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38. PEQUENO ANJO “Luccius foi à taverna comprar hidromel, junto de Armed. — Ficaram sabendo? — Três homens conversavam atrás deles na mesa. — Estão dizendo que um feiticeiro declarou guerra contra Éadron — disse empolgado pela fofoca. — Quem te disse isso? – Luccius perguntou com autoridade. — Hey, calma aí, camarada... Foram os boatos que chegaram à cidade. Parece que o ministro recebeu uma mensagem. — Impossível. Que feiticeiro? — Não sei... Um tal de Manus, Maximus... — Magnus? – perguntou. — É, esse mesmo – concordou. Luccius se afastou, respirando fundo, tentando não acreditar naquilo. — Senhor... – Armed colocou a mão no ombro do amigo. — Está na hora. Luccius pegou o jarro de hidromel do balcão e saiu sem dizer nada. Quando voltou para casa, viu Xiomara no sofá com os olhos cheios de lágrimas, e correu até ela, preocupado. — Tudo bem? O que houve? — Nada. Estou bem. – Sorriu para despreocupá-lo. — Eu... Preciso lhe contar uma coisa – confessou receoso. — Eu também. — Ele se surpreendeu. — Mas fale primeiro... — Não, diga você – repassou curioso. E ela abriu um grande sorriso colocando a mão no ventre. — Estou grávida. — E esperou a reação dele, que estava atónito. — Seremos pais... — Você tem certeza? — Ela acenou com a cabeça. — Vamos, vamos ter um bebê?! — Uma lágrima sutil atravessou o rosto dela. Luccius abriu um grande sorriso e a abraçou comemorando, rindo até cansar. — Mas o que queria me dizer? — Eu... — E pensou no que diria, aquela notícia havia abalado seu mundo da maneira mais emocionante que podia, fazendo com que, por instantes, esquecesse dos rumores. — Não era nada, apenas que Krosier voltará para Éadron. No dia seguinte, mandou Krosier averiguar se o boato era verdadeiro. E uma semana depois, teve a confirmação que Magnus havia dado um ultimato a sua família.
— Aconteceu alguma coisa? – perguntou vendo a expressão do amado com a carta de Krosier nas mãos. — Está — mentiu. — São só notícias... Ela se aproximou, fazendo-o olhar nos olhos. — Você não pode mentir pra mim, prometeu que não me esconderia nada. Eu sei que algo está errado desde o dinë que lhe contei sobre o bebê. O que está acontecendo? Luccius colocou a mão no pescoço dela e ela repousou sua mão na dele. — É minha família... — admitiu. — Estão em perigo. Não entendo o que pode ter acontecido para Magnus querer proclamar uma guerra contra nós... – murmurrou para si. — Você o conhecia? — Sim, crescemos juntos. Minha mãe não gostava que eu fosse amigo dele, porque ele era filho do mago da corte. Mas eu não me importava com isso e sempre o considerei um bom amigo. Quando parti, estava tudo bem... Xiomara o analisou por instantes, seus olhos transmitiam preocupação e culpa. — Você quer voltar, não quer? — Não posso. Meu dever é com você e nosso filho. Meu lar é aqui, com nossa família. — Mas seu povo também é sua família. E como futuro rei, deve ajudá-los também. — Você viria comigo? – Ela sorriu acariciando seu rosto. — Sempre. Meu lar é onde você estiver. – Ele se aproximou beijando seus lábios. Luccius mandou uma mensagem informando seu retorno, dizendo na carta que levaria sua esposa e mãe de seu futuro filho. Daerys pedia aos Deuses para que ele só estivesse brincando. Uma coisa era fugir da responsabilidade de ser rei, outra era arruinar a linhagem de seus ancestrais, casando-se com uma simples camponesa. No salão principal estava toda a corte; suas irmãs, seus primos, seus tios e à sua frente, sua mãe, sentada no trono com um olhar sério e indiferente. Ao analisar Xiomara e o volume em sua barriga, mudou o olhar para severo. — Lucius! — Abigail correu para abraçá-lo, Ryan se aproximou atrás dela. — Quanto tempo. — Seu primo disse e o abraçou também. — E esta, é Xiomara – apresentou a esposa. — Oi. – Abigail a cumprimentou e olhou para seu estômago. — Parabéns. Aos dois. A rainha levantou, limpando a garganta para que Ryan e Abigail voltassem a seus lugares. — Finalmente resolveu voltar, meu filho? Luccius abaixou a cabeça, a cumprimentando. Xiomara fez o mesmo.
— Sim, mãe. — Respirou fundo. — Caso me aceite de volta, pois sei que não sou digno de seu perdão. Mas estou disposto a assumir meu lugar de direito. — E onde seria? — Estou disposto a assumir o trono. — Você diz não ser digno de meu perdão... Mas se acha digno de sentar no lugar de seu pai, depois de tudo que nos fez passar? Luccius ergueu a cabeça. — Que destino nosso reino teria com um rei despreparado e infeliz nas mãos? Agora estou pronto e apto para governar. Serei um rei tão bom e honrado quanto meu pai. A rainha deu passos na direção dele. — Você é o único e legítimo rei de Éadron. Tudo que fez, espero e acredito ter sido pelo bem do reino... Você tem o meu perdão. – Luccius agradeceu. — Portanto, agora, Éadron terá seu rei. — Todos sorriram e comemoraram, menos Daerys ao ver Xiomara olhar com ternura ao marido, acariciando seu rosto. — Gostaria de apresentar minha esposa e futura rainha – disse feliz à mãe. — E como isso seria possível? – perguntou descrente. — Não me diga que se esqueceu das antigas tradições... Para alguém ser considerada rainha, você deve se casar perante meus olhos e o do seu povo. Sendo abençoados por Kalak, Venon e seus ancestrais. — Mas Kalak e Venon são testemunhas de nosso casamento em Midhtwood. — Mas não são perante meus olhos. Sinto muito, mas não aceito que esta mulher seja a futura rainha. — Eu não te entendo... Porque se nega me ver feliz? – perguntou irritado. Daerys sentiu os olhares curiosos de seus familiares. — Deixem-nos! – ordenou severa, esperando que todos saíssem. Deixando o salão apenas para ela, seu filho e Xiomara. — Não sou eu... É você que insiste em me decepcionar. Sua rainha deve ser uma whiteligher, você não pode manchar nossa linhagem desse jeito! Luccius balançou a cabeça, indignado. Mal havia retornado ao seu antigo lar e sua mãe estava disposta a negar sua felicidade. — Pois eu serei rei, e ninguém poderá me dizer o que é ou não tradição. Xiomara será nomeada minha rainha e ninguém, nem mesmo você, poderá impedir isso. E saiu levando Xiomara pela mão. — Eu não quero que briguem por minha causa. — Xiomara lamentou, sentada na cama, enquanto Luccius andava pelo seu quarto nervoso. — Não se sinta culpada pelas regras da minha mãe.
— Eu não acho que – Oh... — E parou colocando a mão no ventre. — Você está bem? – perguntou se aproximando dela. — Estou... Ele se mexeu – disse olhando para barriga e depois para Luccius, sorrindo. — Não carregue meus problemas. — E acariciou seu rosto. Ela apoiou a cabeça na mão dele. — Me diga como? – suspirou. — Não quero lhe causar problemas... — Você não me causa problema nenhum... Apenas soluções. – E se deitou, abraçando a barriga dela. — Vocês são minhas soluções. Ela acariciou o cabelo liso do marido e ele fechou os olhos tentando esquecer (temporariamente) de seus problemas.” — Com o tempo sua avó me designou um quarto, pelo qual ele e Daerys brigaram novamente. E contrariando a vontade dela, seu pai ficou comigo. — Ela riu suave. — Uma lua depois foi feita a coroação e ele se tornou rei. Teve uma grande festa em seu nome e o povo o aceitou de braços abertos... Os éons passaram como dinës enquanto você crescia dentro de mim e fazíamos planos para você e nosso casamento perante o povo whitelighter. Me aproximei de Carmine e Abigail, que aos poucos me fizeram se sentir como parte da família. Elas não saíram do meu lado quando você nasceu... “Era uma manhã quente de Lordag. Xiomara passeava pela cidade enquanto Luccius assumia seus deveres como novo rei. Uma criada e Carmine a acompanhavam. As pessoas sabiam que ela esperava um filho do rei e viam que ambos usavam alianças, mas não entendiam porque ela não se sentava ao lado dele no trono ou usava uma coroa. Às vezes achava estar perto de se sentir arrependida por ter ido se encontrar com Luccius no riacho e se apaixonado, mas logo sentia seu pequeno anjo mover-se dentro de si e sabia que era impossível se arrepender. Luccius a fazia feliz como ninguém e seu filho completaria essa alegria. Sua barriga dificultava seu andar e começava a afetar sua respiração, mas estava radiante, com um brilho diferente no olhar, e um ar saudável que lhe fazia mais jovem. Encontraram Luccius na frente do castelo. Ele estava a caminho de Galarién, se encontrar com os elfos para discutir sobre o possível problema chamado Magnus. — Estava te esperando. – E pegou suas mãos. — Tem certeza que posso ir? — Não se preocupe. Quando voltar ainda estarei comendo por dois – o tranquilizou. — Se cuida. – A beijou e se baixou logo depois. — Vê se me espera voltar – disse com as mãos na barriga dela e se ergueu, com ela rindo.
Luccius montou em seu cavalo e saiu com mais alguns soldados. — Tem certeza que foi uma boa ideia ele partir agora? Ele pode demorar. – Carmine comentou ao entrarem no castelo. — Não posso pedir para ficar comigo quando tem suas obrigações. Terei que correr esse risco. — Você pensa como uma verdadeira rainha... — Ela a encarou, confusa. — Minha mãe pensa assim, sempre coloca o povo na frente de suas vontades. — Nunca achei que Daerys fosse submissa – comentou surpresa, a caminho do jardim. — Ela foi educada a ser tudo que um rei precisasse. — Você não acha que ela foi um pouco dura demais com Luccius? — Um pouco. Mas ela só queria que ele fosse um bom rei, que estivesse preparado. Pessoas matariam pelo trono... — Porque diz isso? — Meu tio é irmão do rei, e na morte dele seria ele ou Luccius a tomar o trono. — Luccius me contou. — Ela assentiu. — O que ele não sabe, é que quando foi embora e não assumiu o trono, meu tio estava convencido que o trono devia ser dele, mas caso isso acontecesse, minha mãe estava certa que Éadron sofreria. Então, ela assumiu como regente e rezou todos os dinës para que meu irmão voltasse, temendo pelo futuro do povo. — Seria tão ruim assim, se ele assumisse? – E se sentaram em um dos bancos de pedra. — Ouvi dizer que ele matou um homem apenas por ter elevado a voz contra ele – cochichou. — O trono devia ter sido dele, pois é o primogênito de Orión, meu avô. Mas ele escolheu meu pai como sucessor, pois sabia que Amnon, não seria um bom rei pela sua falta de justiça. Meu pai o designou como conselheiro, por consideração. Minha mãe marcou a coroação o mais breve que pôde, pois tinha medo que algo pudesse acontecer com meu irmão. Quando ele partiu, ela ficou aliviada, mas preocupada pela coroa. — Você acha que ele seria capaz de matá-lo? — Não sei, prefiro não pensar nisso. Ele sempre nos tratou bem. Ele e minha tia, Trina. Eu os amo e amo meus primos, mas algo em seus olhos são... ambiciosos. Menos de Abigail, nem sei como ela faz parte daquela família. – Elas sorriram. — Como sabe de tanta coisa? — Eu leio mentes. – Xiomara arregalou os olhos, e ela riu desmentindo. — Parte minha mãe me disse, outras eu ouvi e outras, ninguém precisou me dizer. — Você acha que devo me preocupar com o bebê? – E passou a mão no estômago.
— Acho que não. Já está na hora deles aceitarem o fato que o trono é dos Deveraux e desse bebê que está a caminho. – Elas sorriram. Depois de comer, Xiomara foi brincar com as crianças. Nicollas tinha oito meses, dois meses mais velho que Alacia. Dorian e Ulrich eram grandinhos e corriam pelo pátio sob a supervisão de suas mães. Ela se levantou para pegar água na mesa e suas pernas fraquejaram pela súbita dor no ventre. Logo as crianças foram levadas e Abigail, Carmine e Verona correram para ajudá-la, chamando pelas parteiras. — Está na hora. – Xiomara disse sorrindo, pouco antes de gritar de dor.” — Você achava que eu corria perigo...? Acha que ainda posso estar? — Infelizmente, sim. Mas não pela sua família. “— Chame Luccius! – Verona ordenou ao guarda. — Mas ele já partiu – contestou. — Vá atrás dele, não podem estar longe. Vá! – Carmine ordenou enquanto levavam Xiomara para o quarto. O guarda partiu imediatamente. Quando Luccius chegou, depois de algumas horas, correu para o quarto guiado pelos gritos da esposa. Ao tentar entrar, uma camareira o impediu e mandou ficar do lado de fora. Ryan lhe fez companhia no pequeno lobby á frente do quarto. A dor e angústia da esposa no cômodo ao lado, o deixavam pertubado e os gritos lhe causavam arrepios. Esperou por instantes, que lhe pareceram uma eternidade. — Não está demorando demais? – perguntou aflito, andando de um lado para o outro. — Calma, é assim mesmo. Essas coisas demoram. Logo você vai – E foi interrompido por um choro agudo de bebê. Luccius não esperou mais e abriu a porta. Seus olhos arregalados e nervosos viram Xiomara com uma criança nos braços. Seu rosto estava encharcado de suor e seu cabelo todo molhado, a cama cheia de panos úmidos e alguns com sangue. As parteiras lavavam as mãos, felizes pelo trabalho bem feito. Carmine e Abigail ficaram o tempo todo ao lado dela, segurando sua mão, e agora analisavam a pequena menina de cabelos claros alinhada nos braços da mãe. Luccius se aproximou devagar e se sentou ao lado dela, tentando ver melhor a filha. — É uma menina... – informou misturando lágrimas com seu suor. — Ela é linda – disse orgulhoso, tentando assimilar o fato de ser pai. — Como vão chamá-la? – Carmine perguntou emocionada. — Estava pensando em Lucila... – Luccius comentou.
— Eu gosto. – Xiomara apoiou encantada. — É o nome da avó de nosso pai, não é? – Carmine perguntou, Luccius concordou pegando as minúsculas e delicadas mãos da filha. — Bem-vinda ao mundo, Lucila.
Pela manhã, um mensageiro élfico aguardava o rei no salão principal. Luccius colocou a antiga coroa de seu pai e se fez presente já imaginando do que se tratava. — Desculpe a demora, estava de partida ontem, mas tive que ficar – disse feliz. O elfo de olhos rosados e cabelos escuros, presos em uma única trança, o analisou curioso. — Majestade, na verdade, estou aqui para informar uma profecia que Kalak nos enviou ontem. — O rei assentiu surpreso. Xiomara se aproximou com algumas criadas, Abigail e as tias de Lucila. — Continue. — “Quando a árvore sagrada de Luthera for iluminada, o Escolhido será revelado e junto com a herdeira whitelighter livrará as terras do novo mal.” Essas são as próprias palavras do Criador e acreditamos que diz respeito ao senhor. Não só o rei, mas os que estavam presentes não acreditavam no que ouviram. Xiomara olhou para a filha, que dormia em seus braços. Aquele pequeno anjo deveria deter o novo mal na Terra? Ele não poderia falar sério, não podia ser ela, não seu bebê. O elfo olhou para o embrulho nos braços dela, sentindo pena da criança. — Algo mais? — Não, majestade. — O rei assentiu, e ele partiu após uma reverência. Luccius se aproximou da esposa sabendo o que sentia e pensava, compartilhando do mesmo medo. E a abraçou.”
Ela analisou minha expressão. Eu semicerrei os olhos e sorri, ela não podia estar falando sério. Mesmo que seu olhar triste e culpado quisesse me fazer acreditar. — Não é essa a profecia que conheço. — Não permitimos que ela se espalhasse. Alguns éons depois, você foi atacada e percebemos que não estaria segura se soubessem de seu destino.
39. AMEAÇA “Com o tempo a profecia pareceu ter sido esquecida ou simplesmente ignorada, diferente do ultimato feito por Magnus. Luccius foi a Galarién, dias depois do nascimento da filha, mas nem os elfos anciões sabiam dizer como Magnus havia conseguido poder sobre as criaturas mágicas. Quando Lucila estava com quatro meses, Luccius chamou o feiticeiro ao castelo para uma audiência. Magnus aceitou e partiu imediatamente. — Ela tem os seus olhos – comentou, enquanto aproveitavam o tempo com a filha no jardim. — Acho que ela tem seu nariz e sua boca. – Xiomara analisou a semelhança. Lucila parecia mais com o pai, havia muito dele tanto no físico, como futuramente, em sua personalidade, mas lembrava sua mãe graças a seus olhos. — Majestade. – Um criado o chamou. — O feiticeiro está aqui. Eles se entreolharam e Xiomara pegou a filha no colo, se dirigindo ao salão principal. Um homem vestido de vermelho e preto lhe esperava no centro no salão. Usava uma capa vermelha com o desenho de um dragão nas costas, botas negras e pesadas, acompanhando suas calças e um colete preto. Tinha 26 anos, apenas um ano mais velho que Luccius. Seus cabelos eram castanho escuro e começavam a crescer junto com sua barba. — Magnus. – Luccius o cumprimentou ao sentar no trono, e pegou a mão da esposa ao seu lado. Contrariando a vontade da mãe, Xiomara sentava ao lado dele em uma cadeira de madeira ornamentada, provisória, até se casarem (novamente). A bebê brincava distraída com o colar de pedras da mãe, sentada em seu colo. — Luccius. – Magnus o testou, chamando-o pelo primeiro nome. — Agora sou rei, Magnus, um pouco mais de respeito – disse solene. Magnus riu. — Você fala de respeito como se soubesse o que significa. Porque devo respeitar um rei que foge de suas obrigações? Você não é digno de sentar no trono. – Os guardas pegaram no cabo de suas espadas, mas Luccius fez sinal para que parassem. — O que houve na minha ausência para você formar um exército e querer atacar meu povo? — perguntou imparcial. — Achei que fosse um de nós. — Um de vocês? Eu e meu pai nunca passamos de meros servos, de escória! Quando partiu, sua mãe pediu para que meu pai o localizasse, mas ele não conseguia, porque você estava usando o amuleto que me pediu para fazer alguns dinës antes de fugir. Você estava me usando e eu nem percebi, cego pela nossa amizade – cuspia as palavras. — Meu pai já estava fraco por ter dado
metade de sua vida a Luther, e ficou doente por se esforçar tanto. Pedi para que sua mãe desistisse, mas ela não quis me ouvir! – E olhou para Daerys, furioso. — Ninguém levou em consideração todos os enes que meu pai foi devoto e fiel a Luther. Ele morreu e nem ao menos teve o prestígio que merecia! Quando ela recorreu a mim para trazê-lo de volta, eu me recusei e ela me expulsou do castelo. — E por isso declarou guerra contra nós? — Pelas vagas lembranças de nossos bons momentos, proponho uma aliança. Espero que seu reinado seja melhor que de seu pai, e para ter certeza disso, governaremos juntos. — E se eu me recusar? — Éadron cairá pedra por pedra... Se você quiser que sua filha cresça em um mundo sem perdas e guerras, aceitará minha proposta. — O que minha mãe fez não foi certo, mas nada justifica o que você quer fazer. Por favor, Magnus, reconsidere. Não me obrigue a lutar contra você... – pediu. — Você nunca saberá como é... Você é o rei, Luccius. É admirado e invejado por todos, tem uma linda esposa ao seu lado e um herdeiro para deixar no trono. Você nunca sentiu os olhares de desprezo, como se não valesse nada. Sendo que é mais poderoso que todos eles! E irei provar isso a cada um de vocês. Serei reconhecido e venerado, mesmo que seja a força... Luccius olhou para todos na sala e sentiu a presença de seu pai ao seu lado. — Posso sentir que o poder que recebeu não será de graça. Você está com forças que não são bem-vindas em Éadron e em minha casa. Sinto muito que tenha escolhido esse caminho sombrio, mas se tivermos que lutar... Lutaremos – disse resoluto. — Sua decisão selou seu destino e agora terá sangue em suas mãos. Sentirá a dor da perda. — Você fala como se esquecesse que também perdi meu pai. Eu sei o que você está sentindo! — Não, você não sabe. Mas logo saberá... – E olhou para a bebê, que o fitou de volta. Xiomara sentiu um calafrio e apertou a mão de Luccius. — Se estiver ameaçando minha família ou a mim, tenha certeza que não sairá deste castelo vivo – avisou severo. — Não se preocupe, já tive minha resposta. – E lhe deu as costas indo à porta, os soldados esperaram a ordem do rei para abri-las. — Deixe-no ir, ele já fez sua escolha. – E as portas se abriram.” — Foi naquele dinë que eu o vi... Por isso pude localizá-lo na Torre! – juntei as peças. — A partir daquela visita as coisas se tornaram um pesadelo...
“Depois da ameaça de Magnus, Luccius aumentou a segurança, mas mesmo assim não pôde evitar um ataque duas luas depois. Xiomara havia acabado de deixar Luccius no quarto, tentando fazer Lyla dormir, quando um homem surgiu em meio a uma fumaça negra. No instante em que Luccius sentiu sua presença, o homem atirou uma flecha na direção deles. Luccius se virou para protegê-la e foi atingido na lateral do tronco. Antes que o mercenário pudesse colocar outra flecha no arco, Luccius esticou o braço na direção dele e uma luz dourada o arremessou contra a parede. Ao ouvirem o estrondo, os guardas na frente da porta entraram e imobilizaram o assassino inconsciente. Lyla chorava assustada enquanto seu pai tentava se manter em pé. Quando uma criada veio acudí-la, Luccius se apoiou na cama e retirou a flecha em um grito abafado. Xiomara correu a seu lado, colocando suas mãos em cima do ferimento. — O que houve? – E o ajudou a deitar na cama, enquanto grunhia de dor. — Chamem Gideon! – gritou aos guardas. — Calma, você vai ficar bem – disse assustada. Luccius tinha, entre outras habilidades, poder de cura, mas a única pessoa que não podia usar seu dom era nele mesmo. — Ele apareceu do nada. Foi magia... – disse arfando e gemeu. — Shiii... Não fale, ele está chegando. Momentos depois, o mago whitelighter chegou e foi examinar o ferimento que vazava entre os dedos dele e da esposa, manchando os lençóis de sangue. Xiomara se afastou chorando, limpou as mãos no vestido e foi consolar Lyla, que parecia mais assustada que todos. O mago colocou as mãos no ferimento e uma luz começou a curá-lo, mas uma cicatriz e uma mancha negra se formaram no local. Ele pegou a flecha do chão e tocou o liquído preto que estava na ponta. — Estava envenenada. — Luccius começou a suar e seus olhos dançaram por detrás das pálpebras. — Vou tentar achar um antídoto. Enquanto isso, o mantenham resfriado. – E saiu às pressas. Carmine entrou no quarto e Xiomara lhe entregou Lyla. Ela se sentou ao lado do marido e começou a passar um pano em sua testa. — Aguente firme, meu amor. Você ficará bem – sussurrou.