http://www.mmbb.com.br/projects/view/68 Bayoles http://www.miasarquitectes.com/portfolio/banyoles-old-town/ http://www.plataformaarquitectura.cl/cl/02-92740/ remodelacion-del-casco-antiguo-de-banyoles-mias-architecte Plage http://www.spmb.ca/PLAGE usjt - arq.urb - número 2/ segundo semestre de 2009 http://www.usjt.br/arq.urb/numero_02/artigo_eduardo.pdf Looped in http://www.is-architects.com/looped-in/awg9cu3fg2hrevy385zeo2qreyzvm9

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trabalho final de graduação faculdade de arquitetura e urbanismo da universidade de são paulo orientação // marta viera bogéa apresentação //04 de julho 2017 banca examinadora marta viera bogéa paulo renato mesquita pellegrino lizete maria rubano

fontes: aleo e lato


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